AVALIAO E CLASSIFICAO DA QUALIDADE DE SERVIOS BANCRIOS, … · 2010. 7. 15. · avaliaÇÃo e...

157
AVALIAÇÃO E CLASSIFICAÇÃO DA QUALIDADE DE MEIOS DE HOSPEDAGEM SEGUNDO A PERCEPÇÃO DOS HÓSPEDES GEORGIA MARIA MANGUEIRA DE ALMEIDA UNIVERSIDADE ESTADUAL DO NORTE FLUMINENSE DARCY RIBEIRO CAMPOS DOS GOYTACAZES - RJ MAIO - 2010

Transcript of AVALIAO E CLASSIFICAO DA QUALIDADE DE SERVIOS BANCRIOS, … · 2010. 7. 15. · avaliaÇÃo e...

  • AVALIAÇÃO E CLASSIFICAÇÃO DA QUALIDADE DE MEIOS DE

    HOSPEDAGEM SEGUNDO A PERCEPÇÃO DOS HÓSPEDES

    GEORGIA MARIA MANGUEIRA DE ALMEIDA

    UNIVERSIDADE ESTADUAL DO NORTE FLUMINENSE DARCY

    RIBEIRO

    CAMPOS DOS GOYTACAZES - RJ

    MAIO - 2010

  • AVALIAÇÃO E CLASSIFICAÇÃO DA QUALIDADE DE MEIOS DE

    HOSPEDAGEM SEGUNDO A PERCEPÇÃO DOS HÓSPEDES

    GEORGIA MARIA MANGUEIRA DE ALMEIDA

    Dissertação apresentada ao Centro

    de Ciências e Tecnologia da

    Universidade Estadual do Norte

    Fluminense Darcy Ribeiro, como

    parte das exigências para obtenção

    do título de Mestre em Engenharia

    de Produção.

    Orientador: André Luís Policani Freitas, D. Sc.

    CAMPOS DOS GOYTACAZES – RJ

    MAIO - 2010

  • AVALlAc;,AO E CLASSIFICAc;,AO DA QUALIDADE DE MEIOS DE

    HOSPEDAGEM SEGUNDO A PERCEPc;,Ao DOS HOSPEDES

    GEORGIA MARIA MANGUEIRA DE ALMEIDA

    Disserta

  • AGRADECIMENTOS

    Agradecimentos serão incompletos uma vez que não comportariam em uma

    mera página, mas inicio com o agradecimento primordial a Deus, fonte de toda

    energia necessária e o Único capaz de permitir qualquer realização na vida mesmo

    que as barreiras pareçam intransponíveis.

    Ao Professor Doutor André Luís Policani Freitas, por acreditar na minha linha

    de pesquisa e pela excelência nas orientações, agregando valores a uma idéia

    embrionária que hoje se apresenta como contribuição científica. Além da atenção,

    paciência e rigor dispensados sempre quando necessários.

    Aos professores do LEPROD, em especial, Manuel Molina e José Arica pela

    grande contribuição dada ao longo de todo o Mestrado.

    Ao Programa de Mestrado em Engenharia de Produção da UENF pela infra-

    estrutura tornada disponível para o desenvolvimento deste trabalho, e ao seu

    pessoal técnico e administrativo, como os funcionários da biblioteca do CCT, e do

    LEPROD: Rogério, Kátia e Rafael que deram o suporte necessário quando precisei.

    As “parcerias de peso” conquistadas durante o Mestrado, como Aline Gomes,

    Alline Morais, Edson, João, Poliana e em especial a Nina os meus agradecimentos.

    Aos amigos que “abandonei” sem poder dar a devida atenção, mas que

    torciam por mim, durante esta fase, em especial Gláucia e Patrícia.

    Aos estabelecimentos de hospedagem do município de Campos dos

    Goytacazes, que se mostraram receptivos à pesquisa e muito contribuíram para a

    conclusão deste trabalho, bem como aos hóspedes que durante a estada foram

    essenciais neste trabalho.

    Por fim, mas não com menos importância, eu agradeço aos meus pais, meus

    irmãos e a toda a família que acompanham meus passos e torce pelos meus

    propósitos, em especial ao meu Tio Lenine e à minha prima-irmã Ana Paula. E

    também àqueles que acompanharam o início, mas que hoje não se encontram neste

    plano para comemorarem comigo o término: Ronaldo (in memorian) e Tia Vilma (in

    memorian).

    iii

  • RESUMO

    UM MODELO DE AVALIAÇÃO E CLASSIFICAÇÃO DA QUALIDADE DOS MEIOS

    DE HOSPEDAGEM: O DESEMPENHO NA PERCEPÇÃO DOS HÓSPEDES

    Georgia Maria Mangueira de Almeida Com o advento dos flats e meios de hospedagem operados por grupos

    internacionais no Brasil, o setor hoteleiro nacional vem apresentando grandes

    transformações. A crescente competitividade entre os estabelecimentos produz a

    necessidade de uma ferramenta acessível que sinalize aos meios de hospedagens,

    a possibilidade do conhecimento de seu desempenho frente a concorrência. E o

    elemento capaz de avaliar o desempenho é o próprio cliente, que interage na

    realização do serviço a ele prestado. A partir de um levantamento da literatura

    científica, associada à matriz da EMBRATUR, o presente trabalho propõe um

    modelo para avaliação da qualidade dos meios de hospedagem. Fundamentado no

    modelo SERVPERF de avaliação de desempenho, o modelo proposto está

    estruturado em nove dimensões e sessenta e oito itens que abordam aspectos

    tangíveis e intangíveis dos meios de hospedagem. Objetivando sua validação,

    desenvolveu-se estudos de caso que propõem à aplicação em três estabelecimentos

    de perfis distintos: hotel, um flat e uma pousada, para que possa ser obtida, através

    da Análise dos Quartis, a priorização dos aspectos que são considerados críticos, na

    percepção dos hóspedes, e que requerem uma reestruturação para que o

    estabelecimento torne-se competitivo, assim como, quais são as fortalezas dos

    meios de hospedagem que os torna atraentes e que possam motivar a estada

    destes hóspedes novamente nestes estabelecimentos e a sua recomendação.

    Palavras-chave: Meios de hospedagem; Desempenho; Modelo de avaliação e

    classificação da qualidade.

    iv

  • ABSTRACT

    EVALUATION AND CLASSIFICATION MODEL OF THE LODGING

    ESTABLISHMENT QUALITY: THE PERFORMANCE IN THE GUESTS

    PERCEPTION Georgia Maria Mangueira de Almeida

    The national hotel market is presenting great transformations with the coming of the

    condo-hotels and lodging means operated by international groups in Brazil. The

    growing competitiveness among the establishments produces the necessity of an

    accessible tool which signals, to the means of lodgings, the possibility of the

    knowledge of its acting front the competition. The person able to evaluate the acting

    is the customer himself that interacts with the accomplishment of the service done to

    him. Looking up the scientific literature, associated to the head office of EMBRATUR,

    the present work is a proposal of a model for evaluation of the lodging means. Based

    in the model SERVPERF of performance evaluation, the proposed model is

    structured in nine dimensions and sixty eight items that approach tangible and

    intangible aspects of the lodging means. Aiming its validation, it was developed study

    cases that propose to the application in three different establishments: a hotel, a

    condo-hotel and a lodging, so that it can be lifted up, through the Quartis Analysis,

    the ranking of the aspects considered critical, in the guests perception, that requests

    a restructuring for the establishment to become competitive, as well as which are the

    fortresses of the lodging means that turns them attractive and that can motivate these

    guests to stay.

    Keywords: Lodging establishments, Performance, Evaluation and classification

    model quality.

    v

  • SUMÁRIO

    LISTA DE SIGLAS…………………………………………………………………… xi

    LISTA DE QUADROS……………………………………………………………….. xii

    LISTA DE FIGURAS…………………………………………………………………. xiii

    LISTA DE TABELAS………………………………………………………………… xiv

    CAPÍTULO 1 – INTRODUÇÃO…………………………………………………….. 1

    1.1 O Problema de Pesquisa............................................................................ 2

    1.2 Definição dos Objetivos............................................................................. 6

    1.2.1 Objetivos Gerais......................................................................................... 6

    1.2.2 Objetivos Específicos................................................................................. 6

    1.3 Justificativa................................................................................................. 7

    1.4 Estrutura do Trabalho................................................................................ 9

    CAPÍTULO 2 - QUALIDADE EM SERVIÇOS…………………………………… 11

    2.1 O Conceito de Serviços............................................................................. 11

    2.2 Mensuração da Qualidade em Serviços................................................... 15

    2.2.1 Modelo dos 5 gaps................................................................................... 15

    2.2.2 SERVQUAL.............................................................................................. 17

    2.2.3 SERVPERF.............................................................................................. 20

    2.3 O Mapeamento do Ciclo de Serviços e os Momentos da Verdade....... 22

    CAPÍTULO 3 - MEIOS DE HOSPEDAGEM………………………………………. 25

    3.1 O Conceito de Meios de Hospedagem...................................................... 25

    3.1.1 Posturas Legais........................................................................................ 26

    vi

  • 3.1.2 Aspectos Constitutivos.............................................................................. 26

    3.1.3 Equipamentos e Instalações.................................................................... 27

    3.1.4 Serviços e Gestão.................................................................................... 27

    3.2 Um Breve Histórico dos Meios de Hospedagem..................................... 30

    3.2.1 A Hotelaria no Brasil.................................................................................. 31

    3.3 A Classificação dos Meios de Hospedagem............................................ 35

    3.3.1 Classificações no Mundo........................................................................... 37

    3.3.2 Classificação Nacional............................................................................... 39

    3.4 A Indústria Hoteleira e o Meio Ambiente.................................................. 41

    3.5 Quem é o Hóspede?................................................................................... 42

    3.6 Um Panorama do Setor.............................................................................. 44

    CAPÍTULO 4 - QUALIDADE EM MEIOS DE HOSPEDAGEM.......................... 46

    4.1 A Percepção da Qualidade nos Meios de Hospedagem......................... 46

    4.2 A Importância da Proposição de um Modelo de Avaliação e Classificação dos Meios de Hospedagem ....................................................

    47

    4.3 Estudos de avaliação e classificação em meios de hospedagem......... 49

    4.3.1 Lewis (1984).............................................................................................. 49

    4.3.2 Akan (1995)............................................................................................... 50

    4.3.3 Min e Min (1997)........................................................................................ 50

    4.3.4 Callan et al (2000).................................................................................... 51

    4.3.5 Choi e Chu (2000)...................................................................................... 51

    4.3.6 Heung (2000)............................................................................................. 52

    4.3.7 Choi e Chu (2001)..................................................................................... 52

    4.3.8 Gil et al (2001)............................................................................................ 52

    4.3.9 ABIH/EMBRATUR (2002).......................................................................... 53

    vii

  • 4.3.10 Ekinci et al (2003).................................................................................... 54

    4.3.11 Khan (2003)............................................................................................. 54

    4.3.12 Fernández e Bédia (2004)....................................................................... 55

    4.3.13 Nadiri et al (2005)..................................................................................... 55

    4.3.14 Mensah (2006)......................................................................................... 56

    4.3.15 Akbaba (2006).......................................................................................... 56

    4.3.16 Erdogan e Baris (2007)............................................................................ 57

    4.3.17 Saéz et al (2007)...................................................................................... 57

    4.3.18 Wilkings et al (2007)................................................................................. 58

    4.3.19 Benítez et al (2007).................................................................................. 58

    4.3.20 Briggs et al (2007).................................................................................... 58

    4.3.21 Ramsaram-Fowdar (2007)....................................................................... 59

    4.3.22 Freitas (2007)........................................................................................... 59

    4.3.23 Vieregge (2007)....................................................................................... 60

    4.3.24 Gu e Ryan (2008)..................................................................................... 60

    4.3.25 Wang et al (2008)..................................................................................... 60

    4.3.26 Freitas e Morais (2009)............................................................................ 61

    4.4 Principais dimensões utilizadas para avaliação de meios de hospedagem...............................................................................................

    61

    CAPÍTULO 5 - O MODELO DE AVALIAÇÃO E CLASSIFICAÇÃO DA QUALIDADE EM MEIOS DE HOSPEDAGEM SOB PERCEPÇÃO DOS HÓSPEDES........................................................................................................

    63

    5.1 Introdução................................................................................................... 63

    5.2 Estruturação do Modelo Proposto............................................................ 64

    5.2.1 Definição de dimensões e respectivos itens de avaliação....................... 65

    viii

  • 5.2.2 Definição da Escala de julgamento de valor.............................................. 70

    5.2.3 Estruturação do Questionário.................................................................... 71

    5.2.4 Procedimento de agregação dos julgamentos........................................... 72

    5.2.5 Procedimento de classificação................................................................... 74

    CAPÍTULO 6 - ESTUDOS DE CASO: EMPREGO DO MODELO PROPOSTO NA AVALIAÇÃO E CLASSIFICAÇÃO DE ESTABELECIMENTOS DE HOSPEDAGEM SEGUNDO A PERCEPÇÃO DOS HÓSPEDES.....................

    75

    6.1 O Perfil do município de Campos dos Goytacazes................................. 75

    6.2 O Perfil dos Estabelecimentos para o Estudo de Caso.......................... 77

    6.3 A Aplicação do Modelo de Avaliação dos Meios de Hospedagem........ 78

    6.3.1 Detalhes da Aplicação............................................................................... 79

    6.3.2 Tamanho da Amostra................................................................................ 80

    6.4 Perfil dos Respondentes (Hóspedes)....................................................... 80

    6.5 Resultados do Procedimento de Classificação das Avaliações............ 84

    6.5.1 Classificação do Flat sob a percepção de seus hóspedes........................ 84

    6.5.2 Classificação do Hotel sob a percepção de seus hóspedes...................... 88

    6.5.3 Classificação da Pousada sob a percepção de seus hóspedes................ 91

    6.5.4 Classificação dos Meios sob a percepção de seus hóspedes................... 93

    6.6 A Qualidade dos Meios de Hospedagem sob a percepção de seus hóspedes...........................................................................................................

    96

    6.7 Identificação dos Itens Prioritários dos Estabelecimentos de Hospedagem.....................................................................................................

    97

    6.8 Análise do Gestor quanto aos Resultados............................................... 99

    6.8.1 Análise do Gestor do Flat quanto aos Itens com Prioridade Crítica.......... 99

    6.8.2 Análise do Gestor do Flat quanto aos Itens com Prioridade Alta............... 101

    6.8.3 Análise do Gestor do Hotel quanto aos Itens com Prioridade Crítica........ 103

    ix

  • 6.8.4 Análise do Gestor do Hotel quanto aos Itens com Prioridade Alta............ 105

    6.8.5 Análise do Gestor da Pousada quanto aos Itens com Prioridade Crítica.. 106

    6.8.6 Análise do Gestor da Pousada quanto aos Itens com Prioridade Alta...... 108

    6.9 Itens de Prioridade Crítica Comuns aos Três Meios de Hospedagem.. 110

    6.10 Itens de Prioridade Alta Comuns aos Três Meios de Hospedagem..... 110

    CAPÍTULO 7 – CONCLUSÕES......................................................................... 112

    7.1 Considerações Iniciais............................................................................... 112

    7.2 Conclusões da Dissertação....................................................................... 114

    7.3 Limitações da Dissertação......................................................................... 114

    7.4 Sugestões para Aprimoramento do Campo de Pesquisa....................... 115

    REFERÊNCIAS.................................................................................................. 117

    APÊNDICE A – O modelo proposto para avaliação da qualidade dos meios de hospedagem sob a percepção dos hóspedes...............................

    126

    APÊNDICE B – A Origem dos Itens na Composição do Modelo de Avaliaçâo da Qualidade dos Meios de Hospedagem....................................

    129

    ANEXO – A matriz de classificação oficial da ABIH/EMBRATUR................. 132

    x

  • LISTA DE SIGLAS

    A&B – Alimentos e Bebidas

    ABIH – Associação Brasileira da Indústria de Hotéis

    ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas

    AHP – Analytic Hierarchy Process

    BNDES – Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social

    CIDE – Centro de Informações e Dados do Rio de Janeiro

    EMBRATUR – Empresa Brasileira de Turismo (antiga), Instituto Brasileiro de Turismo (atual)

    FNRH - Ficha Nacional de Registro de Hóspedes

    HIA – Hotel Investment Advisors

    IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

    INA – Item não Avaliado

    INMETRO – Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial

    IPA – Importance-Performance Analysis

    IPEA – Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada

    NA – Não avaliado

    PIB – Produto Interno Bruto

    SBM – Sociedade Brasileira de Metrologia

    SOCMH – Sistema Oficial de Classificação dos Meios de Hospedagem

    UH – Unidade Habitacional

    UMIH – Union des Métiers et des Industries de I’ Hôtellerie

    WTO – World Tourism Organization

    xi

  • LISTA DE QUADROS

    Quadro 2.1 – Distinção entre bens e serviços e suas implicações decorrentes........................................................................................................

    12

    Quadro 2.2 – Distinção entre bens e serviços.................................................. 13

    Quadro 2.3 – Diferenças básicas entre bens e serviços................................... 13

    Quadro 2.4 – Características dos Serviços....................................................... 14

    Quadro 2.5 – As cinco dimensões da Qualidade em Serviços reduzidas das dez originais.......................................................................................................

    18

    Quadro 2.6 – Modelos derivados (adaptados) do SERVQUAL aplicados aos Meios de Hospedagem......................................................................................

    19

    Quadro 3.1 – Categorias de Classificação na Alemanha.................................. 38

    Quadro 3.2 – Classificação de algumas redes e marcas hoteleiras no mundo 39

    Quadro 3.3 – Hotéis no Estado do Rio de Janeiro classificados pela matriz oficial..................................................................................................................

    40

    Quadro 5.1 – Dimensões abordadas na literatura científica pesquisada e presentes no modelo..........................................................................................

    65

    Quadro 5.2 – Codificação da Escala Empregada na Avaliação........................ 71

    Quadro B.1 – A origem dos itens e das dimensões do modelo proposto......... 130

    xii

  • LISTA DE FIGURAS

    Figura 2.1 – Modelo dos 5 gaps adaptado ao serviços de uma pousada......... 16

    Figura 2.2 – Ciclo de Serviços e Momentos da Verdade nos Meios de Hospedagem......................................................................................................

    23

    Figura 5.1 – Estrutura hierárquica do Modelo de Avaliação............................. 69

    xiii

  • xiv

    LISTA DE TABELAS

    Tabela 1.1 – Gastos, em milhões de dólares, de turistas estrangeiros no Brasil, período de janeiro a outubro...................................................................

    6

    Tabela 3.1 – Custos de Classificação............................................................... 40

    Tabela 5.1 – Categorias de classificação, limites estabelecidos e respectivos conceitos............................................................................................................

    74

    Tabela 6.1 – Perfil sócio-demográfico dos respondentes.................................. 81

    Tabela 6.2 – Perfil do hóspede respondente..................................................... 82

    Tabela 6.3 – Perfil do hóspede respondente..................................................... 82

    Tabela 6.4 – Classificação segundo a Percepção dos Hóspedes do Flat........ 87

    Tabela 6.5 – Classificação segundo a Percepção dos Hóspedes do Hotel...... 89

    Tabela 6.6 – Classificação segundo a Percepção dos Hóspedes da Pousada 92

    Tabela 6.7 – Classificação segundo a percepção de toda a amostra............... 95

    Tabela 6.8 – Grau de Desempenho Médio dos Estabelecimentos................... 96

    Tabela 6.9 – Regiões críticas e apresentação da classificação........................ 98

    Tabela 6.10 – Análise dos Itens de Prioridade Crítica pelo Gestor do Flat....... 100

    Tabela 6.11 – Análise dos Itens de Prioridade Alta pelo Gestor do Flat............ 101

    Tabela 6.12 – Análise dos Itens de Prioridade Crítica pelo Gestor do Hotel..... 103

    Tabela 6.13 – Análise dos Itens de Prioridade Alta pelo Gestor do Hotel......... 105

    Tabela 6.14 – Análise dos Itens de Prioridade Crítica pelo Gestor da Pousada 107

    Tabela 6.15 – Análise dos Itens de Prioridade Alta pelo Gestor da Pousada.... 108

    Tabela 6.16 – Itens de Prioridade Crítica Comuns aos Três Meios de Hospedagem......................................................................................................

    110

    Tabela 6.17 – Itens de Prioridade Alta Comuns aos Três Meios de Hospedagem......................................................................................................

    111

  • CAPÍTULO 1 INTRODUÇÃO

    Nos últimos 50 anos em todo o mundo as viagens cresceram

    consideravelmente, sendo justificadas pelos avanços tecnológicos nos meios de

    transporte e comunicação e pela forte expansão econômica do pós-guerra, onde o

    crescimento do turismo supera o crescimento da economia em receitas havendo

    uma forte correlação entre crescimento de renda e o turismo (EMBRATUR, 2006).

    O setor de turismo, no qual se inclui o segmento de hotelaria, ocupa hoje

    papel relevante na economia mundial, sendo uma das atividades com maior

    representatividade econômica, ao lado da indústria do petróleo (BNDES, 2005, p.

    113).

    Esta importante atividade para economia continua em expansão: as diferentes

    características do público, que utilizam os serviços hoteleiros, motivam os meios de

    hospedagem a se adequarem às necessidades e desejos de seus consumidores,

    que em geral estão relacionados a abrigo, segurança, ostentação e conforto

    (GUARDANI, 2006).

    No entanto, é preciso que os estabelecimentos invistam regularmente na

    modernização das instalações, na manutenção de sua infra-estrutura, e na

    profissionalização de seus serviços, como forma de assegurar ou expandir a sua

    participação mercadológica. Pois a desatualização ou o envelhecimento podem

    gerar desvantagens na competição e induzir a uma redução nos preços das tarifas

    para manter os níveis médios de ocupação (BNDES, 2005).

    Recentemente, diversos trabalhos procuraram estudar a qualidade dos

    serviços de hospedagem, através de sua avaliação e classificação.

  • 2

    Dal’ Maso (2008) objetivou a partir de um estudo qualitativo, validar o modelo

    o Modelo Estendido da Qualidade em Serviços de Zeithaml, Berry e Parasuraman

    (1988) para organizações de serviços brasileiras, e comparou as ações de gestão da

    qualidade em serviços de hotéis de diferentes estruturas.

    Polizel (2006) apontou características dos sistemas de classificação de meios

    de hospedagem por qualidade em alguns países do mundo, enfatizando a conexão

    destes com o sistema de classificação oficial brasileiro e captando como o mercado

    paulistano se comporta frente à solicitação do sistema de classificação brasileiro.

    Romão (2002) observou que benefícios podem ser esperados na gestão da

    qualidade dos sistemas hoteleiros a partir da análise da Matriz de Classificação dos

    Meios de Hospedagem e da ISO 9000. E, ainda, Wanderley (2004) procurou captar

    o comportamento do turista em relação à hospedagem, através da percepção do

    hóspede a respeito dos atributos oferecidos pelos hotéis e Carlos (2004) aplicou no

    setor hoteleiro o modelo norueguês de satisfação dos clientes de hotéis.

    Estendendo o levantamento sobre a área de pesquisa, Silva (2007)

    desenvolveu um sistema de mensuração de desempenho, alinhando bases da

    gestão da qualidade propondo aos estabelecimentos classificados pelo SOCMH

    (Sistema Oficial de Classificação dos Meios de Hospedagem) uma ferramenta na

    tomada de decisões. Já Ferreira (1999), analisou o SOCMH e contribuiu como um

    método de auditoria em estabelecimentos de hospedagem inserindo a variável

    ambiental, e sugerindo assim uma classificação paralela, porém somente em hotéis.

    A inserção da variável ambiental na avaliação da qualidade tem sua

    importância, visto que o segmento de hotelaria deve procurar identificar as

    necessidades legais que sejam aplicáveis a aspectos ambientais de suas atividades,

    produtos e serviços. Isso porque os hotéis geram poluentes capazes de agredir a

    natureza, utilizam água e energia elétrica como suportes de seus negócios, e

    emitem ruídos e poluentes de exaustores, tornando-se parcela considerável, quando

    relacionada à preservação ambiental. (SERRA, 2005).

    Além disso, conforme Reis (2002) apud Almeida et al (2008) a sociedade está

    cada vez menos disposta a aceitar ou tolerar agressões ao meio ambiente e,

    certamente, num futuro bem mais próximo do que imagina ela demitirá as empresas

    irresponsáveis do mercado.

  • 3

    Mas, a adequação às necessidades e desejos dos consumidores ainda é o

    grande desafio das empresas e fator instigador das pesquisas, haja vista que a

    concorrência é vertiginosa e a descoberta do nível de qualidade de seus meios de

    hospedagem, sob a percepção dos hóspedes, será o diferencial para sua

    manutenção no mercado, principalmente aos pequenos hoteleiros que comparados

    aos grandes estabelecimentos, trabalham sob restrição de recursos.

    Com o propósito de contribuir na superação deste desafio, é que este trabalho

    se apresenta. Neste capítulo será apresentada a importância do presente trabalho,

    através da apresentação do problema de pesquisa, das justificativas que sustentam

    a investigação e dos objetivos a serem alcançados.

    1.1 O problema de pesquisa

    A atividade da hospedagem possui grande participação na economia. O

    parque hoteleiro nacional conta hoje com aproximadamente 25 mil meios de

    hospedagem, e deste universo 18 mil são hotéis e pousadas. Em geral, 70% são

    empreendimentos de pequeno porte, representando mais de um milhão de

    empregos e a oferta de aproximadamente um milhão de apartamentos em todo país.

    Estima-se que a hotelaria nacional tenha um faturamento, da ordem de U$ 2 bilhões

    de dólares ao ano (ABIH, 2008).

    No setor da hospedagem, a qualidade do serviço prestado constitui uma

    questão de sobrevivência empresarial. A presença das redes internacionais, no país,

    tem contribuído para a maior qualificação da mão-de-obra hoteleira, bem como na

    melhoria de qualidade dos serviços prestados (BNDES, 2000).

    Segundo o BNDES (2005), há uma crescente participação de cadeias

    internacionais no Brasil, com aprimoramento da mão-de-obra e gestão

    profissionalizada e com investimentos em hotelaria econômica, o que se torna uma

    ameaça real a pequenos e médios estabelecimentos de hospedagem. Dados do HIA

    (2007) apontaram que as cadeias hoteleiras que operam no Brasil possuem maior

    representatividade em números de UH (unidades habitacionais): são 26% de

    participação no mercado, porém são poucos os hotéis afiliados: cerca de 9%.

    Além disso, o aumento das viagens de negócios no país e do turismo de lazer

    foi estimulado, em especial, pela abertura da economia, pela estabilização da

    inflação, pelas perspectivas de crescimento da renda e pelos investimentos em infra-

  • 4

    estrutura, o que por sua vez, gerou uma série de investimentos em projetos de

    hotelaria, identificando como incrementos a cadeia produtiva do setor turístico

    aumento do número de vôos diretos entre as principais cidades de países emissores

    de turistas e as cidades brasileiras de seus destinos, e ainda vocação do Brasil para

    o ecoturismo1.

    Conforme o BNDES (2005), o governo federal com o objetivo de orientar os

    mercados turísticos, interno e externo, oficializou uma classificação dos meios de

    hospedagem, com o agrupamento de hotéis em seis categorias, através da

    avaliação dos indicadores referentes à gestão do empreendimento e à qualidade dos

    serviços e instalações.

    Este Sistema Oficial de Classificação dos Meios de Hospedagem é

    instrumento para a promoção do desenvolvimento da indústria hoteleira, cabendo-

    lhe classificar, categorizar, qualificar os meios de hospedagem, em território

    nacional, simbolizados por estrelas, de acordo com as condições de conforto,

    comodidade, serviços e atendimento que possuam (BRASIL, 2009).

    Neste sistema, muitos requisitos têm de ser cumpridos. Além disso, esta

    classificação é de adesão e de adoção voluntária, possui custos, e estes fatores

    podem influenciar alguns estabelecimentos a não se classificarem, em especial os

    pequenos empreendimentos.

    Outro ponto a destacar, é a questão da qualidade dos serviços em seu

    sistema, principalmente, quanto à mensuração da percepção dos hóspedes que não

    está incorporada ao modelo, pois o Sistema Oficial de Classificação dos Meios de

    Hospedagem (SOCMH) ocorre através de uma avaliação por empresas cadastradas

    pelo governo, em que um avaliador externo analisa as condições estruturais (itens a

    serem oferecidos aos hóspedes), sem mesmo considerar a opinião do próprio cliente

    que vai utilizar os serviços de hospedagem.

    Existem outras razões que levam aos estabelecimentos a não se

    classificarem oficialmente. Segundo BNDES (2005), esta classificação tradicional

    1 O Ecoturismo é compreendido pelo Ministério do Turismo como um segmento da atividade turística que utiliza, de forma sustentável, o patrimônio natural e cultural, incentiva sua conservação e busca a formação de uma consciência ambientalista por meio da interpretação do ambiente, promovendo o bem-estar das populações (BRASIL, 2008).

  • 5

    tem perdido importância devido ao crescimento das cadeias hoteleiras, cada uma

    com a sua própria padronização de instalações, produtos e serviços. Na hotelaria de

    rede, a marca identifica tudo, desde o padrão de instalações até os serviços

    oferecidos.

    Com muitas modalidades de hospedagem existentes no país, um importante

    ponto a ressaltar, é a busca incessante pela excelência nos serviços e interesse pela

    mensuração da qualidade para obtenção de vantagem competitiva, através da

    captação da “voz do cliente”, procurando traduzi-la em qualidade nos meios de

    hospedagem (CASTELLI, 2002).

    A captação desta “voz” pode transformar-se numa real classificação do

    estabelecimento, pois a percepção da qualidade dos meios de hospedagem

    construída pelo hóspede inicia desde a sua partida da origem, onde realiza um

    primeiro contato com o estabelecimento e termina na comparação dos serviços

    recebidos com suas expectativas construídas antes da hospedagem, gerando uma

    possível divulgação “boca a boca” da qualidade dos serviços recebidos.

    No entanto, este tem sido o grande desafio do mercado, e motivo de inúmeros

    trabalhos científicos, pois nesta era de competitividade global, a empresa deve

    superar o desempenho da qualidade dos serviços de seus concorrentes, até o ponto

    em que possa atrair os clientes de sua concorrência, tornando-se assim a melhor

    opção (MIN E MIN, 1997).

    Diante do exposto o seguinte problema de pesquisa é apresentado:

    De que forma os meios de hospedagem poderão criar a sua manutenção em

    um mercado cada vez mais competitivo?

    Entende-se que através do conhecimento da qualidade de seus serviços,

    baseados na avaliação e classificação do seu desempenho segundo a percepção de

    seus hóspedes, os estabelecimentos de hospedagem serão capazes de identificar

    fragilidades e estabelecer ações visando a melhoria da qualidade.

    Assim, com a proposta do desenvolvimento de um modelo que possa avaliar

    e classificar os estabelecimentos, sob a percepção dos hóspedes, à luz de critérios

    que expressem qualidade nos meios de hospedagem, é que esta investigação se

    fundamenta.

  • 6

    Assim, desejando contribuir com a área de pesquisa: Avaliação e Classificação

    da Qualidade em Serviços de Hospedagem. A seguir, os objetivos deste trabalho

    serão apresentados.

    1.2 Definição dos Objetivos

    Divididos em gerais e específicos, os objetivos da dissertação serão nas

    próximas seções, apresentados.

    1.2.1 Objetivos Gerais

    O presente trabalho tem como objetivo principal o desenvolvimento de um

    modelo para avaliação e classificação da qualidade dos serviços prestados por

    meios de hospedagem, segundo a percepção dos clientes (hóspedes).

    Fundamentada na avaliação da qualidade dos serviços a partir das

    percepções de desempenho (modelo SERVPERF, proposto por Cronin e Taylor

    (1992)), o modelo proposto buscará incorporar dimensões e critérios preconizados

    pelos principais modelos existentes na literatura científica. Adicionalmente, emprega-

    se um procedimento para agregar os julgamentos e para classificar a qualidade dos

    serviços em uma das categorias pré-definidas.

    Em especial, este trabalho busca contribuir para a melhoria da qualidade dos

    estabelecimentos de hospedagem, através dos julgamentos atribuídos pelos

    hóspedes quanto ao desempenho dos estabelecimentos.

    1.2.2 Objetivos Específicos

    Para o alcance do objetivo geral, os objetivos específicos estão a seguir

    enunciados:

    − Identificar o perfil de quem freqüenta os meios de hospedagem através do

    levantamento de suas características (gênero, faixa etária, faixa salarial,

    motivo da hospedagem, nível educacional);

    − Detectar as percepções dos hóspedes que possam vir a contribuir na

    melhoria dos serviços prestados pelos empreendimentos avaliados

    identificando as fortalezas e fraquezas dos serviços de hospedagem e nas

    ações ambientais;

  • 7

    − Classificar a qualidade dos serviços prestados pelos meios de

    hospedagem avaliados à luz dos critérios estabelecidos no modelo

    desenvolvido;

    − Identificar as intenções do retorno dos hóspedes e recomendação dos

    estabelecimentos avaliados a outras pessoas.

    1.3 Justificativa

    Inúmeros são os esforços na solução da problemática que ainda se apresenta

    com solução latente: a avaliação da qualidade dos meios de hospedagem e sua

    classificação, conforme apresentados na seção anterior. Como fatores motivadores

    à realização do presente trabalho poderão ser apontados:

    − A falta de uma classificação que possa abranger as diversas modalidades

    de hospedagem que competem entre si, como flats, pousadas e hotéis,

    localizados em cidades;

    − A redução da vida útil dos hotéis devido à oferta diversificada dos meios

    de hospedagem. Um dos motivos é a entrada no mercado de hotéis

    supereconômicos pertencentes a redes conhecidas mundialmente Além

    disso, grande é a importância deste setor para a economia (DAL’MASO,

    2008);

    − WTO (1989) apud Freitas (2007) ressalta que há divergências entre os

    sistemas de classificação existentes no mundo, ocorrendo em termos dos

    critérios a serem utilizados, da simbologia a ser adotada (estrelas,

    diamantes, etc.), e da discriminação da natureza dos estabelecimentos de

    hospedagem (executiva, turística, albergue, chalé, pensão, entre outras);

    − A atuação ambientalmente responsável é, principalmente hoje, um

    diferencial entre as empresas no mercado. Em breve, este diferencial se

    tornará um pré-requisito, e quanto antes, as empresas perceberem esta

    nova realidade, maior será a chance de se manterem no mercado

    (GUTBERLET, 1996).

    − As diversidades existentes nas pesquisas, no âmbito dos meios de

    hospedagem: Hóspedes de Luxo (MIN e MIN, 1997; WILKINGS et al,

    2007), Hóspedes Idosos ( CALLAN, 2000;VIEREGGE, 2007), Ecoturistas

  • 8

    (KHAN, 2003); Hóspedes de Negócios (AKBABA, 2006) sugerem a

    abordagem contingencial da pesquisa, o que motiva o desenvolvimento de

    novos trabalhos.

    Diferente da abordagem dos trabalhos desenvolvidos, o modelo se propõe ser

    simples e aplicável à avaliação de qualquer meio de hospedagem, incorporando os

    aspectos (critérios) associados à infra-estrutura, à qualidade dos serviços prestados

    e às ações ambientais praticadas pelos estabelecimentos;

    Além disso, outras justificativas poderão ser apresentadas, como o crescente

    o ingresso de divisas devido aos turistas estrangeiros no país. Nesse sentido, o

    Banco Central registrou até outubro de 2008, um índice de 9,78% superior ao

    mesmo período do ano anterior. Segundo a presidente do Instituto Brasileiro de

    Turismo, a EMBRATUR, mesmo em outubro, mês em que outros setores da

    economia já sentiram os impactos da crise mundial, os números demonstram o

    potencial do setor na economia brasileira que até o referido mês não sentiu impactos

    da crise econômica atual.

    1.964

    2.593

    3.1543.548

    4.044

    4.813

    2003 2004 2005 2006 2007 2008

    Tabela 1.1 - Gastos, em milhões de dólares, de turistas estrangeiros no Brasil, período de janeiro a

    outubro.

    Fonte: BNDES (2008)

    Segundo dados da Associação Brasileira da Indústria de Hotéis (ABIH), nos

    últimos anos, houve um expressivo crescimento determinado pela vinda das cadeias

    hoteleiras. E hoje são as mesmas que detêm 15% dos empreendimentos - ou 35%

    do total de quartos disponíveis - e ficam com 60% da receita obtida pelo segmento.

    E são justamente as redes as responsáveis pelas boas perspectivas de crescimento

    da hotelaria no País (ABIH, 2008).

  • 9

    De acordo com a BNDES (2005), o setor do turismo, que engloba o segmento

    de hotelaria, é considerado uma das atividades de maior representatividade para a

    economia mundial. Movimenta anualmente cerca de US$ 4 trilhões e gera cerca de

    280 milhões de empregos em todo o mundo. Dados oriundos de sites de busca a

    hotéis expõem que a concorrência existente hoje no país, principalmente nas

    capitais, está rumo ao interior dos estados. A cidade de Campos dos Goytacazes,

    por exemplo, que possui seu mercado de hospedagem composto por pousadas,

    hotéis e flats, receberá dois estabelecimentos de redes hoteleiras conhecidas, que

    iniciarão suas operações em breve. (EXAME, 2007).

    A inserção futura de redes hoteleiras na cidade, praticando baixos valores de

    diárias, oferecendo conforto e qualidade, com suas bandeiras reconhecidas pelo

    mercado, pode implicar numa competição acirrada com os estabelecimentos locais,

    que poderão fechar seus estabelecimentos. Neste cenário iminente, a economia

    local poderá sofrer seus impactos, como por exemplo, o desemprego.

    O crescimento das cadeias hoteleiras, cada uma com a sua própria

    padronização de instalações, produtos e serviços, têm feito com que perdessem

    importância as classificações tradicionais. A hotelaria de rede busca identificar seu

    público-alvo e atuar de forma a atender às suas necessidades. Assim, com o

    crescimento da importância de cada uma dessas marcas no mercado, as

    classificações tradicionais acabam por verem diminuída a sua importância como

    elemento identificador de cada estabelecimento. (BNDES, 2005)

    Para minimizar tal impacto futuro, nestas cidades, a classificação por

    qualidade pode ser analisada como uma alternativa de sanar as necessidades do

    mercado hoteleiro, objetivando orientar a demanda, organizar o processo de

    padronização dos serviços, e o processo de elaboração das tarifas dos meios de

    hospedagem. (POLIZEL, 2006).

    1.4 Estrutura do Trabalho

    O trabalho se compõe de sete capítulos, em que fundamentações teóricas sobre qualidade em serviços, meios de hospedagem e qualidade em meios de

    hospedagem sustentam o desenvolvimento do modelo.

  • 10

    Este modelo desenvolvido é aplicado em estudos de caso, para que, através

    dos resultados obtidos, possam ser apresentadas as conclusões, as limitações e as

    sugestões para futuras investigações.

    No capítulo 1 são apresentados o problema de pesquisa, a justificativa para a

    investigação e os objetivos propostos.

    O segundo capítulo, apresenta a definição da qualidade em serviços sob a

    ótica de diversos autores e os modelos mais indexados na avaliação da qualidade

    em serviços e o mapeamento do ciclo de serviços dos meios de hospedagem e seus

    momentos da verdade, para elucidar a motivação para a pesquisa.

    O capítulo 3 caracteriza os meios de hospedagem, apresentando suas

    definições, um breve histórico desta atividade. Passando então para a questão das

    classificações dos meios, internacional e nacionalmente. Com o objetivo de

    apresentar a riqueza do tema a ser explorado.

    No capitulo 4 há a convergência dos capítulos 2 e 3, onde são abordados o

    tema percepção da qualidade dos meios de hospedagem e a proposição do modelo,

    com a apresentação das bases mais importantes da pesquisa, ou seja, todos os

    trabalhos inerentes ao tema que compuseram o modelo composto e que estão

    indexados na base de dados da CAPES compuseram o modelo proposto juntamente

    com o SOCMH do Brasil.

    No capítulo 5 é apresentado o modelo de avaliação e classificação dos meios

    de hospedagem, como se desenvolveu a sua composição, apresentando a estrutura

    do formulário de pesquisa, a seleção da escala, a apresentação das dimensões, o

    tratamento dos dados com o procedimento de agregação dos julgamentos dos

    hóspedes, e de sua classificação. Em seguida, a apresentação da preparação para

    a pesquisa.

    O capítulo 6 apresenta a aplicação do modelo com a apresentação dos

    estudos de caso, que contemplam o município de Campos dos Goytacazes, em

    especial em três estabelecimentos, um flat, um hotel e uma pousada. A análise dos

    dados se dá através da utilização do modelo proposto no capítulo 5 e se

    complementa com a aplicação da ferramenta Análise dos Quartis, visando

    apresentar os itens essenciais a qualidade em serviços, segundo a percepção dos

    hóspedes.

  • 11

    No capítulo 7 as conclusões do presente trabalho são apresentadas.

    Acrescidas a elas estão as suas limitações e as sugestões para aprimoramento do

    campo de pesquisa.

    No apêndice A o modelo de proposto de avaliação da qualidade dos meios de

    hospedagem sob a percepção dos hóspedes encontra-se ilustrado.

    No apêndice B encontram-se a origem dos itens na composição do modelo de

    avaliação da qualidade dos meios de hospedagem.

    No anexo é apresentada a matriz de classificação do SOCMH, oriunda das

    antigas classificações da ABIH/EMBRATUR.

  • CAPÍTULO 2 QUALIDADE EM SERVIÇOS

    Neste capítulo serão apresentados conceitos de Qualidade em Serviços, sob

    a ótica de diversos autores e os modelos de avaliação mais indexados em trabalhos

    científicos com a finalidade de expor o modelo base da pesquisa.

    2.1 O Conceito de Serviços

    Área sob constante investigação, serviços tem sido motivo de inúmeros

    trabalhos e sua definição ainda não produziu um consenso, pois na visão de Freitas

    (2005) definir precisamente o real significado de “serviços” vem sendo uma difícil

    tarefa para os pesquisadores que atuam na área de qualidade.

    Cronin& Taylor (1992, p.55) ressaltam ainda que, a qualidade em serviços

    tem sido um evasivo e abstrato construto difícil de ser definido e medido. E até hoje

    a importante relação entre qualidade em serviços, satisfação do consumidor e

    intenções de compra ainda é amplamente inexplorado.

    Grönroos (2003, p. 65) expõe que “entre as décadas de 60 a 80 foi sugerida

    uma série de definições para serviços. Até o ponto em que não se chegou a

    nenhuma definição decisiva”. E em sua visão, os serviços podem ser vistos

    considerando seus aspectos ocultos e como uma perspectiva de criação de

    vantagem competitiva.

    Parasuraman et al (1985) afirmam que qualidade no setor de serviços possui

    uma definição especial devido as próprias características dos serviços: a

    intangibilidade, a heterogeneidade e a inseparabilidade entre produção e consumo.

    Contribuíram também para uma definição, Lovelock e Wright (2006) quando

    apresentam duas definições que segundo os mesmos autores ‘capturam a essência

    dos serviços’ definindo que “serviço é um ato ou desempenho oferecido por uma

  • 12

    parte a outra”, e “serviços são atividades que criam valor e fornecem benefícios para

    clientes em tempos e lugares específicos, como decorrência da realização de uma

    mudança desejada no _em nome do_ destinatário do serviço.”

    De acordo com Fitzsimmons e Fitzsimmons (2005, p. 30), o tema comum que

    delineia o conceito de serviços é a intangibilidade e o consumo simultâneo, e assim

    estes autores definem serviços como sendo “uma experiência perecível, intangível,

    desenvolvida para um consumidor que desempenha o papel de co-produtor.”

    Zeithaml e Bitner (2003, p. 28) acrescentam que serviços são ações,

    processos e atuações e que sua definição ampla implica que intangibilidade seja

    “um determinante chave” para delimitação se uma oferta é ou não um serviço.

    Para Kotler et al (2006, p. 397), “serviço é qualquer ato ou desempenho

    essencialmente intangível, que uma parte pode oferecer a outra e que não resulta na

    propriedade de nada. A execução de um serviço pode ou não estar ligada a um

    produto concreto”. Neste caso, essa “propriedade de nada” em que o autor refere-se

    está associada ao resultado gerado apesar da característica intangível do processo

    de prestação de serviços.

    Embora as definições acima sejam sutilmente distintas, ambos os autores

    supracitados estabelecem uma relação quanto a aspectos intangíveis, criação de valor, interação entre fornecedor e cliente e vantagem competitiva na definição de serviços. Na exposição quanto às diferenças entre bens e serviços, há sutis

    diferenças a serem apresentadas nas proposições dos autores supracitados. A

    seguir no quadro abaixo a proposição de Zeithaml et al (2003), construída tomando

    por base implicações decorrentes dos serviços.

    Quadro 2.1 - Distinção entre bens e serviços e suas implicações decorrentes

    Bens Serviços Implicações Decorrentes

    Tangíveis Intangíveis 1. Serviços não podem ser estocados 2. Serviços não podem ser patenteados 3. Serviços não podem ser exibidos ou comunicados; 4. É difícil determinar o preço

    Padronizados Heterogêneos

    1. O fornecimento do serviço e a satisfação do cliente dependem das ações dos funcionários

    2. A qualidade dos serviços depende de diversos fatores incontroláveis

    3. Não há certeza de que o serviço executado atenda o que foi planejado e divulgado

    continua

  • 13

    continuação

    Bens Serviços Implicações Decorrentes

    Produção

    Separada do

    Consumo

    Produção e

    Consumo

    Simultâneos

    1. Clientes participam e interferem na transação 2. Os clientes afetam-se mutuamente 3. Os funcionários afetam os serviço prestado 4. A descentralização pode ser essencial 5. É difícil ocorrer produção em massa

    Não

    Perecíveis Perecíveis

    1. É difícil sincronizar a oferta e a demanda em serviços 2. Os serviços não podem ser devolvidos ou revendidos

    Fonte: Adaptado de Zeithalm et al (2003)

    Já Grönroos (2003, p. 66), a seguir, apresenta as diferenças entre bens

    físicos e serviços citando questões como a impossibilidade de transferência de

    propriedade e o momento da produção do valor.

    Quadro 2.2 - Distinção entre bens e serviços

    Bens Físicos Serviços

    Tangíveis Intangíveis

    Homogêneos Heterogêneos

    Produção e distribuição separadas do

    consumo

    Processos simultâneos de produção,

    distribuição e consumo

    Uma coisa Uma atividade ou processo

    Valor central produzido na fábrica Valor central produzido em interações

    comprador-vendedor

    Clientes não participam(normalmente) no

    processo de produção Clientes participam da produção

    Podem ser mantidos em estoque Não podem ser mantidos em estoque

    Transferência de propriedade Não há transferência de propriedade

    Fonte: Adaptado de Grönroos (2003, p. 66).

    Lovelock e Wright (2006) apresentam como diferenças básicas entre bens e

    serviços as seguintes proposições:

  • 14

    Quadro 2.3 – Diferenças básicas entre bens e serviços

    Diferenças básicas entre bens e serviços

    Os clientes não obtêm propriedade sobre os serviços

    Os produtos dos serviços são realizações intangíveis

    Há maior envolvimento dos clientes no processo de produção

    Outras pessoas podem fazer parte do produto

    Há maior variabilidade nos insumos e produtos operacionais

    Muitos serviços são de difícil avaliação pelos clientes

    Normalmente há uma ausência de estoques

    O fator tempo é relativamente mais importante

    Os sistemas de entrega podem envolver canais eletrônicos e físicos

    Fonte: Adaptado de Lovelock e Wright (2006)

    Por fim, segundo Fitzsimmons e Fitzsimmons (2005, p. 45), nos serviços os

    insumos são os próprios consumidores e os recursos são os bens facilitadores, a

    mão-de-obra dos funcionários e o capital sob o comando do gerente. E estes

    autores traçam segundo eles, “características peculiares que tornam os serviços

    distintos”:

    Quadro 2.4 – Características dos Serviços

    Características dos Serviços

    Participação do

    cliente no processo O cliente é uma parte ativa do processo

    Simultaneidade Produção e consumo de forma simultânea

    Mercadoria Perecível Não podem ser estocados. Se não for usado se perde para

    sempre.

    Intangibilidade Serviços são idéias e conceitos. Momento de superar os

    competidores.

    Heterogeneidade Natureza intangível dos serviços aliada a participação do cliente

    na prestação do serviço resulta na variação dos serviços.

    Fonte: Adaptado de Fitzsimmons e Fitzsimmons (2005, p. 46-49)

    Sendo assim inúmeros são os esforços para a convergência da definição de

    serviços que ainda é um conceito sem definição absoluta e sua distinção dos bens

  • 15

    físicos, bem como a busca pelo modelo ideal de mensuração da qualidade em

    serviços que será assunto da seção seguinte.

    2.2. Mensuração da Qualidade em Serviços

    Qualidade em serviços tem sido um dos principais fatores usados para

    ganhos de vantagem competitiva, o que leva a indústria hoteleira a focar

    especificamente na necessidade e expectativa de seus clientes (CALLAN, 2001). No

    entanto, há uma falta de consenso quanto ao modelo ideal que possa avaliar a

    qualidade dos serviços de hospedagem.

    A pesquisa sobre a percepção do cliente revela preocupações, prioridades e

    sentimentos ocultos que apontam para uma nova noção do produto “serviço” e para

    uma estratégia mais clara de posicionamento do serviço em seu mercado. (Albrecht,

    1998, p.4).

    Em vasta literatura internacional, muitos modelos de avaliação da qualidade

    em serviços são apresentados, mas entre eles ainda não se aponta um modelo

    ideal, pois conforme Eckinci (1998, p.66) os modelos de avaliação da qualidade em

    serviços existentes parecem constituir um ponto de partida bom para o

    desenvolvimento daquele que seja uma medida altamente segura, válida e prática

    de avaliação da qualidade em serviços.

    Logo, dentre eles podem ser citados, o Modelo dos 5 Gaps, o SERVQUAL e o SERVPERF. Além disso, como desdobramento da pesquisa identificou-se modelos como ECOSERV, SERVLODGE, LODGQUAL, HOTELSERV e HOTELQUAL, que são específicos para mensuração de serviços de hospedagem e foram

    desenvolvidos tomando por base o modelo SERVQUAL, que serão apresentados

    neste capítulo.

    2.2.1. MODELO DOS 5 GAPS

    Desenvolvido por Zeithaml, Berry e Parasuraman (1985), o modelo dos 5

    gaps procura identificar as lacunas existentes na prestação dos serviços, que

    interferem em sua qualidade.

    Como objeto de ilustração, a figura 2.1, apresenta o modelo dos 5 gaps

    adaptado a um serviço de hospedagem, apresentando as 5 lacunas existentes na

    prestação do serviço de uma pousada.

  • 16

    Em especial, as 5 lacunas na prestação dos serviços de hospedagem,

    segundo podem ser descritas como:

    Gap 1: Diferença entre a percepção da Gerência do Meio de Hospedagem sobre as expectativas dos hóspedes e as reais expectativas destes clientes;

    Gap 2: Diferença entre a percepção da Gerência do Meio de Hospedagem em relação às expectativas dos hóspedes e sua habilidade em traduzi-las em

    padrões de qualidade de serviços em hospedagem;

    Gap 3: Diferença entre os padrões de qualidade dos serviços definidos pela Gerência do Meio de Hospedagem e a qualidade dos serviços prestados aos

    hóspedes;

    Gap 4: Diferença entre os serviços efetivamente prestados pela Gerência do Meio de Hospedagem e os serviços prometidos pela própria Gerência;

    Gap 5: Diferença entre a percepção dos hóspedes em relação ao serviço prestado e a expectativa destes quanto à prestação do serviço.

    Figura 2.1 – Modelo dos 5 gaps adaptado ao serviços de uma pousada

    Fonte: Adaptação de Zeithaml et al (1988, p. 36, apud FITZSIMMONS & FITZSIMMONS, 2000, p.252).

  • 17

    A quinta lacuna existente, ou seja, a que reflete a diferença entre a percepção

    do consumidor em relação ao desempenho do serviço e a expectativa criada quanto

    a prestação do serviço originou o modelo SERVQUAL que será apresentado na

    seção a seguir.

    2.2.2. SERVQUAL

    O modelo SERVQUAL de Parasuraman, Berry e Zeithalm (1988) conhecido

    como modelo PBZ, objetiva a avaliação de quaisquer tipos de serviços em cinco

    dimensões: confiabilidade, responsividade, segurança, aspectos tangíveis, e

    empatia.

    A expectativa de um serviço refere-se ao nível do serviço que o consumidor

    acredita que deve receber do fornecedor de serviços. (Khan, 2002, p.112). E o

    SERVQUAL é um instrumento que foi concebido sob múltiplos critérios para a

    mensuração da diferença entre as expectativas e o desempenho do serviço.

    O seu emprego é realizado em duas etapas: na primeira etapa são

    mensuradas as expectativas dos clientes em relação ao desempenho do serviço à

    luz do item j, denotada por Ej. Na segunda etapa, são mensuradas as percepções

    acerca do desempenho do serviço prestado à luz do item j, denotada por Dj.

    Em geral utiliza-se a escala Likert de 7 pontos, cujos extremos são definidos

    com os conceitos Discordo Totalmente e Concordo Totalmente.

    Para cada item registra-se o Gap 5 (modelo de Gaps), representado pela

    equação:

    Qj = Dj – Ej (1)

    Os Gaps negativos (Dj < Ej) indicam que as percepções de desempenho são menores que as expectativas, revelando falhas no serviço que deixam os clientes

    insatisfeitos. E os Gaps positivos (Dj > Ej) indicam que o serviço é superior ao esperado, proporcionando satisfação do cliente.

    Originalmente com dez dimensões o SERVQUAL sofreu uma redução para

    cinco dimensões, englobando as dimensões que se sobrepunham. Sendo então o

  • 18

    modelo composto então por 22 itens que abordam cinco Dimensões da Qualidade,

    definidas por Parasuraman et al. (1985) inicialmente, conforme apresentado no

    quadro 2.5..

    Eckinci (1998) ressalta que o modelo SERVQUAL recebeu grande interesse

    por se apresentar como um modelo prático. No entanto, este modelo recebeu

    algumas críticas consideráveis quanto ao nível de confiança, como no modelo

    SERVPERF de Cronin &Taylor (1992).

    Quadro 2.5 – As cinco dimensões da Qualidade em Serviços reduzidas das dez originais.

    Dimensão Característica

    Confiabilidade Habilidade para prestar o serviço de forma

    confiável e exatamente como prometido.

    Responsividade Vontade de ajudar ao cliente e prover um serviço

    imediato.

    Segurança (competência, cortesia,

    credibilidade e segurança)

    Conhecimento e cortesia dos empregados e sua

    habilidade em transmitir confiança e credibilidade.

    Aspectos Tangíveis As instalações físicas, equipamentos, e aparência

    dos funcionários.

    Empatia (acesso, comunicação e

    entendimento do cliente)

    Cuidado. A atenção individualizada fornecida ao

    cliente.

    Fonte: Adaptado de Parasuraman et al (1988, p. 23)

    E ainda, segundo Eckinci (1998) algumas críticas conduziram pesquisadores

    à produção de escalas específicas para a indústria hoteleira, o chamado

    LODGSERV (Knuston et al, 1990). No entanto a superioridade de uma escala em

    relação à outra requer uma investigação adicional. (Eckinci, 1998).

    Em ampla literatura o modelo SERVQUAL é tomado por base para

    desenvolvimento de modelos de avaliação, como ECOSERV, LODGSERV,

    LODGQUAL, HOTELSERV e HOTELQUAL. Esses modelos, apresentados no

    quadro 2.6, refletem as intenções da comunidade científica em propor modelos de

    avaliação dos meios de hospedagem através da avaliação dos itens à luz das

    dimensões de um serviço de hospedagem.

    Ainda no capítulo 4 serão expostos demais trabalhos científicos nacionais e

    internacionais que procuraram abordar este tema.

  • 19

    Quadro 2.6 – Modelos derivados (adaptados) do SERVQUAL aplicados aos Meios de Hospedagem

    MODELO RESUMO DA INVESTIGAÇÃO

    ECOSERV

    (Khan, 2003)

    Este modelo revela seis dimensões de serviço: eco-tangíveis, confiabilidade,

    responsividade, segurança, aspectos tangíveis, e empatia. Aplicado nos Estados

    Unidos, o modelo revelou que a dimensão mais importante é a eco-tangíveis, e a

    menos importante tangíveis. Os hóspedes (ecoturistas) esperam que os hotéis sejam

    ambientalmente amigáveis e preferem serviços corteses, informativos e confiáveis,

    definiram como importantes as instalações físicas que fossem ambientalmente

    adequadas e os equipamentos que minimizassem a degradação ambiental.

    LODGSERV

    (Knutson et

    al ,1991)

    Adaptado do SERVQUAL para o setor da hospedagem, os resultados confirmaram as

    cinco dimensões de avaliação do modelo base e demonstraram que o mais importante

    é a confiança, seguida de garantia, responsabilidade, tangíveis e empatia. No ano

    seguinte, os mesmos autores aplicaram o modelo em três hotéis – econômico, médio

    preço e luxuoso – encontrando a mesma ordenação nas dimensões aplicadas no

    primeiro trabalho, e ainda concluíram que o padrão luxuoso é aquele que apresentou

    maior expectativa a respeito do serviço a ser recebido. E ainda, Patton et al (1994)

    traduziu o LODGSERV em japonês e chinês e aplicou o instrumento no Japão,Taiwan,

    Hong Kong, Austrália e o Reino Unido mantendo seu nível de confiança.

    LODGQUAL

    (Getty &

    Thompson,

    1994)

    O modelo foi desenvolvido através da revisão ampla na literatura e entrevistas com

    profissionais do setor. Resultando em três dimensões da qualidade em serviços nos

    meios de hospedagem: tangíveis, confiança e comunicação. E foi recomendado que

    fosse aplicado periodicamente nos hotéis para localizar as tendências de qualidade de

    serviço. O modelo se apresenta com uma alta confiabilidade na predição da

    qualidade.

    HOTELSERV

    (Mei, Dean, &

    White, 1999)

    Estudaram qualidade de serviço na indústria hoteleira na Austrália, usando

    SERVQUAL e desenvolveram a escala HOTELSERV. Os resultados mostraram que

    os empregados, tangíveis e confiança eram as três dimensões proféticas da qualidade

    de serviço, com empregados como a dimensão mais importante.

    HOTELQUAL

    Sierra,

    Falces,

    Delgado,

    Becerra, &

    Briñol (1999)

    Adaptado do modelo SERVQUAL, esta escala foi aplicada a uma amostra

    representativa de clientes e hotéis em Madrid, Espanha, como uma medida de

    percepção da qualidade. Os resultados da análise fatorial resultaram que este tipo de

    serviço está baseado em três dimensões distintas, mas relacionadas: avaliação dos

    funcionários, avaliação das instalações e organização de serviço. A escala refinada

    possui níveis altos de confiança e validez.

    Fonte: Desenvolvido pela autora.

  • 20

    2.2.3. SERVPERF

    Segundo Cronin e Taylor (1992), através de uma ampla revisão de literatura,

    demonstraram um paradigma defeituoso na avaliação da qualidade em serviços,

    apresentando como uma alternativa viável: o SERVPERF. A escala proposta é

    baseada na medição do desempenho e se apresenta eficiente quando comparada

    ao modelo SERVQUAL, em que há uma redução em 50% no número de itens a

    serem avaliados, ou seja, de 44 itens para 22 itens, isto porque, o modelo utiliza as

    dimensões e itens do SERVQUAL na avaliação do desempenho.

    A análise do modelo estrutural sustenta a preferência teórica do modelo

    SERVPERF, que ocorreu através da comparação entre a diferença de scores entre

    percepções de desempenho e expectativas à luz de cada um dos 22 itens do

    modelo SERVQUAL, onde os autores concluíram que a qualidade de serviço é mais

    bem avaliada somente pelas percepções que os consumidores têm a respeito do

    desempenho do serviço à luz de cada item segundo a equação:

    Qj = Dj (2)

    Para justificar o modelo SERVPERF, os autores ressaltaram que a qualidade

    é conceituada, mas como uma atitude do cliente com relação às dimensões da

    qualidade, e que não deve ser medida por meio das diferenças entre expectativa e

    desempenho, e sim como uma percepção de desempenho. Concluindo também que

    a sensibilidade do modelo retrata as variações de qualidade em relação às outras

    escalas testadas.

    De acordo com MIN e MIN (1997), embora o SERVQUAL possa ajudar a

    identificar os fundamentos determinantes da qualidade dos serviços, não é possível

    ajudar a avaliar seu desempenho.

    Enquanto que o SERVQUAL (PARASURAMAN et al,1985) é difundido e

    referenciado como o melhor instrumento de mensuração da qualidade, o

    SERVPERF (CRONIN E TAYLOR, 1992) é referenciado como o modelo que

    apresenta maiores índices de confiabilidade, e com a apresentação de um

    questionário mais reduzido.

  • 21

    Para pesquisas que requerem ampla quantidade de itens a ser avaliada, o

    modelo SERVQUAL não vem a operacionalizar o tratamento dos dados. No entanto,

    é possível a utilização de um modelo mais enxuto: o SERVPERF em que sua

    confiabilidade e validade, foram comparadas ao modelo SERVQUAL por Salomi et al

    (2005), gerando confirmações de que o SERVPERF trata-se de um modelo válido

    em que os níveis de confiabilidade dos dois métodos são bem próximos e que a

    considerável vantagem de utilização da escala SERVPERF é a redução das

    questões a serem respondidas pelos entrevistados na avaliação da qualidade em

    serviços.

    E ainda, Hudson et al (2004) em um trabalho de comparação de metodologias

    de avaliação da qualidade em serviços, concluem que “o SERVPERF seria uma

    medida direta mais conveniente para usar quando tempo e custo estão envolvidos”.

    Neste trabalho, os autores em nenhum momento expressam a substituição do

    SERVQUAL por este modelo, mas apresentam como uma alternativa de modelo de

    mensuração dos serviços. Visto que apresenta uma melhor operacionalização na

    realização da pesquisa, com conseqüente aceitação por parte dos respondentes.

    Com o SERVPERF, a quantidade de questões a serem avaliadas se reduz

    pela metade. Enquanto que no modelo SERVQUAL, a expectativa do serviço,

    construída por experiência passada, comunicação interpessoal ou necessidades

    pessoais, constitui mais um bloco de questões a serem respondidas, para que assim

    seja retratada a percepção de qualidade do serviço, conforme apresentado na seção

    anterior.

    E ainda, Armstrong et al (1997) concluíram em seus estudos que a

    expectativa do serviço não precisa ser mensurada para avaliação da qualidade em

    serviços, concordando com o modelo de Cronin e Taylor (1992) e de Knutson et al

    (1995).

    Assim, para estabelecimentos, terem seus itens avaliados apenas por seu

    desempenho seria muito viável devido às pressões sofridas pela escassez de

    recursos e pelo tempo.

    Em suma, os serviços nada mais são que o resultado de uma necessidade do

    cliente, onde o processo de serviços se desenvolve a partir do envolvimento e

    interação entre o cliente e o fornecedor do serviço, sendo a qualidade do serviço a

    medida através da percepção do desempenho dos critérios que delineiam

  • 22

    especificamente os serviços identificados, pelo mapeamento do ciclo de serviços ora

    avaliado. Assunto a ser abordado na seção seguinte.

    2.3. O Mapeamento do Ciclo de Serviços e os Momentos da Verdade

    Se a alta administração acreditar na prestação de um bom serviço há grandes

    chances de que a filosofia da excelência em serviços se torne contagiosa em toda a

    empresa, o que lhe permite a cobrança de um preço mais alto pelo serviço oferecido,

    conquista de maior participação de mercado, e obtenção de uma margem de lucro

    maior que de sua concorrência. (ALBRECHT, 1998).

    Albrecht (op cit ) isolou características de empresas vencedoras enumerando

    as seguintes:

    − As empresas vencedoras acreditam que a qualidade gera lucro;

    − Possuem conhecimento de seus clientes, fazendo pesquisas a respeito

    das percepções;

    − Possuem o enfoque baseado em horas da verdade, sendo orietados por

    resultados;

    − Sua atitude é a de fazer o que for preciso, procurando resolver o problema

    do cliente, satisfazendo sua necessidade;

    − Procuram rapidamente se recuperarem de um erro cometido, pois pode

    exercer um impacto sob a percepção do cliente;

    − Acreditam em um conceito global de serviço. Os departamentos internos

    podem não ver o cliente mas contribuem para as horas da verdade;

    − A administração não dita regras, mas auxilia habilitando o pessoal de linha

    de frente a atender seus clientes eficazmente.

    − Preocupam-se com seus funcionários, tanto com os clientes. Instituindo

    políticas de relações de trabalho que espelham políticas de relações com

    clientes.

    − E estão sempre insatisfeitas com seu desempenho, medindo e avaliando

    sua qualidade continuamente.

  • 23

    Por isso, ainda de acordo com o mesmo autor, faz sentido pensar que o

    cliente é um ativo que se valoriza na empresa com o passar do tempo, quando

    satisfação e lealdade do cliente crescem.

    Mas “se a empresa falha, ela não soube captar a “voz do cliente”, ou não

    soube materializar seus desejos, necessidades e expectativas, de um modo melhor

    que seus concorrentes” (CASTELLI, 2002). Essa materialização se dá através do

    mapeamento do ciclo de serviços e da identificação dos momentos da verdade.

    Na visão de Gronroos (1988), o momento da verdade significa o tempo e o

    lugar, onde e quando o serviço oferecido pelo fornecedor tem a oportunidade de

    demonstrar ao consumidor sua qualidade.

    Para Albrecht (1998) hora da verdade é qualquer episódio no qual o cliente

    entra em contato com qualquer aspecto da organização onde possa obter uma

    impressão da qualidade de seu serviço.

    A partir da obtenção do que é relevante ao consumidor, ou seja, os critérios,

    torna-se importante proceder às medições e priorizações para atender as

    necessidades do cliente (GUSTAFSSON; JOHNSON, 1997).

    INFORMAÇÕES OBTIDAS ATRAVÉS DA INTERNET,

    Figura 2.2 – Ciclo de Serviços e Momentos da Verdade nos Meios de Hospedagem

    Fonte: ALMEIDA e FREITAS (2009b)

    TELEFONE, FAX, E-MAIL

    FACHADA DO HOTEL ESTÉTICA E CONSERVAÇÃO

    RECEPÇÃO DO HOTEL:

    FUN O

    DECORAÇÃO, LIMPEZA, APRESENTAÇÃO DOS

    CIONÁRIOS, ATENDIMENTNO CHECK IN.

    UNIDADE HABITACIONAL: LIMPEZA, INFRA- ESTRUTURA (MOBILIÁRIOS , DECORAÇÃO, INTERNET, SISTEMA DE TV, ENXOVAL,), FRIGOBAR, ISOLAMENTO ACÚSTICO.

    SERVIÇOS UTILIZADOS NO HOTEL, COMO

    INTELEFONIA, LAVANDERIA, RESTAURANTE, TERNET, DESPERTADOR, COFRE, FAX, SALA

    DE EVENTOS, SALA DE FITNESS, CORRESPONDÊNCIA.

    Ciclo de Serviços dos

    Meios de Hospedagem e seus Momentos

    da Verdade

    ATENDIMENTO NO CHECK- OUT.: RAPIDEZ, CONTA CORRETA, PROFISSIONALISMO.

    PÓS- VENDA: FIDELIZAÇÃO ATRAVÉS DE PESQUISA DE SATISFAÇÃO, E-MAIL, CORESPONDÊNCIA. OFERTA DE PACOTES, DESCONTOS, ETC

    CAFÉ DA MANHÃ. AMBIENTE, QUALIDADE DA ALIMENTAÇÃO, ATENDIMENTO DO

    FUNCIONÁRIO

    INSTALAÇÕES INTERNAS: ELEVADOR, CONFORTO TÉRMICO,

    FIM INÍCIO

    ATENDIMENTO NOS PROC K-IN.

    CEDIMENTOS DE CHEC

    OMO PRESTEZA E EDUCAÇÃO DO RECEPCIONISTA, MENSAGEIRO

    ÁREAS DE LAZER, RESTAURANTE. EDUCAÇÃO E CORTESIA

    DE DEMAIS SETORES COMO GOVERNANÇA,

    SEGURANÇA, RESTAURANTE

  • 24

    Exemplificando, no mercado da hospedagem o impacto da fachada da

    organização na entrada do hóspede no estabelecimento, o conforto do travesseiro e

    dos colchões, o atendimento no café da manhã, são itens a compor a somatória de

    todas as horas da verdade possíveis a ser vividas pelo cliente durante sua estada. A

    seguir, na figura 2.2, um ciclo de serviços dos meios de hospedagem, composto

    pelos momentos da verdade a serem vivenciados pelos hóspedes.

    Assim como as horas/momentos da verdade, o mapeamento dos ciclos de

    serviços para os vários aspectos da organização é importante, uma vez que através

    dessa técnica pode-se analisar a empresa sob a ótica do cliente (ALBRECHT, 1995).

    Para a empresa, o ciclo de serviço pode ser uma importante fonte de

    informações, visto que, segundo Freitas (2005), através do entendimento deste ciclo

    e dos momentos da verdade, eventuais falhas ocorridas podem ser mais facilmente

    identificadas e, mediante tomada de ações corretivas/preventivas, estas podem ser

    evitadas de forma a proporcionar um serviço de melhor qualidade.

    Ressaltando a importância da qualidade para as empresas, Ramsaran-

    Fowdar (2007, p. 20) expõe que, a qualidade é a base do sucesso empresarial se

    usada como fator chave para alcance da vantagem competitiva, onde clientes até

    estão dispostos a pagar um pouco mais pelos serviços que lhe dêem satisfação, e

    são divulgadores da qualidade por eles percebida.

    Assim, na construção da avaliação da qualidade dos serviços dos meios de

    hospedagem, o ciclo de serviços dos meios de hospedagem e a identificação dos

    momentos da verdade, constituem a base do processo de avaliação da qualidade e

    se torna então o fundamento para a construção do modelo proposto no capítulo 5.

    Entretanto, visando contribuir para um melhor entendimento da proposta

    desta dissertação, no capítulo seguinte apresentam-se conceitos e temas

    relacionados aos meios de hospedagem.

  • CAPÍTULO 3 MEIOS DE HOSPEDAGEM

    Neste capítulo serão apresentados conceitos de meios de hospedagem, um

    breve histórico da atividade nos cenários internacional e nacional apresentando os

    perfis de estabelecimentos contemplados na pesquisa, a classificação dos meios de

    hospedagem, a relação entre o meio de hospedagem e o meio ambiente e o perfil do

    cliente desta atividade.

    3.1 O Conceito de Meios de Hospedagem

    Consideram-se meios de hospedagem, o estabelecimento que satisfaça, cumulativamente, às seguintes condições (BRASIL, 2002, p. 2):

    I - seja licenciado pelas autoridades competentes para prestar serviços de hospedagem;

    II - seja administrado ou explorado comercialmente por empresa hoteleira e que adote, no relacionamento com os hóspedes, contrato de hospedagem, com as características definidas neste Regulamento e nas demais legislações aplicáveis;

    Parágrafo único - Observadas as disposições do presente Regulamento, os meios de hospedagem oferecerão aos hóspedes, no mínimo:

    I - alojamento, para uso temporário do hóspede, em Unidades Habitacionais1 (UH) específicas a essa finalidade;

    II - serviços mínimos necessários ao hóspede, consistentes em:

    a) Portaria/recepção para atendimento e controle permanentes de entrada e saída;

    1 Unidade Habitacional - UH é o espaço, atingível a partir das áreas principais de circulação comuns do estabelecimento, destinado à utilização pelo hóspede, para seu bem estar, higiene e repouso (BRASIL, 2002).

  • 26

    b) Guarda de bagagens e objetos de uso pessoal dos hóspedes, em local apropriado;

    c) Conservação, manutenção, arrumação e limpeza das áreas, instalações e equipamentos.

    Entende-se também, por meios, ou estabelecimentos de hospedagem, formas

    de abrigar os turistas que permanecem por mais de 24 horas em uma localidade, ou

    de prestarem serviços hospitaleiros por menos de 24 horas (serviços denominados

    day use). Estes meios contemplam todas as categorias de hotéis, flats, pousadas,

    campings e casas de veraneio (GUARDANI, 2006, p.14).

    De acordo com o Regulamento Geral dos Meios de Hospedagem, é condição

    sinequanon que todos os estabelecimentos de hospedagem atendam quanto às

    posturas legais, aspectos construtivos, equipamentos e instalações e serviços e gestão, que estão a seguir apresentados.

    3.1.1 Posturas Legais

    - Licenciamento para prestação de hospedagem inclusive de órgãos ambientais;

    - Administração ou exploração comercial por empresa hoteleira;

    - Oferta de UH, de forma temporária para hóspedes, através de cobrança de diária

    pela sua ocupação;

    - Cumprimentos de exigências da legislação trabalhista.

    3.1.2 Aspectos Construtivos

    - Edificações adaptadas para a atividade;

    - Áreas destinadas a suporte para a hospedagem como portaria/recepção,

    circulação serviços de alimentação, lazer e uso comum e demais serviços de

    conveniência ao hóspede;

    - Proteção sonora conforme as normas da ABNT e demais legislações aplicáveis;

    - Iluminação e ventilação que sejam proporcionados através de aberturas das UHs

    para o exterior, bem como o banheiro que pode também apresentar ventilação

    através de duto;

  • 27

    - Serviços básicos de abastecimento de água, energia elétrica, rede sanitária,

    tratamento de efluentes e coleta de resíduos com destinação adequada que não

    prejudiquem a comunidade local;

    - Facilidade construtiva, de instalações e de uso, para portadores com

    necessidades especiais segundo a norma NBR 9050 – 1994 e se a construção

    datar antes de 12 de agosto de 1987 deverá dispor de um sistema especial de

    atendimento a essas especificidades.

    3.1.3 Equipamentos e Instalações

    − Instalações elétricas e hidráulicas segundo a ABNT e legislação aplicável;

    − Instalações de emergência para iluminação de áreas comuns e funcionamento de

    equipamentos indispensáveis à segurança do hóspede;

    − Elevador para passageiros e cargas em prédio de mais de 4 pavimentos

    incluindo o térreo, ou segundo posturas municipais;

    − Instalações e equipamentos de segurança contra incêndio e pessoal treinado

    para operar de acordo com as normas do Corpo de Bombeiros Local;

    − UH mobiliada, no mínimo, com uma cama, equipamentos para a guarda de

    roupas e de objetos pessoais, mesa de cabeceira e cadeira.

    3.1.4 Serviços e Gestão

    − Portaria/recepção apta às atividades de check-in ( entrada do hóspede com seu

    devido registro) e check-out (saída do hóspede com a liquidação dos consumos

    realizados), durante as 24 horas do dia;

    − Registro obrigatório do hóspede no momento de sua chegada através da FNRH

    (Ficha Nacional de Registro de Hóspedes) aprovada pela EMBRATUR.

    − Limpeza e arrumação diária da UH, fornecimento e troca de roupa de cama e

    banho, bem como artigos comuns de higiene pessoal, por conta do meio de

    hospedagem;

    − Serviços de telefonia prestados aos hóspedes de acordo com os regulamentos

    internos dos estabelecimentos e das empresas de serviço de telefonia;

    − Imunização permanente contra insetos e roedores;

  • 28

    − Pessoal de serviço em quantidade e com qualificação necessárias para perfeito

    funcionamento do meio de hospedagem;

    − Pessoal permanentemente uniformizado, e/ou convenientemente trajado de

    acordo com as funções que exerçam;

    − Meios para pesquisar opiniões e reclamações dos hóspedes e solucioná-las;

    − Observância das demais normas e condições necessárias à segurança,

    saúde/higiene e conservação/manutenção do meio de hospedagem, para

    atendimento ao consumidor;

    E ainda serão exigidas condições específicas de proteção, aos meios de

    hospedagem instalados próximos ou no interior de áreas de conservação ou em

    locais que ofereçam problemas de poluição ambiental e sonora.

    Portanto, muitas são as especificidades a serem atendidas pelos meios de

    hospedagem, bem como os perfis de meios de hospedagem existentes, onde

    segundo o IBGE (2003) exemplifica:

    - Hotel: estabelecimento de hospedagem normalmente localizado em perímetro urbano com aposentos mobiliados, banheiro

    privativo e serviço completo de alimentação e outros. Destinado à

    ocupação eminentemente temporária para turistas em viagem de

    lazer ou viagens de negócios.

    - Apart-hotel/flat: estabelecimento de hospedagem, cujas unidades habitacionais têm instalações mínimas como dormitório,

    sala de estar, banheiro privativo e pequena cozinha. É provido de

    serviços gerais colocados opcionalmente à disposição do usuário

    tais como arrumação, limpeza, lavanderia e outros.

    - Hotel de lazer/resort: estabelecimento de hospedagem, localizado fora dos centros urbanos, com áreas amplas, tendo

    como característica básica a arquitetura horizontal, de acordo

    com a legislação, possui equipamentos e serviços

    especificamente destinados à recreação e ao entretenimento, que

    o tornam prioritariamente destinado ao turista em viagem de

    lazer.

    - Hotel fazenda: estabelecimento de hospedagem situado em propriedades rurais e antigas fazendas, com equipamentos novos

  • 29

    - Pousada: estabelecimento de hospedagem situado em edificações de valor histórico, ou em construções novas, com

    atendimento personalizado e cozinha regional ou internacional

    refinada.

    - Acampamento turístico/camping: estabelecimento de locação de espaço, instalações e serviços, destinados à cessão individual

    de lotes para instalação de barracas e/ou estacionamento de

    trailers ou motorhomes. Dispõe de infra-estrutura básica em toda

    área e edificações de serviços centralizados de alimentação e

    higiene.

    - Motel: estabelecimento de hospedagem, geralmente situado à margem das rodovias, para pernoite2 dos viajantes, constituído

    de apartamentos mobiliados e dispondo de vagas para

    estacionamento coletivo, coberto ou descoberto, em número igual

    ao de unidades habitacionais.

    - Pensão de Hospedagem: estabelecimento de hospedagem, de caráter familiar, com unidades mobiliadas de relativo conforto,

    representados pela locação de quartos individuais ou

    compartilhados, com instalações sanitárias coletivas

    proporcionais a quantidade de leitos, e pelo fornecimento de

    refeições incluídas nas diárias.

    - Albergue: estabelecimentos de hospedagem com instalações e serviços básicos elementares para atender a demanda específica

    de alojamento. Apresenta unidades habitacionais simples,

    comportando quartos individuais ou dormitórios coletivos, com

    serviços parciais de alimentação.

    - Outros: estabelecimentos que não possuem nenhuma das características descritas anteriormente como: Hotel Club, Hotel

    de Saúde, Dormitório, Hospedaria e Pensionatos (exclusive

    assistenciais), etc.

    2 Pernoite: permanência em um estabelecimento de hospedagem, considerada em relação a cada indivíduo e por um período compreendido entre as 12 horas de um dia e as 12 horas do dia seguinte.

  • 30

    A seguir, serão expostos um breve histórico da atividade, e a classificação

    dos estabelecimentos.

    3.2 Um breve histórico dos meios de hospedagem

    A história da hotelaria é composta por marcos que delimitam as mudanças

    que proporcionaram a sua evolução e a sua importância para a economia. A seguir,

    estão apresentados os principais marcos em ordem cronológica de acontecimento:

    − Antiguidade: Andrade et al (1999) exp�