Bases da epistemologia contemporânea
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denise coutinho
instituto de psicologia
programa de pós-graduação em artes
cênicas
universidade federal da bahia
BASES DA EPISTEMOLOGIA CONTEMPORÂNEA:
Badiou, Deleuze, Foucault
ALAIN BADIOU (1935)
questão epistemológica:
pode-se fazer da invenção de
modelos a atividade da ciência?
o conhecimento científico pode ser
apresentado como conhecimento
por modelos?
noções: unidades do discurso
ideológico
categorias: do discurso filosófico
conceitos: do discurso científico
CATEGORIAdenota objetos
“inexistentes”,
onde se combinam o
trabalho do
CONCEITO e a
repetição de
NOÇÕES.
MODELO:
CATEGORIA filosófica
NOÇÃO descritiva da atividade
científica
CONCEITO da lógica matemática
LÉVI-STRAUSS: MODELOS são
construídos „segundo‟ a realidade
empírica “de tal maneira que seu
funcionamento possa dar conta
[descrever e explicar] de todos os fatos
observados”.
oposição institucional:
etnógrafo do campo
(Empírico)
X
etnógrafo da cidade (Teórico)
PO
SI
TI
VIS
MOoposição especulativa:
Natureza - opacidade contínua do que
acontece
X
Cultura- bricolagem das diferenças
enumeráveis
TextoTexto
DELEUZE (1925-1995)
A filosofia é a arte de formar,
de inventar, de fabricar
conceitos.
[Há] outros modos
de ideação que
não têm de passar
por conceitos,
como o
pensamento
científico.”
Para falar a verdade, as
ciências, as artes, as filosofias
são igualmente criadoras,
mesmo se compete apenas à
filosofia criar conceitos no
sentido estrito.
O filósofo é o amigo
do conceito, ele é
conceito em
potência.
Definição da filosofia:
conhecimento por puros
conceitos.Criar conceitos
sempre novos é
o objeto da
filosofia.
Um conceito tem sempre a
verdade que lhe advém em
função das condições de sua
criação.
O conceito não se refere ao
vivido, mas consiste em erigir um
acontecimento que sobrevoe todo
o vivido. Cada conceito corta o
acontecimento, o recorta a sua
maneira.
“O conceito pertence à filosofia e só a ela
pertence.”
a filosofia tira
conceitos, (≠ idéias
abstratas ou gerais)
enquanto a ciência tira
prospectos
(proposições≠juízos) e a
arte tira perceptos e
afetos (≠percepções e
sentimentos).
MICHEL FOUCAULT
(1925-1995)
“Nesse limiar [da modernidade],
aparece pela primeira vez esta
estranha figura do saber que se
chama homem e que abriu um
espaço próprio às ciências
humanas”.
Períodos da história caracterizados pela existência
de certo número de condições de verdade que
enquadram o que é possível e aceitável, como no
discurso científico.
Las meninas
[Velásquez]:
representação
da
representação
clássica.
Até o fim do séc. XVI, a
semelhança desempenhou um
papel construtor no saber da cultura
ocidental.
Similitude, através de quatro
figuras: conveniência;
emulação; analogia;
simpatia/antipatia.
Através dese jogo, o mundo permanece
idêntico. O mesmo persiste trancafiado
sobre si.
E, no entanto, o sistema não é fechado.
“A Epistémê do século XVI”
Terminam os jogos antigos da
semelhança e dos signos.
Seu ser inteiro é só
linguagem.
Dom Quixote desenha o negativo do mundo
do Renascimento; a escrita cessou de ser a
prosa do mundo.
O séc. XVII marca o desaparecimento das
velhas crenças supersticiosas ou mágicas e
a entrada, enfim, da natureza na ordem
científica.
Subsistituição da analogia pela análise.
epistémê moderna:
Triedro dos saberes
Ciências matemáticas e físicas
Ciências empíricas(da linguagem, da vida e da produção de
riquezas)
Reflexão filosóficaO retraimento da máthêsis, e não o
avanço, permitiu ao homem constituir-se
como objeto do saber.
O recurso às matemáticas sempre foi a
maneira mais simples de emprestar ao
saber positivo sobre o homem um estilo,
uma forma, uma justificação científica.
Séc. XIX: as ciências humanas
Toma por objeto o homem no que ele tem de
empírico.
Ser humano como objeto da ciência.
Objeto das ciências humanas:
esse ser que, no interior da
linguagem pela qual está
cercado, se representa, ao
falar, o sentido das palavras ou
das proposições que enuncia e
se dá, finalmente, a
representação da própria
linguagem.
Psicanálise e etnologia ocupam um lugar
privilegiado
Perpétuo princípio de
inquietude, questionamentos,
crítica e contestação dquilo que
pôde parecer adquirido.
É por isso que nada é mais
estranho à psicanálise que
alguma coisa como a teoria
geral do homem ou uma
antropologia.
Psicanálise e etnologia não são
ciências humanas, mas percorrem o
domínio inteiro destas.
Em relação às ciências humanas, a
psicanálise e a etnologia são antes
“contra-ciências”, o que não quer
dizer que sejam menos „racionais‟ ou
„objetivas‟ que as outras, mas elas se
assumem no contrafluxo,
reconduzem-nas a seu suporte
epistemológico e não cessam de
desfazer esse homem que, nas
ciências humanas, faz e refaz sua
positividade.
A psicanálise e a etnologia dissolvem o “homem”
BADIOU, Alain. Sobre o conceito de modelo: introdução a uma
epistemologia materialista das matemáticas. Trad. Fernando Bello
Pinheiro. 2. ed. Lisboa: Editorial Estampa, 1972.
BADIOU, Alain. El concepto de modelo: introdución a una
epistemología materialista de las matemáticas. Trad. Vera
Waksman. (nueva edición aumentada con prefacio inédito). Buenos
Aires: La bestia equilátera, 2009.
DELEUZE, Gilles; GUATTARI, Félix. O que é a filosofia. Trad.
Bento Prado Jr. e Alberto Alonso Muñoz. Rio de Janeiro: Ed. 34,
1992.
FOUCAULT, Michel. As palavras e as coisas: uma arqueologia
das ciências humanas. Trad. Salma Tannus Muchail. 9. ed. São
Paulo: Martins Fontes, 2007.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS