BASTIDORES LIDERANÇA SEM SEXO€¦ · Nº7 • MAR/ABR 2020 • 5 ... ter motivos fortes. Saem da...

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POWERED BY O que não pode perder da 1.ª CONFERÊNCIA ANUAL da revista Pessoas #STOPTHE BULLSHIT Diretor António Costa BIMESTRAL www.pessoasonline.pt Nº7 • MAR/ABR 2020 • 5€ ESPECIAL RESKILLING O poder da transformação, de dentro para fora. BASTIDORES LIDERANÇA SEM SEXO Liderar é uma questão de género? TENDÊNCIAS ENFIM, REMOTOS Como trabalhar fora do escritório sem perder o foco OUT OF OFFICE A primeira ESCAPE ROOM dentro de uma empresa

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POWERED BY

O que não pode perder da1.ª CONFERÊNCIA ANUALda revista Pessoas

#STOPTHE BULLSHIT

Diretor António CostaBIMESTRALwww.pessoasonline.ptNº7 • MAR/ABR 2020 • 5€

ESPECIAL RESKILLINGO poder da transformação,de dentro para fora.

BASTIDORES

LIDERANÇASEM SEXOLiderar é uma questão de género?

TENDÊNCIAS

ENFIM, REMOTOSComo trabalhar fora do escritório sem perder o foco

OUT OF OFFICE

A primeiraESCAPE ROOMdentro de umaempresa

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UMA REVISTA DE PESSOAS

PARA PESSOAS

PROPRIEDADE APG — Associação Portuguesa de Gestão das Pessoas | Avenida António Augusto Aguiar, n.º 106 - 7.º • 1050-019 Lisboa NIPC: 500 978 735 • T. 213 522 717 • F. 213 522 713 • [email protected] • www.apg.pt EDIÇÃO E COORDENAÇÃO Swipe News SA • Avenida D. Carlos I, 44, 2º andar 1200-649 LIsboa NIPC 513 893 970 DIRETOR António Costa DIRETORA EXECUTIVA Mariana de Araújo Barbosa CONSELHO EDITORIAL  António Costa, Etelberto Costa, Rui Alves, Vítor Carvalho PARTICIPAM NESTA EDIÇÃO Hugo Amaral, Joana Nabais Ferreira, Louise Farias e Sara Calado PROJETO GRÁFICO E PAGINAÇÃO Design Glow REVISÃO  Swipe News SA PUBLICIDADE Miguel Nóbrega IMPRESSÃO  GRÁFICA MAIADOURO, S. A. | Rua Padre Luís Campos, 586 4470-324 MAIA TIRAGEM MÉDIA 5.000 exemplares PERIODICIDADE Bimestral DISTRIBUIÇÃO VASP – Distribuição de Publicações, SA • MLP – Quinta do Grajal – Venda Seca • 2739-511 Agualva Cacém www.vasp.pt DEPÓSITO LEGAL 453760/19 ISSN 2184-5840 REGISTO ERC 104252

Naquele fim de tarde registado na capa desta revista, quatro mulheres aceitaram o convite da Pessoas para virem falar de liderança. Conceição, Helena, Elsa e Anabela

são quatro mulheres que representam gerações diferentes mas, de tudo o que têm em comum há uma coisa que so-bressai: visão sobre uma liderança que, mais do que homens ou mulheres, deve estar atenta às características huma-nas dos seus líderes.

Nestes pequenos círculos de conversa a visão sobre a igualdade é tão forte que tendemos a não ver bem o que os nú-meros nos dizem. Cá vão alguns: nove em cada dez pessoas, entre 75 países do mundo, são biased contra as mulheres, de acordo com um novo estudo que revela “chocantes” resultados sobre a igualdade de género. As conclusões do relatório, feito pelo Programa de Desenvolvimento das Nações Unidas (UNDP, em inglês) e publicadas no jornal britânico The Guardian, explicam que quase metade das pessoas inquiridas consideram que os homens são me-lhores líderes políticos e mais de 40% acreditam que os homens dão melhores líderes de negócios quando com-parados com a sua “concorrência”: as mulheres. Quase um terço dos homens e das mulheres consideram que é

aceitável o homem superar a sua mulher, refere o mes-mo estudo. Os dados, explica Pedro Conceição, do UNDP, mostram que as percepções e expectativas na sociedade acerca do papel da mulher as prejudicam. Nos prejudicam.

“Todos sabemos que vivemos num mundo dominado por homens, mas com este relatório temos a possibilida-de de colocar alguns números atrás destes biases”, refe-re, em declarações ao jornal. “(...) porque a igualdade de género é uma opção”, assinala.

E isso significa que o acesso de mu-lheres a cargos de liderança é tão di-minuto quanta é a sua participação na sociedade: das pessoas que ouvem, leem ou veem notícias, apenas 24% são mulheres, refere um estudo rea-lizado pela Global Media Monitoring Project, que analisou mais de 22 mil notícias em 114 países.

Fazer das mulheres, notícia enquanto protagonistas, participantes e veículos; dar conta das suas ideias, das suas con-vicções, dos seus feitos; fazer um es-forço para pensar em mulheres quando preparamos painéis de debate, encon-

tros de networking, nomeações para lugares de liderança; considerá-las face às oportunidades; são tudo formas de capacitar e dar o exemplo de que, para tudo, é de uma es-colha que se trata. Todos temos um papel e uma respon-sabilidade neste processo de tornar o mundo, do trabalho em particular e do planeta, em geral, um lugar mais igua-litário onde cada um pode fazer brilhar os seus talentos.

Esta edição é também especial porque marca o primei-ro ano da revista Pessoas. A si, que está desse lado, pro-metemos continuar a dar o nosso melhor.

Mulheres-notícia

MARIANA DE ARAÚJO BARBOSADiretora executiva

P O R

ESTATUTO EDITORIALA Pessoas é uma revista bimestral de informação económica e de recursos humanos para os empresários e gestores, investidores, trabalhadores e outros profissionais de gestão, para os estudantes que estão a chegar ao mercado de trabalho e para os novos líderes. A Pessoas orienta-se por critérios de rigor e criatividade editorial, sem qualquer dependência de ordem ideológica, política e eco-nómica. A Pessoas acredita que a existência de uma opinião pública informada e dinâmica é condição essencial da democracia.

Até quando vamos ter de provar, aos outros e a nós mesmas, que somos tão boas a liderar como qualquer outr@ talentos@ líder?

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MARÇO/ABRIL 2020 | PESSOAS | www.pessoasonline.pt

editorial

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BRIEFING

BASTIDORES

OUT OF OFFICE

06 GROW UP

O melting pot geracional da Primavera

68 #STOPTHEBULLSHIT

A 1.ª conferência anual da Pessoas

78 NA MESA DO RECRUTADOR

A mesa de trabalhode Cláudio Valente, da IKEA

ENFIM,REMOTOS62 TENDÊNCIAS 74 OS MELHORES

FORNECEDORES DE RECURSOS HUMANOS

EVENTOS

55+. UM CASO SÉRIO DE ENVELHECI-MENTO ATIVO

54 CARREIRAS

RESKILLINGO PODER DA TRANSFORMAÇÃO NAS EMPRESAS. COMO AS UNIVERSIDADES SE ADAPTAM AOS “NOVOS” ALUNOS

42 ESPECIAL

A LIDERANÇA TEM SEXO? A Pessoas juntou quatro mulheres, líderes nas suas áreas, num lanche moderado por um homem. Falou-se disto tudo e de um pouco mais.30

LIVRO DE CABECEIRAO importante é gostar:guia de profissões para os jovensRui Passos Rocha

80

SECOND HOME

Eles dão vidaàs formas de trabalhar

82

ESC

Escapa, se puderes

86

OPINIÃO

FRENTE-A-FRENTE: HARD SKILLS

VS SOFT SKILLS

18

Marlena SzylarRecruiter na Sky

Sara GorjãoHR & Talent Manager na

tb.lx by Daimler trucks and buses

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4índice

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Apenas existe uma pessoa que sabe o que cada empregado contribui

para a empresa.

E podes ser tu.

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RITA CADILLON

48 anos

› Na Primavera desde 2018

2.400 EUROS PARA PREMIAR A MUDANÇA

A tecnológica portuguesa Primavera, com sede em Braga e atividade em Portugal, Angola,

Moçambique e Cabo Verde, oferece 2.400 euros aos trabalhadores que aceitem mudar-

se para Braga para trabalharem na empresa. A medida pretende ser um incentivo para

atrair e reter talento na cidade nortenha, assim como criar condições para a empresa renovar

e reforçar equipas. "Com a oferta do Porto, embora Braga seja perto, tivemos necessidade

de tomar medidas para atrair pessoas. E um jovem licenciado, para vir para Braga, tem de

ter motivos fortes. Saem da faculdade e têm logo empresa à espera: criámos um subsídio de

fixação de residência e, se quiserem mudar-se para Braga, recebem à cabeça 2.400 euros.

Damos essa ajuda porque queremos que as pessoas se fixem e sabemos que se as pessoas

vierem viver para Braga é mais fácil em termos de retenção", detalha Rita Cadillon, diretora de

recursos humanos da Primavera. Além de uma ajuda em caso de mudança de residência, a

Primavera ajuda ainda os trabalhadores com os transportes diários. A política de atração e

retenção de talento passa ainda por dois dias adicionais de férias, o dia de aniversário livre e

seguro de saúde, entre outros benefícios.

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6grow up

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Uns, estão ali desde o dia 1. Outros, estão no seu dia 1, ali. Rita Cadillon é a moderadora nesta relação entre gerações dentro da Primavera, empresa portuguesa de software com 25 anos de história e com tantas

histórias dentro. “A diversidade traz mais valias, tanto em termos de género como em diversidade cultural. A Primavera começa agora a ter pessoas de outras na-cionalidades, sobretudo brasileiros, e isso abre a cabeça das pessoas, torna-as mais tolerantes, fá-las trabalhar melhor em equipa”, começa por dizer a diretora de recursos humanos da tecnológica.

Com uma idade média de 39 anos, na Primavera um dos desafios para o futuro é equilibrar a presença de género em todas as áreas da empresa, que agora se encontra nos 34% de mulheres. “Hoje temos algumas pessoas ainda da fundação da empresa, um mix de gerações”, conta. E talvez Rita nem sonhasse com o “hoje” quando decidiu estudar línguas e literaturas modernas (inglês/alemão) e tinha, na altura, “uma ideia um bocadinho romântica do que ia ser”. “Queria ser tradutora numa editora”, conta à Pessoas. Acabada a licenciatura, concorreu à Bosch, empresa alemã que tinha posições abertas para a área de tradução. “Quando estava a terminar o estágio, fui convidada para integrar a área de logística e gestão de clientes, para contactar com os clientes da indústria automóvel, precisamente porque tinha a questão das línguas”, recorda. Sem outras perspectivas, aceitou. Anos mais tarde, a Bosch implementou um modelo de excelência do negócio, o european foundation for quality mana-gement, e Rita foi convidada para liderar esse projeto. “Não percebia nada da área de qualidade mas achei que podia ser um desafio interessante porque poderia contactar com todas as áreas da empresa, com visão mais estratégica, e ia contactar com os managers, ia ser um desafio interessante”. O contacto mais próximo com o diretor de recursos humanos, na altura, fê-la ficar mais sensível para a área das pessoas e levou a que o responsável a convidasse para liderar a área de formação na empresa. À formação juntaram-se outras responsabilidades como recrutamento, comunicação interna e, nos últimos anos, a área de recursos huma-

nos evoluiu para um modelo de “HR business partner” o que aumentou as suas responsabilidades. “Nunca tive a sensação de aborrecimento, de rotina ou de estagnar na Bosch, porque estão sempre a acontecer coisas novas”, refere.

Em 2018, “sossegadinha” na empresa, chegou mais um desafio, pela primeira vez vindo de fora. A Prima-vera, que já conhecia relativamente bem, convidou-a a integrar a equipa como diretora de recursos humanos. “Há o desafio do tipo de negócio – tive de aprender o que era uma empresa de software. Depois, o modelo, o modo de funcionamento, os objetivos são outros. Aqui fala-se muito mais em negócio, em crescimento e nú-meros de faturação. Aqui, nesse aspeto, os recursos hu-manos são muito mais parceiros do negócio”, assinala. Pouco mais de um ano e meio depois de ter aceitado a função, Rita Cadillon sente-se cada dia mais próxi-ma da nova linguagem apreendida, e cada dia mais ciente dos desafios que todas as tecnológicas têm em Portugal todos os dias: o da atração e o da retenção de talento. “Nota-se mais na área tecnológica porque não há pessoas no mercado com as competências necessárias e imensas empresas que se instalaram, mesmo em Braga, e que estão à procura do mesmo. O mercado não dá vazão a todas essas necessidades”, alerta a responsável. Por isso, a estratégia passa por, por um lado, abrir e dar a conhecer a empresa - o perfil de Instagram, criado recentemente, é prova dessa estratégia - e, por outro, deixar que as pessoas a sintam como delas. “A maior dificuldade era fazer perceber que a Primavera, só por si e por muito interessante que seja em termos de desafios ou crescimento, tem uma concorrência muito grande e isso não chega para ser atrativa face à concorrência de outras empresas do mercado. (...) Queremos tornar a Primavera competiti-va e tornar mais sexy para este tipo de população, que muda muito pelo desafio mas que está muito interes-sada em saber como é a vida na Primavera, como é o ambiente, como as pessoas interagem, ser uma mon-tra do que é a empresa”. No entanto, para Rita, todas estas “estratégias” só fazem sentido se forem honestas. “Não podemos vender uma coisa que não existe, tem de ser sustentável e verdadeiro”, conclui.

Na Primavera há menos de dois anos, os desafios de Rita Cadillon passam por atrair e reter talento. E convencer mais

mulheres a trabalhar em tecnologia, a partir de Braga.

MELTING POT GERACIONAL

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TEXTO MARIANA DE ARAÚJO BARBOSA

FOTOGRAFIA RICARDO CASTELO

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