Bernstein Trabalho EXEMPLO

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7/25/2019 Bernstein Trabalho EXEMPLO

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Leonard B ernstein (1918-1990)Chichester Psalms (1965)

[1. O Compositor]Maestro, compositor, pianista e pedagogo, Leonard Bernstein é uma das figuras mais marcantes do

panorama musical do século XX. O seu nome evoca imediatamente recordações como a melodia «Maria» deWest Side Story 1 , ou o concerto que dirigiu pouco antes de morrer, em Berlim, a celebrar a queda do Muro e areunificação da cidade dividida, ou ainda os saudosos programas Concertos para Jovens , que marcaram todauma geração e que a televisão portuguesa transmitiu pela última vez em 1990 (seria louvável quereaparecessem, mas as actuais guerras de audiências, lamentavelmente, não o permitiriam: ainda por cima,são programas a preto e branco!).

Nascido em Lawrence (Massachusetts, USA), Bernstein estudou na Universidade de Harvard e no

Curtis Institute of Music. Enveredando simultaneamente pela tripla carreira de maestro, compositor e pianista,a sua f ama surgiu repentinamente, quando em 13/11/1943, por motiv o de doença, substituiu magistralmente ogrande maestro Bruno Walter à frente da Orquestra Filarmónica de Nova Iorque, num concerto transmitidodirectamente pela televisão (cf. R ANDEL 1996: 75). Tornar-se-á director musical desta orquestra de 1958 a1969, tendo anteriormente dirigido a New Y ork City Center Orchestra (1945-58).

Embora a actividade como maestro tenha sido dominante na sua vida, a sua obra de compositor édiversificada e importante. Entre as suas obras contam-se três sinfonias — Jeremiah (1942), The Age of Anxiety(1949) e Kaddish (1963)—, as comédias musicais On the Town (1944) e West Side Story (1957), a óperaCandide (1956, revista em 1988, baseada na homónima obra de Voltaire), a Missa encomendada para ainauguração do J. F . Kennedy Center (1971), e os bailados Songfest (1977) e Halil (1981).

A sua linguagem musical é variada e rev ela afinidades diversas e nunca dogmáticas. Particularmentenas obras sobre temas religiosos, podem notar-se «brilhantes passagens de jazz estilizado dos anos 40,portentosos corais, melodias inspiradas em baladas populares, e finais tempestuosos de proporçõesmahlerianas» (J ACKSON 1980:630).

[2. A Obra. Contexto, estrutura geral]Os Chichester Psalms foram encomendados pelo Reverendo Walter Hussey, deão da Catedral de

Chichester (no sul da Inglaterra), para o festival musical aí realizado em 1965, intitulado Southern CathedralsFestival (cf. Y OUNG 1980: 510) . Bernstein aproveitou o ano sabático que havia solicitado, livre de calendários

rígidos da orquestra, para meditar sobre a sua atitude enquanto compositor e enquanto elemento do mundomusical onde se inseria. O próprio Bernstein, num texto em verso publicado no New York Times em24/10/1965, revela a sua intenção (cit. in L AMB 1987: 2) :

«Of time to think as a pure musician/ And ponder the art of composition (...)On aspectes of unconventionality/ Over the dead in our time of tonality».

É neste contexto que surge esta obra, a ser interpretada por solista (voz de criança), órgão, coro e orquestra.Bernstein constrói um percurso musical, em três partes, através de seis salmos do célebre livro bíblico (oSaltério ), utilizando os text os na língua original— o hebraico.

O 1º movimento começa com um poderoso intróito: «Acorda, cítara e harpa, eu vou despertar aaurora» (salmo [Ps.] 108, vers. 2) . Segue-se um canto de louv or de grande riqueza expressiv a, que ilustra evaloriza as palavras (word painting ), com uma orquestração variada e exuberante: «Aclamai o Senhor, terrainteira, servi Iavé com alegria» (Ps. 100 completo). Os instrumentos de percussão e a métrica assimétrica (7/4)são elementos dominantes.

No 2º andamento o contraste é evidente: uma melodia lírica na voz de criança —«O Senhor é o meupastor, nada me falta»—, acompanhada pela harpa, a que se junta depois um sereno coro, em frases imitativasentre vozes femininas de soprano e contralto (Ps. 23, 1-4). Na secção intermédia esta calma é bruscamenteinterrompida, com exclamações inflamadas das vozes masculinas —«Porque é que as nações se revoltam?»(Ps. 2 completo)—, regressando na parte final a serenidade inicia l: «A felicidade e o amor me guiarão, todosos dias na minha vida» (Ps. 23, 5-6).

O 3º movimento começa com uma longa meditação organística, onde a dissonância e o contraste demassas sonoras, ora densas, ora rarefeitas, produzem agrestes mas belas sonoridades harmónicas, fazendolembrar a música de Messiaen (imaginemos o efeito que produz na imensa nave de uma catedral!). Na secçãointermédia, o coro surge suavemente, com grande recolhimento espiritual, enaltecendo a humildade, numaserena melodia, que se desenvolve depois com frases imitativas entre vozes de altura contrastante: «Senhor, omeu coração não se eleva, os meus olhos não se levantam» (Ps. 131). A terceira parte deste movimentoutiliza o 1º versículo do salmo 133, onde o coro, agora em homofonia, em sonoridades densas mas executadasem pianissimo, conduz a um final de enorme serenidade: «Vêde como é bom, como é agradável habitar todos

juntos, como irmãos». Ao terminar assim os Chichester Psalms, parece claro que Leonard Bernstein quer, explicitamente,

convidar a Humanidade a encetar caminhos de diálogo e de paz. [810 palavras até aqui, 1450 no total]

1 Optou-se por utilizar o nome de obras e de instituições em português, sempre que o seu uso está mais generalizado. Nocaso de Chichester Psalms , afigurou-se bastante estranho optar por Salmos de Chichester, pelo que se manteve o títulooriginal

[3. Coment ário parti cular a um ex certo da part itura – a incluir ]Bibliografia BÍBLIAS AGRADA, Lisboa, Figueirinhas, 1975.J ACKSON, Richard (1980) — «Bernstein, Leonard», inNew Grove (1980), vol.II, pp.629-31.L AMB, Peter (1987) — «Chichester Psalms», in Bernstein Chichester Psalms [CD], London, Hyperion CD

A66219, 1987, pp. 2-3.N EW GROVE (1980) — The New Grove Dictionary of Music and Musicians , Stanley Sadie (ed.), 6ª ed., London,

Macmillan, 1980, 20 vols.R ANDEL, Don Michael (ed.) (1996) —The Harvard Biographical Dictionary of Music , Cambridge (M.), Harvard

University Press, 1996.YOUNG, Percy (1980) — «Festival», inNew Grove (1980), vol.VI, pp.505-10.

Francisco Melo[Nota: Este texto está incluído nas Notas ao Programa para o concerto da Sinfonieta - Orquestra Sinfónica da

ESMAE, realizado no Europarque em 24.02.2002. Foram interpretadas mais duas obras: Almourol , deFrancisco de Lacerda (1869-1934), e a suite Os Planetas de Gustav Holst (1874-1934).]

A obra CANDIDE foi trabalhada por Bernstein ao longo de 35 anos, o que mostra o seu envolvimento eatracção pela nov ela homónima de Voltaire.

A 1ª versão é um musical (estreia em New Y ork, 01.12.1956), com libreto da escritora americana LillianHellman, e tem um narrador que vai contando a história. Bernstein fez uma 2ª versão passados 17 anos (est.New York, 1973), e no final da sua vida reelaborou toda a obra, como ópera, estreando-a em 13.12.1989 emLondres (Barbican Certer), naquela que foi a sua última gravação como maestro (cf. B ATT A2005: 52).

Voltaire, escritor e filósofo, escreveu “Candide ou l’optimisme” em 1759. Nesta obra estão patentesalgumas ligações com Portugal, já que toda a Europa tinha ficado aturdida com o terramoto/maremoto de1755, que destruiu Lisboa.

O ingénuo Candide (“Cândido” em português, que significa “inocente”, “puro”) vive ao longo da históriaperipécias incríveis, violentas e deprimentes, mas a tudo isso o seu mestre, o filósofo Pangloss, responde coma crença de que “Este é o melhor dos Mundos”.

Em Lisboa assistem a um Auto de Fé, são perseguidos e condenados pela Inquisição, mas salvam-se inextremis devido ao terramoto.

Cândido ama Cunegunda, mas estão sempre separados ou envolvidos por guerras, raptos, acidentes,assassinatos. No final, desprovidos de toda a ilusão, conseguem viver juntos num bairro periférico, mascontinuando a seguir a máxima “Il faut cultiver notre jardin” .

Ao optimismo de Cândido opõe-se o pessimismo e tristeza das situações de que vai sendo vítima. Poroutras palavras, o iluminismo e toda a sua crença positiva na humanidade é posto em causa pela dúvida epessimismo de Voltaire.

A curta mas empolgante abertura de Candide é descrita assim por M. Parouty: “Começa por umaresplandecente fanfarra, que conduz a uma passagem muito animada, em frases ascendentes e descendentes,com carácter prazenteiro. Segue-se uma secção de um lirismo encantador, que cita o dueto ‘Oh happy me’introduzido pela flauta. Estes dois elementos serão retomados, mas com a orquestração aliviada, a precederuma coda cheia de alegria em que se reconhece a ária ‘Glitter and be gay’” (P AROUTY 1980: 99). Podeacrescentar-se que o brilhante final parece ofuscar todo o dramatismo que acompanhará a história.

A abertura teve a sua forma definitiva em 1973, e desde então tornou-se uma das peças maiscaracterísticas do género, identificando também claramente a belíssima linguagem de Bernstein.

Descrição do T rabalho:- Nota de Programa sobre um Obra ou secção de Obra, pós-1950, com exemplos musicais empartitura e em MP3 [pelo menos um].(Apresentação na aula, com exemplos video e áudio)

Aspectos a considerar:- Tamanho: cerca de 2000 palavras [4 a 5 pp.].- Estrutura (sugestão) : ver texto [1. e 2.]. Faltam: pauta(s) com exemplos, gravação MP3, e secção 3:[A obr a - Comentário particu lar a um excerto da partitura]. - Modo de Fundamentar [Citação; Citação de citação; Confirmação; Sistema autor-data ou rodapé].- Bibliografia: Qualidade desta e Modo de a indicar [Artigo; Livro; Revista: ver exemplos no texto].- Capacidade de síntese e de estruturação de assuntos.