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Janeiro RJ 1932 - Salvador BA 2014). Arquiteto, urbanista, construtor. Forma-se em 1955 na Escola Nacional de Belas Artes - Enba, no Rio de Janeiro. Recém- formado, trabalha como desenhista no Instituto dos Aposentados e Pensionistas - IAP, e em 1957 recebe a incumbência de desenvolver e acompanhar a construção dos alojamentos de operários em Brasília. Mudando-se para a futura capital do Brasil, em início de Procurando otimizar o transporte das peças e o trabalho nos canteiros de obras, desenvolve estudos com um material mais leve: a argamassa armada. Esse trabalho tem prosseguimento nas escolinhas de Abadiânia, 1982, no interior de Goiás, na "fábrica de escolas" do Rio de Janeiro, em 1984, e na Fábrica de Equipamentos Comunitários - Faec, 1985, em Salvador. As "fábricas de hospitais", montadas para a construção da rede Sarah Kubitschek, para tratamento de doenças do aparelho locomotor, se iniciam concomitantemente Vale observar que a relação de Lelé com o programa hospitalar, que se torna íntima, nasce de um acontecimento fortuito: um acidente de automóvel com sua esposa, em 1963, que o leva a conhecer Aloysio Campos da Paz (1934), médico que depois preside a Fundação das Pioneiras Sociais dos Hospitais Sarah Kubitschek. Posteriormente, o mesmo sistema de iluminação, ventilação e pré-fabricação de componentes é aplicado em projetos de tribunais de contas e centros administrativos municipais em diversas A obra de João Filgueiras Lima, destaca-se pela combinação entre a exploração da industrialização na construção civil - a criação de componentes pré-fabricados em série - e o recurso da forma livre, freqüentemente sinuosa, herdada de seu convívio com Oscar Niemeyer (1907). Em ambos os sentidos, sua trajetória se inicia em 1957, no canteiro de obras de Brasília, onde Lelé trabalha usando inicialmente a madeira (nos alojamentos de operários), e depois o concreto armado (nos edifícios residenciais das superquadras

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João Filgueiras Lima (Rio de Janeiro RJ 1932 - Salvador BA 2014). Arquiteto, urbanista, construtor. Forma-se em 1955 na Escola Nacional de Belas Artes - Enba, no Rio de Janeiro. Recém-formado, trabalha como desenhista no Instituto dos Aposentados e Pensionistas - IAP, e em 1957 recebe a incumbência de desenvolver e acompanhar a construção dos alojamentos de operários em Brasília. Mudando-se para a futura capital do Brasil, em início de construção, Lelé envolve-se na pesquisa de componentes industriais para obras em grande escala, estudo que o leva, em seguida, a viagens para países do bloco socialista europeu.

Procurando otimizar o transporte das peças e o trabalho nos canteiros de obras, desenvolve estudos com um material mais leve: a argamassa armada. Esse trabalho tem prosseguimento nas escolinhas de Abadiânia, 1982, no interior de Goiás, na "fábrica de escolas" do Rio de Janeiro, em 1984, e na Fábrica de Equipamentos Comunitários - Faec, 1985, em Salvador. As "fábricas de hospitais", montadas para a construção da rede Sarah Kubitschek, para tratamento de doenças do aparelho locomotor, se iniciam concomitantemente a essas, abrindo um campo experimental que ultrapassa a fabricação de elementos construtivos unicamente arquitetônicos, incluindo objetos hospitalares. A maior conquista técnica desses projetos refere-se à qualidade do sistema de ventilação e iluminação natural, que ajuda no processo de cura dos pacientes.

Vale observar que a relação de Lelé com o programa hospitalar, que se torna íntima, nasce de um acontecimento fortuito: um acidente de automóvel com sua esposa, em 1963, que o leva a conhecer Aloysio Campos da Paz (1934), médico que depois preside a Fundação das Pioneiras Sociais dos Hospitais Sarah Kubitschek. Posteriormente, o mesmo sistema de iluminação, ventilação e pré-fabricação de componentes é aplicado em projetos de tribunais de contas e centros administrativos municipais em diversas capitais brasileiras. Seu reconhecimento em âmbito internacional se consolida com o prêmio da Bienal Ibero-Americana de Arquitetura e Urbanismo, em Madri, 1998; a Sala Especial na Bienal de Veneza de 2000; e o Grande Prêmio Latino-Americano de Arquitetura da 9ª Bienal Internacional de Arquitetura de Buenos Aires, em 2001.

A obra de João Filgueiras Lima, destaca-se pela combinação entre a exploração da industrialização na construção civil - a criação de componentes pré-fabricados em série - e o recurso da forma livre, freqüentemente sinuosa, herdada de seu convívio com Oscar Niemeyer (1907). Em ambos os sentidos, sua trajetória se inicia em 1957, no canteiro de obras de Brasília, onde Lelé trabalha usando inicialmente a madeira (nos alojamentos de operários), e depois o concreto armado (nos edifícios residenciais das superquadras e nas instalações da Universidade de Brasília - UnB). É nessa experiência inaugural que toma contato tanto com a urgência de desenvolver soluções técnicas que atendam à construção rápida e em grande escala quanto com a poética formal de Niemeyer, deduzida com base na plasticidade do concreto armado.

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BIOGRAFIA

JOÃO FILGUEIRAS LIMA (LELÉ)