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  • MANUAL DE BIOSSEGURANA

    MANUAL DE BIOSSEGURANA

    Secretaria da Sade

    PPGIm

    dezembro de 2001

  • Manual de Biossegurana

    PPPaaarrrttteee IIIIIIIII LLLaaabbbooorrraaatttrrriiiooosss

  • Manual de Biossegurana, Parte III - Laboratrios Sumrio

    Sumrio

    13. Biossegurana no Laboratrio de Diagnstico e de Pesquisa ............. 187 13.1. Apresentao ...................................................................................... 187 13.2. Introduo .......................................................................................... 188 13.3. Riscos Hidrulicos, Eltricos e Sanitrios ................................................. 189

    13.3.1. Hidrulicos e Eltricos ......................................................................... 189 13.3.2. Sanitrios.......................................................................................... 189

    13.4. Riscos Qumicos................................................................................... 189 13.4.1. Classificao de Riscos Qumicos........................................................... 190 13.4.2. Riscos Fsicos..................................................................................... 196 13.4.3. Alguns Conceitos Relacionados Proteo e Biossegurana ...................... 196 13.4.4. Bases de estudo da fotoleso de cadeias protecas, polinucleotdicas, bases

    nitrogenadas, desoxirriboses, RNA e DNA............................................... 201 13.4.5. Risco na Utilizao de Aparelhos e Equipamentos Especiais....................... 203

    13.5. Risco Biolgico..................................................................................... 213 13.6. Principais Equipamentos e Dispositivos de Proteo Individual e Coletiva ..... 215

    13.6.1. Principais Equipamentos e Dispositivos de Proteo Individual................... 215 13.6.2. Principais Equipamentos e Dispositivos de Proteo Coletiva ..................... 217 13.6.3. Desinfetantes .................................................................................... 221

    13.7. Cuidados Especiais para Laboratrios de Pesquisa e de Diagnstico............. 221 13.7.1. A Imunizao da Equipe ...................................................................... 222 13.7.2. Estagirio / Aluno em Laboratrios de Pesquisa e Diagnstico em Atividade

    Didtica e/ou Treinamento................................................................... 223 13.7.3. Recomendaes para Professores Responsveis por Alunos de Iniciao

    Cientfica e Estagirios ........................................................................ 228 13.7.4. Biossegurana nas Atividades Gerais de Algumas Disciplinas Durante a

    Formao Graduao dos Estudantes de Cincias Biolgicas................... 229 13.8. Procedimentos de Limpeza em Estabelecimentos de Sade ........................ 230 13.9. Classificao de Artigos Mdico-Hospitalares, Setores ou reas Crticas; Semi-

    crticas e Nocrticas ........................................................................... 232 13.9.1. Classificao de Artigos Mdico-Hospitalares Crticos; Semi-crticos e No

    crticos.............................................................................................. 232 13.9.2. Classificao de Setores ou reas Crticas; Semi-crticas e Nocrticas ...... 232

    13.10. Limpeza, Desinfeco, Anti-sepsia e Esterilizao ..................................... 232 13.11. Cuidados com Descarte de Materiais ....................................................... 233

    13.11.1. cidos, lcalis, Lquidos / Solventes Orgnicos........................................ 233 13.11.2. Acrilamida ......................................................................................... 234 13.11.3. Brometo de Etdio............................................................................... 234

    13.12. Lista de Endereos e Contatos Telefnicos que Todo Estabelecimento Deve Ter......................................................................................................... 235

  • Manual de Biossegurana, Parte III - Laboratrios Sumrio

    13.13. Referncias..........................................................................................236 13.13.1. Impressos..........................................................................................236 13.13.2. Internet.............................................................................................239

    14. Primeiros-socorros e Segurana em Ambientes de Laboratrio ......... 241 14.1. Introduo...........................................................................................241 14.2. Acidentes e Primeiros-socorros / Primeiros Auxlios....................................242

    14.2.1. Derramamentos e Utilizao de Alguns Kits de Limpeza ............................242 14.2.2. A Observao da Funcionalidade das Vias Areas.....................................264

    14.3. Transmisso de Doenas........................................................................266 14.3.1. Situaes que Requerem Conteno de Hemorragias................................266 14.3.2. Cortes ou Ferimentos Corto-Contusos ....................................................268 14.3.3. Desmaios...........................................................................................268 14.3.4. Queimaduras......................................................................................269 14.3.5. Fraturas sseas..................................................................................270 14.3.6. Leses Articulares ...............................................................................271

    14.4. Transporte de Pacientes / Feridos ...........................................................271 14.4.1. So vrios os tipos e formas de transporte: ............................................271

    14.5. Referncias..........................................................................................272 14.5.1. Impressos..........................................................................................272 14.5.2. Internet.............................................................................................273

    15. Biossegurana em Laboratrio de Parasitologia ................................ 275 15.1. Introduo...........................................................................................275 15.2. Infeces Adquiridas no Laboratrio com nfase em Alguns Protozorios

    Virulentos............................................................................................275 15.2.1. Dados Epidemiolgicos ........................................................................277 15.2.2. Principais Formas de Contaminao e Populao de Risco .........................277 15.2.3. Fator Humano: Risco Maior nas IAL .......................................................278 15.2.4. Parasitas Potencialmente Infectantes no Laboratrio ................................279 15.2.5. Diagnstico de Doenas Agudas Aps Suspeita de IAL ..............................280 15.2.6. Biossegurana em Manuseios de Larga Escala .........................................280 15.2.7. Conduta em Alguns Casos de IAL ..........................................................281 15.2.8. Tabelas .............................................................................................282

    15.3. Bibliografia ..........................................................................................285

    16. Biossegurana no Trabalho de Laboratrio com HIV.......................... 287 16.1. Introduo...........................................................................................287 16.2. O trabalho com agentes patognicos de classe 3 .......................................287

    16.2.1. rea de Biossegurana.........................................................................287 16.2.2. Equipamentos ....................................................................................288 16.2.3. Pessoal..............................................................................................288

    16.3. Trabalho com Animais ...........................................................................289

  • Manual de Biossegurana, Parte III - Laboratrios Sumrio

    16.4. Descarte e Retirada de Materiais Biolgicos ............................................. 289 16.5. Normas para Acidentes ......................................................................... 290 16.6. Referncias ......................................................................................... 291

    17. Modelo de Manual para Laboratrio de Biossegurana....................... 293 17.1. Objetivo ............................................................................................. 293 17.2. Campo de Aplicao ............................................................................. 293 17.3. Responsabilidades................................................................................ 293 17.4. Definies........................................................................................... 294 17.5. Desenvolvimento ................................................................................. 294

    17.5.1. Procedimento..................................................................................... 294 17.5.2. CIPA................................................................................................. 311

    17.6. Controles ............................................................................................ 313 17.7. Consideraes Gerais ........................................................................... 313 17.8. Documentos de Referncia .................................................................... 313 17.9. Anexos ............................................................................................... 314

  • Manual e Biossegurana, Parte III - Laboratrios Captulo 13 - Biossegurana no Laboratrio de Diagnstico e de Pesquisa

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    13. BBBiiiooosssssseeeggguuurrraaannnaaa nnnooo LLLaaabbbooorrraaatttrrriiiooo dddeee DDDiiiaaagggnnnssstttiiicccooo eee dddeee PPPeeesssqqquuuiiisssaaa

    Ivana L. de O. Nascimento

    Robert Eduard Schaer

    Roberto Meyer

    Songeli Menezes Freire

    111333...111... AAAPPPRRREEESSSEEENNNTTTAAAOOO O presente captulo destina-se a descrever, de forma minuciosa, os cuidados a serem observados pelos profissionais e estudantes que atuam como responsveis nas reas da educao e da sade ao desempenharem atividades de treinamento de pessoal nos diversos nveis tcnicos, cientficos e acadmicos.

    Aqui so abordados os cuidados nos diversos setores com ateno principal para a classificao dos riscos fsicos, qumicos e biolgicos e os diversos riscos na manipulao de equipamentos, dispositivos e aparelhos de uso rotineiro nos laboratrios e estabelecimentos de sade. Com a composio do material, evidencia-se a preocupao dos autores em estabelecer e associar o conhecimento dos riscos com alguns aspectos da fisiologia, da biologia e da bioqumica do organismo humano que est suscetvel aos diversos riscos.

    Tambm so abordados alguns modelos e idias para a confeco de registro de estudantes, registro de acidentes e de alguns dados importantes para a identificao de riscos e cuidados com produtos e resduos gerados no estabelecimento. Idias para que sejam delineados os procedimentos operacionais padres que devem ser elaborados de forma individual e especial para cada setor e tipo de estabelecimento.

    Alguns endereos de estabelecimentos, instituies, organizaes, associaes, comisses e servios relacionados com a biossegurana so tambm registrados neste captulo.

  • Manual e Biossegurana, Parte III - Laboratrios Captulo 13 - Biossegurana no Laboratrio de Diagnstico e de Pesquisa

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    111333...222... IIINNNTTTRRROOODDDUUUOOO Segundo documentao divulgada, no Dirio Oficial e distribuda por instncias governamentais e no governamentais, a Repblica Federativa do Brasil elaborou a Lei n 8.974/95, complementada com o Decreto n 1.752, estabelecendo as normas para a utilizao de organismos geneticamente modificados (OGM) e determinando a responsabilidade da ento criada Comisso Tcnica Nacional de Biossegurana (CTNBio) para fazer cumprir as leis, decretos, resolues e instrues normativas dispostas, regulamentadas e instrudas para o controle e acompanhamento das prticas que utilizem tcnicas de engenharia gentica (Ministrio de Cincia e Tecnologia/CTNBio Cadernos de Biossegurana 1- Legislao, junho de 2000).

    Atualmente, entretanto, a Biossegurana tem sido definida no meio acadmico, cientfico e tecnolgico como um conjunto de medidas para a segurana, minimizao e controle de riscos nas atividades de trabalho biotecnolgico das diversas reas das cincias da sade e biolgicas. As atividades e estudos no mais se restringem s discusses, consideraes e controle da tecnologia dos transgnicos e aos organismos geneticamente modificados, mas visam o controle dos mtodos de segurana para evitar riscos de acidentes qumicos, fsicos, microbiolgicos e ecolgicos para o trabalhador (profissional tcnico e de apoio), cliente, paciente e cidado, buscando a preservao do meio ambiente e melhor qualidade de vida.

    O profissional deve considerar-se responsvel pela boa conduta tcnica para proteger e promover a sade.

    Para a proteo geral das instncias laboratoriais, como estabelecimentos de execuo de mtodos das cincias da sade e biolgicas, torna-se necessrio o delineamento prvio das atividades a serem desenvolvidas nos setores, devendo ser analisados:

    capacitao tcnica;

    espao fsico e distribuio de setores;

    tipos de atividades desenvolvidas;

    fluxo de atividades;

    fluxo de pessoas;

    determinao de potenciais riscos dos vrios tipos de acidentes (mapa de risco);

    identificao de riscos biolgicos, fsicos e qumicos;

    confeco de um manual de procedimentos operacionais padro;

    indicao de providncias a serem adotadas em situaes emergenciais;

    indicao de atividades em situaes urgentes e emergentes;

    instruo de imunizao da equipe;

    instruo de primeiros-socorros;

    divulgao interna da lista de endereos de notificao e informao na Secretaria de Sade e setores relacionados com a sade.

  • Manual e Biossegurana, Parte III - Laboratrios Captulo 13 - Biossegurana no Laboratrio de Diagnstico e de Pesquisa

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    Os laboratrios manipulam substncias qumicas e compostos radiomarcados, utilizam aparelhos cujo funcionamento fundamentado em leis fsicas, manipulam resduos txicos e infectados, fluidos biolgicos contaminados ou no e, em alguns casos mais especficos, manipulam diretamente microorganismos de diversos grupos de risco biolgico.

    No funcionamento de um servio, durante a execuo dos procedimentos, os riscos gerais e especficos devem ser analisados e levados em considerao.

    Entre os riscos individuais e coletivos de acidentes de laboratrio, pode-se listar e classificar inicialmente os riscos em qumicos, fsicos e biolgicos. De forma mais detalhada, a anlise do risco no funcionamento integral de um estabelecimento pode ser originada ou relacionada com problemas hidrulicos e eltricos, sanitrios e ecolgicos, qumicos, biolgicos e radioativos entre outros riscos fsicos provenientes da utilizao de instrumentos e aparelhos especiais.

    111333...333... RRRIIISSSCCCOOOSSS HHHIIIDDDRRRUUULLLIIICCCOOOSSS,,, EEELLLTTTRRRIIICCCOOOSSS EEE SSSAAANNNIIITTTRRRIIIOOOSSS

    13.3.1. Hidrulicos e Eltricos

    Os riscos hidrulicos e eltricos devem ser observados criteriosamente de forma ordenada e atenta e sua responsabilidade deve ser atribuda a profissionais e tcnicos com formao na rea especfica para minimizao dos riscos de inundaes, choques eltricos e incndios. Todos os trabalhadores do setor, sem exceo, devem saber manipular correta e adequadamente os diversos aparelhos de controle e conteno de fogo (extintores especficos) em casos de acidente de causa qumica ou eltrica.

    13.3.2. Sanitrios

    A manipulao, acondicionamento temporrio e descarte de resduos txicos e contaminados dos setores devem ser acompanhados segundo recomendao tcnica da Instituio e/ou rgo responsvel no municpio, cidade ou estado.

    O resduo final responsabilidade da Unidade que a produziu e que deve estar preocupada em informar sobre o tipo de resduo gerado no estabelecimento e solicitar apoio autoridade pertinente no mbito do municpio, cidade ou estado, segundo Resoluo n 5 de 05/08/1993 do Conselho Nacional de Meio Ambiente (CONAMA).

    Os lixos / resduos txicos e infectantes devem ser sempre tratados com cuidado e devidamente rotulados com a respectiva data de sua produo.

    111333...444... RRRIIISSSCCCOOOSSS QQQUUUMMMIIICCCOOOSSS As reas de produo industrial trabalham com drogas txicas em quantidades maiores e em tempos de exposio prolongados, gerando nuvens txicas, das quais as mais preocupantes so as nuvens cidas, alm das fumaas nos ambientes txicos. Nos pases mais desenvolvidos h um controle acirrado onde trabalhadores e cidados expostos numa determinada rea so conduzidos a exames de rotina e controle ambientais freqentes obrigatrios. A utilizao de dispositivos de proteo individual e coletiva obrigatria e fiscalizada pelos responsveis dos setores de risco.

  • Manual e Biossegurana, Parte III - Laboratrios Captulo 13 - Biossegurana no Laboratrio de Diagnstico e de Pesquisa

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    Nos laboratrios de pesquisa, a exposio a drogas seletiva e nem sempre intensa ou constante, o que leva os tcnicos a desobedecerem s regras mais exigentes de forma irreverente na maioria das vezes.

    Listaremos a classificao de risco qumico americano e europeu e mais adiante sero listadas as drogas mais comumente utilizadas nos ambientes de laboratrios de pesquisa bem como seus riscos e efeitos.

    13.4.1. Classificao de Riscos Qumicos

    Para a recomendao da proteo indicada para os riscos qumicos, as empresas disponibilizam produtos com base na classificao de riscos. A classificao americana contra agentes qumicos txicos divulgada com base na agncia de proteo do meio ambiente, rgo americano envolvido na proteo do trabalhador EPA (Environmental Protection Agency - Agncia de Proteo Ambiental) que, atravs de um manual, definiu quatro nveis de proteo - A, B, C e D - contra agentes qumicos txicos. Os nveis variam do menor (nvel D) para o maior (nvel A). J pela classificao europia, h 6 nveis de proteo, que variam do tipo 1 (maior nvel de proteo) ao tipo 6 (menor nvel de proteo).

    Nveis de proteo estabelecidos pelo EPA (Environmental Protection Agency) EUA

    Proteo Nvel A - nvel mximo de proteo; indicado quando ocorre o grau mximo possvel de exposio do trabalhador a materiais txicos. Assim, necessria proteo total para a pele, para as vias respiratrias e para os olhos.

    Recomenda-se a proteo de nvel A:

    aps mensurao - quando se observar a liberao de alta concentrao atmosfrica de vapores, gases ou partculas;

    em locais de trabalho ou trabalhos envolvendo um alto risco potencial para derramamentos, imerso ou exposio a vapores, gases ou partculas de materiais que sejam extremamente danosos pele ou possam ser por ela absorvidas;

    possibilidade de contato com substncias que provoquem um alto grau de leso pele;

    em operaes que devam ser executadas em locais confinados e/ou pouco ventilados, onde exista a presena de materiais txicos.

    Os equipamentos para proteo de nvel A:

    presso positiva, proteo facial total atravs de capuz que permita utilizao de tanques de ar autnomos ou suprimento de ar externo que permita manter presso positiva;

    roupa totalmente encapsulada para proteo qumica; luva externa e interna com proteo qumica; botas resistentes a qumicos; outros componentes opcionais que se considerem necessrios e adequados.

  • Manual e Biossegurana, Parte III - Laboratrios Captulo 13 - Biossegurana no Laboratrio de Diagnstico e de Pesquisa

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    Proteo nvel B - nvel alto de proteo; requer o mesmo nvel de proteo respiratria que o nvel A, porm um nvel menor para proteo da pele. A grande diferena entre o nvel A e B que o nvel B no exige uma roupa de proteo totalmente encapsulada para proteo contra gases/vapores. O nvel B uma proteo contra derramamento e contato com agentes qumicos na forma lquida. As roupas de proteo para esse nvel podem ser apresentadas de duas formas: encapsulada ou no-encapsulada.

    Recomenda-se a utilizao de equipamentos de proteo do nvel B:

    na presena de concentraes qumicas de certas substncias que possam colocar em risco a vida de pessoas, atravs de inalao, mas que no representem o mesmo risco quanto ao contato com a pele;

    em atmosfera que contenha menos que 19,5% de oxignio ou na presena de vapores no totalmente identificados, mas identificados em instrumentos de medio de vapores com leitores de vapores orgnicos. No nvel de proteo B, esses vapores no devem ser encontrados em quantidade suficiente para lesarem a pele ou serem absorvidos por ela.

    Equipamentos para o nvel de proteo B:

    proteo respiratria semelhante ao nvel a; capuz resistente a qumicos (totalmente encapsulado ou no-encapsulado); macaces quimicamente resistentes; luvas internas e externas; botas resistentes a qumicos.

    Proteo Nvel C - nvel mdio de proteo. No nvel C de proteo, exigi-se menor proteo respiratria e menor proteo da pele. A grande diferena entre o nvel B e C o tipo de equipamento respiratrio exigido.

    Utilizar o nvel de proteo C quando:

    os contaminantes presentes na atmosfera, derramamento de lquidos ou outro tipo de contato direto com a pele no tm poder para lesar a pele ou serem absorvidos por ela;

    os tipos de contaminantes foram identificados, as concentraes foram medidas, a ventilao e purificao do ar so suficientes para remover os contaminantes e todos os critrios de purificao de ar esto em ordem.

    Equipamentos que devem ser utilizados:

    respirador total ou parcial, com purificador de ar; macaces quimicamente resistentes ou roupas com duas peas (jaqueta e cala); luvas quimicamente resistentes; botas quimicamente resistentes.

    Proteo nvel D - menor nvel de proteo

    Para o nvel D, exige-se o menor nvel de proteo respiratria e de proteo para a pele. a menor proteo possvel quando h manipulao de qualquer agente qumico.

    Usar o nvel de proteo D quando:

    a atmosfera no contenha produtos qumicos; o trabalho no implique nenhum contato com derramamentos, imerses ou

    inalaes inesperadas com qualquer produto qumico.

  • Manual e Biossegurana, Parte III - Laboratrios Captulo 13 - Biossegurana no Laboratrio de Diagnstico e de Pesquisa

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    Equipamentos que devem ser utilizados:

    macaces ou conjuntos de jaqueta e cala; botas quimicamente resistentes; culos de proteo; outros componentes opcionais.

    Classificao Europia quanto a roupas de proteo qumica

    Atravs de Comit de Padronizao de Produtos para o Mercado Comum Europeu, foram estabelecidas classificaes para as roupas de proteo qumica. Essa classificao apresenta 6 nveis de proteo que variam do Tipo 1 (maior nvel de proteo) ao Tipo 6 (menor nvel de proteo).

    Tipo 1 - mais alto nvel de proteo. Indica a utilizao de vestimentas de proteo contra gases.

    Tipo 2 - alto nvel de proteo. Indica a utilizao de vestimentas de proteo, exceto para gases

    Tipo 3 - nvel mdio de proteo. Indica a utilizao de vestimentas de proteo contra lquidos.

    Tipo 4 - nvel regular de proteo. Indica a utilizao de Vestimentas de proteo contra respingos.

    Tipo 5 - baixo nvel de proteo. Indica a utilizao de Vestimentas de proteo contra partculas.

    Tipo 6 - mais baixo nvel de proteo. Indica a utilizao de Vestimentas de proteo contra leves respingos.

    Vrios sites e pginas relacionadas com setores do Governo norte-americano, encontrados na Internet como a OSHA, referem-se a cuidados exigidos e recomendados, desde 1988, alm das condutas mdicas de trabalhadores relacionadas com vrios produtos qumicos. O modelo que trazemos neste captulo baseia-se na adequao e uso do formaldedo.

    O programa de treinamento conduzir o trabalhador a entender e seguir as regulamentaes da folha de dados de segurana.

    todo o material que liberar nveis de formaldedo acima de 0.5 ppm dever conter o cdigo adequado e recomendado por lei. Dever incluir cuidados por causar sensibilizao respiratria e dever conter as palavras perigo potencial de cncer

    no mnimo, a especificao de perigo sade dever estar indicada: cncer, irritao e sensibilizao da pele e do sistema respiratrio, olhos e irritao da garganta, toxicidade aguda.

    Deve ser tema de requerimento de comunicao de risco quando houver gs formaldedo, ou todas as misturas ou solues contendo mais que 0,1 % de formaldedo e materiais capazes de liberar formaldedo no ar sob condies de uso, com capacidade de previso de concentraes iguais ou superiores a 0,1 ppm.

    O empregador deve fazer um exame, com questionrio mdico, prvio ao incio do emprego onde a exposio ao formaldedo esteja no nvel ou superior ao nvel STEL, com indicativo de sinais e sintomas analisados. No exame devem estar descritas informaes sobre a histria de trabalho, fumo ou qualquer evidncia de irritao ou problemas respiratrios crnicos, alergia e dermatite.

  • Manual e Biossegurana, Parte III - Laboratrios Captulo 13 - Biossegurana no Laboratrio de Diagnstico e de Pesquisa

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    A determinao do mdico ser baseada na avaliao do questionrio e dir se o empregado dever utilizar respiradores para reduzir a exposio ao formaldedo.

    Sob recomendao mdica, o empregador dever remanejar o trabalhador que estiver com comprovada sensibilizao dos olhos ou das vias areas superiores ou respiratria, irritao ou sensibilizao drmica resultante de exposio a formaldedo.

    Dever ser comunicado ao mdico quando houver irritao ou sensibilizao de pele e do sistema respiratrio, dispnia ou irritao dos olhos.

    Exames de laboratrio devem ser analisados comparando os testes de funo pulmonar anuais. No mnimo, estes testes devem consistir de capacidade vital forada, volume expiratrio forado em um segundo e fluxo expiratrio forado.

    O exame deve incluir uma histria mdica com nfase em problemas respiratrios superior e inferior, alergia, reao ou hipersensibilidade, ou ainda qualquer evidncia de irritao nos olhos, nariz e garganta.

    Diferem casos em que h sensibilizao e irritao drmica quando a condio ambiental contm menos que 0,05% de formaldedo.

    Se os sinais e sintomas no desaparecerem ou no diminurem com uso de cremes, luvas, ou adio de equipamento de proteo individual no perodo de duas semanas, o empregado dever ser examinado cuidadosamente por um novo mdico selecionado pelo empregador. O mdico poder presumir, salvo evidncias contrrias, que a sensibilizao drmica ou irritao no atribuda a exposio rea que contm menos de 0,1% de formaldedo.

    Proteo de corpo completa deve ser utilizada quando se entra em reas de concentraes que excedem 100 ppm ou em casos de emergncias em reas de concentraes desconhecidas.

    O empregador e o profissional devem conhecer e respeitar os limites de exposio permitida (PEL, Permissible Exposure Limit) bem como o limite de exposio de tempo curto (STEL, Short Term Exposure Limit). Nenhum empregado dever estar exposto a uma concentrao de formaldedo que exceda 0,75 ppm como em um perodo de 8 horas. Ou ainda que exceda 2 ppm de formaldedo de 15 minutos.

    Como os laboratrios de cincias da sade e biolgicas manipulam vrias substncias e compostos qumicos, aqui citaremos os mais comuns e em alguns casos comentaremos os de maior utilizao.

    Num laboratrio, considera-se de responsabilidade do profissional todo o processo desde a abertura da embalagem at o seu descarte, bem como o destino do resto de reao ou do produto final. O profissional deve informar-se antecipadamente sobre os riscos pessoais e coletivos, sintomas agudos e crnicos durante o trabalho, alm das caractersticas do composto, quanto a sua estabilidade, volatilidade, decomposio, polimerizao e as formas de tratamento em situao de primeiros-socorros.

    Sero comentados aqui alguns tpicos sobre cuidados com manipulao das drogas mais utilizadas em metodologias especficas de laboratrios de pesquisa e de diagnstico. Os laboratrios que trabalham com agrotxicos, piridinas, amianto, solventes orgnicos, organofosforados e benzeno devem realizar freqentemente um mapeamento de risco com a medio do oxignio ambiental e exigir o controle biolgico e clnico do trabalhador e, a depender do porte do estabelecimento e da sua atividade, de moradores dos arredores da unidade de trabalho. O risco est sempre associado freqncia de uso e s condies de exposio (concentrao, dose, susceptibilidade) droga. Os efeitos

  • Manual e Biossegurana, Parte III - Laboratrios Captulo 13 - Biossegurana no Laboratrio de Diagnstico e de Pesquisa

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    txicos, carcinognicos, teratognicos e mutagnicos devem ser sempre cuidadosamente calculados e evitados.

    Todos os solventes inorgnicos (lcoois, cidos e lcales) e orgnicos (fenol, tolueno / toluol e o xileno / xilol) devem ser manipulados com proteo adequada e em capela com sistema de exausto. E em alguns casos recomenda-se a utilizao de mscara com filtro seletivo (ex.:de carvo ativado). Os solventes orgnicos devem sempre inspirar maior cuidado por sua impureza com benzenos (altamente nefrotxicos, podendo induzir aplasia medular e em casos mais extremos o aparecimento de cncer). O risco qumico conforme explicaremos mais detalhadamente em outra oportunidade varia conforme a susceptibilidade do indivduo, a freqncia de exposio, a dose e a concentrao do produto qumico.

    A maioria dos acidentes ocorre por ignorncia, descuido, descaso, pressa e condies precrias de trabalho. E indiscutivelmente a reatividade entre os compostos manipulados deve sempre ser avaliada antecipadamente.

    Os Dispositivos e Equipamentos de Proteo Individual (DPI e EPI) que algumas instituies denominam como proteo pessoal tais como o avental (guarda-p ou jaleco), luvas apropriadas e especiais para cada tipo de produto, protetor facial e auricular, mscara, culos etc, e os Dispositivos ou Equipamentos de Proteo Coletiva (DPC e EPC) como cmara de exausto, fluxo laminar, sinalizaes, materiais e sistemas de limpeza e descontaminao devem ser recomendados, exigidos e fiscalizados pelos responsveis pelos setores internos de trabalho. Alguns exemplos so descritos e detalhados abaixo.

    Nos captulos 13 e 16, respectivamente, Primeiros-socorros e Segurana em Ambientes de Laboratrios e Modelo de Manual de Biossegurana para Laboratrio, os autores abordam os principais riscos e tipos de acidentes, bem como os primeiros-socorros que tm sido recomendados para algumas das drogas e compostos qumicos mais utilizados em laboratrio de diagnstico e pesquisa.

    Acrilamida - neurotxica e deve ser manipulada com cuidados especiais de mscara, proteo ocular e luvas. Ao terminar sua utilizao recomenda-se sua polimerizao prvia ao descarte. Nunca deve ser desprezada na pia ou lixo de descarte em forma lquida.

    Actinomicina D - antibitico que inibe a transcrio do DNA intercala-se entre dois pares, deformando o molde e impedindo a ao da polimerase.

    lcool etlico - como outros lcoois, deve ser diludo para que no atue como fixador.

    Azida sdica - utilizada como preservante, conservante. Bloqueia a cadeia respiratria e em contato direto irrita e queima a pele e a mucosa.

    Beta-mercaptoetanol ou 2 mercapto-etanol - um agente redutor e deve ser manipulado em capela de exausto.

    Brometo de etdio - como outros compostos utilizados como corantes fluorocrmicos (iodeto de propdio), nunca deve ser aquecido a uma temperatura superior a 60 C por se seu carter carcinognico. mutagnico devido a sua capacidade de associar-se as cadeias dos cidos nuclicos (intercalando-se ao DNA e associa-se ao RNA). No trmino de sua utilizao deve-se inativ-lo quimicamente para que perca a sua capacidade de interao com os cidos nuclicos (ver mtodo no apndice).

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    Detergentes - em geral, irritam as mucosas e a pele pela capacidade de solubilizar as protenas da membrana celular e desengordurar a pele, retirando a sua proteo natural. Deve-se utilizar detergentes neutros para limpeza do material de laboratrio e material hidratante para a pele no final do expediente.

    Iodeto de propdio - como outros compostos utilizados como corantes fluorocrmicos (brometo de etdio), nunca deve ser aquecido a uma temperatura superior a 60 C por ser seu carter carcinognico. mutagnico devido a sua capacidade de associar-se as cadeias dos cidos nuclicos.

    Mistura sulfocrmica - corrosiva e custica, utilizada para retirar produtos e restos de matrias orgnicas de vidraria; oxidante e txica. Devido presena de cromo IV comprovadamente cancergena. Recomenda-se atualmente sua substituio por soluo aquosa 1:2 de cido ntrico que pode ficar em contato com o material durante dois dias e posteriormente exige a lavagem com detergente e bastante gua.

    Nitrognio lquido - utilizado na criopreservao, no deve ser transportado em recipientes comuns como garrafa trmica sem vlvula de segurana. Os vapores podem resfriar e congelar as vias respiratrias em transportes civis pequenos de cabina especialmente se combinada por pessoal sem treinamento adequado.

    Piridinas - provocam leses hepatorrenais e esto associadas ao surgimento de tumores malgnos.

    Rifampicina - liga-se subunidade beta da RNA polimerase dos procariontes; previne a iniciao da sntese de RNA.

    Trisol - utilizado na preparao e manuteno de material para dosagem de RNA, custico e txico. Deve ser manipulado com precauo em lugar seguro de derramamento para evitar acidentes de queimadura na pele.

    Situao atual sobre o uso de solventes orgnicos de difcil deliberao na conduo de resduos de descarte

    A utilizao de xilol comea a diminuir por causo do desenvolvimento de um produto que o substitui na preparao de trabalhos em tcnicas histolgicas e histopatolgicas, com as caractersticas de solubilidade em parafina.

    A utilizao de solventes orgnicos txicos na preparao do lquido de cintilao para leitores ou contadores de radioatividade de emisso beta vem sendo minimizadas pela substituio de uma leitura moderna e inteligente que no utiliza o lquido de cintilao preparado com compostos aromticos de difcil descarte e alto grau de contaminao ambiental.

    As drogas devem ser manipuladas com os equipamentos de proteo individual e coletiva: luvas especiais (resistentes ao material especfico de trabalho), mscara, culos, protetor facial, jaleco, cabina ou cmara de exausto. Os frascos devem permanecer limpos por fora, os rtulos devem sempre estar intactos e visveis, a rea circunvizinha e o local de manipulao devem ser mantidos livres de contaminao.

    Cuidados especiais so recomendados no uso de compostos qumicos explosivos:

    Os nitritos explodem ao menor impacto; portanto no devem entrar em contato com o cobre, por exemplo, no esgoto ou nos encanamentos.

    O cido pcrico altamente explosivo e deve ser manipulado com extrema precauo, pois detona com calor e impacto mecnico.

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    Os compostos qumicos volteis no devem ser armazenados na geladeira de uso domstico devido ao gs que liberado e pode reagir com o material volatilizado em ambiente fechado, podendo causar uma exploso.

    Os recipientes contendo compostos gasosos utilizados em laboratrio necessitam estar presos parede ou a uma bancada slida por medida de segurana.

    Gases Comprimidos e Gases Liquefeitos

    Deve-se identificar as portas das salas onde so armazenados os gases inflamveis. No deve haver na mesma sala mais de um tipo de gs.

    Os cilindros contendo gs comprimido devem estar presos parede ou acorrentados a um banco slido, como precauo contra um acidente.

    Os botijes / bujes de gs no devem ser guardados nas imediaes de equipamentos eltricos e de fontes de calor, como radiadores, chamas de fogo, calor e luz do sol.

    A vlvula de alta presso deve ser desligada quando o equipamento no estiver em uso e quando a sala estiver desocupada.

    Os botijes / bujes de gs comprimido devem ser transportados tampados e sobre um carrinho.

    Os botijes / bujes descartveis no devem ser incinerados.

    Tipos de extintores de incndio e sua utilizao devem ser observados e adequados necessidade da rea e todos os membros do setor devem conhecer os sistemas que sero descritos de forma breve. Os extintores base de gua devem ser utilizados em incndios de papel, objetos de madeira; os extintores a base de CO2 / p seco devem ser utilizados em incndios de lquidos e gases inflamveis e fogo de origem eltrica; os extintores de metais lcalis, para fogo de origem eltrica e extintores de espuma, principalmente em lquidos.

    13.4.2. Riscos Fsicos

    Os riscos ergonmicos esto associados utilizao de equipamentos inadequados, postura inadequada, m acomodao no posicionamento para a execuo do servio.

    Entre os vrios tipos de riscos em laboratrio de pesquisa e de diagnstico, encontram-se os de exposio luz ultravioleta, de utilizao de aparelhos e equipamentos e os de utilizao de componentes radiomarcados.

    13.4.3. Alguns Conceitos Relacionados Proteo e Biossegurana

    Fundamentao da formao de Aerossis importante na disperso e aumento de risco

    Os aerossis, caracterizados por partculas ultrapequenas de lquido ou solues dispersas em gs, so formados e liberados, por exemplo, por diferena de temperatura ou de presso de forma abrupta.

    A preocupao com os aerossis refere-se basicamente ao processo fundamental de impacto, sedimentao e difuso das partculas geradas. A deposio ou absoro de aerossis nas mucosas e na pele, que facilitam a sua absoro no organismo e

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    incorporao, varia com o tamanho, forma, carga e higroscopicidade da partcula. No sero discutidos aqui os mecanismos de conduo area e os processos gerados de defesa inata para clearance, limpeza alveolar ou mucociliar, nem a dissoluo das partculas em meios enzimticos inespecficos nas secrees da pele e mucosas, ou ainda mecanismos de defesa especfica deflagrados pelo sistema imune.

    A simples agitao de um recipiente contendo uma dada soluo pode ocasionar a formao de aerossis. Outros exemplos mais especficos so comentados abaixo.

    Conforme descrito por Gilchrist (1999) e com base em Wells (1955) o tempo de evaporao e distncia de queda vertical das gotculas de aerossis variam de acordo com o dimetro da partcula:

    Tabela 13.1

    DIMETRO DA MICRO GOTCULA (MICRMETRO)

    TEMPO DE EVAPORAO (SEGUNDOS)

    DISTNCIA DE QUEDA EM PS (MOVIMENTO VERTICAL) (ANTES DA EVAPORAO)

    200 5,2 21,7 100 1,3 1,4 50 0,31 0,085 25 0,08 0,0053

    O Serratia Marcescens um bacilo gram negativo causador comum de colonizao e infeco nosocomial, geralmente descrita como doena respiratria resistente a antibiticos. Exemplificamos o caso de infeco divulgado no Brazilian Journal Infectious of Disease, ocorrido na Unidade de Terapia Intensiva Neonatal de Uberlndia entre dezembro de 1997 e abril de 1998, em que o bacilo causou infeco, com diferentes quadros como conjuntivite, infeco do trato urinrio e septicemia, em 53 crianas, resultando em quatro casos fatais.

    Durante a preparao deste Captulo, buscamos informaes sobre aerossolizao e encontramos vrios estudos nas diversas atividades e tcnicas laboratoriais; mencionaremos algumas, como o estudo com Serratia Marcescens, descritas por Kenny e Sabel (1968) que foram discutidas em alguns livros-textos. Entre os vrios exemplos, selecionamos alguns estudos, devido a importncia deles no aspecto de formao de aerossis.

    Aerossolizaes geradas em tcnicas laboratoriais com Serratia marcescens

    Tabela 13.2

    OPERAO / PROCEDIMENTO TCNICO NMERO DE COLNIAS

    VIVEIS POR AMOSTRA EM P CBICO DE AR

    DIMETRO DA PARTCULA (MICRMETRO)

    Homogeneizao da cultura

    Pipeta 6 3,5 Vrtex 0 0 Fluxo 9,4 4,8

    Agitador / blender

    Cheio 119 1,9 Semi cheio 1500 1,7 Ultra-som 6,0 4,8

    (ccntinua)

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    Tabela 13.2 (continuao)

    OPERAO / PROCEDIMENTO TCNICO NMERO DE COLNIAS

    VIVEIS POR AMOSTRA EM P CBICO DE AR

    DIMETRO DA PARTCULA (MICRMETRO)

    Culturas liofilizadas

    Abertura cuidadosa 134 10 Quebra e ruptura 4838 10

    (concluso)

    Rutala e colaboradores (1995) avaliaram, como estratgia para o controle e preveno da contaminao nosocomial de doenas como a tuberculose, a utilizao de unidades portteis de filtrao de HEPA e sua capacidade de remover partculas aerossolizadas. O estudo foi realizado com leo mineral aerossolizado na faixa de 0.3 to 5.0 micra de 10 a 20 vezes como nveis basais de partculas normais, mostrando uma eficincia de 90% na remoo de partculas (maior ou igual a 0.3 micra) num tempo variando de 5 a 6 minutos e para um nvel mais alto de eficincia variou de 18 a 31 minutos, comparado ao no filtrado que tardou 171 minutos.

    Segundo Parks e colaboradores (1996) o filtro de membrana de gelatina, usado no sistema MD8 de amostragem biolgica de ar, foi capaz de coletar aerossis dispersos entre 0.7 e 1.0 micra, mostrando sua adequao para monitorar locais crticos como estaes de fluxos laminares.

    O grupo liderado por Willeke e Ulevicius (1996) do Departamento de Sade do Meio Ambiente da Universidade de Cincinnati, Estados Unidos, investigou a eficincia de mscaras cirrgicas e de respirador para poeira, verificando a penetrao de bactrias de diferentes formas, tamanhos aerodinmicos e faixas de fluxo. A comparao da penetrao bacteriana foi realizada com partculas de leo esfricas do mesmo dimetro aerodinmico testadas em algumas diferentes condies, simulando bactrias de formas esfricas alongadas e circulares. O grupo enfatizou a necessidade e o cuidado referente especificao da eficincia que est relacionada com a forma e tamanho da partcula a ser retida, filtrada.

    Outro estudo interessante que selecionamos foi o descrito por Ko e colaboradores (2000), ao estudarem aerossis de Serratia Marcescens e de Mycobacterium Bovis Bacilo Calmet Guerin (BCG) para avaliar o efeito da umidade relativa, construda em uma cmara, sobre o tamanho da partcula aerossolizada e a sensibilidade irradiao ultravioleta germicida de 254nm em determinados tempos. A viabilidade foi quantificada e foram observadas doses variando numa faixa de 57-829 muW sec/cm. O percentual de sobrevivncia de ambos microorganismos foi inversamente relacionado com a dose de UV. Serratia marcescens foram mais sensvel que o BCG em todas as variveis e mais de 95% das partculas de aerossol foi entre 1.1-4.7 mum de diametro aerodinmico e partculas de tamanhos maiores de baixa (25-36%) a alta (85-95%) umidade relativa. O dimetro mediano contado foi numa faixa de 1.9-2.6 mum para Serratia Marcescens e de 2.2-2.7 mum para BCG quando se aumentou a umidade. Para ambos, a resistncia a UV aumentava quando aumentava a umidade relativa. Concluram com este experimento que o tipo de microorganismo, o tamanho da partcula do aerossol e a umidade afetam a susceptibilidade do microorganismo ao UV.

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    Todos os cuidados e detalhamento de preveno e normas de Biossegurana foram estabelecidos pelo grupo das diversas agncias e CTNBio internacionais mediante a anlise de:

    agentes causais reservatrios; porta de sada do agente do reservatrio; modo de transmisso; porta de entrada no hospedeiro; susceptibilidade do hospedeiro; resistncia a tratamento e/ ou inexistncia do tratamento.

    Sobre as portas de entrada e de sada dos agentes fsicos e qumicos:

    mucosas expostas (conjuntiva do olho); cavidade oral; cavidade respiratria; sistema genito-urinrio; sistema digestivo.

    Especial ateno deve ser dada a rachaduras e leses na pele (desde pequenos furos e cortes, a leses maiores).

    Base bioqumica e fisiologia das leses e rupturas da proteo natural

    A pele apresenta camadas que servem como revestimento de proteo e permitem que sejam realizadas as funes de proteo:

    Epiderme - Camada superficial e mais externa, principal responsvel pela proteo da pele. Nela est contida a camada crnea, composta de clulas mortas, que oferece barreira contra agentes externos agressivos e apresenta glndulas, folculos e anexos.

    Derme - Camada intermediria, responsvel pela sustentao. Nela encontram-se vasos sangneos, nervos e terminaes nervosas, glndulas sebceas e outros componentes. Quando a epiderme danificada, a derme fica exposta, ocasionando dor e possveis sangramentos.

    Subcutnea - Camada mais interna, onde est localizada a reserva de gordura utilizada em eventuais necessidades calricas. Essa reserva tambm pode atuar como um amortecedor para os rgos internos contra choques externos

    O papel do tecido epitelial de revestimento (da pele e das mucosas), com funo fsica de proteo e barreira, em condies normais de integridade, caracteriza-se pela ligao intercelular de conexes e junes fortes e estveis, alm de secreo de componentes proticos, sebceos e mucosos. No tecido ntegro, as junes celulares mediam e regulam a passagem de determinados ons e pequenas molculas de uma clula a outra, dificultando e selecionando a passagem de substncias nas clulas e no tecido.

    A composio lipoprotica da membrana plasmtica eucarionte de mosaico fludico, com sua diminuta espessura (estrutura trilamelar de 7 a 10 nm de espessura, observada apenas por microscopia eletrnica), facilita a penetrao de substncias lipossolveis mais do que as hidrossolveis. A existncia de microporos, canais e portes proticos que so os responsveis pelo trnsito de compostos pela membrana, fundamental e sabe-se que os lipdios podem difundir-se sobre a hemicamada mais rapidamente do que utilizando o mecanismo flip-flop da membrana, que necessita de energia e tempo para a inverso da molcula da camada mais externa outra mais interna da membrana em

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    contato com o citoplasma (figura abaixo). As Protenas integrais ou superficias (glicoclice) podem servir como receptores inespecficos que se ligam a produtos acoplados a carreadores ou como receptores especficos e especializados.

    Figura 13.1

    A proteo da barreira tecidual impede a penetrao de alguns patgenos e de componentes qumicos; e consequentemente a infectividade de um patgeno e a toxicidade de uma determinada substncia limitada at certo ponto. A integridade de membrana e de tecido pode ser quebrada quando a estrutura de membrana atravessada apenas por uma leso local na clula e no tecido. A utilizao ilimitada de lcoois e detergentes retiram a capa de gordura natural da pele, facilitando e promovendo a formao de rachaduras e leses, agravada com cortes e escarificaes da pele, o que favorece a formao de soluo de continuidade, comum em caso de pessoas com leses por hipersensibilidade a determinados produtos qumicos. Neste caso recomenda-se a utilizao de dupla luva.

    A fotomedicina estuda os efeitos somticos das radiaes no ionizantes bem como seus efeitos teraputicos. Conforme revisa Fridan, D. e colaboradores (1995), a penetrao de um determinado comprimento de onda de radiao no-ionizante depende da interao entre sua energia fotnica e a natureza das ligaes qumicas entre as molculas que se encontram ao longo de sua trejetria. Ftons menos energticos podem penetrar mais do que os de maior energia; um exemplo so os ftons de luz vermelha (aprox. 700 nm de energia 2eV) que podem chegar ao tecido subcutneo, enquanto que as radiaes ultravioleta (UV) de 260 nm (5eV) no atingem a derme. A UVA (400-320 nm) utilizada para a teraputica de psolarenos; a UVB = 320-290 nm utilizada com boa eficincia na osteognese (atua na converso de vit.D em D1) com pigmentao e formao de eritema; e a UVC = 290-200 nm tem ao lesiva e considerada um germicida muito bom.

    As molculas de DNA absorvem mais intensamente a radiao UV entre 240 280 nm (UVC). A aproximadamente 254 nm, o DNA absorve 1,3% da energia fotnica justificando assim a vulnerabilidade celular que se observa por apresentar efeitos nas bases nitrogenadas (pricas e pirimidnicas), na desoxirribose (pentose) e fosfato, alm das cadeias polinucleotdicas. A frequncia da fotoadio de um aminocido e/ou bases nitrogenadas a protenas ou cidos nuclicos cresce medida que a dose de exposioo aumentada.

    Glicoplipdeos Glicoprotena /Protena integral

    Parte apolar de hidrocarbonetos (s/carga)

    Parte polar do Lipdeo (fosfato/carga (-))

    Protena interna Filamentos de actina e protenas perifricas

    CARTER LIPOPROTICO DA MEMBRANA EUCARIONTE

    Flip Flop

    Glicoplipdeos Glicoprotena /Protena integral

    Parte apolar de hidrocarbonetos (s/carga)

    Parte polar do Lipdeo (fosfato/carga (-))

    Protena interna Filamentos de actina e protenas perifricas

    CARTER LIPOPROTICO DA MEMBRANA EUCARIONTE

    Flip Flop

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    A radiossensibilidade diretametne proporcional a sua massa molecular. Sobre as protenas, dependendo dos trs cromforos (aminocidos aromticos, ligaes peptdicas e as pontes dissulfeto), a ao das UV pode variar. Os aa mais freqentes so a cistina, o triptofano, fenilalanina, e a tirosina; sendo todas elas de elevada absorbncia.

    Pode ocorrer uma inativao da protena ou a rutura de certas ligaes ou a converso de certos aminocidos (cistina em alanina ou cistena/ triptofano em cido aspartico/ histidina em histamina, como nas reaes biolgicas com eritema). Pode levar a desaminao, perda de grupamento sulfidril ou a adio de radicais hidroxila (OH) na estrutura protica.

    Os outros efeitos observados so modificao na solubilidade, do coeficiente de viscosidade, na termossensibilidade, nas propriedades pticas e antignicas e uma perda de atividade enzimtica.

    Um exemplo tpico de modelo experimental utilizando uma luz UVC 290 a 200 nm /5eV propicia um incremento da quebra de DNA com a 5-bromouracila em presena de UVC (remove a pentose e consequentemente causa a rutura da CP); e em molculas de DNA de simples cadeia apresentam deslocamento do pico de absoro de 260 para 240 nm.

    13.4.4. Bases de estudo da fotoleso de cadeias protecas, polinucleotdicas, bases nitrogenadas, desoxirriboses, RNA e DNA

    O DNA est sujeito a alteraes qumicas por exposio a radiaes ricas em energia. A radiao UV (200-400 nm) nas bactrias e nos seres humanos pode trazer uma base prica ou pirimidnica a um estado excitado que pode levar a alteraes covalentes na estrutura.

    A maioria das leses reparada pelas clulas por meio de mecanismos enzimticos especficos. A leso por radiao UV pode ser reparada por deleo de resduos excessivos de pirimidnica numa fita de DNA por ao da endonuclease UV - bibliografias relatam experimentos envolvendo bactrias irradiadas e clulas humanas expostas a luz solar no filtrada. Em pacientes com xeroderma pigmentoso (reparo gentico defeituoso), as leses ocorrem e observa-se uma extrema sensibilidade a luz solar, tornando a pele seca e espessa uma vez que as clulas proliferam anormalmente (Lehninger, 1998).

    Segundo Fridan e colaboradores (1995), os efeitos da luz UV variam de acordo com o material exposto como descreveremos:

    Nas cadeias polinucleotdicas (CP). Ao contrrio da radiao ionizante, a UV no capaz de promover a quebra das cadeias em quantidades significativas, ocorrendo o evento na ordem de 1 em cada 1000 ligaes simples.

    Em clulas cultivadas em presena de 5-bromouracil (anlogo estrutural da timidina), as quebras de cadeias polinucleotdicas ocorrem com frequncia elevada, aumentando a sensibilidade celular a UV. Neste caso a UV promove a ejeo de um tomo de bromo com a produo de um radical livre uracil, que removendo o H da molcula pentose (desoxirribose) a desloca induzindo quebra da cadeia polinucleotdica.

    Nas Bases Nitrogenadas e nas bases pricas (A e G). Apesar de sua elevada absorbncia para a UVC, so cerca de 10 vezes mais fotorresistente do que as pirimdicas (T e C). Acredita-se que a energia fotnica absorvida seja transferida para as pirimidinas ou ligaes fosfo-di-ster. Purinas irradiadas com UV podem tambm reagir com compostos orgnicos celulares, sendo estas adies provavelmente de grande importncia.

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    Nas bases pirimidicas (T e C). So cromforos eficientes, constituem o principal stio de fotoleses por apresentar sua ligao no saturada entre os carbonos 5 e 6, associando os dmeros de pirimidnica associados inativao celular, mutagnese e neoplasias.

    Pela unio dos C5 e C6 de duas molculas de pirimidina (geralmente T) formam ismeros diferentes contendo um anel ciclobutano. Pode ocorrer a hidratao das bases pirimdicas somente quando o DNA est em estrutura mono-catenria (cadeia simples) e detectado fotometricamente pelo deslocamento do pico de absoro de 260 nm para 240 nm.

    Nas desoxirriboses. Como os acares no absorvem comprimento de onda superiores a 230 nm, apesar de serem 40% da massa total do DNA, no so significativamente importantes para as fotoleses. A remoo da pentose e conseqente ruptura da CP ocorre apenas experimentalmente em clulas em presena de 5-bromo-uracil.

    No RNA e nas protenas. No RNA em que a pentose uma ribose e a base por ser a uracila em lugar da timina e muitas regies de cadeias simples favorece a ocorrncia de hidratao nas bases pirimdicas. Assim os fotoprodutos so anlogos embora em diferente proporo de importnca relativa ao DNA. O RNAt pode apresentar uma ligao covalente entre um C e o tiouracil (base anmala presente em alguns RNAt) o fotoproduto pode causar uma interrupo na diviso celular em cultura por algumas horas em cultura.

    Estrutura das vias areas superiores e o seu comprometimento na exposio a agentes txicos agressores e microorganismos patognicos.

    O revestimento de mucosa respiratria que se encontra em estreito contato com a lmina prpria extremamente vascularizada e enervada, em situaes de risco, permite a disseminao de agentes patognicos sejam qumicos ou biolgicos.

    Faremos uma reviso das vias areas baseada em livros-textos (Ross & Rowrell, Junqueira e Carneiro, Stevens & Lowe) onde a partir da podemos fazer a conexo do sistema respiratrio que, uma vez comprometido, facilita a entrada de agentes patgenos e sua disseminao para o sistema circulatrio e nervoso.

    O ar entra no sistema respiratrio pelas narinas que se abrem para o exterior na frente da cavidade nasal. Na regio externa o epitlio reveste o nariz como o resto da face. No interior das aberturas das narinas (o vestbulo) o epitlio j no queratinizado e passa a ser de mucosa com clulas cilndricas, na sua maior parte pseudoestratificado colunar e em sua maioria clulas ciliadas o formam, sendo alternado pela presena de alguns pontos de tecido pavimentoso estratificado. J so encontradas, na lmina prpria, clulas imunocompetentes, clulas mucosecretoras caliciformes com microvilos e clulas mioepiteliais basais alm de numerosas glndulas serosas e mucosas. Muitas clulas serosas produzem lisozima, importante fator de defesa inespecfica para o organismo. O muco, outro exemplo de mecanismo de defesa inespecfica, que secretado, trazido pelos clios no sentido da faringe onde deglutido ou expectorado. A cavidade nasal adequada para o aquecimento e umidificao do ar inspirado e para a captura de material particulado. A nasofaringe apresenta epitlio igual das cavidades nasais, sendo prismtico e pavimentoso, estratificado no queratinizado. A queratinizao neste trajeto sempre anormal e indica doena. O tecido linfide associado a mucosa presente na nasofaringe, representada principalmente por vrios ndulos e aglomerados de clulas imunocompetentes como a tonsila, examina amostras estranhas e antignicas. No teto da cavidade nasal encontra-se a mucosa olfatria a qual, pela presena de clulas receptoras olfatrias (neurnios bipolares), sente o odor e aspectos mais sofisticados do paladar.

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    O ar da nasofaringe em seu caminho para a traquia passa pela regio larngea onde se encontram msculos e cartilagens. A epiglote, cuja arquitetura apresenta uma cartilagem elstica revestida por mucosa, auxilia o impedimento da inalao de alimentos durante a deglutio juntamente com a laringe.

    A via area continua pela laringe e estende-se para a traquia, brnquios principais e bronquolos. Nos bronquolos, o epitlio ciliado cessa assim como as glndulas seromucosas, embora as clulas caliciformes persistam e encontrem-se clulas neuroendcrinas. Os bronquolos podem ser terminais respiratrios, que desembocam em ductos para os vrios alvolos, que compem os sacos alveolares. H uma marcada presena de tecido linfide associado aos brnquios (TLAB) assim como clulas neuroendcrinas.

    Todo o tecido nesta regio composto por epitlio cbico ciliado e msculos. Os sacos alveolares so compostos por macrfagos alveolares e pneumcitos e so formados por 200 a 600 milhes de alvolos, perfazendo uma rea de 70 a 80 m2 para troca gasosa em cada pulmo. Os alvolos so permeados por capilares onde a barreira hematoarea possibilita a difuso do oxignio da cavidade alveolar para o sangue atravs da sua ligao com a hemoglobina do eritrcito e atravs da difuso do dixido de carbono do sangue para o ar alveolar.

    13.4.5. Risco na Utilizao de Aparelhos e Equipamentos Especiais

    Os indispensveis cuidados na manipulao de aparelhos ou equipamentos baseiam-se no princpio de seu funcionamento, cuidado do operador e condio e infra-estrutura do setor. Listaremos alguns dos cuidados e precaues que devemos ter ao desenvolver atividades com os seguintes aparelhos, dispositivos ou equipamentos:

    Agitadores magnticos: ler o manual de instrues; verificar a adequao da instalao eltrica; verificar o volume mnimo para agitao do material; realizar em recipiente de pequeno dimetro e longo, se possvel com lacre

    impermevel;

    verificar a adequao do tamanho e forma do magneto na agitao; no respirar sobre o tubo; deixar repousar por alguns minutos antes de abrir o recipiente; se possvel, e quando necessrio, deix-lo funcionando dentro de uma cmara de

    exausto ou fluxo laminar adequado;

    verificar o sistema de resfriamento da amostra; nunca tocar as solues com as mos; desinfetar a ponteira e locais ao redor do procedimento com lcool (verificar o

    desinfetante recomendado para cada caso);

    antes de abrir o material, deixar repousar para minimizar a formao de aerossis;

    no permitir o derramamento do material; limpar arredores e bancada no final do experimento; utilizar os equipamentos e dispositivos de proteo individual e coletiva

    recomendados.

    Agitadores de tubo (tipo vrtex individual, tipo pndulo, tipo horizontal, rotatrio/giratrio):

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    204

    ler o manual de instrues; verificar a adequao da instalao eltrica; verificar a velocidade da agitao; fixar os tubos quando necessrio; verificar, se possvel, em recipiente fechado; antes de abrir o material, deixar repousar para minimizar a formao de

    aerossis;

    no permitir o derramamento do material; em caso de quebra do tubo ou recipiente, proceder de acordo com o

    recomendado para o material a depender do risco de contaminao e de volatilizao;

    limpar arredores e bancada no final do experimento; utilizar os equipamentos e dispositivos de proteo individual e coletiva

    recomendados.

    Autoclaves: ler o manual de instrues; verificar a adequao da instalao eltrica e hidrulica; verificar o nvel de gua; verificar o funcionamento do manmetro e da marcao do tempo e presso

    utilizados na esterilizao;

    esperar o resfriamento antes da abertura da tampa ou porta; cuidar criteriosamente da utilizao de material contaminado e sua separao de

    material no-contaminado;

    ao desligar o aparelho, deix-lo esfriar completamente antes de abri-lo. A diferena de temperatura durante a abertura abrupta possibilita a formao e liberao de aerossis (risco em caso de falha da autoclavagem).

    Bico de Bunsen e aparelhos a gs: receber as instrues e treinamentos necessrios; verificar a adequao da instalao de gs; verificar o sistema e conectores de mangueira; verificar vazamento; no permitir a formao de aerossis; no utilizar com amostras potencialmente contaminadas com microorganismos

    patognicos;

    no utilizar prximo a compostos volteis e explosivos. Bombas de vcuo:

    ler o manual de instrues; verificar a adequao da instalao eltrica; verificar o sistema de manmetro e vacumetro; verificar o sistema de azeite e conectores de mangueira; verificar o sistema dos recipientes no processamento para no haver vazamento

    dos lquidos.

    Botijes de gs: ler a indicao do gs; ler o manual de instrues para uso adequado e riscos possveis; verificar a adequao da instalao;

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    verificar o sistema de manmetro e vacumetro; verificar o sistema de suporte do botijo; verificar o sistema dos recipientes no processamento para no haver vazamento; isolar a rea da proximidade de sistemas de aquecimento; deixar o botijo em rea segura, se possvel, com correntes para evitar a sua

    queda;

    verificar a temperatura da rea que no deve exceder a 100 e no deve conter mecanismos de chama e de fascas ou fogo.

    Capelas de exausto: ler o manual de instrues; receber as instrues e treinamentos necessrios; verificar a adequao da instalao eltrica; verificar a eficincia do filtro exaustor (pode-se colocar uma folha de papel na

    posio horizontal abaixo do tubo de fluxo de ar para ver o funcionamento da exausto);

    verificar a posio adequada, na rea externa, em situao de altura de sada e nas condies recomendadas nas normas vigentes;

    caso necessrio, utilizar os equipamentos de proteo individual: barreira de proteo para os olhos, luvas especiais e adequadas para o produto a ser manipulado;

    deixar o material protegido at o final do procedimento; dispensar as amostras em recipiente contendo lquido desinfectante dentro da

    capela;

    verificar a limpeza da rea interna e arredores da manipulao; verificar a limpeza do rtulo dos recipientes dos compostos qumicos.

    Centrfugas: ler o manual de instrues antes de sua utilizao; receber as instrues e treinamentos necessrios quando indicado; verificar a adequao da instalao eltrica; verificar a posio adequada dos tubos balanceados de forma equilibrada em

    arrumao antiparalela;

    permanecer prximo durante os primeiros minutos de funcionamento e rotao da centrfuga;

    indicar o nome e o local de permanncia do usurio para o caso de eventual acidente no momento da utilizao (em caso de o operador deixar temporariamente o local do procedimento);

    caso necessrio, utilizar os equipamentos de proteo individual: barreira de proteo para os olhos, luvas especiais e adequadas para o produto a ser manipulado;

    deixar o material protegido at o final do procedimento; dispensar as amostras em recipiente contendo lquido desinfetante dentro da

    capela se necessrio;

    verificar a limpeza das caapas e rotores, da rea interna, externa e arredores do aparelho;

    durante a manipulao de produtos biolgicos e qumicos de risco, esperar alguns minutos para abrir a tampa interna e a porta de comunicao com o meio externo (na centrfuga refrigerada);

    no utilizar tubos de vidro ou plstico que possam quebrar em alta rotao;

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    nunca abrir a porta/tampa enquanto estiver em rotao (ruptura e aerossis ou gases volteis - leso no olho, pele de rosto e membros);

    em caso de ruptura acidental de um tubo (observada com o rudo), deve-se esperar no mnimo 30 minutos para abrir a porta /tampa por causa do aerossol (operador utilizando mscara);

    cobrir a rea isolando-a temporariamente; limpar com lcool a 70 (verificar o desinfetante indicado para o caso especfico

    de agentes mais resistentes);

    *Existem centrfugas com o sistema de vcuo acoplado para evitar, minimiza o escape de aerossis. H centrfugas com sistema de segurana de abertura de porta / tampa.

    Citmetro: ler o manual de instrues; receber as instrues e treinamentos necessrios; verificar a adequao da instalao eltrica e sistema de conexo de lquidos; verificar o sistema de desinfeco antes e aps o procedimento; dispensar as amostras em recipiente contendo lquido desinfetante; utilizar luvas de procedimento e luvas plsticas descartveis (manoplas); cuidado com a formao de aerossis ao tomar a mostra; cuidado com a ponta do coletor da amostra.

    Citmetro de fluxo: ler o manual de instrues; receber as instrues e treinamentos necessrios; verificar a adequao da instalao eltrica e sistema de conexo de lquidos; verificar o sistema de desinfeco antes e aps o procedimento; dispensar as amostras em recipiente contendo lquido desinfetante; utilizar luvas de procedimento e luvas plsticas descartveis (manoplas); cuidado com a formao de aerossis ao tomar a amostra; cuidado com a ponta do coletor da amostra.

    Condutmetro: verificar o sistema de instalao eltrica; receber treinamentos necessrios; verificar a molaridade e concentrao da soluo testada para cuidados

    especficos.

    Contadores de radioatividade gama / beta: capacitar o tcnico operador; solicitar autorizao de uso e realizao da atividade; ler o manual de instrues de cuidado e de funcionamento; verificar a adequao e funcionamento do aparelho; verificar a instalao eltrica ou bateria; verificar a limpeza e descontaminao interna e nos arredores do aparelho; utilizar luvas na manipulao do equipamento; utilizar a proteo adequada; utilizar detector e contador de radiao dosmetro individual; em caso recomendado, utilizar a blindagem exigida;

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    existem frascos / tubos adequados de polipropileno. Para lquido de cintilao, os de polietileno de alta densidade e vidro de borosilicato so recomendados;

    existe o sistema de leitura para contagem de emisso de partculas beta que dispensa o lquido de cintilao (e, portanto no necessita de utilizar os produtos qumicos txicos e cancergenos como tolueno por exemplo).

    Critomo: ler o manual de instrues; receber as instrues e treinamentos necessrios; verificar a adequao da instalao; observar o sistema de refrigerao; observar o sistema de gs e eltrico; verificar a eficincia da navalha e porta navalha; ter cuidado com o fio da navalha.

    Dispensadores e pipetadores, tituladores volumtricos: ler o manual de instrues; observar o funcionamento do equipamento; verificar a adequao da instalao eltrica ou carga da bateria; no dispensar o volume abruptamente; certificar-se de que haja algodo na parte superior da pipeta; certificar-se de que o lquido no tenha contaminado o equipamento; em caso de haver contaminao, desarm-lo e proceder conforme instruo do

    fabricante e utilizar os dispositivos de proteo individual e coletiva;

    cuidado com as gotas no fim do processo de pipetagem e transferncia de volumes;

    limpar a rea de trabalho. Fontes de poder (para eletroforeses):

    ler o manual de instrues; verificar a adequao da instalao eltrica; verificar o sistema de amperagem e voltagem; verificar a correta conexo de plos positivo e negativo; no permitir o superaquecimento do sistema conectado; observar a voltagem aplicada e o tempo de conexo; desligar o aparelho antes de desconectar a fiao dos plos.

    Forno microondas: ler o manual de instrues; verificar a adequao da instalao eltrica; verificar o sistema de temperatura e intensidade; observar o funcionamento para no haver superaquecimento ou perda do

    material;

    nunca utilizar para produtos txicos, volteis e carcinognicos; nunca colocar recipientes de metal para no fechar arco e produzir um curto-

    circuito;

    nunca tocar com a mo desprotegida o material recm-aquecido; verificar a limpeza interna do aparelho; existem aparelhos microondas com sistema de chamin que devem ser utilizados

    dentro de cmara de exausto para qumicos.

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    Homogeneizador (de safira sinttica, porcelana, vidro ou metlico com ou sem manivela):

    verificar a adequao do homogeneizador; verificar a adequao de acordo com o material a ser macerado ou

    homogeneizado;

    verificar a resistncia da presso a ser empregada; no tocar o produto com as mos; no sistema tipo potter verificar o mbolo e presso a ser exercida; no permitir o derramamento do material; no respirar sobre o material pulverizado; verificar a adequao e cuidado com material que gere aerossis; limpar arredores e bancada no final do experimento aps aguardar o tempo

    indicado para sedimentao dos aerossis gerados;

    utilizar os dispositivos e equipamentos de proteo individual e coletiva. Liofilizador:

    observar a adequao do sistema de liofilizao; observar a possibilidade de contaminao do material a ser liofilizado; observar o risco biolgico; observar a relao volume de material congelado e a capacidade do recipiente

    (no deve ultrapassar 1/3);

    observar se o material est devidamente congelado; observar o sistema de refrigerao; observar o sistema de gs; observar o sistema de leo; observar o sistema de vcuo; observar o sistema de conexo; observar a chave do vcuo; observar o sistema de aspirao e revestir, sempre que possvel, a superfcie do

    tubo ou recipiente que contm a amostra com parafilm e perfur-lo;

    em casos de acidente, limpar a rea segundo recomendao das normas de biossegurana;

    utilizar os equipamentos e dispositivos de proteo individual e coletiva recomendados.

    Microscpio de fluorescncia: ler o manual de instrues; receber as instrues e treinamentos necessrios; verificar a adequao da instalao eltrica; verificar a adequao da utilizao do filtro barreira de proteo aos olhos do

    observador;

    dispensar as amostras em recipiente contendo lquido desinfetante; utilizar luvas de procedimento e luvas plsticas descartveis; verificar a limpeza, desinfeo e descontaminao da rea circunvizinha ao

    equipamento onde se realizou o procedimento;

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    209

    Microscpio: receber as instrues e treinamentos necessrios; verificar a adequao da instalao eltrica; dispensar as amostras em recipiente contendo lquido desinfetante; utilizar luvas de procedimento e luvas plsticas descartveis; verificar a limpeza, desinfeo e descontaminao da rea circunvizinha ao

    equipamento onde se realizou o procedimento.

    Micrtomo: ler o manual de instrues; receber as instrues e treinamentos necessrios; verificar a adequao na instalao; verificar a eficincia da navalha e porta navalha; ter cuidado com o fio da navalha.

    pHmetro verificar o sistema de instalao eltrica; receber treinamentos necessrios; ao ajustar as solues, ter cuidado com os cidos e lcalis; verificar a adequao do tipo de eletrodo e soluo a ser ajustada e dosada; trabalhar com cido clordrico em cmara, ou sistema ventilado, ou mscara e

    protetor de olhos;

    verificar a molaridade e concentrao da soluo testada para cuidados especficos;

    utilizar os dispositivos e equipamentos de proteo individual e coletiva recomendados.

    Sistema de automao em imunodiagnstico e sorologias: ler o manual de instrues; receber as instrues e treinamentos necessrios; verificar a adequao da instalao eltrica; verificar o sistema revelao adequado; verificar a eficincia do sistema para o trabalho a ser executado; verificar o descarte do material; utilizar luva e equipamento de proteo individual; descartar o material utilizado em lquido descontaminante.

    Sistema de capela ou fluxo laminar: ler o manual de instrues o tipo do fluxo recomendado; receber as instrues e treinamentos necessrios; verificar a adequao da instalao eltrica; verificar o sistema de lmpadas germicidas; certificar-se de que o interruptor da lmpada de luz visvel seja independente e

    separada da lmpada de luz UV;

    verificar a eficincia do filtro para o trabalho a ser desenvolvido e executado; verificar a adequao do sistema vertical ou horizontal no tipo de trabalho a ser

    realizado;

    verificar a necessidade de a sada do filtro ser na sala de preparao ou externa; verificar a eficincia e durao mdia da lmpada UV;

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    210

    verificar a eficincia e durao mdia do sistema de filtro de ar; a limpeza e descontaminao e certificado de funcionamento e de manuteno

    com um ano ou aps 1000 horas de servio.

    A descontaminao de cabina de biossegurana recomendada pelo uso de paraformaldedo em p vaporizado (0,3 g / ps*) por 3-4 horas durante a noite, segundo Kuehne e colaboladores (1999), para fornecer uma concentrao de 8.500 ppm (partes por milho). A neutralizao deve ser realizada e pode-se utilizar o bicarbonato de amnio (0,3 g/ ps*). Recentemente recomenda-se o uso alternativo de perxido de hidrognio.

    *Ps - unidade de medida equivalente a doze (12) polegadas e pode variar de acordo com o pas - no Brasil = 0.3248m (Koogan / Housse, 1999).

    Sistema de criopreservao: ler o manual de instrues; verificar a adequao da instalao eltrica em caso de congeladores (freezers de baixa temperatura) verificar o sistema da

    porta e do gs de resfriamento;

    em caso de containers de nitrognio lquido, cuidar das precaues no transporte e manuteno do composto qumico; nunca submergir as mos (utilizar luvas de proteo trmica);

    no respirar prximo por tempo prolongado. Sistemas de eletroforeses verticais e horizontais:

    ler o manual de instrues; verificar a adequao da instalao eltrica; verificar o sistema de plos positivo e negativo e a correta conexo; nunca colocar a mo no tampo; no permitir o superaquecimento do sistema; lembrar que a matriz de processamento da amostra pode fundir com o calor e

    fechar o curto circuito causando um incndio no local (que pode ser expandido pelos reagentes inflamveis presentes em um laboratrio);

    desmontar os sistemas de vidro, apoiado na mesa, sobre um recipiente que possa ser eventualmente descartado ou inativado (quando se utilizar produtos txicos, carcinognicos ou radioativos).

    Sistema de eletroporao (utilizado para leveduras e bactrias): ler o manual de instrues; verificar a adequao da instalao eltrica e observar sistema de circuito de

    fechamento das cmaras;

    verificar a insero da cubeta, tubo ou placa no sistema; verificar o sistema de trava e portas; utilizar os dispositivos e equipamentos de proteo coletiva e individual

    recomendados.

    Sistema de extrao de cidos nuclicos: ler o manual de instrues e recomendaes da tcnica e/ou do kit; verificar a necessidade de uso de solventes orgnicos e os cuidados necessrios; verificar a necessidade de uso de cidos e lcales fortes e os cuidados

    necessrios;

    em caso de uso de solventes orgnicos, utilizar capela de exausto; receber as instrues e treinamentos necessrios;

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    forrar com papel e filme de polivinilcarbonato o local de extrao; verificar a segurana na aplicao das amostras para anlise do cido nuclico; dispensar as amostras em recipiente contendo lquido desinfetante; utilizar luvas de procedimento e luvas plsticas descartveis; armazenar o material para devida descontaminao do material antes de

    libera-lo como lixo.

    Sistema de filtrao analtica: observar a adequao do material a ser filtrado e o tipo de membrana; observar a capacidade do filtro; observar se o sistema de filtro unidirecional ou bidirecional; verificar a finalidade da filtrao indicada para a excluso de partculas ou

    esterilizao;

    observar o sistema (dupla tampa plstica protegendo a membrana) permite aspirao da seringa sem romper a membrana;

    observar a presso permitida para no romper a membrana; em casos de acidente limpar a rea segundo recomendao das normas de

    biossegurana;

    utilizar os equipamentos e dispositivos de proteo individual e coletiva recomendados.

    Os tipos mais comuns de membrana e suas finalidades:

    acetato de celulose e nitrato de celulose - so indicadas para meios aquosos e biolgicos com finalidade de filtrar e clarificar;

    microfibra de vidro - com a finalidade clarificar; polisulfonato e copolmero de acrlico - so indicadas para amostras biolgicas e

    aquosas; apresenta baixa capacidade de adsoro, unio binding protica;

    difluoreto de polivinilideno (PVDF) - resiste a solventes orgnicos e inorgnicos; nylon - indicado para solventes orgnicos e inorgnicos inclusive DMSO (dimetil

    sulfoxido);

    polipropileno - resiste a solventes orgnicos e inorgnicos; membrana de politetrafluoroetileno - hidrofbica e recomendada para 50% dos

    solventes orgnicos.

    Sistema de filtrao preparativa:

    O material das membranas listadas na filtrao de pequena escala por seringas pode ser encontrado para filtros maiores, dependendo do fabricante; recomenda-se, entretanto:

    observar a instalao da presso positiva ou negativa recomendada para o sistema;

    observar o sistema de vcuo ou de gs inerte na garrafa; observar cuidadosamente para que a presso no exceda e rompa o sistema,

    provocando acidente;

    em casos de acidente limpar a rea segundo recomendao das normas de biossegurana;

    utilizar os equipamentos e dispositivos de proteo individual e coletiva recomendados.

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    Sistema de preparaes histolgicas: manusear as amostras no fixadas utilizando avental, luva e mscara; ter cuidado com o material perfuro-cortante na seco das amostras; ler as recomendaes de uso de solventes e fixadores; verificar o tipo de luva adequado para os solventes; utilizar os solventes e fixadores em cmara de exausto; cuidado com a manipulao na preparao e utilizao de corantes comuns

    (cancergenos);

    forrar a bancada com plstico e papel absorvente. Sistema de sequenciamento de DNA:

    ler o manual de instrues; receber as instrues e treinamentos necessrios; verificar a adequao da instalao eltrica; forrar com papel ou filme de polivinilcarbonato o local de apoio das placas de

    montagem do gel;

    verificar a segurana na montagem e transporte das placas de gel; verificar a segurana na aplicao das amostras do gel de anlise; proteger o sistema de quebra; dispensar as amostras em recipiente contendo lquido desinfetante; utilizar luvas de procedimento e luvas plsticas descartveis; armazenar o material para descontaminao dos corantes antes de libera-lo

    como lixo.

    Sistema termociclador para amplificao de cido nuclico: ler o manual de instrues; receber as instrues e treinamentos necessrios; verificar a adequao da instalao eltrica; verificar a segurana no transporte da amostra do gel contendo corante de cidos

    nuclicos;

    forrar com filme de polivinilcarbonato o local de apoio com o gel; proteger o sistema com barreira tipo tampa de acrlico ou vidro antes de ligar a

    luz UV;

    dispensar as amostras em recipiente contendo lquido desinfetante; utilizar luvas de procedimento e luvas plsticas descartveis; utilizar dispositivos de proteo individual e coletiva quando necessrio; armazenar o material para devida descontaminao antes de libera-lo como lixo.

    Sonicador / ultra-som: ler o manual de instrues; verificar o sistema de tubo de imerso e relao do dimetro; verificar o sistema de ultra-som de banho de imerso; verificar a adequao da instalao eltrica; verificar o volume mnimo para o processamento do material; realizar em recipiente de pequeno dimetro e longo, se possvel, com lacre

    impermevel;

    submergir a ponteira do sonicador at o fim, sem tocar o fundo; no respirar sobre o tubo;

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    deixar repousar por alguns minutos antes de desacopl-lo; se possvel, e quando necessrio, deix-lo funcionando dentro de uma cmara de

    exausto ou fluxo laminar adequada;

    tampar o tubo aps o trmino do procedimento; verificar o sistema de resfriamento da amostra; nunca tocar a ponteira com as mos (utilizar luvas); desinfetar a ponteira e locais ao redor do procedimento com lcool (verificar o

    desinfetante recomendado para cada caso);

    em caso de ser o modelo de sonicao por submerso, deixar o tubo semi-tampado com o auxlio de um "parafilm";

    antes de abrir o material, deixar repousar para minimizar a formao de aerossis;

    no permitir o derramamento do material; limpar arredores e bancada no final do experimento aps aguardar o tempo

    indicado para sedimentao dos aerossis gerados;

    em casos de acidente, limpar a rea segundo recomendao das normas de biossegurana;

    utilizar os equipamentos e dispositivos de proteo individual e coletiva recomendados;

    Sistema Transiluminador - visualizao de cidos nuclicos corados: ler o manual de instrues; receber as instrues e treinamentos necessrios; verificar a adequao da instalao eltrica; verificar a segurana no transporte da amostra do gel contendo corante de cidos

    nuclicos;

    forrar com filme de polivinilcarbonato o local de apoio com o gel; proteger o sistema com barreira tipo tampa de acrlico ou vidro antes de ligar a

    luz UV;

    dispensar as amostras em recipiente contendo lquido desinfetante; utilizar luvas de procedimento e luvas plsticas descartveis; armazenar o material para descontaminao do corante antes de libera-lo como

    lixo.

    111333...555... RRRIIISSSCCCOOO BBBIIIOOOLLLGGGIIICCCOOO Apesar de haver alguns captulos que comentam sobre os diferentes riscos biolgicos, inserimos de forma resumida a classificao de riscos biolgicos e de laboratrios com as exigncias fundamentais e bsicas para seu funcionamento.

    Os microorganismos infecciosos podem ser classificados em quatro classes, levando-se em conta o risco individual e coletivo, relativo virulncia e gravidade da infeco nos seres humanos e animais, probabilidade de propagao, tratamento e medidas preventivas.

    Classe de Risco I. Risco individual e coletivo, ou comunitrio ausente, ou muito baixo.

    Microorganismos que tm pouca probabilidade de causar doenas nos homens e nos animais.

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    214

    Exemplos:

    bactria - Bacillus subtillis; B. thuringiensis; B. sphareous; Lactobacillus spp; fungo - Trichoderma, Helminthosporium spp.

    Classe de Risco II. Risco individual moderado e baixo risco coletivo ou comunitrio.

    Microorganismos que tm a probabilidade de causar doena nos homenes e em animais, mas com o risco de propagao limitado; atualmente existem medidas de preveno e tratamento.

    Exemplos:

    bactria Bacilo Calmette Guerin (BCG), Bactrias enteropatognicas, Corynebacterium, Campilobacter, Escherichia, Bordetella pertussis, Mycobacterium leprae, Neisseria, Pseudomonas, Salmonella, Vibrio.

    fungo Aspegillus spp, Cndida, Malassezia, Microsporum spp, Paracoccidioide. parasita (protozorio) - Endotrypanum sp, Leishmania sp, Plasmodium sp,

    Trypanosoma sp.

    parasita (helminto) Ancylostoma, Ascaris, Dirofilaria, Onchocerca, Schistosoma, Trichuris, Wuchereria, Hymeolepis.

    vrus adenovrus, astrovrus, citomegalovrus, dengue, enterovrus, hepatite A, B, C, G, Plio.

    Classe de Risco III. Elevado risco individual e baixo risco coletivo ou comunitrio. Microorganismos patognicos que geralmente provocam doena grave no homem e/ou em animais, mas se propagam de um indivduo infectado a outro de forma direta, sendo o risco de propagao limitado, existindo atualmente medidas de preveno e tratamento eficazes.

    bactria Brucella sp, Mycobacterium tuberculosis, M. bovis, Yersinia; fungo Histoplasma sp, Coccidioidis immitis; rickttsia sp; vrus da raiva, HIV, Arbovrus.

    Classe de Risco IV. Elevado risco individual e coletivo ou comunitrio. Microorganismos patognicos que geralmente provocam doena grave no homem e/ou em animais, propagam de um indivduo infectado a outro, de forma direta ou indireta, sendo alto o risco de propagao e ilimitada, no existindo atualmente medidas eficazes de preveno e tratamento.

    vrus Ebola, Junin, Mapucho. De acordo com o aconselhamento do CDC e da OMS, os agentes de risco III que forem multirresistentes devem ser considerados e tratados como Risco Biolgico IV.

    Nveis de Laboratrio segundo a Segurana Biolgica

    Nvel I - laboratrio bsico.

    Caracterstica de bancada ou mesada com trabalhos em local aberto, realizao de boas tcnicas, com eventual utilizao de bico de Bunsen no repique das culturas de colnias no patognicas microorganismos de classe de risco I. Utilizado tambm para ensino de metodologias bsicas.

    Nvel II - laboratrio bsico com sinalizao.

    Caractersticos em postos de sade de primeira linha, hospital de nvel primrio, laboratrio de diagnstico, ensino de metodologias bsicas universitrias.

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    215

    Cabinas de segurana biolgica para microorganismos de classe de risco I e II e para possveis aerossis. Roupas especiais e adequao da utilizao de EPI ou DPI para cada caso em particular.

    Cabide de fluxo laminar de Tipo A = sada de ar no prprio ambiente.

    Nvel III - laboratrio de conteno com sinalizao e controle de acesso.

    Manipulao de microorganismos de classe de risco III. Utilizao de cabina de segurana biolgica, conteno de presso negativa, roupas especiais, controle de acesso, entrada por vestbulo de dupla sada, cabinas de exausto externa.

    Cabide de fluxo laminar de Tipo A = sada de ar no prprio ambiente; e de Tipo B = sada com exaustor para o exterior (Brucella) possibilidade de risco por aerossis.

    Nvel IV - laboratrio de conteno com sinalizao e acesso restrito e controlado.

    Unidade de manipulao de germes patognicos de classe de risco IV. Utilizao de cabide de segurana biolgica, conteno de presso negativa, roupas especiais com presso positiva, acesso restrito, entrada por vestbulo de dupla sada, cabinas de exausto externa com filtros especiais e autoclave de duas extremidades.

    rea interna contendo cabina de fluxo laminar de Tipo A = sada de ar no prprio ambiente; e de Tipo