biotecnologia

7
 BIOTECNOLOGIA SEM FRONTEIRAS Glauco Arbix RESUMO  A biotecnologia contemporânea é um ponto de encontro onde distintos personagens conversam de modo inova dor sobre os mais diversos temas. Ao manipular seres vivos para pro- duzir bens e serviços, envolve tecnologias de diversos níveis,como os processos de fermentação e as técnicas de manipu- lação genética, e se apresenta como um paradigma técnico-científico essencialmente transdisciplinar . PALAVRAS-CHAVE: biotec nologi a; ciência; inovação;tecno logia. SUMMARY Contempora ry biotechnology is a meeting point where dis- tinct players exchange inn ovative experiences about a wide range of subjects. As it manipulates living beings to produce goods and services,it puts together technologies of different levels,as in fermentatio n processes and techni ques of genetic manipulation. Nowadays, it presents itself as a techno-scientific paradigm wh ich is essentially interdisc iplinary. KEYWORDS: biotec hnolo gy; scien ce; innov ation; techn ology. 5 NOVOS ESTUDOS 78 JULHO 2007 [1] “T o see a wor ld in a gr ain o f sand, and a heaven in a wild flower , hold infinity in the palm ofyour hand, and eternity in an hour”. William Bla ke, “The Pickering Manuscript”. Tradu- ção: Alberto Marsicano.  Num gr ão de areia ver um mundo  Na flor silvestre a celeste amplidão  Segura o infinito em sua mão  E a eternidade num segun do.  William Blake 1  A Física f oi a rainha-mãe do século  XX .Como ponto de partida,ampliou o governo humano sobre o mundo da natureza e da cultura, ainda que nem sempre com nobreza de resultados, como a chuva negra sobre Hiroshima e Nagasaki insiste em nos relembrar. Mais do que isso,porém, ao buscarmos as marcas distintivas do século passado invariavelmente nos deparamos com as tecnologias or iundas da física, que produziram autom óveis e aviões, a TV , os computadores e a internet.

description

Conceito de Biotecnologia

Transcript of biotecnologia

  • BIOTECNOLOGIA SEM FRONTEIRAS

    Glauco Arbix

    RESUMO

    A biotecnologia contempornea um ponto de encontro onde

    distintos personagens conversam de modo inovador sobre os mais diversos temas. Ao manipular seres vivos para pro-

    duzir bens e servios, envolve tecnologias de diversos nveis, como os processos de fermentao e as tcnicas de manipu-

    lao gentica, e se apresenta como um paradigma tcnico-cientfico essencialmente transdisciplinar.

    PALAVRAS-CHAVE: biotecnologia; cincia; inovao; tecnologia.

    SUMMARY

    Contemporary biotechnology is a meeting point where dis-

    tinct players exchange innovative experiences about a wide range of subjects. As it manipulates living beings to produce

    goods and services,it puts together technologies of different levels,as in fermentation processes and techniques of genetic

    manipulation. Nowadays, it presents itself as a techno-scientific paradigm which is essentially interdisciplinary.

    KEYWORDS: biotechnology; science; innovation; technology.

    5NOVOS ESTUDOS 78 JULHO 2007

    [1] To see a world in a grain of sand,and a heaven in a wild flower, holdinfinity in the palm of your hand,andeternity in an hour. William Blake,The Pickering Manuscript. Tradu-o: Alberto Marsicano.

    Num gro de areia ver um mundoNa flor silvestre a celeste amplido

    Segura o infinito em sua moE a eternidade num segundo.

    William Blake1

    A Fsica foi a rainha-me do sculo XX. Como pontode partida, ampliou o governo humano sobre o mundo da natureza eda cultura, ainda que nem sempre com nobreza de resultados, como achuva negra sobre Hiroshima e Nagasaki insiste em nos relembrar.Mais do que isso,porm,ao buscarmos as marcas distintivas do sculopassado invariavelmente nos deparamos com as tecnologias oriundasda fsica,que produziram automveis e avies,a TV,os computadorese a internet.

    01_GlaucoArbix_4a10.qxd 7/26/07 6:00 PM Page 5

  • Por toda a incerteza que envolve as jornadas rumo ao desconhe-cido, talvez seja um pouco cedo para afirmar que o sculo XXI ter nabiotecnologia seu rebento mais bem-sucedido.Mas,pelo que j veio luz, tudo indica que a promessa est feita.

    Em vrias economias e muitas empresas, a engenharia genticatende a tornar-se uma quase rotina.Em resposta s necessidades,ouemulada pela curiosidade humana, a pesquisa cientfica se defrontacrescentemente com a natureza biolgica de velhos e novos proble-mas, alguns to candentes quanto gigantescos. Problemas queacompanham a marcha da humanidade h sculos, aparentementej equacionados, como antigas (embora recorrentes) doenas ou oenvelhecimento das populaes; ou, ento, desafios mais recentes,como as conseqncias das mudanas climticas cujos mecanismosmais crticos tm sido estudados e associados ao dinmico universoda biologia contempornea.

    Nem sempre, porm, os planejadores, autoridades pblicas emesmo a comunidade acadmica esto preparados ou dispem de ins-trumental adequado para reconhecer essas relaes nada triviais epotencializar o conhecimento capaz de entender ou organizar essasnovas realidades.

    No raramente,o universo vasto demais para descansar na palmade nossas mos,como no poema de Blake.Mas no h como escondera inquietao que permeia qualquer debate sobre biotecnologia,dadassuas ntimas e perigosas relaes com a vida,a sade,o meio ambiente,o desenvolvimento, a prosperidade e o bem-estar das pessoas.

    O dossi preparado por Novos Estudos exemplo desse mundo plenode contrastes e desafios. Uma revoluo inacabada est em curso. Nemsempre silenciosa. Irreverente s vezes. Insistentemente polmica. Econsistentemente atraente.A biotecnologia contempornea um pontode encontro,onde distintos personagens conversam de modo inovadorsobre os mais diversos temas. Com os olhos no futuro e energia sufi-ciente para sacudir os parmetros das cincias e disciplinas que ousamestud-la, tanto por seus impactos sobre a tica e a moral, quanto porsuas conseqncias no terreno da cincia,da sociologia ou da economia.

    Ainda que em uma chave distinta das cincias da vida, o debateatual sobre o etanol ilustra tanto os dilemas da pesquisa em biotecno-logia quanto revela os impasses do prprio pas. De um modo espe-cial, os biocombustveis colocaram o Brasil diante de uma encruzi-lhada histrica, tornando mais dramtico o esforo para encontrar ou construir os caminhos para o seu desenvolvimento.

    Dependendo das suas respostas e do comportamento de suas elites,includa a acadmica,o pas poder aproveitar (ou no) as novas oportu-nidades abertas pelos biocombustveis para melhorar as condies eco-nmicas, tecnolgicas, sociais e culturais nas prximas dcadas. Aps

    6 BIOTECNOLOGIA SEM FRONTEIRAS Glauco Arbix

    01_GlaucoArbix_4a10.qxd 7/26/07 6:00 PM Page 6

  • 7

    dcadas de preocupao e pesquisa,o Brasil surge no somente como umdos maiores produtores mundiais de etanol,mas tambm como um dosmais importantes laboratrios do mundo,dado o uso intensivo que fazh muito tempo de fontes de energia alternativas ao petrleo.

    Alm do preo do produto brasileiro ser o menor do mundo, o eta-nol derivado da cana-de-acar tem a vantagem de gerar oito vezes maisenergia que a energia fssil necessria para a sua produo, trazendouma economia direta e relevante para os processos de emisso de car-bono.No caso do milho,que representa a base da produo norte-ame-ricana (o grande concorrente do Brasil),essa relao no maior do que1,8 vez. Mais do que isso, a reduo da emisso de carbono tambm sebeneficia do etanol, pois para cada tonelada utilizada como combust-vel h uma economia de 2,3 toneladas de no-emisso de CO2 naatmosfera,ao mesmo tempo em que nenhum SO2 emitido.

    A competitividade brasileira est baseada na melhoria e na diversi-ficao da cana (que permitiram a otimizao da quantidade desucrose produzida) e pelo sistema de produo simultnea tanto doacar quanto do etanol. As vantagens brasileiras foram obtidas combase em condies geogrficas, ambientais e espaciais muito particu-lares,mas que exigiram muita pesquisa e tecnologia para levar o pas atual posio mpar que ocupa no mercado internacional.

    Como o etanol tem grandes chances de se tornar um substituto (oucomplemento) significativo da gasolina diante do aumento (e insta-bilidade) dos preos do petrleo assim como dos limites fsicos das suasreservas , o etanol brasileiro foi colocado na berlinda. Atualmente, omercado mundial de gasolina consome quase 1,5 trilho de litros porano.Para atender uma demanda de 10% desse mercado seria necessriauma produo dez vezes maior que a atual produo total brasileira.

    Apenas por essa breve referncia pode-se visualizar a enorme gamade oportunidades colocadas para o pas,que tem nos biocombustveisuma possibilidade concreta de alterar o seu posicionamento e inserono mapa do comrcio internacional.A condio para isso est concen-trada em uma srie de decises capazes de orientar estrategicamente amanuteno (e mesmo o aprofundamento) da atual liderana do Bra-sil nesse setor. O que somente ser alcanado custa de muita pes-quisa, pblica e privada.

    Atualmente, somente um tero da energia disponvel na cana-de-acar (armazenada na sucrose) efetivamente utilizada para a produ-o do acar e do etanol. Novas tecnologias, ainda no competitivascomercialmente (como as derivadas dos processos de hidrlise), per-mitiro a fabricao de etanol com baixo custo a partir da celulose. Sea pesquisa brasileira obtiver sucesso,o pas ter condies de multipli-car a utilizao de energia da cana e de dar, por isso mesmo, um saltogigantesco na sua relao com o restante do mundo.

    NOVOS ESTUDOS 78 JULHO 2007

    01_GlaucoArbix_4a10.qxd 7/26/07 6:00 PM Page 7

  • [2] Carvalho, A.P. Biotecnologia.In:Schwartzman,S.Cincia e Tecnolo-gia no Brasil: a capacitao brasileirapara a pesquisa tecnolgica e cientfica.Rio de Janeiro: Ed. Fundao GetlioVargas, 1996.

    [3] Ver: Idem; Patricio, I. E. M. S. Bio-tecnologia e mercados: perspectivas para ocaso brasileiro. Rio de Janeiro: UFRJ,1993 (dissertao de mestrado).

    [4] Ver: Paugh, J. e Lafrance, J. C. TheU.S. Biotechnology Industry. U. S. De-partment of Commerce Office ofTechnology Policy, julho de 1997.

    Ser que decises estratgicas apropriadas sero tomadas pelasautoridades? Ser que a pesquisa brasileira estar altura desse desa-fio? Ter as condies para tanto? E a biotecnologia, conseguir assu-mir o papel de proa necessrio para bem conduzir esse processo?

    O exemplo do etanol apenas sugere novos caminhos para a realocaodos investimentos,o reposicionamento das instituies e disposio dospesquisadores.Coloca para toda a comunidade cientfica o debate sobre aconstruo de uma agenda integrada de pesquisa.Isso porque a biotecno-logia no configura um setor com fronteiras claramente definidas. Dife-rentemente, mostra-se como um conglomerado de tecnologias queencontra aplicao em diferentes atividades produtivas.

    Institucionalmente, as empresas de biotecnologia, em todo omundo,expressam de modo cristalino essa diversidade e heterogenei-dade. Em grande parte, nasceram da fuso de diferentes paradigmastecnolgicos,mas que muitas vezes se complementam,como a inds-tria de frmacos e a de sementes, por exemplo.

    Ao manipular seres vivos para produzir bens e servios, a biotec-nologia envolve tecnologias de diversos nveis (como os processos defermentao, utilizados h sculos, e as tcnicas de manipulaogentica,resultantes de avanos recentes no campo da biologia mole-cular) e se apresenta como um paradigma tcnico-cientfico essen-cialmente transdisciplinar.

    O salto da biotecnologia deu-se no incio dos anos 1970, com oavano da engenharia gentica. Segundo Carvalho, a biotecnologiamoderna inicia o seu trabalho com seres vivos naturais para obteroutros seres vivos no encontrveis na natureza, obtidos pela aplica-o de tcnicas no naturais de seleo, transformao gentica e oti-mizao fisiolgica2. A base cientfica para essa aventura foi o desen-volvimento da gentica ao longo do sculo XX. Os trabalhos deMendel em 1865 viabilizaram o grande salto da biotecnologia com adescoberta de Watson e Crick em 1953, com o modelo da dupla hlicedo DNA.Esse avano preparou o ambiente para uma verdadeira revo-luo iniciada na dcada de 1970, com as tcnicas do DNA recombi-nante e da fuso celular3.

    Para viabilizar seus avanos,a biotecnologia foi obrigada a estabe-lecer sinergias com vrias disciplinas,dentre as quais as engenharias,principalmente a qumica, insubstituvel no estudo de bioprocessos,como na indstria de frmacos, de alimentos e de petrleo. Em anosmais recentes, a biotecnologia tambm encontrou suporte na enge-nharia da computao bioinformtica para desenvolver progra-mas embebidos de base matemtica, capazes de dar conta dos desa-fios do seqenciamento gentico, que tentam descrever a relaoentre genes e protenas (proteoma), chave para a compreenso dosprocessos vitais4.

    8 BIOTECNOLOGIA SEM FRONTEIRAS Glauco Arbix

    01_GlaucoArbix_4a10.qxd 7/26/07 6:00 PM Page 8

  • [5] Dal Poz, M. E. Da dupla triplahlice: o Projeto Genoma Xylella (dis-sertao de mestrado). DPCT-I,Uni-camp, Campinas, 2000.

    [6] Ver: Higgins, M. Career Imprin-ting: The Case of the Baxter Boys andBiotechnology. Book ms., HarvardBusiness School, 2004; Porter, K.,Whittington K. B. e Powell, W. TheInstitutional Embeddedness of High-Tech Regions:Relational Foundationsof the Boston Biotechnology Commu-nity, Stanford University, mimeo,2006; Shane, S. Academic Entrepre-neurship: University Spinoffs andWealth Creation. Cheltenham, UK:Edward Elgar,2004.

    Essas caractersticas brevemente descritas estamparam na biotec-nologia o timbre de uma cincia de encruzilhada,uma vez que suas ati-vidades mais relevantes exigem o concurso simultneo de vrias dis-ciplinas e a colaborao de especialistas de reas diversas.

    Esse processo ocorre dentro e fora dos laboratrios, nas empresase consrcios que se dedicam aos temas relacionados sade, agricul-tura, meio ambiente e indstria. Em todas essas reas, as empresas sepautam pela diversidade, interdisciplinaridade e por uma grandedependncia das pesquisas em Cincia e Tecnologia (C&T).

    Dal Poz salientou como os clusters de biotecnologia nos EstadosUnidos e na Unio Europia, apesar das diferenas, apresentam umaconfigurao em rede para dar conta da malha de interdependnciasnecessria para o sucesso das empresas, tanto nas reas de fronteira(genmica e protemica), quanto nas intensivas em tecnologia5.

    Estudos recentes6 sugerem fortemente que a pesquisa em biotec-nologia exige um ambiente especial para florescer, a comear de umacapacitao sistemtica de recursos humanos e disponibilidade definanciamento de custo reduzido.Mais do que isso,porm,a possibi-lidade de inovar nessa rea est diretamente relacionada ao grau deinternacionalizao das fontes de pesquisa.Isso significa que,alm deproduzir e reproduzir bons profissionais, fundamental que existamlaos fortes entre os pesquisadores e os centros de pesquisa, tanto noplano nacional quanto no internacional.

    Nesse sentido, a construo de ambientes favorveis ao desenvolvi-mento da biotecnologia no obedece aos parmetros do curto prazo nemresiste s simplificaes da demanda tradicional por mais verbas,aindaque,evidentemente,na realidade brasileira,estas sejam necessrias.

    A complexidade organizacional das redes de biotecnologia e abusca de sua internacionalizao surgem como um grande desafiopara os formuladores de polticas de Cincia, Tecnologia e Inovao,uma vez que no Brasil a pesquisa acadmica sobre esses ambientesainda muito incipiente. A experincia internacional e nacional temmostrado, porm, que os casos de xito permitem a difuso generali-zada e a potencializao da pesquisa em um ritmo muito superior aotradicional, o que confere aos processos de produo de conheci-mento novo uma dinmica at h poucos anos inimaginvel.

    As redes de biotecnologia mais consistentes se estruturam comocorpos de natureza quase-pblica, ou semipblica. O alto custo, riscoe a incerteza que envolvem os empreendimentos exigem constante-mente o concurso de vrias instituies,pblicas e privadas,que agemcooperativamente de modo a obter complementaridade nas diferentesfases das investigao. Nem o mercado nem o Estado, isoladamente,do conta dessa realidade.O modo de operar da biotecnologia,a com-petncia exigida para dar forma e manter os ambientes propcios ao

    9NOVOS ESTUDOS 78 JULHO 2007

    01_GlaucoArbix_4a10.qxd 7/26/07 6:00 PM Page 9

  • [7] Ver:Da Silveira,J.M.,Dal Poz,E.eMelo, M. Overview Biotecnologia.Mimeo,2003.

    [8] No panorama brasileiro pode-seencontrar um nmero ainda pequenodessas empresas, algumas das quaisvicejaram a partir dos Projetos Ge-noma financiados pela Fapesp, comoa agroindustrial Allelyx (cana, euca-lipto e citros),Scylla (bioinformtica)e Canavialis (cana).

    seu desenvolvimento no podem prescindir dos recursos materiais,humanos e institucionais do setor pblico, nem do investimento eempreendedorismo do setor privado.

    Nos Estados Unidos existem empresas dedicadas biotecnologia(EDBs) com at 2000 funcionrios7. Intensivas em pesquisa, aglo-meram-se em clusters e investem bilhes de dlares por ano em pesqui-sas de longa maturao e alto custo e risco. Em grande parte, essasempresas se originaram a partir de spin offs de universidades. At hoje,cerca de 80% das EDBs americanas esto instaladas em parques tec-nolgicos ligados a centros universitrios de pesquisa, e foram prati-camente financiadas por um mercado de capital de risco,que no Brasilainda engatinha8.

    Mesmo com muitas dificuldades,a produo brasileira relevante,reconhecida mundialmente e crescente. Em dezembro de 2004, arevista Nature Biotechnology publicou um suplemento com os resulta-dos do survey internacional Health Biotechnology Innovation inDeveloping Countries.O item dedicado ao Brasil recebeu o sugestivottulo de The scientific muscle of Brazils health biotechnology.Coordenada pelo Programa Canadense em Genmica e Sade Global,do Joint Centre for Bioethics da Universidade de Toronto, a pesquisaavaliou o setor de biotecnologia em sade de sete pases em desenvol-vimento. O Brasil, na poca, apareceu bem na foto. Contribuiu paraisso o sucesso da produo de insulina humana recombinante, pro-cesso desenvolvido e patenteado pela Universidade Federal de MinasGerais (UFMG) e pela empresa Biobrs. Na mesma chave, a revistadestacou a importncia crescente da fabricao de vacinas e o seqen-ciamento da Xylella fastidiosa,patrocinado pela Fapesp.Os pontos dereferncia na rea da sade apontaram para a Fundao Oswaldo Cruz(Fiocruz),no Rio de Janeiro,e os Institutos Butantan e Ludwig de Pes-quisa sobre o Cncer,ambos em So Paulo. sempre bom lembrar queo nmero de publicaes de cientistas brasileiros sobre biotecnologiaem sade cresce ininterruptamente desde o final dos anos 1990.

    O debate e o estudo sobre as especificidades da produo cientficaem biotecnologia podem impulsionar ainda mais essa rea do conhe-cimento. Se os textos aqui publicados contriburem para despertar acuriosidade e o lan cientfico de nossos leitores, a iniciativa j tervalido a pena.

    Glauco Arbix professor no Departamento de Sociologia da FFLCH-USP.

    10 BIOTECNOLOGIA SEM FRONTEIRAS Glauco Arbix

    Recebido para publicao em 7 de julho de 2007.

    NOVOS ESTUDOSCEBRAP

    78, julho 2007pp. 5-10

    01_GlaucoArbix_4a10.qxd 7/26/07 6:00 PM Page 10