Bram Stoker - A Casa Do Juiz

18
7/17/2019 Bram Stoker - A Casa Do Juiz http://slidepdf.com/reader/full/bram-stoker-a-casa-do-juiz 1/18 A Casa do Juiz Bram Stoker Tradução: Jorge Telles de Menezes  A Casa do Juiz  Ao aproximar se a época dos exames, Malcom Malcolmson decidiu ir para um lugar qualquer onde se pudesse concentrar nos estudos sem ser interrompido. Ele temia as atracçes das praias, mas tam!ém o isolamento rural, uma "ez que con#ecia #$ m%ito os seus encantos, de modo que decidiu procurar uma cidade pequena e despretensiosa onde nada #ou"esse que o pudesse distrair. &ecidiu igualmente não pedir sugestes aos seus amigos, pois sem d%"ida todos eles indicariam lugares que con#eciam, e onde seguramente tam!ém '$ teriam amigos. (ra, se Malcomson dese'a"a e"itar os seus pr)prios amigos, não *aria qualquer sentido contactar os amigos dos seus amigos, e portanto resol"eu procurar sozin#o um lugar. +s numa mala algumas roupas e todos os li"ros de que necessita"a, e comprou um !il#ete para a primeira localidade descon#ecida que "iu no #or$rio dos com!oios.  Ap)s tr-s #oras de "iagem c#egou a enc#urc#, sentindo/se satis*eito por ter conseguido !aral#ar as pistas, e poder assim dispor da tranquilidade necess$ria para prosseguir os seus estudos. &irigiu/se de imediato $ %nica estalagem da pequena e adormecida localidade, na qual alugou um quarto para passar a noite. enc#urc#, in"adida durante uma semana de cada m-s pela enorme multidão que *requenta"a o seu mercado, era, nos restantes "inte e um dias, uma cidade tão atracti"a como um deserto. 0o dia seguinte 1 sua c#egada, Malcomson começou a procurar uma casa ainda mais isolada e tranquila do que a Estalagem do om 2ia'ante. Apenas l#e agradou uma, que indu!ita"elmente satis*azia as suas mais exageradas expectati"as em relação 1 tranquilidade de que dese'a"a des*rutar. Ali$s, tranquilidade nem sequer era a pala"ra adequada, pois para dar uma ideia do isolamento daquela casa seria necess$rio utilizar o termo desolação. Trata"a/se de uma casa "el#a, pesada e antiquada, de estilo 'aco!ino, com empenas e 'anelas maciças, pequenas e colocadas mais alto do que é #a!itual neste género de casas, e rodeada por um s)lido e alto muro de ti'olos. 0a realidade, parecia mais uma *ortaleza do que uma "ulgar "i"enda. Mas não o!stante, todas essas caracter3sticas agradaram a Malcomson.

description

Bram Stoker - A Casa Do Juiz

Transcript of Bram Stoker - A Casa Do Juiz

Page 1: Bram Stoker - A Casa Do Juiz

7/17/2019 Bram Stoker - A Casa Do Juiz

http://slidepdf.com/reader/full/bram-stoker-a-casa-do-juiz 1/18

A Casa do Juiz

Bram Stoker 

Tradução: Jorge Telles de Menezes

 A Casa do Juiz

 Ao aproximar se a época dos exames, Malcom Malcolmson decidiu ir para um lugar qualquer onde se pudesse concentrar nos estudos sem ser interrompido. Ele temia as atracçes das praias, mas tam!ém o isolamentorural, uma "ez que con#ecia #$ m%ito os seus encantos, de modo quedecidiu procurar uma cidade pequena e despretensiosa onde nada #ou"esse

que o pudesse distrair. &ecidiu igualmente não pedir sugestes aos seusamigos, pois sem d%"ida todos eles indicariam lugares que con#eciam, eonde seguramente tam!ém '$ teriam amigos. (ra, se Malcomson dese'a"ae"itar os seus pr)prios amigos, não *aria qualquer sentido contactar osamigos dos seus amigos, e portanto resol"eu procurar sozin#o um lugar. +snuma mala algumas roupas e todos os li"ros de que necessita"a, e comprouum !il#ete para a primeira localidade descon#ecida que "iu no #or$rio doscom!oios.

 Ap)s tr-s #oras de "iagem c#egou a enc#urc#, sentindo/se satis*eitopor ter conseguido !aral#ar as pistas, e poder assim dispor da tranquilidade

necess$ria para prosseguir os seus estudos. &irigiu/se de imediato $ %nicaestalagem da pequena e adormecida localidade, na qual alugou um quartopara passar a noite. enc#urc#, in"adida durante uma semana de cada m-spela enorme multidão que *requenta"a o seu mercado, era, nos restantes"inte e um dias, uma cidade tão atracti"a como um deserto. 0o dia seguinte1 sua c#egada, Malcomson começou a procurar uma casa ainda maisisolada e tranquila do que a Estalagem do om 2ia'ante. Apenas l#eagradou uma, que indu!ita"elmente satis*azia as suas mais exageradasexpectati"as em relação 1 tranquilidade de que dese'a"a des*rutar. Ali$s,

tranquilidade nem sequer era a pala"ra adequada, pois para dar uma ideiado isolamento daquela casa seria necess$rio utilizar o termo desolação.Trata"a/se de uma casa "el#a, pesada e antiquada, de estilo 'aco!ino, comempenas e 'anelas maciças, pequenas e colocadas mais alto do que é#a!itual neste género de casas, e rodeada por um s)lido e alto muro deti'olos. 0a realidade, parecia mais uma *ortaleza do que uma "ulgar "i"enda.Mas não o!stante, todas essas caracter3sticas agradaram a Malcomson.

Page 2: Bram Stoker - A Casa Do Juiz

7/17/2019 Bram Stoker - A Casa Do Juiz

http://slidepdf.com/reader/full/bram-stoker-a-casa-do-juiz 2/18

4Aqui est$ / pensou / o lugar que procura"a5 e se conseguir alugar esta casa,não #$ d%"ida de que serei um #omem *eliz.4 6uando se deu conta de que acasa s) podia estar desa!itada, a sua alegria aumentou ainda mais.

(!te"e nos correios o nome do agente imo!ili$rio, que *icouextremamente surpreendido ao sa!er da exist-ncia de uma pessoadese'ando alugar parte da "el#a casa. Mr Carn*ord, o ad"ogado e agentelocal, um am$"el e idoso ca"al#eiro, mostrou/se a!ertamente encantadopelo *acto de #a"er alguém com "ontade de ir "i"er nela.

/ +ara l#e dizer a "erdade / disse ele / até *icaria *eliz, pelos donos, sealguém "i"esse nela durante uns anos, nem que *osse de graça, para que aspessoas se #a !ituassem a "-/la #a!itada. Este"e tanto tempo "azia que secriou uma espécie de preconceito a!surdo a seu respeito, um preconceitoque s) poder$ desaparecer se a casa *or ocupada. . . , nem que se'a /acrescentou, lançando um ol#ar astuto na direcção de Malcomsonapenas

por um estudante como "oc-, que dese'a estar tranquilo durante algumtempo.

Malcomson ac#ou que não "alia a pena inteirar/se de mais pormenoresso!re o 4preconceito a!surdo,4, '$ que se quisesse podia o!ter maisin*ormaçes so!re esse tema noutros lugares. +agou tr-s meses de renda,rece!eu o reci!o de "olta, e saiu dali com as c#a"es no !olso e com aindicação do nome de uma sen#ora de idade que possi"elmente aceitariaocupar se dele. &irigiu/se então 1 estalagem, com a intenção de pedir consel#os 1 sua propriet$ria, a 7ra. 8it#am, uma sen#ora alegre e

simp$tica, so!re o género e a quantidade de "3"eres que necessitaria.6uando l#e disse onde se prepara"a para ir morar, ela le"antou os !raçosnum gesto de espanto.

/ 0ão na Casa do Juiz9 / exclamou, empalidecendo. Ele explicou alocalização da casa, dizendo que ignora"a o seu nome. 6uando terminou, amul#er respondeu:

/ 7im, não #$ d%"ida. . . não #$ qualquer d%"ida9 mesmo a Casa doJuiz.

Malcomson pediu/l#e então que l#e *alasse da casa, que l#e explicasse arazão por que a c#ama"am assim, e o que é que #a"ia contra ela. A mul#er 

disse/l#e que a con#eciam localmente por esse nome de"ido ao *acto de ter sido, muitos anos antes / #$ quantos ao certo não o poderia dizer, uma "ezque ela era de uma outra parte da região, mas teriam sido cem ou mais / aresid-ncia de um certo 'uiz que inspira"a um enorme terror em "irtude dorigor das suas sentenças e da #ostilidade que mani*esta"a no seu tri!unalem relação aos acusados. +orém, quanto 1 casa em si mesma, nadapoderia dizer Ela pr)pria tentara muitas "ezes sa!er o que se tin#a passado,

Page 3: Bram Stoker - A Casa Do Juiz

7/17/2019 Bram Stoker - A Casa Do Juiz

http://slidepdf.com/reader/full/bram-stoker-a-casa-do-juiz 3/18

no entanto ninguém a sou!era in*ormar. Mas o que não #a"ia d%"ida era queexistia o sentimento geral de que ali #a"ia algo e, quanto a ela, nem por todoo din#eiro do anco de &rin;s<ater aceitaria *icar sozin#a naquela casa umas) #ora que *osse. E, depois desta a*irmação, pediu desculpa a Malcomsonpor estar a dizer coisas que o poderiam pertur!ar.

/ 0ão gosto nada deste género de coisas, e so!retudo do *acto de osen#or, que é um 'o"em ca"al#eiro, desculpe/me diz-/lo, ir "i"er alia!solutamente sozin#o. . . 7e *osse meu *il#o, e permita/me que o diga, nãodormiria ali nem sequer uma noite, nem que eu pr)pria ti"esse de ir l$ tocar o grande sino de alarme que existe no tel#ado9

 A !oa mul#er *ala"a mani*estamente com tanta !oa/*é e as suasintençes eram tão simp$ticas que Malcomson, apesar de di"ertido, *icousensi!ilizado. Expressou/l#e o quanto aprecia"a o interesse que ela l#emani*esta"a, e acrescentou:

/ Mas, cara sen#ora 8it#am, realmente não precisa de se preocupar comigo9 =m #omem que est$ a estudar matem$ticas superiores tem coisasde mais em que pensar para poder ser incomodado por um dessesmisteriosos algos, e o seu tra!al#o é tão exacto e prosaico que não so!e'ana sua ca!eça espaço, se'a para que tipo de mistérios *or9 A progressão#arm)nica, as permutaçes, as com!inaçes e as *unçes el3pticas sãomistérios su*icientes para mim9

 A 7ra. 8it#am encarregou/se ama"elmente de tratar das suas compras,enquanto ele *oi procurar a mul#er idosa que l#e *ora recomendada. E

quando, passadas umas #oras, regressou com esta %ltima 1 Casa do Juiz,encontrou/a 1 sua espera, acompan#ada por "$rios #omens e rapazes, que,além de di"ersos pacotes, tin#am transportado uma cama numa carroça,porquanto, como ela disse, em!ora as cadeiras e as mesas esti"essem !emconser"adas, uma cama que não *ora are'ada #$ pelo menos cinquentaanos não era adequada para o descanso de ossos tão 'o"ens. Era tãoe"idente a sua curiosidade em "er o interior da casa que, apesar de tantotemer os algos, não deixou de a percorrer de uma ponta 1 outra, em!ora aomenor ru3do se agarrasse ime diatamente a Malcomson, do qual não seseparou nem sequer por um segundo.

 Ap)s examinar a casa, Malcomson decidiu ocupar a gr$nde sala de 'antar, que era su*icientemente grande para satis*azer todas as suasnecessidades5 e a 7ra. 8it#am, com a a'uda da "el#a 7ra. &empster,começou a arrumar as coisas. (s pacotes *oram le"ados para dentro dacasa e a!ertos, e Malcomson o!ser"ou que a 7ra. 8it#am tin#a tido aama!ilidade de en"iar da sua pr)pria cozin#a pro"ises su*icientes para

Page 4: Bram Stoker - A Casa Do Juiz

7/17/2019 Bram Stoker - A Casa Do Juiz

http://slidepdf.com/reader/full/bram-stoker-a-casa-do-juiz 4/18

"$rios dias. Antes de partir, ela exprimiu toda uma série de !ons dese'os, e,ao c#egar 1 porta, "irou/se e disse:

/ E se cal#ar, sen#or, dado que a sala é grande e c#eia de correntes dear, o mel#or seria instalar um desses grandes !iom!os 1 "olta da camadurante a noite. . . Mas, a "erdade se'a dita, eu c$ morreria se ti"esse que*icar aqui *ec#ada, com todos esses. . . com todas essas coisas, amostrarem as suas ca!eças pelos lados e por cima do !iom!o, com os ol#os*ixos em mim9

 A imagem que tin#a aca!ado de e"ocar *oi excessi"a para os seusner"os, o que a *ez sair precipitadamente.

 A 7ra. &empster, dando/se ares de superioridade, deu uma *ungadelaquando a outra mul#er desapareceu, a*irmando que, quanto a ela, não tin#amedo nem de todos os duendes do reino.

/ &eixe/me dizer/l#e o que se passa, sen#or / acrescentou. / (s duendes

são toda a espécie de coisas... menos duendes9 >atazanas, ratos eescara"el#os, eis o que eles são5 e tam!ém portas que rangem, tel#assoltas e "idraças partidas, !em como ga"etas empenadas5 que *icam de *oradepois de serem a!ertas e que caem sozin#as no meio da noite. (l#e paraos lam!ris de madeira da sala9 7ão "el#os, "el#os como sei l$ o qu-... t-mmais de cem anos9 E então ac#a poss3"el que aqui não #a'a ratos, eratazanas, e escara"el#os9 E imagina, sen#or, que não "er$ nen#um? (sratos são os duendes, digo/l#e eu, e os duendes são os ratos. Acredite noque l#e digo9

/ 7ra. &empster / disse Malcomson gra"emente, com uma polidainclinação da ca!eça / a sen#ora sa!e mais do que um catedr$tico dematem$ticas9 E deixe/me dizer l#e que, em sinal de estima pela suaindu!it$"el sa%de mental, permitirei que tome possessão desta casa, e queresida aqui durante os %ltimos dois meses do meu aluguer, pois quatrosemanas serão su*icientes para o que tenciono *azer...

/ Agradeço/l#e muit3ssimo a sua ama!ilidade, sen#or9 / respondeu ela. /Mas não posso dormir uma s) noite *ora da casa onde moro. a Casa deCaridade @reen#o<, e !astaria não dormir uma noite no meu dormit)rio paraperder todos os meus direitos de l$ estar. 0ão posso correr nen#um risco.

7e não *osse por isso, sen#or, "iria dormir aqui com muito gosto durante asua estada, para o ser"ir.

/ Min#a !oa sen#ora / disse Malcomson com "i"acidade / "im até aquicom o prop)sito de conseguir solidão5 e acredite/ me que estou muito gratoao *alecido sen#or @reen#o< por ter organizado a sua casa de caridade, ouo que quer que ela se'a, de uma *orma tão admir$"el que me nega a

Page 5: Bram Stoker - A Casa Do Juiz

7/17/2019 Bram Stoker - A Casa Do Juiz

http://slidepdf.com/reader/full/bram-stoker-a-casa-do-juiz 5/18

Page 6: Bram Stoker - A Casa Do Juiz

7/17/2019 Bram Stoker - A Casa Do Juiz

http://slidepdf.com/reader/full/bram-stoker-a-casa-do-juiz 6/18

permitir se o luxo de dar uma !oa ol#adela 1 sala. +egando na lDmpada comuma das mãos, percorreu a sala de uma ponta 1 outra, perguntando a simesmo por que razão uma casa tão original e !ela *icara tanto tempoa!andonada. (s lam!ris de car"al#o tin#am sido tra!al#ados com requinte,e o mesmo se passa"a com as 'anelas e com as portas. 0as paredes "iam/se alguns quadros, mas co!ertos por uma tão espessa camada de p) e desu'eira que era imposs3"el distinguir neles qualquer pormenor, mesmole"antando a lDmpada acima da ca!eça o mais alto poss3"el, comoMalcomson *ez. Aqui e ali, enquanto da"a a "olta 1 sala, reparou nalgumasgretas e em !uracos !loqueados durante um momento por uma ratazanacom os ol#os a !ril#ar re*lectindo a luz, mas que não tarda"a a desaparecer,en"olta num c#iado e num rumor de *uga. A coisa que mais intrigouMalcomson, contudo, *oi a corda do grande sino de re!ate do tel#ado, quependia num canto da sala, 1 direita da la reira. Arrastou para perto desta

uma grande cadeira de car"al#o, de espaldar alto, e sentou/se nela paratomar uma %ltima c#$"ena de c#$. Feito isso, a"i"ou o *ogo e regressou aoseu tra!al#o, sentado na extremidade da mesa, com o *ogo 1 sua esquerda.

 As ratazanas ainda o pertur!aram durante algum tempo com as suasconstantes correrias, mas Malcomson *oi/se #a!ituando ao !arul#o, comouma pessoa se #a!itua ao tic/tac de um rel)gio ou ao ru3do de uma torrente,e aca!ou por mergul#ar de tal *orma no seu tra!al#o que tudo no mundo,exceptuando o pro!lema que tenta"a solucionar, deixou de existir para ele.

7u!itamente le"antou a ca!eça, ainda sem ter resol"ido o pro!lema,

sentindo no ar aquela #ora tão pecu liar que precede o aman#ecer, e que tãotem3"el se re"ela para aqueles que t-m "idas du"idosas. ( !arul#o dasratazanas cessara. +arecia/l#e que isso se passara #$ apenas algunsinstantes, e que o que o desconcentrara *ora precisamente esse repentinosil-ncio. ( *ogo morrera pouco a pouco, mas ainda esta"a en"olto numaaura de um "ermel#o incandescente. Ao ol#ar nessa direcção, e apesar detodo o seu sang *rio, Malcomson so!ressaltou/se.

 Ali, so!re o assento da grande cadeira de car"al#o de espaldar alto, 1direita da lareira, encontra"a/ se uma enorme ratazana, ol#ando/o *ixamentecom um ol#ar maligno. Malcomson *ez um gesto para a a*ugentar, por-m o

animal não se mo"eu. E o mesmo se passou quando, a seguir, ele *ezmenção de l#e atirar qualquer coisa5 s) que dessa "ez a ratazana exprimiu asua rai"a mostrando os seus grandes dentes !rancos, enquanto que os seusol#os cruéis, !ril#ando 1 luz da lDmpada, emitiam um lampe'o de "ingança.

 A atitude da ratazana surpreendeu Malcomson, que correu na direcção dalareira para agarrar o atiçador com a intenção de a matar. +orém, antes deconseguir acertar/l#e, a ratazana saltou para o c#ão, c#iando de uma *orma

Page 7: Bram Stoker - A Casa Do Juiz

7/17/2019 Bram Stoker - A Casa Do Juiz

http://slidepdf.com/reader/full/bram-stoker-a-casa-do-juiz 7/18

que parecia concentrar todo o seu )dio, e, su!indo pela corda do sino dere!ate, desapareceu na zona de o!scuridade onde não c#ega"a a luz dalDmpada, cu'o alcance era limitado por um que!ra/luz "erde. E o maisestran#o *ora que o !arul#o das ratazanas por detr$s dos lam!ris de madeirarecomeçara nesse exacto instante.

&esta "ez, Malcomson não conseguiu concentrar/se de no"o nopro!lema. E, ou"indo um galo anunciar a aproximação da man#ã, decidiu ir deitar se para dormir.

&ormiu pro*undamente, tão pro*undamente que nem sequer notou ac#egada da 7ra. &empster para l#e arran'ar o quarto. E s) acordou quandoa "el#a sen#ora '$ tin#a *eito a limpeza e preparado o pequeno/almoço, eap)s ela ter dado umas pancadas no !iom!o por detr$s do qual esta"a acama onde dormia. Em!ora esti"esse ainda um pouco cansado de"ido ao$rduo la!or nocturno, uma c#$"ena de c#$ *orte depressa o recomps. E,

pegando num li"ro, saiu para o seu passeio matinal le"ando consigoalgumas sandu3c#es, dado que não l#e apetecia "oltar a casa antes do

 'antar Encontrou um carreiro calmo entre os olmeiros, a*astado da cidade, eai passou grande parte do dia estudando o seu Gaplace. Antes de regressar a casa, decidiu "isitar a 7ra. 8it#am, para l#e agradecer todas as suasama!ilidades. E quando, atra"és de uma 'anela com "idros de "$rias coresdo seu santu$rio, ela o "iu c#egar, *oi rece!-/lo no exterior e con"idou/o aentrar, ol#ando/o com um ar inquisiti"o. +or *im a!anou a ca!eça e disse:

/ 0ão de"ia tra!al#ar tanto, caro sen#or9 Est$ mais p$lido #o'e que de

costume. Estar acordado até altas #oras é es*orço de mais para o cére!ro,não *az !em a ninguém9 Mas diga/me, sen#or, como passou a noite? Esperoque !em. Con*esso/l#e, contudo, que *iquei contente quando a 7ra.&empster me disse esta man#ã que o encontrou !em e a dormir pro*undamente9

/ 7im, realmente *oi )ptimo / respondeu ele, sorrindo./ (s algos, não me incomodaram mesmo nada5 apenas as ratazanas,

que, deixe/me que l#e diga, montaram ali um aut-ntico circo9 Especialmenteuma, com um ar "erdadeiramente dia!)lico, que a certa altura se instalou noassento da min#a pr)pria cadeira, 'unto da lareira, e que s) *ugiu dcpois de

eu a ameaçar com o atiçador9 7u!iu então pela corda do sino de re!ate,desaparecendo algures na parte de cima da parede, ou no tecto, não pude"er !em por estar muito escuro.

/ &eus nos acuda9 / exclamou a 7ra. 8it#am. / =m "el#o dia!o, e numacadeira 'unto ao *ogo9 Ten#a cuidado, sen#or, ten#a muito cuidado9 H$muitas coisas "erdadeiras que se dizem por graça9

/ ( que - que quer dizer com isso? +ala"ra que não a compreendo.

Page 8: Bram Stoker - A Casa Do Juiz

7/17/2019 Bram Stoker - A Casa Do Juiz

http://slidepdf.com/reader/full/bram-stoker-a-casa-do-juiz 8/18

/ =m "el#o dia!o9 ( "el#o dia!o, se cal#ar. (#, sen#or, não se de"ia rir9 /exclamou, pois Malcomson não conseguira conter se e soltara uma *rancagargal#ada.

/ 2oc-s, os 'o"ens, pensam que é *$cil rir de coisas que *$zemestremecer os mais "el#os. Mas pouco importa, sen#or, não *aça caso96ueira &eus que possa continuar a rir o tempo todo, é isso o que eu l#edese'o9

E a !oa mul#er "oltou a irradiar uma simpatia alegre, esquecendo por momentos os seus temores.

/ (#, desculpe/me9 / disse então Malcomson. / 0ão me 'ulgue descort-s,mas a ideia de que o pr)prio dia!o este"e em pessoa na cadeira, ontem 1noite, *ez/me rir9

E s) o *acto de a relem!rar *ez com que desse uma no"a gargal#ada.>egressou então 1 Casa do Juiz a *im de 'antar.

0essa noite, o !arul#o das ratazanas começou mais cedo5 ter se/iaseguramente iniciado antes do seu regresso, e apenas deixou de se )u"ir durante uns instantes, enquanto durou o susto pela sua c#egada impre"ista.&epois de 'antar, Malcomson sentou/se um momento perto do *ogo para*umar um cigarro e, ap)s limpar a mesa, reiniciou o seu tra!al#o. Asratazanas, no entanto, distra3am/no mais do que na noite anterior. A#. comocorriam para cima e para !aixo, e de!aixo do

soal#o, e nas alturas do tecto9 Como guinc#a"am, e arran#a"am e ro3am9E como, cada "ez mais atre"idas, começaram a aparecer nas sa3das das

suas tocas, e em todas as gretas e *endas dos lam!ris das paredes, com osol#os !ril#ando como pequenas lDmpadas 1 luz do *ogo declinante9 Maspara ele, sem d%"ida por '$ se ter acostumado, esses ol#os não erammalé"olos, apenas "ia neles algo de tra"esso e !rincal#ão. As ratazanasmais cora'osas *aziam de "ez em quando incurses pelo c#ão, ou seguindoos rele"os dos lam!ris. E por di"ersas "ezes, quando elas o começa"am aincomodar demasiado, Malcomson te"e que *azer ru3dos, !atendo na mesacom a mão ou emitindo um *orte 7ssc#, sssc#, de modo a assust$/las e a*az-/las *ugir para os seus esconderi'os.

 Assim se passou a primeira parte da noite5 e, apesar de todo aquele

!arul#o, Malcomson mergul#ou cada "ez mais no seu tra!al#o.>epentinamente le"antou a ca!eça, como na noite anterior, dominado por 

uma s%!ita sensação de sil-ncio. 0ão se ou"ia o mais ligeiro som de roer, dearran#ar ou de c#iar. &ir se/ia o sil-ncio de uma tum!a. Gem!rando/se doestran#o acontecimento da "éspera, ol#ou instinti"amente para a cadeiracolocada perto do *ogo, e uma sensação !izarra percorreu/ l#e o corpo dealto a !aixo.

Page 9: Bram Stoker - A Casa Do Juiz

7/17/2019 Bram Stoker - A Casa Do Juiz

http://slidepdf.com/reader/full/bram-stoker-a-casa-do-juiz 9/18

 Ali, ao lado da lareira, instalada no assento da grande e antiga cadeira decar"al#o tra!al#ado e de espaldar alto, encontra"a/se a enorme ratazana,ol#ando para ele *ixamente com uns ol#os repletos de maldade.

Então, instinti"amente, Malcomson pegou no primeiro o!'ecto que esta"aao alcance da sua mão, umas t$!uas de logaritmos, e lançou/o na direcçãoda ratazana, sem grande pontaria porém, de modo que o animal nem sequer se mexeu. Te"e, pois, que repetir a cena do atiçador da noite anterior, mascom o mesmo resultado: ao "er se perseguida, a ratazana escapuliu/se deno"o, su!indo pela corda do sino dé re!ate. Tam!ém muito estran#o *oi o*acto de o !arul#o *eito por toda a comunidade ter recomeçadoimediatamente ap)s a *uga daquela ratazana em particular. E de no"oMalcomson *oi incapaz de "er onde desaparecera o animal, não s) porque oque!ra/luz da sua lDmpada mergul#a"a a parte de cima da sala naescuridão, mas tam!ém porque o *ogo '$ pouco ilumina"a.

(l#ando o seu rel)gio "iu que era quase meia/noite5 no *undo, odi"ertimento não l#e desagrada"a. . . A"i"ou o *ogo e preparou a suac#$"ena de c#$ da noite. Tin#a tra!al#ado !astante, e pensou que tin#adireito a um cigarro5 sentou/se, pois, na grande cadeira de car"al#o perto do*ogo, começando a *umar com deleite. +s/se então a pensar que gostariade sa!er onde se meteria a ratazana, '$ que começa"am a tomar *orma noseu esp3rito algumas ideias quanto a uma poss3"el ratoeira, ideias essas quepoderia pr em pr$tica no dia seguinte. &ecidiu, por conseguinte, acender outra lDmpada, e coloc$/la de modo a iluminar !em o canto *ormado pela

lareira e pela parede 1 sua direita. >euniu em seguida todos os li"ros quetin#a consigo, pondo/os !em ao alcance da mão, de modo a poder atir$/loscon tra o animal assim que se apresentasse uma oportunidade. +or *im,le"antou a corda do sino de re!ate e colocou o seu extremo in*erior so!re amesa, prendendo/o com a lDmpada. Ao mexer na corda não pde deixar denotar a que ponto ela era male$"el, so!retudo le"ando em conta que setrata"a de uma corda !astante grossa, e que ainda por cima não era usada#$ muito. 47eria poss3"el en*orcar um #omem com uma corda destas4,pensou para os seus !otes. Terminados os preparati"os, ol#ou em seuredor e, satis*eito, disse:

/ Creio, cara amiga, que desta "ez aprenderemos algo so!re si9>ecomeçou então a estudar, e ainda que no in3cio, como l#e acontecera

anteriormente, o !arul#o produzido pelas ratazanas o incomodasse, nãotardou a perder/se completamente nas suas proposiçes e pro!lemas. Mas,su!itamente, algo atraiu de no"o a sua atenção. &esta "ez não se trata"aapenas do repentino sil-ncio5 a corda tam!ém se mo"imentara, ainda queligeiramente, e a lDmpada mo"era/se. 7em mexer um s) m%sculo,

Page 10: Bram Stoker - A Casa Do Juiz

7/17/2019 Bram Stoker - A Casa Do Juiz

http://slidepdf.com/reader/full/bram-stoker-a-casa-do-juiz 10/18

Malcomson certi*icou/se primeiro de que a pil#a de li"ros esta"a ao alcanceda sua mão, deixando em seguida o ol#ar deslizar ao longo da corda, atéque a certa altura "iu a grande ratazana dar um salto desta para o assentoda cadeira de car"al#o, imo!ilizando/se a3 a ol#ar para ele. ( estudantepegou então num li"ro com a mão direita, le"antou/o *azendo pontariacuidadosamente, e atirou/ o com toda a *orça na direcção do animal. Este,porém, num r$pido mo"imento, saltou para o lado e esqui"ou/se do pro'éctil.Malcomson pe gou num segundo li"ro, e num terceiro, e atirou/os um atr$sdo outro contra a ratazana, mas sempre sem sucesso. +or *im, no momentoem que se prepara"a para atirar o sexto ou sétimo li"ro, a ratazana c#iou epare ceu assustar se, o que *ez com que Malcomson sentisse ainda maior "ontade de l#e acertar: o li"ro "oou e *oi em!ater nela com um golpe sonoro.( animal lançou um c#iado aterrorizador e, lançando na direcção do seuperseguidor um ol#ar repleto de maldade, su!iu pela cadeira acima, dando

depois um enorme salto a *im de atingir a corda do sino de re!ate, pela qualdesapareceu 1 "elocidade de um raio. A lDmpada que prendia o extrImo dacorda !alanceou um pouco por causa do esticão repentino pro"ocado pelosalto, mas como era pesada não c#egou a cair. Malcomson não des"iou ool#ar da ratazana e, graças 1 luz da segunda lDmpada, pde "-/la saltar para um rele"o do lam!ril de madeira e desaparecer num !uraco existentenum dos grandes quadros pendurados na parede, cu'a pintura se encontra"atotalmente in"is3"el so! uma espessa camada de p) e de su'eira.

/ Aman#ã lançarei uma ol#adela 1 "i"enda da min#a amiga / disse o

estudante em "oz alta, enquanto apan#a"a os li"ros espal#ados pelo c#ão./ ( terceiro quadro a partir da lareira: não o esquecerei. / medida que i$apan#ando os li"ros um a um, e que lia os seus t3tulos, *azia um coment$rioso!re eles. / As

47ecçes c)nicas não l#e acertaram, nem as (scilaçes cicloidais, nemos +rincipia, nem os 6uarténios, nem a TermodinDmica. . . A#9 Eis o li"ro quel#e acertou9 / Ac pegar nele4, e "endo o seu t3tulo, Malcomson so!ressaltou/se, enquanto uma s%!ita palidez l#e in"adia o rosto. (l#ou em redor,inquieto e estremecendo ligeiramente, ao mesmo tempo que murmura"apara si mesmo: 4A 3!lia que a min#a mãe me deu9 6ue estran#a

coincid-ncia 942oltou a sentar se e ps/se de no"o a tra!al#ar, enquanto as ratazanas

recomeçaram as suas ca!riolas. Mas o !arul#o '$ não o incomoda"a e, dealguma maneira, a sua presença até l#e proporciona"a uma certa sensaçãode compan#ia. 0ão conseguiu no entantc concentrar se, e, depois de tentar sem resultado assimilar o tema que tin#a entre mãos, a!andonou/o com de

Page 11: Bram Stoker - A Casa Do Juiz

7/17/2019 Bram Stoker - A Casa Do Juiz

http://slidepdf.com/reader/full/bram-stoker-a-casa-do-juiz 11/18

sespero e *oi/se deitar, exactamente quando os primeiros raios damadrugada entra"am pela 'anela "irada leste.

&ormiu pesadamente mas sempre inquieto, son#ando muito. E quando a7ra. &empster o acordou, '$ man#ã ia alta, o seu aspecto era o de umapessoa que tin#a repousado muito pouco. &urante alguns minutos nãopareceu dar/ se conta do lugar onde se encontra"a. E o seu primeiro pedidosurpreendeu considera"elmente a criada.

/ 7ra. &empster, depois de eu sair gostaria que pegasse na escada e quelimpasse !em todos aqueles quadros... especialmente aquele ali, o terceiro acontar da lareira. 6uero "er o que é que eles representam.

 A tarde '$ se aproxima"a do seu *im quando Malcomson parou deestudar, 1 som!ra das $r"ores. 0otara, con*orme ela ia decorrendo, queassimila"a cada "ez mais *acilmente as matérias, e que, pouco a pouco, regressara ao optimismo que sentia no dia anterior. Tin#a conseguido resol"er 

satis*atoriamente todos os pro!lemas cu'a solução l#e escapara até a3, eesta"a de tal *or ma eu*)rico que decidiu ir "isitar a 7ra. 8it#am n Estalagemdo om 2ia'ante. Encontrou/a na sua con*ort$"el sala de estar, nacompan#ia de um descon#ecido que l#e *oi apresentado como sendo o &r T#orn#ill. Era "is3"el que a !oa mul#er não se sentia completamente 1/"ontade, e isso, aliado ao *acto de o #omem ter começado imediatamente acolocar l#e uma série de perguntas, *ez Malcomson concluir que a suapresença não se de"ia ao acaso. &isse, pois, sem rodeios:

/ &r T#orn#ill, responder l#e/ei com o m$ximo prazer a todas as

perguntas que me quiser *azer, mas antes ter$ de me responder a umapergunta min#a.( médico pareceu *icar surpreendido. 7orriu, porém, e respondeu

imediatamente:/ 7em d%"ida9 &e que é que se trata?/ +or acaso não l#e ter$ a 7ra. 8it#am pedido para "ir até aqui para me

"er e me aconsel#ar?( &r T#orn#ill pareceu *icar desconcertado por um momento, enquanto a

7ra. 8it#am enru!escia e "ira"a o rosto para o lado. Mas o médico era um#omem *ranco e inteligente, e portanto não tardou a reencontrar a sua

presença de esp3rito, respondendo a!ertamente:/ Assim *oi, de *acto, mas ela não queria que "oc- o sou!esse. 7upon#o

que *oi a min#a desastrada pressa que o *ez descon*iar. Ela con*essou/meque não l#e agrada nada o *acto de o sen#or estar a "i"er sozin#o naquelacasa, e além disso ac#a que toma demasiado c#$, e *orte de mais. A"erdade é que gosta"a que eu o aconsel#asse a não !e!er tanto c#$, e anão *icar acordado até tão tarde. Eu tam!ém *ui um !om estudante no meu

Page 12: Bram Stoker - A Casa Do Juiz

7/17/2019 Bram Stoker - A Casa Do Juiz

http://slidepdf.com/reader/full/bram-stoker-a-casa-do-juiz 12/18

tempo, e por isso espero que não se o*enda se eu tomar a li!erdade de l#edar um consel#o, posto que l#e *alo não como um estran#o, mas sim comoum colega uni"ersit$rio.

Malcomson estendeu/l#e a mão, acompan#ando o gesto com um sorrisorasgado.

/ Tome l$ cinco, como eles dizem na América9 / exclamou. / Agradeço/ l#emuit3ssimo a sua gentileza, assim como 1 7ra. 8it#am, e a "ossaama!ilidade o!riga/me a pagar "os na mesma moeda. +rometo pois deixar de tomar c#$ demasiado *orte, e mesmo c#$ *raco, até que mo autorize, eesta noite irei para a cama no m$ximo 1 uma da man#ã. Ac#a !em assim?

/ Ac#o per*eito / respondeu o médico. / E agora conte/nos tudo o que temo!ser"ado no "el#o casarão.

Malcomson relatou pormenorizadamente tudo o que se passara nas duasanteriores noites. &e "ez em quando era interrompido por uma exclamação

da 7ra. 8it#am, até que *inalmente, ao c#egar ao epis)dio da 3!lia, toda aemoção reprimida da mul#er explodiu num tremendo alarido, que s) seacalmou depois de ela ter !e!ido um !om copo de con#aque com $gua. (&r T#orn#ill ou"iu o estudante com uma expressão cada "ez mais gra"e e,quando ele *inalizou a narrati"a e a 7ra. 8it#am pareceu estar resta!elecida,perguntou:

/ A ratazana so!e sempre pela corda do sino de re!ate?/ 7empre./ 7upon#o que o sen#or sai!a / disse o médico depois de uma pausa /

que corda é essa?/ 0ão *aço a menor ideia9/ / disse lentamente o médico / a corda que usa"a o carrasco para

en*orcar as "3timas do cruel 'uiz. Ao c#egar a este ponto, *oi interrompido por outro grito da 7ra. 8it#am,

que necessitou no"amente de a'uda para se recompor Malcomson, aoconsultar o seu rel)gio, reparou que esta"a quase na #ora do 'antar, e por isso partiu na direcção da sua casa antes de a dona da estalagem estar completamente recuperada.

 Assim que se sentiu mel#or, a 7ra. 8it#am, !astante zangada, exigiu

explicaçes do médico, por este estar a meter na ca!eça do 'o"em ideias tão#orr3"eis.

/ Ele '$ tem demasiadas preocupaçes9 / acrescentou. ( &r T#orn#illrespondeu:

/ Min#a cara 7ra. 8it#am, o que tentei *azer *oi uma coisa completamentedi*erente9 +rocurei atrair a atenção dele para a corda do sino, e *ix$/la a3. poss3"el que ele se encontre num estado de grande excitação, e que este'a

Page 13: Bram Stoker - A Casa Do Juiz

7/17/2019 Bram Stoker - A Casa Do Juiz

http://slidepdf.com/reader/full/bram-stoker-a-casa-do-juiz 13/18

a estudar de mais, mas ten#o de recon#ecer que ele parece a!solutamentenormal, tanto do pontonde "ista *3sico como mental. Mas. . . as ratazanas. . .e aquela sugestão do dia!o. . . / ( médico a!anou a ca!eça e acrescentou: /Ter me/ia o*erecido para ir passar a noite com ele, mas ten#o a certeza quese o*enderia com isso. Algo o poder$ aterrorizar durante a noite, ou poder$ter uma alucinação qualquer, e, se isso acontecer, quero que ele puxeaquela corda. Como est$ totalmente sozin#o, isso constituir$ para n)s uma"iso, e dar nos/$ a possi!ilidade de c#egar 'unto dele ainda a tempo de l#esermos %teis. Ficarei acordado até tarde esta noite, e manterei os meusou"idos !em a!ertos. 0ão se alarme, 7ra. 8it#am, se enc#urc# ti"er umasurpresa antes do raiar da man#ã.

/ (#, sen#or doutor, o que é que quer dizer com isso?/ Exactamente o seguinte: é muito poss3"el, ou mel#or dizendo pro"$"el,

que esta noite ouçamos o som do grande sino de re!ate da Casa do Juiz. . .

E o médico saiu de cena tão e*icazmente quanto seria de esperar. Ao c#egar a casa, Malcomson "eri*icou que esta"a um pouco atrasado

em relação 1 sua #ora #a!itual, e que a 7ra. &empster '$ se tin#a idoem!ora / as regras da Casa de Caridade @reen#o< decerto não existiampara serem in*ringidas9 Ficou contente por "er que a sala esta"a limpa ereluzente, com um *ogo alegre na lareira e uma lDmpada a *uncionar naper*eição. A tarde esta"a mais *ria do que é costume em A!ril, e um pesado"ento sopra"a com uma "iol-ncia que aumenta"a tão rapidamente que erade se esperar um temporal durante essa noite. ( !arul#o produzido pelas

ratazanas apenas se interrompeu durante alguns minutos, quandoMalcomson entrou, recomeçando assim que se acostumaram 1 suapresença. Contudo, ele *icou contente por as ou"ir, o!ser"ando de no"o quenesse ru3do #a"ia algo que o *azia sentir se acompan#ado5 e logo o seu esp3rito se *ixou no estran#o *acto de que a !arul#eira s) cessa"a quandoaquela outra ratazana, a grande com ol#os malignos, *azia a sua entrada emcena. Apenas esta"a acesa a lDmpada de leitura, cu'o que!ra/luz "erdemantin#a na o!scuridade o tecto e a parte superior da sala, de tal modo quea alegre e quente luz da lareira se estendia pelo c#ão e !ril#a"a na toal#a!ranca que co!ria o extremo da mesa. Malcomson sentou/se para 'antar,

!em disposto e com apetite. &epois de comer, e de ter *umado um cigarro,entregou/se ao seu tra!al#o, com a *irme determinação de não se deixar distrair por nada, pois recorda"a a promessa *eita ao médico e queriaapro"eitar o mel#or poss3"el o tempo de que dispun#a.

&urante aproximadamente uma #ora tra!al#ou sem pro!lemas, masdepois os seus pensamentos desprenderam/se dos li"ros e começaram a"aguear. As circunstDncias em que se encontra"a, a c#amada de atenção

Page 14: Bram Stoker - A Casa Do Juiz

7/17/2019 Bram Stoker - A Casa Do Juiz

http://slidepdf.com/reader/full/bram-stoker-a-casa-do-juiz 14/18

quanto 1 sua sa%de e a sua suscepti!ilidade ner"osa não podiam ser negadas. +or essa altura '$ o "ento se trans*ormara em "enda"al, e o"enda"al em temporal. A "el#a casa, ainda que s)lida, parecia tremer até 1ssuas *undaçes, e o "ento rugia e !rama"a atra"és das muitas c#aminés edas exc-ntricas empenas, produzindo sons estran#os e aterradores nosquartos "azios e nos corredores. Até o grande sino de re!ate no tel#adode"eria estar a sentir a *orça das ra'adas, pois a *lex3"el corda su!ia e desciale"emente como se o sino se mo"esse um pouco de tempos a tempos,*azendo/a !ater no c#ão com um som duro e oco.

 Ao escutar esse som, Malcomson recordou as pala"ras do médico: 4 acorda que utiliza"a o carrasco para en*orcar as "3timas do cruel 'uiz.4Ge"antou/se então, dirigindo/se para o canto perto da lareira, e tomou/a nassuas mãos para a o!ser"ar. +arecia sentir uma espécie de interesse m)r!idopor ela e, enquanto a ol#a"a, perdeu/se por um momento em con'ecturas

so!re quem teriam sido essas "3timas, e so!re o l%gu!re dese'o do 'uiz deter sempre perante o seu ol#ar uma tão maca!ra rel3quia. &urante o tempoem que permaneceu ali, o sua"e !alancear do sino continuou a *azer a cordasu!ir e !aixar de "ez em quando5 mas, su!itamente, sentiu uma no"asensação, uma espécie de tremor na corda, como se algo se mo"esse nela.

(l#ando para cima instinti"amente, e "endo a enorme ratazana, com osol#os *ixos nele, descer muito de"agar pela corda na sua direcção,Malcomson largou/a intempesti"amente, recuando com !rusquidão e mur murando uma praga. 2iu então a ratazana dar meia "olta, su!ir outra "ez

pela corda acima e desaparecer. E, nesse mesmo instante, o estudante deu/se conta de que o !arul#o produzido pelas ratazanas, que cessara duranteuns momentos, #a"ia recomeçado.

Tais acontecimentos deixaram/no pensati"o. Gem!rou/se então que aindanão in"estigara o nin#o da ratazana, nem examinara os quadros, como tin#aplaneado *azer. Acendeu a lDmpada sem que!ra/luz e, le"antando/a acimada sua ca!eça, dirigiu/se para o terceiro quadro 1 direita da lareira, por onde"ira desaparecer a ratazana na noite anterior 

 Assim que lançou o primeiro ol#ar retrocedeu !ruscamente, tão!ruscamente que quase deixou cair a lDmpada no c#ão, e simultaneamente

uma palidez mortal in"adiu/l#e o rosto. (s seus 'oel#os puseram/se a c#ocar um contra o outro, pesadas gotas de suor surgiram na sua testa, e o seucorpo começou a tremer como "aras "erdes. Mas ele era 'o"em e destemido,e conseguiu recompor se. &epois de uma pausa de alguns segundosa"ançou de no"o, le"antou a lDmpada e examinou a pintura do quadro, aqual, depois de limpa, se "ia claramente.

Page 15: Bram Stoker - A Casa Do Juiz

7/17/2019 Bram Stoker - A Casa Do Juiz

http://slidepdf.com/reader/full/bram-stoker-a-casa-do-juiz 15/18

Trata"a/se do retrato de um 'uiz, "estido com a sua indument$ria dep%rpura e armin#o. 0o seu rosto *orte e desapiedado, ar"orando umaexpressão maligna, astuta e "ingati"a, "ia/se uma !oca sensual e um nariza"ermel#ado, com a *orma de !ico de a"e de rapina. ( resto da cara tin#aum aspecto cada"érico, e os ol#os, com um !ril#o peculiar, exprimiam umamaldade terr3"el. Malcoms)n, ao ol#$/los, sentiu um cala*rio percorrer/l#e ocorpo, "endo neles uma réplica exacta dos ol#os da grande ratazana. AlDmpada quase l#e caiu das mãos quando a "iu espreitar, com aqueles seusol#os maldosos, de um !uraco existente no canto do quadro. E nessemomento reparou que o ru3do produzido pelas outras ratazanas e pelos ratoscessara !ruscamente. Conseguiu recompor se de no"o, e prosseguir oexame do quadro.

( 'uiz esta"a sentado numa grande cadeira de car"al#o la"rada, deespaldar alto, 1 direita de uma grande lareira de pedra, 'unto 1 qual se "ia

uma corda, suspensa do tecto e com a sua extremidade in*erior enrolada noc#ão. n"adido por uma sensação pr)xima do terror, Malcomson,recon#ecendo nessa cena a sala onde se encontra"a, ol#ou espa"orido emseu redor, como se temesse encontrar uma qualquer presença estran#aatr$s de si. 2oltou então a ol#ar para o canto da lareira e, soltando um gritoestridente, deixou cair a lDmpada que tin#a na mão.

 Ali, na cadeira do 'uiz, com a corda pendendo atr$s dela, encontra"a/se aenorme ratazana, com aquele ol#ar maligno igual ao dele, mais !ril#ante edia!)licc do que nunca. Exceptuando o !arul#o do temporal, o sil-ncio era

a!soluto. A queda da lDmpada *-/lo regressar 1 realidade. Felizmente a lDmpadaera de metal, de modo que o petr)leo não se derramou. E a necessidadepr$tica de se ocupar dela depressa não tardou a serenar as suasapreenses ner"osas. &epois de a apagar, Malcomson lim pou o suor datesta e re*lectiu um momento.

/ sto não pode ser / disse em "oz alta. / 7e continuo assim, *ico louco.sto tem de parar9 +rometi ao médicc que não tomaria c#$. E de *acto eletem toda a razão9 (s meus ner"os de"em estar num estado terr3"el. Mas ocurioso é eu não o notar. 0unca me senti mel#or na min#a "ida. Mas agora

est$ tudo !em, e não "oltarei a comportar/me como um louco.>esol"eu então preparar um !om copo de con#aque com $gua, e em

seguida mergul#ou resolutamente no tra!al#o.Estuda"a #$ '$ uma !oa #ora quando um s%!ito sil-ncio o *ez le"antar a

ca!eça do li"ro que tin#a 1 sua *rente.( "ento,no exterior da casa,ui"a"a erugia com mais *orça do que nunca,e a c#u"a golpea"a os "idros das 'anelascomo se *osse granizo5 em contrapartida,no seu interior não se ou"ia um

Page 16: Bram Stoker - A Casa Do Juiz

7/17/2019 Bram Stoker - A Casa Do Juiz

http://slidepdf.com/reader/full/bram-stoker-a-casa-do-juiz 16/18

%nico som,exceptuando o eco do "ento na grande c#aminé,e de tempos atempos uma espécie de sil"o,quando,durante uma acalmia dotemporal,algumas gotas de c#u"a ca3am pela c#aminé a!aixo.( *ogo esta"aquase apagado,em!ora as !rasas ainda incandescIntes continuassem airradiar a sua luz"ermel#a.

Malcomson ps/se 1 escuta,o mais atento poss3"el, ou"indo então umru3do muito ténue,uma espécie de guinc#o cont3nuo e a!a*ado,"indo docanto onde se encontra"a suspensa a corda,que o *ez pensar tratar/se do!arul#o que esta *azia ao roçar no c#ão quando o !alancear do sino a *aziasu!ir e descer.

(l#ando mel#or,porém,"iu que a ratazana se tin#a agarrado 1 corda,eque a esta"a a roer. Ali$s, a corda esta"a '$ quase completamentero3da,podendo/se "er a cor mais clara no ponto onde as *i!ras interiores#a"iam sido postas a desco!erto.( ol#ar de Malcomson ainda esta"a

grudado a esse ponto quando a enorme ratazana terminou o seu tra!al#o,*azendo cair a parte in*erior da corda no c#ão de car"al#o com um ru3dosurdo,e *icando por momentos agarrada 1 outra ponta como uma espécie deprotu!erDncia ou de !orla a !alançar de um lado para o outro.Ao dar seconta de que o animal cortara a %nica possi!ilidade de comunicar com omundo exterior e de pedir socorro,Malcomson sentiu uma outra onda deterror in"adi/lo.Essa sensação *oi,no entanto,su!stitu3da por um )dio intensoe repentino,que o *ez atirar contra a ratazana o li"ro que esta"a a ler. ( tiroesta"a !em direccionado,porém a ratazana soltou/se da corda antes de o

li"ro a atingir, produzindo um som ligeiro ao cair no c#ão.Malcomson correuimediatamente na sua direcção,mas o animal escapuliu/se e desapareceunas tre"as do quarto.Malcomson,sentindo que não iria conseguir "oltar atra!al#ar nessa noite,decidiu "ariar a sua maneira de proceder e su!stituir oestudo por uma caçada 1s ratazanas. >etirou o que!ra/luz "erde dalDmpada, para ter mais luz, eliminando a escuridão em que se encontra"amergul#ada a parte superior da sala e *azendo com que os quadros,expostos a essa s%!ita in"asão de luz, intensa em comparação com oam!iente som!rio que antes reina"a, se destacassem na parede. &e ondeesta"a, Malcomson podia "er, mesmo 1 sua *rente, o terceiro 1 direita da

lareira. E a sua surpresa *oi tal quando o o!ser"ou que se ps a es*regar osol#os com *orça, sen tindo depois o pDnico a apossar se de si.

0o centro do quadro #a"ia um espaço "azio, grande e irregular, no qualse "ia a tela tão limpa como no mo mento em que *ora colocada na armação.( *undo do quadro não se alterara, continua"am l$ a cadeira, o canto dalareira e a corda. A *igura do 'uiz, porém, tin#a de saparecido.

Page 17: Bram Stoker - A Casa Do Juiz

7/17/2019 Bram Stoker - A Casa Do Juiz

http://slidepdf.com/reader/full/bram-stoker-a-casa-do-juiz 17/18

Malcomson, arrepiado de pa"or, começou a girar lentamente so!re sipr)prio e depois ps/se a tremer como se esti"esse a ter um ataque deparalisia. As suas *orças pareciam t-/lo a!andonado, deixando/o não s) naincapacidade de executar o menor mo"imento, mas tam!ém quase oimpedindo de pensar. Apenas conseguia "er e ou"ir.

 Ali, sentado na grande cadeira de car"al#o la"rada de espaldar alto,"estido com a sua indument$ria de p%rpura e armin#o, encontra"a/se o 'uiz.(s seus ol#os malignos !ril#a"am "ingati"amente, e a sua !oca crua eresoluta ostenta"a um sorriso de triun*o. Tin#a, nas mãos, um capuz preto,daqueles usados pelos carrascos Malcomson sentiu o sangue *ugir l#e docoração, con acontece em momentos de prolongada ansiedade. (s seusou"idos zum!iam. Conseguia no entanto escutar os ui"os da tempestade. Eatra"essando/a, deslizando so!re ela, "indas da praça do mercado,começou a ou"ir as pancadas da meia/noite. &urante um tempo que l#e

pareceu uma eternidade, permaneceu im)"el, com ol#os es!ugal#ados deterror e sem conseguir respirar medida que soa"am as pancadas dorel)gio, o sorriso de triun*o no rosto do 'uiz *oi/se intensi*icando5 e, ao soar a%ltima pancada da meia/noite, en*iou na ca!eça o capuz preto.

Em seguida o 'uiz le"antou/se da sua cadeira, lentamente,deli!eradamente, e *oi apan#ar o pedaço de corda do sino de re!ate queesta"a no c#ão. F-/lo primeiro correr entre as suas mãos como se esti"essea apreciar o seu contacto, e depois deu um n) numa das suas extremidades.=sando um dos pés, e como que a testar a *irmeza do n), puxou a corda

com toda a *orça até se dar por satis*eito, trans*ormando/o a seguir num laçocorredio, que segurou com am!as as mãos. niciou então um mo"imento aolongo da mesa, no lado oposto 1quele onde se encontra"a Malcomson,mantendo os ol#os *ixos nele até o ter ultrapassado e colocando/se a seguir,diante da porta com um r$pido mo"imento. ( estudante começou a sentir que ca3ra numa ratoeira, e tentou pensar no que poderia *azer. &esprendia/se uma cIrta *ascinação dos ol#os do 'uiz, que em nen#um momento sedes"iaram dos dele, *orçando/o a sustentar o ol#ar.

2iu o 'uiz aproximar se, mantendo/se sempre entre ele e a porta, le"antar o laço e depois lanç$/lo na sua direcção, tentando apan#$/lo. @raças a um

enorme es*orço, Malcomson consegui% des"iar se, e "iu a corda cair no c#ãode car"al#o ao seu lado, produzindo um som *orte e seco. +egando outra"ez no laço, o 'uiz *ez outra tentati"a para capturar o estudante, *itando/osempre directamente nos ol#os, mas Malcomson conseguiu escapar deno"o. A cena repetiu/se uma série de "ezes, sem que o 'uiz aparentassequalquer desDnimo ou descontentamento pelos seus *racassos, antesgozando a situação, como um gato que caça um rato. +or *im, no auge do

Page 18: Bram Stoker - A Casa Do Juiz

7/17/2019 Bram Stoker - A Casa Do Juiz

http://slidepdf.com/reader/full/bram-stoker-a-casa-do-juiz 18/18

seu desespero, Malcomson lançou uma r$pida ol#adela 1 sua "olta. &ir se/iaque a luz da lDmpada se rea"i"ara, e a sala esta"a !em iluminada. 0osmuitos !uracos das tocas, e nas gretas e *issuras dos lam!ris das paredes, oestudante "iu os ol#os das outras ratazanas5 e esta "isão, puramente *3sica,proporcionou/l#e um e*émero instante de !em/estar. (l#ou em "olta eaperce!eu/se que a corda do grande sino de re!ate esta"a completamenteco!erta de ratazanas, com cada cent3metro ocupado e com outras a sa3rempelo pequeno !uraco redondo do tecto, de tal modo que o seu pesocomeçou a *azer oscilar o sino.

( primeiro toque do !adalo no sino *oi ligeiro5 apenas começara, noentanto, e pouco a pouco tornar se/ia mais intenso.

 Ao ou"i/lo, o 'uiz, que até a3 manti"era o ol#ar *ixo em Malcomson, "irou/opara cima, com uma expressão de )dio dia!)lico no rosto. Com os ol#osreluzindo como car"es incandescentes, !ateu no c#ão com o pé,

produzindo um ru3do que pareceu a!alar a casa inteira. ( pa"oroso estrondode um tro"ão soou so!re as suas ca!eças, ao mesmo tempo que o 'uiz"olta"a a le"antar o laço, e que as ratazanas continua"am a su!ir e a descer pela corda, como se esti"essem a lutar contra o tempo. Mas desta "ez, emlugar de atirar o laço, o 'uiz aproximou/se da sua "3tima, mantendo/o a!ertoenquanto se aproxima"a. Ao c#egar 'unto do estudante pareceu irradiar algode paralisante apenas com a sua presença, e Malcomson permaneceu r3gidocomo um cad$"er, em!ora sentisse na garganta os dedos gelados do 'uizquando este a'ustou o laço, apertando/o !em. Então o 'uiz, tomando nos

seus !raços o corpo r3gido do estudante, colocou/o so!re a cadeira decar"al#o e, su!indo tam!ém para o assento desta, le"antou a mão para segurar a ponta da corda do sino de alarmI, *azendo as ratazanas *ugir edesaparecer pelo !uraco do tecto no meio de uma terr3"el c#iadeira. +egouem seguida na ponta do laço, que esta"a colocado no pescoço deMalcomson e, depois de o atar 1 corda do sino, desceu no"amente para oc#ão, empurrando a cadeira.

6uando o sino de alarme da Casa do Juiz começou a tocar, depressa se 'untou uma quantidade de gente. Apareceram luzes e toc#as de di"ersostipos, e a multidão silenciosa apressou/se em direcção 1 casa. ateram com

*orça 1 porta, mas, como ninguém respondeu, deitaram/na a!aixo. E depois,com o médico 1 ca!eça, precipitaram/se para a grande sala de 'antar.

( corpo do estudante !alança"a no extremo da corda do grande sino dealarme5 e, no quadro, o rosto do 'uiz ar"ora"a um sorriso de uma indescrit3"elmaldade.