Brasil de Fato RJ - 014

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Rio de Janeiro, de 1º a 7 de agosto de 2013| ano 11 | edição 14 | distribuição gratuita | www.brasildefato.com.br | facebook.com/brasildefato Onde está Amarildo? Fred marca e Flu vence o Cruzeiro O ajudante de pedreiro Amarildo Souza, morador da Rocinha, desapa- receu no dia 14 de julho, após ter si- do levado para averiguação por poli- ciais militares da UPP. Móveis, destroços, carros e árvores arrancadas. Esse foi o cenário encontrado pelo governador Sérgio Cabral e pelo prefeito Eduardo Paes, na manhã da terça-feira (30), na Estrada do Mendanha, em Campo Gran- de. No local, um cano da Companhia Estadual de Água e Esgoto (Cedae) rompeu, matou uma criança e deixou 16 feridos. Na estreia de Luxemburgo, o Fluminense se recuperou no Brasileirão na noite des- ta quarta-feira (31). O time das Laranjeiras venceu o Cruzeiro por 1 a 0, no Maracanã. Fred marcou o gol da vitória tricolor. cidades | pág. 5 cidades | pág. 7 esporte | pág. 15 Uma visão popular do Brasil e do mundo Edição Edição Nélson Perez/Fluminense F.C. Tânia Rêgo/ABr Tânia Rêgo/ABr Manning pode pegar 136 anos Cine Santa, um espaço cultural Um golpe contra a tortura que acontece nos presídios Apesar de ter sido inocentado da acusação de “ajuda ao inimigo”, Bra- dley Manning, soldado dos EUA que vazou documentos para o Wikileaks, pode pegar 136 anos de prisão. Localizado no tradicional bairro de Santa Teresa, o Cine Santa surgiu em 2003, com exibições apenas aos do- mingos em um templo religioso, na Igreja dominicana da região. Em 11 de julho, o Senado aprovou projeto que institui o Sistema Nacio- nal de Prevenção e Combate à Tortu- ra. A matéria, agora, aguarda sanção de Dilma, que tem até 2 de agosto mundo | pág. 10 cultura | pág. 11 brasil | pág. 9 para analisar o texto. A prática é mais comum do que pensamos. Só este ano, a Secretaria de Direitos Huma- nos recebeu 466 denúncias de tortu- ra contra a população carcerária. Destruição, morte e feridos Destruição, morte e feridos em Campo Grande em Campo Grande

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Rio de Janeiro, de 1º a 7 de agosto de 2013| ano 11 | edição 14 | distribuição gratuita | www.brasildefato.com.br | facebook.com/brasildefato

Onde está Amarildo?

Fred marca e Flu vence o Cruzeiro

O ajudante de pedreiro Amarildo Souza, morador da Rocinha, desapa-receu no dia 14 de julho, após ter si-do levado para averiguação por poli-ciais militares da UPP.

Móveis, destroços, carros e árvores arrancadas. Esse foi o cenário encontrado pelo governador Sérgio Cabral e pelo prefeito Eduardo Paes, na manhã da terça-feira (30), na Estrada do Mendanha, em Campo Gran-de. No local, um cano da Companhia Estadual de Água e Esgoto (Cedae) rompeu, matou uma criança e deixou 16 feridos.

Na estreia de Luxemburgo, o Fluminense se recuperou no Brasileirão na noite des-ta quarta-feira (31). O time das Laranjeiras venceu o Cruzeiro por 1 a 0, no Maracanã. Fred marcou o gol da vitória tricolor.

cidades | pág. 5

cidades | pág. 7

esporte | pág. 15

Uma visão popular do Brasil e do mundo Edição

Edição

Nélson Perez/Fluminense F.C.Tânia Rêgo/ABr

Tânia Rêgo/ABr

Manning pode pegar 136 anos

Cine Santa, umespaço cultural

Um golpe contra a torturaque acontece nos presídios

Apesar de ter sido inocentado da acusação de “ajuda ao inimigo”, Bra-dley Manning, soldado dos EUA que vazou documentos para o Wikileaks, pode pegar 136 anos de prisão.

Localizado no tradicional bairro de Santa Teresa, o Cine Santa surgiu em 2003, com exibições apenas aos do-mingos em um templo religioso, na Igreja dominicana da região.

Em 11 de julho, o Senado aprovou projeto que institui o Sistema Nacio-nal de Prevenção e Combate à Tortu-ra. A matéria, agora, aguarda sanção de Dilma, que tem até 2 de agosto

mundo | pág. 10 cultura | pág. 11 brasil | pág. 9

para analisar o texto. A prática é mais comum do que pensamos. Só este ano, a Secretaria de Direitos Huma-nos recebeu 466 denúncias de tortu-ra contra a população carcerária.

Destruição, morte e feridos Destruição, morte e feridos em Campo Grandeem Campo Grande

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Rio de Janeiro, de 1º a 7 de agosto de 2013 | opinião

nicipal Friedenreich, a anula-ção da privatização do Maraca e uma ampla discussão pública sobre o destino do antigo Mu-seu do Índio.

Queremos o fi m das re-moções de comunidades por conta das obras para os gran-

dom Oscar Romero são expres-sões dessa aliança.

Além disso, este setor da Igreja cumpriu um papel im-portante no processo revolu-cionário na Nicarágua, na luta contra a ditadura militar bra-sileira, na criação das Comu-nidades Eclesiais de Base (CE-Bs) e no processo de constru-ção do movimento camponês no Brasil.

No entanto, é importante ressaltar a ofensiva conserva-

dora impulsionada pelo papa João Paulo II nos processos de dissolução das experiências de construção do socialismo no Leste europeu, na tentativa de desestabilização da Nicarágua e no enquadramento da Teolo-gia da Libertação aos dogmas ofi ciais da Igreja Romana.

A eleição do papa Francis-co ocorre num contexto de cri-se da Igreja. Os escândalos de pedofi lia e lavagem de dinhei-ro contribuem para a perda de

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Editor-chefe: Nilton Viana • Editores: Aldo Gama, Marcelo Netto Rodrigues, Eduardo Sales de Lima • Repórteres: Marcio Zonta, Michelle Amaral, Patricia Benvenuti •Correspondentes nacionais: Maíra Gomes (Belo Horizonte – MG), Pedro Carrano (Curitiba – PR), Pedro Rafael Ferreira (Brasília – DF), Vivian Virissimo, Mariane Matos e CláudiaSantiago (Rio de Janeiro –RJ) • Correspondentes internacionais: Achille Lollo (Roma – Itália), Baby Siqueira Abrão (Oriente Médio), Claudia Jardim (Caracas – Venezuela) •Fotógrafos: Pablo Vergara (Rio de Janeiro – RJ), Carlos Ruggi (Curitiba – PR), Douglas Mansur (São Paulo – SP), Flávio Cannalonga (in memoriam), João R. Ripper (Rio de Janeiro– RJ), João Zinclar (in memoriam), Joka Madruga (Curitiba – PR), Leonardo Melgarejo (Porto Alegre – RS), Maurício Scerni (Rio de Janeiro – RJ) • Ilustrador: Latuff • Editor deArte: Marcelo Araujo • Revisão: Marina Tavares Ferreira • Jornalista responsável: Nilton Viana – Mtb 28.466 • Administração: Valdinei Arthur Siqueira • Endereço: Al. EduardoPrado, 676 – Campos Elíseos – CEP 01218-010 – Tel. (11) 2131-0800/ Fax: (11) 3666-0753 – São Paulo/SP – [email protected] • Webmaster: marc@infofl uxo.com •Gráfi ca: Info Globo • Conselho Editorial: Alipio Freire, Altamiro Borges, Aurelio Fernandes, Bernadete Monteiro, Beto Almeida, Dora Martins, Frederico Santana Rick, Igor Fuser,José Antônio Moroni, Luiz Dallacosta, Marcelo Goulart, Maria Luísa Mendonça, Mario Augusto Jakobskind, Neuri Rosseto, Paulo Roberto Fier, René Vicente dos Santos, RicardoGebrim, Rosane Bertotti, Sergio Luiz Monteiro, Ulisses Kaniak, Vito Giannotti • Assinaturas: (11) 2131– 0800 ou [email protected]

Para anunciar:

(11) 2131 0800

Redação Rio:[email protected]

A visita do papa Francisco ao BrasilA IGREJA CATÓLICA tem um capítulo importante nos pro-cessos de transformação na América Latina. Sua contri-buição se deu centralmente a partir do Concílio Vaticano II (1962-1965) quando a Igre-ja abre suas portas, por tabela, para a atuação do que viria a se chamar Teologia da Libertação.

As conferências de Me-dellín, em 1968 – da qual ema-na a proposta de uma “Igreja dos pobres” – e de Puebla, em 1979 – quando a “opção prefe-rencial pelos pobres” é man-tida e aprofundada – são mar-cos importantes da unidade da Igreja com os setores popula-res. Personagens como Cami-lo Torres, dom Hélder Câmara,

editorial | Brasil

Só a luta gera conquistas

credibilidade da Igreja enquan-to instituição. A escolha de um papa latino tem como objetivo conter esta perda de credibili-dade.

Durante a Jornada Mundial da Juventude, a mídia conser-vadora, particularmente a Re-de Globo, buscou construir uma imagem popular do pa-pa, mas ofuscando as manifes-tações em defesa do caráter lai-co do Estado e contra o governo repressor de Sérgio Cabral.

Vale destacar a falta de transparência com os gastos fi -nanceiros de milhões de reais provenientes dos cofres públi-cos que foram destinados para a visita do papa.

Além disso, a cidade do Rio

de Janeiro foi praticamente si-tiada pelo Exército, pela ForçaNacional de segurança e pelapolícia do impopular governa-dor Sérgio Cabral. Ao mesmotempo, o papa Francisco nãodesautorizou as manifestaçõesda juventude.

Num momento em que aAmérica Latina vive um pro-cesso de mudanças importan-tes com a eleição de governospopulares e progressistas, odiscurso da Igreja se voltar paraos pobres seria um importanteacúmulo de forças.

Cabe à esquerda compro-metida com a transformaçãoestrutural da sociedade dis-putar o discurso e a prática daIgreja.

Cabe à esquerda comprometida coma transformação estrutural da sociedade disputar o discurso e a prática da Igreja

A pauta de reivindicações é grande, a disposição para a luta também. Continuaremos nas ruas por tudo isso

NOS ÚLTIMOS MESES, o po-vo reaprendeu uma lição que arrepia as elites brasileiras: a luta coletiva e organizada ge-ra conquistas.

Na segunda-feira (29), foi anunciada mais uma importe vitória. Acuado pelas manifes-tações, o governador Sérgio Ca-bral anunciou que não demoli-rá mais o Parque Aquático Júlio Delamare.

O Parque Aquático, junto com o Estádio Mário Filho – o famoso “Maraca” –, com o Ma-racanãzinho e com o Estádio de Atletismo Célio de Barros, formam o complexo esportivo do Maracanã.

O projeto do governo Cabral era demolir o Delamare, o Cé-lio de Barros, a Escola Munici-pal Friendenriche – modelo de educação pública e de qualida-de – e o antigo Museu do Índio,

com a desculpa de “moderni-zar o espaço” para a Copa e as Olimpíadas. Balela! E o povo, que não é bobo, lutou e con-quistou mais uma vitória.

Queremos muito mais! Queremos a manutenção do

Célio de Barros e da Escola Mu-

editorial | Rio de Janeiro

des eventos.Queremos saber “onde está

o Amarildo?”, trabalhador que desapareceu na Rocinha, no dia 14 de julho, após ser leva-do por policiais militares pa-ra a base da UPP naquela co-munidade.

Mais um desaparecimen-to forçado, que se parece mui-to com as práticas da ditadurainiciada em abril de 1964. Ali-ás, não é só nisso que há se-melhanças.

A violência com que a po-lícia reprime o povo que lutapor mais direitos e a introdu-ção de agentes disfarçados en-tre os manifestantes lembram aopressão vivida naqueles anossombrios.

Queremos que o povo, nasruas e nas favelas, deixe de sertratado como inimigo. Por isso,queremos também a desmilita-rização da polícia.

A pauta de reivindicações égrande, a disposição para a lutatambém. Continuaremos nasruas por tudo isso. Afi nal, so-nho que se sonha junto, e peloqual se luta junto, transforma avida das pessoas! E pra melhor.

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Para isso mudar, tem que se abrir a caixa preta das em-presas de ônibus, da SuperVia, das Barcas, do Metrô. A Secre-taria de Transportes, o Detro e a Agetransp (que fi scaliza bar-cas, trens e metrô) têm que ser colocados na parede. Chega de fi car passando a mão na cabe-ça das empresas, cancelando multas que nunca são pagas. Queremos saber exatamente quanto é o lucro das empresas.

A população exige transpor-te decente e barato. A popula-ção exige respeito.

Gilberto Palmaresé deputado estadual (PT), foi presidente da CPI das Barcas

Mozart Noronha

Latuff

Carta ao santo padre, papa FranciscoEstimado Santo Padre,peço a meu Deus que o proteja,como líder dessa Igreja, onde também São Francisco,apascentou seu apriscode inocentes animais.

Porém, Vossa Santidadeque dessa igreja é o Pastor,escute o nosso clamore como bom mensageirodesse povo brasileiroentregue a Deus nossos ais.

Falo a Vossa Santidade,com a voz de um luterano,que trabalha ano a anopela luta da igualdade.Mas só vê a atrocidademachucando os nossos brios.

Aqui e em todo o Brasil,educação é negócio,professor é sacerdócio,trabalha quase de graçapara que enfi m se façana vida um pouco de luz.

O Rio é maravilhosode belezas naturais;O povo não fi ca atrásporque orgulha e envaidecee por isso não mereceos homens que nos governam.

São homens que só procuramencher o bolso de granae dando ao povo bananada forma mais descarada;deixando desamparadaa população sofrida.

A escola é defi citária,os hospitais decadentese as populações carentessofrendo nos corredores;enquanto aqueles senhoresse locupletam em riqueza.

Aqui reina a insegurançanas ruas por onde eu passoe as drogas no seu compassoreinando dentro do morroonde o povo quer socorropra poder viver em paz.

Meu Deus! Me Deus! Que miséria!Que pobreza de atitudedessa política que ilude

e não resolve os problemas.E o povo nesses dilemassem encontrar solução.

Foge das balas perdidasda polícia ou dos bandidose quando fi cam feridosmorrem em fi las de hospitais;Será que são os sinaisdos tempos, que falou Cristo?

Não há beleza que durepra quem mora na favelaque ao olhar pela janelalogo a barriga se agitaporque falta na marmitaa diária refeição.

Do outro lado do asfalto,na avenida iluminadamuita gente enfastiadade só comer caviar;e depois vai bajularseu governante dileto.

Um governo indiferente,que paga os grandes eventos,mas deixa ao sabor dos ventosos habitantes de ruaonde não há quem construauma existência exitosa.

Não queremos pedir muito;Só saúde e educaçãosegurança ao cidadãoporque é o nosso direito;Porque, assim desse jeitoque está, é desilusão.

Santo Padre, peça a bênçãopara o Rio de Janeiro,para o povo brasileirode qualquer religiãoconduzir esta naçãopara um futuro melhor.

E que Deus com sua graçaoriente os nossos passosfortaleça os nossos laçosde fé, alegria e paz.com a esperança que trazfortaleza ao coração.

Obrigado, Santo Padre,por ouvir nosso clamorque é a voz do sofredorque não perdeu a esperança.quem espera sempre alcançaé assim que reza o refrão.

Mozart Noronhaé pastor luterano

Beltrame, ontem e hoje

O caos nos transportes do RioACIDENTES EM SÉRIE, atra-sos, superlotação, fi las, calor e tarifas absurdas. É esse o qua-dro do transporte no Rio de Janeiro em todos os modais: trens, metrô, barcas, ônibus.

Os moradores do Rio estão em segundo lugar entre os que gastam mais tempo no percur-so casa – trabalho no Brasil. Os mais pobres e os que moram na zona oeste, na Baixada, em São Gonçalo, são ainda mais preju-dicados. Há quem enfrente até quatro horas no trânsito todos os dias.

Nem os visitantes escapam do péssimo serviço. Uma pa-ne elétrica deixou o metrô du-

sas a reunião, um deles, Beltra-me, segundo relato de Telmo.

Trinta e poucos anos depois, endeusado pela mídia de mer-cado, Beltrame ocupa a Secre-taria de Segurança fl uminense e por coincidência ou não, ví-deos postados nas redes sociais mostram agentes de inteligên-cia da PM infi ltrados nas mani-festações populares, provocan-do distúrbios, estratégia utiliza-da durante o período em que vigorava no Brasil uma ditadu-ra civil-militar.

Mário Augusto Jakobskind é jornalista e escritor. É autor, entre outros livros, de Améri-

ca que não está na mídia, Dossiê Tim Lopes – Fantástico/IBOPE

O SECRETÁRIO de Segurança José Mariano Beltrame, que desapareceu do noticiário du-rante a série de manifestações nas ruas do Rio de Janeiro, voltou à cena.

O retorno se deveu ao pró-prio governador Sérgio Cabral, que questionado sobre a acu-sação contra um manifestan-te preso pela PM, defendeu-se, transferindo a responsabilida-de, que é sua também, apenas a Beltrame, cujos antecedentes são pouco conhecidos e nada abonadores.

O atual Secretário de Segu-rança aparece no livro Os in-fi ltrados, editado pela Age em 2011, escrito por Carlos Wag-ner, Carlos Etchichury e Hum-

berto Trezzi, como jovem agente em início de carrei-ra no começo dos anos 1980, exatamente nos estertores da ditadura.

“Beltrame acompanhou Tel-mo [Telmo Fontoura, o Chinês, agente infi ltrado no movimen-to sindical e estudantil gaúcho nos anos 1980] numa assem-bleia estudantil em que a pre-sença dos policiais foi denun-ciada por participantes não alinhados com a direção da Umespa” (União Metropolitana dos Estudantes Secundários de Porto Alegre), assinala o livro.

Quando alguém anunciou ao microfone que havia poli-ciais monitorando o encontro, vários jovens deixaram às pres-

as horas sem funcionar e mi-lhares de pessoas nas ruas ten-tando voltar pra casa. Os jo-vens da Jornada Mundial da Juventude que se hospedaram na zona oeste foram obrigados a passar a madrugada na Av. Brasil, esperando ônibus que não vinham.

As manifestações de junho conseguiram vitórias impor-tantes, como a redução das ta-rifas. Só que a redução não va-leu para todos. Na zona oeste, por exemplo, as empresas su-miram com os ônibus de R$ 2,75. Restaram apenas os “fres-cões,” com preços absurdos que variam de R$ 7,00 a R$ 9,00.

Mário Augusto Jakobskind

Gilberto Palmares

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Rio de Janeiro, de 1º a 7 de agosto de 2013 | entrevista

comissão é recomendar a adoção de políticas pú-blicas para evitar a repe-tição das violações de di-reitos humanos.

Nas manifestações, a PM atuou com infi ltra-dos. Como você avalia essa conduta?

O padrão é o mes-mo da ditadura. A prá-tica não mudou em na-da. O que vivemos no úl-timo período demonstra que esse legado autoritá-rio continua presente na atuação das forças poli-ciais que são desprepa-radas para garantir a or-dem pública e a integri-dade das pessoas. Deten-ções ilegais são práticas de Estados autoritários.

E o uso abusivo de bom-bas e balas de borracha para conter manifesta-ções pacífi cas?

Isso ocorre principal-mente pelo desprepa-ro dos agentes policiais. Eles reproduzem méto-dos da ditadura porque não recebem uma forma-ção adequada. Policiais infi ltrados desrespei-tam os cidadãos que pos-suem ampla defesa. Pes-soas foram detidas sem ter investigação contra elas. Essa arbitrariedade é resquício da ditadura que alimenta uma cultu-ra de medo e impede a li-vre manifestação do pen-samento, direito que foi conquistado depois de séculos de luta e resistên-cia. Um Estado de exce-ção é criado quando te-mos medo daqueles que deveriam nos proteger.

Outro episódio envol-veu Bruno Teles, acusa-do de portar uma mo-chila com coquetéis

Vivian Virissimodo Rio de Janeiro (RJ)

Prisões ilegais e po-liciais infi ltrados são exemplos contundentes que métodos da ditadu-ra são praticados até hoje pela Polícia Militar (PM). Essa é a opinião de Na-dine Borges que faz par-te da Comissão Estadual da Verdade do Rio de Ja-neiro. Em sua avaliação, somente a investigação atenta dos fatos do pas-sado e do presente pode evitar que ditaduras vol-tem a assombrar o país. “Se aceitarmos de manei-ra pacífi ca os abusos do Estado podemos nova-mente viver uma ditadu-ra”, alerta. Nesta entrevis-ta, Nadine analisa a con-duta da polícia nas recen-tes manifestações.

Brasil de Fato – O que motiva a comissão a mo-nitorar as práticas atuais da segurança pública?

Nadine Borges – Não temos como investigar o passado sem nos preo-cuparmos com o presen-te. Esse ‘ontem’ não re-solvido é o que permite a continuidade das viola-ções no ‘hoje’. Além dis-so, um dos deveres da

molotov. Depoimentos de policiais revelaram que essa versão era fal-sa. Esse tipo de compor-tamento era comum na ditadura?

Era. Porque foi na épo-ca da ditadura que surgiu essa ideia de prisão ar-bitrária. Prende primei-ro e depois investiga. Is-so era corriqueiro contra a militância que era deti-da ‘para averiguação’. Isso é similar ao que aconte-ceu agora. Mesmo assim, afi rmo que não podemos perder a confi ança no Es-tado, caso contrário cor-remos o risco de viver um estado de guerra.

Recentemente, um de-creto do governo Cabral dava poderes a uma co-missão que poderia vio-lar a privacidade de sus-peitos de vandalismo.

A medida gerou protes-tos e foi descartada. Por que o Estado não pode agir dessa forma?

Porque temos uma Constituição e isso fere os princípios basilares do Estado Democrático de Direito. O Estado não po-de desrespeitar a liberda-de de expressão e de pen-samento. Isso gera inse-gurança e medo de que a história se repita. Se não

fi carmos atentos e aler-tas, a barbárie pode se re-petir. Se aceitarmos de maneira pacífi ca os abu-sos do Estado, podemos novamente viver uma di-tadura. É o que aconte-ce, por vezes, na atuação da polícia em execuções sumárias que ocorrem na periferia. Nos últimos dias, regiões da cidade que não estavam acostu-mados viveram a trucu-lência da polícia. Por is-to repito: precisamos for-mar os policiais.

Após manifestação dos 300 mil, o secretário de segurança Mariano Bel-trame defendeu a atua-ção do Exército contra o povo que pedia melho-res condições de vida. Qual a sua opinião so-bre isso?

O uso da Forças Ar-madas só pode ser justi-fi cado em casos previs-tos em lei. De forma al-guma o que ocorreu no Rio nesses dias justifi ca-ria a presença do Exérci-to. Por isso se fala na ne-cessidade de desmilita-rização da polícia. A po-lícia não pode ter o cida-dão como inimigo. A po-lícia tem outro papel: ga-rantir a ordem e a integri-dade das pessoas. Não se pode inverter isso.

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Danilo Verpa/Folhapress

Reprodução

Policial usa arma de choque em manifestante caído, durante protesto próximo ao Palácio Guanabara

“Se não fi carmos atentos e alertas, a barbárie pode se repetir. Se aceitarmos de maneira pacífi ca os abusos do Estado, podemos novamente viver uma ditadura”

“Nos últimos dias, regiões da cidade que não estavam acostumadas viveram a truculência da polícia”

“A polícia não pode ter o cidadão como inimigo. A polícia tem outro papel: garantir a ordem e a integridade das pessoas”

“Polícia Militar reproduz métodos da ditadura”ENTREVISTA Para integrante da Comissão Estadual da Verdade do Rio de Janeiro, policiais infi ltrados são legado autoritário da ditadura

FATOS EM FOCO

A população carcerá-ria feminina aumentou 256% em 2012. De acor-do com o Departamen-to Penitenciário Nacio-nal (Depen), o aumen-to no caso dos homens foi quase a metade no mesmo período, 130%. Atualmente, 7% de to-dos os presos no Bra-sil são mulheres, o que corresponde a algo em torno de 36 mil deten-tas. Há mais de 550 mil pessoas em presídios no país e um défi cit de 240 mil vagas, das quais 14 mil são para mulheres.

Quase a totalidade (95%) das pessoas feri-das em confronto com a polícia paulista e que foram transportadas por policiais civis ou militares, entre 2 de ja-neiro e 31 de dezem-bro de 2012, morreram no trajeto ou no hospi-tal. Das 379 pessoas re-movidas, segundo os registros do Departa-mento de Homicídios e de Proteção à Pessoa (DHPP), 360 morreram.

Em 2012, mais mulherespresas

95% dos transportados pela polícia morrem

“Mais Médicos”continua

O Supremo Tribunal Federal negou, dia 26 de julho, o pedido de li-minar para suspender o programa Mais Mé-dicos feito pela Asso-ciação Médica Brasilei-ra (AMB). O ministro Ricardo Lewandowski citou a falta de médi-cos no País: “(...) o ato impugnado confi gura uma política pública da maior importância so-cial, sobretudo ante a comprovada carência de recursos humanos na área médica no âm-bito do Sistema Único de Saúde (SUS)”.

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Rio de Janeiro, de 1º a 7 de agosto de 2013 cidades |

da, esperando o irmão voltar”, diz, emocionada.

Toda a família es-tá com raiva. E dessa vez ninguém quer fi car quie-to, mesmo sabendo dos riscos da denúncia. Vá-rios familiares foram ameaçados por policiais.

“Por que foram atrás dele? Estamos voltando à ditadura?”, pergunta a prima, Michelle. “Ele tra-balhou toda a vida, quan-do não trabalhava, nos ajudava, ou ia pescar pa-ra a sua família. Nunca se

Anne Vignado Rio de Janeiro (RJ)

Não é preciso passar muito tempo junto à famí-lia de Amarildo para en-tender que a UPP da Ro-cinha se envolveu em um problema bem grande.

Amarildo não é uma pessoa que poderia de-saparecer sem que sua família perguntasse por ele, não é o pai de quem os fi lhos esqueceriam fa-cilmente, não é o sobri-nho, tio, primo, irmão, marido por quem nin-guém perguntaria: onde está Amarildo?

Neste pedaço bem pobre da Rocinha, onde nasceu, cresceu, viveu e desapareceu Amarildo, “muitos são de nossa fa-mília”, diz Arildo, seu ir-mão mais velho, apon-tando os quatro lados da casa. Segundo os fami-liares, Amarildo é des-crito como “um cara do bem” que, por desgra-ça, tornou-se famoso – e não por sua caracte-rística mais marcante, o bom coração.

“Era um menino e pulou no fogo”

Aos 11 anos, Amaril-do se tornou o herói da comunidade ao se meter em um barraco em cha-mas para salvar o sobri-nho de quatro anos.

“Era um menino, e pu-

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Tânia Rêgo/ABr

Reprodução

Ato em Copacabana lembra o desaparecimento do pedreiro Amarildo Souza, morador da Rocinha

FATOS EM FOCO

Peritos da Polícia Civil recolheram o material genético de Ana Beatriz, de 13 anos, e Ander-son Gomes, de 21, fi lhos de Amarildo de Souza. O material servirá pa-ra comprovar se a mos-tra de sangue, retirada de um carro da polícia da UPP, é do pedreiro. O exame deve fi car pronto na sexta-feira (2).

A investigação sobre o desaparecimento de Amarildo sai da 15ª DP (Gávea), aos cuida-dos do delegado Orla-do Zaccone, e vai pa-ra a Divisão de Homicí-dios. A mudança segue determinação da che-fi a da Polícia Civil que estabelece que, após 15 dias sem conclusão, a apuração deve passar para a delegacia espe-cializada, na Barra.

Sangue em viatura

Investigação na DH

UPP não é perfeita

O governador Sér-gio Cabral disse nes-ta quarta-feira (31) que o desaparecimento do pedreiro Amarildo Sou-za, na comunidade da Rocinha, zona sul da ci-dade, não pode ser usa-do para desmoralizar o projeto da UPP. A Roci-nha está ocupada des-de setembro do ano passado. “A Unidade de Polícia Pacifi cado-ra é perfeita? Claro que não. Se some o Amaril-do [na Rocinha], vamos descobrir onde está o Amarildo”, disse Cabral.

“Temos que lutar para que essa impunidade não continue. Queremos justiça por Amarildo e para todos nós que convivemos agora com essa polícia”

Amarildo é descrito como “um cara do bem” que, por desgraça, tornou-se famoso – e não por sua característica mais marcante, o bom coração

Onde está Amarildo?DIREITOS HUMANOS O ajudante de pedreiro Amarildo Souza, morador da Rocinha, desapareceu no dia 14 de julho, após ter sido levado para averiguação por policiais militares da UPP

lou no fogo. Me salvou e também tentou salvar a minha irmã, que tinha 8 anos. Não conseguiu ti-rá-la de lá, ela morreu, e eu fi quei meses no hospi-tal”, lembra Robinho, hoje com 34 anos, a pele mar-cada pelas cicatrizes des-ta noite de incêndio.

Aqui, Amarildo é co-nhecido por todos como “Boi”, por ser um homem forte que carregava as pessoas que precisavam de socorro para descer as escadas e chegar com ur-gência a um hospital.

“Uns dias antes de de-saparecer, ele carregou no colo uma vizinha, e a salvou. É uma ótima pes-soa, sempre ajudava os outros – numa emergên-cia ou numa mudança”, conta a cunhada Simone, sem conter as lágrimas.

“Eu tenho muita sau-dade dele, principalmen-te do seu sorriso. Meu marido não fala nada, mas eu o conheço, está com muita raiva. Na pri-meira noite, fi cou debru-çado na janela a noite to-

meteu com ninguém”, co-menta, revoltada.

Boi era pedreiro havia 30 anos e ganhava meio salário mínimo por mês. “Por isso, às vezes carre-gava sacos de areia aos sábados para ganhar um pouco mais”, comenta Anderson, mostrando os tijolos que o pai comprou com o dinheiro extra pa-ra fazer um puxadinho no segundo andar na casa.

“Na verdade, ele ia ter que voltar a fazer a fun-dação aqui de casa por-que está caindo, eu e meu irmão íamos aju-dar”, detalha. “Ele era meu pai, irmão, amigo, era tudo para mim”, diz, escondendo as lágrimas quando chega a irmã mais nova, de 13 anos.

Os familiares vivem em suspense, à espera das notícias que não che-gam. Não desistem: orga-nizam-se como podem com vizinhos, amigos e outras vítimas da polí-cia. Negaram uma oferta do governo do Estado do Rio de Janeiro para en-

trar no programa de pro-teção à testemunha. Pre-feriram continuar na Ro-cinha, sua comunidade.

Na próxima quinta-feira (1), farão mais umamanifestação na Roci-nha, onde estarão pre-sentes familiares de ou-tros desaparecidos porobra de outros policiaisem outras favelas. “Te-mos que lutar para queessa impunidade nãocontinue. Queremos jus-tiça por Amarildo e pa-ra todos nós que convive-mos agora com essa polí-cia”, revolta-se a sobrinhaErika.

Aos 43 anos, Amaril-do desapareceu sem quea família tenha direito se-quer a uma explicaçãoofi cial, como tantos ou-tros de tantas favelas bra-sileiras vítimas de violên-cia policial. Mas dessavez, ninguém vai se calar.Onde está Amarildo?

(Agência Pública - Aíntegra desta matéria en-

contra-se no site www.brasildefato.com.br)

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Rio de Janeiro, de 1º a 7 de agosto de 2013 | cidades

Brasil (CDH-OAB/RJ) e do Instituto dos Defen-sores de Direitos Huma-nos (DDH), que têm atu-ado em parceria nos úl-timos protestos prestan-do auxílio aos manifes-tantes detidos.

“Foi fundamental o pedido de habeas corpus feito pela equipe de ad-vogados do DDH, pois esse jovem inocente po-deria estar preso até o ar-quivamento”, afi rma o ad-vogado Raul Lins e Silva, da Comissão de Direitos Humanos da OAB.

Segundo ele, o objeti-vo dos advogados volun-

Sheila Jacob do Rio de Janeiro (RJ)

Na segunda-feira (29), Bruno Ferreira Teles e seus familiares puderam comemorar. Neste dia, foi arquivado o processo que o acusava de ter ati-rado um coquetel molo-tov contra policiais exata-mente uma semana antes na manifestação em fren-te ao Palácio Guanabara.

Ele conta que saiu de casa para “defender me-lhorias na saúde e edu-cação”, mas acabou sen-do preso e acusado in-justamente.

“Fiquei bastante cha-teado com o despreparo dos policiais, porque ti-nham que me proteger, e não me atacar. Só es-pero que a mídia me dê a mesma atenção ago-ra que me deu no início”, afi rma o jovem, que tra-balha voluntariamente no Laboratório de Lin-guagens Audiovisuais da UERJ (Laborav).

Um dos advogados de Bruno, Miguel Dehon, entrará com uma ação de reparação civil contra o Estado por danos morais e psíquicos, além de exi-gir retratação pública. “É importante porque, co-mo o Bruno, houve vários exemplos de violações anteriores”, explica.

Para provar sua ino-cência, foram fundamen-tais os vídeos e imagens divulgados pelas redes sociais. Além de ressaltar o papel da internet, prin-cipalmente da equipe Mí-dia Ninja que vem trans-mitindo os protestos, Bruno Teles agradeceu bastante a atuação dos advogados que o acom-panharam desde o início na Delegacia.

Ele se refere às equi-pes da Comissão de Di-reitos Humanos da Or-dem dos Advogados do

tários é defender o direi-to de todo cidadão à li-vre manifestação. “Se não fosse nossa atuação, quantos pobres e negros estariam presos por falta de atendimento jurídico? Aqui existe o hábito de se prender primeiro para in-vestigar depois”.

Abusos fi cam evidentesO advogado Th iago

Melo, do DDH, explica que o Instituto foi cria-do há cinco anos, após a chacina do Alemão, em 2007. Desde então, atua principalmente junto a vítimas da violência poli-cial e, nos protestos, pres-ta assistência jurídica fo-ra da sede policial.

“Os abusos que já ocorriam fi caram bastan-te evidentes nos protestos atuais. Além dos policiais infi ltrados, sem identi-fi cação, existe um cená-rio de provas forjadas, o que mostra como o Esta-do age de maneira arbi-trária ao prender pesso-as que estão no seu exer-cício democrático de rei-

vindicação”.Lucas Sada, voluntá-

rio do DDH, lembra que a maioria das prisões ocor-re quando as pessoas já estão indo embora. “Isso mostra como são aleató-rias e feitas para que não haja registro nem teste-munhas. Temos uma cul-tura jurídica de inversão do princípio da inocên-cia. Aqui todo mundo é culpado até que se prove o contrário”, critica.

Mas esses não são os únicos que vêm pres-tando assessoria aos mi-litantes sociais. Existe

ainda o grupo Habeas Corpus do Rio, forma-do por voluntários com apoio institucional da OAB. A iniciativa foi da advogada Priscila Pris-co, e a primeira atuação foi na grande manifesta-ção do dia 20 de junho.

“Queremos garantir a qualquer cidadão sua li-vre manifestação e o di-reito a um julgamento justo”, explica.

Segundo ela, não há uma liderança específi -ca, e a atuação vem sen-do debatida em reuniões. São cerca de 50 advoga-dos voluntários atuantes, que se dividem nas de-legacias, nos protestos e montam plantões.

Na opinião de Luis Pei-xoto, da Comissão de Di-reitos Humanos da OAB, essas atuações estão des-pertando uma visão dife-rente da população. “Nós, advogados, também fo-mos vítimas da revolta social contra as institui-ções, mas estamos conse-guindo mudar isso”.

Segundo ele, um dos desafi os é desconstruir julgamentos antecipa-dos feitos pela mídia. E, para isso, o uso das no-vas tecnologias é fun-damental. “Antes, o ve-redicto já estava dado; agora, pode ser reverti-do graças às muitas câ-meras que fi lmam tudo o tempo todo”, ressalta.

Advogados voluntários prestam auxílio a manifestantes detidos

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Pablo Vergara

Pablo Vergara

Equipes da CDH-OAB/RJ e do IDDH, que têm atuado em parceria no auxílio aos manifestantes detidos

Bruno Ferreira Teles

DIREITOS Equipes da Comissão de Direitos Humanos da Ordem dos Advogados do Brasil (CDH-OAB/RJ) e do Instituto dos Defensores de Direitos Humanos (DDH) têm atuado em parceria nos últimos protestos prestando auxílio aos manifestantes detidos

“Fiquei bastante chateado com o despreparo dos policiais, porque tinham que me proteger, e não me atacar”

“Antes, o veredicto já estava dado; agora, pode ser revertido graças às muitas câmeras que fi lmam tudo o tempo todo”

SINDICAL

Está marcado pelas centrais sindicais para o dia 6 de agosto uma grande mobilização em todo o país con-tra o projeto de lei (PL 4330) que amplia as terceirizações nas em-presas. Nesta data, o projeto pode ser vota-do no Congresso. Nas empresas que prestam serviços terceirizados, os trabalhadores ga-nham menos e os sa-lários são mais baixos. No Rio, o ato do dia 6/8 será na Cinelân-dia, às 15h.

Professores das redes estadual e municipal de educação do Rio de Janeiro fazem paralisa-ção com assembleias no dia 8. A rede muni-cipal vai parar na parte da manhã e faz assem-bleia às 10 h, na sede do América, na Tijuca. À tarde, a paralisação será na rede estadu-al, que terá sua assem-bleia a partir das 14 h, na ACM, no Centro. Caso não saia o reajus-te de salários para os profi ssionais de educa-ção do município, a ca-tegoria pode decretar a greve. A reivindicação é de 19%.

Atos contra as terceirizações

Professores do município podem parar

Plenária contra os leilões do pré-sal

Os sindicatos e movi-mentos que constroem a campanha O Petróleo Tem que Ser Nosso se reúnem nesta quinta, dia 1º de agosto, às 18h, no Sindicato dos Petro-leiros do Rio de Janei-ro para organizar a luta contra o leilão marca-do para o dia 21 de ou-tubro. O Sindipetro fi -ca na Av. Passos, 34, na Praça Tiradentes.

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Rio de Janeiro, de 1º a 7 de agosto de 2013 cidades | 07

Tânia Rêgo/ABr

Pablo Vergara

Saldo da destruição em Campo Grande: uma criança morta e 16 feridos

Acidente deixou várias famílias desabrigadas

Cedae provoca destruição em Campo GrandeACIDENTE Jato d’água alcançou mais de 20 metros e água atingiu 1,5 metro de altura

do Rio de Janeiro (RJ)

Móveis, destroços, car-ros e árvores arrancadas. Esse foi o cenário encon-trado pelo governador Sérgio Cabral e pelo pre-feito Eduardo Paes, na ma-nhã desta terça-feira (30), na Estrada do Mendanha, em Campo Grande.

No local, um cano da Companhia Estadu-al de Água e Esgoto (Ce-dae) rompeu, matou uma criança e deixou 16 feri-dos. Paes e Cabral enfren-taram clima de indigna-ção e críticas dos mora-dores que os xingaram de “safados” e “corruptos”. A Cedae classifi cou como um “acidente pontual”.

“Viemos prestar soli-dariedade a essas famí-lias tomadas pelo pâni-co, que tiveram um mo-mento de terror em suas vidas com o rompimento da adutora da Cedae”, dis-se o governador.

Enquanto dava entre-vista, Cabral ouvia gritos dos moradores que pe-diam saneamento bási-co para o bairro que so-fre frequentemente com enchentes.

“Aqui as enchentes são constantes. Eles bo-taram asfalto, mas não tem saneamento, tanto que essa água não escoa. Falta calçamento, ilumi-nação...”, criticou a recep-cionista Osana da Silva, de 36 anos.

Na saída da escola on-de deram entrevista, o go-vernador e o prefeito ou-viram gritos de indigna-ção: “Isso é uma vergo-nha! Todo ano temos en-chente aqui”, gritava um morador. Em outro pon-to, uma mulher segurava uma faixa de papelão que pedia “Fora Cabral. Fora Eduardo Paes”.

A delegada da 35ª DP, Tatiane Damaris, afi rmou que vai trabalhar com du-as hipóteses para desven-dar as causas do acidente.

“Fizemos duas perí-cias no local. Ou houve um reparo anterior (da adutora), feito pela pró-pria Cedae, ou o rom-pimento foi decorren-te da obra de terraplana-gem realizada pela Gua-racamp”, disse. A Guara-camp é uma indústria de bebidas localizada ao la-do da tubulação.

“Isabela era muito ale-gre e tranquila”

A força da água jorrada destruiu casas e carros. Pessoas foram arrastadas e móveis, eletrodomésti-cos, roupas e outros ob-

jetos fi caram espalhados pelas ruas inundadas.

Além das perdas ma-teriais, a família da me-nina Isabela Severo da Silva, de 3 anos, teve a pior perda. Ela engo-liu muita água, foi enca-minhada para o Hospi-tal Rocha Faria, mas não resistiu. A avó Sônia dos Santos da Silva, de 53 anos, disse que Rebeca, mãe de Isabela, está em estado de choque.

“Isabela era muito ale-gre e tranquila. Ontem [29] mesmo, estava aqui brincando na rua, vesti-

da de noivinha”, lembrou Sônia, que mora a poucas ruas da casa da neta.

“Nossa família toda

“Aqui, as enchentes são constantes. Eles botaram asfalto, mas não tem saneamento, tanto que essa água não escoa”

“Nossa família toda mora por aqui. Minha irmã foi lá ver o que estava acontecendo e encontrou a mãe na laje e a menina na água”

FATOS EM FOCO

Pesquisa Ibope divulga-da na quinta-feira (25) mostra que 12% dos eleitores avaliaram co-mo “ótimo/bom” o go-verno de Sérgio Cabral (PMDB). O índice de eleitores que conside-raram o governo “ruim/ péssimo” foi de 50% e “regular”, 36%. Outros 2% não sabiam ou não responderam. O Ibope ouviu 812 eleitores com mais de 16 anos entre 9 e 12 de julho.

No sábado (27), 29 pe-quenos proprietários de São João da Barra ingressaram com uma queixa-crime no Supe-rior Tribunal de Justi-ça (STJ). A queixa-cri-me acusa o governador Sérgio Cabral de pecu-lato, e o empresário Ei-ke Batista e o presiden-te do BNDES, Luciano Coutinho, de gestão te-merária, e os três por formação de quadri-lha. Eles tiveram suas terras desapropriadas para a construção do complexo do Porto do Açu. Dos 70 quilôme-tros desapropriados, só 10% estão sendo ocu-pados por obras.

Só 12% aprovam Cabral

Formação de quadrilha

UPP da Maré

Formada por 16 fave-las dominadas por du-as facções criminosas e um grupo miliciano, o Complexo da Ma-ré, na zona norte, será ocupado por uma UPP nos próximos dias. Pa-ra policiar a área após a ocupação, deverão serão instaladas três Unidades de Polícia Pacifi cadora (UPPs), com um total de 1.600 homens. O efetivo é o maior já empregado em comunidades e o equivalente ao quadro de três batalhões ope-racionais.

mora por aqui. Minha ir-mã foi lá ver o que estavaacontecendo e encontroua mãe na laje e a meninana água. Parece que ummuro caiu em cima dela”,contou a dona de casa.

“Pensei que fosse umtsunami”

Jorge Luiz Carvalhotentou explicar assim aforça da água: “Penseique fosse um tsunami.Eu me segurava na portae na parede, e a água mearrastava”.

Com escoriações, elese revoltou ao ver técni-cos da Cedae antes de seratendido em uma ambu-lância: “Olha o estado daminha casa! Se eu fossevocês, teria vergonha devir aqui.”

Muitos moradores ini-cialmente pensaram quefosse chuva quando aágua começou a baternos telhados. A morado-ra Iranilde Pereira da Sil-va viveu história pareci-da. Ela fi cou mais de 40horas ilhada e foi retira-da da casa de um vizinhocom auxílio de um botesalva-vidas.

“Primeiro, eu acheique era chuva no telhado,mas era muito forte. Em-purrava a porta de umaforma que eu não conse-guia abrir. Quando con-segui, a água me carregoupara a rua e o muro caiu.É maravilhoso estar viva”,desabafou Iranilde.

Técnicos da Cedae jáestão fazendo mapea-mento dos danos e pre-juízos causados. As ca-sas serão reconstruídase os pertences perdidosserão restituídos, segun-do Briard.

Peritos externos vãoinvestigar a causa do aci-dente e a Secretaria Mu-nicipal de Desenvolvi-mento Social vai auxiliarno cadastramento das fa-mílias desalojadas.

(com informaçõesda Agência Brasil)

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Rio de Janeiro, de 1º a 7 de agosto de 2013 | cidades

rem cometendo crimes”,ressalta Gustavo Proen-ça, da Comissão de Direi-tos Humanos da OAB doRio. De acordo com o ad-vogado, “as prisões foramarbitrárias e ilegais”.

Cidade militarizada e “Fora Cabral”

Segundo a própriapolícia militar, cerca de1500 ofi ciais compare-ceram aos arredores doPalácio Guanabara na-quela noite. Ainda deacordo com a corpora-ção, esse também foio número estimado departicipantes do ato. Ouseja, para cada mani-festante, um funcioná-rio público munido debombas de gás lacrimo-gênio, spray de pimenta,armas de choque, entreoutros artefatos.

Nos dias seguintes, pe-lo menos 20 mil agentesforam deslocados para aJMJ, segundo o Ministérioda Defesa. Esse contin-gente foi formado pelasForças Armadas – Exér-cito, Marinha e Aeronáu-tica – e por guardas e po-liciais, inclusive os do Ba-talhão de Operações Es-peciais (Bope) e do Bata-lhão de Choque.

A presença do efeti-vo foi sentida principal-mente em Copacabana,que recebeu três milhõesde pessoas para o encer-ramento da Jornada, quedurou até o último do-mingo (28).

(com informaçõesda Pulsar Brasil)

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Protesto que pedia respeito à diversidade sexual, saúde e educação foi reprimido

Presença de jovens católicos pode ter “segurado” a polícia durante a semana

Pablo Vergara

Pablo Vergara

Gilka Resende do Rio de Janeiro (RJ)

Na cidade em que foi possível ver milhares de peregrinos com mochi-las coloridas, Renato Be-lo evitou sair com a sua para não virar alvo de policiais.

O morador do mor-ro Santa Marta, na zo-na sul, afi rma que foi re-vistado por três vezes em um mesmo dia. Em uma dessas, o jovem negro de 23 anos disse ter sido inti-midado com uma pistola.

“O policial pegou na arma e foi virando, como se quisesse atirar. Olhava se vinha alguém, e volta-va a olhar para mim. Es-tava de maldade. Graças a Deus teve gente pas-sando na hora”, relata o episódio, vivido durante a Jornada Mundial da Ju-ventude (JMJ).

Ao dar esse depoimen-to, Renato acabara de participar de uma espé-cie de peregrinação polí-tica. A caminhada de Co-

Fim da militarização da segurançaSEGURANÇA PÚBLICA Tema foi uma das demandas em protestos paralelos à Jornada Mundial da Juventude

pacabana a Lapa, trajeto de aproximadamente dez quilômetros, reuniu cer-ca de 500 pessoas.

“Queremos todos os nossos direitos. Nem vou repetir, porque to-do mundo já sabe, né? A gente está lutando tam-bém por uma polícia me-lhor. Eles prendem, im-plantam coisa na gente. Se a gente não gritar, ca-ra, quem vai? É que nem um bebê, quando quer alguma coisa, chora e gri-ta”, explicou.

Ainda que tenha pas-sado por momentos de tensão, o professor de dança acredita que a pre-sença dos jovens católi-cos “segurou a polícia” durante a semana.

Porém, nem todo fi el escapou da opressão. “Eu não estava na ma-nifestação, apenas tinha ido ver o papa. Parou um comboio de policiais mi-litares enquanto eu atra-vessava a rua. Olhei e mostrei a minha blusa com a imagem de Nos-sa Senhora. Falei que ela não era a favor da con-duta deles. Aí eles pula-ram em cima de mim, me agrediram, me imo-bilizaram no chão. Fui parar na delegacia pre-so por desacato. Eles não podem escutar nada, são bonecos de domínio to-tal”, disse o funcionário público Roberto Melo, de 53 anos.

Arbitrariedades dos agentes de segurança

Roberto foi um dos no-ve detidos na noite do úl-timo dia 22, data em que o papa Francisco che-gou ao Brasil. Enquanto o pontífi ce era recebido pe-

la presidenta Dilma Rou-sseff e outros 650 convi-dados, manifestantes cri-ticavam os altos gastos públicos com a Jornada.

Apenas a cerimônia custou R$ 850 milhões.

Mas o protesto que pedia por muito mais – respeito à diversidade sexual Es-tado laico, saúde, educa-ção, entre outras deman-das – recebeu repressão.

Os presos foram leva-dos para o 9º DP, do Ca-tete. Palmas e gritos de apoio recebiam todos os liberados. Um deles, acusado de formação de quadrilha mesmo tendo sido autuado sozinho, só conseguiu ser solto após pagamento de fi ança. Os R$1 mil exigidos foram arrecadados entre os que protestavam em frente à delegacia.

“Os tão falados vânda-los não chegam às dele-gacias. Os que nós ajuda-mos são vítimas das arbi-

trariedades e ilegalidades praticadas pelos agentes de segurança do Estado. Por isso, inclusive, exis-te êxito em soltá-los. Fi-ca claro que esses são de-tidos sem provas de esta-

“Aí eles pularam em cima de mim, me agrediram, me imobilizaram no chão. Fui parar na delegacia preso por desacato. Eles não podem escutar nada, são bonecos de domínio total”

“Queremos todos os nossos direitos. Nem vou repetir, porque todo mundo já sabe, né? A gente está lutando também por uma polícia melhor”

“Os tão falados vândalos não chegam às delegacias. Os que nós ajudamos são vítimas das arbitrariedades e ilegalidades praticadas pelos agentes de segurança do Estado”

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Rio de Janeiro, de 1º a 7 de agosto de 2013 brasil |

Mais um passo contra a tortura

penitenciários, além da marreta de borracha, usa-ram spray de pimenta e aplicaram chutes e socos nele e outros dois presos.

Caso abafadoMédicos, enfermeiros,

Altino Machadode Rio Branco (AC)

Um preso que esta-va “íntegro e capaz fi si-camente” fi cou cego e te-traplégico após ser tortu-rado em Rio Branco (AC), dentro do presídio fede-ral Antonio Amaro Alves, de segurança máxima.

Seis agentes peniten-ciários são acusados de golpeá-lo com uma mar-reta de borracha, usada normalmente por lanter-neiros e borracheiros.

Faz 56 dias que Wes-ley Ferreira da Silva, de 27 anos, encontra-se pros-trado no leito 72 do Hos-pital de Urgência e Emer-gência de Rio Branco (Huerb).

Cego e com lesões no cérebro e na coluna, ele contou que os agentes

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No Brasil, a prática de tortura contra pessoas em situação de cárcere é comum

Wesley Ferreira da Silva, 27 anos, vítima de tortura

Wilson Dias/ABr

Blog da Amazônia

DIREITOS HUMANOS Para entidades, Sistema Nacional de Prevenção e Combate à Tortura deve ajudar a coibir torturas contra a população carcerária

Preso torturado fi ca cego e tetraplégicoMédicos, enfermeiros, assistentes sociais e agentes penitenciários estiveram empenhados, durante quase dois meses, em abafar o caso

Patrícia Benvenutida Redação

Homens sem roupas, agredidos e abandona-dos à própria sorte. Esse foi o cenário encontra-do pela Defensoria Pú-blica do Mato Grosso na cadeia pública de Cam-po Novo do Parecis, a 397 quilômetros de Cuiabá.

A denúncia partiu do pai de um dos presos e levou a defensora públi-ca Jacqueline Gevizier Nunes Rodrigues até o local. Na cadeia, ela se deparou com quatro pre-sos em uma cela de iso-lamento sem qualquer tipo de iluminação.

Jogados sobre dois colchões, os detentos apresentavam marcas de uso de gás de pimen-ta nos olhos e em par-te dos corpos. A história ocorreu em maio deste ano e ganhou repercus-são nacional.

Outro episódio recente aconteceu na cidade de Colombo, no Paraná, on-de quatro homens foram barbaramente agredidos para confessar o assassi-nato de Tayná Adriane da Silva, de 14 anos.

Após serem espanca-dos, asfi xiados com saco plástico, levarem cho-ques elétricos, terem as cabeças colocadas den-tro de um formigueiro e sofrerem abusos sexu-ais, a perícia constatou que os detalhes das con-fi ssões, assinada pelos quatro após as torturas, não eram compatíveis com as provas físicas en-contradas.

Prevenção e combateLonge de serem casos

isolados, os episódios es-cancaram uma realida-de antiga e comum no Brasil, a prática de tortu-ra contra pessoas em si-tuação de cárcere. Preo-cupação antiga de enti-

assistentes sociais e agen-tes penitenciários esti-veram empenhados, du-rante quase dois meses, em abafar o caso.

A versão ofi cial é de que caiu no banheiro, ba-teu a cabeça e sofreu le-

dades de direitos huma-nos, a luta contra a tortu-ra pode ganhar um refor-ço importante.

Em 11 de julho, o Se-nado aprovou o Proje-to de Lei Complementar 11/2013, que institui o Sistema Nacional de Pre-venção e Combate à Tor-tura. A matéria, agora, aguarda sanção da pre-sidenta Dilma Rousseff , que tem até 2 de agosto para analisar o texto.

A criação do sistema é esperada desde 2007, quando o país ratifi cou o Protocolo Facultativo à Convenção da Organiza-ção das Nações Unidas, que representa o com-promisso brasileiro com a construção de uma po-lítica nacional para a er-radicação da tortura.

De acordo com o PLC proposto pelo Executivo, o sistema será composto por duas instâncias bási-cas: o Comitê de Preven-ção e Combate à Tortura, integrado pelo governo federal e por represen-tantes de organizações da sociedade civil indi-cados pela Presidência da República, e pelo Me-canismo de Prevenção e Combate à Tortura, que terá 11 peritos indicados por esse comitê.

Os peritos terão aces-so livre, sem necessida-de de aviso prévio, a to-da e qualquer institui-ção fechada - centros de detenção, estabele-cimentos penais, hospi-tais psiquiátricos, insti-tuições de longa perma-nência para idosos, ins-tituições socioeducati-vas para adolescentes em confl ito com a lei e centros militares de de-tenção disciplinar.

Durante seus três anos de mandato eles não poderão ser afasta-dos sem a instauração de um procedimento ad-ministrativo e penal.

sões na coluna. Uma en-fermeira e uma assistentesocial alegaram que com-pete somente aos fami-liares denunciar às auto-ridades casos de pacien-tes suspeitos de crime.

(Blog da Amazônia)

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Rio de Janeiro, de 1º a 7 de agosto de 2013 | mundo

neiro deste ano, e a onda de demissões de lideran-ças que se seguiu aos ti-ros que o abateram, são expressões do fascismo ainda vigente.

Muitos de seus com-panheiros, para que rece-bessem o que era devido, tiveram que desistir das denúncias que apresen-

da, enquanto a defesa ar-gumentava que seu obje-tivo era apenas mostrar à sociedade os bastidores do Exército estaduniden-se e das guerras em que o país se envolveu. Se fosse condenado por essa acu-sação, o soldado poderia ser sentenciado à prisão perpétua, sem possibili-dade de redução.

Apesar de ter sido ino-centado da acusação mais grave, Manning ain-da pode encarar mui-tos anos de prisão, con-siderando-se a soma das penas máximas de suas condenações, que che-gam a mais de 130 anos. (Opera Mundi)

de São Paulo (SP)

A juíza militar Deni-se Lind anunciou na ter-ça-feira (30) o veredic-to do soldado estadu-nidense Bradley Man-ning, responsável por va-zar centenas de milhares de documentos secretos dos Estados Unidos para o Wikileaks, consideran-do-o inocente da acusa-ção mais grave, de “aju-da ao inimigo”. Entre-tanto, ele foi condenado por inúmeras violações à lei de espionagem, po-dendo ser sentenciado a uma pena máxima de 136 anos na prisão.

Entre as 17 acusações pelas quais Manning foi considerado culpado, es-tão as de espionagem e de roubo de documen-tos sigilosos. Ele forne-ceu ao Wikileaks víde-os de ataques aéreos em que civis foram mor-tos, centenas de milha-res de informações so-

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Joka Madruga

bradleymanning.org

Porto Quetzal, localizado a 98 Km da Cidade da Guatemala

Manifestação de apoio a Bradley Manning em Washington (EUA)

FATOS EM FOCO

Centenas de trabalha-dores de redes de fast- food de sete cidades dos Estados Unidos en-traram em greve na se-gunda-feira (29) e pre-tendem manter a para-lisação durante toda es-ta semana. Eles protes-tam contra o que cha-mam de “salário de mi-séria de 7,25 dólares a hora”. Os funcionários trabalham nas lancho-netes McDonald’s, Bur-ger King, Wendy’s, KFC e Domino’s Pizza.

Aproximadamente 6,4 milhões de cidadãos fo-ram convocados às ur-nas nesta quarta-fei-ra (31) para votar nas eleições presidenciais, legislativas e munici-pais do Zimbábue. Di-ferentemente das elei-ções de 2008, que ter-minou com a morte de cerca de 200 partidários de Morgan Tsvangirai, a votação ocorreu tran-quilamente.

A ministra da Integra-ção da Itália, Cécile Kyenge, de origem con-golesa, foi vítima na úl-tima sexta-feira (26) de novo ato de racismo ao ser atacada com du-as bananas lançadas por militantes do mo-vimento Força Nova, de extrema-direita, en-quanto discursava para aliados políticos.

Greve no McDonald’s

Eleições noZimbábue

Racismo na Itália

CIA torturou cubanos Os diplomatas cuba-nos Jesús Cejas Arias e Crescencio Nicome-des Galañena Hernán-dez foram torturados por agentes da CIA em território argentino durante a última di-tadura militar do país (1976-1983).

Soldado dos EUA é condenado pela maioria das acusaçõesWIKILEAKS Pena máxima a qual o soldado estadunidense pode ser submetido é de 136 anos

Ele forneceu ao Wikileaks vídeos de ataques aéreos em que civis foram mortos

Manning ainda pode encarar muitos anos de prisão

Trabalhadores resistem ante a privatização

Leonardo Wexell Severode Puerto Quetzal,

Guatemala

O governo guatemalte-co está favorecendo a en-trada de empresas estran-geiras no controle do Por-to de Quetzal. Em contra-partida, os trabalhadores resistem ante a privatiza-ção do porto, mas vivem o terror de assassinatos e perseguições.

O assassinato de Júlio Peña, dirigente dos traba-lhadores da estiva, em ja-

Assassinatos sob encomenda para privatização portuáriaGUATEMALA Em meio à sangrenta repressão antissindical, governo de Otto Pérez Molina entrega ao capital estrangeiro o futuro do principal porto da Guatemala

taram no Ministério do Trabalho.

Aliás, trata-se de um modus operandi que se repete. No dia 15 de ja-neiro de 2007, após inú-meras ameaças de mor-te, Pedro Zamora, então secretário-geral do Sindi-cato de Trabalhadores da Empresa Portuária Quet-zal (Stepq), teve seu carro alvejado por mais de cem disparos quando retorna-va para casa com os dois fi lhos. Ele também foi as-sassinado.

bre incidentes nos fronts das guerras do Iraque e do Afeganistão, dossiês de homens presos sem julgamento em Guantá-namo e cerca de 250 mil despachos diplomáticos.

Durante todo o julga-mento, que durou oito se-manas, a promotoria in-sistiu em acusar Manning de ter colaborado com inimigos dos EUA, como a rede terrorista Al Qae-

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Rio de Janeiro, de 1º a 7 de agosto de 2013 cultura |

CINEMA Surgido há dez anos, o espaço virou referência cultural na cidade do Rio de Janeiro

Marco imprescindívelPara Adil Tiscatti, uma

das cabeças responsáveis pelo cinema, o tomba-mento foi um marco im-prescindível, pois, como afi rma, “aquele espaço está defi nitivamente des-tinado para a atividade cinematográfi ca, ou seja,

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Pablo Vergara

Pablo Vergara

Cine Santa: luta pelo reconhecimento como patrimônio cultural da cidade

Espaço mantêm rede alternativa de exibição

Mariane Matos do Rio de Janeiro (RJ)

Localizado no tradi-cional bairro de Santa Te-resa, o Cine Santa surgiu em 2003, com exibições apenas aos domingos em um templo religioso, na Igreja dominicana locali-zada na região.

Em pouco tempo, se popularizou e transferiu sua sede para um anti-go posto policial, aumen-tando suas exibições pa-ra os sete dias da semana.

Tendo dado início à construção da sua histó-ria em pequenos passos, chega à sua primeira dé-cada completa com bas-tante sucesso.

O que antes havia co-meçado com compras de cadeiras de um cinema falido e projetores aluga-dos para garantir as ses-sões, hoje desencadeou o acolhimento dos mo-radores do bairro na luta para sua sobrevivência e pelo seu reconhecimen-

to como patrimônio cul-tural da cidade.

O processo de tom-bamento se caracterizou como uma iniciativa na Câmara de Vereadores, diante da proximidade de vencimento e possibili-dade de perda do espaço em que está situado.

Além disso, também contou com o supor-te dos moradores e fre-quentadores do cinema, com um abaixo-assina-do, que somou mais de dez mil assinaturas para que o processo pudesse ser agilizado.

Assim sendo, se con-cretiza como um impor-tante passo para a produ-ção cinematográfi ca do Brasil, pois mantém essa rede alternativa de exibi-ção ativa visto que, em ca-so contrário, esses fi lmes, em sua grande maioria, não teriam tela na cidade.

nenhuma caneta mal in-tencionada vai chegar ali e transformar o cinema em outra coisa qualquer”.

Os últimos anos têm sido de grandes vitórias para o cinema brasileiro, com novas leis e projetos de incentivo à produção de artistas brasileiros.

Mas, infelizmente, o parque exibidor ain-da é um obstáculo para as produções de peque-no porte, principalmente as nacionais, cercada de grandes grupos que prio-rizam as bilheterias de sucesso internacionais, a produção nacional ainda padece sem ser lançada nos cinemas.

Como as grandes redesde exibição estão semprepriorizando a questão darentabilidade dos fi lmes,a maioria das produçõesartísticas fi cam fora dessecircuito ou apenas pos-suem uma pequena aber-tura dentro dele.

Portanto, a existênciade cinemas como o CineSanta, com suas formas eposturas diferenciadas doque oferece o mercado,expressam um grande ga-nho não só para os mora-dores do bairro, que ali re-conhecem um ponto deencontro e cultura, comotambém para os produto-res cinematográfi cos, quealcançam aporte de exibi-ção e reconhecimento.

Tendo conquistadodurante quatro anos se-guidos (de 2008 a 2011) oprêmio de maior exibidorde fi lmes nacionais, o Ci-ne Santa tem se destacadocomo um modelo para serseguido por todo o Brasil,pois contempla as peque-nas produções – artísticase nacionais – que normal-mente não encontrariamamparo na maioria dastelas de cinema.

“aquele espaço está defi nitivamente destinado para a atividade cinematográfi ca, ou seja, nenhuma caneta mal intencionada vai chegar ali e transformar o cinema em outra coisa qualquer”

O Cine Santa tem se destacado como um modelo para ser seguido por todo o Brasil, pois contempla as pequenas produções – artísticas e nacionais – que normalmente não encontrariam amparo na maioria das telas de cinema

Cine Santa

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Rio de Janeiro, de 1º a 7 de agosto de 2013 | cultura

“Dossiê” revela vida de Jango12

te sábado (03), o grupo se apresentará às 17h na Paróquia Santa Teresi-nha Menino Jesus. En-trada franca. Av. Lauro Sodré 83 – Botafogo (ca-pacidade 200 pessoas).

INVENÇÃO E DIVERSÃOA recheada programa-ção de férias do CCBB vai chegando ao fi m, e como encerramento da diversão de julho nes-te fi nal de semana have-rá a última Ufocina. Ba-seada na exposição da obra do artista chinês, Cai Guo-Qiang, respon-sável pelo show pirotéc-nico na abertura dos Jo-gos Olímpicos de Bei-jing, a atividade convida as crianças a desenvol-verem suas próprias in-venções, utilizando ma-terial reciclável. Indica-do para crianças entre 8 e 12 anos. Acontece nos dias 3 e 4 de agosto às 14h, 15h e 16h. Entrada franca. Rua Primeiro de Março, 66 – Centro.

POR TRÁS DO MUNDO DAS CELEBRIDADESTermina neste sábado (03), no Instituto Cul-tural Germânico (ICG)

a exposição da artista plástica e atriz Vanessa Gerbelli. São 15 traba-lhos expostos, que bus-cam descobrir o uni-verso que se esconde por trás da superfi ciali-dade e artifi cialidade tí-picas das coberturas de famosos em revistas es-pecializadas. De segun-da a sexta, das 15h às 20h, e sábado, das 11h às 16h. Entrada gratui-ta. ICG de Icaraí, ave-nida Sete de Setembro 131, Niterói.

ARIANO SUASSUNA NO THEATRO MUNICIPAL Neste sábado (03), o Projeto Ariano Suassu-na – Arte como Missão, invade o Rio de Janeiro, trazendo o autor parai-bano para ministrar um

aulão gratuito que irá tratar de arte, mercado e identidade cultural. Às 12h, com abertura às 11h (sujeito à lotação do teatro). Cinelândia - Praça Floriano, s/n.

JAZZ NA PEDRA DO SALA tradicional zona do samba abre suas portas para uma “brechinha” de jazz. O evento, que acontece todo o pri-meiro sábado do mês e já está na sua 5a edição, traz o Trio do Sobrado. O grupo, que nasceu no fi nal de 2012, se inspi-ra no berço do samba para as suas costumei-ras performances ener-gizadas e cheias de im-proviso. O evento co-meça às 18h. A entra-da é franca e aconte-ce na Bodega do Sal, na Pedra do Sal, Rua Ar-gemiro Bulção 35 - Pça Mauá.

CRUCIFIXUS Buscando desvendar o universo simbólico da cruz, o CCBB apresen-ta uma exposição que re-úne mais de 150 cruzes, santos, relicários e ora-tórios dos séculos XVIII e XIX. Como um grande

personagem da história da arte, a cruz é aborda-da na mostra, transbor-dando o universo religio-so e trazendo à tona di-versos outros temas liga-dos à sua trajetória pe-la história. Com entra-da gratuita, fi ca em ex-posição até 23 de setem-bro, aberta de quarta a segunda, das 9h às 21h. Rua Primeiro de Março, 66 – Centro.

ORQUESTRA PETROBRASCom o objetivo de po-pularizar a música clás-sica e estimular o pú-blico, o projeto Mestre Athayde tem proporcio-nado apresentações gra-tuitas em igrejas por to-do o Rio de Janeiro. Nes-

SERVIÇO

to pelo golpe militar de 1964, sob a acusação de uma suposta “ameaça co-munista” que estaria sen-do incentivada por ele.

O fi lme gira em torno do período em que se en-contrava no exílio no Uru-guai, até novembro de 1976, e da sua misteriosa e inexplicável morte, um mês depois, na já na Ar-gentina, em dezembro do mesmo ano – registrada como causada por um in-farto fulminante.

A produção busca rea-cender pontos de interro-gação que sobrevivem até hoje – como a suspeita de que ele, de fato, teria si-

Reprodução

Reprodução

ICGTrio do Sobrado

Valter Campanato/Abr

Tomaz Silva/Abr

Trio do Sobrado, no Jazz na Pedra do Sal

A exposição Crux, Crucis, Crucifi xus, no CCBB

Sobre o véu da pele, no ICG Icaraí

Suassuna no Municipal

AGENDA

Mariane Matos do Rio de Janeiro (RJ)

Dossiê Jango, docu-mentário do  diretor Pau-lo Henrique Fontenelle, ainda se encontra em car-taz em alguns cinemas do Rio de Janeiro. O fi lme, que tem o ex-presidente João Goulart como fi gu-ra central, retoma a trama política que vivia o Brasil em meio à ditadura.

Após a renúncia de Jâ-nio Quadros, em 1961, e alguns dias de incerteza, Jango – como João Gou-lart era chamado – assu-me a presidência e gover-na o país até que é depos-

CINEMA Filme monta peças de um quebra-cabeça que pode levar à constatação de que o ex-presidenteJoão Goulart foi envenenado no exílio

Dossiê Jango

Gênero: DocumentárioTempo de duração: 102 minutosBotafogo: Espaço Itaú de Cinema, Sala 5, 18hIpanema: Cândido Mendes, 20h20Santa Teresa: Cine Santa, 17h

do envenenado. Além de depoimentos de pessoas que sofreram ou partici-param desse período de muita violência, truculên-cia e abuso de poder.

Lançada no início de julho deste ano, a produ-ção do Canal Brasil já ga-nhou dois importantes prêmios: um no Festival do Rio, como melhor do-cumentário do Júri Popu-lar, e outro na Mostra Ti-radentes, como melhor longa-metragem do Júri Popular.

E já desponta como um fi lme indispensável para o entendimento da história recente do Brasil.

Page 13: Brasil de Fato RJ - 014

Rio de Janeiro, de 1º a 7 de agosto de 2013 variedades | 13

HORÓSCOPO

Semana propícia para se desprender de antigas situações. Momento de atenção com a ansiedade diante de projetos. No amor, busca por mais liberdade será mais frequente.

Áries(21/3 a 20/4)

Momento requer mais paciência, princi-palmente em temas profi ssionais. Período bom para maior vivência em grupo. Período especial para retomar convivências com os amigos. No amor, cuidado com manias.

Câncer(21/6 a 22/7)

Semana exige mais cautela com assuntos materiais. Período para revisar parcerias, prin-cipalmente de trabalho. No amor, momento bom para desvendar sentimentos e obter revelações em relacionamentos.

Libra(23/9 a 22/10)

Momento recomenda atenção para não intervir demais em assuntos de pessoas mais próximas. Momentos de lazer serão mais frequentes. No amor, cuide para não exagerar na forma de se expressar.

Capricórnio(22/12 a 20/1)

A semana favorece iniciativas para consolidar negócios. Período propenso para aprofundar e desvendar situações em relacionamentos. Tendências para variações repentinas de hu-mor e posturas mais sentimentais nas relações.

Touro(21/4 a 20/5)

Semana favorece projetos profi ssionais. Período positivo para mudanças. Alguns mo-mentos para recompor suas energias serão essenciais. No amor, evite desviar a atenção de assuntos que são essenciais.

Leão(23/7 a 22/8)

Momento requer mais paciência, principal-mente com opiniões divergentes. Semana boa para assuntos profi ssionais e parcerias. No amor, tendências para demonstrações de sentimentos mais intensos.

Escorpião(23/10 a 21/11)

Semana traz aspecto que recomenda atenção com a ansiedade e com uma postura individualista. Período bom para inovações. No amor, seja mais dedicado e procure esclarecer pendências antigas de família.

Aquário(21/1 a 19/2)

A semana exige cuidado para não depositar energias demais em temas pouco essenci-ais. No amor, momento exige mais refl exão sobre divergências. Cuidado para não desperdiçar bons momentos.

Gêmeos(21/5 a 20/6)

Momento bom para esclarecimento de assuntos burocráticos. Situações em grupo ou que envolvam amigos são propensas a esclarecimentos. No amor, cuidado para não fazer exigências demais a quem gosta.

Virgem(23/8 a 22/9)

Semana exige mais cuidado com o corpo e saúde. Momento positivo para valorizar assun-tos relacionados ao trabalho. No amor, atente-se para que o orgulho não faça se portar de forma radical. Seja mais solidário e paciente.

Sagitário (22/11 a 21/12)

A semana exige dedicação aos estudos e a atividades culturais. Sua rotina tende a ser complementada com assuntos que façam bem ao seu intelecto. No amor, os gostos culturais ajudam com quem se relaciona.

Peixes(20/2 a 20/3)

PALAVRAS CRUZADAS DIRETASwww.coquetel.com.br © Revistas COQUETEL 2013

BANCO 27

Guarda-costas(bras.)

(?) Arabiya,rede de

TV árabe

Quebra-(?):

brigaviolenta

Poemacantado na

GréciaAntiga

Que édifícil deser rea-lizado

(?)taxativo,conceitojurídico

MalbaTahan,escritorcarioca

Adquiridopor finan-ciamento(o carro)

Peixe danota de

cem reais

(?) Ephron,cineastados EUA

A profis-são rela-cionada aalfândega

Passagementre

cômodosda casa

Bomba (?),artefatobélico

A "babá eletrô-nica"

(abrev.)A mais

populosado Norte éManaus

"Protocol",em IP

(Inform.)

(?) ao al-vo, jogo

com armasde fogo

O serviçoque não

exigeesforço

Embustei-ros; vi-garistas

O primo da Cuca,no "Sítio"

(TV)

Roentgen(símbolo)

Saudaçãocomumentre osjovens

A primeirado Brasilfoi Nair de Tefé

Relações Interna-cionais(abrev.)

SérgioToledo,

cineastabrasileiro

Sinal ana-saladorVeste deindianas

(?) abaixo: desabarAs, em

espanhol

(?) Rosa,atriz

Conteúdodo texto

O produto de umnúmero por si mesmo

Precedeuo CD

Cantora de"Believe"

Edifício (abrev.)"(?) Uma Vez...",início de contos

de fadaInformação extra

Designaçãopopular da "hidro-

fobia" (Med.)

Status doxerife no

VelhoOeste

Cidadepaulista

do orelhãogigante

Imperadorbrasileirodurante aGuerra doParaguai

O único das Américasa desaguar em mar

aberto, situa-se na di-visa MA/PI

Eufemismo para "diabo"

Plataformatípica decomícios

Cantor e compositorcarioca de "CoraçãoLeviano"

E

R

A

2/al. 3/las — rol. 4/cher — nora. 5/vinil. 7/maldito. 9/picaretas. 13/caricaturista.

SoluçãoEDIÇÃO

ESPECIALQUADRINHOS

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OUDRAAROLALIENADOMT

ITGAROUPANORAAEDHADENDO

CORREDORRPDAUATOA

CAPITALVIRVVINILIN

PICARETASAOHOISARILEIRCB

CARICATURISTAI

ASTROLOGIA - Semana de 1º a 7 de agosto Período traz elementos importantes que recomenda atenção com a ansiedade e com uma postura individualista; Momento tende a ser complementado com assuntos que façam bem ao seu intelecto

Page 14: Brasil de Fato RJ - 014

Rio de Janeiro, de 1º a 7 de agosto de 2013 | esporte

da Redação

Cesar Cielo, atual cam-peão dos 50m borboleta, garantiu a primeira me-dalha de ouro do Brasil na natação do Mundial de Esportes Aquáticos de Barcelona.

Com o tempo de 23s01, o brasileiro supe-rou o estadunidense Eu-gene Godsoe por quatro segundos. O francês Fre-derick Bousquet recebeu a medalha de bronze.

Outro brasileiro na prova, Nicholas Santos largou muito bem e lide-rou os primeiros 25m. Ele fi cou apenas com a quar-ta colocação.

O ouro de segunda-feira (29) foi o quinto de Cielo em Mundiais, o se-gundo consecutivo nos 50m borboleta.

EquipeEnquanto isso, o atu-

al medalhista de prata olímpico nos 200m me-dley, Th iago Pereira irá lutar pelo título da cate-goria no Mundial de Es-portes Aquáticos de Bar-celona.

Aliás, com um ótimo desempenho na compe-tição, a equipe brasileira conseguiu bons resulta-dos na manhã de quar-ta-feira (31).

No sufoco, Marce-lo Chierighini e Joanna Maranhão sofreram, mas conseguiram passar pela eliminatória e garantiram vaga na semifi nal.

Quem também vai bri-

gar por uma vaga na fi nal é Etiene Medeiros. A na-dadora fi cou com o quin-to melhor tempo na prova dos 50m costas, superan-do ainda a estadunidense Missy Franklin, uma das maiores promessas da natação mundial. A bra-sileira fi cou com a marca de 28s16, enquanto a chi-nesa Yanhui Fu, que fi cou na primeira colocação, fez 27s55.

Diferente de Etiene, a classifi cação de Marcelo foi bem difícil. Na elimi-natória dos 100m livre, o brasileiro terminou em 15º, sendo que apenas os 16 melhores se clas-sifi cam. Na prova, o líder foi o australiano James Magnussen.

Missy A estadunidense Mis-

sy Franklin arrasou na competição. Após con-quistar quatro medalhas de ouro e uma de bronze nos Jogos Olímpicos de Londres-2012, a jovem de 18 anos domina o Mun-dial de Esportes Aquáti-cos de Barcelona.

Na quarta (31), ela su-biu ao lugar mais alto do pódio pela terceira vez na competição espanhola, desta vez nos 200m livre. Ela superou sua rival ita-liana Federica Pellegrini. Antes disso, Franklin já havia conquistado o ouro no revezamento 4x100m livre e nos 100m costas.

14

FATOS EM FOCO

Brasileiro tem atuação brilhante e conquista seu segundo título de uma etapa prime do Circuito Mundial de surfe. Este é o segun-do título desse tipo de etapa do garoto de Bombinhas, em San-ta Catarina. O surfi sta, argentino por nasci-mento e brasileiro por opção, havia vencido o prime de Fernando de Noronha, em 2011. Agora, ele retorna às fi leiras dos melhores da modalidade.

A ginasta Jade Barbosa será a grande ausência do Campeonato Brasi-leiro de ginástica que será disputado nes-te fi nal de semana em Vitória (ES) e pode fi -car fora até mesmo do Mundial da modalida-de a se realizar entre 30 de setembro e 6 de outubro na Antuérpia (Bélgica).

Alejo Muniz vence US Open

Jade sofre lesão

Atacante equatoriano morre

O Al-Jaish comunicou na quarta-feira (31) que o atacante “Chu-cho” Benítez, 27 anos, morreu em decorrên-cia de uma parada car-diorrespiratória. O clu-be do Qatar divulgou a nota ofi cial, sem deta-lhes dos motivos que levaram o atleta equa-toriano à morte. Bení-tez apresentou fortes dores abdominais na noite de domingo (28) em casa, em Doha. Ele tomou analgésicos, a dor foi amenizada, mas voltou com mais intensidade. A esposa de Benítez levou o ma-rido ao hospital, mas o atendimento levou cer-ca de duas horas.

No sufoco, Marcelo Chierighini e Joanna Maranhão sofreram, mas conseguiram passar pela eliminatória

A nadadora fi cou com o quinto melhor tempo na prova dos 50m costas, superando ainda a estadunidense

www.cesarcielo.com.br

Cielo, ao centro, exibe a medalha de ouro conquistada

Cielo é bicampeão mundial nos 50m borboletaNATAÇÃO O ouro foi o quinto de Cielo em Mundiais, o segundo consecutivo na modalidade

Page 15: Brasil de Fato RJ - 014

Rio de Janeiro, de 1º a 7 de agosto de 2013 esporte |

equilibrou mais as ações. Aos 15min, o técnico Marcelo Oliveira tentou dar mais velocidade pe-lo lado esquerdo e trocou Luan por Willian. 

O Cruzeiro diminuiu a pressão e o Tricolor cres-ceu com a entrada dos jo-vens formados na base. Fred, que estava sumi-do na partida, foi oportu-nista e marcou de cabeça para garantir a vitória.

As entradas dos jovens da base mudaram o Flu-minense. O time passou a ter mais velocidade e ga-nhou jogadas no ataque. Em um dos lances, Ke-nnedy tentou um voleio na área, a bola sobrou pa-ra Fred que não falhou e completou de cabeça,

outros, o time das Laran-jeiras ainda viu Deco teratuação apagada.

O Cruzeiro teve duasótimas chances de abriro placar com ViníciusAraújo. Aos 18min, ele gi-rou sobre a marcação echutou para boa defesade Cavalieri. Aos 29min,após jogada de Mayke, seantecipou aos zagueiros echutou na trave.

15

bola “morrer” no fundo do gol. Gol que será vis-to por uma elite branca e abastada.

Ao mesmo tempo, no Palácio Guanabara, o go-vernador Sérgio Cabral decide rever a demolição do Parque Aquático Júlio Delamare, além de reu-nir-se com a Federação de Atletismo para tratar do Célio de Barros, após ouvir as manifestações.

Mais de um ano de-pois delas começarem e com sua popularidade caindo como a tempera-tura no Rio, diga-se.

Ou o governador so-fre de surdez seletiva, ou precisa passar óleo-de-peroba no rosto.

Cabral deve satisfa-ções também aos indí-genas da Aldeia Mara-canã, aos alunos e pro-fessores da Escola Frie-denreich, além dos tor-cedores que viram seu estádio morrer.Aliás, cadê o Amarildo?

Bruno Porpetta é autor do blog

porpetta.blogspot.com

opinião | Bruno Porpetta

CHAMOU A atenção o protesto bem humorado que reuniu fl amenguis-tas e botafoguenses na entrada do Maracanã.

Torcedores vestidos de terno, gravata e car-tola, com champanhe e charutos, se manifes-taram contra os pre-ços abusivos dos ingres-sos cobrados pelo con-sórcio que administra a arena em parceria com os clubes.

No clássico entre Fla-mengo e Botafogo, o mais barato custava 100 reais. Apesar de estu-dantes inscritos nos pro-gramas de sócio-torce-dor dos clubes pagarem meia da meia (R$ 25,00), esta “categoria” de torce-dor representa uma par-cela ínfi ma da galera que faz parte da história dos clubes e do Maracanã.

No momento em que se discute o preço dos in-gressos, o consórcio fi n-ge que não vê e não ou-ve. Estuda voltar com o “véu de noiva”, tradicio-nal formato das redes do Maracanã que fazia a

Os “véus” de fumaça

Nelson Perez/Fluminense F.C.

da Redação

Na estreia de Vander-lei Luxemburgo, o Flu-minense se recuperou no Campeonato Bra-sileiro na noite desta quarta-feira (31). O time das Laranjeiras venceu o Cruzeiro por 1 a 0, no Maracanã.

Com a vitória, o Flu en-cerrou uma série de cinco derrotas seguidas e deixa a zona de rebaixamento. Fred, que perdeu um pê-nalti no primeiro tempo, se recuperou e marcou o gol da vitória tricolor.

O time das Laranjeiras fez partida ruim no pri-meiro tempo, foi sufoca-do e ‘achou’ um pênalti no fi nal. Fred cobrou len-tamente, mas Fábio de-fendeu. Deco, contundi-do, saiu aos 40min.

Segundo tempoOs clubes não muda-

ram na volta para o inter-valo, mas o Fluminense

Fred marca e Flu vence o CruzeiroBRASILEIRÃO Na estreia de Vanderlei Luxemburgo, Fred marca após perder pênalti e garante a vitória do time das Laranjeiras

marcando o gol da vitória do Tricolor e encerran-do uma série negativa de cinco derrotas.

Atuação fracaApesar de jogar em

casa, o Tricolor sofreu com a falta de velocida-de nas bolas recupera-das e dos frequentes er-ros de passe. Com joga-dores distantes uns dos

Fred disputa lance com zagueiro cruzeirense: gol salvador na estreia de Luxa

brasileirão | 11ª rodada

XCruzeiro CoritibaSáb | 03/08 | 18h30 | Mineirão

XSantos NáuticoJOGO ADIADO | Vila Belmiro

1 X 2São Paulo BahiaQua | 10/07 | 21h00 | Morumbi

XAtlético-PR GoiásDom | 04/08 | 16h00 | Durival Britto

XCriciúma CorinthiansDom | 04/08 | 16h00 | Heriberto Hülse

XPonte Preta FluminenseDom | 04/08 | 16h00 | Moisés Lucarelli

XFlamengo Atlético-MGDom | 04/08 | 16h00 | Mané Garrincha

XGrêmio InternacionalDom | 04/08 | 18h30 | Arena do Grêmio

XVitória PortuguesaDom | 04/08 | 18h30 | Barradão

XVasco BotafogoDom | 04/08 | 18h30 | Maracanã

01CruzeiroFluminense

X

Fábio, Mayke, Bruno Rodrigo, Dedé, Egídio, Nilton, Souza,

Ricardo Goulart, Éverton Ribeiro, Vinícius Araújo (Lucca)

e Luan (William)

Diego Cavalieri, Jean, Gum, Leandro Euzébio, Carlinhos,

Edinho, Diguinho (Igor Julião), Wágner (Kenedy), Deco

(Felipe), Rafael Sobis e Fred

Gol de Fred | Maracanã | Rio de Janeiro (RJ) | 31/07 | 19h30

FICHA TÉCNICACom a vitória, o Flu encerrou uma série de cinco derrotas seguidas

Page 16: Brasil de Fato RJ - 014

Rio de Janeiro, de 1º a 7 de agosto de 2013 | esporte16

VAGA NO G4 Alvinegro aparece na terceira colocação; Vitória é sexto

03FlamengoBahia

X

Felipe, Léo Moura, Wallace, González, João Paulo, Luiz Antonio,

Elias, Paulinho (Gabriel), Adryan (Bruninho), Carlos Eduardo

(Fernandinho) e Marcelo Moreno

Marcelo Lomba, Madson, Rafael Donato, Titi, Raul, Rafael Miranda, Fahel (Diones), Hélder, Marquinhos, Wallyson (Anderson

Talisca) e Fernandão (Souza)

Gols de Fernandão, Wallyson e Marquinhos GabrielFonte Nova | Salvador (BA) | 31/07 | 21h50

FICHA TÉCNICA

BRASILEIRÃO Equipe segue na zona de rebaixamento, na 17a. posição, com 10 pontos; Bahia assume o segundo lugar

Marcelo Moreno não marcou e Mengão foi goleado na Fonte Nova

Edson Ruiz/Folhapress

Fla perde e segue na degola

da Redação

O rubro-negro sentiu arder o tempero baiano na noite de ontem (31). O time comandado por Ma-no Menezes não jogou bem e perdeu por 3 a 0 da equipe do Bahia, do téc-nico Cristovão Borges.

Com a vitória, o Bahia conquista o segundo lu-gar do Brasileirão, atin-gindo 19 pontos. Foi a primeira partida do Bra-sileirão que o Tricolor marcou três gols.

O Flamengo segue na zona de rebaixamento, na 17a. Posição, com 10 pontos.

Jogo O primeiro gol ocor-

reu aos 28 minutos do primeiro tempo. Hélder arriscou chute de muito longe, Felipe bateu rou-pa e a bola sobrou nos pés de Fernandão, que só teve o trabalho de

da Redação

Após empatar com o Flamengo no Maracanã, no último domingo (29), o Botafogo retorna ao es-tádio carioca como man-dante para enfrentar o Vitória, nesta quinta-fei-ra (1), às 19h30, pela 10ª rodada do Campeona-to Brasileiro. O alvine-gro terá a volta do meio-campista Clarence See-dorf. Será um confronto direto por vaga no G4.

O campeão carioca disputou quatro de seus nove jogos como man-dante. No último, em São

da Redação

Embalado pelas vitó-rias sobre Fluminense e Criciúma, o Vasco vi-sita o Goiás nesta quin-ta-feira (1), às 21 horas (de Brasília), no Estádio Serra Dourada, em Goi-ânia (GO), pela décima rodada do Campeonato Brasileiro.

As duas equipes fazem campanhas quase iguais e buscam a vitória para encostar na zona de clas-sifi cação para a Copa Li-bertadores. O cruz-mal-

Com Seedorf, Bota volta ao Maraca

Vasco busca terceira vitóriaSEQUÊNCIA O Cruz-Maltino soma 13 pontos, um a mais que o Goiás

empurrar para o fundo das redes.

No segundo, Mar-quinhos cobrou falta na área, a bola passou por todo mundo e Felipe es-palmou. Na sequência, Wallyson chutou de pri-meira e foi pra galera.

O lance foi polêmico. Os jogadores do Flamen-

Januário, superou o Náu-tico por 2 a 0.

Embora com difi cul-dades para manter o sa-lário dos seus jogadores em dia (dois meses atra-sados), a equipe tem de-monstrado força dentro

go reclamaram bastan-te com a arbitragem por-que o árbitro auxiliar in-validou o gol após mar-car impedimento de Ra-fael Donato. Héber Ro-berto Lopes, no entanto, chamou a responsabili-dade para si e validou o gol tricolor.

Em boa parte da se-

gunda etapa, o Flamen-go tentou chegar ao ata-que com a bola domina-da, mas o Bahia se fechou na defesa e difi cultou as jogadas.

Aos 24 minutos, o time de Mano conseguiu as-sustar com uma bela jo-gada. Marcelo Moreno fi -cou cara a cara com Mar-

celo Lomba, tentou tocarno canto, mas goleiro tri-color faz grande defesa.

Como um golpe derra-deiro, o time do Bahia, aos31 minutos, Marquinhosfuzila a meta de Felipe.

O time de CristovãoBorges ainda não perdeupara times cariocas noBrasileirão.

tino soma 13 pontos, um a mais que os goianos, que buscam a recupera-ção após serem derrota-dos pelo Bahia por 2 a 1 no domingo (29).

Aliás, se o nome do volante Guiñazu, apre-sentado na última se-mana como novo refor-ço, aparecer no BID (Bo-letim Informativo Diá-rio), o comandante cruz-maltino, Dorival Júnior,

já poderá promover a es-treia do argentino.

Cris Quanto ao zagueiro

Cris, do Grêmio, apenasdetalhes impedem o Vas-co de anunciar de formaofi cial sua contratação.Pouco utilizado no Tri-color, o jogador deve serconfi rmado como novoreforço para a zaga cruz-maltina.

Seedorf está de volta ao time

Vitor Silva/Botafogo Ofi cial

de campo, brigando pe-la liderança do Brasilei-rão e classifi cada para as oitavas-de-fi nal da Copa do Brasil.

Os jogadores do Flamengo reclamaram bastante com arbitragem porque o auxiliar invalidou o gol

XVitóriaBotafogo

Maracanã | Rio de Janeiro (RJ) | 01/08 | 19h30

FICHA TÉCNICA

XVascoGoiás

Serra Dourada | Goiânia (GO) | 01/08 | 21h00

FICHA TÉCNICA