Brasil de Fato SP - Edição 042

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SÃO PAULO 27 de junho a 03 de julho de 2014 • ano1 nº 42 • brasildefato.com.br • distribuição gratuita Paulistanos tomam as ruas para torcer pela seleção brasileira Fan Fest no Vale do Anhangabaú e bairro da Vila Madalena são os locais preferidos dos torcedores p.5 celebração Que venha o Chile! Dependência de talentos individuais será testada na disputa das oitavas. p.16 Chico,70 p.13 Entrevista: MC Leonardo “Todas as culturas do Brasil se entranham no funk” p.8

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Jornal Brasil de Fato SP - Edição 42 - 27 de junho a 03 de julho de 2014

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SÃO PAULO 27 de junho a 03 de julho de 2014 • ano1 nº 42 • brasildefato.com.br • distribuição gratuita

Paulistanos tomam as ruas para torcer pela seleção brasileira Fan Fest no Vale do Anhangabaú e bairro da Vila Madalena são os locais preferidos dos torcedoresp.5

celebração

Que venha o Chile!Dependência de talentos individuais será testada na disputa das oitavas. p.16

Chico,70p.13

Entrevista: MC Leonardo

“Todas as culturas do Brasil se entranham no funk” p.8

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brasildefato.com.br2 editorial

As vaias que a presidenta

Dilma Rousseff recebeu na

abertura da Copa, na presença

de chefes de Estado e transmi-

tidas pela televisão ao mundo

todo, revelam as contradições

que temos em nosso país.

Vaiar autoridades em even-

tos que reúnem multidões não

é nenhuma novidade. No en-

tanto, os xingamentos atingi-

ram a mulher, a mãe e avó que,

por decisão da maioria, ocupa

a presidência da República.

A mídia noticiou que as

ofensas começaram na área

VIP do estádio e, precisamen-

te, com uma colunista social

do jornal O Estado de S. Paulo,

presente no camarote do Ban-

co Itaú. O coro do “Ei Dilma,

vá tomar no c...” foi promovido

pela elite branca, na certeira

definição do ex-governador

Cláudio Lembo. É uma elite

endinheirada, que se diverte

nas férias em Miami. Rica, mas

desprovida de educação, civi-

lidade e valores democráticos.

O tucano Aécio Neves, que

sonha substituir Dilma, tentou

tirar proveito do ato vergonho-

so, dizendo que a presidenta

estava sitiada. O jornalista Juca

Kfouri, um dos primeiros a

condenar os xingamentos, foi

ouvir os voluntários e traba-

lhadores presentes no estádio,

que criticaram as vaias.

O candidato tucano sofreu

um constrangimento pareci-

do em 2007, quando em jogo

entre Brasil e Argentina, o Mi-

neirão lotado gritou: “ôôô Ma-

radona, vai se f... o Aécio cheira

mais que você!”. E agora Aécio?

Tendo começado por uma

colunista do Estadão, convi-

dada pelo Itaú para assistir a

partida, é a síntese dos dois

principais protagonistas das

bandeiras conservadoras e

neoliberais da política: a mídia

e o sistema financeiro.

Ambos são privilegiadíssi-

mos com as políticas do Es-

tado. A grande mídia recebe

privilégios fiscais e verbas pu-

blicitárias, do governo e em-

presas estatais, que enrique-

cem um setor da elite branca.

Os bancos superam seus lu-

cros estratosféricos a cada ano,

num ranking não raramente

liderado pelo Banco Itaú.

No entanto, a elite não admite

qualquer política pública, por

mais tímida que seja, que bene-

ficie os pobres, como as imple-

mentadas nos governos de Lula

e Dilma. Insaciáveis nos lucros

e em políticas que enriquecem

os ricos, sonham em retomar o

governo com os tucanos.

Já passou da hora de con-

frontar esses setores con-

servadores com mudanças

profundas na sociedade e na

forma de governar, iniciando

com uma Assembleia Nacio-

nal Constituinte Exclusiva, que

promova uma reforma política

para fortalecer a democracia

participativa.

Conselho Editorial: Aton Fon Filho, Carla Bueno, Gabriel Sollero, Igor Felippe, Igor Fuser, João Paulo Rodrigues, Neuri Rossetto, Ricardo Gebrim, Ronaldo Pagotto e Vitor Polacchini • Diretores executivos: Igor Felippe e Ronaldo Pagotto • Editora: Vivian Fernandes • Repórteres: Luiz Felipe Albuquerque, Mariana Desidério e Rafael Tatemoto • Diagramação: Alvise Lucchese • Revisão: Thiago Moyano • Fotógrafo: Rafael Stedile • Jornalista responsável: Vivian Fernandes – Mtb 14.245/MG • Coordenação da distribuição: Larissa Sampaio • Administração: Ana Karla Monteiro • Publicidade: [email protected] • Endereço: Al. Eduardo Prado, 676 – Campos Elíseos – CEP 01218-010 – Tel. (11) 2131-0800 / Fax: (11) 3666-0753 – São Paulo-SP

» Já passou da hora de confrontar

esses setores conservadores

A lição de uma vaia

O jornal Brasil de Fato circula semanalmente em todo o país com uma edição nacional e em edições regionais,

no Rio de Janeiro, em Minas Gerais e em São Paulo. Queremos contribuir no debate de ideias e na análise dos fatos do ponto de vista da necessidade de mudanças sociais em nosso país.

Contato: [email protected] | (11) 2131-0800

SÃO PAULO

foto da semana: Ibirapuera foi eleito melhor parque da América do Sul

DAHMER - malvados.wordpress.com

LATUFF - latuffcartoons.wordpress.com

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3brasildefato.com.br 3

Festas das torcidas lotam as ruas da capitalcopa 2014

Para a grande maioria das pessoas que não consegui-ram comprar ingressos para as partidas da Copa, a organi-zação do evento no país ain-da pode proporcionar ma-neiras alternativas de curtir o Mundial. Nas cidades sede da competição, a Fifa montou as Fan Fests, locais em que os torcedores podem acompa-nhar os jogos e também apre-ciar atrações musicais.

A reportagem do Brasil de Fato SP esteve na Fan Fest, no Vale do Anhagabaú, acompanhando os jogos do Chile contra a Holanda e do Brasil contra Camarões, na última segunda-feira (23).

A chegada ao local, que fica entre as estações Anhan-gabaú e São Bento do Metrô, foi tranquila. A revista feita pela equipe de segurança foi rápida, mas pessoas portan-do mochilas e adereços mais exóticos eram averiguadas por mais tempo, e em alguns casos barradas. Uma hora e meia antes do jogo do Bra-sil, por volta das 15h30, a lotação máxima, de 25 mil pessoas, foi atingida e o in-gresso de novas pessoas foi interrompido.

O ambiente interno esta-va bastante organizado, com várias tendas com atrações e barracas com comidas e be-bidas, além de ambulantes. Os banheiros apresentavam poucas e curtas filas. O maior obstáculo a ser vencido pelo torcedor eram os abusivos R$ 6 cobrados por uma lata de cerveja.

John Trout, inglês que tam-bém foi à África do Sul em 2010, elogiou a organização do evento no país. “Só achei que a Fifa está mais exigen-te. Não deixaram eu entrar com meu chapéu. Agora, vou morrer de insolação [risos]”, disse ele. Questionado sobre a entidade internacional, foi

categórico: “É corrupta, ve-nho pelo amor ao futebol”.

A quantidade de estrangei-ros, aliás, saltava aos olhos. Ainda que em menor núme-ro, sua empolgação, assim como nos estádios, os dife-rencia dos brasileiros. En-quanto chilenos entoavam diversas canções, mesmo

No último jogo do Brasil, contra a seleção de Camarões, na segunda-feira (23), a cidade de São Paulo trabalhou nor-malmente até o início da tarde. Isso ocorreu após a tentativa frustrada do prefeito Fernan-do Haddad (PT) de decretar feriado nesta data, com a ideia de não ver se repetir o caos no trânsito do jogo anterior da se-leção brasileira.

No último dia 17, os pau-listanos saíram do trabalho e correram para ver o jogo do Brasil contra México pela Copa do Mundo. Porém, o retorno para casa provocou mais de 300 quilômetros de

após o fim de sua partida, a torcida de seleção brasileira só era capaz de articular “eu sou brasileiro, com muito or-gulho...”.

RUASA quantidade de pessoas

vindas de fora para Copa al-terou a rotina da Vila Mada-

trânsito na cidade e muitos torcedores acabaram per-dendo a partida.

O feriado extraordinário proposto pela prefeitura foi barrado na Câmara dos Ve-readores. Liderados pelos vereadores tucanos Andrea Matarazzo, coronel Telhada e Patrícia Bezerra, os parlamen-tares ausentaram-se do ple-nário, boicotando a votação e provocando a derrota do pro-jeto por falta de quórum.

Por incrível que pareça, os vereadores que fizeram tanta questão que não fosse feria-do resolveram não trabalhar nesta segunda-feira (23), en-

tre eles, os tucanos que lide-raram o boicote ao projeto.

Segundo o SPressoSP, fo-ram feitas ligações ao gabi-nete de Matarazzo, Telhada e Patrícia, mas ninguém aten-

deu aos telefonemas. O por-tal UOL também informou que ligou diretamente para os parlamentares, que não atenderam. (Com informa-ções do SPresso SP)

lena, bairro da zona oeste. Diariamente, à noite, algu-mas ruas têm sido tomadas por uma multidão. Apesar do clima festivo, com diversos torcedores confraternizan-do, a aglomeração também tem seu lado ruim. O mais evidente é que muros de ca-sas se transformaram em ba-

nheiros públicos.Além disso, assim como na

Fan Fest, a presença é majo-ritariamente masculina. In-felizmente, nesses locais re-pete-se o ambiente típico do futebol de grande desconfor-to para as mulheres, sujeitas a todo tipo de gracejos sem nenhum bom senso.

por Rafael Tatemoto

Torcedor comemora o gol do Brasil na Fan Fest, no Vale do Anhagabaú

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Opções fora do estádio, Fifa Fan Fest e Vila Madalena são os locais mais abarrotados de turistas e brasileiros

Vereadores impediram feriado, mas não trabalharampolítica

Entre os vereadores que não foram ao trabalho, está Andrea Matarazzo

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por Raquel RolnikPra onde vai o seu lixo?Muita gente já separa em casa o lixo

seco do lixo orgânico, mas pouco sabe-mos que destino têm esses materiais, o quanto de fato é aproveitado para recicla-gem, se é possível aproveitar o lixo orgâ-nico pra alguma coisa… Enfim, a destina-ção final do lixo que produzimos é uma das grandes preocupações de nossas cidades hoje. A maior parte do lixo ainda vai para aterros sanitários, cada vez mais distantes e com enorme impacto sobre as áreas onde estão instalados.

Na cidade de São Paulo, por exemplo, temos coleta seletiva em 46% dos domi-cílios, mas menos de 2% do lixo é de fato reciclado. Com o objetivo de aumentar

nossa capacidade de reciclar, a prefei-tura de São Paulo inaugurou, no início deste mês, a primeira central de triagem mecanizada de resíduos recicláveis da América Latina, com capacidade para pro-cessar até 250 tonela-das de lixo reciclável por dia.

Um dos grandes li-mites para a amplia-ção da reciclagem é justamente o acúmulo do material re-ciclado e a dificuldade de encaminhá--lo para reuso, por ser muito volumoso. Com a mecanização, o lixo separado é

prensado mecanicamente, diminuindo de volume e, assim, podendo ser trans-portado mais facilmente.

Uma outra boa notícia é o lançamen-to do projeto Com-posta São Paulo, ini-ciativa da sociedade civil, encampada pela Prefeitura, que distribuirá inicial-mente para dois mil domicílios compos-

teiras domésticas, mais conhecidas como minhocários. Estas compostei-ras transformam o lixo orgânico em adubo e podem ser acondicionadas em

quintais, áreas de serviço, garagens e cozinhas.

Para participar do projeto e receber a composteira é necessário se cadastrar no site até o dia 27 de julho pela inter-net. Aumentando a escala e a cobertura da reciclagem, abrindo novas frentes de reaproveitamento do lixo, inclusive o orgânico, São Paulo avança no en-frentamento de um dos maiores desa-fios ambientais de nossas cidades.

Raquel Rolnik é urbanista e professora da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo. Escreve no blog www.raquelrolnik.wordpress.com

» 1ª central de triagem mecanizada em São

Paulo pode processar até 250 toneladas de

lixo por dia

são paulo

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violência

Ação da PM é questionada por advogados, que indicam criminalização de movimentos sociais

Em mais um episódio de tru-culência da Polícia Militar paulis-ta, o advogado do centro Gaspar Garcia de Direitos Humanos, Benedito Barbosa, de 53 anos, foi preso na quarta-feira (25), enquanto acompanhava uma reintegração de posse no centro de São Paulo. Barbosa foi levado à delegacia, onde foi lavrado um boletim de ocorrência de resis-tência à prisão. Em entrevista à RBA após sua detenção, o advo-gado disse que tentou entrar no

prédio após ser avisado pela con-selheira tutelar, Ivanete Araújo, de que os policiais estavam im-pedindo que representantes das famílias que ocupavam o edifício entrassem para acompanhar a retirada dos seus bens.

“Eu nunca vi nada daquele jeito. Eles entraram dando pon-tapés nas portas e as crianças acordaram assustadas. Havia muita gente chorando. Não me deixaram entrar, mesmo me apresentando como conselheira

dura preta”, descreveu o advoga-do, que atua há 30 anos em mo-vimentos de moradia.

Esta foi a quarta detenção desde o início desta semana. Na quarta-feira (25), o ativista digital Everton Rodrigues, foi detido por dois policiais na Vila Madalena.

Outras duas pessoas foram presas e acusadas por associação criminosa na segunda-feira (23). O professor de inglês Rafael Mar-ques Lusvarghi, e o universitário

tutelar”, afirmou Ivanete.Barbosa conta que se apresen-

tou como advogado, mas, ainda assim, foi imobilizado com um mata-leão e depois cercado por seis policiais da “tropa do braço”, treinados para deter manifes-tantes violentos com técnicas de artes marciais. “Esse tipo de abordagem não é comum. Nor-malmente, tem a Força Tática e policiais dos batalhões de área. Mas dessa vez, tinha policiais em motos, choque e esses de arma-

Fabio Hideki Harano, permane-cem presos.

Para o advogado Luiz Gui-lherme Ferreira, do grupo Ad-vogados Ativistas, a prisão se soma a outras ocorridas con-tra militantes políticos como indicativo do avanço da cri-minalização dos movimen-tos sociais. “Há um aumento da repressão e ela ocorre de maneira ilegal”, afirma. (por Gisele Brito, da RBA)

Em três dias, PM prende quatro ativistas; advogado é agredido pela ‘tropa do braço’Para Advogados Ativistas, prisões questionáveis de militantes são criminalização dos movimentos sociais

Movimento dos Trabalhadores Sem Teto acampa em frente à Câmara, pedindo aprovação do Plano Diretor.

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Mais Médicos e mais qualidade de vida para comunidades pobres

A doceira Ângela Lacerda, de 50 anos, estava há qua-tro anos sem ir a um pro-fissional da saúde quando o programa Mais Médicos foi instalado no seu bairro, o Parque da Felicidade, em Duque da Caxias. “Antes era um sacrifício. Até que um dia recebi a visita do médico na minha casa”, conta a doceira. Estimativas do Ministério da Saúde apontam que histó-rias como a de Ângela estão sendo contadas por pelo menos 800 mil pessoas só no estado do Rio. Segundo o ministério, 222 profissionais, sendo 198 estrangeiros, atu-am em 23 municípios.

“Meu pai tem um proble-ma grave de saúde, desde que teve um acidente vascu-lar cerebral (AVC). A visita foi para orientar sobre a melhor forma de cuidar dele, mas o doutor acabou conquistando

nossa confiança e a família toda passou a consultar com ele”, continua Ângela. Em um exame preventivo de rotina ela descobriu uma infecção na área genital, que pode-ria ter se convertido em algo mais grave caso não tivesse sido detectada a tempo.

Outra moradora da Bai-xada, Andressa Batista, de 20 anos, está grávida de oito meses e já não precisa mais enfrentar as filas imensas de posto de saúde e hospitais públicos para fazer seu pré--natal. “A grande diferença do atendimento que recebemos aqui é que o médico agora mostra interesse por mim e pela minha saúde. Cansei de ir ao hospital público e médi-co nem olhar na minha cara. Aqui o doutor conversa, ouve e orienta a gente”, afirma a fu-tura mamãe.

Já a dona de casa Rita de Cássia Azevedo, de 53 anos, conta que sua vida mudou

radicalmente com a chegada do programa Mais Médicos. Ela está acamada há 21 anos, devido um acidente domésti-co. “Caí na cozinha e quebrei o fêmur. Nunca mais pude an-dar, as várias cirurgias nunca resolveram meu problema. Minhas visitas ao médico eram sempre muito doloro-sas, pois era levada de ambu-lância. Em uma dessas vezes quebraram meu pé durante a viagem. Mas agora o doutor vem na minha casa”, destaca a dona de casa, que também está com pedra nos rins.

“O grande problema que vemos é que essas pessoas ficaram muito tempo sem assistência médica, quando estavam doentes não eram tratadas, isso faz com que tenham acúmulos de proble-mas de saúde”, ressalta o mé-dico brasileiro João Marcelo Goulart, neto do ex-presiden-te brasileiro João Goulart (1961-1964).

Baixada Fluminense é a região que recebeu o maior número de médicos

por Fania Rodrigues, do Rio de Janeiro

ensino

Dilma sanciona Plano Nacional de Educação sem vetos

A presidenta Dilma Rous-seff sancionou, sem vetos, o PNE (Plano Nacional de Educação). O plano tramitou por quase quatro anos no Congresso até a aprovação e estabelece 20 metas para se-rem cumpridas ao longo dos próximos dez anos.

As metas vão desde a edu-cação infantil até o ensino superior, passam pela ges-tão e pelo financiamento do

Número de consulta de primeira Atenção Médica cresce 35%

Desde que foi lançado em julho de 2013, o número ge-ral de consultas realizadas cresceu quase 35%, de acor-do com o Mistério da Saúde. “Problemas estruturais exis-tem, mas 90% das consultas que realizei puderam ser resolvidas no consultório e evitamos que se tornassem problemas mais complexos”, explica o médico João Marce-lo Goulart.

Ele conta que a decisão de estudar medicina em Cuba foi inspirada no avô. “A iden-tificação dele com a classe trabalhadora influenciou muito minha escolha por uma formação médica hu-

manizada”, destaca Goulart. Sobre as críticas ele é con-tundente: “quem critica a medicina cubana é porque não conhece. Meus pacientes estão contentes, para mim é o suficiente”.

Quem não para de traba-lhar desde que chegou é a médica cubana Yiselis Mar-tinez. “Estou muito feliz de fazer parte dessa missão e ajudar as pessoas pobres do Brasil. As críticas vêm de uma pequena parte, que não representa a sociedade. Os pacientes que atendo pen-sam diferente, sei disso por-que sempre recebo mensa-gens de agradecimento”. (FR)

setor e pela formação dos profissionais. O texto foi pu-blicado em edição extra do Diário Oficial da União de quinta-feira (26).

O PNE estabelece meta mí-nima de investimento em educação de 7% do PIB (Pro-duto Interno Bruto) no quin-to ano de vigência e de 10% no décimo ano. Atualmente, são investidos 6,4%, segundo o Ministério da Educação.

Vida da dona de casa Rita Azevedo mudou com Mais Médicos

João M. Goulart: “Meus pacientes estão contentes, é o suficiente”

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por frei bettoPara decidir os rumos do BrasilMês que vem começa a propagan-

da eleitoral compulsiva e compulsó-ria. Mais uma eleição em outubro, da qual é importante que todos nós par-ticipemos. Antes, porém, haverá algo tão importante quanto: o Plebiscito Popular por uma Constituinte Exclu-siva e Soberana, na Semana da Pátria, de 1 a 7 de setembro.

Eis a ocasião de dar uma virada no jogo! Vamos responder à questão: “Você é a favor de uma Constituinte Ex-clusiva e Soberana sobre o sistema po-lítico?”. Adianto a minha resposta: sim.

Não será a primeira vez que isso acontece. Em 2002, o presidente FHC queria que o Brasil integrasse

a Alca (Área de Livre Comércio das Américas), monitorada pelos EUA. O povo brasileiro foi consultado em plebiscito. Foram coletados mais de 10 milhões de votos em 46 mil urnas de todo o país. O resul-tado comprovou a vontade popular: 98,32% dos eleito-res se manifestaram contra a entrada do Brasil na Alca.

Outros plebiscitos foram convo-cados: em 2000, sobre a dívida ex-terna; em 2007, sobre a privatização da Vale do Rio Doce.

A Constituição de 1988, em vigor, representa uma transição conserva-dora da ditadura à democracia. Teve o erro de não ser exclusiva. Foram

seus formuladores os mesmos depu-tados e senadores eleitos para o Con-gresso pelo atual sistema político vi-ciado. Por isso, pre-servaram muitos resquícios daquele

sistema, como a militarização da po-lícia, a estrutura fundiária favorável ao latifúndio, o pagamento da dívida pública, a injusta anistia aos tortura-

dores e assassinos do regime militar.A Constituinte Exclusiva e Sobe-

rana deverá ser unicameral, sem o Senado, e sem tutela do Judiciário e ingerência do poder econômico. Só através dela nosso país alcançará, de modo pacífico, as tão almejadas re-formas estruturais. Com essa Cons-tituinte, proposta pelos movimentos sociais, poderemos aperfeiçoar a democracia representativa e partici-pativa, e fortalecer o controle social sobre as instituições.

Frei Betto é religioso dominicano, es-critor de “Batismo de Sangue” (Rocco), entre outros livros.

» Só com uma Constituinte Exclusiva nosso país alcançará

as tão almejadas reformas estruturais

que necessita

energia elétrica

Aumenta a conta de luz em MG, SP e PR

As maiores empresas for-necedoras de energia elétri-ca do Brasil estão pedindo aumento significativo na conta de luz dos brasileiros. Um levantamento do MAB

(Movimento dos Atingidos por Barragem), que acom-panha o setor elétrico, revela que, das 65 distribuidoras de energia que operam no país, 22 já tiveram autorização do governo federal para aumen-tar o preço da conta em valo-

res muito acima da inflação. Os reajustes variam de 9,8% a 38,5%.

As principais responsáveis pelo aumento são as em-presas estatais de Minas Ge-rais, São Paulo e Paraná, as mesmas que se recusaram,

no fim de 2012, a renovar os contratos de concessão com o governo federal para bara-tear a conta de luz. A recusa impediu que a presidenta Dilma Rousseff cumprisse a promessa de baixar a conta residencial em cerca de 18%.

“Com os novos aumentos desse ano, as contas voltam a ter o mesmo valor de antes do anúncio do desconto”, explica Gilberto Cervinski, da coorde-nação nacional do MAB.

Essa semana, a Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica) autorizou o reajuste de 33,5% nas contas de luz Copel (Companhia Parana-ense de Energia). Trata-se de um dos maiores aumentos já concedidos esse ano e vai im-pactar os mais de 4,2 milhões de consumidores da empresa no Paraná, que tem como go-vernador Beto Richa (PSDB).

Em abril, outro estado go-vernado pelo PSDB pediu aumento na conta de luz. A Cemig, de Minas Gerais, so-licitou reajuste de mais de 29%, mas a Aneel só permitiu aumento de 15,78%.

Na próxima semana, a Ele-tropaulo, distribuidora que

atende 6,7 milhões de domi-cílios no estado de São Paulo, inclusive a capital, também deverá ter o pedido de au-mento aprovado pelo gover-no federal. A empresa solicita reajuste de 17% na tarifa e a mudança deve entrar em vi-gor a partir de 4 de julho.

ESPECULAÇÃO TARIFÁRIAGilberto Cervinski, do MAB,

explica que os aumentos “tão elevados” se devem a um pro-cesso de especulação tarifária provocada, principalmente, pelas empresas geradoras de energia de Minas Gerais, São Paulo e Paraná. “Em 2012, a Copel, a Cemig e a Cesp não aceitaram renovar seus contratos de concessão e, ao mesmo tempo, não aceitaram vender sua energia nos leilões realizados pelo governo”.

A renovação das conces-sões, proposta pelo governo federal, garantiu a redução de R$ 100 para R$ 33 o mega-watt/hora. Entretanto, com a negativa das três empresas, que juntas produzem 10% da energia elétrica do país, a re-dução das tarifas ficou com-prometida.

O reajuste do preço da conta é em valores muito acima da inflação, variando de 9,8% a 38,5%.

A redução das tarifas proposta pela União ficou comprometida em estados administrados pelo PSDB

por Pedro Rafael Vilela, de Brasília

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O premiê xiita rejeitou proposta da oposição e de parte da comunidade internacional para solucionar crise

O primeiro-ministro iraquia-no, Nouri al-Maliki, rejeitou na quarta-feira (25) a formação de um governo de salvação na-cional como medida para ten-tar solucionar o atual conflito, como pediram vários partidos políticos do país e parte da co-munidade internacional.

“As chamadas para formar um governo de salvação na-cional são um golpe contra a Constituição e uma tentativa de eliminar o processo democrá-tico”, denunciou o premiê xiita em discurso na TV local, segun-do a agência Efe. Maliki ainda acrescentou que há forças po-líticas que querem se unir com os extremistas sunitas do EIIL (Estado Islâmico do Iraque e do Levante), grupo por trás dos ataques que desestabilizaram o país nas últimas semanas.

Nos últimos dias, diversos partidos políticos iraquianos, tanto sunitas quanto xiitas, pe-diram a formação de um gover-no de união nacional que en-globe as distintas partes e que diferencie entre as reivindica-ções legítimas dos sunitas e as ações do EIIL. Para a oposição, Maliki agravou a situação ao afastar os sunitas moderados que antes combatiam o grupo terrorista Al Qaeda.

INFLUÊNCIA DOS EUADois anos e meio depois da

retirada das tropas dos Estados Unidos do país, uma equipe de analistas norte-americanos do Pentágono realizou nesta se-mana em Bagdá a primeira reu-nião mista com altos coman-dantes de operações militares iraquianos. Eles pretendem analisar o trabalho em conjun-to, que será feito nos próximos dias, para reforçar a segurança no país árabe.

Na terça (24), o secretário de Estado dos Estados Unidos, John Kerry, anunciou que o presidente Barack Obama está “totalmente preparado para

usar a força militar para ajudar o governo iraquiano” a comba-ter os militantes sunitas islâmi-cos, mas não enquanto houver um “vazio de poder” no país.

Kerry viajou para a região com o intuito de convencer líderes regionais a apoiar um poder central em Bagdá. Os norte-americanos conside-ram que a formação de um novo governo, mais inclusivo, prejudicaria o avanço dos in-surgentes sunitas que amea-çam desmembrar o país. (Do Opera Mundi)

Primeiro-ministro iraquiano diz que governo de salvação nacional é golpe inconstitucional

conflito

O secretário de Estado dos EUA, John Kerry, se reuniu com líderes da região autônoma curda do Iraque

chile pesquisa

Professores fazem greve nacionalOs professores no Chile reali-

zaram na quarta-feira (25) uma greve nacional por melhores sa-lários e “real participação” no de-bate sobre os projetos da reforma educacional, como reivindicam os estudantes do país. Duran-te a paralisação, os educadores trocaram as aulas nas escolas por reuniões em locais públicos e passeatas na capital Santiago e em diversas outras cidades.

As manifestações contaram com a participação de estudantes universitários da Confech (Confe-deração de Estudantes do Chile), adolescentes do ensino médio e outras organizações sociais. Os docentes mantiveram os turnos éticos, e ficaram responsáveis pelo café da manhã e almoço, que normalmente são entregues aos

alunos de poucos recursos.Entre as reivindicações estão

a proposição de um projeto de lei que termine com a prática de muitos colégios de contratar professores em março e os de-mitirem em dezembro. O Colé-gio de Professores, que agrupa mais de 100 mil docentes, pede que seja gerada uma fórmula de contrato de prazo fixo.

O governo da presidenta Mi-chelle Bachelet já enviou ao Congresso os primeiros pro-jetos de lei para a reforma da educação chilena, que prioriza o fim do co-pagamento pelos pais em estabelecimentos que recebam subsídio estatal, a eliminação do lucro e dos pro-cessos de seleção em todos os colégios. (Da Redação)

Docentes e estudantes querem que reforma educacional do país

Redução da pobreza é uma das questões menos importantes para ricos

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Ricos se preocupam mais com animais do que direitos humanos

No ranking de prioridades sociais das pessoas ricas, o bem-estar dos animais apare-ce com mais destaque do que os direitos humanos. É o que revelou um relatório divulga-do pela empresa de consulto-ria Capgemini a partir de uma pesquisa que entrevistou 4.500 pessoas em 23 países. O estu-do, entre outros temas, propôs a seguinte questão: “Para qual dos seguintes problemas você atualmente dedica sua rique-za, tempo ou conhecimento?”

No topo das prioridades dos ricos estão: saúde, educação

e o bem-estar das crianças e das pessoas mais velhas. O bem-estar dos animais apa-rece na quinta posição, sendo imediatamente seguido por “animais selvagens e eco-logia”. Mudança climática e meio ambiente; redução da pobreza; e pessoas sem mo-radia são questões menos importantes, que recebem também menos recursos. De-sigualdade de gênero e ques-tões relacionadas à raça têm o menor interesse dos con-troladores das finanças mun-diais. (Do Opera Mundi)

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baião, xaxado e coco.

E como foi da música nordestina ao funk?Eu tinha minha cultura, mas vivendo ou-tra realidade. As músicas falavam da seca, do pau de arara, coisas que eu não viven-ciava. Em 1986, surge a coletânea “Só Pagode”, endossada pela Beth Carvalho. Eles começaram a cantar aquilo que eu estava vivendo. A chuva, o barracão, telha de zinco. Foi amor à primeira vista. Uma paixão pelo samba de raiz que segue até hoje dentro de mim. Em 1989, minha irmã comprou um disco chamado “Su-per Quente”. Tinha uma música com uma batida que eu achei muito legal. Depois veio o “Funk Brasil n. 1”. Eu não ia para o baile, mas disse: “a primeira oportunida-de que surgir eu vou”.

Foi nessa época que vocês passaram a fazer sucesso?A gente assina com a Sony em 1995. Fizemos o primeiro clipe de funk no Brasil e o primeiro disco de uma du-pla de MCs, “De baile em baile”. No mesmo ano, teve o “Rap Brasil”, uma coletânea que vendeu 270 mil cópias, a gente começou a frequentar o Show da Xuxa e a conhecer o Brasil inteiro. Eu que nunca tinha ido à região dos Lagos, no Rio, comecei a ir para aero-porto sem nem saber pra onde ia.

O que te inspirava e inspira a compor?Eu sou casado há 20 anos. Se eu dis-sesse que o amor não tem importân-cia na minha vida, estaria mentindo. Mas na hora de escrever, a única coi-sa que me inspira é a inquietação do mundo. Desde quando eu comecei. Meus discos têm sempre alguma coi-sa nesse sentido.

Da onde acha que vem essa sensibi-lidade social?Foi a garra dos meus pais nos anos de 1970. Do mutirão, a organização da qual eles fizeram parte e que im-pediu a Rocinha de ser removida. Eu

Quando foi isso?Em 1992, passei a andar de muletas, tinha um pagode num local chamado Via Ápia. Uma menina que passava por lá ao sair do baile começou a parar na mesa onde eu ficava. Começamos a namorar e ela disse que, quando eu pudesse andar, a gente iria ao baile.

Como foi seu primeiro baile?1992 foi o ano da minha vida. Eu ope-ro no começo do ano. No final, eu en-trei no baile pela primeira vez e me inscrevi em um concurso. Eu nunca fui de puxar bonde, de dançar passi-nho. Minha paixão pelo baile foi a co-municação. Eu imaginava outra coisa. Eu nunca pensei que eu iria encontrar meu vizinho cantando no palco. Eu olhei e disse: “quero fazer isso tam-bém”. Participei de dez concursos e fui campeão de nove. Meu irmão e eu passamos a saber que existiam outros bailes. Conhecemos o Borel, o Canta Galo e o Pavão Pavãozinho através do funk. O que está no “Endereço dos Bailes”. Depois fizemos o “Rap do ABC” só com nomes das favelas. Fize-mos então o “Rap das Armas” que foi sucesso, até hoje, no mundo todo, de-pois do [filme] “Tropa de Elite”.

Autor de sucessos como “Endereço dos Bailes” e “Rap das Armas” ao lado de seu irmão Júnior, o carioca, nascido e criado na favela da Rocinha, MC Leo-nardo se tornou uma das grandes vozes defensoras do funk como expressão cul-tural a ser respeitada. Nesta entrevista ao Brasil de Fato SP, ele fala sobre sua carreira, a perseguição ao estilo musical e da situação social nas favelas. Leia a entrevista.

Para começar, gostaria que você fa-lasse um pouco da sua formação.Eu nasci sem a cabeça do fêmur, fiz 16 cirurgias no quadril, o que me dificul-tou ter estudo formalizado. Tenho só o primário. Fui salvo pelos livros. Lia tudo que me vinha à mão. O primei-ro eu nem sabia que era um clássico, foi “Os Sertões”, em 1986. Eu tinha de onze para doze anos quando comecei. Foi um paciente que esqueceu no hos-pital e eu fiquei com ele, esperando que ele fosse buscar.

E a música como entrou na sua vida?Meu interesse surgiu da ligação do meu pai. Ele tocava triângulo e can-tava, gravou dois discos com o Jack-son [do Pandeiro]. Minha infância foi

“Eu nasci na Rocinha com barraco de madeira. Eu convivi com a participação social nessa luta por moradia.”

entrevista

“Todas as culturas do Brasil se entranham no funk”

MC Leonardo por Rafael Tatemoto

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nasci na Rocinha com barraco de madeira. Eu convivi com a partici-pação da Igreja, colégio e associação de moradores nessa luta. Vivi nessa fase, de ajudar a construir casas, se livrar das enchentes.

E o que mudou desde então?Existe uma facilidade maior, mais li-nha de crédito, mais opções de con-sumo. Existia uma quantidade muito inferior de produtos. Biscoito rechea-do, iogurte, só tinha um. O acesso era difícil. Mas a gente não pode associar desenvolvimento apenas ao consumo. Os serviços públicos pioraram. A am-bulância me pegava em casa para tirar ponto no hospital. Eu tinha seis refei-ções mesmo. Havia assistente social, que me tratava como gente. Ela que me internava, ia duas vezes por dia me visitar no meu quarto. Essa figura sumiu, não sei por onde anda. O que deveria ter, e não tem, dentro dos co-légios, presídios e hospitais é assisten-te social. Para ter ascensão social tem que ter informação e direitos básicos.

Depois de vinte anos, como você de-finiria o funk?Nós fomos criados no meio do improvi-so. Nossa água, nossa luz, nosso esgoto foram improvisados. Esse improviso se reflete na música. Eu definiria funk como música eletrônica brasileira. Você não encontra esse tipo de som em lugar nenhum do mundo, uma criativida-de muito grande, que se renova a cada minuto, mesmo com toda perseguição. O funk tem uma influência de batida norte-americana, mas o restante é tudo nosso. O frevo tá ali. Moleque dança fre-vo, mas chama de passinho. Em cima de tambor de macumba. A ciranda de roda tá ali, na forma como a gente canta [cantarola “eu só quer é ser feliz”]. É uma cultura nacionalizada mesmo, todas as culturas do Brasil se entranham no funk. Quem foi morar nas favelas do Rio de Janeiro foram os herdeiros da senzala ou os herdeiros da seca no nordeste, tra-zendo na bagagem suas culturas.

Como você vê o funk ostentação? Não falta crítica social?Dizem que ele nega a realidade. O “ter” pode não ser real, mas o “querer” é real. Ele querer uma loira, um charuto e uma champanhe é real. Cultura e educação

arrumar uma maneira de te tirar dali. Isso não é negligência, é perseguição.

Da onde vem essa falta de incentivo?O que acontece com o funk é precon-ceito racial. Além disso, o Estado bra-sileiro privatizou a cultura. Deu às em-presas o poder de dizer para onde vai o dinheiro. A marca quer vender produ-to. Ela usa a cultura como vitrine. Vai sobrar incentivo para o Leblon e vai faltar para a Cidade de Deus. É sim-ples. [O Estado prega que] “O que a Ci-dade de Deus produzir, eu não quero minha marca envolvida com aquilo.”

E as UPPs nesse cenário?Os bailes não voltaram, pelo contrá-rio. Sou totalmente contra essa polí-tica. Tá colocando jovem para matar jovem. Os policias são moleques de vinte e poucos anos. O efeito disso é a atrocidade. O Estado brasileiro pre-cisa legalizar todo e qualquer tipo de substância química. Só assim, não existe outra maneira de acabar com o tráfico. O Estado diz que quer acabar com as armas sem acabar com o tráfi-co, isso é uma besteira. Morre sempre inocente. Não consigo entender isso.

podem e, na minha opinião, deveriam andar juntas, mas a cultura é um termô-metro do quanto um povo está ou não educado. Gostaria muito que quando falasse de sexo, a letra falasse de camisi-nha, de não engravidar. Mas não é isso o que o moleque tá vendo. Quem tinha que fazer algo pelo social, era o serta-nejo, que se diz universitário [risos]. Vai ser o funk, que só fez até o primário? É a mesma coisa com proibidão. Se os bai-les tivessem nos bairros, como era anti-gamente... Os alvarás dessas casas foram cassados. O baile foi pra boca de fumo. Foi nesse cenário, de fuzil, Redbbull e Nike, que surgiu o proibidão. Ninguém conversa de sexo em lugar nenhum com essa molecada. O funk virou a grande parada. Agora vem e fala que tem que acabar com isso?

Você falou em perseguição, foi disso que surgiu a ideia da Apafunk?Eu vi o surgimento do Bonde do Ti-grão e do Naldinho. Fui atrás dessa galera para ver se os contratos dos artistas estavam melhorando. Desco-bri que eles tinham assinado piores do que eu em 1995. Então, a luta co-meça pela questão do direito autoral. Naquele momento, comecei a pensar o que fazer e veio a ideia de montar a Apafunk. Fui pesquisando, vi que o funk não era reconhecido como cul-tura pelo Estado. Percebi que existia incentivo cultural, mas não para o funk, então somente com uma lei que reconhecesse como cultura permiti-ria que os bailes voltassem aos bair-ros. A luta nunca foi pra todo mun-do gostar de funk. Eu exijo respeito, como qualquer outra cultura.

A volta dos bailes é a grande deman-da da Associação? Acabaram com os bailes na favela. Houve uma lei de 2007 que proi-bia o funk, do deputado Alvaro Lins (PMDB). Nós conseguimos revogar e implementar a Lei do Funk, que o reconheceu como cultura. Foi uma grande vitória. A partir disso, come-çamos a reivindicar políticas públi-cas. Tivemos vários avanços. Mas a primeira angústia ainda é trabalhar sem saber se semana que vem vai continuar. O cara tem uma equipe de som, o baile lotado, mas não tem cer-teza nenhuma, porque a polícia vai

“Você não encontra o tipo de som do funk em lugar nenhum do mundo, uma criatividade muito grande, que se renova a cada minuto, mesmo com toda perseguição.”

“Vi que o funk não era reconhecido como cultura pelo Estado. A luta nunca foi pra todo mundo gostar de funk. Eu só exijo respeito, como qualquer outra cultura.”

entrevista

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brasildefato.com.br10 fatos em foco

“A educação é o único caminho para emancipar o homem. Desenvolvi-mento sem educação é criação de riquezas para alguns privilegiados.”

As taxas de juros e a inadim-plência subiram em maio, de acordo com dados do Banco Central. A alta nos juros para as famílias chegou a 0,5 ponto percentual de abril para maio, com taxa média de 42,5% ao ano. Para as empresas, os juros subiram 0,1 ponto percentual, para 23% ao ano.

A taxa do cheque especial subiu 6,7 pontos percentuais e chegou a 168,5% ao ano. O crédito pes-

soal (incluídas operações consig-nadas em folha de pagamento) subiu 0,2 ponto percentual, para 25,5% ao ano. No caso do crédito para a compra de veículos, a taxa ficou em 23% ao ano, com alta de 0,4 ponto percentual.

A inadimplência, atrasos superiores a 90 dias, subiu 0,2 ponto percentual tanto para empresas (3,5%) quanto para famílias (6,7%). (Agên-cia Brasil)

Inadimplência sobe em maio

Imposto sobre grandes fortunas Desemprego tem leve recuo

A Defesa Civil de Santa Ca-tarina estima que os prejuízos com as chuvas no estado ul-trapassem R$ 519 milhões. Se-gundo o órgão, mais de 460 mil pessoas foram afetadas pelas enchentes. Ao todo, duas pes-soas morreram e 28 ficaram fe-ridas, devido aos temporais.

42 municípios foram afetados pela forte chuva, dos quais 37 de-cretaram situação de emergên-cia e dois, estado de calamidade

A taxa média de desemprego em seis regiões metropolitanas teve leve recuo, perto da esta-bilidade, passando de 11,1% em abril para 10,9% no mês passado, segundo a pesquisa divulgada pela Fundação Sea-de e pelo Dieese.

O resultado se deve à saída de pessoas (76 mil) do mercado de trabalho, já que não foram aber-tas vagas (-19 mil) no mês passa-do. Com isso, em maio as seis re-

O DataSenado, em parceria com a Agência Senado, realizou enquete na primeira quinzena deste mês sobre o chamado Im-posto sobre Grandes Fortunas. O assunto é tratado no projeto do senador Antônio Carlos Vala-dares (PSB-SE).

A pergunta foi: “A Constituição criou o Imposto Sobre Grandes Fortunas, a ser regulamentado. Você é a favor ou contra o pro-jeto (PLS 534/2011) que define

pública: Guaramirim e Rio Ne-grinho. Segundo levantamento preliminar, 53 mil imóveis foram danificados ou destruídos.

No Paraná, A Defesa Civil esti-ma que mais de 810 mil pesso-as foram afetadas pelas chuvas que ocorrem no estado desde o início do mês. Desse total, 2.424 permanecem em abrigos impro-visados e 28.544 seguem desalo-jadas. Onze pessoas morreram. (Agência Brasil)

giões têm 57 mil desempregados a menos. Em 12 meses, são mais 181 mil ocupados e menos 27 mil desempregados, com número estimado de 2,267 milhões.

De acordo com a pesquisa, a taxa de desemprego do mês diminuiu nas regiões metro-politanas de Belo Horizonte e Recife, e permaneceu relati-vamente estável em Fortaleza, Porto Alegre, Salvador e São Paulo. (Rede Brasil Atual)

como tributável o patrimônio superior a 2,5 milhões de reais?”. 78% afirmou ser favorável. 5.603 opinaram na enquete.

O imposto seria aplicado so-bre o patrimônio superior a R$ 2,5 milhões. De acordo com o projeto, o Brasil é um país com grande concentração de rique-za, de forma que o objetivo é aumentar a tributação sobre as camadas mais ricas da popula-ção. (Rede Brasil Atual)

Há dez anos morria Leonel Brizola, exemplo da luta contra a ditadura militar e a favor dos direitos do trabalhador.

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Chuvas no sul do país

A marca de xampu fez uma propaganda no exterior incentivando as mulheres a pararem de pedir desculpas aos homens quando não necessário.

pantene

previsão do tempo

O global postou uma mensagem nas redes sociais incentivando o turismo sexual na Copa, pedindo às mu-lheres que quisessem um gringo, para que escrevessem à sua pro-dução.

luciano huck

13°C min

23°C máx

domingo • 29/06

sexta • 27/06

16°C min

29°C máx

Nublado o dia todo

Nublado o dia todo

Nublado o dia todo

15°C min

26°C máx

sábado • 28/06

Fonte: CPTEC/INPE

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Nosso DireitoComo identificar uma relação empregatícia

O trabalho informal ainda é uma realidade presente no Brasil. Muitos empregado-res se recusam em contratar seus funcionários pela CLT (Consolidação das Leis do Trabalho), não registrando o contrato na carteira de trabalho e deixando o tra-balhador sem direitos na demissão (como o FGTS, o INSS, o aviso prévio e o se-guro desemprego).

Estes empregadores cos-tumam dizer que seus fun-cionários são “autônomos”, chegando inclusive a con-tratar somente aqueles que possuem um CNPJ aberto. Porém, por detrás destes contratos pode haver fraude à legislação trabalhista.

Esta estabelece cinco re-quisitos para se caracterizar a relação de emprego tutela-

da pela CLT - o que garante mais direitos e benefícios:

a) trabalho feito por pessoa física – porém, como se viu, a contratação de pessoa jurídi-ca (microempreendedor in-dividual) pode esconder um vínculo de emprego, se esti-verem presentes os demais requisitos;

b) pessoalidade – o traba-lho deve ser executado pelo próprio trabalhador. Caso o empregado falte, não pode mandar outra pessoa em seu

lugar (permitindo-se substi-tuições pontuais);

c) habitualidade – o traba-lho não pode ser eventual, em que se trabalha quando quer. Mesmo quem trabalhe uma vez por semana, por al-gum período, é empregado protegido pela CLT;

d) onerosidade – quando o trabalho é feito em troca de um salário, diferente do vo-luntariado;

e) subordinação – o empre-gado se sujeita às ordens do patrão ou de seus gerentes, ou seja, não trabalha como quer.

Devemos estar atentos a estes requisitos e exigir nos-sos direitos.

por Danilo Uler Corregliano

por Aristóteles Cardona Jr.

advogado trabalhista e diretor do SASP

Médico da Família

» Por detrás dos contratos de autônomos pode haver fraude à legislação trabalhista

Nossa SaúdeCuidados durante o inverno

A chegada de uma época mais fria traz também uma preocupação para milhares de pessoas: a asma. O au-mento nos números de cri-ses neste período apresenta, em geral, como motivações, tanto as baixas temperaturas, quanto a diminuição dos cui-dados para evitá-las.

Em geral, a asma tem iní-cio na infância, mas também pode aparecer durante a vida adulta. Apesar de ser uma do-ença que não apresenta uma cura definitiva, pode, muitas vezes, ser controlada, seja com o uso dos medicamentos adequados, seja com o afasta-mento dos fatores que provo-cam as crises.

Dicas para o dia-a-dia: é fundamental adotar hábitos saudáveis de vida e evitar exposição a fatores que aju-dam no aparecimento das

crises, como poeira, fuma-ça e substâncias com cheiro muito forte.

Os cuidados dentro de casa também são fundamentais. Lavagem das roupas guarda-das, secando-as ao sol antes de usar, cuidado com as rou-pas de cama, limpeza diária da poeira que acumula em casa e a manutenção de um ambiente sempre arejado. Outra dica importante é usar um pano úmido, ao invés de varrer o chão, pois isso ter-mina levantando a poeira que naturalmente acumula. Vale lembrar que infecções

virais e resfriados comuns também podem desencade-ar crises de asma.

O ideal é que todas as pes-soas com asma possam ser acompanhadas por um médi-co, para o controle das crises por medicamentos, quando necessário.

Medicamentos: além da presença dos medicamentos necessários nas farmácias dos municípios, desde 2012, o Programa Farmácia Popu-lar, do governo federal, dispo-nibiliza gratuitamente alguns dos principais medicamen-tos utilizados para controle e prevenção da asma. Tal me-dida tem sido efetiva na di-minuição das internações por asma no Brasil.

Busque, se informe e tenha uma boa saúde!

» A Farmácia Popular disponibiliza gratuitamente medicamentos para tratar a asma

c@rta do leitor

Kátia da Silva

Paulo Ferreira

PLANOS DE SAÚDE

O jornal ficou bonito com a cara nova! Mas o que não está bo-nito e essa crise da água... Além do Sistema Cantareira, agora o Alto Tietê também vai secar. Onde vamos parar?

Muito bom o perfil do meio-campista Pirlo que saiu no Brasil de Fato. Grande jogador! Pena que a Itália já deu adeus a Copa...

Por decisão da Justiça, os planos de saúde ficam proi-bidos de fazer cobranças por rescisão de contrato e exigir fidelidade de um ano. A sentença passou a vi-gorar na terça-feira (24) e vale para todo o país.

(mensagem recebida no facebook.com/brasildefatoSP)

(mensagem recebida no facebook.com/brasildefatoSP)

Dunga Menezes - Vista do Museu de Arte Sacra, prédio que enfeita a paisagem da Avenida Tiradentes, na região central de São Paulo.

Colabore com perguntas, críticas, fotos, sugestões, charges, pautas:

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Chuvas no sul do país

Page 12: Brasil de Fato SP - Edição 042

brasildefato.com.br12 variedades

CUPCAKE FORMIGUEIRO Por Elizabeth Oliveira

O tradicional bolo formigueiro ganha uma versão de cupcakes, aqueles bolinhos metidos a besta, mas que são uma delícia. Aprenda abaixo como preparar doze cupcakes formigueiro.

Ingredientes:Massa:– 1 xícara (chá) de açúcar– 1 xícara (chá) + 1 colher (sopa) de manteiga em temperatura ambiente– 4 ovos– 1 colher (sopa) de essência de baunilha– 2 xícaras (chá) de farinha de trigo

– 1/2 xícara (chá) de creme de leite– 1/2 xícara (chá) de chocolate granulado– 1 colher (sopa) de fermento em pó

Cobertura:– 1 lata de leite condensado– 1 colher de sopa de manteiga– 3 colheres de sopa de chocolate em pó– ½ lata de creme de leite sem soro

Modo de preparo:Para a massa, na batedeira, bata na velocidade mé-dia o açúcar e uma xícara (chá) de manteiga até con-seguir um creme. Junte os ovos, um a um, também a baunilha, sempre batendo. Desligue a batedeira e acrescente, de maneira alternada, a farinha e o cre-me de leite. Misture até a massa ficar homogênea. Por último, junte o chocolate granulado e o fermen-to. Coloque a massa nas forminhas e leve ao forno médio por uns 20 minutos. Faça o teste do palito, que deve sair limpo após ser espetado no bolinho. Retire do forno e deixe esfriar sobre uma grade. Dei-xe esfriar antes de colocar a cobertura, porque se não o calor do bolinho faz com que derreta e deslize o que vai por cima. Para a cobertura de brigadeiro, misture tudo e leve ao fogo. Mexa sempre até que a cobertura desgrude do fundo da panela. Espere es-friar completamente e use para cobrir os bolinhos. Se tiver, use o saquinho e bico de confeiteiro para colocar a cobertura por cima. Rende 12 bolinhos.

Áries - 21.03 a 20.04Emoções turbulentas, cuidado ao revelar os sentimentos, pois pode estar exagerando e colocando muita importância em coisas ba-nais. Prefira expressá-los na forma escrita, com poesia ou música.

Touro - 21.04 a 20.05Seu poder de sedução está em alta, mas ao mesmo tempo existe a tendência a se iludir quanto às pessoas que você está atraindo. Cuidado com parceiros aparentemente per-feitos, isso pode ser uma máscara.

Gêmeos - 21.05 a 20.06Energia mental a mil por hora! Há muita curiosidade e vontade de criar e se expressar, falando ou escrevendo. Cuidado apenas com a sobrecarga de ideias, que pode levá-lo ao stress e dores de cabeça constantes.

Câncer - 21.06 a 22.07Sua aparência está frágil e delicada, pode es-tar precisando de apoio emocional dos mais próximos. Isso é muito importante para o fortalecimento e restabelecimento da saúde e do ânimo para seguir em frente.

Leão - 23.07 a 22.08Pode estar rebelde e ser “do contra” muitas vezes, pois tende a se incomodar com a opi-nião alheia e situações que fogem do seu con-trole. Além disso, sua aparência não contribui, pois se mostra muito sério e desconfiado.

Virgem - 23.08 a 22.09Apresenta-se mais ativo e forte do que de costume. Use esta energia para modificar o que está sendo adiado, como renovar a casa, guarda-roupa ou local de trabalho. Sua saúde está ótima e se fortalece rapidamente.

Libra - 23.09 a 22.10Facilidade em se relacionar com o sexo opos-to, podendo firmar bons contatos agora. Ao mesmo tempo, há dificuldade em lidar com os sentimentos, portanto evite se envolver intima-mente para evitar desgastes emocionais.

Escorpião - 23.10 a 21.11Obstáculos na área profissional. Fique aten-to aos deslizes, preguiça e falta de atenção, pois podem comprometer seu desempenho. O lado pessoal também precisa de ajustes, observe a energia que está emanando.

Peixes - 20.02 a 20.03As faculdades espirituais se tornam notáveis, sobretudo, emocionalmente e sob a forma de atividades artísticas e musicais. Deveria expres-sar suas ideias de um modo acessível, pois, caso não o faça, se perderia em sonhos irracionais.

Aquário - 21.01 a 19.02Você tende a desligar-se da realidade. Em-bora a sua engenhosidade não tenha limites, suas ideias, muitas vezes, não são viáveis ou lhe falta disciplina para realizá-las. Exercite a consistência e controle a teimosia.

Capricórnio - 22.12 a 20.01Essa semana é bem tranquila e produtiva para você, que se mostra otimista, intuitivo e com muita força regenerativa. Pessoalmente, tem um brilho especial e pode conquistar muitos objetivos, até os que pareciam impossíveis.

Sagitário - 22.11 a 21.12 Há muita energia física, mas ela pode não ser benéfica o tempo todo, pois está se irritando com facilidade. Pratique alguma atividade in-trospectiva e relaxante, que o ajudará a obser-var-se e ajustar os conflitos internos.

BOA & BARATA • [email protected]

Sede de conhecimento e troca de informações e experiências marcam nossa semana. Estaremos extremamente curiosos, estimulados pelo novo e pelo diferente, o que nos ajuda a aceitar e se outros tipos de vi-vências e realidade.

Keka Campos, astróloga | [email protected]

Horóscopo • 27 de junho a 3 de julho de 2014

PALAVRAS CRUZADAS DIRETAS

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ARORUAARATURICAÇAIAL

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Extremos do transtor-no bipolar

(Psiq.)

Represen-ta quan-tidade

indefinida

Muhammad(?), ex-puglistados EUA

Letra dologotipo

de AyrtonSenna

O canguru,pela suaforma de

locomoção

Móvel noqual secolocam

livros

"Santo de(?) não fazmilagre"

(dito)

Fazer (?),trabalharaté tardeda noite

Principaldivindadeda Mitolo-gia egípcia

Espécie de caranguejode mangueAlvorada

"National",em NBANome daletra M

Retiram-sedo local

É ausenteno vácuo

O diadecisivoMáquina

do tecelão

Sensaçãode esgo-tamentoDespida

Em (?): nãoencerrado

Tântalo(símbolo)

Boa-(?):lisura

(?) judaica:Pessach

Idiotice"Interna-cional", em COI

Demonstração docu-mentada de gastos

efetuados "Um dia de(?) vez", lema do AA

Função do"personal

stylist"Escassa

AmarreCaixa deguerra(Mús.)

Amar-rotado51, em

romanos

Canalha

Parada emviagensaéreas

(?) conden-sado, basedo briga-

deiro (Cul.)

Roraima(sigla)

Carregadorda pistola

MilionáriaAmos Oz,escritor

israelense

Coronel(abrev.)

Alumínio(símbolo)Resíduosólido

Sedutores

Parte maisfrágil docapacete

SebastiãoTapajós,

violonistabrasileiro

Tritura comos dentesIr às (?):

votar

Vitaminaque previ-ne contra

o escorbuto

Conjuntura"Preços",

em IPCA

Verbo pre-ferido dofilantropo

4/lixo. 5/aratu — pente — visor. 6/bípede — páscoa. 7/estante. 8/contexto.

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13brasildefato.com.br 13cultura

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Chico Buarque, um dos artistas mais importantes do país, completou 70 anos. O aniversário foi comemorado na última semana (no dia 19 de junho). Mesmo com uma produção menos constante nos últimos anos, o conjunto de sua obra, que vai da músi-ca à literatura, passando pelo teatro, ainda merece desta-que.

Com mais de cinquenta anos de carreira, Francisco Buarque de Hollanda come-çou a ficar conhecido em 1966, quando lançou seu primeiro disco e venceu o Segundo Fes-tival de Música Popular Brasi-leira com a canção “A Banda”.

Em 1969, decidiu se exilar na Itália, por conta do au-mento da repressão da Dita-dura Militar. Voltou em 1970 e, um ano mais tarde, lan-çaria um dos seus melhores discos “Construção”, no qual estabeleceria definitivamen-te seu estilo, a partir da Bossa Nova, com uma alta dose de lirismo e, de outro lado, pre-ocupações políticas e sociais.

A produção musical de Chi-

co na década de 1970 talvez tenha sido a mais profícua de sua carreira, com parcerias com outros artistas, como Milton Nascimento e Caetano Veloso. Em 1976, lança outro de seus grandes discos “Meus Caros Amigos”. O álbum con-ta com músicas como “Vai Trabalhar, Vagabundo”, com-posta para o filme de mesmo nome de Hugo Carvana, e “A Noiva da Cidade”, feita para a peça “Gota d’Água”, de Chico e Paulo Pontes.

A produção teatral de Chi-co começara antes, em 1967, com “Roda Viva”. A obra vi-rou um símbolo da resistên-cia contra o regime militar, e os atores participantes che-garam a ser espancados por apoiadores da Ditadura.

No mesmo período do auge de sua produção mu-sical, começou sua carreira literária. Em 1974, escreveu “Fazenda Modelo”. Na área, foi vencedor de três prêmios: o de melhor romance em 1992, com “Estorvo”, e o de Livro do Ano, tanto por “Bu-dapeste”, lançado em 2004, como por “Leite Derramado”, de 2010.

por Rafael Tatemoto

A GENTE É MAIS BRASIL.—

A gente é mais Brasil quando bate recordes de produção no pré-sal.A nossa produção de petróleo está entre as que mais cresceram no mundo, nos últimos dez anos. Em maio de 2014, ultrapassamos a marca de 470 mil barris de petróleo por dia, somente no pré-sal.

A gente é mais Brasil quando constrói navios e plataformas aqui.Estamos criando novos empregos e oportunidades: hoje já são 80 mil trabalhadores na indústria naval. Até 2020, está prevista a entrega de 38 plataformas, 28 sondas, 88 navios e 146 barcos de apoio.

A gente é mais Brasil quando aumenta a produção das refinarias no país.Processamos, em março de 2014, mais de 2,1 milhões de barris de petróleo por dia.

A gente é mais Brasil quando garante estrutura para entregar mais gás.Com o investimento em gasodutos e terminais de regaseificação, ultrapassamos a entrega de 100 milhões de metros cúbicos de gás natural em um único dia.

A gente é mais Brasil quando nosso valor de mercado aumenta seis vezes desde 2002.Nosso valor de mercado atual* é 104,9 bilhões de dólares, seis vezes maior do que em 2002, quando foi avaliado em 15,5 bilhões de dólares.*valor em 7 de maio de 2014.

A gente é mais Brasil fazendo mais, acreditando mais e crescendo mais.Em 2014, estamos investindo um total de 104 bilhões de reais para continuarmos crescendo. E até 2020 vamos duplicar a nossa produção de petróleo.

Saiba mais em petrobras.com.br/fatosedados

Sete décadas deLIRISMO

Page 14: Brasil de Fato SP - Edição 042

brasildefato.com.br14 culturacultura {agenda cultural}

centro

Fábricas de CulturaEventos especiais são oferecidos nas férias, durante os meses de junho e julho. Estão disponíveis atividades gratuitas de dança, música, teatro, circo, pintura, futebol, grafite, origami, fotografia, entre outras.

Até 15/07 das 9h às 20h – Entrada Gratuita – Fábrica de Cultura Vila Nova Cachoeirinha – Rua Franklin do Amaral, 1575, Vila Nova Cachoeirinha

Balé e futebolMostra de fotos, do fotojornalista André Porto, mostram bailarinos em campo, mesclando os movimentos do balé e os do futebol. A mostra está aberta de terça a domingo.

Até 30/07; Ter a Sex das 9 às 21h; Sáb e Dom 9h às 19h – Biblioteca de São Paulo – Avenida Cruzeiro do Sul, 2630 - Parque da Juventude, Santana

zona leste zona sul

Teatro TransA montagem do Coletivo Artístico As Traves-tidas traz para o palco histórias sobre medo, solidão e morte, a partir da perspectiva trans, jogando luz sobre o preconceito e a violência transfóbica.

Sex (27) e Sáb (28) às 20h – Entrada Gratuita – Oficina Cultural Oswald de Andrade - Rua Três Rios, 363, Bom Retiro

Documentários IndígenasA “Mostra de Documentários Indígenas” apresenta algumas produções sobre o tema e, também, um bate--papo com a cineasta e pesquisadora Ilana Feldman, que busca aproximar o público dessa cultura.

Sex (27) e Sáb (28), das 19h às 21h30; Dom (29), das 20h às 22h – Entrada Gratuita – Matilha Cultural – Rua Rego Freitas, 542, República

zona norte

Com 17 anos de carreira, a paulis-tana Fabiana Cozza já se apresen-tou com nomes como Elza Soares, João Bosco, Zimbo Trio e Luiz Me-lodia. Além de ter vencido na ca-tegoria Melhor Cantora de Samba no Prêmio da Música Brasileira em 2012.

Sex (27) às 20h – Entrada Gratui-ta – Centro Cultural da Penha – Largo do Rosário, 20, Penha

Afro FestNo ano em que comemora seus dez anos, o Museu Afro Brasil apresenta a exposição “O Negro no Futebol Brasileiro – A arte e os artis-tas (Homenagem a Mário Filho)”.

Até 10/08; Ter a Dom 10h às 17h – Entrada Gratuita – Museu Afro Brasil – Rua Pedro Ál-vares Cabral, s/nº - Pavilhão Manoel da Nó-brega – portão 10 – Sul, Parque do Ibirapuera

Cultura Maranhense Exposição sobre a cultura maranhense traz, por meio de fotografias, diversas manifestações da cultura maranhense, como a Festa do Divino, o Bumba-boi e o Tambor de Crioula.

Até 30/08, das 9h às 18h – Entrada Gratui-ta – Funsai Quixote – Rua Clóvis Bueno de Azevedo, 145, Ipiranga

zona oeste

Paula LimaPara comemorar os 70 anos de Chico Buar-que, um dos maiores compositores que o país já teve, a edição de junho do projeto Estéreo MIS recebe a cantora Paula Lima para realizar um show especial.

Sex (27) às 21h – R$ 14 (inteira) e R$ 7 (meia) – Museu de Imagem e Som – Avenida Europa, 158, Jardim Europa

Baile 70Muito samba, suingue e psicodelia tomam conta do Miscelânea Cultural na festa “Bai-le 70”, com o grupo Dobrás. Uma noite de músicas e arranjos que buscam retomar a musicalidade e a poética presentes nos mo-vimentos da década de 1970.

Sex (27) às 22h – até às 23:30 R$ 15, depois R$ 20 – Miscelânia Cultural - Rua Cunha Gago, 678, Pinheiros

Brasil na arte popularA mostra de Angela Mascelani é uma seleção de obras potentes, capazes de transmitir ao público a força da arte popular no Brasil. A exposição tem o objetivo de oferecer uma visão diferente sobre o mundo cul-tural no qual surge a arte popular brasileira.

Até 31/08; Ter a Sab das 10h às 21h; Dom das 10h às 19h –Sesc Belenzinho – Rua Padre Ade-lino, 1000, Belenzinho

FABIANA COZZA

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Copa: O que já rolou?copa 2014

Análise dos momentos mais marcantes na segunda semana da competição que empolgou o país

por Bruno Porpetta

Se no primeiro tempo do jogo contra Camarões o meio-campo brasileiro nada produziu, caindo toda a responsabilidade sobre os ombros de Neymar, no segundo, com a entrada de Fernandinho no lugar de Paulinho, a coisa parece ter mudado.

Como Fernandinho, por característica, se projeta menos à frente, recebe o passe da defesa e distribui no meio-campo, facilita o tra-balho da armação de jogadas e, consequentemente, os atacantes recebem mais bolas em condição de definir.

Agora, tá na mão do Felipão.

O ex-atacante do Botafogo protagonizou uma das situações mais hilárias desta Copa. Após o api-to final que decretou a classificação do Uruguai para as oitavas-de-final da competi-ção, Loco Abreu não se conteve de tanta emoção.

Ao ser chamado pelo narrador Dudu Monsanto, da ESPN Brasil, que o indagou sobre a grandiosi-dade da seleção uruguaia, Loco soltou o verbo: “Os caras são f... mesmo! P... que pariu!”.

No retorno ao narrador, este elogiou o “francês” do atacante uruguaio.

O atual treinador da Ale-manha, Joachim Low, era auxiliar de Jurgen Klins-mann em sua seleção na Copa de 2006, herdando o cargo do ex-atacante cam-peão do mundo em 1990.

Agora, Klinsmann diri-ge a seleção dos EUA, que enfrenta a Alemanha nesta quinta-feira (26), às 13h, na Arena Pernambuco, pela última rodada da primeira fase do grupo G.

O jogo vai rolar com o sol na moleira e o empate classifica as duas seleções. Cheiro de marmelada?

‘Neymardependência’ à prova

Loco Abreu perde a linha

Os “cumpádis” alemães

O goleiro colombiano Faryd Mondragón se tornou o ho-mem mais velho a disputar uma partida de Copa do Mun-do em toda a história.

O recorde anterior pertencia a Roger Milla, de Camarões, que jogou com 42 anos e 39 dias de idade, contra a Rússia, na Copa de 1994, nos EUA. Mondragón entrou em campo

aos 38 minutos do segundo tempo do jogo entre a Colôm-bia e o Japão, vencida pelos colombianos por 4 a 1 na últi-ma terça (24), com 43 anos. O goleiro foi muito aplaudido pela torcida, mas a FIFA não permitiu que seus filhos pudessem com-partilhar deste momento com ele dentro de campo.

Mondragón bate recorde de Milla

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O jogo contra o Chile que ocorre neste sábado (28) pro-mete ser o maior desafio da se-leção brasileira até o momento. Em campo, se enfrentarão duas seleções com muitas diferenças, e a equipe de Felipão poderá fi-nalmente convencer a torcida.

A comparação dos resultados de ambas as equipes na primei-ra fase podem não representar seu atual momento. O Brasil não perdeu de nenhum de seus adversários ao passo que o Chi-le foi derrotado no último jogo, contra a Holanda. As diferenças estão na diferença de nível entre os grupos, além do fato dos chi-lenos terem eliminado a Espa-nha e disputado o primeiro lugar com a seleção holandesa.

Os estilos dos técnicos não poderiam ser mais distintos. O experiente e consagrado Scola-ri é emoção. O resultado é uma

Equipe de Felipão será testada

seleção que depende do talento individual de um craque e da zaga, com mio de campo e late-rais sofríveis. O argentino Jorge Sampaoli é pura razão. Montou um time baseado no rigor tático, posse de bola e forte marcação.

Neymar, a grande esperança brasileira, é superior a Vargas, um dos destaques chilenos e que marcou contra a Espanha. Em outras posições, entretanto, o Chile é melhor. O desempe-nho de Alexis Sánchez nem se compara ao de Fred. Aranguiz também tem uma atuação mais destacada que Hulk.

Se Felipão não decidir fazer mudanças táticas no Brasil, a disputa das oitavas de final será entre o talento de alguns indiví-duos -como Luiz Gustavo, David Luiz e o excepcional Neymar, capaz de definir o jogo – e uma seleção chilena que joga como

Brasil terá seu jogo mais difícil contra o Chile

esporte

fernandinho

Alexis Sánchez

O atacante chileno que atua pelo Barcelona tem sido de-cisivo nos jogos do Chile, sendo o jogador que mais sofre faltas na Copa.

O volante substituiu Pau-linho no último jogo e deu uma nova dinâmica ao meio de campo Brasileiro.

copa 2014

Jorge Sampaoli, técnico chileno, privilegia rigor tático

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A partida que definirá o adversário brasileiro, caso passe pelo Chile, também testará uma das seleções campeãs mundiais. Na dis-puta das oitavas contra a Co-lômbia, o Uruguai deverá se superar novamente.

Após ter perdido no pri-meiro jogo para a Costa Rica, que terminou como líder do grupo, a seleção celeste foi capaz de passar pela In-glaterra e Itália e garantir a classificação. Nos dois jogos, a atuação de Luis Suárez foi decisiva. No último jogo, en-tretanto, contra os italianos, o craque foi o protagonista de uma cena bizarra, na qual mordeu o zagueiro Chierini.

A Fifa puniu o jogador suspendendo-o por nove

jogos, o que o tirou da Copa do Mundo. Os uruguaios te-rão de enfrentar a Colômbia, que vem apresentando um futebol surpreendentemente bom, ainda que em um gru-po com dificuldade apenas média, contando com seus outros talentos.

Com uma defesa acertada e funcionando bem, con-tando com Godín, que fez ótima temporada no Atléti-co de Madrid, e Cáceres, za-gueiro da Juventus, o grande desafio da celeste é, com o desfalque, efetivar seu setor ofensivo. Cavani, atacante do Paris Saint-Germain que ainda não desencantou na Copa, terá uma ótima opor-tunidade de fazer a diferença para o Uruguai.

oitavas de final

Uruguai e Colômbia definirão o provável adversário do Brasil para a próxima etapa

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Suárz é punido e não participará mais da Copa do Mundo