Brasil Economico 080114

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Econom i co Brasil INDICADORES www.brasileconomico.com.br PUBLISHER RAMIRO ALVES . CHEFE DE REDAÇÃO OCTÁVIO COSTA . EDITORA CHEFE SONIA SOARES . EDITORA CHEFE (SP) ADRIANA TEIXEIRA . QUARTA-FEIRA 8 DE JANEIRO DE 2014 . ANO 5 . Nº 1.093 . R$ 3,00 Ações da Ambev ON (em R$) 17,10 30/12 17,39 02/01 16,90 03/01 16,80 06/01 17,33 07/01 Balança terá efeito do câmbio no 2º semestre José Augusto de Castro, presidente da AEB, espera que os consumidores internacionais revejam os contratos e incluam os produtos brasileiros em suas compras daqui a seis meses. Para ele, a melhora da economia norte-americana não ajuda o Brasil. P6 AUTOMÓVEIS Indústria está otimista para 2014 Mesmo com o fim da redução do Imposto sobre Produtos In- dustrializados, a Anfavea prevê um crescimento moderado para este ano. O setor espera elevar as vendas em 1,1%, contando com aumento de 4% a 5% da oferta de crédito. P5 RESÍDUOS Mercado do lixo negocia bilhões O fim dos lixões em curso no país estimula investimentos na área de tratamento de re- síduos sólidos. Só em 2012, o volume de recursos movimen- tados chegou a R$ 23 bilhões. O BNDES tem uma carteira de R$ 1,7 bilhão em financiamen- tos ao setor. P14e15 GASOLINA Lei é tímida comparada a países líderes Petrobras já começou a ven- der combustível com menos poluentes. Teor de enxofre, porém, ainda é cinco vezes superior ao admitido na Eu- ropa, EUA e em parte da Ásia e Américas. E não há previsão de novas reduções. P4 Patricia Stavis André Guerreiro, da Canon AÉREAS Companhias estrangeiras dizem que não conseguem aumentar voos na Copa. P17 AUTOMANIA Detroit Auto Show, luzes e sombras sobre a cidade e a indústria dos EUA. P13 EUA O rigoroso frio fez o governo de Obama mandar funcionários não essenciais permanecerem em casa. P24 Investimento em tecnolo- gia e aposta na segmen- tação são algumas das estratégias das maiores fabricantes de aparelhos fotográficos instaladas no país. Elas contam de- talhes sobre os lança- mentos pre- vistos para 2014. P10e11 Uma câmera e muitas funções Brendan McDermid/Reuters

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EconomicoBrasilINDICADORES

www.brasileconomico.com.br

PUBLISHER RAMIRO ALVES . CHEFE DE REDAÇÃO OCTÁVIO COSTA . EDITORA CHEFE SONIA SOARES . EDITORA CHEFE (SP) ADRIANA TEIXEIRA . QUARTA-FEIRA 8 DE JANEIRO DE 2014 . ANO 5 . Nº 1.093 . R$ 3,00

Ações da Ambev ON(em R$)

17,10

30/12

17,39

02/01

16,90

03/01

16,80

06/01

17,33

07/01

Balança terá efeito do câmbio no 2º semestreJosé Augusto de Castro, presidente da AEB, espera que os consumidores internacionais revejam os contratos e incluam os produtos brasileiros em suas compras daqui a seis meses. Para ele, a melhora da economia norte-americana não ajuda o Brasil. P6

AUTOMÓVEIS

Indústria está otimista para 2014Mesmo com o fi m da redução do Imposto sobre Produtos In-dustrializados, a Anfavea prevê um crescimento moderado para este ano. O setor espera elevar as vendas em 1,1%, contando com aumento de 4% a 5% da oferta de crédito. P5

RESÍDUOS

Mercado do lixo negocia bilhõesO fi m dos lixões em curso no país estimula investimentos na área de tratamento de re-síduos sólidos. Só em 2012, o volume de recursos movimen-tados chegou a R$ 23 bilhões. O BNDES tem uma carteira de R$ 1,7 bilhão em fi nanciamen-tos ao setor. P14e15

GASOLINA

Lei é tímida comparada a países líderes Petrobras já começou a ven-der combustível com menos poluentes. Teor de enxofre, porém, ainda é cinco vezes superior ao admitido na Eu-ropa, EUA e em parte da Ásia e Américas. E não há previsão de novas reduções. P4

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André Guerreiro, da Canon

AÉREASCompanhias estrangeiras dizem que não conseguem aumentar voos na Copa. P17

AUTOMANIADetroit Auto Show, luzes e sombras sobre a cidade e a indústria dos EUA. P13

EUAO rigoroso frio fez o governo de Obama mandar funcionários não essenciaispermanecerem em casa. P24

Investimento em tecnolo-gia e aposta na segmen-tação são algumas das estratégias das maiores fabricantes de aparelhos fotográfi cos instaladas no país. Elas contam de-talhes sobre os lança-mentos pre-vistos para 2014. P10e11

Uma câmera e muitas funções

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Agressão na Bahia

Secretários deSC queremcolher os louros

O papa apoia as CEBs no Brasil

Uma ideia desinteressada

Ativismo dogoverno brasileironão justifica fins

Geração de energiadoméstica precisade incentivos

Felicidade daCopa pode acabarapós eleições

Pedro Simon é farolque me ilumina.Inspira desde omeu pai, que seespelhava naatuação dele comodeputado no RioGrande do Sul”

A Justiça Global denunciou ontemagressão a quilombolas em Riodos Macacos, em Salvador, ondea presidente Dilma passou férias.Os irmãos Ednei e Rosi Meire daSilva foram presos e espancadosquando passavam por uma guaritada Marinha, segundo a ONG. Osdois já se encontraram com Dilma.

Odeputado MarcusPestana, presidente do PSDB-MG e próximo ao senador Aécio Neves, vê o PSB

como aliado em vários Estados, mas não quer nem ouvir falar das diferenças entre o partido de

Eduardo Campos e a Rede, grupo de Marina Silva que se uniu aos socialistas depois de não conseguir

registro para a eleição deste ano. A Rede prefere se firmar como terceira via e é empecilho a aproximações

de tucanos. Segundo Pestana, Aécio, pré-candidato tucano, tem conversado com Campos, governador

pernambucano e pré-candidato socialista, em busca de pontos de convergência. Pestana espera que

Campos resolva as divergências regionais com Marina. “Temos a tradição do PSD de JK e do PMDB de

Ulysses e Tancredo, do diálogo com os diferentes. Mas há quem acredite só no papo entre iguais”, critica.

O deputado licenciado PauloBornhausen (PSB) e outrosquatro secretários dogovernador Raimundo Colombo(PSD), de Santa Catarina,conseguiram adiar ao máximo adesincompatibilização paraconcorrer às eleições. Esperamtirar dividendos eleitorais deinaugurações e lançamentos deprogramas até abril, data-limitepara deixarem os cargos.

A ameaça de rebaixamento do rating soberano do Brasil pela agênciade classificação de risco S&P mexeu com o humor dos investidorese o movimento vendedor prevaleceu na sessão de ontem.

RandolfeRodriguesSenador (AC) epré-canditado do PSOLà Presidência, sobreo colega do PMDB

O papa Francisco enviou mensagem aos participantes do 13º. Encontrodas Comunidades Eclesiais de Base (CEBs), iniciado ontem, em Juazeirodo Norte (CE). O encontro vai até o dia 11 e reúne quatro mil pessoas,representando cem mil comunidades de 272 dioceses do Brasil. O tema é“Justiça e Profecia a Serviço da Vida”. Para o papa, as CEBs “trazem umnovo ardor evangelizador e uma capacidade de diálogo com o mundo querenovam a Igreja”. Francisco observou, porém, que elas não devem perder“o contato com a realidade muito rica da paróquia local”. Seu antecessor,Bento XVI, não era um ardoroso defensor das CEBs. Longe disso.

Aliado do governador Geraldo Alckmin e defensor da ideia de que otucano indique uma mulher para vice, o líder petebista na Assembleiapaulista, Campos Machado, organizará dez encontros regionaisfemininos do seu partido no Estado. Quer fortalecer o PTB Mulher,hoje com mais de 50 mil filiadas. Na verdade, ele já tem na manga onome que considera ideal para Alckmin, caso ele aprove a propostade uma vice: Marlene Campos Machado, sua esposa.

Não se justifica o uso políticoirresponsável de empresas comoa Petrobras, mantendo preçosartificiais como forma de seguraruma inflação represada. Esseativismo do governo brasileiro,que escolhe campeões nacionais,não deu frutos para o país, e o quevemos é uma completa distorçãona economia, cujos índicesexplicam-se por si próprios.

Quem sabe o sonho degerar minha própria energiaesteja próximo de se realizar?Planejo isso há anos. Mas o custoainda está alto. Que tal se nósdivulgássemos mais esta ideia?Vamos levar para a TV,buscar incentivos do governosemelhantes ao IPI dos carros.Moro no Piauí, onde só falta ter solà noite, por que não aproveitar?

É triste a afirmação quevamos dar mais importância paraa Copa do que para as eleições.Mas é a pura verdade. Isso sómostra como pensamos pequeno,preferimos a efêmera alegria deum mês de futebol do que pensarna importância do rumo que opaís vai tomar a partir de 2015.Vamos todos para a frente da TVtorcer pela seleção. É o que resta?

Para Pestana, o PSB deve retribuirem Minas e no Paraná o apoio re-cebido nas eleições de 2012. EmBelo Horizonte, Aécio ajudou nareeleição do socialista Márcio La-cerda, que venceu o ex-prefeitoPatrus Ananias (PT), apoiado porLula. Em Curitiba, o governadorBeto Richa (PSDB) insistiu em Lu-ciano Ducci (PSB), que havia sidoseu vice e se tornou prefeito quan-do o tucano saiu para concorrerao governo. “A decisão custou asaída de Gustavo Fruet, que ga-nhou a eleição aliado ao PT”, diz.Em São Paulo, o PSB está no gover-no de Geraldo Alckmin, mas a Re-de e a deputada Luiza Erundinasão contra a sua reeleição. Pesta-na acredita na habilidade de Alck-min para resolver isso. O políticomineiro admite dificuldades noRio, onde os dois não têm nomeforte e os principais candidatossão governistas. Na Rede, o favori-to é Miro Teixeira (PROS).

INDICADORES

Leonardo Fuhrmann

e Gabriel Sales

CARTAS

Com

Cartas para a redação: Rua dos Inválidos, 198, 1º andar, CEP 20231-048, Lapa, Rio de Janeiro (RJ).

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espaço ou clareza, Brasil Econômico reserva-se o direito de editar as cartas recebidas. Mais cartas em www.brasileconomico.com.br

[email protected]

EltonBomfim

Divulgação

Ped

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MOSAICO POLÍTICO

PauloNatal, RN

FlávioFerrydeOMoreiraTeresina, PI

JoanaMacedoRio de Janeiro, RJ

TAXAS DE CÂMBIO COMPRA VENDA

▲ Dólar comercial (R$ / US$) 2,3760 2,3780

▼ Euro (R$ / E) 3,2184 3,2194

JUROS META EFETIVA

■ Selic (ao ano) 10% 9,9%

BOLSAS VAR. % ÍNDICES

▼ Bovespa - São Paulo 1,07 50.430,00

▲ Dow Jones - Nova York 0,64 16.530,94

▲ FTSE 100 - Londres 0,37 6.755,45

‘REDE É PROBLEMA DE CAMPOS’

2 Brasil Econômico Quarta-feira, 8 de janeiro, 2014

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Cassação de João Paulo, só em fevereiro

ANDRÉVARGAS(PT)Deputadofederal

ÉoprimeironomepetistacasoaaliançacomoPDTnãová

adiante.Temapenas4%napesquisade intençãodevoto.

LUIZROMEROPIVA(PSOL)Ex-vereador

Éumdospoucosnomesapresentadospelospartidosmenores

atéagora.ArticulachapacomPCBePSTU.

Senador pelo Estado do Paraná,Álvaro Dias (PSDB) terá a ingló-ria tarefa de enfrentar no pleitoseu irmão, Osmar Dias (PDT),na disputa pela vaga única ao Se-nado, em outubro. A seu favor,Álvaro conta com a máquina pú-blica do governador Beto Richa(PSDB). Já Osmar, nome maisforte da oposição, terá o apoioda pré-candidata do PT ao gover-no do estado, a ministra-chefeda Casa Civil Gleisi Hoffmann, edo prefeito de Curitiba, GustavoFruet (PDT).

Ex-desafeto de Beto Richa, aquem já acusou de fazer uma ges-tão de “nepotismo e fisiologismosem escrúpulos”, Álvaro, que foipreterido quando quis concorrerao cargo para o governo do esta-do, fez as pazes com o atual gover-nador, ganhou a indicação do par-tido — que chegou a ter o nomedo presidente da Assembleia Le-gislativa do Paraná (ALEP), Val-dir Rossoni (PSDB), na corrida aoSenado — e é hoje o favorito, com64% das intenções de votos, con-forme sondagem realizada no fi-nal de dezembro pelo instituto Pa-raná Pesquisas.

“O Álvaro Dias enfrentou difi-culdades por entrar em conflitocom Beto Richa, mas ele ocupaum espaço bastante sólido no PS-DB nacional para tentar a reelei-ção. Em política, nunca há inimi-zades, apenas interesses”, anali-sou o cientista político da Uni-versidade Federal do Paraná (UF-PR) Ricardo Costa de Oliveira,acrescentando que o deputadoestadual Valdir Rossoni não te-ria capital político suficiente pa-ra disputar a indicação do parti-do no Senado.

O cientista político afirma,ainda, que a polarização entre PTe PSDB só deixará de existir se oPMDB decidir lançar o nome doex-governador Roberto Requiãopara concorrer ao governo do Es-tado. Neste caso, o partido indica-ria, também, um nome para o Se-nado. Oliveira explicou que a in-definição dentro do PMDB guar-da relação com o fato de o partidoser da base do governo petista nonível federal e apoiar o tucano Be-to Richa no Paraná. Para ele, oPMDB pode provocar o segundo

turno, numa eleição que ainda es-tá indefinida, caso resolva apre-sentar candidatos próprios ao go-verno do estado e ao Senado.

“Numa polarização com o PT,Beto Richa tem um certo favoritis-mo, mas tem, também, um des-gaste grande, seu governo não ébem avaliado nas áreas de segu-rança pública e saúde. Ele correriscos, sobretudo, se o Requiãoentrar na disputa. A Gleisi tem

um pouco mais de dificuldade,mas pode crescer com a presençada presidenta Dilma em seu palan-que”. O cientista político rechaçao nome de Sérgio Souza (PMDB),suplente da ministra no Senado,como candidato do partido. “Sou-za é um nome emergente. Apesarde fazer um trabalho interessan-te, ele teria dificuldade mesmo pa-ra uma vaga de deputado fede-ral”, analisa, citando como alter-

nativa para o Congresso o ex-go-vernador paranaense OrlandoPessuti (PMDB), que aparece com10% das intenções de voto naspesquisas do instituto Paraná.

Há, ainda, uma outra possibili-dade que pode mudar o cenáriodas disputas pela vaga ao Senado.Muito embora a cúpula do PDTafirme que a candidatura de Os-mar Dias é irrevogável, um movi-mento que ganha força dentro doPT paranaense articula o lança-mento do nome do deputado fede-ral André Vargas (PT-PR), apesarde o próprio parlamentar admitiraos mais próximos que seu nometem menos repercussão que o deOsmar. André tem 4% das inten-ções de voto, segundo as sonda-gens do Paraná Pesquisas, en-quanto o pedetista é citado por33% do público consultado e, as-sim, é o único candidato capaz deameaçar a reeleição de seu ir-mão, Álvaro Dias.

Ricardo de Oliveira faz coro:“André Vargas é do PT, é puro-sangue, mas o nome dele não am-plia a aliança e não ajuda a elegerGleisi Hoffmann”, afirma o pro-fessor da UFPR.

Entre os demais partidos, oPSOL é um dos poucos que já tempré-candidatos e deve articularuma chapa com o PCB e o PSTU pa-ra lançar os nomes de Luiz Rome-ro Piva para o Senado e BernardoPilotto para o governo do estado.

O presidente da Câmara dos Deputados, Henrique Eduardo Alves

(PMDB-RN), marcou para o dia 4 de fevereiro a reunião que irá

decidir sobre a abertura de processo de cassação do deputado João

Paulo Cunha (PT-SP). O parlamentar foi condenado por corrupção e

peculato no processo do mensalão, mas ainda não se apresentou à

Polícia Federal, porque o mandado de prisão não foi expedido. ABr

ÁLVARODIAS(PSDB)Senador

ContacomoapoiodogovernadordoParaná,BetoRicha,etem64%dasintençõesdevoto.Suareeleiçãosóéameaçadapelacandidaturado irmão,opedetistaOsmarDias.

LucioBernardoJr./Ag.Câmara

X

BRASIL

Eduardo [email protected]

VALDIRROSSONI(PSDB)Deputadoestadual

PresidentedaAssembleiaLegislativadoParaná,éumnomereservadoPSDB.JámanifestouvontadedeirparaoSenado.

Editor: Paulo Henrique de [email protected]

OSMARDIAS(PDT)Ex-senador

Com33%dasintençõesdevoto, teráoapoioda

pré-candidatadoPTaogovernodoParaná,

GleisiHoffmann,doprefeito de Curitiba,

GustavoFruet (PDT), eda presidenta Dilma.

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Corrida ao Senado no Paranáterá disputa entre dois irmãos

MENSALÃO

Situação e oposição disputam o apoio do PMDB, mas partido, que apoia o governo Dilma Rousseff e a gestão

do tucano Beto Richa, pode provocar segundo turno se lançar candidato ao governo do estado e ao Congresso

Álvaro Dias (PSDB)terá a seu favor amáquina pública dogoverno estadual.Já seu irmão,o ex-senador OsmarDias (PDT), tem apoiodo prefeito de Curitiba,Gustavo Fruet

Para a cúpula do PDT,a candidatura deOsmar Dias éirrevogável. Dentrodo PT paranaense,porém, o deputadofederal André Vargasganha força como opuro-sangue petista

Quarta-feira, 8 de janeiro, 2014 Brasil Econômico 3

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A demora em reduzir os níveisde poluentes nos combustíveisbrasileiros custou à Petrobras,em 2008, a participação noÍndice de SustentabilidadeEmpresarial (ISE) daBM&FBovespa. Na ocasião, aempresa protagonizou umdebate público com órgãos eentidades ligados à áreaambiental a respeito daprodução de um diesel commenor teor de enxofre.

A exclusão da empresa doíndice foi pedida à bolsa emcarta assinada por 11 entidades,

incluindo órgãos ligados aogoverno do Estado de São Paulo.

Na época, a empresaargumentava que os benefícios naadoção de uma nova fórmula parao combustível automotivodependia da utilização decaminhões com motoreschamados Euro IV, que não eramfabricados no Brasil. “A questãodo combustível não pode serrelativizada por nenhumcontra-argumento, uma vez quese trata de um produtoambientalmente condenável,causador de danos irreversíveis à

saúde pública oneroso aos cofrespúblicos e contrário à legislaçãoem vigor”, dizia a carta enviada aopresidente da BM&FBovespa.

O novo diesel, com teor deenxofre de 50 partes por milhão(S 50), começou a ser vendido deforma obrigatória nas regiõesmetropolitanas em 2012. No anoseguinte, o diesel passou a ter 10partes por milhão de enxofre (S10), próximo aos melhorespadrões internacionais. Segundoa estatal, o produto é vendido hojeem 4,4 mil postos de sua rede erepresenta 28% das vendas.

Comemorada como um grandeavanço na qualidade dos combus-tíveis automotivos vendidos noBrasil, a nova gasolina lançada pe-la Petrobras ainda está longe dospadrões adotados pelos países pio-neiros na redução de emissões dotransporte público. Com 50 par-tes por milhão, a gasolina que co-meçou a ser vendida este ano (co-nhecida como S50) tem cinco ve-zes mais enxofre do que o produtocomercializado na Alemanha, lí-der mundial em uma lista de pelomenos 40 países que já adotam o li-mite de 10 partes por milhão(S10), elaborada anualmente pelaconsultoria Hart Energy, em par-ceria com o Centro Internacionalde Qualidade de Combustíveis(IFQC, na sigla em inglês).

A nova gasolina brasileira co-meçou a ser entregue às distribui-doras no primeiro dia útil do ano ejá está nos postos de combustí-veis. Segue padrões estabelecidospela Agência Nacional do Petró-leo, Gás Natural e Biocombustí-veis (ANP), de acordo com as me-tas de emissões do Programa deControle da Poluição do Ar por Veí-culos Automotores (Proconve).Representa uma redução impor-tante com relação ao padrão ante-rior, de teor de enxofre de 200 par-tes por milhão.

A Europa domina a lista dos paí-ses mais restritivos em relação aoteor de enxofre da gasolina. NaAmérica do Sul, o Chile, com 15partes por milhão, está à frente doBrasil. Nos Estados Unidos, aAgência de Proteção Ambiental(EPA, na sigla em inglês) anun-ciou no ano passado que o limitelocal passará de 30 para 10 partespor milhão em 2017. Não há ainda

no Brasil projeção de nova mudan-ça na fórmula para aproximar o li-mite dos países mais restritivos.

Segundo projeção da Petro-bras, a nova fórmula reduzirá asemissões de óxidos de enxofre(SOx) em até 35 mil toneladas porano, reduzindo os riscos de doen-ças respiratórias nos grandes cen-tros urbanos. Além disso, quandousadas em motores fabricados apartir de 2009, vão garantir a redu-

ção de até 60% de emissões de óxi-dos de nitrogênio (NOx), em até45% de monóxido de carbono(CO) e em até 55% de hidrocarbo-netos (HC).

A produção da gasolina S50 éresultado de investimentos de R$20,6 bilhões em 21 unidades em 11refinarias operadas pela compa-nhia. A empresa não informou, po-rém, qual é o aumento de custo nafabricação da nova fórmula. Nos

Estados Unidos, calcula-se que aredução dos limites em 2017 repre-sentará um acréscimo de US$ 0,01por litro no preço do combustível.A Petrobras, que já vem sofrendocom a defasagem dos preços doscombustíveis, não repassou novoscustos aos distribuidores.

“A política de preços da compa-nhia não será alterada pela intro-dução da nova gasolina”, afirmouo gerente de Soluções Comerciaise Desenvolvimento de Produtosda área de Abastecimento da com-panhia, Frederico Kremer. Segun-do ele, a gasolina importada pelaestatal — que representou, em2013, quase 10% do consumo na-cional — já seguia os novos pa-drões de qualidade. Além de me-nos enxofre, a nova fórmula prevêa adição de aditivos em toda a ga-solina vendida no país.

BRASIL

Nicola [email protected]

GASOLINA S50

Ag.Petrobras

Anovagasolinacomeçouaserdistribuídanoprimeirodiaútile jáchegouaospostosrevendedores

Ainda com muito enxofre...

Histórico problemático com o óleo diesel

R$20,6biInvestimentodaPetrobrasparaaconstruçãode21unidadesemsuasrefinariasparaaproduçãodegasolinacommenorteordeenxofrenopaís.

50Teordeenxofrenanovagasolinabrasileira,empartespormilhão.Valorécincovezessuperioraoverificadoemmercadosmaisrestritivos,comoaAlemanha.

GOVERNO DO DISTRITO FEDERALSUBSECRETARIA DE ATENÇÃO À SAÚDE

COMISSÃO ESPECIAL DE LICITAÇÃO

AVISO DE PRORROGAÇÃOCONCORRÊNCIA Nº 001/2013

A Secretaria de Estado de Saúde do Distrito Federal, por meio da Comissão Especial

de Licitação instituída pela Portaria nº 170 de 05 de Julho de 2013, comunica aos

interessados a Prorrogação da sessão pública de recebimento e abertura das propostas

e documentos da licitação publicada o DODF nº 260, página 42, do dia 06/12/2013,

publicado no DOU nº 236, página 212, seção 3, do dia 05/12/2013, e publicado nos

classificados do Jornal de Brasília, página 12 do dia 05/12/2013, anteriormente

agendada para às 09h do dia 20 de Janeiro de 2014, e agora prevista para às 09h do

dia 05 de Fevereiro de 2014, no Setor de Áreas Isoladas Norte – SAIN “Parque Rural”

Bloco A, Térreo, Sala 22 (Sala de Reunião da SAS/SES), Asa Norte, Brasília-DF.

ADRIANA CONCEIÇÃO GUERRA DA SILVEIRACOMISSÃO ESPECIAL DE LICITAÇÃO

Portaria nº 170, de 05 de julho de 2013

Presidente

Nova gasolina S50 está bem longe dos padrões de qualidade adotados pela Alemanha e por mais de 40 países

O Brasil ainda não temprojeção para adotarnova fórmula naprodução da gasolinae se aproximardo limite de enxofrede países comuma regulamentaçãomais restritiva

4 Brasil Econômico Quarta-feira, 8 de janeiro, 2014

Page 5: Brasil Economico 080114

IPP subiu 0,64% em novembro

Temos o veículo com amaior carga tributáriado mundo, tornandoo nosso mercadoartificialmentepequeno. Prova dissoé que vendemos 1,4milhão de veículos amais com o IPI menor”

O Índice de Preços ao Produtor (IPP/IBGE) voltou a subir em

novembro, na maior alta desde agosto: 0,62%. Em outubro, o IPP

recuara 0,45%, primeiro resultado negativo desde fevereiro, em

dado revisado pelo IBGE — que, anteriormente, anunciara recuo de

0,37%. Em novembro, 16 das 23 atividades pesquisadas

apresentaram alta de preços, contra nove no mês anterior. Reuters

LuizMoanYabikuJuniorPresidente da Anfavea

A Associação Nacional dos Fabri-cantes de Veículos Automotores(Anfavea) estima uma alta de1,1% nas vendas em 2014. A mé-dia de crescimento otimista, po-rém conservadora, sinaliza parauma leve melhora em relação aosresultados de 2013, quando o se-tor bateu recorde histórico de pro-dução, alcançando o patamar de3,73 milhões de unidades e alta de9,9% sobre 2012, mas com quedade 0,9% no número de licencia-mento de veículos. Este ano, se-gundo a entidade, haverá um au-mento de 0,7% na produção de au-toveículos, com incremento de2,1% nas exportações.

“Em 2013, tivemos um empatetécnico, em termos de licencia-mento (que inclui nacionais e im-portados). Houve uma queda de0,9% em relação a 2012, que repre-senta 34 mil unidades, ou seja, me-nos de dois dias de vendas. Contu-do, é preciso ressaltar que a vendade veículos fabricados no Brasilcresceu 1,5% em 2013 - um recor-de histórico para o setor”, afirmaLuiz Moan Yabiku Junior, presi-dente da Anfavea, mencionandoque a média geral foi puxada parabaixo por causa da queda de ven-das dos veículos importados, querecuou 10,3% no ano passado.“Essa performance é resultado doprograma Inovar-Auto, que pre-tende estimular a produção nacio-nal, substituindo a participaçãodos importados, que encerrou em18,8% em 2013 — bastante abaixoda fatia de mercado que tinhamem dezembro de 2011, que era de27%”, disse.

Moan argumentou ainda queapesar do leve recuo de 0,9% no li-cenciamento de veículos em 2013,a média de crescimento nas ven-das do setor foi de 11,4% nos últi-mos cinco anos, com expansão de44,8% nos últimos dez anos. “So-mos o 4º maior mercado do mun-do. Parte da queda no número delicenciamentos também se deve àseletividade de crédito por partedos bancos em 2013, que deve semanter quase inalterada em 2014,embora estimemos um aumentono estoque de crédito de 4% a5%”, projeta.

De acordo com o presidente daAnfavea também é esperado umaumento de 1,1% nas vendas demáquinas agrícolas este ano, im-pulsionadas pelo programa de in-fraestrutura do governo federal

que deve alavancar os negócioscom tratores com esteira. Em2013, o segmento registrou alta de18,4% nas vendas em relação aoano anterior, comercializando83,1 mil máquinas agrícolas. “Asrazões para essa expansão se de-vem a uma conjugação de forças:o aumento da renda média do pro-dutor brasileiro, os resultados doPrograma de Sustentação de Cres-cimento (PSI), e, principalmente,a busca pelo aumento de produti-vidade do setor agrícola nacio-nal”, afirma.

Segundo projeções da Anfa-vea, as exportações de veículosem 2014 devem apresentar altamodesta, de 2,1% no número deveículos, e de 2,6% na receita,atingindo os US$ 17 bilhões. “Esteano será de transição para o setorem termos de competitividade.Com a adoção da política do Ex-portar Auto e de negociações co-merciais entre o Brasil e outros paí-ses, como a Argentina e os paíseseuropeus, acreditamos que o gran-de crescimento das exportaçõesse dará em 2015”, diz.

Mesmo com olhar otimista so-bre o mercado em 2014, LuizMoan Yabiku Junior lamenta ofim do incentivo fiscal concedidoà indústria automotiva. “Temos oveículo com a maior carga tributá-ria do mundo. Nosso mercado é ar-tificialmente pequeno em funçãodessa realidade. Com a redução deIPI vendemos 1,4 milhão de veícu-los a mais no país, provando que oque impede o crescimento do nos-so setor a níveis internacionais é acarga tributária”, diz.

JoãoLaet

Patrycia Monteiro [email protected]ão Paulo

AntonioCruz/ABr

Anfavea: otimismo para 2014

Segundo a Anfavea, osbancos se mantiveramseletivos na oferta definanciamento em2013, mas é esperadoum aumento de até 5%no estoque de créditoeste ano — favorecendoas vendas do setor

PREÇOS AO PRODUTOR

Moan:umaumentode4%a5%daofertadecréditoautomotivoajudaránasvendasem2014

Mesmo com o fim da redução do IPI, e do recuo de 0,9% no número de licenciamentos em 2013, setor aposta

em altas modestas nas vendas de automóveis (graças a uma maior oferta de crédito) e de máquinas agrícolas

Quarta-feira, 8 de janeiro, 2014 Brasil Econômico 5

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Os produtos brasileirospodem até conseguiralcançar um bompreço, mas isso nãosignifica que ascompras irão aumentarnaquele momento.O efeito da valorizaçãodo dólar não é imediato

A safra agrícolanorte-americanacomeça a ser plantadaem janeiro. Pode haveruma frustração, masisso é contar como imprevistoe pode acontecerno Brasil também”JoséAugustoCastroPresidente da AEB

A indústria brasileira aguarda pa-ra o segundo semestre deste anoos efeitos positivos da alta do dó-lar em comparação ao real, inicia-da ainda em maio de 2013, projetao presidente da Associação de Co-mércio Exterior do Brasil (AEB),José Augusto de Castro. Como osreflexos do câmbio ocorrem comdefasagem, a expectativa é que asimportações sejam reduzidas emalguns meses, favorecendo os pro-dutores internos. Já as exporta-ções, diz ele, não devem passarpor grandes transformações porcausa da moeda, tendo outros fato-res — como o desempenho da eco-nomia externa — como determi-nantes daqui para frente.

Castro demonstra preocupaçãoespecial com as commodities,que, em 2013, contribuíram paraamenizar o resultado da balançacomercial, o pior em dez anos. Emsua opinião, alcançar o superávitem 2014 dependerá, sobretudo,do comércio de produtos agríco-las, cujas cotações estão em que-da. “O cenário preocupa porquenão há nada o que fazer, apenasacompanhar e rezar”, afirma. Eleressalta que a pauta de exportaçãobrasileira é muito centrada emcommodities, que têm comporta-mento imprevisível, impossível deser controlado. “Se algum compra-dor demandar menos, sentiremoso impacto não só na quantidade,mas também no preço”, alerta.

A opinião do presidente daAEB é que a melhora da econo-mia dos Estados Unidos, visívelcom a extinção gradual da sua po-lítica expansionista, não é neces-sariamente positiva para o Bra-sil, pois os principais importado-res de produtos nacionais são aChina e a União Europeia, en-quanto o mercado norte-ameri-cano, em alguns casos, funcionacomo concorrente. “Quando osEstados Unidos aumentam a pro-dução de milho, por exemplo, co-mo aconteceu em 2013, mexecom o preço aqui. E, se o concor-rente também tem supersafra, éruim para todo mundo”.

O cenário para os produtoresagrícolas, em 2013, foi bastante fa-vorável aos brasileiros, por causada quebra da safra de soja nos Esta-dos Unidos.“Foi o melhor dosmundos para o Brasil. Infelizmen-te, não é o que vai acontecer em2014”, prevê Castro. Ele enxerganão só uma boa safra no hemisfé-rio Norte, como na Argentina. “Pa-

ra 2014, a previsão é cair o preçodos agrícolas e, na melhor das hi-póteses, manter a quantidade. Éum cenário que pode melhorar oupiorar. A safra norte-americanacomeça a ser plantada em janeiro.Pode ter uma frustração, mas issoé contar com o imprevisto. Podeacontecer no Brasil também, em-bora nesse momento, estejamoscontando com uma safra maiorque o do ano passado”, afirma.

Com a concentração da pautade exportação em commodities, abalança comercial está sujeita ain-da às especulações, segundo Cas-tro. É o caso do minério de ferro,destinado, principalmente, à Chi-na. “Se algo sair fora do planejadoem relação ao consumo chinês,sentiremos o impacto diretamen-te no Brasil”.

No caso dos manufaturados, aexpectativa é de melhora, porcausa do câmbio. Nesse caso, afragilidade é geográfica, segundoCastro, já que as vendas são mui-to focadas na América do Sul,com destaque para a Argentina,que, atualmente, passa por umperíodo de instabilidade econô-mica e de restrição às importa-ções. O presidente da AEB ressal-ta que 87% das exportações brasi-

leiras de automóveis são destina-das ao país vizinho. E, mesmo pa-ra a Venezuela, uma parceira polí-tica do Brasil, as fragilidades daeconomia remetem à proteção domercado interno.

“Os produtos brasileiros po-dem até conseguir alcançar umbom preço, mas isso não significaque as compras irão aumentar na-quele momento. O efeito da valori-zação do dólar não é imediato, de-pende de fatores como negocia-ção de contrato e mesmo da expo-sição do produto nacional no exte-rior”, diz Castro.

Ele acredita que os leilões deconcessões realizados pelo gover-no poderão funcionar como um in-centivo à indústria local, com o de-senvolvimento da infraestrutura econsequente redução dos custosde produção. Mas a sua expectati-va é que os resultados só apare-çam no período de três anos. En-quanto isso, o câmbio é o fator demais influência na balança comer-cial brasileira. “A verdade é que ex-portação não é prioridade do go-verno em ano de eleições. A priori-dade é a inflação”, contesta.

BRASIL

Fernanda [email protected]

RafaelAndrade/Folhapress

Menos importações neste anoAEB aposta que a valorização do dólar frente ao real terá efeito favorável para a indústria brasileira a partir do

segundo semestre, com a queda das compras externas. Para o setor agrícola, a expectativa não é tão positiva

Na opinião dopresidente da AEB,a melhora da economiados Estados Unidos,visível com a extinçãogradual da sua políticaexpansionista, não énecessariamentepositiva para o Brasil

6 Brasil Econômico Quarta-feira, 8 de janeiro, 2014

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BNDES libera R$ 630,5 mi para PecémO Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES)

anunciou novo financiamento, no valor de R$ 630,5 milhões, para a

expansão do Porto de Pecém, localizado no município de São

Gonçalo do Amarante (CE). Os recursos serão usados na implantação

de uma ponte de 1.520 metros, paralela à ponte já existente, que vai

permitir o trânsito de cargas de maior tonelagem. ABr

Divulgação

O Ministério das Relações Exterio-res, o Itamaraty, não registrou ne-nhum acidente com vítima rela-cionado a brasileiros afetados pelofrio intenso que atinge os EstadosUnidos nos últimos dias, causan-do cancelamentos e atrasos emcentenas de voos, tanto de aerona-ves que chegam e partem do paísquanto as que viajam dentro doterritório norte-americano.

Ainda assim, o Itamaraty orien-ta que brasileiros com viagem aosEstados Unidos marcada para ospróximos dias não saiam do Brasilsem contratar um seguro de via-gem — orientação que é dada aospassageiros para qualquer viageme em qualquer período, mas queestá sendo reforçada agora.

A chegada de uma onda de frioártico nos Estados Unidos estácausando neve intensa no Norte eem áreas centrais do país. De acor-do com o último comunicado doServiço Nacional de Meteorologianorte-americano, até hoje as tem-peraturas ficarão abaixo da médiapara o período e poderão atingir

-51 graus Celsius (˚C). A frentefria polar deverá provocar as tem-peraturas mais baixas em 20 anos.

O seguro de viagem, com ga-rantia de atendimento médicohospitalar em caso de acidente oudoenças causadas pelo frio inten-so, deverá servir como amparo su-ficiente para estrangeiros no país.Os consulados do Brasil no exte-rior não cobrem eventuais custoscom a saúde de cidadãos brasilei-ros. Seguros de viagem devem ser

comprados antes da saída dopassageiro do país e são geral-mente oferecidos por segurado-ras, bancos, bandeiras de car-tão de crédito, operadoras deviagem, entre outros.

O Procon-SP orienta que oviajante observe a cobertura es-tipulada no contrato — espe-cialmente a abrangência em re-lação a doenças, medicamen-tos e morte. Além disso, deve-se estar atento ao período da co-bertura, ao valor de indeniza-ções, à cobertura de terceiros,se houver, e à identificação daspartes envolvidas.

Em caso de emergência ouqualquer outra necessidade deapoio no exterior, o Itamaratyorienta que os viajantes brasi-leiros entrem em contato como consulado do Brasil mais pró-ximo. A lista de consulados bra-sileiros no exterior pode serconsultada na página do Itama-raty na internet. ABr

O Ministério Público do Mara-nhão (MP-MA) fez um pedido aogoverno do Estado para que solici-te o apoio da Força Nacional de Se-gurança nas ruas de São Luís(MA). O ofício foi encaminhadoao secretário da Casa Civil do Ma-ranhão, João Abreu, pela procura-dora-geral de Justiça em exercí-cio, Terezinha de Jesus AnchietaGuerreiro, pedindo para que hajapoliciamento ostensivo em toda aregião metropolitana da capital.

No documento, o MP estadualdestaca que a medida é necessá-ria tendo em vista os recentes ca-sos de violência e vandalismopraticados por ordem de líderesde facções e organizações crimi-nosas, espalhando medo na po-pulação. O Ministério Público pe-de ainda que seja instalado umgabinete de gestão integrada pa-ra acompanhamento da seguran-

ça pública no Estado por todos osórgãos da área.

A Força Nacional está atuandocom 150 homens na segurança doComplexo Penitenciário de Pedri-nhas desde outubro, quando a criseno sistema prisional se agravou,com uma rebelião que deixou novemortos e 20 feridos. A situação dosistema carcerário no Maranhãonãoénovidade.AAgênciaBrasilno-ticia, desde 2008, a precariedadedo sistema e as ações dos governosestadualefederalnatentativadeso-lucionar o problema.

A Polícia Militar deteve ontemseis suspeitos de participar do in-cêndio de um ônibus na Vila Sar-ney Filho, em São Luís, na noitede sexta-feira (3), entre eles trêsadolescentes. Dez suspeitos já ha-viam sido identificados.

O ofício do Ministério Públicoapontaaindaanecessidadedetrans-ferir,comurgência,parapresídiosfe-derais,osdetentosqueordenaramosataques.OgovernodoEstadoconfir-maqueaceitouaajudadogovernofe-deral, masqueaindanãofoifeita ne-nhumatransferênciadepresos.ABr

Um dia após multar a Empresa deInfraestrutura Aeroportuária (In-fraero) por irregularidades no Ae-roporto Internacional Galeão/An-tonio Carlos Jobim, agentes doProcon do Rio fiscalizaram ontemo Aeroporto Santos Dumont e tam-bém encontraram falhas. Agentesdo Procon constataram proble-mas nos serviços aos usuários enas condições de segurança.

Aação do órgão foimotivadape-loacidenteocorridonoúltimosába-do (4), quando a menina argentinaCamila Palacios, de 3 anos, caiu dovãoentreaescadarolanteeoguarda-corponomezaninodoterminal.Se-gundo a Secretaria Municipal deSaúde, Camila está lúcida e conti-nua internada no Centro de TerapiaIntensiva (CTI) para observação,mas ainda não tem previsão de alta.

No Galeão, além da irregulari-dade do espaço entre a escada ro-lante e o guarda-corpo, os agen-tes do Procon encontraram outrosvãos fora da metragem de seguran-ça na maior parte das escadas ro-lantes, problema similar ao do lo-cal do acidente. Alguns deles ti-nham espaço superior a 19 centí-metros, podendo ser ultrapassadoaté por um adulto.

Para a secretária de Proteçãoe Defesa do Consumidor, Cidi-nha Campos, “omitir-se em ca-so de segurança, como está ocor-rendo no aeroporto Tom Jobim,é motivo para mandar prenderos responsáveis”. A Infraerotambém foi autuada por outrasirregularidades no Galeão: qua-tro elevadores e três bebedou-ros não funcionavam, a canale-ta de alumínio da esteira estavasolta, causando risco aos usuá-rios, o banheiro para deficien-tes estava trancado e o ar-condi-cionado não funciona em doissetores do Terminal 1. ABrMais sobre a nevasca nos EUA: pág. 24

Viajantes aos EUAdevem ter seguro,diz o Itamaraty

MikeSegar/Reuters

ParaosviajantesbrasileirosaosEstadosUnidos,éaltooriscodeacidentesedoençasnanevasca

Recomendação é para brasileiros com viagem marcada contratar

a apólice contra acidentes e doenças antes de deixar o Brasil

No Tom Jobim, foramencontrados elevadores,bebedores, banheiros e arcondicionado irregulares

Ministério Públicotambém requer ainstalação de gabineteintegrado de segurança

PORTO

MP do Maranhãopede Força Nacionalnas ruas de São Luís

Procon do Rio autua a Infraeropor problemas no Santos Dumont,um dia depois de multar o Galeão

O Procon-SPorienta que viajanteobserve a coberturaestipulada no contrato— especialmentea abrangência emrelação a doenças,medicamentose morte

Quarta-feira, 8 de janeiro, 2014 Brasil Econômico 7

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Qual é o balanço que o Sr. faz doano de 2013 para as micro, pe-quenas emédias empresas brasi-leiras?

As micro e pequenas empresasmostraram que, mais uma vez,são as grandes geradoras de em-prego no Brasil. De janeiro até ou-tubro de 2013, os pequenos negó-cios abriram mais de 950 mil va-gas de trabalho. Só em outubroforam gerados 101 mil empre-gos. O número total de pessoasempregadas neste mês foi supe-rior ao da quantidade de traba-lhadores que a Petrobras possuiem seu quadro atual — cerca de85 mil funcionários.

No que avançamos? Onde aindaé preciso melhorar?

A escolaridade dos empresáriosde pequeno porte está melhor eacima da média da populaçãobrasileira: 47% dos empreende-dores têm até o segundo graucompleto, o que impacta positi-vamente na qualidade do em-preendedorismo brasileiro. Emrelação à legislação, demos umgrande passo com a aprovação,na Comissão Especial da Câma-ra dos Deputados, do Projeto deLei Complementar (PLP) 221,que vai permitir a inserção dequase meio milhão de micro epequenas empresas que fatu-ram até R$ 3,6 milhões por anono Supersimples e uma reduçãomédia de 40% em sua carga tri-butária. Clínicas médicas, con-sultórios de dentistas, escritó-rios de advocacia, pequenasimobiliárias e mais de 200 ou-tras atividades, até então enqua-dradas no regime de lucro presu-mido, passarão a ter o direito aaderir ao Supersimples. A medi-da segue agora para o plenárioda Câmara e deverá ser votadaneste primeiro semestre.

O comércio ainda é um setorcom maior procura por peque-nas empresas...

Os empreendedores brasileirosainda têm em comum o fato depreferirem os setores de comér-cio e serviços ante os de indús-tria e de construção civil (5%).Os dois primeiros acabam sain-do na frente por exigirem menosinvestimentos iniciais, por exem-plo. Em compensação, nem sem-pre as empresas dessas áreas têmcondições de crescer, gerar maisempregos, investir em pesquisae desbravar novos mercados.

Quais são as barreiras para quemais empresas possam ser esta-belecidas no Brasil? A carga tri-

butária é um grande problema?A burocracia?

A Secretaria da Micro e PequenaEmpresa terá papel fundamentalpara melhorar o ambiente paraempreender no Brasil. O minis-tro Guilherme Afif Domingos jádisse que os desafios prioritáriosserãoo aprimoramento doSuper-simples, com a simplificação datributação, a desburocratizaçãoe a melhoria na concessão de cré-dito para as micro e pequenasempresas. Cada vez mais, vemosa necessidade de disseminar nasociedade brasileira a cultura em-preendedora. O comportamen-to empreendedor é útil paraquem vai ter o próprio negócioou para quem vai trabalhar emuma empresa. Sabemos que nãoé preciso nascer com o dom deempreender. Isso pode ser desen-volvido ao longo do tempo.

Que outros setores estão sendodemandados na abertura deem-presas?

Editora: Flavia [email protected]

EMPRESAS

‘A ATUAL TAXA DEMORTALIDADE DASEMPRESAS, DE 76%,MOSTRA AVANÇOS’

A escolaridadedos empresáriosde pequeno porteestá acima da médiabrasileira: 47% têm atéo 2º grau completo. Issoimpacta positivamentena qualidade doempreendedorismo”

ENTREVISTA

Erica [email protected]

Os pequenos negócios representam cerca de 20% do PIB brasileiro ou poucomais de R$ 1 trilhão. Para o presidente do Sebrae Nacional, Luiz Barreto, paraque o setor possa se desenvolver ainda mais no país, a Secretaria da Micro e Pe-quena Empresa terá um papel importante, com o aprimoramento do Supersim-ples, a simplificação da tributação, a desburocratização e a melhoria na conces-são de crédito para as micro e pequenas empresas. Ele também comemora a re-dução da taxa de mortalidade das pequenas nos últimos 10 anos.

LUIZ BARRETO Presidente do Sebrae Nacional

8 Brasil Econômico Quarta-feira, 8 de janeiro, 2014

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BlackBerry ensaia retorno ao teclado

A cadeia de petróleo e gás, ener-gia, agronegócio e construção ci-vil. O pré-sal, a realização da Co-pa das Confederações e a proxi-midade da Copa do Mundo po-dem ter sido um dos fatores quecontribuíram para esse sucesso.

A taxa de mortalidade diminuiuesse ano?

A taxa de mortalidade vem dimi-nuindo nos últimos 10 anos eem julho de 2013 a sobrevivên-cia chegou a 76%. Há dez anos,esse índice era de 50%. A atualtaxa mostra uma melhor capaci-dade das micro e pequenas em-presas para superar dificulda-des nos primeiros dois anos donegócio. Nesse período inicial,a empresa ainda não é conheci-da no mercado, não possui car-teira de clientes e, muitas vezes,os empreendedores ainda têmpouca experiência em gestão. Éo período mais crítico porque aempresa está se lançando nomercado e muitas vezes o em-

preendedor não tem experiên-cia na gestão de um negócio.Mas, qualquer taxa de sobrevi-vência acima de 70% já pode serconsiderada positiva.

A figura do MEI (Microem-preendedor Individual) mudoumuito a visão do empreende-dor no Brasil. Quantos são o mi-croempreendedores no país ho-je? Quantos seremos nos próxi-mos anos?

O MEI é o maior movimento deformalização do mundo. Ape-nas entre os meses de janeiro enovembro do ano passado, ummilhão de pessoas se formaliza-ram como MEI. Atualmente, osistema já soma 3,6 milhões deinscritos. Isso se deve em razãoda continuidade da força domercado interno e dos investi-mentos públicos e privados. Pro-jeção feita pelo Sebrae afirmaque até 2022 vão existir 12,9 mi-lhões de empresas optantes pe-lo Simples e neste ano o número

de MEI vai ultrapassar o núme-ro de micro e pequenas empre-sas. Serão 4,3 milhões de mi-croempreendedores indivi-duais e 4,2 milhões de micro epequenas empresas. O Brasiltem hoje 8,2 milhões de micro epequenas empresas optantes pe-lo Supersimples.

A Copa e as Olimpíadas vão mo-vimentar o mercado para as mi-cro e pequenas empresas?

O próximo ano promete muitasoportunidades com a Copa e aseleições. Os empreendedoresdos mercados de eventos espor-tivos, musicais e políticos terãoótimas oportunidades. Serviçosgráficos e confecções tambémse beneficiarão. As empresasque querem aproveitar as opor-tunidades para a Copa do Mun-do podem conhecer as açõesque o Sebrae desenvolve no por-tal www.sebrae2014.com.br. Játemos 25 mil pequenos negó-cios inscritos em dez setores nas12 cidades-sede. O portal contacom aproximadamente cem di-cas e ideias que podem fortale-cer negócios já existentes ouque ainda estão para nascer. Fo-ram mapeados dez segmentos.É importante lembrar que inves-tir em cima da hora pode impli-car em dizer que o risco de retor-no também diminui.

Temos uma boa rede de serviçospara os empreendedores?

Nenhuma instituição de apoioaos pequenos negócios do mun-do tem um conjunto tão amplode serviços e atende anualmen-te mais de 1,6 milhões de em-preendedores e donos de peque-nos negócios. Mesmo nosso par-ceiro americano, o SBDC(Small Business DevelopmentCenter, uma rede de 1.000 es-critórios de apoio aos pequenosnegócios nos 50 estados ameri-canos), atendem cerca de 750mil empresas por ano. O Brasil,por sinal, é um dos países lati-no-americanos onde as novasempresas têm mais acesso a cré-dito (são 90%), de acordo como estudo. Só perde para a Bolí-via, onde esse percentual é dequase 100%. Para começar, aempresa é de família (23% dasregistradas no Brasil são assim)e tocada pelos próprios funda-dores, assim como 32% dos em-preendimentos nacionais. Es-ses são os maiores percentuaisencontrados na América Latinae no Caribe, segundo o relató-rio do Banco Mundial.

Na comparação com outros paí-ses, no que temos de bons exem-plos no segmento? E o que aindaé necessário aprimorar?

Em termos de apoio aos peque-nos negócios , o Sebrae é consi-derado uma das instituiçõescom portfólio de serviços maisamplo no mundo. Uma das prin-cipais diferenças entre o Sebraee outras instituições internacio-nais congêneres é o duplo papelexercido tanto como agência de-desenvolvimento, apoiando aconstrução de um ambiente denegócios mais favorável para ospequenos negócios, mas tam-bém enquanto instituição de ca-pacitação e desenvolvimentoempresarial. Do ponto de vistado empreendedorismo, o Se-brae apoia tanto os potenciaisempresários, aqueles que aindasonham em ter um negócio,mas também tem cursos e ou-tras atividades voltadas ao fo-mento e ao empreendedorismopara os que já possuem negó-cios. Recentemente o Sebraevem apoiando a educação em-preendedora nos níveis funda-mental de ensino através do pro-grama Pronatec Empreendedor.

ABlackBerry,quetevedificuldadesparaatrairclientescommodelos

touchscreenanopassado,planejavoltarparamodeloscomteclados.

Comopartedoplanoestáabuscaporclientescorporativose

governamentais,que impulsionaramseusucesso inicial.Nomês

passado,oCEOJohnChenanunciouumnegóciodecincoanoscoma

Foxconnparaterceirizarafabricaçãodealgunsdeseustelefones.Reuters

Divulgação

O MEI é o maiormovimento deformalização domundo. Apenas entreos meses de janeiroe novembro de 2013,um milhão de pessoasse formalizaram. Hojejá são 3,6 milhões”

Os empreendedoresbrasileiros ainda têmem comum o fato depreferirem os setoresde comércio e serviçosante os de indústriae construção civil. Osdois primeiros exigemmenos investimentos”

MurilloConstantino

TECNOLOGIA

Quarta-feira, 8 de janeiro, 2014 Brasil Econômico 9

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Os smartphonespossibilitam que maispessoas conheçamo mundo da imagemdigital e têm tidopapel fundamentalno processode afeiçoamentopela fotografia”Rafael StivalGerente de câmerase filmadoras da Sony

O aumento do poder de compra dobrasileiro e o amadurecimento degigantes como Nikon e Canon noBrasilderam novoscontornosaose-tor de câmeras fotográficas no país,até então liderado com folga pelaSony. Se por um lado o negóciotemexperimentado umcrescimen-to na demanda por tecnologia, ele-vando suasreceitascomvaloragre-gado, por outro, vê a concorrênciaacirrada comdispositivos como ta-blets e smartphones forçar preçoscadavez maiscompetitivos. O Bra-sil Econômico ouviu quatro gran-desfabricantes doramoparaenten-der suas estratégias e perspectivaspara 2014, além de trazer os princi-pais lançamentos do mercado.

A Sony, que se declara líder dosegmento no Brasil, com participa-ção de mercado superior a 35%,promete, em 2014, continuar abusca por novas tecnologias, comfoco na linha de semiprofissionaiscompactas. Isso significa ampliaro leque de funções das compactaspara colocá-las em patamar supe-rior a celulares e dispositivos comcâmera sem, no entanto, elevarmuito os preços. Algumas funçõescomo conectividade, foto panorâ-mica 3D e high zoom são novida-des que já compõem esses mode-los, como os da linha NEX, e semi-profissionais de preços mais aces-síveis, como a DSC-HX300.

Outra novidade da empresa, é acâmera QX10, que explora um ni-cho híbrido de mercado ao ser aco-pladaao atualinimigodosfabrican-tes do setor: os celulares. Para o ge-rente de câmeras e filmadoras daSony, RafaelStival,essaconcorrên-ciadiretapodeserinclusiveinteres-santeporquefuncionacomoumca-talisador para o mercado de câme-ras fotográficas. “Os smartphonespossibilitam que mais pessoas co-nheçam o mundo da imagem digi-tale têmtido papel fundamental noprocesso deafeiçoamento do brasi-leiro pela fotografia”, argumenta.

Na mesma linha, a Panasonicanunciou os lançamentos para es-te ano. Chamam a atenção as novi-dades da Lumix DMC-ZS40, comwi-fi e GPS integrados, e a LeicaDG Nocticron, uma máquina com-pacta com lente intercambiávelda tradicional fabricante Leica.

Masparaempresasquesóprodu-zem câmeras fotográficas, isso temlevado ao declínio de vendas dosmodelosmaissimples."Estemerca-do de máquinas digitais mais sim-ples ainda é importante para nós,mas cai em volume de vendas cercade 10% ao ano", explica o gerentede vendas da Canon Brasil, AndréGuerreiro. Por isso, a fabricante vaipriorizar os modelos de compactashigh zoom no Brasil, sem abando-nar a linha D-SLR (semiprofissio-nais com um sistema mecânico deespelhos),principalresponsávelpe-laimagemdaempresano país.Des-taques para este início de ano são a

high zoom SX270 HS e a D-SLREOSRebel SL1, com um recém-de-senvolvido sensor CMOS.

“O segmento de semiprofissio-nais compactas tem crescido o do-bro do restante do mercado no Bra-sil, algo em torno de 200%”, afir-ma Guerreiro, para quem o princi-palmotivo do crescimentoé aredu-ção de preços que variam, em mé-dia, de R$ 490 a R$ 2.000. Na visãodo executivo, é preciso levar emconta o aumento do poder de com-pra, mas isso não é tudo. “As em-presas fizeram sacrifícios para ofe-recer preços mais acessíveis. Hojetemos D-SLR porR$ 1.799. Antiga-

mente, todas custavam mais de R$3.000”, diz. Entre os esforços daempresa, está o barateamento detecnologias e a abertura de uma fá-brica em Manaus, em setembro úl-timo, o que eliminou gastos comimpostos de alfândega. A unidade,que hoje produz três modelos decompactas simples, deve passar aproduzir alinhahigh zoomno futu-ro, devido à migração do padrão deconsumo. Mas, em 2014, a ideia éreforçar a presença da marca nopaís, em cima de comunicação etreinamento de vendedores.

A estratégia também vale parao segmento de D-SLR da Canon,

que tem o objetivo de aumentar apenetração de público dessas se-miprofissionais no país, hoje em2%, número considerado baixo.A meta é, nos próximos dois outrês anos, chegar a 5% como naChina, mas sempre mirando amarca de 10% comum em paísesdesenvolvidos.

Apesardabaixaparticipaçãore-lativa no universo de aparelhos, acategoria é estratégica para a em-presa, como explica o diretor da di-visão de câmeras da Canon Brasil,Takashi Osawa. “No mundo, temos40% de participação no segmentode D-SLR. No Brasil, nossa fatia foi

EMPRESAS

Redaçã[email protected]

Estratégias variadaspara sair bem na fotoOs quatro maiores fabricantes no país investem em modelos mais sofisticados, cursos de

fotografia para consumidores e treinamento de vendedores para avançar em market share

10 Brasil Econômico Quarta-feira, 8 de janeiro, 2014

Page 11: Brasil Economico 080114

Motorola reduz preços nos Estados Unidos

O wi-fi emcâmeras já existehá oito anos, masnão pegou, porquefuncionavacom acessórioexterno restritoa modelosprofissionais”

■ DSC-HX300Comresoluçãode20.4MPezoomópticode50x,essaD-SLRtirafotosem3DegravavídeosemHD.Preço:R$1.899

■ SONYDSC-QX100ÉumalentesemfiosCarlZeissde18MPcomzoomopticode10xquese integraasmartphones.Preço:sobconsulta

■ NIKOND5300D-SLRquechegaaoBrasilemfevereirocomGPS

eWi-fiembutidos.Preçoprevisto:R$5.000

■ NIKONDFCom16.2MPeWi-fiintegrado,estaD-SLRresgata

aaparênciaclássica.Preçoprevisto:R$15.000

■ CANONEOSREBELSL1Com18MP,essaD-SLRtemumalcancedeISOde100a12800eaindafazvídeos.Preço:R$3.999,99

■ CANONPOWERSHOTSX270Estacompactatem12.1MP,zoomópticode20X,efazvídeosemfullHD.Preço:R$999,99

■ PANASONICLUMIXDMC-ZS40Comzoomóptico30x,estacompactafilmaemfull

HDetemWi-fieGPSintegrado.Preço:nãoinformado

Planejamos lançara TV curvávelno mercado nosegundo semestre,mas seguimoscomprometidos comos displays com diodosorgânicos emissoresde luz (OLED)”

A Motorola aposta em preços agressivos para retomar sua

participação no mercado dos smartphones, superada por Apple e

Samsung. A empresa busca “os próximos 5 bilhões de consumidores

que não podem ter um smartphone de US$ 600”, disse DennisWoodside, diretor executivo da Motorola, que acaba de reduzir de

US$ 550 para US$ 399 seu modelo Moto X, nos Estados Unidos. AFP

DanielRodriguesGerente de produtosda Nikon Brasil

■ PANASONICLEICADGNOCTICRONComlenteLeica intercambiável,estacompactatemumaaberturamáximadeF1.2Preço:nãoinformado

KimHyunSukVP executivo de TVs da Samsung

“ “

ScottEells/Bloomberg

de 2% em 2012 e, no ano que pas-sou,saltamospara10%,umcresci-mento expressivo, mas que podeseraindamaior”,diz.Eleatribui is-so ao fato de a categoria ainda seruma novidade para muitos lojistase uma das poucas dentro do setorde eletrônicos que cresce em fatu-ramento no mundo, já que outrascomo som e televisão sofrem comerosão constante dos preços.

E justamente as D-SLR conti-nuarão sendo o foco de outra gi-gante do setor, a Nikon. Primeira afabricar modelos da categoria noBrasil, a empresa quadruplicou asvendas em 2013 e aposta em doisnovos produtos a serem lançadosmês que vem no país. O principalproduto, a Nikon D5300, traz GPSe Wi-fi embutidos enquanto a Ni-kon DF chega para um públicoamante da fotografia de arte, comum interior moderno e um designde câmera antiga por fora. “O wi-fi em câmeras já existe há oitoanos, mas não pegou porque fun-cionavacomacessórioexterno res-trito a modelos profissionais”, ex-plica o gerente de produtos da Ni-kon Brasil, Daniel Rodrigues. Paraele,asegmentação depúblicotam-bém deve se intensificar na foto-

grafia, e o Brasil é peça chave parao futuro do mercado, devido ao tu-rismo que virá com eventos inter-nacionais ea baixaculturafotográ-fica da maioria da população.

Pensando em popularizar a fo-tografia no país, a Nikon promoveworkshops pagos (Nikon School)com o objetivo de familiarizarusuários e interessados com asD-SLR. Também por isso, a SonycriouoSonyEduca,comcursoson-line gratuitos.

A Samsung lançará sua primeiratelevisão com tela curvável nes-te ano, que oferece maior pro-fundidade de imagem, em umesforço da maior fabricantemundial de TVs de revitalizar ademanda global, que está estag-nada. Os espectadores podemmudar a tela de uma posição pla-na para uma arqueada apertan-do um botão, divulgou a corea-na durante a International CES,em Las Vegas, onde está apresen-tando o modelo conceitual. Acompanhia também anunciouparcerias para criar conteúdoscom companhias como a Ama-zon.com e a Netflix.

Para combater o declínio nasvendas de TVs e a estagnaçãodos preços, a fabricante está fo-cando em telas de ultra-alta defi-nição (UHD) com displays decristal líquido (LCD). A compa-nhia passou por dificuldades pa-ra fabricar televisões de formarentável com uma tecnologiaque torna os displays mais delga-dos e brilhantes, portanto ex-pandirá a produção das telasLCD, mais baratas, com dez no-vos modelos neste ano.

“Planejamos lançar a TV cur-vável no mercado no segundo se-mestre deste ano”, disse KimHyun Suk, vice-presidente exe-cutivo do negócio de TVs da Sam-sung. Ainda em 2014, a compa-nhia também planeja lançaruma TV que usa o sistema opera-tivo Tizen. A Samsung formaráuma parceria com a Intel e ou-tras empresas de tecnologia pa-ra desenvolvê-lo. O sistema ro-da em smartphones, tablets e sis-temas de carros.

Seis das novas TVs da Sam-sung terão um design curvo,com tamanhos dentre 55 e 110polegadas, e serão lançadas noprimeiro semestre deste ano.

As telas de ultra-alta defini-ção, que oferecem uma resolu-ção de imagem quatro vezes su-perior à das telas convencionais,passaram por dificuldades paraganhar impulso no mercado de-vido à falta de conteúdos para oformato e aos preços mais altos.

A companhia espera que seusnovos acordos para criar conteú-

dos fomentem a demanda porentretenimento em UHD me-diante serviços de streaming eoperadores de TV paga. Entre osparceiros da Samsung estarão aDirecTV, a Comcast Corp. e uni-dades da Twenty-First CenturyFox e da Viacom.

Embora a companhia estejase focando em telas LCD paramanter-se competitiva frenteaos produtores japoneses e chi-neses, ela continua comprometi-da com os displays com diodosorgânicos emissores de luz(OLED) no longo prazo, disseKim.“O problema é que as TVscom OLED não são suficiente-mente convincentes para que osconsumidores abram suas cartei-ras”, disse Jusy Hong, analistada empresa americana de pes-quisa IHS. “Até que as telas cur-váveis reais entrem no jogo, a no-va tecnologia batalhará com astelas LCD durante pelo menos ospróximos quatro ou cincoanos”. A demanda global porTVs caiu para 226,7 milhões deunidades em 2013 ante 238,2 mi-lhões em 2012, segundo a IHS.Neste ano, a demanda deve che-gar a 229 milhões de unidades,disse a companhia. Bloomberg

PatriciaStavis

A coreana também fezparcerias para fomentarconteúdo para aparelhosde ultra alta definição

DESTAQUESDOMERCADO

AndréGuerreiro,daCanon,que

apostanassemiprofissionais

compactas

Foto

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SMARTPHONES

Samsung apresentaTV com telacurvável em feira emLas Vegas, nos EUA

Quarta-feira, 8 de janeiro, 2014 Brasil Econômico 11

Page 12: Brasil Economico 080114

Instalada em Maracaí (SP) ecom atuação focada naprodução de cana, aCompanhia Agrícola SantaAmélia destoa de grande parteda indústria do agronegócio noque diz respeito aosinvestimentos em tecnologia,especialmente por ser umaempresa de médio porte. Acompanhia começou a adotarsistemas específicos para osetor há cerca de treze anos eatualmente utiliza a maioriados módulos oferecidos pelaTotvs, integrados ao sistema degestão, também da companhiabrasileira. “Como nosso preçoé definido pelo Consecana,nossa única alternativa parater um bom desempenho é agestão de custos e ossoftwares são essenciais,

porque fornecem relatóriosdetalhados e nos permitem cruzardiferentes dados para tomardecisões e ganhar eficiência”, dizCecília Reis, executiva-chefe daempresa. Uma das prioridades dacompanhia para 2014 é eliminaros apontamentos e a coletamanual de dados no campo. Aomesmo tempo, a ideia é reduzir otempo para acessar essasinformações remotamente.

“Muitas vezes, o escritório estáa 40 quilômetros da lavoura e emdiversos casos, precisamos dasinformações em tempo real”.Nessa direção, a empresa estudaadotar dispositivos móveisintegrados aos seus sistemas degestão. “Além de ganhar tempo,vamos reduzir os erros doprocesso manual e teremos maiorconfiabilidade dos dados”.

Historicamente, finanças e indús-tria sempre foram os campos deatuação mais férteis para o merca-do brasileiro de software. Pouco apouco, no entanto, a expansão daoferta para outros setores econô-micos começa a ser fortalecida nopaís. Nesse cenário, um segmentopromete render bons frutos nospróximos anos: o agronegócio.

Em 2012, o agronegócio repre-sentou 2,7% da receita total desoftware no Brasil, segundo a As-sociação Brasileira das Empresasde Software (ABES). Apesar daparticipação ainda incipiente, osinvestimentos do setor em siste-mas cresceram 72,5% de 2010 a2012, para US$ 302 milhões.

“As indústrias de açúcar e ál-cool passaram por um processode consolidação, o que implicouem profissionalização e, por con-sequência, no aumento dos inves-timentos em tecnologia”, afirmaFábio Girardi, diretor do segmen-to de agroindústria da Totvs.

Nos últimos dois anos, diz oexecutivo, essa procura por sof-twares se estendeu também aomercado de grãos. “Além da sazo-nalidade, uma das particularida-des do agronegócio é o fato de queo produtor trabalha com commo-dity, cujo preço é determinado pe-lo mercado”, observa Girardi.“Nesse contexto, a tecnologia sur-ge como uma alternativa para en-frentar os desafios de margensapertadas e a busca por mais efi-ciência e produtividade.”

Com 230 clientes de agroindús-tria, a Totvs combina um sistematradicional de gestão com diver-sos módulos específicos para o se-tor, que permitem controlar asperdas em cada etapa da cadeiaprodutiva, entre outras funções.O controle de pragas nas lavourasé outra aplicação disponível. Como uso de tablets e recursos de geo-localização, é possível identificarcom exatidão o nível de infestaçãoe as áreas que devem recebermaior atenção dos produtores.

Para 2014, o foco da Totvs seráinvestir em tecnologias móveispara aprimorar a coleta de dadose a gestão remota das lavouras.“A ideia é reunir essas informa-ções em um portal para que o pro-dutor tenha mais agilidade e pre-cisão na tomada de decisão. Otempo no campo é diferente. Emum dia, você pode perder boa par-te de sua safra”, afirma.

A startup pernambucana Opa-ra é mais uma empresa a apostarno setor. “O boom das ofertas pa-ra o agronegócio ainda vai chegare, quando isso acontecer, quere-mos estar na vanguarda deste mer-cado”, diz Gustavo Monteiro, exe-cutivo-chefe da Opara.

A empresa criou um softwareque permite gerenciar e rastrearem tempo real a produção de fru-tas. Por meio do sistema, é possí-vel identificar o aproveitamentode cada colheita, os desperdícios eas áreas mais produtivas. Atual-mente, a Opara tem clientes noCeará e em Pernambuco.

Em 2014, o foco da Opara será acriação de uma versão do sistemano modelo de software como ser-viço, com acesso pela internet,sem necessidade de instalação namáquina dos usuários, e pagamen-to mensal. “Como esse setor ain-da não tem uma cultura forte detecnologia, estamos criando umanova safra de software, mais enxu-ta e com um modelo mais acessí-vel de compra”, diz Monteiro.

Moacir [email protected]

EMPRESAS

São Paulo

NÚMEROS

GladstoneCampos

Uso de software chega ao campo

Cia Agrícola Santa Améliaplaneja adotar mobilidadeUS$302mi

Foiareceitadesoftwaregeradapelosetordeagronegóciosnomercadobrasileiroem2012,segundoaAssociaçãoBrasileiradasEmpresasdeSoftware(ABES).Aentidadeaindanãotemnúmerosconsolidadosdosetorem2013.

47,3%Foiocrescimentodareceitadesoftwarenosetorem2012,deacordocomosdadosdaABES.

FábioGirardi,diretordeagroindústriadaTotvs:companhiaregistroucrescimentodedoisdígitosnasofertasparaosetorem2013

Procura por sistemas desenvolvidos especificamente para o agronegócio cresce no país, diante da demanda por

ferramentas que permitem aos produtores reduzir perdas nas colheitas e aumentar a produtividade nas lavouras

12 Brasil Econômico Quarta-feira, 8 de janeiro, 2014

Page 13: Brasil Economico 080114

Detroit inicia 2014 sob a intensa e tensa obrigação de

se mostrar viável aos seus credores. A outrora

charmosa Motown, das grandes máquinas e da soul

music, emagreceu 70% em empregos e renda desde os

áureos anos 50, quando carregava a fleuma de capital

mundial do maior objeto de desejo de todos: o automóvel.

De lá para cá muita coisa mudou e dos V8 com chassis

migramos para os europeus e japoneses leves e eficientes,

com métodos produtivos razoáveis e o marketing como

ferramenta primordial. Assim a concorrência cresceu,

apareceu e para Detroit sobrou a decadência e os maiores

índices de criminalidade dos EUA. Por duas vezes lá, desde

2008, quando estourou a viagem lisérgica dos 'derivativos',

percebemos que a crise de tecnologia e identidade foi

amplificada e os desafios ficaram ainda maiores. As marcas

que tentavam engatinhar para produtos mais eficientes

sofreram mais um baque e duas delas caíram nos braços do

governo americano. A Ford foi bem e, sobre as próprias

rodas, deu a volta por cima e, ironicamente baseada nos

lucros de sua best seller F-Series, a picapona grande, com

chassi e motor V8, conseguiu sair do buraco sem patinar. A

GM e a Chrysler estão no caminho. A última agora, 100%

sob o controle da Fiat, promete uma sinergia inédita, com

muito espaço para a marca Jeep.

Neste clima, acendem-se as luzes e os faróis da 25ª edição

do Detroit Auto Show, no congelado Cobo Center, semana

que vem. Lá dentro, as novidades do mundo todo, focadas

na eficiência energética e a fundamental conectividade,

porque, além dos problemas conceituais e

macroeconômicos que envolvem os automóveis, os

fabricantes estão descobrindo que o interesse dos

jovens sobre as quatro rodas é cada vez menor.

■ AAnfaveacomemorouontemosnúmerosda indústriabrasileira.Aproduçãocresceu9,9%em2013econfirmourecorde.Asexportaçõessubiram26,5%eolicenciamentodeveículosnacionaiséomelhordahistória.Atendênciaédealtapara2014.Em2013foramproduzidos3,74milhõesdecarrosecomerciaisleves.OBrasilsemantémcomoquartomaiormercadodomundo,maséapenasosétimomaiorprodutor.SegundoopresidentedaAnfavea,LuizMoan,osresultadosnãoremovemdesafios,quesãograndes,comoasmetasdoInovar-Autoeaelevaçãodacompetitividadedosprodutos.

■ AFiatencerrou2013comolíderdevendasnoBrasil,deacordocomaFenabrave.Amarcacolocou762.950veículos,ou21,34%domercado.EmsegundoapareceaVW,com18,64%,eaGM,com18,17%.OVWGolcontinuousendoocarromaisvendidodoBrasilcommaisde255milunidades.

■ Aindanobalançode2013,aFrançavendeumenos5,7%veículosdoqueem2012.OsdadosdoComitêdeConstrutoresFrancesesdeAutomóveisapontouaindaqueaRenaultperdeu1,7%esemantémlíder.APeugeotcaiu5,2%eficounamédianacionaleaCitroëndespencou10,6%.

■ OelétricoconceitualFordC-MaxEnergiSolaréaestreladoConsumerElectronicsShow(CES),queaconteceemLasVegas.Omodelotemcélulasfotovoltaicasnoteto,aproveitaosolepodeserabastecidotambémemumatomada.

Renovado e em busca de mais

público este é o Nissan March que

irá inaugurar a fábrica da marca em

Resende (RJ). O compacto pode

alavancar a participação da Nissan

que, segundo o CEO Carlos Ghosn,

irá duplicar nos próximos dois anos.

O executivo confirmou que os

motores do March serão

usinados na nova unidade.

A Triumph está lançando sua

Adventure mais sofisticada. A Tiger

Explorer XC, montada em Manaus,

já está nas concessionárias com

preço de R$ 62.900. O visual

agressivo abriga tubos de aço e

faróis auxiliares de 55W para trilhas

mais difíceis. O motor é o conhecido

três cilindros de 137 cv.

A bela Mercedes-Benz CLA

inaugura a temporada de

lançamentos em 2014. Dia 22 deste

mês estaremos acompanhando a

apresentação do sedã compacto,

em São Paulo. A versão a ser

lançada usa motor turbo 1.6 com

câmbio automatizado de 7 marchas.

PONTO-A-PONTO

AUTOMANIAMARCELLUSLEITÃ[email protected]

LUZES E SOMBRAS

O Marchdo Rio

Coluna publicada às quartas-feiras

FotosDivulgação

Mais aventurano Brasil

CLA chegaeste mês

Quarta-feira, 8 de janeiro, 2014 Brasil Econômico 13

Page 14: Brasil Economico 080114

As cidades com menosde 150 mil habitantespossuem um problemagravíssimo paracumprir a lei. Nãotêm escalabilidadepara atrair investidorespara implantarum aterro sanitário”

No Brasil, seriamnecessários R$ 7bilhões para dardestinação correta,em aterros sanitários,a todos os resíduosdomiciliares que hojesão descartados demaneira inadequada”

RobertoMoraleDiretor da Hannover

CarlosSilvaFilhoDiretor-presidente da Abrelpe

“Embora longe de ser cumprida, ameta de fechar todos os lixões dopaís até agosto deste ano — estabe-lecida pela Política Nacional de Re-síduos Sólidos, em 2010 — tem im-pulsionado investimentos nasáreas de coleta, tratamento e reci-clagem. Nos últimos cinco anos, amovimentação financeira dascompanhias que integram a Asso-ciação Brasileira de Empresas deLimpeza Pública e Resíduos Espe-ciais (Abrelpe) cresceu a uma taxamédia de 10% ao ano.

Em 2012, os serviços de coletapública e privada de resíduos, des-tinação de lixo a aterros sanitá-rios e reciclagem movimentaramR$ 23 bilhões no país, pelos cálcu-los da Abrelpe. “Para 2013, umaexpansão de 10% seria factível,mas ainda não temos este percen-tual fechado”, informa o diretor-presidente e CEO da associação,Carlos Silva Filho.

No período de dez anos termi-nado em 2012, a população brasi-leira aumentou 9,75%, enquantoa geração de resíduos domiciliaresse expandiu em 21%, segundo da-dos do levantamento “Panoramados Resíduos Sólidos no Brasil”,da Abrelpe. O estudo indica que,em 2012, 60% do lixo domiciliarrecebia destinação adequada e40% eram descartados de manei-ra inadequada. Dez anos antes,60% do volume de resíduos ti-nham destinação inapropriada.

Em nível global, houve acelera-ção dos investimentos nos últi-mos anos. Divulgada em dezem-bro, a projeção mais recente daAssociação Internacional de Resí-duos Sólidos (ISWA, na sigla eminglês) era de que os investimen-tos no segmento totalizassem

US$ 20,9 bilhões em 2013. O mon-tante é mais do dobro registradono ano anterior, quando foram in-vestidos US$ 10,2 bilhões. Para2014, há US$ 11,9 bilhões confir-mados, mas o total final de inves-timentos deve chegar à casa deUS$ 30 bilhões, segundo o presi-dente da ISWA, David Newman.A entidade escolheu o Brasil parasediar o seu Congresso Mundialde Resíduos Sólidos, previsto pa-ra setembro de 2014.

O avanço se deu num ritmomais lento no Brasil, mas a procu-ra por recursos para projetos de va-lorização e destinação adequadade resíduos sólidos tem aumenta-do. “Os números do BNDES sãocrescentes”, afirma GuilhermeMartins, gerente do Departamen-to de Meio Ambiente, do Banco Na-cional de Desenvolvimento Econô-mico e Social. Atualmente, entreoperações diretas e indiretas comrecursos reembolsáveis, a carteirado banco de fomento para proje-

tos de resíduos sólidos soma maisde R$ 1,7 bilhão em financiamen-tos. Desse total, 15 operações dire-tas somam R$ 500 milhões e in-cluem, por exemplo, projetos deimplantação/ampliação de 13 ater-ros sanitários. Já as operações indi-retas automáticas — realizadaspor meio de instituições financei-ras credenciadas — totalizam R$1,2 bilhão. Nesse caso, a maior par-te dos recursos é destinada à com-pra de frotas de caminhões. Alémdessas iniciativas, o BNDES desti-nou R$ 159 milhões em recursosnão reembolsáveis a projetos de in-clusão sócio-produtiva de catado-res de materiais recicláveis e de-senvolvimento de tecnologias ino-vadoras (BNDES Funtec).

Especializada na transforma-ção de resíduos orgânicos em adu-bo, a brasileira Vide Verde expan-diu a capacidade de produção em40% no ano passado, para fazerfrente ao mercado aquecido. Suaprimeira unidade foi aberta em2007, no município fluminensede Resende. Uma segunda plantacomeçou a operar em 2010 , emMagé (RJ). Juntas, as duas proces-saram cerca de 550 toneladas deresíduos no último mês de novem-bro. “Ainda é pouco. Só o municí-pio do Rio de Janeiro gera novemil toneladas por dia de lixo do-méstico”, alerta Marcos Rangel,diretor da empresa. Na avaliaçãodo executivo, a crescente cons-cientização, aliada à maior fiscali-zação por parte dos órgãos am-bientais, têm contribuído para im-pulsionar os negócios na área deresíduos sólidos.

A Vide Verde surgiu em 2007, apartir da experiência de LuizaCampos — mãe de Marcos — nu-ma viagem ao Japão, cinco anosantes. Foi lá que Luiza conheceu acompostagem em escala indus-

trial. Além de ser mais cara que asimples destinação do lixo a umaterro sanitário, a compostagem émais demorada: são necessários40 dias para transformar o lixo or-gânico em adubo. “Mas no aterrosanitário, o lixo é levado para umaárea e fica ali para sempre. A com-postagem permite a reciclagemdos resíduos, além de reduzir aemissão de metano”, diz Rangel.

Mesmo com a expansão do seg-mento, a meta de desativar todosos lixões do país ainda este ano en-frenta — entre outros obstáculos— a dificuldade de implantaçãode aterros sanitários em cidadesde menores. “As cidades com me-nos de 150 mil habitantes pos-suem um problema gravíssimo pa-ra cumprir a lei”, destaca RobertoMorale, diretor da Hannover Am-biental, empresa brasileira que de-senvolveu uma tecnologia para ge-rar energia a partir da incineraçãodo lixo. “A maioria dos pequenosmunicípios possuem apenas li-xões. Não têm escalabilidade paraatrair investidores para implantarum aterro sanitário, que só possuiviabilidade econômica a partir de200 toneladas por dia.”

A Abrelpe estima em R$ 7 bi-lhões o volume de recursos neces-sário para dar uma destinação am-bientalmente correta (em aterrossanitários) aos 24 milhões de tone-ladas de lixo domiciliar que sãodescartados de forma inadequa-da a cada ano, no Brasil. “Esse to-tal representa R$ 0,09 por dia,por habitante do país, duranteum ano”, calcula Silva Filho. Naavaliação dele, além da capacita-ção das prefeituras, é preciso tra-balhar também a questão cultu-ral, já que muitos municípios nãoatentam para os riscos e os impac-tos negativos gerados pela desti-nação inadequada do lixo.

EMPRESAS

Rodrigo [email protected]

NÚMEROS

Fim dos lixões estimulao mercado de resíduos

R$23biFoiamovimentaçãofinanceiraproduzidaem2012porserviçosdecoleta,destinaçãoereciclagemderesíduosnoBrasil, segundoaAbrelpe.

40%Eraopercentualdo lixodomiciliargeradonopaísquetinhadestinaçãoinadequadaem2012.

Prazo para desativação de aterros fora do padrão ambientalmente correto vence em agosto.

Mudança incentiva negócios focados no tratamento e geração de energia a partir de detritos

14 Brasil Econômico Quarta-feira, 8 de janeiro, 2014

Page 15: Brasil Economico 080114

Dezembro recorde na Apple StoreA Apple divulgou ontem que seus clientes gastaram US$ 1 bilhão

em sua loja de aplicativos em dezembro, com o recorde de quase

3 bilhões de downloads, levando as vendas de aplicativos em 2013

a um total de US$ 10 bilhões . A App Store oferece mais de 1 milhão

de aplicativos para os dispositivos iPhone, iPad e iPod Touch e

compete com as lojas do Android, do Google, e da Microsoft. Reuters

As oportunidades de negóciorelacionadas ao lixo brasileirovêm atraindo inclusivecompanhias estrangeiras.Fundada há quatro anos, aSEaB Energy busca umparceiro brasileiro paraestabelecer uma joint ventureque permita à empresabritânica distribuir no país sualinha de geradores portáteisque transformam alimentos e

resíduos orgânicos em energiausando um processo microbiano.O potencial do mercado brasileirofez com que a empresaestabelecesse a meta de instalaruma fábrica no país ainda nesteano. “Ao contrário de paísesocidentais, o Brasil privilegia umaabordagem descentralizada paraa geração de energia. O custo deinstalar infraestrutura detransmissão num país do tamanho

do Brasil é extremamenteproibitivo”, analisa SandraSassow, CEO da SEaB Energy.“Soluções que oferecem umafonte sustentável e confiávelde energia, tais como nossasmicro-usinas, têm enormesoportunidades, particularmentepara comunidades remotas queatualmente não têm acessoa uma fonte confiávelde calor e energia.”

A ampliação da demanda por ser-viços ambientais, especialmentena área de resíduos sólidos, esti-mula novos investimentos de em-presas que já atuam no mercado.A brasileira Foxx Haztec vai in-vestir cerca de R$ 200 milhõesnuma unidade de tratamento tér-mico de resíduos a ser construí-da em Barueri (SP). A entrada emoperação está prevista para o se-gundo semestre de 2015. A capa-

cidade de geração prevista é de17 megawatts, a partir do proces-samento de 825 toneladas pordia de resíduos não aproveitadosna coleta seletiva e nem na reci-clagem. Tendência mundial, atecnologia waste-to-energy, pre-sente na futura unidade da FoxxHaztec, permite a recuperaçãoenergética de resíduos.

Segundo a Associação Interna-cional de Resíduos Sólidos, em-

preendimentos com esse tipo detecnologia absorveram US$ 11,3bilhões em 2013, contra US$ 5,6bilhões, no ano anterior, e US$2,3 bilhões, em 2011. Entre os ne-gócios desenvolvidos pela FoxxHaztec estão seis centrais (ater-ros sanitários) para tratamentode resíduos não-perigosos —quatro no Rio de Janeiro e maisdois empreendimentos, na Paraí-ba e em Pernambuco, nos quais a

empresa detém participações.Opotencial de geração de energiaa partir do lixo também atraiu aHannover Ambiental. Baseadaem Brasília, a empresa desenvol-veu reatores de plasma para inci-nerar resíduos sólidos a altastemperaturas, num processo emque o consumo de energia é infe-rior à geração, gerando um saldopositivo. O excedente de energiapode ser comercializado.

O equipamento produzido pelaHannover é utilizado numa usinaexperimental em funcionamentona Universidade de Brasília (UnB),com capacidade para processardiariamente até cinco toneladasde resíduos. A Hannover tem doiscontratos de Parcerias Público-Pri-vadas (PPPs) assinados, mas aindabusca financiamento para tirar dopapel usinas nos municípios de Mi-neiros (GO) e Planaltina de Goiás.

Reuters/StephenLam

Empresa britânica planeja fábrica no Brasil

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APLICATIVOS

Geração de energia a partir de detritos é tendência no mundo

Quarta-feira, 8 de janeiro, 2014 Brasil Econômico 15

Page 16: Brasil Economico 080114

A EasyJet, a companhia aérea debaixo custo número 2 da Europa,cresceu mais rapidamente que alíder de mercado Ryanair Holdin-gs no ano passado depois que aCEO Carolyn McCall refinou suaoferta de produtos para um le-que mais amplo de clientes.

A contagem de passageirosda EasyJet teve incremento de2.13 milhões de pessoas, ou3,6%, e atingiu 61.3 milhões em2013, disse ontem a empresa doReino Unido. A escala pode sercomparada com o crescimentode 2,3% da Ryanair, da Irlanda,que somou novos 1.8 milhão deviajantes e chegou ao total de81.4 milhões.

Sob o comando de Carolyn, aEasyJet aumentou as frequên-cias nas rotas principais e intro-duziu a marcação de assentos epassagens flexíveis para atrairclientes corporativos. A compa-nhia aérea com sede em Luton,Inglaterra, elevou o tráfego nostrês primeiros meses de 2013mesmo com cerca de 80 jatosociosos na Ryanair, empresa naqual o CEO Michael O’Leary re-centemente iniciou uma campa-nha para melhorar os padrõesdos serviços ao consumidor.

A empresa do Reino Unidotambém preencheu 89,3% de as-sentos disponíveis em média em2013, contra 83% na Ryanair,que tem sede em Dublin e temcomo principal hub de voos o ae-roporto London Stansted, a 56km ao norte de Londres.

As ações da EasyJet dobra-ram em valor no ano passado,para 1.536 pence, após um ga-nho de 79% em 2012. Elas soma-

ram 3% neste ano, levando a ava-liação da empresa a 6,28 bilhõesde libras (US$ 10 bilhões).

Os papeis da Ryanair tiveramalta de 32% em 2013 após comu-nicar, em 4 de setembro, que po-deria não atingir as metas de lu-

cros no ano até 31 de março, e es-tá já se valorizaram 4,1% em2014, com um valor de ¤ 9 bi-lhões (US$ 12 bilhões).

A EasyJet transportou 4,49milhões de passageiros no mêspassado após um ganho de

3,5%, em torno de 300.000 amenos que a Ryanair, empresana qual este total cresceu 4%. Pa-ra o ano, a diferença entre asduas empresas aéreas permane-ceu em cerca de 20 milhões deviajantes.

A Aer Lingus Group Plc, a se-gunda maior companhia aéreada Irlanda, transportou 9,6 mi-lhões de passageiros em 2013,volume similar ao registro doano anterior, segundo um comu-nicado da empresa com sede emDublin. A Ryanair foi impedidade comprar a empresa por regu-ladores antitruste, após consti-tuir uma participação de 30%.

O índice de ocupação da AerLingus, de 78,4%, ficou atrásdas duas especialistas em baixoscustos, e a contagem de passa-geiros em dezembro encolheuem 3.000, para 648.000 clien-tes. Bloomberg

De olho no crescimento da jardina-gem doméstica no Brasil, que se-gundo a consultoria Gfk já movi-menta R$ 5 bilhões por ano, a li-nha Resolva, de inseticidas e her-bicidas, é a nova aposta da suíçaSyngenta para o país. Ainda se-gundo a consultoria, em pesquisa

encomendada pela empresa, trêsem cada quatro domicílios brasilei-ros têm ao menos uma planta.

“Hoje, entre 70% e 75% dosconsumidores brasileiros têm al-gum tipo de planta em casa. Masmais da metade não sabe os cuida-dos que deve ter, o que causa frus-tração nesse consumidor. A pes-quisa mostra que mais de 35 mi-lhões de brasileiros têm plantasdentro de casa. É um potencialenorme, mas esse segmento émuito mais forte nos Estados Uni-dos e Europa”, diz o gerente de Es-tratégia de Novos Negócios daSyngenta, Renato Santos.

Segundo ele, apesar dos produ-tos já estarem presentes em ou-tros países, o Brasil aparece comopiloto para o que chama de “jardi-nagem amadora”.

Os inseticidas e herbicidas fa-zem parte da divisão de Lawn &Garden da Syngenta, que movi-mentou US$ 155 milhões dosmais de US$ 2,9 bilhões do fatura-mento global da empresa, nos pri-meiros nove meses de 2013. Os nú-meros do fechamento do ano se-rão divulgados em breve. “O pró-ximo passo é entrar no mundo defertilizantes, mas não queremoster uma linha extensa. Pensamos

em, no máximo, dez produtos”,destaca o executivo.

Santos conta ainda que a com-panhia ainda não tem pretensãode estar nas grandes redes de vare-jo nacionais, pois a prioridade échegar em locais em que o consu-midor geralmente procura estes ti-pos de produtos, como a Cobasi.

“A Cobasi tem 14 unidades noEstado de São Paulo e uma no Riode Janeiro. A rede é referência nosegmento pet, mas com um gran-de espaço de jardinagem”, expli-ca o executivo, acrescentandoque, em um primeiro momento,o objetivo é estar nos principais

gardens centers de São Paulo,Curitiba (PR) e Belo Horizonte(MG). “Não quer dizer, entretan-to, que não podemos entrar emoutras grandes cidades, inclusivedo Nordeste”, completa.

Para apresentar seus produtosaos consumidores brasileiros, aempresa optou por um trabalhofocado em comunicação direta,com, por exemplo, workshops.“Não teremos comunicação mas-siva, ela será direcionada ao públi-co que queremos atingir. As mí-dias utilizadas serão as relaciona-das ao mundo da jardinagem”,ressalta Santos.

EMPRESAS

Gabriela [email protected]

ChrisRatcliffe/Bloomberg

Brasil foi escolhido paraser piloto. A divisão deLawn & Gardenmovimentou US$ 155 mi

EasyJet rouba espaço da Ryanair

Syngenta busca público de jardinagem doméstica

Carolyn McCall, CEO da Easyjet, ampliou a oferta de produtos e ganhou mercado na Europa

Aérea aumentou frequências nas rotas principais e passagens flexíveis para atrair clientes corporativos

A contagemde passageirosda EasyJet teveincremento de 2.13milhões de pessoas,ou 3,6%, e atingiu61.3 milhões em 2013,divulgou ontem aempresa britânica

16 Brasil Econômico Quarta-feira, 8 de janeiro, 2014

Page 17: Brasil Economico 080114

Toyota apresenta carro a hidrogênio

Seria necessárioimplementar basesde logística terrestreem cidades ondenão estamospresentes, adequarequipamentos,sistemas de vendade passagem”

As alianças devemser respeitadas.E elas garantema estabilidade dasoperações. Seria dointeresse da Deltacanibalizar a empresabrasileira onde elatem participação?”

A Toyota, que se prepara para vender sedans com células de

combustível em 2015 nos EUA, planeja ajudar a criar uma rede de

postos de hidrogênio, que poderia incluir bombas em concessionárias

e até mesmo lixões. A montadora mostrou seu sedan FCV a

hidrogênio, uma versão do carro que venderá nos EUA e no Japão, no

International Consumer Electronics Show, em Las Vegas. Bloomberg

AnnetteTaeuberDiretora da Lufthansa no Brasil

RespícioEspíritoSantoProfessor da UFRJ

A tentativa de pressionar ascompanhias aéreas brasileiras areduzir o preço dos bilhetes noperíodo da Copa do Mundo coma possível entrada das concor-rentes estrangeiras em voos do-mésticos esbarra na legislaçãonacional e na Convenção de Chi-cago — da qual o Brasil é um dossignatários e que prevê acordosbilaterais entre os países — , etambém em entraves logísticos,como infraestrutura em aero-portos, custos de combustível,impostos e readequação de pilo-tos, treinamento e mudançasnos seguros de aviões.

De acordo com especialistas erepresentantes do setor ouvidospelo Brasil Econômico, não have-ria tempo hábil para mudançasno Código Brasileiro de Aeronáu-tica e em todos os procedimen-tos para que companhias de ou-

tros países atendessemà demanda da Copa.

Faltando cinco me-ses para a competição, al-gumas das maiores empresas deaviação teriam também dificulda-des para remanejar suas aerona-ves - na hipótese de aceitarem odesafio - já que o verão no Hemis-fério Norte aumenta a demandajustamente nos meses de junho ejulho, que coincidem com a reali-zação da Copa no Brasil.

Respício Espírito Santo, pro-fessor da UFRJ especialista emtransporte aéreo, considera que,além dos entraves logísticos edos prazos curtos para estrutu-rar e explorar rotas no país, ascompanhias aéreas estrangeirastambém estariam desrespeitan-do acordos comerciais com em-presas brasileiras.

“As alianças devem ser respei-tadas. E elas garantem a estabili-dade das operações do merca-do”, diz. A TAM, responsávelpor 40% dos passageiros trans-portados no país, opera dentroda Star Alliance com inúmerosacordos com companhias comoTAP, United, Air Canada, Air Chi-na, Copa Airlines, Swiss e Luf-thansa. Já a Gol tem acordos bila-terais com Delta, Air FranceKLM, Ibéria e Qatar Airways.

Outro ponto destacado por Es-pírito Santo tem relação com o fa-to de algumas empresas estran-geiras participaremcomo acionis-tasem companhias nacionais. Ca-so da Delta Airlines, que tem par-ticipação acionária na Gol.

“Seria do interesse da Delta ca-nibalizaraempresabrasileiraondeela tem participação?”, questiona.

Respício pondera tambémque a tentativa de fazer com queestrangeiras entrem no mercadodoméstico para pressionar a re-dução no preço das passagensnão faz sentido.

"Estamos há 14 anos em regi-me de liberdade tarifária. Por-tanto, sabemos que não é a ofer-ta e a procura apenas o fator de-terminante para os preços. Há ocusto do combustível, o clima, aeficiência das empresas aéreas.Espero que essa tentativa não dêem nada", declara o professor.

Adalberto Febeliano, consul-tor técnico da Associação Brasi-leira das Empresas Aéreas(Abear) diz que situações comoessas acontecem somente em ca-sos extremos.

“Mesmo Peru e Equador, quesão muito abertos, também pro-tegem o seu mercado", diz ele.

O governo pensou na possibi-lidade de abrir o mercado paraas estrangeiras. Segundo umafonte do setor, o próprio minis-tro da Secretaria de Aviação Ci-vil (SAC), Moreira Franco, solici-tou estudos de viabilidade. Masficou comprovado pela área téc-nica que a infraestrutura neces-sária para tal e mudanças na le-gislação seriam inviáveis.

Do lado das companhias es-trangeiras, por sua vez, o interes-se parece não existir. No escritó-rio da companhia alemã Lufthan-sa, em Nova York, Nils Haupt, di-retor de comunicações corporati-vas para as Américas, descartaampliar as operações no Brasil.

“Todas as nossas aeronaves jáestão agendadas para os voos re-gulares do verão”, diz.

Annette Taeuber, diretora ge-ral da Lufthansa no país, comentaque se a mudança acontecesse defato, seria uma operação difícil.

"Seria necessário implementarbasesdelogísticaterrestreemcida-des onde não estamos presentes,adequar equipamentos, sistemasde venda de passagem", avalia.

A franco-holandesa Air Fran-ce-KLM, a inglesa British Air-ways, e as americanas AmericanAirlines e Delta não se pronuncia-ram. Já Santiago de Juan, chefe decomunicações corporativas daes-panhola Iberia, se surpreendeu:

“Você estámedizendoqueserápossível voar dentro do Brasil?”.

ToyotaMotorCorp.viaBloomberg

Estrangeirasfora dademandada CopaEntradanomercadodoméstico

dependeriade mudançasna legislação

ena logística dasempresas

Daniel [email protected] [email protected]

NÚMEROS

1.523NovosvoosforampedidospelascompanhiasaéreasbrasileirasduranteoperíododaCopa,segundoaAnac.Resultadosserãodivulgadosnodia15

48%ÉopercentualdeaumentodevoosparaCuiabá,quelideraospedidos.Campinasvememseguidacom41%

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MONTADORA

Quarta-feira, 8 de janeiro, 2014 Brasil Econômico 17

Page 18: Brasil Economico 080114

Captação líquida de R$ 70 bi em 2013

PaulaLucianaLimaGerente executiva do BB

A linha especial dobanco para despesascusta a partir de 1,29%ao mês. Mas quemprecisa de um fôlegoextra a curto prazodeve usar o chequeespecial, que dá dezdias sem juros”

A poupança fechou 2013 com captação líquida de R$ 71,047 bilhões,

resultado recorde em toda a série histórica iniciada em 1995,

segundo dado foi divulgado ontem pelo Banco Central (BC). Em 2012,

os depósitos em poupança também superaram os saques, com

captação líquida de R$ 49,719 bilhões. Ao final do ano passado, o

saldo da caderneta de poupança ficou em R$ 597,943 bilhões. ABr

A linha BB CrediárioPagamentos Diversosestá disponível o anointeiro, mas a demandamaior é sempre nessaépoca do ano.As taxas começam em2,28% e os prazos vãoaté 58 meses”

PauloDualibiSup. de varejo do Santander

“O mês de janeiro é o período doano que mais traz despesas extraspara as famílias, como IPTU eIPVA, mensalidades e material es-colar, fatura do cartão de créditodepois de semanas de férias. Aomesmo tempo em que as contasaumentam, a demanda por em-préstimos é das mais fracas. Paraestimulá-la, alguns bancos ofere-cem linhas especiais ou descon-tos em taxas para financiar essasdespesas no primeiro mês do ano.

O banco Santander lançouuma linha especial para as despe-sas de começo de ano que oferecedescontos nas taxas do créditopessoal que variam conforme operfil do correntista e são válidospara contratações feitas até 31 dejaneiro. Além de se programar pa-ra atravessar o período sem aper-to, o cliente pode utilizar a linhapara se beneficiar dos descontosconcedidos na quitação à vista dealguns impostos e serviços, en-quanto parcela a dívida em umprazo compatível com suas possi-bilidades. “É uma política anticí-clica que adotamos todo começode ano”, diz Paulo Dualibi, supe-rintendente executivo de produ-tos de varejo do Santander. “Senão fosse por esse incentivo, acre-dito que a demanda seria mais fra-ca ainda”, diz Dualibi.

Segundo o executivo do San-tander, um bom planejamento fi-nanceiro em janeiro pode fazer adiferença ao longo de todo o res-tante do ano. “A melhor opção pa-ra quem precisa de um fôlego ex-tra a curto prazo é usar nosso che-que especial, que dá ao clientedez dias sem juros”, diz Dualibi.“Quem recebe salário pode optarpor um crédito consignado”, diz.

Para os que se descontrolaremcom as compras no cartão, oumesmo no cheque especial, o San-tander aconselha o uso de linhasde parcelamento, que cobram me-tade dos juros normais de ambasas modalidades. No Santander, ocrédito pessoal custava 4,20% aomês em dezembro e o consignadopara aposentados e pensionistasdo INSS, 2,06%.

O Banco do Brasil (BB), porsua vez, tem uma linha específi-ca para essas despesas, chama-da BB Crediário Pagamentos Di-versos. Embora esteja disponí-

vel o ano inteiro, a demandamaior é sempre nessa época doano, diz Paula Luciana Lima, ge-rente executiva da área de em-préstimos e financiamentos doBB. As taxas começam em2,28% ao mês e os prazos vão até58 meses. Em janeiro de 2013 obanco registrou R$ 207 milhõesem contratações nessa linha; nofinal do ano, o volume haviamais do que dobrado, para R$460 milhões. Mas Paula não sa-be estimar quanto deve crescera procura dos clientes pela linhaneste ano.

Os bancos Bradesco e ItaúUnibanco não informaram li-

nhas específicas de crédito paraessa época do ano. Segundo oItaú Unibanco, a instituiçãomantém um site voltado a orien-tar quem precisa de emprésti-mos — seja por despesas extras,seja por descontrole nos gastos,ambos típicos do mês de janei-ro. “O crédito pessoal pode serusado para antecipar uma com-pra ou viabilizar a realização deum projeto. O crédito consigna-do é uma opção que, normal-mente, tem taxas de juros maisbaixas, mas só está disponívelpara assalariados e para aposen-tados e pensionistas do INSS”,diz o site do banco.

Para situações de emergência,o Itaú Unibanco recomenda ter re-servas financeiras. “Quando essareserva não existe ou é insuficien-te, um crédito pré-aprovado, co-mo o cheque especial, é bem-vin-do. Mas como os juros são mais al-tos, o cheque especial não é umaboa opção para uso por longos pe-ríodos ou para cobrir outras dívi-das.” Seundo levantamento doBanco Central, o crédito pessoalcustava 2,45% ao mês no final doano no Itaú. O crédito consignadopara aposentados, por sua vez, es-tava em 2,11%.

Tanto no BB quanto no Santan-der essas linhas podem ser con-tratadas diretamente pelo clien-te, em máquinas de autoatendi-mento ou pela internet. “O clien-te pode simular o valor das parce-las e escolher o melhor prazo pa-ra pagar, podendo chegar a 48meses, com taxas a partir de1,29% ao mês”, diz Dualibi, doSantander. “O BB não cobra tari-fa adicional por esse crédito, inci-de apenas os juros e o IOF”, afir-ma Paula. No BB, o crédito pes-soal custa 3,54% e o consignadodo INSS, 1,87%.

O saldo do crédito pessoal no fi-nal de novembro estava em R$ 99,47 bilhões, segundo o BC. A altaem 12 meses foi de 9,2%.

Léa De [email protected]

Editora: Eliane [email protected]

FINANÇAS

São Paulo

PatriciaStavis

‘Política anticíclica’ paraestimular crédito em janeiro

POUPANÇA

Dualibi,doSantander:”Umbomplanejamentofinanceiroemjaneiropodefazeradiferençanoano”

Bancos tem juros reduzidos e linhas especiais para financiamento de despesas típicas de mês com demanda fraca

18 Brasil Econômico Quarta-feira, 8 de janeiro, 2014

Page 19: Brasil Economico 080114

Agências divergem sobre nota do Brasil

Com juros acimade 10% ao ano, o idealé investir em fundos DIou de renda fixaapimentados poruma gestão ativacom parcela aplicaem títulosde crédito privado”

As agências de rating deram sinais contraditórios ontem sobre o

rating do Brasil. Enquanto a S&P e Moody’s ameaçam rebaixar nota

do país, a diretora da agência Fitch Ratings, Shelly Shetty, disse

ontem que o rating brasileiro poderá ser mantido com perpspectiva

estável em 2014. Ela estima que o crescimento do País saia de uma

alta entre 2,2% e 2,5% em 2013, para uma alta de 2,5% neste ano.

RicardoDenadaiEconomista da SAM

ScottEells/Bloomberg

Léa De [email protected]

A gestora de recursos do Santan-der anunciou ontem o lançamen-to de dois fundos de investimentono exterior para clientes de altarenda dos segmentos Van Gogh eSelect. No primeiro caso, o fundovai aplicar até 15% do seu patrimô-nio em ações no exterior, e no se-gundo, até 20%. Ambos são fun-dos do tipo multimercado de ges-tão ativa, explicou a diretora daSantander Asset Management(SAM), Luciane Ribeiro. E ambosexigem aplicação mínima de R$10 mil. A parcela aplicada local-mente será distribuída entre ati-vos de renda fixa e variável.

O Santander, que vendeu meta-de da sua área de gestão de recur-sos para os sócios Warburg Pincuse General Atlantic no ano passa-do, pretende agora intensificar asparcerias internacionais, disse Lu-ciane. “Já tínhamos dois fundosde investimento no exterior paraclientes do private banking, queaplicam em ações diretamente. Es-ses dois novos fundos, além de per-mitir aplicações mais baixas, vãoaplicar em fundos de gestores glo-bais como JP Morgan e Bilack Ro-ck, a partir das decisões tomadaspela mesa do Santander em Lon-dres”, explicou. O objetivo é apli-car 45% dos recursos em ações de

empresas dos Estados Unidos,30% da Europa e o restante em Ja-pão — outros países da Ásia eemergentes de forma geral terãoum espaço menor, em torno de3% da parte aplicada no exterior.As taxas de administração variamde 2% (no caso do fundo para osegmento Van Gogh) a 1,8%, alémde 20% sobre o que exceder o CDI.

“Nosso objetivo é captar R$300 milhões no primeiro trimes-tre”, diz. A gestora terminou 2013com R$ 125 bilhões, com captaçãolíquida de R$ 3,5 bilhões. Os ou-tros dois fundos de investimentono exterior tem atualmente patri-mônio de R$ 600 milhões.

Luciane espera que este ano se-ja melhor do que 2013 para os ges-

tores de fundos, mas prevê que avolatilidade vai continuar. “As re-formas necessárias serão adiadaspor causa da Copa do Mundo e daseleições. Será um ano curto, quepassará muito rápido”, diz.

Para enfrentar o cenário, o eco-nomista chefe da gestora, RicardoDenadai, recomenda diversifica-ção — inclusive “além-frontei-ras”. Para ele, uma taxa de juro aci-ma de 10% oferece uma boa rela-ção risco/retorno e deve ser apro-veitada: “O ideal é investir em fun-dos DI ou de renda fixa apimenta-dos por uma gestão ativa com par-cela aplica em títulos de créditoprivado, que pagam taxas aindamelhores”, diz. Em relação a fun-dos de ações, Denadai recomendaoptar por fundos que não sejam in-dexados: “A estratégia do stock pi-cking (seleção de papéis a dedo)continua sendo a mais indicada.O cenário macroeconômico justifi-ca pessimismo com o Ibovespa”,diz o economista.

Para os executivos da SAM, ocenário externo está melhor. Masinternamente, o binômico “infla-ção alta + crescimento baixo devese repetir. Para o PIB, a previsão éde um crescimento de 1,9% em2014, com 6% de IPCA. A Selic, ta-xa básica de juros, deve terminaro ano em 10,5% e o dólar, em R$2,45. Para Denadai, o investimen-to vai cair em 2014, dos 6% estima-dos para 2013 para cerca de 2%.

A captação dos fundos de investi-mento começou mal o ano. Consi-derando três dias úteis (31 de de-zembro, 2 e 3 de janeiro), a capta-ção líquida ficou negativa em R$3,3 bilhões, segundo dados compi-lados pelo site Fortuna, que acom-panha diariamente 14.593 fundosativos, e R$ 2,52 trilhões de patri-mônio líquido total.

Considerando uma semana, en-tre 27 de dezembro e 3 de janeirode 2014, os fundos sofreram resga-tes de R$ 1,47 bilhão. Nesse mes-mo período, os fundos de Previ-dência captaram R$ 281 milhões.

Os destaques de captação en-tre os grandes FIFs foram o CSHGDI Master FI Referenciado (R$441 milhões) e o HSBC FI DI Cré-

dito Privado LP Executivo (R$294 milhões).

Os fundos previdenciários tive-ram captação de R$ 585 milhõesna semana, enquanto os fundosde curto prazo captaram R$ 1,22bilhão. No mesmo período, os fun-dos do poder público tiveram res-gates de R$ 5,65 bilhões.

Os fundos DI sofreram resgatesde R$ 960 milhões na semana. Osfundos de renda fixa captaram R$5,01 bilhões e os fundos multimer-cado sofreram resgates de R$ 1,70bilhão. Os fundos de Ações sofre-ram resgates de R$ 332 milhões nasemana. Os fundos de privatiza-ção tiveram resgates de R$ 4 mi-lhões e os fundos de participaçãocaptaram R$ 119 milhões.

Os fundos cambiais e Fiex tive-ram captação de R$ 48 milhõesna semana. Os classificados co-mo “outros” (FIDC, off-shore, re-ferenciados-outros, capital es-trangeiro, e “em quarentena”) so-

freram resgates de R$ 89 milhõesna semana. Os de índices de pre-ços captaram R$ 8 milhões. Nomesmo período, os principaisfundos IRF-M tiveram resgatesde R$ 143 milhões.

Entre os grandes, o destaquede rentabilidade foi o fundo BBTOP RF Arrojado FI RF LP, que ren-deu 0,16% sobre um patrimôniode R$ 15,27 bilhões.

Os fundos previdenciários tive-ram ganhos de 1,40% na semana.No mesmo período, os fundos dopoder público tiveram ganhos de0,10% e os de curto prazo ganha-ram 0,12%. Os fundos DI ganha-ram 0,14% na semana, os multi-mercado perderam 0,59%, e osfundos de renda fixa renderam0,13%. A variação do CDI foi de0,15% no período.

Os fundos de ações (FIAs) tive-ram perdas de 0,75% na semana,abaixo da variação do Bovespaque teve perdas de 0,56%.

São Paulo

PatriciaStavis

Os resgates mais altosforam registrados pelosDIs e multimercados,segundo o site Fortuna

Fundos investirão no exterior

Fundos perdem R$ 3,3 bi em apenas três dias

RATING

Luciane,daSAM:’Esteanoserámelhorque2013paraosgestores’

Gestora do banco passa a oferecer carteiras que investem em ações no exterior para clientes de alta renda

Quarta-feira, 8 de janeiro, 2014 Brasil Econômico 19

Page 20: Brasil Economico 080114

Mesmo que os próximos indicadores americanos sustentem

a solidez da recuperação da economia dos EUA, no fundo

os grandes players globais não acreditam que o Federal

Reserve (Fed) sob a nova administração liberal de Janet Yellen, ainda

que venha a ser moderada por um pragmático como Stanley Fischer

na vice-presidência, irá apressar o desarme do afrouxamento

quantitativo. Os grandes investidores estão se convencendo

de que a retirada dos estímulos será de fato muito gradual e

cuidadosa. É por isso que depois de testar faixa acima de 3%, os

rendimentos dos títulos de 10 anos do Tesouro americano já se

acomodam no degrau de 2,95%. Trata-se de um convite ao

direcionamento do capital a mercados emergentes, liderados pelo

Brasil, que praticam irresistíveis taxas de juros.

Esse diagnóstico está trazendo le-vas de investidores estrangeirosao mercado de títulos públicos na-cionais. Eles compram papéis lon-gos emitidos pelo governo e, parase protegerem contra mudançasde cenário que catapultem o dó-lar, fecham o hedge nos pregõesde derivativos cambiais da BM&F.Os aplicadores de fora carregamhoje nos pregões de cupom cam-bial e dólar futuro posição “com-prada” em moeda americana nun-ca antes vista por aqui. A últimaposição conhecida, referente à se-gunda-feira, somava US$ 26,20 bi-lhões — recorde histórico absolu-to — quase homegeneamente dis-tribuídos entre cupom cambial(US$ 12,13 bilhões) e dólar futuro(US$ 14,07 bilhões). Como essesinvestidores estrangeiros fecha-ram 2013 com posição líquida deUS$ 21,61 bilhões, em apenas trêspregões elevaram sua conta “com-prada” em US$ 4,59 bilhões.

As posições atuais são típicasde hedge, destinadas a protegeraplicações de renda fixa, e nãoapostas unidirecionais, quandofundos globais põem suas fichas,sem contrapartida de investimen-tos em títulos públicos, na alta se-ca do dólar. Neste último caso, vi-sam apenas o ganho financeiro de-corrente da variação cambial. Aperda do caráter mais unidirecio-nal e especulativo do mercado decâmbio pode ser aferida adicional-mente pela postura adotada nesseprincípio de ano pelo segundo gru-po mais agressivo de investidores,os institucionais brasileiros. Sãopredominantemente fundos de in-vestimentos nacionais que costu-mam trafegar na mesma mão dosestrangeiros. E eles, sem tantasoperações de renda fixa a prote-ger, reduziram suas posições com-pradas de US$ 8,14 bilhões no dia30 de dezembro para US$ 4,28 bi-lhões em 6 de janeiro.

Além do ingresso de capital ex-terno de renda fixa, as pressõesde alta sobre o dólar estão sendoatenuadas por informações acer-ca de pesadas captações externasentabuladas por gigantes esta-tais. A Petrobras saiu na frente e

deve ser seguida pelo BNDES e pe-la Caixa. Operações dessa nature-za abririam o mercado de eurobô-nus para colocações nacionais demenor porte. E colocariam em xe-que os fundamentos críticos deri-vados de um suposto aumento daaversão internacional a títulosbrasileiros, advindo da chamada“crise de confiança” do governojunto ao mercado. A Petrobrascaptou, por exemplo, 3,05 bi-lhões de euro quando poderia terchegado a 11 bilhões se atendessea toda a demanda.

O dólar permaneceu em baixadurante a maior parte do pregão.Chegou a cair até 0,90%, vendidoa R$ 2,3557. Mas fechou cotado aR$ 2,3790 com pequena valoriza-ção de 0,08%. A reviravolta ocor-reu depois que surgiram informa-ções de Nova York segundo asquais, em evento, dirigente daagência de classificação de riscoStandard & Poor’s afirmou que aseleições brasileiras não são umobstáculo ao rebaixamento do ra-ting do país se a empresa julgar ne-cessário fazer isso. Atualmente, anota atribuída ao Brasil por ela éBBB, com perspectiva negativa.Trata-se da mesma agência que es-tá sendo processada pelo governoamericano, exigindo uma indeni-zação de US$ 5 bilhões, por 14 Es-tados e o Distrito de Columbia sobacusação de fraude na concessãode notas irrepreensíveis a papéisque depois se revelaram tóxicos,enganando investidores.

Os juros futuros deixaram tem-porariamente de lado seu dissa-bor com a questão fiscal e recua-ram. A ponta mais curta, com ven-cimento em janeiro de 2015, ce-deu de 10,55% para 10,53%. A lon-ga, refletindo a entrada de capi-tais estrangeiros, caiu mais acen-tuadamente. O contrato para ja-neiro de 2017 tombou de 12,33%para 12,23%.

Em meio às dúvidas sobre osefeitos da onda de frio sobre a eco-nomia americana, o mercado detreasuries acompanhou por meraformalidade o discurso feito on-tem por Eric Rosengren, presiden-te do Fed de Boston. O mais do-

vish dos integrantes do ComitêFederal de Mercado Aberto(Fomc), foi dele o único voto dissi-dente da reunião do dia 18 que de-cidiu pelo início imediato dos cor-tes de liquidez. Antecipando-se àpublicação oficial hoje da ata doencontro, onde estará consigna-da a justificativa para o seu voto,Rosengren explicou os motivosque o levam a ainda acreditar nanecessidade de manutenção deuma política monetária fortemen-te acomodatícia.

Para o dirigente, as comprasmensais de títulos públicos e hi-potecas pelo Fed deveriam persis-tir nos US$ 85 bilhões que vigora-ram de setembro de 2012 a dezem-bro de 2013 por muito mais tem-po pela razão básica de que a natu-reza gradual da recuperação eco-nômica impõe custos potencial-mente elevados capazes de sola-par a decolagem. E bateu duronos dirigentes do Fed mais ha-wkish, ao lembrar que o bancovem falhando acintosamente nocumprimento dos seus dois man-datos: o pleno emprego (para Ro-sengren, de 5,25%, bem longedos 7% do último dado conheci-do, relativo a novembro) e a esta-bilidade inflacionária em 2% aoano (foi de 1,2% nos doze mesesterminados em novembro).

Rosengren marcou sua posiçãono último Fomc no qual teve direi-to a voto, o que não lhe será conce-dido em 2014, num momento emque a luta entre falcões e pombos,patente na votação recebida por Ja-net Yellen em sua aprovação peloSenado, promete se acirrar. Yel-len foi referendada pelos senado-res por uma diferença de 30 votos(56 a favor, 26 contra), a margemmais apertada da história centená-ria da instituição, revelando a fér-rea oposição dos republicanos aoposicionamento monetariamenteliberal da maioria do Fomc.

HEDGE MARCA NOVO RECORDE

O MERCADO COMO ELE É...

EditoriadeArte

LUIZSÉRGIOGUIMARÃ[email protected]

Os aplicadoresde fora carregamhoje nos pregõesde cupom cambiale dólar futuroposição “comprada”em moeda americananunca antesvista por aqui

20 Brasil Econômico Quarta-feira, 8 de janeiro, 2014

Page 21: Brasil Economico 080114

Petro e Vale forçam queda de IbovespaO principal índice da Bovespa encerrou os negócios na sessão

de ontem em baixa, pressionado pelas ações da Vale e da Petrobras

e após declarações da agência Standard & Poor's sobre possível

rebaixamento da classificação de crédito do Brasil. O Ibovespa

fechou em queda de 1,07%, a 50.526 pontos, segundo dados

preliminares. O giro financeiro do pregão foi de R$ 5,6 bilhões. Reuters

Janet Yellen, primeira mulher achefiar o Federal Reserve (Fed) de-pois que o Senado dos EUA apro-vou sua nomeação, tem dois gran-des desafios: conduzir a descons-trução do programa de estímulosà economia e repavimentar o rela-cionamento da instituição com oCongresso. A confirmação de suaindicação teve a mais baixa vota-ção no Senado — 56 a favor e 26contra — e mostra que o bancocen-tral ainda enfrenta intenso escrutí-nio político seis anos após a crise.

Hoje, o mercado aguarda comansiedade a divulgação da ata daúltima reunião do Comitê Federalde Mercado Aberto (Fomc, na si-gla em inglês),concluída em 19 dedezembro e que decidiu o inícioda retirada dos estímulos à econo-mia, com a redução no ritmo men-sal de compras de ativos de US$85 bilhões para US$ 75 bilhões. Aintenção é descobrir pistas quepossam indicar a velocidade da al-teração na política monetária, ogrande desafio de Yellen, que suce-de Ben Bernanke, cujo mandatotermina em 31 de janeiro.

Há grande expectativa de que oFed manterá o ritmo do corte nascompras de títulos em US$ 10 bi-

lhões ao longo dos próximos seteencontros antes de terminar o pro-grama, em dezembro de 2014. É oque aponta a média das previsõesde 41 economistas consultados pe-la Bloomberg em 19 de dezembro.A próxima reunião do Fomc estámarcada para 28 e 29 de janeiro.

Yellen assume um Fed com umpatrimônio de US$ 4,02 trilhões,inchado por um programa de flexi-bilização quantitativa, implemen-tado para retirar o país da maisprofunda recessão desde a décadade 1930 e que provocou fortes críti-cas da oposição republicana. A erados salvamentos de empresas fi-nanceiras em crise impôs ao Fedum ônus pesado demais.

A baixa votação de Yellen no Se-nado mostra que ela acumulou ain-da menos apoio do que Bernanke,que está de saída e cuja confirma-ção, em 2010, para um segundomandato, obteve votação de 70 afavor e 30 contra. O resultado re-presenta a maior oposição de to-dos os tempos a um chefe do Fed.

Em um discurso em 3 de janei-ro na Filadélfia, Bernanke disseque ficou surpreso com a quanti-dade de energia que ele teve quedespender para manter boas rela-ções com o Congresso, além dasidas semestrais exigidas por lei.“Eu não tinha previsto que gasta-

ria tanto tempo com reuniõescom os legisladores fora das au-diências”, disse ele. “Rapidamen-te percebi a importância dessas re-lações para manter abertos os ca-nais de comunicação”. Em sua úl-tima conferência de imprensa nomês passado, Bernanke disse queYellen deveria ter em mente que“o Congresso é o nosso chefe”.

“No atual ambiente político, éprovavelmente irrealista esperaralgum refresco”, disse RobertoPerli , sócio da Cornerstone MacroLP e ex-economista do Fed. “OFed foi forçado pelas circunstân-cias da crise a tomar uma série deações polêmicas, não apenas QE(flexibilização quantitativa), mas

toda a resposta à crise, os resga-tes, as facilidades postas em práti-ca para os bancos e instituiçõesnão bancárias”.

As críticas dos republicanos aoFed sustentam que as compras detítulos aumentam o risco de criarbolhas nos preços dos ativos e,eventualmente, alimentar a infla-ção, ainda que o aumento dos pre-ços permaneça sob controle. O ín-dice de gastos com consumo pes-soal, o indicador preferido doFed, subiu 0,9% em novembroem relação ao ano anterior e semanteve abaixo do objetivo dobanco central norte-americano,de 2% para 19 meses.

“O mercado de ações tornou-se viciado nas políticas de dinhei-ro fácil do Fed”, disse o senador re-publicano Charles Grassley, de Io-wa, que votou contra a nomeaçãode Yellen na segunda-feira.

Ontem, o presidente do Fed deBoston, Eric Rosengren, voltou adefender sua oposição à decisãodo Fed de iniciar a redução de estí-mulos à economia a partir destemês. Para ele, o Fed ainda está lon-ge de cumprir suas metas de infla-ção e emprego. “Eu preferia espe-rar antes de iniciar a retirada”, afir-mou. “Mas parece que o programaserá muito gradual”, o que, paraele, é apropriado. Com agências

ScottEells/Bloomberg

A Petrobras anunciou on-tem o lançamento de títulos nomercado internacional no va-lor de ¤ 3,05 bilhões em trêstranches e £ 600 milhões emuma tranche. Os títulos em eu-ro têm vencimentos em qua-tro, sete e 11 anos. Os papéisem libras esterlinas têm venci-mento em 20 anos. Todos essestítulos foram emitidos pela Pe-trobras Global Finance B.V.(PGF), com garantia incondi-cional e irretratável da Petro-bras. A conclusão da operaçãoestá prevista para ocorrer em14 de janeiro de 2014.

Segundo a Petrobras, os re-cursos captados serão utiliza-dos para financiar os investi-mentos previstos no Plano deNegócios e Gestão 2013-2017,conforme comunicado envia-do à Comissão de Valores Mobi-liários (CVM). De acordo com adiretoria financeira da empre-sa, a operação não terá impac-to sobre o rating da Petrobras.

Os títulos com vencimentoem 15 de janeiro de 2018, no to-tal de ¤ 1,5 bilhão, têm rendi-mento de 2,829% e cupom de2,75%. Os pagamentos de ju-ros serão realizados sempre em15 de janeiro de cada ano, ini-ciando em 2015.

Na tranche de sete anos,com vencimento em 2021, oyield foi de 3,849% e o cupomde 3,75%. Foram captadoscom esse título ¤ 750 milhões.Os juros serão pagos em 14 dejaneiro de cada ano, começan-do em 2015.

O retorno dos títulos de 11anos, vencimento em 2025, fi-cou em 4,845% e o cupom foide 4,75%. Os pagamentos dejuros serão em 14 de janeiro decada ano a partir de 2015. O to-tal obtido com esses títulos foide ¤ 800 milhões.

A Petrobras vendeu ainda tí-tulos de 20 anos em libra esterli-na. Foram £ 600 milhões e es-ses bônus vencerão em 2034.Nesta tranche, o yield foi de6,732% e o cupom ficou em6,625%. Os juros serão pagosem 16 de janeiro de cada ano apartir de 2015.

A empresa está buscando re-cursos para seu plano de inves-timentos de US$ 237 bilhão nospróximos cinco anos.

Empresa usarárecursos para financiarinvestimentos previstosaté o ano de 2017

Liana [email protected]

Fotos:AndrewHarrer/Bloomberg

MandatodeBenBernanketerminaem31de janeiroeonomedanovapresidentefoiaprovadopeloplenáriodoSenadonasegunda-feira

Estímulos e Congressosão desafios de Yellen

BOLSA

Petrobrascapta R$ 11bilhões emeuros e liras

Aprovada com a mais baixa votação, parlamentares pressionarão nova presidente do Fed

Na ata do Fomc que saihoje da reunião quedecidiu o corte de US$10 bilhões no programamensal de compras detítulos, mercado querpistas que indiquem avelocidade da alteraçãona política monetária

Quarta-feira, 8 de janeiro, 2014 Brasil Econômico 21

Page 22: Brasil Economico 080114

O Fundo Monetário Internacio-nal (FMI) revisará para cima suaprevisão de crescimento mun-dial dentro de três semanas,anunciou, ontem, em Nairóbi, adiretora gerente do Fundo, Chris-tine Lagarde. “Revisaremos paracima a previsão de crescimentoda economia mundial”, disse La-garde em coletiva de imprensana capital do Quênia, e acrescen-tou que, no momento, seria pre-maturo dar mais detalhes.

Lagarde, que encerrou uma vi-sita de dois dias ao Quênia, não ex-plicou os motivos para esta revi-são. Em seu último relatório, Pers-pectivas da Economia Mundial,publicado em outubro, o FMI redu-ziu suas previsões e disse que ocrescimento global manteria uma“velocidade baixa”.

De acordo com o documento, aeconomia global deveria encerraro ano 2013 com um crescimentode 2,9%, e em 2014 alcançaria3,6%. Isso significou uma revisãopara baixo de 0,3% e de 0,2% res-pectivamente em relação a suas es-timativas de julho.

Apesar das economias dos mer-cados emergentes continuarem re-presentando a maior parte do cres-cimento mundial, estão perdendomais impulso do que se pensava,disse o FMI em novembro. En-quanto isso as economias avança-das, especialmente a dos EstadosUnidos, estão mostrando sinaisde recuperação, informou.

O fato de o Federal Reserve dosEstados Unidos ter iniciado umamudança em sua política monetá-ria significou uma redução dos flu-xos de capital para as economiasemergentes, enquanto os rendi-mentos a longo prazo nos EstadosUnidos e outras economias au-mentaram, disse Lagarde.

No final de dezembro o FMItambém previu que a economiados Estados Unidos crescerá a umritmo mais rápido no próximoano, devido aos dados econômi-cos positivos e a alguns sinais decomprometimento no Congresso.

Na oportunidade, Lagarde elo-giou a decisão do Federal Reser-ve de começar a reduzir a políti-ca de estímulo monetário. “O

crescimento está pegando”, dis-se Lagarde em entrevista à NBC.“E o desemprego está caindo. En-tão, tudo isso nos dá uma pers-pectiva muito mais forte para2014, o que nos leva a subir nos-sa previsão.”

Omenor déficitemquatro anosO Departamento do Comércio in-formou que o déficit comercialdos Estados Unidos teve queda de12,9% em novembro, para US$34,3 bilhões, o menor desde outu-bro de 2009. O déficit de outubroda balança comercial foi revisadopara US$ 39,3 bilhões, ante resul-tado anterior de 40,6 bilhões.

Economistas consultados pelaReuters esperavam que o déficitcomercial diminuísse para US$ 40bilhões em novembro.

Como esse número entra no cál-culo do Produto Interno Bruto(PIB), a queda de novembro podefazer com que economistas ele-vem as estimativas de crescimen-to do quarto trimestre.

O comércio contribuiu margi-nalmente para o crescimento noterceiro trimestre, mas a dimi-nuição de problemas fiscais naEuropa deve levar a uma recupe-ração na demanda da região e aju-dar a impulsionar as exporta-ções dos EUA.

Em novembro, as exportaçõestiveram crescimento de 0,9%, pa-ra US$ 194,9 bilhões. Esse foi omaior nível registrado e marcou osegundo mês seguido de ganho.Houve aumentos nas exportaçõesde bens indu striais, bens de capi-tal e automóveis. As exportaçõesde petróleo atingiram máxima re-corde em novembro.

As exportações para a Chinatambém foram as maiores regis-tradas, crescendo 8,7% nos 11 pri-meiros meses.

As importações de modo ge-ral tiveram redução de 1,4%, pa-ra US$ 229,1 bilhões em novem-bro. Parte da queda reflete umaconta menor de importação depetróleo, que foi a mais baixa des-de novembro de 2010. O déficitde petróleo foi o menor desdemaio de 2009. Agências

■ O comércio contribuiumarginalmente para ocrescimento no terceirotrimestre nos EUA, mas adiminuição de problemas fiscaisna Europa deve levar a umarecuperação na demandada região e ajudar a impulsionaras exportações do país.

■ As exportações dos EstadosUnidos para a China foram as

maiores registradas, crescendo8,7% nos 11 primeiros meses.

■ Asimportaçõesamericanasdemodogeraltiveramreduçãode1,4%,paraUS$229,1bilhõesemnovembro.Partedaquedarefleteumacontamenorde importaçãodepetróleo,quefoiamaisbaixadesdenovembrode2010.Odéficitdepetróleofoiomenorregistradodesdemaio.

MUNDO

FMI muda o tom eeleva previsão decrescimento global

Editor: Gabriel de [email protected]

NÚMEROS

2,9%éataxadecrescimentoparaaeconomiaglobalprevistapara2013,segundooFMI.Em2014,alcançaria3,6%.Issosignificouumarevisãoparabaixode0,3%ede0,2%,respectivamente,emrelaçãoàsestimativasfeitasemjulho.

12,9%foiaquedanodéficitcomercialdosEUAemnovembro,paraUS$34,3bilhões,omenordesdeoutubrode2009.

0,9%éataxadecrescimentonasexportaçõesdosEUA,emnovembro,paraUS$194,9bilhões.Essefoiomaiornível registradoemarcouosegundomêsseguidodeganho.

PONTO-A-PONTO

Depois de, em outubro, ter reduzido projeção para 2013 e 2014,

Fundo vai revisar os dados para cima em sua primeira prévia do ano

22 Brasil Econômico Quarta-feira, 8 de janeiro, 2014

Page 23: Brasil Economico 080114

Princesa Cristina é acusada de fraudeApós uma longa investigação, um juiz espanhol indiciou a princesa

Cristina, filha mais nova do rei Juan Carlos, pelos crimes de fraude

fiscal e lavagem de dinheiro, abrindo caminho para o primeiro

julgamento de um membro da família real. O magistrado de Palma de

Mallorca José Castro afirmou que há provas de que Cristina cometeu

os crimes e a convocou para prestar depoimento em 8 de março.

A renovação de um mecanismodeauxílio-desemprego depoisdeseis meses nos EstadosUnidos superou um obstáculono Senado, depoisde umavotação que abre caminhopara sua eventual aprovaçãono Congresso. Os senadoresvotaram por 60 contra 37o texto sobre o procedimento,

que deve permitir sua aprovaçãomais à frente na Câmara Alta.Opresidente Obama pediu aseus adversários republicanospara apoiar a iniciativa.“Não lembro de ter encontradoum só norte-americano queprefiraum seguro-desempregoao invés de trabalhar”, disseObama na CasaBranca. AFP

Forças russas entraram em alertade combate em Sochi e intensifica-ram as restrições para o acesso aobalneário do mar Negro, ontem,como parte das medidas adotadaspelo presidente Vladimir Putin pa-ra garantir a segurança na Olim-píada de Inverno do mês que vem.

Ciente de que o sucesso ou fra-casso nos Jogos de Sochi será par-te do seu legado, Putin reforçou asegurança depois de dois atenta-dos na cidade de Volgogrado, nosul da Rússia, que mataram pelomenos 34 pessoas.

O insurgente islâmico cheche-no Doku Umarov, o homem maisprocurado do país, conclamouseus seguidores a usarem a “forçamáxima” para impedir a realiza-ção da Olimpíada.

“A partir de 7 de janeiro, todas asdivisões responsáveis por assegurara segurança dos convidados e dosparticipantes dos Jogos estão sendocolocados em alerta de combate”,disse ontem o ministro das Situa-ções de Emergência, Vladimir Pu-chkov, à agência de notícias Itar-Tass.“Todasasquestõesdeseguran-ça para a Olimpíada de Inverno es-tão sendo tratadas no mais elevadonível internacional”, acrescentou.

As autoridades estão mobili-zando dezenas de milhares de poli-ciais e soldados do Ministério doInterior para Sochi, onde os atle-tas devem competir durante maisde duas semanas a partir de 7 de fe-vereiro, na mais cara Olimpíada jáfeita na história do país.

Desde terça-feira, quando foicelebrado o Natal ortodoxo, o aces-so a Sochi ficou ainda mais restri-to, e um novo esquema de tráfegoentrou em vigor para dar priorida-de à movimentação relacionadaao evento, segundo autoridades.

“As restrições servem para dei-xar as vias livres para que especta-dores, atletas e membros da famí-lia olímpica se desloquem”, dissea diretoria de transportes.

As medidas de segurança moti-vam queixas dos moradores da ci-dade, um balneário da era soviéti-ca que virou na atualidade umametrópole de vidro e metal.

Mais de 200 pessoas voltaram aprotestar no domingo sobre a for-ma como Moscou está organizan-do os Jogos de Inverno. “Os nati-vos de Sochi são os donos dos Jo-gos, não os visitantes”, era o lemada manifestação.

Mas Putin, que no sábado com-pareceu a um ensaio da cerimôniade abertura na cidade, revogouparte das restrições às manifesta-ções, permitindo que os gruposrealizassem algumas passeatas econcentrações em locais aprova-dos pelas autoridades.

Grupos de ativistas — por causastão díspares quanto os direitos doshomossexuais e a reforma política—haviamsequeixadodequeaproi-bição a aglomerações públicas, im-postaemagostocomopartedasme-didas de segurança, violava total-mente a Constituição russa. Reuters

SergioPerez/Reuters

Seguro-desempregorenovado

Alertamáximo:milharesdepoliciaisesoldadosdoMinistériodoInterior foramenviadosparaSochi

Governo russo reforçasegurança para aOlimpíada de InvernoExército entra em alerta de combate em Sochi e intensifica as restrições parao acesso ao balneário do mar Negro. Evento fará parte do legado de Putin

SeongJoonCho/Bloomberg

ChristineLagarde:“Ocrescimento

estápegando.E o desemprego

está caindo”

MaximShemetov/Reuters

As medidas anunciadaspelo governo causarammanifestações demoradores da cidade,um balneárioda era soviética quevirou,na atualidade,uma metrópolede vidro e metal

ESPANHA

Quarta-feira, 8 de janeiro, 2014 Brasil Econômico 23

Page 24: Brasil Economico 080114

O custo total das catástrofesnaturais em 2013 foi de US$ 125bilhões, uma soma moderadaem comparação com os anosanteriores, sustenta um estudorealizado pela companhiade seguros Muniche Re.Nos últimos dez anos, as

catástrofes naturais provocaramem média danos de US$ 184bilhões no mundo. Em 2013, ascompanhias de seguros cobriramUS$ 31 bilhões, abaixo da médiados últimos dez anos (US$ 56bilhões). Em 2013, as “catástrofesnaturais mais caras em termos

econômicos foram as inundaçõesno sul e no leste da Alemanha”em junho (US$ 11,7 bilhões),afirma o relatório. E os maioresdanos foram provocados pelascatástrofes naturais na Europa epelo tufão Haiyan no sudesteasiático, que matou 6 mil pessoas.

Os EUA continuavam envolvidosontem em uma onda de frio histó-rica que paralisa há uma semana ocentro, o norte e o leste do país, le-vando várias regiões a decretarmedidas excepcionais.

As sensações térmicas, que al-cançam os -53ºC, inéditas em 20anos, a queda de neve e granizoprovocaram a morte de uma deze-na de pessoas em menos de umasemana, e os serviços meteorológi-cos ainda anunciam a chegada deuma frente fria no leste. Algumasregiões podem registrar -60ºC.

A paralisação do tráfego aéreose converteu em um pesadelo pa-ra muitos americanos, que nãoconseguiram voltar para casaapós as férias de fim de ano, en-quanto as escolas precisaram per-manecer fechadas em estados on-de as autoridades convocaram apopulação a não sair de seus lares.

Vários aeroportos foram afeta-dos e mais de 4.300 voos precisa-ram ser cancelados — a metadeem Chicago — e 6.500 atrasados,segundo informações do site espe-cializado FlighttAware.

O frio se estendia ontem do nor-te dos Estados Unidos e do Canadáaté o centro-oeste, ameaçando asregiões do sul, como Tennessee eAlabama. A sensação térmicamais baixa foi registrada até o mo-mento em Montana (noroeste),com -53ºC, apenas um pouco me-nor que em Dacota do Norte, Daco-ta do Sul e Minnesota. Em compa-ração, a temperatura no Polo Sulfoi de apenas -34º C.

Em Minneapolis, o jornal StarTribune destacava que a vida pas-sava em câmera lenta. Inclusive osul do país, acostumado a um cli-ma mais ameno, era atingido porum alerta de frio que ameaça asplantações e o gado.

Em Washington, por sua vez,os termômetros marcavam na ma-

nhã de ontem -8ºC, uma tempera-tura relativamente suave em rela-ção a outras regiões, mas aindacom persistentes ventos frios.

O serviço meteorológico repor-tou na segunda-feira as tempera-turas mais frias em duas décadasno norte e no centro do país após“uma frente de frio ártico”. “Com-binadas com rajadas de vento, es-tas temperaturas vão cair a níveispotencialmente fatais”, advertiu.

As autoridades lembraram queestas temperaturas provocam gra-ves lesões de pele em apenas pou-cos minutos de exposição ao ar li-vre, e pediram que as pessoas per-maneçam em suas casas.

“Pedimos que os funcionáriosmunicipais considerados não es-senciais permanecessem em seuslares”, declarou DeRoo, porta-voz do município de Milwaukee,às margens do lago Michigan, on-de a temperatura chega a -37ºC aoamanhecer. “A polícia patrulhapara ajudar os sem-teto a encon-trar o refúgio mais próximo, nosquais foram instaladas camas adi-cionais”, acrescentou.

Centros de apoioà populaçãoNo condado de Cook, que englo-ba grande parte da área de Chica-go, foram instalados centros aber-tos a toda a população, indicou àAFP a porta-voz Natalia Dere-vyanny. “Devemos enfrentaruma perigosa combinação de tem-peraturas muito baixas, geadas enevasca”, ressaltou Pat Quinn, go-vernador de Illinois, que declarouestado de emergência.

No Canadá, o serviço de meteo-rologia advertia sobre temperatu-rasabaixo dos-30ºCno lestedeOn-tário, Manitoba e Saskatchewan,com -36ºC em Regina, capital daprovíncia. As sensações térmicaspodem alcançar os -48ºC. AFP

MUNDO

EmIllinois,asbaixas

temperaturasinterromperam

acirculaçãodostrens

Frio histórico leva os EUA atomar medidas excepcionais

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PAospoucos,ogeloseacumulaaolongodoLagoMichigan

Catástrofes naturais custaram US$ 125 bi

Temperaturas negativas já começam a ameaçar o gado e as plantações. As escolas permanecem fechadas

24 Brasil Econômico Quarta-feira, 8 de janeiro, 2014

Page 25: Brasil Economico 080114

Manifestantes querem paralisar BangcocParte da população que tenta derrubar a primeira-ministra

tailandesa saiu às ruas de Bangcoc, ontem, para divulgar apoio

aos planos de paralisar a capital, na semana que vem, por meio

de bloqueios viários e de ações para impedir a ação do

governo. A primeira-ministra Yingluck Shinawatra convocou

uma eleição extraordinária a ser realizada em 2 de novembro.

■ AatraçãonafeiradeLasVegas,ontem,foiaapresentaçãodoprimeirocarrodeFórmulaE(veículodecorridamovidoaenergiaelétrica).OSpark-RenaultSRT-01E,capazdedesenvolverumavelocidadesuperioraos225quilômetrosporhora,competiránoprimeiroCampeonatodeFórmulaE,cujatemporadaterá inícioemsetembro,emPequim,equeconstaráde10corridaspromovidaspelaFederaçãoInternacionaldoAutomóvel (FIA),organizaçãoqueregulaemnívelmundialascorridasdeautomobilismo.

AthitPerawongmetha/Reuters

A Síria removeu do país o primei-ro lote de material de armas quími-cas, transportando-o de dois lo-cais para a cidade portuária de La-takia e colocando-o numa embar-cação dinamarquesa, afirmou on-tem a Organização para a Proibi-ção das Armas Químicas (Opaq).Anúncio é passo importante emoperação internacional para des-truir arsenal do regime de Basharal-Assad até o meio deste ano

“O navio está sendo acompa-nhado por uma escolta naval”,afirmou em comunicado a Opaq.“A embarcação vai permanecerno mar à espera da chegada de ma-terial químico adicional .”

A Síria concordou em abrirmão de suas armas químicas até ju-nho, sob um acordo proposto pelaRússia depois de um ataque à gáspelo qual o ocidente culpou as for-ças do governo sírio. Damascoacusou os rebeldes pela ação.

A guerra, tempo ruim, burocra-cia e detalhes técnicos atrasarama remoção do material mais tóxicoda Síria, antes marcada para 31 dedezembro. A Opaq não disse quan-to dos químicos “mais críticos”foi embarcado no navio dinamar-quês. “Uma primeira quantidadedo material químico prioritáriofoi removida de dois lugares parao porto de Latakia para verifica-ção e colocada no navio dinamar-quês hoje”. A Opaq declarou que asegurança marítima está sendo fei-ta por navios chineses, dinamar-queses, noruegueses e russos.

Assad deve concorrernaspróximas eleiçõesO ministro da Informação da Síriaafirmou ontem que o povo deci-diu que o presidente Bashar al-As-sad deve ser indicado para outromandato e vai fazer pressão paraque ele concorra nas eleições des-te ano. Essa foi a mais forte indica-ção feita até agora de que Assadpretende estender seu poder, oque deve enfurecer políticos de

oposição e combatentes que lu-tam há quase três anos para pôrfim a seu governo. A situação deAssad em qualquer ordem políticafutura na Síria tem sido uma pe-dra no caminho para conseguir co-locar ambos os lados juntos numaconferência de paz marcada paradia 22 de janeiro, em Genebra. Oministro Omran Zoabi afirmouque a decisão de Assad é pessoal eainda não foi anunciada. Reuters

A mídia estatal chinesa alertouo Japão sobre uma escalada naguerra de opinião pública apósos dois países compararem umao outro com o Lord Volde-mort, o vilão das histórias deHarry Potter, em uma discus-são diplomática marcada peloprincípio do “olho por olho,dente por dente”.

A visita feita pelo primeiro-ministro japonês, Shinzo Abe,ao templo Yasukuni, em Tó-quio, onde líderes japonesescondenados como criminososde guerra repousam ao lado deoutros mortos na guerra, enfu-receu a China e a Coreia do Sule levantou preocupações nosEUA, um dos principais aliadosdo Japão. China e Coreia sofre-ram sob brutal domínio japo-nês. Partes da China foram ocu-padas nos anos 1930, e a Coreiacolonizada entre 1910 e 1945.

Em um artigo de opinião pu-blicado no jornal britânico Dai-ly Telegraph, o embaixador chi-nês na Grã-Bretanha, Liu Xiao-ming, escreveu: “Se o militaris-mo é como a assombração deVoldemort no Japão, o temploYasukuni em Tóquio é comoum tipo de horcrux, represen-tando uma das partes mais obs-curas da alma daquele país”.

Na série campeã de vendasHarry Potter, da autora J.K. Ro-wling, Voldemort usa as cha-madas horcrux para guardarpartes de sua alma e alongarsua vida. O comentário de Liufoi seguido por um outro publi-cado no domingo pelo homólo-go japonês, Keiichi Hayashi,no mesmo jornal, com o título:“O risco da China se tornar oVoldemort da Ásia”.

O Global Times, um influen-te tabloide pertencente ao Diá-rio do Povo, veículo pertencen-te ao Partido Comunista da Chi-na, disse que a “guerra de opi-nião pública sino-japonesa seintensifica em todas as fren-tes”. “O aparato do Estado japo-nês possui umacapacidademui-to forte no combate pela opi-nião pública. Eles vão mobilizarvárias forças em seu país, criaruma alavanca para mover a opi-nião mundial, com o objetivode mascarar a natureza malig-nadavisitadeAbeao templo Ya-sukuni”, disse o jornal. Reuters

Síria remove primeiro lote dearmas químicas, afirma Opaq

LarsMagneHovtun/AFP

No porto de Latakia, material foi embarcado em um navio de carga de bandeira dinamarquesa eretirado do país. O carregamento consiste em matérias-primas para a produção de gases venenosos

David

Becke

r/A

FP

A Síria concordouem abrir mão de suasarmas químicas atéjunho, sob um acordoproposto pela Rússiadepois de um ataquea gás pelo qual oocidente culpou asforças do governo sírio

PRIMEIRO CARRO DE FÓRMULA E

Países entraram emdisputa diplomática apóspremiê japonês visitarsantuário de guerra

Segurançaemalto-mar:membrosdatripulaçãonorueguesasepreparamparaescoltarcarregamento

TAILÂNDIA

China e Japãousam vilão deHarry Potterpara se acusar

Quarta-feira, 8 de janeiro, 2014 Brasil Econômico 25

Page 26: Brasil Economico 080114

Aavaliação dos serviços presta-dos pelas operadoras de planosde saúde no Brasil é tarefa essen-cial. Se considerarmos o núme-ro de pessoas atendidas pelo se-tor — mais de 49 milhões de con-

tratos em planos de assistência médica ede 19 milhões em planos exclusivamen-te odontológicos — evidenciamos a rele-vância desse diagnóstico, apresentadopela Agência Nacional de Saúde Suple-mentar (ANS) à sociedade brasileira.

A literatura internacional sobre ava-liações de desempenho, tanto de pla-nos privados de assistência à saúde co-mo de prestadores de serviços, mostraque estas são iniciativas recentes em to-do o mundo. De maneira geral, todas asavaliações de serviços e sistemas de saú-de utilizam indicadores baseados emevidências científicas ou em práticas di-fundidas internacionalmente. Uma dascaracterísticas comuns dos programasde avaliação é a divulgação pública dosresultados, o que potencializa o incenti-vo à qualificação dos serviços.

No Brasil, para a construção dessediagnóstico do setor, a ANS desenvolveuoÍndicedeDesempenhodaSaúdeSuple-mentar (IDSS), calculado e divulgadoanualmentedesde2006.Esteíndiceéfor-madoporumconjuntodeindicadores,es-tabelecidos pelo próprioórgão regulador,que determina oque será avaliado.Os in-dicadoressãorepresentadosdeformanu-mérica, mas buscam traduzir, especial-mente através de suas metas, as diretri-zesbásicaspara osetor. Sua apuraçãope-riódica auxilia a detecção de acertos e er-ros, cumprindo sua função essencial deindicar o que precisar ser ajustado.

O IDSS é calculado por operadora,com base em critérios preestabelecidos,o que confere uma característica funda-mental em termos de estímulo à concor-rência — a comparabilidade entre opera-doras semelhantes. Assim, além do con-sumidor brasileiroter disponível a avalia-ção realizada pela ANS de cada operado-ra ativa no mercado, também pode com-pará-las entre si, sempre tendo em men-te que o desempenho de cada uma é me-dido em relação a este índice específico.

Aavaliaçãodedesempenhodasopera-doras de planos de saúde é uma forma deincentivar a melhoria do setor, aumentaratransparência e fornecer aoconsumidormais subsídios para a escolha do que me-lhor atende as suas necessidades. Além

disso, é um índice que estimula a concor-rência, colocando lado a lado empresasdemesmoporteeemcondiçãodeigualda-de no comparativo da oferta de serviços.

E qual é a saúde suplementar que que-remos, ou melhor, que necessitamos? Éno contexto dessa indagação que os indi-cadores da ANS se convertem em ferra-mentas de melhoria da qualidade na saú-de suplementar, pois, além de mensuraroalcancedosobjetivospropostos, fomen-tam a discussão em torno da qualidadeque deve ser permanentemente buscada.

É indispensável o entendimento des-ses indicadores, que são apresentadosnão como um ranking meramente nu-mérico. Eles devem ser interpretadoscomo ferramentas de uma gestão quepossui o compromisso com a qualidadee com o consumidor. A avaliação tem opoder de produzir efeitos na organiza-ção do setor, desde o momento da cria-

ção do indicador até a interpretação dosresultados em prol da satisfação dosconsumidores com os serviços.

Asatisfaçãodasnecessidades doscon-sumidores está entre os objetivos cen-trais dasorganizaçõesmodernas,com re-levância bastante significativa inclusiveparaa tomadadedecisões dosnovoscon-sumidores em diferentes segmentos.Não resta dúvida de que os consumido-res estão cada vez melhor informados ebuscam ativamente por informações pa-rasubsidiarsuasescolhas. Da mesmafor-ma, observamosqueoolhar doconsumi-dor também se constitui em informaçãoestratégica para os diferentes setores daeconomia, especialmente quando o as-sunto em pauta é a saúde da população.

Andréa Carlesso Lozer é coordenadorada Qualidade e do Conhecimento da AgênciaNacional de Saúde Suplementar (ANS)

A buscada qualidadena saúdesuplementarAndréa Carlesso [email protected]

A avaliação de desempenhodas operadoras de planosde saúde é uma formade incentivar a melhoriado setor e fornecer aoconsumidor mais subsídiospara fazer a escolha certa

OPINIÃO

EditoriadeArte

26 Brasil Econômico Quarta-feira, 8 de janeiro, 2014

Page 27: Brasil Economico 080114

CONTATOSRedação Tels.: (21) 2222-8000 e (11) 3320-2000

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PAULOAREASSócio da i9Brasil Comunicação

MURILLODEARAGÃOCientista político e presidente da Arko Advice Pesquisas

Mas para os varejistas brasileiros,de todos os setores, há desafios maio-res, que vão desde o envelhecimentoda população até o crescimento doe-commerce e da mobilidade comsmartphones. Mas junto ao desafiohá o irmão gêmeo: a oportunidade.

O amadurecimento populacionalgera mudanças nas preferências e narenda para consumo. Quem tiver boainteraçãocomo consumidor e ágilca-deia de suprimentos irá se beneficiar.O e-commerce impacta de modo di-verso as lojas físicas, atingindo forte-mente o varejo de eletrônicos e muitomenos a moda, por exemplo, porqueos clientes querem provar as peças e acomprafísicaéumaexperiênciamulti-sensorial. É estimado que na maiorparte do varejo o e-commerce venhaa representarmenos que 25% do fatu-ramento em 10 anos (e vale lembrarque na moda a devolução de roupaschega a 40% em relação ao remetido,o que impacta o lucro do e-varejista).

Para destacar a importância daslojas físicas, a ultra conectada Applejá possui mais de 400 Apple Storesno mundo. Ir a shoppings centers éuma das principais atividades de la-zer de paulistas e de cariocas.

A mobilidade, pela rápida adoçãodos smartphones, é força poderosa.É muito mais barato e eficiente o va-rejista utilizar estatística e tecnolo-

gia para se comunicar eletronica-mente, e constantemente, com oconsumidor — do que gastar em mí-dia e ações tradicionais. Este consu-midor está sempre conectado às opi-niões de amigos e atento às compara-ções de tendências e preços.

A queda de preço das tecnologiaspermite capturar grande quantidadede informação sobre potenciais clien-tes. No exterior, este trabalho espe-cializado é o chamado Big Data, quecaptura e opera grande quantidade deinformação de modo inteligente e lu-crativo. Nos EUA é estimado que nospróximos cinco anos será necessáriocontratar 150 mil analistas de dados e1,5 milhão de administradores deve-rão“saberperguntarquestõesrelevan-tes e consumir de modo efetivo os re-sultados gerados pelo Big Data”.

E naturalmente surge a questão:como o varejista pode divulgar cons-tantemente, e a baixo custo, produtose promoções, de modo diferenciado,enviando um tipo de mensagem paraclientes que há muito não compram,outro tipoparaclientesquepodem au-mentar o valor das compras e etc.?

O varejista pode contratar gentecapacitada, alugar um software ecriar um novo departamento em suaempresa ou contratar empresa espe-cializada e terceirizar este trabalho.

A terceirização de trabalhos com-plexos é uma realidade, e até as mul-tinacionais terceirizam muitas ativi-dades para não dispersar o foco, termelhor resultado e dispender menosrecursos, inclusive o tempo e ener-gia de seus gestores.

O varejista que não se atualizar ve-rá os concorrentes agirem neste no-vo mundo, onde é fundamental a in-teração inteligente, constante e debaixo custo com o consumidor.

O Brasilcumpriu suametade supe-rávit primário de 2013. Tempos atrás,afirmei que dificilmente chegaríamosaos R$ 75 bilhões acordados. Queimeia língua. Conseguimos cumprir a me-ta com sobra de R$ 2 bilhões. No en-tanto, ela foi cumprida com base emreceitas extraordinárias do final doano, em especial com o programa derefinanciamento de dívidas tributá-rias eo leilão do campode Libra.ORe-fis rendeu ao governo R$ 20 bilhões.Jáo leilãode Libra permitiu umarecei-ta de R$ 15 bilhões. Isso sem falar nasreceitas com as concessões.

Nãoforamfeitasmágicascontábeis,mastivemosdecontarcomoextra pa-racumprirameta.Boanotícia,emter-mos. Caso tivéssemos feito o dever decasa, teríamos poupado muito além ereforçadoarobustezfiscaldopaís.Con-forme artigo de Miriam leitão, no Jor-nal O Globo (03/01/14), a meta do go-verno no início era de R$ 155 bilhões.Depoisdo governoabater gastoscom oPAC e desonerações, foi entregue umresultado de R$ 130 bilhões.

Aoanunciarocumprimentodame-ta, Guido Mantega deu um recado aos“nervosinhos” do mercado financei-ro, que, como eu, achavam que o Bra-sil não cumpriria a meta. Em pronun-ciamento anterior, a presidente Dil-ma Rousseff também foi na mesma li-nha, ao atacar a “guerra psicológica”

que se faz contra a política econômi-ca. Ambos demonstram certo recal-que e imaturidade que não deveriamexistir por parte de nossas lideranças.

A credibilidade econômica do paísfoi abalada por conta de decisões to-madas no âmbito financeiro e fiscaldo governo. As idas e vindas nos pro-cessos de concessão foram decorren-tes de decisões governamentais e nãodomercado. Essas decisões podemre-sultar em um rebaixamento da notado Brasil pelas agências de classifica-ção de risco. A Standard & Poor’sanunciou que mudanças na nota bra-sileira podem ocorrer "antes ou de-pois" das eleições de outubro. Deacordo com oresponsável pela Améri-ca Latina da S&P, Sebastian Briozzo,o descontrole do governo com as con-tas públicas deixou o país sem condi-ções de contar com a política fiscalpara estimular o crescimento.A agên-cia está atenta à piora na relação en-tre a dívida bruta e o Produto InternoBruto (PIB) do Brasil, hoje em 58,8%,segundo o Banco Central.

Considerados os equívocos de con-dução da política econômica ao cum-prir a meta fiscal com base em recei-tas extraordinárias, era hora de mos-trar humildade, sobriedade e consis-tência.Mas isso nãoé suficiente. Ogo-verno deve reafirmar compromissoscom a boa gestão fiscal do Brasil ecom mudanças que façam do país umambiente ideal para investimentos.

Deveriahavertambémumcompro-metimento claro com o cronogramadas obras de infraestrutura e com me-didas destinadas a acelerar o processodecisório do governo. Não é hora deconfrontonemdeironiase,muitome-nos, de trocos. A hora é de reafirmar aintençãodefazerumgovernoquefun-cionemelhor para todos osbrasileiros.

As oportunidades eos desafios do varejo

Meta cumprida eimaturidade reafirmada

O varejo tem crescido com vigor no Brasil. Sóo varejode mo-da movimenta mais de R$ 250 bilhões anuais, sendo um gran-de mercado em nível global, o que atrai os gigantes internacio-nais. Estes grandes grupos têm acesso a linhas de crédito bara-tas epossuemcadeias de suprimentointernacionais, queapro-veitam fábricas na Ásia, que contam com pouca burocracia,baixos impostos e salários reduzidos. No Brasil o governo nãoage parafacilitar avidadoempresário, oquefica registradope-la má posição do país nos relatórios do Banco Mundial.

No último dia 3 de janeiro, o ministro da Fazenda, GuidoMantega, anunciou o resultado do superávit fiscal. Disseque queria começar o ano dando boas notícias. Mantega res-saltou que os dados ainda não são definitivos e ajustes pode-rão ser feitos. Normalmente, esse número é divulgado na úl-tima semana de janeiro. O ministro quis antecipar o anún-cio para sinalizar comprometimento do governo com a aus-teridade fiscal, depois de um ano de críticas e desconfiançaem relação à política fiscal.

Como o varejista podedivulgar constantemente,e a baixo custo, produtose promoções, de mododiferenciado, enviandomensagem específica paracada grupo de cliente?

O governo devereafirmar compromissoscom a boa gestão fiscaldo Brasil e commudanças que façamdo país um ambienteideal para investimentos

Presidente do Conselho de Administração Maria Alexandra MascarenhasDiretor Presidente José Mascarenhas

Publisher Ramiro Alves

Chefe de Redação Octávio Costa

Editora-Chefe Sonia Soares

Editora-Chefe (SP) Adriana Teixeira

Diretor de arte André Hippertt

Editora de arte Renata Maneschy

Quarta-feira, 8 de janeiro, 2014 Brasil Econômico 27

Page 28: Brasil Economico 080114

■ APetrobras,deGraçaFoster,foiaprimeiraatestaromercadofinanceirointernacionalem2014,comacaptaçãodeR$11bilhõesemeuroselibrasesterlinas.

■ JosephBlatter, presidentedaFifa,mordeeassopra.Umdiaapóscriticara lentidãodasobras,BlatterusouotwitterparaconcordarcomapresidenteDilma,quehaviadeclaradoqueoBrasil faráa“CopadasCopas”.

Num misto de alerta e ameaça, a agência de classificação

de risco Moody’s admite rebaixar a nota do Brasil “caso

a economia e a política fiscal tenham desempenho abaixo das

expectativas no primeiro semestre” nas palavras do seu analista-sênior

Mauro Leos em entrevista à agência Reuters. A expectativa, no caso,

é o crescimento da economia de 2% no ano e o superávit primário

também em torno de 2% do Produto Interno Bruto. Caso entenda

queessa tendência esteja sendo mantida, a agência aguardará as

eleições presidenciais e a mensagem do novo governo sobre a política

econômica e fiscal para, então, colocar a nota brasileira sob avaliação.

www.brasileconomico.com.br

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Em suas colocações, o analista en-fatiza que resultados aquém do es-perado nos primeiros seis meses,certamente levarão a mudançasem relação às perspectivas dopaís. Isso com a justificativa deque o crescimento econômico em2015 estaria comprometido. Ou se-ja, o governo ainda não fechou to-dos os principais dados econômi-cos referentes a 2013, mas já estásendo cobrado, implicitamente,

sobre o desempenho em 2015.Posturas como essa do trio, on-

de se incluem também a Standard&Poor’s e a Fitch, dão razão à Euro-pean Securities and Markets Au-thority (ESMA), órgão reguladorda União Europeia que há poucomais de um mês divulgou relatórioalertando parapara “falhas concre-tas” que podem colocar em dúvi-da a independência ou precisãodas agências e enfatiza ter consta-

tado deficiências na forma comosão determinados os ratings de bô-nus soberanos.

Particularmente grave é a sus-peita levantada pela ESMA sobre ocomportamento das agências emrelação à confidencialidade desuas informações, que, segundo oórgão regulador, incluía antecipa-ção de ratings a terceiros antes dadivulgação. Embora não tenha de-terminado se esse tipo de falha sig-nificava quebra de regulamentos,deixava em aberto a possibilidadede, a partir de novas investiga-ções, adotar medidas contra asagências, que poderiam incluirmultas e revogação de licença.

Pouco antes do Natal, algumassemanas após a divulgação do rela-tório da ESMA, a Standard &Poor’s rebaixou a nota daUnião Eu-ropeia de “AAA” para “AA+” sob aalegação de que a credibilidadedos 28 países-membros da UEcaiu. “O rebaixamento reflete nos-sa visão sobre a queda da qualida-de do crédito dos 28 membros daUnião Europeia”, disse a agência,

acrescentando que “as negocia-ções orçamentárias da UE torna-ram-se mais controversas.”

Apesar de improvável torna-seinevitável a vinculação do rebaixa-mento com a suspeita de represá-lia ao relatório o órgão reguladorda UE, num momento em quemembros do bloco europeu come-çam a dar sinais de recuperação dacrise que enfrentamhámais decin-co anos. É o caso da Espanha quecomemorou queda do índice de de-semprego em dezembro, pela pri-meira vez desde o início da crise.

Esse tipo de preocupação da ES-MAtambém se aplica perfeitamen-te ao caso brasileiro, ainda mais le-vando-se em conta a verdadeiraguerra eleitoral que o país viveráno decorrer de 2014. Nesse quadro,uma avaliação negativa com baseem dadosrestritos do semestre cer-tamenteseráprejudicialàpresiden-te que tenta a reeleição. Faltou di-zerse um bomdesempenho no pri-meiro semestre levaria igualmenteàdivulgaçãodeumaavaliação posi-tiva da economia brasileira.

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Uma avaliação negativada economia brasileirapor parte de umaagência de classificaçãode risco, com baseem dados restritosao semestre seráprejudicial à presidenteque tenta a reeleição

NA MIRA DAS AGÊNCIAS DE RATING

SOBEEDESCE

28 Brasil Econômico Quarta-feira, 8 de janeiro, 2014