Brasileiros preferem o voto distrital
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REPORTAGEM REPORTAGEM
PESQUISA DATASENADO
Brasileiros preferem o voto distrital
Pesquisa realizada pelo DataSenado demonstra que 64% dos eleitores de todas as capitais brasileiras preferem o sistema distrital puro para a eleição de deputados (estaduais e federais) e vereadores. Mas senadores preferiram propor a lista fechada ou o “distritão”
A mais recente pesquisa so-bre reforma política realizada pelo instituto de pesquisa de opinião DataSenado traz um dado revelador sobre o eleitor brasileiro: 64% dos entrevista-dos querem o modelo do voto distrital puro – sistema no qual se elege um deputado (estadu-al ou federal) ou vereador para representar um distrito pelo vo-to majoritário. Este modelo de eleição de parlamentares, vale acrescentar, vence em todas as regiões do País, sempre apoiado por mais da metade dos entre-vistados. A pesquisa, realizada entre os dias 21 e 29 de março, ouviu por telefone 797 pessoas residentes nas capitais de todos os Estados brasileiros.
E agora outro dado revelador: apesar da opção pelo voto distri-tal puro ser a preferida dos entre-
vistados, ela foi descartada no relatório final da Comissão da Reforma Política do Senado. En-tre as 11 propostas encaminha-das à Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), figuraram o voto em lista (que teve apoio de ape-nas 16% dos entrevistados) e o substitutivo do senador Romero Jucá (PMDB), que prevê a im-plantação do chamado “distri-tão” – no qual cada Estado seria transformado em um distrito – que teve apoio de 35%, segun-do o DataSenado.
SINTONIAConforme o chefe do institu-
to, Valter Rosa da Silva Júnior, o levantamento foi realizado justamente para levar informa-ções e fundamentar melhor as propostas que seriam elabora-das pela Comissão da Reforma
Política. Em outras palavras, os senadores estavam cientes dos dados apresentados a res-peito da preferência do eleito-rado brasileiro. E, pelo menos neste item da reforma política, a comissão demonstrou não es-tar em sintonia com a vontade popular. Aliás, tanto o distritão quanto o voto em lista já foram rejeitados pela CCJ.
O tema do voto distrital puro também não é unanimidade en-tre os senadores gaúchos. Pedro Simon (PMDB) acha a propos-ta boa, mas acredita que haveria muitos entraves na sua implan-tação. O petista Paulo Paim, por outro lado, prefere o sistema misto, no qual se mescla o mo-delo atual com o sistema distri-tal – como ocorre na Alemanha. E a senadora Ana Amélia Lemos (PP) declara preferir o distritão.
Campanha completa duas semanas no ar
Hoje a campanha em defesa do voto distrital completa du-as semanas no ar. Há 15 dias a iniciativa ganhou as redes so-ciais e há uma semana estreou o site. Durante 30 dias, um grupo de trabalho preparou a campanha.
O publicitário Mau-ro Blankenheim, da agência COMGPS, idealizou a identi-dade visual do movimento. “A logomarca está baseada num conjunto contendo dois traços verde-amarelos que servem de pano de fundo para a mensa-gem-tema Você tem a força, transferindo a total autorida-de (escolha do candidato e co-brança por ações) do voto para o eleitor”, explica.
Conforme o artista Eissom Fangueiro, criativo responsável
Já pediu apoio ao seu parlamentar?O voto distrital é um tema que encontra muita resistência entre
os parlamentares. Tanto é que, contrariando a opinião da maio-ria dos brasileiros, a proposta de reforma política contempla o vo-to em lista. No entanto, se a voz dos eleitores alcançar deputados federais e senadores, essa situação tende a mudar. Então, que tal você mesmo pedir o apoio para a proposta? Esse recurso está em conformidade com normas anti-spam e envia apenas mensagens individuais. Veja abaixo como proceder.
O comerciante Guaracy Antônio Ve-lho, 73 anos, residente há cinco dé-
cadas em Novo Hamburgo, não é apenas simpático à proposta do voto distrital puro. Ele se comporta como um defensor da causa. Explica que
tem procurado promover a implanta-ção do sistema toda a vez que se co-munica com políticos e empresários,
por exemplo. “O voto distrital será o moralizador da política e é um fator indispensável para a reforma políti-ca”, argumenta. Por isso, seu Gua-
racy está inconformado com o fato da proposta do voto distrital não estar
incluída entre as 11 sugestões ela-boradas pela comissão da Reforma Política do Senado. “Vou fazer a mi-nha parte: quero pegar uma lista de e-mails de todos os parlamentares, especialmente os gaúchos”, avisa.
Ele também sugere que todos os in-teressados em implantar o voto distri-tal, inclusive os órgãos de imprensa, pressionem os políticos. “Temos que
sensibilizar essa gente.”
“Será o moralizador DA POlíTICA”
1 - Acesse www.campanhavotodistrital.org. Vá ao final da página e clique na tarja vermelha escrita “Peça voto distrital aos parlamentares em Brasília”. Também pode ser pelo menu principal, na opção “Participe>Peça ao parlamentar”2 - Você entrará na página “Peça ao parlamentar”3 - Escolha entre enviar uma mensagem de pedido de apoio ao voto distrital a um parlamentar –
deputado federal ou senador – de qualquer Estado ou do Rio Grande do Sul.4 - Após preencher seu nome, e-mail, cidade e Estado, e escolher o parlamentar que irá receber sua mensagem, clique em enviar. Pronto!
EDUARDO ANDREJEW
ENTREVISTA/VAlTER ROSA - chEfE dO dATASENAdO
“O eleitor brasileiro foca no candidato”O chefe de Pesquisa e Opinião
do DataSenado, Valter Rosa Ju-nior, explica a pesquisa e tam-bém comenta a alta adesão ao voto distrital puro. Ele observa que o eleitor demonstra ter uma clara noção da importância da representatividade.
Segundo a pesquisa, o voto distrital tem grande aceitação entre os eleitores das capitais, lugares mais cosmopolitas e on-de em tese o discurso regional não seria tão forte. Por quê?
Valter Rosa - As capitais são mais cosmopolitas, é verdade. E concentram pessoas vindas de
vários lugares, inclusive cidades pequenas. Talvez até por isso que essas pessoas compreendam me-lhor essa questão. Por estarem mais informados do processo eleitoral, eles entendem os bene-fícios de um representante estar mais próximo do eleitores.
As pesquisas sempre se con-centram nas capitais?
Valter Rosa - Na verdade, o DataSenado sempre faz pesqui-sa em todo o País. Mas dessa vez foi preciso fazer a pesquisa ape-nas nas capitais. Era preciso fa-zer uma entrega mais rápida para a comissão de Reforma Política
do Senado. Os senadores tinham um prazo determinado para con-cluir os trabalhos.
O voto em lista teve baixíssi-ma adesão. A que isso se atri-bui?
Valter Rosa - O eleitor brasi-leiro foca no candidato e não no partido. Uma pesquisa anterior já demonstrava isso.
O que foi feito com o resul-tado dessa pesquisa?
Valter Rosa - Apresentamos eles aos senadores. Para as pro-postas, alguns desses dados fo-ram levados em consideração.
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Eduardo Andrejew/GES-Especial
Este é o percentual de eleitores brasileiros residentes nas capitais que preferem o voto distrital, conforme levantamento do instituto de pesquisa DataSenado.
Foram ouvidas por telefone 797 pessoas com idade a partir dos 16 anos e residentes nas capitais de todos os Estados do Brasil. Abaixo, mais dados a respeito da pesquisa feita pelo DataSenado:
POR REgIõESEm todas as regiões, o voto distrital puro é a preferência da maioria:
Sudeste: 68%
Nordeste: 67%
Norte: 60%
Sul: 57%
Centro Oeste: 53%
POR RENdAA opção pelo modelo distrital representa mais de 60% em todas as faixas de renda:
Sem renda: 65%
Até 2 salários mínimos: 66%
Mais de 2 a 5 mínimos: 67%
Mais de 5 a 10 mínimos: 63%
Mais de 10 mínimos: 64%Na prática, isso indica que a maior parte do eleitorado prefere o sistema distrital puro para eleição de parlamentares.
A pesquisa, com diversos temas referentes à reforma política, foi realizada entre os dias 21 e 29 de março.
OS NÚMEROS
64%Como pensam OS SENADORES GAúCHOS
ANA AMÉlIA lEMOS (PP)
Progressista é favorável ao “distritão”
A senadora progressista Ana Amélia Lemos defende a im-plantação do chamado “dis-tritão”, modelo no qual cada Estado seria transformado em um distrito e cada parlamentar seria eleito pelo voto majoritá-rio. A parlamentar argumenta que o distritão tem uma nature-za mais democrática na medi-da em que é eleito o deputado que conseguir o maior núme-ro de votos, sem a necessida-de do partido ir bem nas urnas, como ocorre atualmente. “Se fosse este sistema, a Luciana Genro (PSOL) estaria eleita”, observa. Em relação ao resul-tado da pesquisa, Ana Amélia Lemos limita-se a dizer que, no sistema distrital puro, o poder econômico iria atuar mais in-tensamente na região.
PAUlO PAIM (PT)
Petista diz que modelo já é realidade
Para o senador Paulo Paim (PT), a pesquisa não reflete apenas o pensamento de mui-tos eleitores. Ele acredita que o voto distrital é “praticamen-te uma realidade”, pois seriam muito poucos os parlamentares que já não contam com uma base eleitoral forte em determi-nada área do Estado. “O que a pesquisa reflete é um fator re-al criado pela população”, ava-lia. Quando questionado sobre sua opinião pessoal a respei-to do voto distrital puro, Paim demonstra ter restrições à pro-posta. “Sou mais simpático ao sistema misto. É preciso ter parlamentar do Estado. Um deputado distrital pode até ter uma visão do todo, mas, na dú-vida, sempre vai por seu distri-to em primeiro lugar”, opina.
PEdRO SIMON (PMdB)
Parlamentar diz que há dificuldades
O senador Pedro Simon (PMDB) concorda com a im-portância da pesquisa e con-sidera bom o modelo distri-tal puro. Mas vê problemas em sua implantação. “Como se poderia organizar os distritos? Quem vai fazer essa divisão? O TRE (Tribunal Regional Elei-toral)?”, questiona. O senador reconhece que o sistema po-de ganhar maior respeitabili-dade e cita como exemplo as eleições nos Estados Unidos. Mas acredita que a implanta-ção de um modelo semelhante no Brasil precisa ser bem dis-cutida. Além da divisão dos distritos, ele observa que até mesmo o financiamento das campanhas eleitorais deve ser definido. “Vai ser verba públi-ca ou aberta?”, pergunta.
O eleitor pode ficar confuso com as diferentes definições que surgem no
debate sobre reforma política. Por-tanto, é válido esclarecer. O voto dis-
trital puro é um sistema de eleição de parlamentares (deputados e ve-readores), no qual o candidato con-
corre para representar uma deter-minada região dentro de um Estado
ou de um município. Ele é eleito pelo voto majoritário (maioria simples) e
não pelo sistema proporcional (leva-se em conta a votação do partido)
como ocorre atualmente. O siste-ma misto reúne as características do
modelo de eleição atual (candidato concorre em todo o Estado ou mu-nicípio e se elege pelo voto propor-cional) com o modelo distrital. São eleitos representantes de distritos
e representantes de todo o municí-pio ou Estado. No caso do “distritão”,
os Estados se transformam em dis-tritos. E os candidatos – concorrem em toda a unidade da Federação –
são eleitos por voto majoritário.
Para entender as DIfERENTES PROPOSTAS SAIBA MAIS
MAURO BlANkENhEIM
As duas propostas encaminha-das pela comissão da Reforma
Política do Senado à CCJ foram justamente o distritão e o voto em lista, que acabaram sendo descartados. No voto em lista, para quem não sabe, o eleitor
estará limitado a aceitar ou a re-cusar uma lista de candidatos
definida previamente pelos dife-rentes partidos. É o voto no par-
tido e não na pessoa.
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pela concepção da marca, “a meta foi passar sentimento de brasilidade que remetesse ao engajamento dos jovens eleito-res e que a causa do voto distri-tal será benéfica para o País”.
De acordo com Fangueiro, a fonte escolhida para a chamada traduz a pureza e a legitimida-de da manifestação popular.
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