Brecha Digital e Arquitetura da Informação Digital: estudo...
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1 – WAPOR Colômbia 2012
Brecha Digital e Arquitetura da Informação Digital: estudo de novas perspectivas para
o fenômeno das desigualdades do mundo em rede.
Cristian Berrío Zapata Ricardo Cesar Gonçalves Sant'Ana
Silvana Ap. B. Gregorio Vidotti
Apresenta-se neste artigo a análise da brecha digital, utilizando os conceitos de Arquitetura da Informação (AI) e Arquitetura da Informação Digital (AID), como meio para contextualizar os elementos intangíveis de cultura, discurso e poder que habitam o olhar dominante sobre este fenômeno. Baseando-se nos textos de McLuhan sobre mídias e na visão de Foucault sobre o poder, colocam-se em debate as características da web que sob uma perspectiva baseada na AID, mídia e poder, podem ter impacto sobre o conceito brecha digital. Incluem-se aspectos de uma brecha digital de segunda ordem. Como conclusão apresenta-se uma alternativa conceitual com o intuito de auxiliar o entendimento sobre a brecha digital. O uso da AID e a análise crítica, pode desmitificar a brecha digital como instrumento de poder, identificando e quebrando o discurso dogmático implícito, e gerando uma proposta de pesquisa alternativa não tradicional. Palavras chave: Tecnologias de Informação e Comunicação, Internet, Web, poder, mídia, Foucault, McLuhan, informação.
This paper presents an analysis of the digital divide, using the concepts of information architecture (IA) and digital information architecture (DIA) as a means to contextualize the intangible elements of culture, discourse and power that inhabit the dominant view on this phenomenon. Based on the writings of McLuhan about media and the vision of Foucault on power, we put into debate the characteristics of the Web that under a perspective based on DIA, the media and power, may have impact on the concept of digital divide. Second level digital divide aspects are included. As a conclusion, we present a conceptual alternative in order to assist the understanding of the digital divide. The use AID and critical analysis, as a tool that can demystify the digital divide as an instrument of power, identifying and breaking the evangelizing speech implied, and generating a fresh non-traditional research proposal. Keywords: Information and Communication Technologies, Internet, Web, power, media, Foucault, McLuhan, information.
Depois de quase cinquenta anos de desenvolvimento do mundo em rede, o século XXI
inicia com a consolidação da tendência de avanço da cibersociedade, e interrogações sobre os
benefícios e custos da revolução informática. Desde 1996, a preocupação da presidência
Clinton & Gore com a geração de lacunas no acesso às Tecnologias de Informação e
Comunicação (TIC) entre os cidadãos, gerou o conceito de brecha digital (Clinton & Gore,
1996). O debate tem uma dinâmica cuja direção vai do norte ao sul e do centro a periferia. Os
governos dos países em desenvolvimento tem acatado o chamado para aderir ao projeto da
Sociedade da Informação, de forma entusiástica, mas também simplista e acrítica (Barzilai-
Nahon, 2006; OCDE, 2010); dificultado pelas infraestruturas limitadas, recursos humanos
escassos e grandes desigualdades sociais (Amézquita Quintana, 2009; Stats, 2011; Sunkel,
2006).
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Nem sempre os efeitos da aplicação das TIC são benéficos (Barrera-Osorio & Linden,
2009; E. Brynjolfsson, 1993; Erik Brynjolfsson & Hitt, 1998; Castells, 1997; Levy, 1999), e
ainda há muito que se compreender sobre a forma com que o desenvolvimento informacional
afeta as comunidades periféricas da globalização. Este documento propõe o conceito de
Arquitetura da Informação Digital, como base para esquematizar e organizar os fenômenos
que acontecem no processo de apropriação social das Tecnologias da Informação e
Comunicação (TIC) nestas populações, em que os pressupostos históricos e culturais das
sociedades que criam a tecnologia informática não estão presentes. As metrópoles
tecnológicas examinam o problema a partir do paradigma dominante (industrial, moderno,
urbano e ocidental) enquanto a periferia global percorre terra incógnita. Os caminhos destes
contextos periféricos são distintos, e poderiam ser traçados por suas próprias necessidades e
olhares particulares.
Mas parece existir confusão entre apropriação tecnológica e assimilação sociocultural,
fenômenos muito próximos. O que esta acontecendo nas comunidades periféricas, é um
mistério porque essas sociedades não geram muita pesquisa crítica sobre os efeitos colaterais
da apropriação digital, e seus resultados no projeto da sociedade da informação são ainda
insuficientes (CEPAL, 2010).
Dentro deste panorama, a definição de brecha digital é utilizada como base das
múltiplas políticas da inclusão digital na periferia, sem muita análise dos seus antecedentes e
conotações. Parece existir um relacionamento forte entre este conceito, e a visão unificadora
da ilustração, associada no enciclopedismo e a civilização vitoriana. A ilustração, histórica e
ideologicamente, representou o acréscimo simultâneo e proporcional da capacidade técnica de
atuar sobre as coisas, os indivíduos, e as suas relações (Foucault, 1994). Esperava-se que os
poderes incubados dentro das tecnologias criadas nestas sociedades dominantes, seriam
levados aos povos do contexto periférico transformando-os, em busca de um padrão desejável
e produtivo. Mas o projeto civilizador moderno já fracassou outras vezes, vitima das
complexidades próprias de tentar naturalizar categorias das sociedades dominantes dentro das
comunidades periféricas, e o ônus sempre coube ao lado mais frágil.
Esta análise não pretende desconsiderar a força transformadora benéfica da tecnologia
informacional digital. É, antes, uma incitação a ler detrás das linhas do discurso sócio-técnico,
os elementos conotados de cunho ideológico e as diferentes dimensões afetadas (político,
cultural, econômico) por eles. Assim será possível reconhecer riscos e avaliar custos. É um
convite para uma apropriação crítica das Tecnologias da Informação e Comunicação, a partir
da natureza distinta e heterogênea dos povos da periferia tecnológica.
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Conceitos e preconceitos sobre Arquitetura e Arquitetura da Informação
O conceito Arquitetura tem uma dimensão física, que mostra só a ponta do iceberg da
sua natureza: a riqueza conceitual e cultural embebida nas suas estruturas, técnicas e
materiais. A arquitetura, mais que resguardar os homens das intempéries, é uma organização
dos seus códigos culturais e sua posição crítica frente ao natural, concretizada pelo intermédio
das técnicas de construção. É um meio de transmissão de informações com o qual o homem
vem dando sua medida aos territórios que ocupa (Duarte, 1997).
A Arquitetura da Informação é uma composição que organiza signos sob estruturas
convencionais (representações, classificações, indexações, assuntos, resumos, relevância),
corporificada numa disposição técnica (livros, bibliotecas, arquivos, redes, computadores,
bases de dados). Hoje, para a sociedade ocidental dos Mass Media, as TIC ou New Media,
representam a variante tecnológica que se pode denominar como Arquitetura da Informação
Digital (AID). A Ciência da Computação tomou o conceito da arquitetura, para conceituar as
tipologias das estruturas de hardware, software e conectividade. Poderosa e plástica, a AID dá
a impressão de ocupar todo o horizonte. Para as novas gerações, ela se apresenta atemporal,
universal e avassalante, esgotando todas as outras Arquiteturas Informacionais por sua
filiação com a força tecnológica, científica, industrial e econômica. Generalizou-se a
equivalência do termo tecnologia com tecnologia informática (o que não tem um computador
de luzes cintilantes não é tecnologia), e os meios elétricos foram absorvidos pelos meios
digitais (o telefone, a radio, e ultimamente a TV agora são empacotados digitalmente). A AID
gera o sentimento de urgência universalizante, e põe um velo sobre os discursos nela contidos.
Depois da I Guerra Mundial, como resposta a urgência tecnológica e estratégica dos
países desenvolvidos, se instituíram os domínios da Ciência da Computação e da Ciência da
Informação (McCrank, 2001), inserindo nas arquiteturas da informação uma essência
industrial e mecanicista. As experiências empíricas com aplicações informáticas fizeram
surgir críticas daqueles que defendiam uma abordagem mais abrangente e complexa
(Checkland, 1999; Davenport, 1999). A Ciência da Informação percorre um caminho similar
por conta das questões inerentes aos conceitos da informação, sua natureza e seu sentido
(Borko, 1968; Ilharco, 2003; Saracevic, 1995).
O termo Arquitetura da Informação foi cunhado por Wurman em 1976 a se referir a
uma ‘estrutura’ ou ‘mapa de informação’, que permite as pessoas/usuários encontrar seus
caminhos para a construção de conhecimentos em ambientes informacionais (Wurman, 1996).
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O conceito de Arquitetura da Informação ficou fortemente envolvido com o projeto de
ambientes informacionais da Web, no tocante aos processos de organização, navegação,
busca, rotulagem, representação, acessibilidade e usabilidade (Rosenfeld & Morville, 1998,
2002, 2006). Vidotti, Cusin e Corradi (Vidotti, Cusin, & Corradi, 2008) p. 182, ampliam as
definições de Rosenfeld & Morville e apresentam a seguinte definição:
“A Arquitetura da Informação enfoca, a organização de conteúdos informacionais e as formas de armazenamento e de preservação (sistemas de organização), a representação, a descrição e a classificação (sistema de rotulagem, metadados, tesauro, vocabulário controlado), e a recuperação (sistema de busca) objetivando a criação de um sistema de interação (sistema de navegação) no qual o usuário deve interagir facilmente (usabilidade), com autonomia no acesso e uso do conteúdo (acessibilidade), no ambiente hipermídia informacional digital”.
Porém, foram incluídos elementos além da técnica: estratégia, negociação, conflito
(Eschenfelder, 2003), o conceito de ecossistema (Davenport, 1999; Resmini & Rosati, 2011) e
a visão de complexidade (Berrío-Zapata, 2005; Burford, 2011).
Por ser uma disciplina considerada nova e atual, mudanças de perspectiva são
recentes, e habitam as discussões acadêmicas. Na prática, o olhar mecanicista domina a vida
cotidiana dos sistemas de informação organizacionais (Burford, 2011). Existe uma
permanente confusão entre as estruturas instrumentais informáticas e as estruturas
informacionais onde “sistema informático=sistema de informação”; um divorcio do técnico e
o social, o que cria a polarização entre tecnodeterminismo e sociodeterminismo (Njålsson,
2005). A tendência tecnodeterminista prima, porque é o tangível do fenômeno, aquilo mais
impulsionado pelo sistema econômico. Mas a expansão permanente dos sistemas digitais e
seu papel central na sociedade global, faz que os inconvenientes do olhar tecnodeterminista
desabrochem. Desde o ponto de vista do usuário, a arquitetura da informação digital gera
frustração, desperdício, e impossibilidades. Os usuários/internautas muitas vezes ficam
perdidos quase a metade do tempo frente à tela do computador a procura de informações,
produto de interfaces confusas e decepcionantes (Lazar, Bessiere, Ceaparu, Robinson, &
Shneiderman, 2003). E do ponto de vista da cobertura, mesmo considerando as melhoras, as
TIC ainda estão sujeitas a problemas do acesso e impacto (Euromonitor, 2011). O resultado
final é a falta do aproveitamento ou impossibilidade do uso dos sistemas digitais, de parte
considerável da população: a denominada brecha digital.
Nesta situação, como pode o conceito de Arquitetura ser útil para entender melhor a
brecha digital? A hipótese deste trabalho é que parte do problema está no conceito em si
mesmo e nas suas conotações.
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Arquitetura, poder, meios e brecha digital.
O teórico francês Michel Foucault (1926-1984) estudou criticamente as instituições
sociais, e as relações entre poder, conhecimento e discurso. Suas ideias podem ser aplicadas
no conceito da arquitetura. O biopoder foi um conceito proposto por Foucault para explicar
os mecanismos de controle da sociedade desenvolvidos na transição entre a globalização
feudal e a globalização industrial (M. Foucault, 2008; M Foucault, 2008). O alvo era explicar
como uma força minoritária chamada governo podia manter o controle de uma força maior
como é o corpo social. Foucault pesquisou a historia das tecnologias de seguridade aplicadas
dentro da sociedade ocidental, através de estratégias gerais de poder.
Para Foucault, as novas tecnologias do poder surgem no século XVIII, para manter e
segurar a docilidade dos vários aspectos da vida dos cidadãos, dentro da ordem capitalista. O
soberano feudal exercia o poder sobre o território; o governo moderno o faz sobre a massa da
população na busca por criar autocontrole dentro de um ideal de vida naturalizado. A
governabilidade é construída por meio das experiências físicas e racionalidades que exercem
controle sobre a vida das pessoas. Um mecanismo é a biopolítica ou regulação econômica da
população; outro mecanismo é a anatomo-política, uma disciplina sobre os indivíduos,
baseada em escrutar os sujeitos, os seus comportamentos e corpos, fragmentando-os para
fazê-los dóceis. O biopoder é a arte de exercer poder sobre o corpo social em toda sua
extensão de vida, fisiológica, física e mental. Uma mostra dele são os espaços urbanísticos,
como a corporificarão das instituições dentro das cidades: a escola, a prisão, a fabrica, a
biblioteca, todas exercem uma disciplina sobre o corpo. As arquiteturas impõem uma
regulação das atividades e estabelecem ritmos, afinando os ciclos de ação (Foucault, 2000). O
poder do hábito regulariza os ciclos, fazendo deles paradigma, realidade ou verdade
(Bourdieu, 2000; Hodgson, 2002; Peirce, 1995)
O momento central da historia da repressão é a passagem da tecnologia de punição
para a tecnologia de vigilância, entre o século XVIII e o fim do século XIX (Foucault, 1979).
Foram grandes transformações institucionais; mudanças do regime político, econômico,
cognitivo, produtivo, social, cultural e tecnológico. A ciência ficou como órgão
importantíssimo para entender e controlar os elementos microscópicos que poderiam
viabilizar a vigilância. A estrutura do investimento privado no desenvolvimento tecnológico
se converteu numa das bases do sistema. A normalização estatística das ciências naturais e
sociais, da medicina à engenharia, da economia à psicologia, estruturaram formas de padrão e
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controle dos desvios da norma. A estrutura de poder da nossa sociedade tomou forma capilar.
Agora o poder procura os indivíduos, atinge seus corpos, se insere nos seus gestos, nas suas
atitudes, os seus discursos, a sua aprendizagem, a sua vida quotidiana (Foucault, 1979): é o
panorama também chamado sociedade das massas. O controle é reticulado e microscópico;
fica e atua em cada um dos detalhes da vida daqueles que o sofrem ou o exercitam; implanta e
liga os homens dentro do aparelho social e produtivo (Foucault, 1973).
A arquitetura gera uma disciplina sobre aqueles que a habitam, sob o modelo de
divisão do trabalho = divisão dos espaços e sob uma estrutura panóptica: uma estrutura que
isola o individuo e deixa-o sob um esquema de vigilância permanente, simplificada e
transparente (Bentham, Foucault, & Miranda, 1979). E da mesma forma que a arquitetura
urbana controla os corpos e rotinas, a Arquitetura da Informação tradicional impõe uma
disciplina nas mentes. Porém, a Arquitetura da Informação Digital pode se diferenciar, e
oferecer sua capacidade incrementada e automatizada de múltiplos caminhos a serem
percorridos pelos cidadãos, por via da interatividade. Segundo Lara Filho (Lara Filho, 2003)
p. 4,
“A arquitetura da informação [...] é um conjunto de procedimentos metodológicos e sua aplicação não visa criar uma camisa de força no conjunto da informação de um site. Aprisionar o hipertexto em organizações altamente estruturadas é não permitir escolhas. As especificidades e particularidades de cada caso podem ser mesmo determinantes no caminho a seguir. Cabe à arquitetura da informação balizar, sinalizar, indicar, sugerir, abrir possibilidades”.
Dentro da natureza assim como dentro da cidade, o homem precisa de elementos que
lhe permitam interatuar com o ambiente. Os meios são os intermediários entre o homem e os
ecossistemas biológicos (ambientes naturais não planejados pelos humanos) e as arquiteturas
(ambientes artificiais criados pelas sociedades). Os meios são as luzes que iluminam o
caminho; as arquiteturas são as ruas que nos guiam; os edifícios que permitem ou limitam
nosso andar. Pela magnitude da sociedade de massas, não se pode perceber a totalidade da
arquitetura em que estamos submersos, nem identificar as intencionalidades omnipresentes
nela. Assim, a arquitetura da informação digital, pode se comportar parcialmente como um
ecossistema. Os mesmos meios tem uma arquitetura que é complementar as teleologias e
tecnologias ditadas pela arquitetura-ambiente, através da qual eles interatuam.
Marshall McLuhan (1911-1980), pai dos estudos dos meios, definiu-os como uma
extensão fragmentada dos sentidos e o sistema nervoso. A fragmentação corresponde à
desarticulação dos diferentes sentidos e funções do corpo, cada uma atingida por meios
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específicos. Os meios tem a capacidade de amplificar os sentidos, o que cria um efeito de
entorpecimento ególatra da consciência do individuo e da sociedade. Eles sempre contem
outros meios, numa escala de inúmeras camadas que faz pouco significativo o conteúdo
embutido nelas. Os meios amputam uma parte das percepções, e assim, configuram e
controlam a escala da associação, memória e ação humana (McLuhan, 1995).
A tecnologia sempre afetou as qualidades dos meios, mas três mudanças foram
substanciais no seu desenvolvimento: a invenção do alfabeto e da escrita, a aparição da
imprensa ou Era do Gutemberg, e o aproveitamento da eletricidade ou Era da Eletricidade;
(McLuhan & Novella, 1998). O meio escrito deu durabilidade ao meio verbal, Gutenberg
facilitou a cultura da estandardização e a linha de montagem, e a eletricidade descentrou e
encolheu o mundo. A velocidade elétrica mudou todas as funções sociais e políticas juntas,
numa implosão que alterou a posição dos todos os grupos sociais, criando uma
interdependência orgânica viva entre as distintas comunidades arredor do globo (McLuhan &
Fiore, 1968). O meio elétrico escapa a nossa atenção como meio por sua intangibilidade, e por
sua potencia incrementa a narcose narcisista que não nos deixa ver as amputações que ele
produz. O conteúdo também funciona como distração, como a carne com a qual o ladrão
distrai o cão de guarda da mente, diz McLuhan. Os grandes elementos subliminais estão no
meio, não tanto no conteúdo. Os meios parecem ser parte de uma ordem natural, do beneficio
por seu jeito próprio. São agentes do fazer e não do refletir sobre o que se faz (McLuhan,
1995),
A recente hibridização dos meios agregou nova força a eles, e sua convergência
provocou novas órbitas da percepção e comunicação. Com os New Media é possível
armazenar e traduzir todo como sinal elétrico, sem problemas de velocidade. Seus fatores de
impacto social são a aceleração e a disrupção. A aparição dos New Media significou uma
cirurgia coletiva do corpo social sem ter o menor cuidado com a assepsia, fala McLuhan. Os
meios tornaram-se recursos naturais das sociedades, para a articulação do conhecimento
coletivo e a coordenação das habilidades. Com a abolição da dimensão espacial, as relações
interpessoais se modificaram na escala duma aldeia global, e fragmentos dos indivíduos e
sociedades foram expostos no domínio publico mundial. A estrutura dos meios reveste nossas
vidas de percepções artificiais e valores arbitrários, dentro de uma luta permanente entre a
privacidade individual e a necessidade do publico de se informar. A aceitação subliminal e
dócil dos meios os converteu em panópticos sem muros.
Para McLuhan, a aldeia global esta em guerra, na busca pela identidade sempre
ameaçada pelas inúmeras mudanças tecnológicas. É a questão da tecnologia da informação
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utilizada por uma tribo para moldar outra. A Era da Eletricidade inevitavelmente nos conduz
a um mundo mítico, e a saída é despertar desta irrealidade (McLuhan & Fiore, 1968). A
possibilidade de controlar os efeitos desta Era da Ansiedade é compreender as mudanças que
vivemos e seu desenvolvimento; mas entender os meios e uma guerra conosco (McLuhan,
1995; McLuhan & Fiore, 1996).
Os traços da diferenciação e identificação que os indivíduos estabelecem e articulam
para mover-se no tempo e espaço da comunidade, são intermediados pelos meios. Eles criam
uma práxis que inclui um sistema valorativo, que vai se naturalizando como ordem instituída.
Assim, estes traços se transformam em semioses conotadas, ideologias que desencadeiam
isotopias, estruturas que guiam as representações da uma sociedade (Ibri, 1992). A técnica
como parte de uma arquitetura e meios, é um modo de fazer, uma operação que possibilita a
interação simbólica e física entre o homem e sua obra. Ela se dá por meio de instrumentos que
estendem e adaptam as habilidades manuais á matéria com que se vai trabalhar. Novos
materiais redirecionam as discussões arquitetônicas, com a criação de novos elementos que se
tornam paradigma (Duarte, 1997). Arquiteturas e meios digitais, quando aplicadas em
comunidades ou organizações estranhas nas suas características de origem, colidem com elas
e produz mudanças que podem enfraquecer-les em distintos níveis (Erik Brynjolfsson & Hitt,
1998). Sobre esta base, a massificação e perda da identidade acontecem: os New Media
abservoem todas as capacidades já criticadas pela Escola de Frankfurt nos Mass Media
(Adorno & Horkheimer, 2002; Benjamin, 1973; Marcuse, 1998).
A combinação das ideias de Foucault e McLuhan sugere uma outra hipótese: a brecha
digital, mais que um problema de acesso a ambientes informacionais digitais, é uma colisão
de mundos, de um ordem em expansão e outro em retirada, dos ambientes informacionais
digitais global e local, de culturas “quentes” e “frias” (M. McLuhan & Pignatari, 1969).
Brecha Digital e o discurso contido na Arquitetura de Informação Digital AID
O conceito de Brecha Digital parece ter se banalizado sob olhares que enfatizam o aceso
à infraestrutura sem considerar suas conotações, assumindo a neutralidade dos instrumentos
(Barzilai-Nahon, 2006; Moreira, 2008). A brecha digital precisa se resignificar, o que implica
abandonar a presunção dos paradigmas da sociedade ocidental como uma ordem superior. De
outra forma as TIC se transformam em uma evangelização. O fenômeno tem um polo tangível
e outro intangível; uma componente digital e outro físico, complementares por oposição e de
limites difusos (figura 1). Assim, mesmo, dentro da arquitetura da informação digital,
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também se criam brechas, mais sutis e complexas.
A usabilidade é ergonômica
mas também econômica, social,
cultural, política e histórica. Uma
arquitetura da informação digital
tem que ser economicamente
viável, estruturalmente possível e
socioculturalmente aceitável
(Kenny, 2002). A usabilidade é
um dos micropoderes da
arquitetura da informação que se
não é negociado no seu
significado, se torna disciplina
alienante. A arquitetura da
informação digital foi criada para
aumentar as capacidades intelectuais de uma elite cientista e profissional (Bush, 1945;
Engelbart, 1962; Lévy, 2004), a serviço da economia de inovação pós-industrial capitalista,
nos tempos de conflito bélico permanente, aberto e tácito (Mattelart, 2002). Os territórios e
populações não atrativas para o sistema globalizador foram ignoradas ou marginalizadas do
sistema (Caravaca Barroso, 1997). Portanto, é necessário resignificar essa herança dentro dos
conceitos da informática e da Ciência da Informação: usabilidade, acessibilidade,
intuitividade, relevância, contexto, indexação, acervo, documento, texto e utilidade, por
exemplo. Uma característica típica das sociedades de massas é naturalizar suas
representações, mitificando e desqualificando qualquer outra representação através da
racionalidade técnica (Barthes, 1967, 2001). A brecha é em parte produto da nossa
incapacidade para articular visões distintas das nossas, na criação tecnológica de estruturas de
representação heterogêneas e saberes inclusivos. Na heterogeneidade dos discursos
arquitetônicos, pode estar à esperança de se obter uma negociação de significado em vez de
uma absorção sociocultural.
A Arquitetura da Informação Digital é impulsionada pelos interesses de grandes atores
corporativos e governos, que conotam estruturas de sentido interessadas por meio da sua
capacidade de desenho e controle técnico. O sistema classificatório hipermediático é a
reticula do poder que ministra ao usuário, e o disciplina por via do rastreamento das pegadas
digitais. O sistema classificatório de mercado, o complementa. Os usuários sem condições
Figura 1: Brecha digital tradicional. Elaboração própria.
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básicas de consumo dos equipamentos, conexão, ou capacidades técnicas e educativas, são
penalizados com custos incrementados, em estruturas como telecentros ou sistemas de
computação e internet social, tecnicamente e logisticamente fracos. A brecha digital é em
parte amostra de uma dinâmica de poder que coisifica os usuários, com base na sua utilidade
econômica e política. È necessário visibilizar os interesses por trás dos conceitos da inclusão,
limitação, exclusão e inexistência digital. Assim, resgata-se o ideal de Wurman no contexto
da Arquitetura da Informação em que as informações devem ser reunidas, organizadas e
apresentadas de diferentes formas para públicos distintos.
Ambientes Informacionais Digitais e a brechas informacionais emergentes
Os problemas da interação entre os usuários e os ambientes informacionais digitaissão
tão variados como suas facetas (figura 2). Dificuldades de usabilidade e intuitividade com o
publico geral (Lazar, et al., 2003) e em especial com os usuários deficientes (Torres, Soares,
Spelta, & Queiroz, 2011); limitações na democratização dos mercados (Kucuk, 2009);
confusão pela mudança dos esquemas de aprendizagem ubíquo (Cope & Kalantzis, 2008);
dificuldades na construção das comunidades de usuários (Cohill & Director, 2000); limitações
Figura 2: Colisão dos ambientes informacionais local e global dentro do espaço digital. Elaboração própria.
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na geração de espaços culturais nacionais (Gorny, 2006) e das etnias minoritárias (Srinivasan,
2007); manipulação da informação, restrição e propaganda (Alexander, 2003); limitações do
Open Access (Willinsky, 2002); custos cognitivos e elitização (Brockman, 1996; Bucy &
Newhagen, 2004; Cooke & Greenwood, 2008); política publica simplista, de base
reducionista ou não centrada no cidadão (Mofleh, Wanous, & Strachan, 2008; Shin, 2009);
problemas semióticos e de expressão linguística (Boden, 2009; Summers & Summers, 2005);
exclusão por conta da idade, gênero, uso e costume (Chadwick-Dias, Bergel, & Tullis, 2007;
Kurniawan & Zaphiris, 2003; Medhi, Gautama, & Toyama, 2009); viabilização do acesso à
informação privilegiada e seguridade dos dados (Germain, 2007).
��O problema não termina quando o acesso é conquistado e a banda larga gratuita
conecta os computadores. As particularidades dos usuários criam uma estrutura irregular de
lacunas, micro brechas digitais emergentes ou de segunda ordem (Hargittai, 2002). Cada uma
destas lacunas representa inabilidades, incapacidades, ou inexistências dentro do contexto
digital. São reflexo de uma lógica de poder alimentada pela ditadura do mercado e a
homogeneização política que reduz a flexibilidade do uso dos ambientes informacionais
digitais. São series de vazios entre a interface dos ambientes informacionais digitais e o tecido
social; um padrão irregular no
tempo e espaço, uma estrutura de
“queijo gruyère” (figura 3) que
dentro da orbita digital, questiona
o impacto liberador desses
ambientes, e silenciosamente
fortalece suas capacidades de
massificação e alienação. As
brechas da qualidade de acesso,
autonomia dos usuários,
alfabetismo informático, suporte
social e alvos do uso (DiMaggio,
Hargittai, Celeste, & Shafer,
2004), estão unidos aos
problemas da gestão política, sociocultural e econômica (Warschauer, 2004). Os fenômenos
da usabilidade e intuitividade metamorfoseiam em uma brecha do conhecimento (Spool,
2005), onde se misturam com discursos de poder, ideologias, sistemas econômicos e culturas.
Este fenômeno dentro dos espaços digitais da periferia é aumentado pelas particularidades que
Figura 3: Lacunas digitais dentro da AID. Elaboração própria.
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os diferenciam das metrópoles tecnológicas.
Conclusão: a desmistificação da brecha digital através da análise crítica
O conceito Brecha Digital, é uma construção política nascida da preocupação do
governo Clinton & Gore, pela integração da sociedade dos EUA com a tecnologia informática
e das redes, como meio para manter a supremacia tecnológica, política e econômica. Essa
preocupação, na medida em que o projeto da globalização avançou, se fez mundial e marcou o
ideal da Sociedade da Informação. A brecha digital é a nêmese da Sociedade da Informação,
porem a base dos programas e políticas do mundo periférico, em que foi naturalizada como
um conceito neutro e progressista. A nova interdependência eletrônica recriou o mundo como
uma aldeia global, e as tribos mais fortes, em nome do progresso, forçam uma apropriação
urgente e inquestionável dos elementos visíveis de um ambiente informacional digital.
Embora, uma avaliação a partir da perspectiva da análise critica de Foulcault e os conceitos
sobre meio de McLuhan, visibilizam os elementos ideológicos presentes.
A America Latina, como parte da periferia global, é exemplo do crescimento digital
irrefletido. A região é líder mundial em desenvolvimento da penetração Web e da utilização
das redes sociais, mas não se tem a menor ideia dos benefícios ou custos dos trade-offs
implicados, nem suas irreversibilidades. Só se percebe intuitivamente, entre o efeito
entorpecedor dos meios digitais, as mudanças rápidas e massivas, e o bombardeio do
marketing, o acréscimo da superficialidade, os problemas da perda de privacidade, da
autenticidade do sujeito, a cognição empobrecida e um sentimento de solidão acompanhada
(Turkle, 2004, 2011). Os amigos de bairro, aqueles com que jogaremos bola, foram trocados
pela lista de contatos globais do Facebook. Vivemos na Era da Ansiedade como falara
McLuhan, e não é fácil entender porque o problema dos custos encobertos das TIC e do
projeto da sociedade digital regional, não é exposto publicamente para seu debate1. Se o
ambiente informacional digital é produto para o desenvolvimento humano, isso não pode se
medir pelo grau de assimilação dos modelos das metrópoles dominantes (Berrío Zapata, 2012;
Marzal, 2009).
A hipótese de trabalho sobre a ideologização dos conceitos associados com a
Arquitetura da Informação para o projeto e desenvolvimento de ambientes informacionais
digitais, esta baseada nas apreciações do Roland Barthes sobre conotação e mitificação
1 Michael Gurstein da uma resposta inicial: é um problema de interesses econômicos e comerciais dos grandes fornecedores de infraestrutura digital (Gurstein, 2003)
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(Barthes, 2001): conceitos como TIC, Web, ciberespaço e brecha digital foram mitificados, e
por via da conotação, foram se naturalizado e se tornaram parte do contexto. Só assim se
explica o fenômeno paradoxal da Era Digital: as populações majoritárias na esfera física são
minoritárias na esfera digital (figuras 1 e 2). Para evitar os efeitos alienantes do mito digital,
para conquistar um território informacional onde à usabilidade este garantida para as minorias
digitais (que são as maiorias mundiais), é necessário deconstruir estes conceitos e visibilizar
os biopoderes que os habitam, e assim tomar decisões com conhecimento de causa. Esse é o
alvo que propõe este trabalho, especificamente no caso da brecha digital. O inicio é esta
reflexão sobre a arquitetura, como representação que facilita entender a força estruturante
das TIC em nossas sociedades.
Os ambientes informacionais digitais representados pela Internet e a Web, foram
introduzidos na América Latina a pouco tempo. A região, herdeira dos impérios feudais
espanhol e português, ficou a parte do processo de construção da ordem industrial imposta
pela era vitoriana e o século das luzes, não participando do desenvolvimento destas
tecnologias, mesmo que como receptor, e suas sociedades, de perfil autoritário e afastadas da
orbita acadêmica e tecnológica, se incluíram no projeto da sociedade da informação sem a
devida análise crítica (Berrío-Zapata, Jorente, & Sant'Ana, 2012). O advento das TIC é uma
colição de ambientes informacionais digitais, quentes e frios; das comunidades grafocéntricas
e orais; das sociedades pós e pre industriais. Não se minimizam os efeitos benéficos dos New
Media, mas se convida para uma reflexão critica sobre eles e sobre a nossa identidade.
Assim, a investigação das Tecnologias de Informação e Comunicação no âmbito da
Ciência da Informação objetiva o desenvolvimento da sociedade da informação de modo a
contribuir com melhorias de acesso à informação e à construção do conhecimento individual e
coletivo. Neste contexto, para Santos e Vidotti (Santos & Vidotti, 2009), p.6,
“A Ciência da Informação deveria ter ou criar mais espaços de investigação que permitam a compreensão das Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC’s) para a potencialização de competências informacionais, para a criação de arquiteturas informacionais e computacionais mais inclusivas, para a conceituação de usos da informação em ambientes informacionais digitais para a aprendizagem de metalinguagens e para a representação da informação.”
Finalizando, acredita-se que a Arquitetura da Informação digital aplicada no projeto e
desenvolvimento de ambientes informacionais da Web, por considerar em sua estrutura
fundamental a relação entre conteúdo, contexto e usuário, pode conduzir melhor o usuário às
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informações desejadas e tornar o acesso a elas mais eficaz e preciso, com o planejamento e a
organização virtual da informação digital que facilita a construção e navegação neste sistema
hipertextual, considerando o contexto social, cultural, educacional, político e econômico do
usuário.
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