Brecha Digital e Arquitetura da Informação Digital: estudo...

17
1 – WAPOR Colômbia 2012 Brecha Digital e Arquitetura da Informação Digital: estudo de novas perspectivas para o fenômeno das desigualdades do mundo em rede. Cristian Berrío Zapata Ricardo Cesar Gonçalves Sant'Ana Silvana Ap. B. Gregorio Vidotti Apresenta-se neste artigo a análise da brecha digital, utilizando os conceitos de Arquitetura da Informação (AI) e Arquitetura da Informação Digital (AID), como meio para contextualizar os elementos intangíveis de cultura, discurso e poder que habitam o olhar dominante sobre este fenômeno. Baseando-se nos textos de McLuhan sobre mídias e na visão de Foucault sobre o poder, colocam-se em debate as características da web que sob uma perspectiva baseada na AID, mídia e poder, podem ter impacto sobre o conceito brecha digital. Incluem-se aspectos de uma brecha digital de segunda ordem. Como conclusão apresenta-se uma alternativa conceitual com o intuito de auxiliar o entendimento sobre a brecha digital. O uso da AID e a análise crítica, pode desmitificar a brecha digital como instrumento de poder, identificando e quebrando o discurso dogmático implícito, e gerando uma proposta de pesquisa alternativa não tradicional. Palavras chave: Tecnologias de Informação e Comunicação, Internet, Web, poder, mídia, Foucault, McLuhan, informação. This paper presents an analysis of the digital divide, using the concepts of information architecture (IA) and digital information architecture (DIA) as a means to contextualize the intangible elements of culture, discourse and power that inhabit the dominant view on this phenomenon. Based on the writings of McLuhan about media and the vision of Foucault on power, we put into debate the characteristics of the Web that under a perspective based on DIA, the media and power, may have impact on the concept of digital divide. Second level digital divide aspects are included. As a conclusion, we present a conceptual alternative in order to assist the understanding of the digital divide. The use AID and critical analysis, as a tool that can demystify the digital divide as an instrument of power, identifying and breaking the evangelizing speech implied, and generating a fresh non-traditional research proposal. Keywords: Information and Communication Technologies, Internet, Web, power, media, Foucault, McLuhan, information. Depois de quase cinquenta anos de desenvolvimento do mundo em rede, o século XXI inicia com a consolidação da tendência de avanço da cibersociedade, e interrogações sobre os benefícios e custos da revolução informática. Desde 1996, a preocupação da presidência Clinton & Gore com a geração de lacunas no acesso às Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC) entre os cidadãos, gerou o conceito de brecha digital (Clinton & Gore, 1996). O debate tem uma dinâmica cuja direção vai do norte ao sul e do centro a periferia. Os governos dos países em desenvolvimento tem acatado o chamado para aderir ao projeto da Sociedade da Informação, de forma entusiástica, mas também simplista e acrítica (Barzilai- Nahon, 2006; OCDE, 2010); dificultado pelas infraestruturas limitadas, recursos humanos escassos e grandes desigualdades sociais (Amézquita Quintana, 2009; Stats, 2011; Sunkel, 2006).

Transcript of Brecha Digital e Arquitetura da Informação Digital: estudo...

1 – WAPOR Colômbia 2012

Brecha Digital e Arquitetura da Informação Digital: estudo de novas perspectivas para

o fenômeno das desigualdades do mundo em rede.

Cristian Berrío Zapata Ricardo Cesar Gonçalves Sant'Ana

Silvana Ap. B. Gregorio Vidotti

Apresenta-se neste artigo a análise da brecha digital, utilizando os conceitos de Arquitetura da Informação (AI) e Arquitetura da Informação Digital (AID), como meio para contextualizar os elementos intangíveis de cultura, discurso e poder que habitam o olhar dominante sobre este fenômeno. Baseando-se nos textos de McLuhan sobre mídias e na visão de Foucault sobre o poder, colocam-se em debate as características da web que sob uma perspectiva baseada na AID, mídia e poder, podem ter impacto sobre o conceito brecha digital. Incluem-se aspectos de uma brecha digital de segunda ordem. Como conclusão apresenta-se uma alternativa conceitual com o intuito de auxiliar o entendimento sobre a brecha digital. O uso da AID e a análise crítica, pode desmitificar a brecha digital como instrumento de poder, identificando e quebrando o discurso dogmático implícito, e gerando uma proposta de pesquisa alternativa não tradicional. Palavras chave: Tecnologias de Informação e Comunicação, Internet, Web, poder, mídia, Foucault, McLuhan, informação.

This paper presents an analysis of the digital divide, using the concepts of information architecture (IA) and digital information architecture (DIA) as a means to contextualize the intangible elements of culture, discourse and power that inhabit the dominant view on this phenomenon. Based on the writings of McLuhan about media and the vision of Foucault on power, we put into debate the characteristics of the Web that under a perspective based on DIA, the media and power, may have impact on the concept of digital divide. Second level digital divide aspects are included. As a conclusion, we present a conceptual alternative in order to assist the understanding of the digital divide. The use AID and critical analysis, as a tool that can demystify the digital divide as an instrument of power, identifying and breaking the evangelizing speech implied, and generating a fresh non-traditional research proposal. Keywords: Information and Communication Technologies, Internet, Web, power, media, Foucault, McLuhan, information.

Depois de quase cinquenta anos de desenvolvimento do mundo em rede, o século XXI

inicia com a consolidação da tendência de avanço da cibersociedade, e interrogações sobre os

benefícios e custos da revolução informática. Desde 1996, a preocupação da presidência

Clinton & Gore com a geração de lacunas no acesso às Tecnologias de Informação e

Comunicação (TIC) entre os cidadãos, gerou o conceito de brecha digital (Clinton & Gore,

1996). O debate tem uma dinâmica cuja direção vai do norte ao sul e do centro a periferia. Os

governos dos países em desenvolvimento tem acatado o chamado para aderir ao projeto da

Sociedade da Informação, de forma entusiástica, mas também simplista e acrítica (Barzilai-

Nahon, 2006; OCDE, 2010); dificultado pelas infraestruturas limitadas, recursos humanos

escassos e grandes desigualdades sociais (Amézquita Quintana, 2009; Stats, 2011; Sunkel,

2006).

2 – WAPOR Colômbia 2012

Nem sempre os efeitos da aplicação das TIC são benéficos (Barrera-Osorio & Linden,

2009; E. Brynjolfsson, 1993; Erik Brynjolfsson & Hitt, 1998; Castells, 1997; Levy, 1999), e

ainda há muito que se compreender sobre a forma com que o desenvolvimento informacional

afeta as comunidades periféricas da globalização. Este documento propõe o conceito de

Arquitetura da Informação Digital, como base para esquematizar e organizar os fenômenos

que acontecem no processo de apropriação social das Tecnologias da Informação e

Comunicação (TIC) nestas populações, em que os pressupostos históricos e culturais das

sociedades que criam a tecnologia informática não estão presentes. As metrópoles

tecnológicas examinam o problema a partir do paradigma dominante (industrial, moderno,

urbano e ocidental) enquanto a periferia global percorre terra incógnita. Os caminhos destes

contextos periféricos são distintos, e poderiam ser traçados por suas próprias necessidades e

olhares particulares.

Mas parece existir confusão entre apropriação tecnológica e assimilação sociocultural,

fenômenos muito próximos. O que esta acontecendo nas comunidades periféricas, é um

mistério porque essas sociedades não geram muita pesquisa crítica sobre os efeitos colaterais

da apropriação digital, e seus resultados no projeto da sociedade da informação são ainda

insuficientes (CEPAL, 2010).

Dentro deste panorama, a definição de brecha digital é utilizada como base das

múltiplas políticas da inclusão digital na periferia, sem muita análise dos seus antecedentes e

conotações. Parece existir um relacionamento forte entre este conceito, e a visão unificadora

da ilustração, associada no enciclopedismo e a civilização vitoriana. A ilustração, histórica e

ideologicamente, representou o acréscimo simultâneo e proporcional da capacidade técnica de

atuar sobre as coisas, os indivíduos, e as suas relações (Foucault, 1994). Esperava-se que os

poderes incubados dentro das tecnologias criadas nestas sociedades dominantes, seriam

levados aos povos do contexto periférico transformando-os, em busca de um padrão desejável

e produtivo. Mas o projeto civilizador moderno já fracassou outras vezes, vitima das

complexidades próprias de tentar naturalizar categorias das sociedades dominantes dentro das

comunidades periféricas, e o ônus sempre coube ao lado mais frágil.

Esta análise não pretende desconsiderar a força transformadora benéfica da tecnologia

informacional digital. É, antes, uma incitação a ler detrás das linhas do discurso sócio-técnico,

os elementos conotados de cunho ideológico e as diferentes dimensões afetadas (político,

cultural, econômico) por eles. Assim será possível reconhecer riscos e avaliar custos. É um

convite para uma apropriação crítica das Tecnologias da Informação e Comunicação, a partir

da natureza distinta e heterogênea dos povos da periferia tecnológica.

3 – WAPOR Colômbia 2012

Conceitos e preconceitos sobre Arquitetura e Arquitetura da Informação

O conceito Arquitetura tem uma dimensão física, que mostra só a ponta do iceberg da

sua natureza: a riqueza conceitual e cultural embebida nas suas estruturas, técnicas e

materiais. A arquitetura, mais que resguardar os homens das intempéries, é uma organização

dos seus códigos culturais e sua posição crítica frente ao natural, concretizada pelo intermédio

das técnicas de construção. É um meio de transmissão de informações com o qual o homem

vem dando sua medida aos territórios que ocupa (Duarte, 1997).

A Arquitetura da Informação é uma composição que organiza signos sob estruturas

convencionais (representações, classificações, indexações, assuntos, resumos, relevância),

corporificada numa disposição técnica (livros, bibliotecas, arquivos, redes, computadores,

bases de dados). Hoje, para a sociedade ocidental dos Mass Media, as TIC ou New Media,

representam a variante tecnológica que se pode denominar como Arquitetura da Informação

Digital (AID). A Ciência da Computação tomou o conceito da arquitetura, para conceituar as

tipologias das estruturas de hardware, software e conectividade. Poderosa e plástica, a AID dá

a impressão de ocupar todo o horizonte. Para as novas gerações, ela se apresenta atemporal,

universal e avassalante, esgotando todas as outras Arquiteturas Informacionais por sua

filiação com a força tecnológica, científica, industrial e econômica. Generalizou-se a

equivalência do termo tecnologia com tecnologia informática (o que não tem um computador

de luzes cintilantes não é tecnologia), e os meios elétricos foram absorvidos pelos meios

digitais (o telefone, a radio, e ultimamente a TV agora são empacotados digitalmente). A AID

gera o sentimento de urgência universalizante, e põe um velo sobre os discursos nela contidos.

Depois da I Guerra Mundial, como resposta a urgência tecnológica e estratégica dos

países desenvolvidos, se instituíram os domínios da Ciência da Computação e da Ciência da

Informação (McCrank, 2001), inserindo nas arquiteturas da informação uma essência

industrial e mecanicista. As experiências empíricas com aplicações informáticas fizeram

surgir críticas daqueles que defendiam uma abordagem mais abrangente e complexa

(Checkland, 1999; Davenport, 1999). A Ciência da Informação percorre um caminho similar

por conta das questões inerentes aos conceitos da informação, sua natureza e seu sentido

(Borko, 1968; Ilharco, 2003; Saracevic, 1995).

O termo Arquitetura da Informação foi cunhado por Wurman em 1976 a se referir a

uma ‘estrutura’ ou ‘mapa de informação’, que permite as pessoas/usuários encontrar seus

caminhos para a construção de conhecimentos em ambientes informacionais (Wurman, 1996).

4 – WAPOR Colômbia 2012

O conceito de Arquitetura da Informação ficou fortemente envolvido com o projeto de

ambientes informacionais da Web, no tocante aos processos de organização, navegação,

busca, rotulagem, representação, acessibilidade e usabilidade (Rosenfeld & Morville, 1998,

2002, 2006). Vidotti, Cusin e Corradi (Vidotti, Cusin, & Corradi, 2008) p. 182, ampliam as

definições de Rosenfeld & Morville e apresentam a seguinte definição:

“A Arquitetura da Informação enfoca, a organização de conteúdos informacionais e as formas de armazenamento e de preservação (sistemas de organização), a representação, a descrição e a classificação (sistema de rotulagem, metadados, tesauro, vocabulário controlado), e a recuperação (sistema de busca) objetivando a criação de um sistema de interação (sistema de navegação) no qual o usuário deve interagir facilmente (usabilidade), com autonomia no acesso e uso do conteúdo (acessibilidade), no ambiente hipermídia informacional digital”.

Porém, foram incluídos elementos além da técnica: estratégia, negociação, conflito

(Eschenfelder, 2003), o conceito de ecossistema (Davenport, 1999; Resmini & Rosati, 2011) e

a visão de complexidade (Berrío-Zapata, 2005; Burford, 2011).

Por ser uma disciplina considerada nova e atual, mudanças de perspectiva são

recentes, e habitam as discussões acadêmicas. Na prática, o olhar mecanicista domina a vida

cotidiana dos sistemas de informação organizacionais (Burford, 2011). Existe uma

permanente confusão entre as estruturas instrumentais informáticas e as estruturas

informacionais onde “sistema informático=sistema de informação”; um divorcio do técnico e

o social, o que cria a polarização entre tecnodeterminismo e sociodeterminismo (Njålsson,

2005). A tendência tecnodeterminista prima, porque é o tangível do fenômeno, aquilo mais

impulsionado pelo sistema econômico. Mas a expansão permanente dos sistemas digitais e

seu papel central na sociedade global, faz que os inconvenientes do olhar tecnodeterminista

desabrochem. Desde o ponto de vista do usuário, a arquitetura da informação digital gera

frustração, desperdício, e impossibilidades. Os usuários/internautas muitas vezes ficam

perdidos quase a metade do tempo frente à tela do computador a procura de informações,

produto de interfaces confusas e decepcionantes (Lazar, Bessiere, Ceaparu, Robinson, &

Shneiderman, 2003). E do ponto de vista da cobertura, mesmo considerando as melhoras, as

TIC ainda estão sujeitas a problemas do acesso e impacto (Euromonitor, 2011). O resultado

final é a falta do aproveitamento ou impossibilidade do uso dos sistemas digitais, de parte

considerável da população: a denominada brecha digital.

Nesta situação, como pode o conceito de Arquitetura ser útil para entender melhor a

brecha digital? A hipótese deste trabalho é que parte do problema está no conceito em si

mesmo e nas suas conotações.

5 – WAPOR Colômbia 2012

Arquitetura, poder, meios e brecha digital.

O teórico francês Michel Foucault (1926-1984) estudou criticamente as instituições

sociais, e as relações entre poder, conhecimento e discurso. Suas ideias podem ser aplicadas

no conceito da arquitetura. O biopoder foi um conceito proposto por Foucault para explicar

os mecanismos de controle da sociedade desenvolvidos na transição entre a globalização

feudal e a globalização industrial (M. Foucault, 2008; M Foucault, 2008). O alvo era explicar

como uma força minoritária chamada governo podia manter o controle de uma força maior

como é o corpo social. Foucault pesquisou a historia das tecnologias de seguridade aplicadas

dentro da sociedade ocidental, através de estratégias gerais de poder.

Para Foucault, as novas tecnologias do poder surgem no século XVIII, para manter e

segurar a docilidade dos vários aspectos da vida dos cidadãos, dentro da ordem capitalista. O

soberano feudal exercia o poder sobre o território; o governo moderno o faz sobre a massa da

população na busca por criar autocontrole dentro de um ideal de vida naturalizado. A

governabilidade é construída por meio das experiências físicas e racionalidades que exercem

controle sobre a vida das pessoas. Um mecanismo é a biopolítica ou regulação econômica da

população; outro mecanismo é a anatomo-política, uma disciplina sobre os indivíduos,

baseada em escrutar os sujeitos, os seus comportamentos e corpos, fragmentando-os para

fazê-los dóceis. O biopoder é a arte de exercer poder sobre o corpo social em toda sua

extensão de vida, fisiológica, física e mental. Uma mostra dele são os espaços urbanísticos,

como a corporificarão das instituições dentro das cidades: a escola, a prisão, a fabrica, a

biblioteca, todas exercem uma disciplina sobre o corpo. As arquiteturas impõem uma

regulação das atividades e estabelecem ritmos, afinando os ciclos de ação (Foucault, 2000). O

poder do hábito regulariza os ciclos, fazendo deles paradigma, realidade ou verdade

(Bourdieu, 2000; Hodgson, 2002; Peirce, 1995)

O momento central da historia da repressão é a passagem da tecnologia de punição

para a tecnologia de vigilância, entre o século XVIII e o fim do século XIX (Foucault, 1979).

Foram grandes transformações institucionais; mudanças do regime político, econômico,

cognitivo, produtivo, social, cultural e tecnológico. A ciência ficou como órgão

importantíssimo para entender e controlar os elementos microscópicos que poderiam

viabilizar a vigilância. A estrutura do investimento privado no desenvolvimento tecnológico

se converteu numa das bases do sistema. A normalização estatística das ciências naturais e

sociais, da medicina à engenharia, da economia à psicologia, estruturaram formas de padrão e

6 – WAPOR Colômbia 2012

controle dos desvios da norma. A estrutura de poder da nossa sociedade tomou forma capilar.

Agora o poder procura os indivíduos, atinge seus corpos, se insere nos seus gestos, nas suas

atitudes, os seus discursos, a sua aprendizagem, a sua vida quotidiana (Foucault, 1979): é o

panorama também chamado sociedade das massas. O controle é reticulado e microscópico;

fica e atua em cada um dos detalhes da vida daqueles que o sofrem ou o exercitam; implanta e

liga os homens dentro do aparelho social e produtivo (Foucault, 1973).

A arquitetura gera uma disciplina sobre aqueles que a habitam, sob o modelo de

divisão do trabalho = divisão dos espaços e sob uma estrutura panóptica: uma estrutura que

isola o individuo e deixa-o sob um esquema de vigilância permanente, simplificada e

transparente (Bentham, Foucault, & Miranda, 1979). E da mesma forma que a arquitetura

urbana controla os corpos e rotinas, a Arquitetura da Informação tradicional impõe uma

disciplina nas mentes. Porém, a Arquitetura da Informação Digital pode se diferenciar, e

oferecer sua capacidade incrementada e automatizada de múltiplos caminhos a serem

percorridos pelos cidadãos, por via da interatividade. Segundo Lara Filho (Lara Filho, 2003)

p. 4,

“A arquitetura da informação [...] é um conjunto de procedimentos metodológicos e sua aplicação não visa criar uma camisa de força no conjunto da informação de um site. Aprisionar o hipertexto em organizações altamente estruturadas é não permitir escolhas. As especificidades e particularidades de cada caso podem ser mesmo determinantes no caminho a seguir. Cabe à arquitetura da informação balizar, sinalizar, indicar, sugerir, abrir possibilidades”.

Dentro da natureza assim como dentro da cidade, o homem precisa de elementos que

lhe permitam interatuar com o ambiente. Os meios são os intermediários entre o homem e os

ecossistemas biológicos (ambientes naturais não planejados pelos humanos) e as arquiteturas

(ambientes artificiais criados pelas sociedades). Os meios são as luzes que iluminam o

caminho; as arquiteturas são as ruas que nos guiam; os edifícios que permitem ou limitam

nosso andar. Pela magnitude da sociedade de massas, não se pode perceber a totalidade da

arquitetura em que estamos submersos, nem identificar as intencionalidades omnipresentes

nela. Assim, a arquitetura da informação digital, pode se comportar parcialmente como um

ecossistema. Os mesmos meios tem uma arquitetura que é complementar as teleologias e

tecnologias ditadas pela arquitetura-ambiente, através da qual eles interatuam.

Marshall McLuhan (1911-1980), pai dos estudos dos meios, definiu-os como uma

extensão fragmentada dos sentidos e o sistema nervoso. A fragmentação corresponde à

desarticulação dos diferentes sentidos e funções do corpo, cada uma atingida por meios

7 – WAPOR Colômbia 2012

específicos. Os meios tem a capacidade de amplificar os sentidos, o que cria um efeito de

entorpecimento ególatra da consciência do individuo e da sociedade. Eles sempre contem

outros meios, numa escala de inúmeras camadas que faz pouco significativo o conteúdo

embutido nelas. Os meios amputam uma parte das percepções, e assim, configuram e

controlam a escala da associação, memória e ação humana (McLuhan, 1995).

A tecnologia sempre afetou as qualidades dos meios, mas três mudanças foram

substanciais no seu desenvolvimento: a invenção do alfabeto e da escrita, a aparição da

imprensa ou Era do Gutemberg, e o aproveitamento da eletricidade ou Era da Eletricidade;

(McLuhan & Novella, 1998). O meio escrito deu durabilidade ao meio verbal, Gutenberg

facilitou a cultura da estandardização e a linha de montagem, e a eletricidade descentrou e

encolheu o mundo. A velocidade elétrica mudou todas as funções sociais e políticas juntas,

numa implosão que alterou a posição dos todos os grupos sociais, criando uma

interdependência orgânica viva entre as distintas comunidades arredor do globo (McLuhan &

Fiore, 1968). O meio elétrico escapa a nossa atenção como meio por sua intangibilidade, e por

sua potencia incrementa a narcose narcisista que não nos deixa ver as amputações que ele

produz. O conteúdo também funciona como distração, como a carne com a qual o ladrão

distrai o cão de guarda da mente, diz McLuhan. Os grandes elementos subliminais estão no

meio, não tanto no conteúdo. Os meios parecem ser parte de uma ordem natural, do beneficio

por seu jeito próprio. São agentes do fazer e não do refletir sobre o que se faz (McLuhan,

1995),

A recente hibridização dos meios agregou nova força a eles, e sua convergência

provocou novas órbitas da percepção e comunicação. Com os New Media é possível

armazenar e traduzir todo como sinal elétrico, sem problemas de velocidade. Seus fatores de

impacto social são a aceleração e a disrupção. A aparição dos New Media significou uma

cirurgia coletiva do corpo social sem ter o menor cuidado com a assepsia, fala McLuhan. Os

meios tornaram-se recursos naturais das sociedades, para a articulação do conhecimento

coletivo e a coordenação das habilidades. Com a abolição da dimensão espacial, as relações

interpessoais se modificaram na escala duma aldeia global, e fragmentos dos indivíduos e

sociedades foram expostos no domínio publico mundial. A estrutura dos meios reveste nossas

vidas de percepções artificiais e valores arbitrários, dentro de uma luta permanente entre a

privacidade individual e a necessidade do publico de se informar. A aceitação subliminal e

dócil dos meios os converteu em panópticos sem muros.

Para McLuhan, a aldeia global esta em guerra, na busca pela identidade sempre

ameaçada pelas inúmeras mudanças tecnológicas. É a questão da tecnologia da informação

8 – WAPOR Colômbia 2012

utilizada por uma tribo para moldar outra. A Era da Eletricidade inevitavelmente nos conduz

a um mundo mítico, e a saída é despertar desta irrealidade (McLuhan & Fiore, 1968). A

possibilidade de controlar os efeitos desta Era da Ansiedade é compreender as mudanças que

vivemos e seu desenvolvimento; mas entender os meios e uma guerra conosco (McLuhan,

1995; McLuhan & Fiore, 1996).

Os traços da diferenciação e identificação que os indivíduos estabelecem e articulam

para mover-se no tempo e espaço da comunidade, são intermediados pelos meios. Eles criam

uma práxis que inclui um sistema valorativo, que vai se naturalizando como ordem instituída.

Assim, estes traços se transformam em semioses conotadas, ideologias que desencadeiam

isotopias, estruturas que guiam as representações da uma sociedade (Ibri, 1992). A técnica

como parte de uma arquitetura e meios, é um modo de fazer, uma operação que possibilita a

interação simbólica e física entre o homem e sua obra. Ela se dá por meio de instrumentos que

estendem e adaptam as habilidades manuais á matéria com que se vai trabalhar. Novos

materiais redirecionam as discussões arquitetônicas, com a criação de novos elementos que se

tornam paradigma (Duarte, 1997). Arquiteturas e meios digitais, quando aplicadas em

comunidades ou organizações estranhas nas suas características de origem, colidem com elas

e produz mudanças que podem enfraquecer-les em distintos níveis (Erik Brynjolfsson & Hitt,

1998). Sobre esta base, a massificação e perda da identidade acontecem: os New Media

abservoem todas as capacidades já criticadas pela Escola de Frankfurt nos Mass Media

(Adorno & Horkheimer, 2002; Benjamin, 1973; Marcuse, 1998).

A combinação das ideias de Foucault e McLuhan sugere uma outra hipótese: a brecha

digital, mais que um problema de acesso a ambientes informacionais digitais, é uma colisão

de mundos, de um ordem em expansão e outro em retirada, dos ambientes informacionais

digitais global e local, de culturas “quentes” e “frias” (M. McLuhan & Pignatari, 1969).

Brecha Digital e o discurso contido na Arquitetura de Informação Digital AID

O conceito de Brecha Digital parece ter se banalizado sob olhares que enfatizam o aceso

à infraestrutura sem considerar suas conotações, assumindo a neutralidade dos instrumentos

(Barzilai-Nahon, 2006; Moreira, 2008). A brecha digital precisa se resignificar, o que implica

abandonar a presunção dos paradigmas da sociedade ocidental como uma ordem superior. De

outra forma as TIC se transformam em uma evangelização. O fenômeno tem um polo tangível

e outro intangível; uma componente digital e outro físico, complementares por oposição e de

limites difusos (figura 1). Assim, mesmo, dentro da arquitetura da informação digital,

9 – WAPOR Colômbia 2012

também se criam brechas, mais sutis e complexas.

A usabilidade é ergonômica

mas também econômica, social,

cultural, política e histórica. Uma

arquitetura da informação digital

tem que ser economicamente

viável, estruturalmente possível e

socioculturalmente aceitável

(Kenny, 2002). A usabilidade é

um dos micropoderes da

arquitetura da informação que se

não é negociado no seu

significado, se torna disciplina

alienante. A arquitetura da

informação digital foi criada para

aumentar as capacidades intelectuais de uma elite cientista e profissional (Bush, 1945;

Engelbart, 1962; Lévy, 2004), a serviço da economia de inovação pós-industrial capitalista,

nos tempos de conflito bélico permanente, aberto e tácito (Mattelart, 2002). Os territórios e

populações não atrativas para o sistema globalizador foram ignoradas ou marginalizadas do

sistema (Caravaca Barroso, 1997). Portanto, é necessário resignificar essa herança dentro dos

conceitos da informática e da Ciência da Informação: usabilidade, acessibilidade,

intuitividade, relevância, contexto, indexação, acervo, documento, texto e utilidade, por

exemplo. Uma característica típica das sociedades de massas é naturalizar suas

representações, mitificando e desqualificando qualquer outra representação através da

racionalidade técnica (Barthes, 1967, 2001). A brecha é em parte produto da nossa

incapacidade para articular visões distintas das nossas, na criação tecnológica de estruturas de

representação heterogêneas e saberes inclusivos. Na heterogeneidade dos discursos

arquitetônicos, pode estar à esperança de se obter uma negociação de significado em vez de

uma absorção sociocultural.

A Arquitetura da Informação Digital é impulsionada pelos interesses de grandes atores

corporativos e governos, que conotam estruturas de sentido interessadas por meio da sua

capacidade de desenho e controle técnico. O sistema classificatório hipermediático é a

reticula do poder que ministra ao usuário, e o disciplina por via do rastreamento das pegadas

digitais. O sistema classificatório de mercado, o complementa. Os usuários sem condições

Figura 1: Brecha digital tradicional. Elaboração própria.

10 – WAPOR Colômbia 2012

básicas de consumo dos equipamentos, conexão, ou capacidades técnicas e educativas, são

penalizados com custos incrementados, em estruturas como telecentros ou sistemas de

computação e internet social, tecnicamente e logisticamente fracos. A brecha digital é em

parte amostra de uma dinâmica de poder que coisifica os usuários, com base na sua utilidade

econômica e política. È necessário visibilizar os interesses por trás dos conceitos da inclusão,

limitação, exclusão e inexistência digital. Assim, resgata-se o ideal de Wurman no contexto

da Arquitetura da Informação em que as informações devem ser reunidas, organizadas e

apresentadas de diferentes formas para públicos distintos.

Ambientes Informacionais Digitais e a brechas informacionais emergentes

Os problemas da interação entre os usuários e os ambientes informacionais digitaissão

tão variados como suas facetas (figura 2). Dificuldades de usabilidade e intuitividade com o

publico geral (Lazar, et al., 2003) e em especial com os usuários deficientes (Torres, Soares,

Spelta, & Queiroz, 2011); limitações na democratização dos mercados (Kucuk, 2009);

confusão pela mudança dos esquemas de aprendizagem ubíquo (Cope & Kalantzis, 2008);

dificuldades na construção das comunidades de usuários (Cohill & Director, 2000); limitações

Figura 2: Colisão dos ambientes informacionais local e global dentro do espaço digital. Elaboração própria.

11 – WAPOR Colômbia 2012

na geração de espaços culturais nacionais (Gorny, 2006) e das etnias minoritárias (Srinivasan,

2007); manipulação da informação, restrição e propaganda (Alexander, 2003); limitações do

Open Access (Willinsky, 2002); custos cognitivos e elitização (Brockman, 1996; Bucy &

Newhagen, 2004; Cooke & Greenwood, 2008); política publica simplista, de base

reducionista ou não centrada no cidadão (Mofleh, Wanous, & Strachan, 2008; Shin, 2009);

problemas semióticos e de expressão linguística (Boden, 2009; Summers & Summers, 2005);

exclusão por conta da idade, gênero, uso e costume (Chadwick-Dias, Bergel, & Tullis, 2007;

Kurniawan & Zaphiris, 2003; Medhi, Gautama, & Toyama, 2009); viabilização do acesso à

informação privilegiada e seguridade dos dados (Germain, 2007).

��O problema não termina quando o acesso é conquistado e a banda larga gratuita

conecta os computadores. As particularidades dos usuários criam uma estrutura irregular de

lacunas, micro brechas digitais emergentes ou de segunda ordem (Hargittai, 2002). Cada uma

destas lacunas representa inabilidades, incapacidades, ou inexistências dentro do contexto

digital. São reflexo de uma lógica de poder alimentada pela ditadura do mercado e a

homogeneização política que reduz a flexibilidade do uso dos ambientes informacionais

digitais. São series de vazios entre a interface dos ambientes informacionais digitais e o tecido

social; um padrão irregular no

tempo e espaço, uma estrutura de

“queijo gruyère” (figura 3) que

dentro da orbita digital, questiona

o impacto liberador desses

ambientes, e silenciosamente

fortalece suas capacidades de

massificação e alienação. As

brechas da qualidade de acesso,

autonomia dos usuários,

alfabetismo informático, suporte

social e alvos do uso (DiMaggio,

Hargittai, Celeste, & Shafer,

2004), estão unidos aos

problemas da gestão política, sociocultural e econômica (Warschauer, 2004). Os fenômenos

da usabilidade e intuitividade metamorfoseiam em uma brecha do conhecimento (Spool,

2005), onde se misturam com discursos de poder, ideologias, sistemas econômicos e culturas.

Este fenômeno dentro dos espaços digitais da periferia é aumentado pelas particularidades que

Figura 3: Lacunas digitais dentro da AID. Elaboração própria.

12 – WAPOR Colômbia 2012

os diferenciam das metrópoles tecnológicas.

Conclusão: a desmistificação da brecha digital através da análise crítica

O conceito Brecha Digital, é uma construção política nascida da preocupação do

governo Clinton & Gore, pela integração da sociedade dos EUA com a tecnologia informática

e das redes, como meio para manter a supremacia tecnológica, política e econômica. Essa

preocupação, na medida em que o projeto da globalização avançou, se fez mundial e marcou o

ideal da Sociedade da Informação. A brecha digital é a nêmese da Sociedade da Informação,

porem a base dos programas e políticas do mundo periférico, em que foi naturalizada como

um conceito neutro e progressista. A nova interdependência eletrônica recriou o mundo como

uma aldeia global, e as tribos mais fortes, em nome do progresso, forçam uma apropriação

urgente e inquestionável dos elementos visíveis de um ambiente informacional digital.

Embora, uma avaliação a partir da perspectiva da análise critica de Foulcault e os conceitos

sobre meio de McLuhan, visibilizam os elementos ideológicos presentes.

A America Latina, como parte da periferia global, é exemplo do crescimento digital

irrefletido. A região é líder mundial em desenvolvimento da penetração Web e da utilização

das redes sociais, mas não se tem a menor ideia dos benefícios ou custos dos trade-offs

implicados, nem suas irreversibilidades. Só se percebe intuitivamente, entre o efeito

entorpecedor dos meios digitais, as mudanças rápidas e massivas, e o bombardeio do

marketing, o acréscimo da superficialidade, os problemas da perda de privacidade, da

autenticidade do sujeito, a cognição empobrecida e um sentimento de solidão acompanhada

(Turkle, 2004, 2011). Os amigos de bairro, aqueles com que jogaremos bola, foram trocados

pela lista de contatos globais do Facebook. Vivemos na Era da Ansiedade como falara

McLuhan, e não é fácil entender porque o problema dos custos encobertos das TIC e do

projeto da sociedade digital regional, não é exposto publicamente para seu debate1. Se o

ambiente informacional digital é produto para o desenvolvimento humano, isso não pode se

medir pelo grau de assimilação dos modelos das metrópoles dominantes (Berrío Zapata, 2012;

Marzal, 2009).

A hipótese de trabalho sobre a ideologização dos conceitos associados com a

Arquitetura da Informação para o projeto e desenvolvimento de ambientes informacionais

digitais, esta baseada nas apreciações do Roland Barthes sobre conotação e mitificação

1 Michael Gurstein da uma resposta inicial: é um problema de interesses econômicos e comerciais dos grandes fornecedores de infraestrutura digital (Gurstein, 2003)

13 – WAPOR Colômbia 2012

(Barthes, 2001): conceitos como TIC, Web, ciberespaço e brecha digital foram mitificados, e

por via da conotação, foram se naturalizado e se tornaram parte do contexto. Só assim se

explica o fenômeno paradoxal da Era Digital: as populações majoritárias na esfera física são

minoritárias na esfera digital (figuras 1 e 2). Para evitar os efeitos alienantes do mito digital,

para conquistar um território informacional onde à usabilidade este garantida para as minorias

digitais (que são as maiorias mundiais), é necessário deconstruir estes conceitos e visibilizar

os biopoderes que os habitam, e assim tomar decisões com conhecimento de causa. Esse é o

alvo que propõe este trabalho, especificamente no caso da brecha digital. O inicio é esta

reflexão sobre a arquitetura, como representação que facilita entender a força estruturante

das TIC em nossas sociedades.

Os ambientes informacionais digitais representados pela Internet e a Web, foram

introduzidos na América Latina a pouco tempo. A região, herdeira dos impérios feudais

espanhol e português, ficou a parte do processo de construção da ordem industrial imposta

pela era vitoriana e o século das luzes, não participando do desenvolvimento destas

tecnologias, mesmo que como receptor, e suas sociedades, de perfil autoritário e afastadas da

orbita acadêmica e tecnológica, se incluíram no projeto da sociedade da informação sem a

devida análise crítica (Berrío-Zapata, Jorente, & Sant'Ana, 2012). O advento das TIC é uma

colição de ambientes informacionais digitais, quentes e frios; das comunidades grafocéntricas

e orais; das sociedades pós e pre industriais. Não se minimizam os efeitos benéficos dos New

Media, mas se convida para uma reflexão critica sobre eles e sobre a nossa identidade.

Assim, a investigação das Tecnologias de Informação e Comunicação no âmbito da

Ciência da Informação objetiva o desenvolvimento da sociedade da informação de modo a

contribuir com melhorias de acesso à informação e à construção do conhecimento individual e

coletivo. Neste contexto, para Santos e Vidotti (Santos & Vidotti, 2009), p.6,

“A Ciência da Informação deveria ter ou criar mais espaços de investigação que permitam a compreensão das Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC’s) para a potencialização de competências informacionais, para a criação de arquiteturas informacionais e computacionais mais inclusivas, para a conceituação de usos da informação em ambientes informacionais digitais para a aprendizagem de metalinguagens e para a representação da informação.”

Finalizando, acredita-se que a Arquitetura da Informação digital aplicada no projeto e

desenvolvimento de ambientes informacionais da Web, por considerar em sua estrutura

fundamental a relação entre conteúdo, contexto e usuário, pode conduzir melhor o usuário às

14 – WAPOR Colômbia 2012

informações desejadas e tornar o acesso a elas mais eficaz e preciso, com o planejamento e a

organização virtual da informação digital que facilita a construção e navegação neste sistema

hipertextual, considerando o contexto social, cultural, educacional, político e econômico do

usuário.

Bibliografia

Alexander, M. (2003). The Internet in Putin’s Russia: Reinventing a technology of authoritarianism. Paper presented at the Annual Conference of the Political Studies Association, University of Leicester, UK.

Amézquita Quintana, C. (2009). Panorama de la Sociedad de la Información en América Latina (2000-2007). Revista Facultad de Ciencias Económicas: Investigación y Reflexión, 17(2), 151-170.

Barrera-Osorio, F., & Linden, L. L. (2009). The Use and Misuse of Computers in Education. Evidence from a Randomized Experiment in Colombia. New York: The World Bank.

Barthes, R. (1967). Système de la mode. Paris: Éditions du Seuil. Barthes, R. (2001). Mitologias. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil. Barzilai-Nahon, K. (2006). Gaps and bits: Conceptualizing measurements for digital divide/s.

The information society, 22(5), 269-278. Bentham, J., Foucault, M., & Miranda, M. J. (1979). El panóptico. Madrid La Piqueta. Berrío-Zapata, C. (2005). Una visión crítica de la intervención en Tecnologías de la

Información y Comunicación (TIC) para atacar la brecha digital y generar desarrollo sostenible en comunidades carenciadas en Colombia: el proyecto Cumaribo. Management, Revista de la Facultad de Ciencias Empresariales, Universidad de San Buenaventura Bogotá, XIV(23-24), 165-181.

Berrío-Zapata, C., Jorente, M. J. V., & Sant'Ana, R. C. G. (2012). Trayectoria tecnológica WEB en América Latina: reflexiones históricas para resignificar la investigación sobre la sociedad digital regional, por medio de la Ciencia de la Información. . Faculdade de Filosofia e Ciências UNESP.

Boden, C. (2009). Overcoming the linguistic divide: a barrier to consumer health information. Journal of the Canadian Health Libraries Association, 30(3), 75-80.

Borko, H. (1968). Information science: what is it? American documentation, 19(1), 3-5. Bourdieu, P. (2000). Les structures sociales de l'économie. Paris: Edition du Seuil. Brockman, J. (1996). Digerati: Encounters with the cyber elite: Wired Books, Incorporated. Brynjolfsson, E. (1993). The productivity paradox of information technology.

Communications of the ACM, 36(12), 66-77. Brynjolfsson, E., & Hitt, L. M. (1998). Beyond the Productivity Paradox: Computers are the

Catalyst for Bigger Changes. Communications of the ACM, 41(8), 49-55. Bucy, E. P., & Newhagen, J. E. (2004). Media access: Social and psychological dimensions

of new technology use: Lawrence Erlbaum. Burford, S. (2011). Complexity and the practice of web information architecture. Journal of

the American Society for information Science and Technology, 62(10), 2024-2037. Bush, V. (1945). As we may think. The Atlantic Monthly. Retrieved from

http://www.theatlantic.com/magazine/archive/1945/07/as-we-may-think/3881/ Caravaca Barroso, I. (1997). Los nuevos espacios ganadores y emergentes. Paper presented at

the XV Congreso de Geógrafos Españoles. Retrieved from

15 – WAPOR Colômbia 2012

http://www.scielo.cl/scielo.php?pid=S0250-71611998007300001&script=sci_arttext&tlng=en#fig01

Castells, M. (1997). Globalización, sociedad y política en la era de la información. Análisis Político, mayo-agosto de 1999(37), 8-18.

CEPAL. (2010). Monitoring of the Plan of Action eLAC2010: Advances and challenges of the information society in Latin America and the Caribbean. Santiago de Chile: United Nations, CEPAL/ECLAC, European Union, @LIS, IDRC Canada.

Clinton, B., & Gore, A. (1996). Excerpts from transcribed remarks by the president and the vice president to the people of Knoxville on internet for schools. Retrieved from http://govinfo.library.unt.edu/npr/library/speeches/101096.html.

Cohill, A. M., & Director, B. E. V. (2000). Finding the way: a perspective on the Knowledge Democracy and community learning. The knowledge democracy a community learning perspective. Retrieved from http://www.designnine.com/library/docs/comm_learning.pdf

Cooke, L., & Greenwood, H. (2008). “Cleaners don't need computers”: bridging the digital divide in the workplace. Paper presented at the Aslib Proceedings: New Information Perspectives, UK.

Cope, B., & Kalantzis, M. (2008). Ubiquitous learning: An agenda for educational transformation. Paper presented at the 6th International Conference on Networked Learning, Halkidiki, Greece.

Chadwick-Dias, A., Bergel, M., & Tullis, T. (2007). Senior surfers 2.0: A re-examination of the older web user and the dynamic Web. Universal Acess in Human Computer Interaction. Coping with Diversity, 868-876.

Checkland, P. (1999). Systems thinking. Rethinking management information systems, 45-56. Davenport, T. (1999). Ecología de la Información. Bogotá: Oxford University Press. DiMaggio, P., Hargittai, E., Celeste, C., & Shafer, S. (2004). Digital inequality: From unequal

access to differentiated use. Social inequality, 355-400. Duarte, F. (1997). Arquitetura e tecnologias de informação: da revolução industrial à

revolução digital (Vol. 97): Annablume. Engelbart, D. C. (1962). Augmenting human intellect: A conceptual framework. Menlo Park

California: Stanford Research institute. Eschenfelder, K. (2003). The customer is always right, but whose customer is more

important?: Conflict and Web site classification schemes. Information Technology & People, 16(4), 419-439.

Euromonitor. (2011). Global digital divide persists but is narrowing. Retrieved March 21, 2012, from http://blog.euromonitor.com/2011/02/global-digital-divide-persists-but-is-narrowing-1.html

Foucault, M. (1973). A Verdade e as formas juridicas. Paper presented at the Conferência de Michel Foucault na Pontificia Universidade Catolica do Rio de Janeiro, 21 e 25 de maio de 1973, Rio de Janeiro.

Foucault, M. (1979). Microfísica do poder (R. Machado, Trans.). Rio de Janeiro: Graal. Foucault, M. (1994). ¿Qué es la Ilustración? Revista de pensamiento crítico, 1(28), 1-18. Foucault, M. (2000). Vigilar y castigar: nacimiento de la prisión: Siglo XXI de España. Foucault, M. (2008). Nascimento da biopolítica: curso dado no Collège de France (1977-

1978) (E. Brandão & C. Berliner, Trans.). São Paulo: Martins Fontes. Foucault, M. (2008). Segurança, território, população: curso dado no Collège de France

(1977-1978) (E. Brandão & C. Berliner, Trans.). São Paulo: Martins Fontes. Germain, C. (2007). Legal information management in a global and digital age: revolution

and tradition. Cornell Legal Studies Research Paper No. 07-005. Gorny, E. (2006). A creative history of the Russian Internet. University of London, London.

16 – WAPOR Colômbia 2012

Gurstein, M. (2003). Effective use: A community informatics strategy beyond the digital divide. First Monday, 8(12).

Hodgson, G. M. (2002). The Mystery of the Routine: The Darwinian Destiny of An Evolutionary Theory of Economic Change Revue Économique, 54(2), 355-384.

Ilharco, F. (2003). Filosofia da informação: uma introdução à informação como fundação da acção da comunicação e da decisão. Lisboa: Universidad Católica Editora.

Kenny, C. (2002). Information and Communication Technologies for Direct Poverty Alleviation: Costs and Benefits. Development Policy Review, 20(2), 141-157.

Kucuk, S. U. (2009). The evolution of market equalization on the Internet. Journal of Research for Consumers, 16, 1-15.

Kurniawan, S. H., & Zaphiris, P. (2003). Web health information architecture for older users. It & Society, 1(3), 42-63.

Lara Filho, D. d. (2003). O fio de Ariadne e a arquitetura da informação. DataGramaZero – Revista de Ciência da Informação, 4(6).

Lazar, J., Bessiere, K., Ceaparu, I., Robinson, J., & Shneiderman, B. (2003). Help! I’m lost: User frustration in web navigation. It & Society, 1(3), 18-26.

Levy, P. (1999). Cibercultura (Cyberculture) (A. B. d. Souza, Trans.). São Paulo: Editora 34 Ltda.

Lévy, P. (2004). As tecnologias da inteligência: o futuro do pensamento na era informática. São Paulo: Editora 34.

Mattelart, A. (2002). História da sociedade da informação. São Paulo: Edições Loyola. McCrank, L. J. (2001). Historical information science: An emerging unidiscipline:

Information Today, Inc. McLuhan, M. (1995). Understanding media: The Extensions of Man. New York: MIT press. McLuhan, M., & Fiore, Q. (1968). War and peace in the global village. NewYorl: Bantham

Books. McLuhan, M., & Fiore, Q. (1996). The Medium Is the Massage: An Inventory of Effects.

Corte Madera, California: Gingko Press Inc. McLuhan, M., & Novella, J. (1998). La galaxia Gutenberg. Bogotá: Círculo de Lectores. Medhi, I., Gautama, S., & Toyama, K. (2009). A comparison of mobile money-transfer UIs

for non-literate and semi-literate users. http://mobileactive.org/. Retrieved from http://mobileactive.org/files/file_uploads/CHI2009_Medhi_Toyama.pdf

Mofleh, S., Wanous, M., & Strachan, P. (2008). The gap between citizens and e-government projects: the case for Jordan. Electronic Government, An International Journal, 5(3), 275-287.

Moreira, M. A. (2008). La innovación pedagógica con TIC y el desarrollo de las competencias informacionales y digitales. Investigación en la escuela, Dedicado a: Internet y la investigación escolar(64), 5-18.

Njålsson, G. K. (2005). Somewhere between Tech and Sociodeterminism. Problem-Solution Mindsets and the Hypothesis of Interests and Elites in Public IT-Policy. Cuadernos de Administración, 18(29), 33-52.

OCDE. (2010). Habilidades y competencias del siglo XXI para los aprendices del milenio en los países de la OCDE. Paris: OCDE, Instituto de Tecnologías Educativas.

Peirce, C. S. (1995). Semiótica. São Paulo: Perspectiva. Resmini, A., & Rosati, L. (2011). Pervasive Information Architecture: Designing Cross-

channel User Experiences: Morgan Kaufmann. Rosenfeld, L., & Morville, P. (1998). Information Architecture for the World Wide Web (1st

ed.). Sebastopol USA: O'Reilly & Associates, Inc. Rosenfeld, L., & Morville, P. (2002). Information Architecture for the World Wide Web (2nd

ed.). Sebastopol USA: O'Reilly & Associates, Inc.

17 – WAPOR Colômbia 2012

Rosenfeld, L., & Morville, P. (2006). Information Architecture for the World Wide Web (3rd ed.). Sebastopol USA: O'Reilly & Associates, Inc.

Santos, P. L. V. A. d. C., & Vidotti, S. A. B. G. (2009). Perspectivismo e Tecnologias de Informação e Comunicação: acréscimos à Ciência da Informação? . DataGramaZero - Revista de Ciência da Informação, 10(3).

Saracevic, T. (1995). Interdisciplinary nature of information science. Ciência da Informação, 24(1), 36-41.

Shin, D. H. (2009). Ubiquitous city: Urban technologies, urban infrastructure and urban informatics. Journal of information science, 35(5), 515-526.

Spool, J. M. (2005). What makes a design seem "intuitive"? User Interface Engineering. Retrieved from http://www.neiu.edu/~sdundis/textresources/Usability/Design%20'Intuitive'.pdf

Srinivasan, R. (2007). Ethnomethodological architectures: Information systems driven by cultural and community visions. Journal of the American Society for information Science and Technology, 58(5), 723-733.

Stats, I. W. (2011). Internet usage statistics,The Big Picture: World Internet Users and Population Stats. Retrieved 08-04-2011, 2011, from http://www.internetworldstats.com/stats.htm

Summers, K., & Summers, M. (2005). Reading and navigational strategies of Web users with lower literacy skills. Proceedings of the American Society for Information Science and Technology, 42(1).

Sunkel, G. (2006). Las tecnologías de la información y la comunicación (TIC) en la educación en América Latina: una exploración de indicadores: United Nations.

Torres, B., Soares, H. P., Spelta, L. L., & Queiroz, M. A. d. (2011). Acessibilidade web: custo ou beneficio? Brasil: Acesso Digital.

Vidotti, S. A. B. G., Cusin, C. A., & Corradi, J. A. M. (2008). Acessibilidade digital sob o prisma da Arquitetura da Informação. In J. A. C. Guimarães & M. S. L. Fujita (Eds.), Ensino e pesquisa emBiblioteconomia no Brasil: a emergência de um novo olhar. São Paulo: Cultura Acadêmica.

Warschauer, M. (2004). Technology and social inclusion: Rethinking the digital divide.: The MIT Press.

Willinsky, J. (2002). Opening access: Reading (research) in the age of information. Paper presented at the National Reading Conference Yearbook, Scottdale, Arizona.

Wurman, R. S. (1996). Information architects. Zurich, Suíça: Graphis.