Bruxaria, Oráculos e Magia entre os Anzande0014

download Bruxaria, Oráculos e Magia entre os Anzande0014

of 8

Transcript of Bruxaria, Oráculos e Magia entre os Anzande0014

  • 8/2/2019 Bruxaria, Orculos e Magia entre os Anzande0014

    1/8

    I UI 't iI 11 . n m l n h u 'Slud,! I I 1 1( '1 '1 ' I d o A :tlll ltl , 1 111 I P til'" 1 ~'1 (J l iO N" 1 11 11 _da asso ia~L0 crt ! to lcrndu, os M : ll l 1 d ' I I10 1 1 > 1 IIlI til NO,poiN (I, I1H'llIill'IlH ,h ioutras c on fr ar ia s e ra rn p un id os ' 0111 l ' , . 'qO 1 1 ' iL l . O s A I - ,I li ld . 1 'l'l 'di IIiV llll l 1 11 11o governo fosse hosti l a todas as so '. i ' du d es m a gi cu s.

    As consequencias dessa oposicao governamental nfio s,10 likds < I I ' 11 I ' tavaliadas. As confrarias certamente continuam a f lo rc sc cr , m u s S(IO t i l dill, Iobservacao: elas se tornararn secretas, e nao simplesmenrc fc h a c l a s . AIlI(iM ti "intervencao europeia, todos sabiam quem eram seus membros, ond ' l'sIIlVlllltas lojas, quando ocorriam as assembleias. Apenas certos ritos c dro 'as l 'I '11I11mantidos em segredo diante de estranhos. Hoje guarda-se sobre cbs 0Illlmo segredo possivel.

    (l A I' 1 ' 1 ' 1 1 j, I K i l l

    A IWII a r l u , os or a . u lo s ea in ag i l ianie fa 1 1 1.0 rt e

    Estou ciente de que minha analise da magia zande sofre de uma certa falta decoordenacao. 0 mesmo se aplica a magia zande. Os ritos magicos nao for-mam um sistema coerente, e nao ha nexo entre um rito e outre. Cada um euma atividade isolada, de modo que eles todos nao podem ser descritos deforma ordenada. Qualquer descricao parece necessariamente um tanto alea-toria. Com efeito, ao considera-los juntos, conferi-lhes uma unidade por abs-tracao que nao possuem na realidade.

    Essafalta de coordenacao entre os ritos magicos contrasta com a coeren-cia e interdependencia generalizadas das crencas azande sobre outras coisas..As que descrevi neste l ivro sao de difici l compreensao para os europeus. Abruxaria e uma nocao tao estranha para n6s que se torna muito diftcilapreciarmos asconviccoes azande sobre sua realidade. Mas nao pod cmos s-queeel' que tampouco e facil para os Azande entenderern nossa ignoran ia .descrenca sobre 0 assunto. Certa vez, ouvi um deles dizer de nos: "Ta lv 'Z j.j 11(1terra deles aspessoas nao sejam assassinadas por bruxos, mas aqui elas SL.O. ' i

    Ao longo deste livro, sublinhei a coerencia das crencas azand quandoconsideradas em conjunto e interpretadas em termos de situacoes e relacoessociais. Tentei igualmente mostrar a plasticidade das crencas como umafuncao das situacoes em que sao acionadas. Elas nao sao estruturas ideativasindivisiveis, mas associacoes frouxas de nocoes. Quando 0 pesquisador asaproxima todas, e apresenta-as como um sistema conceitual, as insuficienciase contradicoes tornam-se evidentes. Na vida real essas crencas nao funcionamem bloco, mas atomizadas. Urn individuo, diante de determinada situacao,utiliza aquilo que the e mais conveniente dentre as diferentes crencas, e 11 .5 . 0presta atencao aos outros elementos, que usaria em outros contextos. Assim,um unico acontecimento pode suscitar uma variedade de crenc,:asdiferentes ccontraditorias em pessoas diferentes.

    Espero tel'persuadido 0leitor de uma coisa - da consistencia intelectualdas nocoes azande. Elas s6 parecem inconsistentes se dispostas como sefos-sem objetos inertes demuseu. Quando vemos como um individuo as empr '-ga, podemos dizer que sao misticas, mas nunca que sao acionadas de formailogica ou acritica. Nao tive dificuldades em usar as nacoes azande C 01 11 0 O N

  • 8/2/2019 Bruxaria, Orculos e Magia entre os Anzande0014

    2/8

    A 'I . III I, 0 I ' , v , -n u Willi V I ' / , lillI' I' II I'll lid IIld 1111111,0I' In I I,'hl 110 1 ' 1 1 1 1 1za n lc u mn i t! Iu II I HIl'lI Ii ' ) .I ll ' ( 1 1 1 11 1 1 Ii, I l lm lo 1 10 1 ' 1 1 :1 , 0 V I ' I q u u ut o , I I I i 1 1 1 1 1 1propria so icdad " UI1W i I ill tio , 'II (l '1 I1 l1 1l1 1l '\~ U 'oul I' I.

    E em sua rela < 0 0111a m o rt c Ill' I Tell~'l1 ZOIl I, 1111ruxuriu , nos orrirulos e na magia se mostra mais 0 rente c in t I i I vc l p ar a 1 1 < ' > : - ; , A s s im , c m ho rueu tenha descrito rapidarnente a inter l igacao dessas c a tc g or ia s n u si[lI:I~'tl(llillmorte, penso que seria interessante realizar agora uma a na lis e m ais C(ll11pll ' l l l ,po is e a morte que resolve 0 enigma das cren

  • 8/2/2019 Bruxaria, Orculos e Magia entre os Anzande0014

    3/8

    I' 1 1 1 1 1 1 1 1 1 ' II I qU I' P ' 1 ' 1 1 1 1 1 1 u u I lI lh ll ll fl, Irli ,. 1 1 1 1 1 I t! I II 1 1 ' 1 , ) ( 1 1 1 1 1 1 1 ( 1 '11111tlH111 1 1 1 1 1 I 1 m l uelu 1 1 ' 1 u r u , 1 0 1 1 1 0 1 1 1 1 1 1 I, 1 ' 1 1 1 1 1 1 1 ' , A l l ! rlm ' I l l ' ihuln St ' 'ulol 1 1 1 1i1gllllll. I l ' o g ISn o 1 1 ' 1 1 1 1 1 1 1 0 , 1 1 1 1 1 (uIIIII 0' ' ( lilli , In . n o 1 11 11 0 ( r i l l I! , ' 1 ' 1 1 1 1 ' 1 1 1um () '0 de t ,'VM ), tllld~1 rNlno II m l l v ( l d , c on tam ln ac t 0 1 0 1 ' I'CSSOIlS l 1 1 u l1 1 1 ' 1 1 . lonadas.

    V ( \r io :: ;m e sc s d ep oi s m o rr c u lg u II)d as v iz in h an ca s. V a l-s e ' l '1 l : . ( ) lIO (II'u lo I , v n no saber se aquela era C l vitima da vinganca . Em gera l 1 1 ; 0 S < : perHlI lHn sobre pessoas que morreram em lugares muito d is tan tes c ia rcs id nclud uqu )I~ que esta sendo vingado. Se 0 oraculo diz aos parentes que a l11olJ,ill[lin I, 11.0 matou, espera-se ate que outro vizinho morra para fazer nova 'on, lIIlI. P or fim 0oraculo declara que a morte de um homem dos arredorcs < i t 'vcu - s a magia de vinganca, Ele e portanto 0culpado.

    s parentes do morto consultam entao 0 oraculo para saber se 0 ho 1 1 1 < : I 1 1I 'N issinado era 0 unico bruxo ou sehouve algum outro envolvido. Se houvcum outre, esperam ate que este t ambem seja executado; mas se0oraculo lheI ii 1 '1 1 1 3. que 0 homem que acaba de morrer era 0 tinico responsavel, vao ate 0pdt1 ipe e lhe apresentam asasas da galinha que morreu na declaracao oracu-Ill' laculpa do bruxo. 0 principe consulta seu proprio oraculo de veneno, es ''st ' afirrnar que 0oraculo dos suditos os enganou, terao que esperar por ou-It ' l tS mortes na vizinhanca, e procurar garantir que uma delas deveu-se a rna-f in de vinganca,

    Quando 0oraculo do principe concorda com 0oraculo dos parentes domorto, a vinganca esta fei ta. As asas das aves que morreram sao exibidas emsina l de vitoria, junto com a roupa e a esteira do menino que observou os ta-Iu s , penduradas em uma arvore a beira de um caminho muito utilizado,como notificacao publica de que a parentela cumpriu 0seu dever.o proprietario das drogas magicas e solicitado a chama-las de volta. De-pois de receber seu pagamento, cozinha um antidoto para 0menino que su-I o rtou os interditos, para os parentes do morto e para a viuva, e destroi alroga para que nao cause nenhum mal. Os parentes proximos do morto po-d 11 1 entao retomar sua vida normal.

    Assim, a morte evoca a nocao de bruxaria; os oraculos sao consultadospara determinar 0 curso da vinganca: a magi a e feita para executar essa vin-anca, os oraculos decidem se a magia executou a vinganca: depois da tare faumprida, as drogas magicas sao destruidas.

    Os Azande dizem que, no passado, antes que os europeus conquistassemsua patr ia, os costumes eram outros. Os plebeus da provincia utilizavam osmetodos que descrevi , mas os frequentadores da corte nao faziam magia. Selhesmorria um parente, consultavam 0oraculo deveneno e apresentavam ao

    tI'I

    Il'IllI' IH'OIHlllIl'dtllllll 1 1 1 1 II I I d l l , . i t 'O l l i ' l I I I l u dl l I II III I' r u u l lr u r u t' 'NN'V t ' I ' t . d k l o tlnluuu P i l i H I d 1 ' ( ' 1 1 1 1 I 1 1 11 1 I hld['1l ~ H ~ 0 , 'II ii i I U I 1 H III C ll ) I II lWlind" 'I' ~' () 11Il~ 'I, !lllH" 11'10 I l I ' I I ) ( 1 ) ISlllitl 110 Uti 0 1 1 1 1 1 IVUI I I . N ique 'SI' 111I ) ( )S Itmorte 'voc IV,I" IH)~(l() I'bruxuriu, Oi l or 'ulos dcnun .iuvnm 0 bru-)( 0 t' 'x ig in -s ' u mn in d 'l l izt1 ~llo ) uu xc u tu vu -s c u v i ngnnca.

  • 8/2/2019 Bruxaria, Orculos e Magia entre os Anzande0014

    4/8

    ,\IIIIWlt II Iilossario r lo s t e fl ll u S us I f / O S 1 1 ( / t / ( ' s r r i ( ' t i o

    da s r 'n f(/S (' c o l 1 l I 1WS nunu l

    o emprego aqui feito de term os antropologicos guia-se busicarncn t . pOI' IIIIHI 1 ' " 1 1cupacao em seguir 0 pensamento zande. Classifiquei IlUIl1

  • 8/2/2019 Bruxaria, Orculos e Magia entre os Anzande0014

    5/8

    Pa ngua (pa atoro)

    ( ( ) t ll I /l / ll / . II 1111111111 I h lH I 1'111l I N 1 lIIH' IWII 1 l I l I I 'I ' I ' 1 1 1 I H , I I I , 1 l 1 1 tI~ ,Ii l 1 0M i i i ' l i n i N 1 I1 1 l i N d l' I I 'V U I ' t 'N 1 10 M 1'lllIlliNl l l l ' l tll~ 11 1 1 1 1 1 1 1 , 1 1 1 1 ,

    (d) /l1(11)il/~(), (I( ) I ' ( I 'Ido dONII'S HI'IIvelWI,(jIlt' 01 1 I'll 1 1 1 1 1 1 1 1 1 , 11 1 1 II 1 1 1 1 1r ilh u d ' I rC H " 'qu nos grllvt:loN,

    A D I V IN II M ,: ; \ O : L 1m III r od o d e d cs vc n lnr (Idl'NVlli" 1 1 ' 1 Id " ( " I t H I l i hicognoscivclI6gi o -cxj cr imen lulmen te ), ( ) 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 ' 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 _ ' Ihumano, in sp ira do p or d ro gu s (/lgl/II), P i l l ' l ' N I ' I I ' iii" I II /! I II II , 1 11 1por ambos.

    ADIVINHOS: uma c or po ra ca o d e p ro fi ss io nu is (jll(' d 1 1 1 \l ll lh lh 1 1 1 11combatem a bruxaria, e cujo poclcr d cri vn L in 1 1 1 1 - \ ( ' 1 1 1 0 1 1 ilil III hidrogas, Os metodos usados sao a danca C o ' 1 1 1 ' 1 1 1 ] ( 1 1 ' " 1 ~ 1 I 1 1 l

    ALMA: uma suposta propriedade psiquica cbs P 'ssoilN('Il tlIHI~,qllf Ivezes se separa delas,

    ESPIRITOS: almas dos mortos,SERSUPREMO: ser espiritual a quem se at r ibui a criil\:1111il) 1IIIIIIIhi

    Abinza (Avule)

    Mbisimo

    Atoro Mbori

    Alern dos termos usados na traducao das nocoes azande, precisei usur '~'I'tIiH I l I hgorias para a classificacao dessas nocoes e do comportamento a elas assn .iudu, 1 1 1 1 1 1 1 IIaqui esses conceitos, observando que setrata de uma classificacao a d h oc . 0 k ' l i o l 1 1 '1 11a liberdade de discordar dos term os empregados, do s ignificado a eles oll'ihuhlllllJllda forma de class if icacao dos fatos . Os termos sao apenas r6tulos que n o s Il'I'11i 1 1 1 1 1juntar 0 igual e separa-lo do diverso; quando semostram inuteis, devernos lIllIIlllI"r ia-los. Os fatos sao os mesmos, com r6tulos ou nao,NO

  • 8/2/2019 Bruxaria, Orculos e Magia entre os Anzande0014

    6/8

    B tu a r ia J sotthos

    OsAzande dis tinguem entre sonhos debruxar ia e sonhos oraculu res . U 11 1 ~ ( ) l I h ( l 1111111ou pesadelo quase sempre e urn sonho de bruxaria; LUll sonho a g r u d av 1 C OI'!I(.'1I ! I I,No entanto, todos os sonhos sao em certo sentido oraculares: ur n sonho m all ( ; (.'oll!11derado s imultaneamente como uma exper iencia atual de bruxaria e Llill p r o g n o s t il !lde infor tunio, pois, seurn indivlduo esta sendo embruxado, obviament cn('I '~ '1l111111alguma desventura. Os Azande tambem associam a bruxaria com urn sonho orucnhuque preve algum infor tunio - sendo ambos , sonho e infor tunio, 0 resultado c ia b "1 1xaria, 0 sonho e uma sombra projetada pela bruxaria em antecipacao ao acont .dmento que ira suceder - e que de certa forma ja ocorreu, embora 0 s o n h ado r Ilnllsaiba exatamente de que se trata .

    Aqui detenho-me apenas sobre sonhos do tipo que osAzande consideram COI1l0experiencias de bruxaria. Nao foi facil registrar ossonhos azande, e foi sobremodo d iffe.ilob.ter 0 contexto em que ocorr iam. Par te da informacao contida nes te apendi ' ,'f01obtida por consultas aos Azande sobre asespecies de sonhos que aspessoas tern, t'seu significado. Informantes mais Intimos fizeram-me narrativas detalhadas de Sonhos reais, mas raramente consegui a inforrnacao na epoca da experiencia onirica; ' 111sua maio r ia , os sonhos me foram narrados muito tempo depois. 0 sonhador os 1'0cordava por seu carater dramatico e por sua relacao com acontecimentos irnportantes da sua historia pessoal. Representam, assim, uma amostra muito selecionada; 1 1 1 , I Mseu interesse se mantem, pois mostram com clareza 0 que os Azande considerarncomo sonhos tipicos, e quais asinterpretacoes gerais e particulares oferecidas pOl'suncultura. Como severa, ossonhos possuem interpretacocs padronizadas, mas 0indivl-duo e capaz de selecionar aquelas que melhor seajustam a sua si tuacao.

    Deve ser sublinhado que urn sonho mau nao e somente urn sfrnbolo da bruxarin,mas uma experienc ia real desse fen6meno. Na vigil ia , 0 indivlduo so sabe que fo iembruxado ao exper imentar urn infor tunio, ou pela revelacao oracular, mas nos so-nhos ele veos bruxos e pode ate conversar com eles. Poder iarnos dizer que osAzand 'veem a bruxaria durante ossonhos, mais do que sonham com ela.Ass im, quando urnhomem sonha que esta sendo perseguido por uma bes ta antropocefala, tern a cer tezade que foi realmente a tacado por urn bruxo; seu unico problema e saber quem 0embruxou.

    Na verdade, estanamos mais proximos do pensamento zande se dissessernosque quem tern essas experiencias e a alma do sonhador. Percebendo que assensacoesoniricas nao sao como as da vigil ia , osAzande afirmam que durante 0 sono a alma seliberta do corpo e deambula a vontade, encontrando outros espiritos e envolvendo-seem aventuras. No mesmo sentido, acreditam que urn bruxo adormecido possa enviar234

    Hllililiid HIIIIIIIIIIII illlllllllllll11lftllillliitillllllill 1111 '11111111 A . l t l l l r i l i d l ' 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 ,Ii, II IIIIUlo, 1 1 1 1 1 1 1 ' 1 1 1 I II HjlllI l dudl l pill II II hlilltililll'Nhpdl 1 1 1 1 1 1 '1 I I 1 III Illhll II 1 1 ' 1 1 1 1 1 1ililldt' 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1l il li ' 1 1 1 I 1 I 1 1 I 1 1 I 1 ' l Il Il ll Il ld l ll 1 ' ll III u.uuvudu I llq llllll l l ll l l ll l l l 1 '1 11VHKllllllpllvl'llllH'lIlll, , (, 1 1 ' 1 ' ( ) III I IX I I 1 1 ~ I ' 1 l 1 " dO l I lH ' till,

    1111 l 1 l l ' l l ) (o pod" 1 1 1 ~' 1 1I 'I II I Hl IJ l' fW O I i o il q ll ld ql l' I' I' Il Ii I' I I ill, OM jlt'Nlldl,lllIllIl1I HI 1II111lllH llo HO I lI II lH ( 'I II (ji ll' HI:' PI'I'SI'p,lIldn j1nl'Il'nl'M, l'opUl'dllH O il 1 t' 1'n 1 l1N,I'IIIIIIIl'"I; u nc ud o p or h om cu '0111~n h' 1 , ' 1 i dt'lllllill ,I, ()II Ipl'islllill 10 pOI' illilllll\tlil 1 1 1 ' 1 1 1 I'lltlt'l' Ii xllr s oco rro , O il 'I ll que I I I en ] d~'U Il H I g l' ul ld ' 1 11 1u ru S ' 1 11j l l l1 l1 1 is I II itlflll' IIrllll l l,1 1 1 1 \horncm In' con tou IU 1 'nf l ' l l de um n t\I'VO' , alta (lI e 0 ch t o, o nd c v lu 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1I l'upa dp p or ho m I 1Scs t run hos , c om r os to s pri l idos 'O I1 1 ( ) o s de '[JI'oIWlIl-i. Hlhlll li"i'er u U I 1 1 s onho 1 1 1 1 1 1 i g no , 1 1 1 .1 8 I h O 1 ' < 1 l 1 P ( l Z d d izc r 0 ' I l l ' PI ' 'ssugil1vll, A N V(': t ,t 'l l [ 1 1 1 1lnd lvtduo ata ado por ob ras, fog d l im a m as en onrra outru, os .o l t'IN 1 1 1 ' [ ' 1 1 1 1 1111 ]1 em was pe rna s , N os sonhos , a s p cs so as ve cm ta rn bc m animuis ' t i l l ' l 1 l lh l l l . I I I I IHlW(wgu, a serpenre-arco-tris, e mama ime, 0 I opardo aquati o. Um I" '1 '01 ' Ntd,lllI()$ desperta,

    E m g er al , nesses pesadelos, 0 sonhador n a o c o ns eg u e vel' 0 l'OSIOd \ se u 1 ( 1 1 1 ' 1 1 1 1 1 1 ,J 1 < .O obtem qualquer evidencia circunstancial sobre a identidadc d ' Sl l: . ( ) ollililtlill

    pode cair doente ao acordar; mas,meS1110que se sinta bem, e a co ns cl h ri vc l p ,' m 1 1 1 ' 1 1 1 '1 1 1 1 1 oraculo para saber do signif icado do sonho e tomar asdevidas provkl 1 I I l t iM Ii i~)l1sivas.Nao e sempre que osAzande consultam osoraculos a propos i t o k IH' 111'ill_ isso nem mesmo e comum; namaioria dos casos, meditam algum tempo Holll(' I'll

    nteudo e em seguida 0 esquecem -, a nao ser quando a lgo impr vi sto (. d 'N IHl 'l ldv 1acontece, eque e imediatarnente ligado ao sonho. Mais de uma v 1.01lVi 0 A~,'lIldt-lizerem, a respeito de algum infortunio: "Ahl foi por isso que tiv - urn P " odl'loll tilltra noite; os sonhos realmente preveem 0 futuro!"

    Por vezes aquele que teve umpesadelo pede, na manha seguintc, qu IIIII 1 , ' 1 1 1 1 1 1 1de sangue, urn parente ou amigo consultem 0oraculo de atrito, pal"~sub 'I' H ' 1 1 1 1 ' 1 1aria the fez algum mal e quem aenviou. Ao descobr ir 0 nome do bruxo, vnll'olllllil

    tar 0 oraculo de veneno para confirrnacao, e em seguida pede a u r n d 1 ' ! - \ l I < i o d opnncipe que notif ique 0 bruxo. Osplebeus consultam osoraculos s e s p 's nd elO ll 'repetem; osprincipes consultam-nos quando sao vis itados em sonhos por S '1 1 ~ 1 1 1 1 Me avos falecidos.

    Mas as vezes pode acontecer que urn individuo consiga identif icar 0 ros tu dobruxo em seu sonho. Kisanga foi atacado por dois bruxos, Bas ingbatara e S 1I mho,durante 0 sono. Os dois treparam no telhado de sua cabana e f icaram olhando pU1'l1ele,deitado no chao, atraves deumburaco na cober tura. Nao havia buraco algum notelhado real, apenas no telhado dosonho. Os dois homens tinham todas ascaract 'I 'IN"ticas de babuinos cinocefalos, excetopelos rostos humanos. Kisanga disse que 11l1j)U'rencia de Basingbatara mudava: ora a cabeca e a barriga eram de Basingbatara, 0 1 '( 1 O Hde urn babuino. Ai, Bas ingbatara disse ao f ilho: "Bata nele!" - e 0 rapaz bateu-Ih ' nilcabeca com uma lanca, Nesta hora, Kisanga acordou eviu osdois descendo do t lhndo e fugindo para casa. Kisanga afirmou que f icou muito doente por algumas s mu-nas, depois dessa experiencia. Elepodia, alem do mais, explicar 0motivo do araqu '.

  • 8/2/2019 Bruxaria, Orculos e Magia entre os Anzande0014

    7/8

    1 i ,I , ( ' 1 1 1 1 1 II~lJnhll'll 1 1 11 1 11 1 1 1 11 1 11 1 11 1 '1 1 11 ,( \ 'N . 11 1 11 1 11 1 11 1 11111" 1 1 1 1 1 1 1 1 1 it , l ' l l lln l l ' I 111111~ l ' K ' I ~1(I~sI l l ; 0 ( IV 'III 1 1 1 1 1 II 1 1 1 1 (Iii I I Ii I I II hlll~III'IIiIYl1 110YO(h' III I lhn, mn 11 In l Ilt~1 1,,0 S d u v u m b u n . M u l t o I ' 1 i l pO l i lpllil dl ' H ' 1 1 01 1 11 0 KI N IIIKII PIO 'l' NOin f U ; 1 1 1 1 I 1 d ,seus a tacan tcs no tribu na l d ' urn c h 'I ', l il lt'lJlI 0 il' ll llO do I' Ipll~, 'sltlV I i1NHItllllldnsua esposa; issoera pior que adul t rio, porqu 'U mulh ' I' ' I' ll '~ I ldv(l l 'n le u W il l! N HI Ido rapaz.

    Mesmo que nao tenha conseguido vcr 0 rosro do bruxo no sonho, 11111 indivld liDpode eventualmente identif ica-Io a par tir de acontecimentos antcriorcs, KUl l lUI1H Inarrou-rne urn sonho que tivera tempos atras, no qual fora atacado enquanto dor rn iupor uma criatura decorpo humano ecabeca epresas deelefante. Picou rnuito aSSlL~I(Ido e f ingiu estar dormindo enquanto espreitava osmovimentos da criatura. 0 bruxomexia a cabeca como se 0 estivesse procurando, e entao deixou a cabana. Kamangapulou da carna e,batendo osbraces como sefossem asas, voou ate uma arvore proxi-rna, abracando-se a ela. 0 bruxo 0 viu voando, mas nao pode descobr ir seu poleiro ,Karnanga apontou-rne sem hesitacao quem era esse bruxo. Quando the perguntcicomo sabia, disse que reconheceu 0 individuo pelo corpo, e que aquela pessoa the vo-tara vinganca por causa de uma questao matr imonial em que Kamanga agira contraos interesses dela. Quando era menino, sua mae morreu, deixando uma crianca para airma de Kamanga cuidar, Urn dia, a irma deseu pai levou a crianca para arnamentar;quando iapara casa com ela, encontrou 0homern que atacou Kamanga no sonho. Elesempre quisera casar com ela, e aproveitou aquele encontro para renovar suas pro-postas. Ao ser novamente repelido, tomou a crianca e fugiu para sua residencia, Nessaepoca, Kamanga estava servindo depajem na cor te do principe Ngere, e queixou-se aeste sobre a conduta do homem. Ngere disse a Kamanga que seus irmaos poder iamrecuperar a crianca, Quatro deles, entao, foram encontrar 0 homem e do isde seus fi-lhos numa estrada, e 0 atacaram enquanto Kamanga fugia com a crianca nos braces.Esse homem 0 agrediu no sonho porque the guardava rancor, por causa do que Ka-manga contara ao principe. Kamanga acrescentou que 0 homem era conhecido nasvizinhancas como bruxo, poisas rocas de seus vizinhos nao prosperavam. Ele nao sa-bia direito 0 que ter ia acontecido se 0 homem-elefante tivesse conseguido pega-lo,mas tinha certeza de que ficaria seriamente doente.

    E interessante comparar a narrativa desse sonho com uma outra, fei ta por Ka-manga alguns meses depois, e que transcrevo em suas pr6prias palavras:

    Dormi profundamente, ossonhos vieram a mim, e sonhei urn sonho. Urn homern veiocomo elefantee me atacou. Esseelefanteficou do lado deforade minha cabana, p6s suatromba para dentro e me puxou para fora.

    A parte debaixo deseucorpo era como a deurn homem,suacabecaera a cabecadeurnelefante.Tinha cabelocomose fossecapim,de modo quea cabecapareciaa deurnve-Iho. Corneceia correr e correr, do lugar onde eleme tinha atirado.Eleme perseguiu,tre-peinuma arvore, Eleesfregoua cabecana arvore,e eu estavabern em cirna dele.Eleficouandando, me procurando, rnexendo a tromba assirn,e eu na arvore. Nao conseguiumeencontrar, entao seafastou urnpouco. Fiqueiem cima da arvore urnborn tempo, e entao

    I ' l l " 1 '11111111 ,11 '1111 V 111 '11111 '1111 11 '11 1 1 I1 i 1111 I I I 11111 ;11111111 '111111111 , 11 i I 11 t l111NI t IY l l ll l i ll l ll t l ll ,1 1111111111JillMilI1 III,

    ()IIII 'O 1 IIIl itn II I ' lllt'MtllO l'IIJlII~IOI'IH' ' 11 11 11 11 11 I I' I~ u u r l l 11 I111 i hi 101 '11111 '11111till t I ( ) lIU)l1[ '1'iIIHIlI(lH IIlll'I'iol' M lIli ollilo 10 I!lNIH [ldON I Ii illlll\t'liN oldl III I" ~ tilque m :1 I1 'iI 'll (),~ HoniloH Hi l l ) illlt'I'pJ"[nti()s d e 11~'()I 'do CO l l i urn 1 ' 1 ' 0 t' ,(I ti, ' ! H ' I 1 1 ,1 1 1 1 ill'v . n t u s e P ' SHOOS d il' if \ld u P ' k ls l I l' e ll l S d o s o n h ud o r , N n t n rd c l m ed ! ut 1 1 1 11 '1 1 1 [' 1 1 1 11 1 '1 1 1 11I n oi tc d o s on ho , .u Iinhu sl ig .riclo n ils m cm bros de 1 11 ' U g ru po d Ol lllH II( '() Ijlll' I ,IPHd cv cr i a m a ju d a r nu cO IlSI rue; o d a c u b u n u d e Kumangu. ' 1' 11 1 s ug ' Si lo linn 1 01 1) (' 11 1 I '{ '.cb ida , p oi s S O LL b c r n ai s ta rde qu e insul taram Karnangu, c - dil-lHc' ! ll l' l 'l ll t' piliPouCQ n ao lh e cspancararn . N et m anh f segu in te , Kamunga 111 ' d i sS I

  • 8/2/2019 Bruxaria, Orculos e Magia entre os Anzande0014

    8/8

    'sll VOIlldOllliMlIiI1l 1\'NV('IIIIII'I.IIIIIIHlllhlllllllll ~(Jilltlllllilld'dlillh, 0 nuu PI II8