Bruxaria, Oráculos e Magia entre os Anzande0012

download Bruxaria, Oráculos e Magia entre os Anzande0012

of 13

Transcript of Bruxaria, Oráculos e Magia entre os Anzande0012

  • 8/2/2019 Bruxaria, Orculos e Magia entre os Anzande0012

    1/13

    II 1 1 1 1 1 1 1 1 1 I

    IUrn grande numero de ri tos magicos foi descrito no decorrer destc [ivro, 1 1 1 1 1 ~de forma incidental e sempre em relacao abruxaria eaos oraculos. Agora I, ( ( ' I I Ipo de analisar mais de perto a magia zande, que nesta parte final sen) ( 01 1 H i li "como avariavel importante do complexo ritual dabruxaria, oraculos c I1ln~liI,

    Bruxaria, oraculos e magia sao como os tres lados de urn tr iangulo. (I.oraculos e a magia sao dois modos distintos de combater a bruxaria . Os pimeiros determinam quem prejudicou ou vai prejudicar outra pesson I H I Imeio debruxaria e se a bruxaria paira sobre 0 futuro de uma pessoa. QlIlllHIIIse descobre 0nome de urn bruxo, segue-se 0procedimento descrito no c l l p ltulo III. Sea bruxaria atrapalha a realizacao de urn projeto, ela pode ser ' 011torn ada abandonando-se 0 projeto ate surgirem condicoes mais propicias, (IIIdescobrindo-se 0bruxo cuja malignidade ameaca a empresa e persuad ind: J t ta desistir.

    A magia e 0principal inimigo da bruxaria, e teria sido inutil descrevcr IInocoes e os ritos magicos dos Azande se antes nao tivessemos analisado SIUIcrenca nos bruxos. Urna vez assimiladas as ideias azande sobre bruxaria, mIll tdificil entender 0objetivo principal de sua magia.

    OsAzande distinguem nitidamente entre 0usa de magia para a cons ecu~ao de fins socialmente aprovados, como por exemplo 0 combate a bruxarlu,e seu uso maligno e anti -social na feiticaria, Para elesa diferenca entre urn r,t iceiro e urn bruxo e que 0primeiro usa a tecnica da magia e extrai seu podrtdas drogas, enquanto 0segundo age sem ritos ou encantacoes, utilizando poderes psicofisicos hereditarios para atingir seus objetivos. Ambos sao inirugas da humanidade, e os Azande colocam-nos lado a lado. A bruxaria cO IIfeiticaria sao 0contrario da - e sao contrariadas pela - boa magia.

    Tanto a boa magia quanta a fei ticaria envolvem ritos magicos que usamobjetos fabricados a partir de arvores e plantas. Tais objetos sao 0que estamnschamando de "drogas"." Depois de maior ou menor elaboracao, sao utilizn

    No original, medicines; ver Apendice l. (N.T.)

    186

    - -------~

    .I" 1 '1 1 11 1 1 1 1 ,h I I ' 1 1 1 1 II I ,111111 1 1 1 / 1 1 1 1 II 1 1 1 1 1 t 1 I l I I I I I U I I O l i l l t II I 1 1 1 1 I I l id , /, t ! I 'II , Ill! 1111111\ ' '1"' t ll 'V I'1I1 , " II '1,Udll 1 1 1 1 1 1 j IIII 'il 1 1 I dt'[1 'II I, d u l(I I I II d o l'lllll I l I l l l ( I IH I 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 II) I' K dllill 'I II' II I 1

  • 8/2/2019 Bruxaria, Orculos e Magia entre os Anzande0012

    2/13

    N( I I I ' ( ' I I I P I ' ( ' O I\'!,IIII, III ' l 'I ' 1 t1 1 1 1 1 1 d lO ll 1 f 1 1 1 1 1 111111 1 I 1 1 1 1 1 1 1 1 H I I I Igu s Ii 'r em ll1 inilllT ll(J os s cm lIli 'II PI'OIII!llriIIlIW 1 1 1 1 1 1 ( p n l u v r a . ' 1 ' 1 1 1 1 1 1 1 . 1 1 1 1 1 1 _s i s t i a lIl11 l o n g o r i tun l d e '011' r l u m cr u o d ( v "I{ 1 I1 ~'1 1 11 1H 'I d 'IH) Ipl IIproposito jahavia sido al ancado, 'COIISI'lt ique Iuruutc to loop!'!) iii IIIcozimento, mistura e consume das drogus, csl,,!; 11110(oruru illll'I'I}(IIIIIItI~Quando comentei 0 fato, disserarn-mc qLie, 01110 11, () S Iq II '!'ill q LI ' I,~ dlllllilrealizassem tarefa alguma, nada havia a dizer- lhcs.

    Alem disso, em atos magicos menores - como colocur umu pl'dl' llllllllillarvore para atrasar 0 por-do-sol, soprar urn apito para dispcrsar u s IlllV~'111111chuva, lancear folhas de ab6bora com capim bingba etc. - om itc-s ' Ill! pl l Ica qualquer encantamento, embora meus inform antes, ao forneccrcm 1 1 1 1 1 1 _descricoes, costumassem inserir algum. Tambem e raro que os Azandc IIIII 1pe1em os amuletos que usam.

    Antes de uti lizar as drogas potentes e os oraculos maio res, Lim h01l11'11deve observar uma serie de tabus. Ninguern seda ao trabalho de obs ' lOY II II .tabus quando se trata deritos pouco importantes, ou de uma consultu II Ioraculos menores. Nao ha consenso a respeito do tempo durante 0 quu l uu :interdito deve ser observado antes da realizacao da magia: certos magi o m It lzem-no por mais tempo que outros, e alguns respeitam maior numero d I IIIbus que os demais. Quando um proprietario de drogas, como asque se U N I I I I Icontra 0 roubo e na vinganca, utiliza-as em nome de alguern, e estebend! ,IIrio que deve executar 0 r ito (ou parte dele) , sendo tarnbern ele, e nao 01'1'11prietario, quem deve observar os tabus.

    2A lista de situacoes em que os Azande usam drogas, que apresento a segul r ,compreende todas asfinalidades da magia (salvo seu uso na feiticaria) de ( [ I I 'tenho conhecimento:

    D ro ga s a ss oc ia d as a s [ o rc as n a n at ur ez a: para evitar que a chuva caia; P(1I'1retardar 0 por-do-sol,D ro g as a ss oc ia d as a a g ri cu lt ur a: para assegurar a fecundidade de VariilNplantas alimenticias.D ro ga s a ss oc ia da s a c ac a, p es ca e c ole ta : para a caca de batida na estac: (I

    chuvosa; para a caca na estacao secapor meio deincendio no matagal; para fazer 0 cacador invisivel; para evitar que animais feridos fujam; para benzer" I'C

    A nocao popular de "benzer" e a que mais seaproxima da ideia zande que Evans-Pri tchard e scrcvocomo to doctor, ou seja, conferi r vir tude ao objeto "benzido" ou "medicado", (N.T.)

    dl 1 1 1 i , U ; 1 1 1 1 1 1 1 It '11 '/ 1 1 1 1 ,1 )1 1 1 1 " 11 illlIlI'f I 1 1 1 1 1 1 Id [h u I h l~ H 1 1 11 11 11 I III~ 1111l it 1 11 11 11pt'IIKIIIl' ,l" ltlll IH IIII11l111 () i t' ll l{ ' n i l" P 11'11011111' 11J('II~,l'I' IIII~'IIHI I II I 1 1 1 , ( ' 1 ' 11111'( '(1 i I Ill' 1 1 1 1 i Ii 11'1 d II' PI)lIIII' II III IlIl'(,11'1l ; 1I'qu I I ' W - I jI 1 ,111111 '111111 '0 I 1I0t' IlIfllidld'dolll')\ d'l'li~'IIlPII'llllllll'l liX.'(VI,I'nOI NIII)! puru u PI'Ml'U1"111111illll;orn benz 'I' red ' 1 ' 1 de g u l ln hu s - I 'u n g ol a : paraI I I I I I Y () nup . inl iu '01 '1 u rn ~ k t od u s

  • 8/2/2019 Bruxaria, Orculos e Magia entre os Anzande0012

    3/13

    pili' II 1 1 ' 1 1 1 1 1 II" 1 1 1 V I I I " 1 1 1 1 1 1 1 1 " 1 1 1 1 1 1 ( 1 t 1 1 'I IK tl , 1 1 1 11 1 1 I I " ( ' I ' l l 1 III1 ' 1 \ 1 1 I III.ompo: I I P~ ' ll I, 1 1 ' ~ 1 1 lIIl'tlll (,'//(.), qll I gUI'\ll l I" Idlll ll ll 'lIl ' IItill 1'l lnN Iltllilos , 'S I c ia lm .nre p U 1 ' l 1 0 1 ' 1 . ' -II 1 1 1 1 ' 1 1 1 0 Iu s I'O~'IIS) II II I dt , 'I' ' I I I II 1 1 1 IN1111111

    amuletos, sob a forma de pulscirus. Muitas d issus plnntls S10 I 'I I' II ,~ \' ,~ ~ Iiiuma busca diligente,

    Os Azande tambem dividem suas drogas em class 's s .gun lu U 1 1 1 1HIli IIpreparacao e uso. Asvezes a forma da especie ernprcgadu num rilo j' Illd IIIseu modo de uso, como vimos no caso do r an ga , n gb im i g i rc . Os prlill I'llmodos de uso sao:

    (1) Apitos (kura). A madeira de certas arvores e entalhada 'Illnll'II111 Iapi to; embora a cavidade fei ta numa das pontas seja pouco profu ndu, (1 M I " 'Itos emitem um som estr idulo. Os apitos sao usados para LIma v u ri c c hu l d ~objetivos. Antes de fazer 0 apito, urn homem deve observar certos ruhu : IImadrugada, deve sair decasa,sem lavar-se, para cortar a madeira c el l I!!1111i,deve proferi r encantamentos ao cortar a madeira e ao abrir a passagcm l i t ' II IOSapitos sao usados no pescoco, a ti racolo, na cintura ou no pulso, o,~1 1 1 1 1poderosos sao escondidos fora da casa do dono, em geral no galinh ' 1 1 ' 1 1 n Inum oco de pau.

    (2) Drogas para 0 corpo ( n gu a k p ot o) . Ao tratar de criancas pequ 'IIIH,IImagico costuma mascar essas drogas e cuspi-las no corpo da criancu; .iIlNIII'protege de qualquer mal, fazendo com que crescam fortes. Ao tratar de I',_soas mais velhas, ele prepara uma pasta com materia vegetal queimadu c : 1 1 ' 1 1esfregando-a em incisoes feitas no peito, costas e rosto do paciente.

    (3) Drogas esfregadas em incisoes feitas nas rnaos e no pulso (IIZI/ill,droga e feita de materia vegetal queimada e 6leo; ela da habilidade ao la l l~ ' l \" I I ,ou capacita a operacao do oraculo de atrito.

    (4) Gotas de uma infusao (togo). As cinzas e fuligem de materia V l ' K I ' l l i lsa.omisturadas com agua num funil feito de folha, 0qual, quando espr 'Dlldllfunciona como filtro.

    (5) Fuligem misturadacom oleo (mbiro). Essae uma das formas mais 1 1 1 1pulares depreparar asdrogas para consumo. Pode ser comida ou usada ' 0 1 1 1 1 'nos casos 2, 3 e 4 acima.

    (6) Urna corda, geralmente apenas 0caule de uma trepadeira, que e I(IIIda ao mesmo tempo que 0 mago profere um encantamento (kpira). I S H I Iusado asvezes na magia de caca, mas em geral t rata -se de urn rito fei to c~1I11111inimigos.

    Algumas drogas realmente produzem 0efeito desejado, mas, tanto quuuto pude observar, os Azande nao fazem qualquer distincao quali tativa ' 1 1 1 1stes remedies e aqueles que nao tern qualquer efeito objetivo. Para eles,toil!'II

    Ill!

    \I II 'fill, 1 11 '1 1 1 11 1, ' I w ll ) 1 '1 1111 III I d ~ l II I ' I II III I (I I dll 1 1 1 (' , 1 1 1 1 1 'o 1 ' l i l I ,III!1I1 I, " II 1'\ V II tl1II I 1111'1P 1 1 1 1 V t 'l l l 'l It I h P I' I I I 1 1 1 1 t i l ' t l l " S p 'jllo 1 1 n11.11 dtlllll' 1 1 1 1 1 ) l 'I l 0 \ 'UIII 1I1II'tlll 1 1 1 1 1 1 d "O l l ' lit' '1 '0 '()(Iilo -nquunto 0 csfrc-1 1 1 1 1 II 'IIIH'O d 1111111blll11llwll' I I 'M I rll~ ,llI 'I" S' 'I', 0 V"Il'110 de pesca real-

    II III 1 1 1 1 1 ' dill I O H P i lx c s, mus 1" ionhc iuruos - 0 dcntc de c~oco~ilo naoI III qlllllqu 'I' influ 11 .iu sobrc as bananas. Outre exemplo: a selva leitosa daI I I" / 1 iI 1 'I 1 /1 / C ( I I II ,J e l l/ lm l 6 usada como veneno para as flechas. Mas os AzandeI 11 I 1 1 l l 1 1 H I J ' l l l xtrair a seiva da planta; ela deve receber oferendas, eo caya-1111,I l'lg ' S ' u sciva exatarnente como faz com 0 ungiiento magi~o que esfre-1 1 1 I pi r ls o p a d tel:pontaria e firmeza no arremesso da lanca. ASSlm,como os

    II I lilt ' 1 I I 1 l 1 H l falam de drogas que sao realmente venenosas da mesma formaIII. 1 1 1 1 , m om asdrogas inofensivas, concluo que nao distinguem entre elas.

    3ullvinhos ingerem as drogas em refeicoes coletivas, assim como fazem os

    1 11 11 11 )1 ' S das confrarias magicas. A magia de guerra costumava ser realizadaII I I I I ' 'i em presenca de seus suditos, e outros ritos ai~da poden: ocasional-1lII'II(' scr realizados em publico. Por exemplo, a magia para evitar a chuvaIi \ '1' ' r praticada durante certas festas, quando muita gente esta reunida; ouI I' II' .ntes pr6ximos deum morto deve~ estar j~ntos ~u~ante ~ertas fases .daIII} inca magica. Mas, em termos germs, as acoes magicas dizem respeitoI 'I 'IH1S aobem-estar do individuo, que asrealiza na solidao de sua ca?ana oul in ruuto. Assim, por exemplo, 0 apito que um homem carrega consigo paraII II' lnfortunios so e soprado quando ele esta so, normalmente de madruga-II, intes das ablucoes matinais.

    Todos os atos rituais azande - mesmo as ' oracoes aos espiritos - saot ullzados com 0minimo de publicidade possivel. Tanto a magia boa quanto1 1 1 i n . 1 . sao feitas em segredo. Isso sedeve, em parte, a contingencies espaciais,I"I~seuma residencia dista muito das vizinhas, seus moradores realizam n~-I ,~Iriamente a maio ria de seus atos sozinhos ou na presenya apenas da fami-

    1 1 . 1 , u menos que se deseje uma publicidade especial. Alem disso, os Azandeuunurn cuidado para que ninguem os veja fazendo qualquer magia que vise1 1 1 1 1 objet ivo importante, pois entre osassistentes pode estar urn br~o que es-II llHaria tudo. Alem disso , um homem nao gosta que os out~os sa ibam ~~eIII) asele possui, pois iriam perturba -10para que fizesse magia em beneficio1 1 1 1 rio;ou podem reconhecer a raiz ou folhas que ele esta usando e passar a fa-1 ' 1 ' sua pr6pria magia. A vida nos aldeamentos do govemo nao tornou os'/.inde mais inclinados a publicidade.

  • 8/2/2019 Bruxaria, Orculos e Magia entre os Anzande0012

    4/13

    () ~ I I' re r '~I' 'I') d i l Hit 1 1 1 1 ' 1 III II n 10 pillpl 1111lilt 1 1 1 1 1 1 I 1 ' 1 i 1 l 1IIIp ar a m in hu s OO S 'I'VlI \)1., '11,olH '1Il'OIII1 'l'Illlllgul1S t \" , lI l ld h III lilli' 111'"11'''se r convidad a tcstemuuhar lais u t l v ld ad e s . ( ) g l 'O l ld l ' 1 1 m h ! '111110 Ii IIII IIIde de ocasioes. Embora algumas pessoas facan 11111is l ' i tOIl qu 'II III tlill II! 1111'rito magico nunca passa de uma pausa ocasional nos "Ctll ' , '1'0S 1'01lw 11111

    As drogas sao um bem de propriedade individual ., x i r n 1 ' 1 1 1" I S ('X'I'~Isao usadas quando apraz a seu dono, e para os fins qu Ih i n k l ' 'S,~ 1 1 1 , 111sencia de compulsao soc ial por t ras dos ritos magicos, bern 0 1 11 0 I I I ' l l 1111i " 1 1 1 1 1interesse comum em seus objetivos, pode estar associada a L1I11H d i1'('1'('111,11Iati tude com relacao a esses ri tos, que se veri fica entre os horncns ' < . I lIt'IIdiIMHcorte e aqueles que nunc a sairam da provincia, Os prlncipes e COI"l 'l :l lnWIII~1111Ias drogas com muito menor frequencia que os provincianos, ch '[Indo IIImo a olhar com desprezo a maior parte do lade magico da culturn 'I.(llld"

    Alern disso, nao e aconselhavel para um corte sao saber muito tlOiJll' Ii IIgas, salvo umas poucas tradicionais, poi s a posse de uma substancia e~II'llItlhlsempre levanta suspeitas de fei ticaria.

    As drogas mais conhec idas, empregadas pela maioria dos plebcus d [ 1 1 1 1 1 1posicao social e mesmo pelos principes, sao: drogas para atrair IiCIlII., Idroga da vinganca de homicidio (que ganhou prestigio desde que a a(11II111tracao europeia proibiu a vinganca direta); a magia do relampago, u s a d upecialmente para vingar roubos; a magia de invis ibil idade, usada ant igl1l1111111para a execucao da vinganca, drogas para a protecao do lar; para a PI'OII'\IIHdas rocas; pa ra proteger uma pessoa cont ra bruxos e feit ice iros; drogas dl' V Ilidade; e umas poucas drogas para a cap, para a benzedura de redes de l'lI\111para a captura de terrnitas. A estas devem ser ac rescentadas as muitas 11'111111usad as no curandeirismo. *

    As vezes nao chega a haver necessidade de se usarem sequer essas d I'(fllll'mas, como algumas delas estabelecem elos entre atividades sociais, bi\ ('I'litlcompulsao moral a emprega-las, Urn homem deve empregar um magi o I'll iiivingar a morte de um parente; igua lmente, 0uso de outras drogas, como (IIta s drogas de caca, e t ao geral, antigo e costumeiro que se tornou cornpulst I II- no sentido de tradicional, e nao porque envolva qualquer tipo de Silll, IIsocial.

    Alem dessas princ ipai s, ha grande quant i dade de drogas menores, mulillde origem recente, empregadas para uma variedade de prop6sitos. Os curt 1saos desconfiam de algumas de las, mas em geral nao se inte ressam pelo a~ HI111

    No original, leechcraf t; ver Apendice L (N.Y.)

    11111WIII' II I 'Iiii II 1111111111111'11II'Nllil" I IIIpod"1 IIHIIIIl,""111 1111 d O l i I d l l I I ' 1 1 1 1 I1ll1 I .u n dlll'l 11111 1 1 1 1 1 1 1 I ,nll'llljll't' IHISS v e lII 1I1IIitOllJllIII que, tlUi II In 1I111'W It' . IHOI'I YVI'lIlio IIlI Pj'OY n 'ill, I 'YHs u nI d l l ' 1 11 '1 II j l I '} 11 ' 1 1 1 1 d o l'll! d II I d l ' O ! e \ l I A usud 1 . p Ol ' /oj ' u s v i z in h o s,

    i \ 1 ( 111 dc tudo, III 'S111()1Ilrc os h0111t!11S que 1(,)I'l1111ducados em circuns-II'II~IH slmllurcs, C posstv '11)"'1' h '1" que alguns S8.0 mais e outros menos su-I' IMll loses . N l (1 pre iso passar muito tempo entre os Azande para"I I II IBu i l' o s hornens que estao sempre ansiosos por adquirir drogas, que asI I 11111l ln i s fr qll ntemente, executam os ritos com maior intensidade e mani-II 11111111.1:1.10)"t na magia que os outros. Conheci muita gente que nao se im-1 1 I 1 1 1 i 1 V ) Ie possuir ou nao drogas e que s6 as usava quando assim exigi a aIIIHII~'Oo) e mesmo assim sem mui to entusiasmo.

    O s magicos.nao desfrutam de grande prestigio na sociedade zande. Nun-II I uuvi as pessoas falarem bem de um homem porque este possuisse drogas.1 1 1 1 ' lnvejam os donos da magia de vinganca, porque esta e uma forma de ma-" h , III todo mundo precisa usar, e seus donos alugam-na por precos muito1111o~.Mas para os Azande conta muito pouco possuir drogas para proteger asI"~ IS, c acar, fazer as bananas e ab6boras frutificarem etc. Tambem na socie-dlld,1.'zande 0 sta tus polit ico predomina sobre todas as out ras distincoes.

    A magia , em sua maior parte , e uma prerrogativa masculina. As mulheresI '"d un ocasionalmente agir como adivinhas, curandeiras e tomar parte no ri-III II las confrarias, mas a maioria das magias lhes e desconhecida, e nunca seII P111amulher usando os amuletos e apitos magicos dos homens. Em parteI (I se deve ao fato de que muitas drogas estao associadas a at ividades mascu-lln IS - por exemplo, a magia da caca. Mas deve-se tambem a opiniao corren-I 4[ 0 que as mulheres nao devem praticar magia, um ass unto masculino. Amugia da poder , 0 qual esta sempre melhor nas maos dos homens. Assim,IllHlndo as mulheres tern necessidade de protecao magica contra ab ruxaria e aI,Ili

  • 8/2/2019 Bruxaria, Orculos e Magia entre os Anzande0012

    5/13

    IlIdo, , I . . po Ill'lll 1 1 ' O ~ ~ 1 I IIIIpillfU II 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 III I II ' I l~da n '0 , ( ) 'nnl(),OllHOdO!)()11ll()('llt1lIIlIIIIH)I",HH IV'lllulI1 I 1 1 1 tlll,IJIIanos rcccntes.udifcrcnclo no c: r lu pu sou 1 1~ ll'lIl J ill 1 I11 1()1 '1 Iii lllllulll.1ria, e as r apazes j6 ru 0 cxpcr l rncntum Inlll I dlflculd I d~ 'llll'OI1lH HI ! I' dlll~I'1como antes.

    Quando um homem constroi LI111(1 nov a rcs id n 'i ll ( Il l pi n III i1 NUllllld III IIeleusina, pode pedir a u m amigo que v ci bcnzcr a p l a n t a e ! o ou UCIIHlI . (lllli M Ico enterra certas drogas na casa ou na roca. Em out ras ocasi t 'S lllmh. 1 1 1 1 1 IIIciso contratar um magico, como para ex cutar vinganca, rc 'UIWI'I\I' 111'1roubados, curar uma doenca ou punir adulterio. 0 pagamento d ' SSk'S 1 1 (' 11 ' ~ 1 1varia conforme 0 costume; em tais casos, 0dono d as d rogas x c . utu ( 11 ' 1 1 1 1mo 0 service, dizendo a droga 0 nome dohomem em favor de quem l'HII 1 1 1 \ 1 1do. Assim, 0 magico e 0 dono e 0 operador simul taneamente, Urn pl'!l1l IInao faria magi a em nome de ninguern, e e muito incomum que qunlqlll'membro da nobreza 0 faca .

    Mas um homem pode tambem obter a propriedade das drogas l' J 1 II' III Iser omagico que as opera. Este e 0caso especialmente com os amulcros l' Ilpltos magicos. Assim, por exemplo, um homem deseja um apito cujo HOI'IIIIIproteja contra infortunios, 0 transforme em bom tamborileiro, bam ~'il\ 1 1 1 1 1de elefantes ou algo do genero. Ele entao vai pedir a um magico qu II I I I I H , I Ium. Paga seu pre

  • 8/2/2019 Bruxaria, Orculos e Magia entre os Anzande0012

    6/13

    4

    S' 11111 hom ' I I I d \' ~'l'q II I IIIBIIIIII 1111111 I III' 1 1 1 1 1 } \ " I' I 1 1 '1 1 1 ~ II lh l II11b cn cf tc io , o u S q u 'I' ohrer nl~(JIII' I l im!'. I. 1110 Iii d Ii i u l . l u 1 (' 1 ' 1 1 1 1 1 1 1 . 1 1 1i ss o , T o d os S ab C 11 1 Q U C I1 ) p os su l q uu l d l'o g I~ '1 Ill k( ' 1' 11 11 11 ,d o Ii N(I III. 1111geral essas p es s o as e st a o l i g ad as , llS V 'I', 'S P ( ) \ ' pu 1 '( .' 11 (( ', ' 'O ,l \( ) I 10 1I H< 1I 1 1 1 1 1 1IIquer seus services.

    Os Azande insistem que s o e r np r e ga r n magin qu 'S 'ja 'OIl1Pl'lIvIlllI\llllll1eficaz. Eles dizem que alguns m a gic os p o ss uc rn m clh or m u glu < l I l t ' 1 1 1 1 1 1 1 1esse e 0 criterio que seguem ao solicitar os s e r v i c e s de urn 1 1 1 1 ' ! c I k o . A 1 4 I I I 01drogas de vinganca de alguns per itos possLlem a repu tac ; 0 e l l ' i I ( . I i l ' I'iil' I111II~cisivamente, enquanto as drogas de outros sao considcradas 1 1 1 i1 i, ~ 1 II I I h t I Iexecucao da vinganca.

    Os Azande, contudo, nao imaginam que 0 sucesso nas alividnd"11 IIIpiricas se deva ao emprego de drogas. Eles sabem que muitus VtlNbern-sucedidos sem elas. No entanto, tendem a atribuir LlI11SLI (. H , ~ (l 1 1 1 1 1 II,comum a causas magicas. E de fato, assim como um serio fracasso I II 1 It lida influencia de bruxos, tambem um grande sucesso e imputado U 1 1 1 1 1 1 1 II . I ll iessa relacao e menos subl inhada, visto que nao conduz a acao, como I~IIIda crenca de que 0 fracasso se deve a bruxaria. Um homem pode ob le t II Isem usar ou conhecer drogas; entao os Azande dizem que ele t m 1 O il 1 1 1 1(tandu).

    I 1 1 1 ' 1 , , ' 1 1 1 1 ' !'11I1t 1111 l l l l \ l I Itlll' lIlll'Ulli Il'i

    Ao diferencar a magia branca da feiticaria, os Azande nao estigmntlntu:ultima apenas porque destroi a saude e a propriedade alheias, I 1 H 1 H 1 1 1 1 1 ' 1 1 1transgride as regras morais e legais. A magia branca pode ser d e s t r u l V , "mesmo letal, mas so se abate sobre aqueles que cometeram algum < : 1 ' 1 1 1 1 1 I,magia negra ou fei ticaria e usada por motivo de odio, contra homcns 1 '1 IIIinfringiram qualquer lei ou convencao moral. As boas drogas nao po II IIIusadas para propositos malignos . Algumas delas sao class if icadas 0 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1outras como mas; sobre outras ha incerteza quanta a nocividade, Oi l 11111Iuma opiniao moral definida a seu respe ito.

    Qualquer especie de magia pode ser realizada em carate r privadu , 1\ Icricao e uma caracteristica de toda a magia, pois os Azande prCC'1'l'111IIninguern testemunhe essas acoes, por me do de que feiti ceiros e brUX()N I,bram e interfiram. Os amigos de urn homem sabem- ou pensam qu t i l l- que tipo de magia ele possui; ele nao tenta esconder tal propriedad " ~IIfeiticaria, ao contrario, e urn ri to sec reto em outro sentido. E r e al iz ud n IIIlada da noite , po i s, se for descoberta, 0 feiticeiro provavelmente SCI' 1111111

    III II 1 1 1 1 II ,III, Ill'lll I 1111111"\'11,11I' V I III n e m I ( \1 11 1\'d 1 ( 1 , Ii . s t r t u l v n pcrmitcm

    1 1 1 1 1 1 1 \ 1 1 I ~'IIIJ'(' 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 'II l l l ' d l i ~ ~ I I l ' i i l . C l l l l l e l " l l o , l I l l 1 r g l JUdU i l ' / n - a rn a-I t il l v i 1 1 K 1 .Il~ 'n n 1 Il1 1ll d ' i l l 1 ' 1 1 1 lv u e no III . smo t .m po a mais respeitada1 1 1 1 1 1 I I I p,kns l~lIlld~. Su n ( lnul ldndc 'a m sma que a cia magia branca eml id ( unndo 1 1 1 1 1 horn ' 1 1 1 1 1 1 0 1 ' 1 ' ,o s Azande consideram te l' sido ele vi t ima11111't1 ' 1 0 ou fciricariu, e faze rn a m agia d e vinganca para matar 0 assassino

    " 1 1 1 1 1 1 1 0, Us s a r n ag i a e t ida como um a especie de juiz, que busca 0 responsa-1 1 1 1 III mort '> como uma especie de carrasco, que 0executa. Os Azande d i-1 1 1 1 ! l l l ' . ln " d e ide quest5es" e que "resolve demandas tao judiciosamente

    1 1 1 1 1 10 ( )~ prtncipes". Como toda boa magia, age imparcialmente e segundoIlh IlloH de cada caso. Dai os Azande dizerem que uma droga "julga com

    1 " 1 1 iii I ) ( si nape zung), ou "e uma droga do mal".i I\Im hornem tornado de odio usar uma droga como ada vinganca para

    1 1 1 1 1 1 ruutar urn inocente, ela nao so nao funcionara, como se voltara contra1 1 1 1 1 1 \ co C 0 dest rui ra, Os Azande fa lam como se a droga buscasse 0 crimino-I , II 10 0 encontrando - pois ele nao existe -, voltasse para matar 0 ho-I II IIII a despachou. Ao primeiro sinal de doenca, ele ten tara interromper aIIhlld' la droga mergulhando-a em agua fria. Portanto, antes de executar a1 11 \ " d o vinganca, supoe-se que urn zande busque uma confirrnacao do ora-III III' V .neno sobre se realmente 0 parente em questao morreu nas maos de1 1 1 1 1 ( 1 ) ( 0 ou feit icei ro, e nao em consequencia de seus pr6prios rnalfeitos, vi-Ih t II, magia branca. Pois a magia de vinganca po de buscar em van pelo bru-I 1 I 1 1 r 'itice iro responsavel pela morte e retornar, tomada de furia judicanteI 1IIIlim,para despeja-la letalmente sobre 0 magi co que a despachou, isto e ,

    I' que esta usando 0 cinturao do luto.~ l IS a magia branca com funcao destrutiva s6 age contra criminosos.lido 0 crime foi expiado, e necessa rio destruir rapidamente a magia antes1 1 1 1 se volte contra 0magico.I11 1 homem perde algum bem, digamos por exemplo um machado, ou11m feixe de lancas recebidas como pre

  • 8/2/2019 Bruxaria, Orculos e Magia entre os Anzande0012

    7/13

    IJ

    P UH N l ' l I t 'N I nuu, ( ) l l ! 1 l o d l J I I'" til! 1 1 ' 1 1 ' nllllil M i1 lt l u l l i l M II I " 'I ' V II l ' ,\ (IV lH 1 1 1 I I I Io mid a .o zl dn , m ur ru , UlllllldlJ "HI\ 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 dlll'ldr, l'l~ mdo, \ 1 1 1 ' 1 1 1 1 1 Hill 1 1 1 1

    sell lh e a travessc 01 11" 1 11 1l~'1 1pili' 1 ' 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 .Quero salientar que, para Limz

  • 8/2/2019 Bruxaria, Orculos e Magia entre os Anzande0012

    8/13

    lilll I II 1 1 1 1 1 11 " , , 1 , , 1 , , , 1 1 1 I I h ' / "d e Lim h o m II I ~ 11 1 'nS[1111 '1110, I > c p o l qll' 0 t 't '1 1 i , 1 1 '1 1 1 ' '1 ,I' 111111\111, d 1111 II .nacasadavit irna.aalcgria d 'S 'us rcsld '111\sdl.' 'Pll' I'~;mur IO('I1I1Ii1U'1111mecam a brigar e logo se divorciarn.

    Ate monarcas poderosos t emern a feiricaria - nn v ' rdnd ., 11IUhl !jIllqualquer outra pessoa. Um principe nao acha que va is 'I' I1HlI'Io pOI' um luu ~IIplebeu. Seus inimigos sao outros nobres, e nao scdiz qu ' s I C s sc nnhru 1 1 1 1 1mutuamente; mas podem matar por feiticaria, e os nobr 'SIl'cqtll'nl('llll'lllllacusam uns aos outros de tal crime.

    As vezes urn plebeu importante consulta os oraculos em nome dt' ~II'IIprincipe, a prop6sito de urn presente ofertado por outro princip - po I I II !Azande, e especialmente os principes, costumam desconfiar d pr s 'nlcN, IIImendo que sejam veiculos de feiticaria,

    6Deve-se notar que osAzande conhecem muito poucas drogas que sejam l i l tramente classificadas como de feiticaria, ao passo que suas drogas boas s. 0 II'giao. A razao disso poderia ser que a grande maioria das si tuacoes em qu I II~interesses humanos sao ameacados ou prejudicados esta associada a bruxur II,e nao a fei ticaria: e e comum que uma suposta ocorrencia de fei ticaria H("Iigualmente atribuida a bruxaria - por exemplo, defeitos no oraculo de vcueno ou desavencas familiares, Na verdade 0 conceito de feiticaria parece S C I " 1 ' ('dundante, urn fato que por si s6 pedir ia uma explicacao hist6rica. Sabcnunque muitas das tecnicas magicas dos Azande foram adquiridas recentemcnlrde povos vizinhos.

    Depois de considerar todas asevidencias, ainda duvido que drogas m a l tficas - e feiticeiros - existam. A nocao de feiticaria, como a de bruxaria,evocada em situacoes especiais, e apenas por certas pessoas. Seurn homem ellenfermo de repente, seus amigos podem dizer que alguem fez feiticaria coni I'llele,mas outras pessoas podem pensar que provavelmente cometeu algum ' 1 ' 1me secreto e chamou a magia de vinganca sobre si .Digamos que urn hom 'IIIcaia repentinamente doente depois de uma festa de cerveja promovida pOl'II Iguem, Ele e seus parentes estao convencidos de que alguem pas urn pelo d forrniga-urso na sua bebida. [a 0dono da cerveja esta convencido de que 1 1 1 1homem e urn bruxo que veio disfarcado de morcego para destruir sua eleuslna. Digamos que urn homem comece a discutir com a esposa epense que iss(lse deva a droga gbarawasi. Outras pessoas dirac que isso deve-se a sua estupldez. 0dono de urn oraculo deveneno ruim pode atr ibuir seu fracasso a feitl

    1II1 I, () 0111111 llilil'lll III 1 1 1 1 1 1111 pIOV . V t , 1 '1"1' I dH 11I1 I I Il l 1i ' I1 1 I, l lI l ldo111,111111111111,

    ( ) m u l l v o lJIll' III , I 'v 1111 (!'t'I' q u 'dl'OKIl I IIIIHIIIII'II ' 1 1 1 ' / ' '11111 1 I 1 1 I 1 1H I It IS ~ 1 1 ( l ( ) t'P,ldlll~ ..: (I ) NII1p.Utlll. lilli' t'll M il hll J 11111 N I I d l l l i l u POSIHill' 1 1 1 1 1 ' 1t l l ll l W s , POl'ltllllo.llltio II q u e P () S S () dlzcr q ue OM A ' / ,1 I 1 I, II I rihu I.' 1 1 1 o \ I S O d 'N1111 dl 't )gUH U c cr tu s IK'SSO IS, (2 ) 01 4 i\1',lImk lu10 i~nOCI1PUl':l'Hd e u pontu r m uitos11 I1 iN d ' P '81>O

  • 8/2/2019 Bruxaria, Orculos e Magia entre os Anzande0012

    9/13

    II1lIdo p II ' I 1 1 1 1 1 1 Il l 'd ~ 10 I 1 '1 1 \) 1 1 1 1 1 1 . 1 , qu ' 1 1 1 1 0 tOl ( 'HI! II 1 1 1 1 1 1 1 I I I II u inm i rc ia l r ~ 1 V o l ' < 1 v c l , ( ) que t iv 'NUll 'IlPOHI romudn d v oltu P 1 1 l ' II II 1 0 1 1 1 1 1des acreditam que tern qu i ixas 1'gl limas. Os m mbros tin .x p 'dl~'1(),(IdUlIlIdos bens desejados e os pais da jovem tambern cstt 0 'OIlV '11 .j Ins till PI'( JlIIIretidao moral. Urn homem que sofre de ulceras ns0 v nuda d '111uls ('III Ivrar-se delas passando-as para outro; pois de cons i d e ru que foi 1 1 1 1 1 1 1 1 ' 1 1 1 1 1 1 1 1 1por esse outro. Um homem que contrai um cancro lizque sua ' SPOl)lI () 1 1 11 I Icom a lguem: mas quando seu vizinho contrai um cancro, elc dim qUI: () v ~Inho eurn adultero, Cada urn adapta as nocoes de sua cultura para que lhr II Ivorecam naquela situacao particular. Essas nocoes nao constrangcm tIl! It IH IIterem crencas identic as em situacoes identicas, mas permitem que cadn 1 1 1 1 Iexplore 0 lade que the da mais vantagens.

    Alem das drogas consideradas l ici tas ou ilici tas , conforme a final] IlIdllcom que sao empregadas, existem muitas outras de menor importan ' it l

  • 8/2/2019 Bruxaria, Orculos e Magia entre os Anzande0012

    10/13

    d 'X P I ' ! ' I I I I I 1 '1 '1 1; ~ I' 1 11 11 1 \ 1 1 0 I I ! 1 11 11 01 I l ' l I i l l I l 1 " 1 11 11 1, 1 \1 I I I II 1 , 1 1 1 1 1 Iquusc 1 0 lu d ( ) l l i l l i l l II I I ! { I I ( ) 'I t ld ll , p l ' o g l l O H I I \ HII C ' I m I d ll l l 1 11 11 1\ 1 11 1. 1m a s a d a do '1 1 a 1 '1 " S t! U 1 1 '1 1 1 1 1 1 1 '1 1 ( 0 1 ' I ( " c ln c o ( '1 1 1 1 1 1 1'1 1 1 1 \1 ( ' I (I d il l V il t I ,de experien ias an! ' rio!' 'S, .rn outros d 'l1lOl1lill'llldo II PI'I',t'll~'1i(II ' 1 1 1 1 1 dmento logico-experimcntal (cmborn, provuv ihucruc, um tunio lit'Il1 1'111

    A despeito desses elementos cmptricos no t r u tu rucu rn ~,lIlIdl'dltH IlIlhlques menores, minha propria expcriencia c de qu . S 'us I 'VI11 diuH 1 1 1 0 1 1 1 1 1 1 inteiramente de ordem magica, Tampouco sc dcvc imngillul' qUI'. 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1uma parte do tratamento possui valor terapeutico real, csta scjun p 1 1 ' 1 1 ' 1 1 " 1 1 1 1Azande consideram vital para a cura. Tive LImaboa urnosr ru d 'SHU IIlt'l IIIdt ratamento empirico e magico quando urn menino que pCI'I' 'IH.:illIlIlIPIIIIIIIpo dornestico foi mordido por uma cobra considerada muiro V lIIlL'II(l II 1 1 1 1 1de nossos vizinhos, reputado como especialista em remedies, fh i 11111.1111111mente chamado e disse saber 0 que era preciso. Trouxe consi yoUllin 1111I I tl!gumas ervas (urn pedaco de entrecasca e urn tipo de capim): ill 1 \ I HI 1 1 1 1 1pouco do liber e deu 0 resto para 0menino mascar. Depois dec ngo III II IIIambos cuspiram fora a parte lenhosa. Fizeram 0 mesmo corn () l' III IIIcurador disse-rne depois que partilhou 0 medicamento para que, en 1 11 1 I IInino morresse, ninguern fosse acusa-lo de ter-lhe ministrado drogu : 1111IIcas. Disse-rne tambern que tinha interpelado 0 pedaco de Iiber, e l i / ' , 'lid" 1'1se 0rapaz fosse salvar-se, que arrotasse; se fosse morrer, que n 3 0 ( 11 '1 '0 11 1.de modo que a droga funcionou de forma oracular . Depois de t 'I' d I IIImedicamentos, fez incisoes no pe do paciente (onde tinha sido I lH! l 1 . 1 ,suspendendo a pele entre os dedos e cortando-a com a faca em Vl\ rio W " Ileves. Logo que 0 sangue comecou a fluir, tomou 0pe do pacient Ii 1 111111sugou asincisoes com forca, Declarou entao que 0 menino deveriu Iii II Iii,lutamente quieto e mandou que nao se mexesse. Pouco depois 0111 'II lilt Imecou a arrotar por causa dos remedies que tomara. Ao VC I' C I' I , , augurio, 0curador nao teve mais duvidas de que a convalescenca s ' 1 ' 1 1 1 1 1 ' 1 1 1

    Quando um zande sofre de um incomodo menor, medica-se a S I l l f I I ISempre ha algum velho parente ou vizinho que the dira qual 0m Ilhol 11111dio. Se0problema nao desaparece, vai visitar um adivinho. Em d O < .! II ~H ~ I Igraves, os parentes do enfermo logo consultam 0 oraculo de atrito, ' iiiguida 0Dracula de veneno - ou, sesao pobres, 0oraculo de termitua, 1 ' 1 1 1ral fazem duas perguntas: primeiro se existe urn lugar seguro t'lil t i l lenfermo possa viver; depois quem e 0bruxo responsavel pela do 'n~'I,(I Isultados dessas consultas sao os procedimentos descritos no capitulu tll, 1mocao do invalido para uma cabana no mato ou no limite das 1 '1 1 \ Imenos que 0oraculo 0aconselhe a ficar em casa- e uma adverten 'h i 1 1 1 1 1 , 1 1

    1111'11 Iltill ' 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 , 1 ( ; 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 ' 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 ' ' 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 0 11 1 1 1 ' 1 0 1 1 ' I I I toI Ilj ll I '1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 11 1 1 1 '1 1 11 ' 1 1 1 1 I I I, H 1 1 1 1 1 1 1 1 1 0 1 1 1 1 1 (J P H i' 1 '1 1 1 ' ' . t 'N O p l " l ~ 1 I 1

    _ 1 1 1 1 1 " rlu, P(ld' t'li lid 1 1 1 1 1 , 1 1 1 ' 1 1 1 1 1 ' O M tt l vlnho d 1 1 l 1 U '1 l 1 f l o h l " 1 1 0 ' 1 1 1 1 doI ', IW I II "

    An I IH 'S it U) ( l'I Il IH I ( ' l e N upllc 1111 " l l W l i S ,'1111 d ins . S c d cd uzem d os sinto-1 11 ,1 1 11 1 d ' um n d \ '1IlI'lI\\ o d o on l ' L 1 1 0 q u 'a docnca p od e se r atribuida a ma-jill (ho I ()U 1'116),ihurnurn imcdiatamcnte urn especialista que conheca 01 1 1 1 1 .lo to 's pc - 1 1 1 o, Sia c1oCI1

  • 8/2/2019 Bruxaria, Orculos e Magia entre os Anzande0012

    11/13

    de .urs-lo iom r ' 1IltdlON, Alit 1 1 ' " l ! O h lHl l t l l u l ' u l H 1 I 1 1 1 1 t l l wil 1 I 1 1 1 i 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1e x cl ui d as c ia c on ce p tozund e d I d o '119[(', 1 1 1 1 1 8 , 1 00 1'1 1 1 11 1 1 1 1 1 ( J I ', 1 1 1 1 ' 1 1 0 / 1 J 1 1 1 1minentes. Em bo ra n em s em p re s cja rn im e dia ta m '11 t e u c lo u H !tlli 1 11I1 i11 1caso deleves perturbacoes, ou seuma terapeut ica cmptr] '(I e u ti t'q ll tl t !t ll _ !1 11 1damente eficaz -, elas estao sempre a mao p ar a q ua lq ue r t 'Y C ' I l( 1 1 I 1 I 1111.1,Quando suas penas come~am a aumentar, 0 zande p a s s a u I a l u r (III hlll~llll"mas ainda nao executa qualquer rito de contra-ataque. S( ) quando 1 I 1 l 1 1 1 'hi_IIcam realmente serias e que inicia as manobras antibruxariu,

    8Embora nao sepossam classificar as drogas azande em categorias d IN ~ 1 1 1 1 1 1 _ Imutuamente exclusivas de magia produtiva, protetora e p un it iv u, l ul ll l1 1l l'F Itos realmente existem na magia zande, e 0 uso de drogas pari icllitU'II" I illsituacoes espedficas pode enfatizar urn deles em detrimento dos OUll'WI tlillAssim, por exemplo, quando um homem faz magia para obter 1 I 1 1 1 1 1 hOIl I"lheita de banana, poderiamos classificar 0 r ito como magia produ t l v u t Ithldevemos lembrar que 0 fracasso da colheita e sempre atribuido f1 hl '1 IH11 i hIQuando estao cultivando plantas mais importantes, os Azande OSlllllhlll1proferir longos encantamentos, nos quais afirmam claramente a a~ , I) plUfftora e punitiva da magia. Quando um homem emprega urn maglru 1 ' 1 1 1 ,Ienterrar drogas na soleira da porta, protegendo sua casa contrafclrlcurlubruxaria, ele esta confiando no poder protetor que tern essa droga d o 1 1 , _t ruir bruxos e fei ticeiros; mas ela tambern funciona para trazer paz C ] 1I 'O H J Iir idade para a familia. Os encantamentos proferidos sobre tais drogns ( 1 1 1 , 1forma de urn conjuro contra os bruxos. De forma geral, a magia zand(1 V ~ Ievitar a interferencia mistica, e 0 faz geralmente na forma de uma a:nlt'n~1111seus autores.

    Gostaria de deixar isso bern claro, porque e impossivel entender a 1 I 1 1 1 1 i IIzande, bern como a diferenca entre comportamento ritual e empirico 1 1 1 1 v i I I ,dos Azande, a menos que se perceba que seu objetivo principal e coruhuuoutras forcas misticas, muito mais do que produzir mudancas no mundo 0 1 ,jetivo que favorecam 0 homem. Assim, as drogas usadas para garantir 1111111boa colheita de eleusina nao sao consideradas tanto como capazes de cslillllllar a eleusina, mas de manter os bruxos afastados. A eleusina crescera l l l 1 i 1 1 1 1bern se a bruxaria nao se intrometer.

    Como osAzande concebem a acao de suas drogas? Elesnao pensam III!Ito sobre esse problema; todos sabem que as drogas mais potentes a IG II l~ ' 1 1 11seus prop6sitos. A melhor prova disso e a experiencia, e especialmente n e v l

    1\1 f '" f " " , II "li w 111111IUllIl'lll'l dUPIIII I I l I IVI lu~ urucuhu lMoNWJbs1I11 l1 .OSA~1I111I" I! "IJ1111 IIII(' t I, (I II III d l l l P . I N II II ~'Olll() I dllMI l ' III ' IN 'Illpfl'ic.: I I < , huv IndoIIIIt lil1 JIIIN(!'loNo qu pl't'd II rl c x p l l c 1~'Hl, I kVl.!llJOS I' Ix i r d a r qu e os m a g i-

    11l~ I 1 1 1 0 P 'I'!' 'I r u m e n te 1 l1 1 l1 il ln .I ' i 1 . I ( J o s c o m u s o p ' [ 'a y O '/1 t e n ic a s d a s a r t e s eIII II,0, '11, (l qu I n '(jIH '" entr " P()!' l!XCI11 p ic, a execucao da magia de vin-

    l \l lI l~ 11 ( ' I I m ortc d a p esso a v isad ai O s A zand e d izem que 0 rnbismo ngua, "adf llll d tdro 'a", suiu em busca de sua vitima e a pegou.

    A v lr tu d c de uma droga e par vezes descrita como sua alma, que se ereII hil' b"l ' 01110 vapor e fumaca quando a droga esta sendo cozida. E por issoq lll' 1111P issoas aproximam 0 rosto desse vapor, para que a virtude magics asI I I I IH ' I I " , S Azande tambem dizem que, quando cozinham as drogas da vin-W"I~~ , u . a lma dessas drogas sobe com a fumaca e, do alto, perscruta os arredo-"" !ltl'llSdo bruxo.

    A t que ponto osAzande tern fe na magia? Descobri que eles sempre ad-t il 1 11 11 que a resultado de urn rito e incerto; ninguem pode garantir que asI 1 I 1 I f il lS atingirao os objetivos almejados. Nunca ha 0 mesmo grau de confian-~ II q C I se deposita nas atividades empiricas cotidianas. Contudo, os AzandeII' dm,cnte acreditam que a magia de vinganca tern sucesso. Este sentimentoIIlhl sedeve apenas a importancia do fim visado e a influencia da opiniao pu-Itl bl ) que forca osparentes do morto a realizarem esforcos repetidos no senti-dll d vinga-lo; a prova da magia e a experiencia. Portanto, a prova do poderl I u 1 . g i c o reside sempre na ocorrencia dos eventos que ele visa alcancar.

    Os Azande observam que aspessoas morrem 0tempo todo, que invaria-Yl'llnente se procura vinga-las e que e muito raro tais esforcos falharem. AIllI\finna~ao de seu sucesso e de ordem mistica - as revelacoes oraculares.N o caso da magia contra ladroes, asprovas costumam ser mais diretas, ou as-1 4 1 m parece, porque na verdade 0que seprova e apenas a cren~a geral no poderd l l s drogas anti-roubo, De fato muitos Azande podem contar casos de bensI" uperados depois da realizacao da magia, e eu mesmo observei que isso asvezesocorre.

    Mas as Azande acham que urn ladrao empedernido, que ja perdeu com-p l tamente a vergonha, nao se intimid a com drogas protetoras. Provavel-I\~ nte confia em antidotes para se salvar, pode remover as drogas que 0utacam, ou pensa que estas demorarao tanto a acha-lo que 0 dono da coisaroubada vai cansar-se de respeitar os tabus. Ou pode ainda correr 0 risco deN )rpunido magicamente, uma vez que os roubos anteriores nao the fizeraml11 .a1. Contudo os Azande dizem que roubar e correr 0 risco de morrer por'ansa de magia sao uma estupidez; e quando eu perguntava quais as provasque tinham da punicao dos ladroes, replicavarn algo como: "Houve muitos

  • 8/2/2019 Bruxaria, Orculos e Magia entre os Anzande0012

    12/13

    I 'O ll h O H ( ' I ' 1 1 I 1 0 1 1 1 1 1 1 1 V I ' 1 1 1 1 1 I 1 I 1 1 I 1 1 1 1 1 1 1 1 I 1 1 I 1 I 1 I 1 ! IHII iii '1 11 1 '1 I I H I 1 1 1 1 ' 1 ' 1 1 1 1 1 1 tm uh us d v ld u: r 0 1 ' 1 I 1 1 dd l l , I n h l t l 1 ' 1 1 1 1 ' 1 1 1 , "

    A r ua g iu p od Ib ' I l l N t ' l ' ( 11 1 1 1 11 1 1 1 1'1 '1 1 1 11 V 1 1 1 (1 1 I 1 ( l o N C i l l p f l ' i 01 1 I t ' l l I l l ' ( II~ao de urn firn; rnus 11\ 0 6 11 11 1 Illf (odo II I t II ( ( ) 1 ' l l ls lhLH:io . 1 ' ;1 ' 1 1 1 1 1 '1 1 1 01 1 1 1 1 .velhos tempos, quando UI1II)l'ux() 111111qu 'pnglll ' inti ' l l i :W

  • 8/2/2019 Bruxaria, Orculos e Magia entre os Anzande0012

    13/13

    ()I)Apll ~ 11111II'ildllllC'liIlIlIIlIHII.111I1 11'1'111111111 d 1IIIIIdllllllllq O 1,I,.'lu~ I . ( '~ 'ntol IN1 '1 '01 ,11\ I t i t ' PI I 1 1 1 Iii II li d I \ 1 (1 11 11 '1 1' 1 A IllliH II I III IIIontra b lL IXC lS , 1011'0 'S 'lldull'I'O/ d('lllilillt 't do INllllOl'l 'd~'lIll1 ilOIII('11I II

    on:'icuJ,ode vcn 'no d 'I 'I'mIIlIlIW dl' Ill()I'I' 'II (,OIllOv II III 1 In 1l1l1HII.S' O,~ ,,'1culos f o s s e r n ~onsLlltacios; 1 1 1 1 . s , p u rl ! d t 'l i( 'o b r il ' 0 ' 1 '1 1 1 1 1 1 1 ( 1 )0 , e s < ) cntno H I' ( ' X I 'cutasse a magra, esta logo s cr ia v is ta '0 1110 i ll 'I'i :II'. ,

    (22) As crencas azan~e sao em geral fo rrn ulad as e rn l r l1 10 S V il gO S , 1 '1 11 11q~~ uma crenca possa ser infirmada experimentaJmente, ou vista 'lill'()1 ill'lIdicao com outras c ",.. .. rencas, e preciso pnmeiro que ela sera clararncn tc (01'1111illda e l~te~ectualmente desenvolvida, Assim, 0 conceito zande de "almu" dlldroga e tao vago que nao pode ser desmentido pela experiencia,

    IJ\ 1'1'1'III I II

    U J I/(I ussocuuiiop ar a a pr atica da magia

    IAs praticas magicas ate agora mencionadas sao em sua maioria r itos indi-viduais realizados por individuos isolados, seja para a consecucao de objetivosproprios, seja em nome e na presen