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BUSINESS INTELLIGENCE R ECONOMIA 4.0 FÓRUM MERCADO DE CAPITAIS 2019 Vera Daves Mário Gavião Ottoniel Santos Patrío Vilar

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BUSINESS INTELLIGENCE

RECONOMIA 4.0

FÓRUM MERCADODE CAPITAIS 2019

Vera Daves Mário Gavião Ottoniel Santos Patrício Vilar

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4 Junho 2019 | R

S UMÁRIO F Ó R U M M E R C A D O D E C A P I TA I S 2 0 1 9 • N O V E M B R O 2 0 1 9

Editorial Mário Gavião, PCA da CMC. 8

RUI OLIVEIRA, CEO da BFA Gestão de Activos “Precisamos de fundos de investimento para estimular o sector privado.” 10

DISCURSO DIRECTO A visão (e contributo) do ATLANTICO, BNI e Aliança Seguros sobre a Economia 4.0. 16, 22 e 27

EDNA KAMBINDA, administradora executiva da CMC: “É necessário mais crowdfunding para financiar as nossas PME.” 33

VANDA DE OLIVEIRA, managing partner da Bantu Makers: “Estamos no caminho de criar uma verdadeira economia digital.” 38

JOSÉ CARLOS DOS SANTOS, CEO do Acelera Angola: “A qualidade das startups tem vindo a melhorar”. 42

E AINDA Opinião José Barata, Presidente da Deloitte Angola, Luis Pedro Mendes, Partner EY, Assurance Aervices, Diogo Sousa, Partner KPMG.

Proprietária: Media Rumo Rua Comandante Stona, Município da Maianga, n.º 103/105, Bairro de Alvalade, Luanda, Angola Conselho de Administração: Domingos Vunge (PCA), António Pedro e Guilhermina GonçalvesDirecção Geral: Kátia Lopes ProençaDirecção de Informação e Conteúdos: Karinne Manita [email protected]; Ricardo David Lopes [email protected] MR Digital: Nilza [email protected]

Directora: Karinne Manita [email protected] Direcção Comercial e Marketing: Mell Chaves [email protected]ção Administrativa e Financeira: Herlander Tomás e Dinamene CarneiroDesigner: DABrand, www.dabrand.designFotografia: Walter Fernandes, Carlos Muyenga, Orlando Zumbi e Rodolfo Cassala Revisão: Luís Rufino Impressão: Damer Gráfica (Angola)Distribuição: Teresa Sibo, Yuri Januário

Tiragem: 5000 exemplaresDepósito legal n.º 336825/11Alvará comercial n.º 31014/10/04/2011Assinaturas: [email protected] RUMO JÁ ESTÁ DISPONÍVEL EM FORMATO DIGITAL NA APP QUIOSQUE MEDIA RUMO E NO SITE WWW.RUMO.CO.AOCONFERÊNCIASPara saber informações ligue 00 244 939640828 ou envie mail para [email protected] da publicação no Ministério da Comunicação Social n.º 630/B/2011Interdita a reprodução, mesmo parcial, de textos, fotografias ou ilustrações, sob quaisquer meios e para quaisquer fins, inclusive comerciais.

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Editorial

6 Novembro 2019 | R

O tema do Forum do Mercado de Capitais deste ano - Mercado de Capitais: Capi-talizando a Economia 4.0 não podia ser mais actual e oportuno para Angola.

Numa altura em que já ninguém tem dúvidas de que a diversificação da economia não é uma opção, é uma inevitabilidade, temas como mercado de capitais, startups, tecnologia, em-

preendedorismo, digitalização ou automação, entre outros, devem fazer parte dos nossos debates, das nossas práticas e das nossas vidas.

A Economia 4.0 ainda não está ple-namente instalada em Angola, longe disso, mas há boas notícias e sinais que permitem olhar para o futuro de forma optimista. Não faltam jovens e ideias que muitas vezes se traduzem em negócios. Tem acontecido, felizmente. Há startups que já cresceram e dão alento ao nasci-mento de outras, num ambiente onde se falha rápido, mas é também preciso saber dar rápido a volta por cima.

Existem, como sabemos, falhas estruturais, a vá-rios níveis, que actuam com entraves ao surgimen-to e crescimento de mais iniciativas empresariais inovadoras. Muitas delas devem ser resolvidas por iniciativa do Estado, mesmo que em parceria com privados, mas algumas podem e devem ser apoiadas sobretudo por capital privado.

É aqui que surgem os mercados de capitais como uma ferramenta inestimável para o lançamento de

novos negócios baseados em tecnologias que alte-ram, pela positiva, a nossa experiência como pes-soas, como profissionais, como cidadãos.

Noutras paragens, os mercados de capitais, atra-vés de fundos vários e outros instrumentos finan-ceiros, têm apoiado o surgimento e alavancado o desenvolvimento de startups. O mercado de capitais em Angola, não dando já os primeiros passos, por-que já passou essa fase, está numa fase de diversi-ficação que vai ser potenciada, naturalmente, pelas privatizações. E, com o tempo, com a maturidade, com mais apetência pelo risco, poderão surgir opor-

tunidades interessantes para empreendo-res e startups, mas também investidores.

Ao longo desta edição especial da Rumo que tem nas mãos, e que prepa-rámos para o 3.ª Fórum do Mercado de Capitais, pode ler na primeira pessoa a experiência de vários dos intervenientes de todo este processo. A sua visão, as suas ideias, as perspectivas, os prognósticos.

Comissão do Mercado de Capitais, gestores de activos, empreendedores, empresários, consultores, bancos, seguradoras, todos concordam que muitos dos seus próprios processos têm estado e estarão em profunda mudança, com as possibilidades trazidas pela tecnologia.

Ganham as empresas e instituições, e ganham os clientes e utentes, obtendo melhores serviços com mais facilidade e menor custo, vindos de em-presas mais eficientes, focadas e produtivas. É o que todos queremos.

Por RICARDO DAVID LOPESDirector de Conteúdos

O que todos queremos

DIVERSIFICAR A ECONOMIA NÃO É UMA

OPÇÃO, É UMA INEVITABILIDADE

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© 2019 KPMG Angola – Audit, Tax, Advisory, S.A., a firma angolana membro da rede KPMG, composta por firmas independentes afiliadas da KPMG International Cooperative (“KPMG International”), uma entidade suíça. Todos os direitos reservados.

Uma ideia não é nada sem uma boa execuçãoNum contexto de inovação e disrupção, a diferença entre o sucesso e o fracasso está na capacidade de fazer acontecer.

É por isso que trabalhamos com paixão e propósito, lado-a-lado com os nossos clientes, combinando abordagens inovadoras com uma vasta experiência, de forma a entregar resultados diferenciadores.

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FÓRUM MERCADO DE CAPITAIS 2019 | EDITORIAL

8 Novembro 2019 | R

Por MÁRIO GAVIÃOPCA da Comissão do Mercado de Capitais (CMC)

O ano de 2019 tem sido pródigo em grandes títulos nos órgãos de comunicação social, seja por moti-vos políticos, económicos ou sociais, e chegados ao mês de Novembro, mês emblemático por ser aquele em que se celebra a independência de An-

gola, o Fórum do Mercado de Capitais, na sua terceira edição, vem ocupar um espaço, cada vez mais seu e cada vez mais im-portante no universo dos títulos do sector financeiro angolano.

Nunca, pelo menos nos últimos 10 anos, o termo desafiante fez tanto sentido como no momento actual da nossa economia, que continua a ressentir-se do impacto da queda do preço do petróleo em 2014 e do menor volume de produção desta com-modity no País.

O ciclo económico em que nos encontramos é, ainda, de recessão, traduzido num crescimento negativo na ordem 1,2% em 2018.

Entretanto, é importante salientar que o volume de nego-ciações na BODIVA continua em crescendo, tendo-se situado, no período de Janeiro a Setembro do corrente ano, em torno dos 642,5 mil milhões Kz, num crescimento de 7,29% face ao período homólogo.

Na mesma direcção encontramos o segmento de Fundos de Investimento, que registou um crescimento significativo, tanto no número de entidades registadas, que passaram de 10, no fi-nal 2018, para 18, em Setembro de 2019. O valor líquido global dos activos sob gestão teve um crescimento de 182% no mesmo período.

Estes dados reflectem de forma objectiva o potencial do mercado de valores mobiliários em Angola e as oportunidades que este segmento oferece aos agentes económicos, e é com foco em oportunidades que o Fórum do Mercado de Capitais 2019 é realizado.

O Fórum do Mercado de Capitais 2019 tornou-se, com mé-rito próprio, uma plataforma de excelência para a promoção

e dinamização do mercado de valores mobiliários em Angola, pois congrega no mesmo espaço os principais stakeholders do mercado, para debater, de forma aberta e construtiva, os mais pertinentes temas deste segmento do sistema financeiro.

Em 2018, o ponto fulcral dos debates foi o Programa de Privatizações (PROPRIV) e, considerando os desenvolvimentos ocorridos neste processo, será natural que continuemos a re-flectir sobre este tema em 2019, tendo agora mais informação disponível do que tínhamos no ano passado.

Continuamos a acreditar que o PROPRIV será fundamen-tal para a dinamização do mercado de valores mobiliários, na medida em que irá a permitir o arranque efectivo do mercado de acções, dando-lhe a profundidade e a robustez necessárias para atrair os detentores de poupanças interna e externa.

Nesta edição do Fórum do Mercado de Capitais, vamos também reflectir de forma conjunta sobre o impacto que as novas tecnologias estão a trazer para o sector financeiro, atra-vés da análise da nova revolução industrial, que os especialistas chamam de Economia 4.0.

Na Economia 4.0, o digital e o real combinam-se e acabam por alterar os modelos de negócio, o mercado de trabalho e a sociedade em geral.

Os efeitos disruptivos desta revolução já se fazem sentir em quase todas as esferas da sociedade e o sistema financeiro não está imune ao mesmo.

UM FÓRUM COM UM ESPAÇO PRÓPRIO E IMPORTANTE

"O PROPRIV será fundamental para a dinamização do mercado de valores mobiliários, na medida em que irá permitir o arranque efectivo do mercado de acções"

O sistema financeiro angolano deve preparar-se para acomodar as necessidades das empresas neste novo paradigma

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O financiamento de negócios inseridos nesta lógica tem sido motivo de intensos debates, atendendo ao facto que as plataformas tradicionais de financiamento à economia não es-tavam preparadas para os modelos de negócio que estas inicia-tivas trouxeram, justificando-se assim o surgimento por exem-plo das plataformas de crowdfunding.

O sistema financeiro angolano deve preparar-se, tanto em termos de regulação, quanto em termos de disponibilização de soluções suficientemente flexíveis, para acomodar as necessi-dades das empresas neste novo paradigma.

Não posso terminar sem deixar uma palavra de apreço à

Media Rumo, e às entidades que a esta se juntaram, para a realização do Fórum do Mercado de Capitais 2019, e a todas as pessoas que têm emprestado a sua capacidade intelectual e o seu trabalho empenhado para a dinamização do mercado de valores mobiliários em Angola.

Nesta edição especial da revista Rumo, dedicada ao Fórum do Mercado de Capitais 2019, o estimado leitor irá encontrar um conjunto de artigos e entrevistas que lhe permitirão ter uma perspectiva real do estado de desenvolvimento do merca-do de valores mobiliários em Angola.

Votos de óptima leitura.

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FÓRUM MERCADO DE CAPITAIS 2019 | GESTÃO DE ACTIVOS

10 Novembro 2019 | R

PEQUENAS E MÉDIAS EMPRESAS SÃO A ESPINHA DORSAL DA ECONOMIA E PRECISAM DE NOVAS FONTES DE FINANCIAMENTO QUE PODEM PASSAR PELO MERCADO DE CAPITAIS, DEFENDE CEO DA BFA GESTÃO DE ACTIVOS, RUI OLI-VEIRA. TECNOLOGIA TROUXE MAIS SEGURANÇA E FIABILIDADE ÀS TRANSAC-ÇÕES ECONÓMICAS E FINANCEIRAS E DEVE SER EXPLORADA PELOS GOVER-NOS AFRICANOS PARA AJUDAR A SOLUCIONAR PROBLEMAS ANTIGOS QUE TRAVAM O CRESCIMENTO.

Texto Ricardo David Lopes | Fotos Carlos Muyenga

O tema da conferência da CMC este ano é Mercado de capitais: capitalizando a economia 4.0. Em que medida o mer-cado de capitais pode ter este papel?Há três razões pelas quais as transfor-mações actuais representam não apenas um prolongamento da 3.ª Revolução In-dustrial, mas a chegada de uma quarta e distinta: velocidade, escopo e impacto nos sistemas. Agora que estamos à bei-ra da revolução digital, caracterizada por uma fusão de tecnologias, as linhas entre as esferas física, digital e biológi-ca são imprecisas. Face às revoluções industriais anteriores, a quarta evolui a um ritmo exponencial e não linear, com um poder disruptivo em quase todas as indústrias. A velocidade dos avanços ac-tuais não têm precedentes históricos, e a amplitude e profundidade destas mu-danças anunciam a transformação de sistemas inteiros de produção, gestão e governação.

O que está a mudar?Tenho defendido que é necessário um modelo económico diferente. Não se trata de capitalismo vs. comunismo, mas de uma mudança que cruze o key-nesianismo, com um foco muito maior na saúde, na educação e no papel do go-verno na economia, com o neoliberalis-mo, focado no livre mercado, liberdade

do indivíduo e afastamento dos gover-nos, para originar um novo sistema que atenda às necessidades básicas e à ma-ximização do bem-estar do ser humano. Hoje, o acesso fácil aos sistemas de capi-tal por todas demografias é o coração do que move as sociedades, não apenas o mercado de capitais. Os serviços finan-ceiros como um todo, seja por meio de neo-banking ou fintech, desempenham um papel crítico na conexão de pessoas, na alteração do comportamento do con-sumidor e na transparência do inter-câmbio social, nivelando o campo para um sistema económico mais justo.

Que oportunidades a economia 4.0 pode trazer ao mercado de capitais?Através da automação, inteligência e personalização, a tecnologia tem o po-der não apenas de impulsionar o mer-cado de capitais, mas de catapultá-lo,

pressionando-o para a actualização das suas infra-estruturas para beneficiar os consumidores. As vantagens desta re-volução são muito aparentes na nego-ciação algorítmica ou de alta frequência (HFT), um método de executar ordens usando instruções de negociação pré--programadas automatizadas, que con-tabilizam variáveis como tempo, preço e volume para enviar pequenas ‘fatias’ de uma ordem de mercado ao longo do tempo – o uso amplamente difundido da tecnologia de block chain minimiza os custos e ineficiências do mercado. O Financial Times estima que os algorit-mos decidam até 70% das negociações de acções em bolsa e o JP Morgan avança que menos de 10% dos movimentos são feitos por indivíduos - o restante é feito por fórmulas quantitativas de computa-ção. Resultado? Muito menos utilizado-res estão envolvidos com o mercado de capitais, não apenas nos EUA, mas em todo o mundo.

É a arquitectura de blockchain…Exacto, onde as contrapartes concor-dam em transferir a propriedade de um activo em [quase] tempo real. Num ambiente como este, as informações compartilhadas numa rede distribuída ajudam a eliminar as vantagens infor-macionais inerentes que caracterizam

“PRECISAMOS DE FUNDOS DEINVESTIMENTO PARA ESTIMULARO SECTOR PRIVADO”

“Estamos à beira da revolução digital, caracterizada por uma fusão de tecnologias. As linhas entre as esferas física, digital e biológica são imprecisas”

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FÓRUM MERCADO DE CAPITAIS 2019 | GESTÃO DE ACTIVOS

12 Novembro 2019 | R

as HFT, permitindo que várias partes confiem nas mesmas informações em vez de duplicá-las, replicá-las e ter que reconciliá-las. Desta forma, os mercados são locais mais seguros e confiáveis para transacções (económicas) humanas.

A economia 4.0 está bem avançada em Angola?Infelizmente não. Existe ainda uma enorme lacuna entre o mercado finan-ceiro e a economia real.

Onde pode ter mais potencial?Hoje, uma franja da população usa tec-nologia móvel para aceder a algum a tipo de serviço bancário. Embora este número aumente dramaticamente a cada ano, o mais encorajador é que exis-te um enorme potencial na integração

dos consumidores no ecossistema fi-nanceiro por meio da capacitação tec-nológica dos sistemas financeiros – seja por meio de transacções bancárias por meio de telemóveis, como na Tanzânia ou no Afeganistão, ou por serviços de microcrédito via plataformas tecnoló-gicas, como a Tala, que fornece emprés-timos instantâneos e outros serviços fi-nanceiros personalizados por via de um aplicativo móvel.

Os operadores do mercado de capitais em Angola têm estado focados em fun-dos com títulos de dívida pública. A tendência vai manter-se até quando?Por vivermos num contexto de grande assimetria de informação e constantes mutações políticas e macroeconómicas, é muito difícil prever as tendências dos mercados em Angola.

As privatizações são uma oportunida-de para dinamizar o mercado de capi-tais. Que papel a BFA Gestão de Activos pode vir a ter neste processo?Não temos os números, mas o nosso sentimento crescente é que, se privati-zarmos empresas estatais, juntamente com serviços públicos e participações do Estado em companhias lucrativas, o Governo deve conseguir angariar capital

“Tenho defendido que é necessário um modelo económico diferente, que cruze o keynesianismo com o neoliberalismo”

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significativo a médio prazo, que pode ser investido em habitação ou educação, por exemplo, impulsionando o cresci-mento da classe média. Isto é realmente atractivo, pois mais poupança doméstica poderá vir a ser canalizada para o sector privado e, finalmente, para o mercado de capitais. A história financeira mun-dial ensina que a existência de um sis-tema de mercados de capitais eficiente é hoje um dos elementos-chave para des-bloquear o progresso económico.

Vê interesse de investidores internacio-nais nas privatizações?Se pensarmos em Angola como um títu-lo de um cabaz de activos de mercados emergentes, o País é atractivo, tendo em conta factores como crescimento eco-nómico, inflação, taxas de juro, crédito e liquidez que, não obstante os contra-tempos mais recentes, têm tido um bom desempenho em relação aos seus pares da África austral. Mas políticas migra-tórias pouco ‘amigáveis’, a instabilidade cambial e a não flexibilização do livre fluxo de capitais continuarão a ser fac-tores inibidores da vinda de capitais in-ternacionais.

Que papel as sociedades gestoras de fundos podem desempenhar no cres-cimento da economia 4.0 em Angola?Angola enfrenta hoje o desafio de ofere-cer melhores oportunidades económi-cas aos cidadãos e de aliviar a pobreza que há muito nos afecta, por meio de um crescimento sustentado liderado pelo sector privado. Um forte sector em-presarial privado desempenha um papel vital a esse respeito, em particular as pequenas e médias empresas (PME’s), que fornecem a muitos angolanos em-prego, renda e esperança num futuro melhor. As PME’s são a espinha dorsal da economia, sendo necessárias abor-dagens empreendedoras inovadoras e

criativas para ajudá-las a adaptarem-se aos padrões globais. Para tal, o acesso ao financiamento é crucial, podendo assu-mir diversas formas, desde empréstimos bancários a microcrédito. Complemen-tarmente, há uma necessidade crescente de fundos de investimento para estimu-lar o desenvolvimento do sector privado. Os investimentos em títulos - acções ou soberanos - podem ser fundamentais na transformação das pequenas em médias empresas e das semiformais em formais, tornando assim o capital de risco um meio para a promoção da sustentabili-dade do empreendedorismo.

E a BFA Gestão de Activos, em concreto, que papel tem tido e pode vir a ter?Desde o lançamento do nosso primeiro fundo de investimento – o BFA Oportuni-dades I –, acumulámos 61,3 mil milhões Kz em activos sob gestão. Os investidores nos nossos fundos são maioritariamente de retalho, pelo que temos, assim, vindo a contribuir para a democratização do acesso ao mercado de capitais. Ambi-cionamos continuar a servir a economia nacional, tendo um papel preponderan-te no crescimento sustentável do tecido empresarial angolano.

Que papel o Estado pode ter?Estamos num momento crítico para a diversificação económica. Uma matriz de recentes eventos políticos e macroe-conómicos, e o ritmo crescente de de-senvolvimentos em tecnologia apontam para tempos voláteis e disruptivos. É hora de repensar as coisas! A Indús-tria 4.0 está pronta para impulsionar a transformação global das indústrias. Tecnologias inovadoras, como robótica inteligente, agritech, impressão 3D e inteligência artificial, combinadas com novas abordagens à gestão de dados, ajudarão a cadeia dos agentes econó-micos a economizar tempo, aumentar a produtividade, reduzir desperdícios e custos e responder de forma mais eficaz

à demanda do consumidor. Mas estas e outras tecnologias também oferecerão aos governos africanos novas maneiras de enfrentar os desafios sociais e impul-sionar o crescimento.

Em que medida?Por exemplo, o uso de sensores, os big data e o machine learning podem au-mentar significativamente a produ-tividade agrícola. A aplicação de in-teligência artificial em plataformas personalizadas de aprendizagem pode transformar a educação básica, onde os resultados permanecem fracos, apesar dos aumentos nas matrículas. E a tecno-logia blockchain pode facilitar transac-ções que exigem altos níveis de confian-ça, como compra de terras. Os decisores políticos devem, portanto, encontrar um equilíbrio entre gerir o impacto da transformação dos modelos tradicionais de desenvolvimento baseados na indús-tria, e abraçar as novas oportunidades decorrentes dos avanços tecnológicos.

O ano está a terminar. Pensam lançar mais algum fundo em 2019?Este ano foi marcado pela liquidação do fundo BFA Oportunidades II, com uma taxa líquida de retorno de investi-mento de 14,5%, e pelo lançamento de dois novos fundos de investimento, BFA Oportunidades III e BFA Protecção, am-bos com subscrição acima do espectável. 2020 é agora o foco!

Que novidades estão a preparar?O ano que se aproxima apresenta mui-tos desafios para nós, tanto do ponto de vista estrutural do mercado - que espe-ramos que traga uma série de desafios e oportunidades –, como do ponto de vista da empresa. Enquanto líderes de mercado, pretendemos enfrentar esses desafios e oportunidades de frente, ten-do como grande objectivo a solidificação da nossa liderança.

“Há um enorme potencial na integração dos consumidores por meio da capacitação tecnológica dos sistemas financeiros”

“Um mercado de capitais eficiente é hoje chave para desbloquear o progresso económico”

“Se pensarmos em Angola como um título de um cabaz de activos de mercados emergentes, o País é atractivo”

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Opinião

R | Novembro 2019 15

A história do sucesso da Finantech co-meçou em Setembro de 1994, com a criação de uma startup dedicada ao desenvolvimento de software para ne-gociação no mercado de capitais. Com mais de 25 anos de experiência, aper-feiçoamos a fórmula Finantech ano após ano, apostando na inovação e na comercialização de novos produtos e novas versões que acompanhassem a

constante evolução dos mercados e das instituições reguladoras nacionais e internacionais.

Hoje somos a empresa líder em Portugal, estando presente em 90% das instituições financeiras, tendo também uma vocação cada vez mais internacional, com presença signi-ficativa em vários países da Europa e África, com especial destaque para Angola, onde estamos desde o inicio da criação da BODIVA e empenhados no seu suces-so, apoiando as instituições financeiras na crescente robustez das soluções informáticas que suportam este negócio.

Chegamos agora a um momento crucial na evo-lução do mercado de capitais em Angola, onde as entidades procuram activamente soluções compe-tentes, fiáveis e tecnologicamente avançadas, in-corporando as mais recentes inovações tecnológicas por forma a acompanhar as tendências de mercado na sua operativa de negociação. Alinhado com esta evolução, estamos convictos que o mercado de capi-tais disponibilizará a negociação de novos produtos financeiros, sendo este um marco crucial, pelo que

a Finantech continua a trabalhar proactivamente e de perto com os seus clientes tendo como objectivo incorporar estas mesmas tendências nos seus pro-dutos. A par disto, prezamos a autonomia e digi-talização de processos, com o permanente foco na simplificação e emancipação de tarefas e processos por parte dos nossos clientes, algo pelo qual encon-tramos uma forte procura no mercado angolano.

O crescimento do mercado de capitais em Afri-ca tem sido um grande desafio para a Finantech, e

enfrentamo-lo com a maior das am-bições. Uma parte muito significativa dos nossos mais recentes e diversos projectos é precisamente dedicada aos clientes do continente africano. Exemplo do desafio e diversidade des-tes singulares projectos foi a criação de toda a infra-estrutura de negocia-ção da Bolsa de Valores de Cabo Verde, onde- numa excelente relação de co-laboração e partilha com a BVCV- ini-

ciamos um projecto inovador e revolucionário para a nossa empresa e para o mercado local.

Continuamos na vanguarda da inovação tec-nológica e do produto, sendo um claro desafio e oportunidade o papel das fintech’s na Economia 4.0. A incorporação de processos com recurso a AI, Machine Learning, Blockchain, entre outras tec-nologias nos nossos produtos, é um claro exemplo desta transformação. A inovação é um dos grandes pilares e valores da Finantech, sendo este período uma oportunidade que revemos não só como estra-tégica, mas como fulcral para o sucesso futuro da nossa empresa. Estamos aqui para o acompanhar nesta transformação!

Por JOÃO MARTA DA CRUZAdministrador da Finantech

“O CRESCIMENTO DO MERCADO DE CAPITAIS

EM AFRICA TEM SIDO UM GRANDE DESAFIO, QUE ENFRENTAMOS COM A

MAIOR DAS AMBIÇÕES”

Finantech e Angola: uma visão,um objectivo, um mercado!

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FÓRUM MERCADO DE CAPITAIS 2019 | BANCO ATLÂNTICO EM DISCURSO DIRECTO

16 Novembro 2019 | R

FOI LANÇADO NO FINAL DE MAIO DESTE ANO E CAMINHA PARA SE TORNAR NUM LABORATÓRIO DE INCUBAÇÃO E ACELERAÇÃO DE STARTUPS, ESTANDO JÁ A INCUBAR UMA A 100%, A STARMARKET. O DISRUPTON LAB MATERIALIZA O COMPROMISSO DO ATLANTICO COM A ECONOMIA 4.0, ONDE MERCADO DE CAPITAIS TEM UM PAPEL INCONTORNÁVEL.

RESPONDER MELHOR NA ECONOMIA 4.0A chamada Economia 4.0 ou Indústria 4.0 é fruto da conver-gência de tecnologias como Robotic Process Automation (RPA), Artificial Intelligence, Block Chain, Internet of Things, Machi-ne Learning e Big Data & Analytics, e alguns destes conceitos já fazem parte da nossa realidade, enquanto outros ainda es-tão muito embrionários. Um dos exemplos das utilizações que estamos a fazer tem sido a utilização da tecnologia RPA para automatizar tarefas simples e repetitivas e canalizar a energia dos nossos colaboradores para outro tipo de actividades. Te-mos tempos de resposta mais rápidos e permite-nos responder ao crescimento dos clientes.

O DESAFIO DA ADAPTAÇÃOUm dos principais desafios claramente é o tema das pessoas. Embora não seja uma realidade só nossa, pois vemos essa es-

cassez de uma forma global, ainda não dispomos de todas as competências para aproveitar em pleno o que cada uma des-sas tecnologias pode oferecer. Há um grande défice de profis-sionais na área de tecnologias de informação. Apostamos na criação de sistemas de desenvolvimento e de aprendizagem que nos permitam investir de forma contínua no nosso maior activo, as nossas pessoas.

GANHOS GENERALIZADOS Para os nossos clientes os ganhos são muitos. Podemos destacar dois: disponibilidade e eficiência. Hoje é possível realizar opera-ções 24/7 nas nossas agências e centros digitais, incluindo aber-tura de conta de forma remota e depósito de numerários nas nossas máquinas de depósitos. Depois há a questão da eficiên-cia, que por vezes não é tão visível, mas é o que nos tem per-mitido crescer garantindo níveis de serviços cada vez melhores.

“QUEREMOS PENSAR DIFERENTE COM O DISRUPTION LAB”

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18 Novembro 2019 | R

MERCADO DE CAPITAIS LIGA FINANCIAMENTO COM PROJECTOSO mercado de capitais é um mecanismo muito relevante para o apoio ao desenvolvimento, principalmente em momentos desafiantes como o que Angola vive. A inovação é uma com-ponente fundamental da Economia 4.0 mas para que consiga-mos inovar também é preciso investir. O mercado de capitais permite conectar aqueles com disponibilidade financeira para investir com quem dispõe de projectos, daí a sua relevância.

BANCA DEVE MANTER-SE PARCEIRA DAS STARTUPSA banca sempre foi a fonte de financiamento tradicional e para as startups não deverá ser excepção. Deve posicionar-se como sua parceira e promover programas que fomentem a criação e a aceleração e o desenvolvimento do ecossistema. Adicional-mente, a banca pode emprestar o seu know how e ajudar estes novos players na preparação dos seus modelos de negócio e na resposta aos requisitos necessários para acesso ao investi-mento.

DISRUPTION MOMENT, UM ESPAÇO DE CRIAÇÃOTemos um ecossistema composto por algumas startups com quem temos trabalhado, apoiando-as no acesso ao investimen-to, quer no desenvolvimento de trabalhos conjunto com vista à criação de sinergias e até na troca de experiências e know how. Há um ano lançámos internamente o Disruption Moment, um espaço onde convidamos diversas startups a fazerem-nos um pitch onde não só as nossas pessoas ficam com uma boa visão do ecossistema, mas também as startups saem com as portas

abertas para uma potencial parceria e oportunidades de me-lhorias nos seus modelos de negócio fruto da interacção e do debate promovido com as nossas pessoas.

DISRUPTION LAB: INOVAÇÃO NO ADN…Com o propósito de fomentar o ecossistema de empreendedo-rismo nacional, o ATLANTICO lançou, em Maio de 2019, o Dis-ruption Lab, tendo já através do mesmo firmado uma parceria com a Founder Institute (o maior programa de aceleração de startups no Mundo, presente em mais de 70 países e 180 ci-dades). Esta parceria reforça o compromisso do Banco com o desenvolvimento tecnológico de Angola e com a formação dos jovens empreendedores que querem contribuir para a criação de emprego e para o desenvolvimento de plataformas que fa-cilitam o dia-a-dia dos cidadãos. Adicionalmente, o Disrup-tion Lab está afinar o seu modelo de incubação e aceleração de startups, estando neste momento incubar uma a 100%, a Starmarket, com o negócio Mercado 3.0 – uma plataforma de comércio electrónico generalista (www.mercado30.co.ao).

PENSAR E AGIR FORA DA CAIXACom o Disruption Lab, queremos pensar diferente, trazer no-vas formas de trabalhar para o Banco, trabalhando longe das preocupações do dia-a-dia do negócio (incluindo a localização física do Lab, fora da sede do ATLANTICO). Paralelamente a um pipeline de projectos já definidos pelo Banco (internos), o Disruption Lab pretende também estar a acelerar/incubar pelo menos algumas startup, de algum tipo. Dois lemas que definem a nossa forma de trabalho: “Falhar frequentemente e falhar rápido” e “Diversidade é condição para a inovação”. No Disruption Lab todos os projectos serão executados em modo Agile com equipas mistas e multidisciplinares – com colabora-dores ATLANTICO e externos sempre que necessário.

“Com o Disruption Lab, queremos pensar diferente, trazer novas formas de trabalhar para o Banco”

FÓRUM MERCADO DE CAPITAIS 2019 | BANCO ATLÂNTICO EM DISCURSO DIRECTO

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HÁ 11 ANOSA REVOLUCIONARAS COMUNICAÇÕESEM ANGOLA.Em 11 Anos a INFRASAT revolucionouas comunicações em Angola.Mais tecnologia, mais mobilidade, mais conectividade, mais velocidade e mais interoperabilidade.Por tudo isto, foram muito mais do que 11 Anos. Foram comunicações sem limites.

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HÁ 11 ANOS ANGOLA COMUNICA MELHOR.

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Com a MSTelcomo futuro da sua empresa é um dado adquirido

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Opinião

R | Novembro 2019 21

Por DIOGO SOUSA Partner da KPMG

O sector das Telecomunicações está em plena revolução e Angola não é excep-ção. Numa era de disrupção constante, o sector enfrenta o duplo desafio de providenciar redes rápidas, seguras e fiáveis para alimentar um mundo cada vez mais conectado e digital, sendo o esforço financeiro para suportar esta revolução é cada vez maior.

Um recente estudo da UIT e UNES-CO estimou ser necessário investir 100 mil milhões USD para se atingir a meta de acesso universal à banda larga em África até 2030. É in-questionável a necessidade de investi-mento significativo em infra-estruturas de telecomunicações, para se atingir uma população estimada em quase 100 milhões de áreas rurais remotas.

A nível nacional, o Executivo tem realizado um conjunto de reformas e iniciativas. As recentes reformas da legislação do investimento privado es-trangeiro e da concorrência serão um contributo para reduzir os entraves ao investimento privado. E têm sido realizados inves-timentos para modernização e expansão da rede de telecomunicações, no reforço da conectividade in-ternacional, nomeadamente na rede de cabos sub-marinos, com destaque para o SACS como o primei-ro do Sul do Atlântico a funcionar a 40 Tb/s.

Mas é fundamental concentrar ainda mais esfor-ços para fortalecer o investimento e a universalida-de do acesso a serviços de telecomunicações, para assim se alcançar os objectivos de digitalização da economia e da sociedade. Neste sentido, o Programa de Privatizações 2019-2022 (PROPRIV) vem tam-

bém impulsionar o crescimento da economia, es-tipulando a alienação de participações públicas em empresas de diferentes sectores, num total de 195 activos, sendo oito do sector das Telecomunicações.

A injecção de capital privado e os princípios de gestão orientados para a eficiência e desenvolvi-mento comercial deverão permitir às empresas do sector melhorarem o desempenho. Fruto de maior competição, os consumidores terão acesso a mais ofertas e a melhor qualidade de serviço. Haverá mais oportunidade para geração de emprego mais qualificado e atractivo, maior internalização de co-

nhecimento e maior contribuição geral, directa (via impostos) e indirecta (via desenvolvimento das cadeias de valor e do consumo) para a economia.

Mas os desafios são grandes. O nú-mero de empresas alvo da alienação da participação pública é elevado, num período relativamente curto, a que acresce a complexidade e exigência dos trâmites inerentes ao processo. Por ou-tro lado, em África está em competição com acções de captação de Investimen-

to Directo Estrangeiro, como é o caso da Argélia e da Etiópia. A médio-longo prazo, é expectável que os players do sector se venham a reconfigurar, como resultado da dinâmica competitiva e da necessidade de capitalizar os investimentos requeridos para a ex-pansão e evolução tecnológica exigidos.

Angola tem de agarrar esta oportunidade e con-centrar esforços para que o sucesso do programa resulte em benefícios para população, maioritaria-mente jovem e com grandes ambições. Como já foi dito, “estejamos nós preparados ou não para a revo-lução nas Telecomunicações, ela vem aí.”

É INQUESTIONÁVEL A NECESSIDADE

DE INVESTIMENTO SIGNIFICATIVO

EM INFRA-ESTRUTURAS DE TELECOMUNICAÇÕES

Revolução à vista

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A ECONOMIA 4.0 JÁ CHEGOU AO BANCO BNI, QUE VEM REFORÇANDO A APOS-TA NO DIGITAL E ALARGANDO O LEQUE DE SERVIÇOS DISPONÍVEIS ONLINE, INCLUINDO COM O ESTABELECIMENTO DE PARCERIAS COM STARTUPS TEC-NOLÓGICAS NACIONAIS. O MERCADO DE CAPITAIS É UMA VIA PARA FORTALE-CER O EMPREENDEDORISMO, EM COMPLEMENTARIDADE À BANCA. A VISÃO DO BANCO SOBRE O PRESENTE E O FUTURO. 

“ESTAMOS FOCADOS NA PROCURA DE SOLUÇÕES PARA APOIAR O EMPREENDEDORISMO”

FÓRUM MERCADO DE CAPITAIS 2019 | BNI EM DISCURSO DIRECTO

22 Novembro 2019 | R

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R | Novembro 2019 23

ECONOMIA 4.0: DESAFIO INCONTORNÁVELA Economia 4.0 é um desafio incontornável que a banca ango-lana tem de implementar, procurando adaptar-se a uma nova realidade que visa em simultâneo a modernização e a renta-bilidade assente num melhor serviço ao cliente – mais fácil, mais intuitivo, mais próximo. Será com base neste paradigma que poderemos contribuir para elevar a taxa de bancarização e o conhecimento da realidade financeira do País junto da po-pulação em geral.

BANCA DIFERENTEEstamos perante uma mudança operacional e funcional. A digitalização dos diversos meios de pagamento, por exemplo, mudou profundamente o relacionamento dos clientes com os bancos, tornando-o mais imediato e confiável.

GANHOS PARA TODOSBancos e clientes beneficiam da racionalização de custos, me-lhoria dos processos, e, consequentemente, eficiência em to-das as operações. Temos agora um sistema bancário que ofe-rece produtos e serviços diferenciados e ajustados ao perfil de cada um dos seus clientes e que procura, de facto, satisfazer as suas necessidades e expectativas em tempo real.

MERCADO DE CAPITAIS FINANCIA INOVAÇÃOO mercado de capitais, por si só, constitui uma peça primor-dial para os investimentos e aplicações financeiras a realizar pelas seguradoras e pelos fundos de pensões. A necessidade de investimentos contínuos que a nova economia requer, em fun-ção da velocidade da inovação tecnológica a que assistimos, conduz a que o mercado de capitais seja uma fonte e um dos primeiros veículos na captação de fundos, bem como na ala-vancagem financeira para os investimentos a realizar.

BANCA E MERCADOS COMPLEMENTAM-SEA sustentabilidade do financiamento da economia, com re-curso à intermediação do sistema financeiro, pressupõe a complementaridade entre o crédito bancário e a mediação do mercado de capitais. A concessão de crédito pressupõe níveis adequados de solvência das empresas, pelo que o património pessoal dos empreendedores é um factor restritivo ao desen-volvimento dos negócios e, neste caso, o mercado de capitais pode auxiliar no reforço dos capitais próprios. A banca auxi-lia na estruturação destas operações, quer de capital próprio

(acções), quer de capital alheio (obrigações) e a sua colocação junto do público – directamente ou através dos Organismos de Investimento Colectivo (OIC). O Banco BNI e a sua participa-da BNI Asset Management têm uma estrutura preparada para desenvolver e operacionalizar novas soluções de financiamen-to para projectos empresariais, inclusive provenientes de em-preendedores.

FOCO NO EMPREENDEDORISMOEstamos focados na procura de soluções que permitam apoiar o empreendedorismo. Actualmente, o financiamento às star-tups é feito através da banca e das empresas de microcrédito, que continuam a prestar apoio a pequenos projectos empre-sariais, sendo que para estratégias de financiamento que in-cluem o mercado de capitais é necessário criar, por exemplo, linhas de co-financiamento, com limite de investimento que permitam que os investidores interessados analisem a viabili-dade de determinados projectos.

BNI PAGA JÁ: SERVIÇO MADE IN ANGOLAO BNI PAGA JÁ é um serviço que nasceu de uma parceria com um startup angolana e que tem na sua génese a vontade de fa-cilitar o dia-a-dia das empresas, permitindo aos seus clientes fazerem pagamentos de forma segura e confortável, mediante a disponibilização de uma Entidade e de uma Referência, via num ATM da Rede Multicaixa, ou através do BNI Net, ou ainda, caso não sejam clientes BNI, no internet banking do seu banco. O serviço permite também aos clientes empresariais o envio de notificações de pagamento, por SMS ou e-mail, bem como notificações com a confirmação dos pagamentos recebidos.

BANCO MAIS DIGITALNo nosso hub tecnológico estamos a trabalhar numa versão melhorada da nossa solução de internet banking para em-presas, tornando a gestão da tesouraria dos clientes cada vez mais fácil e integrada. A grande novidade é a uniformização da experiência do cliente quer utilize a APP BNI Net ou o in-ternet banking. Estamos igualmente a iniciar um projecto que vai permitir aos nossos clientes entrarem em contacto directo com a nossa equipa do Contact Center, através do web chat e do WhatsApp. Esta solução vai estar disponível no portal do Banco BNI e no BNI Net e estará integrada com a actual aplica-ção do Contact Center.

“A digitalização dos diversos meios de pagamento mudou profundamente o relacionamento dos clientes com os bancos”“A concessão de crédito pressupõe

níveis adequados de solvência das empresas”

“A Economia 4.0 é um desafio incontornável que a banca angolana tem de implementar”

“O BNI PAGA JÁ é um serviço que nasceu de uma parceria com um startup angolana”

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Opinião

R | Novembro 2019 25

Por JOSÉ BARATAPresidente da Deloitte Angola

Os passos relevantes que o Executivo an-golano tem dado ao nível da regulação, tendo em vista a dinamização do mer-cado de capitais, tendem a preparar a economia nacional para novos desen-volvimentos, de onde se destaca a exe-cução de um programa de privatização de empresas nacionais de referência.

O objectivo principal do mercado de capitais é o reforço da

eficiência económica e a alavancagem da economia, proporcionando liqui-dez às empresas públicas e viabilizan-do o seu processo de recapitalização. Para isso é importante assegurar que, no futuro, o foco se materialize na melhoria da literacia financeira dos agentes que actuam nesse mercado.

De facto, o aumento das compe-tências dos agentes nesta área cons-titui um dos maiores desafios actuais para o mercado de capitais. Inter-mediação financeira, mercado primário, mercado secundário, acções, títulos e valores mobiliários: que conceitos são estes e como podem ser defini-dos? Mas será que o conhecimento e domínio destes conceitos é o mais importante? Numa primeira fase, talvez sejam as competências técnicas as mais rele-vantes. Porém, não será possível atingir os resulta-dos que o Executivo pretende sem uma mudança de mentalidade e de comportamentos. Esta mudança tem que ser iniciada com uma melhoria da con-fiança dos agentes no sistema financeiro, seja da-

queles com excedentes de liquidez, ou mesmo dos que têm necessidades de financiamento. Para além do Estado, que pretende reduzir o seu peso e as in-tervenções na economia, as instituições bancárias e as seguradoras têm um papel fundamental e uma enorme responsabilidade no fomento da confiança e credibilidade do sistema financeiro. Certamente que poderão aproveitar um conjunto importante de oportunidades enquanto intermediários do merca-

do de capitais, mas deverão também assumir responsabilidades. A estas entidades cabe, nomeadamente, o encargo de recrutar, formar e manter recursos humanos com competências comportamentais e de gestão ade-quadas para promoverem o funcio-namento de um mercado de capitais eficiente. Não é demais afirmar que o contributo que as parcerias que os sectores bancário e segurador nacio-nais têm com empresas consultoras podem ser melhoradas e potenciadas

para garantir o sucesso do desenvolvimento do mer-cado de capitais em Angola.

Neste contexto, a melhoria contínua dos agentes económicos nacionais, com enfoque no reforço de conhecimentos e de competências de natureza fi-nanceira e na qualidade da regulação, em linha com as melhores práticas internacionais, deve ser enca-rada como o principal factor de potenciação de um mercado de capitais eficiente e dinâmico que venha a concretizar um impulso para a economia, e em úl-tima instância, para a sociedade angolana.

O OBJECTIVO PRINCIPAL DO MERCADO DE

CAPITAIS É O REFORÇO DA EFICIÊNCIA

ECONÓMICA E A ALAVANCAGEM

DA ECONOMIA

Formação e conhecimento: os principais desafios para o mercado de capitais

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FÓRUM MERCADO DE CAPITAIS 2019 | ALIANÇA SEGUROS EM DISCURSO DIRECTO

R | Novembro 2019 27

“A ECONOMIA 4.0 JÁ É UMA REALIDADE NOS SEGUROS EM ANGOLA”AINDA ESTÁ A DAR OS PRIMEIROS PASSOS, SE COMPARADA COM OUTRAS REALIDADES, MAS A ECONOMIA 4.0 JÁ ESTÁ IMPLEMENTADA EM PROCESSOS E SERVIÇOS NO SECTOR SEGURADOR ANGOLANO. O CAMINHO DA TRANSFOR-MAÇÃO DIGITAL, QUE VEM TRAZER RESPOSTAS DISRUPTIVAS, É IRREVERSÍ-VEL, E ESTE FACTO GUIA A ACÇÃO DA ALIANÇA SEGUROS.

ECONOMIA 4.0 GANHA TERRENO NOS SEGUROSA Economia 4.0 é já uma realidade na actividade segura-dora no nosso País, embora comparada com a de outros possa ser descrita como embrionária. Mas já é possível observar no mercado a preocupação com a qualidade dos dados que alimentam os diversos sistemas utilizados para a subscrição e acompanhamento dos riscos a que as segu-radoras dão cobertura.

TRANSFORMAÇÃO DIGITAL: RESPOSTAS DIS-RUPTIVASA transformação digital do sector dos seguros não é uma opção. É a resposta aos vários desafios da era digital em

que vivemos. Em Angola, o sector tem estado a definir ou a delinear a estratégia digital a curto, médio e longo prazo e como consequência estão a ser feitos investimentos em sistemas que envolvem de forma directa as seguradoras e os seus clientes. A Economia 4.0 obriga a repensar o mo-delo tradicional de negócio das seguradoras, conduzindo à introdução de soluções tecnologicamente disruptivas.

PROCESSOS SIMPLIFICADOSO investimento em tecnologia conduziu à automação de processos, trazendo maior precisão à sua execução e aumento da produtividade e eficiência das empresas. A digitalização do sector segurador permite também a sim-

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FÓRUM MERCADO DE CAPITAIS 2019 | ALIANÇA SEGUROS EM DISCURSO DIRECTO

28 Novembro 2019 | R

Marco MendesAdministrador Executivo

da Aliança Seguros

“A transformação digital do sector dos seguros é a resposta aos vários desafios da era digital em que vivemos”

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R | Novembro 2019 29

plificação dos contratos, o que é um ganho para todos. Os sistemas inteligentes permitem-nos classificar os clien-tes, definir os seus perfis e identificar os melhores seguros para as suas necessidades.

SEGUROS PODEM SER À MEDIDASeguros à medida dependem de vários factores, mas faz sentido os empreendedores apostarem, segundo as suas necessidades, em seguros que garantam a protecção dos seus investimentos, no âmbito da sua actividade e dos serviços que se propõem prestar. Quer as pessoas quer as empresas estão sujeitas a uma série de riscos e de si-tuações que podem afectar o seu património e toda a sua actividade empresarial.

STARTUPS E ALIANÇA SEGUROS: UMA RELA-ÇÃO PRÓXIMAA Aliança Seguros tem no seu leque de clientes empre-sas de maior dimensão e maturidade, mas também em-presas que podem ser consideradas startups, sendo que

qualquer uma destas, com maior ou menor foco, acaba por estar envolvidas na nova dinâmica tecnológica e digital, e a todas oferecemos soluções de seguros que protegem a vida e a saúde das pessoas, bem como os seus bens patrimoniais.

NOVOS CANAIS DE RELAÇÃO COM CLIENTESA relação com os clientes, fruto das novas tecnologias e da oferta digital, migrou dos canais tradicionais de atendi-mento, os balcões/agências, para o atendimento à distân-cia. Boa parte da comunicação é feita via internet, incluindo, para além dos tradicionais telefone e email, as redes sociais e as aplicações informáticas. As tecnologias digitais permi-tem-nos identificar as melhores soluções para os nossos clientes. Do lado dos clientes, o uso destas ferramentas permite-lhes avaliar melhor os vários intervenientes no mercado de seguros e optar pelo que apresente a melhor e mais moderna oferta de serviços em tempo real.

“As tecnologias digitais permitem-nos identificar as melhores soluções para os nossos clientes”

“O investimento em tecnologia conduziu à automação de processos, trazendo maior precisão à sua execução”

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Opinião

R | Novembro 2019 31

Por LUIS PEDRO MENDESPartner EY, Assurance services

Vivemos hoje num mundo em perma-nente mudança. Os bens, o capital e a mão-de-obra movem-se a um ritmo mais rápido do que nunca e com pa-drões de comportamento distintos dos que conhecemos até aqui.

A inovação tecnológica, incluindo a digitalização da economia, tem intro-duzido uma transformação profunda em todos os setores de actividade e na

forma como os consumidores, as empresas e os go-vernos interagem entre si.

A transformação tecnológica é uma realidade em todas as indústrias e geografias e re-presenta uma enorme oportunidade para que as empresas alavanquem a conecti-vidade dos aparelhos móveis, capturem grandes quantidades de dados (big data), entrem em novos mercados, diversifi-quem a oferta e introduzam novos mode-los de negócios e de distribuição.

A grande maioria das empresas já se encontra atenta ao potencial que poderá resultar do processo de digitalização do seu modelo de negócio, onde a transformação é tida como um factor diferenciador de aumento da criatividade, das receitas, da eficiência e da rentabilidade.

A transformação digital é, no entanto, um pro-cesso exigente que exige o abandono de modelos operacionais tradicionais de forma a alavancar no-vas ferramentas e tecnologias, ecossistemas e tec-nologias para fornecer novos produtos e serviços, e apresenta uma série de desafios significativos, no que se refere às expectativas dos consumidores, transformação cultural, ciber-segurança, regula-

mentação e competências dos colaboradores.Apesar das perspectivas interessantes de rendi-

bilidade e de redução de custos ao nível operacional, os investimentos na transformação digital são con-siderados avultados e exigem o recurso à captação de recursos externos, nomeadamente através do mercado de capitais. As empresas que apresentem um plano de digitalização robusto estarão natural-mente em melhores condições para captar os recur-sos financeiros disponíveis no mercado.

O Programa de Privatizações (PROPRIV) para o período de 2019-2022 que prevê a alienação de 195 empresas por via de oferta pública inicial, leilão em

bolsa, ou por concurso (concurso público ou concurso limitado por prévia qualifica-ção) representa mais um marco na dina-mização do mercado de capitais em Ango-la após o arranque, em Dezembro de 2014, com a criação da Bodiva e da abertura da Bolsa de Valores em Novembro de 2016.

O PROPRIV constituí uma excelente oportunidade para que o tecido empresa-rial angolano tire partido dos benefícios

que um mercado de capitais, com liquidez, introduz na modernização e revitalização da economia, sen-do fundamental não desperdiçar tempo na imple-mentação de um processo de transformação digital que se revela premente e inevitável.

O sucesso das privatizações será determinante na confiança que os investidores, particulares ou institucionais depositarão no mercado de capitais em Angola, sendo decisiva uma adequada prepara-ção das empresas a privatizar, nas quais as equipas de gestão serão submetidas a desafios complexos e cronogramas exigentes.

PLANOS DE DIGITALIZAÇÃO

ROBUSTOS AJUDAM A

CAPTAR FUNDOS

Mercado de capitais: capitalizando a economia 4.0

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FÓRUM MERCADO DE CAPITAIS 2019 | ENTREVISTA

R | Novembro 2019 33

EDNA KAMBINDA, ADMINISTRADORA EXECUTIVA DA CMC PARA O PELOU-RO DA SUPERVISÃO, DÁ CONTA DAS MANIFESTAÇÕES DE ECONOMIA 4.0 QUE JÁ SE FAZEM SENTIR EM AN-GOLA E DAS OPORTUNIDADES QUE PODEM TRAZER ÀS EMPRESAS, ÀS STARTUPS E AO MERCADO DE CAPI-TAIS. EM ENTREVISTA, A RESPON-SÁVEL GARANTE QUE ESTÁ TUDO A POSTOS PARA AS PRIVATIZAÇÕES VIA BOLSA, INCLUINDO COM MEDI-DAS QUE VISAM FACILITAR A ATRAC-ÇÃO DE INVESTIMENTO ESTRANGEI-RO. E ALERTA PARA OS DESAFIOS DO DIGITAL, COMO A CRIPTOMOEDA OU A GARANTIA DE RELAÇÕES DE SEGU-RANÇA ENTRE OS STAKEHOLDERS.

A chamada Economia 4.0 já está mui-to presente no mercado de capitais em Angola? Como é que essa presença se concretiza?Como sabe, a Economia 4.0 é um con-ceito muito utilizado nos dias de hoje para se referir basicamente à evolução do processo industrial do modo analó-gico para a integração com o processo digital. É um conceito que engloba auto-mação e tecnologia de informação, além das principais inovações tecnológicas desses campos, sendo uma tendência global inevitável e os seus efeitos são transversais a todos segmentos da eco-

nomia, incluindo, naturalmente, o mer-cado de capitais - e há quem a entenda como sendo a 4.ª Revolução Industrial. A sua presença no mercado financeiro, de modo geral, e de capitais, em particular, concretiza-se fundamentalmente por via da oferta de produtos e serviços digitais.

E como é que essa presença foi sendo materializada no tempo?Não obstante ainda não estar em fun-cionamento em todos os segmentos que sustentam o mercado de capitais ango-lano, a materialização da Economia 4.0 vem-se notando através da substituição

gradual de algumas tarefas e serviços que anteriormente eram realizadas de forma manual por tecnologia ou digita-lização. Um exemplo claro é a introdu-ção, no mercado de capitais angolano, do Portal do Investidor, que permite aos investidores rentabilizarem as suas pou-panças sem necessitarem de recorrer a mecanismos burocráticos, permitindo--lhe ultrapassar as anteriores limitações, uma vez que a possibilidade de investir no mercado primário era exclusiva dos bancos. Podemos referir ainda a exis-tência de plataformas de crowdfunding ou financiamento colaborativo.

“É NECESSÁRIO MAIS CROWDFUNDING PARA FINANCIAR AS NOSSAS PME”

Texto Ricardo David Lopes

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FÓRUM MERCADO DE CAPITAIS 2019 | ENTREVISTA

34 Novembro 2019 | R

Em Angola, em que sectores vê mais empresas já integradas no ‘espírito’ da Economia 4.0?Embora não exista nenhum estudo di-vulgado neste sentido, acreditamos que as empresas do sector tecnológico e as do sector financeiro destacam-se na in-tegração da Economia 4.0.

Encontra potencial para que sejam ca-pitalizadas via mercados de capitais? Acreditamos que sim. Ou seja, aten-dendo ao facto de que, especialmente no contexto económico e financeiro do País, a necessidade de as empresas, in-dependentemente da sua natureza, en-contrarem fontes alternativas de finan-ciamento das suas actividades é cada vez maior. Assim, naturalmente, estas empresas poderão procurar financiar--se através do mercado de capitais. Há uma grande tendência internacional das startups tecnológicas para se financia-rem via bolsa de valores, como a Uber ou o Alibaba, o que se perspectiva vir a ocorrer no nosso mercado com empre-sas deste seguimento.

São as empresas 4.0 que beneficiam dos mercados de capitais, estes que benefi-ciam daquelas, ou há uma simbiose? Somos pela terceira opção, na medida em que tanto as empresas 4.0 quanto o próprio mercado de capitais em si se beneficiam mutuamente com esta sim-biose.

Como é que o mercado de capitais pode contribuir para o crescimento destas empresas?As empresas de modo geral encontram no mercado de capitais uma ferramenta que lhes permite o alargamento do con-junto de mecanismos de financiamento para alavancar as suas actividades a pre-ços mais competitivos. O mercado de capitais como canal de financiamento

das oferece inúmeras vantagens, com particular destaque para a melhoria da imagem e credibilidade das próprias empresas, aumento da transparência, por via da divulgação periódica e regu-lar de informação económica e financei-ra, redução do custo do financiamento e alargamento da maturidade em futuras emissões, e aumento e diversificação de instrumentos financeiros que podem ser utilizados pelas famílias e outros agentes económicos para rentabilização das suas poupanças.

Que tipo de especificidades existem, do ponto de vista regulatório dos mercados de capitais, para empresas desta ‘vaga’?Nos últimos anos temos percebido a influência da tecnologia nas relações humanas, sejam económicas, comer-ciais ou pessoais. Exemplos de empresas como a Uber e a Airbnb são mais conhe-cidos do uso de tecnologias (aplicativos conectados) que, de maneira disruptiva (rompendo padrões anteriormente uti-lizados), trazem um novo formato não somente nas relações em geral, mas também nos modelos de negócios, ali-mentando uma verdadeira revolução industrial. Não é de hoje que tanto a ciência quanto a tecnologia avançam de maneira tão rápida que as limitações e obstáculos já não são, ou não estão res-tritos ao âmbito tecnológico. Muito pelo contrário, são mais jurídicos, éticos e regulamentares. Embora questionável, o caso da Uber, por exemplo, tem enfren-tado desafios de regulação no âmbito da municipalidade das cidades em que ac-tua, pois um serviço que vem substituir o táxi (interesse local, portanto, cabe à administração local legislar sobre) ca-rece de regulamentação. Tudo isso em busca da segurança jurídica das rela-ções, ainda que, nesse caso, seja entre o poder público e a empresa.

Portanto, há especificidades…No caso do mercado de capitais, por exemplo, tem-se colocado o desafio em relação a transferências entre alguns investidores institucionais e sobre as ofertas iniciais de moedas virtuais, aten-dendo aos riscos que acarretam (apenas para citar alguns, actividade não regula-mentada, volatilidade dos preços/falta de liquidez, potencial de fraude/bran-

queamento de capitais e documentação inadequada), a evolução das criptomoe-das tem sido acompanhada pelos regu-ladores nos diferentes países.

A regulamentação angolana contem-pla todos estes aspectos? O que pode ou deve ser melhorado?É importante dar nota que a base regu-latória do mercado de capitais está de algum modo ajustada ao actual esta-do de desenvolvimento do mercado. O quadro legal de suporte do mercado de capitais assenta em dois grandes diplo-mas legais: o Código de Valores Mobiliá-rios, publicado em Agosto de 2015, e a Lei de Bases das Instituições Financeiras (LBIF). Porém, outros diplomas legais têm sido produzidos para instrumentos financeiros e veículos de financiamento específicos. A criação destes instrumen-tos serve para garantir a segurança jurí-dica e a legítima confiança de todos os participantes do mercado dos emitentes de valores mobiliários e investidores, e fundamentalmente para dinamizar o mercado no sentido de eliminar bar-reiras jurídicas que podem emperrar o normal funcionamento e crescimento do mercado. Sempre que se verifica-rem aspectos que eventualmente sejam objecto de alguma regulação, visando a protecção dos investidores, fruto da re-volução industrial que se tem verificado, obviamente, a CMC não estará alheia ao desenvolvimento do mercado.

O crowdfunding já surgiu em Angola. Que questões regulamentares coloca?Começam a ser dados os primeiros sinais do surgimento desta modalidade de fi-nanciamento, não obstante o surgimento de iniciativas individuais, e existe a ne-cessidade acentuada de utilizar o crowd-funding para financiar as nossas peque-nas e médias empresas, como tem sido prática em outras realidades. Os países que estão mais avançados no continente

“As empresas do sector tecnológico e as do sector financeiro destacam-se na integração da Economia 4.0”

“O mercado de capitais como canal de financiamento das oferece inúmeras vantagens”

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FÓRUM MERCADO DE CAPITAIS 2019 | ENTREVISTA

36 Novembro 2019 | R

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africano, inicialmente, têm optado por promover esta modalidade de financia-mento por via de campanhas com vista a aumentar os níveis de confiança do pú-blico e o seu grau de literacia financeira em detrimento da sua regulação especí-fica. A CMC tem estado a acompanhar de perto o crescimento desta modalidade de financiamento colaborativo.

Os fundos de capital de risco têm tido um papel relevante no financiamento de startups. De que precisamos para ver este processo avançar em Angola de uma forma mais célere?Em muitas realidades, fundos de capital de risco funcionam como principais ca-talisadores para a dinamização das em-presas em fase inicial, visto constituírem um mecanismo de inclusão e absorção de pequenos investidores que, por via destes mesmos fundos, conseguem alo-car eficientemente as suas poupanças. O quadro regulatório, relativamente aos Organismos de Investimento Colectivo (OIC), do qual fazem parte os fundos de capital de risco, está publicado, desta-cando-se os regimes jurídicos dos OIC, dos OIC de Titularização e dos OIC de Capital de Risco, o Regime Fiscal dos OIC e o Regulamento nº4/14, de 30 de Ou-tubro, dos OIC. Portanto, relativamente ao quadro regulatório, na perspectiva da CMC, as condições estão criadas para o pleno funcionamento dos fundos de investimentos, sejam estes mobiliários, imobiliários, de capital de risco ou de titularização.

O mercado de acções que vai nascer com as privatizações é a oportunidade que vem faltando para Angola dar um ‘salto’ no mercado de capitais?Em 2018, a CMC aprovou o primeiro prospecto de base para emissão de obri-gações corporativas, emissão feita na Bodiva pelo Standard Bank Angola, que juntamente com os Títulos de Dívida Pú-blica e as Unidades de Participação são

os únicos instrumentos a ser transaccio-nados na bolsa. Com as privatizações ha-verá mais uma tipologia de instrumento a negociar, e elas marcarão o arranque de um segmento há muito esperado, o mer-cado de acções. Embora, nesta fase, com um valor ainda baixo em função do nú-mero de empresas públicas cotadas, as privatizações trarão um indicador muito importante para economia, a capitaliza-ção bolsista, que é normalmente usada como indicador de existência do merca-do de capitais. Com este sinal ao merca-do, combinado com a flexibilização da conta capital, espera-se atrair um núme-ro maior de investidores estrangeiros e que, eventualmente, mais empresas pas-sem a utilizar a bolsa para a dispersão das suas acções e obtenção de capital, o que poderá concorrer para uma maior capi-talização bolsista, ilustrar um mercado de capitais maior e consequentemente um número maior de contribuintes para o crescimento da nossa economia.

Do ponto de vista da regulação, como olha para o desafio das privatizações?Estão criadas as condições técnicas, ope-racionais e regulatórias para o efeito, in-cluindo o acesso de investidores não re-sidentes a investimentos de carteira em mercado regulamentado de valores mo-biliários, visto que, principalmente para os investidores não residentes cambiais, fica permitido trazerem os seus recursos para o País e aplica-los em sectores ou empresas abertas ao capital privado sem a necessidade de recorrerem a um licen-ciamento junto do Banco Nacional de Angola (BNA). Para as empresas públicas e para as privadas, tanto a nível do Regu-lador quanto a nível da entidade gestora do mercado, actualmente, dispomos de instituições sólidas e capazes. Possuímos um quadro legal e regulatório alinhado com as melhores práticas internacio-nais, sendo que assenta nos princípios da sã concorrência, segurança jurídica e legítima confiança. Hoje, temos em fun-cionamento plataformas tecnológicas de negociação e pós-negociação integradas e operadas por agentes de intermediação autorizados, registados e supervisiona-dos pela CMC. É assertivo afirmamos que estão reunidas as condições mate-riais e operacionais essenciais para ter-mos privatizações via bolsa.

As empresas tecnológicas, nomeada-mente telecoms, que serão vendidas via bolsa, em leilão ou IPO, vão ter um peso relevante no mercado?O peso das empresas que se pretende na bolsa não é para um ramo específico, pois quanto mais empresas estiverem cotadas ou utilizarem a bolsa para ob-ter capital, melhor. Importa realçar que, quanto mais empresas, maior poderá será a capitalização bolsista, e sendo a capitalização de mercado usada para medir o tamanho do mercado de capi-tais, será bastante positivo para o merca-do de valores mobiliários angolano. Dito de outro modo, quanto maior a capitali-zação, maior é a dimensão do mercado de capitais. Maior capitalização reflec-te como os investidores se sentem em relação ao mercado, ou seja, uma alta capitalização mostra que o número de investidores no mercado é alto e os re-tornos neste mercado são atractivos - e é exactamente isso que se pretende.

Poderá fazer sentido, a prazo, criar um ‘índice 4.0’ na bolsa angolana?Um índice de bolsa de valores é um in-dicador que reflecte a situação corrente em algum sector de mercado; é contado com base nos dados de um determinado grupo de títulos - "cabaz de mercado". Ao compor o índice, define-se, primei-ramente, o conteúdo do cabaz. Os índi-ces mais populares incluem as acções das maiores empresas (pela capitaliza-ção, volume comercial e/ou pelo lucro). Porém, podem ser levados em conta outros factores, como a liquidez das ac-ções ou a sua representação numa de-terminada bolsa de valores. Também há vários índices para grandes e pequenas empresas, para empresas de alguns sec-tores, etc. Inicialmente precisamos de um mercado de acções funcional, pois acreditamos que com desenvolvimento do próprio mercado os índices poderão ser constituídos de forma natural.

“Há uma tendência internacional das startups tecnológicas para se financiarem via bolsa”

“O mercado de capitais como canal de financiamento das oferece inúmeras vantagens”

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FÓRUM MERCADO DE CAPITAIS 2019 | INOVAÇÃO

38 Novembro 2019 | R

“ESTAMOS NO CAMINHO DE CRIAR UMA VERDADEIRA ECONOMIA DIGITAL”

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A BANTU MAKERS LANÇOU A PRIMEIRA PLATAFORMA ONLINE DE CROWD-FUNDING EM ANGOLA E TEM EM CARTEIRA NOVOS PROJECTOS, QUE NASCEM SEMPRE DA NECESSIDADE DE ENCONTRAR SOLUÇÃO PARA UM PROBLEMA COMUM. VANDA DE OLIVEIRA, CO-FUNDADORA E MANAGING PARTNER DO

START UP STUDIO, DÁ CONTA DOS DESAFIOS E OPORTUNIDADES DO EMPREENDEDORISMO NO PAÍS, AINDA A BRAÇOS COM MUITAS

DIFICULDADES.

Texto Ricardo David Lopes | Fotos Rodolfo Massala

O que vos motivou a criar a Bantu Makers?Acreditamos que o futuro do desenvolvimento económico e humano de Angola deve ser via inovação, tecnologia e empreendedorismo, e que temos aqui uma grande oportuni-dade não só para recuperar o atraso em relação ao mundo 4.0 - onde através do impacto da inovação tecnológica podemos conectar os diferentes sectores -, como também temos a oportunidade de promover o empreendedorismo como alternativa economicamente viável de carreira. A nossa missão é primeiramente criar soluções tecnológicas inova-

doras para os importantes desafios que o nosso País (e continente, pensamos global) enfrenta, apoiar o desenvolvimento e crescimento do ecossistema empreendedor tec-

nológico e ajudar a conectar esse ecossistema a África e ao resto do mundo.

Qual é a vossa visão?Optámos pelo modelo de empresa startup studio ou venture builder,

uma nova abordagem para criar startups que irão gerar emprego, cres-cimento económico e bem-estar na era da economia digital. Não so-mos uma incubadora, nem aceleradora ou investidores no sentido típico, mas sim empreendedores que, trabalhando nas suas próprias ideias, criam startups usando os nossos próprios recursos numa infra-estrutura partilhada. Este modo de trabalhar permite-nos optimizar o nosso processo de criação para o sucesso e tornar o fracasso mais rápido e eficiente, pois as startups têm uma alta taxa de mortalidade. Quais têm sido as dificuldades?O conceito de startup ainda é muito novo para o nosso merca-do, há ainda um vazio legal no que toca a este tipo de empresas e com cariz tecnológico. A primeira dificuldade surgiu logo ao formalizarmos a Bantu Makers, em 2017, pois sentimos que não nos enquadravámos em nenhuma das categorias disponíveis - e é aqui que advogamos uma actualização da legislação para enquadrar empresas do tipo startup tecnólogica e promover a desburocratização de processos. Outras dificuldades que conti-nuamos a sentir é o acesso a talento qualificado, nomeadamente pessoas com competências digitais, a ainda fraca infra-estrutura tecnólogica - o acesso à internet de banda larga ainda é caro e não acessível a toda população -, e o acesso a smartphones pela popu-lação ainda é pequeno, sendo também o acesso ao financiamento ainda difícil. Há muito poucos business angels e venture capital. Em relação ao apoio ao ecossistema empreendedor tecnológico, também a fraca oferta de organizações de apoio efectivo (coworkin-gs, incubadoras, aceleradoras), bem como a falta de sinergia de ini-ciativas governamentais dificultam o desenvolvimento e crescimen-to de novas startups e do próprio ecossistema.

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FÓRUM MERCADO DE CAPITAIS 2019 | INOVAÇÃO

40 Novembro 2019 | R

O vosso portefólio inclui dois projectos – Deya e Salo. Como surgiram e qual o balanço?Começamos sempre por identificar um grande problema que queremos resolver, e através da metodologia de design cen-trado no ser humano - design thinking - validamos a solução. Um dos primei-ros desafios que tentámos resolver foi a dificuldade do acesso ao financiamento por empreendedores e criativos. Surge então a Deya (deyamais.com), plata-forma de crowdfunding, para ajudar a democratizar o acesso ao financiamen-to. Começámos com um modelo hibrí-do - recompensa e doação - virado para empreendedores e projectos de impacto social, e quando colocámos o produto no mercado rapidamente aprendemos que o timing para este modelo no nosso mercado não era o ideal.

E qual seria o ideal?Observámos que o modelo de doação estava a ganhar tracção e decidimos apostar em ser então uma plataforma de crowdfunding de doação. Estamos agora a redesenhar o modelo de negócio para formalizar a Deya neste modelo, mas continuamos a acreditar que brevemen-te o mercado estará mais preparado para outros, como recompensa, empréstimo e capital). Por exemplo, em África, em 2017, as poucas plataformas de crowd-funding angariaram 32,3 milhões USD, e a nível global o valor angariando foi de 34 mil milhões USD. Segundo um rela-tório do Banco Mundial, estima-se que o crowdfunding no nosso continente seja uma indústria de 96 mil milhões USD até 2025. Por isso, apesar da dificulda-de dos pagamentos online em Angola e da falta de literacia financeira, esta-mos optimistas quanto ao crescimento do crowdfunding em Angola e África. A Deya pode vir a tornar-se uma refe-rência não só em Angola, como também para toda a África, pois o crowdfunding tem potencial para se tornar num im-pulsionador significativo do empreen-dedorismo e causas sociais.

E o Salo?Esta plataforma começou com o proble-ma do alto desemprego em Angola. Co-meçámos o nosso processo de pesquisa e validámos que podíamos ajudar a conec-

tar dois segmentos de mercado e pessoas desempregadas, subempregadas ou que procuram ‘biscates’ a ganharem algum rendimento. A missão da Salo era ajudar a ampliar e optimizar oportunidades de rendimento e a conveniência de ter uma rede alargada de pessoas disponíveis para realizar pequenos trabalhos. Em-bora não houvesse emprego para todos, descobrimos que havia imensos peque-nos trabalhos ou tarefas que pessoas sin-gulares ou colectivas podiam terceirizar, ora por não terem tempo para as reali-zar, ora por não terem certas habilidades para as realizar, tais como serviços de limpeza, entrega ou reparações. Assim, a solução da Salo foi trazer uma prática que já acontecia offline, os chamados ‘biscastes’, para uma plataforma online.

Correu bem?A Salo foi uma boa experimentação, que não deu certo, de um produto difícil para o nosso contexto actual, sendo que alguns dos principais desafios foram o fraco acesso à internet por parte dos utilizadores, novamente a fraca literacia digital e, acima de tudo, a falta de opções efectivas de pagamentos online não nos permitiu validar um modelo de negó-cio sustentável. Mas foi uma excelente aprendizagem sobre o segmento de mer-cado para quem queremos servir, aquele segmento ainda fora da inclusão digital e financeira. Recolhemos dados que agora nos permitem desenhar melhores solu-ções, pois percebemos melhor as suas necessidades e o que querem.

Quantas empresas já ajudaram a criar?Tecnicamente nenhuma, porque, na nossa metodologia de startup studio, começamos sempre com o produto/serviço antes da criação da empresa, isto para validar o produto/serviço no mercado, pois os custos de começar logo como empresa são demasiado elevados

e, como mencionei, as startups têm uma alta taxa de mortalidade, acima dos 90%, e nosso objectivo é optimizar o fracasso. Se o produto/serviço não for validado pelo mercado, se não conseguir encontrar o seu modelo de negócio, en-tão ‘matamo-lo’ e seguimos para outro. Mas temos neste momento mais de 100 ideias de negócio em pipeline. É nosso objectivo nos próximos cinco anos criar quatro a cinco startups por ano.

Como sido o vosso modelo de financia-mento?Começámos a Bantu Makers com capital próprio e temos praticado o chamado bootstrapping, termo difícil de traduzir, mas que significa que usamos os nossos próprios recursos sem ajuda de investi-dores externos. Em 2018, tivemos de fa-zer um pequeno crowdfunding, entre as nossas famílias e amigos, e conseguimos também criar algumas parcerias estraté-gicas. Também no ano passado tentámos realizar uma ronda de financiamento para que pudéssemos trabalhar de for-ma óptima como startup studio, isto é, aumentar a equipa para criar várias star-tups por ano e ter capital pré-semente para as mesmas. Mas o desconhecimen-to por startups e a grande aversão ao ris-co por parte dos investidores locais com quem tivemos contacto foram factores inibidores na concretização da ronda.

Em quantos projectos estão envolvidos actualmente?Em três: a Deya, e estamos a desenvolver dois novos, que ainda não divulgamos…

Que condições oferecerem aos em-preendedores que queiram juntar-se a vocês?Na Bantu Makers não contratamos sim-plesmente para oferecer um salário, re-crutamos co-fundadores, isto é, podem ser empreendedores, desenvolvedores, designers ou marketeers digitais, que criam startups connosco numa infra-es-trutura partilhada, onde o risco também é partilhado. Somos uma equipa multi-disciplinar que trabalha em inovação e com startups tecnológicas, acumulando mais de 15 anos de experiência profis-sional nacional e internacional no sector tecnológico, a criar empresas e a ajudar outras a crescer.

“O conceito de startup ainda é muito novo para o nosso mercado, há ainda um vazio legal no que toca a este tipo de empresas”

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Como olham para a economia 4.0 em Angola?A economia 4.0 está a criar novas opor-tunidades para que indivíduos e empre-sas se conectem e entrem em relações comerciais de forma rápida, acessível e sem muita burocracia. Em Angola já se começam a sentir os benefícios desta nova era económica, da economia cola-borativa, da partilha, on-demand, onde indivíduos e empresas encontram novas formas de fazer negócios, seja através de serviços como Kubinga, Appy Saúde, Otchitanda, Wiconnect ou Roque On-line. Um dos grandes benefícios destes serviços da era da economia 4.0 é o facto de conseguirem trazer negócios infor-mais para canais formais, contribuindo para a formalização da economia. Outro grande benefício é ajudar a diversificar para além do sector dominante, estamos no caminho de criar uma verdadeira economia digital.

Em que segmentos vos parece mais de-senvolvida?Embora haja ainda um longo caminho a percorrer para que Angola esteja in-teiramente integrada na economia 4.0, os sectores do e-commerce, logístico e transportes são os que têm apresentado maior crescimento. Também observa-mos alguns projectos interessantes nas fintech, e acreditamos que no próximo ano haverá um boom na oferta de servi-ços inovadores neste segmento, que virá desafiar o sector da banca tradicional.

Em que pontos o ecossistema de em-preendedorismo em Angola está mais desenvolvido? E menos?O ecossistema de empreendedorismo em Angola ainda está em fase inicial, as poucas startups existentes ainda enfren-tam grandes desafios. Se nos colocarmos em perspectiva com outros países africa-nos, estamos bastante para trás, mas já se verificam alguns desenvolvimentos na aceitação e confiança de serviços/produ-tos de startups quer por parte dos con-sumidores privados, quer das empresas. Há cada vez mais grandes empresas inte-ressadas em trabalhar com startups, pois reconhecem as inovações que trazem, e também já se nota maior engajamento de algumas instituições do Estado no apoio a empreendedores. Precisamos que exis-

tam mais organizações de apoio efectivo aos empreendedores, desde incubadoras, aceleradoras, redes de business angels, etc.. Também é necessário um melhor quadro regulatório e fiscal para criar um ambiente de negócios mais facilitador.

O mercado de capitais é um finan-ciador potencial de startups?Sim, pode vir a ser uma boa alterna-tiva, aliás, esta prática já acontece em vários países e com bons resultados. Para que possa ser viável em Angola, acreditamos que, primeiramente, é ne-cessário que haja mais startups em fase de crescimento, para que se justifique a criação de um segmento de mercado de capital com requisitos de admissão mais flexíveis. Também as próprias startups têm de ter a responsabi-lidade de começarem logo com a contabilidade organizada, o que nem sempre acontece.

Quais as principais difi-culdades que um em-preendedor enfrenta em Angola?Desde logo, o ambien-te de negócios, que ainda não é favorá-vel. Há muita buro-cracia de processos, desde a formalização das empresas pas-sando pelas questões fiscais, o ambiente regulatório e de im-postos. Por exemplo, não é lógico uma micro/pequena/média empresa pagar a mesma carga de impostos que uma grande. O acesso a talento é outra grande difi-culdade, e isso prende-se com o nosso sistema de educação, em geral ainda medíocre, e há uma grande iliteracia digital. As infra--estuturas são limitadas, o País ainda não está ampla-mente conectado, faltam vias de acesso de qualidade e com segurança, falta que a banda larga chegue a todos de forma acessível. Por fim, falta acesso ao capital.

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“A QUALIDADE DAS STARTUPS TEM VINDO A MELHORAR”

FÓRUM MERCADO DE CAPITAIS 2019 | EMPREENDEDORISMO

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FÓRUM MERCADO DE CAPITAIS 2019 | EMPREENDEDORISMO

44 Novembro 2019 | R

O que vos motivou a criar o Acelera Angola?Acelera Angola foi criado para apoiar, incentivar, mas também posicionar as startups e a inovação que surge em An-gola como mote fundamental do desen-volvimento. Promovemos e desenvolve-mos, através de processos de inovação e de aceleração, startups angolanas e gostamos de pensar que também somos uma startup, que deve escalar e even-tualmente ter iniciativas que sejam pos-síveis num modelo que permita não só internacionalizar como conquistar mer-cados lá fora.

Quais foram as principais dificuldades?No início foi encontrar e formar uma equipa, mas também ter um backbone de suporte suficientemente sólido para entregar o que pretendemos com máxi-ma qualidade e fiabilidade. Como refiro várias vezes, enquanto CEO, a minha maior preocupação era entregar valor aos sócios e ao mercado o mais rapidamente possível. Como muito do que surge em inovação não tem fronteiras, decidimos primeiro fazer uma parceria com a Ideia-lab, que tem muitos mais anos de expe-riência a realizar programas fabulosos e com muito impacto em Moçambique, e ainda no mesmo ano uma parceria com a BETA-I, que arrancou recentemente con-nosco os primeiros programas de Acele-ração de startups em Angola.

E as dificuldades de hoje?Parte da tecnologia e de serviços que necessitamos não estão em Angola, pelo que se torna extremamente difícil e ad-

verso montar um negócio como este na situação actual, mas também ainda não temos especialistas suficientes para en-tregar com a qualidade que necessita-mos. O nosso plano é poder, dentro de dois anos, conseguir obter resultados em que esta circulação ocorra de forma suave. Outra dificuldade está nos in-terlocutores locais: claramente não há um quadro definido para muita coisa que queremos experimentar, aceitamos sempre o desafio de ser os primeiros, em alguns casos mesmo os pioneiros em fa-zer coisas novas no empreendedorismo angolano.

Como é que se financiam?Felizmente temos conseguido ter a con-fiança dos sócios, e dos parceiros de implementação e de negócio. Falo de parceiros com quem estamos apren-der imenso e que não posso deixar de mencionar. Os nossos champions ac-tuais são a embaixada dos EUA, Unitel, BNA, Banco BAI, Total e muitos outros que tem acreditado no nosso trabalho, mas fundamentalmente na vossa visão. Os dois parceiros de negócios de fora de Angola que mencionei, muitas vezes trabalham imenso porque acreditam realmente que podemos transformar o Ecossistema e têm sido grandes finan-ciadores directos.

Quais os projectos próprios que mais se destacaram?Diria que, na parte a que damos imen-sa atenção e que denominamos como ‘Comunidade’, onde colocamos tudo que diga respeito a posicionar interna-cionalmente e em Angola o empreen-dedorismo e startups, temos feito um grande esforço e trabalho. Organizamos regularmente eventos gratuitos, mas também participamos noutros como oradores, ou a apoiar, entretanto conti-nuamos a trazer marcas e eventos que

coloquem as startups na rota interna-cional de investidores e parcerias. Só este ano, a nossa participação por con-vite em eventos internacionais já vai em 10 saídas da equipa Acelera Angola para v Roma, Barhein, Kigali etc.

E quais são os próximos?Neste momento realizámos os FEMTE-CHs com a Unitel e estamos a imple-mentar, em parceria com a Ideialab, um concurso denominado Quem quer ser empreendedor, promovido pela Embai-xada dos EUA. Está em curso e termina o próximo ano com a selecção e acom-panhamento de cinco startups que vão ser premiadas. Lançámos em Outubro o LISPA, uma Incubadora de fintechs para o BNA, em parceria com a BETAI. Temos a decorrer, em parceria com a BETAI, o BETASTART, promovido pe-los bosso parceiro principal BAI e com a Total. Também está em curso poder montar a promoção de um LIS - Luanda Investment Summit, mas também pro-mover uma Investors Academy Angola. No próximo ano, vamos lançar outras aceleradoras com diferentes verticais e começar a trabalhar em inovação aberta.

Como olham para a economia 4.0 em Angola?Acreditamos que existam oportunida-des diversas em Angola, mas acho que, muito mais do que planos, tem de exis-tir um recuo nosso em alguns dos pas-sos que tomámos, para podermos real-

“Parte da tecnologia e de serviços de que necessitamos não estão em Angola, pelo que se torna difícil e adverso montar um negócio”

“Na Economia 4.0, surge uma geração ávida em mudar o curso da história de Angola”

JOSÉ CARLOS DOS SANTOS É UM DOS FUNDADORES DO ACELERA ANGOLA, DE QUE É HOJE O CEO, E UM DOS MAIS CONHECIDOS PROMOTORES DO EM-PREENDEDORISMO NO PAÍS. NESTE MOMENTO, O ACELERA ESTÁ A TRABA-LHAR COM QUASE 100 STARTUPS. FALTAM APOIOS E FINANCIAMENTO, MAS VÁRIAS INSTITUIÇÕES PÚBLICAS E EMPRESAS TÊM AJUDADO À CONSTRU-ÇÃO DO AINDA TÍMIDO ECOSSISTEMA DE EMPREENDEDORISMO NACIONAL.

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FÓRUM MERCADO DE CAPITAIS 2019 | EMPREENDEDORISMO

46 Novembro 2019 | RGESTÃO DE ACTIVOS

Para se destacar num mundo competitivo, é preciso antecipar e aliar as suas estratégias às várias tendências e as melhores oportunidades dos mercados.A BFA Gestão de Activos, é uma sociedade Inovadora, com uma equipa de profissionais especializada em mercados financeiros, dedicada ao acompanhamento permanente das tendências e oportunidades que os mercados vão oferecendo, de forma a criar soluções inovadoras, que vão de encontro com os seus objectivos.Faz parte do grupo BFA, que há mais de 25 anos no mercado tem merecido o reconhecimento e a confiança de todos os Angolanos.

BFA Gestão de Activos

Antecipe-se às tendênciasdos mercados através de soluçõesinovadoras de investimento

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mente avançar. Acredito que há imensos sectores nacionais que podem ser total-mente disruptivos, pelo tempo que per-maneceram sem qualquer alteração e muito pouca inovação ou concorrência. Vão surgir startups que podem desafiar totalmente e acabar, por exemplo, com o modelo de alguns bancos e segurado-ras – tem de ser o mercado agir, e que nestes casos não exista desconfiança ou protecionismo excessivo. Noto que, na Economia 4.0, surge uma geração ávida em mudar o curso da história de Ango-la. A geração mais brilhante que o País já teve são os nossos millenials e a geração Z, logo a seguir à minha.

Olham para o mercado de capitais como uma fonte eventual de financia-mento para a vossa actividade?Para a nossa em particular, não, mas para as startups com quem trabalhamos, claramente. Mas estamos neste momen-to a pensar em estruturar algumas coi-sas que estejam ligadas ao mercado de capitais. Por outro lado, o surgimento de mais instrumentos e possibilidades para as nossas startups e empresas só vem melhorar o grau de dimensão que a economia deve tomar. Nós próprios, fu-turamente, podemos posicionar o Ace-lera como detentor de acções colocadas em mercado de capitais, não como fonte de financiamento, mas como um grande canal para nós.

O crescimento do mercado de capi-tais vai traduzir-se no surgimento de fundos e iniciativas para apoiar e em-preendedorismo?Claro que sim. Nós próprios estamos a pensar, para 2020/2021, no surgimento de uma iniciativa. Dos contactos prévios que temos tido, há a intenção de mui-tos players em avançarem para fundos que apoiem mais o empreendedorismo.

Claramente, a participação de outros fundos de fora - nós próprios podermos participar em fundos mais regionais ou internacionais - só nos vai dar uma van-tagem competitiva.

Que serviços ou apoios têm hoje dispo-níveis?Hoje actuamos em dois grandes blocos e áreas: community e aceleração. A inova-ção, com algumas novidades, vai passar realmente a ser implementada de forma diferente em 2020. E, como mencionei, os apoios vindos do Estado, instituições públicas, locais, empresas ou parceiros ajudam a fazer coisas novas.

Diariamente, em média, quantas pe-quenas empresas, ou projectos de em-presas, passam pelo vosso espaço?Entre 10 e 20, mas em dias de eventos podemos chegar a 70/80 empreende-dores. Vamos lançar o nosso Relatório de Impacto no final do ano, mas os nú-meros cresceram imenso. Em termos de programas, estamos neste momento a trabalhar com 90 startups em simultâ-neo dentro dos programas ou acelerado-ras que mencionei.

Já estiveram envolvidos no surgimento de quantos projectos?Seria injusto avançar com um número, porque a questão não esta tanto no sur-gimento, mas mais no suporte das ideias. De qualquer forma, recebemos muita gente que busca inspiração e que come-çou as suas startups depois de passarem por algum evento ou programa nosso.

A taxa de insucesso tem sido alta?Há sempre uma taxa de insucesso que não conseguimos medir completamente. Realizámos um Estudo do Ecosistema re-centemente, que nos diz que as startups tem um tempo de vida, normalmente, de um ano, e que os seus fundadores têm 30 anos. Mas há uma grande importância em obter dados cada vez mais relevantes.

Neste momento, não conseguimos dar de forma precisa estes números.

Quais os principais motivos que levam as startups a não singrar?Os desafios, olhando para o estudo, são diversos. Por exemplo, há falta de acesso a capital, burocracia e simplificação de processos e licenciamentos, mais organi-zações que apoiem o empreendedorismo em Angola, instituições para formação especializada e apoio ao empreendedo-rismo, produtos financeiros específicos para startups, recursos humanos quali-ficados, visibilidade dos empreendedo-res nos media. Uma nota final, muito re-levante, é que grande parte das startups em Angola ainda está a resolver modelos de negócio baseados num problema que pode ter receita imediata, ou muito liga-do ao mercado, e poucas surgem primei-ro com um grande propósito em resolver problemas que depois podem ser glo-bais. Está a mudar, porque a qualidade das startups tem vindo a melhorar.

Já há um ecossistema do empreende-dorismo em Angola? Está em desenvolvimento, mas podemos dizer que sim, em três anos o crescimen-to foi notório, há mais investimento feito por todos, mas também há muito mais sinergias entre os actores. Normalmente, para se consolidar e fazer um ecossiste-ma de uma cidade forte, são precisos 25 a 30 anos. Nós começamos com as primei-ras iniciativas, pelo menos as que podem ser mapeadas, há não mais do que cinco, pelo que temos um caminho grande por fazer e determinar as verticais que que-remos que tenham mais impacto. Muito também vai passar por uma estratégia dos actores, mas precisamos de acesso ao mercado, políticas públicas, finan-ciamento, instituições de apoio, cultura e, por fim, dos recursos humanos e do surgimento de mais empreendedores. A saída para alguns poderá ser a criação de uma autoridade que possa congregar a inovação e o empreendedorismo como estratégia a longo prazo do Estado.

“Há falta de acesso a capital, de simplificação de processos e licenciamentos, e de mais organizações que apoiem o empreendedorismo”

“Há a intenção de muitos players em avançarem para fundos que apoiem mais o empreendedorismo”

“Hoje actuamos em dois grandes blocos e áreas: community e aceleração”

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GESTÃO DE ACTIVOS

Para se destacar num mundo competitivo, é preciso antecipar e aliar as suas estratégias às várias tendências e as melhores oportunidades dos mercados.A BFA Gestão de Activos, é uma sociedade Inovadora, com uma equipa de profissionais especializada em mercados financeiros, dedicada ao acompanhamento permanente das tendências e oportunidades que os mercados vão oferecendo, de forma a criar soluções inovadoras, que vão de encontro com os seus objectivos.Faz parte do grupo BFA, que há mais de 25 anos no mercado tem merecido o reconhecimento e a confiança de todos os Angolanos.

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