Caderno de produção e negócios

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NEGÓCIOS PRODUCÃO & ANO 1 - NÚMERO 24 RIO BRANCO, DOMINGO, 01.07.2012 É no Terminal Urbano que começam muitos negócios. O movimento de mais de um milhão e meio de pessoas por mês abre muitas oportunidades aos comerciantes, que oferecem produtos para todos os gostos e bolsos de empreendedores Fábrica

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ANO 1 - NÚMERO 24RIO BRANCO, DOMINGO, 01.07.2012

É no Terminal Urbano que começam muitos negócios. O movimento de mais de um milhão e meio de pessoas por mês abre muitas oportunidades aos comerciantes, que oferecem produtos para todos os gostos e bolsos

de empreendedoresFábrica

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Peixes à vontadeCresce o movimento de pessoas em busca de materiais de pesca, porque depois da alagação recorde,

o Rio Acre e seus igarapés estão pra peixeJuracy Xangai

A Casa do Pes-cador sur-giu em 1969 como primei-

ro estabelecimento especia-lizado na venda de artigos para pesca em Rio Branco. Funcionava no antigo Mer-cado Velho, à beira do Rio Acre, e essa primeira loja foi arrastada pelas águas duran-te a alagação de 1967. Isso obrigou sua transferência para uma das construções de alvenaria remanescentes do antigo mercado reforma-do. A construção da segun-da loja ocorreu próximo ao terminal urbano da Capital.

“A prefeitura nos cedeu um ponto aqui junto ao ter-minal, mas era um buraco, um igapó que a gente teve de aterrar pra poder montar a loja. Nosso interesse era e continua sendo ficar mais perto dos clientes para ven-der mais e a ideia deu certo. Hoje eu cuido desta loja, a Casa do Pescador II, e mi-nha irmã, da loja no Merca-do Velho. Aqui o movimen-to é muito maior do que lá, onde começamos”, explica Maria Nazaré de Azevedo Silva, proprietária da loja onde mantêm um único funcionário.A cheia que levou peixes de açude para o Rio Acre esquentou os negócios da Casa do Pescador

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Peixes à vontadeSegundo ela, é no verão e

no começo do inverno que as vendas aumentam. E nes-te início de verão as vendas estão superaquecidas. “É por causa da alagação. Sempre que alaga tem mais peixe, mas neste ano a enchente foi mui-to maior, invadiu as colônias

e levou grande quantidade de peixes que estavam sendo criados nos açudes, por isso o pessoal está pegando muito tambaqui, surubim e até pira-rucu no Rio Acre e nos igara-pés. É uma fartura que já não existia mais há muito tempo”, diz Maria Nazaré.

Quando o marido dela iniciou os negócios, nos idos de 69, o Rio Acre ain-da oferecia bons peixes como surubins, tambaquis e curimatãs para os pesca-dores profissionais e ama-dores. Mas com a poluição e os maus-tratos ao rio, ele

deixou de oferecer a fartu-ra de antes.

“Naquele tempo a gente vendia muitas malhadeiras, tarrafas e panagem pra eles fazerem suas tralhas de pesca conforme o gosto de cada um, mas o tempo foi passando e os peixes

foram desaparecendo do Rio Acre. O pessoal vazou muitos lagos, que hoje são raros e a maioria deles se encontra dentro das fazen-das, onde ninguém mais pode entrar sem autoriza-ção dos donos”, esclarece Nazaré.

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Tudo começou quando Elior-ma Rodrigues decidiu fazer,

às escondidas, um curso de cabeleireira no Senac para tentar melhorar a renda da família e deixar de ser tão dependente do marido.

“Eu morava no Bairro das Placas e saía de casa às escondidas para ir ao Senac. Participava dos treinamen-tos e voltava correndo, sem-pre a pé, para chegar em casa a tempo de preparar o almo-ço pra que ele não descon-fiasse de nada. Com o avan-ço do curso, quando passei a

receber as lições de química, as aulas demoravam mais tempo e ele acabou desco-brindo que eu estava estu-dando”, recorda Eliorma.

O marido não gostou nem um pouco da novida-de e impôs a condição de que largasse o curso sob pena de acabar com o ca-samento . “Respondi pra ele que eu queria ficar com os dois, mas se tivesse de escolher preferiria o curso. Como ele viu que não tinha mais jeito, aceitou, mas exi-giu que todo dia eu levasse um dos filhos junto comigo pras aulas. Terminei o cur-

so, consegui uma cadeira e comecei o meu negócio. Foi a melhor coisa que fiz na minha vida, pois quatro anos depois ele me deixou por outra mulher e eu tive de criar meus filhos sozi-nha. Hoje eles estão todos adultos, pude pagar seus estudos, uma filha acaba de concluir a faculdade de fisioterapia. Quem quis se formar está formado gra-ças ao trabalho no salão”.

A cadeira com que ini-ciou o negócio caseiro foi conquistando cada vez mais clientes e hoje o Salão Fênix conta com cinco cadeiras

onde trabalham sete profis-sionais do embelezamento.

“Gosto muito do que faço e apesar da cirurgia que fiz no coração, continuo trabalhando muito satisfei-ta. Também gosto de ensi-nar, assim já treinei muito profissionais que hoje têm seus salões na cidade. Aqui a gente faz massagem, pró-tese capilar para disfarçar a calvície de homens e mulhe-res, corte de cabelo mascu-lino e feminino, penteados e maquiagens especiais para debutantes e noivas, além de limpeza de pele, mani-cura e pedicura, mega hair,

rastafári, escovas progressi-va e definitiva, enfim, tudo para agradar nossos clien-tes”, diz ela.

“As pessoas devem ter um sonho e trabalhar para realizar esse sonho, por isso quem tem um sonho não o deixe morrer, traba-lhe que você vai conseguir. A vida exige muitos sacri-fícios e cria dificuldades. Meu primeiro salão, aqui no terminal, foi destruído pela alagação de 97, mas eu não desisti do meu sonho e hoje estou muito bem, gra-ças a Deus”, ensina Elior-ma.

Eliorma fez curso de cabeleireira às escondidas e hoje é proprietária de salão de beleza

Salão FênixSete profissionais atendem aos clientes do salão de beleza que traduz o sucesso da história

de perseverança empreendedora da sua proprietária

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Há sete anos, Cleide Costa Silva de Lima t r a b a l h a v a

num estúdio fotográfico da Capital e ao ficar grávida foi também despedida do em-prego. Coincidentemente, nessa época, sua sogra, que tinha um pequeno ponto co-mercial na entrada do Came-lódromo, junto ao Terminal Urbano de Rio Branco, teve de viajar para cuidar de pro-blemas de saúde e ofereceu o ponto à nora.

“Eu sempre quis ter meu próprio negócio, pois tinha adquirido experiência tra-balhando em loja, padaria e outros negócios, mas não tinha dinheiro pra começar. Foi então que minha sogra me emprestou um cheque pra eu comprar as primeiras mercadorias. Era tempo da copa, então comprei uma porção de camisas bem va-riadas e pra minha felicidade foi um sucesso total. Com-prava de manhã e à tarde não tinha mais nada. Logo

cobri o cheque emprestado pela sogra e continuei com-prando mais mercadorias e assim estamos até hoje”, afirma Cleide.

Apertando-se no peque-no espaço, ela oferece uma variedade de produtos, mas especializou-se mesmo na venda de roupas íntimas para mulheres.

“Meu sonho era montar uma loja de lingeries, por isso fui comprando calci-nhas e outras roupas ínti-mas de bom gosto. Foi um

sucesso ainda maior que o das camisetas, mal dava para tirar as mercadorias da cai-xa e tinha de fazer pedidos quase todo dia”, ela conta.

O sucesso empolgou Cleide, que logo abriu outra loja num bairro da periferia, então começaram os pro-blemas. “Trabalhei durante anos no balcão e no caixa de vários estabelecimentos, mas nunca tive coragem de me apossar do que não era meu, acredito que a hones-tidade é ponto fundamental

da dignidade. Mas, infeliz-mente, nem todas as pes-soas pensam assim. Montei mais de uma loja e tentei várias pessoas cuidando de-las, mas vi que não valia a pena se desgastar daquele jeito e hoje mantenho ape-nas esta loja no terminal. O único problema é que como o espaço é pequeno, não dá para ampliar muito o negó-cio, mas a gente tem de usar a criatividade e aproveitar bem o que tem pra conse-guir o melhor no que faz”.

Sonho de mulherEx-funcionária de loja teve na filha recém-nascida o estímulo que precisava para construir o negócio com que sonhava

Gravidez e demissão foram decisivas para que Cleide iniciasse o empreendimento dos sonhos

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E quem diria que o cupu-açu, o açaí e outros sa-

bores regionais perderiam cada vez mais espaço para os sabores artificiais dos sorvetes, tipo italianos, que estão na preferência dos jovens acreanos, sempre à caça de novidades e novos sabores?

Leno Daniel lembra que desde criança tinha espírito empreendedor, gostava de vender ou negociar coisas e depois de trabalhar um período no supermercado Gonçalves, surgiu a opor-tunidade de criar seu pró-prio negócio. Surgia então a sorveteria Milk Shake, um dos estabelecimentos que funcionam com sucesso há 16 anos na área comercial do Terminal de Rio Branco.

“Aqui o ponto é muito

Milk ShakeO calor amazônico impulsiona a sorveteria que funciona há 16 anos no Terminal Urbano e sempre acompanha as tendências

bom porque há um gran-de movimento de pessoas, principalmente estudantes, que são os principais clien-

tes do nosso negócio. Por isso mesmo é preciso es-tar de olho nas novas ten-dências. Há algum tempo

a grande maioria dos clien-tes deixou de lado o açaí e outras frutas regionais para dar preferência aos sorvetes

italianos, e isso é modismo mesmo. Quem está no co-mércio precisa atentar para essas coisas”, ensina Leno.

Vender sorvete é um bom negócio, mas o proprietário tem de estar atento às preferências da clientela

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Quem hoje se senta em uma das ca-deiras da en-

graxataria do terminal pode-rá um dia gabar-se de ter tido seus sapatos devidamente lustrados e engraxados por um campeão de futebol.

Esse é o sonho que vem sendo perseguido com garra pelo engraxate Ihan Wytes Conceição de Lima, que há três meses exibe seu talento nos treinamentos da escoli-nha do Santos Futebol Clu-be, onde vai chutando a bola pra frente.

Entre uma engraxada e outra, Ihan declara: “Meu sonho é ser jogador de fu-tebol e vou à luta. Conse-gui entrar pra escolinha do Santos, onde me dedico pra conseguir passar numa das peneiras e entrar para a cate-goria de base. Sei que não é fácil e que muitos e muitos outros estão tentando a mes-ma coisa, mas sei que vou conseguir”, assegura.

Apoiado pelo padras-to Jair Bezerra de Freitas e pelo amigo Carlos Passos, que também trabalham na engraxataria, eles vão se aga-chando para lustrar os sapa-tos e assim ganham a vida com dignidade, enquanto sonham cada vez mais alto.

A antiga loja de bolsas do ter-minal fechou, abrindo espaço

para que o DJ Cézinha mon-tasse o seu tão sonhado ne-gócio de eletrônicos. Ali ele vende de celulares a muitos outros materiais eletrônicos, bem como acessórios varia-dos para todos os gostos e bolsos.

É na JR Acessórios que ele alterna seus serviços de DJ, animando as festas da noite com as vendas do dia. “O movimento de clientes de todas as classes sociais é o que garante as vendas dos nossos negócios aqui no Terminal Urbano. Todo negócio que existe em Rio Branco vive sempre em fun-ção do calendário de paga-

mento do funcionalismo e, além do crescimento da concorrência com a aber-tura de novas lojas, neste primeiro semestre do ano a gente tem sofrido muito com a crise financeira pela qual passa a população. O dinheiro simplesmente su-miu da praça e a gente não sabe direito o que é que está acontecendo”, lamenta.

Para vencer este mau momento e continuar ven-dendo, Cézinha, que afirma acreditar no negócio e que as crises são passageiras, in-veste ainda mais. “Quando as pessoas estão compran-do menos, é preciso investir em mais produtos, ter bons produtos com preços mais acessíveis, oferecer prazos e saber atender bem, é claro”.

Negócio pé no chãoCom pouco recurso, muitos criam pequenos negócios que permitem ganhar a vida com dignidade e ir ainda mais longe

Engraxar sapatos ainda é um negócio lucrativo em Rio Branco, principalmente no Terminal Urbano, por onde passam milhares de pessoas todos os dias

Funciona dia e noiteVendendo acessórios e produtos eletrônicos, o DJ Cézinha faz negócios de noite e de dia

DJ Cézinha vende produtos eletrônicos durante o dia e continua a animar festas à noite

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E x p E d i E n t E :Textos publicados nesta página são de responsabilidade da Assessoria de Comunicação do Sebrae no Acre Jornalista Responsável: Lula Melo MTB 015/90 - e-mail: [email protected]. Colaboradores: Juracy Xangai, Vanessa França e Evandro Souza. Sugestões, comentários e-mail para [email protected]. Central de atendimento: 0800-5700800

Quem tem conhecimentovai pra frente!

Sebrae inicia nesta segunda-feira a 4ª Semana do Empreendedor Individual

No Acre serão montadas duas tendas, para orientação, capacitação, consultorias, atendimentos individuais, localizadas no Novo Mercado Velho na praça da bandeira no Centro da cidade

Nesta segun-da-feira (2) começa em todo o país

a 4ª Semana do Empreende-dor Individual (EI). Promo-vida pelo Sebrae, a mobili-zação nacional vai capacitar os profissionais já formali-zados e incentivar os traba-lhadores por conta própria a sair da informalidade. O ob-jetivo do evento, que vai até o dia 7 de julho, é contribuir para o desenvolvimento e a sustentabilidade desses ne-gócios.

“Já são mais de 2,5 mi-lhões de Empreendedores Individuais formalizados no Brasil, em apenas três anos. Mas a formalização é apenas o primeiro passo, o foco do Sebrae é capacitar a gestão

desses negócios para que eles possam se desenvol-ver”, afirma o presidente do Sebrae, Luiz Barretto.

Durante a mobilização, o Sebrae atenderá aos em-preendedores em tendas instaladas em locais públi-cos de grande circulação em todas as capitais e em algumas cidades do interior. Nas tendas, os empreende-dores receberão orientações sobre como se formalizar e poderão participar de cursos e palestras. Também haverá espaço para atender o EI formalizado, com orienta-ções relacionadas à gestão do negócio e oportunidades de crédito. A capacitação, por meio das Oficinas SEI - Sebrae Empreendedor In-dividual - o conjunto de so-

luções em gestão e fortaleci-mento dos negócios voltado para os empreendedores in-dividuais também estão pre-vistas a partir deste período.

De acordo com a gerente de Atendimento Individual do Sebrae, Jaqueline Almei-da, ao todo serão 277 pon-tos de atendimento e cerca de 300 oficinas do progra-ma SEI. “O EI é uma figura jurídica muito importante para o país. O fato de estar no mercado de forma legal aumenta as chances de cres-cer e prosperar. O pequeno negócio de hoje pode se tornar uma grande empresa amanhã”, disse.

Na programação do evento está o atendimento e a orientação dos EI com foco diferenciado para os

que são também benefici-ários do programa do go-verno federal Bolsa Família. São informações sobre as melhores práticas para evi-tar a inadimplência, como pagamento de taxas e pre-enchimento de declaração anual, divulgação de opor-tunidades de crédito, e di-vulgação do programa Ne-gócio a Negócio. A meta é formalizar 67,9 mil novos EI e atender a 59,4 mil em-preendedores registrados.

Após a Semana do EI, o Sebrae lança em Brasília a modalidade virtual do SEI. O projeto será lançado nas modalidades: cartilha im-pressa e em formato áudio--livro, capacitação via men-sagens de celular (SMS) e pela internet. O objetivo é

ampliar o uso do SEI pelos clientes que não têm con-dição de participar presen-cialmente ou que preferem a flexibilidade de horário do estudo a distância.

Outras edições

Na primeira edição do evento, realizada apenas nas capitais brasileiras, em outu-bro de 2010, foram registra-das 46,5 mil formalizações. A segunda edição aconteceu em novembro do mesmo ano nas cidades do interior e formalizou 28,8 mil em-preendedores. Na terceira semana, realizada de 27 de junho a 2 de julho de 2011, foram formalizados 47,4 novos empreendedores in-dividuais.