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Edição Comemorativa CADERNO DE RESUMOS E PROGRAMAÇÃO Universidade de São Paulo Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas 25 e 26 de abril de 2018

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Edição Comemorativa

CADERNO DE RESUMOS

E PROGRAMAÇÃO

Universidade de São Paulo

Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas

25 e 26 de abril de 2018

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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO

REITOR: Prof. Dr. Vahan Agopyan

VICE-REITOR: Prof. Dr. Antonio Carlos Hernandes

FACULDADE DE FILOSOFIA, LETRAS E CIÊNCIAS HUMANAS

DIRETORA: Profa. Dra. Maria Arminda do Nascimento Arruda

VICE-DIRETOR: Prof. Dr. Paulo Martins

DEPARTAMENTO DE LETRAS CLÁSSICAS E VERNÁCULAS

CHEFE: Prof. Dr. Manoel Mourivaldo Santiago Almeida

SUPLENTE: Prof. Dr. Mário César Lugarinho

PÓS-GRADUAÇÃO EM FILOLOGIA E LÍNGUA PORTUGUESA

COORDENADORA: Prof. Dr. Paulo Roberto Gonçalves Segundo

VICE-COORDENADOR: Prof.ª Dr.ª Flaviane Romani Fernandes Svartman

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Edição Comemorativa

PROMOÇÃO

Programa de Pós-Graduação em Filologia e Língua Portuguesa

COMISSÃO ORGANIZADORA

Prof. Dr. Paulo Roberto Gonçalves-Segundo

PÓS-GRADUANDOS:

Adriana Moreira Pedro - Mestranda

Agildo dos Santos Silva de Oliveira - Doutorando

Alexandre Marques Silva - Doutorando

Leonardo Gonçalves de Lima - Mestrando

Sérgio Mikio Kobayashi - Mestrando

Winola Weiss - Mestranda

Site: http://eped.fflch.usp.br

E-mail: [email protected]

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CADERNO DE RESUMOS

Organização e Diagramação

Agildo Santos Silva de Oliveira

REVISÃO

Agildo Santos Silva de Oliveira

APOIO

FFLCH – Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas

LAPEL – Laboratório de Apoio à Pesquisa e Ensino em Letras

Carolina Bernardi (Serviço Financeiro do DLCV)

OBSERVAÇÕES:

Os resumos das comunicações individuais deste Caderno estão organizados em ordem

alfabética por autor. Seu conteúdo e redação são de inteira responsabilidade de seus

autores.

As conferências de abertura e de encerramento, bem como as sessões de comunicação

serão realizadas no prédio do curso de Letras da FFLCH.

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SUMÁRIO

APRESENTAÇÃO................................................................................................ 06

PROGRAMAÇÃO................................................................................................. 07

RESUMO DAS CONFERÊNCIAS........................................................................ 09

RESUMO DAS MESAS REDONDAS.................................................................. 11

RESUMOS DAS COMUNICAÇÕES INDIVIDUAIS............................................. 17

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APRESENTAÇÃO

Bem-vindos ao X EPED!

O Encontro de Pós-Graduandos em Estudos Discursivos da USP – EPED-USP – é um

evento acadêmico anual, organizado pelos pós-graduandos da área de Filologia e Língua

Portuguesa, que visa promover o diálogo entre as distintas abordagens teóricas e

metodológicas sobre o discurso na Universidade de São Paulo.

Com edições desde 2009, o evento busca a integração entre os pós-graduandos dos

diversos programas da Universidade de São Paulo, incentivando o debate franco e aberto

acerca dos diferentes olhares epistemológicos, das distintas metodologias e dos variados

objetos de análise que caracterizam a instituição no que concerne ao estudo da produção

contextualizada de sentido.

Com um acolhimento especial dentre os docentes e alunos da USP, bem como de

pesquisadores consagrados de universidades do Brasil e do exterior convidados para a

realização de mesas e conferências, seu sucesso e sua aceitabilidade no meio acadêmico

têm servido de exemplo para uma série de eventos organizados por pós-graduandos

dentro e fora da Universidade de São Paulo, na área de Letras e Linguística.

Em 2018, o EPED chega à sua décima edição e, por isso, o evento deste ano será

comemorativo. Nas conferências e mesas, compostas por pesquisadores que

participaram de organizações anteriores do encontro, serão debatidos temas relativos às

suas atuais pesquisas. Ademais, com o propósito de firmar a conquista do princípio do

EPED – o diálogo –, a partir desta edição, o evento se propõe a fomentar, entre os

apresentadores e mediadores, debates mais profundos acerca de seus trabalhos.

De acordo com esse objetivo, as sessões de comunicação terão, no máximo, 5 trabalhos

com 15 minutos para apresentação, seguidos de 10-15 minutos de debate para cada

trabalho.

Em sua décima edição, a realizar-se nos dias 25 e 26 de abril de 2018, o EPED

convida pesquisadores vinculados à Universidade de São Paulo – docentes e discentes –

a debaterem as suas pesquisas cujo foco sejam questões discursivas, textuais,

semântico-pragmáticas e interacionais.

Comissão Organizadora

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PROGRAMAÇÃO

8h Início do credenciamento

9h15 - 10h30

Conferência de abertura: Discurso e Argumentação: ainda sobre o ethos e o pathos...

Prof. Dr. Eduardo Lopes Piris (UESC)

10h30 - 11h Coffee break

11h - 12h40 Sessões de comunicação individual 01, 02 e 03

12h30 - 14h Almoço

14h - 16h

Mesa-redonda 1: Teoria Bakhtiniana da Linguagem em prática: o social, o digital e o etnolinguístico

Coordenação:

Por um método bakhtiniano dos enunciados online – Prof. Dr. Artur Módolo

Cidadãos e Excelências: igualdade ou distinção na República brasileira – Profa. Dra. Giovanna Ike Coan

A produtividade da Teoria Bakhtiniana da Linguagem: questões epistemológicas e metodológicos-analítica para uma análise contrastiva de discursos – Prof. Dr. Urbano Cavalcante da Silva Filho (IFBA)

16h - 16h30 Coffee break

16h30 - 18h30

Sessões de comunicação individual 04, 05, 06, 07 e 08.

QUARTA-FEIRA – 25/04/2018

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08h30 - 10h10 Sessões de comunicação individual 09, 10 e 11.

10h10 - 10h40 Coffee break

10h40 - 12h40

Mesa-redonda 2— Discurso e Ensino: diálogos possíveis

Coordenador:

Investigações Discursivas sobre o Ensino de Inglês para Crianças — Profa. Dra. Bianca Rigamonti Valeiro Garcia (FAM/FASESP - Faculdade SESI de Educação)

Discurso: entrelaçamentos e caminhos a partir do conceito - Profa. Dra.

Janaína Michele de Oliveira Silva (UNIVESP)

Linguagem figurativa e ensino de produção de texto — Profa. Dra. Solange Ugo Luques

12h40 - 14h Almoço

14h – 16h10 Sessões de comunicação individual 12, 13, 14, 15 e 16.

16h - 16h30 Coffee break

16h30 - 18h

Conferência de encerramento — A dinâmica discursiva da empatia e do antagonismo em redes sociais: delimitando um campo de pesquisa

Prof. Dr. Paulo Roberto Gonçalves Segundo (USP)

QUINTA-FEIRA – 26/04/2018

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RESUMOS DAS CONFERÊNCIAS

Conferência de Abertura

DISCURSO E ARGUMENTAÇÃO: AINDA SOBRE O ETHOS E O PATHOS...

Eduardo Lopes Piris

Doutor em Letras pela Universidade de São Paulo Docente da Universidade Estadual de Santa Cruz

E-mail: [email protected]

Pêcheux (1997 [1975]), ao discutir o domínio da Linguística via filosofia materialista,

propôs abrir questões sobre os objetos linguísticos na relação com objetos da ciência das

formações sociais. Uma de suas principais contribuições foi questionar a dicotomia

saussureana “língua/fala” e deslocá-la para a oposição “língua/discurso”, postulando que

o discurso não é uma maneira individual de concretizar a abstração da língua.

Fundamenta-se, assim, a distinção entre a concepção idealista e a concepção materialista

do sujeito, o que impacta diretamente a maneira como propomos conceber as instâncias

subjetivas da argumentação orador e auditório, tais como postuladas por Perelman e

Olbrechts-Tyteca (1994 [1958]) e difundida no campo dos estudos sobre argumentação.

Assim, o objetivo deste encontro é apresentar as bases teóricas que fundamentam nossa

abordagem da argumentação numa perspectiva discursiva, focalizando as noções de

ethos e de pathos, a fim de ultrapassar as perspectivas que concebem a argumentação

apenas como parte de um jogo de estratégias arquitetadas por um orador plenamente

consciente dos usos que ele faz dos recursos da linguagem para persuadir seu ouvinte.

Nossa reflexão recorre também aos trabalhos de Ruth Amossy (2013), que defende a

necessidade de estudar a maneira como a argumentação se inscreve não apenas na

materialidade discursiva, mas também no interdiscurso, e aos de Eni Orlandi (1998), que

entende a argumentação como organização do dizer, destacando o interdiscurso e a

antecipação (as formações imaginárias) como bases do mecanismo de argumentação no

discurso.

Palavras-chave: Discurso. Argumentação. Enunciação. Ethos. Pathos.

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Conferência de Encerramento

A dinâmica discursiva da empatia e do antagonismo em redes sociais:

delimitando um campo de pesquisa

Prof. Dr. Paulo Roberto Gonçalves-Segundo (USP)

Esta conferência tem dois grandes objetivos: o primeiro consiste em discutir as noções de

empatia e de antagonismo em perspectiva multidisciplinar, considerando aspectos

cognitivos, sociodiscursivos, linguísticos e interacionais, e delinear possibilidades de

análise desse binômio em situações reais de produção/interpretação de sentido; o

segundo consiste em analisar a construção da dinâmica entre empatia e antagonismo em

interações situadas em redes sociais. Para isso, partimos da combinação de um

arcabouço teórico que integra os Estudos Críticos do Discurso, a Análise da Conversação

e a Linguística Cognitiva.

A partir de um recorte diversificado que abrange movimentos empáticos e antagônicos

ligados a distintos gatilhos – o ataque à sede do jornal satírico Charlie Hebdo, o

rompimento da barragem em Mariana, o falecimento da ex-primeira-dama Marisa Letícia e

a demissão do jornalista William Waack pela Globo –, propomo-nos a refletir acerca do

caráter estratégico de gestos empáticos e antagônicos no que tange à mobilização

política e da influência da mídia na distribuição da empatia; a apresentar uma tipologia

inicial de base discursiva para tais gestos; a mostrar alguns padrões linguísticos que

parecem caracterizar esses movimentos em interações no Facebook, bem como alguns

de seus fundamentos argumentativos; a relacionar a construção linguístico-discursiva da

empatia à elaboração de outras/os emoções/afetos; e, por fim, a articular alguns passos

na direção de se pensar na relação entre empatia/antagonismo e ideologia.

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RESUMOS DAS MESAS REDONDAS

MESA I

Teoria Bakhtiniana da Linguagem em prática: o social, o digital e o etnolinguístico

A proposta da mesa é discutir a produtividade teórico-metodológica da abordagem de

Bakhtin e o Círculo para os estudos discursivos em diversas interações socioidológicas,

esferas e temporalidades. Também visa o diálogo dessa perspectiva teórica com outras

filiações teóricas de enfoque discursivo.

Por um método bakhtiniano dos enunciados online

Prof. Dr. Artur Módolo

Essa comunicação tem como objetivo indicar possibilidades de conciliar as contribuições

teórico-metodológicas do Círculo de Bakhtin, com exames de enunciados e de relações

dialógicas materializadas online. As obras bakhtinianas têm inspirado uma série de

estudos que investigam a interação verbal em sites jornalísticos, redes sociais (Facebook,

Twitter etc.). Diante das aplicações práticas dessas pesquisas e de seus resultados,

busca-se elaborar uma síntese capaz de dar indicativos e um norte metodológico possível

de inspiração bakhtiniana para os diversos estudos da Internet. Como resultado é

possível identificar que as obras advindas do Círculo de Bakhtin são eficazes em propiciar

a investigação de diversas questões relacionadas à Internet e o meio digital, a saber, a

materialidade dos enunciados, as relações dialógicas, os gêneros etc. Destaca-se, afinal,

a necessidade de adaptações, acréscimos e busca por novos conceitos que a teoria

bakhtiana não pode antecipar, entre eles a questão da hipertextualidade e as formas de

responsividade advindos da popularização das redes sociais online.

Palavras-chave: Círculo de Bakhtin, metodologia, online, digital, redes sociais

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Cidadãos e Excelências: igualdade ou distinção na República brasileira?

Profa. Dra. Giovanna Ike Coan (USP)

Segundo Volóchinov (2017), a palavra, determinada pelo horizonte social de uma época e

de um grupo social, acompanha toda a criação ideológica como seu ingrediente

indispensável. No contexto brasileiro, o período entre o final da Monarquia e os primeiros

anos da República foi de coexistência entre tradições antigas, arraigadas na sociedade, e

tradições inventadas (HOBSBAWM, 2012) no e para o novo regime. No âmbito da

palavra, os “súditos” do Imperador deram lugar aos “cidadãos” da República, de modo a

que o “governo do povo pelo povo” adotasse o tratamento por “cidadão”, em princípio,

indistintamente (CARVALHO, 2008). Neste trabalho, examinamos fórmulas republicanas

de tratamento ao interlocutor em ofícios paulistas enviados à Secretaria de Estado de

Negócios do Interior, entre 1890 e 1910, compreendendo tais fórmulas como signos

ideológicos. Os resultados revelam que, no trato de indivíduos de alta posição hierárquica,

formas que denotam igualdade entre os interlocutores, como “Cidadão”, foram

gradualmente perdendo espaço para formas que exprimem distinção e reverência, como

“Ilustre Cidadão”, “Excelentíssimo Senhor” e “Vossa Excelência” (COAN, 2017). Tal

mudança nos usos da língua correspondeu ao momento de consolidação da República,

na década de 1900, quando houve a ascensão de uma corrente conservadora na gestão

política e econômica e a rearticulação do establishment (ALONSO, 2002). Por outro lado,

enfocando outro horizonte social, propomos um diálogo entre esses resultados e um fato

recente na República brasileira: o Projeto de Lei do Senado n. 332/2017, de autoria de

Roberto Requião (MDB – PR), que visa a abolir o tratamento aristocrático dispensado a

agentes públicos (e.g. “Vossa Excelência”), pois, na visão do senador, seriam formas

“incompatíveis com a igualdade de todos perante a lei”. Logo, observando os dois

momentos republicanos, buscamos demonstrar como a palavra não apenas reflete, mas

também refrata aspectos da realidade em transformação (VOLÓCHINOV, 2017).

Palavras-chave: Cidadão; Excelência; formas de tratamento; signo ideológico; República.

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A produtividade da Teoria Bakhtiniana da linguagem: questões epistemológicas e

metodológico-analíticas para uma análise contrastiva de discursos

Prof. Dr. Urbano Cavalcante Filho

(IFBA / UESC / Diálogo-USP)

Meu objetivo neste trabalho é apresentar e discutir a fecundidade da confluência teórico-

metodológica entre a Análise Contrastiva de Discursos, vertente teórica nascida no âmbito

do Cediscor (Centre de recherche sur les discours ordinaires et spécialisés) da Université

Sorbonne Nouvelle, em Paris, na França, e a Análise Dialógica do Discurso, advinda das

reflexões do Círculo de Bakhtin, para a análise de discursos de diferentes comunidades

etnolinguísticas. Assim, minha apresentação é dividida em 3 momentos distintos mas

dependentes e correlacionados: teórico, metodológico e analítico. No primeiro momento,

dedico minha atenção à apresentação dos pressupostos teóricos que embasam o estudo,

a saber, a teoria bakhtiniana e a análise comparativa de discurso; no segundo momento,

exponho os pressupostos metodológicos que sustentam o que chamo de “análise

comparativo-dialógica do discurso”, cuja metalinguística constitui o cerne orientador do

estudo; por fim, no terceiro momento, empreendo um gesto analítico de comparação do

discurso de divulgação científica de duas comunidades etnolinguísticas (brasileira e

francesa), materializado nos enunciados de das revistas Ciência Hoje e La Recherche,

produções da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) e Société

d'éditions scientifiques, respectivamente.

Palavras-chave: Análise Contrastiva de Discursos; Análise Dialógica de Discursos;

Divulgação Científica.

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MESA II

Discurso e Ensino: diálogos possíveis

A proposta da mesa é discutir, a partir de diferentes abordagens tóricas, as possíveis relações

entre discurso e ensino, estabelecendo diálogos entre pesquisa e prática. Nesse diálogo,

propõe-se refletir: as representações discursivas e suas implicações em torno do inglês como

língua estrangeira e seu ensino para crianças de escola bilíngue; levantamento de pesquisas

que tratam do diálogo “discurso e ensino” e sua produtividade para o ensino de língua

materna; e a proposta do trabalho com a metáfora como “linguagem figurativa”, para a

produção textual em gêneros argumentativos integrantes de processos seletivos para

ingresso em universidades como ENEM e Fuvest.

Investigações Discursivas sobre o Ensino de Inglês para Crianças

Profa. Dra. Bianca Rigamonti Valeiro Garcia (FAM/FASESP - Faculdade SESI de

Educação)

[email protected]

Na última década, o oferecimento de aulas de inglês para crianças vem sofrendo um

significativo aumento (MOURA, 2009; ROCHA, 2007). Tal prática tem se desdobrado em

modalidades diversas, como: inclusão de aulas de inglês no currículo de escolas regulares de

educação infantil e ensino fundamental, aulas de inglês em contexto de escola bilíngue

privada, aulas de inglês em escolas internacionais e, ainda, aulas para crianças em institutos

de idiomas (GARCIA, 2011). A partir de experiências profissionais em diversos âmbitos de

atividade pedagógica desse segmento e sob o viés da Análise de Discurso derivada dos

trabalhos desenvolvidos na França por Michel Pêcheux e ampliados no Brasil por autoras

como Orlandi (2005), Carmagnani (1996), Grigoletto (2013) e Pinheiro-Passos (2006),

decidimos investigar representações de língua estrangeira, aprendiz e ensino de língua

estrangeira em discursos produzidos em torno de tal prática. Nossas pesquisas já apontaram

que este ensino se insere em uma formação discursiva cujos sujeitos são valorizados com

base na obtenção de destaque por meio da competitividade, naturalizada pela ideologia do

capitalismo de acumulação flexível (HARVEY, 1992). Os resultados obtidos evidenciam que a

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dinâmica discursiva desse cenário investe em uma projeção precoce das crianças pequenas

tanto na lógica do sistema econômico quanto em papéis de competição e seleção imaginários

a serem atingidos por elas em futuros hipotéticos; tal inserção foi, em parte significativa dos

casos estudados, justificada com base nas características neuropsicológicas, dos aprendizes

que, por sua vez, se configurariam como elemento de vantagem desses sobre aprendizes de

idades mais avançadas. O objetivo do presente recorte é partilhar nossa análise de como os

discursos produzidos por escolas particulares bilíngues e materializados em seus websites

institucionais se ancoram em elementos da neurociência para produzirem justificativas da

urgência do ensino de inglês para crianças e sua relação com a teoria do período crítico para

a aprendizagem de língua(s) estrangeira(s).

Palavras-chave: Ensino de inglês para crianças, Neurociências, Análise de discurso.

Discurso: entrelaçamentos e caminhos a partir do conceito

Profa. Dra. Janaina Silva (UNIVESP)

Ao considerarmos a proposta desta mesa redonda, trazemos à discussão um trabalho que se

orienta em apresentar possíveis intersecções a respeito das questões conceituais sobre

“discurso” e sua relação com o ensino. Nesse sentido, este trabalho mostra-se como uma

investigação parcial para a apresentação da análise de uma pequena amostra de produções

acadêmicas que têm a Análise do Discurso, nas suas mais variadas vertentes, como escolha

de filiação teórica em trabalhos inseridos no recorte temporal delimitado entre os anos de

1990 e 2010. A coleta de dados se deu com a busca de produções escritas por meio de

palavra-chave e efetuada a recolha dos dados, selecionou-se aquelas que tendiam a discutir

a relação entre ensino e discurso. A partir disso, empreendemos uma observação analítica a

fim de coletar informações em tais trabalhos que nos orientem a delinear como as pesquisas

discorrem sobre a definição de “discurso” seja de modo pontual, seja ao longo do escrito, de

forma que consigamos subtrair a essência com a qual o conceito é compreendido e

empregado em cada produção acadêmica analisada. Além disso, outro ponto que nos é caro

é discutir e averiguar como o conceito pode aparecer e ser incorporado ao ensino de Língua

Portuguesa, subsidiando o encaminhamento da formação escolar. Com isso, podemos refletir

sobre como as interpretações sobre o conceito elucidam parâmetros na sua abordagem no

ensino de língua materna. Nosso aparato teórico se sustenta a partir de reflexões advindas do

campo dos estudos linguísticos e dos estudos socioculturais.

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Linguagem figurativa e ensino de produção de texto

Profa. Dra. Solange Ugo Luques

O conjunto de pesquisas aqui apresentado compõe um percurso acadêmico iniciado no

mestrado, com estudos sobre os efeitos de sentido produzidos pelo emprego de metáforas

discursivas, como estratégia argumentativa construtora de significado no discurso político, por

serem escolhas linguísticas transmissoras de ideologia e contextualizadas culturalmente. No

doutorado, o objetivo foi promover integração e reflexão sobre a construção do conhecimento

acadêmico no ensino superior, por meio do ensino de produção de gêneros como o artigo

científico em Língua Portuguesa, mediante a combinação de atividades interativas realizadas

em ambientes presenciais e virtuais. Nesse sentido, argumentou-se que uma experiência bem

ajustada de aprendizagem da produção do artigo científico, em que a Língua Portuguesa

fosse tomada como instrumento de construção de conhecimento, poderia propiciar melhor

inserção social do estudante, por levá-lo a dominar um gênero que contribuiria para legitimar

seu discurso na área da ciência em geral, tanto na universidade como no âmbito profissional.

Da articulação entre essas pesquisas sobre linguagem figurativa, mais especificamente sobre

a metáfora discursiva como estratégia argumentativa, e o ensino de produção de texto em

ambientes presenciais e virtuais, surge um projeto de pesquisa que tem como propósito

investigar a utilização de linguagem figurativa como estratégia de mobilização e construção

de conhecimento no ensino de produção textual de gêneros argumentativos. A hipótese a ser

defendida é a de que elaborar e aplicar práticas educativas que apresentem ao estudante do

ensino médio a metáfora, enquanto linguagem figurativa, em suas funções cognitiva e

argumentativa pode contribuir para a aprendizagem de produção textual de gêneros como os

solicitados no ENEM, Exame Nacional do Ensino Médio, ou em vestibulares à universidade,

entre eles o que seleciona candidatos à USP, Universidade de São Paulo.

Palavras-chave: Metáfora; Linguagem figurativa; Ensino de produção de texto; Cognição;

Argumentação.

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RESUMOS DAS COMUNICAÇÕES INDIVIDUAIS

De youtuber a autora de best-sellers: o discurso de Isabela Freitas

Adriana Moreira Pedro ([email protected])

Orientadora: Maria Lúcia da Cunha Victório de Oliveira Andrade

Programa de Pós-Graduação: Filologia e Língua Portuguesa

Mestrado

As redes sociais nos trouxeram muitas mudanças tanto em comportamentos sociais como na

linguagem, pois a interação virtual hoje faz parte de nossas vidas. Em 2005 surgiu o YouTube,

fazendo com que qualquer pessoa que tenha acesso à internet e uma câmera possa criar seu

canal, postar vídeos para qualquer pessoa visualizar e dizer o que quiser sobre qualquer assunto.

Neste trabalho, faremos uma análise do discurso da youtuber Isabela Freitas. Seu canal, que leva

seu nome e foi criado em 2011, tem quase 700 mil inscritos e seus vídeos têm quase 26 milhões

de visualizações. Depois do sucesso de seus vídeos, Isabela publicou três livros, sendo que um

deles foi adaptado para uma série do programa Fantástico da TV Globo. Em seu discurso, Isabela

fala para jovens sobre relacionamentos amorosos e opina sobre o que se deve ou não fazer,

exemplificando segundo suas próprias experiências. O objetivo neste trabalho é observar seu

discurso e analisar se sua fala remete a temas já de senso comum ou se suas falas podem trazer

algo de novo, como um “empoderamento” feminino, já que mostra para as meninas que elas

devem se valorizar e exigir respeito e que não devem, por exemplo, serem submissas em uma

relação. Este trabalho se justifica na medida em que entendemos ser importante analisar os

discursos proferidos na internet que hoje tem um alcance muitas vezes maior do que programas

televisivos. Para tanto, utilizaremos como teoria a Análise Crítica do Discurso (ACD),

principalmente os estudos de Fairclough, utilizando em nossa metodologia sua perspectiva

tridimensional do discurso; além de estudos sobre internet de Pierre Lévy, entre outros.

Palavras-chave: YouTube; ACD; Isabela Freitas; internet; feminismo.

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Repertório temático e significação ideológica em Antologias Escolares do Segundo

Reinado e da República Velha

Agildo Santos Silva de Oliveira ([email protected])

Orientadora: Maria Inês Batista Campos

Programa de Pós-Graduação: Filologia e Língua Portuguesa

Doutorado

Em Bakhtin e o Círculo muito se discute acerca do papel que os gêneros do discurso

desempenham em suas esferas ideológicas de produção e circulação, uma vez que enquanto

produtos das inúmeras atividades humanas, emergem das interações entre interlocutores

circunscritos em meios ideológicos. Na esfera da educação, por exemplo, encontramos o gênero

antologia escolar, constituído pela seleção de excertos de textos literários e não literários, cuja

maioria dos escritores pertence ao cânone português e brasileiro dos séculos XVI ao XIX. Tal

gênero integrou, sistematicamente, as aulas de Língua Portuguesa do ensino secundário por mais

de um século, entre 1850 (Império) e 1950 (República), longevidade indicativa da força ideológica

desse gênero intercalado na história do ensino de língua materna, bem como a importância de

pesquisas nessa área. Assim sendo, na pesquisa de doutorado em desenvolvimento no Programa

de Filologia e Língua Portuguesa, em específico, na linha de pesquisa da Linguística Aplicada do

Português, trabalhamos com gêneros de circulação integrantes de duas antologias escolares que

circularam entre o Segundo Reinado e a República Velha, respectivamente: Iris Classico (1868),

de José Castilho Barreto e Noronha, e Auctores Contemporaneos (1911), de João Ribeiro. Para

esta comunicação, trataremos acerca de uma das significações ideológicas (Volóchinov, 2017) ou

funções dessas antologias escolares revelada pelo levantamento do repertório temático

constitutivo da seleção de excertos dessas obras. Para investigação, temos como referencial

teórico-metodológico Bakhtin e o Círculo, principalmente as noções de gêneros do discurso e

esfera ideológica (Bakhtin, 2016 e Medviédev, 2012), discurso do outro (Bakhtin, 2010 e

Volóchinov, 2017), e significação ideológica (Volóchinov, 2017). Os resultados parciais da

pesquisa indicam que essas antologias escolares desempenharam funções políticas entre seus

interlocutores, estudantes da elite imperial e republicana, e seus âmbitos de circulação: de um

lado, Iris Classico em defesa da manutenção do Império; de outro, Auctores Contemporaneos

favorável ao fortalecimento da República.

Palavras-chave: Antologia escolar. Repertório temático. Significação ideológica. Segundo

Reinado. República Velha.

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Paixão e guerra: fundamentos de um projeto identitário de resistência

Alexandre Marques Silva ([email protected])

Orientadora: Zilda Gaspar Oliveira de Aquino

Programa de Pós-Graduação: Filologia e Língua Portuguesa

Neste trabalho, objetivamos discutir a relação entre a ativação de um e o apelo ao pathos como

estratégias de construção de um projeto identitário em Timor-Leste. Como procedimentos

metodológicos, centraremos nossas análises na observação de como os objetos de discurso são

construídos no pronunciamento realizado por Xanana Gusmão em 13 de outubro de 1982, período

em que Timor-Leste estava sob ocupação indonésia; além do emprego de subjetivemas que

instauram uma perspectiva pessoal e patêmica relativamente aos atores/grupos sociais e às

ações desses. A fim de fundamentarmos nossas análises, respaldamo-nos nos trabalhos de

Charaudeau (2007) e Meyer (2003), para tratarmos da patemização do discurso; Kerbrat-

Orecchioni (1980), no que tange à subjetividade na linguagem; Marcuschi (2007, 2002), em sua

abordagem acerca da construção dos objetos de discurso; Duque (2016), Azevedo (2008) e

Aquino (2017, 1997), a fim de fundamentarmos a discussão sobre frames; por fim, Mendes

(2005), Moita-Lopes (2006); De Fina (2010 [1997]) e Hall (2006, 2000), para abordarmos os

aspectos teóricos atinentes à identidade. Nossas análises apontam para o fato de que a

categorização do povo leste-timorense realizada por Xanana Gusmão cumpre um propósito

importante na condução argumentativa do discurso. As estratégias utilizadas por ele para

estruturar seu discurso conferem-lhe um capital simbólico a partir do qual o poder de que ele se

reveste encontra legitimidade social, facultando-lhe tomar para si a tarefa de encontrar um

denominador identitário comum suficientemente forte e persuasivo capaz de promover a união

entre dissidentes. Neste discurso, isso se materializou por meio da ativação de três frames e dos

processos de construção dos objetos de discurso, os quais, associados às estratégias de

patemização, firmam significativa oposição entre uns “nós” versus um “eles”, permitindo que, com

base na formação de estereótipos, fosse criada uma identidade de resistência: todos os leste-

timorenses poderiam se reconhecer incluídos no epíteto “povo maubere”.

Palavras-chave: identidade, frames; objetos de discurso; patemização; Timor-Leste

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INVASÃO DA PUC-SP EM 1977: A REPRESENTAÇÃO DA POLÍCIA E DOS

ESTUDANTES NA MÍDIA IMPRESSA

Aline Magna de Aguiar Vieira ([email protected])

Orientador: Paulo Roberto Gonçalves Segundo

Programa de Pós-Graduação: Filologia e Língua Portuguesa

Durante o período em que vigorou o Regime Militar no Brasil (1964-1985), o Movimento Estudantil

(ME) teve papel atuante e de amplo destaque no quadro sócio-político nacional. A entidade, desde

a implantação do Regime, se posicionou de maneira combativa ao governo, realizando diversos

protestos e manifestações nas ruas brasileiras. Os diversos episódios que envolveram o ME e

suas ações foram objeto de destaque em notícias divulgadas pela denominada grande mídia

impressa do período, sobretudo por jornais oriundos do Estado de São Paulo, localidade em que

ocorreu episódios de grandes proporções e notoriedade envolvendo a classe estudantil. Este

trabalho, inserido no contexto de uma pesquisa de Mestrado, visa investigar e refletir sobre as

construções das representações dos atores sociais estudantes e polícia em notícias e reportagens

veiculadas pelos jornais Estado de São Paulo e Folha de São Paulo, acerca de um desses

acontecimentos protagonizados pelo ME, durante do governo militar: a invasão na PUC, em

setembro de 1977. Com a finalidade de alcançar os objetivos propostos, utilizaremos como

arcabouço teórico os estudos sobre transitividade propostos pela Linguística Sistêmico-Funcional

(LSF), teoria desenvolvida por Halliday 1985, 2004, 2009; e trabalhada por teóricos como

Matthiessen, 2009; Gouveia 2009; Arús, Lavid & Zamorano-Mansilla, 2010; Cunha e Souza, 2009;

Gonçalves-Segundo, 2014a, 2014b; Fuzer & Cabral, 2014. Utilizaremos também os estudos

acerca do discurso midiático desenvolvidos pela Semiolinguística, método formulado por

Charaudeau, 1983, 2005, 2014, 2015; e abordada por autores como Corrêa-Rosado, 2014; Corte,

2009; Alves, 2014; Machado, 2005; Pauliukonis & Gouvêa, 2012; Rezende e Mello, 2008; Ramos,

2008. A junção destas duas abordagens teóricas irá, por um lado, tratar de maneira quantitativa

dos aspectos linguísticos; e, por outro lado, trabalhar qualitativamente com as questões sócio-

discursivas e ideológicas que compõem as construções representativas nos gêneros

selecionados.

Palavras-chave: Movimento Estudantil, Invasão na PUC, Regime Militar, Linguística Sistêmico-

Funcional, Semiolinguística.

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O SILÊNCIO DO NARRADOR DIANTE DO OLHAR DO CÃO:

CONTRIBUIÇÃO DA ESCOLA DE GENEBRA PARA UMA ANÁLISE SCAPOLINE DA

POLIFONIA PLENA EM ‘A CAVERNA’, DE SARAMAGO

Alvaro Magalhães Pereira da Silva ([email protected])

Orientadora: Maria Lúcia da Cunha Victorio de Oliveira Andrade

Programa de Pós-Graduação: Filologia e Língua Portuguesa

Doutorado

Inserida na linha de pesquisa insere-se na linha de pesquisa ‘Linguística Textual e Teorias do

Discurso no Português’, a presente comunicação integra um projeto que pretende analisar os

mecanismos que, dentro do aparelho formal da enunciação, tornam possível o que os autores da

Teoria Escandinava de Polifonia Linguística (ScaPoLine) definem como polifonia plena ou polifonia

autêntica, ou seja, a polifonia conforme concebida por Mikhail Bakhtin. Com o apoio do conceito

de dimensões interacionais do discurso proposto pela escola de Genebra, debruçamo-nos sobre

um pequeno trecho do romance A Caverna, de José Saramago, para descrever estruturas de

gênero e estratégias linguístico-discursivas que permitem ao locutor de um enunciado manter

relativa neutralidade em relação a pontos de vista de outros seres discursivos que ele próprio

coloca em cena. Do ponto de vista genérico, a análise indicou que contribui para a polifonia plena

o fato de o romance narrado em terceira pessoa colocar narrador e personagem em dimensões

interacionais distintas. Na perspectiva discursiva, foi identificada a digressão que tematiza o ponto

de vista da personagem como uma estratégia que amplia a autonomia da visão de mundo da

personagem. No aspecto linguístico, notou-se que a locução adverbial “apesar de” e o advérbio

“não” são utilizados pelo locutor para ao mesmo tempo colocar em cena e negar pontos de vista

que contradizem o ponto de vista da personagem.

PALAVRAS-CHAVE: polifonia; ScaPoLine; escola de Genebra; Bakhtin; Saramago.

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Estudo discursivo sobre as variantes e o censor da edição de 1586 da Compilação

de todas as obras de Gil Vicente

Ana Carolina de Souza Ferreira ([email protected])

Orientador: Manoel Mourivaldo Santiago-Almeida

Programa de Pós-Graduação: Filologia e Língua Portuguesa

Doutorado

A obra do dramaturgo português Gil Vicente (1465-1536) foi transmitida por meio de folhas

volantes e de duas edições (1562 e 1586) do livro intitulado Compilação de todas as obras de

Gil Vicente. Assim, ao as cotejarmos, verificamos na segunda as emendas efetuadas por Frei

Bartolomeu Ferreira, responsável pela sua censura, de maneira que, por meio da descrição desse

processo, tentamos visualizar sua imagem discursiva, além de compreender por quais motivos

tais alterações foram efetuadas. Logo, nesta comunicação objetivamos demonstrar, tendo por

objeto exemplificativo de análise a peça A Farsa de Inês Pereira, de Gil Vicente, como

realizamos, em nossa pesquisa de doutorado, um estudo interdisciplinar entre as áreas da Crítica

Textual e da Análise do Discurso no qual se busca retratar quantitativa e qualitativamente as

variantes levantadas pela colação entre edições da Compilação e, por meio desses dados,

delinear o ethos de Frei Bartolomeu Ferreira. Para tal fim, nos valemos como aporte teórico dos

trabalhos de Blécua (2001), Bakhtin (1981), Fairclough (1997 e 2007) e Maingueneau (2008). Esta

pesquisa se justifica na medida em que entendemos a edição de 1586 da Compilação como uma

fonte histórica e por apresentar uma análise não apenas descritiva a respeito do processo de

censura inquisitorial literária, mas também inédita por seu caráter interdisciplinar. Em suma, os

resultados parciais obtidos, evidenciam que o procedimento editorial mais efetuado pelo censor foi

a supressão, em detrimento da adição, substituição ou alteração de ordem de palavras e versos,

revelando, a princípio, um ethos de um funcionário competente da Inquisição que procura

resguardar a imagem da Igreja Católica e de seus funcionários de críticas, ao mesmo tempo em

que zela pelos valores pregados por essa mesma Instituição.

Palavras-chave: Crítica Textual ; Análise do Discurso; variantes, Compilação de 1586; Gil

Vicente.

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UMA ANÁLISE COMPARATIVA DAS AVALIAÇÕES SOCIAIS SOBRE LÍNGUA NOS

JORNAIS FOLHA DE S. PAULO E THE NEW YORK TIMES

Ana Clara Neves Silveira ([email protected])

Orientadora: Sheila Vieira de Camargo Grillo

Iniciação Científica

O trabalho a ser apresentado corresponde à elaboração de artigo sobre os resultados alcançados

em pesquisa de Iniciação Científica finalizada no primeiro semestre de 2017, que teve como

principal finalidade desenvolver uma análise comparativa de discursos sobre língua em dois

países diferentes: Brasil e Estados Unidos. O objetivo do artigo foi trabalhar com os resultados da

pesquisa e aprofundar, no mesmo corpus – dez enunciados do segundo semestre de 2015: cinco

do jornal brasileiro Folha de S. Paulo e cinco do jornal estadunidense The New York Times –, a

análise comparativa das avaliações sociais a respeito da língua nos dois países. Para realizar

essa investigação, foram articulados os conceitos de esfera da atividade humana, gêneros do

discurso, enunciado, conteúdo temático e avaliação social da teoria do Círculo de Bakhtin, aos da

análise comparativa de discursos. Indissociados da sua realidade concreta, linguística e

extralinguística, social e histórica, as análises dos enunciados apontaram para divergências no

modo em que o fenômeno língua foi pensado pelos autores, apresentando ideias mais ligadas à

tradicionalidade no caso brasileiro, como por exemplo, o domínio da língua a partir do ensino de

Gramática; e à dinamicidade no caso estadunidense, presente nas ideias da língua como

fenômeno dinâmico e em constante mudança e movimento.

PALAVRAS-CHAVE: Análise comparativa de discursos, avaliação social, língua, Brasil, Estados

Unidos.

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ANÁLISE PRELIMINAR DA PROSÓDIA DE PACIENTES ACOMETIDOS PELA

ESQUIZOFRENIA A PARTIR DO EXPROSODIA

Ana Cristina Aparecida Jorge ([email protected])

Orientador: Waldemar Ferreira Netto

Programa de Pós-Graduação: Filologia e Língua Portuguesa

Mestrado

Essa pesquisa tem como objetivo realizar uma análise da entoação de voz de pacientes

com esquizofrenia para a partir dessas variantes linguísticas examinar dados que

caracterizem a prosódia como um possível indicativo diagnóstico. Para o DSM V (APA,

2013) a esquizofrenia é um transtorno mental grave sem sintomas patognomônicos,

caracterizada por um misto de sinais e sintomas disformes. Castagna et al. (2012) afirma

que a prosódia afetiva é definida como o processamento e o reconhecimento de

elementos emocionais e afetivos provindos das informações da entoação vocal.

Pesquisas realizadas anteriormente apontam déficits singulares na verbalização das

emoções contidas na fala desses pacientes, o seu discurso é considerado vago (DSM V,

APA, 2013). Para a realização desta pesquisa, inicialmente, 16 clientes e frequentadores

do “Museu de Imagens do Inconsciente”, uma das alas do hospital psiquiátrico “Instituto

Nise da Silveira” (SEIs) e mais 16 pessoas sem transtorno mental que compuseram um

grupo de controle (SCs), tiveram sua voz gravada em quatro etapas: entrevista de

anamnese que segue um roteiro semiestruturado; relato empírico de experiências felizes

e tristes; descrição de seus trabalhos artísticos; por fim, a leitura de um trecho de uma

história infantil sem conotação afetiva. A análise dos dados coletados foi possibilitada pela

rotina ExProsodia, aplicativo elaborado para a examinar automaticamente os elementos

constituintes da prosódia.

Palavras Chaves: Entoação. Esquizofrenia. ExProsodia. Prosódia afetiva.

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Novos percursos da ciência: análise de enunciados orais de divulgação científica

no Brasil e nos Estados Unidos

Beatriz Amorim de Azevedo e Silva ([email protected])

Orientadora: Sheila Vieira de Camargo Grillo

Iniciação Científica

A presente pesquisa constitui um produto de um projeto de Iniciação Científica em andamento, e

se presta à investigação da forma com que enunciados orais de divulgação científica em meio

digital, especificamente no YouTube, incorporam sua situação discursiva de acordo com a

comunidade etnolinguística em que estão inseridos para realizar sua função principal: criar em seu

interlocutor uma cultura científica a partir do seu fundo aperceptível de compreensão responsiva e

do seu espectro cultural presumido. Para tanto, analisa-se a transmissão do discurso alheio em

um canal brasileiro, o Nerdologia, e um americano, o Scishow, baseando-se por um lado, nos

preceitos teóricos do Círculo de Bakhtin, bem como as diferentes teorizações sobre a divulgação

científica desenvolvidas em seu trabalho e em trabalhos inseridos em sua linha teórica, e, por

outro, nas propostas teórico-metodológicas da análise contrastiva de discursos, concentradas

principalmente em textos dos pesquisadores do Syled-Cediscor, axe sens et discours. A partir

disso, encontramos no corpus relações entre as ocorrências quantitativas e qualitativas do

discurso reportado, que, ao mesmo tempo, ressaltam semelhanças entre os dois canais, traçando

um espectro geral dessa modalidade discursiva na atualidade e sua evolução até o estágio atual,

e apontam suas diferenças, que se relacionam com os interlocutores variados dos canais, e suas

diferentes referências culturais de acordo com a comunidade etnolinguística em que se encontram

(principalmente na sua relação com o acesso à internet), com as quais os canais tentam dialogar

na tentativa de atrair seu público e com ele familiarizar-se, impactando a construção do

enunciado, como evidenciado pela análise.

PALAVRAS-CHAVE: Análise contrastiva de discursos; Teoria bakhtiniana; Divulgação científica;

Enunciado no meio digital; Transmissão do discurso alheio.

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O ethos do Supremo Tribunal Federal

Breno Wilson Leite Medeiros ([email protected])

Orientadora: Maria Lucia C. V. O. Andrade

Programa de Pós-Graduação: Filologia e Língua Portuguesa

Doutorado

Nesta apresentação vinculada à Análise Crítica do Discurso de linha sociocognitiva procurar-se-á

provar que as notícias publicadas pelo Supremo Tribunal Federal a respeito dos processos são

enviesadas à luz da opinião do ministro-relator do processo. A justificativa é o fato de que, desde a

redemocratização, o STF vem sendo convocado a cena do debate político, expondo a mais alta

corte brasileira a fricções com os demais poderes, de tal modo que a democracia brasileira vem

sendo testada de forma inédita levando-se em consideração a história do Supremo alongo de todo

o período republicano. No caso desta apresentação, discutir-se-á a cobertura do processo ADPF

54 que tinha como tópico o estabelecimento de uma única decisão válida para todos os membros

da administração direta e indireta referente ao caso do aborto de fetos anencefálicos. A motivação

da ADPF 54 foram um conjunto de decisões tomadas em sentidos contrário por juízes de

instâncias inferiores ao do Supremo, expondo o Judiciário brasileiro como um todo em uma

situação esdrúxula. O referencial teórico é a teoria do contexto produzidos por Van Dijk (2008,

2009 e 2014), em especial o dispositivo K, o qual é responsável pelo gerenciamento do

conhecimento no discurso ou texto. Como metodologia utilizar-se-á a descrição da superestrutura

do gênero notícia também produzido por Van Dijk (1988a, 1988b) a fim de demonstrar através da

observação do gerenciamento da informação como o Supremo manipula o conhecimento dos

leitores de suas notícias. O resultado final foi a confirmação da hipótese de que as notícias

publicadas pelo STF são de fato enviesadas segundo a visão do ministro relator do processo e,

além disso, que o Supremo não permite que outras vozes além dos membros da corte sejam

projetadas em episódios importantes das suas notícias, fazendo com que chegue-se a outra

conclusão: a de que o Supremo comporta-se como uma “bolha”.

Palavras-chave: Análise Crítica do Discurso; teoria do contexto; sociocognição; notícias; supremo

tribunal federal.

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Ensino de argumentação e obra literária: Auto da Compadecida, de Ariano Suasssuna

Camila Alderete Capitani ([email protected])

Orientadora: Lineide do Lago Salvador Mosca

Programa de Pós-Graduação: Filologia e Língua Portuguesa

Doutorado

Segundo Paulo Freire (2007) a educação é uma forma de intervenção no mundo, por meio dela

constrói-se o conhecimento crítico do discente, assim o educador deve reforçar a capacidade

crítica dos educandos, prepará-los para interrogar, torná-los autônomos. Uma das maneiras de

proporcionar isto é aliar as teorias da retórica e argumentação de base aristotélica e perelmaniana

ao processo de formação escolar do aluno, visto que a preparação do educando para o exercício

da cidadania está subjacente aos documentos que prescrevem legalmente o ensino nacional.

Segundo Crosswhite (2013), ensinar retórica e argumentação na escola, não é, entretanto,

transmitir um modelo, mas formar para a cidadania. Pode-se desenvolver essa competência

argumentativa no educando por meio de textos literários, pois segundo Todorov (2012) ao

construir um acontecimento, o escritor incita o leitor a formular suas próprias teses e a tornar-se

mais ativo. Assim, interpretar uma obra é revesti-la de novos sentidos a partir de valores, opiniões

e crenças. Partimos da hipótese de que seja possível trabalhar com algumas habilidades

previstas no Currículo do Estado de São Paulo no ensino fundamental II pela perspectiva da

argumentação presente no texto literário. O objetivo geral desta pesquisa constitui-se em analisar

como procedimentos retórico-argumentativos, observados em trechos da obra Auto da

Compadecida, de Ariano Suassuna, podem ser aplicados ao ensino de argumentação na

disciplina de língua portuguesa a alunos do ciclo fundamental II. A escolha desta obra e autor

justifica-se porque é um texto com grande alcance em termos de comunicação com o público.

Ademais, retrata o “Brasil real”, segundo Suassuna, pois a partir da perspectiva do povo

nordestino revela os problemas do homem, tratando-se também de um texto extremamente

argumentativo. Então, mostrar ao aluno uma perspectiva de análise retórico-argumentativa a partir

de uma obra de tamanha importância literária e social, é também desenvolver uma aprendizagem

reflexiva.

Palavras-chave: retórica, argumentação, ensino, Ariano Suassuna, Auto da Compadecida.

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O DESENVOLVIMENTO DA ESCRITA CRIATIVA QUADRINISTA NAS AULAS DE

INGLÊS COMO SEGUNDA LÍNGUA

Carlos Eduardo de Araujo Placido ([email protected])

Orientadora: Marília Mendes Ferreira

Programa de Pós-Graduação: Estudos Linguísticos e Literários em inglês

Doutorado

A elaboração de histórias em quadrinhos em inglês como segunda língua pode ser uma

ferramenta muito útil para ajudar os alunos a desenvolver (VYGOTSKY, 2004; 2007) suas

habilidades linguísticas, cognitivas, textuais e artísticas. No entanto, as pesquisas acerca da

escrita criativa quadrinista em inglês não vem sendo amplamente pesquisada no Brasil. Na

verdade, há muito poucas publicações sobre este tema na academia brasileira e, muitas delas,

são traduções diretas da língua inglesa (McCLOUD, 1993; WRIGHT, 2001; LIU, 2004; BAKER,

2011; YILDIRIM, 2013). Por estas razões, os principais objetivos desta pesquisa foram o de

investigar se as aulas de escrita criativa quadrinista podem ajudar os alunos a desenvolver

(VYGOTSKY, 2004; 2007) suas respectivas escritas. Os dados foram coletados em um curso

extracurricular na Universidade de São Paulo (USP) intitulado Escrita Criativa Fanficcional em

inglês. Este curso contou com a participação de 5 alunos da graduação de Letras do

Departamento de Letras Modernas (DLM) da USP. A coleta de dados para a verificação do

desenvolvimento de cada um dos participantes se concretizou por meio de 3 ferramentas de

pesquisa: 1) o questionário inicial, veiculado no primeiro dia de aula, 2) duas sessões de

feedback, ocorridas no meio e no final do curso e 3) as tarefas juntamente com as produções

iniciais e finais dos participantes foram verificados em três momentos distintos. No primeiro

momento, o pesquisador percebeu que seus conceitos sobre quadrinhos foram ampliados. No

segundo momento, os alunos elaboraram textos de escrita criativa mais complexos. No último

momento, eles conseguiram usar a língua inglesa mais proficientemente.

PALAVRAS-CHAVE: Comic books; Escrita Criativa; Teoria sociocultural.

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MARIANA: UMA LEITURA SÓCIO-DISCURSIVA DA TRAGÉDIA

Célia Regina Araes ([email protected])

Orientador: Maria Lúcia da Cunha Victório de Oliveira Andrade

Programa de Pós-Graduação: Filologia e Língua Portuguesa

Doutorado

Em estágio inicial de pesquisa de doutorado, o presente trabalho faz uma leitura de três

notícias/reportagens de jornais sobre o rompimento da barragem do distrito de Mariana, MG,

datadas de 2015 (ano do acidente), 2016 e 2017 para acompanhar diacronicamente o efetivo

empenho de recuperação do local após o derramamento de lama contaminada de minério de ferro

que destruiu ecossistemas inteiros e causou danos físicos e emocionais na população local, além

de contabilizar 19 mortes. Em um cenário de desenvolvimento (não necessariamente um aspecto

positivo), de grandeza e de preconceito, o objetivo específico deste estudo é analisar

discursivamente o efeito de sentido dos depoimentos de autoridades, como os das empresas

responsáveis pela mineração, do governo e da imprensa, investigando o lugar e vozes dos

atores/agentes e seus papeis sociais. Como referenciais teóricos, serão utilizados VAN DIJK

(2008) que analisa as elites que exercem poder sobre a sociedade e a controla através do

discurso, inclusive sua forma de pensar; a Linguística Sistêmico-Funcional de HALLIDAY (2004)

contribuirá para a análise de avaliatividade dos discursos e FAIRCLOUGH (1989 e 1992) para

compreender as relações de ação e interação social dos agentes em eventos sociais. Também, as

contribuições da recente ecolinguística, principalmente as pesquisas de RAMOS (2009) e COUTO

(2009) na compreensão dos discursos de denúncia em prol da vida contra qualquer tipo de

sofrimento e de dor. Após análise do corpus, podemos, no mínimo, concluir o uso de eufemismo

dos meios de comunicação para descrever o problema mostrando sua posição ideológica de

conformismo, pois pouco foi feito para recuperação do ecossistema e estabelecimento da vida

humana no local do acidente, além do discurso que estabelece uma relação de dominação para

justificar o não pagamento aos danos causados na região.

Palavras-chave: Discurso. Mídia. Ecolinguística. Denúncia.

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O alcoólatra por ele mesmo: o papel da metáfora na construção da identidade

Claudia Castanheira Cardoso

O tema alcoolismo em instituições de ajuda mútua foi escolhido para esta pesquisa de Iniciação

Científica por conta da necessidade de um maior amparo social que se constatou acerca do

assunto, de modo que nos objetivamos a estudar uma possível estrutura cognitiva constituída

pelos alcoólatras da Associação Anti- Alcoólica Central de Rio Preto - A.A.CERP. Assim,

buscamos, neste trabalho, reconhecer padrões linguísticos nos testemunhos destes adictos,

abrangendo desde a autorrepresentação dos membros da instituição, a descrição do álcool antes

e após o tratamento, bem como a viabilidade de uma imagem compreendida a partir da

perspectiva social para o comportamento desse grupo. Para tal estudo, os dados foram

analisados por meio da Teoria da Metáfora Conceptual (MC), de Lakoff e Johnson (2002 [1980]), e

da Teoria da Integração Conceptual, de Fauconnier & Turner (2002), com o objeto de depreender,

assim, quais as principais metáforas que embasam o processamento cognitivo do discurso do

alcoólatra em recuperação da A.A.CERP. Concluímos, partindo das construções metafóricas da

perspectiva do sujeito-alcoólatra, de que modo as metáforas atuam na reconceptualização do self

e sua importância fundamental no tratamento do alcoólatra, uma vez que com a ajuda destas

representações estendidas semanticamente, o alcoólatra consegue traçar cognitivamente dois

espaços mentais, os quais fazem necessariamente parte da construção de sua autoimagem. E,

ainda, pudemos observar que estas metáforas utilizadas podem integrar, também, um discurso

moral do que é o vício, constituindo-se em uma parcela de um discurso ideológico já instaurado

socialmente.

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O ENUNCIADO CONCRETO NA AULA DE LÍNGUA PORTUGUESA ÀS MARGENS DO RIO

GUAMÁ

Cristiane Dominiqui Vieira Burlamaqui ([email protected])

Orientadora: Maria Inês Batista Campos

Programa de Pós-Graduação: Filologia e Língua Portuguesa

Doutorado

A relação entre a vida e a linguagem na materialidade textual precisa ser entendida como

atividade inscrita sócio-historicamente. Nas escolas públicas de Belém do Pará, em 2017, os

estudantes do 6º ano do ensino fundamental travaram uma batalha na produção escrita e a porta

de entrada foi a leitura desenvolvida em diferentes textos verbo-visuais. Uma atividade de leitura-

escrita proposta na aula de português teve como tema “o trajeto entre a escola e a minha casa”.

Nos textos produzidos pelos alunos ribeirinhos, observou-se a maneira como a vida desloca-se

para o interior da criação textual e produz sentidos que dialogam com diferentes instâncias

discursivas: a vida cotidiana de cada um, seus olhares para o entorno da escola, o percurso de

vinda para a escola e as formas de agenciamento da escola. A investigação desenvolveu-se em

três eixos: visual, verbal e verbo-visual, dado o caráter multimodal dos textos selecionados: oito

desenhos. No que diz respeito ao eixo visual, o interlocutor é transportado para espaços e tempos

distintos, onde as imagens, que têm como ponto de referência a escola (o professor), tematizam

as travessias dos barcos que revolvem as águas dos rios e deslocam a população ribeirinha de

uma margem à outra do rio Guamá. No eixo verbal, composto de nomes e locuções de

identificação, os desvios ortográficos expõem os processos cognitivos dos estudantes ribeirinhos

para assimilação do sistema da escrita, reproduzindo na escrita os sons da fala. A violação do

sistema lexical evidencia a maneira como a escrita vem sendo assimilada por esses alunos, um

indício de agenciamento da escola, em que o princípio da reprodução se torna essência para

estabilização da escrita (GERALDI, 2015). Em contrapartida, a tentativa dos estudantes de forjar

um sistema de estabilização para a sua escrita deixa rastros de sua variante oral. No eixo verbo-

visual, há deslocamentos que ocorrem no nível morfossintático: as locuções adjetivas (ilha do

Combu, furo do paciência, posto de gasolina, Ilha do Bijogó, etc.) e os complementos nominais

(praça Princesa Isabel, rio Guamá, rio Guarapiranga, etc.) adotam, no contexto dos desenhos, o

papel de advérbio de lugar conferindo precisão ao texto/discurso. Nesse processo de

reconstituição de seu percurso diário casa/escola/casa, os estudantes ribeirinhos realizam uma

dupla orientação do tema (para o interior e para a realidade) e produzem sentidos que evidenciam

um lugar único assumido por sujeitos sócio-históricos na cadeia discursiva.

Palavras-chave: Texto verbo-visual; estudantes ribeirinhos; aula de português; Teoria Dialógica

do Discurso.

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Argumentação e Multimodalidade: a propaganda Repense 2018

Daiana da Silva Teixeira ([email protected])

Orientador: Paulo Roberto Gonçalves Segundo

Iniciação Científica

A circulação de propagandas é intensamente impulsionada pelo Youtube, mídia que possibilita

ampla divulgação de conceitos, serviços e produtos. Assim, este trabalho torna-se relevante por

contribuir com a reflexão acerca da produção e interpretação de textos argumentativos, muitos

deles constituídos por textos verbais e não verbais, os quais podem ser encontrados na Internet

ou não.Este trabalho faz parte de uma pesquisa de iniciação científica, a qual tem por objetivo

investigar como a interação entre as modalidades verbal e visual gera movimentos argumentativos

e gerencia a construção do ethos das marcas em propagandas lançadas no Youtube. Para esta

apresentação, recortou-se um vídeo da campanha “Repense 2018”, promovida pela empresa de

telecomunicações VIVO, objetivando compreender as relações entre o multimodal, o

argumentativo e o discurso multicultural que perpassa o texto.Para isso, a pesquisa assume como

referências centrais Breton (1999) e Toulmin (2006 [1958]), no que se refere à argumentação. Em

relação à análise de imagens, baseia-se na Gramática do Design Visual, conforme Kress e Van

Leewen (2006). Para amparar o estudo do discurso multiculturalista, recorreu-se às propostas de

Semprini (1999), e para desenvolver as relações entre marketing, mídia e Semiótica Social, apoia-

se em Prados (2009).Portanto, a respeito dos resultados obtidos até o momento, verificou-se que

as imagens são predominantemente narrativas (função de representação), de oferta e de

modalidade naturalista (função de interação), e os sujeitos e suas práticas ou características são

expostos em primeiro plano (função de composição). As imagens atuam como dados, sendo que a

dinâmica do texto multimodal analisado converge para uma alegação final, segundo o esquema

argumentativo proposto por Toulmin (2006 [1958]). Percebeu-se também que a construção do

ethos da marca VIVO utiliza estratégias para convencer um público a aderir ao multiculturalismo e

ao mesmo tempo busca agradar aqueles que compartilham esse ponto de vista.

Palavras-chave: Multimodalidade. Argumentação. Propaganda. Multiculturalismo.

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A relevância dos elementos constitutivos da língua falada e os desafios do ensino

Daniel de Almeida Torres de Brito

Orientadora: Zilda Gaspar Oliveira de Aquino

Iniciação Científica

Este trabalho tem por objetivo demonstrar a viabilidade do ensino da língua falada para alunos do

ensino médio, através do jogo teatral; apresentar uma proposta de um laboratório discursivo que

mimetize as interações face a face do cotidiano. Metodologicamente procedemos com a aplicação

e descrição de duas experiências realizadas com alunos do ensino médio da escola pública do

Estado de São Paulo – Escola Andronico de Mello – no bairro de classe média chamado Vila

Sônia. A primeira experiência intitulada “Aspectos da língua oral” foi realizada no primeiro

semestre de 2015 em cinco turmas do segundo ano e uma turma do terceiro ano. A Segunda

experiência, intitulada “Coesão e Coerência” foi realizada no segundo semestre de 2015, com

alunos que faziam parte de um grupo autônomo de teatro, no contraturno, pertencentes aos três

anos do ensino médio. Foram usados os conceitos linguísticos da obra de Marcuschi (1999), entre

outros, e o conceito de jogos teatrais segundo a obra de Spolim, (1994), e Boal (1991). Como

resultados os alunos observaram a presença das características determinantes para a

organização e a compreensão do texto conversacional – gestos; olhares; expressões faciais e

prosódia. Assim como puderam compreender os meios pelos quais se estabelecem a coesão e a

coerência no texto oral; o conceito de turno conversacional e as diferentes formas de alternância,

os marcadores conversacionais e os elementos constitutivos da língua oral em uma interação face

a face. Concluímos que o jogo teatral, como mimetizador da vida cotidiana, portanto, como

mimetizador das situações conversacionais, provou ser adequado para produzir textos orais na

escola, assim como se mostrou eficiente para o ensino das características que norteiam a língua

oral. Sendo assim, a aplicação de técnicas de jogo teatral, em um ambiente de laboratório

discursivo, com o objetivo dos alunos praticarem jogos de linguagem, em que, além do

reconhecimento das características da língua falada, e a influência do contexto na produção

discursiva, produzam textos orais argumentativos em uma interação conversacional, face a face.

Percebeu-se também a necessidade de ampliar os campos de pesquisa para o ensino de língua

falada. Van Dijk (2014) postula que o discurso é uma matéria transversal que envolve, além dos

aspectos linguísticos, aspectos antropológicos e cognitivos. Portanto, para o devido ensino de

língua falada o profissional de ensino deve estudar outros campos de pesquisa.

Palavras-chave: - discurso - identidade - cognição – ensino.

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O ensino de escrita em inglês e a escola de idiomas: local ideal ou idealizado?

Daniela Cleusa de Jesus Carvalho ([email protected])

Orientador: Marília Mendes Ferreira

Programa de Pós-Graduação: Estudos Linguísticos e Literários em Língua Inglesa

Doutorado

A escrita em língua inglesa atinge um novo status devido às novas demandas acadêmicas e

educacionais (WARSCHAUER, 2000; WINGATE & TRIBBLE, 2011). Os institutos de idiomas são

considerados o local ideal para a aprendizagem de uma segunda língua, de acordo com uma

pesquisa conduzida pelo British Council no Brasil (2014). Tais espaços afirmam primar pela

qualidade do ensino (SOUZA, 2006; CAMARA, 1977; MARCUSCHI, 2008). A pesquisa que vem

sendo realizada junto ao Laboratório de Letramento Acadêmico da FFLCH visa investigar o ensino

da escrita em Inglês no nível avançado de uma escola de idiomas. Esta comunicação traz os

resultados parciais da pesquisa, ao revelar como uma escola de idiomas constitui o seu discurso

como um local de práticas embasadas em teorias sociointeracionais (BAKHTIN, 2006;

MARCUSCHI, 2008) em sua propaganda midiática e acaba por promover um ensino estruturalista

em suas práticas (SAUSSURE, 1969).Para tal, analisou-se o site da instituição, um documento

interno de caracterização da unidade escolar, a entrevista concedida por um dos gestores e o livro

didático utilizado no nível avançado do ensino de inglês. A análise consistiu em mapear palavras

que revelassem as teorias que embasavam o trabalho da unidade nesses documentos. Os

resultados revelaram que por mais que a escola faça uso de termos que indiquem uma prática

embasada nos pressupostos sociointeracionais nos diferentes documentos utilizados, esses

mesmos instrumentos contraditoriamente revelam outras expressões que descaracterizam esse

trabalho. Esses resultados salientam a necessidade de se questionar as práticas desses espaços

que são consagrados pela opinião pública como local ideal de ensino e aprendizagem, bem como

a necessidade de repensarmos o ensino de língua inglesa, em especial a escrita, uma vez que

está atinge um novo status. O ensino de escrita em língua inglesa passa a ser uma mercadoria

devido a crescente exigência do domínio linguístico para fins acadêmicos e profissionais.

Palavras-Chave: Escrita, Análise de Material Didático, Teorias de Ensino e Aprendizagem.

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(IN)TOLERÂNCIA DE GÊNERO NA LEGISLAÇÃO DE DIFERENTES PAISES

Daniela Susana Segre Guertzenstein ([email protected])

Supervisora: Eva Alterman Blay

Programa de Pós-Graduação em Sociologia

Pós-Doutorado

O texto constitucional é a mais completa manifestação literária, que tem como objetivo estabelecer

a soberania de sua própria doutrina sobre seus cidadãos e em seu território nacional. A

constituição (no sistema legislativo de origem romana) e as leis básicas (no sistema legislativo de

origem anglo-saxônica) são os princípios literários que fundamentam o poder de suas instituições

oficiais e legitimam (des)igualdades de deveres e direitos cidadãos com o objetivo de garantir a

ordem pública, o bem estar coletivo e a segurança nacional.

Esta apresentação tem como tema comparar o texto constitucional de países diferentes, suas

identidades religiosas oficiais e como esses classificam a pluralidade de gênero e as identidades

sexuais entre outras. As descrições, a seguir numeradas, dos textos legislativos são analisadas

através dos indicadores discursivos de tolerância e aceitação a diversidade étnica, social e

religiosa de Flora Burchianti e Ricard Zapata-Barreiro (2013): 1) a descrição da coletividade

nacional; 2) a descrição de instituições religiosas e de outras religiosidades, e; 3) as

características que identificam sexualidades, diversidades individuais e subjetivas de gênero.

O recorte selecionado são os princípios fundamentais da Constituição da República Federativa do

Brasil, da Constituição Nacional da República Argentina, da Constituição da República Italiana, da

Constituição Federal dos Estados Unidos da América, da Constituição da Federação Russa, das

Leis Básicas de Israel e das Leis Básicas da Palestina.

Esta apresentação tem como objetivo estimular a criação de critérios para pontuar níveis de

(in)tolerância a diversidade humana nas mais diversas literaturas e as reflexões finais avaliam os

impactos sociais de discriminações de gênero e (in)tolerância a diversidade e a pluralidade de

contextos em suas constituições.

Palavras-chave: Legislação; Religião; Etnia; Gênero Sexual; Cidadania.

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Discurso, Engajamento e Design Visual: Modos de Incorporação do Discurso Feminista em

Propagandas de Cosméticos

Danielle Martins Santos ([email protected])

Orientador: Paulo Roberto Gonçalves Segundo

Iniciação Científica

O objetivo desta pesquisa foi, por meio de uma análise qualitativa do corpus, depreender em que

medida o discurso feminista é incorporado ao discurso publicitário de marcas de cosméticos

atuantes no Brasil e quais os desdobramentos discursivos que essa incorporação gera em termos

de persuasão relativa ao consumo do/a produto/marca, da constituição da imagem/ethos da

marca e de construção de uma identidade feminina.

O corpus da pesquisa foi constituído por vinte e uma peças publicitárias, em formato de vídeos,

publicados no youtube no período entre setembro de 2015 e dezembro de 2016, de cinco

diferentes empresas de cosméticos. Ao todo, foram seis propagandas da marca Natura, cinco da

Avon, quatro de O Boticário, três de Dove e também três de quem disse, berenice?.

Para a análise dessas propagandas, foram considerados pressupostos teóricos: da Análise Crítica

do Discurso, como descrita por Fairclough (2003); da Linguística Sistêmico-Funcional,

principalmente a Teoria da Avaliatividade, e dentro desta a vertente do Engajamento, como

explanadas por Martin & White (2005); e da Teoria do Design Visual, a partir das considerações de

Kress & Van Leeuwen (2006). Bem como foram levados em consideração princípios da teoria

publicitária (Sant’Anna, Rocha & Garcia, 2015) e da teoria feminista, com foco na terceira onda do

feminismo e no mito da beleza discutido por Naomi Wolf (1992).

Os resultados mostraram que, prototipicamente, as marcas buscam se posicionar contra o mito da

beleza, variando em uma escala de comprometimento, bem como tentam estabelecer a si

mesmas e a seus produtos como fonte de empoderamento feminino, e representam as mulheres

como cientes do mito e escolhendo livremente usar os cosméticos dessas empresas.

Nesta apresentação, o foco será voltado para os resultados encontrados nas cinco propagandas

analisadas da marca Avon, e no dialogismo entre essas propagandas e o feminismo interseccional

(Crenshaw, 1989).

O objetivo desta pesquisa foi, por meio de uma análise qualitativa do corpus, depreender em que

medida o discurso feminista é incorporado ao discurso publicitário de marcas de cosméticos

atuantes no Brasil e quais os desdobramentos discursivos que essa incorporação gera em termos

de persuasão relativa ao consumo do/a produto/marca, da constituição da imagem/ethos da

marca e de construção de uma identidade feminina.

O corpus da pesquisa foi constituído por vinte e uma peças publicitárias, em formato de vídeos,

publicados no youtube no período entre setembro de 2015 e dezembro de 2016, de cinco

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diferentes empresas de cosméticos. Ao todo, foram seis propagandas da marca Natura, cinco da

Avon, quatro de O Boticário, três de Dove e também três de quem disse, berenice?.

Para a análise dessas propagandas, foram considerados pressupostos teóricos: da Análise Crítica

do Discurso, como descrita por Fairclough (2003); da Linguística Sistêmico-Funcional,

principalmente a Teoria da Avaliatividade, e dentro desta a vertente do Engajamento, como

explanadas por Martin & White (2005); e da Teoria do Design Visual, a partir das considerações de

Kress & Van Leeuwen (2006). Bem como foram levados em consideração princípios da teoria

publicitária (Sant’Anna, Rocha & Garcia, 2015) e da teoria feminista, com foco na terceira onda do

feminismo e no mito da beleza discutido por Naomi Wolf (1992).

Os resultados mostraram que, prototipicamente, as marcas buscam se posicionar contra o mito da

beleza, variando em uma escala de comprometimento, bem como tentam estabelecer a si

mesmas e a seus produtos como fonte de empoderamento feminino, e representam as mulheres

como cientes do mito e escolhendo livremente usar os cosméticos dessas empresas.

Nesta apresentação, o foco será voltado para os resultados encontrados nas cinco propagandas

analisadas da marca Avon, e no dialogismo entre essas propagandas e o feminismo interseccional

(Crenshaw, 1989).

Palavras-chave: Análise Crítica do Discurso; Publicidade; Feminismo; Teoria do Design Visual;

Engajamento.

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O Percurso Gerativo do Sentido em Osman Lins

Denilson de Oliveira Moura ([email protected])

Orientador: Ivã Carlos Lopes

Iniciação Científica

Analisaremos semioticamente o conto “Retábulo de Santa Joana Carolina”, publicado por Osman

Lins (1924-1978), em 1966, dentro do volume de narrativas “Nove, Novena”. O “Retábulo de

Santa Joana Carolina”, narrativa biográfica de uma avó, professora primária da zona rural de

Pernambuco, como a Paixão de Jesus Cristo, é composto por doze cenas ou doze mistérios

permeados de incompletude e de fragmentação narrativa. Dá-se uma dimensão mítica pela

divisão em mistérios, pelos diversos ciclos da natureza, pelos signos do zodíaco, etc. Configura-se

esta narrativa um retrato do Brasil interiorano, nordestino, pobre e rural. Nosso interesse é a

habilitação com a metodologia e terminologia semiótica chamada “standart”, da escola de Paris, a

partir das bases desenvolvidas por Greimas, anteriormente às pesquisas e desenvolvimentos da

dita “semiótica tensiva”. Nossa fundamentação teórica erige-se de Algirdas Greimas, Diana Luz

Pessoa de Barros e José Luiz Fiorin. Em nossa análise estruturalista, no plano do conteúdo,

partiremos do nível que primeiro se apresenta ao leitor: o nível discursivo. A partir do elenco de

isotopias figurativas e temáticas, engendraremos o nosso nível narrativo para este conto. Uma vez

esquematizado o nível narrativo com suas modalizações e valores e actantes, saltaremos para

uma concepção acerca das categorias semânticas basilares do nível profundo, ou, fundamental.

De certo que o texto oferece ao leitor não somente a escrita alfabética da língua natural, antes

emprega símbolos alquímicos e astrológicos, será imprescindível abordarmos o que seja

concernente ao plano da expressão e sua relação semissimbólica com o plano do conteúdo.

Palavras-chave: níveis de representação, percurso gerativo do sentido, Osman Lins.

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OPOSIÇÃO E CONCESSÃO NOS MATERIAIS DIDÁTICOS: DISCURSO DO OUTRO?

Denise Aparecida Telheiro Emerici ([email protected])

Orientadora: Maria Inês Batista Campos

Programa de Pós-Graduação: Filologia e Língua Portuguesa

Mestrado

O direito à educação e o acesso a cidadania está assegurado pela Constituição Brasileira. Neste

sentido, a distribuição de coleções didáticas para os alunos das escolas públicas do país é um

importante instrumento na democratização do ensino e na formação de cidadãos. No entanto,

mesmo depois de 20 anos do advento dos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs), documento

que enfatiza a articulação entre leitura, escrita, oralidade e conhecimentos linguísticos no ensino

de língua materna, os alunos das escolas públicas ainda estão longe da proficiência na escrita,

conforme indicadores da avaliação da educação básica (IBGE, PISA, SAEB). Por isso, no

mestrado em desenvolvimento, no Programa de Filologia e Língua Portuguesa, na linha de

pesquisa de Linguística Aplicada do Português, pesquisamos, sob a perspectiva de Bakhtin e do

Círculo, a relação entre a produção escrita e os conhecimentos linguísticos em coleções

aprovadas no último Programa Nacional do Livro Didático para o Ensino Fundamental Anos Finais

de Língua Portuguesa (PNLD-2017). Nesta comunicação em particular, trazemos resultados ainda

parciais sobre a análise de uma sequência didática de Português – Linguagens (2015), de William

Roberto e Thereza Cochar Magalhães. Essa escolha se justifica por ter sido a coleção com mais

de 50% de exemplares distribuídos, para verificar como se dá a relação entre o ensino da

oposição (mas) e da concessão (embora) com a produção de artigo de divulgação científica,

levando-se em consideração que o uso dessas formas linguísticas está relacionado ao

posicionamento do indivíduo enquanto ser histórico social em diálogo com o discurso do outro

(VOLÓCHINOV, 2017).

Palavras-chave: LIVRO DIDÁTICO, ESCRITA, REFLEXÃO LINGUÍSTICA, DISCURSO DO

OUTRO.

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Imediatez e distância comunicativas: análise de textos de concepção oral e escrita

Denise Durante ([email protected])

Programa de Pós-Graduação: Filologia e Língua Portuguesa

O trabalho visa apresentar alguns dos resultados de nossa pesquisa pós-doutoral, cujo foco foi a

realização de uma revisão teórica sobre o modelo teórico da imediatez e distância comunicativas,

de Koch e Öesterreicher (1985; 1990). Buscou-se, nessa pesquisa, aplicar o referido modelo à

análise de textos empíricos. Sendo assim, realizou-se a comparação entre um texto falado (uma

aula expositiva) e um texto escrito (um artigo acadêmico-científico) produzidos pelo mesmo

enunciador, com vistas a identificar, descrever e analisar possíveis limitações da utilização dos

conceitos de imediatez e distância comunicativas para a caracterização de mensagens faladas e

escritas. Para a análise dos textos empíricos que compõem o corpus, foram retomados os

trabalhos de Marcuschi (2004) e Urbano (2006; 2011; 2013), autores que se voltaram para o tema

do contínuo concepcional entre a oralidade e a escrita, ambos tendo como base o modelo de

Koch e Öesterreicher. No que concerne à metodologia, adotou-se o método indutivo, tendo-se em

vista que os aspectos identificados na amostra selecionada podem ser expandidos para a

caracterização de outros textos falados e escritos. Foram empregadas igualmente as pesquisas

bibliográfica e documental. Como um dos resultados, identificaram-se dificuldades para a

aplicação dos dez parâmetros comunicativos, elencados por Koch e Öesterreicher, nos textos do

corpus. Destaca-se, na análise, a relevante influência do meio (fônico ou gráfico) sobre a

concepção das mensagens oral e escrita produzidas pelo enunciador. Sendo assim, concluiu-se

que uma das limitações do modelo teórico da imediatez e distância comunicativas pode ser a

desconsideração das interferências do meio sobre a concepção das mensagens. Essas

influências se manifestaram no corpus nos âmbitos do planejamento textual, da progressão

temática, da seleção lexical e no nível sintático dos enunciados.

Palavras-chave: imediatez; distância; contínuo concepcional.

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#Cracolândia de 2017 e Espaço Público nas interações do Twitter

Douglas Lopes de Melo ([email protected])

Orientador: Paulo Roberto Gonçalves-Segundo

Programa de Pós-graduação: Filologia e Língua Portuguesa

Mestrado

No quadro singular da Web 2.0 da contemporaneidade, o qual pessoas diversas expressam seus

pontos de vista, sobretudo políticos, o presente trabalho tem como proposta um estudo de caso de

ações da Prefeitura de São Paulo, no outono e inverno de 2017, manifestas por tweets e

interações, a estes associadas, do então prefeito João Doria Jr (@jdoriajr), tematizando sobre

ações no centro velho da capital paulista, conhecida como Cracolândia. Com base teórica na

Análise Crítica do Discurso (ACD) (FAIRCLOUGH, 2003), o aporte teórico aqui eleito aponta em

duas direções interdisciplinares. A primeira, de caráter social, versa questões como: a inserção em

rede dos diversos grupos sociais e a construção de uma inteligência coletiva (LÉVY, 1999;

RECUERO, 2009); e as questões da tensão social gerada e estudadas sob o conceito de grupos

endógenos e exógenos (VAN DIJK, 2000). Tais questões são eleitas em razão da identificação

dos diversos participantes, favoráveis ora às políticas do prefeito, ora aos vulneráveis sociais, alvo

dos atos em forma de lei tematizados. A segunda, de caráter linguístico e concernente à

Linguística Sistêmico-Funcional (LSF) (HALLIDAY e MATTHIESSEN, 2014 [1985]), diz respeito à

representação dos atores sociais envolvidos (VAN LEEUWEN, 2008); e ao conceito de Atitude,

inscrita na Avaliatividade (MARTIN e WHITE, 2005). A justificativa para essas escolhas pauta-se

na hipótese que sua correlação diga, através da linguagem, as afinidades e disparidades nas

avaliações e nas formas de representação em face dos discursos assumidos pelos distintos

grupos de participantes. A metodologia empregada na mineração de dados, ao longo do projeto

ao qual este trabalho se insere, compreende a coleta das cadeias de interações vinculadas aos

tweets do prefeito que constituem nossa temática. A análise destes, conforme as categorias

eleitas no aporte teórico linguístico, através da ferramenta computadorizada UAM, em ensaios

prévios, aponta para dois caminhos: a aceitação positiva em termos de polaridade da Atitude ao

grupo de pessoas socialmente vulneráveis, na forma de empatia por estas, contrastante com a

negativa às autoridades, personificadas no pref. João Doria; ou por uma polarização inversa para

os mesmos Atores Sociais representados.

Palavras-chave: Avaliatividade; Representação dos Atores Sociais; Vulnerabilidade Social;

Twitter; prefeito João Doria.

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Desencontros da direita brasileira: a polêmica do “imigrante escória”

Douglas Rabelo de Sousa ([email protected])

Orientador: Paulo Roberto Gonçalves Segundo

Programa de Pós-Graduação: Filologia e Língua Portuguesa

Mestrado

Nosso trabalho, decorrente da dissertação de mestrado em andamento, A construção midiática da

imigração no Brasil do século XXI: uma perspectiva cognitivo-discursiva, apresenta uma análise

cognitivo-retórica de uma polêmica online, que intitulamos de polêmica do “imigrante escória”,

constituída por vozes da dita direita brasileira. Tal polêmica discorre sobre reflexões de como o

fenômeno atual da imigração de sírios, haitianos e senegaleses deve ser tratado no Brasil,

levando-se em consideração os aspectos socioeconômico-culturais subjacentes aos grupos de

imigrantes e aos brasileiros. Tal embate mostra-se interessante por desvelar uma fragmentação

da direita em relação a um assunto atual e de suma importância. Para o desenvolvimento da

análise, destacaremos a estrutura da polêmica, classificando-a de acordo com a tipologia do

discurso polêmico proposta por Dascal (1996), na qual o autor tipifica três categorias ideais de

polêmica: discussão, disputa e controvérsia, visando revelar sua estrutura como, também, qual

resolução está implicada: resolução total, resolução parcial ou tentativa de convencimento do

outro sem resolução final. Em seguida, utilizaremos da configuração funcional da argumentação,

elaborada por Fairclough e Fairclough (2012), com o propósito de analisar as ameaças, objetivos,

valores, circunstâncias e ações presentes nos discursos analisados. Para a finalização dos

nossos objetivos, recorreremos ao modelo sociocognitivo de van Dijk (2014) para discorrer sobre

dois construtos cognitivos: as atitudes e as ideologias para identificar a identidade, norma, grupo

de referência e recursos dos discursos apresentados. Como parte do nosso corpus, disporemos

de discursos, veiculados por meio de vídeos, editoriais e colunas, de 2015 a 2016, do deputado

federal e atual presidenciável, Jair Bolsonaro, do filósofo Olavo de Carvalho e do portal de notícias

conservador-liberal, Diário da Insurgência, vozes uníssonas em relação ao bloqueio de imigrantes,

e do ex-colunista da Veja Leandro Narloch, uma voz destoante que preza pela liberdade de

circulação dos imigrantes.

Palavras-chave: Imigração, Análise Crítica do Discurso, Argumentação, Polêmica, Direita política

brasileira.

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A MITOPOIESIS ROSIANA EM “A BENFAZEJA”

Edna Tarabori Calobrezi ([email protected])

Programa de Pós-Graduação: Teoria Literária e Literatura Comparada

Em muitos contos rosianos há estruturas míticas subjacentes, revestidas da palavra, como

suporte de sua função em cada narrativa, conforme a fortuna crítica do autor. Embora outros

escritores tenham se utilizado do mito, Guimarães Rosa o faz de modo singular. O objetivo da

pesquisa é tratar dessa singularidade; destacando como exemplo, “A Benfazeja” (Primeiras

estórias), apoiados em teorias sobre o mito de Mircea Eliade (1972), Lévi-Strauss (1978) e Freud

(1980), principalmente; e noções do método de Wladimir Ja Propp (1984), relacionando-o à

estrutura mítica e ao diagrama da fábula, para compreender como se dá a articulação do mito nos

escritos. A linha desta pesquisa é a Semiótica textual; sua justificativa é detectar a camada mítica

no conto rosiano, observando o posicionamento do autor diante da verdade instituída no mito pela

palavra criadora. Rosa não oferece uma visão mítica do mundo; sua linguagem, contraria a

retórica tradicional, mas propõe um linguajar caipira estilizado que também não se lê facilmente.

Ao trabalhar a materialidade da palavra, atua na esfera da verdade revelada primordialmente no

mito, em sua essência. Sua investigação problematiza a visão maniqueísta do mundo, visando

obter a superação das polaridades pré-estabelecidas, mantendo diálogos com polos antagônicos

e esferas ilógicas. A pesquisa já foi concluída (analisamos outros contos de Primeiras estórias: “A

menina de lá, “Um moço muito branco” e “Nada e a nossa condição”) e constatamos que ao

alterar a estrutura mítica, Rosa apresenta um questionamento do mito e, consequentemente, da

condição humana. Emprega o mito de forma crítica, não coibindo a liberdade de pensamento e,

pela maneira ambígua como o enfoca, desautomatiza e leva à reflexão de certas dicotomias:

Bem/Mal, Certo/Errado, Real/Irreal, Belo/Feio, Normal/Anormal; pondo em dúvida dogmas, muitas

vezes, fundantes de nossa cultura, o que sugere que a verdade nem sempre se encontra na

realidade imposta ao homem.

Palavras chave: Guimarães Rosa, linguagem, mito, questionamento.

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O trabalho com conteúdos culturais em aula de língua estrangeira pela voz dos

professores

Emily Caroline da Silva ([email protected])

Orientadora: Eliane Gouvêa Lousada

Programa de Pós-Graduação: Estudos Linguísticos, Literários e Tradutológicos em Francês

Doutorado

O trabalho com os conteúdos culturais em aula de língua estrangeira é contemplado em

documentos oficiais sobre o ensino-aprendizagem de línguas, como mostra o Quadro Comum

Europeu de Referência para Línguas (CONSELHO DA EUROPA, 2001), no entanto, mesmo

havendo essas orientações, o trabalho com esses conteúdos configurou-se como um dilema para

professores de francês que ingressam na profissão (SILVA, 2015). Para identificar as

representações dos professores, nos e pelos textos, sobre a pertinência e a relevância do trabalho

com os conteúdos culturais, Silva (2015) estudou as verbalizações de dois professores de um

curso de extensão universitária durante entrevistas em autoconfrontação cruzada (CLOT, FAITA,

2001), em que os professores voluntários assistiam às filmagens de suas aulas, comentando-as e

reagindo sobre as dificuldades que tiveram naquele momento. Essas entrevistas foram transcritas

e analisadas segundo o modelo de análise de textos do interacionismo sociodiscursivo

(BRONCKART, 1999, 2006, 2008), em que foram observados os conteúdos temáticos, os

mecanismos de textualização e os mecanismos enunciativos. Esta apresentação tem por objetivo

aprofundar e expandir uma parte deste estudo referente aos mecanismos de textualização,

evidenciando de que forma os professores construíram a representação do trabalho com os

conteúdos culturais ao longo da entrevista. Para isso, analisaremos as séries coesivas nominais

por meio das anáforas, catáforas, rotulações e categorizações (KOCH, 2014), bem como os

lexemas verbais (BRONCKART, 1999) utilizados pelos professores ao se referirem ao ensino-

aprendizagem dos conteúdos culturais.

Palavras-chave: interacionismo sociodiscursivo; língua estrangeira; séries coesivas nominais.

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Os discursos da mídia construídos nas eleições de 2016 - João Dória Jr.: Uma

abordagem dos elementos da LSF e da ACD

Érica Alves Soares ([email protected])

Programa de Pós-Graduação: Filologia e Língua Portuguesa

Aluna Especial

A pesquisa busca investigar os textos transcritos nas mídias impressas, o Estadão e Folha de São

Paulo apresentados no gênero notícia no caderno Política do Estadão e no caderno Eleições da

Folha de São Paulo durante o período de dezembro de 2015 a outubro de 2016 correspondentes

à candidatura do atual prefeito João Agripino da Dória Jr, conhecido por João Dória Jr. e a sua

vitória para o cargo de prefeito da cidade de São Paulo. As eleições de 2016 retratam os eventos,

as estruturas e as práticas discursivas assumidas pelos atores sociais. Partiu-se da conceituação

da ACD, doravante análise crítica do discurso (Fairclough, 2006 e Halliday,1994), passando pelo

levantamento bibliográfico da LSF – Linguística Sistêmico-Funcional (Fuzer (2014), Gonçalves

Segundo, 2014, Bárbara e Mâcedo, 2009). Propõem-se levantar dados referentes ao período de

dezembro de 2015 a dezembro de 2016 extraindo enunciados dos jornais impressos Folha de São

Paulo e Estadão para uma análise linguístico-discursiva em que as funções textual, ideacional e

interpessoal, postuladas por Halliday (1994) articuladas aos significados de Fairclough (2006)

apresentem pistas discursivas e influências nas práticas sociais dos atores sociais, nesse caso, os

eleitores da cidade de São Paulo.

Palavras-chave: Gênero Propaganda, Linguística- Sistêmico Funcional, Análise Crítica do

Discurso, Mídia Impressa.

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“Nós” contra “eles” – Descortesia no contexto político-ideológico na rede social

Facebook

Fabio Barbosa de Lima ([email protected])

Orientadora: María Zulma Moriondo Kulikowski

Programa de Pós-Graduação: Língua Espanhola e Literaturas Espanhola e Hispano-americana

Em nosso estudo de doutorado em andamento, observamos como as manifestações de

descortesia estão elaboradas linguisticamente nas interações em postagens de temática política

na rede social Facebook no Brasil e na Argentina, com a polarização e o enfrentamento do “nós”

contra “eles” que se apresenta no espectro político-ideológico nos dois países. Apresentaremos,

neste trabalho, um breve esboço teórico sobre como as redes sociais podem se constituir em um

campo de estudos sobre a descortesia e a caracterização de nosso corpus. No campo da

Pragmática, podemos afirmar que cortesia e descortesia estão em lados opostos dentro de um

continuum, sendo que um ato de fala pode variar dentro desse campo, para mais cortês ou mais

descortês. No âmbito da descortesia de fustigação, temos as estratégias de afiliação exacerbada

e de refratariedade, que são paralelos traçados por Kaul de Marlangeon (2005) para as categorias

de autonomia e afiliação propostas por Bravo (1999). Tal estudo se justifica ao observarmos que

as redes sociais têm oportunizado novas formas de interação e, consequentemente, têm se

tornado um importante campo para os estudos discursivos, ao possibilitar uma análise de como

seus usuários têm se apropriado dessas novas possibilidades de interação. É possível observar

que há uma radicalização da tomada de opinião nessas interações nas redes sociais: se, por um

lado, a polêmica tem má reputação (Amossy, 2017), e se considera que a comunicação se

mantém pela cortesia, com as manifestações descorteses ocasionando a quebra da interação;

hoje, observamos que a descortesia não representa necessariamente o rompimento da interação,

mas, antes, a fomenta, elevando o tom e mantendo a discussão.

Palavras-chave: Pragmática; descortesia; redes sociais; política

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Analogias e dissensão no debate parlamentar sobre o projeto de lei contra a

LGBTfobia

Filipe Mantovani Ferreira ([email protected])

Orientadora: Zilda Gaspar Oliveira de Aquino

Programa de Pós-Graduação: Filologia e Língua Portuguesa

Doutorado

Realizou-se, em 08/12/2011, na Comissão de Diretos Humanos e Legislação Participativa do

Senado Federal, um debate sobre o Projeto de Lei da Câmara 122 de 2006 (PLC 122/06), cujo

objetivo era criminalizar a discriminação em função de orientação sexual e identidade de

gênero. O debate, televisionado para todo o Brasil pela TV Senado, caracterizou-se pela

dissensão entre senadores favoráveis e contrários à aprovação do projeto. Dentre os diversos

procedimentos linguísticos-discursivos usados pelos senadores para argumentar de modo a

buscar o assentimento para suas teses, destacaram-se as analogias, as quais funcionaram

diversas vezes como formas de expressão de desacordo entre os senadores debatedores, na

medida em que possibilitaram que o PLC 122/2006 fosse conceptualizado tanto positiva

quanto negativamente. Este trabalho objetiva analisar as analogias como forma de expressão

de desacordo. Propõe-se, para tanto, uma análise qualitativa das analogias empregadas pelos

senadores durante o referido debate. As analogias serão analisadas segundo uma abordagem

que considera suas dimensões cognitiva, social e discursiva. Com base na Teoria do

Mapeamento Estrutural (GENTNER, 1983; GENTNER & FORBUS, 2011), propõe-se uma

descrição do raciocínio analógico em termos de processos mentais que levam à produção de

inferências; partindo da perspectiva dos Estudos de Discurso (VAN DIJK, 2006, 2008) e dos

Estudos de Argumentação (PERELMAN & OLBRECHTS-TYTECA, 1996 [1958]), propomos a

compreensão das analogias como formas de argumentar capazes de levar ao assentimento,

com vistas à consecução de um ou mais objetivos social, ideológica e historicamente situados.

A análise do discurso dos senadores envolvidos no debate permitiu observar que as analogias

constituem uma forma de manifestação do dissenso, visto que permitem que se construam

representações diferentes (ou mesmo opostas) do PLC 122/2006, que ora é considerado

injusto, perfunctório ou inadequado, ora é considerado justo e adequado.

Palavras-chave: analogia; argumentação; debate parlamentar; LGBTfobia; mapeamento

estrutural.

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A Crítica das Formas e seu uso do vocabulário retórico

Francisco Benedito Leite ([email protected])

Orientadora: Lineide do Lago Salvador Mosca

Programa de Pós-Graduação: Filologia e Língua Portuguesa

Doutorado

Desde o Iluminismo Alemão [alem. Alfklärung] no século XVIII, as universidades protestantes das

cidades germânicas tiveram oportunidade de desenvolver estudos altamente especializados e

críticos na área de Exegese Bíblica; pois lá estavam os únicos lugares da Europa em que havia

centros de estudos sobre a Bíblia que não eram supervisionados pela Igreja Católica Romana.

Nesse contexto surgiu a Metodologia da Exegese Histórico-Crítica, uma proposta científica de

interpretar o texto bíblico a partir das múltiplas etapas de sua história e pré-história oral. Um dos

procedimentos dessa metodologia indaga sobre os estágios pré-literários do texto a partir de

formas textuais padronizadas [alem. Gattungsgeschichte] que remetem ao contexto vital que as

produziu [alem. Sitz im Leben]. Essa etapa da exegese é chamada Crítica das Formas [alem.

Formgeschichte], a qual foi muito valorizada pelos teólogos protestantes desde o fim do século

XIX e alcançou sua maturidade com três teólogos germânicos: Martin Dibelius, Rudolf Bultmann e

Klaus Berger; autores respectivamente de História das Formas Evangélicas (1919), História da

Tradição Sinóptica (1921) e Formas Literárias do Novo Testamento (1987). Nas obras

mencionadas é notável que o vocabulário retórico foi utilizado para classificar as chamadas

“formas literárias”, apesar de sabermos que a área de estudos bíblicos acontecia intramuros, sem

diálogo concreto com as perspectivas filológicas de seu mundo contemporâneo. Isso permite

observar que a vitalidade da Retórica de tradição aristotélica permanecia radiante no seio da

Teologia acadêmica europeia em todo o período desde o século XVIII até o XX. No presente

estudo, pretendemos apresentar o modo como Dibelius, Bultmann e Berger realizaram o uso do

vocabulário da retórica em suas obras para definir e nomear as formas literárias do Novo

Testamento e assim proporcionaremos um ponto de vista sobre a Exegese Bíblica a partir das

perspectivas da Retórica e Argumentação, conforme Lausberg (2011) e Perelman (2005).

Palavras-Chave: Retórica, Gêneros, Exegese, Crítica das Formas.

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AS EMOÇÕES NA TEORIA DA ESQUEMATIZAÇÃO DE JEAN-BLAISE GRIZE: UM

ESTUDO DE CASO DO DISCURSO DE JANAÍNA PASCHOAL NA USP

Frederico Rios C. Dos Santos ([email protected])

Orientadoras: Rossana Rocha Reis (USP); Helcira Lima (UFMG)

Programas de Pós-Graduação: Relações Internacionais (USP);

Linguística do Texto e do Discurso (UFMG)

O presente trabalho visa a se debruçar sobre o discurso proferido por Janaína Paschoal,

professora de Direito e uma das autoras do impeachment de Dilma Rousseff, na USP, no dia 4

(quatro) de abril de 2016. Tomando como pressuposto teórico-metodológico a teoria da

esquematização de Jean-Blaise Grize, procurar-se-á demonstrar que, mesmo a partir de uma

perspectiva descritiva do fenômeno linguístico que não aborda especificamente o papel das

emoções no discurso, é possível pensa-las no âmbito do que o autor francês denominou de

“esquematização”. Como sabido, a teoria da argumentação pressupõe a adesão do interlocutor

não através de raciocínios silogístico-dedutivos, não procura convencer pela razão, mas por meio

do que se considera como uma espécie de “iluminação”, ou seja, o projetar luzes sobre certos

aspectos da realidade e o ofuscar outros, fazendo com que, pelo recorte seletivo dos fatos, o

enunciatário se persuada pela emoção. Percebe-se, portanto, na teoria de Grize, o pressuposto

cognitivista segundo o qual o psiquismo humano funciona, além do ponto de vista intelectual,

também em outros níveis, como o somato-institivo e o emotivo-afetivo. Um dos resultados a que

se chegou foi no sentido de apontar para o fato de que Janaína Paschoal, em seus

encadeamentos argumentativos, buscou mobilizar certos pré-construídos sociais, como, por

exemplo, o de que existe uma guerra maniqueísta entre “amigos” e “inimigos” em jogo quando a

questão é a do governo de Dilma Rousseff (como se este fosse a representação do mal em si,

condenado até por Deus) e os “cidadãos de bem”, as vítimas inocentes de suas atrocidades. Essa

é uma inferência que pode ser fundamentada a partir de uma série de oposições semânticas que

a autora do impeachment carrega em seu discurso, bem como pelo léxico de que ela se utiliza

para suscitar as emoções de ódio e indignação em seu interlocutor.

Palavras-chave: Argumentação. Enunciação. Língua. Discurso.

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Relações lógico-semânticas entre texto e imagem em vídeos de youtubers:

reflexões iniciais

Gabriel Isola-Lanzoni ([email protected])

Orientador: Paulo Roberto Gonçalves-Segundo

Programa de Pós-Graduação: Filologia e Língua Portuguesa

Mestrado

Este trabalho visa a discutir a interação entre as modalidades verbal e visual em produções

audiovisuais de youtubers, procurando atentar tanto para os modos pelos quais elas se articulam

quanto para as relações lógico-semânticas que as constituem, a fim de, numa etapa posterior da

pesquisa, compreender seu papel no processo de convencimento ou persuasão da audiência.

Como aparato teórico para esse estudo, parte-se da perspectiva sistêmico-funcional da linguagem

(HALLIDAY; MATTHIESSEN, 2004), em especial, do sistema de TRANSITIVIDADE (FUZER;

CABRAL, 2014; ARÚS; LAVID; ZAMORANO-MANSILLA, 2010; GONÇALVES-SEGUNDO, 2014)

– que permite compreender o status da relação entre o linguístico e o imagético, em termos de

dependência ou independência na configuração de uma unidade informacional – e dos sistemas

de relações IMAGEM-TEXTO em mídias (MARTINEC; SALWAY, 2005) e de CONSTRUÇÃO

INTERMODAL (UNWORTH, 2006), que possibilitam entender os esquemas de relações lógico-

semânticas entre as modalidades, a partir de uma extensão do que foi proposto no estudo da

função lógica em complexos oracionais. A título de exemplificação, será utilizado o vídeo “Você

está em uma BOLHA SOCIAL? Descubra!”, publicado no dia 03 de março de 2017, de autoria de

Felipe Castanhari (Canal Nostalgia), da plataforma de streaming YouTube. O Canal Nostalgia

apresenta-se como o nono canal de maior destaque no país em número de inscritos, segundo

pesquisa do portal de notícias Oficina da Net de 14 de junho de 2017, o que revela o impacto

dessas produções na formação de opinião dos usuários da plataforma. Foi possível depreender

diferentes padrões de dependência, dominância e de articulação entre as modalidades verbal e

visual, bem como a instanciação de relações de elaboração, extensão e realce, sinalizando uma

complexidade a se considerar em estudos de textos multimodais de caráter argumentativo em

plataformas virtuais.

Palavras-chave: Multimodalidade. YouTube. Linguística Sistêmico-Funcional. Relações lógico-

semânticas.

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A construção dos objetos fronteiras e imigrantes no discurso político eleitoral

brasileiro e argentino

Gisele Souza Moreira ([email protected])

Orientador: Adrián Pablo Fanjul

Programa de Pós-Graduação: Língua Espanhola e Literaturas Espanhola e Hispano-Americana

Doutorado

Nesta pesquisa buscamos entender, à luz da Análise do Discurso, como os objetos “fronteiras” e

“imigrantes” foram construídos no discurso político eleitoral dos presidenciáveis nas eleições de

2014 no Brasil e de 2015 na Argentina, levando em conta as condições de produção, a memória e

as representações construídas no discurso. Para isso, apoiamo-nos nos postulados de

COURTINE (2009), INDURSKY (2013), MAINGUENEAU (2015) e ORLANDI (2012). Para compor

o corpus, selecionamos declarações, em rádio ou televisão, de candidatos à presidência nas

últimas eleições no Brasil e na Argentina, e analisamos essas declarações considerando a

materialidade linguística e as condições de produção desses discursos.

Nossa pesquisa se situa em uma época de intensa crise migratória. Momento no qual os diversos

meios de comunicação apresentam e discutem questões relacionadas à imigração e aos

refugiados, período em que cresce, a cada dia, a urgência na busca por soluções que considerem

os direitos e a dignidade humana. Nosso trabalho se justifica pois nesse contexto, ampliam-se

também, de maneira significativa e assustadora, os discursos xenófobos, e analisar esses

discursos nos ajuda a entender o que vem acontecendo.

Nossa hipótese é a de que aspectos das diferentes formações sócio-históricas dos dois países

podem ser percebidos no modo como se constroem, no discurso, os objetos “fronteiras” e

“imigrantes”. As análises que fizemos, até este momento, nos mostram que essas diferentes

formações sócio-históricas culminam em um discurso que, no Brasil, vê o perigo no que pode

entrar pelas fronteiras, ao passo que, na Argentina, vê o perigo em quem pode entrar naquele

território. Ambos os países, de formas distintas, preocupam-se com a manutenção do nacional,

defendendo-se do diferente.

Palavras-chave: fronteiras, imigrantes, discurso, eleições.

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PROCEDIMENTOS DE REFORMULAÇÃO NA INTERAÇÃO DIDÁTICA

Heloisa Gonçalves Jordão ([email protected])

Orientador: Sandoval Nonato Gomes Santos

Programa de Pós-Graduação: Educação

Doutorado

Apoiada em uma abordagem teórica textual-interativa que compreende a linguagem como forma

de ação exercida por interlocutores e contextos específicos (JUBRAN, 2006), a pesquisa busca

descrever e compreender o papel da atividade verbal nos processos de coconstrução dos

sentidos na relação didática, que se constitui na relação: professores x alunos x objeto do saber.

Dentre o conjunto de mecanismos linguísticos emergentes na construção do texto falado

(FÁVERO, 1999), focalizaremos os mecanismos de reformulação como unidade de análise

fundamental para a compreensão da atividade linguística desenvolvida no ambiente didático.

Partindo de uma retomada teórica dos estudos desenvolvidos sobre a reformulação faremos uma

bipartição entre os dois campos teóricos que nos aportam: i) aqueles ocupados com a análise

linguística das reformulações, em diferentes contextos (GÜLICH; KOTSKI, 1987, HILGERT, 2003

BARROS 2003, FÁVERO, 1999), ii) os estudos ocupados da análise das reformulações realizadas

unicamente em ambientes organizados para o ensino e a aprendizagem e sua função nesses

contextos (GARCIA-DEBANC, 2006, 2010; GARCIA-DEBANC, VOLTEAU, 2007, 2008; VOLTEAU

2015) articulados a proposta de unidades analíticas do evento ‘aula’ (MATENCIO, 2001). Os

dados gerados na pesquisa são fruto do acompanhamento de quatro turmas em uma escola

pública municipal da cidade de São Paulo. No total, foram acompanhadas e videogravadas

quarenta aulas realizadas no ambiente sala de aula regular e em laboratório de informática

educativa. O estágio atual da pesquisa apresenta uma proposta de análise a partir de duas

atividades acompanhadas e o conjunto de textos escritos produzidos pelos alunos. Os resultados

parciais apontaram que as unidades analíticas de uma aula desvelam atividades de reformulação

específicas. Observamos que a utilização dos mecanismos linguísticos de reformulação decorrem

do jogo entre o planejado pelo professor e o efetivamente implementado na interação didática: o

modo como os saberes são apresentados aos alunos são remodelados a todo o tempo por

problemas comunicativos emergentes na interação. A articulação das transcrições das filmagens e

das produções escritas dos alunos nos permitiu observar até que ponto a atividade linguística do

professor influencia na produção escrita dos alunos.

PALAVRAS-CHAVE: Interação; reformulação; trabalho docente.

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DIÁLOGOS SOBRE A DIVERSIDADE CULTURAL NAS POLÍTICAS PÚBLICAS

CONTEMPORÂNEAS BRASILEIRAS E MEXICANAS

Inti Anny Queiroz ([email protected])

Orientadora: Sheila Vieira de Camargo Grillo

Programa de Pós-Graduação: Filologia e Língua Portuguesa

Doutorado

A diversidade cultural enquanto conceito começou a ser difundida mundialmente a partir dos anos

1980, na Conferência Mondiacult, realizada na Cidade do México pela UNESCO. Os resultados

das discussões da conferência mexicana trouxeram a proposta de que a cultura deveria ser vista

por meio de um “olhar antropológico”, compreendendo que todas as ações humanas devem ser

consideradas como cultura e que cultura não era apenas arte e por isso era necessário utilizar o

conceito de diversidade cultural para ampliá-la. A reflexão também propiciou a criação de dois

importantes documentos: a Declaração do México (1982) e, anos mais tarde, Nuestra Diversidad

Creativa (1996). Este estudo buscará observar como, os discursos da UNESCO mexicana

influenciaram os discursos de relevantes processos de construção de políticas culturais ocorridos

no Brasil e mais especificamente no início do século XXI, na gestão de Gilberto Gil no Ministério

da Cultura e a criação do Sistema Nacional de Cultura. O objetivo deste estudo, que integra a

pesquisa de doutorado atualmente em fase de finalização, é analisar as relações dialógicas entre

os discursos dos documentos produzidos pela UNESCO no contexto mexicano em comparação

com enunciados criados para o desenvolvimento das políticas culturais no Brasil. Levaremos em

conta que os enunciados foram produzidos por autores diferentes em contextos distintos e para

isso utilizaremos como fundamentação teórica de análise dos enunciados as teorias do Círculo de

Bakhtin. Buscaremos evidenciar neste estudo, que os documentos da Unesco mexicana

influenciaram diretamente os enunciados brasileiros e assim possibilitaram a criação de um novo

modelo de política cultural.

Palavras-chave: diversidade, política cultural, relações dialógicas.

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Teoria Política, Retórica e Hermenêutica Bíblica em Hobbes

Isaar Soares de Carvalho ([email protected])

Supervisora: Lineide do Lago Salvador Mosca

Programa de Pós-Graduação: Filologia e Língua Portuguesa

Pós-Doutorado

Nosso propósito é o de examinar, partindo das pesquisas de C. Hill (2003) e Q. Skinner (1999) o

valor conferido por Hobbes à Retórica e à leitura da Bíblia na perspectiva da Política. Hobbes

procura persuadir o leitor com os recursos da Retórica, cujo uso ele criticara, enquanto mero

artifício dos parlamentares, mas ao mesmo tempo reconhecera seu valor para alcançar a

finalidade de seu discurso, isto é, alcançar a adesão do público leitor, visando convencê-lo de que

seus argumentos são baseados em premissas verdadeiras, que o Estado por ele concebido tem

uma base racional e que, além disso, suas teses são sustentadas pela Palavra de Deus, visto que

seu pensamento político era corroborado pela Bíblia. Procuraremos, pois, demonstrar como

Hobbes valorizou a Retórica e como encontrou uma nova chave hermenêutica da Bíblia, lendo-a

na perspectiva da Política e mostrando que teses como a da teoria do consentimento, da

soberania absoluta e da submissão da Religião ao Estado são corroboradas pelo livro sagrado.

Por um lado, Hobbes reconheceu a importância da Retórica para a exposição de argumentos que,

ainda que verdadeiros filosoficamente, não alcançavam o grande público devido à sua forma

erudita de exposição. Por outro, como a Bíblia era o livro por excelência na Inglaterra do Séc.

XVII, eles buscou persuadir seus leitores com referências constantes a ela, principalmente nas

obras Do Cidadão e Leviatã. Enfim, o trabalho se propõe a fazer uma leitura do uso da Retórica e

da Bíblia por Hobbes nos dois livros citados, o primeiro um texto erudito, cujas teses principais

foram retomadas com amplo recurso à Retórica no segundo, cujo título é endossado pelo texto de

Jó que aparece no alto de sua capa, o qual Hobbes interpretou em relação ao Estado ou Leviatã:

“Não há na Terra poder que se lhe compare”.

Palavras-chave: Thomas Hobbes, Teoria Política, Soberania, Retórica, Hermenêutica Bíblica.

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Enunciados opinativos na mídia independente

Isabel Fernandes ([email protected])

Orientadora: Sheila Vieira de Camargo Grillo

Programa de Pós-Graduação: Filologia e Língua Portuguesa

Doutorado

RESUMO: Nessa comunicação apresento os estudos parciais do doutorado, em que investigo o

estilo do gênero artigo de opinião, no contexto da opinião pública produzida na esfera jornalística

independente, com o apoio da perspectiva teórica do Método Sociológico e da Metalinguística

propostos por Bakhtin e pelos pensadores do Círculo. O gênero do discurso para Bakhtin e os

demais pensadores do Círculo é o espaço onde a palavra ganha expressão em situações

concretas de comunicação. A partir dessa perspectiva, o gênero artigo de opinião estabelece um

espaço discursivo para a circulação da opinião pública, em que o sujeito/autor, sendo ele mesmo

constituído por diálogos com outros discursos, produz no texto um lugar de diálogo com outras

vozes sociais, para, assim, lançar uma ponte aos possíveis diálogos com o leitor e do leitor com o

corpo social. A partir dos estudos sobre o artigo de opinião nas áreas da linguagem e da

comunicação pôde-se observar duas preocupações distintas: entender como o gênero artigo de

opinião se organiza nos aspectos formais e de conteúdo com o objetivo desenvolver estratégias

de ensino do gênero; entender o gênero para descrever sua função na difusão da opinião pública

e suas características composicionais. Os trabalhos da área de linguagem se concentram na

descrição e na compreensão da construção composicional e no estilo da linguagem,

especialmente na modalização, nos marcadores de responsabilidade enunciativa e nos

marcadores argumentativos. Os elementos do contexto de produção, circulação e recepção nem

sempre são descritos e analisados de modo relacionado ao estilo da linguagem. O conteúdo

temático tem pouca atenção como objeto de estudo, assim como as características sociais da

autoria. A perspectiva do Círculo pode favorecer a integração dos aspectos formais e temáticos

para a compreensão das contribuições do estilo do autor para a formação de um estilo do gênero,

unindo os objetivos dos estudos da linguagem com os estudos da comunicação, com um olhar

para os veículos de comunicação e sua interferência no estilo do autor e do gênero.

Palavras-chave: mídia independente; opinião; dialogismo.

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Categorias de retextualização: uma proposta para análise de inserção de textos de

outrem em textos acadêmicos

Jaci Brasil Tonelli ([email protected])

Orientador: Eliane G. Lousada

Programa de Pós-Graduação: Estudos Linguísticos, Literários e Tradutológicos em Francês

Doutorado

A inserção e gestão de vozes, seja das teorias usadas ou dos textos analisados, é uma das

dificuldades frequentes relatadas nos estudos sobre produção textual acadêmica (BOCH, 2013;

POLLET; GLORIEUX; TOUNGOUZ, 2010; MOTTA-ROTH; HENDGES, 2010; PERROTA, 2004).

Ao realizarmos nossa pesquisa de mestrado que tinha como objetivo estudar o desenvolvimento

das capacidades de linguagem ligadas à escrita acadêmica em francês dos alunos da graduação

em Letras (habilitação em língua francesa) ao longo de um semestre, por meio da análise de suas

produções textuais, buscamos meios para descrever as características que encontramos nos

textos dos graduandos. Para elaborar as categorias primeiramente, tivemos por base as propostas

de Matencio (2003) sobre os processos de retextualizar os textos de outrem em resenhas

produzidas por universitários e nos trabalhos de Pollet (2004), que propõe as categorias

“estocagem” e “reconstrução” ao analisar textos produzidos por universitários. A partir dessas

reflexões e tomando como base o modelo de análise do Interacionismo Socio-discursivo

(BRONCKART, 1999/2012; 2006), nos concentramos em três critérios linguístico-discursivos:

índices usados para inserir as vozes, coesão nominal e conexão para propor as categorias de

retextualização. Essas categorias levam em consideração a maneira como as informações de

outrem são inseridas e as relações que o produtor do texto estabelece entre elas, sendo elas:

empilhamento; justaposição; reconstrução (patchwork e mosaico) e construção. Nesta

comunicação apresentaremos as categorias, suas bases teóricas e os critérios para analisar

textos, assim como alguns exemplos de análises. A partir das categorias, discutiremos ainda a

possível contribuição delas para o desenvolvimento da escrita acadêmica.

Palavras-chave: Retextualização; Inserção de vozes; Escrita acadêmica.

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Um mundo conectado, um Papa engajado: A influência de um líder global com base

na argumentação retórica

João C. Men ([email protected])

Orientadora: Lineide do Lago Salvador Mosca

Programa de Pós-Graduação: Filologia e Língua Portuguesa

Doutorado

Resumo: Nossa pesquisa visa entender os reflexos da participação e influência de um líder global,

chefe de igreja e de Estado, Papa Francisco, como um facilitador, mediador e negociador em

temas cruciais para a humanidade. Buscamos compreender a relação existente entre o poder

carismático tradicional do Papa e a possibilidade de liderança ampliada pela expansão da prática

de mediações em conflitos internacionais. Identificamos que o Papa, em seus discursos, é um

orador revestido de singeleza e humildade de coração dos grandes homens. Os sinais de energia,

determinação e busca pela transformação o fazem também ser encontrado, às vezes, como

rebelde, até cruzando as fronteiras entre o sagrado da Igreja que dirige e o profano secular dos

interesses mundiais. O estudo está baseado em conceitos interdisciplinares sob o eixo central da

teoria da Retórica Tradicional, assim como da Nova Retórica e das teorias atuais da

Argumentação. Vale-se igualmente de fundamentos contemporâneos sobre negociação, partindo

do princípio de que a argumentação visa alcançar consenso sobre divergências em determinadas

questões, por meio de estratégias argumentativo-persuasivas. Entender formatos do processo de

negociação e o modo como lideranças podem alterar resultados esperados são justificativas

plenas que embasam o objeto da nossa investigação. Disso resulta a problemática principal do

estudo, refletida no fato de que, em qualquer discurso relacionado à negociação, deve-se levar em

conta a busca incessante do objeto em questão, o impacto produzido e a influência do contexto

em que se insere. O resultado parcial de nossa pesquisa mostra que um grande líder exerce um

papel transformador. Esse, talvez, seja o maior legado trazido pelo Papa: a legitimidade de

propósito, cujas motivações o fazem adotar uma vocação científica de responsabilidade para com

o futuro e uma postura política de paixão, tudo objetivando a adesão de espíritos, tão relevantes

em qualquer processo de argumentação e negociação.

Palavras-chave: Argumentação; Retórica; Negociação.

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O DISCURSO DOS GRUPOS POLÍTICOS NO FACEBOOK NO PERÍODO PÓS-

IMPEACHMENT

Josane Daniela Freitas Pinto ([email protected])

Orientador: Zilda Gaspar Oliveira de Aquino

Programa da Pós-Graduação: Filologia e Língua Portuguesa

Doutorado

O crescente número de grupos envolvidos com política tem sido cada vez maior no Facebook,

uma rede social que faz parte do nosso cotidiano e tem refletido a efervescência das discussões

políticas no período pós impeachment de Dilma Rousseff. Esta pesquisa tem como suporte teórico

as pesquisas de Crystal (2005, 2010) sobre Linguística da Internet; as de Fairclough, Mulderrig e

Wodak (2011) e de van Dijk (2010, 2011, 2012) sobre Estudos Críticos do Discurso; as de

Charaudeau (2011, 2016) sobre Discurso Político. Estabelecemos os seguintes objetivos:

identificar as estratégias linguístico-discursivas e recursos semióticos usados nos posts, a fim de

observar possível manipulação política e discutir sobre a identidade dos grupos. Como percurso

metodológico, optamos pela abordagem qualitativa e o nosso corpus é constituído pelos posts dos

grupos políticos no Facebook: Contra o golpe fascista, Jovens de direita e Movimento Brasil contra

a corrupção. As categorias de análise a serem empregadas serão: a da estrutura das ideologias,

proposta por van Dijk (2011), a fim de entender como as identidades desses grupos são

construídas; as estratégias de manipulação, estabelecidas também por van Dijk (2010), a fim de

estudar “autoapresentação positiva” e “outra-apresentação negativa” dos grupos; análise dos

recursos semióticos, sugeridos por Kress e van Leeuwen (2006), para entender a linguagem

verbo-visual. Nesse sentido, verificamos nas primeiras análises dos posts que o uso de

estratégias de manipulação é um ponto em comum entre os diferentes grupos.

Palavras-chave: Discurso político; Estudos Críticos do Discurso; Identidade; Manipulação.

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Análise de conteúdo na Pós-Graduação stricto sensu em turismo

Juliana Ferreira dos Santos ([email protected])

Orientador: Alexandre Panosso Netto

Programa de Pós-Graduação: PPTUR- Mestrado em Turismo EACH

Mestrado

A história da pós-graduação brasileira em turismo é fruto da institucionalização da atividade no

país, da ascensão do ensino superior na área e da demanda por profissionais preparados para

pesquisar, ensinar e produzir conhecimento sobre uma atividade relativamente nova e em franca

expansão no mundo (Panosso Netto 2010). Todos esses são fatores que elevaram os níveis de

exigência tanto no ambito educacional, quanto no profissional. Da universidade para a sociedade,

quanto desta para aquela, é a via de mão dupla que fortaleceu a consolidação da pós-graduação

em turismo no Brasil. Diante dessa oferta, este estudo questiona: Como analisar a partir da

análise de conteúdo a pós-graduação stricto sensu em turismo no Brasil. Justifica-se que de

acordo com Krippendorff (1990), Bardin (1997) a análise de conteúdo tem um direcionamento

empírico de caráter exploratório, estando, portanto, associado aos fenômenos reais do mundo

natural, isto é, não é uma metodologia abstrata ou descontextualizada. Com isso, essa

metodologia transcende as convencionais noções de conteúdo como objeto de estudo apartado

de suas condições de produção e recepção. Logo, a partir de dados empíricos, sistematizados e

organizados, a análise de conteúdo tem uma finalidade preditiva, no sentido das concepções mais

recentes de fenômenos simbólicos situados. Com a entrada dos currículos selecionados na pós-

graduação stricto sensu em turismo, obteve-se 932 artigos, 112 livros e 339 capítulos de livro

como produção docente dos programas de pós-graduação stricto sensu em turismo no Brasil. As

inferências depreendidas nesses procedimentos permitem conceber as condições de produção

dos docentes permanentes na área do turismo nos programas de pós-graduação stricto sensu.

Palavras-chave: Análise de Conteúdo, Turismo, Pós-graduação.

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O funcionamento discursivo da dissertação de vestibular: o caso da paráfrase

Karen Osorio Gonzales ([email protected])

Orientador: Manoel Luiz Gonçalves Corrêia

Programa de Pós-Graduação: Filologia e Língua Portuguesa

Mestrado

Decorrente da primazia do interdiscurso sobre o discurso, uma característica do funcionamento da

linguagem é a necessária relação entre os diferentes efeitos de sentidos dos discursos. Podemos

dizer que um efeito de sentido não advém de uma estrutura sintática ou semântica, mas como

resultado do embate ou cooperação entre os discursos. O objetivo desta comunicação é

apresentar o funcionamento da paráfrase discursiva, segundo Fuchs (1985), Henry (1990),

Pêcheux e Fuchs (1993), em redações de vestibular de forma a refletir sobre a contribuição da

Análise do Discurso Francesa nesse evento de letramento, assim como observar o uso da

paráfrase formal na produção escrita. Nossa escolha justifica-se também na tentativa de exibir

uma aplicabilidade dessa linha teórica ao processo de ensino/aprendizado da linguagem. Esta

investigação se dá a partir de uma amostra de 205 redações do vestibular da FUVEST/2006 com

o tema “trabalho” e tem como critério metodológico a presença da formação(s) discursiva(s), a

partir de Courtine e Marandin (1981), que constitui os discursos apreendidos na coletânea de

textos da proposta de escrita. Os resultados obtidos mostraram a produção dos dois tipos de

paráfrases pelos vestibulandos, com a prevalência da paráfrase formal na produção do texto

dissertativo. A paráfrase discursiva funcionou como um mecanismo na articulação entre as

formações discursivas veiculadas pelos escreventes, como foi o caso das redações que

apresentaram ao menos um dos posicionamentos assumidos na coletânea sob a forma de

paráfrase discursiva. No caso da paráfrase formal, concluímos que o mesmo compõe o quadro

das condições de produção da escrita escolar.

Palavras-chave: interdiscurso; paráfrase; redação.

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O experimentalismo na literatura portuguesa contemporânea

Lais Akemi Munhoz de Souza ([email protected])

Orientador: Antônio Vicente Seraphim Pietroforte

Programa de Pós-Graduação: Semiótica e linguística geral

Mestrado

Nessa comunicação será apresentado um panorama geral de minha pesquisa de mestrado. Tal

pesquisa possui como objeto o livro “O labirintodonte” (1970), do poeta português Alberto Pimenta.

Este objeto se encaixa na temática experimental do grupo de pesquisa ao qual me filio: o

GEPOEX. A apresentação visará focar o capítulo inicial de minha tese, em que se pretende definir

o experimentalismo na literatura portuguesa contemporânea em seu contexto histórico, geográfico

e filológico. Para isso, serão contrapostos exemplos retirados do objeto com poemas

representativos de cada um dos outros movimentos literários que afloraram no mesmo contexto, a

saber: o neo realismo e o surrealismo. Para a análise destes textos, será utilizada como base

teórica a semiótica fundada por Greimas, com maior aproveitamento dos trabalhos de Floch e

Hjelmslev. A escolha destes artistas se deve à valorização da linguagem pictórica em seus

trabalhos, considerando que uma das características principais do experimentalismo é a

visualidade, a manipulação de elementos tanto puramente verbais como visuais e sonoros.

Pretende-se desse modo, apresentar análises que favoreçam não somente a perspectiva artística

e filológica, mas a linguística incluso. Tais análises, além de definir o experimentalismo português,

buscam demonstrar que a produção inicial de Alberto Pimenta se encaixa nos moldes desse

movimento. Buscam também demonstrar como a semiótica pode ser utilizada como suporte

teórico à obras que levam a manipulação linguística ao extremo. O estudo destas obras, além de

escasso na academia, é de grande proveito para demonstrar novas formas de manipulação e

visão da linguagem e de sua função poética.

Palavras-chave: experimentalismo, poesia, literatura portuguesa.

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LIVROS DIDÁTICOS E O ENSINO DE LÍNGUA INGLESA: POR ENTRE CONTEXTOS E

IDEOLOGIAS

Layanne Marques Coutinho ([email protected])

Orientadora: Marília Mendes Ferreira

Programa de Pós-Graduação: Estudos Linguísticos e Literários em Inglês

Mestrado

A apresentação oral no X EPED tem como principal objetivo alinhar o projeto de pesquisa, tendo

em vista que o atual estágio ainda é inicial e adaptações estão sendo feitas no que concerne à

viabilidade do projeto: instrumentos e o recorte do corpus da pesquisa podem sofrer modificações.

Atualmente, o levantamento bibliográfico sobre o objeto da pesquisa está sendo executado para

dar início a construção textual da dissertação. A motivação da pesquisa deu-se pela preocupante

situação da educação básica nas escolas públicas brasileiras, mais especificamente, no ensino de

língua estrangeira. O Programa Nacional do Livro Didático criado há 80 anos pelo governo federal,

com intuito de subsidiar o material didático do setor público de ensino, somente em 2011, após

anos de criação do programa, os professores de língua estrangeira tiveram o direito de ter sua

disciplina incluída, ou seja, este profissional participou de apenas 3 ciclos deste programa até o

momento: a escolha do insumo que oferece aos seus alunos ainda é novidade e a má avaliação

deste produto pode comprometer seu trabalho por pelo menos um ciclo (3 anos). Acreditamos que

uma alternativa para ajudar o professor nesta tarefa avaliativa seria a investigação dos contextos

e ideologias presentes nas coleções oferecidas pelo MEC e por essa razão, os pressupostos da

linguística sistêmico-funcional (Halliday (1985), Halliday & Hasan (1989), Eggins (1994/ 2004)

serão utilizados para análise do corpus, este composto por livros didáticos escolhidos no último

PNLD (2017-2019) destinados ao ensino fundamental II, buscando entender como os contextos

(situacional e de cultura) estão organizados textualmente e como foram influenciados

ideologicamente a partir das escolhas linguísticas apresentadas neste suporte de aprendizagem.

Palavras-chave: Linguística Sistêmico-Funcional. PNLD. Ensino de Língua Inglesa. Contextos e

Ideologias.

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O depoimento no Museu da Pessoa

Leonardo Gonçalves de Lima ([email protected])

Orientador: Manoel Luiz Gonçalves Corrêia

Programa de Pós-Graduação: Filologia e Língua Portuguesa

Mestrado

O Museu da Pessoa consiste em um museu virtual que coleta depoimentos de histórias de vida de

qualquer pessoa que queira contar sua história ou a história de alguma pessoa próxima a ela.

Fundado em 1991, até o começo de 2018, o museu reunia aproximadamente 17 mil depoimentos

e mais de 60 mil documentos digitalizados. Pode ser acessado através do endereço eletrônico

<http://www.museudapessoa.net/pt/home>. Os depoimentos são coletados pela equipe do museu

ou pelo internauta. Quando coletados pela equipe do museu, são realizados por meio de

entrevistas. Depois de coletados, passam por edição, baseada numa metodologia própria do

museu, denominada “Tecnologia Social da Memória”, e parte deles é disponibilizada no site, de

forma que essas partes são disponibilizadas de 3 maneiras: vídeo da entrevista, resumo da

história (criada pelo próprio museu) e transcrição ortográfica do depoimento (única parte completa

do depoimento). Diante das diferentes formas de apresentação dos depoimentos, o objetivo deste

trabalho é analisar como as formas de apresentação dos depoimentos em diferentes gêneros

parecem dar indícios da concepção de pessoa presente no Museu da Pessoa, pergunta central do

projeto de mestrado no qual este trabalho está inserido. Para tanto, foi selecionado o depoimento

intitulado “Amor a toda prova”, coletado em 2013, a partir do qual analisarei os três gêneros.

Como arcabouço teórico, parto da teoria dos gêneros do discurso de Bakhtin (2011 [1979]) e

Perelman & Tyteca (2005 [1958]), os quais discorrem a respeito da construção do auditório

universal na retórica. Como resultado, a disponibilização do depoimento em três gêneros parece

ser uma tentativa do museu de criar um auditório universal que possa se identificar com o

depoente independente da forma como é apresentada essa história.

Palavras-chave: Museu da Pessoa; Depoimento; Gênero Discursivo.

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Argumentação, Racionalidade e Cognição - uma abordagem discursiva

Letícia Fernandes de Britto Costa ([email protected])

Orientadora: Zilda Gaspar Oliveira de Aquino

Programa de Pós-Graduação: Filologia e Língua Portuguesa

Doutorado

A revista "O Bem-Te-Vi", na década de 1930, se destacou como o primeiro periódico voltado para

o público infantil a ser publicado no estado de São Paulo. Suas edições continham além de passa-

tempos e histórias para crianças, a seção "Página dos Pais", que trazia às mães conselhos para

criação de seus filhos. Tais textos chamaram nossa atenção para a questão das estratégias

argumentativas presentes no desenvolvimento desses discursos. Com o intuito de observar, de

um ponto de vista cognitivo e social, quais noções de racionalidade validam a estrutura

argumentativa do discurso da Página dos Pais, da revista "O Bem-Te-Vi", propomos uma

discussão a nível teórico de autores das áreas de Análise Crítica do Discurso (ACD), Filosofia da

Linguagem e Argumentação, que nos propicie uma correlação adequada de tais conceitos. Para

isso, buscamos nosso apoio em Habermas (2012), estudioso da Filosofia da Linguagem, o

conceito de racionalidade e sua aplicabilidade argumentativa; no que se refere aos estudos de

Argumentação, encontramos em Klein (1980) o apoio teórico a respeito das validades coletivas e

validades aceitáveis, e em Koch (1993) as noções sobre a seleção lexical, nossa principal

categoria de análise linguística; e, por fim, van Dijk (2000; 2012), pesquisador da ACD, nos

apresenta o conceito de modelos mentais, fundamental para nosso debate. Após a discussão

teórica, prosseguimos à análise da seleção lexical, cujos resultados foram observados com base

nas teorias de filosofia da linguagem e da ACD. Os resultados apontam para uma base racional

pautada em valores patriarcais, que valida os argumentos propostos nos discursos.

Palavras-chave: Discurso Infantil; Análise Crítica do Discurso; Argumentação.

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Do texto a textualidade na semiótica

Letícia Moraes Lima ([email protected])

Orientador: Ivã Carlos Lopes

Programa de Pós-Graduação: Semiótica e Linguística Geral

Doutorado

O texto, tão presente em nosso dia a dia, nas mais variadas práticas sociais, é o objeto de estudo

de diversas áreas das ciências humanas e sociais, recebendo diferentes acepções de acordo com

construto teórico assumido pelo pesquisador. Buscando contribuir para a problemática que se

insinua sobre a concepção do texto na semiótica, optamos por observar mais atentamente, nessa

apresentação, como tal conceito foi apropriado pela semiótica e vem sendo delineado até os dias

de hoje. Os procedimentos metodológicos da pesquisa dizem respeito I) à investigação da

herança hjelmsleviana do conceito de texto na obra de Greimas e seus desenvolvimentos,

sobretudo em Semântica Estrutural: pesquisa de método (1966), Semiótica e Ciências Sociais

(1976) e Dicionário de Semiótica (1979); II) à retomada do conceito de textualidade e

textualização na semiótica; III) à elaboração de um percurso textual que dê conta de explicar a

transformação do texto absoluto em texto-objeto. Os resultados da pesquisa mostram que se o

ponto de partida é a classe de classes, ao instalar a análise, essa deixa de ser uma grandeza

absoluta. Do ponto de vista da triagem, o percurso realizado é do texto absoluto ao objeto

empírico, perpassando por uma espécie de gramática textual e pela textualidade. A proposta

delineada, neste trabalho, é um recorte de uma pesquisa mais ampla, que tem por título “A noção

de texto na semiótica”, projeto de doutoramento, cadastrado no Departamento de Linguística, na

Universidade de São Paulo, e financiado pelo CNPq, sob a orientação do professor Dr. Ivã Carlos

Lopes.

Palavras-chave: texto, textualidade, textualização, Greimas, Hjelmslev

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AMADEU AMARAL À LUZ DO DISCURSO

Lígia Mara Boin Menossi de Araujo ([email protected])

Supervisor: Manoel Mourivaldo Santiago-Almeida

Programa de Pós-Graduação: Filologia e Língua Portuguesa

Pós-Doutorado

Esta comunicação é parte de nossa pesquisa de pós-doutorado que tem como material de análise

dissertações, teses, artigos produzidos por estudos no âmbito da Sociolinguística, da Dialetologia

e da Linguística Histórica. Nosso referencial teórico metodológico são os conceitos desenvolvidos

pela análise do discurso de matriz francesa, sobretudo, a noção de narrativa do acontecimento de

Guilhaumou (2009) e a de imagem de autor de Maingueneau (2006). A partir do surgimento de

diferentes narrativas nesse material de estudo, é que temos como objetivo investigar os efeitos de

sentido que ora refletem uma dada história já contada ora contribuem para a (re)escritura dos

fatos conforme novas reflexões; assim, os sujeitos, inseridos num lugar institucional e

determinados por certas regras sócio-históricas, constroem diferentes narrativas em torno de um

acontecimento, proporcionando (re)visitar um pensamento e trazer novas instâncias discursivas,

novos gestos de intepretação. Um dos fatos que justificam nosso trabalho é que não há um

enfoque discursivo sobre uma extensa e pertinente produção bibliográfica de estudiosos da

linguagem que cobrem, cronologicamente, o final do século XIX até o ano de 1940. Nossa

hipótese de pesquisa é a de que as narrativas do acontecimento acerca da obra O Dialeto Caipira

possibilitam o surgimento da imagem de um autor preconceituoso que contribui para produção do

estereótipo do caipira. Esperamos, dessa forma, articular o tratamento analítico dessa referência

na história do português brasileiro a partir do âmbito da descrição linguística para o da

interpretação, assim como compreender as suas relações com a história, a sociedade e a cultura.

Para isso, elencamos como arquivo, nos moldes de Foucault (1969), não a obra em si, ou o seu

conteúdo, todavia toda uma produção acadêmica em diferentes espaços teórico-metodológicos.

Palavras-chave: análise do discurso; narrativa do acontecimento; imagem de autor; Amadeu

Amaral.

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Escola Sem Partido: o papel da argumentação na construção discursivo-

argumentativa

Lucas Pereira da Silva ([email protected])

Orientador: Paulo Roberto Gonçalves Segundo

Programa de Pós-Graduação: Filologia e Língua Portuguesa

Aluno Especial

O programa Escola sem Partido, idealizado por Miguel Nagib, tem como cerne propor uma

suposta neutralidade no que tange aos modos de conduta no ambiente escolar, em especial por

parte dos professores. A fim de discutir o que denominam “assédio ideológico”, a proposta

circulava por grupos isolados de pais e responsáveis, ganhando notoriedade, porém, em 2015,

quando passou a ser debatida em câmaras municipais, assembleias legislativas e no Congresso

Nacional em forma de projetos de lei. O presente estudo tem como propósito analisar a

estruturação discursivo-argumentativa (GONÇALVES-SEGUNDO, 2014, 2017) de um conjunto de

30 textos opinativos circulantes em plataformas online, como portais de revistas e jornais, além de

blogs formadores de opinião, sobre tal Projeto de Lei. Para isso, toma-se como base os

pressupostos teóricos concernentes à abordagem cognitivista da Análise Crítica do Discurso

(HART, 2010, 2014), os estudos referentes à evidencialidade (BEDNAREK, 2006; CARIOCA,

2011; HANKS, 2014; MONTSERRAT GONZÁLEZ et al, 2017; MARÍN-ARRESE, 2011a, 2011b;

GONÇALVES-SEGUNDO, no prelo), bem como os pressupostos teóricos concernentes às teorias

de macroestruturação, funcionalidade e esquematização argumentativa (TOULMIN, 1958; VAN

EEMEREN, HOULTLOSSER, SNOECK HENKEMANS, 2007; GONÇALVES-SEGUNDO, 2016).

Com base em tais dados, será possível discutir os modos de funcionamento da ideologia no

ambiente não só da sala de aula, mas no escolar como um todo, além de questionar o propósito

subjacente ao Projeto, tendo como preliminar a ideia de manutenção de uma ordem social com

base no silenciamento de possíveis vozes resistentes. Por ora, apresentar-se-ão os resultados da

análise de um conjunto de textos elaborados pelo idealizador Miguel Nagib, escritos para a

Gazeta do Povo e a Folha de S. Paulo.

Palavras-chave: Linguística Cognitiva, Análise Crítica do Discurso, Argumentação, Escola sem

Partido.

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A construção e reconstrução de objetos de discurso nas propagandas de

instituições financeiras dos anos 80

Lucimar Regina Santana Rodrigues

Orientadora: Maria Lúcia C.V. O. Andrade

Programa de Pós-Graduação: Filologia e Língua Portuguesa

Doutorado

O objetivo deste trabalho é examinar a construção de objetos-de-discurso a partir da seleção

lexical em propagandas de instituições financeiras veiculadas em revistas dos anos 80, no Brasil.

O presente estudo é um recorte de um projeto maior sobre as propagandas de revistas impressas

no final do século XX e início do XXI, na perspectiva da multimodalidade. A análise será realizada

a partir da seleção do léxico presente no discurso constantes em duas propagandas do Banco

Real, veiculadas na revista Veja. A propaganda tem o importante papel de persuadir, convencer e

levar à ação pela palavra, em função disso, a linguagem da propaganda precisa ser atrativa e

motivadora. O grande desafio dessa modalidade de linguagem é levar o consumidor a se

interessar pela leitura e, por consequência, pelo produto, pelo serviço ou pela ideia propagada. Os

objetos-de-discurso se constroem a partir da seleção do léxico e da interação, imprescindível,

entre o enunciador e o leitor, posto que é da ativação dos conhecimentos partilhados que resulta

uma negociação para construção de sentidos. A construção de objetos-de-discurso envolve,

portanto, a colaboração entre os interlocutores, no caso das propagandas impressas, entre os

anunciantes e os leitores de revistas. Os anunciantes trazem em seus discursos, escolhas verbais

e visuais que remontam o discurso ideológico daquele momento histórico e social, por isso, o

estudo do contexto contribuirá para a percepção da relação entre linguagem e marcas ideológicas.

A fundamentação teórica está centrada nos postulados sobre discurso e contexto, de Van Dijk

(1997) e nas perspectivas teóricas sobre linguagem da propaganda, de Sandmann (2012) e

construção de objetos-de-discurso, de Ingedore Koch (2005).

Palavras-chave: propaganda; seleção lexical; instituições financeiras; objetos de discurso.

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Refutação e relações intersentenciais no ensino de argumentação: reflexões

iniciais

Luísa Bordin de Campos Leite ([email protected])

Orientador: Paulo Roberto Gonçalves Segundo

Iniciação Científica

Esta pesquisa visa a formular uma proposta de ensino de argumentação focada na correlação

entre os mecanismos lógico-semânticos e táticos e os processos de refutação. Embora os

Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN) prevejam que, ao longo dos ciclos, os alunos se tornem

capazes de identificar, selecionar, compreender e produzir argumentos consistentes no que diz

respeito aos diversos gêneros textuais trabalhados em sala, os professores de Língua Portuguesa

se deparam com dificuldades estruturais para guiar os estudantes, uma vez que tanto os materiais

didáticos quanto a própria formação docente ainda tendem a privilegiar métodos de ensino

classificatórios que enjeitam a reflexão acerca da língua(gem) e de seu uso. Nesse sentido, a

proposta a ser apresentada, ainda em seus primórdios, considerará, em primeiro lugar, os

pressupostos da Linguística Cognitivo-Funcional, que assume a significação como motor da

linguagem e considera o discurso e os sistemas cognitivos como fundamentais para uma

compreensão acurada sobre o funcionamento da linguagem (CUNHA, BISPO & SILVA, 2013).

Desse arcabouço, serão tomados, especialmente, os referenciais acerca das relações

intersentenciais a partir de Halliday (2004) e Neves (2007), que reconhecem a interação entre os

sistemas tático e lógico-semântico. Em segundo lugar, será levado em conta o estudo sobre a

argumentação, em especial da refutação, baseado em Toulmin (1958), van Eemeren et al. (2014)

e Gonçalves-Segundo (2016, no prelo). A proposta de ensino propriamente dita terá como base o

modelo de sequências didáticas de Dolz, Noverraz & Schneuwly (2004). Assim, espera-se, ao final

desta pesquisa, construir um material didático coerente com as necessidades de aprendizagem

dos alunos e, se satisfatório, capaz de fornecer aos professores subsídios para um trabalho mais

detido com um dos componentes centrais do processo de argumentação – a refutação – no

Ensino Básico, de modo a preparar os estudantes a empregar estratégias argumentativas de

forma mais refletida e autônoma.

Palavras-chave: Ensino. Argumentação. Refutação. Relações intersentenciais. Linguística

Cognitivo-Funcional.

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Um olhar sobre as Expressões Faciais e Linguem Coral em LIBRAS

Marcelo Antoni Enderson Almeida de Oliveira ([email protected])

Orientador: Felipe Venancio Barbosa

Programa de Pós-Graduação: Linguística

Mestrado

Este projeto de pesquisa insere-se na linha de pesquisa A linguística e sua interface com outras

ciências, teóricas e aplicadas, do programa de pós-graduação em Linguística do Departamento de

Linguística da Universidade de São Paulo, no qual refere−se a um estudo inicial sobre a influência

da linguagem corporal e expressões faciais nos processos discursivos de produção e

compreensão da língua brasileira de sinais (LIBRAS), pela perspectiva enunciativa do Círculo de

Bakhtin (2003), e do Reconhecimento Gramatical da Expressão Facial no discurso da Língua de

Sinais de Freitas (2017), na qual o estudo de interpretação da língua de sinais ganhou um caráter

multimodal, devido à consideração da simultaneidade entre sinais, linguagem corporal e

expressões faciais. Os dados foram obtidos através da captura das expressões faciais e

linguagem pelo sensor Microsoft Kinect e por um software de reconhecimento facial e foram

transcritos para o Português no software ELAN (EUDICO Language Annotator), seguindo a

proposta de McCleary, Viotti & Leite (2010). Embora em estágio inicial, a pesquisa aponta para

alguns aspectos discursivos relevantes sobre a LIBRAS, principalmente no que se refere à

dinâmica discursiva entre sinais manuais, linguagem corporal e expressões faciais na composição

de sentido nos enunciados, bem como na formação de modelos de padrões tanto das expressões

faciais e na linguagem corporal da LIBRAS. Outro aspecto observado no corpus é o uso de um

mecanismo discursivo quando não há uma marca temporal específica no enunciado, permite que,

por meio de uma neutralização de alguns elementos da enunciação, o tempo seja construído

espacialmente por meio da linguagem corporal.

Palavras-Chave: teoria enunciativa bakhtiniana, língua brasileira de sinais (LIBRAS), gênero

discursivo, linguagem corporal, expressões faciais.

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Por trás da cobertura jornalística: uma leitura semiótica das Jornadas de Junho, de

2013, e dos Protestos de Março, de 2015

Marcos Rogério Martins Costa ([email protected])

Orientadora: Norma Discini de Campos

Programa de Pós-Graduação: Linguística

Doutorado

Em junho de 2013, as tarifas de transporte público de São Paulo-SP foram reajustadas. Esse

aumento fez eclodir as manifestações de rua chamadas “Jornadas de Junho”. Inicialmente

organizadas pelo Movimento Passe Livre (MPL), essas manifestações se espalharam por todo o

País. Em março de 2015, depois de uma disputa presidencial acirrada, as ruas voltaram a ser

ocupadas por manifestantes. Só que dessa vez havia uma cisão entre apoiadores e opositores ao

governo da, então, presidente Dilma Rousseff. Esses dois capítulos recentes de nossa história

apontam fenômenos discursivos pertinentes às ciências sociais e da linguagem. Por isso, este

estudo os investiga a partir dos estudos da semiótica francesa (GREIMAS;COURTÉS, 2008;

FONTANILLE; ZILBERBERG, 2001) e dos da filosofia bakhtiniana (BAKHTIN, 2010;

VOLÓCHINOV, 2016). Para tanto, selecionamos como objeto de estudo o ator manifestante de

rua, que é entendido, semioticamente, como o sujeito do fazer que foi tematicamente construído

ao longo de suas repercussões midiáticas. O corpus coletado para a análise desse ator foram as

publicações da mídia impressa de dois jornais de grande circulação, a saber: Folha de São Paulo

e O Estado de São Paulo. As edições selecionadas foram aquelas publicadas durante as

manifestações de rua dos dois fenômenos: os jornais de junho de 2013 e os de março de 2015.

Durante a análise, investigamos como as duas mídias construíram figura e tematicamente o ator

manifestante de rua. Como resultados parciais, compreendemos que, em junho de 2013, o ator

manifestante foi massivamente disforizado pelos dois jornais, enquanto que, em março de 2015, a

depender do posicionamento político adotado pelo manifestante, ele poderia ser euforizado ou

disforizado pelo periódico. Desmonta-se, assim, o paradigma da imparcialidade da esfera

jornalística, bem como se evidencia que o fazer jornalístico conota os fenômenos do mundo

natural a partir de sua própria percepção sensível e ideológica.

Palavras-chave: Semiótica; Manifestações de rua; Ator; Jornal; Ideologia.

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Práticas de Escrita de Gêneros Acadêmicos: Análise Argumentativa de Artigos

Científicos no Curso de Direito

Margibel Adriana de Oliveira ([email protected])

Programa de Pós-Graduação: Filologia e Língua Portuguesa

O objetivo principal deste trabalho é apresentar reflexões sobre a produção de textos acadêmicos,

especificamente, artigos científicos de alunos da graduação em Direito. A atuação como docente

nesse curso, desde 2004, tem proporcionado observar que ao produzirem os artigos, os alunos

apresentam significativa dificuldade referente à argumentação, especialmente, ao selecionarem os

tipos de argumentos e as fontes de pesquisa. Dessa forma, justifica-se o investimento no estudo,

visto que é recorrente a inserção de citações de textos jornalísticos, coletados aleatoriamente da

internet, como forma de consubstanciar a fundamentação teórica dos artigos, o que pode se

constituir em um problema, porque uma grande parte dos sites de onde são retirados os textos,

não possuem avaliação ou aprovação de um conselho editorial científico universitário. Desta

forma, o trabalho está inserido na linha de pesquisa da Retórica e Argumentação, a qual servirá

como base do estudo, uma vez que já foi desenvolvida no doutorado (2010-2014) e continua

como a principal área de pesquisa. Além disso, por se tratar de áreas que também são de

interesse da pesquisa ora em desenvolvimento, os discursos jurídico e jornalístico serão tratados

no referencial teórico, o qual tomará por base: Perelman & Olbrechts-Tyteca (2005 [1958]), Mosca

(2004 [1997]) e Grácio (2013; 2012), relativos à retórica e argumentação. Quanto ao discurso

jurídico utilizaremos: Petri (2005 [2000]) e Henriques (2008). Para o discurso jornalístico: Ferrari

(2010) e Kucinski (2004), além de Motta-Roth & Hendges (2010), no que diz respeito à produção

textual acadêmica. Como procedimento metodológico será utilizada a análise de conteúdo

(Moraes, 1999), de trechos de aproximadamente 100 artigos, os quais foram produzidos em 2016

e 2017, em uma instituição de ensino superior particular.

Palavras-chave: Argumentação; Discurso; Produção textual.

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A teoria bakhtiniana e a escola francesa CLESTHIA/CEDISCOR na análise

comparativa discursiva

Maria Glushkova ([email protected])

Supervisora: Sheila Vieira de Camargo Grillo

Programa de Pós-Graduação: Filologia e Língua Portuguesa

Pós-Doutorado

O objetivo do presente trabalho é apresentar as ideias básicas, desenvolvidas no grupo de

pesquisa Diálogo (USP) e CLESTHIA-CEDISCOR da Université Paris III Sorbonne Nouvelle sobre

a análise comparativa discursiva entre as línguas e culturas diferentes. Este campo de pesquisa

ainda não está bastante desenvolvido no Brasil. São apresentadas as ideias das pesquisadoras

fransesas Sophie Moirand, Chantal Claudel e Patricia von Münchow. O conceito de tertium

comparationis, ou seja, a terceira parte de comparação será explicado. O conceito antigamente

era usado na área da retórica contrastiva e está tornando-se um conceito de grande importância

em todos os níveis de análise comparativa. O tertium comparationis será definido em função do

nível discursivo de análise, com base em conceitos que são comparáveis entre culturas e podem

ser aplicados em níveis variados da análise. O trabalho utiliza uma abordagem teórico-

metodológica para a análise comparativa de discursos no português do Brasil e em russo,

tomando como base as concepções bakhtinianas de enunciado, gênero discursivo, relações

dialógicas e estilo, presentes nas obras do Circulo, incluindo 'Marxismo e filosofía da linguagem:

problemas fundamentais do metodo sociológico na ciência da linguagem' de Valentín Volóchinov e

outros trabalhos da década de 1920, 'Estética da criação verbal', 'Os gêneros do discurso' de

Mikhail Bakhtin, entre outros. Durante o trabalho serão apresentados os exemplos de

comparação: análise comparativa da divulgação científica no Brasil e na Rússia, a análise das

entrevistas orais com cientistas na televisão e na rádio sobre a escassez de água, na qual foram

observadas duas abordagens distintas dos falantes em relação a seus públicos. No Brasil a

questão já configura um acontecimento discursivo, diferentemente do tom teórico que ela assume

na Rússia.

Palavras chave: Analise discursiva comparativa; Teoria bakhtiniana; Tertium comparationis;

Estudos comparativos.

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A proposta de Norman Fairclough e Philip Graham em “Marx as a critical discourse

analyst”

Mariana Gomes da Cruz ([email protected])

Orientador: Paulo Roberto Gonçalves Segundo

Programa de Pós-Graduação: Filologia e Língua Portuguesa

Mestrado

Como parte de uma pesquisa de pós-graduação em desenvolvimento na Faculdade de Filosofia,

Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo (FFLCH - USP), este trabalho

compreende a síntese de dois capítulos que constituem um aprofundamento no artigo “Marx as a

critical discourse analyst: the genesis of a critical method and its relevance to the critique of global

capital”, publicado em 2002 por Norman Fairclough e Philip Graham. Pretende-se apresentar as

principais ideias deste texto, considerando as noções apontadas como intersecção entre as ideias

marxistas e a Análise Crítica do Discurso (ACD) – sobretudo a abordagem faircloughiana, que se

coloca nesta posição comparativa ao propor tão diretamente um reconhecimento do marxismo na

ACD. Será necessário, no entanto, adotar uma postura crítica para compreender o que a

publicação deste artigo pode significar no atual momento de desenvolvimento dos estudos

discursivos nas ciências humanas, dada a forte influência pós-estruturalista e o embate entre esta

forma de pensamento desenvolvida na pós-modernidade e o materialismo histórico dialético. Para

isso, faremos uso das reflexões dos teóricos Alex Callinicos (1993) e Fredric Jameson (1992)

sobre a pós-modernidade e suas considerações sobre os problemas dessa corrente de

pensamento e seus efeitos na sociedade contemporânea. Espera-se que a discussão realizada

possa contribuir com o desenvolvimento de outras pesquisas que utilizam os pressupostos

faircloughianos para análise, ponderando a centralidade que este artigo pode vir a possuir no todo

da obra de Fairclough, indicando explicitamente o enfoque assumido no estabelecimento de

determinadas categorias presentes em sua metodologia, além de possibilitar uma reflexão sobre

os caminhos que estão sendo tomados pelos estudos discursivos.

Palavras-chave: marxismo; Análise Crítica do Discurso; materialismo; pós-estruturalismo.

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O enunciado político na imprensa: uma análise comparativa dos jornais O Estado

de S. Paulo e The Guardian

Mayara Feliciano Palma ([email protected])

Orientadora: Sheila Vieira de Camargo Grillo

Iniciação Científica

Esta pesquisa de iniciação científica propõe uma análise comparativa do discurso na esfera

jornalística por meio da comparação entre as primeiras páginas de dois jornais impressos que

circulam em comunidades etnolinguísticas distintas: O Estado de S. Paulo, pertencente à

imprensa brasileira (mais especificamente, à imprensa paulista), e The Guardian, pertencente à

imprensa britânica. As capas escolhidas para análise referem-se a três eventos políticos do ano

de 2016: o impeachment da presidente brasileira Dilma Rousseff, a vitória de Donald Trump nas

eleições americanas e a morte do líder cubano Fidel Castro. O objetivo central deste trabalho é

identificar, descrever e interpretar as culturas discursivas possíveis nas esferas jornalísticas

brasileira e inglesa mediante a comparação do tratamento linguístico e imagético (ou verbo-visual)

dado a esses três eventos por cada um dos jornais em suas capas, levando também em

consideração a relação que essas escolhas exercem com os fatores socioculturais de cada país e

apontando suas possíveis diferenças e semelhanças. Para tanto, iremos nos apoiar em conceitos

desenvolvidos por Bakhtin e o Círculo, e presentes principalmente nas obras Marxismo e filosofia

da linguagem – Problemas fundamentais do método sociológico na ciência da linguagem e Teoria

do Romance I – A Estilística, bem como nas ideias desenvolvidas pela Análise Comparativa de

Discursos do Cediscor.

Palavras-chave: Bakhtin; Imprensa; Análise comparativa.

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O elogio ao pintor: lugares-comuns de Quintiliano e Alberti no “Antiguidade da Arte

da Pintura”, de Félix da Costa Meesen, 1696

Monica Messias Silva ([email protected])

Instituto de Estudos Brasileiros (IEB/USP)

Ao elogiar a Arte da Pintura a fim de conquistar subsídios para a construção de uma academia de

Artes em Porutgal, Félix da Costa Meesen, no tratado “Antiguidade da Arte da Pintura”, aplica

lugares-comuns de Quintiliano e Alberti, entre outras autoridades, a fim de descrever como deve

ser o bom pintor. Esses lugares-comuns de Quintiliano provêm do último dos doze livros que

compõem a sua “Instituição Oratória”, datada do século I d. C., quando o professor de retórica

romano caracteriza como deve ser um bom orador. Mais tarde, no século XV, Leon Battista Alberti

seguirá os mesmos procedimentos retóricos de Quintiliano, todavia para tratar do bom pintor. A

obra de Alberti é o que conhecemos hoje como a primeira doutrina sobre pintura, o “Da Pintura”.

Por conseguinte, Félix da Costa Meessen, ainda no final do século XVII, realiza operações na

chave do decoro de Quintiliano e Alberti, em que o discurso é convencionado de acordo com o

lugar-comum do artifex bonus, congruente para enaltecer tanto um bom orador quanto um bom

pintor. Trata-se de um locus retórico que é emulado e convertido em expressões comumente

usadas por tratadistas na composição de elogios. O tratado manuscrito de Félix da Costa Meesen

foi transcrito para o português atual em uma edição modernizada e, atualmente, encontra-se

disponível na Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da USP como Dissertação de Mestrado

defendida em dezembro de 2017 intitulada “Antiguidade da Arte da Pintura, sua nobreza, divino e

humano que a exercitou, e honras que os monarcas fizeram a seus artífices - Félix da Costa

Meesen - 1696: texto modernizado e análises”.

Palavras-chave: Retórica; Lugar-comum; Arte; Pintura; Elogio.

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Discurso e Situação de Rua

Natalia Penitente Andrade ([email protected])

Orientador: Décio Bessa da Costa

Iniciação Científica

Nosso propósito é o de examinar, partindo das pesquisas de C. Hill (2003) e Q. Skinner (1999) o

valor conferido por Hobbes à Retórica e à leitura da Bíblia na perspectiva da Política. Hobbes

procura persuadir o leitor com os recursos da Retórica, cujo uso ele criticara, enquanto mero

artifício dos parlamentares, mas ao mesmo tempo reconhecera seu valor para alcançar a

finalidade de seu discurso, isto é, alcançar a adesão do público leitor, visando convencê-lo de que

seus argumentos são baseados em premissas verdadeiras, que o Estado por ele concebido tem

uma base racional e que, além disso, suas teses são sustentadas pela Palavra de Deus, visto que

seu pensamento político era corroborado pela Bíblia. Procuraremos, pois, demonstrar como

Hobbes valorizou a Retórica e como encontrou uma nova chave hermenêutica da Bíblia, lendo-a

na perspectiva da Política e mostrando que teses como a da teoria do consentimento, da

soberania absoluta e da submissão da Religião ao Estado são corroboradas pelo livro sagrado.

Por um lado, Hobbes reconheceu a importância da Retórica para a exposição de argumentos que,

ainda que verdadeiros filosoficamente, não alcançavam o grande público devido à sua forma

erudita de exposição. Por outro, como a Bíblia era o livro por excelência na Inglaterra do Séc.

XVII, eles buscou persuadir seus leitores com referências constantes a ela, principalmente nas

obras Do Cidadão e Leviatã. Enfim, o trabalho se propõe a fazer uma leitura do uso da Retórica e

da Bíblia por Hobbes nos dois livros citados, o primeiro um texto erudito, cujas teses principais

foram retomadas com amplo recurso à Retórica no segundo, cujo título é endossado pelo texto de

Jó que aparece no alto de sua capa, o qual Hobbes interpretou em relação ao Estado ou Leviatã:

“Não há na Terra poder que se lhe compare”.

Palavras-chave: Análise de Discurso Crítica; Situação de rua; Mudança; Práticas Sociais.

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A heterogeneidade constitutiva de Português: Linguagens

Nathalia Akemi Sato Mitsunari ([email protected])

Orientadora: Maria Inês Batista Campos

Programa de Pós-Graduação: Filologia e Língua Portuguesa

Mestrado

O trabalho a ser apresentado investiga como o discurso autoral, no capítulo de produção de texto

"A crítica" de Português Linguagens (2013), volume 2, prepara o aluno não apenas para eventuais

práticas linguísticas, mas também para a compreensão da realidade, sem rejeitar as exigências do

Exame Nacional do Ensino Médio e dos vestibulares mais prestigiados no país. O livro didático de

língua portuguesa em questão foi o mais vendido entre os aprovados pelo Programa Nacional do

Livro Didático (PNLD) de 2015, e o capítulo “A crítica”, em especial, instigou-me, não só porque

trata do discurso do outro, mas também porque o faz através da linguista francesa Jacqueline

Authier-Revuz. Tomando o livro didático como gênero discursivo, foi analisado, neste estudo,

como o discurso autoral re(a)presenta seus objetos de ensino e o discurso do outro, levando-se

em consideração a avaliação apreciativa dos autores e editores em relação a uma esfera de

produção, a uma esfera de avaliação e a uma esfera de circulação. Resultado de estudos feitos

em Língua, Discurso e Ensino, em disciplina homônima ministrada pela Professora Doutora Maria

Inês Batista Campos, durante o primeiro semestre de 2017 na Universidade de São Paulo, este

trabalho se fundamenta na metodologia da teoria dialógica do discurso que evidencia a

produtividade do encontro entre pesquisas em gêneros do discurso e práticas de ensino. Como

resultado, constata-se a importância de, na elaboração de livros didáticos de língua portuguesa,

atentar-se não só à escolha dos objetos de ensino, mas também à re(a)presentação do discurso

do outro que, na heterogeneidade mostrada do discurso autoral, gera julgamentos de valor em

relação ao que seria um ensino de língua materna e a uma expectativa interlocutativa, pertinente à

pesquisa a ser feita durante meu mestrado.

Palavras-chave: Análise dialógica do discurso; Livro didático de língua portuguesa; Discurso

autoral; Escrita.

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Dos males que a ti vêm, abra, Pandora: abstrações sobre um estudo da

esquizofrenia sob a luz dos estudos linguísticos cognitivos

Paulo Henrique Franco Cavalheiro ([email protected])

Orientador: Paulo Roberto Gonçalves Segundo

Programa de Pós-Graduação: Filologia e Língua Portuguesa

Aluno Especial

Sob um ponto de vista determinista, a esquizofrenia, condição que atinge cerca de 1% da

população mundial, é considerada a desestruturação psíquica no qual o indivíduo perde,

paulatinamente ou abruptamente, a noção de realidade, fazendo com que sua manifestação

interacional seja comprometida, ao menos sob os ditames sociais. Entretanto, de acordo com

Segundo (2017), a relação do discurso “deslocado” do indivíduo com os padrões e esquemas

mentais compartilhados socialmente (senso comum) parece ser resultado da relação corporal e

química com o mundo social que a pessoa interage. Tal percepção de estudos, oriunda da

linguística cognitiva, nos fornece suporte teórico adequado para que possamos compreender esse

fenômeno neural, como a relação nature x nurture, esquemas mentais e enação. Além disso,

como percebe Dijk (2006), é de interesse desse campo de estudos que se analisem esses

distúrbios, pois os esquemas mentais e modelos de contexto deficientes, causados pelo dano

neural ao indivíduo, ditam uma percepção atípica, que, uma vez sendo a cognição corporeada,

tende a propiciar a iminência de discursos que não engendram os esquemas contextuais previstos

pela sociedade em que se encontram, fazendo com que seu discurso não encontre com facilidade

um ouvinte que esteja disposto a traduzir seu discurso, o estigmatizando. Desse modo, nossa

ideia de projeto de doutoramento busca reunir ideias e analisar o discurso do indivíduo

esquizofrênico e, sob a luz das teorias da linguística cognitiva moderna, sobretudo nos apoiando

em Djik (2006), Evans (2006) e Hart (2014), buscarmos uma sólida base teórica que permita

compreender o indivíduo esquizofrênico e seu discurso, propiciando uma maior integração desses

na sociedade, estudo esse que tem como fim buscar uma maior aceitabilidade desses indivíduos

na sociedade, reduzindo a pressão social que o estigma produz.

Palavras-chave: discurso; cognição; esquizofrenia.

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“O ensino da adjunção adnominal na escola: reflexões críticas”

Sabrina Nascimento de Alencar ([email protected])

Orientador: Paulo Roberto Gonçalves Segundo

Iniciação Científica

A proposta desta apresentação é examinar a forma como a classe sintática dos adjuntos

adnominais é abordada nos livros didáticos de gramática da Língua Portuguesa, compreendendo,

principalmente, o material usado para os últimos anos do Ensino Fundamental II e para os

primeiros do Ensino Médio. Com o objetivo de promover um estudo mais aprofundado e pertinente

conforme a análise exigida por cada setor de abordagem (o teórico e o prático), a estrutura divide-

se em duas partes: a que se debruça sobre as conceituações da classe sintática a partir de

diferentes perspectivas e a que se volta para os exercícios cuja finalidade é trabalhar o emprego

dos adjuntos no campo textual. Em ambas as ramificações, faz-se necessário o apoio em artigos

relativos à ancoragem nominal (Langacker, 2008; Isola-Lanzoni, 2017), à referenciação (Koch,

2014), e ao campo didático do ensino de gramática (Travaglia, 2013; Moura Neves, 2002) a fim de

sustentar consistentemente as conclusões extraídas a partir desse diagnóstico crítico e reflexivo

sobre o ensino de adjuntos adnominais em sala de aula. A questão da ancoragem e da

referenciação são fundamentais para apresentarem uma perspectiva mais profunda e ampla a

respeito de elementos envolvidos na esfera do processo de adjunção, cuja função está

relacionada, em primeira instância, ao estabelecimento de uma referência no universo discursivo,

o que envolve a construção de subtipos categoriais, o estabelecimento da extensão de conjuntos

e a identificação dos referentes em face do conhecimento enciclopédico, do conhecimento

partilhado e do cotexto. Tais finalidades são indispensáveis para a compreensão mútua, visto que

o adjunto adnominal é um dos mecanismos responsáveis por garantir a progressão referencial,

seja na escrituralidade, seja na oralidade. Esse processo, no entanto, não é integralmente

considerado e explorado pelo material didático do Ensino Básico, pois este prioriza um tratamento

mais simplificado, que deu margem a uma conceituação insatisfatória dos adjuntos – entendidos

como elementos acessórios – cuja verdadeira relevância para a linguagem é, portanto,

negligenciada. Esta pesquisa, como um todo, visa justamente a apresentar uma discussão e uma

proposta de sequência didática que recupere o valor semântico-pragmático e textual desse

componente gramatical.

Palavras-chave: ancoragem nominal; adjunto adnominal; referenciação; ensino; material

didático.

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Entre Memes e Campanhas: Análise de uma cadeia de gêneros digitais

Sergio Mikio Kobayashi ([email protected])

Orientador: Paulo Roberto Gonçalves Segundo

Programa de Pós-Graduação: Filologia e Língua Portuguesa

Mestrado

Este trabalho apresentará uma perspectiva teórica sobre os Memes da internet e realizará uma

análise ilustrativa a partir desta formulação. Para isso, percorremos um caminho teórico das

noções básicas a respeito da constituição do Meme, desde sua concepção biológica até sua

inserção nos meios digitais, nos apoiando principalmente nas contribuições de Richard Dawkins

(1979) e Limor Shifman (2013). Em seguida, realizamos uma análise experimental do Meme

"Bela, Recatada e do Lar", observando a forma com que a retratação da mulher foi contraposta à

perspectiva apresentada pela reportagem, nesse sentido utilizaremos a perspectiva da Análise

Crítica do Discurso, apoiada em autores como Fairclough (2010) e Wodak (1999). O objetivo

principal deste trabalho, resultante de uma pesquisa de Mestrado em andamento, é traçar as

características ideológicas que sustentam cadeias de gênero formadas na internet, tomando como

centro o gênero Meme e os textos que, por um lado, emergem de sua instanciação e, por outro,

lhe servem de mote, de modo a compreender suas relações com os diversos movimentos sociais

(sejam eles digitais ou não) que dialogam durante o processo de ressignificação de uma

Campanha. Como resultados parciais que serão apresentados, pudemos observar como o

processo de concorrência e seleção garantem uma maior ou menor inserção social do que é

replicado, a depender do contexto sociocultural em que está inserido; assim como os

desdobramentos em outros textos estão correlacionados às estruturas sociais que

constantemente são debatidas nas redes digitais.

Palavras-Chave: Cadeia de Gênero, Campanha Digital, Memes.

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O ensino do francês por meio de gêneros textuais: o que dizem os professores

sobre suas sequências didáticas

Suélen Maria Rocha ([email protected])

Orientadora: Eliane Gouvêa Lousada

Programa de Pós-Graduação: Estudos linguísticos, literários e tradutológicos em francês

Doutorado

Dentro do ensino de francês como língua estrangeira (FLE) que adotamos, ou seja, através dos

gêneros textuais, na linha interacionista sociodiscursiva - ISD (Bronckart, 1999, 2006), as

pesquisas do Grupo Alter-Age CNPq foram até então, sobretudo, voltadas para a análise do

desenvolvimento das capacidades de linguagem dos alunos (Lousada; Rocha, 2014; Guimarães-

Santos, 2013; Melão, 2014; Rocha, 2014; Sumiya, 2016). Entretanto, falta investigar como a

perspectiva dos gêneros textuais chega efetivamente na sala de aula e como o professor se

apropria das ferramentas oferecidas pela engenharia didática (Dolz, 2016) para realizar seu

trabalho. O objetivo dessa pesquisa doutoral é analisar o desenvolvimento do professor ao

elaborar e aplicar os seus materiais didáticos para o ensino do FLE dentro de um contexto

formativo. A partir dos métodos de análise do trabalho da Clínica e da Ergonomia da Atividade

(Clot, 1999; Faita, 2004), realizamos entrevistas de auto confrontações simples e cruzada (Clot et

al, 2000) com os professores participantes da Formação piloto, realizada em 2017, intitulada

“Ensinar francês a partir de gêneros textuais”. Após uma análise preliminar da infraestrutura geral

das transcrições, reconhecemos os conteúdos temáticos mobilizados na interação (Bronckart,

1999). Assim, podemos dividi-los em dois grupos: dilemas relacionados ao trabalho do professor

de FLE, como a gestão dos turnos de fala dos alunos, a comanda das atividades, a coerção

temporal, a personalidade dos alunos; bem como dilemas relacionados ao trabalho com os

gêneros textuais proposto: a dinâmica ou a falta dela na atividade de produção escrita, o próprio

objeto de ensino a escolha do texto da sequência didática. Para esta comunicação, apresentarei

os resultados preliminares da análise de um excerto da transcrição da entrevista de auto

confrontação cruzada, procurando delinear a progressão temática em torno do conflito vivido por

uma das professoras com relação a produção escrita dos alunos

Palavras-chave: interacionismo sócio discursivo; formação; gêneros textuais, língua estrangeira.

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As implicações de Humboldt na filosofia da linguagem de Volóchinov

Taciane Domingues ([email protected])

Orientadora: Sheila Grillo

Programa de Pós-Graduação: Filologia e Língua Portuguesa

Mestrado

Resumo: esta pesquisa de mestrado é filiada ao programa em Filologia e Língua Portuguesa do

DLCV-FFLCH/USP da linha “Teorias do Discurso”. Debruça-se sobre a Filosofia da Linguagem do

Círculo de Bakhtin (anos 1920), especificamente sobre a obra de Valentin N. Volóchinov Marxismo

e Filosofia da Linguagem: Problemas fundamentais do método sociológico na ciência da

linguagem (MFL), de 1929 – retraduzida diretamente do original russo pelas professoras Sheila

Grillo (USP) e Ekaterina Volkova Américo (UFF). Nesta obra, o alemão Wilhelm von Humboldt,

considerado um dos autores de maior influência no desenvolvimento da linguística russa, é

também um dos principais interlocutores de Volóchinov na constituição da filosofia marxista da

linguagem; as interrelações entre ambos são o objeto de nossa pesquisa. O objetivo desta

comunicação é dar a conhecer o escopo de nosso trabalho, ainda em fase inicial, que compara

ambas teorias sobre o discurso: a idealista alemã de Humboldt e a marxista de Volóchinov.

Metodologia: a) discorrer sobre os conceitos principais da filosofia humboldtiana e, a partir desses

conceitos, clarificar as relações entre pensamento e língua no idealismo; b) discorrer sobre os

conceitos principais da filosofia marxista e, da mesma forma, clarificar as relações entre

pensamento e língua no marxismo do Círculo e c) comparar ambos autores segundo os

resultados anteriores. Para discorrer sobre Humboldt, recorreremos à sua fortuna crítica, assim

como a ensaios do linguista no original alemão. Da mesma forma, o trabalho sobre o Círculo se

dará com apoio em sua fortuna crítica, além de traduções do russo para o português e o inglês.

Os resultados previstos provavelmente gravitarão em torno dos conceitos de dialética e

dialogismo de ambos autores, palavras-chave que marcaram nossa pesquisa de Iniciação

Científica sobre MFL e outro idealista (seguidor de Humboldt), Karl Vossler.

Palavras-chave: Humboldt; Volóchinov; Círculo de Bakhtin; Filosofia da Linguagem; Discurso.

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Os intertextos no filme As horas: uma análise sincrética

Taís de Oliveira ([email protected])

Orientadora: Elizabeth Harkot de La Taille

Programa de Pós-Graduação: Estudos Linguísticos e Literários em Inglês

Doutorado

A partir do conceito de intertextualidade conforme estudado na área da teoria semiótica discursiva

(GREIMAS; COURTÉS, 2008 [1979] & GREIMAS; COURTÉS, 1986), analisamos, neste trabalho,

o filme As horas (orig. The Hours, dir. Stephen Daldry, 2002). Mostramos, em nossa análise, como

as diversas linguagens sincretizadas no filme trabalham em conjunto para trazer à tona os

intertextos nele presentes e construir os efeitos de sentido em seu espectador. Nossas principais

bases teóricas foram Fiorin (2003), texto base para o estudo da intertextualidade em textos

verbais neste seio teórico, e Dondero (2209), que estuda, na contemporaneidade, a

intertextualidade em textos visuais. Aqui, encontramos dois conceitos de grande valia para esta

análise: o de intertextualidade genérica (aquela entre uma obra e um gênero) e o de

intertextualidade intrasserial (aquela entre obras de uma mesma série). A primeira aparece em As

horas com relação ao gênero natureza morta. Já a segunda, adaptamos para o que chamamos de

simulacro de intertextualidade intrafílmica – ‘simulacro’ já que as três histórias mostradas no filme

não constituem textos independentes, e por isso essa relação não pode ser considerada de fato

intertextual. Trata-se de um dos efeitos de sentido do filme: é como se o espectador estivesse

diante de três narrativas distintas que se intercalam e se entrelaçam. Propomos, também, em prol

da completude da análise, novas categorias intertextuais, como a actorial e a biográfica, aquela

relativa à construção das personagens e esta relativa à inspiração de nosso corpus na biografia

da escritora Virginia Woolf; as duas estando estritamente relacionadas uma à outra, já que há

várias personagens do filme baseadas em pessoas que viveram ao redor da escritora inglesa.

PALAVRAS-CHAVE: intertextualidade; sincretismo; cinema; semiótica.

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JOGOS EDUCACIONAIS DE DIREITOS HUMANOS E ANTIBULLYING: VALORIZAÇÃO

DA DIVERSIDADE OU APAGAMENTO DAS DIFERENÇAS?

Talitha Paratela ([email protected])

Orientadora: Maria José Coracini

Programa de Pós-Graduação: Linguística Aplicada (UNICAMP)

Mestrado

O estabelecimento das Diretrizes Nacionais para a Educação em Direitos Humanos, em 2012, e

do Programa de Combate à Intimidação Sistemática (Bullying), em 2015, promoveram mudanças

no conteúdo tratado nas salas de aula brasileiras. Além da inserção dos temas transversais nas

disciplinas ministradas na rede pública de ensino, essas medidas determinam a confecção de

ferramentas didáticas em defesa dos direitos humanos. Em vista disso, à luz da teoria discursivo-

desconstrutiva, pensada por Maria José Coracini e pautada nos escritos de Michel Foucault,

Jacques Derrida, Sigmund Freud e Jacques Lacan, analisaremos dois jogos infantis paradidáticos:

um é a cartilha Chega de Bullying, produzida pelo Cartoon Network, em parceria com a Secretaria

de Educação do Estado de São Paulo, a Plan International e a Organização dos Estados Ibero-

americanos (OEI); o outro é o Jogo da Igualdade e das Diferenças, desenvolvido pela ONG

Recimam e pela Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP). Partindo do pressuposto de que

brincadeiras associam-se a representações do social e traços da cultura na qual estão inscritas,

trabalhamos com a hipótese de que as atividades lúdicas, apesar de visarem à pluralidade,

recorrem ao pensamento dicotômico, homogeneizando e apagando as singularidades dos sujeitos

representados. Nosso objetivo é contribuir com os estudos sobre linguagem, sujeito e identidade,

pensar na forma com que a concepção de educação para a diversidade influencia a elaboração de

recursos utilizados como apoio aos livros didáticos obrigatórios, verificar como os jogos em

questão mobilizam representações sociais para a constituição identitária, e refletir sobre o

discurso que fundamenta a chamada educação em direitos humanos. Nesta conferência, vamos

expor os resultados parciais de nossa investigação e relacioná-los à temática do mal-estar na

cultura, presente na obra freudiana.

Palavras-chave: Bullying. Direitos Humanos. Paradidáticos. Mal-estar.

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Olhares cognitivo-funcionais sobre o ensino de vozes verbais na escola: desafios e

propostas

Thabata Dias Haynal ([email protected])

Orientador: Paulo Roberto Gonçalves Segundo

Iniciação Científica

Através da perspectiva da linguística cognitivo-funcional e partindo das considerações de

Lemmens (1995, 2012), Neves (2002), Almeida (2003) e Segundo (2017) foi elaborada uma

proposta de transposição didática partindo do conteúdo linguístico acadêmico referente às vozes

verbais para um possível uso nas aulas de gramática no Ensino Fundamental II e Médio. Muito se

discute sobre a necessidade de uma nova abordagem gramatical escolar, no entanto, as reflexões

se limitam, muitas vezes, a exibir os problemas; através deste trabalho buscamos elaborar uma

proposta de intervenção prática tendo como base um dos conteúdos sintático-semânticos mais

negligenciados pela gramática normativa, as vozes verbais. O projeto está em sua etapa final: na

elaboração de um material didático teoricamente embasado e factível, pensado para um uso real

em sala de aula. O objetivo desta comunicação é trazer as questões levantadas durante o

processo, bem como suas dificuldades e objetivos alcançados na conclusão deste projeto de

iniciação científica. O processo foi constituído a partir da seleção do corpus teórico, posterior

análise crítica de materiais didáticos atualmente usados em ambientes escolares, tais como

Abaurre, Abaurre e Pontara (2012) e Cereja (2008), e conseguinte construção e produção de um

material didático que aborde o tema das vozes verbais sob o olhar da linguística cognitivo-

funcional. Apresentaremos o material em sua fase final de elaboração e ele será posto em

discussão para que, em diálogo, possamos pensar em novos caminhos para o ensino de

gramática escolar.

Palavras-chave: vozes verbais, ensino, materiais didáticos, transposição didática.

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O gênero gramatical no Português Brasileiro a partir da Linguística Funcional

Centrada no Uso: estudos preliminares

Vivian de Ulhôa Cintra Bernardo ([email protected])

Orientador: Paulo Chagas de Souza

Programa de Pós-Graduação: Semiótica e Linguística Geral

Mestrado

O gênero gramatical no Português Brasileiro (PB) pode ser categorizado entre o “marcado” e o

“não marcado”, nos termos de Câmara Jr (1966), ou entre “feminino” e “masculino”,

respectivamente. A primeira categorização implica que os sufixos –o e –a de palavras como

‘menino’ ou ‘aluna’, por exemplo, não seriam marcas de gênero, mas sim vogais temáticas. No

entanto, procuramos investigar se os falantes identificam, em determinadas palavras, gêneros

gramaticais que, então, relacionam a gêneros sociais, independentemente de considerarmos se,

na teoria gramatical, trata-se de um gênero marcado e um não marcado ou de duas classes de

gêneros diferentes (feminino e masculino). Sendo assim, o fato de o gênero masculino coincidir

com a ideia de “genérico”, no PB, talvez sofra influência de uma possível associação, por parte

dos falantes da língua, dos gêneros gramaticais a gêneros biológico-sociais. Para compreender a

existência e o uso desse masculino genérico no PB, parece-nos relevante considerar alguns

fenômenos comumente estudados pela vertente da Linguística Funcional Centrada no Uso,

conforme os escritos de Bybee (2010), Langacker (2008) e Lakoff & Johnson (1987). Entre esses

fenômenos, interessam-nos, principalmente, a metáfora e aqueles caracterizados por Bybee

(2010) como sendo de domínio geral, que impactam a configuração da gramática — em especial,

categorização, associação transmodal, memória enriquecida, analogização. Nesta comunicação,

pretendemos apresentar, como resultados parciais, que falantes tendem a não reconhecer que o

masculino genérico inclui seres femininos na mesma proporção que reconhecem a inclusão de

seres masculinos. Por fim, discutiremos se os usos (e, por extensão, as compreensões que os

falantes fazem deles) da marcação de gênero no PB mostram-se influenciados por pressões

metafóricas, ou ainda por outros processos cognitivos, e como isso parece ocorrer.

Palavras-chave: gênero gramatical; morfossintaxe; Linguística Funcional Centrada no Uso.

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O desenvolvimento da competência leitora em aulas de língua materna: análise de

réplicas de leitura por meio de produção escrita

Viviane Dinês de Oliveira Ribeiro Bartho ([email protected])

Orientadora: Norma Seltzer Goldstein

Programa de Pós-Graduação: Filologia e Língua Portuguesa

Doutorado

Uma escola democrática tem como objetivo principal o desenvolvimento da cidadania, a qual

pressupõe a competência leitora: capacidade de realizar uma leitura crítica, de estabelecer

verdadeiras réplicas aos textos lidos. Nas aulas de língua materna, quando é solicitada aos alunos

a leitura de um texto e, na sequência, uma produção escrita que permita avaliar o processo de

leitura, são observados, comumente, dois fenômenos: a) reprodução truncada das ideias do autor

dos textos lidos: indícios de compreensão incompleta ou mera retomada parcial de sentidos; e b)

emissão de opinião pessoal, que se limita à supervalorização da própria intuição, em detrimento

das ideias apresentadas pelo autor. Embora as relações de alteridade e a dialogia sejam inerentes

à leitura e a toda produção de linguagem humana, esses processos podem, sob uma postura

monológica do sujeito, serem apagados no processo de leitura cuja verificação revela a ocorrência

de efeitos monofônicos (BARROS, 2011), e não, polifônicos, caso em que a pluralidade das vozes

sociais em interação seria ouvida / lida. A produção de textos resultantes da leitura, pela tendência

monofônica, revela a dificuldade dos alunos em realizar a leitura como uma forma de estabelecer

verdadeiras réplicas. O objetivo, neste momento de nossa pesquisa de doutorado, foi analisar, sob

pressupostos teóricos de Bakhtin em interface com conceitos da Análise do Discurso Francesa,

produções de texto de alunos da uma unidade de ensino público federal. Embora todo texto possa

ser considerado uma réplica, muitas vezes, essa réplica pode não ser satisfatória a uma formação

autônoma e crítica. Apresentaremos resultados iniciais na forma de indícios que apontam dois

tipos de textos: 1) os que podem ser considerados verdadeiras réplicas – ou, ao menos, réplicas

razoáveis, que demonstram leitura dialógica; 2) os que não podem ser considerados réplicas, por

não revelarem uma leitura suficientemente crítica por parte dos respectivos autores.

PALAVRAS-CHAVE: Ensino de Língua Materna; Leitura crítica; Dialogia; Efeitos de monofonia e

de polifonia; Réplicas discursivas.

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Gênero e Empatia no YouTube: desafios teórico-metodológicos

Winola Weiss ([email protected])

Orientador: Paulo Roberto Gonçalves-Segundo

Programa de Pós-Graduação: Filologia e Língua Portuguesa

Mestrado

O objetivo deste trabalho é tecer considerações iniciais sobre uma pesquisa de mestrado sobre

gestos de empatia/antagonismo (CAMERON, 2013; GONÇALVES-SEGUNDO; RIBEIRO, 2016)

em vídeos do YouTube marcados por especificidades de gênero, isto é, compostos

exclusivamente por homens ou exclusivamente por mulheres. O foco da pesquisa recairá sobre as

diferentes estratégias linguístico-discursivas de empatia/antagonismo articuladas pelos atores

sociais entre si e para com o público. A investigação se apoia nas discussões da teoria feminista

sobre masculinidades e feminilidades, buscando entender como certos youtubers desafiam ou

mantêm comportamentos estereotipados entre si e para com o público e como representam

pessoas cisgêneras do gênero oposto. No caso dos vídeos de mulheres, também interessa

ponderar sobre a aposta ética da sororidade: a eliminação da misoginia internalizada e a estética

da gentileza (LAGARDE, 2001). A opção pelo corpus audiovisual presente no YouTube se dá pela

proeminência dessa rede social para a exposição de opiniões, disseminação de informações e

notícias, entretenimento e ativismo. Assim, é possível encontrar os mais diversos discursos acerca

de homens e mulheres, bem como sobre equidade de gênero, emancipação das mulheres e as

táticas necessárias para tal empreendimento. Será discutida, ainda, a relevância dos

pressupostos teóricos da Linguística Cognitiva (FALCONE, 2008; FAUCONNIER, 1999; LAKOFF,

1980), da Linguística Sistêmico-Funcional (MARTIN; WHITE, 2005) e da Análise Crítica do

Discurso (FAIRCLOUGH, 2003) para a investigação dos gestos de empatia/antagonismo. Essa

combinação é especialmente profícua porque permite a depreensão de padrões ideacionais,

interacionais e estilísticos tanto do contexto social e discursivo, como também dos âmbitos

linguístico e cognitivo, configurando a tríade cognição-discurso-sociedade, essencial para esta

investigação.

Palavras-chave: Análise Crítica do Discurso; Empatia; Feminismo; Linguística Cognitiva;

Linguística Sistêmico-Funcional.

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O uso da metonímia no Fédon de Platão

Yasmin Jucksch ([email protected])

Orientador: Roberto Bolzani Filho

Programa de Pós-Graduação: Filosofia

Doutorado

O Fédon é um diálogo platônico sui generis no que se refere à abordagem da natureza da alma

por Platão. A despeito da complexidade anímica exibida em outros diálogos (p. ex. República,

Fedro e Timeu), no Fédon encontramos uma alma aparentemente simples e uniforme. No entanto,

é possível supor que este deslocamento de sentidos não se dá como uma mudança conceitual,

mas como um expediente discursivo útil aos propósitos específicos do Fédon. Se nos outros

diálogos o escopo central era a descrição da natureza da alma e das relações entre suas partes,

agora, no Fédon, o problema gira em torno do modo como a alma se relaciona com tudo que seja

corpóreo. Desse modo, Platão privilegia agora a peleja entre alma (psyché) e o corpo (sôma)

buscando iluminar os entraves gnosiológicos, éticos e afetivos que o corpo impõe à alma. No

entanto, uma análise mais detida nos revela que o corpo, no Fédon, possui os mesmos desejos e

impulsos das partes irracionais indicadas nos outros diálogos, e que o papel da alma no Fédon

corresponde ao da parte racional nos textos citados. Isso equivaleria a uma transfiguração

discursiva operada através do recurso da metonímia de forma bastante radical, não só porque o

termo sôma parece referir-se aos desejos e repulsas individuais provenientes de diferentes partes

da alma, mas porque parece referir-se também de forma mais ampla a tudo que seja fenomênico

ou corpóreo (temporal, mutante, sensível). Desejamos portanto argumentar a favor da leitura da

dicotomia entre sôma e psyché como uma metonímia usada perspicazmente por Platão para

referir-se ao conflito entre, de um lado, os desejos das partes irracionais e os fenômenos por elas

desejados ou confrontados, e, de outro, a inteligência iluminada que deseja voltar-se para o ser.

Palavras-chave: metonímia, Platão, discurso, Fédon.