Caderno Tecnico Didatico de Judô

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    Presidente da Repblica Federativa do BrasilJoo Figueiredo

    Ministro da Educao e Cultura

    Esther de Figueiredo Ferraz

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    CADERNO TCNICO-DIDTICO

    JUDSECRETARIA DE EDUCAO FSICA E DESPORTOS

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    Secretrio Geral do MECSrgio Mrio Pasquali

    Secretrio de Educao Fsica e DesportosPricles Cavalcanti

    Subsecretrio de Desportos (SUDES)Antnio Celestino Silveira Brocchi

    Presidente da CBJSrgio Adib Bahi

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    'A MULHER FAZ O HOMEM

    Dedico esta edio a minha esposa Regina,responsvel pelas realizaes positivas de minha

    vida profissional.

    C.C.C.

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    Ministrio da Educao e CulturaSecretaria de Educao Fsica e DesportosVia N-2, Anexo I do MEC - 2 andar70000 - Braslia - DF

    Capa: cartaz alusivo ao I Centenrio do Jud/Copa Jigoro Kano'82

    Fotos: Rubens Lombardi Rodrigues

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    NDICE

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    APRESENTAO xiii

    1. INTRODUO 1

    2. ASPECTOS HISTRICOS 5

    2.1 . -A origem do Jud 72.1.1. Desenvolvimento histrico do jujutsu 72.1 .2. Decadncia e renascimento do jujutsu 9

    2.2. Nascimento do Jud 10

    2.2.1. - Jujutsu ou Jud 10

    2.3. -A evoluo do Jud Kodokan 11

    2.4. -A difuso internacional do Jud 13

    2.4.1. - As primeiras regras internacionais 192.5. - As novas regras de competio 23

    2.5. 1. As mais recentes modificaes 34

    3. REVISO DAS REGRAS INTE RNACIONA IS 39

    3. 1. - Arti go 1 rea de Competio 413.1.1. - Comentrio 413.1.2. Anlise e Recomendaes 41

    3.2. -A r ti go 2 - Uniforme 43

    3.2.1. - Comentrio 443.2.2. Anlise e Recomendaes 44

    3.3. -A r t i go 3 - Requisitos Pessoais 473.3 .1 . - Comentrio 473.3.2. - Anlise e Recomendaes 47

    3.4. -A r t i go 4 - Localizao 483.4.1. - Comentrio 483.4.2. Anlise e Recomendaes 48

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    3.5. Artigo 5 - Posio no Incio do Combate 493.5.1 . - Anlise e Recomendaes 50

    3.6. - Art igo 6 Incio e Fim do Combate 503.6.1. - Anlise e Recomendaes 50

    3.7. -Art igo 7 - Resultado 50

    3.7.1. - Anlise e Recomendaes 513.8. -Ar t igo 8 - Fim do Combate por Ipom 513.8.1. - Recomendaes 51

    3.9. -Ar t igo 9 - Passagem ao Ne-waza (luta de solo) 513.9.1 . Comentrio 513.9.2. - Anlise e Recomendaes 51

    3.10. -A r t igo 10 - Durao 523.10.1 . - Comentrio 523.10.2. - Anlise e Recomendaes 52

    3.11. -A rt ig o 11 - Sinal de Trmino do Tempo 533.11.1. - Recomendaes 53

    3.12. -Ar t igo 12 - Tcnica Coincidente com o Sinal de Trmino do Tempo 533.12.1 . - Comentrio 533.12.2. - Anlise e Recomendaes 53

    3.13. - Art igo 13 - Sono-mama 533.13.1. - Comentrio 543.13.2. Anlise e Recomendaes 54

    3.14. -Ar t igo 14 - Responsabilidades 543.14.1 . - Anlise e Recomendaes 54

    3.15. -Art igo 15 - Oficiais 543.15.1. - Comentrio 543.15.2. - Anlise e Recomendaes 54

    3.16. -Ar t igo 16 Posio e Funo do Arb it ro Central 56

    3.16.1. Comentrio 56

    3.16.2. - Anlise e Recomendaes 56

    3.17. -A r t igo 17 - Posio e Funo dos rbi tros Laterais 573.17.1. - Comentrio 573.17.2. Anlise e Recomendaes 57

    3.18. -Ar t ig o 18 - Ipom (ponto completo) 583.18.1 . - Comentrio 583.18.2. Anlise e Recomendaes 58

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    3.19. -A r t i go 19 - Waza-ari (quase ipom) 593.19 .1 . - Recomendaes 59

    3.20. Artigo 20 - Yuko (quase waza-ari) 593.20 .1 . Recomendaes 59

    3.21 . -Ar t igo 21 - Koka (quase yuko) 593.21.1 . - Recomendao 59

    3.22. -Ar t igo 22 Sogo-gachi (vitria composta) 603.22 .1. Anlise e Recomendaes 60

    3.23. - Artigo 23 - Ossaekomi (imobilizao) 613.23.1 . - Comentrio 603.23.2. Anlise e Recomendaes 60

    3.24. -A r t i go 24 - Opinio no solicitada dos rb itros Laterais 613.24.1 . - Comentrio 613.24.2. Recomendaes 62

    3.25. -Ar t i go 25 - Hantei (julgamento) 623.25.1 . Anlise e Recomendaes 62

    3.26. -A r t i go 26 - Declarao do Julgamento 633.26.1 . - Comentrio 633.26.2. - Anlise e Recomendaes 63

    3.27 - Ar tigo 27 - Aplicao de Mate (parem) 633.27.1 . - Comentrio 64

    3.27.2. - Anlise e Recomendaes 64

    3.28. -A r t igo 28 Deciso aps um Ato Proibido 643.28 .1 . - Anlise e Recomendaes 65

    3.29. -A r t i go 29 - Gestos Oficiais 653.29.1 . - Comentrio 653.29.2. Anlise e Recomendaes 66

    3.30. -Ar t igo 30 - Atos Proibidos 733.30.1. - Comentrio 743.30.2. Anlise e Recomendaes 74

    3.31 . - Artigo 31 - Penalidades 753.3 1.1 . - Comentrio 763.31.2. - Anlise e Recomendaes 77

    3.32. Artigo 32 - Determinao de Ipom 773.32.1 . Comentrio 7g3.32.2. Anlise e Recomendaes 73

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    3.33. Artigo 33 - Determinao de Waza-ari 783.33.1 . - Comentrio 783.33.2. - Anlise e Recomendaes 79

    3.34. Artigo 34 - Determinao de Yuko 793.34 .1 . - Recomendaes 79

    3.35. -Ar t igo 35 - Determinao de Koka 793.3 5.1 . - Comentrio 803.35.2. - Anlise e Recomendaes 80

    3.36. - Artigo 36 - Determinao de Yusei-gachi 803.36. 1. - Comentrio 803.36.2. - Anlise e Recomendaes 80

    3.37. Artigo 37 - Determinao de Hiki-wake 813.37 .1 . - Recomendaes 81

    3.38. - Artigo 38 - Determinao de Hansoku-make 813.38.1. - Comentrio 813.38.2. Anlise e Recomendaes 81

    3.39. -Artigo 39 - Ausncia e Desistncia 813.39.1 . - Anlise e Recomendaes 81

    3.40. - Artigo 40 - Leso, Mal Sbito ou Acidente 823.40.1 . - Anlise e Recomendaes 82

    3.41. - Ar tigo 41 - Situaes No Previstas pelas Regras 833.41 .1. - Anlise e Recomendaes 83

    4. CONCLUSES 85

    5. RESUMO 89

    6. SUMMARY 93

    7. REFERNCIAS 97

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    APRESENTAO

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    Estudioso, profundo conhecedor da moderna tcnica do Jud, bastante relacionado e apre-cido de quanto entre ns se dedicam causa da Educao Fsica Nacional, o professor CarlosCatalano Calleja, Coordenador de Jud dos Jogos Escolares Brasileiros e Diretor de Arbitragemda Confederao Brasileira de Jud, que h longos anos vem se consagrando, com elevado idealismo e incansvel dedicao ao ensino dessa disciplina na Escola de Educao Fsica da Universidade de So Paulo, vem agora nos brindar com um timo manual sobre o Jud, atravs de um

    completo estudo das normas que o regem como esporte internacional, desde as suas origens.

    Confesso no conhecer obra congnere que rena, ao mesmo tempo, to raras qualidades:

    * excelente seqncia de assuntos,* perfeita dosagem no apresent-los,* invulgar senso didtico na exposio e* absoluta segurana de doutrina.

    A Secretaria de Educao Fsica e Desportos do Ministrio da Educao e Cultura se orgulhaem apresentar trabalhos autnticos como este, atravs de seus Cadernos Tcnico-Didticos, nacerteza de estar contribuindo para o avano do Esporte Brasileiro.

    PRICLES CAVALCANTISecretrio de Educao Fsica e Desportos do MEC

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    1. INTRODUO

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    As primeiras Regras Internacionais de Jud, foram estabelecidas em 1967.12

    O Jud, como modalidade agonstica, devido s regras, no era fcil de ser entendido pelopblico leigo.9 Era muito difcil acompanhar o desenvolvimento de uma luta, uma vez que osresultados parciais, com exceo do waza-ari (quase ipom ou ponto completo), no eram anun-

    cidos pelo rbitro. Tratava-se de um assunto altamente tcnico e subjetivo.A fim de procurar transformar o Jud numa luta moderna e atraente, a Federao Internacional de Jud, aps acurados estudos, fez com que as regras sofressem inusitadas modificaes, particularmente a partir de 1973.

    As denominadas novas regrasde competio, editadas em 1974, seriam responsveis por umnotvel surto na difuso internacional desse momentoso esporte, idealizado em 1982.

    Coube ao nosso pas, pela primeira vez, aplicar em competies mundiais, em 1974, por ocasio do 69 Campeonato Mundia l das Foras Armadas, realizado no Rio de Janeiro, as denominadas "novas regras".

    0 professor Charles Stuart Palmer, presidente da Federao Internacional de Jud e principal responsvel pelas radicais modificaes havidas, naquela ocasio, durante a realizao daClnica Internacional de Arbitragem, na Escola de Educao Fsica do Exrcito, afirmou que as

    modificaes introduzidas eram necessrias, "a fim de que o Jud pudesse continuar, efetivamente, figurando como esporte olmpico".Sem dvida, a demora havia na oficializao definitiva do Jud, como integrante do elenco

    de esportes olmpicos, deveu-se ao fato de que "os dirigentes internacionais o criticavam por suaaparente monotonia".9

    Nos ltimos anos, o sistema de arbitragem e as Regras Internacionais de Competio sofreram mais modificaes do que se poderia imaginar.

    Quem no acompanhou de perto as seguidas modificaes havidas, atualmente, ao presenciar uma competio de Jud poderia at pensar que se estivesse tratando de uma outra modalidade esportiva de ataque e defesa.

    Um dos aspectos mais importantes, foi o fato de que todas as pontuaes e penalidades,(resultados parciais), passaram a ser anunciados imediatamente aps a realizao dos lances.

    O nmero de gestos realizados pelos rbitros foi aumentado sensivelmente, o mesmo ocorrendo com as vozes de comando, que foram padronizadas internacionalmente.As paralizaes e as interrupes, durante o combate, deixaram de fazer parte do tempo

    regulamentar de luta.A idealizao da regra da "no-combatividade" e a introduo do "placar de Jud", fize

    ram com que as lutas se tornassem mais dinmicas e o pblico, durante o combate, a qualquerinstante, ficasse informado a respeito do andamento da luta, atravs dos resultados parciais.

    As modificaes foram introduzidas, objetivando favorecer o verdadeiro competidor, aquele que lutasse melhor e mais ofensivamente.

    A correta interpretao das regras de competio assunto de relevante importncia, capazde contribuir para o prprio desenvolvimento tcnico de uma modalidade esportiva.

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    Depois das radicais alteraes de 1974, a fim de que pudesse haver tempo hbil para queas organizaes nacionais e internacionais se inteirassem corretamente das modificaes e interpretaes havidas, as mudanas foram sendo implantadas progressivamente, visando a beneficiarrealmente o aperfeioamento do Jud.

    Devido as seguidas alteraes e inovaes, o atual regulamento internacional parece ter-setransformado num conjunto desordenado de artigos. O seu texto, para ser corretamente interpretado, passou a necessitar de sistemticas clnicas de arbitragem.

    O objetivo desta dissertao o de contribuir para uma melhor aprendizagem das Regras In-

    ternacioais de Jud, por parte de estudantes de Educao Fsica, admiradores e praticantes deJud, e, porque no dizer, para facilitar o entendimento pelo pblico em geral, uma vez que, como modalidade olmpica, precisa ser compreendida no apenas por especialistas na matria.

    Em se tratando de um trabalho que espera ser didtico, todas as modificaes havidas foramcomentadas e historiadas cronologicamente. Por sua vez, os quarenta e um artigos das atuais Regras Internacionais de Jud foram analisados, seguidos de recomendaes teis, baseadas em informaes colhidas em clnicas internacionais e em nossa experincia profissional.

    Gostaramos de poder expressar todo o nosso sincero agradecimento ao Prof. Dr. MrioNunes de Sousa, Catedrtico e Professor Emrito da Escola de Educao Fsica da Universidadede So Paulo, pelas mos de quem tivemos a felicidade de iniciar e desenvolver a nossa carreirauniversitria, por sua orientao segura e generosa amizade.

    Se esta modesta obra conseguir levar um raio de luz, plido embora, para o aperfeioamento

    daqueles que se interessam pelo Jud, daremos por muito bem recompensado o nosso trabalho.

    CARLOS CATALANO CALLEJA

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    2. ASPECTOSHISTRICOS

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    2.1. A Origem do Jud

    O inc io do desenvolvimento histrico docombate corporal se perde na noite dos tempos. Aluta, inclusive por necessidade de sobrevivncia,

    nasceu com o homem e, a esse respeito, os documentos remontam aos tempos mitolgicos.Um manuscrito muito antigo, o Takanogawi,

    relata que os deuses Kashima e Kadori mantinham podres sobre os seus sditos graas s suashabilidades de ataque e defesa.19

    A Crnica Antiga do Japo (Nihon Shoki),21

    escrita por ordem imperial no ano de 720 denossa era, menciona a existncia de certos golpesde habilidade e destreza, no apenas utilizados noscombates corporais mas, tambm, como complemento da fora fsica, espiritual e mental, relatan

    do uma estria mitolgica na qual um dos competidores, agarrando o adversrio pela mo, o joga aosolo, como se lanasse uma folha.

    Todavia, segundo alguns historiadores japoneses26 , o mais antigo relato de um combate corporaocorreu em 230 A.C, na presena do imperadoSuinin: Taimano Kehaya, um lutador arrogante insolente foi rapidamente nocauteado por um tervel cultor do combate sem armas. Nomino Sukune. (fig. 1)

    Naquele tempo, no havia regras de combatpadronizadas. As lutas poderiam desenvolver-sat a morte de um dos competidores.

    As tcnicas de ataque e defesa utilizadas, naquela poca, guardam muita semelhana com ogolpes do sumo e do antigo jujutsu.

    2.2.1. Desenvolvimento histrico do jujutsu

    Vrias so as conjecturas sobre o desenvolvmento histrico do jujutsu, todavia, h fortes indcios de que sejam meras suposies baseadas em

    (fig. 1)

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    lendas ou contos, que guardam uma ntima relao com o aparecimento de certas academias.Uma delas descreve que, por volta de 1650,

    um monge chins, Chin Gen Pin, teria idealizadoterrveis golpes, denominados "tes", com o objetivo de matar ou ferir gravemente um ou maisadversrios, mesmo armados.

    Alguns anos depois, quando vivia no Japo,conheceu e fez amizade com trs samurais inferiores (kachis). O chins ensinou-lhes todos os"tes" que sabia. Maravilhados com os resultados,que poderiam ser alcanados, os trs japoneses

    submeteram-se a um longo perodo de treinamento e dedicaram-se a aperfeioar a terrvelarte do monge chins.

    Algum tempo depois, os trs japoneses resolveram separar-se e partiram pelo Japo afora,profissionalmente, a divulgar os seus fabulososgolpes. Conta-se que conseguiram transmitir a"arte do monge chins", a muitos e muitos discpulos. Estes, por sua vez, fundaram suas prprias academias e assim foi o desenvolvendo umtipo que luta que teria sido denominado jujutsu.

    Outra lenda nos diz que um mdico japons,Akiyama Shirobei, que havia residido na China,durante alguns anos, teria aprendido uma famosaarte de luta, denominada "wou-chou". Quando voltou ao Japo, constatou que para aplicar algunsgolpes era necessrio dispender um grande esforo.Isso o deixou bastante desanimado.

    Certa feita, durante uma forte tempestade,apreciando o espetculo de uma cerejeira e de umsalgueiro, pode verificar que, enquanto os fortesgalhos da cerejeira se quebravam com a violncia

    (fig. 2)

    da tempestade, os finos e flexveis galhos do salgueiro se curvavam a cada golpe de vento e conseguiam voltar sem dano s suas posies primitivas. Entusiasmado por essa observao, comeou a modificar a tcnica dos golpes, idealizandoum sistema de luta corpo a corpo, baseado no"princpio de ceder para vencer".

    Akiyama Shirobei, atravs da sua idealizao, queria dar condies aos menos favorecidospela natureza para que pudessem enfrentar e vencer adversrios fisicamente mais fortes. Para isso,fundou uma academia denominada Escola da

    Medula do Salgueiro (Yohin Ryou). Escolheu este nome justamente pelo fato de ter sido esta rvore que lhe havia dado a inspirao para idealizar um sistema de luta, baseado no "princpiode ceder para vencer".

    Na poca dos "Tokugawa" (1603 a 1867),existiam numerosas academias de jujutsu noJapo.18 Cada uma destas entidades adotava paraseus sistemas, pouco diferentes entre si, um nomeparticular, sendo "Yoshin Ryou", a "TakenouchiRyou", a "Sekiguchi Ryou", a "Kyushin Ryou'"a "Kito Ryou" e a "Tenchin Shinyo Ryou", as

    academias mais famosas.

    21

    Esta ltima foi estabelecida por SekizaiMinamoto ou Okayama Ochiroji e teria sido lequem idealizou os "atemis" (golpes de percussoque provocam um estado anlogo ao de coma,sendo muitas vezes fatal).

    O jujutsu, nessa poca, esteve em seu melhorperodo, sendo os guerreiros samurais os seus maisdiretos e perfeitos cultores. Para eles, a defesa pessoal era de importncia vital, sendo consideradosexmios lutadores.

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    Dentre as vrias formas de ataque e defesa,cultivadas, o jujutsu era o mais famoso e praticado, entre outras desenvolvidas antigamente,tais como o "yawara", o "kempo", o "kumiuchi",o "koguseku" e o "tai-jitsu".22

    Muito embora a maioria das academias fosseadepta do jujutsu, umas eram mais especializadasno estudo da luxaes, outras nas tcnicas de lanamentos, ou nos golpes de percusso, e assim pordiante, no havendo um "jujutsu padro". Inclusive, cada lutador procurava desenvolver um estiloparticular.

    fato sabido que os golpes mais eficienteseram guardados como "segredo de famlia" e somente eram transmitidos a alguns poucos eleitos.

    2.1.2. Decadncia e renascimento do jujutsu

    Com a introduo da civilizao ocidentalpromovida pelo imperador Mutsu Hito (1867a 1912), ocorre uma tremenda transformaopoltico-social, denominada Era Meiji ou "Renascena Japonesa".26

    At ento, o imperador exercia sobre o povoinfluncias e podres espirituais, porm, com a"Renascena Japonesa", le passou a ser o verdadeiro comandante da "Terra das Cerejeiras".27

    Nessa dinmica poca de transformaes einovaes radicais, o povo japons estava preocupado em modernizar-se, em adquirir a cultura ocidental. Tudo aquilo que era considerado tradicionalpassou a ser um tanto relegado, particularmente aschamadas "artes marciais". As orcas armadas atualizaram-se moda ocidental. O jujutsu foi considerado uma relquia do passado.

    (fig. 3)'

    Como no era difcil acreditar, tempos deposurgiu uma onda contrria s inovaes radicaisHavia terminado a chamada "febre ocidental". O

    jujutsu foi colocado na sua antiga posio de "artmarcial", tendo o seu valor reconhecido, principamente pela polcia e pela marinha.

    Por paradoxal que parea, no mbito universtrio, interessante ressaltar que foi um fsico alemo, Dr. Baelz, quem incentivou os estudantes japons para a prtica do jujutsu. Sendo bastantadmirado, muitos imitam seu exemplo de grandapaixonado pela mecnica do golpes de jujutsu.19

    Apesar de sua induscutvel eficincia para defesa pessoal, o antigo jujutsu no poderia seconsiderado um esporte, muito menos ser praticado como tal. No havia regras tratadas pedaggicamente e nem mesmo padronizadas.

    Naquele tempo imperava o esprito de "lutaat a morte" (shin-ken-shobu).2S

    A prtica do jujutsu poderia ser consideradanti-pedaggica, uma vez que era praticada, indiscriminadamente, qualquer qualidade de golpe, desde os estrangulamentos at as percusses. A finaldade das academias, alm de auferir lucros, er

    formar insuportveis valentes.Os "professores" ensinavam s crianas o

    denominados "golpes mortais" e os traumatizantes e perigosos "golpes baixos". Sendo assim, quase sempre, os alunos, menos experientes, machucavam-se seriamente. Valendo-se das suas superiordades fsicas, os maiores, chegavam a espancar omenores e mais fracos.

    Tudo isso fazia com que o jujutsu gozasse deuma certa impopularidade, logicamente, em;re a

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    pessoas esclarecidas e que possussem um pouco debom senso.

    0 jujutsu entrava numa outra fase de decadncia.

    Um jovem que na adolescncia se sentia infe-riorizado, sempre que precisasse dispender muitaenergia fsica, para resolver um problema, mais tarde, em 1882, iria modificar o tradicional jujutsu,

    unificando os diferentes sistemas, transformando--o num poderoso veculo de Educao Fsica. Seunome era Jigoro Kano.

    2.2. Nascimento de Jud

    Jigoro Kano, o pai do Jud(fig. 4)

    Jigoro Kano foi um verdadeiro estudioso do

    ju jutsu. Comeou a pratic-lo na sua segunda fasede decadncia. Quem lhe ensinou os primeiros passos foi o professor Teinosuke Yagui. Posteriormente, em 1877, matriculou-se na "Tenchin ShinyoRyou", sendo discpulo dos mestres HachinosukeFukuda e Masatono Iso. A fim de melhor conhecer um outro sistema de jujutsu, tempos depois,foi estudar na famosa "Kito Ryou", com o mestre Tsunetoshi likubo.26

    Pessoa de alta cultura geral, Jigoro Kano eraum esforado cultor do jujutsu. Procurando encontrar explicaes cientficas aos golpes, selecionou e

    classificou as melhores tcnicas dos vrios sistemasde jujutsu. Estabeleceu normas a fim de tornar oaprendizado mais fcil e racional. Idealizou regraspara um confronto esportivo, baseado no espritodo ipom-shobu (luta pelo ponto completo). Procurou demonstrar que o jujutsu aprimorado, almda sua utilidade para a defesa pessoal, poderia ofe-

    ( *)FRADET, C Aux Sourcesdu Jud: Le Japon.Jud, France. 15 :4 -7 . 1978 .

    recer aos praticantes extraordinrias oportunidades no sentido de serem superadas as prprias limitaes do ser humano.

    Num combate, o praticante tinha como nicoobjetivo a vitria. No entender de Jigoro Kano, istoera totalmente errado. Uma atividade fsica deveriaservir, em primeiro lugar, para a educao globaldos praticantes.

    Os cultores profissionais do jujutsu no aceitavam tal concepo. Para eles, o verdadeiro esprito do jujutsu era o shin-ken-shobu (vencer oumorrer, lutar at a morte).

    Por suas idias, Jigoro Kano era desafiado edesacatado, insistentemente, pelos "educadores"da poca, mas no mediu esforos para alcanar seuobjetivo.

    2.1.1. Jujutsu ou Jud

    "A arte (jutsu) cultivada, mas a doutrina(d) a essncia do Jud".

    (Jigoro Kano)

    Com o intuito de melhor diferenciar o seu sistema, Kano escolheu o termo Jud, ao invs desimplesmente acrescentar um adjetivo, como moderno, por exemplo, no vocbulo jujutsu.

    Jujutsu pode ser traduzido por "tcnica dasuavidade". Por sua vez, Jud quer dizer "doutrinaou caminho da suavidade", uma vez que ju tem osignificado de "suave", "doce", "elstico" ou "flexvel", jutsu traduzido por "arte", "tcnica" ou"prtica"; d, por sua vez, significa "doutrina","modo", "vida", ou caminho" e tem, ainda, osentido de "ensinamento moral ou religioso".

    Chamando o seu novo sistema de Jud, JigoroKano, pretendeu elevar o termo "jutsu" (arte ouprtica) para "d", ou seja para a "vida" ou "caminho", dando a entender que no se tratava apenasde uma mudana de nomes, mas que o seu novo sistema repousava sobre uma fundamentao filosfica.

    Em 1898, em uma de suas conferncias,21 Jigoro Kano, assim se pronunciou:

    "Eu estudei o jujutsu no somente porque oachei interessante, mas, tambm, porque compreendi que seria o meio mais eficaz para a educao do fsico e do esprito. (. ..)

    "Porm, era necessrio aprimorar o velho juju tsu, para torn-lo acessvel a todos, modificarseus objetivos que no eram voltados para a Educao Fsica ou para a moral, nem muito menospara a cultura intelectual. (. . .) Por outro lado, como as escolas de jujutsu, apesar de suas qualidades,

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    (fig. 5)'

    tinham muitos defeitos, eu conclui que era necessrio reformular o jujutsu mesmo como arte decombate. (...)

    " ( . . .), quando eu comecei a ensinar, o ju jutsu estava caindo em descrdito. Alguns mestres de jujutsu ganhavam a vida organizando"espetculos" entre seus alunos, atravs de lutassimuladas, cobrando daqueles que quisessem assistir. Outros se prestavam a serem "artistas deluta" junto com profissionais de sumo e praticantes de jujutsu. Tais prticas degradantes prostituam uma arte marcial e isso me era repugnante.Eis a razo de ter evitado o termo jujutsu e adotado o de Jud. E para distingi-lo da academia"Jik ishin Ry ou ", que tambm empregava o termoJud, denominei a minha escola de "Jud Kodo-kan", apesar de soar um pouco longo."

    Jigoro Kano em fevereiro de 1882, inaugurasua primeira escola no templo budista "Eisho".(fig. 5), com uma rea de treinamento de apenas12 tatmis. Em junho, marticula-se, TsunejiroTomita,seu primeiro aluno.21

    2.3. - A evoluo do Jud KodokanDurante alguns anos, o idealizador do "mo

    derno jujutsu" atravessou uma difcil fase, principalmente pela quase ausncia de recursos financeiros para a manuteno da academia.

    Os mais temidos lutadores da poca, impulsionados pela inveja, no se cansavam em desafiar osdiscpulos de Jigoro Kano. Houve muitos encontros memorveis com o intuito de testar a eficciado Jud Kodokan.

    Certa feita um lutador, conhecido por Tanabevence os melhores alunos de Jigoro Kano. Tratava-se de um grande especialista em tcnicas de shimewaza (estrangulamentos), aplicadas no solo. Tlogo um judoca o projetasse, Tanabe encaixava-lhuma chave de asfixia. Dessas derrotas, Kano aprende uma grande lio. Era necessrio aprimorar Jud nas tcnicas de domnio (katane-waza), partcularmente as desenvolvidas na luta de solo (ne-waza). Tanabe foi o nico lutador que conseguivencer os discpulos de Kano.26

    Os alunos da Kodokan tinham fama de seremimbatveis. Por isso, eram insistentemente desafiados. Aquele que conseguisse uma vitria sobre umdos alunos da Kodokan, na certa, cresceria emfama.

    Naquela poca utilizava-se, ainda, o "sistemde luta por desistncia". Um dos combates que fcou na histria foi o de Shiro Saigo contra o matemido cultor do jujutsu da "Yoshin Ryou", nummemorvel luta, que parecia interminvel. A propsito de Shiro Saigo, foi escrito um belssimo romance de aventuras, contando as suas proezas n

    Jud, com o nome de Sugata Sanshiro, inclusivserviu de enredo a vrios filmes.Mas foi s no final de 1886, aps uma clebr

    competio, contra vrias escolas de jujutsu, organizada pela polcia, que definitivamente ficou constatado o grande valor do Jud Kodokan. O resultado dessa jornada constituiu-se num marco decisvo na aceitao do Jud, com o reconhecimentdo povo e do governo que passaram oficialmenta prestigiar o Jud Kodokan.

    Depois da clebre vitria de 1886, com

    1

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    ficou sendo conhecida, o Jud Kodokan comeoua progredir com passos confiantes.

    A frmula tcnica do Jud Kodokan foi completada em 1887, enquanto a sua fase espiritual foigradativamente elevada at a perfeio, aproximadamente, em 1922. Nesse ano a Sociedade CulturalKodokan foi inaugurada e um movimento socialfoi lanado, com base nos axiomas "Seryoku

    Zen'y" (Mxima Eficcia) e "Jita Kyei" (Prosperidade e Benefcios Mtuos)."20

    Entretanto, em 1897, quando a Kodokan estava instalada em "Shimotomizaka", possuindouma rea de 207 tatmis, o governo japons fundauma escola nacional, que congregaria todas as "artes marciais": a Butokukai.20

    Apesar de Jigoro Kano ter idealizado o Jud,em pouco tempo a Butokukai tornaria-se uma respeitvel rival da Kodokan. Posteriormente, as escolas superiores e profissionais da Universidade deTquio fundariam uma outra entidade: a Kosen.

    Como fcil de adivinhar, a Butokukai e a Kosencomearam a competir com a Kodokan.A Kodokan tinha perdido a sua hegemonia,

    por outro lado, era o Jud que ganhava um maiornmero de praticantes.

    Jigoro Kano, com a finalidade de iniciar umacampanha de divulgao do Jud, no ocidente,em 1889, visita a Europa e os Estados Unidos daAmrica do Norte, proferindo palestras e demonstraes.21

    Em 1909, um fato marcante parecia devolvera hegemonia do Jud Kodokan. O governo japo

    ns resolve tornar a Kodokan uma instituio pblica, uma vez que a prtica do Jud estava tendouma tima aceitao.

    Com a mulher japonesa comeasse a entusiasmar-se pela prtica do Jud, em 1923, a Kodokaninaugura um departamento feminino.

    Em 1934, a Kodokan estaria instalada em umedifcio de trs andares, ocupando uma rea dedois mil metros quadrados, aproximadamente.

    Nessa poca o Jud comeava a ser introduzido em quase todas as naes civilizadas do mundo,todavia, no ocidente, o termo jujutsu ainda era oempregado, embora o nome de Jigoro Kano fossecitado.

    Em 1937, o Conselho da Indstria do Turismo, rgo do governo japons, editava a traduoem ingls do primeiro livro escrito por Jigoro Kano,denominado "Jud (jujutsu)".16

    Nesta oba o Jud era abordado sob vriosaspectos, inclusive tecia inmeras consideraessobre o "ate-waza" (tcnica de ataque aos pontosvitais); todavia, nenhuma linha era escrita sobre asregras de competio.

    Como, em 1938, o Japo comeasse a sentira guerra, os militares deram um valor especial schamadas "artes marciais", que comearam a ser

    praticadas em todo o Japo, com um real espritoguerreiro (bushid). A Butokukai, recebia alunosde todas as partes do Japo para a cultura do ju

    ju tsu, do "kend" (espcie de esgrima japonesa),do carat e do "kiud" (arte de atirar flexas),para uma real aplicao durante a guerra.

    Aps a guerra, todas as atividades que inspirassem o bushid (esprito guerreiro), foram proibidas pelos norte-americanos. Os japoneses nomais podiam praticar o Jud. Entretanto, em 1946,os professores da Kodokan foram autorizados aensinar o Jud s tropas norte-americanas. . .26

    Conhecendo o real esprito do Jud de JigoroKano, os norte-americanos liberaram a sua prtica,inclusive nas escolas, por no a considerar uma perigosa arte marcial, tempos depois.

    Em 1948, fundada a Federao Nacionalde Jud, iniciando-se os primeiros campeonatosde mbito nacional, depois da guerra.

    A Butokukai havia sido definitivamente interditada e a Kosen, ficaria subordinada Ko-dan.26

    Em maro de 1958, inaugurado o novoInstituto Kodokan, denominado a Meca do Jud,

    num edifcio especialmente construdo para a organizao e a administrao do Jud, no Japoe no mundo, com um dojo de 500 tatmis e seisoutros menores, sendo trs com 108 tatmis e outros trs com 54 tatmis, que seriam utilizados paraos mais diversos objetivos do ensino e do treinamento, com departamentos especiais para crianas,mulheres, estudantes, competidores de alto nvele estrangeiros, alm de abrigar dependncias paratoda a parte de administrao, alojamento, restaurante, totalizando 41 reas especficas.

    12

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    Instituto Kodokan, a Meca do Jud. (fig. 7)

    2.4. A difuso internacional do Jud

    Se no Japo o Jud teve um progresso espetacular, sua difuso internacional caminhava a passos lentos. 0 vocbulo jujutsu, ou jiu-jitsu, continuava sendo uti lizado, ao invs do term o, Jud , atos anos 40. O jujutsu era sinnimo de uma lutamisteriosa e seus cultores verdadeiros super-ho-mens, inclusive, quanto de menor estatura, o praticante era mais respeitado, principalmente sefosse de origem nipnica.

    No ocidente, uma das primeiras academias foiestabelecida em 1900, em Londres, por um japonsque se intitulava "Prof. S.K. Uyenishi, campeo deju jutsu do mundo " e a sua propaganda, assim afirmava: "A arte que se aprende em algumas lies".Anos aps, uma academia em Liverpol, denominada "Ashikaga", s ensinava por correspondncia egarantia que o sistema de jujutsu era uma "curapositiva para os males da constipao, dispepsia,insnia e perda da vitalidade".4

    Ainda nos anos 30 e 40, a situao no eramuito diferente, na grande maioria dos pases em

    que se falava do jujutsu. Boa parte dos mestres ganhava a vida lanando e aceitando desafios, para"sensacionais lutas ensangentadas", com regrasestipuladas em contrato, s vezes, sem limite derounds. Esses espetculos aconteciam em "inesquecveis noitadas", em circos, teatros e at empraas pblicas.

    Uma publicao nacional, denominada "Jiu--Jitsu"28 , divulgava as regras de competio comestas palavras:

    "Regras Japonesas de Jiu-Jitsu" ( )

    "A prtica do Jiu-Jitsu no Japo obedece seguintes regras, organizadas segundo o mtod

    japons Kano:"I Os combatentes devero apresentar-s

    de quimono no "ring";" I I Considera-se derrotado o lutador qua

    do as suas duas espduas e seus quadris tenhatocado o solo, com a condio, entretanto, de questa posio seja resultado de uma queda impos

    pelo adversrio. (Considerar a restrio do item 8)"IM Considera-se derrotado o adversriquando permanecer na posio acima durante dosegundos, sem poder livrar-se do domnio de seoponente,

    "IV Considera-se vencido o lutador, quado por uma ou vrias causas perde os sentidoProbe-se o uso de golpes perigosos nos encontroamistosos,

    "V - Considera-se vencido o lutador quandno podendo mais resistir, devido a um golpe seguro de seu oponente, rende-se;

    "VI Quando o lutador vencido se v na contingncia de reconhecer sua derrota, deve, imediatamente, dar pancadas com a mo aberta ou coos ps, no solo ou no corpo do seu adversriChama-se a isto "bater", ou seja, render-se;

    "V I I - Quando um lutador derrotado "ba teo vencedor deve, incontinente, largar o golpe;

    "VIII No ser considerado vencido o lutador que deixar suas espduas e quadris tocarem n

    () Transcritas "ipsis verbis".

    1

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    solo, uma vez que o faa com o propsito de derrubar o seu oponente;

    "IX permitido ao combatente, atuandona defensiva, cair da maneira que melhor que con-venha, quando a luta se realize, como necessrio,sobre uma superfcie estofada. Entretanto, para adefesa sempre mais conveniente que o lutador sedeixe cair de costas para o seu adversrio;

    "X Quando um lutador, deitado de costaspara o oponente, com propsitos defensivos, forerguido e derrubado novamente, de sorte que venha a cair tocando o solo com as espduas e osquadris, ser considerado vencido, mas exclusivamente neste caso.

    "Quando a luta travada com um principiante, indispensvel observar-lhe as seguintes regras, complemento das precedentes:

    "a) Fica estabelecido que ao jiu-jitsuman, lutando com um boxeador ou com outro lutador,assiste o direito de utilizar, em legtima defesa,

    todo e qualquer golpe pertencente arte do Jiu--Jitsu."b) Tambm fica entendido e admitido que o

    jiu-j itsuman no arca com responsabilidade algumapor quaisquer danos resultantes dum ato qualquerou de qualquer cousa oriunda do encontro, e queser considerado como irresponsvel e inocente noque concerne aos ferimentos ou danos materiais,infligidos durante a luta.

    "c) Duas testemunhas idneas, representandoambas as partes, ou sejam 4 ao todo, devem certificar-se de que os artigos da conveno estejam de

    vida e criteriosamente redigidos, assinados e testemunhados, afim-de que em caso algum nenhum doscontendores ou participantes do "match" possa tereventuais pretextos, que lhe dm margem paraintentar uma ao judicial, no tocante aos casos deferimentos ou de morte oriundos da luta."

    Tendo em vista que, naquela poca, no Brasil,as regras de jujutsu sofriam diversas interpretaese no eram bem compreendidas, a Federao Brasileira de Pugilismo, entidade que dirigia os chamados "esportes do ringue", a fim de disciplinar oassunto, em 1936, oficializava o seguinte texto:

    "Regras que presidem os encontros dejiu- ji tsu no Bras il " ( )

    "I Os lutadores subiro ao "ring" comquimonos apropriados e resistentes, com mangasat a metade do ante-brao.

    "Il Os lutadores subiro ao "ring" de psdescalos, sem gordura de espcie alguma no cor-

    ( *) Transcritas "ipsis verbis".

    po, com as unhas dos dedos das mos e dos psdevidamente cortadas.

    " I I I O "r in g" de combate dever medir,pelo menos, 5 mts. x 5 mts., ou sejam 25 metrosquadrados. Sobre o assoalho do "ring" dever haver um alcochoado ou artefato similar, com espessura mxima de uma polegada, e sobre o mesmo uma lona com a necessria resistncia.

    "IV Os contendores, agarrados em plenaluta, em baixo das cordas do "ring", s sero separados quando um deles estiver com o corpocompletamente fora das cordas, devendo nessecaso retornarem ambos de p ao centro do "ring".

    "V Haver um juiz de "ring" e trs jurados de mesa.

    "VI As lutas podero ser at um total mximo de 60 minutos, em "rounds" de 10, 15 ouvite minutos cada um, havendo um intervalo para descanso, entre cada "round", de 2 a 3 minutos.

    "VII Cada lutador ter dois auxiliares,no mximo, que podero ser o "manager", representante ou procurador e 1 segundo, ou 2, simplesmente.

    "VIM So considerados golpes proibidos: cuteladas, ante-braos, cotoveladas, socos, dentadas, puxes de cabelo ou de orelhas, toro dosdedos das mos ou dos ps, dedos nos olhos ourgos genitais. No permitido meter e segurarcom os dedos ou mos nas bocas das mangas oudas calas do quimono, e, conforme a infrao, olutador poder ser observado ou desclassificado.

    "IX O exame mdico obrigatrio no diada luta, entre onze horas e meio dia, em local previamente designado pela F.B.P., por intermdio doseu Departamento Tcnico - Seco de Profissionais.

    "X Alm da desclassificao prevista noartigo 8 deste regulamento, o combate ainda poder ser decidido por: pontos, perda dos sentidosou desistncia.

    "XI A deciso por pontos dever ser feitapelos jurados de mesa, da seguinte forma, e ao finalizar cada "round":

    " 1 a) ao que resultar na defesa, de ummodo superior: 1 ponto;

    b) ao que for superior em tcnica: 1 ponto;c) ao que for superior no ataque: 1 ponto;d) ao que for superior na eficincia: 1 ponto;e) ao que for superior nas quedas: quando

    por golpe ou jogo de pernas derrubar o seu adversrio, caindo este sobre o cho do "ring", deespduas ou de flanco, solto ou completamentedominado: 1 ponto.

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    " 29 Quando for evidente a igualdadede cada um dos contendores e, portanto, tiver deser dado d empate no "round", cada lutador deveser assinalado no papel pelos jurados com 5 pontos cada um.

    39 Finalizando o combate, cada juradosomar os pontos de cada lutador nos diversos"rounds", e ento, dar a vitria ao que tiver

    total maior, ou empate, quando o nmero dos pontos for exatamente igual dum e doutro."XII Quando um dos lutadores estiver

    sem sentidos, o rbitro iniciar imediatamentea contagem dos 10 segundos regulamentares, euma vez terminada a dita contagem, dar a vitria ao adversrio por K.O. perda de sentidos, le-vantando-lhe uma das mos para o ar. considerado K.O., o lutador que for arremessado pelooutro por um golpe lcito, fora do "ring" e alipermanea, sem retornar, quando o juiz terminea contagem de 10.

    "XIII Considera-se desistncia, durante ocombate, quando um dos contendores estiver sendo atacado, e no suportar mais o golpe. Para isto,dever o lutador falar ao rbitro ou bater, mais deduas vezes, com a sua mo ou p, em qualquer parte do corpo do adversrio ou mesmo no cho do"r ing".

    "XIV Durante o combate ser desclassificado o lutador, pelos seguintes motivos:

    a) falta de combatividade,b) desobedincia do lutador ou do seu "ma-

    nager", representante ou procurador, ou segundo,

    depois de chamado a atender pelo rbitro duas vezes, isto , na terceira falta;c) irregularidades cometidas e previstas no

    artigo 8. Fica bem esclarecido que a infrao do"manager", representante ou procurador, ou segundo de "ring" no s acarreta penalidades previstas para os mesmos no presente regulamento,como ainda poder atingir o prprio lutador quepelo menos estiver sendo assistido, no decorrerdo combate.

    "XV Os empresrios, proprietrios ouarrendatrios de clubes e estdios, lutadores,

    "manager", representantes ou procuradores esegundos de "ring", que por qualquer formaviolarem as disposies do presente regulamento,tornam-se passveis de pena, conforme a gravidade da falta cometida:

    a) advertncia em particular, por escrito ouem pblico;

    b) supenso por tempo determinado ou indeterminado de suas funes.

    "NOTA Este regulamento, elaborado pela

    Federao Brasileira de Pugilismo, foi registradona Censura Teatral, (grifo nosso), (...) e datado deJunho de 1936."8

    Essas regras eram diferentes daquelas adotadas no Japo, particularmente no que diz respeitoao ipom-shobu (luta pelo ponto completo), aotempo regulamentar de luta e ao esprito amadorstico, que deveria envolver um combate de Jud.

    Dessa forma, no poderia haver uma padronizao, e o Jud no deveria ser considerado, comoum esporte amador, haja visto que nos prpriosregulamentos oficiais, no existia o esprito amadorstico. Inclusive, o assunto era coberto de misticismo.

    Na verdade, a atividade era desenvolvida profissionalmente e, fora dos "ringues", apenas comoforma utilitria de ataque e defesa.

    Jigoro Kano, em suas demonstraes forado Japo, tambm enfatizava o aspecto utilitrio de defesa pessoal do moderno jujutsu, comoaparece nesta foto realizada em Berlim, Alemanhano ano de 1933. 20 (fig.8)

    No Brasil, um dos percussores do Jud foi ojapons Mitsuyo ou Eisei Maeda, mais conhecidpela alcunha de Conde Koma. Altamente graduadopela Kodokan, aps ter residido nos Estados Un

    dos da Amrica do Norte, percorrido inmeropases, realizando turns de jujutsu, por volta d1925, realizou espetaculares demonstraes emSo Paulo e no Rio de Janeiro. Posteriormente, jmuito famoso, radicou-se no Par, onde fundouma academia de jujutsu.

    O Conde Koma, apesar de seus 75 quilos pouco mais de 1,60 metro de estatura, aceitavadesafios de enormes adversrios e cultores de qualquer tipo de luta, sempre derrotando seus oponen

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    tes de maneira fulminante. Conta-se que derrotoumais de mil lutadores da arte do vale-tudo.

    No plano internacional, foi s depois da Segunda Guerra Mundial que o Jud conheceu umdesenvolvimento marcante, particularmente na Inglaterra e na Franca.

    Na Europa as regras eram um tanto quantopadronizadas, apesar de ser utilizado no nihon-

    -shobu (luta por duas vitrias), uma espcie de"melhor de trs", sem interrupo.Para melhor exemplificar transcrevemos os

    "Princpios gerais que regem as competies deJud".1 7 , divulgados pelo professor MikinosukeKawaishi, considerado o pai do Jud europeu:

    "Quanto mais curta e simples for uma lei,mais significa que ela foi feita para uma minoriaseleta e sua aplicao reclama por maior qualidade.

    "As lutas de Jud so curtas, em geral duram dois minutos, uma vez que um dos objeti

    vos do Jud obter um resultado rpido."De forma geral, um combate disputadoem dois pontos, isto , o primeiro que conquistar dois pontos o vencedor.

    "0 ponto conquistado:a) projetando nit idamente o adversrio so

    bre o seu dorso;b) imobil izando o adversrio, sobre o seu

    dorso, no solo, durante 30 segundos;c) fazendo com que o adversrio desista

    da luta, atravs dos efeitos de um estrangulamento ou de uma chave de brao,

    de pernas ou de pescoo."A desistncia manifestada, golpeando-sevrias vezes, nitidamente com a palma da moou a planta do p, o adversrio, o solo ou a siprprio.

    " proibido:

    a) dar socos,b) tocar no rosto do adversrio;c) agarrar, antes do incio da projeo, a fai

    xa ou as calas do adversrio."Algumas destas regras, particularmente, as

    relativas durao da luta ou ao nmero de pontosa ser conquistado, so suceptveis de modificaes.Alguns golpes podem ser considerados proibidos."

    Efetivamente, no que diz respeito s chaves,no Japo, somente eram permitidas aquelas que solicitassem diretamente a articulao do cotovelo.

    "A boa interpretao destas poucas regras,exige que o rbitro tenha um grande conhecimento na arte do Jud, redobrada ateno e muito esprito de observao, mais uma questo de esprito do que de prtica.

    "Esta a razo pela qual o rbitro, antes detudo, deve ser um praticante e um professor, poisele o mestre nico e absoluto sobre o tatmi.

    "A saudao entre os competidores, antes eaps o combate, traduz o respeito pelo Jud, pelo rbitro, pelo adversrio e pelo resultado a serdisputado ou j proclamado."17

    Mas no era s com relao s qualidades dos

    golpes que eram.permitidos ou proibidos, que havia uma falta de padronizao. Tambm nos comandos emitidos pelo rbitro havia diversificaode vozes de comando. Os termos adotados deveriam ser os tradicionais, mas na Europa, na Amrica,e s vezes no prprio Japo, as vozes de comandono eram padronizadas, fazendo-se presente ainfluncia do idioma ingls, utilizando-se termostais como break (separar), ao invs de mate; stop(cessar), ao invs de soremade, e time (tempo) aoinvs de Jikan.24 Ne Japo e no ocidente, nas cidades onde havia uma forte influncia da col

    nia japonesa, tais como So Paulo, por exemplo,este ltimo vocbulo era comandado timo (tai-mo), uma mescla do ingls com o japons, at adcada de 60.

    A primeira competio internacional, na Europa, ocorreu em 1947, em Londres, envolvendoa Frana e a Inglaterra.

    A fim de facilitar as relaes esportivas, entre os pases europeus, em 1948, fundada aUnio Europia de Jud. Foi o primeiro passo frente, fora do Japo, para a elevao do Judcomo esporte internacional.

    Seguindo o exemplo da Europa, em 1949, fundada a Unio Asitica de Jud.

    A necessidade da realizao de campeonatoscontinentais, comeou a ser vivida pela Europa.Tanto foi assim que, em 1951, a Unio Europiade Jud promove, em Paris, o 19 CampeonatoEuropeu de Jud. A Argentina, desejando participar do desenvolvimento que estava explodindono Jud europeu, solicita sua filiao UnioEuropia de Jud, nesse mesmo ano.

    Ainda em 1951, no Congresso Europeu deJud, realizado em Londres, aps prolongadasdiscusses no sentido de transformar a UnioEuropia de Jud em um organismo mundial, fundada a Federao Internacional de Jud, sendo oferecida a presidncia ao filho d idealizador do Jud, Sr. Risei Kano, na poca, tambmpresidente do Instituto Kodokan, que aceita ocargo em 1952.

    A Federao Internacional de Jud, ainda nesse tempo, no possua suas prprias normas decompetio, sendo utilizadas as Regras de Jud

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    aprovadas pelo Instituto Kodokan. Sendo assim,em casos de dvida, sempre prevalecia o texto em

    japons. Cada rbitro possua ou criava um estiloprprio, o que dificultava uma padronizao internacional.

    Na Amrica, exceptuando-se o Brasil, quej possua um Jud altamente tcnico e competitivo, alm de Cuba e Estados Unidos da Amrica

    do Norte, seguidos do Canad e da Argentina, oJud caminhava mais lentamente. Todavia, j em1952, fundada a Unio Panamericana de Judque promove, nos Estados Unidos, o 19 Campeonato Panamercano de Jud; pela falta de organizao poltico-esportiva, no setor de Jud,e por insuficincia de verbas, o Brasil deixava deestar presente.

    A era esportiva do Jud brasileiro iniciou-seem 1954, na cidade do Rio de Janeiro, ento Distrito Federal, com a organizao e realizao do1 Campeonato Brasileiro de Jud, que teve a par

    ticipao de cariocas, mineiros, gachos e paulistas, graas aos incansveis esforos do professorAugusto de Oliveira Cordeiro, junto aos rgosdo governo e Confederao Brasileira de Pugi-lismo. 0 professor Cordeiro, que temos depois,seria eleito presidente da Unio Panamericana deJud e o primeiro presidente da Confederao Brasileira de Jud, considerado um dos grandes benemritos do Jud brasileiro.

    Para a funo de rbitro geral do 1 Campeonato Brasileiro de Jud, foi designado o professor Ryuzo Ogawa, fundador da Budokan e oprincipal introdutor do Jud no Brasil.

    0 Regulamento Tcnico do Campeonato,7 porseu valor histrico e por suas diferenas com as regras adotadas na atualidade, para efeito de estudo,merece ser transcrito "ipsis verbis":

    "I Campeonato Brasileiro de Jud Regulamento Tcnico "

    "D Os combates sero em um nico"round" de 5 (cinco) minutos, findo os quaisse proclamar o vencedor, desde que um dosadversrios tenha conseguido obter "meio ponto". No caso de no ocorrer essa hiptese, o Juizpoder pedir at 3 (trs) prorrogaes de 1 minuto cada uma, suspendendo o combate se qualquerdos adversrios obtiver vantagem sobre o outro,mesmo que seja apenas de "meio ponto". Senoocorrer tal hiptese nas 3 prorrogaes, serconsultado o "rbitro Geral" que indicar ovencedor a ser proclamado, sendo considerados, nadevida ordem, os seguintes conceitos:

    a) domnio de combate;b) esprito de luta;c) tcnica de atuao, ed) predomnio de ataque.

    "2) - 0 cronometrista dever assinalar, poum toque de tmpano, a passagem do quarto minuto, e, por 2 toques o trmino do "round". Comreferncia s prorrogaes, assinalar o cronometrista, por um toque de tmpano, quando atingidoo 1 e 2 minutos e com 2 toques o trmino dluta.

    "3) - Relativamente ao incio dos combatesficou estabelecido que se observasse o ritual cerimonioso tradicional do Jud, isto : os lutadoresno centro do "tatmi", sentados sobre as pernase levantando-se ao sinal do juiz, aps cumprimentarem-se por ligeira curvatura da cabea. Ao trmino do combate, voltaro posio inicial, e apsassinalar o Juiz do Combate, o resultado, se levantaro e cumprimentaro da mesma forma, admitindo-se depois o abrao ou o aperto de mos.

    "4) Em relao aos golpes, se admitirotodos eles, inclusive os articulares, cabendo aosJuizes de Combate, providenciarem a interrupoda luta, quando julgar em perigo a integridade fsica de qualquer dos lutadores, principalmentetendo em vista que o inferiorizado possa pretender no se dar como vencido, fugindo obrigatoriedade de "bater" como desistncia."7

    Naquela poca, j era utilizado h muitotempo, entre os paulistas, o esprito do ipom-sho

    bu (luta pelo ponto completo), desprezando-seos combates por vrios assaltos ou roundes e pelosistema de luta por desistncia, tradicionalmenteadotado nas lutas de profissionais.

    Nas competies de Jud, os dois competidores procuravam conquistar o ipom (ponto completo), dentro do tempo regulamentar, a fim devencer a luta. Quando o ipom (ponto completoera marcado por um dos competidores, a luta terminava, independentemente do tempo regulamentar. Caso isso no ocorresse, dentro do tempopreestabelecido, caberia a vitria ao que tivesse

    conquistado um waza-ari (na poca denominado"meio ponto").

    Todavia, mesmo que um competidor tivesseconquistado um waza-ari (literalmente quer dize"existe tcnica"), ele no venceria obrigatoriamente por yuseigachi (vitria por superioridade)caso tivesse procurado garantir aquele resultadocompetindo de maneira contrria ao Esprito doJud. A atitude dos competidores durante o desenrolar a luta, a habilidade, a violao das regras

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    e outras circunstncias (aspectos subjetivos), poderiam servir para o julgamento final do combate.

    No final do tempo regulamentar de luta, orbitro central solicitava o hantei (em julgamento),mesmo se um deles tivesse waza-ari (na poca"meio ponto"), e os laterais emitiam as suas opinies. Caso a luta estivesse empatada, poderiamocorrer as prorrogaes. 0 hiki-wake (empate) sera declarado, quando se tivessem esgotado as prorrogaes e permanecido o equilbrio de aes.

    0 ipom (ponto completo) era caracterizado,nos seguintes casos:

    a) Quando um dos competidores aplicasseuma queda completa no adversrio.

    b) Quando um dos competidores mantivessecontinuamente o seu adversrio, durante 30 segundos corridos, numa das tcnicas de imobiliza o.

    c) Quando um dos competidores aplicasseuma chave de brao ou um estrangulamento no seu

    adversrio, de maneira eficaz, forando-o a desistirou quando ocorresse a perda dos sentidos, ou, ainda, a critrio do rbitro.

    Uma queda era considerada completa quandofosse executada intencionalmente e o adversriocasse, com suficiente fora, sobre a maior partede seu dorso. Geralmente, na maioria dos casos, emtcnicas de contragolpes, apesar das Regras de JudKodokan, assim o permitirem, dificlmente o ipom(ponto completo) era marcado; os rbitros costumavam avaliar, no mximo, como sendo waza-ari(na poca valia "meio ponto"). Uma tcnica deataque sempre tinha maior valor do que uma tcnica contragolpe.

    Na dcada de 50, apesar das Regras de JudKodokan determinarem ni-go-jubio (25 segundos),para a conquista do waza-ari (meio-ponto), em casos de imobilizaes anunciadas pelo rbitro, entre ns, era tambm usual, o emprego do ni-jubio(20 segundos).

    No caso de projees, para que uma quedavalesse waza-ari, (meio ponto), no era suficientederrubar propositadamente o adversrio; era preciso que o golpe fosse quase perfeito.

    O ano de 1956 foi marcado, no plano internacional, por mais uma importante vitria. Com acolaborao do Instituto Kodokan, a FederaoInternacional de Jud promove em Tquio o1 Campeonato Mundial de Jud, com a participao de 18 pases.

    Para ns brasileiros, 1956, tambm foi umano de significativa importncia. Pela primeira vezparticipvamos de um evento internacional, o2 Campeonato Panamericano de Jud, realizado

    em Cuba, promovido pela Unio Panamericana deJud.

    Apesar de ser a primeira interveno brasileiraem eventos internacionais, a participao dos nossos valorosos atletas foi brilhante. Todos os cincocompetidores conquistaram medalhas, sendo campees nas faixas de 1 kyu (faixa marrom), 1 dan(sho-dan, primeiro grau) e 4 dan (ion-dan, quartograu) e vice-campees, nas faixas de 2 dan (ni--dan, segundo grau), 3 dan (san-dan, terceirograu), por equipes e no absoluto. O sucesso alcanado foi altamente positivo para o Jud no Brasil,particularmente junto aos rgos governamentaisque passaram a apoiar o Jud como esporte amador de competio.

    Participaram dessa competio duas destacadas personalidades no nosso Jud. O saudosoprofessor Hikari Kurachi, do Brasil, que iria, maistarde, transformar-se num dos melhores rbitrosda Unio Panamericana, criando uma verdadeira

    escola de seguidores, tendo em vista a sua condutae o seu perfeito critrio, no que diz respeito avaliao de tcnicas. A outra celebridade, o professor John Osako, dos Estados Unidos da Amricado Norte, que com sua inteligncia e profundo conhecimento do Jud competitivo, iria na dcadade 70, ser responsvel por uma profunda modificao no sistema internacional de arbitragem, formando rbitros internacionais da melhor qualidade, quando exercia as funes de chefe do SubComit de Arbitragem da Federao Internacionalde Jud.

    No ano seguinte realizao do 1 Campeonato Mundial de Jud, em 1957, consolidando,ainda mais, a Federao Internacional de Jud, fundada a Unio Ocenica de Jud.

    Em 1958, fundada a primeira federao especializada em Jud, no Brasil, a Federao Paulista de Jud.

    O 3 Campeonato Panamericano de Jud realizado no Brasil, nas cidades do Rio de Janeiro,de Belo Horizonte e de So Paulo. Nesse mesmoano, 1958, em Tquio , promovido o 2 Campeonato Mundial de Jud.

    Em 1961, um fato inusitado ocorre em Paris,quando realizado o 3 Campeonato Mundial deJud. Um ocidental torna-se campeo mundial deJud. Um faixa preta holands derrota um faixapreta japons. No mundo inteiro, a surpresa erageral, por outro lado, configurava-se uma grandevitria do Jud como esporte internacional.

    Depois desse evento, no sentido de aprimorar o Jud, comearam a surgir estudos e idias. Aprimeira foi a introduo das categorias de peso.

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    Em 1963, o Jud passa a ser uma das modalidades dos Jogos Panamericanos, que so realizadosem So Paulo, j disputados em trs categorias depeso, alm do absoluto.

    Nesse mesmo ano, a Federao Internacionalde Jud, com a fundao da Unio Africana deJud, ganharia uma posio realmente mundial.Finalmente a prtica do Jud estava oficialmente

    consolidada nos cinco continentes.Um outro fato marcante, ocorreu em 1964.

    No elenco das modalidades olmpicas, surgia o nome Jud, infelizmente, ainda, em carter provisrio. A barreira contra a oficializao do Jud, como esporte, era muito grande. Para muitos, as lutas eram um tanto montonas, com muitas interrupes. Suas regras eram muito complicadas eera difcil, sem ser um praticante, entender o queestaria ocorrendo em cima do tatmi.

    Para que o Jud integrasse os Jogos Olmpicos de Tquio, foi necessria a incluso das novas

    categorias de peso, fato que teve, no meio judos-tico, acirradas crticas uma vez que feria a prpriafilosofia de Jigoro Kano.

    No congresso internacional realizado em Tquio, em 1964, a Unio Europia de Jud propeum novo estatuto para a Federao Internacionalde Jud. Aps prolongadas discusses, foram osmesmos aprovados por grande maioria de votos,assegurando a todos os pases filiados a oportunidade de uma participao efetiva e Federao Internacional de Jud, uma funo democrtica normal. A sede da FIJ transferida do Instituto Kodo-

    kan, para a secretaria geral, em Paris. A partir deento a Federao Internacional de Jud passou areconhecer apenas as graduaes outorgadas oficialmente pelas federaes nacionais.

    Em 1965, por ocasio do IV Centenrio doRio de Janeiro, o 4 Campeonato Mundial confiado ao Brasil, sendo considerado como o maiorsucesso de pblico, ainda jamais superado: 17 milassistentes.

    Nesse inesquecvel evento foi adotada umanova frmula para as competies mundiais, o Sistema Brasileiro de Repescagem. At ento, utilizava-se puramente o processo das eliminatrias simples, ainda hoje muito empregado, particularmenteno Japo.

    Uma outra sensvel mudana ocorreu, porocasio do 4 Campeonato Mundial de Jud. Umocidental iria ser eleito presidente da FederaoInternacional de Jud, o professor Charles StuartPalmer, da Inglaterra. Atravs de sua inteligncia emarcante personalidade, o novo presidente iria dinamizar a administrao internacional do Jud,

    dando-lhe um impulso fantstico. Mister Palmer,coupou a presidncia da Federao Internacionalde Jud de 1965 at o final de 1979, por ocasio do9 Campeonato Mundial de Jud, realizado em Paris, oportunidade em que foi eleito para o cargo depresidente de honra.

    A falta de padronizao na interpretao dasregras de competio, continuava sendo uma cons

    tante. Algumas vezes, para dizer o mnimo, os prprios competidores no entendiam os resultadosque eram proclamados. Durante os combates, os rbitros laterais no passavam de figuras decorativas,na maioria das vezes. 0 rbitro central, continuavasendo o senhor absoluto da competio, quandono houvesse a figura estranha do rbitro geral quepodia interferir no resultado da luta.

    Mister Palmer promoveu muitos estudos coma finalidade de modernizar as regras de compet io.Todavia, ningum poderia imaginar que alguns anosmais tarde, em 1974, aqui no Brasil, por ocasio do

    1 Campeonato Mundial de Jniores, as regras estariam to modernizadas, a ponto do Jud pareceruma outra luta.

    Uma das primeiras medidas idealizadas pelonovo presidente da FIJ, foi o estabelecimento dasPrimeiras Regras Internacionais de Jud.

    At ento, as competies, em qualquer nvel,eram regidas pelas Regras de Jud Kodokan, asquais, aps o ltimo artigo, destacavam a seguintenota:

    "Em caso de divergncia entre o texto originaljapons destas regras e quaisquer de suas tradues,independentemente do idioma usado, ou de qualquer ambigidade de ditas tradues, prevalecer otexto em japons." 2

    Adotando esse critrio seria muito difcil fazer com que o Jud pudesse transformar-se num esporte verdadeiramente internacional.

    2.4.1. -As Primeiras Regras Internacionais

    A cidade de Salt Lake City, nos Estados Unidos da Amrica do Norte, em agosto de 1967, foipalco de um memorvel congresso internacional,ocasio em que foram aprovadas as Primeiras Regras de Competio da Federao Internacional deJud, oficialmente editadas em ingls, francs, espanhol e alemo, alm do japons.

    O problema da falta de participao do rbitro lateral, durante a luta, ficou quase resolvido.Ele poderia emitir a sua opinio, sobre qualquerpronunciamento do rbitro central, todavia, ainda,"o rbitro central poderia ou no aceitar a opiniodo rbitro lateral."

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    Devido a tradio, alguns rbitros no aceitavam a interferncia dos laterais. vista disso, oSub Comit de Arbitragem de FIJ, passou a recomendar que tais rbitros deveriam ser afastados dasarbitragens, a fim de garantir um melhor padro de

    julgamento. Todas as opinies enunciadas deveriamser fruto da avaliao majoritria dos trs rbitros.12

    Sempre que um rbitro lateral discordasse deum julgamento emitido pelo rbitro central, deveria levantar-se e levar a sua opinio ao mesmo. Paraisto, deveria aproximar-se do rbit ro central, sem seinterpor entre este e os competidores e solicitar ainterrupo da luta. Por sua vez, o rbitro centraldeveria atender o colega, comandando mate (parar),anunciando, em seguida jikan (tempo). Nesse instante, o outro rbitro lateral deveria participar dadiscusso e deciso do problema. Caso um pronunciamento tivesse que ser modificado, o rbitro central deveria comunicar o fato ao oficial da mesa

    registradora.Todavia, no caso das trs opinies serem dife

    rentes, prevaleceria a opinio do rbitro central, aexemplo do que j acontecia na deciso final daluta, aps o comando de hantei (julgamento).

    Entretanto, a manifestao dos laterais quaseno acontecia, especialmente, quando das avaliaes dos golpes, uma vez que somente eram anunciadas pelo rbitro central as marcaes de ipom(ponto completo) e de waza-ari (quase ipom). Asoutras vantagens tcnicas, que haviam sido introduzidas, waza-ari-ni-chikai-waza (quase waza-ari) e

    kinza (pequena vantagem), no eram anunciadas,obrigando os rbitros a manter um seguido controle das aes dos competidores, anotando mentalmente, as vantagens de cada lutador, comparando--as seguidamente, de forma a qualquer momentoindicar quem estaria vencendo. De modo geral,isto fazia com que ficassem marcantes as aes queocorressem no ltimo minuto da luta, sendo um fator negativo.

    Uma outra modificao, digna de destaque,foi a questo das infraes s regras que, a partir deento, deveriam ter todas as punies anunciadas

    claramente. Antes disso, anunciava-se o caso dohansoku-make (derrota por violao das regras),por ser um resultado que iria encerrar o combate,alis, fato que muito raramente acontecia. Quandoum competidor infringia as regras, o rbitro centralapenas explicava ao lutador que aquilo no era permitido e que ele no deveria fazer de novo.

    Assim, um artigo, especialmente elaborado,foi inserido nas regras, dizendo que o rbitro central deveria anunciar shido (observao), chui (ad-

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    vertncia), keikoku (repreenso) ou hansoku (desclassificao), de acordo com a gravidade da faltacometida. Por outro lado, o shido (observao), spoderia ser neutralizado por vrias kinzas (pequenas vantagens), enquanto que o chuieqivaleria aowaza-ari-ni-chikai-waza (quase waza-ari) e o keikoku (repreenso) ao waza-ari (quase ipom).

    No caso de infraes s regras, quase sempre

    os rbitros se reuniam, a fim de deliberarem, inicialmente, se deveriam ou no aplicar uma penalidade. Em caso positivo, discutiriam qual a penalidade que deveria ser atribuda. Muitas vezes, resolviam "perdoar" o ato proibido e "deixar para outravez". As confabulaes eram demoradas, a pontode irritar o pblico e os lutadores, tirando a seqncia da luta.

    Tendo em vista a demarcao da rea de luta,a fim de que houvesse u'a melhor padronizao,em casos de "sadas da rea de combate", logo naprimeira vez, o infrator deveria ser punido com

    chui (advertncia), na segunda com keikoku (repreenso) e na terceira com hansoku (desclassificao).

    A razo dessa determinao, de punir o competidor que, sem uma justificativa maior, sasse darea de combate, era a de tornar as lutas mais dinmicas.

    Talvez pelo fato de no querer punir os competidores, quando sassem da rea de combate, durante o desenvolvimento do tachi-waza (luta emp), que muitos rbitros abusavam da chamada"regra do sonomama". Quando os competidores se

    aproximavam dos limites da rea de combate, ento demarcada por uma linha vermelha de, aproximadamente, sete centmetros de largura, o rbitrocomandava sono-mama (no se movam) e puxavaos competidores em direo ao centro da rea decombate. Em vista desse fator e, tambm, por serde difcil visualizao a fita vermelha, por parte doscompetidores, o objetivo de tornar as lutas mais dinmicas no foi alcanado e, pior do que isso, emvirtude das sistemticas "confabulaes dos rbitros", as lutas tornariam-se mais demoradas e commaior nmero de interrupes.

    No que diz respeito ao desenvolvimento done-waza (luta de solo), particularmente nos casosde imobilizaes anunciadas junto linha demar-catria, o rbitro central deveria comandar sono--mama (no se movam) e, com a ajuda dos rbitroslaterais, puxar os lutadores em direo ao centroda rea de combate. Esse movimento, denominado"arrasto", era motivo de estridentes gargalhadaspor parte dos espectadores no muito efeitos aoscombates de Jud.

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    Uma outra situao "estanha", passou a ocorrer, s vezes, quando, durante uma situao dene-waza (luta de solo), os rbitros se reuniam paratrocar idias, particularmente, quando um doscompetidores estivesse imobilizado.

    Alguns trios de arbitragem, em demoradasconfabulaes, pareciam esquecer-se dos competidores, chegando ao ponto de ficar de costas para

    eles. 0 atleta que estava em desvantagem cansava-se de aguardar enquanto o outro procurava melhorar a sua posio, ou vice-versa. Sendo assim,houve uma enrgica recomendao para que otrio de arbitragem se reunisse, durante a confabu-lao, nestes casos, um pouco mais perto dos competidores, e prestasse mais ateno para que nohouvesse modificao nas posies dos lutadores,durante a luta de solo, aps o comando de sono-mama(no se movam).

    Com a oficializao das Primeiras Regras deCompetio da Federao Internacional de Jud,

    importante passo foi dado em relao padronizao dos gestos dos rbitros. Nas Regras de JudKodokan,1 os gestos no eram descritos e os termos correspondentes estavam espalhados pelotexto. 0 tradicional gesto de elevar um membrosuperior frente, ao comandar hajime (comear),foi considerado procedimento incorreto. Um artigo foi especialmente redigido, estabelecendo setegestos oficiais para o rbitro central e dois para osrbitros laterais, nos seguintes termos:

    "Artigo 27. Gestos oficiais"

    "Os rbitros devero executar os gestos, daforma indicada abaixo, quando realizem as seguintes aes:

    "a) 0 rbitro centralI. Ipom. Dever elevar uma das mos, bem

    acima de sua cabea.II. Waza-ari. Dever elevar uma de suas mos,

    com a palma voltada para baixo, afastada de seucorpo e na altura do ombro.

    I I . Ossaekomi. Dever dirigi r um de seusmembros superiores, distanciado de seu corpo e

    para baixo, na direo dos competidores.IV. Ossaekomi-toketa. Dever elevar uma de

    suas mos frente e moviment-la, da direita paraa esquerda, rapidamente duas ou trs vezes.

    V. Para indicar que uma tcnica no foi vlida, elevar uma das mos acima e frente de sua cabea e moviment-la, da direita para a esquerda,duas ou trs vezes.

    VI. Hiki-wake. Levantar uma de suas mospara o alto e abaix-la frente de seu corpo (com

    a borda do dedo polegar para cima), mantendessa posio por um instante.

    VII. Jikan. Levantar uma de suas mos, naltura do ombro e com o membro superior paralelo ao tatmi, mostrando a palma da mo, com odedos voltados para cima, para o cronometrista.

    "b) Os rbitros lateraisI. Para indicar que um dos competidores n

    saiu da rea de combate, o rbitro lateral deverelevar uma de suas mos para o alto e abaix-lna altura do ombro, na direo da linha que demita a rea de combate, com a borda do polegapara cima e permanecer nessa posio por um intante.

    II. Para indicar que um dos competidoresaiu da rea de combate, o rbitro lateral deverelevar uma de suas mos, na altura do ombro, ndireo da linha que delimita a rea de combatcom a borda do polegar para cima e movimentla da direita para a esquerda, vrias vezes."12

    Entretanto, o aperfeioamento das regrade competio e a prpria estrutura tcnica dFederao Internacional de Jud, haveriam dprogredir ainda mais.

    At ento, eram as federaes nacionais quem suas delegaes, levavam seus rbitros paatuar nos campeonatos. Havia necessidade da Fderao Internacional de Jud consti tui r o seu prprio quadro de rbitros, independente, formado pespecialistas de grande experincia e que fossem provados em exames especialmente preparados.

    Assim que, em 1969, na cidade do Mxic

    por ocasio do 6 Campeonato Mundial de Judno Congresso da FIJ, foi institudo o primeiCdigo Esportivo e realizados os primeiros exmes de qualificao para o Quadro de rbitros dFederao Internacional de Jud, atravs de umsrie de exigncias e com a obrigatoriedade do cadidato dominar, pelo menos, duas lnguas, entingls, francs, espanhol, alemo e japons.

    No Brasil, o ano de 1969 foi marcado pefundao da to sonhada Confederao Brasileide Jud, mas que s seria oficial e definitivamenreconhecida em 1972 atravs do Decreto 71.13

    de 22/09/72.O eventos mundiais, regulamentados pelo Cdgo Esportivo da Federao Internacional de Judpassaram a ser uma constante. At 1972, em temos de mudanas de regras de competio nadaconteceu, alm de algumas recomendaes aos snhores rbitros.

    No cenrio nacional, em 1972, um importanfato marcava a difuso do Jud, entre ns.

    O Ministrio da Educao e Cultura, atravs dento DED, Departamento de Educao Fsica

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    Desportos, introduzia nos Jogos Estudantis Brasileiros, (JEBs), a modalidade de Jud, que atravsde alguns poucos anos provocaria um verdadeirosurto no desenvolvimento do Jud brasileiro.

    Em pouco tempo, os JEBs transformar-se-iamno maior e mais importante evento poli-esportivode toda a Amrica Latina.

    Tambm foi atravs dos JEBs, hoje denomina

    dos Jogos Escolares Brasileiros, que, no ano de1973, em Braslia, realizava-se a primeira ClnicaNacional de Arbitragem, com a participao de rbitros, professores, tcnicos e atletas de 20 estadosbrasileiros.

    A contribuio do Ministrio da Educao eCultura, para o desenvolvimento do Jud, atravsda SEED, Secretaria de Educao Fsica e Desportos, antigo DED, tem sido de um valor notvel. Jem 1973, pela primeira vez, editava as "Regras deCompetio de Jud", como parte da CampanhaNacional de Esclarecimento Esportivo, levando a

    todos os cantos do pas, os ento 37 artigos das regras internacionais, acrescidas da nova regra dano-combatividade:

    " Aplicao Existe a no-combatividadequando na opinio do rbitro, no h ao por parte de um ou ambos competidores, durante um perodo excessivo de tempo. Esta anunciao, porparte do rbitro, requer o uso de seu bom julgamento, pois impraticvel estabelecer um limitedeterminado de tempo. Como regra geral, um perodo de aproximadamente 20 (vinte) ou 30 (trinta) segundos, constituiria a no-combatividade,porm o perodo de tempo (a critrio do rbitro)poder ser maior ou menor.

    "Ao do rbitro

    Anunciar mateou sono-mama; Dar o sinal de mo (girar ambos os braos

    lentamente diante do peito, trs ou quatrovezes);

    Indicar claramente o competidor ou competidores faltosos, assegurando-se de que ambos competidores, juizes e demais autoridades tenham observado bem os sinais;

    Anunciar a penalidade prevista segundo oArt. 29;

    Anunciar hajime ou yoshi, para recomear ocombate." 3

    A regra da no-combatividade entrou em vigorem 1 de janeiro de 1973, tendo como objetivo impregnar mais ao s lutas, melhorando assim a imagem do Jud como esporte internacional. Realmente, antes de aplicar uma tcnica de Jud, os compe

    tidores gastavam muito tempo estudando os adversrios. Aos olhos do leigo, uma luta de Jud era umtanto esttica, motivo pelo qual, de forma geral,as emissoras de televiso no eram muito afeitas emtransmitir competies de Jud. A introduo daregra de no-combatividade foi um fator importante para a divulgao do Jud pela televiso, particularmente na Europa.

    Ainda em 1973, uma outra importante modificao ocorreu. A obrigatoriedade em penalizar ocompetidor que, sem motivo, sasse da rea decombate, ou empurrasse o adversrio para fora dela, no era muito obedecida por muitos rbitros,gerando descontentamento pela falta de padronizao. Alguns rbitros se defendiam, dizendo que alinha demarcatria era muito fina e de difcil visualizao por parte dos competidores, outros, poracreditar que no se deveria penalizar um atleta poruma falta to banal. A verdade que o assunto para ser padronizado no parecia ser fcil.

    A fim de sanar o problema, foi introduzida adenominada zona de perigo, no primeiro artigo dasregras, em substituio linha demarcatria dos 7centmetros. Dessa forma, a rea de combate seria demarcada por uma larga faixa, preferencialmente vermelha, de aproximadamente um metro de largura. Assim, o problema da dificuldade de visualizao, por parte dos atletas, estaria resolvido, mesmo porque a zona de perigo faria parte da rea decombate.

    A nova demarcao denominou-se "zona de perigo", porque era arriscado permanecer na referidazona, uma vez que, caso os competidores aceitassem desenvolver a luta nos limites da rea de combate e pisassem ou empurrasem o adversrio parafora, seriam passveis de uma grave punio (kei-koku).

    A introduo da zona de perigo, indubitavelmente, preencheu a sua finalidade e concorreu paraque houvessem menos interrupes no combate,contribuindo para que as lutas se tornassem maisdinmicas.

    Hoje em dia, feliz ou infelizmente, desenvol

    ver o combate na zona de perigo tem muitos adeptos, por uma questo puramente ttica.

    Apesar de todas essas modificaes, os mentores internacionais do Jud, sentiam que os dirigentes de outras modalidades, consideradas olmpicas,criticavam o nosso esporte, agora no tanto pelasua monotonia, mas principalmente por que eramuito difcil entender o andamento de uma luta deJud. Era um assunto muito tcnico e no havia informaes sobre os resultados parciais. O pblicoleigo no tinha condies de entender.

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    Deyido s inmeras interrupes, a fim de queos rbitros pudessem "confabular", dava a impresso de que nem eles sabiam quem estava ganhando.No final do tempo regulamentar que, se no houvesse prorrogao, iria se conhecer o vencedor daluta. Em algumas oportunidades, era o prpriocompetidor que pensava ter sido derrotado, quemera declarado vencedor, muito embora, pela forma

    o moral dos judocas, dificilmente havia reclamaes.Essa situao causava muita preocupao aos

    dirigentes internacionais, particularmente ao presidente e ao chefe do Sub Comit de Arbitragem daFederao Internacional de Jud.

    Era o ano de 1973 e realizava-se em Lausanne,Sua, o Congresso de FIJ. A Confederao Brasileira de Jud lanou a idia da promoo de umcampeonato internacional que atingisse a faixa deatletas que estivesse entre os 18 e 20 anos de idade,a fim de propiciar maiores e melhores oportunida

    des aos jovens que, provavelmente iriam defenderseus pases nos Jogos Olmpicos. A idia, depoisde amplamente discutida, tendo o presidente daConfederao Brasileira de Jud, inclusive, destacado aspectos de ordem social, foi aprovada poraclamao. Assim, o Brasil no s lanou a idia,mas tambm, se props a organizar, no ano seguinte, o 1 Campeonato Mundial de Jniores.

    Naquela oportunidade, por ocasio do 8 Campeonato Mundial de Jud, o Sub Comit de Arbitragem da FIJ procedeu a alguns estudos que iriamcausar uma verdadeira reviravolta nas regras de

    competio e no sistema internacional de arbitragem.Posteriormente, os estudos tiveram continuida

    de, em reunies especiais do Sub Comit de Arbitragem, na cidade de Londres, Inglaterra. Era o final do ano de 1973.

    2.5. As novas regras de competio

    O incio do ano, em 1974, foi marcado poruma grande inquietao a respeito do que seriam as"novas regras de Jud".

    A informaes eram as mais descencontradas,

    causando dvidas e polmicas.O Brasil, naquele ano, iria sediar, alm do 1.c

    Campeonato Mundial de Jniores, o 6 Campeonato Mundial de Jud das Foras Armadas, e no sesabia, ao certo, o que teria resultado das "famosasreunies em Londres".

    As entidades especializadas no tinham condies, pelo menos aqui no Brasil, de informar algode oficial e positivo sobre as modificaes introduzidas.

    A Unio Panamericana de Jud, atravs de circular datada de 5 de janeiro de 1974, assinada pelodiretor tcnico, informava que, "dentro de poucotempo", uma nova verso das regras de competioseria editada.

    Alguns meses depois, em junho de 1974, afamosa revista Black Be/t, abria espao ao assuntopublicando um artigo intitulado: "Ei! Esto que

    rendo mudar o Jud", dizendo, dentre outras coisas, que: "Um professor de cabelos brancos levantou os ombros, em sinal de desespero, no ano passado, quando lhe contaram as mudanas que seriamintroduzidas nas regras de competio (. . .) Apesados protestos de muitos judocas ortodoxos, a artdos modos gentis sofreu mais alteraes, em um sdia do que nos 50 anos anteriores. Para melhor opara pior, as regras de Jud esto modernizadas edoravante, a competio ser conduzida num mode que se aproxima do boxe e da luta olmpica. (...

    "Os judocas tero, ainda, mais de um ano para

    estudar as novas regras, antes do prximo campeonato internacional, o Campeonato Mundial de Juda realizar-se em Viena, ustria, em setembro d1975."23 Informao um tanto incorreta, uma vezque dali a dois ou trs meses, o Brasil seria palco ddois importantes eventos mundiais, o 6 Campeonato Mundial de Jud das Foras Armadas e o 1Campeonato Mundial de Jniores.

    Numa acertada medida, nao s visando a informar os rbitros brasileiros, mas tambm, e principalmente, os nossos competidores que deveriamlutar de acordo com as novas regras, a Confedera

    o Brasileira de Jud, convidou o presidente daFederao Internacional de Jud, Mister CharleStuart Plamer, tambm membro do Sub Comit deArbitragem e principal responsvel pelas mudanaestabelecidas, para um curso de alto nvel a ser mnistrado aqui no Brasil.

    Assim que, em agosto de 1974, perante umpequeno e selecionado grupo de professores, fooferecida uma resposta oficial sobre um sem nmero de dvidas, durante um excelente curso tericoe prtico, desenvolvido na Escola de Educao Fsica do Exrcito.

    Naquela oportunidade, a primeira chamada deateno foi para o placar, de que tanto se havia falado mas que, entre ns, at ento, ningum haviavisto, muito menos sabia como funcionava. Tratava-se, apenas de um aparelho manual, a exemplo doque j existia nos esportes coletivos, s que adaptado ao Jud. (fig. 9)

    Um dos aspectos mais interessantes, no quse refere s ento chamadas novas regras, dizia respeito s marcaes das vantagens tcnicas que deve

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    riam ser todas anunciadas oralmente, acompanhadas de inusitados gestos, mantidos por trs segundos, no mnimo. Houve quem dissesse que o rbitro iria parecer um guarda de trnsito, sem oapito.. .

    Assim, as vozes de comando deveriam ser emitidas, desde a regio abdominal, com potncia, afim de que todos os presentes, no s os lutadorespudessem ouvi-las.

    Os gestos e as vozes de comando do ipom(ponto completo) e do waza-ari (quase ipom), no

    sofreram modificaes. Todavia, o waza-ari-ni-chi-cai-waza (quase waza-ari) passou a denominar-seyuko, a fim de tornar mais compreensvel a emisso da voz de comando, enquanto que a kinza (pequena vantagem), passou a chamar-se koka, tendo asua interpretao mudada para "quase yuko".

    0 rbitro central ao avaliar uma tcnica comyuko (quase waza-ari), deveria emitir a voz de comando e realizar o gesto correspondente: elevar eestender um dos membros superiores, lateralmenteao corpo, a quarenta e cinco graus.

    Ao avaliar uma tcnica como koka (quase

    yuko), o rbitro central deveria emitir a voz de comando, executando o seguinte gesto: elevar umadas mos espalmadas, dedos unidos, ao lado do ombro correspondente, atravs de uma flexo do cotovelo, aproximando o antebrao do brao.

    A fim de realizar o comando de ossaekomi(imobilizao), o rbitro central deveria, alm derealizar o gesto correspondente, j previsto nas Primeiras Regras de Competio da Federao Internacional de Jud, inclinar o tronco frente, na direo dos competidores, com o olhar voltado aos

    (fig. 9)

    mesmos, a fim de que no houvesse a possibilidadede confuso com o gesto de yuko (quase waza-ari).Quando a imobilizao fosse desfeita, o rbitrocentral, alm de realizar o gesto correspondente,deveria comandar simplesmente toketa, ao invs deossaekomi-toketa (imobilizao desfeita), a fim defacilitar a emisso e a compreenso da voz de comando.

    Dessa forma, a edio de 1974, publicada emsetembro, das Regras de Competio da FederaoInternacional de Jud11 , passou a relacionar dez

    gestos oficiais, para o rbitro central, ao invs dossete gestos primitivos.Devido a outras modificaes inseridas no tex

    to das novas regras da FIJ, o artigo referente aosgestos oficiais passou a ter o nmero 29, o qualperdura at os nossos dias.

    No que diz respeito s penalidades que deveriam ser aplicadas, houve tambm a recomendaode que, antes da aplicao, o rbitro central demonstrasse a razo da penalidade.

    Entretanto, talvez devido pressa em imprimir as novas regras, essa orientao no constava

    no texto oficial, assim como tambm no constava, no artigo 29 (Gestos Oficiais), para os rbit roslaterais, nada alm dos dois gestos primitivos dasprimeiras regras de competio.

    Essa falha iria gerar uma falta de padronizao, mesmo porque havia a recomendao de queno fossem utilizados gestos que no constassemno texto oficial.

    Daquela poca, at meados de 1977, quemapenas se baseasse no texto oficial, incorreria no"grave erro de estar desatualizado". Quem no

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    participasse de clnicas de arbitragem, efetivamente poderia ser considerado desatualizado, uma vezque nem sempre o que estava escrito no texto oficial, era a conduta mais exata.

    A questo das funes e da importncia dotrabalho em equipe, entre o trio de rbitros, ficoudefinitivamente resolvida. Cada integrante passariaa ter a mesma importncia, no que diz respeito s

    opinies. A fim de que as "confabulaes" fossemmais rpidas, os rbitros laterais deveriam realizaros mesmos gestos previstos para o rbitro central,no que diz respeito s avaliaes, logicamente, semvoz de comando, caso houvesse discordncia damarcao anunciada.

    Por exemplo, se o rbitro central avaliasseuma tcnica com koka (quase yuko), e os rbitroslaterais concordassem, no deveriam fazer gestos.Por outro lado, se um dos rbitros laterais julgasseque a tcnica fosse merecedora de yuko (quasewaza-ari), deveria fazer o gesto correspondente.

    Neste caso, no poderia haver interrupo da luta,para troca de idias, mesmo porque j havia sidoemitida a opinio dos trs rbitros. Todavia, casoos dois rbitros laterais discordassem da marcaodo rbitro central e executassem o gesto de yuko(quase waza-ari), o rbitro lateral que estivessemais prximo do rbitro central, deveria aproximar-se e solicitar que ele modificasse a sua marcao, uma vez que a maioria era contrria sua deciso.

    Via de regra, o rbitro comandaria mate (parem), interrompendo o combate e anunciaria, no

    caso, yuko (quase waza-ari), atravs de gesto e vozde comando, aps ter anulado a sua deciso inicial,no caso, koka (quase yuko).

    Para anular a sua primeira marcao, o rbitrocentral deveria repetir o comando de koka (quaseyuko) e, ao mesmo tempo, realizar o gesto detorikeshi (anulao), elevando o outro membro superior frente e acima de sua cabea, movimentan-do-o lateralmente vrias vezes.

    Entretanto, caso houvesse trs opinies diferentes, continuaria prevalecendo a opinio do rbitro central, isto , caso ele avaliasse um lance comyuko (quase waza-ari), por exemplo, e os dois rbitros laterais tivessem opinies contrrias, manifestando-se de forma distinta entre si, com koka (quase yuko) e com waza-ari(quase ipom).

    Com essas novas regras haveria pouca necessidade para "confabulaes", a menos que algum fator vital justificasse uma reunio do trio de arbitragem.

    A fim de registrar cada marcao emitida pelo rbitro central, foi institudo o placar, tornando

    visvel, tanto para os competidores e rbitros, como para todo o pblico, o andamento de uma lutaA qualquer instante, poder-se-ia saber quem estavganhando ou se a luta estava, at aquele momentoempatada.

    Caso no houvesse placar, as marcaes deveriam ser feitas em uma folha de papel e, semprque fosse necessrio, geralmente no final do com

    bate, o rbitro central, ou mesmo os rbitros laterais, poderia solicitar ao registrador que mostrassas anotaes. Felizmente, no Brasil, essa orientanem chegou a entrar em vigor, sendo abolida j e1974, oficializando-se a necessidade do placar ode, pelo menos, um quadro negro.

    No caso da aplicao das penalidades, interessante frisar, no seriam cumulativas. Isto , sum lutador cometesse uma falta leve, seria penalzado com shido (observao). Caso repetisse a infrao ou cometesse uma outra falta leve, deveriser punido com uma penalidade acima, ou seja

    chui (advertncia), anulando-se a penalidade anterior, e assim sucessivamente, at o hansoku-mak(derrota por desclassificao). 0 rbitro central sdeveria consultar os rbitros laterais, caso pretendesse aplicar keikoku (repreenso) ou hansoku-make (derrota por desclassificao).

    Entretanto, caso um rbitro lateral discordasse de uma penalidade aplicada, deveria ir at o rbtro central e, na presena do outro rbitro lateraexpor a sua opinio. Era um caso tpico para confabulao.

    Com relao s vozes de comando, para quhouvesse, realmente, uma padronizao internacional, necessrio lembrar que elas deveriam ser pronunciadas de forma oxtona.

    Uma outra questo coerente, dizia respeito equivalncia de uma penalidade, com relao umvantagem tcnica. No final do combate, a penalidade tornar-se-ia uma vantagem tcnica, na seguintproporo.

    shido kokachui yukokeikoku -waza-ari

    hansoku-make ipom0 sogo-gachi (vitria composta), estabelecidem 1967, continuaria em vigor, regulamentando-sapenas o seu "modus faciendi".

    Tambm no sofreria reformulao o waza-ari-awassete-ipom (dois waza-aris totalizam ipom). Entretanto, a mesma filosofia no seriequivalente para o koka (quase yuko) ou para yuko (quase waza-ari), uma vez que nenhuma somde kokas seria equivalente a um yuko, da mesmforma que nenhuma soma de yukosseria equivalen

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    te a um waza-ari (quse ipom). Vale dizer que, casonao houvesse ipom (ponto completo), ou seu equivalente, e o tempo regulamentar de luta tivesse expirado, depois de encerrar a luta, o rbitro central,aps o registrador ter realizado a transposio daspenalidades, se fosse o caso, deveria dar a vi tria aocompetidor que tivesse waza-ari (quase ipom).

    Caso o placar registrasse esse resultado para os

    dois competidores, o rbitro central daria a vitriaquele que tivesse o maior nmero de yukos (quasewaza-ari). Ainda, no caso de igualdade de condies, a vitria deveria ser dada ao competidor quetivesse o maior nmero de kokas (quase yuko).

    Depois de esgotadas todas essas alternativas, avitria deveria ser oferecida quele que tivesse contra si a penalidade mais branda, registrada no placar. Neste caso, a penalidade teria um duplo valor.Somente no caso de haver igualdade de marcaes que o rbitro central deveria consultar os rbitros laterais.

    Com o estabelecimento destas normas, dificilmente uma luta terminaria empatada. Todavia,quando o hiki-wake (empate) no pudesse ser declarado como resultado final, o rbitro central deveria comandar hantei (em julgamento), elevandoum dos membros superiores vertical. Nesse instante, cada rbitro lateral deveria elevar verticalsomente uma de suas bandeiras indicativas, a vermelha ou a branca.

    No que diz respeito s condies necessriaspara a conquista das chamadas vantagens tcnicas,alm do ipom (ponto completo) e do waza-ari

    (quase ipom), que no sofreram alteraes de conceito, foram estabelecidos quatro artigos adicionais,referentes ao yuko (quase waza-ari) e ao koka(quase yuko):

    "Artigo 20 - Yuko (quase waza-ari)"Artigo 21 - Koka (quase yuko)"Artigo 34 - Determinao de Yuko"Artigo 35 Determinao de Koka" 1 1

    Dessa forma, o artigo referente ao yusei-gachi(vitria por superioridade) teve sua redao alterada tambm no que di