CAMILA GONÇALVES RECANELLO - cpd1.ufmt.br · Ao meu pequeno grande menino Luiz Otávio, ... sou...

66
UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO FACULDADE DE ENFERMAGEM PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENFERMAGEM MESTRADO EM ENFERMAGEM CAMILA GONÇALVES RECANELLO REPERCUSSÕES DAS QUEDAS NA VIDA DOS IDOSOS E SEUS FAMILIARES CUIABÁ 2014

Transcript of CAMILA GONÇALVES RECANELLO - cpd1.ufmt.br · Ao meu pequeno grande menino Luiz Otávio, ... sou...

Page 1: CAMILA GONÇALVES RECANELLO - cpd1.ufmt.br · Ao meu pequeno grande menino Luiz Otávio, ... sou hoje devo à educação e aos exemplos que me deram durante meus 27 anos. ... exploratório

UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO

FACULDADE DE ENFERMAGEM

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENFERMAGEM

MESTRADO EM ENFERMAGEM

CAMILA GONÇALVES RECANELLO

REPERCUSSÕES DAS QUEDAS NA VIDA DOS IDOSOS E

SEUS FAMILIARES

CUIABÁ

2014

Page 2: CAMILA GONÇALVES RECANELLO - cpd1.ufmt.br · Ao meu pequeno grande menino Luiz Otávio, ... sou hoje devo à educação e aos exemplos que me deram durante meus 27 anos. ... exploratório

CAMILA GONÇALVES RECANELLO

REPERCUSSÕES DAS QUEDAS NA VIDA DOS IDOSOS E SEUS

FAMILIARES

Dissertação apresentada ao Programa

de Pós-Graduação em Enfermagem,

da UFMT, como requisito para

obtenção do título de mestre em

Enfermagem – Processos e Práticas

em Saúde e Enfermagem:

Enfermagem e o cuidado à saúde

regional.

Orientadora: Annelita Almeida

Oliveira Reiners

CUIABÁ

2014

Page 3: CAMILA GONÇALVES RECANELLO - cpd1.ufmt.br · Ao meu pequeno grande menino Luiz Otávio, ... sou hoje devo à educação e aos exemplos que me deram durante meus 27 anos. ... exploratório

CAMILA GONÇALVES RECANELLO

REPERCUSSÕES DAS QUEDAS NA VIDA DOS IDOSOS E SEUS

FAMILIARES

Esta dissertação foi submetida ao processo de avaliação pela Banca Examinadora para

obtenção do título de:

Mestre em Enfermagem.

E aprovada na sua versão final em ___de ___, atendendo às normas da legislação

vigente da UFMT, Programa de Pós-Graduação em Enfermagem, área de concentração

Enfermagem e Práticas em Saúde e Enfermagem.

_________________________________________

Drª Rosemeiry Capriata de Souza Azevedo

Coordenadora do Programa

BANCA EXAMINADORA:

Profa. Dr

a .____________________________________________________

Profª. Drª. Annelita Almeida Oliveira Reiners

Faculdade de Enfermagem/UFMT

(Presidente – Orientadora)

Profa. Dr

a .____________________________________________________

Profª. Drª. Sônia Silva Marcon

Faculdade de Maringá/UEM

(Membro efetivo externo)

Profa. Dr

a .____________________________________________________

Profª. Drª.Edir Teixeira Nei Mandú

Faculdade de Enfermagem/UFMT

(Membro efetivo interno)

Profa. Dr

a .____________________________________________________

Profª. Drª. Rosemeiry Capriata de Souza Azevedo

Faculdade de Enfermagem/UFMT

(Membro suplente)

Page 4: CAMILA GONÇALVES RECANELLO - cpd1.ufmt.br · Ao meu pequeno grande menino Luiz Otávio, ... sou hoje devo à educação e aos exemplos que me deram durante meus 27 anos. ... exploratório

DEDICATÓRIA

Dedico essa pesquisa à todos os idosos e familiares participantes do estudo.

Obrigada por compartilharem comigo suas experiências e angústias. Principalmente por

confiarem no meu trabalho e me receberem tão bem. Todos esses resultados são para

vocês. Espero ter a oportunidade de dar retorno a cada um, melhorando suas vidas e

seus entendimentos acerca da queda.

Page 5: CAMILA GONÇALVES RECANELLO - cpd1.ufmt.br · Ao meu pequeno grande menino Luiz Otávio, ... sou hoje devo à educação e aos exemplos que me deram durante meus 27 anos. ... exploratório

AGRADECIMENTOS

Agradeço,

Primeiramente àquele que me conhece profundamente, que sabe de todas as angústias e

fraquezas que vivenciei durante todo esse processo. Àquele me deu forças quando

imaginei que desistiria. Àquele que soube sempre que eu conseguiria, o meu Deus.

Ao meu marido Paulo Chaves, que durante esses 24 meses não me deixou cair uma só

vez, permaneceu ao meu lado forte como uma rocha, não deixando transparecer que por

dentro também estivesse despedaçado. Por muitas vezes secou minhas lágrimas de

tristeza e felicidade e vivenciou cada minuto de toda essa experiência que o mestrado

representou para mim.

Ao meu pequeno grande menino Luiz Otávio, responsável por tudo o que sou hoje.

Você meu filho foi o meu maior incentivo de eu ter chegado até aqui. Por muitas vezes

coloquei em dúvida se realmente eu deveria passar por tudo isso, principalmente pelas

muitas vezes que estive ausente na sua vida. Conforta-me saber que você ainda é

pequeno e talvez não se lembre, no futuro, o que precisei fazer para conquistar esse

título de mestre. Mesmo assim quero que saiba que tudo isso foi por você.

À minha orientadora/conselheira/mãe/mestre Annelita por todo ensinamento e

sabedoria que me proporcionou. Por todos os momentos em que me ofereceu os ombros

para chorar. Por toda paciência que teve comigo e, principalmente, por todos os puxões

de orelha, porque cada um deles me fez uma pessoa melhor e madura. À você todo meu

respeito e admiração.

À minha co-orientadora Rosemeiry por todos os ensinamentos que me proporcionou,

principalmente por acreditar e confiar em mim. Obrigada por cada “estrelinha” que me

deu, cada uma delas foi importante para mim.

À minha mãe Tânia, meu pai Waldir e ao meu pai avô Mauro que mesmo distantes

fisicamente, conseguiram me apoiar em todos os momentos, me incentivando e me

Page 6: CAMILA GONÇALVES RECANELLO - cpd1.ufmt.br · Ao meu pequeno grande menino Luiz Otávio, ... sou hoje devo à educação e aos exemplos que me deram durante meus 27 anos. ... exploratório

fazendo acreditar no meu potencial. Vocês são meus espelhos e inspiração. Tudo o que

sou hoje devo à educação e aos exemplos que me deram durante meus 27 anos.

À minha amada vozinha Janete que apesar de estar onde não posso vê-la, esteve

comigo todo esse tempo, me dando forças e me fazendo acreditar que seria possível.

Não te esqueço por um só dia e ofereço essa conquista à você.

À minha sogra Marli que com seu jeitinho tranquilo e positivo de ser se preocupou

comigo. Dizem que sogras são como mães e para mim a senhora tem toda essa

importância na minha vida.

À Arlete que permaneceu firme na minha casa, muitas vezes assumindo o papel de mãe

do meu filho e minha também. Seus cuidados com a minha família foram fundamentais

e serei sempre grata à você.

À minha amiga-irmã Maria Cláudia, pessoa que Deus permitiu entrar na minha vida

para trazer apenas coisas boas. Me ensinou a confiar em mim, secou minhas lágrimas,

orou por mim e me ajudou muito nessa caminhada. Gostaria que você soubesse o

quanto sua ajuda foi importante para mim e eu jamais esquecerei.

Às minha amigas Ingrid, Geovana e Josiane que estiveram comigo e me auxiliaram

por diversas vezes. Umas com palavras de incentivo, outras com conversas

descontraídas, mas todas tem participação especial na minha vida.

Aos idosos e familiares que participaram da minha pesquisa. Gostaria de dar retorno à

todos vocês. Não me esqueço de nenhum, todos foram significantes demais para serem

esquecidos.

À todas as pessoas que de alguma forma contribuíram para a realização desse sonho, o

meu muito obrigada!!!

Page 7: CAMILA GONÇALVES RECANELLO - cpd1.ufmt.br · Ao meu pequeno grande menino Luiz Otávio, ... sou hoje devo à educação e aos exemplos que me deram durante meus 27 anos. ... exploratório

“Crê em ti mesmo. Age e verá os resultados.

Quando te esforças, a vida também se esforça

para te ajudar.”

Chico Xavier

Page 8: CAMILA GONÇALVES RECANELLO - cpd1.ufmt.br · Ao meu pequeno grande menino Luiz Otávio, ... sou hoje devo à educação e aos exemplos que me deram durante meus 27 anos. ... exploratório

RECANELLO, C.G.R. Repercussões das quedas na vida dos idosos e seus

familiares. 2014. 67f. (Dissertação) – Mestrado em Enfermagem – Universidade

Federal de Mato Grosso, Cuiabá, 2014.

Orientadora: Prof. Dr. Annelita Almeida Oliveira Reiners

Co-orientadora Prof. Dr. Rosemeiry Capriata de Souza Azevedo

RESUMO

Estudo qualitativo, exploratório e descritivo, cujo objetivo foi compreender as

repercussões das quedas na vida dos idosos e seus familiares a partir de suas

perspectivas. A coleta de dados foi realizada no domicílio com 15 idosos e 22

familiares, por meio de entrevista semiestruturada contendo questões acerca das

repercussões ocasionadas pelas quedas na vida dos idosos que caíram e seus familiares.

Os resultados dessa pesquisa revelaram que as quedas ocasionam repercussões

semelhantes na vida dos idosos que caem e na vida dos familiares que vivenciam a

queda. A vida dos longevos sofre repercussões à medida que surge o medo de quedas

recorrentes, limitações de atividades diárias, dependência, declínio da capacidade

funcional, isolamento social e até mesmo mudanças nos comportamentos. Enquanto

nos familiares, as repercussões são baseadas nos impactos financeiros e redução de

jornadas de trabalho, alteração na rotina diária em função do cuidado fornecido ao

idoso caidor, redução de atividades sociais, preocupação em excesso com consequente

restrição de atividades dos longevos. Os resultados fornecem informações aos

profissionais de saúde, em especial ao enfermeiro, visto que sugerem estratégias para

prevenção da ocorrência da queda através da educação em saúde, da avaliação integral

para os idosos e para os familiares, além da importância das visitas domiciliares, as

quais possibilitam ao profissional prestar assistência individual, diferenciada e

adequada às necessidades dos envolvidos no evento queda.

Palavras chave: Quedas; Idosos; Familiares; Repercussões.

Page 9: CAMILA GONÇALVES RECANELLO - cpd1.ufmt.br · Ao meu pequeno grande menino Luiz Otávio, ... sou hoje devo à educação e aos exemplos que me deram durante meus 27 anos. ... exploratório

RECANELLO, C.G.R. Impact of falls in the lives of seniors and their families.

2014. 67f. Dissertation (Master's in Nursing) - The Post - Graduate in Nursing, Federal

University of Mato Grosso, Cuiabá, 2014.

Advisor: Prof.. Dr.. Annelita Almeida Oliveira Reiners

Co-Advisor: Prof.. Dr.. Rosemeiry Capriata de Souza Azevedo

ABSTRACT

Qualitative study was exploratory and descriptive, whose goal was to understand the

impact of falls in the lives of seniors and their families from their perspectives. Data

collection was performed at home with 15 elderly and 22 family members, through

semi-structured interview containing questions about the impact caused by falls in the

lives of the elderly who have fallen and their families. The results of this research

reveal that falls cause similar impact on the lives of older people who fall and in the

lives of families who experience a fall. The life of the oldest old suffer repercussions as

it appears the fear of recurrent falls, role limitations, dependency, declining functional

status, social isolation, and even changes in behavior. While familiar, the repercussions

are based on financial impacts and reduction in working hours, change in daily routine

due to the care provided to the elderly caidor, reduced social activities, excessive

concern with consequent restriction of long-living activities. The results provide

information to health professionals, especially nurses, as they suggest strategies for

preventing the occurrence of falling through health education, the integral for the

elderly and for family assessment and the importance of home visits, which enable the

professional to provide individual, differentiated and appropriate assistance to the

needs of those involved in the fall event.

Keywords : Falls ; Seniors ; Family ; Repercussions .

Page 10: CAMILA GONÇALVES RECANELLO - cpd1.ufmt.br · Ao meu pequeno grande menino Luiz Otávio, ... sou hoje devo à educação e aos exemplos que me deram durante meus 27 anos. ... exploratório

RECANELLO, C.G.R. Impacto de las caídas en la vida de las personas mayores y

sus familias. 2014 – 67f Dissertación (Maestría en Enfermería) – El post-postgrado en

enfermería, Universidad Federal de Mato Grosso, Cuiabá, 2014.

Orientadora: Profª. Drª. Annelita Almeida Oliveira Reiners

Co-orientadora: Profª. Drª. Rosemeiry Capriata de Souza Azevedo

RESUMEN

Estudio cualitativo fue exploratorio y descriptivo, cuyo objetivo era entender el

impacto de las caídas en la vida de las personas mayores y sus familias de sus

perspectivas. La recolección de datos se llevó a cabo en el país con 15 ancianos y 22

miembros de la familia, a través de entrevista semi - estructurada que contenía

preguntas sobre el impacto causado por las caídas en las vidas de las personas mayores

que han caído y sus familias. Los resultados de esta investigación revelan que las

caídas causan impacto similar en la vida de las personas mayores que se caen y en las

vidas de las familias que experimentan una caída. La vida de los más ancianos sufren

consecuencias como aparece el miedo a las caídas recurrentes, limitaciones de rol, la

dependencia, el estado funcional en declive, el aislamiento social, e incluso los

cambios en el comportamiento. Si bien familiar, las repercusiones se basan en los

impactos financieros y la reducción de la jornada laboral, el cambio en la rutina diaria

debido a la atención prestada a la caidor ancianos, actividades sociales reducidas, la

preocupación excesiva con la consiguiente restricción de las actividades de larga vida.

Los resultados proporcionan información a los profesionales de la salud, especialmente

las enfermeras, ya que sugieren estrategias para prevenir la ocurrencia de caer a través

de la educación sanitaria, la integral de las personas mayores y para la evaluación de la

familia y la importancia de las visitas a los hogares, que permitir al profesional para

brindar asistencia individual, diferenciada y adecuada a las necesidades de los

involucrados en el evento de otoño .

Palabras clave: Caídas ; Seniors ; Familia ; Repercusiones.

Page 11: CAMILA GONÇALVES RECANELLO - cpd1.ufmt.br · Ao meu pequeno grande menino Luiz Otávio, ... sou hoje devo à educação e aos exemplos que me deram durante meus 27 anos. ... exploratório

LISTA DE SIGLAS

AB: Atenção básica

AVD: Atividade de vida diária

AIVD: Atividade instrumental de vida diária

CDC: Center of Disease Control and Prevention

CF: Capacidade funcional

IBGE: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

OMS: Organização Mundial da Saúde

PNI: Política Nacional do Idoso

PNSPI: Política Nacional de Saúde da Pessoa Idosa

SUS: Sistema Único de Saúde

TCLE: Termo de consentimento livre e esclarecido

WHO: World Health Organization

Page 12: CAMILA GONÇALVES RECANELLO - cpd1.ufmt.br · Ao meu pequeno grande menino Luiz Otávio, ... sou hoje devo à educação e aos exemplos que me deram durante meus 27 anos. ... exploratório

SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ......................................................................................................... 14

1.2 Objetivo ...................................................................................................... 16

1.3 Referencial teórico ...................................................................................... 17

1.3.1 Quedas e suas causas .................................................................... 17

1.3.2 Repercussões das quedas .............................................................. 19

1.3.3 O enfermeiro e a atenção à saúde do idoso .................................. 21

2. METODOLOGIA ...................................................................................................... 25

3. RESULTADOS E DISCUSSÃO ............................................................................... 27

3.1 As quedas dos idosos ................................................................................... 27

3.2 Repercussões das quedas na vida dos idosos ............................................... 31

3.2.1 Repercussões físicas das quedas ............................................................... 31

3.2.2 Repercussões psicológicas das quedas ..................................................... 33

3.2.3 Repercussões sociais das quedas .............................................................. 35

3.3 Repercussões das quedas dos idosos na vida dos familiares ....................... 37

4. CONSIDERAÇÕES FINAIS .................................................................................... 41

5. REFERÊNCIAS ........................................................................................................ 43

6. APÊNDICES ............................................................................................................. 52

6.1 Roteiro de entrevista semiestruturada .......................................................... 53

6.2 Termo de consentimento livre e esclarecido ................................................ 54

6.3 Agrupamentos .............................................................................................. 55

7. ANEXO ..................................................................................................................... 63

7.1 Parecer consubstanciado do CEP ................................................................. 64

7.2 Submissão do manuscrito à Revista Cogitare Enfermagem ........................ 66

7.3 Submissão do manuscrito à Revista Journal of Nursing ............................. 67

Page 13: CAMILA GONÇALVES RECANELLO - cpd1.ufmt.br · Ao meu pequeno grande menino Luiz Otávio, ... sou hoje devo à educação e aos exemplos que me deram durante meus 27 anos. ... exploratório

1. INTRODUÇÃO

O envelhecimento populacional é um fenômeno mundial. Em todo o mundo, o

número de pessoas com 60 anos e mais cresce com maior rapidez do que qualquer outro

grupo etário. São estimados 1,2 bilhões de idosos em 2025 e projetados quase dois

bilhões até 2050. Nessa época, pela primeira vez na história da humanidade, a

população de longevos será maior do que a de crianças com menos de 14 anos de idade

(BRASIL, 2006).

Atualmente existe, no Brasil, aproximadamente 21 milhões de pessoas com

idade igual ou superior a 60 anos, o que representa cerca de 10% da população brasileira

(Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE, 2010). Estima-se que até 2025

esse grupo aumentará quinze vezes, alcançando cerca de 32 milhões de pessoas e o

sexto lugar no mundo em contingente de idosos (BRASIL, 2010).

Paralelamente às mudanças demográficas, o perfil epidemiológico das pessoas

adultas e idosas vem sofrendo alterações nos últimos anos. A mortalidade está

relacionada principalmente às doenças do aparelho circulatório, neoplasias, causas

externas ou mal definidas e doenças infecciosas ou parasitárias (DATASUS, 2012).

Em relação às causas externas, estima-se que para cada morte resultante desse

evento, sejam geradas dezenas de hospitalizações, centenas de atendimentos em

serviços de emergência e milhares de consultas médicas (World Health Organization -

WHO, 2007). A proporção de pessoas que sobrevive às lesões é alta, entretanto, grande

parte delas passa a conviver com deficiências temporárias ou permanentes. Além disso,

lesões por causas externas levam a óbito, anualmente, mais de cinco milhões de pessoas

em todo o mundo, representando 9% da mortalidade global (WHO, 2012).

Estudos sobre causas externas têm sido desenvolvidos priorizando os jovens,

visto que é uma população com altos índices de violência e traumatismos por diversos

motivos (homicídios, acidentes automobilísticos, entre outros). No entanto, esse agravo

também tem sido impactante na população de pessoas com 60 anos e mais. O processo

de envelhecimento dos idosos aliado a outros fatores predispõe essa população a

adoecer e morrer por causas externas, especialmente as quedas (MARTINS et al. 2007).

Nos serviços de emergência dos Estados Unidos foram registradas em 2011,

mais de 700 mil internações de idosos por diversas causas e as quedas foram uma das

Page 14: CAMILA GONÇALVES RECANELLO - cpd1.ufmt.br · Ao meu pequeno grande menino Luiz Otávio, ... sou hoje devo à educação e aos exemplos que me deram durante meus 27 anos. ... exploratório

principais, representando mais de 50% de todos os atendimentos (Center of Disease

Control and Prevention - CDC, 2011).

No Brasil, dentre os mais de 23 mil óbitos de idosos relacionados a causas

externas ocorridos no país, as quedas ocuparam, em 2010, o primeiro lugar. Em 2011,

este evento foi responsável por mais de 84 mil casos de internações nesta mesma

população (DATASUS, 2012).

Responsáveis por perdas na autonomia e na independência, mesmo que por

tempo limitado, as quedas aumentam o risco de institucionalização, além dos custos

com os cuidados à saúde e trazem prejuízos sociais à família (SILVA et al. 2007), como

a necessidade de cuidador, isolamento social e sobrecarga de trabalho.

A literatura nacional e internacional produzida nos últimos anos relacionada ao

às quedas em idosos é extensa. Diversos profissionais da área da saúde, como terapeutas

ocupacionais, fisioterapeutas, enfermeiros, médicos e psicólogos, têm se preocupado

com a temática, evidenciando a sua importância.

Nos estudos nacionais, os autores exploram e descrevem os idosos caidores e as

quedas de modo geral, bem como suas possíveis causas e consequências (Nicolussi et

al. 2012; Chianca et al. 2013; Brito et al. 2013). Na literatura internacional o maior

interesse dos autores é pela prevenção e intervenção deste evento (OH et al. 2012;

CHIU et al. 2012; DARGENT-MOLINA; KHOURY; CASSOU, 2013).

Nessa literatura, nas investigações sobre as consequências das quedas de idosos

na comunidade, os pesquisadores se preocuparam principalmente com sua frequência

(se recorrentes ou não) e com a forma como ela acontece, relacionando-as com fatores

extrínsecos e intrínsecos. As consequências, apontam que as principalmente encontradas

são as fraturas de fêmur, quadril e rádio, hospitalizações e imobilizações (FREITAS et

al. 2011; COSTA et al. 2011; MAIA et al. 2011; PINHO et al. 2012).

Além dessas consequências físicas, a literatura sobre o assunto mostra que as

quedas trazem outros tipos de repercussões na vida dos idosos. Na cidade de Córdoba –

Espanha desenvolveu-se um estudo com 362 pessoas com 70 anos ou mais. Os

resultados mostraram que 25% das pessoas que caíram admitiram ter mudado os hábitos

de vida após a queda, sendo que destes, 22% passaram a limitar seus movimentos, 11%

deixaram de sair sozinho de casa e 44,7% afirmaram ter medo de cair novamente

(VARAS-FABRAS et al. 2006).

Page 15: CAMILA GONÇALVES RECANELLO - cpd1.ufmt.br · Ao meu pequeno grande menino Luiz Otávio, ... sou hoje devo à educação e aos exemplos que me deram durante meus 27 anos. ... exploratório

Em outro estudo desenvolvido com 72 idosos de uma comunidade de baixa

renda do município do Rio de Janeiro, as quedas trouxeram como repercussões

modificação de hábitos, abandono de certas atividades, imobilização, lesão neurológica,

medo de voltar a cair, necessidade de rearranjo familiar e mudança de domicílio

(RIBEIRO et al. 2008).

Em Cataluña – Espanha foi desenvolvida uma pesquisa com 3247 pessoas a fim

de avaliar a proporção de idosos que sofreram quedas. O estudo mostrou que 14,9%

admitiram ter sofrido ao menos uma queda durante o período de 12 meses. Além da

necessidade de intervenção médica, o evento, por ser suficientemente grave, foi

responsável por comprometer 24,6% das atividades de vida diária, previamente

exercidas sem dificuldades (SUELVES; MARTÍNEZ; MEDINA, 2010).

O medo de voltar a cair é uma repercussão frequentemente encontrada pelos

idosos caidores em diversos estudos (Jahana; Diogo, 2007; Lopes; Dias, 2010; Maia et

al. 2011; Dias et al. 2011) fato que pode torná-los dependentes para a realização de

atividades antes desempenhadas sem auxílio.

Os resultados desses e de outros estudos evidenciam o quanto as quedas

repercutem no corpo e na vida dos idosos. A maioria dessas pesquisas foram realizadas

utilizando a abordagem quantitativa. Entretanto, pouco se sabe das repercussões das

quedas na perspectiva dos próprios idosos e seus familiares. Esses últimos são

fundamentais no cuidado ao idoso e tudo que acontece a ele, de alguma forma, afeta

também essas pessoas.

Por se tratar de um tema relevante na área da gerontologia, especialmente no que

concerne à assistência aos idosos e familiares após o evento da queda, o propósito do

estudo é compreender suas repercussões a partir de uma abordagem qualitativa.

Entende-se que pesquisas que aprofundem o conhecimento acerca das

repercussões das quedas na vida dos idosos, bem como de seus familiares, podem

contribuir para melhorar o cuidado prestado a essas pessoas.

1.2 OBJETIVO

Compreender as repercussões das quedas na vida dos idosos e de seus familiares

a partir de suas perspectivas.

Page 16: CAMILA GONÇALVES RECANELLO - cpd1.ufmt.br · Ao meu pequeno grande menino Luiz Otávio, ... sou hoje devo à educação e aos exemplos que me deram durante meus 27 anos. ... exploratório

1.3 REFERENCIAL TEÓRICO

1.3.1 Quedas e suas causas

Atualmente, observa-se que as quedas têm sido um evento muito frequente na

vida dos idosos. A definição para tal é vista de diferentes formas por diversos

estudiosos. Segundo Massud e Morris (2001), a queda pode ser definida como episódios

de desequilíbrio que levam o indivíduo ao chão, podendo também ocorrer através de

qualquer contato acidental com superfícies próximas.

Queda é um evento não intencional, caracterizado pela mudança brusca de

posição do indivíduo para um nível inferior em relação à sua posição inicial (Ganança et

al. 2006). Para Wada et al. (2007), a queda corresponde a qualquer toque ao chão de

forma inesperada por qualquer parte do corpo do indivíduo, com exceção apenas dos

pés.

Neste estudo, adota-se a definição proposta pela Organização Mundial da Saúde

(OMS, 2012), a qual afirma que queda é qualquer evento involuntário no qual a pessoa

perde o equilíbrio e o corpo cai ao piso ou sobre uma superfície firme.

O evento queda é multifatorial, podendo ser classificado por fatores intrínsecos e

extrínsecos. O primeiro diz respeito às alterações fisiológicas naturais relacionadas ao

processo de envelhecimento, à patologia apresentada pelo idoso e até mesmo os efeitos

causados pela utilização de fármacos. Já o segundo, está relacionado com situações

ambientais, tais como iluminação, pisos escorregadios e até mesmo desníveis no solo,

os quais proporcionam desafios durante as atividades diárias dos longevos (BRITO et

al. 2013).

Estudiosos que têm pesquisado frequentemente sobre a relação desses fatores

com a ocorrência das quedas dos idosos, apontam que há muitas vezes interação entre

os dois durante o evento (SUELVES et al. 2010; ALMEIDA et al. 2012; SILVA et al.

2012).

Dentre os fatores que predispõem as quedas, os ambientes estão intimamente

relacionados com o evento. Jahana e Diogo (2007) afirmam que a maioria das quedas

ocorre dentro dos domicílios dos idosos, seguido pelos locais ao entorno das residências

e, em terceiro, ruas e calçadas.

Page 17: CAMILA GONÇALVES RECANELLO - cpd1.ufmt.br · Ao meu pequeno grande menino Luiz Otávio, ... sou hoje devo à educação e aos exemplos que me deram durante meus 27 anos. ... exploratório

As consequências das quedas para uma pessoa idosa são um fator de morbidade

considerável, podendo gerar sequelas permanentes e incapacidades. As comumentes

relatadas pelos caidores são as fraturas, a imobilização, hematomas e a dor

(NICOLUSSI et al. 2012; BRITO et al. 2013; DARGENT-MOLINA; KHOURY;

CASSOU, 2013).

Pesquisa realizada em 2008 por Duca, Antes, Hallal (2013) com o objetivo de

investigar a ocorrência de quedas e fraturas entre 466 idosos, constatou que a

prevalência de queda foi de 38,9% no ano anterior. Dentre os que caidores, as fraturas

acometeram 19,2% deles, sendo que dessas, 59,9% foram localizadas nos membros

inferiores.

Em Ribeirão Preto – SP desenvolveu- um estudo com 240 idosos, no ano de

2011, o qual mostrou que 75% deles caíram dentro do domicílio. As principais causas

apontadas pelos caidores foram alteração do equilíbrio (55,9%) e pisos irregulares,

escorregadios e desníveis (57,6%) (FHON et al. 2013).

Estudo desenvolvido por Carvalho et al. (2012) em Erechim – RS, no ano de

2.011, com 35 idosos da comunidade, demonstra que dentre as principais consequências

físicas decorrentes da queda, os hematomas representaram 36%, as fraturas 22% e a

necessidade de dispositivos para auxiliar durante deambulação 14%. Em relação ao

ambiente da queda 37% dos longevos caíram no pátio de casa, 17% na cozinha, 14% no

banheiro e 8% seguido de outros locais dentro da residência. Tropeços em tapetes,

escadas e obstáculos foram frequentemente lembrados pelos participantes. A pesquisa

acrescenta ainda que as quedas ocorreram em sua maioria (43%) devido ao ambiente,

seguidas de tontura (19%) e distúrbios de equilíbrio e marcha (12%). Percebeu-se que

os idosos mais ativos, muitas vezes não percebem os riscos à que se expõem

diariamente e não se preocupam com as atividades que habitualmente desempenham.

No entanto, as quedas não ocasionam apenas as consequências físicas no

caidores, mas também repercussões psicológicas e sociais, tanto para quem as vivencia

como para os familiares que participam desse evento.

Dentre as repercussões psicológicas, o medo de cair é frequentemente relatado

tanto por idosos que vivenciaram as quedas, quanto para os que nunca a experenciaram

(MOREIRA et al. 2013).

O medo de cair é caracterizado pela ansiedade ao caminhar e preocupação

excessiva em cair (Freiberger; Vreede, 2011). Promove dependência física, isolamento

Page 18: CAMILA GONÇALVES RECANELLO - cpd1.ufmt.br · Ao meu pequeno grande menino Luiz Otávio, ... sou hoje devo à educação e aos exemplos que me deram durante meus 27 anos. ... exploratório

social e até mesmo redução da mobilidade. A prevalência desse fenômeno varia entre

20% a 85% dos idosos residentes na comunidade (Curcio; Corriveau; Beaulieu, 2011).

Esse sentimento é muito comum nos longevos, reconhecido como problema de saúde

para a população idosa, inclusive nos indivíduos que nunca caíram (DIAS et al. 2011).

Rezende et al. (2010), afirmam que dentre as 60 idosas entrevistadas em sua

pesquisa, 40,11% referiram não ter medo de cair, 25,33% admitiram sentir moderado

medo enquanto 4,6% afirmaram muito medo de sofre uma queda. Em relação às

atividades que foram relatadas como perigosas, estão as de tomar banho, andar em

superfícies escorregadias, locais com muitas pessoas e sair para eventos sociais.

Pesquisas internacionais têm demonstrado maior interesse em prevenção da

queda e intervenção desse evento. Estudo realizado na Coréia, com idosos que já

haviam experenciado a queda, buscou relacionar a prática de exercícios físicos com a

redução do medo de cair. Os resultados demonstraram que a prática dessas atividades

foram uma importante estratégia de intervenção, pois detectou-se que com os exercícios

regulares, grande parte dos idosos passaram a sentir maior confiança e segurança em

deambular, além de melhorarem o equilíbrio corporal, flexibilidade e maior qualidade

de vida (OH et al. 2012).

No que tange às pesquisas nacionais, o empenho dos autores tem sido acerca de

explorar e descrever os principais fatores que estão associados à ocorrência de quedas,

bem como prevalência e como elas acontecem na vida dos idosos. Publicações

referentes à temática buscam um diagnóstico de como as quedas ocorrem, os locais em

que frequentemente acontecem e qual o perfil dessa população de idosos (Silva et al.

2012; Brito et al. 2013; Fhon et al. 2013). Sul e Sudeste foram as regiões que mais se

destacaram em relação ao desenvolvimento desses estudos (Dias et al., 2011; Costa et

al., 2011; Cavalcante et al., 2012)

Para Pereira (2006) as quedas ocasionam consequências na vida dos caidores, as

quais vão além do físico. São responsáveis pelo surgimento de alterações psicológica,s

sociais, de dependência e financeira. Diante disso, cair se torna um evento grave com

importantes repercussões para caidores e familiares.

1.3.2 Repercussões das quedas

Page 19: CAMILA GONÇALVES RECANELLO - cpd1.ufmt.br · Ao meu pequeno grande menino Luiz Otávio, ... sou hoje devo à educação e aos exemplos que me deram durante meus 27 anos. ... exploratório

As quedas ocorrem em qualquer fase da vida dos indivíduos, no entanto, entre os

idosos elas representam grande relevância, tendo em vista as repercussões que

acarretam. De acordo com Ferreira (2008), repercussão tem como definição “ato ou

efeito de repercutir. Fazer sentir indiretamente sua ação ou influência”.

As repercussões que as quedas dos idosos ocasionam na vida de quem as

experencia, não são apenas físicas, mas também psicológicas e sociais (Silva et al.

2007). Com o surgimento da queda na vida dos idosos, os mesmos passam a sentir

medo de cair novamente. Esse sentimento é caracterizado pela preocupação excessiva

em sofrer queda e ansiedade ao caminhar. Síndrome comum com resultados

potencialmente graves e frequentemente relatada por idosos caidores. Deshpande et al.

(2008) afirmam que quanto maior o número de quedas, maior o medo de quedas

recorrentes, associada à perda de confiança em deambular livremente.

O medo de cair é considerado uma das repercussões mais incapacitantes, visto

que aumenta o desuso, acentua perda da capacidade funcional restringindo assim a

atividade cotidiana do longevo (MOREIRA et al. 2013).

Pesquisa realizada em Florianópolis – SC, com 1705 idosos da comunidade

aponta que, 322 deles referiram queda no último ano. Dentre os caidores, grande parte

dos caidores afirmou ter medo de cair novamente e em virtude desse sentimento,

fazendo com que muitos reconhecessem o surgimento das limitações nas atividades

rotineiras (ANTES et al. 2013).

Essas restrições fazem com que os longevos permaneçam maior tempo em seus

domicílios, realizando cada vez menos funções diárias. Situações responsáveis pela

diminuição da força muscular e enfraquecimento dos membros inferiores, ocasionando

ao idoso a condição de dependência, isolamento social e declínio funcional (JAHANA;

DIOGO, 2007; COSTA et al. 2011).

Para Fabrício; Rodrigues; Júnior (2004), os idosos ao caírem se sentem

fragilizados e tendem a não se expor ao risco de novas quedas. Consequentemente,

ocorre a diminuição do desempenho de suas atividades diárias e de participações

sociais. Para Barreto e Amorim (2010), deixar de sair de suas casas e de se incluir em

eventos sociais, são fatores importantes para desencadear tristeza, isolamento e até

mesmo a depressão.

Souza (2011) em uma pesquisa sobre as consequências causadas pelas quedas de

idosos acrescenta que, dentre as consequências secundárias às quedas, surgem

Page 20: CAMILA GONÇALVES RECANELLO - cpd1.ufmt.br · Ao meu pequeno grande menino Luiz Otávio, ... sou hoje devo à educação e aos exemplos que me deram durante meus 27 anos. ... exploratório

dependência de terceiros, diminuição da capacidade funcional, perda da qualidade de

vida, medo de cair novamente, restrição das atividades sociais e atitudes protetoras de

familiares e profissionais.

Aliada a essa questão, os familiares assumem por muitas vezes o processo de

cuidar. No entanto, para que esse ato se concretize, torna-se necessária a integração das

relações dos membros, disponibilidade e recursos dos mesmos (Oliveira; Menezes,

2011). A família desempenha o papel principal em relação ao suporte ao idoso

dependente em ambiente domiciliar, mesmo com poucos recursos físicos, financeiros e

humanos (ARAÚJO; PAÚL; MARTINS, 2011).

Revisões de literatura sobre consequências das quedas na população idosa

mostraram que elas repercutiram em abandono das atividades antes realizadas sem

dificuldades, sentimentos de tristeza, impotência, medo de voltar a cair, mudança

comportamental, restrição das atividades sociais, perda da autonomia, da independência

e da qualidade de vida (MAIA et al. 2011; SOUZA, 2011).

No entanto, Harthold et al. (2011) afirmam que essas repercussões não existem

apenas na vida dos caidores, mas também faz parte da rotina dos familiares que

assumem o cuidado ao longevo. Dessa forma, passam a sofrer repercussões

psicológicas, sociais, desgaste físico e até mesmo financeiro. Para Gratao et al. (2012),

poder retribuir atos realizados pelos idosos ao longo da vida, gera satisfação ao familiar,

visto que o mesmo tem forças e condições para oferecer o cuidado a quem necessita no

momento. Nesse sentido, os familiares são impulsionados a investirem todas as suas

forças, custos e consequências para promoverem o bem-estar daqueles que amam e

admiram.

Oliveira e Caldana (2012) afirmam que grande parte dos filhos que cuidam dos

pais, o faz como forma de retribuição pelo cuidado fornecido pelos mesmos durante a

vida. Nesse sentido, os sentimentos de satisfação por executar essa atividade são

experenciados por eles. Os familiares entendem que realizar os cuidados hoje, é resposta

de quando os idosos estavam à disposição dos familiares, sendo visível a inversão dos

papéis entre gerações.

1.3.3 O enfermeiro e a atenção à saúde do idoso

Page 21: CAMILA GONÇALVES RECANELLO - cpd1.ufmt.br · Ao meu pequeno grande menino Luiz Otávio, ... sou hoje devo à educação e aos exemplos que me deram durante meus 27 anos. ... exploratório

A Política Nacional do Idoso (PNI) criada em 1994 tem a finalidade de assegurar

os direitos sociais do idoso, criando condições de para promoção de sua autonomia,

integração e participação efetiva na sociedade. Partiu-se da premissa que a família, a

sociedade e o estado têm dever de assegurar os direitos dos idosos, além de que o

envelhecimento necessita fazer parte do conhecimento e informação de todos.

Esta política visa estimular a criação de centros de convivências, casas-lares e

centros de cuidados diurnos, os quais viabilizam alternativas de atendimento a diversos

longevos. Além disso, busca prevenir, promover, proteger e recuperar a saúde através de

programas e medidas profiláticas. Implantou-se o Plano de Ação para o Enfrentamento

da Violência Contra a Pessoa Idosa, a qual visa promover ações que tratem do

enfrentamento da exclusão social e de todas as formas de violência contra esse grupo

social.

Em 2003 é instituído o Estatuto do Idoso, o qual visa regular o direito da pessoa

idosa, sem prejuízo da proteção integral aliada às condições de liberdade e dignidade.

Em suma, acrescenta os direitos à vida, saúde, habitação, transporte, previdência social,

além do intuito de mobilizar a opinião pública no sentido de participação dos diferentes

segmentos da sociedade em relação ao atendimento ao idoso. O estatuto é destinado a

regular os direitos assegurados às pessoas com idade igual ou superior a 60 anos e a

instituir severas penas para quem desrespeitar ou abandonar cidadãos longevos

(BRASIL, 2003).

Em fevereiro de 2006, é publicado o documento das Diretrizes do Pacto pela

Saúde que contempla o Pacto pela Vida. A saúde do idoso aparece como uma das seis

prioridades entre as três esferas de governo sendo apresentada uma série de ações que

visam a implementação de algumas das diretrizes da Política Nacional de Atenção à

Saúde do Idoso (BRASIL, 2006).

Em outubro do mesmo ano, é regulamentada a Política Nacional de Saúde da

Pessoa Idosa (PNSPI), a qual assegura os direitos das pessoas idosas através de

condições de promoção de sua autonomia, integração e participação efetiva na

sociedade, além de reafirmar o direito à saúde em todos os níveis de atendimento do

Sistema Único de Saúde (SUS). Essa política assume que a capacidade funcional é o

principal problema que pode afetar os idosos, através da perda das habilidades físicas e

mentais, as quais são fundamentais para a realização das atividades básicas e

instrumentais de vida diária (BRASIL, 2006).

Page 22: CAMILA GONÇALVES RECANELLO - cpd1.ufmt.br · Ao meu pequeno grande menino Luiz Otávio, ... sou hoje devo à educação e aos exemplos que me deram durante meus 27 anos. ... exploratório

A PNSPI acrescenta que é necessária a vigilância de todos os membros da

equipe de saúde, a aplicação de instrumentos de avaliação e de testes de triagem, para

detecção de distúrbios cognitivos, visuais, de mobilidade, de audição, de depressão e do

comprometimento precoce da funcionalidade. Preservar a autonomia e a independência

funcional das pessoas idosas é a meta em todos os níveis de atenção desta política.

(BRASIL, 2006).

O Ministério da Saúde tem desenvolvido campanhas de prevenção da

osteoporose e quedas, além da realização de oficinas estaduais com o objetivo de

sensibilizar e capacitar os profissionais de nível superior, preferencialmente aqueles que

atuam na Atenção Básica, para trabalhar numa linha de cuidado que vise à prevenção da

osteoporose e das quedas e à identificação de “idosos caidores”, em uma visão

multidisciplinar, tendo como instrumento a Caderneta de Saúde da Pessoa Idosa.

Esta Caderneta se trata de um instrumento valioso que auxilia na identificação

das pessoas idosas frágeis ou em risco de fragilização, além de serem registradas

informações relevantes a respeito das condições de saúde. Para os profissionais de

saúde, possibilita o planejamento, organização das ações e um melhor acompanhamento

do estado de saúde dos longevos. Além disso, nela constam dados acerca da ocorrência

de quedas dos longevos, para que sejam preenchidas informações de quantas vezes os

idosos sofreram quedas por ano e por semestre, além de registrarem informações que

julgam necessárias.

Ademais, foi divulgado o Caderno de Atenção Básica - Envelhecimento e Saúde

da Pessoa Idosa, o qual objetivou fornecer uma maior resolutividade às necessidades da

população idosa na Atenção Básica (AB) e fornecer maiores subsídios para a prática dos

profissionais. Este foi elaborado a partir do Pacto pela Vida de 2006 e das Políticas

Nacionais de Atenção Básica, de Atenção à Saúde da Pessoa Idosa, Promoção da Saúde

e Humanização no SUS (BRASIL, 2006).

Em Victoria – Canadá, no ano de 2007, ocorreu um encontro dos profissionais

de saúde de todos os continentes com o tema: Relatório do encontro técnico sobre

prevenção das quedas na velhice da Organização Mundial da Saúde. O objetivo dessa

reunião foi pautar um modelo de Prevenção de Quedas, embasados no Envelhecimento

Ativo. Frente a isso, foi elaborado um Relatório Global, o qual fornece informações

desde a magnitude das quedas na visão mundial, até mesmo de como prevenir a

ocorrência de quedas dos idosos e mantê-lo em estilo ativo de vida (OMS, 2010).

Page 23: CAMILA GONÇALVES RECANELLO - cpd1.ufmt.br · Ao meu pequeno grande menino Luiz Otávio, ... sou hoje devo à educação e aos exemplos que me deram durante meus 27 anos. ... exploratório

Políticas públicas saudáveis que fornecem informações, estratégias e

estabelecem prioridades frente ao crescente problema das quedas em uma sociedade que

está envelhecendo, servem de fonte para facilitar a construção de novas pesquisas e

informações que sejam facilmente acessadas pelos indivíduos da comunidade e,

principalmente, pelos profissionais de saúde que lidam com a população idosa.

Além disso, fornecem estruturas e apoio essenciais para uma abordagem ampla e

interligada com a prevenção de quedas, para que as evidências de prevenção apoiem a

aplicação eficaz das intervenções adequadas e a prática dos profissionais sejam

embasadas de acordo com os padrões e protocolos estabelecidos por estas.

Page 24: CAMILA GONÇALVES RECANELLO - cpd1.ufmt.br · Ao meu pequeno grande menino Luiz Otávio, ... sou hoje devo à educação e aos exemplos que me deram durante meus 27 anos. ... exploratório

2. METODOLOGIA

Estudo exploratório e descritivo, com abordagem qualitativa. Essa abordagem

possibilita conhecer percepções, experiências de vida e reflexões da realidade a partir da

ótica dos sujeitos (TRIVIÑOS, 2010). Desta forma, ela se mostra adequada para

compreender a vivência dos idosos e de seus familiares com o evento da queda, tal o

proposto neste estudo.

A pesquisa foi desenvolvida na área urbana do município de Cuiabá, capital de

Mato Grosso, localizado na Região Centro-Oeste do Brasil. A cidade conta com

aproximadamente 551.350 habitantes, sendo 44.751 idosos, valor que representa 8,1%

da população total da capital (IBGE, 2010).

Participaram da pesquisa 15 idosos e 22 familiares. Esses sujeitos foram

selecionados a partir do estudo realizado por Cardoso (2013), em 2012, sobre as

condições de saúde das pessoas com 60 anos ou mais residentes na zona urbana do

município de Cuiabá – MT. Nessa pesquisa, os idosos foram questionados sobre a

ocorrência de quedas nos últimos três meses e 109 responderam sim.

Os 15 idosos e seus familiares foram selecionados por meio de amostragem

intencional. Definiu-se como critério de inclusão que os idosos residissem com os

familiares há pelo menos doze meses, tempo considerado necessário para a vivência da

queda e suas repercussões. Assim, a partir dos dados de identificação e residência dos

idosos obtidos da pesquisa de Cardoso (2013), deu-se início à coleta de dados. O

número de participantes foi definido por meio da saturação dos dados (POLIT; BECK,

2011).

Realizou-se teste piloto com um idoso caidor e seus familiares residentes em

bairro diferente dos participantes da pesquisa, a fim de verificar a aplicabilidade do

instrumento e a compreensão das perguntas pelos sujeitos.

A coleta dos dados foi realizada por meio de entrevista semiestruturada,

utilizando-se um roteiro contendo quatro questões norteadoras (APÊNDICE A). As

entrevistas foram realizadas no período de janeiro e fevereiro de 2013, no domicílio dos

idosos. Ao chegar às residências, a pesquisadora se apresentou e explicou o motivo da

visita. De forma clara, explanou-se o objetivo, os benefícios, direitos, riscos dos sujeitos

em relação à pesquisa, bem como a forma como as perguntas seriam conduzidas.

Page 25: CAMILA GONÇALVES RECANELLO - cpd1.ufmt.br · Ao meu pequeno grande menino Luiz Otávio, ... sou hoje devo à educação e aos exemplos que me deram durante meus 27 anos. ... exploratório

Esclareceu-se ainda, que a participação seria de forma voluntária e que os sujeitos

poderiam desistir a qualquer momento.

Para dar maior fidedignidade aos relatos, solicitou-se permissão para gravar a

entrevista. Por fim, foi solicitada a assinatura do Termo de Consentimento Livre e

Esclarecido (TCLE) pelos participantes (APÊNDICE B).

As entrevistas foram realizadas nos domicílios, em local escolhido pelos

participantes, longe de ruídos e movimentações, com duração média de 50 minutos. Os

relatos foram transcritos na íntegra.

Para análise dos dados foi utilizada a Análise de Conteúdo, na modalidade

Análise Temática, proposta por Bardin (2010). A técnica preconiza três principais

passos, sendo eles a pré-análise, a exploração do material e o seu tratamento e a

interpretação.

A fim de contemplar essas etapas, realizou-se a leitura flutuante das entrevistas

em sua totalidade. Após esse momento, criaram-se códigos para facilitarem a

identificação dos principais elementos dos relatos analisados. Para tanto, construímos

agrupamentos (APÊNDICE C), os quais foram compostos pelas falas dos entrevistados,

pela identificação dos mesmos e observação principal da pesquisadora. Em seguida,

criaram-se unidades de análise, as quais foram categorizadas e contempladas com parte

dos relatos dos entrevistados.

Ao final da análise chegou-se a três temas: As quedas dos idosos; Repercussões

da queda na vida dos idosos; Repercussões da queda dos idosos na vida dos familiares.

Essas categorias foram analisadas e discutidas com base no referencial teórico

produzido sobre o assunto. Por fim, realizou-se inferências e discussão dos dados

embasados no referencial teórico apresentado.

A pesquisa foi submetida para análise do Comitê de Ética em Pesquisa do

Hospital Universitário Júlio Muller, cumprindo os requisitos determinados pela

resolução 196/96 para toda e qualquer pesquisa realizada com seres humanos, sendo

aprovada em 20 de dezembro de 2012, sob protocolo nº 170.251.

Na apresentação das categorias empíricas encontradas foram utilizados

fragmentos dos relatos dos participantes, identificados pelas palavras idoso(a), grau de

parentesco do familiar (esposo(a), filho(a), nora, neto(a)) e idade dos participantes.

Page 26: CAMILA GONÇALVES RECANELLO - cpd1.ufmt.br · Ao meu pequeno grande menino Luiz Otávio, ... sou hoje devo à educação e aos exemplos que me deram durante meus 27 anos. ... exploratório

3. RESULTADOS E DISCUSSÃO

Participaram do estudo 15 idosos, a maioria do sexo feminino na faixa etária de

70 a 79 anos. Este dado está de acordo com a literatura sobre quedas de idosos, a qual

mostra que as mulheres nesta faixa etária são as maiores vítimas desse evento

(Gawryszewski, 2010; Cruz et al., 2012). Além disso, existe predisposição maior para

ocorrência de quedas entre as pessoas acima de 70 anos visto que o processo de

envelhecimento determina inúmeras mudanças físicas e mentais, as quais contribuem

para ocorrência evento (CHIANCA et al., 2013).

Vinte e dois familiares também foram entrevistados, a maior parte era filhas,

noras e netas. De acordo com o IBGE (2012) aproximadamente 85% dos idosos vivem

com outra pessoa com quem estabelecem alguma relação de parentesco, podendo ser

filhos, cônjuges, outro parente ou agregado.

3.1 As quedas dos idosos

A etiologia da queda é multifatorial, sendo difícil atribuir uma única causa para a

ocorrência desse evento nos idosos. A literatura aponta que os fatores responsáveis

pelas quedas dos idosos podem ser tanto intrínsecos quanto extrínsecos (DARGENT-

MOLINA; KHOURY; CASSOU, 2013; CAVALCANTE; AGUIAR; GURGEL, 2012;

SANTOS et al. 2012).

Dentre os fatores intrínsecos, alterações na forma do corpo, diminuição da

altura, perda de massa muscular e modificação na marcha são as principais alterações

anatômicas ligadas à ocorrência de quedas. Essas alterações em conjunto podem

provocar a instabilidade corporal e dificultar a manutenção do equilíbrio (Silva et al.

2007; Müjdeci; Askoy; Atas, 2012). Já entre os fatores extrínsecos pesquisas mostram

que os tropeços, escorregões em pisos molhados e iluminação inadequada são os que

mais contribuem para as quedas.

A partir dos relatos constatou-se que as quedas dos idosos aconteceram dentro e

fora dos ambientes domiciliares em atividades simples e normalmente desempenhadas

por eles no dia a dia. Dentro do domicílio, os locais em que eles frequentemente caíram

foram o banheiro, a cozinha e o quintal. Por outro lado, fora do domicílio os idosos

comumente caíram na rua.

Page 27: CAMILA GONÇALVES RECANELLO - cpd1.ufmt.br · Ao meu pequeno grande menino Luiz Otávio, ... sou hoje devo à educação e aos exemplos que me deram durante meus 27 anos. ... exploratório

No que entrei no banheiro, escorreguei e caí (Idosa, 73 anos).

...escorreguei e caí aqui dentro de casa mesmo (Idoso, 80 anos).

Aqui em casa eu já caí no banheiro, na porta, no quintal, em toda

parte (Idosa, 77 anos).

Pesquisas sobre quedas de idosos na comunidade confirmam que longevos

costumam cair mais frequentemente dentro dos seus domicílios (Cruz et al., 2012;

Aveiro et al., 2012; Chianca et al., 2013). Nesse sentido, os idosos estão continuamente

expostos à ocorrência de quedas, visto que nesse local encontram diariamente fatores

ambientais que lhe oferecem risco, como pisos escorregadios, tapetes, fios soltos,

ambientes sem ou com pouca iluminação, presença de degraus, entre outros.

...levantei para ir no banheiro e estava tudo escuro, não consegui

enxergar direito e caí... (Idosa, 72 anos).

Os idosos e seus familiares relataram que, na maioria das vezes, caem porque

tropeçam ou escorregam. Isso mostra que, no caso deles, os fatores extrínsecos são os

principais responsáveis pela ocorrência do evento.

Eu escorreguei na cozinha, eu caí de perna aberta (Idosa, 62 anos).

... quando eu voltei para ver a panela que estava no fogo eu tropecei no degrau e caí (Idosa, 82 anos).

Igualmente, evidenciou-se nos relatos que as quedas dos idosos participantes do

estudo também foram ocasionadas por fatores intrínsecos.

...eu perco o equilíbrio, qualquer coisa que meu pé falseia eu já perco

o equilíbrio, aí eu vou para o chão (Idosa, 77 anos).

Ergui o braço para colocar a roupa no varal e caí de novo, acho que

fiquei tonta porque levantei o braço [...] qualquer coisinha fico tonta e

caio (Idosa, 72 anos).

Esses resultados mostram que a enfermagem tem um papel importante junto aos

idosos e seus familiares. De acordo com Australian (2009) os enfermeiros são

Page 28: CAMILA GONÇALVES RECANELLO - cpd1.ufmt.br · Ao meu pequeno grande menino Luiz Otávio, ... sou hoje devo à educação e aos exemplos que me deram durante meus 27 anos. ... exploratório

fundamentais na detecção precoce do evento, pois são aptos a reconhecerem idosos em

potencial risco de cair.

A educação em saúde é um campo da prática do enfermeiro no qual diversos

aspectos do fenômeno quedas de idosos podem ser trabalhados contribuindo para sua

prevenção. A atividade educativa dá oportunidade ao enfermeiro de trocar informações

e conhecimento com o usuário e seus familiares e esclarecerem pontos de vista e

conceitos errôneos sobre quedas.

Além disso, as ações da educação em saúde possibilitam ao indivíduo

desenvolver sua autonomia e emancipação, tornando-o capaz de cuidar de si, dos seus

familiares e te tudo o que o envolve (Machado et al. 2007). De acordo com Teston;

Oliveira; Marcon (2012) orientações e informações fornecidas aos indivíduos e

familiares podem proporcionar melhores cuidados a esses sujeitos.

Na Atenção Básica, por meio da visita domiciliar, o enfermeiro pode

desenvolver as ações de educação em saúde juntamente com outros profissionais. A

visita domiciliar é uma importante estratégia que visa intervenção dos profissionais de

saúde, considerando a aproximação com o contexto social e familiar, incluindo as

questões objetivas e subjetivas (PINHEIRO; ALVAREZ; PIRES, 2012).

A OMS (2010) afirma que nem todos os profissionais que atuam na Atenção

Básica estão preparados para assistir os idosos na prevenção de quedas. Assim, torna-se

necessário que sejam capacitados quanto à correta utilização de protocolos e

procedimentos que auxiliem na identificação de idosos que estão em maior risco de

sofrer quedas.

As ações de educação em saúde visando a diminuir a probabilidade dos idosos

caírem na comunidade devem iniciar com uma avaliação ampla junto com o idoso e

seus familiares. Além de utilizar protocolos de prevenção de quedas, o enfermeiro deve

colher dados sobre a forma como o idoso se comporta, o ambiente em que vive, assim

como seu estado de saúde e tratamento. Segundo Nogueira et al. (2012), é de suma

importância avaliar os fatores intrínsecos observando principalmente a visão e audição

dos longevos, presença de sonolência e incontinência urinária.

A fim de prevenir problemas mais graves que podem dificultar ou impedir a

realização das atividades de vida diária dos longevos, Veras et al. (2007) recomendam

que se deva identificar os fatores reais e potenciais que predispõem a ocorrência de

quedas nos ambientes internos e externos ao domicílio (fatores extrínsecos).

Page 29: CAMILA GONÇALVES RECANELLO - cpd1.ufmt.br · Ao meu pequeno grande menino Luiz Otávio, ... sou hoje devo à educação e aos exemplos que me deram durante meus 27 anos. ... exploratório

A partir dessa avaliação, os profissionais podem planejar, juntamente com o

idoso e seus familiares, as ações de promoção à saúde e de prevenção de quedas.

Algumas estratégias são sugeridas pela OMS (2010) no seu Protocolo de Prevenção de

Queda, como a prática regular de exercícios e a adoção de uma alimentação saudável,

incluindo a ingesta de cálcio.

A fim de promover o envolvimento dos idosos e seus familiares na ação

educativa, é fundamental que o enfermeiro ofereça conhecimento sobre a gravidade das

quedas, bem como suas repercussões na saúde e na vida deles. De igual modo, instruí-

los sobre a necessidade de atentar para comportamentos de risco e realizar algumas

mudanças no modo de vida.

Outra questão a ser trabalhada é a adaptação do ambiente para que futuras

quedas sejam evitadas. Ressalta-se que as adaptações são geralmente simples e

corriqueiras, as quais muitas vezes dependem mais das modificações dos hábitos e

costumes dos idosos, do que de quaisquer outras intervenções.

Além disso, o acompanhamento adequado de cada indivíduo possibilita aos

profissionais recomendarem programas de tratamentos específicos, culturalmente

apropriados e acessíveis a cada longevo (OMS, 2010).

Na análise dos relatos percebeu-se que para uma parte significativa dos idosos e

familiares, as quedas se constituem um evento natural que acontece na vida das pessoas

quando envelhecem.

Foi uma fatalidade mesmo, foi a primeira vez que eu caí, não sei o que

aconteceu, nunca tinha caído (Idosa, 66 anos).

Quando ela cai e não machuca e nem ligo muito, porque acho que é

porque ela está velhinha (Neta, 18 anos).

Eu caio muito mesmo minha filha, já caí demais aqui dentro de casa e

na rua também, mas não me preocupo muito com isso não (Idosa, 73

anos).

Essa percepção da queda como um evento inerente à velhice também foi

encontrado por Rocha et al. (2010) em estudo desenvolvido em 2008 com 13 idosos

vítimas de quedas. Grande parte dos idosos estudados referiu que a queda era uma

fatalidade, mesmo tendo caído por mais de uma vez e tendo tido consequências graves

em decorrência do evento.

Page 30: CAMILA GONÇALVES RECANELLO - cpd1.ufmt.br · Ao meu pequeno grande menino Luiz Otávio, ... sou hoje devo à educação e aos exemplos que me deram durante meus 27 anos. ... exploratório

Segundo a OMS (2010), na medida em que os idosos e seus familiares

consideram as quedas como um evento próprio do envelhecimento, suas atitudes em

relação à prevenção passam a não existir. Isso foi encontrado nos resultados deste

estudo. Em suas falas percebeu-se que alguns mantêm comportamentos que os expõem

ao risco de quedas.

...fui subir no guarda roupa e aqui tem muito tapete e no que eu desci

da cadeira escorreguei no tapete, aí eu caí (Idoso, 63 anos).

Ela não quer usar bengala, não quer usar andador, não quer usar

nada, aí ela cai (Filha, 52 anos).

Novamente, para que se efetive a prevenção deste evento, torna-se necessária a

educação dos caidores e seus familiares em relação ao significado das quedas na saúde

do idoso e na vida deles, bem como à necessidade de mudança de comportamento.

No Brasil, o Ministério da Saúde adotou o Modelo de Prevenção de Quedas, no

qual os profissionais de saúde têm um papel fundamental de educar os idosos e

familiares em relação à importância das quedas e de sua prevenção. Existem evidências

de que diversas estratégias comportamentais possam ser utilizadas pelos profissionais

de saúde para ajudar as pessoas a mudarem o comportamento e mantê-lo, como

contratos de saúde e apoio da família e amigos (OMS, 2010).

Para tanto, sugere-se o treinamento dos familiares próximos aos longevos,

cuidadores diretos e comunidade para que estejam aptos a identificarem os fatores de

risco que predispõem as quedas, bem como agirem para redução da probabilidade de

cair. Essa ação visa conscientizar a população dos malefícios da queda, bem como

proteger os que já estão em risco.

No entanto, para que haja um treinamento e um repasse de informações de

qualidade, torna-se fundamental que os profissionais de saúde sejam capacitados para

essa atividade e que estejam aptos a realizarem a educação em saúde com a comunidade

e envolvidos com as quedas.

3.2 Repercussões das quedas na vida dos idosos

3.2.1 Repercussões físicas das quedas

Page 31: CAMILA GONÇALVES RECANELLO - cpd1.ufmt.br · Ao meu pequeno grande menino Luiz Otávio, ... sou hoje devo à educação e aos exemplos que me deram durante meus 27 anos. ... exploratório

As quedas são um problema frequente na vida dos idosos capaz de desencadear

consequências físicas, psicológicas e sociais relevantes. Neste estudo, vários idosos

relataram problemas físicos decorrentes das quedas.

... uma vez eu caí e cheguei a quebrar meu pé...(Idosa, 77 anos).

Caí e bati o braço e o peito [...] foi até que eu desloquei o ombro [...]

eu estava sentindo muita dor depois que eu caí... (Idosa, 82 anos).

... até fiquei sem andar por um tempinho depois que eu caí [...] tinha que ficar com o joelho enfaixado [...] não podia levantar... (Idoso, 80

anos).

A literatura mostra que esse tipo de consequência se constitui na primeira

repercussão que os idosos sofrem em função da queda e as principais são as dores,

escoriações, fraturas e imobilização (Almeida et al. 2012; Chiu et al. 2012; Bretan et al.

2013). Segundo Perracini (2004) entre 5% a 10% dos idosos residentes na comunidade

apresentam lesões severas, que necessariamente não aparecem no momento da queda.

Em pesquisa realizada em 2011, em Erechim – RS, com 35 idosos vítimas de

quedas, os autores encontraram 36% dos caidores com hematomas, 22% com fraturas

seguidas de cirurgias, 14% ficaram imobilizados em função de gesso/tala, 14%

necessitaram de auxílio de dispositivo para deambular e 12% necessitaram de sutura

(Carvalho et al., 2012). Em outro estudo desenvolvido em Ribeirão Preto - SP, em 2011

com objetivo de determinar a prevalência de quedas de idosos que vivem no domicílio e

sua relação com a capacidade funcional e a fragilidade, as principais consequências

físicas apresentadas pelos idosos caidores foram escoriações, ferimentos que

necessitaram de sutura, fraturas fechadas, entorse e luxação (FHON, 2011).

O conhecimento de que as quedas trazem essas repercussões físicas nos idosos e

em graus variados exige do enfermeiro uma avaliação física sistemática e cuidadosa,

considerando, inclusive, que o idoso pode não referir a lesão por achar desnecessário.

A importância da lesão física reside no fato de que para além do efeito imediato

no corpo do idoso, ao longo do tempo, ela poderá repercutir na sua capacidade funcional

(CF), consequentemente, na sua independência.

... até fiquei sem andar por um tempinho depois que eu caí [...] tinha que ficar com o joelho enfaixado e não podia levantar (Idoso, 80

anos).

Page 32: CAMILA GONÇALVES RECANELLO - cpd1.ufmt.br · Ao meu pequeno grande menino Luiz Otávio, ... sou hoje devo à educação e aos exemplos que me deram durante meus 27 anos. ... exploratório

... colocaram um negócio no meu braço por um tempão para não mexer e só me atrapalhava as coisas, fiquei dependendo um tempão

(Idosa, 82 anos).

A dependência dos idosos em decorrência da queda pode ser tanto para tarefas

simples, como saídas de casa, quanto para as atividades de vida diária (AVD) e de

autocuidado. Em 2005, foi desenvolvida uma pesquisa na cidade de Campinas – SP com

73 idosos que vivem na comunidade com objetivo de caracterizar as causas e

consequências das quedas sofridas por eles. Observou-se que a maioria dos idosos

relatou necessidade de auxílio na realização das atividades básicas de vida diária após as

quedas (JAHANA; DIOGO, 2007).

Para além da avaliação física do idoso, o enfermeiro deve voltar seu foco para a

avaliação periódica e sistemática da sua CF, no sentido de descobrir alterações

decorrentes da queda. A perda da CF é um dos principais problemas que atinge os

idosos, considerada um importante marcador de que o envelhecimento está sendo bem

sucedido e com boa qualidade de vida (DIAS; SILVA; VITORINO, 2009).

3.2.2 Repercussões psicológicas das quedas

Além das repercussões físicas provocadas pelas quedas, nos relatos dos idosos

percebe-se que repercussões psicológicas ocorreram após esse evento. O medo de cair

foi constantemente apontado pelos participantes e, comumente associado à preocupação

de sofrer fraturas, ficar imobilizado e ter dependência.

...eu tenho medo de cair, eu tenho medo demais de cair. Você já

pensou na minha idade fraturar um braço ou uma perna não é brincadeira (Idosa, 73 anos).

Também tenho medo de cair e quebrar alguma coisa e ficar

dependendo dos outros, isso não é bom (Idosa, 73 anos).

...tenho medo de cair, porque eu tenho medo de cair assim e depois

não andar mais [...] eu não quero ficar na cama não (Idosa, 62 anos).

O medo de cair é um fenômeno que acontece entre os idosos caidores. É

definido como sentimento que envolve a baixa confiança em si para evitar quedas ou até

Page 33: CAMILA GONÇALVES RECANELLO - cpd1.ufmt.br · Ao meu pequeno grande menino Luiz Otávio, ... sou hoje devo à educação e aos exemplos que me deram durante meus 27 anos. ... exploratório

mesmo preocupação excessiva em relação à ocorrência de quedas que pode vir a limitar

atividades do dia a dia (Camargos, 2007). É de interesse de muitos pesquisadores, pois

pode ser responsável pela restrição de atividades do idoso, declínio da sua capacidade

funcional e da qualidade de vida, até perda da autonomia (HARTHOLD et al., 2011;

NICOLUSSI et al., 2012; ANTES; SCHNEIDER; BENEDETTI, 2013)

De acordo com Freitas; Scheicher (2008), dentre as atividades desempenhadas

normalmente nos domicílios, as que mais restringem os idosos pelo medo de cair são

andar em superfície irregular, descer rampa, limpar a casa e sentar-se ou levantar-se da

cadeira. Enquanto, para atividades sociais há grande preocupação em andar em locais

com muitas pessoas e pela vizinhança, fazer compras.

Em um estudo desenvolvido em 2006, na cidade da Toscana – Itália, com 848

idosos, 673 deles revelaram ter medo de cair. Desses, 59,6% relataram moderada

restrição de atividades e 14,9% afirmaram severa restrição das atividades (Deshpande et

al. 2008). Da mesma forma, em Belo Horizonte – MG foram pesquisados 113 idosos e

dentre eles, 29% afirmaram ter medo de cair enquanto que 53% relataram não apenas

ter medo de cair, mas também reduziram suas atividades. Os autores encontraram que

os idosos apresentavam mais medo de cair durante as atividades de andar em locais

escorregadios e tomar banho de chuveiro (DIAS et al. 2011).

Pesquisa realizada em 2009 no Rio de Janeiro – RJ com 60 idosas caidoras teve

por objetivo identificar o medo de sofrer quedas recidivas. Destas, 40,11% não referiu

preocupação, 30% relatou um pouco de preocupação, 25,33% moderada preocupação e

4,6% muita preocupação em cair durante a realização das funções. As atividades para as

quais se mostraram mais preocupadas foram tomar banho, andar em superfícies

escorregadias ou irregulares, andar em um local onde haja multidão e sair para eventos

sociais (REZENDE et al. 2010).

Quando em excesso, o medo de cair pode desencadear reações negativas no

bem-estar físico e funcional e repercutir na autoconfiança dos longevos caidores. Ao

caírem eles se sentem desvalorizados e, quando apresentam dificuldades ou limitações,

podem apresentar sentimentos de tristeza e isolamento. Pesquisa realizada em 2011, no

Distrito Federal, com o objetivo de avaliar o medo de cair em 50 idosos da comunidade

com neuropatia diabética, mostrou que 37% deles afirmaram se sentir

chateados/assustados e 17% ficaram desesperados ou nervosos após experienciar a

queda (REZENDE et al. 2010).

Page 34: CAMILA GONÇALVES RECANELLO - cpd1.ufmt.br · Ao meu pequeno grande menino Luiz Otávio, ... sou hoje devo à educação e aos exemplos que me deram durante meus 27 anos. ... exploratório

Para outros idosos, no entanto, o medo de cair pode atuar como fator positivo,

impulsionando-os a modificarem seus comportamentos e prevenirem-se contra a queda.

Isso foi identificado nos relatos dos idosos participantes deste estudo.

Eu evito fazer as coisas que podem cair [...] tento atravessar o degrau

devagar, desço devagar, porque aqui na cozinha e fundo tem degrau,

eu desço e subo devagar (Idosa, 66 anos).

...agora já tomo cuidado para andar, para não cair de novo [...] eu

comecei a andar mais lento para ver se não caio mais (Idosa, 62 anos).

De acordo com Lopes et al. (2009), os idosos que possuem medo de cair podem

utilizar diferentes estratégias para diminuir o risco de quedas, dentre elas destacam-se o

caminhar mais atento, diminuição da altura e do comprimento do passo e redução da

velocidade. Para Curcio; Corriveau; Beaulieu (2011), as estratégias utilizadas pelos

caidores é de se preocuparem não apenas consigo mesmos, mas também com seu

entorno, passam a selecionar melhor suas atividades, os lugares e os horários para elas.

Frente a essas mudanças de comportamento dos idosos, cabe aos profissionais de

enfermagem não apenas fornecer conhecimentos acerca da prevenção de quedas, mas

também se torna importante avaliar a disposição individual de cada caidor em mudar o

modo de vida e adotar medidas preventivas diárias. Para que a mudança seja concreta na

vida dos idosos é imprescindível que ela ocorra dentro de sua capacidade, ou seja, cabe

ao profissional identificar as reais condições em que ele se encontra para que o

comportamento seja adequado ao contexto em que o mesmo está inserido.

De acordo com OMS (2010) é fundamental obter apoio dos familiares e amigos,

promover a autonomia dos longevos idosos, percebendo suas particularidades e

oferecendo a possibilidade de fazer suas próprias escolhas. Além disso, informar

periodicamente o progresso de cada caidor a fim de ajudá-los no desenvolvimento de

expectativas realistas a respeito dos próprios avanços.

3.2.3 Repercussões sociais das quedas

Como mencionado anteriormente, a ocorrência de quedas na vida do idoso

torna-o mais propício a restringir suas atividades rotineiras e sociais. Os relatos dos

idosos mostram que alguns caidores passam a reduzir suas atividades e a depender mais

de outras pessoas para sair de suas casas.

Page 35: CAMILA GONÇALVES RECANELLO - cpd1.ufmt.br · Ao meu pequeno grande menino Luiz Otávio, ... sou hoje devo à educação e aos exemplos que me deram durante meus 27 anos. ... exploratório

... eu não saio mais, para onde eu quero ir, alguém tem que me levar

[...] depois que eu caí nem saio mais não (Idosa, 72 anos).

Antigamente não parava, passeava bastante, viajava, trabalhava, fazia

serviço pra lá e pra cá. Agora, depois que caí, manero mais, porque

não aguento andar, só vou até bem ali e sempre alguém vai comigo

(Idosa, 62 anos).

Esse resultado também foi encontrado em uma pesquisa realizada em 2009 em

Caldas - Colômbia com 37 idosos com o objetivo de identificar o processo do medo de

cair na vida cotidiana dos longevos demonstrou que muitos deles diminuíram

consideravelmente as saídas de casa e deixaram de frequentar locais movimentados

após terem caído. Eles também admitiram que, quando o faziam, quase sempre estavam

acompanhados por terceiros (CURCIO; CORRIVEAU; BEAULIEU, 2011).

A redução das atividades ocasiona alterações na qualidade de vida dos

caidores uma vez que impede a socialização dos idosos com a comunidade e diminui a

probabilidade de uma vida mais ativa e independente. Não somente isso, mas os

longevos que deixam de praticar atividades sociais ficam mais propensos à ocorrência

do comprometimento progressivo da capacidade funcional ao longo do tempo, o que

pode torná-los mais vulneráveis à ocorrência de novas quedas (BRASIL, 2005).

Do mesmo modo, depender de familiares para realizar atividades sociais e de

lazer, pode desencadear nos idosos sentimentos de impotência, tristeza e vergonha,

contribuindo ainda mais para que eles prefiram permanecer no domicílio. Além disso, o

suporte social inadequado ao idoso caidor está intimamente relacionado com o declínio

considerável da saúde e do bem-estar do indivíduo.

É de extrema relevância, portanto, que o enfermeiro considere esse tipo de

repercussão social na vida do idoso após a ocorrência de queda. A avaliação adequada

deste aspecto pode fazer diferença considerável entre o sucesso e o fracasso de qualquer

estratégia de intervenção social (OMS, 2010).

Ao profissional de enfermagem cabe ainda planejar estratégias acordadas com

o idoso e seus familiares no sentido de promover sua independência e autonomia.

Igualmente, promover atividades que incluam a participação do idoso, bem como

orientar sua execução de forma segura e eficiente. Aos familiares cabe a função de

incentivar a inclusão nessas atividades, bem como desenvolver mecanismos que

facilitem e auxiliem a execução dessas estratégias.

Page 36: CAMILA GONÇALVES RECANELLO - cpd1.ufmt.br · Ao meu pequeno grande menino Luiz Otávio, ... sou hoje devo à educação e aos exemplos que me deram durante meus 27 anos. ... exploratório

3.3 Repercussões das quedas dos idosos na vida dos familiares

Conforme Carvalho et al. (2010), algumas situações exigem maior cuidado e

atenção da família com os idosos, fato que repercute na vida dos familiares. Por meio

das entrevistas realizadas com os idosos e seus familiares foi possível perceber que as

quedas dos primeiros podem trazer repercussões significativas na vida dos últimos que

incluem aspectos físicos, emocionais, sociais e financeiros.

Com a ocorrência de quedas dos idosos, os familiares muitas vezes são levados à

reorganizar a dinâmica e rotina da família, passam a ser solicitados a executarem o

cuidado direto com eles e a permanecerem mais presentes na vida dos longevos (Lemos;

Gazzola; Ramos, 2006). Além disso, os familiares passam a adotar comportamentos de

vigilância constante e preocupação em relação ao idoso (CHIANCA et al. 2013).

Quando o idoso cai e apresenta lesões que o restringem, os familiares passam a

assumir a função de cuidadores. Em decorrência disso, podem vivenciar situações de

sobrecarga física e de função, pois assumem nova rotina diária, a qual envolve

cuidados que antes não eram praticados em relação aos idosos.

Na época que ela caiu, só sobrecarregou porque ela era muito ativa, lavava roupa, fazia comida, só não limpava a casa. Aí quando cai você

fica sobrecarregada nesse aspecto, porque você está fazendo um cabelo [ela é cabelereira] e tem que largar para fazer comida, lavar

roupa, tem que parar para ver isso, porque ela não está podendo [...]

Quando precisava de alguma coisa, sempre me chamava [...] dessa vez

ela ficou dependendo de mim para tudo porque não podia levantar

(Filha, 47 anos).

Eu passei dificuldade porque nessa época ela era gorda eu peguei um

mal na coluna de andar com ela [...] eu tinha que trocar fralda, tudo

[...] Eu acho bom dividir com meus irmãos, mas acaba

sobrecarregando do mesmo jeito (Filha, 52 anos).

Estudo desenvolvido em Ribeirão Preto - SP com 124 indivíduos que exercem

cuidado direto ao idoso mostrou que a dependência funcional dos idosos e horas que

praticam cuidado, foram fortes preditores para sobrecarga, desconforto emocional,

sentimentos de esgotamento, exaustão e solidão, principalmente nos casos em que o

familiar é o cônjuge (GRATAO et al. 2012).

O mesmo achado foi verificado na pesquisa realizada no município de Cuiabá-

MT em 2011, a qual demonstrou que famílias que necessitam exercer o cuidado de

Page 37: CAMILA GONÇALVES RECANELLO - cpd1.ufmt.br · Ao meu pequeno grande menino Luiz Otávio, ... sou hoje devo à educação e aos exemplos que me deram durante meus 27 anos. ... exploratório

idosos totalmente dependentes, sofrem forte repercussão, dentre elas a necessidade de

apoio financeiro, maior sobrecarga de trabalho e maior tempo despendido ao cuidado

(CUNHA, 2013).

Não apenas esses aspectos repercutem na vida dos familiares dos longevos, mas

também suas rotinas diárias são afetadas, bem como a diminuição da jornada de

trabalho e consequentemente a vida financeira (PEREIRA, 2006).

...desmarco alguns clientes para poder vigiar de perto, mas isso eu nem me importo, porque são meus pais, faço isso de retribuição...

(Filha, 39 anos).

...eu tive que diminuir meu trabalho para ficar com ela em casa [...] aí

quando vi que ela estava melhor eu voltei a trabalhar (Nora, 42 anos).

Gratao et al., (2012) afirmam que muitos familiares deixam seus empregos e

funções, abandonam suas próprias vidas e, poucos podem contar com auxílio direto de

familiares para dividir funções. Pimenta et al., (2009) em uma pesquisa realizada na

região do Porto – Portugal, com 120 familiares de idosos dependentes, encontraram que

17% deles necessitaram deixar seus empregos, 46% reduziram sua carga horária para

manter vigilância constante ao idoso, 9% admitiram ter conflitos com o cônjuge devido

ao tempo que passa com o idoso e 3% afirmaram ter reduzido consideravelmente o

tempo de lazer.

Mesmo que o idoso não se torne uma pessoa dependente por muito tempo, a

tarefa de cuidar pode exigir dos familiares que realizam o cuidado direto, que deixem de

viver suas próprias vidas, e poucos contam com a ajuda de outros para dividir essa

tarefa.

Porque só eu saio com ela, então não tenho tempo para mim, porque

quando saio sempre tenho que levar ela comigo... (Nora, 48 anos).

Eu saía bastante, agora tive que parar de sair. Eu parei bastante de sair depois que eles começaram a cair, agora eu fico em casa e vou só

na igreja agora... (Filha, 47 anos).

Oliveira e Caldana (2012) afirmam que os familiares sofrem privação social e

renúncias em função do cuidar. Sentimentos são alternados frequentemente durante esse

processo, pois vivenciam a satisfação, a felicidade, a raiva, a impaciência e sobretudo a

Page 38: CAMILA GONÇALVES RECANELLO - cpd1.ufmt.br · Ao meu pequeno grande menino Luiz Otávio, ... sou hoje devo à educação e aos exemplos que me deram durante meus 27 anos. ... exploratório

retribuição. O familiar passa a ter a percepção de sua vida particular e profissional são

deixadas de lado em função do cuidado ao idoso.

Em relação às repercussões emocionais pode-se perceber pelos relatos dos

familiares que eles passam a ter medo que de que o idoso caia novamente.

A gente fica com medo, porque cair é perigoso, cair de mau jeito, quebrar um braço, uma perna, cabeça, perigoso [...] e até a gente

mesmo fica mais preocupado (Nora, 48 anos).

Eu só tenho medo que ela caia de novo e não aguente, porque dessa

vez já foi difícil para ela, imagina se ela cair de novo, acho que vai ser

cada vez pior (Nora, 42 anos).

Isso faz com que os familiares adotem medidas de restrição de atividades do

idoso, bem como comportamento de superproteção e vigilância constante com o

intuito de se evitar quedas recorrentes.

Pesquisa realizada no município de Farroupilha – RS, no ano de 2008, com

objetivo de abordar complicações do tornar-se cuidador de idosos dependentes,

demonstra que filhas, cuidadoras principais de idosas dependentes, deixam de sair de

suas casas por acreditarem que outra pessoa é incapaz de exercer o mesmo cuidado ao

idoso dependente. Admitem que os momentos em que saem de casa são raros, no

entanto, reconhecem a importância de se ausentarem de seus lares mesmo que por

curtos períodos. O estudo acrescenta ainda que, as idosas dependentes apenas saem com

suas filhas ou acompanhadas por terceiros, pois familiares afirmar ter medo de que algo

aconteça nesse período em que estiverem ausentes (BOHM; CARLOS, 2010).

Agora é igual uma criança [...] tudo agora só eu, porque aonde ele vai eu tenho que estar pajeando, por isso que eu falo para ela ficar

quietinha vendo televisão, assim não tenho que ficar muito em cima

dela (Filha, 39 anos).

Quando ela vai à igreja, sempre vai alguém com ela para

acompanhar, quando a gente deixa ela fazer alguma coisa é só isso

mesmo, de resto ela fica em casa bordando as coisas dela (Filha, 35

anos).

A gente fica em cima dela o tempo todo para não deixar ela fazer as coisas [...] a gente fica mais atenta com ela, sempre tem alguém junto

[...] fico falando para ela tomar cuidado, para deixar que eu faço isso

(Nora, 42 anos).

Page 39: CAMILA GONÇALVES RECANELLO - cpd1.ufmt.br · Ao meu pequeno grande menino Luiz Otávio, ... sou hoje devo à educação e aos exemplos que me deram durante meus 27 anos. ... exploratório

Atitudes protetoras em excesso com os idosos pode levá-los à execução de cada

vez menos atividades diárias podendo desencadear um efeito negativo na autoestima e

independência dos longevos. Fato que vai contra a Política do Envelhecimento Ativo

(OMS, 2010), a qual visa manter o idoso em plenas funções ao máximo de tempo

possível. Este é um fator aliado à prevenção de quedas, pois se acredita que quanto mais

as pessoas mantiverem modos de vida ativos e saudáveis, mais elas têm a possibilidade

de postergar a ocorrência e recorrência de quedas.

Segundo Martins et al. (2009), não apenas os longevos necessitam de assistência

adequada às suas necessidades, mas também seus familiares, principalmente porque

passam a assumir o papel de cuidador principal, reforçando a necessidade da

participação ativa de enfermeiros e profissionais de saúde no cuidado a essas pessoas.

O cuidador familiar precisa ser visto como alguém que, também, tem

necessidades que precisam ser satisfeitas e, portanto, deve estar inserido nesse contexto

de cuidado (SCHOSSLER; CROSSETTI, 2008).

Frente a essas situações, cabe ao profissional de enfermagem orientar os

familiares da importância de se manter um envelhecimento ativo e saudável. Para tanto,

torna-se necessária e educação acerca dos ambientes seguros e apropriados aos idosos,

apoiar a independência por meio de mudanças nos ambientes e de comportamentos,

reduzir riscos de solidão e isolamento social criando grupos comunitários especiais para

longevos, permitir que os idosos sejam capazes de solucionar problemas.

De acordo com a OMS (2005), os profissionais que exercem cuidados a idosos

necessitam de treinamento e prática a respeito dos modelos capacitadores de

assistências, os quais reconhecem a realidade dos idosos, estimulando-os a manterem

atitudes independentes de acordo com as possibilidades individuais.

Page 40: CAMILA GONÇALVES RECANELLO - cpd1.ufmt.br · Ao meu pequeno grande menino Luiz Otávio, ... sou hoje devo à educação e aos exemplos que me deram durante meus 27 anos. ... exploratório

4. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Esta pesquisa revelou que as repercussões ocasionadas pelas quedas na vida dos

idosos e seus familiares são semelhantes, no entanto, percebeu-se que existem

diferenças na forma como vivenciam e percebem o evento, o que permite repercutir de

forma distinta na vida de quem as experienciam.

Destaca-se que as repercussões ocasionadas na vida dos idosos caidores foram as

físicas como dor, fraturas e imobilizações; as repercussões psicológicas englobaram o

medo de cair e medo de dependência para movimentar-se e as repercussões sociais, as

quais incluíram a redução das atividades sociais, isolamento e dependência para

deslocamento.

Na vida dos familiares, as quedas repercutiram fazendo que com passassem a

sentir medo de que os idosos caíssem novamente, medo de que pudessem sofrer fraturas

ou hospitalização. Este medo desencadeou a superproteção e vigilância constante em

relação aos idosos, além de que, muitos familiares passaram a restringir atividades

sociais por ficarem responsáveis pelo cuidado ao idoso e, alguns abdicaram de jornadas

de trabalho, repercutindo na vida financeira da família.

Durante a realização deste estudo, algumas dificuldades foram encontradas, tais

como o acesso aos bairros do município e a falta de numeração e nome das ruas, nas

quais estavam situadas as residências dos idosos e, como duas pesquisas estavam

ocorrendo ao mesmo tempo com os mesmos idosos, alguns se recusaram a participar,

pois já haviam respondido aos questionamentos do outro estudo. No entanto, destacam-

se a boa recepção tanto dos idosos quanto de seus familiares participantes, o que

facilitou o andamento das entrevistas e o envolvimento maior com os indivíduos

pesquisados.

A proximidade com os idosos possibilitou maior intimidade com a realidade em

relação às repercussões. Chegaram-se ao campo com uma ótica e perspectiva, mas

diante do contato com cada entrevistado, percebeu-se que os idosos referiram quase

sempre as mesmas coisas, e os familiares foram em sua maioria afetados por

repercussões que não eram trazidos ainda pela literatura consultada.

Para organização das falas e dados, utilizaram-se os agrupamentos tanto dos

familiares quanto dos idosos. Esse método permitiu o melhor manuseio para facilitar a

análise e a escrita da dissertação.

Page 41: CAMILA GONÇALVES RECANELLO - cpd1.ufmt.br · Ao meu pequeno grande menino Luiz Otávio, ... sou hoje devo à educação e aos exemplos que me deram durante meus 27 anos. ... exploratório

Apesar de cinco bairros em regiões diferentes do município terem sido

explorados, algumas limitações da pesquisa são destacadas, principalmente pelo fato das

entrevistas terem sido realizadas com idosos da região urbana do município de Cuiabá,

o que permite que a realidade seja aplicada apenas a essa população. Além disso, alguns

dos entrevistados não se lembravam corretamente da última queda e nem como elas

aconteceram, essa realidade pode ter mascarado a forma como o evento aconteceu e sua

possível causa.

Acredita-se que a metodologia utilizada foi adequada para atingir o objetivo

proposto inicialmente. O método qualitativo proporcionou maior entendimento das

repercussões decorrentes das quedas na vida dos idosos e seus familiares, isso porque

permitiu o maior envolvimento da pesquisadora com o impacto ocasionado nesses

participantes.

Frente aos resultados encontrados no estudo, recomendam-se que futuras

pesquisas sejam realizadas com a população da zona rural, a fim de aprofundar o

conhecimento sobre as repercussões das quedas na vida desses idosos e seus familiares.

Pesquisas acerca dessa temática favorecem o conhecimento dos profissionais de como

lidarem com as situações de quedas, a fim de fornecer assistência adequada aos idosos

caidores e seus familiares, o que favorece uma maior qualidade de vida e menores

repercussões negativas na vida dos envolvidos.

Frente a realidade dos entrevistados, percebeu-se que os profissionais de saúde

têm forte influencia na existência das repercussões na vida dos envolvidos com as

quedas. Em especial, os enfermeiros têm um papel fundamental na prevenção de

quedas, no entanto, torna-se necessário que o profissional reconheça as quedas como um

evento real na vida dos idosos, com consequências muitas vezes irreparáveis. Através de

visitas domiciliares e educação em saúde, a enfermagem passa a conhecer os idosos

caidores e seus familiares a ponto de estabelecer vínculo e confiança, para que suas

ações possam ser concretizadas de forma eficaz.

Page 42: CAMILA GONÇALVES RECANELLO - cpd1.ufmt.br · Ao meu pequeno grande menino Luiz Otávio, ... sou hoje devo à educação e aos exemplos que me deram durante meus 27 anos. ... exploratório

5. REFERÊNCIAS

______. SECRETARIA DE ATENÇÃO A SAÚDE. Atenção á saúde da pessoa idosa

e envelhecimento. Departamento de Ações Programáticas e Estratégicas. Brasília, DF:

Ministério da Saúde, 2010. 44p.

______. MINISTÉRIO DA SAÚDE. Sistema Nacional de Informações sobre Ética

em Pesquisa Envolvendo Seres Humanos: diretrizes e normas regulamentadoras de

pesquisa envolvendo seres humanos. Resolução CNS 196/96. Disponível em:

<http://conselho.saude.gov.br>.

______. MINISTÉRIO DA SAÚDE. Secretaria de Atenção a Saúde. Departamento de

Atenção Básica. Caderno de Atenção Básica. Envelhecimento e saúde da pessoa

idosa. Brasília: ed. Ministério da Saúde, 2006, 192p.

ALMEIDA S.T.; SOLDERA C.L.C.; CARLI G.T.; GOMES I.; RESENDE T.L. Análise

de fatores extrínsecos e intrínsecos que predispõem a quedas em idosos. Rev Assoc

Med Bras; 58(4):427-433, 2012.

ANTES D.L.; SCHNEIDER I.J.C.; BENEDETTI T.R.B.; ORSI E. Medo de quedas

recorrentes e fatores associados em idosos de Florianópolis, Santa Catarina, Brasil.

Cad. Saúde Pública. Rio de Janeiro, 29(4):758-768, abr, 2013.

ARAÚJO I.; PAÚL C.; MARTINS M. Viver com mais idade em contexto familiar:

dependência no autocuidado. Rev Esc Enferm USP. 45(4):869-75. 2011. Disponível

em: www.ee.usp.br/reeusp/

AUSTRALIAN COMMISSION ON SAFETY AND QUALITY IN HEALTH CARE.

Preventing falls and harm from falls in older people: best practice guidelines for

australian community care. Australia, 2009. 202p.

AVEIRO M.C.; DRIUSSO P.; BARHAM E.J.; PAVARINI S.C.I.; OISHI J. Mobilidade

e risco de quedas de população idosa da comunidade de São Carlos. Ciência e Saúde

Coletiva, 17(9):2481-2488, 2012.

BARDIN, L. Análise de Conteúdo. 4ª ed. Edição revista e atualizada. Lisboa, Portugal:

Edições 70, 223p. 2010.

BARRETO T.S.; AMORIM R.C. A família frente ao adoecer e ao tratamento de um

familiar com câncer. Rev. Enferm. UERJ, Rio de Janeiro, jul/set;18(3):462-7, 2010.

BOHM V.; CARLOS S.A. Ser cuidador de idosos: sentimentos desencadeados por esta

relação. RevistaKairós Gerontologia, 13(1), São Paulo, junho 2010: 211-20.

Page 43: CAMILA GONÇALVES RECANELLO - cpd1.ufmt.br · Ao meu pequeno grande menino Luiz Otávio, ... sou hoje devo à educação e aos exemplos que me deram durante meus 27 anos. ... exploratório

BRASIL. Lei nº 10.741, de 1º de outubro de 2003. Dispõe sobre o Estatuto do Idoso e

dá outras providências. Diário Oficial da União, 3 de out.

BRASIL. Ministério da Saúde. Portaria GM nº 2.528, de 19 de outubro de 2006. Aprova

a Política Nacional de Saúde da Pessoa Idosa – PNSI. Diário Oficial da União, Poder

Executivo, Brasília, DF, 20 out. 2006.

BRETAN O., JÚNIOR J. E.S., RIBEIRO O.R., CORRENTE J.E. Risk of falling

among elderly persons living in the community: assessment by the Timed up and go

test. Braz J Otorhinolaryngol. 2013

BRITO T.A. Fatores associados a quedas em idosos residentes em comunidade.

2011. 201f. Dissertação (Mestrado em Enfermagem e Saúde) – Universidade Estadual

do Sudoeste da Bahia, 2011.

BRITO T.A.; FERNANDES M.H.; COQUEIRO R.S.; JESUS C.S. Quedas e

capacidade funcional em idosos longevos residentes em comunidade. Texto Contexto

Enferm, Florianópolis, Jan-Mar;22(1):43-51, 2013.

CAMARGOS F.F.O. Adaptação transcultural e avaliação das propriedades

psicométricas da falls efficacy scale – international: um instrumento para avaliar

medo de cair em idosos. 2007. 61f. Dissertação (Mestrado em Ciências da

Reabilitação) - Escola de Educação Física, Fisioterapia e Terapia Ocupacional da

Universidade Federal de Minas Gerais, 2007.

CAMARGOS F.F.O.; DIAS R.C.; DIAS J.M.D.; FREIRE M.T.F. Adaptação

transcultural e avaliação das propriedades psicométricas da Falls Efficacy Scale –

Internacional em idosos brasileiros (FES-I Brasil). Rev Bras Fisioter. 14(3):237-43.

2010.

CARDOSO J.D.C. Condições de saúde autorreferidas da população idosa do

município de Cuiabá – Mato Grosso. 134 f. 2013. Dissertação (Mestrado em

Enfermagem) – Faculdade de Enfermagem. Universidade Federal de Mato Grosso.

Cuiabá, 2013.

CARVALHO E.M.R.; GARCÊS J.R.; MENEZES R.L.; SILVA E.C.F. O olhar e o

sentir do idoso no pós-queda. Rev. Bras. Geriatr. Gerontol., Rio de Janeiro, 13(1):7-

16, 2010.

CARVALHO F.F.M.; SEVERO C.M.; BIASE L.S.; RUAS A.I.; DENTI I.A. Quedas

domiciliares: implicações na saúde de idosos que necessitaram de atendimento

hospitalar. Revista de Enfermagem, v.8, n.8, p.17-30, 2012.

Page 44: CAMILA GONÇALVES RECANELLO - cpd1.ufmt.br · Ao meu pequeno grande menino Luiz Otávio, ... sou hoje devo à educação e aos exemplos que me deram durante meus 27 anos. ... exploratório

CAVALCANTE A.L.P.; AGUIAR J.B.; GURGEL L.A. Fatores associados a quedas

em idosos residentes em um bairro de Fortaleza, Ceará. Rev. Bras. Gerontol., Rio de

Janeiro, 15(1):137-146, 2012.

C.D.C. Center of Disease Control and Prevention. Saving Lives. Protection People.

2011. Disponível em: http://www.cdc.gov/injury/wisqars/fatal.html acesso em 18 de

outubro de 2012.

CHIANCA T.C.M.; ANDRADE C.R.; ALBUQUERQUE J.; WENCESLAU L.C.C.;

TADEU L.F.R.; MACIEIRA T.G.R.; ERCOLE F.F. Prevalência de quedas em idosos

cadastrados em um centro de saúde de Belo Horizonte – MG. Rev Bras Enferm, 66(2):

234-40, mar-abr 2013.

CHIU M.H.; HWANG H.F.; LEE H.D.; CHIEN D.K.; CHEN C.Y.; LIN M.R. Effect of

Fracture Type on Health-Related Quality of Life Among Older Women in Taiwan.

Arch Phys Med Rehabil Vol 93, March 2012.

COSTA A.G.S.; SOUZA R.C.; VITOR A.F.; ARAÚJO T.L. Acidentes por quedas em

um grupo específico de idosos. Rev. Eletr. Enf. [Internet]. jul/set;13(3):395-404, 2011.

Avaliable from: http://www.fen.ufg.br/revista/v13/n3/v13n3a04.htm.

CRUZ D.T.; RIBEIRO L.C.; VIEIRA M.T., TEIXEIRA M.T.B.; BASTOS R.R.;

LEITE I.C.G. Prevalência de quedas e fatores associados em idosos. Rev Saúde

Pública, 46(1):138 -46, 2012.

CUNHA J.V.B. Funcionamento de famílias com idosos totalmente dependentes.

2013. 73f. Dissertação. (Mestrado em Enfermagem) – Faculdade de Enfermagem.

Universidade Federal de Mato Grosso. Cuiabá, 2013.

CURCIO C.L.; CORRIVEAU H.; BEAULIEU M. Sentido y proceso del temor a caer

en ancianos. Hacia la Promoción de la Salud, Volumen 16, Nº2, Julio – diciembre,

págs. 32 – 51. 2011.

DARGENT-MOLINA P.; KHOURY F.E.; CASSOU B. The 'Ossébo' intervention for

the prevention of injurious falls in elderly women: background and design. Global

Health Promotion. 2013 20:88. Disponível em: http://ped.sagepub.com/.

DATASUS. Sistema de Informação sobre Mortalidade. Indicadores de Mortalidade –

Número de óbitos por causas externas. 2012.

DESHPANDE N.; METTER E.J; BANDINELLI S; LAURETANI F; WINDHAM

B.G.; FERRUCCI L. Psychological, physical and sensory correlates of fear of falling

and consequent activity restriction in the elderly: The InCHIANTI Study. Am J Phys

Med Rehabil; 87:354. 2008.

Page 45: CAMILA GONÇALVES RECANELLO - cpd1.ufmt.br · Ao meu pequeno grande menino Luiz Otávio, ... sou hoje devo à educação e aos exemplos que me deram durante meus 27 anos. ... exploratório

DIAS, E.; SILVA, J. V.; VITORINO, L. M. Capacidade funcional: uma necessidade

emergente entre idosos. In: SILVA, José Vitor da (Org.). Saúde do idoso: processo de

envelhecimento sob múltiplos aspectos. São Paulo: Iátria, 2009. p. 34-45.

DIAS R.C.; FREIRE M.T.F.; SANTOS E.G.S.; VIEIRA R.A.; DIAS J.M.D.;

PERRACINI M.R. Características associadas à restrição de atividades por medo de cair

em idosos comunitários. Rev Bras Fisioter.15(5):406-13. 2011.

DUCA G.F.D., ANTES D.L., HALLAL P.C. Quedas e fraturas entre residentes de

instituições de longa permanência para idosos. Rev Bras Epidemiol. 16(1):68-76.2013.

FABRÍCIO S.C.C.; RODRIGUES R.A.P.; JÚNIOR M.L.C. Causas e consequências de

quedas em idosos atendidos em hospital público. Rev. Saúde Pública, fev.;8 (1):93-9.

2004.

FERREIRA, A.B.H. Miniaurélio: o minidicionário da língua portuguesa. 7ª ed.

Curitiba: Ed. Positivo; 2008. 896 p.

FHON J.R.S. A prevalência de quedas em idosos e sua relação com fragilidade e a

capacidade funcional. 2011. 130f. Dissertação (Mestrado em Ciências) – Programa de

Pós-graduação em Enfermagem Fundamental, Escola de Enfermagem de Ribeirão

Preto, Universidade de São Paulo, 2011.

FHON J.R.S.; ROSSET I.; FREITAS C.P.; SILVA A.O.; SANTOS J.L.F.;

RODRIGUES R.A.P. Prevalência de quedas de idosos em situação de fragilidade. Rev

Saúde Pública, 47(2):266-73. 2013.

FONTENELE A.D.B.; SILVA R.N.; BRITO M.A.M.; SILVA J.P. Promoção da saúde

do idoso sob a ótica de enfermeiros da atenção básica. Rev Enferm UFPI. 2013 Jul-

Sep;2(3):18-24.

FREIBERGER E.; VREEDE P. Falls recall – limitations of the most used inclusion

criteria. Eur Rev Aging Phys Act. 8:105-8. 2011.

FREITAS M.A.V.; SCHEICHER M.E. Preocupação de idosos em relação a quedas.

Rev Bras Geriatr Gerontol.;11(1):57-64, 2008.

FREITAS R.; SANTOS S.S.C.; HAMMERSCHMIDT K.S.A.; SILVA M.E.; PELZER

M.T. Cuidado de enfermagem para prevenção de quedas em idosos: proposta para ação.

Rev Bras Enferm, Brasília; 64(3): 478-85. mai-jun. 2011.

GANANÇA F.F.; GAZZOLA, J.M.; ARATANI M.C.; PERRACINI M.R. GANANÇA

MM. Circunstâncias e consequências de quedas em idosos com vestibulopatia crônica.

Rev Bras Otorrinolaringol.;72(3):388-93. 2006.

Page 46: CAMILA GONÇALVES RECANELLO - cpd1.ufmt.br · Ao meu pequeno grande menino Luiz Otávio, ... sou hoje devo à educação e aos exemplos que me deram durante meus 27 anos. ... exploratório

GAWRYSZEWSKI V.P. A importância das quedas do mesmo nível entre idosos no

Estado de São Paulo. Rev Assoc Bras, 56(2):162-7, 2010.

GRATAO A.C.M.; VENDRÚSCOLO T.R..P.; TALMELLI L.F.S.; FIGUEIREDO

L.C.; SANTOS J.L.F.; RODRIGUES R.A.P. Sobrecarga e desconforto emocional em

cuidadores de idosos. Texto Contexto Enferm, Florianópolis, 21(2):304-12. Abr-Jun,

2012.

HARTHOLD K.A.; BEECK E.F.; POLINDER S.; VELDE N.; LIESHOUT E.M.M.;

PANNEMAN M.J.M.; CAMMEN T.J.M.; PATKA P. Societal consequences of falls in

the older population: injuries, healthcare costs and long term reduced quality of life.

Arch Int Med.;170(10):1-7. may 24, 2011.

IBGE. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Censo Demográfico. Brasília.

2010.

IBGE. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Censo Demográfico. Brasília.

2012. Disponível em:

ftp://ftp.ibge.gov.br/Indicadores_Sociais/Sintese_de_Indicadores_Sociais_2012/SIS_20

12.pdf

JAHANA K.O.; DIOGO M.J.E. Quedas em idosos: principais causas e consequências.

Red de Revistas Científicas de América Latina y el Caribe, España y Portugal, ,

año/vol.4, número 017. Editorial Bolina. São Paulo, Brasil. PP.148-153. 2007.

LEMOS N.D.; GAZZOLA J.M.; RAMOS L.R. Cuidando do paciente com Alzheimer: o

impacto da doença no cuidador. Saúde e Sociedade v.15, n3, p.170-179, set-dez 2006.

LOPES K.T.; COSTA D.F.; SANTOS L.F.; CASTRO D.P.; BASTONE A.C.

Prevalência do medo de cair em uma população de idosos da comunidade e sua

correlação com mobilidade, equilíbrio dinâmico, risco e histórico de quedas. Rev Bras

Fisioter. 13(3):223-9. 2009.

LOPES R.A.; DIAS R.C. O impacto das quedas na qualidade de vida dos idosos.

ConScientiae Saúde, 9(3):501-509; 2010.

MACHADO M.F.A.S.; MONTEIRO E.M.L.M.; QUEIROZ O.T.; VIEIRA N.F.C.;

BARROSO M.G.T. Integralidade, formação de saúde, educação em saúde e as

propostas do SUS: uma revisão conceitual. Ciênc saúde coletiva. 2007; 12:335-42.

MAESHIRO F.L.; LOPES M.C.; OKUNO M.F.; CAMAPANHARO C.R.; BATISTA

R.E. Capacidade funcional e a gravidade do trauma em idosos. Acta Paul Enferm.

2013; 26(4):389-94.

Page 47: CAMILA GONÇALVES RECANELLO - cpd1.ufmt.br · Ao meu pequeno grande menino Luiz Otávio, ... sou hoje devo à educação e aos exemplos que me deram durante meus 27 anos. ... exploratório

MAIA B.C.; VIANA P.S.; ARANTES P.M.M.; ALENCAR M.A. Consequências das

quedas em idosos vivendo na comunidade. Rev. Bras. Geriatr. Gerontol., Rio de

Janeiro, 14(2): 381 – 393. 2011.

MARQUES S.; RODRIGUES R.A.P.; KUSUMOTA L. O idoso após acidente vascular

cerebral: alterações no relacionamento familiar. Rev Latino-am Enfermagem 14(3).

maio-jun; 2006. Disponível em: www.eerp.usp.br/rlae.

MARTINS J.J.; ALBUQUERQUE G.L.; NASCIMENTO E.R.P.; BARRA D.C.C.;

SOUZA W.G.A.; PACHECO W.N.S. Necessidades de educação em saúde dos cuidados

da pessoa idosa no domicílio. Texto e Contexto – Enfermagem; 16:276-81. 2007.

MARTINS J.J.; NASCIMENTO E.R.P.; ERDMANN A.L.; CANDEMIL M.C.;

BELAVER G.M. O cuidado no contexto familiar: o discurso de idosos, familiares e

profissionais. Rev. enferm. UERJ, Rio de Janeiro, 2009 out/dez; 17(4):556-62.

MASUD T.; MORRIS RO. Epidemiology of falls. Age Ageing.;30(Suppl 4):3-7. 2001.

MONTEZUMA CA, FREITAS MC, MONTEIRO ARM. A família e o cuidado ao

idoso dependente: estudo de caso. Revista Eletrônica de Enfermagem [Internet].

2008;10(2):395-404. Disponível em

http://www.fen.ufg.br/revista/v10/n2/v10n2a11.htm

MOREIRA MA, OLIVEIRA BS, MOURA KQ, TAPAJÓS DM, MACIEL ACC. A

velocidade da marcha pode identificar idosos com medo de cair? Rev. Bras. Geriatr.

Gerontol., Rio de Janeiro, 16(1):71-80, 2013.

MÜJDECI B.; AKSOY S.; ATAS A. Evaluation of balance in fallers and non-fallers

elderly. Braz J Otorhinolaryngol, 78(5):104-9, 2012.

NEVES L.O.; ONISHI E.T.; PELUSO E.T.P. Atuação do enfermeiro na estratégia

saúde da família em relação aos idosos com vestibulopatias. Revista Equilíbrio

Corporal e Saúde; 4(1):9-18; 2012.

NICOLUSSI A.C.; FHON J.R.S.; SANTOS C.A.V.; KUSUMOTA L.; MARQUES S.;

RODRIGUES R.A.P. Qualidade de vida em idosos que sofrem quedas: revisão

integrativa de literatura. Ciência e Saúde Coletiva, 17(3):723-730, 2012.

NOGUEIRA A.; ALBERTO M.; CARDOSO G.A.; BARRETO M.A.M. Risco de

quedas nos idosos: educação em saúde para melhoria da qualidade de vida. Rev. Práxis;

ano IV, nº8 – agosto 2012.

OH D.H.; PARK J.E.; LEE E.S.; OH S.W.; CHO S.I.; JANG S.N.; BAIK H.W.

Intensive Exercise Reduces the Fear of Additional Falls in Elderly People: Findings

Page 48: CAMILA GONÇALVES RECANELLO - cpd1.ufmt.br · Ao meu pequeno grande menino Luiz Otávio, ... sou hoje devo à educação e aos exemplos que me deram durante meus 27 anos. ... exploratório

from the Korea Falls Prevention Study. Korean J Intern Med; 27:417-425. 2013.

Disponível em: http://dx.doi.org/10.3904/kjim.2012.27.4.417.

OLIVEIRA A.P.P.; CALDANA R.H.L. As Repercussões do Cuidado na Vida do

Cuidador Familiar do Idoso com Demência de Alzheimer. Saúde Soc. São Paulo, São

Paulo, v.21, n.3, p.675-685, 2012.

OLIVEIRA L.P.B.A.; MENEZES R.M.P. Representações de fragilidade para idosos no

contexto da estratégia de saúde da família. Texto Contexto Enferm, Florianópolis,

20(2): 301-9, Abr-Jun, 2011.

ORGANIZACIÓN MUNDIAL DE LA SALUD. Centro de Prensa. Caídas. Ginebra;

2012. Disponível em: http://www.who.int/mediacentre/factsheets/fs344/es/

ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE. Envelhecimento ativo: uma política de

saúde / World Health Organization. – Brasília: Organização Pan-Americana da Saúde,

2005.

ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE (OMS). Relatório global da OMS sobre

prevenção de quedas na velhice. Secretaria de Estado da Saúde. São Paulo. 62p. 2010.

PEREIRA A.M.M. Quedas e suas Consequências para o Idoso: Aspectos

Psicológicos e Emocionais. 2006. 90f. Dissertação. (Mestrado em Psicologia). Instituto

de Psicologia, Universidade Federal de Uberlândia, Uberlândia, 2006.

PERRACINI M.R. Prevenção e Manejo de Quedas no Idoso. Ciência e Saúde

Coletiva, Rio de Janeiro. 36(6):709-16. 2004.

PERRACINI M.R., RAMOS L.R. Fatores associados à queda em uma coorte de idosos

residentes na comunidade. Rev Saúde Pública. 36(6):709-16. 2002.

PIMENTA G.M.F.; COSTA M.A.S.M.C.; GONÇALVES L.H.T.; ALVAREZ A.M.

Perfil do Familiar Cuidador de Idoso Fragilizado em Convívio Doméstico da grande

Região do Porto, Portugal. Rev. Esc. Enferm USP; 43(3):609-14. 2009. Disponível em:

www.ee.usp.br/reeusp/.

PINHEIRO G.M.L.; ALVAREZ A.M.; PIRES D.E. A configuração do trabalho da

enfermeira na atenção ao idoso na Estratégia de Saúde da Família. Ciência e Saúde

Coletiva 2012; 17(8):2105-15.

PINHEIRO MM, CICONELLI RM, JACQUES NO, GENARO PS, MARTINI LA,

FERRAZ MB. O impacto da osteoporose no Brasil: dados regionais das fraturas em

homens e mulheres adultos - The Brazilian Osteoporosis Study (BRAZOS). Rev Bras

Reumatol. 50(2):113-27. 2010.

Page 49: CAMILA GONÇALVES RECANELLO - cpd1.ufmt.br · Ao meu pequeno grande menino Luiz Otávio, ... sou hoje devo à educação e aos exemplos que me deram durante meus 27 anos. ... exploratório

PINHO T.A.M.; SILVA A.O.; TURA L.F.R.; MOREIRA M.A.S.P.; GURGEL S.N.;

SMITH A.A.F.; BEZERRA P. Avaliação do risco de quedas em idosos atendidos em

Unidade Básica de Saúde. Rev Esc Enferm USP 46(2):320-7, 2012.

POLIT D.F.; BECK T. Fundamentos de pesquisa em enfermagem: avaliação de

evidências para a prática da enfermagem. 7 ed. – Porto Alegre: Artmed, 669 p.,

2011.

REZENDE A.A.B., SILVA I.L., CARDOSO F.B., BERESFORD H. Medo do idoso em

sofrer quedas recorrentes: a marcha como fator determinante da independência

funcional. Acta Fisiatric. 17(3):117-121. 2010.

RIBEIRO A.P.; SOUZA E.R.; ATIE S.; SOUZA A.C.; SCHILITHZ A.O. A influência

das quedas na qualidade de vida dos idosos. Ciência e Saúde Coletiva, 13(4):1265-

1273, 2008.

ROCHA L.; BUDÓ M.L.D.; BEUTER M.; SILVA R.M.; TAVARES J.P.

Vulnerabilidade de idosos às quedas seguidas de fratura de quadril. Esc Anna Nery,

out-dez; 14(4):690-696, 2010.

RUIZ P.F.M.; ORTEGA V.D.A.; CÁRDENAS C.D.P.; MARTÍNEZ C.S.; DIAZ

C.M.A.; CÁRDENAS C.A. Factores de riesgo, precipitantes, etiologia y consecuencias

de las caídas em el anciano. Medicina de Família (And) Vol. 5, Nº1, febrero 2004.

SANTOS A.L.; CECÍLIO H.P.M.; TESTON E.F.; MARCON S.S. Conhecendo a

funcionalidade familiar sob a ótica do doente crônico. Texto Contexto Enferm,

Florianópolis, 21(4):879-86. Out-Dez; 2012.

SCHNEIDER A.R.S. Envelhecimento e quedas: a fisioterapia na promoção e atenção à

saúde do idoso. RBCEH, Passo Fundo, v. 7, n. 2, p. 296-303, maio/ago. 2010.

SCHOSSLER T, CROSSETTI MG. Cuidador domiciliar do idoso e o cuidado de si:

uma análise através da teoria do cuidado humano de Jean Watson. Texto Contexto

Enferm, Florianópolis, Abr-Jun; 17(2): 280-7, 2008.

SILVA A.; FALEIROS H.H.; SHIMIZU W.A.L.; NOGUEIRA L.M.; NHÃN L.L.;

SILVA B.M.F.; OTUYAMA P.M. Prevalência de quedas e de fatores associados em

idosos segundo etnia. Ciência e Saúde Coletiva, 17(8):2181-2190,2012.

SILVA TM, NAKATANI AYK, SOUZA ACS, LIMA MCS. A vulnerabilidade do

idoso para as quedas: análise dos incidentes críticos. Revista Eletrônica de

Enfermagem [serial on line] 9(1): 64-78. Jan-Abr; 2007. Available from: URL:

http://www.fen.ufg.br/revista/v9/n1/v9n1a05.htm

Page 50: CAMILA GONÇALVES RECANELLO - cpd1.ufmt.br · Ao meu pequeno grande menino Luiz Otávio, ... sou hoje devo à educação e aos exemplos que me deram durante meus 27 anos. ... exploratório

SIQUEIRA F.V.; FACCHINI L.A.; PICCINI R.X.; TOMASI E.; THUMÉ E.;

SILVEIRA D.S.; VIEIRA V.; HALLAL P.C. Prevalência de quedas em idosos e fatores

associados. Rev Saúde Pública, 41(5):749-56, 2007.

SIRACUSE J.J.; ODELL D.D.; GONDEK S.P.; ODOM S.R.; KASPER E.M.;

HAUSER C.J.; MOORMAN D.W. Health care and socioeconomic impact of falls in the

elderly. The American Journal of Surgery 203, 335-338, 2012.

SOUZA G.M. Consequências causadas pelas quedas à qualidade de vida do idoso.

2011. 39f. Trabalho de Conclusão de Curso. (Especialização em Atenção Básica).

Universidade Federal de Minas Gerais. Minas Gerais, Dom Cavati. 2011.

SUELVES J.M.; MARTÍNEZ V.; MEDINA A. Lesiones por caídas y factores

asociados em personas mayores de Cataluña, España. Rev Panam Salud Publica 27(1),

2010.

TESTON E.F.; OLIVEIRA A.P.; MARCON S.S. Necessidades de educação em saúde

experenciadas por cuidadores de indivíduos dependentes de cuidado. Rev. enferm.

UERJ, Rio de Janeiro, 2012 dez; 20(esp.2):720-5.

TOLEDO D.R.; BARELA J.A. Diferenças sensoriais e motoras entre jovens e idosos:

contribuição somatossensorial no controle postural. Rev Bras Fisioter; São Carlos, v.14

n3, p.267-75, maio/jun. 2010.

TRIVIÑOS, A.N.S. Introdução à pesquisa em ciências sociais: a pesquisa

qualitativa em educação. São Paulo: Atlas; 2010.

VARAS-FABRA F.; MARTÍN E.C.; TORRES L.A.P.; FERNÁNDEZ M.J.F.; MORAL

R.R.; BERGE I.E. Caídas en ancianos de La comunidad: prevalência consecuencias y

factores asociados. Aten. Primaria.;38(8):450-5, 2006.

VERAS, R. P.; CALDAS, C. P.; COELHO, F.D.; SANCHEZ, M.A. Promovendo a

Saúde e Prevenindo a Dependência: identificando indicadores de fragilidade em idosos

independentes. Revista Brasileira de Geriatria e Gerontologia, Rio de Janeiro,

vol.10, n. 3, 2007.

WADA N, SOHMIYA M, SHIMIZU T, OKAMOTO K, SHIRAKURA K. Clinical

analysis of risk factors for falls in home-living stroke patients using functional

evaluation tools. Arch Phys Med Rehabil.;88(12):1601-5. 2007.

WORLD HEALTH ORGANIZATION (WHO). Injuries. Disponível em:

http://www.who.int/topics/injuries/en/. 2012.

WORLD HEALTH ORGANIZATION (WHO). Preventing injuries and violence: A

guide for ministries of health. 2007.

Page 51: CAMILA GONÇALVES RECANELLO - cpd1.ufmt.br · Ao meu pequeno grande menino Luiz Otávio, ... sou hoje devo à educação e aos exemplos que me deram durante meus 27 anos. ... exploratório

APÊNDICES

Page 52: CAMILA GONÇALVES RECANELLO - cpd1.ufmt.br · Ao meu pequeno grande menino Luiz Otávio, ... sou hoje devo à educação e aos exemplos que me deram durante meus 27 anos. ... exploratório

APÊNDICE A - ROTEIRO DA ENTREVISTA SEMIESTRUTURADA

Data da Entrevista: _______________________________________________________

Nome: ________________________________________________________________

Idade: _____________________________ Sexo: _________________________

Membro(s) da família:____________________________________________________

QUESTÕES NORTEADORAS:

1. Temos a informação de que o idoso caiu. Quantas vezes ele caiu no último ano?

2. Como foi (foram) a(s) queda(s)? (onde, como, quando?)

3. Quais as consequências que a(s) queda(s) teve (tiveram) para o idoso?

4. Qual foi o impacto (repercussões, mudanças, alterações) da(s) queda(s) para a

família? (nas atividades da vida cotidiana, nas relações, no trabalho e na vida

financeira, etc).

Page 53: CAMILA GONÇALVES RECANELLO - cpd1.ufmt.br · Ao meu pequeno grande menino Luiz Otávio, ... sou hoje devo à educação e aos exemplos que me deram durante meus 27 anos. ... exploratório

APÊNDICE B - FORMULÁRIO DE CONSENTIMENTO LIVRE E

ESCLARECIDO

PROJETO: REPERCUSSÕES DAS QUEDAS NA VIDA DOS IDOSOS E SEUS FAMILIARES

PESQUISADORA: CAMILA GONÇALVES RECANELLO

OBJETIVO PRINCIPAL: COMPREENDER AS REPERCUSSÕES DAS QUEDAS A PARTIR DA

PERSPECTIVA DOS IDOSOS E DE SEUS FAMILIARES

PROCEDIMENTO: SERÁ POR MEIO DE ENTREVISTA, ONDE A PESQUISADORA EXPLICARÁ À

FAMÍLIA DO IDOSO O OBJETIVO DO ESTUDO. SERÃO REALIZADAS PERGUNTAS À FAMÍLIA, E

EM SEGUIDA, AGUARDARÁ AS RESPOSTAS DA MESMA. CASO NÃO SE ENTENDA A

PERGUNTA, A MESMA SERÁ REFEITA DE FORMA MAIS CLARA, AGUARDANDO NOVAMENTE

A RESPOSTA. SERÁ ESCLARECIDO QUE AS PERGUNTAS E RESPOSTAS SERÃO GRAVADAS

PARA POSTERIOR TRANSCRIÇÃO. ANTES DE INICIAR A ENTREVISTA, SERÁ FEITA UMA

PERGUNTA INTRODUTÓRIA À FAMÍLIA PARA REALIZAÇÃO DO TESTE COM O GRAVADOR.

BENEFÍCIOS PREVISTOS: DE FORMA ALGUMA HAVERÁ BENEFÍCIO MATERIAL AOS

SUJEITOS, PORÉM, OS MESMOS CONTRIBUIRÃO AO ESTUDO. AS RESPOSTAS BENEFICIARÃO O

ENTENDIMENTO, POR PARTE DOS PROFISSIONAIS DE SAÚDE E DOS ENVOLVIDOS, A

RESPEITO DO IMPACTO NA VIDA DAS FAMÍLIAS OCASIONADOS PELAS QUEDAS DOS IDOSOS.

EU, ________________________________________________________________,

RG: ______________________ FUI INFORMADO (A) DOS OBJETIVOS, PROCEDIMENTOS E

BENEFÍCIOS DESTA PESQUISA DESCRITA ACIMA.

ENTENDO QUE OS DADOS NÃO SERÃO DIVULGADOS A NINGUÉM, ALÉM DA PESQUISADORA.

ESTOU CIENTE QUE TENHO DIREITO DE RECEBER INFORMAÇÕES RELACIONADAS A

PESQUISA A QUALQUER MOMENTO, ATRAVÉS DE CONTATO COM A PESQUISADORA. FUI

INFORMADO (A) QUE MINHA PARTICIPAÇÃO É VOLUNTÁRIA, SEM BENEFÍCIO MATERIAL

ALGUM. TENHO AUTONOMIA PARA NÃO PARTICIPAR OU DEIXAR DE PARTICIPAR DA

PESQUISA A QUALQUER MOMENTO, NÃO ME ACARRETANDO QUALQUER TIPO DE PUNIÇÃO.

COMPREENDO COM O QUE ME FOI ESCLARECIDO E CONCORDO EM PARTICIPAR DA

PESQUISA.

___________________________________ ______________________________

ASSINATURA DO FAMILIAR ASSINATURA DA PESQUISADORA

Este documento foi elaborado em duas vias, sendo que uma delas é sua e a outra é da

pesquisadora. Em caso de necessidade contate a pesquisadora pelo seguinte telefone:

(65) 8451.5910 ou pelo e-mail: [email protected] ou procurar o Comitê de

Ética em Pesquisa do Hospital Universitário Júlio Muller/UFMT pelo telefone (65)

3615-8254.

Data: _____/ _____/ 2013

Page 54: CAMILA GONÇALVES RECANELLO - cpd1.ufmt.br · Ao meu pequeno grande menino Luiz Otávio, ... sou hoje devo à educação e aos exemplos que me deram durante meus 27 anos. ... exploratório

APÊNDICE C - AGRUPAMENTOS DAS CARACTERÍSTICAS DAS QUEDAS

CATG IDOSO FALA OBSERVAÇÃO

FATO

RES

INTR

ÍNSE

CO

S

I-2 ...então eu fechei o portão rápido e fui tentar sair rápido para ela não ficar esperando, foi quando eu caí, porque minhas pernas não acompanham mais...

A perda de equilíbrio e a tontura são fatores mais lembrados pelos entrevistados, atribuindo à eles, a ocorrência das quedas. Porém, o fato de as pernas não acompanharem movimentos rápidos e os pés falsearem ao caminhar, também foi creditados ao evento queda.

I-4 porque eu vou andar e se o pé bate em qualquer coisa eu perco o equilíbrio...

...aí perdeu o equilíbrio já estou no chão

eu perco o equilíbrio, qualquer coisa que meu pé falseia eu já perco o equilíbrio, aí eu vou para o chão

I-5 ...às vezes me dá tontura e acabo caindo...

I-12 ...ergui o braço para colocar a roupa e caí de novo, acho que fiquei tonta porque levantei o braço... ...qualquer coisinha eu fico tonta e caio.

I-15 ...às vezes me dá tontura e acabo caindo...

CATG IDOSO FALA OBSERVAÇÃO

FATO

RES

EX

TRÍN

SEC

OS

I-3 No que entrei no banheiro escorreguei. Escorregões e tropeços foram os aspectos mais lembrados pelos idosos, além dos ambientes escuros, camas altas para idosos, pisos escorregadios e utilização de tapetes na casa. Fatos esses que proporcionam a ocorrência das quedas dos idosos, sendo incluídos em fatores extrínsecos.

I-4 Eu caí lá no curral, lá eu tropecei e caí. Aqui em casa eu já caí no banheiro, na porta, no quintal, em toda parte

I-6 ...aí quando eu voltei para ver a panela que estava no fogo eu tropecei e caí.

I-7 ...fui subir no guarda roupa e aqui tem muito tapete e no que eu desci da cadeira escorreguei no tapete, aí eu caí.

I-8 ...estava andando numa descidona [...] e caí de cara no chão.

I-9 Porque é box [cama], é alta, eu rolei e caí.

I-10 ...escorreguei em um degrau e caí.

I-11 ...escorreguei e caí aqui dentro de casa mesmo.

...eu tropeço no chão, tenho que ficar andando com atenção...

I-12 ...levantei para ir no banheiro e estava tudo escuro, não consegui enxergar direito e caí...

I-14 Eu escorreguei na cozinha, eu caí de perna aberta.

Page 55: CAMILA GONÇALVES RECANELLO - cpd1.ufmt.br · Ao meu pequeno grande menino Luiz Otávio, ... sou hoje devo à educação e aos exemplos que me deram durante meus 27 anos. ... exploratório

CATG IDOSO FALA OBSERVAÇÃO C

ON

SEQ

UÊN

CIA

S FÍ

SIC

AS

MED

IATA

S

I-2 ...eu fiquei com muita dor quando caí. Os idosos se lembraram muito da dor que sentiram no momento da queda, bem como eventuais fraturas, escoriações, imobilizações de membros e sensação de desmaio momentâneo.

...enfaixaram minha perna porque eu estava com muita dor

I-3 ...eu caí e bati o joelho...

toda vez que eu caio meu joelho dói e é uma dor muito forte

I-4 ... uma vez eu caí e cheguei a quebrar meu pé...

...quando caí machuquei as cadeira...

I-5 ... eu fiquei com muita dor depois disso.

I-6 ...foi até que eu desloquei o ombro...

Bati que caí o braço e o peito...

Ai e que dor que senti...

...eu estava sentindo muita dor depois que eu caí...

I-8 Na hora eu desmaiei ...

I-9 Teve a dor no braço só...

...machuquei o braço mesmo e fiquei com um pouco de dor depois

I-10 ... bati as costas na parede da cozinha...

I-11 Machuquei o joelho...

...mas dessa vez doeu bem mais...

...a gente fica com dor depois que cai...

I-12 ...eu bati a cabeça fiquei esticada no chão lá, com a cabeça desse tamanho

Daí fiquei tremendo, tremendo...

minha cabeça ficou tonta, parece até que ela “afofou”

I-14 Eu caí, machuquei o meu joelho...

CATG IDOSO FALA OBSERVAÇÃO

CO

NSE

QU

ÊNC

IAS

FÍSI

CA

S TA

RD

IAS

I-2 ...não posso mais sair naquela arrancada rápida... As quedas deixaram alguns idosos impossibilitados de andar como antes. Alguns devido a dores fortes que persistem e outros pela impossibilidade de sair na arrancada. A utilização de tipoia e de faixas contribuíram para a restrição de atividades diárias e até mesmo de locomoção.

I-3 Ele [joelho] fica o tempo todo inchado depois que ele caiu e isso acaba atrapalhando na hora de andar.

I-6 e ficou doendo por bastante tempo ainda. colocaram um negócio no meu braço por um tempão [tipóia] para não mexer e só me atrapalhava a fazer as coisas...

I-7 Na verdade fui ter dor só depois de 1 mês ...há muito tempo que eu não sentia nada, há muito tempo mesmo, mas aí com essa queda voltou a dor.

I-10 ...depois que eu caí, sempre dói a minha cadeira, fica doendo...

I-11 ... até fiquei sem andar por um tempinho depois que eu caí....

Tinha que ficar com o joelho enfaixado . ...não podia levantar...

I-12 ...só a dor forte que eu fiquei sentindo por um tempão ainda...

... depois que eu caí cada vez que eu tentava andar

Page 56: CAMILA GONÇALVES RECANELLO - cpd1.ufmt.br · Ao meu pequeno grande menino Luiz Otávio, ... sou hoje devo à educação e aos exemplos que me deram durante meus 27 anos. ... exploratório

meu pé doía demais.

I-14 ... eu fiquei vários dias andando ruim...

...agora eu não to podendo nem andar, to com dor nessa perna aqui por causa do tombo

Eu já não estou andando direito por causa da dor, ainda se cair, fica pior.

AGRUPAMENTOS - REPERCUSSÕES DAS QUEDAS NA VIDA DOS IDOSOS

CATG IDOSO FALA OBSERVAÇÃO

CO

MP

OR

TAM

ENTO

S Q

UED

A

I-2 ...tem hora que dá uma travada na minha perna, então eu estou sempre atenta.

Atitudes de proteção foram relatadas pelos idosos, sendo que buscam ficarem mais atentos em suas atividades. Bem como subir e descer degraus devagar, evitar locais que ofereçam perigo como perto de piscinas, pisos molhados, utilização de chinelos de borracha para maior firmeza dos pés e até mesmo andar mais lentos e engatinhando, assim conseguem ficar mais atentos aos locais que frequentam. Há ainda os que admitem que o medo surgiu apenas depois da ocorrência da queda. Entretanto, há os que não assumem esse comportamento, visto que continuam executando suas atividades rotineiras como antes. Há relatos de idosos que desempenham funções dentro de casa, como limpeza, preparo da alimentação e cuidam de netos. Reforçam a ideia que não conseguem ficar sem realizar essas funções.

Eu fiquei mais atenta, sempre lembro de não andar correndo porque minhas pernas não aguentam mais.

I-3 ...nunca deixei de fazer nada por causa disso. Faço

tudo em casa e ajudo a cuidar dos meus netos.

I-4 Eu caio bastante, mas não quebro nada, sinal que

ainda estou boa. As coisas que eu quero eu faço,

seja lá como for.

I-7 ...porque depois que a gente cai parece que o medo vem, enquanto eu não tinha caído, não tinha medo não, mas agora eu presto bem mais atenção do que antes eu prestava.

I-9 Eu evito de fazer as coisas que podem cair.

Tento atravessar o degrau devagar, desço devagar, porque aqui na cozinha e fundo tem degrau, eu desço e subo devagar.

Eu não gosto de ficar parada, mas eles não gostam que eu faça as coisas, mas é chato demais ficar sem fazer nada, aí eu arrumo o que fazer.

Lavo casa, lavo vasilha, faço o que tiver que fazer mesmo.

I-10

...Não entro nela [piscina] porque até chegar lá eu fico com medo de cair.

Ah eu fico com muito medo de cair, na verdade deixo até de fazer algumas coisas por causa desse medo.

Para mim mudou porque agora eu ando engatinhando

Eu ando engatinhando e reparando no chão, no piso.

...porque perto dela [piscina] o piso é escorregadio

Page 57: CAMILA GONÇALVES RECANELLO - cpd1.ufmt.br · Ao meu pequeno grande menino Luiz Otávio, ... sou hoje devo à educação e aos exemplos que me deram durante meus 27 anos. ... exploratório

e aí eu tenho que prestar mais atenção ainda. Então para evitar, nem passo ali perto.

...aí, eu falei, não vou pegar com essa perna, está tudo molhado. Minando, escorrendo água, eu que não vou pisar aí...

...mas eu só vou onde está limpo, também onde está sujo eu não vou e eu tenho que reparar bem aonde eu piso.

Eu não ando de bambolê porque escorrega muito.

...eu sinto mais firme com o pé no chão, com o bambolê posso escorregar.

...e quando eu ando aqui no quintal eu ando com cuidado, cuidado mesmo.

...depois que cai eu vou ficar sentindo dor para sempre, não sou mais criança, então eu tenho que andar com cuidado.

Então quando eu vejo que vou ficar abaixada e eu posso desequilibrar e cair eu não abaixo. Se eu for fazer alguma coisa que eu acho que eu corro o risco de cair, eu não faço.

Eu não ando mais de ônibus, de jeito nenhum, uma que ali é muito alto pra subir e outra que o ônibus balanceia

I-12 ...mas eu tomo cuidado para não cair, até porque dói muito mesmo.

Ah, aqui eu faço de tudo, lavo, passo, cozinho...

I-14 ...agora já tomo cuidado para andar, para não cair de novo...

...eu comecei a andar mais lento para ver se não caio mais

AGRUPAMENTOS - REPERCUSSÕES DAS QUEDAS DOS IDOSOS NA VIDA

DOS FAMILIARES

CATG FAM FALA OBSERVAÇÃO

IMP

AC

TOS

PSI

CO

LÓG

I

CO

S

F-1 Ela sai sozinha também, mas a gente fica preocupado...

Familiares relatam com

frequência o medo que

sentem em relação ao idoso

cair novamente, porém, a

Muda a estrutura da família, a preocupação...

F-2 Dessa última vez que ela caiu eu fiquei com muito medo, porque como eu tenho essas dificuldades,

Page 58: CAMILA GONÇALVES RECANELLO - cpd1.ufmt.br · Ao meu pequeno grande menino Luiz Otávio, ... sou hoje devo à educação e aos exemplos que me deram durante meus 27 anos. ... exploratório

eu fico com medo de perder minha mãe... palavra medo surge também

quando relacionada a

fraturas. Choro e desespero

foram também relatados,

bem como o surgimento do

medo após o evento queda e

ausência do mesmo antes de

sua ocorrência.

Quando ela foi para o Pronto Socorro porque tinha caído eu chorei muito, fiquei desesperada.

Quando a gente vai andar de ônibus, eu tenho medo que ela caia naquele degrau de entrar porque ele é muito alto e tenho medo da perna dela não conseguir alcançar.

F-3 Eu também fico com medo de ela cair de novo, na verdade tenho medo de ela quebrar um braço, uma perna...

F-5 A gente fica com medo, porque cair é perigoso, cair de mau jeito, quebrar um braço, uma perna, cabeça, perigoso.

...e até a gente mesmo fica mais preocupado.

Depois que cai é que surge o medo...

F-6 ...ando mais rápido, então nem preciso ficar preocupado comigo, só com ela mesmo.

F-7 Na hora eu fiquei assustada, porque eu fiquei sabendo que ele tinha caído da cadeira, mas eu ainda não sabia se tinha machucado.

...então eu fico com medo de ele cair e machucar de verdade.

F-10 ...só fiquei com medo de ela cair, na verdade medo todo mundo tem?

...mas no fundo também tenho medo de cair e medo que ela caia, porque acho que não tem nesse mundo quem não tem medo de cair, ainda mais depois que fica velho.

F-12 ...então eu tenho muito medo mesmo que ela caia.

Eu só tenho medo que ela caia de novo e não aguente, porque dessa vez já foi difícil para ela, imagina se ela cair de novo, acho que vai ser cada vez pior...

Mas igual dessa vez eu fiquei preocupada, porque vi que tinha sido de verdade mesmo.

...dessa vez que ela ficou com muita dor e quebrou o pé eu fiquei preocupada, porque vi que tinha sido de verdade mesmo.

F-15 Ah, mudou bastante porque agora tem a preocupação, às vezes toca um telefone nove da noite aí a gente já pensa a mãe caiu. Então é mais a preocupação.

Então depois que caiu a gente fica sempre preocupado

CATG FAM FALA OBSERVAÇÃO

IMP

AC

TO

SOC

IAL

NO

TR

AB

ALH

O E

V

IDA

FIN

AN

CEI

RA

F-8 ...foram uns duzentos reais que a gente gastou com os remédios e as coisas para o curativo dele. Para quem ganha um salário e paga água, luz, telefone, imagina só, pesado demais para a gente.

Prejuízos financeiros foram citados quando relacionados à compra de medicamentos devido a dor da queda e à confecção de curativos, bem como gastos com aluguel de

F-11 ...desmarco alguns clientes para poder cuidar, mas isso eu nem me importo, porque são meus pais, faço isso de retribuição...

Page 59: CAMILA GONÇALVES RECANELLO - cpd1.ufmt.br · Ao meu pequeno grande menino Luiz Otávio, ... sou hoje devo à educação e aos exemplos que me deram durante meus 27 anos. ... exploratório

F-12 ...então se ela estiver bem, está tudo bem, mas se ela não estiver, aí tenho que faltar no serviço

andadores para o idoso. Um familiar afirmou desmarcar clientes por ter que atender à mãe durante suas atividades profissionais. Diminuição da carga horária, falta no trabalho, colocar outra pessoa na função também foram trazidas à lembrança dos familiares.

...eu tive que diminuir meu trabalho para ficar com ela em casa.

...aí quando vi que ela estava melhor eu voltei a trabalhar.

...meu patrão deixou eu dar tempo do serviço.

aí ela [nora] acabou arrumando outra pessoa e colocando no meu lugar lá na casa dela.

...aí quando vi que ela estava melhor eu voltei a trabalhar.

Quando ela caiu eu liguei para o meu patrão e falei que não ia mesmo, e não tinha quem me fizesse ir.

...meu patrão deixou eu dar tempo do serviço.

...na época a gente teve que comprar bastante remédio por causa da dor que ela estava sentindo

F-13 De primeiro eu trabalhava bastante [...] agora eu nem tenho a possibilidade porque só fica nós três aqui...

F-15 Ela usou pouco tempo o andador, porque ela caiu [...] aí nós tivemos que alugar o andador, mas ela usou pouco tempo.

CATG FAM FALA OBSERVAÇÃO

IMP

AC

TO S

OC

IAL

IMED

IATO

EM

CA

SA

F-8 ...tive que ficar fazendo sopa um bom tempo, porque a boca dele ficou toda inchada que ele caiu de cara no chão...

Os familiares tinham que ficar a disposição do caidor, visto que quando o mesmo necessitava de algo, o familiar estava pronto para executar a função. Fazer comida especial, realizar serviços domésticos, oferecer copo de água a todo momento, noites foram passadas em claro, revezamento dos familiares para realizarem o cuidado e até mesmo a sobrecarga de trabalhos em casa. Alguns familiares protestaram a ausência dos pais, pois os mesmos tinham que deixá-los para cuidar dos idosos, enquanto outros reclamavam em ter que “pajear” o longevo a todo momento. Entretanto, esses impactos aconteceram apenas em momentos imediatos à queda, não

F-11 ...quando precisava de alguma coisa, sempre me chamava.

...dessa vez ela ficou dependendo de mim para tudo porque não podia levantar...

Na época que ela caiu, só sobrecarregou porque ela é muito ativa, lava roupa, faz comida, só não limpa a casa. Aí quando cai você fica sobrecarregada nesse aspecto, porque você está fazendo um cabelo e tem que largar para fazer comida, lavar roupa, tem que parar para ver isso, porque ela não está podendo.

F-12 ...ela ficava pedindo água toda hora para a gente e eu não aguentava mais, era chato

Ah eu ajudava ela, fazia comida, levava comida na cama...

...colocava minhas crianças para cuidar, fazer almoço...

...eu que fiquei cuidando das casas, das roupas, de tudo, levava no médico.

Mas eu que levava ela para o banheiro, fazia comida...

F-13 ...eu que cuidei, eu fiquei noites e noites sem dormir...

F-14 ...tinha que trabalhar e quando chegava em casa, ainda ficava cuidando dela...

F-15 ...uma noite eu ficava, na outra a minha irmã

Page 60: CAMILA GONÇALVES RECANELLO - cpd1.ufmt.br · Ao meu pequeno grande menino Luiz Otávio, ... sou hoje devo à educação e aos exemplos que me deram durante meus 27 anos. ... exploratório

ficava, e a outra ficava de dia, ficava minha sobrinha, o meu irmão, todo mundo ficava.

persistindo e sendo prolongados.

Eu acho bom dividir com meus irmãos, mas acaba sobrecarregando do mesmo jeito...

Olha eu passei dificuldade porque nessa época ela era gorda eu peguei um mal na coluna de andar com ela...

...e eu tinha que trocar ela, fralda tudo...

CATG FAM FALA OBSERVAÇÃO

CO

MP

OR

TAM

ENTO

EM

REL

ÃO

AO

IDO

SO

F-3 A gente só fala para não ficar fazendo coisa que pode cair...

Os familiares assumem papel de superproteção com o idoso, fato que pode fazê-lo sentir incapaz de realizar algumas atividades e promover maior dependência. Entretanto, os familiares realizam essas restrições apenas com o sentido de proteção com o longevo, pois percebem suas fragilidades e tentam evitar consequências maiores. A vigilância e supervisão a distância acontecem rotineiramente, talvez seja uma forma de não demonstrar ao idoso que está sendo vigiado e mantê-lo ativo, quando na verdade está sendo protegido aos olhares dos familiares. Após o evento da queda,a família intensifica a atenção, pois o percebem mais fracos e suscetível a recorrência da mesma, sendo assim, para evitá-las, procuram estar próximos a todo momento, restringindo vida social de ambos e assumindo um comportamento protetivo e ao mesmo tempo restringido.

...a gente já falou várias vezes para ela tomar cuidado...

F-4 ...ela é muito agitada, mas eu fico observando só de longe, sempre fico por perto quando ela está andando lá no fundo do quintal.

F-5 Depois que ela começou a cair, a gente [família] decidiu que ela só iria sair com alguém, e esse alguém sou eu...

Acho que fiquei mais atento até comigo mesmo, porque sou velho também, só que mais forte que ela... A gente observa bastante ela, depois que começou a cair

... a gente sempre avisa ela para tomar cuidado...

Agora a gente tem um pouco mais de cuidado com ela.

Antes acho que eu não prestava muita atenção nisso, mas depois que ela caiu eu sempre estou atento...

... só aqui na irmã dela que é pertinho que ela vai sozinha, mas aí eu fico olhando vigiando, até ela chegar lá.

F-6 Ela anda bem devagarzinho, toda curvada para frente, aí tem que tomar cuidado com ela o tempo todo.

O cuidado ficou maior, porque não pode ficar muito sozinha e ela também ficou mais esquecida depois que caiu, ela lembra das coisas mas não de tudo.

F-7 Eu até tirei os tapetes da casa, agora só tem no banheiro e na cozinha mesmo.

Ah eu dou a mão para ele, se vai subir na escada eu fico olhando para ver se não cai, às vezes eu subo para ele porque eu sei que não vou cair né.

...fico vigiando porque antes eu não ficava, falo para minha mãe tirar os tapetes de casa porque o chão daqui de casa é bem liso...

F-12 ... só que a gente fica mais atenta com ela, sempre tem alguém junto...

A gente fica em cima dela o tempo todo para não deixar ela fazer as coisas...

Acho que eu fiquei mais cuidadosa com ela

...fico falando para ela tomar cuidado, para deixar

Page 61: CAMILA GONÇALVES RECANELLO - cpd1.ufmt.br · Ao meu pequeno grande menino Luiz Otávio, ... sou hoje devo à educação e aos exemplos que me deram durante meus 27 anos. ... exploratório

que eu faço isso.

...acho que a melhor coisa é a gente tentar evitar de ela cair mesmo, porque não quero ver ela triste e doente de novo.

Page 62: CAMILA GONÇALVES RECANELLO - cpd1.ufmt.br · Ao meu pequeno grande menino Luiz Otávio, ... sou hoje devo à educação e aos exemplos que me deram durante meus 27 anos. ... exploratório

ANEXOS

Page 63: CAMILA GONÇALVES RECANELLO - cpd1.ufmt.br · Ao meu pequeno grande menino Luiz Otávio, ... sou hoje devo à educação e aos exemplos que me deram durante meus 27 anos. ... exploratório

HOSPITAL UNIVERSITÁRIOJÚLIO MULLER-

UNIVERSIDADE FEDERAL DE

PARECER CONSUBSTANCIADO DO CEP

Pesquisador:

Título da Pesquisa:

Instituição Proponente:

Versão:

CAAE:

Impacto das Quedas dos Idosos na Vida das Famílias

ANNELITA ALMEIDA OLIVEIRA REINERS

Faculdade de Enfermagem - Cuiabá - UFMT

1

11753712.8.0000.5541

Área Temática:

DADOS DO PROJETO DE PESQUISA

Número do Parecer:

Data da Relatoria:

179.251

20/12/2012

DADOS DO PARECER

As quedas podem ocasionar consequências tanto físicas quanto psicológicos no idoso, que vão desde

fraturas, internações, procedimentos cirúrgicos até medo de voltar a cair, isolamento social e rearranjo

familiar. Diante desses achados nas literaturas nacionais e internacionais, buscamos identificar os impactos

que podem ser ocasionados na família desse idoso caidor. Alguns relatos de pesquisas publicadas citam

conflito entre familiares para assumirem os cuidados com idoso, conflitos conjugais devido a atenção

exclusiva ao idoso, parentes que receberam tratamento inadequado enquanto crianças por parte do idoso,

hoje se vêem diante da situação executar o cuidado e apoio ao mesmo. Diante desses achados, buscamos

identificar esse impactos nas famílias proveniente da queda do idoso. Trata-se de estudo exploratório e

descritivo, com abordagem qualitativa.os sujeitos serão as famílias de idosos que sofreram quedas. Esses

idosos foram identificados em estudo anterior realizado, no ano de 2012, sobre as condições de saúde das

pessoas com 60 anos ou mais residentes na zona urbana do município de Cuiabá ¿ MT (Cardoso, 2012).

No total, 109 idosos relataram ter caído nos últimos três meses. Critério de inclusão: Morar no mesmo

domicílio do idoso há pelo menos 1 ano. A coleta de dados será realizada no período de janeiro a março de

2013 por meio de entrevista semi-estruturada, utilizando um roteiro com perguntas sobre o impacto da(s)

queda(s) do idoso na vida das famílias. As entrevistas serão realizadas no domicílio.

Apresentação do Projeto:

Investigar o impacto das quedas dos idosos na vida das famílias.

Objetivo da Pesquisa:

78.060-900

(63)3615-8254 E-mail: [email protected]

Endereço:Bairro: CEP:

Telefone:

Rua Fernado Correa da Costa nº 2367Boa Esperança

UF: Município:MT CUIABA

Page 64: CAMILA GONÇALVES RECANELLO - cpd1.ufmt.br · Ao meu pequeno grande menino Luiz Otávio, ... sou hoje devo à educação e aos exemplos que me deram durante meus 27 anos. ... exploratório

HOSPITAL UNIVERSITÁRIOJÚLIO MULLER-

UNIVERSIDADE FEDERAL DE

Riscos: A pesquisa não oferece nenhum risco de vida e desconforto mínimo

Benefícios: AS RESPOSTAS BENEFICIARÃO O ENTENDIMENTO, POR PARTE DOS PROFISSIONAIS

DE SAÚDE E DOS ENVOLVIDOS, A RESPEITO DO IMPACTO NA VIDA DAS FAMÍLIAS OCASIONADOS

PELAS QUEDAS DOS IDOSOS.

Avaliação dos Riscos e Benefícios:

Pesquisa importante para a área.

Comentários e Considerações sobre a Pesquisa:

Folha de rosto adequada, com compromisso do gestor da instituição.

Inclui autorização de gestor da SMS.

TCLE: aprovado

Considerações sobre os Termos de apresentação obrigatória:

Incluir benefícios diretos para os entrevistados caso surjam dúvidas como orientações, esclarecimentos, etc.

Recomendações:

Propomos a aprovação do projeto.

Conclusões ou Pendências e Lista de Inadequações:

Aprovado

Situação do Parecer:

Não

Necessita Apreciação da CONEP:

Projeto aprovado em relação à análise ética.

Considerações Finais a critério do CEP:

CUIABA, 20 de Dezembro de 2012

SHIRLEY FERREIRA PEREIRA(Coordenador)

Assinador por:

78.060-900

(63)3615-8254 E-mail: [email protected]

Endereço:Bairro: CEP:

Telefone:

Rua Fernado Correa da Costa nº 2367Boa Esperança

UF: Município:MT CUIABA

Page 65: CAMILA GONÇALVES RECANELLO - cpd1.ufmt.br · Ao meu pequeno grande menino Luiz Otávio, ... sou hoje devo à educação e aos exemplos que me deram durante meus 27 anos. ... exploratório
Page 66: CAMILA GONÇALVES RECANELLO - cpd1.ufmt.br · Ao meu pequeno grande menino Luiz Otávio, ... sou hoje devo à educação e aos exemplos que me deram durante meus 27 anos. ... exploratório