Campanha Nacional dos Bancários 2012 · Sindicato dos Bancários de Curitiba e região ano...

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Campanha Nacional dos Bancários 2012 Bancários lutam por 10,25% TRABALHADORES DE CURITIBA E REGIÃO APROVAM EM ASSEMBLEIA, NO DIA 31 MINUTA QUE SERÁ ENTREGUE À FENABAN NO DIA 01 Curitiba sediou, de 20 a 22 de julho, a 14ª Conferência Nacional da categoria, em que foi definida a pauta de reivindicações da Campa- nha Nacional dos Bancários 2012. A pauta será entregue à Fenaban no dia 01 de agosto. Também já estão agen- dadas as primeiras reuniões de nego- ciação: 07, 08, 15 e 16 de agosto. Neste ano, os bancários querem 10,25% de reajuste nos salários (in- flação mais aumento real de 5%); piso de R$ 2.416,38 (salário mínimo do Dieese); PLR de três salários mais R$4.961; e pagamento de R$ 622 (salário mínimo) para benefícios. Emprego – No eixo Emprego, a categoria reivindica a criação de pos- tos de trabalho, o fim da rotatividade e da terceirização, regulamentação da Convenção 158 da OIT, redução da jornada para 5 horas diárias com criação de dois turnos e ampliação do atendimento bancário das 9h às 17h. Saúde e condições de trabalho – A minuta contempla: fim das metas abusivas; complementação do salá- rio de aposentados que continuam na ativa em caso de afastamento por doença ou acidente de trabalho; de- senvolvimento de políticas contra discriminação de trabalhadores em reabilitação; cumprimento da NR 17, garantindo direito a intervalo de 10 minutos após 50 minutos de jor- nada; realocação de funcionários de agências em reforma, entre outros. Segurança bancária – As reivindi- cações por mais segurança incluem a obrigatoriedade das portas giratórias com detectores de metais, câmeras de monitoramento em tempo real nas áreas internas e externas das agências Sindicato dos Bancários de Curitiba e região www.bancariosdecuritiba.org.br ano 18·2ªquinzena julho de 2012 e postos, biombos entre filas e cai- xas e vidros blindados nas fachadas. Também é proposto a instalação de escudo com assento para o vigilante nas unidades. Na luta por igualdade de oportuni- dades, pede-se isonomia para todos e ampliação da licença paternidade. Os trabalhadores também priori- zaram a criação da Conferência Na- cional do Sistema Financeiro. “Esperamos manter a unidade da categoria e que, neste ano, a adesão dos trabalhadores seja ainda maior, para conquistarmos cada vez mais”, finalizou Otávio Dias. Assembleia Assembleia Tíquete-alimentação para ex-empregados Data: quinta-feira, 02 de agosto Hora: 18h30 (primeira convocação) 19h00 (segunda convocação) Local: Espaço Cultural (Rua Piquiri, 380 • Rebouças) Aprovação da Minuta 2012 Data: terça-feira, 31 de julho Hora: 18h30 (primeira convocação) 19h00 (segunda convocação) Local: Espaço Cultural (Rua Piquiri, 380 • Rebouças) Tíquete-alimentação para ex-empregados Bancários aprovam minuta de reivindicações Caixa Assembleia O Sindicato dos Bancários de Curi- tiba e região convoca os trabalhadores da Caixa Econômica Federal para as- sembleia no dia 02 de agosto, a partir das 18h30, no Espaço Cultural. Em pauta, a discussão e deliberação sobre a adesão ao termo aditivo que estabe- lece Comissão de Conciliação Voluntá- ria (CCV) exclusiva para negociar o tí- quete-alimentação de ex-empregados. O Sindicato dos Bancários de Curi- tiba e região convoca todos os traba- lhadores de sua base para assembleia geral, no dia 31 de julho, terça-feira, a partir das 18h30. Na ocasião, os ban- cários irão avaliar e a aprovar a mi- nuta de revindicações da Campanha Nacional dos Bancários 2012, que será entregue à Fenaban. A assembleia acontece no Espaço Cultural. Leandro Taques/Contraf-CUT Minuta aprovada na 14ª Conferência Nacional dos Bancários será referendada no dia 31 de julho. Entrega à Fenaban acontece no dia 01 de agosto e negociações começam no dia 07.

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Campanha Nacional dos Bancários 2012

Bancários lutam por 10,25%TRABALHADORES DE CURITIBA EREGIÃO APROVAM EM ASSEMBLEIA, NO DIA 31 MINUTA QUE SERÁENTREGUE À FENABAN NO DIA 01

Curitiba sediou, de 20 a 22 de julho, a 14ª Conferência Nacional da categoria, em que foi definida a pauta de reivindicações da Campa-nha Nacional dos Bancários 2012. A pauta será entregue à Fenaban no dia 01 de agosto. Também já estão agen-dadas as primeiras reuniões de nego-ciação: 07, 08, 15 e 16 de agosto.

Neste ano, os bancários querem 10,25% de reajuste nos salários (in-

flação mais aumento real de 5%); piso de R$ 2.416,38 (salário mínimo do Dieese); PLR de três salários mais R$4.961; e pagamento de R$ 622 (salário mínimo) para benefícios.

Emprego – No eixo Emprego, a categoria reivindica a criação de pos-tos de trabalho, o fim da rotatividade e da terceirização, regulamentação da Convenção 158 da OIT, redução da jornada para 5 horas diárias com criação de dois turnos e ampliação do atendimento bancário das 9h às 17h.

Saúde e condições de trabalho – A minuta contempla: fim das metas abusivas; complementação do salá-

rio de aposentados que continuam na ativa em caso de afastamento por doença ou acidente de trabalho; de-senvolvimento de políticas contra discriminação de trabalhadores em reabilitação; cumprimento da NR 17, garantindo direito a intervalo de 10 minutos após 50 minutos de jor-nada; realocação de funcionários de agências em reforma, entre outros.

Segurança bancária – As reivindi-cações por mais segurança incluem a obrigatoriedade das portas giratórias com detectores de metais, câmeras de monitoramento em tempo real nas áreas internas e externas das agências

Sindicato dos Bancários de Curitiba e região www.bancariosdecuritiba.org.br ano 18·2ªquinzenajulho de 2012

e postos, biombos entre filas e cai-xas e vidros blindados nas fachadas. Também é proposto a instalação de escudo com assento para o vigilante nas unidades.

Na luta por igualdade de oportuni-dades, pede-se isonomia para todos e ampliação da licença paternidade.

Os trabalhadores também priori-zaram a criação da Conferência Na-cional do Sistema Financeiro.

“Esperamos manter a unidade da categoria e que, neste ano, a adesão dos trabalhadores seja ainda maior, para conquistarmos cada vez mais”, finalizou Otávio Dias.

AssembleiaAssembleiaTíquete-alimentaçãopara ex-empregados

Data: quinta-feira, 02 de agostoHora: 18h30 (primeira convocação) 19h00 (segunda convocação)Local: Espaço Cultural (Rua Piquiri, 380 • Rebouças)

Aprovação da Minuta 2012

Data: terça-feira, 31 de julho

Hora: 18h30 (primeira convocação) 19h00 (segunda convocação)

Local: Espaço Cultural (Rua Piquiri, 380 • Rebouças)

Tíquete-alimentaçãopara ex-empregados

Bancários aprovam minuta de reivindicações

CaixaAssembleia

O Sindicato dos Bancários de Curi-tiba e região convoca os trabalhadores da Caixa Econômica Federal para as-sembleia no dia 02 de agosto, a partir das 18h30, no Espaço Cultural. Em pauta, a discussão e deliberação sobre a adesão ao termo aditivo que estabe-lece Comissão de Conciliação Voluntá-ria (CCV) exclusiva para negociar o tí-quete-alimentação de ex-empregados.

O Sindicato dos Bancários de Curi-tiba e região convoca todos os traba-lhadores de sua base para assembleia geral, no dia 31 de julho, terça-feira, a partir das 18h30. Na ocasião, os ban-cários irão avaliar e a aprovar a mi-nuta de revindicações da Campanha Nacional dos Bancários 2012, que será entregue à Fenaban. A assembleia acontece no Espaço Cultural.

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Minuta aprovada na 14ª Conferência Nacional dos Bancários será referendada no dia 31 de

julho. Entrega à Fenaban acontece no dia 01 de agosto e negociações começam no dia 07.

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2ª quinzena | julho | 20122 | Sindicato dos Bancários de Curitiba e região

27 já morreram em assaltos a bancosEM 2012, O NÚMERO DE MORTES AUMENTOU 17,4% EM RELAÇÃO A 2011. BANCOS SÓ INVESTEM 5,2% DO LUCRO EM SEGURANÇA

Na quinta-feira, 19 de julho, a Contraf-CUT e a Confederação Nacio-nal dos Vigilantes (CNTV) divulgaram a pesquisa que apurou o número de mortes ocorridas em ataques e assal-tos a bancos no primeiro semestre de 2012. No total, foram 27 vítimas fatais, um aumento de 17,4% em relação ao mesmo período de 2011, quando morreram 23 pessoas. A pes-quisa leva em considerações casos no-ticiados pela imprensa em todo país.

São Paulo (06), Rio de Janeiro (04) e Bahia (04) concentram mais da metade dos casos. As mortes aconte-ceram principalmente nos crimes co-nhecidos como “saidinha de banco” (14), quando o cliente é abordado na saída da agência. Outras vítimas foram mortas em assalto a agências (06) e a caixa eletrônico (03), abastecimento de caixas eletrônicos (02), assalto a correspondentes bancários (01) e no transporte de valores (01).

Paraná – No Paraná, não houve mortes durante o período. Porém, o presidente do Sindicato dos Bancários de Curitiba e região, Otávio Dias, disse que não há o que comemorar. “Não

Emprego

É preciso valorizar o trabalhadorEM COLETIVA DURANTE A 14ªCONFERÊNCIA NACIONAL DOSBANCÁRIOS, MINISTRO DOTRABALHO CONDENOU AROTATIVIDADE DO SETOR

O ministro do Trabalho e Emprego, Brizola Neto, participou da 14ª Con-ferência Nacional dos Bancários na sexta-feira, 20 de julho. Ele comentou o resultado da 13ª Pesquisa de Empre-go Bancário, realizada pela Contraf--CUT e o Dieese, que apontou para a forte rotatividade no setor bancário.

Resultados – De acordo com os dados, o número de novos postos de trabalho gerados pelos bancos dimi-nuiu 83% no primeiro trimestre de 2012, em relação ao mesmo perío-do do ano passado. Entre janeiro e março, os bancos desligaram 10.001 trabalhadores e contrataram 11.145. Em 2011, o saldo positivo de empre-gos nos bancos foi de 6.851 vagas.

Apesar da expansão, os novos con-tratados chegam a ganhar 38% a me-

nos do que os que antes exerciam a mesma função. O presidente da Con-traf-CUT, Carlos Cordeiro, lembrou que os bancos fazem isso para cortar gastos. “Há oito anos, a categoria ban-cária tem conquistado aumento real, mas se conferirmos as despesas dos bancos com empregados, percebemos que não há aumento”, comentou.

Os representantes dos bancários também reforçaram os danos causados

pelas fusões entre bancos. “São preju-diciais a todos, pois vêm acompanha-das de demissões e de maior concen-tração do poder dos bancos”, afirmou o presidente da Contraf-CUT.

Palavra do ministro – Brizola Neto começou sua fala exaltando a impor-tância da organização e do poder de mobilização da categoria bancária. Em seguida, comentou os resulta-dos da pesquisa. “O saldo é positi-

vo, mas destoa dos outros setores da economia em geração de emprego”, afirmou. “A questão da rotatividade é grave e parece pesar ainda mais no sistema financeiro”, continuou.

O ministro afirmou, ainda, que um alto índice de demissões pesa muito para os cofres públicos: “Nossa conta com seguro-desemprego é altíssima. Em 2012, estamos gastando R$ 28 bilhões com o auxílio e prevemos que em 2013 essa soma possa passar para R$ 30 bilhões”.

De acordo com Brizola Neto, é pre-ciso acabar com a mentalidade de que a rotatividade é a solução para o corte de gastos. “O Brasil precisa ter uma economia competitiva, mas o cami-nho para este objetivo não deve afetar os direitos e garantias dos trabalhado-res”, alegou. “O desenvolvimento virá com a qualificação dos profissionais, pela educação e inovação. Os empre-gadores precisam compreender que o maior capital de uma empresa são seus empregados”, finalizou.

Ministro do Trabalho debateu o tema Emprego com bancários dos Brasil.

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(In)Segurança Bancária

quer dizer que houve melhoras na se-gurança. Já sabemos que no primeiro semestre de 2012, o número de as-saltos e explosões mais que dobrou, chegando a 116. 70% dos casos ocor-reram em Curitiba. Já passou da hora dos bancos e também do setor público investir em segurança”, comentou.

O presidente da Contraf-CUT, Car-los Cordeiro, reforçou a culpa dos bancos. “Isso mostra a irresponsabi-lidade com que os bancos tratam a vida das pessoas. Os cinco maiores bancos brasileiros lucraram juntos R$50,7 bilhões em 2011. Porém, a parcela investida em segurança é mí-nima. Eles investiram apenas R$2,6

bilhões, o que significa 5,2% do lu-cro que tiveram”, apontou.

As vítimas – Das 27 mortes, 15 foram de clientes, o que representa 55,5% dos casos. Também foram víti-mas 05 vigilantes, 03 transeuntes, 03 policiais e 01 bancário. Em relação à “saidinha”, o presidente da CNTV, José Boaventura, lembrou um velho argu-mento dos bancos. “Os banqueiros afirmam que o crime acontece fora da agência, então, não é responsabilidade deles e sim uma questão de segurança pública. Mas nós sabemos que o crime começa dentro das agências, que não oferecem condições de segurança para os usuários”, disse.

Bancários e vigilantes já apresentaram uma série de propostas para melhoria da segurança bancária.

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2ª quinzena | julho | 2012 Sindicato dos Bancários de Curitiba e região | 3

Debates preparam bancários para campanha salarialREPRESENTANTES DOS TRABALHA-DORES RECEBERAM SUBSÍDIOS SOBRE SAÚDE E CONDIÇÕES DE TRABALHO, SEGURANÇA BANCÁ-RIA, REMUNERAÇÃO E EMPREGO

No primeiro dia da 14ª Conferên-cia Nacional dos Bancários, realizada em Curitiba, de 20 a 22 de julho, os delegados acompanharam exposi-ções com diferentes pontos de vista sobre os eixos prioritários da campa-nha salarial: Remuneração; Emprego; e Saúde, Condições de Trabalho e Se-gurança Bancária.

Emprego – Os dados da 13ª Pes-quisa de Emprego Bancário compro-vam que os bancos podem e devem contratar mais. O estudo foi realiza-do pela Contraf-CUT e Dieese, com base nos dados do Caged, e mostra que nos últimos anos, houve expan-são nas contratações. No início dos anos 1990, eram cerca de 730 mil bancários no país; ao final da década, o número caiu para 392 mil; mas, a partir do ano 2000, os empregos voltaram a crescer, totalizando 508 mil em 2012, um crescimento de 29% (mais dados na página 2).

O técnico do Dieese Nelson Ka-ram ressaltou que, no entanto, esse aumento está muito aquém da capa-cidade do setor. “A expansão do lu-cro é muito maior do que o aumento das contratações.” Karam reforçou ainda a preocupação crescente com a qualidade do emprego. “Boa par-

te das campanhas salariais acabam se pautando pela reposição salarial. Mas já vemos uma maior discussão sobre outras questões, como saúde e con-dições de trabalho”, afirmou.

Melhorias no mercado de traba-lho – O economista e professor da Unicamp Anselmo Luis dos Santos falou sobre as mudanças no merca-do de trabalho durante os oito anos do Governo Lula, destacando a queda no desemprego, a redução do empre-go informal e a melhora na estrutura ocupacional. “A taxa de desemprego no Brasil, de aproximadamente 6%, é uma das menores da história; e só não é menor porque entre jovens o índice é muito alto”, argumenta. O professor salientou ainda que, mesmo com a va-lorização do salário nos últimos anos, o Brasil continua tendo um dos piores salários mínimos da América Latina.

Fim da rotatividade – “Assumo o compromisso de combater a rotativi-dade e peço aos movimentos sociais mobilização”, foi assim que o minis-tro do Trabalho Brizola Neto marcou sua participação na Conferência Na-cional. Ele se comprometeu a atuar em prol da valorização do trabalho e de investimentos tecnológicos e a de-sempenhar seu papel de promotor do diálogo entre empregadores e traba-lhadores, sempre ao lado do elo mais fraco: o do trabalhador. O ministro garantiu que tudo o que o Ministério do Trabalho realizar será sem a retira-da de direitos e com garantias aos tra-

balhadores (saiba mais na página 2).Remuneração – A diferença entre

a evolução do lucro dos bancos e da remuneração dos bancários nos úl-timos oito anos é gritante: o salário médio dos trabalhadores teve um au-mento de 3,6% entre 2004 e 2011; já o lucro dos bancos cresceu estron-dosos 230,43% no mesmo período, de acordo com cálculos do Dieese. Na opinião de Catia Uehara, econo-mista da Subseção de São Paulo, a remuneração certamente será o “fio condutor” das campanhas salariais de diversas categorias no segundo semestre, especialmente dos bancá-rios. Ela também aponta a rotativida-de como o grande vilão. “Esse tem sido o mecanismo usado pelos ban-queiros para atenuar o impacto das negociações coletivas”, ressaltou.

Saúde e condições de trabalho – O professor Roberto Heloani, da Uni-versidade Estadual de Campinas, res-saltou que a atual forma de organiza-ção do trabalho é a responsável direta pelo assédio moral. “Pensar que o as-sédio é causado somente pela postura do gestor ficou para trás. Ele acontece quando eu vejo o outro como ins-trumento, passível de se jogar fora”, sentenciou. Heloani explicou que as consequências do assédio são eviden-tes, resultados não de conflitos natu-rais no ambiente de trabalho, mas do isolamento do trabalhador.

O professor apontou também outro quesito que interfere no fun-

cionamento das relações de traba-lho: os bancários sofrem pelos seus princípios. “No sistema de metas, o que interessa é o resultado, não o processo”. Para ele, o bancário pode ter metas a cumprir, desde que não sejam absurdas ou impossíveis. “Só vamos vencer essa batalha revendo a forma de trabalhar, não fazer com os outros o que não queremos que fa-çam com a gente”, finalizou.

Segurança bancária – Duas ques-tões foram destaque no painel sobre Segurança Bancária: primeiro, o des-caso dos bancos, que empurram a res-ponsabilidade da segurança para o po-der público; e, segundo, a necessidade de responsabilização das instituições financeiras. Essas constatações foram expostas pelo presidente da CNTV, José Boaventura, e pelo coordenador do Coletivo Nacional de Segurança Bancária, Ademir Wiederkehr.

Boaventura aproveitou a oportuni-dade para expor a situação precária do trabalho dos vigilantes, como a falta de local apropriado para as refeições e de preparo específico para atuar nas agências bancárias. Para ele, enquanto os bancos não forem responsabiliza-dos, vão continuar deixando a segu-rança de funcionários e clientes em segundo plano. “Eles investem sim, mas investem na segurança do di-nheiro”, diz o dirigente. Em 2011, os cinco maiores bancos que atuam no país lucraram R$ 50,7 bi, mas investi-ram somente R$ 2,6 bi em segurança.

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2ª quinzena | julho | 20124 | Sindicato dos Bancários de Curitiba e região

A Folha Bancária é o informativo quinzenal produzido pelo Sindicato dos Bancários de Curitiba e região • Av. Vicente Machado, 18 - 8º andar • Fone: (41) 3015-0523 • Fax: (41) 3322-9867 • Presidente: Otávio Dias • Sec. Interino de Imprensa: Ales-sandro Garcia • Conselho Editorial: Alessandro Garcia, Ana Smolka, Carlos Alberto Kanak, Genésio Cardoso, Eustáquio Moreira e Otávio Dias • Jornalista responsável: Renata Ortega (8272/PR) • Redação: Paula Padilha, Flávia Silveira e Renata Ortega • Diagramação e Arte final: Fabio Souza • Impressão: Multgraphic • Tiragem: 15.000 exemplares • [email protected] • www.bancariosdecuritiba.org.br

Durante a Conferência Nacional, o presidente do Sindi-cato entregou a denúncia contra o HSBC ao ministro do Trabalho. Brizola Neto se a comprometeu a encaminhar os fatos à presidente Dilma Rousseff e a agir com rigor.

Denúncia

HSBC viola Direitos HumanosENTRE 1999 E 2002, BANCOCONTRATOU EMPRESA DEESPIONAGEM PARA VIGIARBANCÁRIOS AFASTADO PORDOENÇA DO TRABALHO

O Sindicato dos Bancários de Curi-tiba e região denunciou na última quarta-feira, 18 de julho, uma situa-ção de completa violação dos Direitos Humanos de trabalhadores praticada pelo HSBC. Em 2011, o Sindicato re-cebeu, anonimamente, um arquivo contendo dossiês e demais docu-mentos de uma suposta investigação contratada pelo banco. Os materiais, produzidos pela SPI Agência de In-formações Confidenciais, continham informações de 164 bancários afasta-dos por doença ocupacional, em sua maioria trabalhadores de Curitiba, mas também do Paraná, São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Santa

Catarina e Rio Grande do Sul.Nos dossiês, produzidos entre 1999

e 2002, havia fotos dos investigados e familiares, relatório completo da rotina diária, documentação de ante-cedentes criminais e pendências judi-ciais, certidões comerciais e de bens e a quebra de sigilo bancário, além de 18 horas de gravação de imagens. “O banco extrapolou os limites ao invadir a privacidade dos seus empregados. Nos documentos chegam a constar fo-tos do lixo dos bancários, especulando que tipo de comida, bebida ou me-dicamento eles faziam uso”, detalha Otávio Dias, presidente do Sindicato.

“O HSBC extrapolou todos os limi-tes do bom senso e os trabalhadores foram duplamente penalizados, em primeiro lugar por terem adoecido no trabalho e, depois, por terem sido vigiados”, resume Elias Jordão, presi-dente da FETEC-CUT-PR. Junto com o

material recebido, estavam ainda con-tratos e notas fiscais que comprovam a contratação da empresa SPI Agência de Informações Confidenciais pelo HSBC. O banco solicitou a investiga-ção para verificar se os bancários afas-tados legalmente possuíam outro vín-culo empregatício ou fonte de renda e também para se municiar de provas para descaracterizar o adoecimento decorrente do trabalho.

Encaminhamentos – Em julho de 2011, com o intuito de reparar o dano coletivo e não incorrer na prescrição, o Sindicato formalizou a denúncia contra o HSBC junto ao Ministério Público do Trabalho e en-caminhou o material recebido para investigação e apuração dos fatos. “Temos certeza que o Ministério Pú-blico agirá em defesa dos trabalhado-res, propondo uma ação civil pública que repare os danos coletivos causa-

dos pelo banco”, explica o presiden-te do Sindicato.

A entidade também dará encami-nhamento a ações de dano moral individual e levará a denúncia à Or-ganização Internacional do Trabalho (OIT) e demais instâncias de defesa dos Direitos Humanos. O caso já foi informado ao ministro do Trabalho, Brizola Neto, que se comprometeu a encaminhar os fatos à presidente Dilma Rousseff. “Também vamos fa-zer uma reunião com parlamentares em Brasília e solicitar a realização de audiências públicas sobre toda essa situação”, completa Carlos Cordeiro, presidente da Contraf-CUT.

Por meio de sua assessoria, o HSBC informou à imprensa de Curitiba que as acusações relativas ao período de 1999 a 2002 ainda estão em trâ-mite judicial e que, por isso, o banco não se manifestará.

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