CAMPUS SENADOR HELVIDIO NUNES DE BARROS CURSO...
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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAU
CAMPUS SENADOR HELVIDIO NUNES DE BARROS
CURSO DE LICENCIATURA PLENA EM PEDAGOGIA
DANIELLA CORDEIRO DOS SANTOS DE SANTANA.
EDUCAO DE JOVENS E ADULTOS: UMA ANALISE SOBRE O PERFIL DE
DISCENTES
PICOS (PI)
2013
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DANIELLA CORDEIRO DOS SANTOS DE SANTANA.
EDUCAO DE JOVENS E ADULTOS: UMA ANLISE SOBRE O PERFIL DE
DISCENTES
Monografia apresentada ao curso de
Licenciatura plena em Pedagogia do
Campus Senador Helvdio Nunes de
Barros da Universidade Federal do
Piau (UFPI), como requisito parcial
para concluso do curso.
Orientadora: Prof. Dr. Rebeca de
Alcntara e Silva Meijer.
PICOS (PI)
2013
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DANIELLA CORDEIRO DOS SANTOS DE SANTANA.
EDUCAO DE JOVENS E ADULTOS: UMA ANALISE SOBRE O PERFIL DE
DISCENTES
Monografia apresentada ao curso de Licenciatura Plena em Pedagogia, da Universidade
Federal do Piau - UFPI, como requisito parcial obteno do ttulo de Licenciado em
Pedagogia.
Aprovada em: ____ de ________________ de 2013.
COMISSO EXAMINADORA
_____________________________________________
Prof. Dr. Rebeca de Alcntara e Silva Meijer. Orientadora
UFPI
_____________________________________________
Prof. M.a Isabel Cristina de Aguiar Orquiz.
UFPI
_____________________________________________
Prof M.a Maria Oneide Fialho Rocha.
UFPI
4
Deus auto da minha vida, pela divindade suprema
e mestre eterno, pela concretizao do curso, a
minha famlia, A todos os meus amigos, orientadora
da monografia (Dr.Rebeca Alcntara Meijer) e aos
professores pelo estimulo.
5
AGRADECIMENTOS
A Deus pelo dom da vida, concretizao do curso.
A minha famlia pelo incentivo ao longo de minha formao, em especial a minha
me Luzia, pai Adelito, aos meus irmos Danilo, Ademilto e Adeilton aos meus
sobrinhos, avs e tios. E aos demais familiares que acreditaram em mim pela
pacincia e compreenso por ter me ausentado para dedicar-me aos meus estudos.
Aos professores do curso pela disponibilidade e cooperao nas atividades
acadmicas realizadas ao longo do curso, em especial, a professora orientadora
Rebeca Alcntara Meijer, pela assistncia e pacincia ao longo deste trabalho as
professoras da banca examinadora: Maria Oneide Fialho Rocha e Isabel Cristina de
Aguiar Orquiz, por terem aceito o convite para estar presentes na apresentao.
A todos os colegas de curso pela amizade e apoio de sempre.
Enfim, a todos que de forma direta ou indireta, contriburam na realizao desse
trabalho.
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RESUMO
O presente trabalho de concluso de curso faz um estudo sobre o perfil dos
discentes da educao de jovens e adultos de algumas escolas da cidade de Picos-
PI. E tem como problema central conhecer quem so esses Jovens e Adultos que
participam desta modalidade de ensino. O intento foi analisar a realidade em que
alguns alunos esto inseridos procurando perceber a influncia desses elementos
nos desafios enfrentados na realidade desta modalidade de ensino. Dispomos do
contexto histrico da EJA, as tendncias de formao do educador de jovens e
adultos no Brasil, a histria da alfabetizao de adultos e o perfil dos discentes no
mbito de sua formao. Trata-se de uma pesquisa qualitativa que contou com a
aplicao de questionrios para alunos de vrias escolas. Valendo-se de autores
como :MOURA, SOUSA, CUNHA, SOARES, FREIRE, LDB, BRITO, SHIRONA,
FUNCK E BRANDO. Traou-se o perfil dos alunos da EJA podendo com isso
perceber que a realidade imediata urgente e acaba por afastar a possibilidade da
formao no tempo certo. O trabalho, o cansao, a falta de motivao provocada
pelo contexto social que no facilita o acesso e a permanncia na escola gera a
desistncia de muitos alunos. Porm alguns fios de esperana tecem novamente a
realidade e os sujeitos retornam aos bancos escolares na tentativa, por exemplo, de
melhoria das condies de sobrevivncia. Este trabalho uma contribuio para
uma reflexo mais aproximada sobre a realidade de alunos que frequentam os
bancos escolares da educao de jovens e adultos.
Palavras-chave: EJA, perfil dos discentes, escola pblica.
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ABSTRACT
This course conclusion work is a study on the profile of students in the education of
youth and adults of some schools in the city of Picos-PI. The intent was to analyze
the reality that some students are looking inserted realize the influence of these
elements on the challenges faced in reality this type of teaching. We have the
historical context of the EJA, trends in teacher education for youth and adults in
Brazil, the history of adult literacy and profile of students as part of their training. This
is a qualitative research that included the use of questionnaires to students of various
schools. Trace the profile of students with pudendal EJA realize that it is urgent and
immediate reality turns out to exclude the possibility of training at the right time. The
work, fatigue, lack of motivation caused by the social context that facilitates access
and not staying in school generates the withdrawal of many students. But few strands
of hope again weave reality and subjects return to school in the attempt, for example,
improvement of survival. This work is a contribution to a closer reflection of the reality
of students attending the school benches education of youth and adults.
Keywords: EJA, profile of students, public school.
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SUMRIO
1 INTRODUO.................................................................................................
1.1 Problematizao..............................................................................................
1.2 Os objetivos....................................................................................................
1.3 Sobre a estrutura do trabalho........................................................................
2 EJA: BREVE ANALISE DA TRAJETRIA HISTRICA E TENDNCIA DE
FORMAO DO EDUCADOR DE JOVENS E ADUSTOS NO BRASIL............
2.1 O educador de jovens e adultos: tendncias de formao............................
2.2 Formao do professor da EJA segundo a LDB............................................
2.3 Um olhar sobre o perfil dos jovens e adultos.................................................
2.4 Antecedentes histricos da EJA no Piau e um olhar sobre a histria da
alfabetizao de adultos.......................................................................................
2.5 Educao Popular......................................................................................
2.6 Educao de jovens e adultos na LDB.....................................................
3 METODOLOGIA ..............................................................................................
3.1 Classificao e natureza da pesquisa...........................................................
3.2 rea de atuao e estratgias da pesquisa....................................................
3.3 Definio das variveis analisadas ................................................................
3.4.Resultados que se espera sobre esse trabalho .............................................
3.5 Limitao da pesquisa....................................................................................
4 TRAANDO O PERFIL DOS DISCENTES DA EJA.......................................
4.1 A questo gnero e profisso.........................................................................
4.2 Faixa etria dos alunos entrevistados............................................................
4.3 Estado civil......................................................................................................
4.4 Rendimento mensal da famlia.......................................................................
4.5Escolaridade de seus pais...............................................................................
4.6 Interrupo dos Estudos.................................................................................
4.7Motivos dos discentes se matricularem na EJA.............................................
4.8 Concluso das etapas da EJA........................................................................
4.9 Leitura como mtodo de ensino do professor.................................................
4.10 Facilidades encontradas aps ter voltado a estudar....................................
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5 CONSIDERAES FINAIS.............................................................................
REFERNCIAS BIBLIOGRAFICAS...................................................................
ANEXO ...............................................................................................................
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1 INTRODUO
A Educao de Jovens e Adultos (EJA) a modalidade de ensino nas etapas
dos ensinos fundamental e mdio da rede escolar pblica brasileira que recebe os
jovens e adultos que por qualquer motivo no completaram os anos da Educao
Bsica em idade apropriada. Dentre os motivos principais apontados para essa
ocorrncia frequente a meno da necessidade de trabalho e participao na
renda familiar desde a infncia.
O interesse pela temtica da Educao de Jovens e Adultos, por meio de uma
anlise sobre o perfil dos alunos nas escolas pblicas da cidade de Picos, surgiu a
partir de um trabalho acadmico.
Atravs da professora SUZE, ministrante da disciplina didtica da
alfabetizao de Jovens e Adultos foi solicitado que eu e um colega
desenvolvssemos um trabalho de campo em uma determinada escola da rede
estadual na cidade de Picos. Foi escolhida como fonte desse trabalho e das
pesquisas que se desprenderiam da a escola Jos de Deus Barros, instalada num
bairro prximo ao Campus da UFPI de Picos.
Aps nossos primeiros contatos na referida escola, apresentamo-nos como
alunos do Campus Senador Helvdio Nunes de Barros (UFPI) e desde esse
momento comeamos a observar o comportamento daqueles jovens e adultos.
Desde o comeo, era notvel a percepo da situao de vida deles, as causas que
levaram os mesmos a estarem ali com aquela idade, as razes que os
impossibilitaram de no ter ido a escola quando ainda criana, e em que classe
social eles esto inseridos.
Foi ento na disciplina prtica e pesquisa I lecionada pela professora Ana
Carmita que comecei a desenvolver um pr-projeto sobre EJA. Com intuito de
conhecer a realidade do ensino EJA e tentar resolver e encontrar resposta as
minhas indagaes.
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1.1 Problematizao
O foco desta pesquisa e tentar conhecer quem so estes Jovens e adultos
que participam desta modalidade de ensino, a partir das seguintes indagaes :
qual o perfil do aluno EJA? quem so estes personagem que participam desta
modalidade de ensino? que facilidades ou dificuldades os mesmo enfrentam na
trajetria de formao? Por quais motivos desistiram da formao escolar no tempo
certo? Qual a influncia da classe social dos discentes para o desenvolvimento de
seus estudos? Qual o impacto do perfil dos discentes na trajetria escolar?
Tais questionamentos s seriam respondidos solidamente atravs das
veredas da pesquisa cientfica, e a isso que se dispe o presente trabalho.
As questes problematizadoras acima expostas foram elaboradas aps a
realizao de estudos tericos, questionamentos e observaes acerca do perfil do
aluno da EJA, a fim de apurar na vivncia dos prprios alunos suas dificuldades
mais emergentes.
1.2 Os objetivos
Ento, j se pode identificar que o objetivo deste estudo analisar o perfil do
aluno da EJA na cidade de Picos-PI. Para tanto investiu-se em realizar reviso
bibliogrfica para a anlise do tema em questo, bem como a elaborao de
questionrios a serem direcionados aos alunos sobre o tema abordado, definir o
perfil dos alunos matriculados ou que j foram matriculados na modalidade EJA e
analisar a influncia que o perfil do perfil do discente da EJA tem em seu
desempenho escolar.
importante resaltar a utilizao de renomados autores como suporte terico
como:MOURA, SOARES, CUNHA, LIBNIO, SOUSA, FUNCK dentre outros.
Reside nisso a relevncia do tema, por abordar questes atuais na esfera da
educao pblica brasileira, por vezes reconhecidamente problemtico.
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1.3 Sobre a estrutura do trabalho
Portanto, o trabalho est dividido nos seguintes captulos:
O capitulo dois o suporte terico deste trabalho e aborda uma breve analise
da trajetria histrica da EJA , as tendncias de formao do educador de jovens e
adultos, educao de adultos na LDB, alguns antecedentes histricos da EJA no
Piau, bem como aspectos da histrias da alfabetizao de adultos, educao
popular, a EJA na LDB e sobre o perfil dos discentes em EJA.
O captulo trs parte metodolgica e trs os seguintes subttulos:
classificao e natureza da pesquisa, rea de atuao e estratgia da
pesquisa,definio das variveis analisadas, resultados da pesquisa e limitaes da
pesquisa.
O captulo quatro traa o perfil dos discentes com os seguintes subttulos : A
questo gnero e profisso,Faixa Etria dos alunos entrevistados,Estado Civil,
Rendimento Mensal da Famlia,Escolaridade de Seu Pais ,Interrupo dos Estudos,
Motivo dos discentes se matricularem na EJA, Leitura como mtodo de Ensino do
professor, facilidades encontrada aps ter voltado a estudar, concluso das etapas
da EJA e facilidades encontradas aps ter voltado a estudar. Em seguida finalizo
escrevendo minhas consideraes finais.
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2 EJA: BREVE ANLISE DA TRAJETRIA HISTRICA E TENDNCIAS DE
FORMAO DO EDUCADOR DE JOVENS E ADULTOS NO BRASIL
Fazendo-se um mergulho histrico e bibliogrfico, verifica-se que a trajetria
da Educao de Jovens e Adultos (EJA) no Brasil inicia-se bem antes do Imprio. O
ensino do EJA comea a se desenvolver no perodo Colonial, momento em que os
missionrios religiosos exerciam uma ao educativa com adultos, misses essas
destinadas aos brancos e indgenas, sendo os estudos baseados em pilares
clssicos e teolgicos, nas primeiras noes da religio Catlica.
A histria da educao brasileira passou por diversos perodos. Durante essa
trajetria vrias mudanas e reformas na educao foram dando escola um perfil de
acordo com a poca, contextualizando-se com a realidade. Se analisarmos esta
histria a fundo, podemos notar que a influncia da igreja catlica foi positiva. E ainda
assim, a Igreja desenvolvia outros projetos educacionais.
Para a Igreja, a educao moral do povo brasileiro deveria ser de sua exclusiva competncia. Tratava-se, para os catlicos, de um esforo poltico, patriota uma vez que colaborado para a pureza dos costumes, estaria formando homens teis e consistentes com os conhecimentos necessrios aos bons cidados (SHIRONA, 1998 (68).
A educao do Perodo Colonial estava, durante dois sculos, sendo
desenvolvida em poder dos jesutas que estenderam seus domnios por toda a
colnia, fundando colgios nos quais era desenvolvida uma educao clssica,
humanstica e acadmica. Neste perodo a educao era considerada tarefa da
Igreja e no do Estado.
Para acrescer tal embasamento, relevante a citao de Moura (2004)
A educao de adultos teve incio com a chegada dos jesutas em 1549. Essa educao esteve, durante sculos, em poder dos jesutas que fundaram colgios nos quais era desenvolvida uma educao cujo objetivo inicial era formar uma elite religiosa (p.26).
No Brasil Colonial, as primeiras iniciativas de ensino realizadas estavam
voltadas mais para adolescentes e adultos do que para crianas, devido a
predominncia na poca do proselitismo religioso, ou seja, no perodo colonial a
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ideia dos missionrios era catequizar e educar de acordo com as normas dos
colonizadores portugueses, que necessitavam de mo de obra para a lavoura e
atividades extrativistas. Os primeiros professores iniciaram o trabalho educativo com
os ndios e terminaram com os filhos dos proprietrios de terras, preparando-os para
assumir a ordem religiosa ou continuar os estudos nas universidades.
Sobre isso Moura (2003) cita que:
Foi ela, a educao dada pelos jesutas, transformada em educao de classe, com as caractersticas das que to bem distinguiam a aristocracia rural brasileira que atravessou todo o perodo colonial e imperial e atingiu o perodo republicano, sem ter sofrido, em suas bases, qualquer modificao estrutural, mesmo quando a demora social de educao comeou a aumentar, atingindo as camadas mais baixas da populao e obrigando a sociedade a ampliar sua oferta escolar (p.26)
Quando os jesutas de Portugal e das colnias foram expulsos, em 1759 pelo
Marqus de Pombal, toda estrutura educacional passou por transformaes, por
exemplo: a uniformidade da ao pedaggica, a perfeita transio de um nvel
escolar para outro e a graduao foram sendo substitudas pela diversidade das
disciplinas isoladas, sendo que neste momento o estado quem vai pela primeira
vez assumir os encargos da educao. A escola pblica no Brasil iniciou-se com
Pombal, os adultos que pertenciam s classes menos abastadas que tinham
interesse em estudar no encontravam espao na reforma de pombal. Isso porque a
educao elementar era privilgio de poucos e essa reforma objetivava atender com
prioridade o ensino superior.
Refletindo a EJA no perodo colonial, Moura no seu livro Educao de
Jovens e Adultos: um olhar sobre sua trajetria histrica.(2003), esclarece que:
Com a expulso dos jesutas de Portugal e das colnias em 1759, pelo Marqus de Pombal toda a estrutura organizacional da educao passou por transformaes. A uniformidade da ao pedaggica, a perfeita transio de um nvel escolar para outro e a graduao foram substitudas pela diversidade das disciplinas isoladas. Assim podemos dizer que a escola pblica no Brasil teve incio com pombal os adultos das classes menos abastadas que tinha inteno de estudar no encontravam espao na reforma Pombalina, mesmo porque a educao elementar era privilgio de poucos e essa reforma objetivou atender prioritariamente ao ensino superior. (p.27)
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J com a chegada da famlia Real no Brasil, ainda no Imprio, a educao
volta-se para a criao de cursos superiores, a fim de atender aos interesses da elite
monrquica, dando um pontap construo de fatores determinantes que
impulsionou a Independncia poltica do pas. Neste perodo, pouco foi feito
oficialmente pelos jovens e adultos.
Denotando tal problemtica sobre a EJA no perodo Imperial, vem novamente
Moura (2003) afirmando que:
A preocupao com a educao volta-se para a criao de cursos superiores a fim de atender aos interesses da monarquia, por outro lado no havia interesse, por parte da elite na expanso da escolarizao bsica para o conjunto da populao tendo em vista que a economia tinha como referencial o modelo de produo agrrio (p.27)
Ainda com a presena da famlia Real chega ao Brasil, observando-se a
transio na qual a colnia deixa sua condio de colonial e passa a condio de
sede provisria da Monarquia. E como uma nao precisava de leis para
regulamentar sua autonomia poltica. Depois de inmeras divergncias entre o
Imperador e o Parlamento em 1827 outorgada a Constituio Imperial que
assegurava em seu texto a liberdade e a segurana individual sendo que isso no
era possvel em um pas de escravos.
Essas ideias encontram respaldo nos seguintes artigos transcritos outrossim por Moura (2003)
Art.179-A inviolabilidade dos direitos civis e polticos dos cidados brasileiros que tem por base a liberdade segurana individual e a propriedade garantida pela constituio do imprio entre outras maneiras pela instituio primria e gratuita a todos os cidados. Art.250-haver no imprio escolas primria em cada termo, ginsio em cada comarca e universidade nos mais apropriados locais. (p.28)
O que se estabeleceu na lei no se mostrou na prtica, isso porque no havia
escolas para todos que a procurassem. No ser livre como homem se constitua
como barreira que impedia qualquer possibilidade de se pensar em educao.
Podemos ver isso ainda nas palavras de Moura que diz
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O que foi proposto na lei no se concretizou na prtica mesmo porque no havia escolas para todos que a procurassem, o imprio concentrava os privilgios na nobreza e o trfico de negros utilizados como mo de obra escrava, era uma razo suficiente para o texto constitucional. (p.29)
Atravessando outro perodo na histria do Brasil, adentrando no Perodo
Republicano, observa-se que o quadro educacional no sofreu mudanas
significativas, o modelo de educao continuou privilegiando a elite dominante,
continuando grande o nmero do percentual da populao adulta analfabeta.
Segundo Moura (2003)
Com a proclamao da Repblica, mesmo o pas passando por transformaes estruturais no poder poltico, o quadro educacional no sofreu mudanas significativas. O modelo educacional continua privilegiando as classes dominantes (p.31).
2.1 O educador de jovens e adultos: tendncias de formao
De acordo com as mudanas ocorridas no cenrio escolar, percebe-se que
ao longo dos anos as transformaes que aconteceram no processo de formao do
educador tem sido poucas diante da necessidade de profissionais devidamente
qualificados para lidar com esse pblico diferenciado. Verifica-se que hoje so
inmeras as exigncias no que diz respeito formao e atuao deste profissional.
Mesmo sendo uma modalidade de ensino existente h muito tempo no Brasil,
a preocupao com a formao do professor de jovens e adultos s se manifesta
oficialmente com o advento da Lei 5.692/71, no artigo 32, que diz: O pessoal
docente do ensino supletivo ter preparo adequado s caractersticas especiais
desse tipo de ensino, de acordo com as normas estabelecidas pelos conselhos de
educao.
Segundo Moura (2011),
As exigncias da formao do professor para o exerccio do magistrio na educao Bsica esto definidos nos artigos 13, 61 e 62 e da nova LDB e nos pareceres e resolues do CNE/CEB que fazendo valer o que determina o artigo 90 da Lei, estabelecem normas orientadas nessa rea.
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Isso bem notrio nos devidos artigos da LDB :13,61e 62 respectivamente
que dizem:
Esto definidas as obrigaes dos professores reconhecendo a importncia de sua contribuio em um esforo coletivo, na elaborao de propostas, com foco na aprendizagem do aluno e nas necessidades educacionais da populao, consideram-se profissionais da educao bsica os que,nela estando em efetivo exerccio e tendo sido formados em cursos reconhecidos,so:I-professor habilitados em nvel mdio ou superior para a docncia na educao infantil e nos ensinos fundamental e mdio;II- trabalhadores em educao portadores de diploma de pedagogia,com habilitao em administrao,planejamento,superviso,inspeo e orientao educacional,bem como ttulos de mestrado ou doutorado nas mesma reas; III- Trabalhadores em educao,portadores de diploma de curso tcnico ou superior em rea pedaggica ou a fim. A formao de docentes para atuar na educao bsica far-se- em nvel superior,em curso de licenciatura,de graduao plena,em iniversidade e institutos superiores de educao,admitida,como formao mnima para o exerccio do magistrio na educao infantil e nas quatro primeiras sries do ensino fundamental,a o ferecida em nvel mdio, na modalidade normal.(p.15 a 34)
Conforme, a atual conjuntura social, o professor que trabalha no contexto da EJA,
precisa, sobretudo, conhecer a realidade destes educando desde o seu processo de
formao inicial. Isso significa que o professor que atua na modalidade de ensino EJA
necessita de um preparo adequado, ou seja, este profissional deve adotar uma
metodologia de ensino compatvel e prpria para a realidade de seu alunado e no se
basear to somente nas suas aulas e nos livros didticos.
notrio que a maioria dos livros didticos no esto adequados realidade
dos alunos. Os mesmos deveriam contemplar a realidade local e no o cenrio de
outras comunidades e grupos sociais. H dcadas que se buscam mtodos e prticas
adequadas ao aprendizado de jovens e adultos, e tal fato se torna evidente quando
observa-se Paulo Freire:
Por isso a alfabetizao no pode se fazer de cima para baixo, nem
de fora para dentro, como uma doao ou uma exposio, mas de
dentro para fora pelo prprio analfabeto, somente ajustado pelo
educador. Esta a razo pela qual procuramos um mtodo que
fosse capaz de fazer instrumento tambm do educando e no s do
educador e que identificasse, como claramente observou um jovem
socilogo brasileiro (Celso Beisiegel), o contedo da aprendizagem
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Com isso, notamos que desde os anos 70, ou at mesmo antes, o uso da
cartilha e metodologias inadequadas na educao de jovens e adultos preocupava
os educadores da poca e, infelizmente, essa problemtica permeia at os tempos
atuais
O processo ensino aprendizagem precisa prever instrumentos de avaliao
que valorizem todo o conhecimento que o aluno possui, ou seja, os conhecimentos,
saberes e competncias advindas das mais variadas experincias de vida.
A avaliao uma tarefa didtica necessria e permanente do trabalho do
docente, que deve acompanhar passo a passo o processo de ensino e
aprendizagem atravs dela, bem como tambm os resultados que vo sendo obtidos
no decorrer do trabalho que contnuo, entre o professor e os alunos, sempre em
comparao com os objetivos propostos, a fim de constatar progressos, dificuldades
e reorientar o trabalho necessrio.
Isso ratificado com as palavras de LIBNEO(1998) que diz:
com o processo de aprendizagem. Por essa razo, no acreditamos
nas cartilhas que pretendem fazer uma montagem de sinalizao
grfica como uma doao e que reduzem o analfabeto mais
condio de objeto de alfabetizao do que de sujeito da mesma.
(FREIRE, 1979, p. 72)
Que a educao seja o processo atravs do qual o indivduo toma a
histria em suas prprias mos, a fim de mudar o rumo da mesma.
Como? Acreditando no educando, na sua capacidade de aprender,
descobrir, criar solues, desafiar, enfrentar, propor, escolher e
assumir as conseqncias de sua escolha. Mas isso no ser
possvel se continuarmos bitolando os alfabetizandos com desenhos
pr-formulados para colorir, com textos criados por outros para
copia-rem, com caminhos pontilhados para seguir, com histrias que
alienam, com mtodos que no levam em conta a lgica de quem
aprende. (FUCK,1994,p.14 e 15)
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A avaliao uma reflexo sobre o nvel de qualidade do trabalho escolar tanto do professor como dos alunos,avaliar uma tarefa complexa que no se resume a realizao de provas e atribuio de notas um processo continuo que deve ocorrer nos mais diferentes momentos do trabalho(p.203).
As verificaes da aprendizagem e as qualificaes de resultados visam
sempre diagnosticar e superar dificuldades, alm de corrigir falhas e estimular os
alunos a continuar se dedicando aos estudos. Sendo uma das funes da avaliao
determinar o quanto e em que nvel de qualidade esto sendo atingidos os
objetivos, considerando os instrumentos e procedimentos de verificao utilizados no
ensino aprendizagem.
Segundo LIBNEO (1994) as avaliaes podem se dar de diversas
formas:provas escritas dissertativas,de questes objetivas ou prticas. (p.205)
Considerando, no entanto, o contexto particular da Educao de Jovens e
Adultos, assoma o questionamento: como seriam os tipos e meios de avaliar? Na
EJA, muitas vezes, a avaliao tem seu comeo na formao das turmas.
Isso se d por conta da variedade de nveis de escolaridade que chegam as
escolas todos os anos. Diante dessa diversidade de nveis de escolaridade nem
sempre fcil definir qual a srie ou etapa mais adequada para cada um deles.
O Ministrio da Educao, atravs de um caderno EJA criado pela secretria de
educao, continuao, alfabetizao e diversidade (SECAD. 2006) que trata sobre
diferentes sadas que envolvem algum tipo de avaliao que so utilizadas na (EJA), a
saber:
A realizao de testes para conhecer o nvel de
escolaridade.
Entrevista com os interessados com o objetivo de avaliar
os conhecimentos considerados bsicos, como, ler, escrever e
contar.
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E outras formas mais sem contar quando a nica
possibilidade formar uma nica classe com todos os
candidatos.
A avaliao continuada atravs de provas escritas.
Atravs do exposto acima, observa-se que na EJA a avaliao leva sempre
em considerao a aprendizagem j adquirida pelos alunos que j trazem de suas
vivncias, logo a trajetria do discente no rejeitada.
2.2 Formao do professor da EJA segundo a LDB
A Lei de Diretrizes e Base da educao brasileira bem clara, ao
afirmar em seus artigos abaixo sobre o processo de formao do professor,
referindo-se com essas palavras:
Art. 61. Consideram-se profissionais da educao escolar bsica os que, nela estando em efetivo exerccio e tendo sido formados em cursos reconhecidos, so: I professores habilitados em nvel mdio ou superior para a docncia na educao infantil e nos ensinos fundamental e mdio; II trabalhadores em educao portadores de diploma de pedagogia, com habilitao em administrao, planejamento, superviso, inspeo e orientao educacional, bem como com ttulos de mestrado ou doutorado nas mesmas reas; III trabalhadores em educao, portadores de diploma de curso tcnico ou superior em rea pedaggica ou afim.Pargrafo nico. A formao dos profissionais da educao, de modo a atender s especificidades do exerccio de suas atividades, bem como aos objetivos das diferentes etapas e modalidades da educao bsica, ter como fundamentos: I a presena de slida formao bsica, que propicie o conhecimento dos fundamentos cientficos e sociais de suas competncias de trabalho; II a associao entre teorias e prticas, mediante estgios supervisionados e capacitao em servio; III o aproveitamento da formao e experincias anteriores, em instituies de ensino e em outras atividades. Art. 62. A formao de docentes para atuar na educao bsica far-se- em nvel superior, em curso de licenciatura, de graduao plena, em universidades e institutos superiores de educao, admitida, como formao mnima para o exerccio do magistrio na educao infantil e nas quatro primeiras sries do ensino fundamental, a oferecida em nvel mdio, na modalidade Normal.
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Conforme Moura (2011), o Artigo 62 determina: que a formao aceitvel
para o exerccio da docncia na educao bsica dever efetuar-se em nvel superior
com graduao plena, eliminando, portanto os cursos de licenciaturas curtas at ento
existentes.
Art.67. Sistemas de ensino promovero a valorizao dos profissionais da educao,assegurando-lhes,inclusive nos termos dos Estatuindo plano de carreira do magistrio pblico: I ingresso exclusivamente por concurso pblico de provas e ttulos; II aperfeioamento profissional continuado, inclusive com licenciamento peridico remunerado para esse fim; III piso salarial profissional; IV progresso funcional baseada na titulao ou habilitao, e na avaliao do desempenho; V perodo reservado a estudos, planejamento e avaliao, includo na carga de trabalho; VI condies adequadas de trabalho
Segundo Moura (2011), o Artigo 67 trata da poltica de valorizao do
magistrio, que vai alm da formao inicial e continuada, na medida em que inclui
condies de trabalho, plano de carreira e salrios condizentes com a importncia
social da profisso docente.
Para o exerccio da profisso docente, de acordo com a legislao em vigor,
se faz necessrio, no mnimo, formao em cursos de licenciatura. No tocante ao
ensino da modalidade Educao de jovens e adultos, o professor deve ter sido
capacitado de forma especializada.
A formao exige abordagens que direcione o trabalho pedaggico e
potencialize a aprendizagem. No possvel admitir-se docentes que fazem desse
espao de atuao profissional um no sei qu qualquer.
A formao docente para educadores de jovens e adultos solicita leituras e
prticas capazes de resgatar a autoestima e de potencializar o jovem e o adulto para
que eles se sintam parte da sociedade produtiva, ativa, leitora, transformadora da
realidade social e de sua prpria histria.
22
2.3 Um olhar sobre o perfil dos jovens e adultos
Os atores que esto inseridos no mundo da EJA so pessoas provenientes de
classe scias desfavorecidas ,filhos de trabalhadores sem formao educacional,
que esto em busca de instruo que retornam a escola na esperana de
alfabetizar-se ou cursar algumas sries do ensino fundamental e mdio.
So pessoas que vivem nos bairros mais pobres da cidade e que precisam
iniciar o trabalho pra arcar com o sustento familiar e pessoal.
Para moura (2003) o perfil desses sujeitos que participam da modalidade
EJA, se caracteriza desta forma:
O perfil dos jovens e adultos que participam da modalidade EJA, no so estudantes universitrios ,profissionais qualificados que frequentam cursos de especializao,so pessoas provenientes de classes scias desfavorecidas filhos de trabalhadores sem qualificaes ,em busca de instruo que retornam a escola aps abandona-las para ocupar trabalhos na zona urbana ou rural,durante a infncia e adolescncia,que buscam os bancos escolares na esperana de alfabetizar-se ou cursar algumas sries do ensino fundamental e mdio importante considerar que os alunos de EJA, so jovens e adultos com experincia profissional e com expectativas de reingresso no mercado de trabalho tendo por isso no mercado tendo por tanto um olhar diferente do olhar das crianas sobre as coisas da existncia (14 a16)
A educao de jovens e adultos (EJA) nova designao do ensino supletivo,
caracteriza-se como uma proposta pedaggica flexvel que considera as diferenas
individuais e os conhecimentos informais dos alunos, adquiridos a partir das
vivncias dirias e no mundo do trabalho.
uma modalidade diferente do ensino regular em sua estrutura e
metodologia, modalidade de ensino nas etapas etapas do ensino fundamental e
mdio da rede pblica de ensino que recebem os jovens e adultos que no
completaram os anos da educao bsica e idade apropriada por qualquer motivo.
23
2.4 Antecedentes histrico da EJA no Piau e um olhar sobre a histria da
alfabetizao de adultos
Saindo da esfera totalmente nacional, o presente trabalho adentra nos
limites da temtica acerca da Educao no estado do Piau. Dessa forma, nos
antecedentes histricos, vemos que o processo de iniciativa de educao no Piau
surgiu somente em 1733, quando, por iniciativa dos jesutas, conseguiram fazer
funcionar uma instituio de ensino que iria ter por denominao Externato Hospcio
da Companhia de Jesus, mas que no obteve xito. Podemos ratificar isso com
Moura (2003) que diz:
Em 1733, quando por meio de um Alvar de Licena os jesutas conseguiram autorizao para fazer funcionar uma instituio de ensino que seria denominada Externato Hospcio da Companhia de Jesus, aps 184 anos do descobrimento do Brasil (p.67).
Em 1845 se constituiu o incio da histria da educao pblica do Piau ao
assumirem a presidncia da provncia o ento Zacarias de Ges e Vasconcelos
assume o papel de analisar o catico quadro educacional estabelecendo solues
para a resoluo dos seus problemas. Aprovaram a lei que tinha por nmero 198,
sendo assim as redes escolares pela primeira vez estariam normatizada
. Analisando os documentos e atravs de pesquisas no notrio indicaes
da existncia no perodo Colonial e Imperial de preocupao com a educao de
jovens e adultos.
A fim de refletir a organizao do ensino no Piau daquela poca, sabe-se
que somente a partir de 1910, o ensino foi organizado oficialmente no Piau,
constituindo gradativamente estruturas de um sistema.
Esse perodo estende-se at 1961 e compreende cinco grandes reformas
das quais destaca-se a Reforma de 1910 e a de 1947,nas quais encontramos
referncias sobre a educao destinada aos jovens e adultos, de modo a assegurar
aos filhos dos trabalhadores adequada educao de carter socialmente
24
reprodutivista(...) considerada de nvel primrio no possibilitando acesso aos cursos
superiores.
J na reforma de1947 observvel que o texto trouxe avanos significativos
para a educao de adultos, determinado que o ensino primrio e supletivo com
durao de dois anos e destinados aos adolescentes e adultos que no cursaram
ensino na idade apropriada.
. Dessa forma a educao de adultos tem incio no estado, reforando as
desigualdades sociais; isso porque aos filhos das famlias abastadas era reservado
um ensino denominado literrio.
Ento, segundo relatos, o objetivo da vinda dos jesutas para o Piau deu-se
com o intuito principal de administrar as fazendas, de modo que com essa ateno
voltada para a administrao das mesmas, a ateno dos padres estaria
comprometida de tal modo que no lhes restava espao para as atividades cultuais
e educacionais, nas quais tiveram grande desenvoltura em outras regies da
Colnia.
A vinda dos jesutas para este Estado deu-se com o objetivo de administrar as fazendas deixadas como legado por Domingos Afonso Mafrense, aps sua morte. O trabalho com a administrao das fazendas absorve a ateno dos padres de tal modo que no lhes deixa espao para as atividades culturais e educativas nas quais foram atuantes em outras regies da colnia.(BRITO.1996.p.13)
A educao de jovens e adultos no Piau uma temtica que sobre a qual tm sido
desenvolvidos debates e discusses.
Sendo assim, consenso que h uma grande necessidade de expandir as
fronteiras de democratizao do ensino na sociedade piauiense, como Moura(2003)
expe em seu livro.
Analisando a alfabetizao de adulto desde o perodo de colonizao at a
nova repblica observa-se que o processo de alfabetizao de adultos tem incio
25
com o processo de colonizao que marcado com a chegada dos portugueses ao
Brasil, e o ensino de escrever e ler era passado aos indgenas adultos ao lado da
catequese, constituindo uma das aes prioritrias no projeto de colonizao, os
principais agentes educativos deste perodo eram os jesutas que estiveram em
1549 at 1759.
O desenvolvimento da alfabetizao tambm foi passado aos adultos e
negros. Essas experincias, no entanto, foram ainda menos estudadas e pouco se
sabe sobre as praticas desenvolvidas junto a esses sujeitos, e por outro lado pouco
tambm se sabe sobre as experincias educativas realizadas com as mulheres
adultas.
Neste perodo diversos materiais escritos foram produzidos como
instrumentos para catequese e a instruo dos indgenas. Um desses materiais era
a gramtica da lngua tupi guarani e catecismo.
Soares e Galvo (2005) nos esclarecem sobre isso dizendo:
pode-se afirmar que, desde a chegada dos portugueses ao Brasil, o ensino de ler e escrever aos adultos indgenas,ao lado da catequese constituiu uma das aes prioritrias no interior do projeto de colonizao os agentes educativos eram os jesutas, estudos mostram que para realizar a obra catequtica os jesutas se dedicaram muito para aprender a lngua dos ndios,nesse processo diversos matrias escritos foram produzidos como a gramtica da lngua tupi e os catecismo, posteriormente catequizaram e instruram escravos,por outro lado poucas parecem ter sido as experincias realizadas com mulheres e adultos (p. 258).
No Imprio muitas discusses surgiram em torno de como se desenvolver o
processo de insero das ento denominadas classes abastadas (homens e
mulheres pobres livres negros e negras escravos, livres e libertos) nos processos
formais de escolarizao.
Neste perodo o ensino para adultos era como misso para aqueles que se
mostravam interessados a ensinar para jovens e adultos,a finalidade do ensino era
torna os participantes pessoas civilizadas principalmente as que moravam nos
centros urbanos,consideradas perigosos e degeneradas.
Em diversas provncias muitos intelectuais criaram associaes que
ministravam cursos noturnos para adultos como uma forma de instruir a massa
pobre de brancos, negros livres e at mesmo escravos. Para esses intelectuais era
26
preciso iluminar as mentes que viviam nas trevas da ignorncia, neste momento
histrico a educao de Adultos e colocada no como um direito mas, como um ato
de filantropia de caridade e solidariedade,neste perodo as pessoas consideradas
analfabetas no poderiam votar.
Podemos ratificar isso nas palavras de Soares e Galvo que diz:
O ato adicional de 1834, tornavam-se responsveis palas intenes primrias e secundrias formulando-se especificamente, polticas de instruo para jovens e adultos o ensino para adultos parecia assumir um carter de misso para aqueles que a ele se propuserem, na medida em que os professores que ensinavam durante o dia no recebiam nenhum salrio ou gratificao a mais para abrir aulas noturnas. O ensino para adultos tinha como uma de suas finalidades a civilizaodas camadas populares consideradas,principalmente as urbanas,no sculo xix.Em muitas provncias,tambm se observa,principalmente na segunda metade do sculo xix a criao de associaes de intelectuais que,entre suas atividades,ministrando cursos noturnos para adultos como forma de regenerar a massa de pobre,brancos e negros livres. Neste perodo a educao colocada sob a gide da filantropia,da caridade e da solidariedade e no do direito.(2005,260 a 261).
2.5 Educao Popular
Os debates e discusses em torno da educao entre os povos tm sido
quase os mesmos, isto , de ordem tica e prtica na primeira dimenso. Inicia-se
as orientaes principistas relacionadas ao bem viver, como por exemplo: honrar
deuses, pais, mes e outras regras de conduta com a da prudncia ou at mesmo
definidos em mandamentos.
Na segunda dimenso os aspectos se voltam a questes do conhecimento
comunicativo e de profisses acumuladas por um povo. Paralelamente ao processo
educativo dentro dessas perspectivas, desenvolve-se a sabedoria expressa por
essas regras, tais como: preceitos de prudncia e mesmo superties, com base na
tradio oral, mas em que debates e discusses est inserido e se desenvolve a
educao popular?
No sculo XX as discusses relacionadas educao popular j esto
preocupadas em dimensionar e conceituar a educao popular, como sendo um
27
processo que esteja voltado para luta povo ou mesmo como uma metodologia para
uma melhor promoo das relaes humanas para as buscas definidas
historicamente pelos setores no dominantes da sociedade da sociedade mas que
so a maioria desta.
Mas essa discusso conceitual passa por intelectuais da rea da
educao popular. Paulo Freire, por exemplo, em suas duas obras Educao como
prtica de liberdade ePedagogia do Oprimido externa seu entendimento de
popular como sinnimo de oprimido, daquele que vivi sem as condies
elementares para o exerccio de sua cidadania, considerando que tambm est fora
da posse e uso dos bens matrias produzidos socialmente.(1984, p. 16 e 20).
A educao considerada popular isto tendo como ponto de partida a
realidade do oprimido, pode se torna um agente importante nos processos de
libertao do individuo e da sociedade uma educao que arraste consigo
procedimentos que incentivem a participao, ou seja, um meio de veiculao e
promoo para a busca da cidadania, compreendida em suas dimenses crticas e
ativa.
Uma educao que contribua ao exerccio de cobranas das aes polticas
geradas em nome do povo e que tambm passa incentivar aspectos ticos e
utpicos que, para os dias de hoje, se tornam uma exigncia social.
Assim, experincias e formulaes tericas nos abalizam a buscar a
definio de educao popular como um conjunto de elementos
tericos que fundamentam aes educativas, aes estas
relacionadas entre si e ordenadas segundo princpios e experincias
que por sua vez formam um todo ou uma unidade. Mesmo
expressando uma unidade, um sistema aberto que relaciona
ambiente de aprendizagem e sociedade, a educao e o popular e
vice- versa.(INCUBES,2003 .p 5 ).
um sistema aberto de trabalho educacional detentor de uma filosofia que,
por sua vez, pressupe uma teoria do conhecimento, metodologias dessa produo
de conhecimento,contedos e tcnicas de avaliao processuais, e sustentada por
28
uma base poltica.Uma teoria de conhecimento que externa pela busca por
conhecimento que vai no sentido do fazer histria.
Segundo Paulo Freire (1983) tambm se faz histria quando, ao surgirem os
novos temas, ao se buscarem valores inditos,o homem sugere uma nova
formulao, uma mudana na maneira de atuar, nas atitudes e nos
comportamentos(p.5).
um trabalho humano, a educao popular, em que se d pela prtica do
individuo, enquanto humaniza a natureza e naturalizao a dimenso de ser
humano.
Precisa mostrar a sua verdade, qual seja: para mostrar sua verdade tem que
sair de si mesmo,plasmar-se,adquirir corpo na prpria realidade, sob a forma de
atividade prtica (INCUBES,2003.p 6).
Em sntese, a educao popular um fenmeno de produo e apropriao
dos produtos culturais, expresso por um sistema aberto de ensino e
aprendizagem,constitudo de uma teoria de conhecimento referenciada na realidade,
com metodologias (pedagogia) incentivadoras participao e ao empoderamento
das pessoas, com contedos e tcnicas de avaliao processuais, permeado por
uma base poltica estimuladora de transformaes sociais e orientada por anseios
humanos de liberdade, justia, igualdade e felicidades.
O que educao? Quando e em que lugar ocorre o processo educativo?
Quais so os lugares onde acontece o ensino? E quais so as situaes
pedaggicas?
Lendo o livro O que educao, Brando (2007) Nos fala:
ningum escapa da educao. Em casa na rua, na igreja ou na escola, de um modo ou de muitas outras formas, todos ns envolvemos pedaos da vida como ela:para aprender,para ensinar, para aprender- e- ensinar(p.7).
29
Por isso, passamos a perceber que o processo educativo uma busca
constante em prol do conhecimento e desenvolvimento, busca esta que em muitos
casos acontecem de forma espontnea que em muitos casos o indivduo em quanto
ser social e socivel nem se d conta de que est educando ou sendo educado, em
quanto agente do convvio com outros indivduos nas ruas,em casa,na igreja e at
mesmo na escola.
Fazendo um paralelo sobre o que educao de modo geral e relacionando
ao meu tema de trabalho de concluso de curso, posso perceber que a educao de
jovens e adultos tambm leva em considerao todos esses aspectos
educativos,pois esses jovens e adultos quando chegam a escola j vo com uma
gama de conhecimentos adquiridos em sua trajetria de vida,um pouco diferente da
criana que precisa buscar di forma direta outros modos de apreender.
Segundo Brando (2007), ainda em seu livro O que educao, nos fala
sobre a prtica de ensino nas aldeias:
nas ideias dos grupos tribais mais simples , todas as relaes entre a criana e a natureza guiadas de mais longe ou mais perto pela presena de adultos,conhecedores,so situaes de aprendizagem.A criana v, entende,imita e aprende com a sabedoria que existe no prprio gesto de fazer a coisa.so situaes de aprendizagem aquelas em que as pessoas do grupo trocam bens matrias entre si ou trocam servios e significados:na turma de caada,na lavoura famlia ou comentrio de mandioca,nos grupos de brincadeiras de meninos e meninas,nas cerimnias religiosas(p 18).
No entanto percebemos que as caractersticas do ensino sob regime tribal
uma educao que difusa e administrada por todos que integram aquela
comunidade que convive, quando a escola uma aldeia no h mestres
determinados,nem inspetores especiais para a formao da juventude; esses papis
so desempenhados por todos os ancios e pelo conjunto das geraes anteriores.
As situaes pedaggicas onde as prticas de ensino so desenvolvidas em
aldeias so notrias quanto ao treinamento direto de habilidades corporais, por meio
da prtica direta dos atos que conduzem o corpo ao hbito, a estimulao dirigida
para que o aprendiz faa e repita at o acerto!os atos de saber e habilidade que
30
ignora, a observao interpessoal, familiar ou comunitria das prticas ou das
condutas erradas por meio do castigo,do ridculo ou da adestrao.
Ratificamos com as palavras de Brando (2007) que diz:
Assim,tudo o que importante para a comunidade e existe tambm como algum modo de ensinar.mesmo onde ainda no criaram a escola,ou nos intervalos dos lugares onde ela existe cada tipo de grupo humano cria e desenvolve situaes recursos e mtodos empregados para ensinar s crianas e tambm aos jovens e mesmo aos adultos.(p19)
2.6 A Educao de jovens e adultos na Lei de Diretrizes e Base da Educao
A Lei de Diretrizes e Base da Educao Nacional-9394/96 garante a
educao de jovens e adultos o acesso ao ensino educacional tendo em vista a falta
de oportunidade desses indivduos no perodo regular de ensino. O ensino ser
gratuito, e de forma apropriada levando-se em considerao as caractersticas e
desempenho dos alunos. Isso bem claro no artigo 37 e pargrafo &1 da LDB que
assim diz:
A educao de jovens e adultos ser destinada Aqueles que no tiveram acesso ou continuidade de estudos no ensino fundamental e mdio na idade prpria.os sistemas de ensino asseguraro gratuitamente aos jovens e adultos, que no puderam efetuar os estudos na idade regular,oportunidades educacionais apropriadas,consideradas as caractersticas do aluno ,seus interesses,condies de vida e de trabalho,mediante cursos e exames.(p25)
3 METODOLOGIA
Essa etapa tratar os seguintes aspectos: quanto a natureza e classificao
da pesquisa, rea de atuao e as estratgias utilizadas, definio das variveis,
resultados esperados e limitaes da pesquisa.
3.1 Classificao e natureza da pesquisa
De acordo com Soares (2007) as pesquisas podem ser classificadas quanto
aos fins exploratrias, descritiva, metodologia, aplicada e intervencionista, essa
31
pesquisa tem fins, descritivo, na medida em que retrata o perfil dos discentes de
alguns alunos das escolas do EJA em picos.
Quanto aos meios Soares (2007, p. 28) coloca que se deve conhecer pelo
menos quatro gneros de pesquisa intercomunicados:
Pesquisa terica,quando se procura formular quadros de referncias,estudar teorias e burilar conceitos.
Pesquisa metodologia, dedicada a indagar por instrumentos, por caminhos, por modos de se fazer cincia, ou produzir tcnicas de tratamentos da realidade, ou discutir abordagens tericas-prticas .
Pesquisa emprica, na medida em que se codifica a face mensurvel da realidade social.
Pesquisa prticas, que entrevem na realidade social, denominadas pesquisa participante avaliao quantitativa, pesquisa ao.
Esta pesquisa emprica, na medida em que se instala na realidade social
dos sujeitos procurando analisa-la para ento traar um perfil dos sujeitos envolvidos
Os mtodos cientficos so classificados quanto ao nvel de abstrao, de
acordo com Soares (2007.p28) em dois tipos:
Os mtodos de abordagem: caracterizam-se por uma abordagem mais ampla, em nvel de abstrao mais elevada,dos fenmenos da natureza e da sociedade.subdividem-se em indutivo,dedutivo,hipottico-educativo e dialtico.
Mtodo de procedimento: correspondente s etapas mais concretas da investigao, com finalidades mais restritas em termos de explicao geral dos fenmenos e menos abstratos. So mtodos de procedimentos: histrico, comparativo, monogrfico ou de estudo de caso, estatstico, tipolgico, funcionalista e estruturalista.
Nossa pesquisa, por sua vez se configura em estudo de caso. J quanto a
sua natureza esta monografia tem uma concepo qualitativa.
3.2 rea de atuao e estratgia da pesquisa
A rea de execuo desse trabalho no foi em uma nica escola, as
entrevistas foram desenvolvidas com vrios alunos de algumas escolas: Joo de
Deus Barros, Hell Nunes e Miguel Lidiano, de sries diferentes que vai da segunda
32
srie do ensino fundamental ao ensino mdio. Alunos com faixa-etria que varia
entre 18 a 55 anos e com uma diversidade de experincias vividas .
O instrumento utilizado para coleta de dados foi o questionrio aplicado a
alunos, sendo formado de perguntas abertas e fechadas perfazendo um total de
trinta questes.
Os alunos foram escolhidos aleatoriamente. Apliquei os questionrio em suas
casas sendo que os mesmos moram em bairros diferentes: Parque de Exposio,
Junco e Centro, pois no perodo de aplicao os mesmos encontravam-se de frias
ou em muitos casos j no estavam indo mais a escola por terem desistido do
ensino. Consegui localizar os mesmos atravs do boca aboca perguntando aos
meus amigos de classe da universidade quem eles conheciam de alunos que
frequentava a EJA.Finalmente fui atrs dos mesmos em suas residncias.
Diante de algumas dificuldades encontradas ao aplicar os questionrios,
consegui colher os dados de forma tranquila e com xito nas informaes. A coleta
dos dados ocorreu entre o final de janeiro e comeo de fevereiro do ano de 2013. A
partir dos dados colhidos prosseguimos fazendo o agrupamento das informaes,
analises, interpretao, apresentao de resultados e concluso desse trabalho.
3.3 Definio das variveis analisadas
1.Gnero dos alunos entrevistados ;
2.Faixa-etria dos alunos entrevistados;
3.Estado civil ;
4. Interrupo dos estudos;
5.Motivo que fez os alunos a se matricularem no EJA ;
6.Escolaridade de seus pais;
7.Sobre a concluso das etapas da EJA;
8.Rendimento mensal da famlia;
9.Leitura como mtodo de ensino do professor;
33
10. Facilidades encontrada aps ter voltado a estudar.
3.4 Resultado que se espera sobre esse trabalho
Espera-se que o interessado ao concluir a leitura dessa monografia perceba
que a experincia dos pesquisados possa esclarecer dvidas em quem est
tentando conhecer a realidade do aluno da EJA e que o leitor perceba aquilo que
comum a maioria das prticas vividas nas escolas. Que o leitor possa lanar um
novo olhar para o estudante da EJA, j que este sujeito possui um perfil que acaba
por traar caminhos especficos em sua trajetria escolar.
Dito de outro modo, ao traarmos o perfil de sujeitos dessa modalidade
escolar esperamos ter colaborado com o olhar que se lana aos mesmos, para, por
fim, a partir de ento se pensar possibilidades de minimizar o impacto que o perfil
destes discentes possa provocar no resultado final da aprendizagem.
3.5 Limitaes da pesquisa
Neste trabalho de concluso de curso houve uma preocupao em procurar
coletar e analisar dados para se chegar a resultado acerca do perfil de discentes da
modalidade EJA. Porm um dos grandes problemas encontrados foi tentar localizar
esses alunos, j que os mesmos encontravam-se em perodo de frias.
4 TRAANDO O PERFIL DOS DISCENTES DA EJA
Ao todo foram onze discentes que responderam aos questionrios, sendo
que sete deles concluram todas as etapas e quatro desistiram. Estes nmeros
envolvero homens e mulheres. Alguns, no momento da pesquisa com matriculas
feitas para reiniciar os estudos e outros que j tinham terminado ou desistido de
estudar.
A pesquisa ocorreu em suas casas, cada uma em momento diferente e dia
acordo com o horrio que os mesmos podiam estar a disposio para responder aos
34
questionamentos. Foi um momento tranquilo os mesmo encontravam-se
empolgados para contribuir com o desenvolvimento da coleta de dados.
Apresentaremos os dados coletados a partir do contato direto com alguns
sujeitos que estudam ou j estudaram na modalidade de ensino EJA. Com isso,
como j foi dito, se pretende traar um pequeno perfil acerca desses sujeitos, para
finalmente perceber quem eles so e os limites e possibilidades de sua formao na
realidade da EJA.
4.1 A questo gnero e profisso
A pesquisa foi realizada por onze (11) alunos, sendo que 6 so alunos do
sexo feminino e 5 do sexo masculino. Levando em conta a questo gnero em
relao a profisso que exercem foram registrados nos questionrios o seguinte
levantamento sobre as mulheres:
3 mulheres lavradoras.
2 domsticas.
2 estudantes.
Com relao aos homens, eles tambm registraram suas profisses,
vejamos:
1 operador de mquina.
1 auxiliar de limpeza.
1 lavrador.
1 lavrador.
Diante dos dados, a primeira coisa que se constata que os alunos
trabalhadores exercem profisso de baixa remunerao e pouco reconhecimento
social. Diante do mercado de trabalho exigente com relao a seleo dos
empregados e a grande concorrncia atual, os alunos participantes da pesquisa no
35
fogem a regra do perfil profissional da maioria dos estudantes dessa modalidade de
ensino. Tal situao acontece, principalmente, devido a falta de oportunidade para
pessoas com baixa escolaridade. Estes sujeitos encontram-se empregados ,apesar
de no ser um trabalho onde a remunerao no to alta,pelo menos vivem a suas
custas,podemos ver um relatado de uma aluna da EJA,que fala sobre o motivo de
estar trabalhando:
Muito cedo tive que comear trabalhar porque casei... como eu iria sustentar minha famlia? Deixei pra estudar quando meus filhos estivessem mais velhos e pudessem me ajudar na renda da famlia... pelo menos trabalhando vou estar vivendo do meu prprio suor...``
Porm, ambos os sexos tem demonstrado interesse pelos estudos, o que
nos revelam na fala de alunos :
Eu pretendo fazer vestibular, meus objetivo so estes; terminar o ensino mdio e chegar ao ensino superior se DEUS quiser... DIZ ALUNO DA MODALIDADE EJA. meu sonho chegar ao estudo superior pra mim melhorar de vida...DIZ ALUNA DA MODALIDADE EJA.
Ento pode-se observar que mesmo homens e mulheres estando inseridos
no mercado de trabalho, ambos demonstram interesse pelos estudos procurando
assim melhorar a qualidade de vida.
.
4.2 Faixa-etria dos alunos entrevistados (idade)
Nos dados apresentados os alunos pertencem a faixa etria que varia de 18 a
55 anos de idade. Seno vejamos:
4 alunos esto na faixa etria entre 18 a 35 anos de idade.
7 alunos esto na faixa etria que varia de 36 a 55 anos de idade.
36
Ao perfilar os alunos por apenas duas faixas de idade, uma vez que eles so
poucos em nmero, podemos dizer que a maioria est em idade superior a 35 anos
de idade. Esses dados podem querer nos dizer que, apesar das dificuldades de
ingresso e permanncia na escola, o nmero de jovens que termina a educao
bsica na idade certa vem aumentando na atualidade.
Uma outra reflexo que nos cabe fazer analisando os questionrios que os
pesquisados de faixa etria superior a 35 anos retornam escola tardiamente
devido a falta de escolarizao de seus pais,que tiveram que trocar o momento de
estudo na idade adequada para ir trabalhar ainda quando era criana
comprometendo seu desenvolvimento escolar na idade adequada que tambm teve
uma origem de vida como a dele.em alguns relatos dos alunos isso foi visto na fala
de um deles que assim se expressava:
Tive que ir trabaia pra ajudar nas dispesa de casa...e resolve ir adiando os estudos mais pra frente ...desistir por causa da gravidez... aconteceu muito cedo e eu no tinha com quem deixar meu filho...
Segundo Soares (2007)Quando se analisa a trajetria escolar, foi
observado que os motivos do atraso seriam fatores scias na ausncia da educao
familiar,o fator econmico da necessidade de realizar um trabalho e a falta de
motivao pessoal (p.40)
4.3 Estado Civil
Como estamos tratando de jovens e de adultos, considero relevante saber
sobre o estado civil dos alunos para perceber se h interferncia desses dados para
nossa pesquisa. De acordo com os questionrios temos os seguintes resultados;
7 so solteiros.
4 so casados.
37
Todos os alunos que declararam ser casados complementaram suas
respostas informando que esto tentando concluir os estudos mas alegam que nem
sempre fcil conciliar casamento e estudos. Estes dados podem colaborar para
criar, para estes alunos, uma situao de desvantagem em relao aos alunos no
casados, pois, as obrigaes e tempo a ser investido no matrimnio acabam
interferindo, segundo os participantes, no tempo e nas obrigaes que eles tem
como alunos da EJA.
4.4 Rendimento mensal da famlia
Com o intuito de perceber a interferncia dos recursos financeiros no perfil
dos alunos pesquisados, procurei saber a faixa salarial dos mesmos.
11 entrevistados possuem rendimento mensal de 1 a 2 salrios mnimos.
Era de se esperar que os alunos tivessem baixos salrios se considerarmos
as atividades remuneradas que eles esto envolvidos. Diante da constatao,
inclusive j esperada, refora-se a relao direta que h entre baixa escolaridade
contribui para baixas retribuies salariais. Nesse sentido o aluno da EJA tem
conscincia dessa relao de dependncia entre esses dois fatores e, cada um
dentro de suas possibilidades procura ingressar e permanecer na escola, coisa no
muito fcil diante dos desafios que a realidade os impe.
4.5 Escolaridade de seus pais
A escolaridade dos pais tambm foi informada. Procuramos conhecer o
contexto cultural que os alunos viveram ou ainda vivem do ponto de vista da
educao formal dos pais para traarmos relao com o perfil que ora est sendo
construdo. Quanto a escolaridade dos pais dos sujeitos entrevistados:
5 de seus pais no frequentaram a escola.
38
6 so alfabetizados.
Nesse pequeno universo da pesquisa, os dados nos mostram nmeros
muito prximos, ou seja, a situao escolar dos pais ,parece no ter sido de grande
importncia para determinar a entrada e a permanncia dos alunos na escola na
idade certa. Por outro lado, os nmeros tambm no mostram que a escolaridade ou
a falta dela contribuiu para a evaso dos alunos da escola na idade certa. Tanto
alunos de pais escolarizados, quanto alunos de pais que nunca frequentaram a
escola so alunos da EJA e vivem de forma mais ou menos semelhantes as
facilidades e dificuldades presentes no contexto dessa modalidade de ensino.
4.6 Interrupo dos estudos
Os alunos da educao de jovens e adultos um dia tiveram que se ausentar
dos bancos escolares. Esse acontecimento tem causas muito variveis. Porm a
histria de vida desses sujeitos vai os reaproximando da escola. Por motivos
tambm diferentes o desejo de voltar aos bancos escolares acontece. Mas, para
nosso pequeno universo de investigao, o que fez esses sujeitos interromperem
seus estudos?
1aluno nos informaram que o motivo foi a falta de escolas em seu bairro.
4 alunos interromperam seus estudos por falta de vontade prpria.
4 deles por terem que comear a trabalhar.
1aluno no revelou seus motivos.
1 Ficou grvida.
Das informaes coletadas pela pesquisa, destaca-se motivos relacionados
ao trabalho dos sujeitos pesquisados. Essa situao recorrente na realidade de
pessoas das camadas populares, j que as condies de sobrevivncia acabam por
virar prioridade. Mesmo com o apelo das Leis Nacionais em torno da obrigatoriedade
39
da educao escolar bsica, muitos jovens desistem de estudar e investem tempo e
energia em seu ganha po.
Outro dado que tambm se destaca falta de vontade de permanecer na
escola. Isto nos leva a refletir sobre o estmulo que as escolas deveriam oferecer aos
alunos. Mas o que se nota na realidade escolar a desmotivao de professores,
escolas precrias, ambiente pouco estimulante, relaes pessoais muitas vezes
agressivas diante da tenso causada pelos problemas social que afetam a escola,
seja ela pblica ou privada. As crianas da camada popular, alm de terem que ser
disciplinadas para conviver numa cultura escolar que cobra atitudes e resultados
prprios da cultura das classes sociais mais favorecidas economicamente, ou seja,
estranha a realidade de suas comunidades e de suas famlias, , ainda por cima
devem enfrentar mais todos esses desafios que apresentamos.
Ao olhar para os personagem da pesquisa perceptvel que a maioria viveu
uma trajetria escolar atribulada, embora tenham escolarizao maior em relao a
seus pais.Esses jovens viveram uma trajetria incerta coberta de dificuldades,feitas
de idas e vindas na escola. Tanto que exponho o depoimento de uma aluna que teve
seus estudos interrompidos na adolescncia por ter ficado grvida: Tive que desistir
por causa da gravidez...aconteceu muito cedo e eu no tinha com quem deixar meu
filho...Diz uma aluna da educao de jovens e adultos.
4.7 Motivos que levaram o aluno a se matricular na EJA
Os alunos pesquisados, assim como todos aqueles d modalidade EJA, um dia
resolvem voltar a estudar. As razes do retorno so as mais variadas possveis.
Com interesse em saber dos sujeitos pesquisados o motivo do regresso aos bancos
escolares obtivemos as seguintes informaes:
Cinco (5) voltaram a estudar com o intuito de chegar ao ensino superior.
Cinco (5) regressaram escola por ser perto de casa.
Um (1) por disponibilidade de horrio.
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Podemos perceber que felizmente existem alguns alunos que querem dar
continuidade em seus estudos e sonham com o ensino superior. A promessa de
redeno do ensino superior para os oriundos das camadas populares ainda surte
efeito para parte dos sujeitos pesquisados. Os mesmos valorizam os estudos
acadmicos e desejam melhores empregos e maior reconhecimento por parte da
sociedade. Outros desses sujeitos levam os estudos s porque a escola fica perto de
casa, assim como um que nos disse que disponibiliza de tempo para sua educao.
Esses ltimos tambm sonham com melhores condies de vida a partir da elevao
do grau de instruo.
4.8 Concluso das etapas da EJA
Voltar aos bancos escolares um desafio imenso para pessoas que por um
motivo ou por outro estiveram ausentes. O cotidiano se torna mais importante. Os
desafios pela sobrevivncia e o ganha po muitas vezes no depende de nvel mais
elevado de escolarizao, como o caso dos agricultores. Um desafio maior ainda
permanecer e concluir os estudos, sobretudo se presencial e no turno da noite, j
que o cansao e as preocupaes com famlia, filhos e contas a pagar so sempre
presentes. Por tudo isso nos interessamos em saber at que ponto h motivao
para a concluso dos estudos.
Quatro (4) revelaram que iro concluir todas as etapas.
Dois (2) se sentem sem estmulos, pois no obtiveram notas boas e ainda no
sabem ler nem escrever.
Dois (2) demonstraram que por conta do trabalho poderiam desistir, j que o
cansao e o desnimo so recorrentes.
Trs (3) participantes assumiram ter certeza que iro concluir j que at
conseguiram melhores empregos devido aos estudos.
Apesar da tendncia pouco positiva de 4 alunos, que no esto certos sobre
a concluso das etapas da EJA,7 alunos se sentem motivados frente a essa
possibilidade. Foi interessante a informao sobre a concreta evoluo de 3 alunos
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que revelaram ter conseguido emprego devido a seus estudos. Pode-se refletir sobre
o retorno social que a volta aos bancos escolares proporcionou aos 3 alunos da
pesquisa. Houve um retorno concreto. Porm, por outro lado, o valor da
escolarizao no se reverte apenas em benefcios do ponto de vista do trabalho.
Este apenas um dos lados da moeda.
4.9 Leitura como mtodo de ensino do professor
Trabalhar na EJA, na verdade exige do professor um perfil de constante
aprendente das possibilidades metodolgicas especficas para cada realidade . As
dificuldades, muitas vezes exigem um como fazer. O docente necessita um olhar
permanente a essas possibilidades. Ele deve estar atento as dificuldades de cada
um, dialogando constantemente para facilitar a organizao e o bom entendimento
do contedo entre todos na sala de aula. Frente a realidade do alunado da EJA o
docente ao aplicar mtodos de ensino aprendizagem precisa antes de tudo
diagnosticar e ver em qual nvel e situao de aprendizagem encontram-se os
alunos. A leitura, pela sua enorme relevncia na modalidade EJA, pode ser utilizada
como dispositivo metodolgico em vrios tempo pedaggicos no cho da sala de
aula. Questionados sobre se os professores utilizavam a leitura em suas
metodologias docentes e com que frequncia, os alunos responderam:
Trs (3) falaram que a professora realisava leitura 2 vezes por semana: leitura
individual e coletiva.
Cinco (5) disseram que a leitura ocorria 3 vezes por semana: leitura individual ou
coletivas.
.trs 3 relatam que a leitura era realizada 3 vezes na semana: leitura individual.
Analisando a questo leitura como mtodo de ensino do professor ficou claro
que todas as docentes utilizam-se de estratgias pedaggicas envolvendo a leitura.
Porm, considero que a frequncia desse exerccio formativo ainda muito
pequena. Percebe-se tambm que as professoras utilizam tanto a leitura individual
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como coletiva como mtodos de ensino aprendizagem. Desse prisma considero um
avano, uma vez que os alunos diversificam a forma de ler, trocando experincias,
mas tambm refletindo de forma solitria.
4.10. Facilidades encontrada aps ter voltado a estudar
O aluno da EJA, por estar em situao diferente daqueles que tiveram
oportunidade de estudo em tempo devido, acaba tendo comprometido algumas
oportunidades de em prego ou desempenho de situaes corriqueiras do dia-dia. A
falta de escolaridade acaba por dificultar a realizao de algumas aes do cotidiano
social, como: sacar dinheiro no caixa, pegar um transporte pblico, ler as
propagandas da mdia, fazer leitura de imagem nas ruas, etc. Est comprometido o
bom entendimento dos fatos scias. Voltar ento escola representa adquirir
recursos para facilitar a vida em sociedade. Mas, depois de se ausentar da escola,
que facilidades estes sujeitos encontraram aps voltarem a estudar? Esse
questionamento foi respondido da seguinte maneira:
Dez (10) disseram que encontraram possibilidades para desenvolver leitura com
mais facilidade e desenvoltura.
Um (1) relata que as aprendizagens possibilitadas pela EJA o ajudou a conseguir
emprego.
Averiguando a questo facilidades encontrada aps retornar escola,
percebe-se que o ensino da EJA contribuiu de forma positiva com o desempenho da
leitura desses alunos. Ou seja, o maior objetivo, em geral, a ser alcanado pelo
aluno, o de ler, foi conquistado por quase todos os participantes. Em segundo lugar
a EJA contribuiu tambm ao elevar o nvel de formao escolar de um dos
participantes, que de forma motivadora foi estimulado a aprender e isso gerou
oportunidade de emprego, o que ele no deixou escapar.
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5 CONSIDERAES FINAIS
O principal objetivo deste trabalho foi elaborar o perfil do aluno da EJA em
algumas escolas da cidade de Picos. Conhecer quem so estes participantes dessa
modalidade de ensino. Que facilidades ou dificuldades os mesmos enfrentam na
trajetria de formao. Por quais motivos desistiram da formao escolar no tempo
certo.
Os alunos da EJA so pessoas que no tiveram oportunidade de estar
estudando no perodo devido por conta de alguns fatores scias que acabaram por
interferir na trajetria escolar. Grande parte dos sujeitos pesquisados tiveram que
trabalhar ao invs de estudar. Este um fator de ordem scio-econmica de
fundamental relevncia. Constata-se que h um mito no imaginrio popular sobre a
vontade individual de ascender na pirmide social. Muitas pessoas acreditam que a
vontade de estudar suficiente para o ingresso e a permanncia na escola. Porm
nesse pequeno universo pesquisado percebemos que a realidade no nada
potica. A lei da sobrevivncia muitas vezes obriga os alunos a optar pelo po de
cada dia. Portanto a desistncia.
A desistncia da formao no tempo certo atingiu nossos pesquisados por
motivos diversos, porm acreditamos que a escola tem uma grande parcela de culpa
no tocante a estimular os discentes para que os mesmos se sintam motivados a
continuar seus estudos. Nos chamou ateno o argumento falta de motivao ou a
ausncia de escolas perto de casa. Ora, se a escola representasse para os alunos
um lugar significativo, quem sabe houvesse menos desistncia e mais motivao
para ser da escola.
Ao regressarem para a escola depois de algum tempo ausentes dela, os
alunos encontraram algumas situaes que facilitaram esta readaptao ao contexto
escolar. No perfil traado foi indicado a questo da desenvoltura no ato da leitura.
Ou seja, h, em geral, um contentamento em relao a apropriao da leitura. Foi
muito gratificante o depoimento de um dos alunos que revelou ter conseguido um
emprego devido a evoluo do seu nvel de conhecimento na EJA..
O perfil desses sujeitos, nos revela um mundo particular. A realidade
que no cor de rosa, afeta diretamente e de forma vertiginosa o desempenho
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escolar destes sujeitos. No h como maquiar as constataes. O ideal, que seria a
escolarizao na idade certa no se concretizou. Porm, o regresso escola,
atrelado a busca por melhor qualidade de vida e de trnsito no contexto social est
tendo resultados exitosos. Apesar de tantas dificuldades encontradas no caminho, a
exemplo do que vimos nas falas dos sujeitos, os professores esto conseguindo
mobilizar prticas pedaggicas capazes de contribuir com a aprendizagem dos
alunos pesquisados. Eles voltaram escola. Depositam nela a esperana de
melhorar de vida.
Para concluir vou citar o pequeno poema escrito por minha orientadora sobre
os achados desta pesquisa em nossos momentos de reflexo sobre os sujeitos da
EJA.
Portanto,este perfil desenhou o retrato de um ator social. Encontramos nesse caminho um sujeito humano, filho de pais de poucas letras. Cheio de sonhos. Os caminhos tortuosos da vida o retirou da trilha chamada escola. Mas os ventos da histria o fizeram refletir sobre uma falta, uma ausncia. Bateu uma saudade. Mas do que isso, surgiu uma necessidade vital de mudar sua condio social e seu destino. Nosso sujeito de pesquisa decide voltar ao lugar da desistncia e fez desse lugar o lugar da persistncia. O nome do lugar? EJA (Silva Meijer).
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ANEXOS
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