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MONITORAMENTO E CONTROLE DA DENSIDADE POPULACIONAL DE FITOPATÓGENOS POR MEIO DE TÉCNICAS SUSTENTÁVEIS EM PEPINO (Cucumis sativus L., 1753) MONITORING AND CONTROL OF POPULATION DENSITY OF PHYTOPATHOGENS BY SUSTAINABLE TECHNIQUES IN PEPINO (Cucumis sativus L., 1753) Izadora de Souza Alves Almeida – [email protected] Marcos Augusto Santos Bazan – [email protected] Vitor Souza Marcondes de Andrade – [email protected] Graduandos em Engenharia Agronômica no UniSalesiano Lins Prof.ª M.ª Elizete Peixoto de Lima – [email protected]UniSalesiano Lins Prof. Harumi Hamamura – [email protected]UniSalesiano Lins RESUMO O pepino (Cucumis sativus L., 1753) é uma espécie herbácea, com potencial para produção de frutos o ano todo em ambiente protegido. Esse estudo teve por objetivo implantar o manejo integrado de pragas e doenças (MIPD) em parceria com a Koppert Biological Systems. Após o transplantio instalou-se armadilhas adesivas, para monitoramento da flutuação populacional e captura massal das pragas, onde os indivíduos foram identificados e contados para análises, discussões e tomadas de decisões entre os pesquisadores. Agroquímicos foram utilizados respeitando-se as regras de compatibilidade e período de carência. O emprego das técnicas de MIPD mostrou-se viável, contribuindo para a agro sustentabilidade, uma vez que as aplicações de agroquímicos foram reduzidas e o uso dos agentes biológicos de controle possibilitaram o manejo da densidade populacional de pragas no ambiente de cultivo, abaixo do nível de dano econômico, demonstrando que é possível produzir com relevante quantidade e qualidade. Palavras-chave: Cucumis sativus. Manejo Integrado. Sustentabilidade. ABSTRACT 1

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MONITORAMENTO E CONTROLE DA DENSIDADE POPULACIONAL DE FITOPATÓGENOS POR MEIO DE TÉCNICAS SUSTENTÁVEIS EM PEPINO

(Cucumis sativus L., 1753)

MONITORING AND CONTROL OF POPULATION DENSITY OF PHYTOPATHOGENS BY SUSTAINABLE TECHNIQUES IN PEPINO (Cucumis

sativus L., 1753)

Izadora de Souza Alves Almeida – [email protected] Augusto Santos Bazan – [email protected]

Vitor Souza Marcondes de Andrade – [email protected] em Engenharia Agronômica no UniSalesiano Lins

Prof.ª M.ª Elizete Peixoto de Lima – [email protected] – UniSalesiano LinsProf. Harumi Hamamura – [email protected] – UniSalesiano Lins

RESUMO

O pepino (Cucumis sativus L., 1753) é uma espécie herbácea, com potencial para produção de frutos o ano todo em ambiente protegido. Esse estudo teve por objetivo implantar o manejo integrado de pragas e doenças (MIPD) em parceria com a Koppert Biological Systems. Após o transplantio instalou-se armadilhas adesivas, para monitoramento da flutuação populacional e captura massal das pragas, onde os indivíduos foram identificados e contados para análises, discussões e tomadas de decisões entre os pesquisadores. Agroquímicos foram utilizados respeitando-se as regras de compatibilidade e período de carência. O emprego das técnicas de MIPD mostrou-se viável, contribuindo para a agro sustentabilidade, uma vez que as aplicações de agroquímicos foram reduzidas e o uso dos agentes biológicos de controle possibilitaram o manejo da densidade populacional de pragas no ambiente de cultivo, abaixo do nível de dano econômico, demonstrando que é possível produzir com relevante quantidade e qualidade.

Palavras-chave: Cucumis sativus. Manejo Integrado. Sustentabilidade.

ABSTRACTCucumber (Cucumis sativus L., 1753) is an herbaceous species with potential for fruit production all year in a protected environment. This study aimed to implement the integrated pest and disease management (IPDM) in partnership with Koppert Biological Systems. After transplanting adhesive traps were installed to monitor the population fluctuation and mass capture of the pests, where the individuals were identified and counted for analysis, discussion and researches decisions. Agrochemicals were used respecting the rules of compatibility and grace period. The use of IPDM techniques proved to be feasible, which contributes for the agro-sustainability, since the applications of agrochemicals were reduced and the biological control agentes use allowed the management of the population density of pests in the growing environment, below of the level of economic damage, demonstrating that it is possible to produce with relevant quantity and quality.

Keywords: Cucumis Sativus. Integrated Management. Sustainability.

INTRODUÇÃO

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Com origem em regiões tropicais ao norte da Índia e da África o pepino

(Cucumis sativus L., 1753) é uma espécie herbácea que pertence à família das

cucurbitáceas, com porte prostrado ou vertical quando usado o auxílio de suporte. O

pepino é uma hortaliça que agrada muito aos consumidores e pode ser ingerido em

saladas, conservas, sopas e sanduíches, além de ser utilizado na indústria de

cosméticos. Por isso desempenha grande função socioeconômica no agronegócio

brasileiro.

Nas últimas décadas, o cultivo de hortaliças em sistema de cultivo protegido

avançou significativamente no Brasil, devido à necessidade de produção de

alimentos com qualidade e durante o ano todo. Penteado (2010) aponta que o

cultivo em ambiente protegido proporciona um melhor manejo da cultura, tornando

possível o controle da temperatura e da umidade, o que pode diminuir a ocorrência

de pragas e doenças e ainda proteger a lavoura da ação dos fenômenos

meteorológicos como: chuvas, geadas e ventos fortes.

Como o uso de técnicas convencionais de combate a pragas e doenças vem

perdendo eficiência, surge a necessidade de experimentar novas estratégias com o

intuito de obter um melhor desempenho. A implantação dos princípios do manejo

integrado de pragas e doenças (MIPD) e de outros métodos que contribuam para a

manutenção dos inimigos naturais colaborarão para a produção de alimentos

saudáveis sem resíduos de pesticidas, além de reduzir a exposição dos agricultores

aos insumos agrícolas e os riscos de poluição ambiental.

O propósito desse estudo é aplicar as técnicas do MIPD juntamente com os

produtos biológicos como auxiliares do controle com produtos químicos.

Acompanhar a incidência de insetos por meio das armadilhas adesivas, objetivando-

se identificar o melhor momento e manejo a ser aplicado no combate a possíveis

pragas e doenças que possam surgir no cultivo do pepino (C. sativus L., 1753). Por

fim, com as informações obtidas e analisadas, espera-se apresentar os benefícios,

tanto das práticas do MIPD como do controle biológico.

1 Tipos de pepinos

O mercado dispõe de quatro tipos de pepino: o “caipira” (que possui os frutos

com coloração verde-claro ou escura, listas longitudinais e normalmente são

colhidos com 15 cm de comprimento e 6cm de diâmetro, são frutos saborosos e não

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amargos), o “conserva” (são colhidos de maneira antecipada, entre 5 a 7 cm de

comprimento, apresentam cor verde escura e são destinados a indústria), o “aodai”

(é o mais importante no que diz respeito ao volume de comércio, sendo consumido

em grande quantidade, principalmente na região metropolitana de São Paulo) e o

“japonês” (caracterizado por frutos compridos, entre 20 a 30 cm e com poucas

sementes). O produtor tem a sua disposição uma diversidade grande de híbridos, o

quais são mais produtivos, desenvolvem frutos de melhores qualidades e possuem

maior tolerância a doenças do que os não híbridos (FILGUEIRA, 2007).

1.1 Hábitos de florescimento

As cultivares presentes no comércio hoje apresentam florescimento de três

maneiras, sendo: monoico (flores masculinas e femininas na mesma planta,

unissexuadas, com número superior de masculinas), ginóico (desenvolvidas em

laboratório, são formadas quase que unicamente por flores femininas e necessitam

de plantas monoicas para o fornecerem o pólen) e partenocárpico (são plantas

híbridas, também ginóicas e criadas para serem cultivadas em casa de vegetação e

que não necessitam ser polinizadas) conforme descreve Filgueira (2007). Assim

como acontece nas plantas de abóbora, as flores de pepino, nos cultivares

tradicionais, são polinizadas pelas abelhas, isso é muito importante para o

desenvolvimento correto dos frutos, como é comentado por (SOUZA e SOUZA,

2014).

2 Características de solo, sistema de irrigação e tratos culturais recomendados

Conforme Penteado (2010), os solos mais indicados para um bom plantio do

pepino são os areno-argilosos, com altos teores de matéria orgânica, com boa

drenagem, com pH em torno de 5,5 a 6,5 e com boa fertilidade.

No cultivo protegido a irrigação por gotejamento é o método mais indicado

devido à alta taxa de eficiência no aproveitamento da água utilizada.

Visando a sustentabilidade da produção, a manutenção das características do

solo e a dinâmica de insetos, recomenda-se a rotação de culturas. Neste caso, o

pepino pode ser plantado logo após a colheita do tomate, possibilitando desta forma

o aproveitamento dos resíduos da adubação e o estaqueamento.

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Penteado (2010) menciona que as capinas podem ser dispensadas,

realizando apenas limpezas manuais na base da planta.

Um manejo cuidadoso deve ser realizado visando a obtenção de frutos nos

padrões exigidos pelo comércio (figura 1), com comprimento entre 20 a 30 cm e

diâmetro próximo a 3 cm. Com isso, a eliminação dos primeiros frutos (ainda

pequenos – no máximo 2 cm) dos três primeiros nós da haste principal, é

recomendada.

Figura 1: Fruto em ponto de colheita

Fonte: Autores (2017)

3 Pragas e doenças frequentes

As pragas mais comumente encontradas na cultura do pepino são: a Bemisia

tabaci biótipo B, é um minúsculo inseto conhecido como mosca-branca, que suga a

seiva e expeli um líquido açucarado que proporciona as condições ideais para o

ataque do fungo Capnodium sp. causador da fumagina; a vaquinha ou brasileirinho

(Diabrotica speciosa) - são besouros que na fase de larva se alimenta das raízes da

planta e quando adultos atacam as folhas e as flores; a broca dos frutos (Diaphania

nitidalis), que danificam praticamente toda a planta por se alimentar de folhas, brotos

novos, ramos e principalmente dos frutos; os pulgões Aphis gossypii e Myzus

persicae, que são possíveis transmissores de viroses, definham mudas e plântulas

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por injeção de toxinas e causam disfunções na fotossíntese por favorecer a

aparecimento da fumagina e os tripes, Thrips tabaci, Thrips palmi e Frankliniella

schultzei, os quais são insetos pequenos, sugadores do conteúdo celular,

transmitem vírus e deixam os frutos marcados por cicatrizes.

Já entre as doenças mais presentes destacam-se: o Oídio, causado pelo

fungo Sphaerotheca fuliginea, que causa manchas brancas na face abaxial das

folhas e é mais comum em estações frias, com baixa umidade relativa do ar e

temperatura amena, o Míldio ocasionado por outro fungo o Pseudoperonospora

cubensis, ocorrendo em umidades e temperaturas mais altas, causam manchas

amareladas na parte adaxial das folhas e os Mosaicos que são causados por vírus,

e que deixam as folhas amareladas e enroladas, as plantas nanicas e os frutos

deformados (CARVALHO et.al., 2013).

4 Técnicas sustentáveis de manejo

O MIPD busca manter um equilíbrio nos níveis de infestação de patógenos e

patologias. O objetivo é conciliar várias ações físicas, mecânicas, culturais,

genéticas, legislativas, biológicas ou químicas, preventivas ou corretivas a fim de

manter o controle e produzir em quantidade e com qualidade sem danificar a

natureza. Em outras palavras o MIPD visa planejar e traçar táticas que consistem no

conhecimento total da praga ou enfermidade da planta, estudando e monitorando a

presença de patógenos, de inimigos naturais, as variações do clima, as condições

da estufa e surgimento de doenças, agindo com antecedência e com o método mais

economicamente indicado, eficaz e sustentável.

De acordo com Souza e Souza (2014) doenças e pragas podem ser

controladas harmonicamente num sistema de cultivo protegido com o uso de

inimigos naturais, limitando as infestações e consequentemente reduzindo

seguramente as perdas da cultura.

O controle biológico é realizado em um ambiente equilibrado, de forma

natural, ou seja, na natureza a relação de alimentação entre os organismos se

encarrega de manter um autocontrole. E essa regulação natural de indivíduos ocorre

entre limites mínimos e máximos, em um determinado prazo, por uma fusão de

elementos naturais classificados como bióticos e abióticos. A atividade de inimigos

naturais se dá por meio da ação de predadores que lesionam o organismo em

questão, a qual está classificada dentre os fatores bióticos. Sendo assim, os autores

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concluem que o controle biológico acontece por meio da utilização de inimigos

naturais para manter a população de uma espécie considerada praga dentro do nível

de controle, ou seja, abaixo do nível em que essa praga poderia causar danos

econômicos para a produção (MORAES E FLECHTMANN, 2008). (SOUZA e

SOUZA, 2014).

Conforme relatado por Souza e Rezende (2014) algumas medidas de controle

de doenças podem agir no inóculo inicial, sobre a taxa de desenvolvimento da

doença ou ainda em ambos, outras precauções podem ser tomadas em relação a

época de plantio ou colheita, desfavorecendo assim a atuação dos vetores e

patógenos. Entre as medidas a serem implantadas destacam-se: a rotação de

culturas, tratamento pós-colheita e tratamento do solo (biológico e químico), a

escolha da época de plantio, o emprego de sementes e mudas sadias, o uso de

cultivares de ciclo precoce e a eliminação de plantas doentes.

5. Metodologia

O estudo foi realizado no município de Lins-SP, na Fazenda Experimental do

UniSalesiano, em estufa tipo Londrina, com 640 m², com 11 ruas de 26 metros cada

(figura 2). A empresa Koppert Biological Systems participa como parceira,

fornecendo os produtos biológicos que foram utilizados. No dia 04 de agosto foram

transplantadas 500 mudas da variedade Taikô da empresa Sakata Seed.

Figura 2: Ambiente de cultivo antes do plantio

Fonte: Autores (2017)

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Após o transplante das mudas (figura 3), as Horiver® (armadilhas adesivas)

foram instaladas primeiramente em pontos estratégicos de coletas de dados, de

maneira que ficassem homogeneamente distribuídas no ambiente de cultivo,

especialmente próximo a porta de entrada, nas bordaduras laterais e nos fundos, a

distância de 30 cm do ápice das plantas (figura 4), para que a flutuação populacional

de pragas e vetores seja acompanhada. Essas armadilhas são trocadas e

reposicionadas sempre que preciso, de acordo com a quantidade de insetos

capturados e a fenologia das plantas.

Figura 3: Mudas transplantadas em 04/08/17

Fonte: Prof.º Harumi Hamamura

Figura 4: Horiver® instaladas para monitoramento e captura massal de insetos

Fonte: Autores (2017)

Logo após, foi feita a aplicação de 10 litros de calda bordalesa na

concentração de 1,5 g/L de Sulfato de Cobre + 10 gotas de Óleo Pirolenhoso, sendo

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repetida após 15 dias, com o objetivo de prevenir doenças fúngicas e bacterianas.

As informações relativas à identificação e quantificação dos indivíduos obtidas

através da presença dos insetos nas armadilhas adesivas (Horiver®) e em três

plantas próximas foram anotadas em caderno de campo e compartilhadas com os

orientadores e posteriormente com os técnicos da empresa Koppert Biological

Systems, para análise e tomada de decisões.

Empregou-se o uso de agroquímicos juntamente com o controle biológico,

sempre respeitando a compatibilidade entre os produtos, de modo a não danificar e

manter a eficiência dos agentes biológicos.

As visitas ao ambiente de cultivo aconteceram diariamente e o monitoramento

da densidade populacional de pragas ocorreu duas vezes por semana desde o dia

04/08/17 até o dia 20/11/17 quando se realizou a última colheita. Durante o ciclo de

desenvolvimento da cultura realizou-se o transplante das mudas, o tutoramento e a

poda das plantas, a coleta de solo para análise de nematoide, a contagem e

identificação de insetos e a colheita dos frutos. Conforme as necessidades da

cultura, as decisões em relação ao método de controle de insetos foram tomadas

nas seguintes datas:

• 06 /09 /17, devido a um grande ataque de pulgão (Aphis gossypii), foi necessário

realizar uma aplicação de Imidaclopride, um produto químico, porém, compatível

com os produtos biológicos que foram utilizados. A ação foi repetida no dia 20 /09

/17.

• 12 /09 /17 foram iniciadas, via drench, as pulverizações com um fungicida e

nematicida biológico contendo conídios do fungo Trichoderma harzianum, por nome

comercial de Trichodermil®. O tratamento ocorreu semanalmente até o dia 25 /10

/17, quando aplicações passaram a ser via gotejo e quinzenalmente.

• 14/09 Sucedeu um segundo transplantio, sendo inseridas 251 mudas em área que

havia ficado livre no ambiente de cultivo. Com a intenção de controlar uma

infestação de ácaro vermelho (Tetranychus ludeni) empregou-se o uso de

Abamectina, um produto químico, e assim como o Imidaclopride, compatível com os

defensivos biológicos.

• 29/09/17 deu-se início às pulverizações com inseticida composto por conídios do

fungo Beauveria bassiana, comercializado como Boveril®. No mesmo dia, associado

ao Boveril®, utilizou-se o inseticida microbiológico contendo como ingrediente ativo

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conídios do fungo Metarhizium anisopliae, denominado Metarril®. O tratamento foi

mantido até o final da safra.

6. Resultados e Discussões

Com duas aplicações de Imidaclopride e uma de Abamectina, durante

praticamente toda a safra, pode-se dizer que o emprego dos produtos químicos foi

mínimo, alcançando desta forma o objetivo de diminuir os riscos à saúde produtor e

do consumidor, bem como os danos ambientais.

A alta infestação de Bemisia tabaci (mosca branca) e Aphis gossypii (pulgão)

foram problemas de difícil manejo. Contudo, a utilização dos produtos biológicos

forneceu resultados consideráveis na manutenção da densidade populacional

dessas pragas, o que possibilitou a colheita de frutos com qualidade comercial e

uma produtividade final de 2.854,40 Kg/640m² ou 44,6 t/ha.

No primeiro controle realizado em 06/09/17, devido a uma alta infestação de

pulgões (A. gossypii) e por não haver um produto biológico registrado para estes

insetos foi necessário o uso do inseticida Imidaclopride, do grupo químico

neonicotinóide, que apresenta uma ação sistêmica de contato e ingestão, indicado

para o controle de pragas em diversas culturas.

A pulverização com Imidaclopride, foi repetida no dia 26/09/17, controlando

satisfatoriamente a população de pulgões. Neste intervalo de tempo as pragas

primárias mais encontradas no cultivo, foram a Thrips spp. e Bemisia spp, conforme

observa-se na figura 6, porém as mesmas se mantiveram em um nível no qual não

foi mais necessário o controle químico.

Figura 6: Flutuação da densidade populacional de Thrips spp e Bemisia spp de 08 de agosto a 26 de setembro de 2017.

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Fonte: Autores (2017)Nota-se que a densidade populacional de Thrips spp foi mais expressiva que

a de Bemisia spp, especialmente no mês de setembro. Acredita-se que o clima mais

quente e seco e a fase fenológica das plantas favoreceram o aumento do número

desses indivíduos.

Após o segundo transplantio de 251 mudas que ocorreu em 14/09, as

pulverizações com produtos biológicos foram iniciadas em 29/09/17 e realizadas

semanalmente. Para as pulverizações via drench utilizou-se os inseticidas biológicos

Boveril® e Metarril®.

Nota-se pela figura 7, que no intervalo de 28/09 (início das pulverizações

biológicas) a 31/10, a colonização dos insetos pelos fungos entomopatogênicos,

ocorreu gradativamente e a cada nova pulverização o controle das pragas foi

mantido num nível absolutamente satisfatório, não comprometendo o florescimento e

frutificação.

Figura 7: Flutuação da densidade populacional de Thrips spp e Bemisia spp de 28 de setembro a 14 de novembro de 2017.

10

08/ago

10/ago

14/ago

17/ago

22/ago

24/ago

29/ago

31/ago

05/set

08/set

12/set

14/set

19/set

21/set

26/set

2017

050

100150200250300350400

Thrips spp. Bemisia spp.

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Fonte: Autores (2017)

No entanto, a partir do dia 02/11/17 próximo ao final da safra, fim do ciclo e

definhamento das plantas, encerrou-se as pulverizações com os produtos biológicos,

pois entendeu-se que não valeria mais a pena dar continuidade no controle e

consequentemente houve aumento da densidade populacional de Thrips spp e de

Bemisia spp.

Após esse período eliminou-se as plantas deixando limpo o ambiente de

cultivo para posterior cultivo.

CONCLUSÃO

O emprego das técnicas de MIPD mostrou-se viável, pois contribuiu para um

cultivo mais sustentável, uma vez que as aplicações de agroquímicos foram

reduzidas e o uso dos agentes biológicos de controle possibilitaram o manejo da

densidade populacional de pragas no ambiente de cultivo, abaixo do nível de dano

econômico, demonstrando que é possível produzir com relevante quantidade e

qualidade.

Um novo experimento será realizado para que, com os parâmetros obtidos

até então, os dados sejam analisados e confrontados, com o intuito de chegar a

níveis mais elevados de controle.

REFERÊNCIASCARVALHO, A. D. F.; AMARO, G. B.; LOPES, J. F.; VILELA, N. J.; MICHEREFF FILHO, M.; ANDRADE, R. A cultura do pepino. Brasília: MAPA, 2013. 18p. (Circular Técnica 113)

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28/set 03/out

05/out

11/out

17/out

19/out

24/out

31/out

02/nov

07/nov

09/nov

14/nov

2017

0

100

200

300

400

500

600

700

800

900

Tripes spp. Bemisia spp.

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FIGUEIRA, F. A. R. Novo Manual de Olericultura: Agrotecnologia Moderna na Produção e Comercialização de Hortaliças. 3. Ed. Viçosa-MG, UFV, 2007.

GARCIA, F. R. M. Zoologia Agrícola: Manejo Ecológico de Pragas. 4. Ed. Porto Alegre-RS, Rígel, 2014.

MORAES, G. J.; FLECHTMANN, H. W., Manual de Acarologia Básica e Ácaros de Plantas Cultivadas no Brasil. Ribeirão Preto-SP, Holos, 2008.

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SOUZA, J. L. de; RESENDE, P. Manual de Horticultura Orgânica. 3. ed. Viçosa: Aprenda Fácil, 2014.

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