Cancer

7/17/2019 Cancer

http://slidepdf.com/reader/full/cancer-568e771854028 1/12

A “maldição” do câncer

que afeta centenas demilhares de pessoas noBrasilPor: Sue Armstrong

18 de setembro de 21! "s 1#$

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A surpreendente descoberta que centenas de milhares de

brasileiros possuem uma mutação genética que enfraquece a

habilidade de resistir ao câncer está ajudando laboratórios do

mundo inteiro em suas pesquisas sobre o tratamento contra adoença.

http://gizmodo.uol.com.br/author/sue-armstrong/

http://mosaicscience.com/story/brazils-cancer-curse




http://gizmodo.uol.com.br/author/sue-armstrong/

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%edro &omes ' um homem bai(o de ) anos* forte* rosto coradoe com braços de trabalhador queimados pelo sol+ ,le -este umacamisa preta de manga curta* .eans e um bon' de beisebol+&omes est/ preocupado com um pequeno caroço no dedo* di0

ele " m'dica aria sabel Achat0* uma geneticista de câncer+%ondo as mãos dele sobre a pr3pria para obser-ar melhor*Achat0 con-ersa gentilmente com o homem e depois se afastapara inspecionar outra pequena lesão atr/s da orelha dele+

&omes ' um dos pacientes de Achat0 no A+4+4amargo 4ancer4enter* conhecido como 5ospital do 4âncer* em São %aulo+ ,le 'e(traordinariamente suscet6-el ao câncer* assim como muitos

membros da fam6lia dele+ 7 câncer ' comum entre eles e amorte prematura ' algo dolorosamente familiar e at'recentemente* quando descobriram a causa* acredita-a9se quea fam6lia fosse amaldiçoada+

A fam6lia &omes não ' a :nica afetada+ A ;maldição< afetacentenas de milhares de pessoas no Brasil+ =m dos maisconhecidos foi >os' Alencar* o -ice9presidente popular ecarism/tico de ?ui0 n/cio ?ula da Sil-a+ Alencar morreu em

211 depois de ter sido diagnosticado com câncer em 1@@+ odecorrer dos anos* conforme tumores se espalha-am pelo corpodele* Alencar se submeteu a mais e mais operaçCes no Brasil enos ,=A* tendo o rim* parte do estDmago e grandes porçCes dointestino remo-idas+ 7 -ice9presidente con-ersa-a abertamentesobre a doença e usa-a da pr3pria e(periEncia para promo-er otratamento pre-enti-o do câncer+

7 que &omes* Alencar e outros brasileiros tEm em comum 'uma :nica mudança no FA uma mutação no gene chamadop!$ que debilita a habilidade de resistir ao câncer+

O gene guardião

7 p!$ se tornou o gene mais importante no câncer* e tem setornado uma das /reas mais populares no estudo da hist3ria da

biologia molecular+ 7 gene foi descoberto em 1@@ por Fa-id?ane* enquanto ele trabalha-a no mperial 4ancer Gesearch

http://www.accamargo.org.br/




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Hund* em ?ondres* e coincidentemente o gene tamb'm foidescoberto no e(ato mesmo per6odo por trEs outros gruposindependentes trabalhando nos ,=A e na Hrança* liderados porArnold ?e-ine* ?loId 7ld e %ierre aI+

7 p!$ ' um supressor de tumores+ 7 trabalho dele ' nosproteger do câncer ao garantir que* quando nossas c'lulas sedi-idem como parte da rotina de crescimento e manutenção dosnossos corpos* elas façam isso sem cometer erros perigosos+ Seo FA o manual de instruçCes da c'lula for daniJcado ounão for copiado enquanto se di-ide para produ0ir no-as c'lulas;Jlhas<* o p!$ interrompe a c'lula durante o processo e a en-ia

para reparos antes de permitir que a di-isão prossiga+ Se osdanos no FA forem irrepar/-eis* o p!$ coloca a c'lula emestado de ;senescEncia replicati-a< para que ela não se di-idamaisK ou ele a orienta a cometer suic6dio+

Furante nossa -ida* uma pessoa ir/ -i-er por cerca de 1+trilhCes de di-isCes celulares* e apenas uma c'lula falha podeiniciar um tumor L assim a importância deste gene se torna maisclara+ %or causa de seu papel -ital no controle de qualidade*

Fa-id ?ane nomeou o p!$ ;o guardião do genoma<+ 7 gene porsi s3 ' desabilitado pela mutação ou por qualquer outromecanismo falho em quase qualquer caso de câncer humano+

Muase sempre a alteração do p!$ ocorre espontaneamente emc'lulas indi-iduais ou tecidos que receberam algum tipo de danodurante a -ida* e isso pode direcion/9lo para o caminho docâncer um risco que aumenta quanto mais -i-emos+ as

algumas pessoas nascem com os genes p!$ corrompidos emcada c'lula do corpo* e são e(tremamente -ulner/-eis aocâncer desde seus primeiros dias de -ida+

A s6ndrome de ?i9Hraumeni* como a condição ' conhecida Nela foirelatada pela primeira -e0 por HredericO ?i e >oseph Hraumeni em1@)@P* tem di-ersas caracter6sticas not3rias+ As pessoasafetadas por ela são particularmente sucess6-eis a sarcomas dostecidos moles e ossos* cânceres do c'rebro e mamas*

leucemia e carcinomas das glândulas adrenais+ ,ssas

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pessoas geralmente desen-ol-em câncer em idadese(cepcionalmente menores* e at' o in6cio dos anos 2*quando aria sabel Achat0 começou a receber pacientes emsua cl6nica de gen'tica do câncer* acredita-a9se que a s6ndrome

de ?i9Hraumeni era muito* muito rara+

No Brasil

Muando era .o-em* Achat0 dei(ou a fam6lia no Gio para estudarartes em %aris+ as uma -iagem " Qndia com colegas de classedurante as f'rias da faculdade se tornou uma e(periEncia quemudou a -ida dela+ ,nquanto -isita-a uma colDnia de leprososem um local deserto na fronteira da 4a(emira* ela conheceu amission/ria que comanda-a o lugar# adre Reresa+ “Hoi umencontro incr6-el* e eu pensei* ;Bem* eu s3 preciso -oltar e fa0eralgo que -alha a penaT”* di0 Achat0+ Muando retornou ao Brasil*ela estudou medicina* e-entualmente se especiali0ando emgen'tica+

Fos pacientes que ela recebe na cl6nica* estão um n:mero de

pessoas que ./ sofreram m:ltiplas crises de câncer* geralmenteiniciadas durante a infância* e seus tumores eram tipicamentecânceres normalmente -istos em pessoas com a s6ndrome de ?i9Hraumeni+ Al'm disso* quando ela desenhou com detalhes as/r-ores geneal3gicas dos pacientes uma rotina praticada emalgumas doenças gen'ticas ela descobriu rastros de câncerentre os familiares* chegando a geraçCes anteriores+ Rodos elestinham marcas da ?i9Hraumeni* mas Achat0 esta-a perple(a# “e

assustou porque ela era considerada uma s6ndrome muito rarano mundo+ ,(istiam apenas 28 fam6lias descritas na literaturam'dica daquela 'poca* e eu tinha $+ ,ntão eu pensei* ;7u euestou diagnosticando demais ou algo :nico est/ acontecendoaqui”+

7s colegas de Achat0 Jcaram tão intrigados quanto ela com oque esta-a acontecendo na cl6nica e a encora.aram a le-ar essahist3ria a uma conferEncia sobre o câncer na Hrança* em 22+

?/* ela Jsgou a atenção de %ierre 5ainaut* um homem belga alto

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que usa-a 3culos e trabalha-a na AgEncia nternacional de%esquisa do 4âncer da 7rgani0ação undial da Sa:de N7SP*em ?Ion+ 5ainaut era respons/-el pela base de dados de todasas diferentes mutaçCes do gene p!$ registradas na literatura

m'dica* e os tipos de câncer com que cada mutação esta-aassociada+ 4iente de seus registros de e(trema raridade das6ndrome de ?i9Hraumeni* ele Jcou fascinado pelas anotaçCes deAchat0+ ,le persuadiu a .o-em doutora a retornar " Hrança comamostras de sangue dos pacientes brasileiros e trabalhar comele para identiJcar o que ha-ia de errado nos genes p!$ deles+

7s dois pesquisadores iriam se surpreender+ %oucos destes

pacientes tinham mutaçCes ;cl/ssicas< do p!$ associadas aoscasos de ?i9Hraumeni pelo mundoK a conclusão inicial de Achat0foi que ela tinha diagnosticado demais a doença+ as inspeçCesmais detalhadas re-elaram que muitos dos pacientes tinhammutaçCes que Jca-am fora de qualquer ponto conhecido por-ulnerabilidade do gene+ Al'm disso* todos os pacientes comessa mutação :nica carrega-am a e(ata mesma c3pia do gene+

A cerca de 1+2 Om ao sul de São %aulo* %atr6cia %rolla uma

geneticista do câncer trabalhando em %orto Alegre tamb'mencontrou um n:mero incomum de pacientes com a s6ndromede ?i9Hraumeni+ , quando estes pacientes re-elaram ter amesma mutação do gene p!$ que os pacientes de Achat0* %rollae 5ainaut resol-eram descobrir quão pre-alente ela pode ser napopulação geral+ ,les testaram o sangue de uma grandeamostra de mulheres aparentemente saud/-eis que iniciaramum programa pre-enti-o de câncer de mama em uma cl6nica de

%orto Alegre e descobriram que cerca de $ delas tinham umgene p!$ falho+ ,sse resultado surpreendente foi conJrmado porum outro programa de triagem com cerca de 2+ milr'cem9nascidos no estado do %aran/* onde m'dicos lida-amcom altos n6-eis de câncer da glândula adrenal em criançaspequenas+ Fe no-o* isso esta-a conectado a mesma mutação dop!$+

“sso signiJca que a população do sul e sudeste do Brasilpossu6am um imenso n:mero de hospedeiros da s6ndrome de ?i9

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Hraumeni* pro-a-elmente mais de $+U* di0 Achat0+ “Aspessoas apenas não sabiam disso* então ' poss6-el que muitoscânceres ocorriam na população em geral de-ido a essamutação que as pessoas não conheciam”+

, isso não ' apenas no Brasil+ uito recentemente* a mesmamutação foi encontraram no %araguai* onde geneticistasaleatoriamente testaram 1+ amostras de sangue de r'cem9nascidos+ 7 resultado sugeriu que ali tamb'm e(istiam milharesde pessoas que poderiam conter a s6ndrome de ?i9Hraumeni+

O paciente zero

Se milhares de pessoas compartilham a mesma mutaçãogen'tica* isso não ' uma coincidEncia+ Fe-e e(istir um“fundador”* um homem N' o que pensamP com a ?i9Hraumenique passou a mutação a sua prole* iniciando a passagem porgeraçCes a -ir+

ão sabemos o nome do hospedeiro original* o ancestral comum

dos hospedeiros de ho.e* nem de onde ele -eio ele pode tersido um imigrante europeu+ Acredita9se que o gene falho -ia.oupor rotas abertas na costa do interior por e(ploradores* colonose militares+ =ma ideia ' que o fundador era um tropeiro*membro de um grupo de comerciantes nDmades que -ia.am demula entre assentamentos carregando produtos e fofocas e acorrespondEncia do s'culo VW e VW+ ?onge de casa pela maiorparte do tempo* o tropeiro dei(a-a uma trilha de namoradaspelo caminho* o que seria a oportunidade ideal para passarestes genes+ =ma das maiores fam6lias de ?i9Hraumeni de Achat0tem ancestrais tropeiros+

as 5ainaut acredita que um candidato mais plaus6-el para o;paciente 0ero< seria um militar ou um bandeirante um dosperigosos a-entureiros que procura-am por escra-os nati-ospara -endE9los e por minerais preciosos+ Muando o ouro foidescoberto no s'culo VW* a corrida foi para adquirir o territ3rio

antes da ,spanha+ Ranto os bandeirantes quanto os ser-idoresdo go-erno J0eram isso de forma acalorada* criando rotas para

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o interior e criando -ilas durante o percurso+ =m mapa dadistribuição da mutação fundadora corresponde a estas rotas+

Se o fundador esti-esse carregando uma das mutaçCes cl/ssicas

da s6ndrome de ?i9Hraumeni* ' impro-/-el que os genes seespalhariam tanto+ 7 risco de desen-ol-er câncer durante a -idapara pessoas com essa mutação chega aos @X e as pessoasque nascem com eles tEm uma chance redu0ida de criar umafam6lia+ N,ssa ' uma das ra0Ces pela qual tão poucos casosha-iam sido registrados na literatura m'dica quando Achat0começou a -er a s6ndrome em sua cl6nicaP+ 7 risco de câncerdurante a -ida com a mutação brasileira ' de !X a X e*

parado(almente* ' esse fator mais male/-el que permitiu queela se espalhasse tanto* afetando um n:mero tão grande depessoas+ A maioria dos hospedeiros sobre-i-e por tempo osuJciente para passar o gene para seus Jlhos* e alguns nemmesmo chegam a desen-ol-er o câncer+

Estudos

7 A+4+4amargo 4ancer 4enter Jca em um bairro pobre de São%aulo* com ruas estreitas e pequenas lo.as e restaurantes+ ,mseus modernos laborat3rios* que dominam a região* estãoarma0enadas as maiores coleçCes de amostras de tumor da/rea $+ amostras de tecidos preser-adas em blocos deparaJna* meticulosamente rotulados e arqui-ados em arm/rios+

Ao estudar estas amostras de tumor* Achat0 e seus colegastentam entender como o p!$ funciona nas pessoas em -e0 deestud/9lo em ratos de laborat3rio* e como o câncer desen-ol-equando um gene para de funcionar adequadamente+ %ore(emplo* aos 18 anos* uma paciente de Achat0 desen-ol-eu 1Ytumores diferentes+ Amostras foram retiradas de muitos destestumores e agora pesquisadores podem e(aminar as diferençasentre o FA do tecido cancer6geno e das c'lulas normais damulher+

,nquanto isso* a colega de Achat0 no A+4+4amargo* HernandaHortes* quer saber porque as crianças com a mutação brasileira

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do p!$ tEm pelo menos 1( mais chances de adquirir câncer deglândula adrenal do que a população em geral+ ,* assim comonem todas as crianças com a mutação desen-ol-em o câncer* oque ' diferente nas que desen-ol-emZ Ao analisar o maior

n:mero de amostras de tecido poss6-el dessas crianças* Hortespretende descobrir+ ,la ./ sabe que a acide0 das c'lulastumorais delas ' maior que o normal+ , ela sabe que isso 'signiJcante mas quão signiJcante e de qual formaZ ,ssamaior acide0 ' uma causa ou consequEncia da malignidadeZ

sso ' parte de um t3pico muito maior que est/ animando acomunidade pesquisadora do p!$ agora# o papel do

metabolismo no câncer* e pelo que parece o supressor docâncer tem um papel importante tamb'm+

Metaboliso e c!ncer

7 metabolismo anormal em c'lulas cancer6genas não ' umano-a descoberta+ a d'cada de 1@2* o bi3logo alemão em'dico 7tto [arburg notou que as c'lulas de câncer

conseguem enormes quantidades de glicose+ ,le descobriu queenquanto a maior parte das c'lulas normais quebra a glicose eentrega seus produtos a mitocDndria a fonte de energia dasc'lulas onde eles são queimados para produ0ir energia* asc'lulas de tumores suprimem parcialmente a ati-idade damitocDndria e usam mais da glicose para criar blocos de no-asc'lulas+ ,sse processo metab3lico* conhecido como glic3liseanaer3bica* usa cerca de 2 -e0es mais glicose que a respiração

mitocondrial para produ0ir a energia que as c'lulas precisam -ide o apetite -ora0 das c'lulas cancer6genas por glicose+

[arburg acreditou que este metabolismo alterado era a causado câncer* e e(plicou isso em um estudo de 1@!)+ as essateoria pro-ocati-a foi rapidamente esquecida em fa-or dare-olução da biologia molecular* assim que animados cientistascomeçaram a procurar pelas causas de tudo no FA+ 7e(cessi-o apetite por glicose No chamado efeito [arburgP* eles

di0em* era uma consequEncia da transformação maligna das

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c'lulas* não uma ra0ão+ as agora a e-idEncia mostra que ometabolismo* de fato* tem um papel importante nodesen-ol-imento de um tumor+ =m trabalho recente sobre o p!$di0 5ainaut* mostra que* de fato* fatores do metabolismo são

“absolutamente fundamentais para a biologia do câncer”+

,(istem suspeitas desde 1@@ que o p!$ est/ en-ol-ido nometabolismo* mas nunca foi claro como isso se encai(a-a naação do gene como supressor de cânceres+ ,m 2!*entretanto* cientistas do nstituto acional de Sa:de dos ,=Acompararam a resistEncia de ratos normais com ratos sem ogene p!$+ 7s ratos foram colocados dentro de um balde d</gua

e aqueles sem o p!$ afundaram muitos mais r/pido que osnormais# claramente eles ti-eram diJculdades para gerarenergia o suJciente para \utuar+ ,ntão* o que ' que aconteceZ

,m seu laborat3rio no nstituto Beatson* em &lasgo]* ^arenWousden e seus companheiros de pesquisa descobriram que*normalmente* o p!$ tem um papel sutil nos bastidores+ ão 'apenas obser-ar e esperar por c'lulas potencialmente perigosaspara então elimin/9las* mas* sim* a.ud/9las a e-itar e sobre-i-er

coisas que podem daniJc/9las isso '* coisas que podem ati-ara resposta anti9tumor+ ,m outras pala-ras* o p!$ fa0 um .ogoduplo# ele promo-e a sobre-i-Encia sob algumas condiçCes* masquando ele sente que as coisas estão saindo fora do controle*chama o esquadrão da morte+

A forma como o p!$ promo-e a sobre-i-Encia* e(plica Wousden*' como um regulador do metabolismo* a.udando as c'lulas a

lidar com \utuaçCes do suprimento de combust6-el+ “sso podeser algo que acontece o tempo todo* e -ocE nãonecessariamente ir/ querer matar toda c'lula quetransitoriamente não tem glicose o suJciente+ ,ntão emalgumas situaçCes* ' bem claro que o p!$ a.uda as c'lulas asobre-i-er+ , fa0 isso ao permitir que elas reorgani0em o pr3priometabolismo”+

4omo um regulador b/sico do metabolismo* o p!$ a.uda as

c'lulas a resistir ao efeito [arburg e(ceto em emergEncias+ ,le

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tamb'm a.uda a limpar o caminho de radicais li-res osderi-ados de aç:car transformados em energia pela mitocDndria e ainda encora.ando a sobre-i-Encia das c'lulas ao limitar osdanos que essas part6culas podem fa0er ao FA+ as se o

supressor de tumores não est/ funcionando* radicais li-resdanosos podem proliferar e c'lulas corrompidas Jcam li-respara in-adir o maquin/rio respons/-el pelo metabolismo ealterar para um maior consumo de glicose* que au(ilia em suareplicação+ Assim ' criado o câncer+

,ssa linha de pesquisa sobre anomalias metab3licas do cânceroferece algumas perspecti-as tentadores aos pacientes+ %or

e(emplo* e se pud'ssemos adquirir tudo no arm/rio de rem'diosque ofereçam soluçCes a doenças metab3licas e reprogram/9loscomo no-as formas de tratamento do câncerZ “WocE nãopassaria nem dos testes cl6nicos”* di0 Wousden* “porque estesrem'dios ./ são usados h/ anos em milhCes de humanos”+

_ uma ideia que muitos laborat3rios do mundo* inclusi-e o delae o de 5ainaut* na Hrança* ./ e(ploram com metformina* a drogapara diabetes mais prescrita* que mira no metabolismo falho da

glicose+ %essoas com diabetes tEm geralmente um risco maiorde adquirir câncer* mas m'dicos começaram a notar que o riscode câncer no longo pra0o nos usu/rios de metformina pareciamenor do que o restante da população sem diabetes+ %oderiaessa droga ter um efeito de proteçãoZ ,(perimentos emlaborat3rios mostraram* de fato* que ela era t3(ica a c'lulascancer6genas+

“,(istem pontos bons e ruins”* a-alia 5ainaut+ “A metforminapode ser introdu0ida ao tratamento de câncer com facilidadeporque ela ./ est/ no mercado e e(istem muitos e(perimentosde pacientes que a usaramK ela ' segura* compro-ada e f/cil deadministrar+ ,la tem todas as caracter6sticas para aplicar umgolpe r/pido no tratamento contra o câncer se ti-er um efeitopositi-o+ as em termos de administrar a fraque0a de glicosenas c'lulas cancer6genas* ela não ' tão forte assim”+

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A metformina ./ ' testada al'm do laborat3rio* em testescl6nicos com pacientes de câncer em muitos centros do mundo*e 5ainaut encora.a Achat0 a test/9la com alguns de seuspacientes+ as m'dicos e cientistas sabem dos riscos que essa

pesquisa pode tra0er as fam6lias da s6ndrome de ?i9Hraumeni* eos perigos que esperanças prematuras podem tra0er as pessoasdesesperadas por resultados+

"uturo

Fesde a descoberta do gene p!$ mutante em muitos dosmembros da grande fam6lia de %edro &omes* eles lutam cadaum de sua pr3pria maneira para lidar com as implicaçCes queisso tra0 a eles e aos seus entes queridos+ 7 irmão de &omes* oprefeito de uma pequena cidade do interior de São %aulo* fe0 ume(ame de sangue* mas não quis saber do resultado+ Hoi apenasquando a Jlha dele foi diagnosticada com câncer de mama na-'spera do casamento dela que ele percebeu que não poderiaescapar da realidade+ 7 casamento foi adiado enquanto ela serecupera-a de uma mastectomia dupla* e ho.e ela atormenta o

pai para acompanh/9la em seus e(ames anuais ao A+4+4amargo+

Fuas das sobrinhas do prefeito tamb'm carregam o genemutante+ =ma di0 que o diagn3stico “mudou a minha -ida parasempreK me tornou louca”+ ,la tem medo dos e(ames anuais*que le-am tempo* são in-asi-os e estressantes* conforme elaespera pelos resultados* sempre esperando por not6cias ruins* ./que perdeu a mãe para o câncer de mama+ ,la sofre pelo Jlho

mais no-o* que ainda não passou por e(ames* e sofre tamb'mpela moralidade de ter mais Jlhos* que ela e o marido queremmuito* e sobre a possiblidade de perder os o-/rios* :tero emamas para o câncer antes de poder tE9los+ Sua prima* quetamb'm quer Jlhos* ' mais Jlos3Jca# o que ti-er de ser ser/* eladi0+ Muando ela recebeu a not6cia de que tinha os genesmutantes* o choque que ela poderia ter sentido pelo pai L querecebeu o teste na mesma hora L foi suplantado pelapreocupação sobre a intensa a\ição que a mãe sentia pelafam6lia+

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Achat0 sabe bem dos problemas emocionais que as fam6lias das6ndrome de ?i9Hraumeni que ela -E todos os dias em sua cl6nica+“_ bem claro para mim que faço ciEncia para tratar meuspacientes”* ela di0+ “Rudo o que eu faço ' para saber como isso

os afetar/”+

, quanto ao uso daquele rem'dio de diabetesZ “,ntre a pro-ado princ6pio que a metformina funciona em humanos e saber asdoses e condiçCes a serem aplicadas e(istem muitos passos”*di0 %ierre 5ainaut+ “as eu espero mesmo que ela funcione pelo menos para os brasileiros”+

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