Cap 03 Renascimento Cultural

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 1 R ENASCIMENTO CULTURAL - Por que o termo Renascimento? Inspiração na antiguidade clássica. Inspiração não é retorno. - Transformação cultural desencadeada entre os séculos XIV e XVIII, e que faz parte do conjunto de transformações que atingiu a Europa na passagem da Idade Média para a Idade Moderna, período de transição do feudalismo para o capitalismo. Período de mudanças na sociedade, na cultura, na política e na economia. Transição da cultura medieval para a moderna, rompendo o monopólio cultural da Igreja. - Berço do Renascimento: Itália (Gênova, Veneza, Florença). - Primeira manifestação de cultura burguesa, laica, racional e científica. -  Não foi uma ruptura, mas sim transição. - Aprofundamento de uma série de renascimentos desencadeados desde o séc. XI, pois a influência greco-romana fez sentir-se por toda a Baixa Idade Média. • Fatores que geraram o Renascimento e a proeminência da Itália: - O renascimento comercial pelo Mar Mediterrâneo. Reativou o intercâmbio cultural entre o Ocidente e o Oriente. - Itália ocupava posição geográfica estratégica. Gera desenvolv imento econômi co das cidades italianas e faz surgir forte burgues ia mercantil , que exerce u mon opó lio do comérc io de especi ari as ori ent ais (cr avo, canela, pimenta etc.) pelo Mar Mediterrâneo, estimulando o intercâmbio cultural face o contato com civilizações orientais. Gera a urbanização das cidades, que se tornam o pólo de irradiação do Renascimento, devido à ascensão política e econômica da burguesia que financiava a nova cultura. Exi stê ncia de Mecenas , que fi nanc iav am e pr ot egiam intel ectuai s e ar tis tas renascentistas. Protegiam da Santa Inquisição promovida pela Igreja Católica. Concentrava os principais artistas e cientistas. Com a queda de Constantinopla, em 1453, capital do Império Bizantino, muitos cientistas e artistas fogem pra Grécia e Roma.  Na Itália a cultura clássica foi melhor conservada. Comércio com os árabes que, durante a Idade Média tinham invadido a Europa e levado boa parte das obras de arte para o Oriente. Com o restabelecimento do comércio, essas obras retornam ao Ocidente. Torna-se o centro difusor de novos hábitos, valores e culturas. - Resultado : Cultura ficou vinculada à visão de mundo burguesa. - Retomada de estudo de obras clássicas greco-romanas.

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R ENASCIMENTO CULTURAL

- Por que o termo Renascimento?

Inspiração na antiguidade clássica. Inspiração não é retorno.

- Transformação cultural desencadeada entre os séculos XIV e XVIII, e que faz parte do

conjunto de transformações que atingiu a Europa na passagem da Idade Média para a

Idade Moderna, período de transição do feudalismo para o capitalismo.

Período de mudanças na sociedade, na cultura, na política e na economia.

Transição da cultura medieval para a moderna, rompendo o monopólio cultural da

Igreja.

- Berço do Renascimento: Itália (Gênova, Veneza, Florença).

- Primeira manifestação de cultura burguesa, laica, racional e científica.

-  Não foi uma ruptura, mas sim transição.

- Aprofundamento de uma série de renascimentos desencadeados desde o séc. XI, pois a

influência greco-romana fez sentir-se por toda a Baixa Idade Média.

• Fatores que geraram o Renascimento e a proeminência da Itália:

- O renascimento comercial pelo Mar Mediterrâneo.

Reativou o intercâmbio cultural entre o Ocidente e o Oriente.

- Itália ocupava posição geográfica estratégica.

Gera desenvolvimento econômico das cidades italianas e faz surgir forte burguesia

mercantil, que exerceu monopólio do comércio de especiarias orientais (cravo,

canela, pimenta etc.) pelo Mar Mediterrâneo, estimulando o intercâmbio cultural face

o contato com civilizações orientais.

Gera a urbanização das cidades, que se tornam o pólo de irradiação do Renascimento,

devido à ascensão política e econômica da burguesia que financiava a nova cultura.

Existência de Mecenas, que financiavam e protegiam intelectuais e artistas

renascentistas. Protegiam da Santa Inquisição promovida pela Igreja Católica.

Concentrava os principais artistas e cientistas. Com a queda de Constantinopla, em

1453, capital do Império Bizantino, muitos cientistas e artistas fogem pra Grécia e

Roma.

 Na Itália a cultura clássica foi melhor conservada.

Comércio com os árabes que, durante a Idade Média tinham invadido a Europa e

levado boa parte das obras de arte para o Oriente. Com o restabelecimento do

comércio, essas obras retornam ao Ocidente.

Torna-se o centro difusor de novos hábitos, valores e culturas.

- Resultado: Cultura ficou vinculada à visão de mundo burguesa.

- Retomada de estudo de obras clássicas greco-romanas.

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- Aperfeiçoamento da imprensa: seus efeitos só foram sentidos no último século desse

movimento.

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• Periodização:

-Trecento (1300 – 1399, séc. XIV): valorização da arte sacra.

- Quatrocento (1400 – 1499, Sé. XV): transição entre a arte sacra e a arte profana.

- Cinquecento (1500 – 1550, séc. XVI): valorização da arte profana.

• Características:

- O Homem renascentista encarnava a visão de mundo do burguês novo-rico, oposta à

moral e à ética da aristocracia medieval.

Individualista, racionalista, otimista, naturalista e hedonista (paixão pelos prazeres

humanos).

- Humanismo: Característica principal do renascimento. Valorização da figura humana

(alegria, tristeza, raiva etc).

- Classicismo: Reinterpretou a cultura greco-romana clássica à luz de uma nova época.

- Criticismo: Crítica aos valores medievais, idade das trevas, em que nada existiu.

- Antropocentrismo: Homem como centro do universo em contraposição ao teocentrismo

(Deus como centro do universo) medieval.

- Racionalismo: desenvolvimento da razão. Razão como centro de tudo.

- Individualismo: pessoas assumem as suas obras.

- Naturalismo: explicação dos fenômenos da natureza pela ciência.

- Hedonismo: valorização dos prazeres humanos.

- Otimismo:

• Renascimento Italiano nas Letras:

- Dante Alighieri: precursor (anterior ao Trecento), não usou o latim, usou o toscano.

-Trecento: Francisco Petrarca e Giovanni Boccacio.

- Quatrocento: período mais fraco.

Criada a Escola de Filosofia Neoplatônica de Florença, financiada por Lourenço de

Médici, maior mecenas italiano.

Paggio, Beccadelli, Filelfo e Pontano.

Paganismo militante e utilização de temas eróticos.

Extremada reação contra a fé e a moral cristãs.

- Cinquecento: Roma passou a ser a capital literária.

O toscano foi sistematizado e imposto como língua nacional.

 Nicolau Maquiavel (1469 - 1527)

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- "O Príncipe": Estado unificado, poder centralizado, e liberto da Igreja.

- Homem era mau por princípio.

- Abriu caminho para a criação de uma teoria política.

• Renascimento Italiano nas Artes Plásticas:

- A escultura e a pintura deixam de ser artes secundárias e subordinadas à arquitetura e à

 pintura, e tornam-se independentes.

- O corpo humano voltou a ser o ideal estético de beleza e fonte de inspiração.

-  No Quatrocento foi introduzida a pintura a óleo, que demora mais a secar do que a àgua, e

 permite uma maior demora na pintura e também correções. A partir de então, a pintura

tornou-se mercadoria, pois passou a ser executada em telas.

- O Renascimento italiano entra em decadência na segunda metade do séc. XVI.

Grandes Navegações transferiram o eixo econômico para o Atlântico.

- Itália havia perdido o monopólio comercial de produtos orientais.

A Igreja afastou-se do mecenato (a Contra-Reforma condenava as manifestações

culturais renascentistas).

A cultura renascentista, por ser elitista, não conquistou as camadas populares. Estas,

distantes desse processo artístico, não opuseram obstáculos às perseguições

desencadeadas pela Igreja Católica.

• Renascimento em outros países da Europa:

- A expansão do Renascimento coincidiu com a consolidação de grande parte dos Estados

Modernos.

- A cultura renascentista adaptou-se às condições específicas de cada país, mas em nenhum

conseguiu igualar o grau de desenvolvimento italiano.

- O segundo em importância foram os  Países Baixos, pois no séc. XVI, detinham o

comando da Revolução comercial.

Erasmo de Roterdã (1466 - 1536) foi o grande vulto do renascimento literário e

filosófico dos Países Baixos. Ele era considerado o "Príncipe dos Humanistas".

- Procurou conciliar o racionalismo renascentista com o cristianismo.

- Propunha a auto-reforma católica.

-  Na Alemanha não alcançou níveis significativos.

Grande fracionamento político;

Colapso comercial;

Reforma Luterana;

Guerras religiosas (católicos x protestantes).

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-  Na Inglaterra foi prejudicado pela Guerra dos Cem Anos e pela Guerra das Duas Rosas.

Os maiores expoentes foram Morus e Shakespeare.

-  Na França, também foi prejudicada pela Guerra dos Cem Anos. Destacam-se

Montaigne, na Filosofia e Rabelais, na Literatura.

-  Na Espanha, foi prejudicada pela Contra-Reforma e pela descoberta do Novo Mundo. A

maior expressão foi Cervantes.

- Em  Portugal , foi prejudicado pelos mesmos motivos da Espanha. Camões foi a figura

máxima.

• Desenvolvimento Científico no Renascimento:

-  Não foi tão fértil quanto nas artes.

-  Na astronomia, Copérnico derrubou a teoria geocêntrica (terra como centro), da Igreja, e

substituiu-a pela heliocêntrica (sol como centro), defendida pelos humanistas.

Kepler e Galileu aperfeiçoaram sua teoria e o telescópio.

-  Na medicina, André Versálio pesquisou o corpo humano, dissecando cadáveres; Miguel

Servet, descobriu a pequena circulação; William Harvey descobriu o retorno do sangue ao

coração pelas veias.

- A Reforma e a Contra-Reforma impuseram o fim do Renascimento.

Permaneceram o racionalismo e o espírito crítico influenciando o empirismo inglês

(séc. XVII) e o iluminismo francês (séc. XVIII), quando a burguesia já estava

amadurecida para criar e impor a sua cultura à sociedade européia.