Cap. 07 - Gênero Leishmania -RESUMO PARASITOLOGIA
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8/16/2019 Cap. 07 - Gênero Leishmania -RESUMO PARASITOLOGIA
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PARASITOLOGIACap. 7 Neves: Gênero Leishmania
Pabline Pereira Chagas – Turma 63 – Medicina UFG
O gênero Leishmania pertence à ordem Kinetoplastida, à família Trypanosomatidae
e agrupa espécies de protozoários unicelulares, digenéticos (heteróxenos),encontradas nas formas promastigota e paramastigota, flageladas livres ou aderidas
ao trato digestivo dos hospedeiros invertebrados, e amastigota, sem flagelo livre,
parasita intracelular.
Os hospedeiros vertebrados incluem uma grande variedade de mamíferos.
Entretanto, as infecções por esses parasitos são mais comuns nos roedores e
canídeos, sendo conhecidos também entre xenartros (edentados), marsupiais,
procionídeos, ungulados primitivos, felinos, primatas e, entre estes, os humanos.
Considera-se que os únicos hospedeiros invertebrados, responsáveis pela
transmissão do agente em condições naturais, sejam fêmeas de insetos hematófagosconhecidos como flebotomíneos, nos quais se verifica desenvolvimento biológicodo protozoário.
A transmissão do agente ocorre por meio de mecanismo complexo, no momento da
hematofagia do inseto infectado.
Morfologia
Amastigotas:
- No interior das células fagocitárias ou livres, aparecem à microscopia óptica como
organismos ovais, esféricos ou fusiformes.- No citoplasma são encontrados: núcleo grande e arredondado, ocupando às vezes
um terço do corpo do parasito, e cinetoplasto em forma de um pequeno bastonete,
além de vacúolos que podem ou não ser visualizados.
- Não há flagelo livre, e sua porção intracitoplasmática raramente é observada.
Promastigotas:
- Formas flageladasnencontradas no trato digestivo do hospedeiro intermediário.
- São alongadas, com um flagelo livre e longo, emergindo do corpo do parasito na
sua porção anterior do corpo.
- O cinetoplasto, em forma de bastão, localiza-se na posição mediana entre aextremidade anterior e o núcleo.
Paramastigotas:
- São pequenas e arredondadas ou ovais com flagelo curto.
Promastigotas metacíclicas:
- São as formas infectantes para os hospedeiros vertebrados. Possuem flagelo muito
longo.- Possuem mobilidade intensa e são encontrados livres nas porções anteriores do
trato digestivo do inseto.
- Nunca foram encontradas em divisão.
A multiplicação, por divisão binária simples, é iniciada pela duplicação do
cinetoplasto, um dos quais mantém o flagelo remanescente, enquanto o outro
promove a reprodução da estrutura flagelar.
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A seguir, o núcleo se divide e, em sequência, o corpo do parasito se fende no
sentido antero-posterior.
Leishmania: apresenta em sua superfície uma variedade de moléculas importantes
para a relação dos parasitos com os seus hospedeiros, determinantes da virulência,
infecciosidade, sobrevida e patogênese (ex: LPG e metaloprotease gp63).
Ciclo biológico
Os hospedeiros vertebrados são infectados quando formas promastigotas
metacíclicas são inoculadas pelas fêmeas dos insetos vetores, durante o repasto
sanguíneo.
Estes insetos possuem o aparelho bucal curto e rígido, adaptado para dilacerar
tecidos e vasos sanguíneos do hospedeiro, o que proporciona a obtenção de um
misto de sangue, linfa e restos celulares durante a alimentação (telmatofagia)
importantes para a ingestão das formas infectantes.
A saliva do inseto inoculada neste ambiente possui componentes biológicos que
atuam como anticoagulante, vasodilatador e antiagregador plaquetário, favorecendo
o fluxo de sangue e o acúmulo de linfa.
Sabe-se ainda, que outros fatores presentes na saliva de flebotomíneos têm ação
quimiotática para monócitos e imunorreguladora, com capacidade de interagir com
os macrófagos, aumentando sua proliferação e impedindo a ação efetora destas
células na destruição dos parasitos.
A saliva de Lutzomia longipalpis contém o mais potente vasodilatador conhecido.
As formas promastigotas metacíclicas são resistentes à lise pelo complemento.
Um dos mecanismos desta resistência é devido, em parte, a modificações estruturais
no LPG (complexo lipofosfoglicano), presente na membrana dessas formas.
As promastigotas podem ainda, interagir com outras proteínas do soro para ativar o
complemento, facilitando a adesão à membrana do macrófago.
Durante o processo de endocitose do parasito, por causas fisiológicas, a célula
hospedeira aumenta intensamente a sua atividade respiratória. Os produtos liberados
neste processo envolvem a formação de óxido nítrico e Espécies Reativas deOxigênio – EROs.
Os parasitos necessitam da utilização de mecanismos de escape a este ataque. Novamente o LPG aparece como uma molécula protetora contra a ação destes
radicais.
Além disto, a saliva do inseto, presente neste ambiente, exercendo ação inibidora da
estimulação dos macrófagos, reduz a capacidade destas células de produzir óxido
nítrico. Entretanto, a internalização é também um dos mecanismos de defesa.
A internalização de Leishmania se faz através de endocitose mediada por receptores
na superfície do macrófago.
Esses receptores promovem a fagocitose, sem estimular o aumento da atividade
respiratória da célula e a consequente geração de radicais livres. Através deles, o parasito pode ser prontamente internalizado pelas células de
Langerhans da derme, embora não se reproduzam aí.
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A rápida transformação em amastigotas é outra forma do parasito evadir ao ataque
do hospedeiro.
Amastigota: capaz de desenvolver e multiplicar no meio ácido encontrado no
vacúolo digestivo.
A amastigota inicia o processo de sucessivas multiplicações.
A ausência do controle parasitário pela célula hospedeira determina apoptose emorte celular, a sua ruptura e consequente liberação de formas amastigotas, as quais
serão, por mecanismo semelhante, internalizadas por outros macrófagos.
A infecção para o hospedeiro invertebrado ocorre quando da ingestão, no momento
do repasto sanguíneo em indivíduo ou animal infectado, das formas amastigotas queacompanham o sangue e/ou a linfa.
Após cerca de 18-24h no intestino médio do inseto, as amastigotas se transformam
em flagelados pequenos, ovoides, pouco móveis.
Após aproximadamente três e quatro dias de multiplicação intensa, ocorre a
transformação em formas promastigotas delgadas e longas.
As formas do parasito liberadas da matriz peritrófica se ligam, através do flagelo, às
microvilosidades intestinais do inseto, garantindo a sua permanência e
desenvolvimento naquele local.
Por volta de três a cinco dias o alimento é digerido e excretado. Neste tempo, já são
encontradas formas flageladas migrantes na porção torácica do intestino médio.
Esta migração é acompanhada pela transformação dos parasitos em:
(1) Promastigotas curtas e largas livres na luz intestinal.
(2) Promastigotas arredondadas, fixadas pelo flagelo à cutícula através de
hemidesmossomos.(3) Promastigotas metacíclicas.
Em todas as espécies os parasitos migram para as porções anteriores do aparelho
digestivo do inseto, comprometendo a válvula do estomodeu, seguida da invasão da
faringe, cibário e probóscide.
Para que a multiplicação dos parasitos torne o inseto capaz de transmitir a infecção,
são necessários:
a) após o repasto sanguíneo, uma alimentação rica em açúcares, obtida geralmente
de seiva de plantas e secreções de afídios, sem que ocorra infecção bacteriana no
trato intestinal do flebotomíneo concomitante com a presença de Leishmania; e b) que o sangue do repasto infectante seja totalmente digerido antes de nova
alimentação sanguínea.
A susceptibilidade ou resistência dos flebotomíneos à infecção por Leishmania
parece ser controlada, entre outros, por fatores genéticos, os quais restringem para
algumas espécies de insetos a capacidade específica de transmissão de certasespécies do parasito.
Classificação taxonômica
Classicamente eram reconhecidos três agentes etiológicos das leishmanioseshumanas:
o Leishmania donovani: agente da leishmaniose visceral ou calazar.
o Leishmania tropica: agente da leishmaniose cutânea ou botão-do-oriente.
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o
Leishmania braziliensis: agente da leishmaniose cutaneomucosa, espúndia ou
úlcera de Bauru.
Obs.: Leishmania enriettii: parasito exclusivo de cobaios descrito no estado do
Paraná.
Nova classificação proposta com base principalmente nos aspectos epidemiológicos
da doença:o Leishmania donovani: causadora das formas de leishmaniose visceral em todo
o mundo.
- Espécies responsáveis pelas formas cutâneas de leishmaniose do Velho Mundo:
o Leishmania tropica tropica: cutânea urbana, tipo clássico de lesões secas.
o Leishmania tropica major : cutânea de ocorrência rural, tipo clínico de lesõesúmidas.
As espécies de Leishmania no Novo Mundo são responsáveis pelas diferentes
fromas clínicas da leishmaniose tegumentar americana.
o
Leishmania braziliensis braziliensis: cutânea e cutaneomucosa grave, podendo apresentar metástases, “úlcera de Bauru ou espúndia”.
o
Leishmania braziliensis guyanensis: tegumentar benigna, sem a ocorrência de
metástases “pian bois”.
o Leishmania braziliensis peruviana: cutânea benigna “UTA”.
o Leishmania braziliensis mexicana: lesão benigna que ocorre com frequência
no pavilhão auricular e que raramente determina lesões metastáticas, “úlcera
de los chicleros”.
o Leishmania braziliensis pifanoi: responsável pelos quadros dramáticos de
leishmaniose tegumentar difusa.
As bases para a classificação voltou-se para os caracteres intrínsecos do parasito.
Considerando que a definição e a posição sistemática do gênero Leishmania são
bem estabelecidas, as principais modificações propostas foram a reunião dos
parasitos de répteis em um gênero separado e a organização das espécies que
parasitam o homem em dois subgêneros:o Subgênero Leishmania: parasitos do homem e de outros mamíferos, com o
desenvolvimento nos insetos vetores limitado ao intestino nas regiões média e
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anterior. Espécie média e tipo: Leishmania (Leishmania) donovani. Parasitos
encontrados no Velho e Novo Mundo.
o Subgênero Viannia: parasitos do homem e de outros mamíferos, apresentando
nos insetos vetores as formas paramastigota e promastigota. As paramastigotas encontram-se aderidas às paredes do intestino pelo flagelo,
através de hemidesmossomos, e as promastigotas, formas livres, que migramda região posterior para as regiões média e anterior do intestino. Espécie tipo:
Leishmania (Vianna) braziliensis. Parasitos encontrados na América tropical
e subtropical.
O complexo Leishmania donovani reúne: L. donovani, L. infantum, L. chagasi e L.
archibaldi.