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CAPA UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES FACULDADE AVM INTEGRADA PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU A GESTÃO AMBIENTAL NO COMÉRCIO INTERNACIONAL: FATOR DE COMPETITIVIDADE E INSTRUMENTO FRENTE BARREIRAS TÉCNICAS Por: Vinícius Ferreira Baptista Orientador Prof. Francisco Carrera Rio de Janeiro 2011

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CAPA

UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

FACULDADE AVM INTEGRADA

PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU

A GESTÃO AMBIENTAL NO COMÉRCIO INTERNACIONAL:

FATOR DE COMPETITIVIDADE E INSTRUMENTO FRENTE

BARREIRAS TÉCNICAS

Por: Vinícius Ferreira Baptista

Orientador

Prof. Francisco Carrera

Rio de Janeiro

2011

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FOLHA DE ROSTO

UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

FACULDADE AVM INTEGRADA

PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU

A GESTÃO AMBIENTAL NO COMÉRCIO INTERNACIONAL:

FATOR DE COMPETITIVIDADE E INSTRUMENTO FRENTE

BARREIRAS TÉCNICAS

Monografia apresentada à

Universidade Cândido Mendes –

UCAM, como requisito parcial

para a obtenção do grau de

Especialista em Gestão

Ambiental, sob a orientação do

Professor Francisco Carrera.

Rio de Janeiro

2011

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DEDICATÓRIA

Aos Gestores Ambientais do presente e aos que ainda

estão por vir.

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AGRADECIMENTOS

Muito obrigado, especialmente...

Aos professores e colaboradores da Universidade

Cândido Mendes pelo apoio e contribuição no

aprendizado, em especial Vera Agarez.

Aos companheiros do curso: Hosana, Silvia, Joyce,

Fabiana, Severino, Denise, Maria Teresa e Elaine pela

amizade e troca de idéias.

E um último obrigado à Miriam Ribeiro, uma das melhores

professoras que já conheci. Suas aulas serviram de

inspiração para tentar escrever sobre Comércio

Internacional.

A todos os outros que passaram pela minha vida e que,

de alguma forma deram suas contribuições.

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EPÍGRAFE

Primeiro mude a si mesmo para que então possa mudar o

mundo.

Ghandi

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RESUMO

O presente estudo procura compreender o papel da Gestão Ambiental no Comércio Internacional. Para tal, fontes bibliográficas de autores de relevância acadêmica e empresarial foram utilizadas a exemplo de Vera Thorstensen, Fábio Albergaria de Queiroz e Christian Guy Caubet, que reforçam as relações existentes entre meio ambiente e comércio internacional. Competir no mercado internacional está se tornando mais difícil. As organizações enfrentam cada vez mais exigências de padrões e normas técnicas. Tais exigências técnicas são condições sine qua non no Comércio Internacional atual. A mais conhecida de todas é o da certificação ISO 14.001, que certifica a empresa como responsável quanto aos seus produtos e processos produtivos. Paralelamente, autores mais recentes como Takeshy Tachizawa, Rui Otávio Bernardes de Andrade, Demétrios Antônio Silva e Helena Ribeiro, apresentam suas idéias sobre como Gestão Ambiental é essencial para a competitividade das empresas no Comércio Internacional, pois de um lado é utilizada como instrumento frente às barreiras técnicas levantadas pelos países desenvolvidos e por outro lado oferece vantagens competitivas que poucas têm.

Palavras-chave: Gestão Ambiental; Comércio Internacional; Barreiras Técnicas;

Sistemas de Gestão Ambiental; Vantagens Competitivas.

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METODOLOGIA

Os métodos que levam ao problema proposto neste trabalho se

fundamentam pela pesquisa bibliográfica a partir de material já elaborado por

pesquisadores de diversas áreas como Administração, Comércio Exterior,

Direito, Economia, Engenharias etc., constituído principalmente de livros,

periódicos, artigos científicos extraídos da Internet, reportagens etc.

O presente trabalho tem bases conceituais a partir de autores

voltados à análise da conjuntura das relações internacionais a exemplo de Vera

Thorstensen e Fábio Albergaria de Queiroz com suas pesquisas sobre o

comércio e meio ambiente. Outras obras de autores de relevância acadêmica

como Takeshy Tachizawa, Rui Otávio Bernardes de Andrade, Denis Donaire e

Denise Curi foram consultadas para correlacionar as questões ambientais no

âmbito das organizações.

A pesquisa consta também de uma investigação exploratória por

meio do levantamento histórico sobre a aplicação de fatores ambientais como

pressupostos que norteiam as ações comerciais, o que permite compreender o

tema proposto na realidade e relacioná-lo à literatura.

Outras fontes de consulta constituem-se pelos sites da Organização

Mundial do Comércio (OMC), da Câmara de Comércio Internacional (CCI), da

Fundação Brasileira para o Desenvolvimento Sustentável (FBDS) e da

Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT). Estas consultas permitiram

obter dados relativos às transações comerciais (OMC e CCI), à difusão da

Gestão Ambiental na prática no empresariado (FBDS) e aos padrões

normativos de Gerenciamento Ambiental (ABNT).

Os dados obtidos pelas pesquisas foram armazenados e digitados,

de maneira que todos fossem analisados e confrontados entre si, para buscar a

melhor compreensão sobre o assunto e uma argumentação clara e coesa.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO _________________________________________________ 9 CAPÍTULO I – COMÉRCIO INTERNACIONAL E MEIO AMBIENTE ______ 12 CAPÍTULO II – O MEIO AMBIENTE NO CONTEXTO ORGANIZACIONAL 26 CAPÍTULO III – A GESTÃO AMBIENTAL __________________________ 33 CONSIDERAÇÕES FINAIS ______________________________________ 53 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS _______________________________ 59 WEBGRAFIA _________________________________________________ 61 ÍNDICE ______________________________________________________ 64 FOLHA DE AVALIAÇÃO________________________________________ 65

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INTRODUÇÃO

O presente estudo tem como tema o papel da Gestão Ambiental no

Comércio Internacional.

A questão central a ser enfocada refere-se a compreender como as

práticas da Gestão Ambiental vêm sendo utilizadas pelas organizações no

contexto do Comércio Internacional, tendo como objeto de estudo a Série de

normas ISO 14.000, especificamente a ISO 14.001 – Sistemas de Gestão

Ambiental.

Tem-se como objetivo geral do trabalho compreender o impacto da

Gestão Ambiental, por meio da ISO 14.001 no Comércio Internacional.

Apresentam-se como objetivos específicos: conceituar Gestão

Ambiental; pesquisar instrumentos e aplicações da Gestão Ambiental, entre

eles as normas da ISO 14000 e os Sistemas de Gestão Ambiental; pesquisar

alguns dos conceitos inseridos na dinâmica do Comércio Internacional; analisar

a evolução do crescimento dos fluxos no Comércio Exterior e seus impactos no

meio ambiente; analisar como o meio ambiente vem sendo usado como

entrave no Comércio Internacional; relacionar Gestão Ambiental e Comércio

Internacional.

O trabalho encontra-se divido em três capítulos. O Capítulo I aborda

alguns dos principais conceitos que envolvem a dinâmica do Comércio

Internacional, o aumento dos fluxos comerciais e suas implicações no meio

ambiente e o “uso” deste último como barreira técnica às negociações

internacionais.

O Capitulo II inicia com uma análise sobre o meio ambiente como

fator de gestão e sua inclusão no planejamento estratégico e nas operações

das empresas. Observa-se a transição da cultura reacionista dos passivos

ambientais para uma proposta proativa em relação à variável ambiental.

No Capítulo III é apresentada uma breve síntese sobre a série de

normas ISO 14.000 e, mais especificamente, elementos que compõem a ISO

14.001 – Sistemas de Gestão Ambiental, demonstrando-a como instrumento

para as organizações adquirirem maior competitividade e enfrentarem as

barreiras técnicas levantadas pelo mercado internacional.

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O estudo tem como hipótese a idéia de que a Gestão Ambiental por

meio da ISO 14.001, é um instrumento fundamental para a competitividade das

empresas no mercado internacional, uma vez que sua aplicação modifica as

estratégias e os processos da organização, reduzindo custos e garantindo a

Responsabilidade Socioambiental Empresarial, o que permite acesso mais

facilitado a mercados internacionais exigentes e oferece maior competitividade

às empresas nos mesmos.

A partir da década de 1990, os fluxos de importações e exportações

no Comércio Internacional se intensificaram, principalmente devido à entrada

de empresas de nações em desenvolvimento no mercado internacional. Tal

conjuntura de maior abertura comercial trouxe uma enxurrada de produtos

oriundos de localidades com menores exigências ambientais e trabalhistas e de

padrões de qualidade, afetando desta forma a competitividade entre países.

Concomitantemente, a disseminação dos conceitos de

Desenvolvimento Sustentável configurou na sociedade maior senso crítico

quanto ao seu papel como consumidora, exigindo além de qualidade nos

produtos e/ou serviços, o respeito à legislação ambiental, às condições de

trabalho e processos produtivos mais eficientes, seguros e limpos,

caracterizando tais demandas no contexto organizacional e de mercado não

mais como custos, mas como oportunidades para diferenciação e maior

competitividade, tornando-se agora requisitos para a comercialização.

A solução, neste mercado complexo, seria criar um sistema, adotado

internacionalmente, que padronizasse os processos produtivos, equiparando

diferentes países em condições equilibradas no mercado internacional. Assim

surgem as normas técnicas, a exemplo das normas ISO.

Por um lado as condições de competitividade no comércio se

equilibram, ajustando a competitividade, pois somente “entram” nesses

mercados, produtos que cumpram normas, procedimentos e legislações

adotadas internacionalmente; mas por outro lado, as exigências de padrões e

normas técnicas, são utilizadas como medidas protecionistas a fim de

resguardar os produtores domésticos frente aos produtos de mercados

externos.

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Inicialmente implantado na Europa, tais exigências técnicas

ganharam o mundo, sendo condição sine qua non no Comércio Internacional

atual. Um dos instrumentos mais exigidos atualmente no comércio exterior é o

da certificação ISO 14.001, que certifica a empresa como responsável quanto

aos seus produtos e processos produtivos.

Para tal, a Gestão Ambiental é essencial para as empresas no

Comércio Internacional porque é utilizada como instrumento frente às barreiras

técnicas levantadas pelos países desenvolvidos e oferece vantagens

competitivas que poucas têm.

A prática da Gestão Ambiental insere a variável ambiental no

planejamento estratégico empresarial, permitindo a redução de custos diretos -

pela redução do desperdício de matérias-primas, água e energia - e de custos

indiretos – reduzindo a probabilidade de danos ambientais ou à saúde de

funcionários e da população que tenha proximidade com as unidades de

produção da empresa.

Alguns exemplos práticos de políticas para a inserção da Gestão

Ambiental em empresas tem sido a criação de leis, em diversos países, que

obrigam a prática da responsabilidade pós-consumo, a segurança no trabalho,

o mínimo de qualidade e clareza de informações na rotulagem dos produtos

etc.

Resta às organizações que queiram oportunidades em mercados

internacionais, a necessidade de procurarem instrumentos para o

aperfeiçoamento de suas operações, garantindo o cumprimento de normas

técnicas e padrões ambientais e/ou sociais e uma atuação mais responsável

tanto social quanto ambientalmente.

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CAPÍTULO I – COMÉRCIO INTERNACIONAL E MEIO

AMBIENTE

Desde a década de 1980, o comércio exterior vem se destacando

progressivamente na conjuntura da economia global, sobretudo no

contemporâneo cenário político mundial do século XXI, caracterizado pelo fim

das fronteiras entre políticas de comércio externo.

Entre os fatores que colaboraram para o aumento abrupto das

operações comerciais pelo mundo estão a dispersão da globalização, a

multiplicação de acordos comerciais, a origem de blocos econômicos, o término

de regimes socialistas, a transferência das Empresas Transnacionais (ETN)

para diferentes mercados emergentes, assim como a ascendente demanda dos

mesmos.

Podemos observar alguns dados da Organização Mundial do

Comércio (OMC) acerca das transações comerciais entre as décadas de 1990

e os anos 2000, em que durante a década de 1990, segundo dados da OMC

em 1998 (THORSTENSEN, 1998), o fluxo comercial cresceu a uma taxa média

de 7% anualmente, com valor do comércio mundial de bens atingindo, em 1997

US$ 5,5 trilhões, enquanto que serviços alcançaram US$ 1,3 trilhões.

Os países desenvolvidos tiveram em 1997, participação em 66% das

exportações mundiais. Ressalte-se ainda o papel das ETN, responsáveis por

US$ 6,4 trilhões em vendas, incluindo-se nesta soma bens e serviços, e

também representando 60% das exportações mundiais (THORSTENSEN,

1998).

No período entre 1990 e 2007, a economia global passou de US$

22,8 trilhões para cerca de US$ 53,3 trilhões, enquanto que o comércio global

aumentou em 133% (QUEIROZ, 2010).

O comércio internacional evoluiu notadamente e as cifras se

elevaram, apesar da eclosão em 2008 de uma crise internacional originada nos

Estados Unidos, que retraiu as economias globais, diminuindo

substancialmente as operações de comércio dos países desenvolvidos.

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No entanto, a situação se inverte quando os dados sobre países em

desenvolvimento, capitaneados por Brasil, China e Índia, são analisados. Os

mesmos apresentaram crescimento em seu Produto Interno Bruto (PIB),

derivados, principalmente do consumo de seus mercados internos.

De acordo com as estatísticas do Relatório de Comércio Anual da

OMC (WTO, 2010), o comércio internacional diminuiu 23% em 2009

(comparado a 2008), representando US$ 12,178 trilhões. O comércio de bens

diminuiu 15,5% e serviços 12%. As exportações mundiais caíram 12% e o PIB

mundial (Gross Domestic Product – GDP) caiu 3%.

O relatório aponta que tal queda brusca no comércio resultou de um

ajuste de fatores como “fraca demanda, queda nos preços das commodities, as

cadeias de suprimento globais, o impacto simultâneo da crise econômica

mundial e o limitado acesso ao crédito em geral”1 (WTO, 2010, p. 4).

A seguir é apresentado um gráfico que aponta a variação percentual

do volume das exportações a cada ano comparado ao anterior. Percebe-se que

com o fim das fronteiras entre as políticas de comércio externo a tendência era

de crescimento, até 2008, quando ocorreu a crise econômica nos EUA,

espalhando-se por todo o globo, afetando a economia internacional.

Gráfico 1. Volume das Exportações Mundiais entre 2000-2009 (WTO, 2010).

A tendência atual é a de crescimento devido à recuperação da

confiança dos consumidores norte-americanos e europeus em seus mercados

1 Tradução nossa.

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e ao crescimento da participação de Brasil, Rússia, Índia e China (BRIC) na

economia global.

1.1 O cenário do comércio atual e o meio ambiente

Para Thorstensen (1998), a postura recente do comércio exterior

volta-se a uma abordagem mais ampla, com vistas à competição internacional,

cujo foco age diretamente nos impactos sobre a eficiência dos mercados

globais.

O objetivo desse sistema de comércio é a criação de políticas

voltadas a afetar a competição internacional entre países, promovendo a

eficiência e crescimento econômico.

Para alcançar esse objetivo, seria necessário criar condições para

uma maior liberalização do comércio. No entanto, isso não acontece, uma vez

que

“as empresas transnacionais estão desempenhando papel cada vez mais importante no comércio e a estratégia da globalização está, agora, ditando as regras de investimento e de avanços tecnológicos” (THORSTENSEN, 1998, p. 31).

As empresas transnacionais transpassam as fronteiras nacionais,

estando presentes em todo o mundo, participando ativamente na economia

global. Elas conduzem o processo de globalização por meio da troca de

tecnologias. Também se localizam e relocalizam2 em qualquer lugar do mundo

para obter retornos mais seguros ou mais altos.

Questiona-se o papel das ETN nos âmbitos social e ambiental. Se

por um lado elas são as responsáveis pela geração e disseminação de

conhecimentos em relação às questões ambientais, por outro lado, tais

conhecimentos não estão presentes nas subsidiárias localizadas em países em

desenvolvimento (GUEDES, 2003 apud QUEIROZ, 2009).

2 Empresas transnacionais tendem a se localizar em localidades que ofereçam vantagens à sua instalação como isenção de impostos, mão-de-obra barata, legislação trabalhista e ambiental mais flexível etc. Quando uma dessas condicionantes deixa de ser vantagem, as transnacionais tendem a se relocalizar em outro lugar que ofereça maiores vantagens. Daí o termo “relocalização” (QUEIROZ, 2005, 2009, 2010; CARMO; MARIANO, 2006).

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As ETN influenciam fortemente as políticas de vários países,

atrapalhando a soberania nacional. Desta forma, aos Estados Nacionais, com a

presença diminuída, cabe o papel de regulador e fiscalizador das operações

dessas empresas.

Em tais situações, alguns países, em sua grande maioria em

processo de desenvolvimento, ficam à mercê de criar políticas em prol dessas

ETN, sob a ameaça das mesmas irem embora para localidades mais

favoráveis às suas operações.

É comum, por exemplo, que indústrias poluidoras deixem as nações desenvolvidas, onde a legislação ambiental é levada a sério, e migrem para o Terceiro Mundo, em busca de leis mais favoráveis. Além da liberdade para poluir, elas costumam encontrar autoridades convenientes, que fecham os olhos para as leis trabalhistas – quando elas existem, permitindo a exploração subumana da mão-de-obra local (CURI, 2011, p. 103).

As conseqüências da saída das ETN de um país dependente delas

são sempre negativas, acarretando principalmente no desemprego, menor

produção e consumo etc., sem esquecer do prejudicial passivo ambiental

deixado naquela localidade.

Para Queiroz (2009; 2010), o meio ambiente é um dos principais

focos de atenção nas relações internacionais, pois suas inter-relações em

outras atividades humanas, resultam em conseqüências globais.

Os governos nacionais agora enfrentam o paradigma atual: como

conciliar meio ambiente e comércio? Primeiramente deve-se levar em

consideração como meio ambiente e comércio internacional se relacionam.

Para ocorrer uma troca comercial, é necessário existir alguém que

demande um produto e/ou serviço, e alguém que os oferte.

Em segundo lugar, para a produção de qualquer produto são

retirados insumos escassos da natureza. Quase sempre esses bens são

extraídos do ambiente sem respeitar a capacidade regenerativa do

ecossistema3.

3 O ecossistema constitui-se por fatores bióticos e abióticos. Os fatores bióticos são os outros organismos vivos com os quais ele compartilha o meio ambiente, tanto da mesma espécie como de outras espécies. Os fatores abióticos são os fatores do ambiente físico que influem

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A demasiada exploração dos recursos naturais, a perda de

biodiversidade e o aumento na emissão de resíduos poluentes são

externalidades derivadas do fluxo das transações comerciais (QUEIROZ,

2009), devendo ser consideradas pelas empresas em seus processos

produtivos.

O desafio é o de produzir eficiente e sustentavelmente, respeitando

a capacidade regenerativa da natureza.

Surge neste ponto um conflito entre as políticas de comércio e de

meio ambiente de diversos países: como produzir sustentavelmente e ainda

atender à demanda crescente dos fluxos comerciais? Antes, contudo, uma

rápida abordagem sobre o que são políticas de Comércio e de Meio Ambiente.

A Política de Comércio Externo procura a liberalização do comércio

internacional, por meio de um conjunto de instrumentos de intervenção pública

sobre o comércio exterior, enquanto que a Política de Meio Ambiente defende a

preservação e/ou conservação ambiental, a saúde e segurança humana, a

proteção do consumidor e o tratamento dado aos animais.

As posições antagônicas entre as correntes dos ambientalistas e a

dos defensores do livre comércio, confundem-se com o embate entre países

desenvolvidos e países em desenvolvimento (QUEIROZ, 2005; 2009). Os

primeiros querendo impor seus padrões de proteção ambiental, enquanto que

os segundos creditam esses padrões como protecionistas.

E os resultados dessas discussões deságuam quase sempre em

imposições de medidas protecionistas infundadas cientificamente, que

dificultam o comércio global.

1.2 Medidas protecionistas

Quanto mais se intensifica as operações de comércio, mais se

utilizam medidas de Política Internacional para proteger o produtor nacional

frente aos concorrentes estrangeiros, uma vez que os mercados passam a

sofrer uma enxurrada de produtos originados de todo o mundo.

sobre o ser vivo como, por exemplo, a temperatura, a umidade, o relevo do terreno etc (PUENTE et al, 2008).

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São criadas medidas de proteção, as chamadas medidas

protecionistas, que visam reduzir as importações e até mesmo impedir a

entrada de determinados produtos ou então estimular as exportações.

Essas medidas compõem-se de: tarifas, cotas de importação,

subsídios, barreiras técnicas, taxas múltiplas de câmbio, acordos voluntários de

restrições a exportações (Avre), ações anti-dumping e controle sanitários e

fitossanitários nas importações (CARMO; MARIANO, 2006).

Para Carmo e Mariano (2006), alguns fatores contribuíram

significativamente no aumento dos fluxos comerciais em todo o mundo como:

⇒ O aumento da concorrência em escala global;

⇒ O maior número de empresas operando no mercado

internacional;

⇒ A redução de barreiras no âmbito GATT4/OMC;

⇒ A criação de acordos comerciais multilaterais;

Os autores ressaltam que apesar da redução das barreiras (cotas e

tarifas), “os países passaram a adotar outros mecanismos de proteção, tais

como barreiras técnicas, barreiras ecológicas, barreiras burocráticas, medidas

anti-dumping [...]” (CARMO; MARIANO, 2006, p. 59).

Entre os mecanismos de proteção atualmente adotados está a

imposição de barreiras técnicas, que nada mais são do que

barreiras comerciais derivadas da utilização de normas ou regulamentos não-embasados em normas internacionalmente aceitas, ou, ainda decorrentes da adoção de procedimentos de avaliação de conformidade não-transparentes e/ou demasiadamente dispendiosos, bem como de inspeções excessivamente rigorosas” (CARMO; MARIANO, 2006, p. 23).

Os regulamentos são aprovados por órgãos governamentais,

enquanto que as normas são determinações técnicas definidas por uma

instituição reconhecida.

Em linhas gerais, nos regulamentos, a proibição é obrigatória e as

normas não. Os regulamentos não permitem a comercialização caso não haja

conformidade técnica, ou seja, a proibição é por não-conformidade. No caso

4 General Agreement on Tariffs and Trades (GATT).

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das normas, a venda não é inviabilizada, mas há uma desconfiança do público,

já acostumado à exigência de certificações e/ou regulamentos.

1.3 O meio ambiente como esquema protecionista

As medidas com vistas à proteção ambiental são cada vez mais

impostas como políticas comerciais. Em geral visam proteger a indústria

doméstica, reduzindo ou impedindo a importação de produtos com padrões

ambientais menos exigentes. Neste caso, a competitividade é gravemente

afetada nos produtos domésticos, oferecendo-lhes maior vantagem.

Outras medidas comerciais recaem sobre a padronização de

produtos ou de métodos produtivos, impedindo a importação de produtos

oriundos de indústrias localizadas em países com leis ambientais e trabalhistas

menos exigentes.

As políticas ambientais estão sendo consideradas uma das variáveis

que apresentam implicações potenciais sobre o comércio, pois sob a alegação

de proteção ao meio ambiente, diferentes níveis de exigências e

regulamentações estão sendo utilizados por diversos países (em sua maioria

desenvolvidos) como instrumentos comerciais protecionistas a fim de

resguardar seus mercados internos da concorrência internacional (QUEIROZ,

2009; 2010).

A visão dos países desenvolvidos compreende que as diferenças

inapropriadas nos níveis de exigências ambientais criam distorções na

concorrência, enquanto que os países em desenvolvimento observam que os

padrões ambientais servem como barreiras ao comércio (THORSTENSEN,

1998).

O principal foco dessa discussão incide na competitividade das

empresas no mercado internacional. De um lado estão as pressões a favor da

proteção ambiental e da melhor qualidade de vida; do outro lado, estão as

pressões das ETN para uma competição mais justa.

Com tal situação, sugere-se uma harmonização das políticas

ambientais, de maneira a garantir a negociação de objetivos e padrões comuns

para nivelar a competitividade entre países.

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Quando há uma desarmonia nas políticas ambientais dos países,

ocorre uma distorção no comércio internacional. Desregula-se a

competitividade, privilegiando aqueles que poluem o meio ambiente, esgotam

os recursos naturais, desrespeitam as leis trabalhistas, se utilizam de mão-de-

obra infantil, descumprem as conformidades de padrões internacionais etc.

1.4 A sustentabilidade no comércio

Deve-se, primeiramente, ter em mente que o meio ambiente e

comércio internacional configuram um tema que trazem impactos que vão além

das fronteiras nacionais, por as medidas de um país afetarem outros, e por as

economias estarem inseridas num processo complexo chamado globalização.

Estamos inseridos numa crise política, existente há décadas, que ao

longo dos anos se polarizou basicamente em dois campos com ideais

antagônicos.

Se por um lado o desenvolvimento dos países do Sul5 constitui-se

uma “ameaça” ao meio ambiente, por outro lado, os países do Norte6 devem

fazê-los cumprir as normas ambientais previamente estipuladas e tidas como

necessárias (BARROS-PLATIAU; VARELLA; SCHLECHER, 2004).

Este debate, iniciado em 1972, na I Conferência das Nações Unidas

sobre o Meio Ambiente Humano, em Estocolmo, Suécia, realizada pela

Organização das Nações Unidas (ONU), ratificou diferentes e antagônicas

visões de mundo entre o crescimento econômico e a conservação da natureza.

Haveria, equivocadamente, uma incompatibilidade entre

desenvolvimento e conservação da natureza. Na conferência, os países

desenvolvidos preocupavam-se com a poluição industrial, a escassez dos

recursos energéticos e outros problemas originados dos seus processos de

desenvolvimento, enquanto que os não desenvolvidos, com a pobreza e a

possibilidade de desenvolvimento nas bases até então conhecidas (BARBIERI,

2008).

5 Compreendem os Países em desenvolvimento; 6 Neste caso, os Países desenvolvidos.

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A pobreza em que se encontrava a maioria da população mundial

corroborava a insustentabilidade tanto social quanto humana do modelo

desenvolvimentista vigorante na época, pondo-o contra a parede pela crise

ambiental.

Esse modelo desenvolvimentista explora irracional e

predatoriamente os recursos naturais. Além de ser orientado em relações

sociais de produção injustas e excludentes, servindo como guia até hoje

(BARBIERI, 2008).

Ainda vemos a falta de acesso da maior parte da população à

educação, à saúde, à água, ao saneamento básico etc., assim como um dos

maiores problemas enfrentados pelas mesmas são a fome e desnutrição.

Queiroz (2009; 2010) aponta que a década de 1970 foi palco de uma

revolução ambiental promovida pelo alarde em torno da escassez dos

recursos, expondo a necessidade de se repensar os padrões de produção e

consumo, fatores que afetam intensamente a deterioração do meio ambiente.

O autor também sustenta a década de 1980 como o início de

mudança de atitude em relação aos Governos Nacionais, que passaram a

conduzir suas políticas públicas para compatibilizar crescimento econômico e

preservação ambiental, assim como marcou igualmente o despertar de uma

conscientização ecológica na sociedade, agora mais integrada à temática

ambiental, procurando privilegiar produtos menos danosos ao meio ambiente

(QUEIROZ, 2005; 2010).

Esta nova percepção no mercado pressionou setores da indústria a

alterarem seus métodos e processos produtivos para se ajustarem às novas

demandas por produtos ambientalmente mais saudáveis.

Este é o debate presente, que demonstra uma nova visão entre

comércio e meio ambiente, de maneira a conciliá-los, valendo da proteção

ambiental de maneira sustentada por meio do desenvolvimento sustentável.

Só que novamente a distância entre o campo da teoria e o campo da

prática é longa, pois as medidas comerciais que deveriam ser favoráveis à

dispersão da sustentabilidade são distorcidas a favor de defesa comercial.

Muitos países (principalmente os europeus) se lançam de medidas

ambientais com fins comerciais, sendo consideradas em diversos casos como

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protecionistas e contrárias a alguns artigos das disposições gerais do sistema

GATT/OMC7. Vejamos dois artigos:

§ Artigo I – princípios da não discriminação: um país não pode

aplicar medidas comerciais de forma discriminatória a outros

países. Ou seja, não se pode aplicar um determinado tipo de

padrão ambiental para um país e determinado tipo de padrão

para outro;

§ Artigo III – princípio do tratamento nacional: medidas

ambientais impostas a produtos importados não devem ser

menos exigentes que as aplicadas aos produtos nacionais.

A fim de evitar desgastes com tal contencioso na OMC, o mercado

europeu passou a exigir selos de qualidade (geralmente certificados pela ISO8)

nos produtos importados.

Desta maneira, procurou-se evitar distorções no comércio e afetar a

competitividade dos países. Neste caso, os países do bloco começaram

exigindo certificações intra-bloco, mais tarde passando a exigir também extra-

bloco.

Para Amaral (1995), a agenda comercial do futuro deverá incorporar,

cada vez mais, padrões internacionais sobre políticas de mercado (regras de

competição, proteção aos consumidores e políticas empresariais), políticas

sociais (condições no mercado de trabalho, apoio às camadas sociais de baixa

renda) e políticas ambientais (empreendimentos conjuntos para proteção

ambiental, possibilidade de sanções contra a violação de certos padrões

ambientais).

Queiroz pondera que a concordância internacional no comércio é de

que “qualquer modelo de desenvolvimento, inclusive o europeu, não pode

basear-se no uso irracional dos recursos naturais e na degradação ambiental”

(QUEIROZ, 2005, p. 7).

7 O sistema GATT/OMC foi criado com a finalidade de promover a liberalização multilateral do comércio, disciplinando o uso de medidas de fronteira pelos países-membro signatários (...) a cooperação comercial aumentaria a interdependência entre os países e ajudaria a reduzir os riscos de um novo conflito armado mundial (CARMO; MARIANO, 2006, p. 31); 8 International Standardization Organization.

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Neste sentido, o mercado internacional, vem exigindo o

desenvolvimento de tecnologias mais limpas, eficientes e seguras, o respeito

às leis trabalhistas, a criação de processos produtivos mais eficientes e com

menor capacidade de degradação, além é claro, da aplicação dos 5Rs9

(reciclagem, reutilização, redução e recuperação) nos resíduos.

Para tal, a disseminação do aproveitamento da Gestão Ambiental

vem sendo cada vez maior, por ela compreender a aplicação dos fatores acima

enumerados.

Entretanto, essas ações ainda são vistas como protecionistas em

seu conjunto da obra por alguns setores das indústrias de países em

desenvolvimento como “entraves” ao comércio internacional, sendo propostas

de difícil aplicabilidade.

Porém, tais ações são indispensáveis ao alcance do

Desenvolvimento Sustentável. Daí a importância do bom emprego de

ferramentas como a Gestão Ambiental para o nivelamento da competição entre

países.

1.5 A questão da harmonização

Para Queiroz (2005), existem distinções referentes à capacidade de

absorção de poluição e de níveis de desenvolvimento que diferem a cada país.

Comparemos Brasil e Bolívia, por exemplo: as empresas domésticas

de qual país teriam maiores condições tecnológicas, recursos, pessoal

capacitado e políticas favoráveis à adoção de uma produção mais limpa?

Provavelmente as empresas brasileiras teriam maior sucesso, por o

Brasil contar com tecnologias mais avançadas, estudos sobre processos

produtivos mais eficientes e políticas voltadas à indústria para uma produção

mais eficiente e limpa, além de as empresas brasileiras já terem absorvido a

idéia de que para competir com outros mercados mais exigentes, tornam-se

necessárias certificações ambientais.

9 O quinto “R” compreende a Reeducação, pois unicamente informar não significa educar. A educação é um processo formativo que questiona e esclarece o passado, analisa o presente e se projeta potencializando o futuro.

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Podem-se observar condições desiguais de competitividade. Essa

situação se espalha entre vários países em desenvolvimento.

Devem-se existir condições mais equivalentes no que se refere à

capacidade competitiva. Se o mercado europeu, por exemplo, exige

certificação ISO 14.001 para determinado produto, cabe aos governos desses

países desenvolvidos auxílio na aplicação de tecnologias e também facilitar o

acesso e/ou transferência das mesmas aos países em desenvolvimento.

Não faz sentido exigir certificação ambiental de países que não têm

condições (tecnologia, recursos humanos e financeiros) para aplicar esses

processos.

Cabe também aos países em desenvolvimento assumirem acordos

internacionais e se comprometerem a desenvolver e aplicar legislações

ambientais concretas e processos produtivos mais limpos, seguros e eficientes

para acessaram mercados mais exigentes.

Ainda assim, Queiroz (2005) sublinha que a diferença nos níveis de

desenvolvimento econômico dos países influencia diretamente na escolha dos

instrumentos mais adequados à política ambiental, por eles se conveniarem

aos interesses do país.

Outra situação que se refere à harmonização é a questão das

legislações ambientais. A sua aplicação afeta diretamente o comércio

internacional.

Normas técnicas e legislações ambientais mais rígidas que a de

outras embarram o comércio, dificultando o acesso a mercados, principalmente

dos países desenvolvidos.

Normas incidentes sobre os métodos e processos produtivos

impactam a concorrência e a competitividade. O outro lado da moeda está nos

que se queixam das importações provenientes de países com legislações

ambientais leves, oferecendo-lhes maior vantagem (QUEIROZ, 2010). Esta

situação tende a se tornar o que na economia internacional chama-se de

dumping ambiental.

No comércio internacional, o dumping é uma situação de mercado

na qual uma empresa vende a mercadoria abaixo do custo, ou quando o preço

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praticado por ela no mercado externo é mais baixo do que o praticado no

mercado interno (CARMO; MARIANO, 2006).

O dumping ambiental e recentemente, o dumping social são práticas

muito questionadas desde o início dos anos 2000.

Empresas se queixam das outras organizações que não se

comprometem com a legislação trabalhista aceita pela Organização

Internacional do Trabalho – OIT (CARMO; MARIANO, 2006), se utilizando de

trabalho escravo, sem remuneração ou trabalho infantil, caracterizando o

dumping social.

No dumping ambiental, a situação diz respeito ao desacato de

legislações ambientais, na inexistência das mesmas, ou então de legislações

brandas, o que facilita que empresas se utilizem de processos produtivos

danosos ao meio ambiente, mais poluentes, ineficientes etc., baixando os

custos, tornando os produtos mais competitivos em outros mercados.

Essa situação se dá à admirável diferença de legislações dos países

que comercializam globalmente. Sugere-se a harmonização como algo que

possa vir a facilitar as trocas comerciais de modo mais justo a fim de se evitar

que países se utilizem de medidas protecionistas ou de dumping.

A harmonização poderia ser considerada uma medida adotada em

consonância pela comunidade internacional, sem ser uma questão de injunção

a ser determinada. A obrigação, segundo Queiroz (2005, p. 16) é o pior dos

caminhos pois

a imposição de medidas comerciais com vistas a forçar a adoção de determinados padrões de políticas ambientais de outros países é a mais protecionista possível, não havendo nenhuma justificativa para obrigar que os países em desenvolvimento adotem as mesmas políticas que os países desenvolvidos adotaram por decisão própria.

A harmonização dos padrões ambientais existentes é o desafio

atual, que deve ser alcançado de maneira flexível, sempre em consenso, pois

ela seria a melhor alternativa por considerar as necessidades e interesses

particulares e diferenças de cada país (QUEIROZ, 2005; 2009).

O processo de harmonização é complexo. As negociações para

arquitetar um sistema multilateral de comércio, agregado ao desenvolvimento

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sustentável demandam tanto a cooperação técnica entre países com diferentes

graus de desenvolvimento quanto o estabelecimento de padrões mínimos de

proteção ambiental e respeito à legislação vigente.

Queiroz ressalta que a harmonização necessariamente não significa

o estabelecimento de uma legislação única, mas que pode se dar desde “a

harmonização total a fases intermediárias, com o estabelecimento de padrões

de convergência segmentada por setores” (QUEIROZ, 2010, p. 114).

Promover e integrar as políticas ambientais por meio de acordos e

instrumentos internacionais eficazes, além da harmonização de normas,

legislações e regulamentos técnicos ambientais, pode gerar benefícios, a

exemplo das reduções nos custos das transações comerciais, aumento da

eficiência produtiva e maior fluidez do comércio internacional (QUEIROZ,

2005).

Cabe destacar que as empresas já começaram esse processo de

harmonização. Desde os anos 2000 já é praxe a importação de produtos

certificados, geralmente pela ISO (seja 14.001, 9.001 ou outros). O mercado

internacional já se comprometeu em elevar o nível de competição.

Enquanto os governos dos países não chegam a um consenso, é

necessário que as empresas se adaptem e procurem se adequar às novas

demandas do comércio. Se há exigência de certificação, não resta outra opção

senão obtê-la, sob a penalidade de ficar fora do mercado.

Para tal, ferramentas como a Gestão Ambiental e ISO 14.001 se

tornaram de suma importância na composição das empresas ao redor do

planeta.

A Gestão Ambiental por meio da ISO 14.0001 não é custo para as

empresas, mas investimento capaz de levar seus produtos e/ou serviços a

outros mercados, competindo em nível equivalente, pois a certificação é a

mesma para todos, o que faz a diferença é justamente o “algo a mais“ que a

empresa oferece por meio do seu produto e/ou serviço.

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CAPÍTULO II – O MEIO AMBIENTE NO CONTEXTO

ORGANIZACIONAL

Muitas nações vêem a deterioração ambiental como preço cabível a

ser pago pelo progresso econômico ou como uma prioridade menor

ponderando suas demandas mais relevantes, à procura do “desenvolvimento”.

Como exposto no capítulo anterior, os fluxos comerciais vêm

crescendo progressivamente. Essa situação tende a exaurir as bases de

recursos naturais, pois a retirada dos mesmos é realizada sem levar em

consideração a capacidade regenerativa da natureza.

Tal conjuntura é resumida por Caubet, ao assegurar que:

nas condições atuais do crescimento do comércio internacional e do padrão de vida das populações dos países “ricos”, o desenvolvimento continua sendo obviamente insustentável: o consumo dos recursos renováveis e não renováveis aumenta (CAUBET, 2001, p. 151).

Para o autor, o aumento dos fluxos comerciais cresce paralelamente

aos graus de entropia e de degradação ambiental, ao passo em que ocorre

uma redução da qualidade de vida da maioria da população, uma vez que:

o comércio está estruturalmente ligado ao aumento da miséria planetária, para o qual ele contribui, a par de outros fatores estruturais, de diversas maneiras: pressão sobre os recursos através da exploração das “vantagens comparativas”; transferências de recursos humanos e naturais; apropriação dos recursos por meios cada vez mais sofisticados (biopirataria; biogenética; patenteamento de substancias de seres vivos); produção de mais-valias transferidas para outros países; exploração desenfreada de recursos naturais, renováveis ou não; contínua deterioração dos termos do intercâmbio; deslocalização de atividades e investimentos especulativos de capitais de alto risco, dentre outros (CAUBET, 2001, p. 156).

Ou seja, quanto mais os fluxos comerciais crescem, maior é a

demanda agregada, o que exige aumento da produção. Desta forma, mais

recursos são utilizados, mais resíduos são liberados, mais poluição é gerada.

Cria-se um círculo em prol do atendimento às “demandas” da

sociedade. Isso não garante que essa mesma sociedade será completamente

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atendida. E saliente-se que os recursos escassos, bens difusos e de uso

comum de todos, são retirados da natureza sem ocorrer, na maioria das vezes,

uma compensação pelas organizações por essa retirada.

Essa forma de gerenciamento, em que as empresas produtoras

meramente retiram da natureza tudo aquilo o que necessitam para sua

produção, depois produzem e disponibilizam esses produtos aos

consumidores, está ultrapassada.

A sociedade do século XXI exige, além do cuidado na produção,

respeito às leis etc., uma forma de ressarcimento, não somente no atendimento

às suas demandas, mas como uma compensação que abarque um contorno

social, que inclua projetos voltados, sobretudo à comunidade em que a

empresa atue.

Este novo posicionamento da sociedade é fruto de maior

conscientização do papel e da força que o consumidor tem sobre as empresas.

Afinal, ele é quem detêm aquilo o que mais interessa à uma organização: o

capital. O novo consumidor sabe fazer uso de seu poder de compra,

influenciando nas operações das organizações.

Esse novo consumidor que paga pelo produto e/ou serviço, agora

exige maior empenho das organizações frente às questões ambientais, não

somente em projetos de reciclagem ou reaproveitamento de produtos. Esse

consumidor demanda da empresa maior responsabilidade e engajamento

frente outras questões como segurança no trabalho, educação e geração de

renda, compreendendo o que se chama de Responsabilidade Social.

2.1 O meio ambiente como fator de gestão

As organizações foram afetadas em muitos aspectos após a

globalização da consciência ecológica. Alguns exemplos referem-se à

tecnologia, à mão-de-obra e aos seus processos produtivos.

Como resultado, muitos governos vem progressivamente

estabelecendo restrições para atividades econômicas que tenham algum tipo

de impacto sobre o ambiente. Por causa disso, as organizações de todos os

tipos precisam incluir o ambiente em suas práticas gerenciais.

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No entanto, quanto à forma de gerenciamento ambiental, existem

diferenças dos modelos adotados por países desenvolvidos e por países em

desenvolvimento.

Em países desenvolvidos, existe a preocupação não somente com o

resíduo, mas também com o seu reaproveitamento no processo produtivo,

assim como mudanças nos processos, para que estes se tornem mais “limpos”

e eficientes.

No Brasil, prevalecem as tecnologias de controle ou fim de tubo10,

que tratam os efluentes e resíduos somente no final do processo produtivo.

Essa idéia é reforçada pelas palavras de Schmidheiny:

apesar da aceitação geral da prevenção como prioridade máxima para a diminuição de resíduos, a maioria de recursos e esforços reguladores do governo estão ainda orientados no sentido de controle da poluição (SCHMIDHEINY, apud ROHRICH; CUNHA, 2004, p. 82).

Nota-se na prática empresarial, a idéia de privatizar lucros e

socializar os prejuízos e custos de produção (CAUBET, 2001). Isso pode ser

facilmente observado, por as empresas, em geral, se limitarem a cumprir a

legislação ambiental, facultando o emprego de ações corretivas quanto a

acidentes ambientais, por exemplo.

Ressalte-se que a legislação ambiental brasileira se desenvolveu

enfatizando o controle da poluição, cujas soluções típicas são as tecnologias

de fim de tubo (GONÇALVES-DIAS et al, 2009).

Segundo Rohrich e Cunha (2004), existem três níveis na Gestão

Ambiental, quanto à preocupação das organizações com os aspectos

ambientais.

O primeiro nível é o de controle da poluição, o qual se restringe à

adaptação de regulamentações ou exigências de mercado. O segundo nível

corresponde à prevenção, principalmente quando de modifica processos e

produtos. O terceiro e último nível caracteriza-se pela integração do controle

ambiental no processo de gerenciamento e por uma cultura de proatividade

(ROHRICH; CUNHA, 2004).

10 Também conhecidas como End of Pipe Technologies.

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Em relação ao padrão de Gestão Ambiental adotado, as empresas

podem ser corretivas ou proativas.

No primeiro caso, as empresas corretivas se limitam ao cumprimento

da legislação e se voltam ao controle da poluição. No segundo caso, as

organizações proativas mudam seus produtos e processos (ROHRICH;

CUNHA, 2004), além de procurarem criar estratégias baseadas em percepção

de longo prazo referente às questões ambientais, incorporando o meio

ambiente como uma oportunidade para vantagem competitiva.

A preocupação ambiental deve resultar em propostas e ações

sólidas que modifiquem simultaneamente o processo produtivo e o produto,

com vistas à diminuição do impacto sobre o meio ambiente.

Contudo, não deve ser realizada isoladamente pela organização,

pois a Gestão Ambiental não deve produzir efeitos exclusivos à empresa

(GONÇALVES-DIAS et al, 2009). Esta deve realizar práticas que visem a

sustentabilidade ambiental, econômica e social, trazendo benefícios a todos os

stakeholders11 envolvidos.

Por isso, é de suma importância o engajamento de atores-chave

externos, de forma a assegurar que o(s) programa(s) de Gestão Ambiental da

organização seja(m) relevante(s) para a sociedade (GONÇALVES-DIAS et al,

2009).

Para tal, devem ser criadas inovações que respeitem o meio

ambiente, contribuindo para não comprometer a capacidade de suporte dos

ecossistemas.

A partir da introdução e popularização dessas tecnologias

inovadoras, que utilizem recursos de forma eficiente, minimizando impactos

existentes durante o ciclo de vida do produto, é que a sustentabilidade

ecológica e a melhoria dos sistemas produtivos ocorrerão de fato.

O crescimento da conscientização ecológica resultou em maiores

exigências quanto ao desempenho ambiental dos produtos. O avanço da

legislação ambiental também é importante de considerar, pois ela pressiona 11 Stakeholders é um termo da Administração que compreende as pessoas que têm interesse nas atividades da organização por serem significativamente afetadas pela realização de seus objetivos, tais como: acionistas, sindicatos, credores, fornecedores, clientes, governos, órgãos de defesa do consumidor e ambientalistas etc. São comumente chamados de “grupos de interesse” (NASCIMENTO; LEMOS; MELLO, 2008).

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ações para mudanças nos processos produtivos, de maneira que a empresa

internalize as externalidades12.

A externalização, não obstante, segundo Caubet (2001), é

considerada algo externo à empresa, por inexistência de fiscalização e da

penalização dos culpados pela poluição. Ou seja, é algo “ruim”, que a empresa

pondera como algo externo de sua propriedade, mas que ela “internaliza” nos

custos por força da legislação.

As empresas se utilizam de recursos ambientais difusos, ou seja,

sem “donos”, pois eles pertencem à coletividade. No entanto, quando se

referem aos lucros, estes não repartidos à coletividade, mas reservado a

poucos. E quando se referem à poluição, resíduos ou qualquer outro passivo

ambiental, estes são devolvidos à sociedade.

A História mostra que a sociedade percebeu essa “compensação”

negativa em que não recebia retorno algum, e aos poucos mudou seu

comportamento passando a exigir uma atuação mais responsável das

indústrias, e também que elas prestem algum retorno à sociedade, seja social

ou ambiental.

Se a consciência ambiental refere-se ao posicionamento, contra ou a

favor, frente aos assuntos ambientais, a tendência é que indivíduos com níveis

mais altos de consciência ambiental levem em consideração o impacto

ambiental de suas posturas e ações em seu processo decisório (GONÇALVES-

DIAS et al, 2009).

De fato, essa nova realidade obriga as empresas a desenvolverem

inovações ambientais, cujo objetivo principal é o de equilibrar a eficiência no

uso dos recursos e a responsabilidade ambiental. Em suma, o desafio é o de

produzir mais com menos, gerando poucos resíduos (que possam ser

reaproveitados) e suscitando baixa poluição. A Gestão Ambiental já é uma realidade no meio empresarial. A

conscientização ecológica, amplamente difundida nos últimos 40 anos nos

12 A poluição é uma falha no sistema de preços, não refletindo corretamente os danos causados à população e ao meio ambiente, sendo considerada uma externalidade, o que deveria ser resolvido por meio de um mecanismo que possibilitasse internalizar monetariamente essa externalidade. Para tal seria criada uma taxa que seria cobrada dos agentes produtores. No entanto, a existência dessa taxa não eliminaria a poluição (DONAIRE, 1999).

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mais diversos setores da sociedade, ressoa densamente no empresariado.

Contudo, isso não quer dizer que os empresários, em sua maioria, já se

encontram conscientes da seriedade da responsabilidade na gestão dos

recursos naturais.

Compreende-se que a aplicabilidade da Gestão Ambiental varia

conforme a empresa, por depender de fatores (tecnológicos, financeiros,

humanos etc.), que facilitem sua introdução na organização. Todavia,

considera-se que a opção pela não adequação à proposta da sustentabilidade

(por meio da Gestão Ambiental), pode custar à empresa a perda de

competitividade em curto ou médio prazo.

No contexto internacional, os investimentos em Gestão Ambiental

objetivam a concepção de vantagens competitivas que retornem oportunidades

econômicas, por meio da responsabilidade na gestão competente dos recursos

naturais (DONAIRE, 1999).

A nova realidade do mercado global percebe a insuficiência dos

recursos naturais e exige iniciativas mais seguras ao meio ambiente, do

mesmo modo em que preza pela construção de uma ética ecológica,

inquietada com as futuras gerações13 e a atual, tendo como base a mudança

de valores na cultura empresarial.

A assimilação da variável ambiental na organização demanda dos

empresários a visualização de resultados econômicos e estratégicos na causa

ambiental. Para tal, o planejamento é fundamental para que o conceito de

excelência ambiental torne-se uma vantagem competitiva (DONAIRE, 1999).

Na variável ambiental foram encontradas oportunidades para se

extrair vantagens competitivas, no que diz respeito ao mundo organizacional. A

globalização dos negócios, a internacionalização dos padrões de qualidade

ambiental descritos na série ISO 14000, a conscientização crescente dos

atuais consumidores e a dispersão da Educação Ambiental nas escolas,

permitem prever que as cobranças futuras que futuros consumidores farão em

13 A preocupação com as gerações futuras abarca o conceito de Desenvolvimento Sustentável proposto no Relatório Brundtland de 1988, que o define como o desenvolvimento que “atende às necessidades do presente sem comprometer as possibilidades das gerações futuras de atenderem às suas próprias necessidades” (CMMAD, 1988, p.46).

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relação à preservação do meio ambiente e à qualidade de vida somente se

intensificarão (DONAIRE, 1999).

A excelência ambiental deve transcender à empresa como um todo,

tanto a nível interno como externo, relacionando-se a diferentes stakeholders,

pois todos atuam sobre o meio ambiente, de alguma forma ou de outra.

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CAPÍTULO III – A GESTÃO AMBIENTAL

A Gestão Ambiental proporciona às organizações atuar com

responsabilidade ambiental e econômica, acatando a legislação vigente no

país.

Caracteriza-se por ser um sistema de gestão que possui uma

estrutura organizacional, atividades de planejamento, responsabilidades,

práticas, procedimentos, processos e recursos a fim do desenvolvimento,

implementação, alcance, análise crítica e manutenção da política ambiental

(CURI, 2011).

Ela é proativa, uma vez que busca a prevenção dos riscos

ambientais, protegendo a empresa e a comunidade onde ela atua, evitando

acidentes e prejuízos, além de diminuir a probabilidade de ocorrência de danos

ambientais.

A Gestão Ambiental consiste em um conjunto de medidas

objetivando controlar os impactos ambientais diversos causados pela atuação

das organizações em diferentes atividades, sendo uma forma através das quais

elas se mobilizam, tanto interna quanto externamente para o alcance da

qualidade ambiental desejada (SANTOS, 2007).

Outro enfoque é a integração entre o meio ambiente, qualidade de

vida e segurança no trabalho, por sua estratégia compreender a melhoria

contínua, a instituição de padrões de qualidade e segurança e a disseminação

para o público interno de conceitos relativos à Responsabilidade

Socioambiental.

3.1 Os instrumentos de Gestão Ambiental

As ferramentas da Gestão Ambiental possibilitam desenvolver e

implantar processos e tecnologias, enraizar a melhoria contínua na cultura da

empresa, trazendo maior eficiência e competitividade.

Segundo Braga et al (2005), os requisitos da Gestão Ambiental para

implementação numa empresa compreendem cinco fases:

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Ø Política Ambiental – a organização deverá definir a sua

Política Ambiental, de modo a garantir compromissos sólidos

para o seu Sistema de Gestão Ambiental (SGA). A Política

Ambiental apresenta os princípios de ação para a empresa,

estabelecendo as metas relativas ao desempenho e

responsabilidade ambientais. A Política Ambiental definida

pela Administração deve assegurar que ela seja apropriada à

natureza, à escala e aos impactos ambientais de suas

atividades, produtos e serviços; incluindo o comprometimento

com a melhoria contínua e com a prevenção da poluição,

cumprindo as normas, regulamentos e legislação ambientais;

implementando a infra-estrutura para estabelecer e revisar

objetivos e metas ambientais, de modo que a Política seja

documentada, implantada, mantida e comunicada para todos

os empregados, estando disponível para o público;

Ø Planejamento – a organização deverá elaborar um plano que

satisfaça e realize a sua Política Ambiental;

Ø Implementação e Operação – a organização deverá

desenvolver a conscientização, envolvimentos, capacidades e

mecanismos de apoio necessários ao alcance de sua política,

objetivos e metas ambientais;

Ø Análise, Avaliação e Ações – devem ser desenvolvidos

procedimentos para monitorar e medir as principais

características das operações e atividades que podem causar

algum tipo de impacto ambiental significativo, para que se

avalie a Política Ambiental. Simultaneamente, procedimentos

referentes às ações corretivas devem ser estabelecidos para

que se eliminem as causas reais ou potenciais, que poderiam

resultar em um impacto ao meio ambiente, avaliando dessa

forma o seu desempenho ambiental, bem como também

deverá propor e implementar medidas destinadas a sua

otimização;

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Ø Inspeção e Aperfeiçoamento – a organização deverá

inspecionar a aperfeiçoar continuamente o seu sistema de

gestão ambiental, objetivando otimizar o seu desempenho

ambiental, comprometendo-se com a melhoria contínua, de

forma a assegurar que o SGA continue adequado e efetivo.

Nessa revisão devem ser verificadas necessidades de

mudanças na política, objetivos ou outros elementos do SGA,

tomando por base os resultados obtidos nas auditorias do

sistema.

Inicialmente, o investimento é considerável. Porém, ele é absorvido

ao passo em que adequar-se às exigências do mercado traz benefícios e

vantagens competitivas que retornam posteriormente.

A Gestão Ambiental, era antes como um processo alternativo,

altamente caro e desvantajoso, na visão de muitos. Poucas empresas

acreditaram inicialmente em seu propósito. Outras se aproveitaram e

entenderam tal modelo como uma simples forma de se melhorar suas imagens

externas. E tal visão ainda predomina em muitas organizações como excelente

forma de maquiar a empresa apenas para que os outros vejam14.

Outras organizações enxergaram nela uma nova oportunidade de

negócio, uma vez que a repercussão e a importância da questão ambiental

dentro da organização crescem no momento em que a empresa compreende

que essa atividade, ao invés de proporcionar apenas prejuízos, pode-se

transformar em um excelente local de oportunidade de redução de custos

(DONAIRE, 1999).

A situação atual das organizações, caracterizada pela alta

competitividade, exige capacidade criadora na criação de novos pontos de vista

sobre assuntos antigos, pois a questão ambiental, antes considerada sinal de

perdas, agora atrai consumidores preocupados com o tema.

É notável que o mercado não tolere mais a irresponsabilidade na

gestão dos recursos naturais, ao mesmo tempo em que os consumidores são

mais exigentes quanto a produtos e as legislações ambientais tornam-se mais

rígidas em todo o mundo.

14 Também chamada “greenwashing”, ou seja, um “esverdeamento”.

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Na nova realidade global, a variável ambiental passa a ser vista com

mais seriedade e responsabilidade com a Gestão Ambiental, obrigando as

organizações a regerem seus negócios sob uma vertente que considera

imprescindível integrar o ambiental e o social ao econômico, a fim de delinear

melhor suas decisões, objetivando ganhos nos negócios e retornos à

sociedade.

Mais quais seriam precisamente os benefícios da Gestão Ambiental

para a organização? Os benefícios seriam muitos. Donaire (1999) enumerou-

os, separando-os em benefícios econômicos e benefícios estratégicos. Eles

não se restringiriam somente à área financeira da empresa, mas, sobretudo à

mesma como um todo, abrindo novos caminhos, mercados e clientes em

potencial, assim como à melhora dos produtos e/ou serviços etc.

Os benefícios econômicos compreenderiam:

Ø Redução do consumo de água, energia e outros insumos;

Ø Reciclagem, venda e aproveitamento de resíduos e

diminuição de efluentes;

Ø Redução de multas e penalidades por poluição;

Ø Aumento da contribuição marginal de “produtos verdes”,

que podem ser vendidos a preços mais altos;

Ø Aumento da participação no mercado, devido à inovação

dos produtos e à menor concorrência;

Ø Linhas de novos produtos para novos mercados;

Ø Aumento da demanda para produtos que contribuam para

a diminuição da poluição.

E os benefícios estratégicos seriam:

Ø Melhoria da imagem institucional;

Ø Renovação da carteira de produtos;

Ø Aumento da produtividade;

Ø Melhoria da criatividade para novos desafios;

Ø Alto comprometimento do pessoal;

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Ø Melhoria nas relações de trabalho;

Ø Melhoria das relações com os órgãos governamentais,

comunidade e grupos ambientalistas;

Ø Acesso assegurado ao mercado externo;

Ø Melhor adequação aos padrões ambientais.

Torna-se evidente, até o momento, que a preservação ambiental ao

alcance do desenvolvimento sustentável é de suma importância para a

organização e exige dela, um novo posicionamento e soluções holísticas que

integrem o meio ambiente ao planejamento global da empresa.

Com isso em mente, a Câmara de Comércio Internacional (CCI)

entendeu a proteção ambiental como uma, entre as várias metas, a serem

alcançadas em qualquer tipo de negócio, definindo uma série de princípios de

Gestão Ambiental, estabelecendo o denominado Business Charter for

Sustainable Development (Carta Empresarial para o Desenvolvimento

Sustentável), que inclui 16 princípios para a gestão do meio ambiente que, do

ponto de vista organizacional, são essenciais ao alcance do desenvolvimento

sustentável.

Os dezesseis princípios da Business Charter for Sustainable

Development (DONAIRE, 1999; WCI), compreendem:

1. Prioridade Organizacional – estabelecer políticas, programas e

práticas no desenvolvimento das operações voltadas para a

questão ambiental. Reconhecê-la como questão-chave e

prioridade da empresa;

2. Gestão Integrada – integrar as políticas, programas e práticas

ambientais em todos os negócios como elementos indispensáveis

da administração em todas as suas funções;

3. Processos de Melhoria – continuar melhorando as políticas

corporativas, os programas e performance ambiental, tanto no

mercado interno quanto externo, levando em conta o

desenvolvimento tecnológico, o conhecimento científico, as

necessidades dos consumidores e os anseios da comunidade,

como ponto de partida das regulamentações ambientais;

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4. Educação do pessoal – educar, treinar e motivar o pessoal no

sentido de que possam desempenhar suas tarefas de forma

responsável com relação ao ambiente;

5. Prioridade de enfoque – considerar as repercussões ambientais

antes de iniciar nova atividade ou projeto e antes de instalar

novos equipamentos e instalações ou de abandonar alguma

unidade produtiva;

6. Produtos e Serviços – desenvolver e produzir produtos e

serviços que não sejam agressivos ao ambiente e que sejam

seguros em sua utilização e consumo, que sejam eficientes no

consumo de energia e de recursos naturais e que possam ser

reciclados, reutilizados e armazenados de forma segura;

7. Orientação ao Consumidor – orientar e, se necessário, educar

consumidores, distribuidores e o público em geral sobre o correto

e seguro uso, transporte, armazenagem e descarte dos produtos

produzidos;

8. Equipamentos e Operacionalização – desenvolver, desenhar e

operar máquinas e equipamentos levando em conta o eficiente

uso da água, energia e matérias–primas, o uso sustentável dos

recursos renováveis, a minimização dos impactos negativos ao

ambiente e a geração de poluição e o uso responsável e seguro

dos resíduos existentes;

9. Pesquisa – conduzir ou apoiar projetos de pesquisas que

estudem os impactos ambientais das matérias-primas, produtos,

processos, emissões e resíduos associados ao processo

produtivo da empresa, visando à minimização de seus efeitos;

10. Enfoque Preventivo – modificar a manufatura e o uso de

produtos ou serviços e mesmo os processos produtivos, de forma

consistente com os mais modernos conhecimentos técnicos e

científicos, no sentido de prevenir as sérias e irreversíveis

degradações do meio ambiente;

11. Fornecedores e Subcontratados – promover a adoção dos

princípios ambientais da empresa junto aos subcontratados e

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fornecedores encorajando e assegurando, sempre que possível,

melhoramentos em suas atividades, de modo que elas sejam uma

extensão das normas utilizadas pela empresa;

12. Planos de Emergência – desenvolver e manter, nas áreas de

risco potencial, planos de emergência, idealizados em conjunto

entre os setores da empresa envolvidos, os órgãos

governamentais e a comunidade local, reconhecendo a

repercussão de eventuais acidentes;

13. Transferência de Tecnologia – contribuir na disseminação e

transferência das tecnologias e métodos de gestão que sejam

amigáveis ao meio ambiente junto aos setores privado e público;

14. Contribuição ao Esforço Comum – contribuir no

desenvolvimento de políticas públicas e privadas, de programas

governamentais e iniciativas educacionais que visem à

preservação do meio ambiente;

15. Transparência de Atitude – propiciar transparência e diálogo

com a comunidade interna e externa, antecipando e respondendo

a suas preocupações em relação aos riscos potenciais e impactos

das operações, produtos e resíduo;

16. Atendimento e Divulgação – medir a performance ambiental.

Conduzir auditorias ambientais regulares e averiguar se os

padrões da empresa cumprem os valores estabelecidos na

legislação. Prover periodicamente informações apropriadas para a

alta administração, acionistas, empregados, autoridades e o

público em geral.

Baseados nesses 16 princípios e da necessidade do meio

empresarial se adaptar às novas exigências em relação às questões

ambientais, o British Standard Institute — BSI (Instituto de Padronização

Britânico) lançou, em 1992, a norma BS 7750.

A BS 7750 propõe um Sistema de Gestão Ambiental (SGA) que

procura não só ordenar e integrar os procedimentos existentes na empresa,

mas também permitir que esta seja passível de certificação. Esta norma está

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diretamente relacionada à norma BS 5750, que trata dos Sistemas de Gestão

da Qualidade. A BS 7750 foi substituída no cenário empresarial quando a ISO

14001 passou a ser utilizada como padrão internacional.

3.2 A ISO 14000

O conjunto de normas da série ISO 14000, de caráter voluntário, foi

desenvolvido de forma a auxiliar o gerenciamento organizacional, equilibrando

interesses econômicos com os impactos potencias e reais, sejam ambientais

e/ou sociais, oriundos de suas atividades, produtos e serviços.

Lançada internacionalmente em 1996, a série de Normas ISO 14000

objetiva a criação de um Sistema de Gestão Ambiental (SGA) que auxilie as

organizações a atuarem de maneira responsável com o ambiente natural.

Devido ao processo de certificação ser reconhecido

internacionalmente, possibilita às empresas uma diferenciação daquelas que

somente atendem à legislação ambiental e não possuem certificação. As

normas da Série ISO podem ser encontradas em <http://www.iso.org>.

A série aponta requisitos para a implementação de um SGA, além

de capacitar a organização a desenvolver e implantar políticas e objetivos

condicionantes aos requisitos legais e informações sobre aspectos ambientais

significativos (MORETTI; SAUTTER; AZEVEDO, 2008).

Elas são utilizadas de diferentes formas. A ISO 14001 auxilia a

organização para fins de autodeclaração e cláusula de contratos. É a única que

certifica ambientalmente, e exige a implementação de um SGA. A ISO 14004,

por exemplo, é utilizada no uso interno como guia para o SGA.

As normas da Série ISO 14000, para melhor compreensão, podem

ser agrupadas em cinco grupos de atividades propostas pela ISO: as

auditorias, a avaliação de desempenho, a rotulagem, a análise do ciclo de vida

e os aspectos ambientais nos produtos (NASCIMENTO; LEMOS; MELLO,

2008; BRAGA et al, 2005).

Ø Normas sobre auditorias ambientais – Estas normas

fornecem os princípios comuns gerais e os procedimentos

para a direção de qualquer auditoria ambiental, contendo

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os critérios para qualificação dos auditores ambientais que

participarão dessas auditorias. As normas referentes às

auditorias ambientais garantem apoio à credibilidade a todo

o procedimento de certificação ambiental, dirigindo-se,

sobretudo às auditorias de terceiras partes. Existe também

um processo de certificação para as organizações que

operam as auditorias ambientais e isto inclui um organismo

de acreditação, reconhecido internacionalmente, o qual irá

credenciar entidades de registro e certificação que

procederão às auditorias nas instalações das

organizações. Para cumprir seus objetivos, as auditorias

ambientais devem ser:

• Sistemáticas, completas e detalhadas, em que cada

aspecto e área devem ser avaliados de acordo com

uma metodologia específica;

• Documentadas, de forma que os registros facilitem a

resolução dos problemas encontrados e sirvam de

base de comparação com auditorias ambientais;

• Periódicas, realizadas em intervalos regulares e;

• Objetivas, buscando-se a precisão científica.

Ø Normas sobre avaliação do desempenho ambiental –

As normas sobre avaliação do desempenho ambiental

fornecem bases para a seleção e uso de indicadores de

avaliação de desempenho ambiental das organizações.

Elas orientam sobre como fazer a medição, a análise e

definição do desempenho ambiental de uma organização,

permitindo a comparação com os critérios antecipadamente

formados em seu SGA. A norma não estabelece índices ou

parâmetros a serem cumpridos, por estes já terem sido

estabelecidos pela própria organização, porém cita

exemplos para ilustrar seu uso. Os indicadores de

desempenho ambiental devem ser escolhidos pelas

organizações conforme as características das atividades

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que elas desenvolvem, de modo que os indicadores

escolhidos sejam válidos, relevantes e de fácil

comprovação;

Ø Normas sobre rotulagem ambiental – a ISO 14000 inclui

normas de rotulagem ambiental, como orientação para as

organizações nas terminologias, símbolos, testes e

verificações metodológicas a serem utilizadas para a

identificação das características ambientais de seus

produtos, por autodeclaração ou por terceiras partes.

Utilizam-se sempre expressões corretas e comprováveis

para o usuário. As características ambientais do produto

podem estar demonstradas por símbolos, declarações ou

gráficos marcados sobre o produto ou sua embalagem e os

documentos que o identificam, como anúncios, manuais de

uso etc. Os “selos verdes” (Tipo I) conferem ao produto

rotulado uma diferenciação comparada a seus

competidores e são expedidos por terceiras partes. As

autodeclarações ambientais (Tipo II) são as quais os

produtos são identificados como reciclado, reciclável etc.,

não devendo ser confundidos. O Tipo III é expedido por

terceiras partes, utilizando-se de dados quantificáveis do

produto e índices nos rótulos;

Ø Normas sobre análise do ciclo de vida – as normas

estabelecem as interações entre as atividades produtivas e

o ambiente natural, analisando o impacto causado pelos

produtos, seus respectivos processos produtivos e serviços

a eles relacionados, desde a extração dos recursos

naturais até a disposição final. As normas sobre análise do

ciclo de vida (ACV) oferecem os princípios gerais, a

estrutura e a metodologia requerida para se analisar o ciclo

de vida de um produto, determinando metas e o escopo de

estudo, os impactos causados ao ambiente natural,

identificando as melhorias que deveriam ser introduzidas

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para reduzi-los. As normas auxiliam na interpretação dos

resultados, provendo exemplos ilustrativos. A análise deve

considerar:

• O consumo de matérias-primas e seus processos de

extração e produção;

• Os processos de produção dos materiais

intermediários utilizados na fabricação do produto;

• O processamento de todos os materiais até se

chegar ao produto final;

• A utilização do produto durante toda a sua vida útil;

• A reciclagem, tratamento e disposição dos materiais

resultantes do produto descartado ao final de sua

vida útil;

Os fluxos de entrada e saída devem ser analisados em

suas totalidades, medindo e verificando seus efeitos sobre

o ar, a água e o solo. Materiais usados, assim como

substâncias intermediárias, até a decomposição final do

produto devem ser analisados, comparando também seus

impactos ambientais com os de outros produtos, incluindo-

se a destinação final dos resíduos e dos materiais

recuperáveis ou recicláveis em cada alternativa

considerada.

Ø Normas sobre aspectos ambientais nos produtos –

Destina-se à elaboração de normas técnicas para

produtos, no que se refere aos aspectos que envolvem o

ambiente natural, quando considerados ao se especificar e

projetar um produto e familiariza-lo com a maneira como a

questão ambiental influencia a redação de normas técnicas

para produtos.

Para a Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) a

finalidade geral da norma é contrabalançar a proteção ambiental e a prevenção

de poluição com as demandas socioeconômicas (ABNT, 2004; MORETTI;

SAUTTER; AZEVEDO, 2008).

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A norma 14001, a única passível de certificação, exige o

estabelecimento e cumprimento de uma política ambiental, assim como sua

preservação, além do atendimento à legislação e melhoria contínua do SGA

como prioridade da gerência (SILVA; RIBEIRO, 2005). Ressalte-se, contudo,

que a norma não determina critérios específicos de desempenho ambiental.

Desde os anos 2000, vem crescendo uma mobilização com vistas à

“institucionalização” da certificação ambiental e de qualidade (creditadas por

órgãos aprovados pela ISO) nas operações de comércio internacional. As

normas seriam ponderadas como sinal de que a empresa respalda-se em

processos mais seguros e eficientes, caracterizados pela qualidade15.

Em outras palavras:

as normas ISO baseiam-se no princípio da melhoria contínua e no atendimento da legislação e normas existentes no local de onde as empresas estão situadas. Busca-se, de modo voluntário, diminuir os riscos ambientais daquela atividade certificada. Por esse motivo, frequentemente, as normas ISO são associadas à idéia de excelência (SILVA; RIBEIRO, 2005, p. 55).

Neste ponto, deve-se fazer menção a um determinante às normas

de padronização. Em cada país existe uma representante da ISO. No Brasil é a

ABNT.

Se uma empresa brasileira consegue sua certificação (seja ISO

14001, 9001 etc.) por meio da ABNT, isso não é garantia de comercialização

do produto no mercado internacional. Tal fato acontece por alguns países

(principalmente europeus) exigirem que tal produto seja certificado por

organizações creditadas do país para onde ele será exportado (CURI, 2011).

Em resumo, uma empresa brasileira que deseja comercializar com

empresas situadas na Suíça, por exemplo, deverá procurar obter certificação

de organizações de lá.

Mas deve-se ressaltar que a certificação expedida por organizações

autorizadas pela ABNT vem obtendo acesso nos mercados internacionais,

15 Deve-se levar em consideração que o conjunto de normas da Série ISO 14000, principalmente no tocante à norma 14001 (Sistemas de Gestão Ambiental) é muito semelhante com os princípios de qualidade referenciadas na Série de normas ISO 9000 (Qualidade), o que facilita a integração dos dois sistemas de gestão, traduzindo-se em maiores ganhos à organização.

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aumentando o reconhecimento da ABNT, como órgão padronizador da

qualidade (CURI, 2011).

No quadro seguinte encontra-se um panorama que ilustra a

aplicação da Gestão Ambiental nos parâmetros da Norma ISO 14001, que se

baseia na criação de uma política ambiental, norteadora da estrutura

organizacional, social e operacional da empresa, pautada em elementos que

permitam a monitoração, controle e revisão do gerenciamento, para o alcance

da melhoria contínua dos processos.

É interessante notar que ela incita a empresa a planejar políticas, a

criar diretrizes e implementá-las corretamente, monitorando seus processos e,

ainda compreende instrumentos de verificação e auditagens para correção de

possíveis falhas. Em resumo, a norma exige a melhoria contínua das

operações e planejamento das organizações.

PANORAMA DE GESTÃO AMBIENTAL CONFORME ISO 14.001.

Fonte: BRAGA et al, 2005.

Quadro 1. A Gestão Ambiental, conforme a ISO 14.001.

Revisão do Gerenciamento

Melhoria contínua

Política Ambiental

Planejamento

§ Aspectos Ambientais; § Requisitos Legais; § Objetivos e Metas; § Programa de

Gerenciamento Ambiental.

Implementação e Operação

§ Estrutura e Responsabilidades; § Treinamento, Conscientização

e Competências; § Comunicação; § Documentação do SGA; § Controle Operacional; § Controle de emergências e

responsabilidades.

Checagem e Ação corretivas

§ Monitoramento e medição;

§ Não conformidades e ações corretivas;

§ Registros; § Auditoria do SGA.

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3.3 Os sistemas de gestão ambiental

Os SGA acontecem por interferência de normas internacionais e de

normas de grandes conglomerados organizacionais ou por exigências do

mercado.

Ressalte-se que os SGA não são obrigatórios, nem ao menos existe

legislação que a torne obrigatória, em qualquer nível, nem em qualquer lugar

do mundo, forçando uma organização produtiva a criar e instituir um SGA.

No entanto, sabe-se que o comércio internacional exige, cada vez

mais, a certificação formal dos fornecedores em termos de gestão ambiental,

como condição de comercialização de produtos e serviços. Isto pôde ser

observado ao longo deste estudo.

As Normas da Série ISO 14.000 foram criadas objetivando um grau

justo de competitividade entre as empresas que participam do comércio

internacional.

A Norma ISO 14.001 especifica os principais requisitos de um SGA,

sendo que a institucionalização da Gestão Ambiental na organização depende

da integração de todos os níveis e funções da mesma, principalmente da

cúpula administrativa.

A implementação de um SGA implica a mudança da cultura e até

mesmo a mudança estrutural da organização. A questão deixa de ser domínio

de um setor ou departamento e torna-se parte complementar da atividade de

cada membro da empresa, desde a Administração até o chão de fábrica.

Um SGA compreende um conjunto de procedimentos sistematizados

que são desenvolvidos para que as questões ambientais sejam integradas à

administração global da organização (ABNT, 2004).

De acordo com Braga et al (2005), a etapa que antecede o

desenvolvimento de um SGA refere-se à avaliação inicial dos procedimentos

utilizados pela empresa, em relação às questões ambientais e uma projeção

sobre estratégias futuras.

A implantação de um SGA baseia-se no Ciclo PDCA (Plan, Do, Check

and Act), sendo um procedimento sistematizado e estruturado para o

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planejamento, implantação, verificação e revisão das estratégias para a

obtenção de melhorias do desempenho ambiental.

O ciclo PDCA, na ISO 14.000, compreende as fases de

implementação. O “P” se refere ao planejamento de uma política ambiental, o

“D” à implementação e operação (estrutura, responsabilidades, capacitação,

comunicação etc.), o “C” se refere à checagem e às ações corretivas, enquanto

que o “A” refere-se à revisão do gerenciamento. Observe a figura a seguir, que

ilustra a implantação de um SGA.

MODELO DE IMPLANTAÇÃO DE UM SISTEMA DE GESTÃO AMBIENTAL PELA SÉRIE ISO 14.000,

ISO 14.001 E 14.004 – SISTEMA DE GESTÃO AMBIENTAL

Fonte: BRAGA et al, 2005.

Quadro 2. O Sistema de Gestão Ambiental.

Alguns fatores determinam vantagens competitivas quando a Gestão

Ambiental é aplicada por meio das normas ISO 14.000 e, principalmente pela

ISO 14.001 – Sistemas de Gestão Ambiental.

Priorizar os aspectos ambientais

Série ISO 14.040 Análise do Ciclo de Vida

Descrição do desempenho ambiental do produto

Integração dos aspectos ambientais no projeto e desenvolvimento

ISO 14.062 Projeto para o Meio Ambiente

Melhoria do desempenho ambiental dos produtos

Série ISO 14.020 Declarações e rótulos ambientais

Informações sobre os aspectos ambientais dos produtos

Comunicação sobre desempenho ambiental

ISO 14.063 Comunicação Ambiental

Comunicando o desempenho ambiental

Planejar

Executar Verificar

Revisar

Descrição do desempenho ambiental da organização Série ISO 14.030

Avaliação do Desempenho

Ambient

Monitoração do desempenho ambiental

Monitoração do desempenho do sistema ISO 19.011 Auditoria do

Sistema de Gestão Ambiental

Informações sobre desempenho do Sistema de Gestão Ambiental

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Primeiramente podemos apontar o atendimento aos interesses dos

stakeholders, pois a empresa passa a cumprir a legislação (Governo); se

envolve mais com questões socioambientais (Comunidade); angaria mais

investidores predispostos à sustentabilidade (Acionistas); possui funcionários

mais conscientes e com maior motivação e satisfação (Público Interno);

estimula parceiros estratégicos a adotarem processos sustentáveis (Parceiros

& Fornecedores); e por fim amplia seu mercado consumidor (Clientes).

Em segundo lugar, com a aplicação das normas, automaticamente

passa a fazer parte da cultura organizacional o investimento em Pesquisa e

Desenvolvimento (P&D), uma vez que é fundamental à empresa a melhoria e o

investimento contínuos em processos produtivos mais limpos, seguros e

eficientes, além da criação de novas abordagens quanto à gestão global da

empresa nos âmbitos social, ambiental e econômico.

Um terceiro fator é a otimização dos custos, por meio da eliminação

do desperdício, a exemplo de água e energia, além dos próprios materiais e

insumos consumidos na cadeia produtiva.

E por último tem-se a Análise do Ciclo de Vida do produto (ACV), em

que se considera a cadeia produtiva em toda a sua complexidade, desde o

design inicial do produto e dos processos, as matérias-primas e insumos

necessários, as máquinas e equipamentos a serem empregadas, a energia

despendida, a logística de distribuição e de logística reversa, e por fim a

política de responsabilidade pós-consumo a ser adotada pela organização.

A ACV compreende a responsabilidade pós-consumo por abranger o

produto no sentido de como aquilo foi feito e o destino que terá depois de

usado colaborando-se para evitar e/ou reduzir a degradação ambiental.

Sobretudo nas grandes cidades, em que a cultura da efemeridade é

refletida nas pessoas que querem fazer as coisas da maneira mais prática e

rápida possível. Procurando “facilitar” a vida das pessoas, tais produtos

(geralmente descartáveis) são adquiridos constantemente sem levar em

consideração se aquilo foi feito sem agredir a natureza, sem desperdícios, ou

seja, não compreendem o ciclo de vida do produto – e a ACV, por meio da

Gestão Ambiental, vem preencher essa lacuna.

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Posto as considerações acima, evidencia-se que as organizações

não resolveram mudar somente por causa da preocupação com o meio

ambiente. Os exemplos abaixo listados, segundo Tachizawa e Andrade, (2008)

indicam possíveis responsáveis pelo crescente interesse do empresariado

pelos SGA:

Ø Prevenção de riscos e prejuízos (acidentes ambientais,

passivos ambientais, multas e outras penalidades, ações

judiciais etc.);

Ø Redução de custos de seguro;

Ø Consideração de requisitos legais;

Ø Redução de desperdícios no uso de recursos (matérias-

primas, insumos, energia, água) e aproveitamento de

rejeitos;

Ø Melhor relacionamento com a comunidade;

Ø Agilidade nos processos de licenciamento;

Ø Maior competitividade com mercados que valorizam a

preservação ambiental;

Ø Acesso a financiamentos com taxas reduzidas;

Ø Melhoria da imagem institucional (conceito de empresa

cidadã socioambientalmente responsável).

As questões socioambientais devem estar incorporadas no

planejamento estratégico organizacional, para que a organização tenha maior

coerência e coesão no desenvolvimento de objetivos, para que, possa realizar

mudanças profundas e significativas em seu ambiente interno e influenciar os

stakeholders de seu microambiente a fazerem o mesmo (NASCIMENTO;

LEMOS; MELLO, 2008).

Tanto o público externo quanto o interno das empresas valorizam

essas percepções. Desta forma a empresa atinge sua sustentabilidade e

sucesso ao longo do tempo, sem fazer do desenvolvimento sustentável uma

“maquiagem verde” (greenwashing), outra prática comumente utilizada por

diversas empresas no mercado internacional.

A implementação de um SGA beneficia a empresa como um todo,

em todos os aspectos dos âmbitos econômico, social e ambiental.

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No âmbito econômico, a implementação reduz os custos

operacionais da organização, evitando desperdícios em materiais, insumos,

matérias-primas, energia elétrica, água etc. A conscientização geral na

organização possibilita a integração de todos objetivando tornar a organização

sustentável e socioambientalmente responsável.

No âmbito social, permitem às organizações proporcionarem

diferentes possibilidades à comunidade na qual ela atua. Diversas empresas

têm implementado programas de Educação Ambiental a crianças e adultos e

ao mesmo tempo em que têm apoiado a reciclagem, oferecendo oportunidades

de emprego às pessoas de baixa renda, que vêem nisso, possibilidades de sair

da situação de pobreza, diminuindo conseqüentemente o desemprego.

No âmbito ambiental, os SGA são fundamentais à principal questão

que envolve a implementação de qualquer norma de padronização, seja ela

ISO 14000, BS 7750 ou outra qualquer: a preservação e conservação

ambiental. Os SGA permitem à organização rever e mudar seus procedimentos

e processos, para reduzir a utilização de materiais e matérias-primas, reduzir

os efluentes gerados na produção e diminuir o consumo do principal elemento

motriz da fábrica e o consumo de energia, água etc. das empresas.

Essas ações acima citadas são vistas, tanto no mercado doméstico

em que a empresa atua quanto no mercado internacional em que ela se

adentra, como diferenciais que oferecem vantagens competitivas. Essa

empresa, seguramente, terá a preferência pelos consumidores.

Percebe-se que a Responsabilidade Socioambiental é acompanhada

pela sociedade como algo que empresa oferece em retorno, não somente aos

consumidores (por meio dos produtos e/ou serviços), mas à sociedade em

geral.

Fatalmente a empresa que somente cria esta imagem e não

incorpora os princípios dos SGA, quando descoberta, sofrerá um baque muito

difícil de se recuperar no mercado internacional, tendo sua imagem seriamente

comprometida.

A implementação de um SGA proporciona às organizações

diferenciais competitivos que poucas têm, uma vez que obriga quem a adere a

melhorar continuamente em todas as suas áreas.

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A aplicação de novas tecnologias tem de ser incorporadas ao

processo produtivo, o que oferece produtos com menor volume de materiais e

com maior vida útil, além de gerarem mínimos resíduos, os quais serão

reaproveitados de alguma forma pela organização, através de algum programa

de reciclagem ou de reaproveitamento dos resíduos.

A empresa utiliza-se da análise do ciclo de vida do produto,

estudando formas de produção, baseando-se desde a compra das matérias-

primas dos fornecedores, a produção e o destino mais adequado após o

consumo, de forma que ele possa ser reutilizado, reciclado ou recuperado.

A padronização e qualidade dos produtos garantem à organização

acesso a mercados estrangeiros, diferenciando-a das outras e garantindo

competitividade externa e interna com mercados que valorizam a preservação

ambiental, enquanto que a produção de maneira não só ambiental, mas

socialmente correta, permitem também financiamentos estratégicos com

menores taxas.

O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social

(BNDES), o Banco Mundial (BID), Banco Interamericano de Desenvolvimento

(BIRD) privilegiam organizações com planejamento e atuação socioambiental,

principalmente as que estão no Índice de Sustentabilidade Empresarial – ISE,

da Bovespa, que leva em consideração as vertentes econômicas, sociais e

ambientais das organizações, assim como a transparência e a governança

corporativa das mesmas (TACHIZAWA; ANDRADE, 2008).

Internacionalmente, outro índice de sustentabilidade empresarial,

pertencente à Dow Jones, o Dow Jones Sustainability Index (DJSI), avalia o

valor da relação dos fatores econômicos, ambientais e sociais na estratégia da

empresa e analisa aspectos como inovação tecnológica, governança

corporativa, interesse dos investidores, expectativa dos stakeholders, liderança

e competência de resposta às mudanças sociais (TACHIZAWA; ANDRADE,

2008).

Por fim, a organização moderna atenta a essas questões, considera

a Gestão Ambiental parte integrante do seu negócio. A implementação de um

SGA deve ser uma das prioridades, quanto às estratégias de qualquer

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organização que objetiva garantir sua competitividade e, é claro, a sua

sobrevivência no mundo globalizado. De outra forma,

um SGA eficaz pode possibilitar às organizações uma melhor condição de gerenciamento de seus aspectos e impactos ambientais, além de interagir na mudança de atitudes e de cultura da organização. Pode também alavancar os seus resultados financeiros, uma vez que atua na melhoria contínua de processos e serviços (NASCIMENTO; LEMOS; MELLO, 2008, p. 209).

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

As pessoas, em seu cotidiano, precisam satisfazer a uma série de

necessidades, sem as quais não seria possível sobreviver. Essas

necessidades se materializam sob a forma de alimentos, vestuário, habitação,

transporte, higiene, beleza, comunicação etc.

Tais necessidades são permanentemente renovadas, possibilitando

a continuidade da satisfação humana. Para isto, diversos bens precisam ser

produzidos e diversos serviços prestados.

As organizações são as entidades responsáveis pela produção

desses bens e prestação desses serviços, retirando recursos naturais escassos

da natureza.

Nesse esquema, representa-se o comércio. Uma via de mão-dupla

em que existe alguém que possui uma necessidade e alguém disposta a

oferecer algo que a sacie.

Ao longo dos anos o comércio entre os países vem crescendo

progressivamente. Ainda mais após a década de 1990, em que diversas

empresas originárias de países em desenvolvimento ingressaram nas

operações internacionais, aumentado continuamente os fluxos comerciais.

O Comércio Exterior vem se destacando cada vez mais na economia

global, principalmente neste novo cenário político mundial, caracterizado pelo

fim das fronteiras entre políticas de comércio externo.

A disseminação da globalização, a proliferação de acordos

comerciais, a criação de blocos econômicos, o fim de regimes socialistas e a

transferência das Empresas Transnacionais para outros mercados, estão entre

os fatores que contribuíram substancialmente para o aumento abrupto das

operações comerciais globalmente.

A tendência atual é a de maior crescimento dos fluxos comerciais

devido à recuperação da confiança dos consumidores norte-americanos e

europeus em seus mercados e ao crescimento da participação de Brasil,

Rússia, Índia e China (BRIC) na economia global.

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Desta forma, mentalizando maior expansão na necessidade de

atendimento às demandas do consumo global, visualiza-se ainda a crescente

carência de recursos naturais para essa produção, colocando em xeque o meio

ambiente na pauta das negociações internacionais.

O meio ambiente é agora um dos focos de atenção internacional,

pois suas inter-relações em outras atividades humanas, resultam em

conseqüências globais.

O paradigma atual enfrentado pelos governos se refere à conciliação

entre as políticas de meio ambiente e de comércio exterior. Afinal, como

produzir sustentavelmente? Como atender a uma demanda crescente com

recursos limitados?

Esse paradigma traduziu-se no embate entre ambientalistas e

defensores do livre comércio, adquirindo confins políticos envolvendo países

desenvolvidos e países em desenvolvimento, com os primeiros desejando

aplicar seus padrões de proteção ambiental, enquanto que os segundos

creditam esses padrões como protecionistas.

Com maior abertura comercial, mais se intensificam as operações de

comércio. Consequentemente ocorre uma enxurrada de produtos advindos de

diversas localidades. Em contrapartida, mais se utilizam medidas de Política

Internacional para proteger o produtor nacional frente aos concorrentes

estrangeiros.

Os países passaram a adotar mecanismos de proteção, por meio de

barreiras não tarifárias, mais difíceis de serem comprovadas, tais como

barreiras técnicas, ecológicas, burocráticas, sanitárias e fitossanitárias,

medidas anti-dumping etc.

As medidas de cunho à proteção ambiental são cada vez mais

utilizadas como políticas comerciais, visando proteger a indústria doméstica,

reduzindo ou impedindo a importação de produtos produzidos com padrões

ambientais menos exigentes. Neste caso, a competitividade é gravemente

afetada nos produtos domésticos por haver distorção proposital.

Outras medidas comerciais recaem sobre a padronização de

produtos ou de métodos produtivos, impedindo a importação de produtos

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oriundos de indústrias localizadas em países com leis ambientais e trabalhistas

menos exigentes.

As políticas ambientais são variáveis que apresentam implicações

potenciais sobre o comércio, pois sob a alegação de proteção ao meio

ambiente, diferentes níveis de exigências e regulamentações estão sendo

empregados por diversos países (em sua maioria, desenvolvidos) como

instrumentos comerciais protecionistas a fim de blindar seus mercados internos

da concorrência internacional.

Quando há uma desarmonia nas políticas ambientais dos países,

ocorre uma distorção no comércio internacional. Desregula-se a

competitividade, privilegiando aqueles que poluem o meio ambiente, esgotam

os recursos naturais, desrespeitam as leis trabalhistas, se utilizam de mão-de-

obra infantil, descumprem as conformidades de padrões internacionais etc.

Neste sentido, afim de maior harmonização da competitividade

internacional, o comércio internacional, vem exigindo o desenvolvimento de

tecnologias mais limpas, eficientes e seguras, o respeito às leis trabalhistas, a

criação de processos produtivos mais eficientes e com menor capacidade de

degradação, além é claro, da aplicação dos 3Rs (reciclagem, reutilização e

recuperação) nos resíduos.

Para tal, a disseminação do aproveitamento da Gestão Ambiental

vem sendo cada vez maior, por ela compreender a aplicação dos fatores acima

enumerados.

Entretanto, essas ações ainda são vistas como protecionistas em

seu conjunto da obra, por alguns setores das indústrias de países em

desenvolvimento, por serem “entraves” ao comércio internacional, por crerem

que são propostas de difícil aplicabilidade.

Podem-se observar condições desiguais de competitividade por

diversos países não disporem de capital, tecnologia, pessoal capacitado etc.

Essa situação se espalha entre vários países em desenvolvimento.

Devem-se existir condições mais equivalentes no que se refere à

capacidade competitiva. Se o mercado europeu, por exemplo, exige

certificação ISO 14.001 para determinado produto, cabe aos governos desses

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países desenvolvidos auxílio na aplicação de tecnologias e também facilitar o

acesso e/ou transferência das mesmas aos países em desenvolvimento.

Não faz sentido exigir certificação ambiental de países que não têm

condições (tecnologia, recursos humanos e financeiros) para aplicar esses

processos.

Uma saída seria promover e integrar as políticas ambientais por

meio de acordos e instrumentos internacionais eficazes, além da harmonização

de normas, legislações e regulamentos técnicos ambientais, o que poderia

reduzir custos das transações comerciais, aumentar a eficiência produtiva e

melhorar o fluxo do comércio internacional.

Cabe destacar que as empresas já começaram esse processo de

harmonização. Desde os anos 2000 já é praxe a importação de produtos

certificados, geralmente pela ISO (seja 14.001, 9.001 ou outros). O mercado

internacional já se comprometeu em elevar o nível de competição.

Enquanto os governos dos países não chegam a um consenso, é

necessário que as empresas se adaptem e procurem se adequar às novas

demandas do comércio. Se há exigência de certificação, não resta outra opção

senão obtê-la, sob a penalidade de ficar fora do mercado.

Para tal, ferramentas como a Gestão Ambiental e ISO 14.001 se

tornaram de suma importância na composição das empresas ao redor do

planeta.

A Gestão Ambiental por meio da ISO 14.0001 não é mais um custo

para as empresas, mas investimento capaz de levar seus produtos e/ou

serviços a outros mercados, competindo em nível equivalente, pois a

certificação é a mesma para todos, o que faz a diferença é justamente o “algo a

mais“ que a empresa oferece por meio do seu produto e/ou serviço.

No contexto internacional, os investimentos em Gestão Ambiental

são orientados para a criação de vantagens competitivas que tragam

oportunidades econômicas, propiciadas pela responsabilidade na gestão

eficiente dos recursos naturais.

A absorção da variável ambiental na organização requer que

empresários enxerguem na causa ambiental resultados econômicos e

estratégicos. A competitividade internacional moderna exige isso. Para tal, o

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planejamento é fundamental para que o conceito de excelência ambiental

torne-se uma vantagem competitiva.

A Gestão Ambiental proporciona às organizações atuar com

responsabilidade ambiental e econômica, acatando a legislação vigente no

país.

Caracteriza-se por ser um sistema de gestão que possui uma

estrutura organizacional, atividades de planejamento, responsabilidades,

práticas, procedimentos, processos e recursos a fim do desenvolvimento,

implementação, alcance, análise crítica e manutenção da política ambiental.

Ela é proativa, uma vez que busca a prevenção dos riscos

ambientais, protegendo a empresa e a comunidade onde ela atua, evitando

acidentes e prejuízos, além de diminuir a probabilidade de ocorrência de danos

ambientais.

As ferramentas da Gestão Ambiental possibilitam desenvolver e

implantar processos e tecnologias, aprofundar a melhoria contínua na cultura

da empresa, originando maior eficiência e competitividade, impulsionando as

indústrias a apostarem numa forma sustentável de produção sem agredir o

meio ambiente e procurando preservá-lo.

Inicialmente, o investimento é considerável. Porém, ele é absorvido

ao passo em que adequar-se às exigências do mercado traz benefícios e

vantagens competitivas que retornam posteriormente.

É notável que o mercado não tolere mais a irresponsabilidade na

gestão dos recursos naturais, ao mesmo tempo em que os consumidores são

mais exigentes quanto a produtos e as legislações ambientais tornam-se mais

rígidas em todo o mundo.

O desafio das organizações é o de produzir eficiente e

sustentavelmente, respeitando a capacidade regenerativa da natureza, uma

vez que a demasiada exploração dos recursos naturais, a perda de

biodiversidade e o aumento na emissão de resíduos poluentes são

externalidades derivadas do fluxo das transações comerciais, devendo ser

consideradas pelas empresas em seus processos produtivos.

Nesta nova realidade global, a variável ambiental passa a ser

encarada com mais seriedade e responsabilidade com a Gestão Ambiental, o

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que obriga as organizações a administrarem seus negócios sob uma vertente

que considera necessário integrar o ambiental e o social ao econômico, a fim

de planejar melhor suas decisões, objetivando ganhos nos negócios e retornos

à sociedade.

A Gestão Ambiental orienta para a formação dos vínculos

relacionados com a exploração dos recursos e a orientação do

desenvolvimento tecnológico, de modo que a sustentabilidade das ações

humanas deve ser promovida através da consciência ambiental e prática de

ações pró ativas implicando no ser humano a co-responsabilidade na

fiscalização e no controle dos agentes de degradação ambiental.

Desde o início do século XXI, vem crescendo um apelo para uma

“institucionalização” da certificação ambiental e de qualidade (creditadas por

órgãos aprovados pela ISO) nas operações de comércio internacional.

Por fim, por este estudo puderam-se compreender duas

perspectivas pelas quais as organizações vêm adotando a Gestão Ambiental,

por meio da série de normas ISO 14.001.

Primeiramente, na perspectiva de furar as barreiras técnicas

impostas pelo mercado internacional. Apesar das normas não serem

obrigatórias nas transações comerciais, só consegue comercializar plenamente

nos mercados de países desenvolvidos quem é certificado. Se esta é uma

necessidade, cabe às organizações se adequarem às regras do mercado

internacional para continuarem no jogo.

Mas por outro lado, na segunda perspectiva, o da competitividade,

entende-se as normas como sinal de que a empresa respalda-se em processos

mais seguros e eficientes, prezando pela qualidade, segurança e eficiência.

Isto credita à empresa respeitabilidade não só em seu mercado doméstico,

mas também no mercado internacional, garantindo à organização acesso

facilitado aos mais diversos mercados.

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ÍNDICE

FOLHA DE ROSTO _____________________________________________ 2 DEDICATÓRIA ________________________________________________ 3 AGRADECIMENTOS ____________________________________________ 4 EPÍGRAFE ____________________________________________________ 5 RESUMO _____________________________________________________ 6 METODOLOGIA _______________________________________________ 7 SUMÁRIO ____________________________________________________ 8 INTRODUÇÃO _________________________________________________ 9 CAPÍTULO I – COMÉRCIO INTERNACIONAL E MEIO AMBIENTE ______ 12 1.1 O CENÁRIO DO COMÉRCIO ATUAL E O MEIO AMBIENTE ______ 14 1.2 MEDIDAS PROTECIONISTAS ______________________________ 16 1.3 O MEIO AMBIENTE COMO ESQUEMA PROTECIONISTA ________ 18 1.4 A SUSTENTABILIDADE NO COMÉRCIO ______________________ 19 1.5 A QUESTÃO DA HARMONIZAÇÃO __________________________ 22

CAPÍTULO II – O MEIO AMBIENTE NO CONTEXTO ORGANIZACIONAL 26 2.1 O MEIO AMBIENTE COMO FATOR DE GESTÃO _______________ 27

CAPÍTULO III – A GESTÃO AMBIENTAL __________________________ 33 3.1 OS INSTRUMENTOS DE GESTÃO AMBIENTAL ________________ 33 3.2 A ISO 14000 _____________________________________________ 40 3.3 OS SISTEMAS DE GESTÃO AMBIENTAL _____________________ 46

CONSIDERAÇÕES FINAIS ______________________________________ 53 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS _______________________________ 59 WEBGRAFIA _________________________________________________ 61 ÍNDICE ______________________________________________________ 64 FOLHA DE AVALIAÇÃO________________________________________ 65

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FOLHA DE AVALIAÇÃO

Nome da Instituição: Universidade Cândido Mendes

Título da Monografia: A Gestão Ambiental no Comércio Internacional:

fator de competitividade e instrumento frente barreiras técnicas

Autor: Vinícius Ferreira Baptista

Data da entrega:

Avaliado por: Conceito: