CAPÍTULO 2 – FREQUÊNCIA DA INFECÇÃO POR...

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS ESCOLA DE VETERINÁRIA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIA ANIMAL ASPECTOS EPIDEMIOLÓGICOS DA INFECÇÃO POR LEPTOSPIRA spp EM CANINOS URBANOS DE ARAGUAÍNA, TOCANTINS, BRASIL Autora: Samara Rocha Galvão Orientadora: Prof a . Dra. Valéria de Sá Jayme GOIÂNIA 2009

Transcript of CAPÍTULO 2 – FREQUÊNCIA DA INFECÇÃO POR...

UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS ESCOLA DE VETERINÁRIA

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIA ANIMAL

ASPECTOS EPIDEMIOLÓGICOS DA INFECÇÃO POR LEPTOSPIRA spp EM CANINOS URBANOS DE ARAGUAÍNA,

TOCANTINS, BRASIL

Autora: Samara Rocha Galvão

Orientadora: Profa. Dra. Valéria de Sá Jayme

GOIÂNIA 2009

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SAMARA ROCHA GALVÃO

ASPECTOS EPIDEMIOLÓGICOS DA INFECÇÃO POR LEPTOSPIRA spp EM CANINOS URBANOS DE ARAGUAÍNA,

TOCANTINS, BRASIL

Tese apresentada para obtenção do grau de Doutora em Ciência Animal

junto à Escola de Veterinária da Universidade Federal de Goiás

Área de concentração:

Sanidade Animal

Orientadora:

Profa. Dra. Valéria Sá Jayme

Comitê de Orientação:

Prof. Dr. Marlos Gonçalves de Sousa - UFT

Profa. Dra. Maria Clorinda Soares Fioravanti

GOIÂNIA 2009

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)

GPT/BC/UFG

G182a

Galvão, Samara Rocha.

Aspectos epidemiológicos da infecção por Leptospira

spp em caninos urbanos de Araguaína, Tocantins, Brasil

[manuscrito] / Samara Rocha Galvão. - 2009.

102 f. : il.

Orientadora: Profa. Dr

a. Valéria Sá Jayme; Co-

Orientadores: Prof. Dr. Marlos Gonçalves de Sousa, Profa.

Dra. Maria Clorinda Soares Fioravanti.

Tese (Doutorado) – Universidade Federal de Goiás,

Escola de Veterinária, 2009.

Bibliografia.

1. cães 2. epidemiologia 3. leptospirose 4. norte do

Brasil. I.Título

CDU: 599.742.13:616-036.22

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Ao meu companheiro Carlos Roberto, meu grande incentivador.

Ao meu filho João Vitor, razão de todos os meus esforços.

Dedico

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AGRADECIMENTOS

A Deus, a Nossa Senhora Aparecida e ao meu anjo de guarda, por guiarem

sempre o meu caminho.

Aos meus pais e irmãos, pelo apoio de sempre.

Ao filho João Vitor, pela compreensão e pelas muitas vezes que, suportando

minha ausência, dizia: “eu entendo mamãe, você tem que terminar o doutorado; é

muito importante”.

Ao meu companheiro Carlos Roberto, pela compreensão e incentivo.

Ao Programa de Pós-Graduação em Ciência Animal (PPGCA) da Escola de

Veterinária da Universidade Federal de Goiás (EV/UFG), especialmente à Profa.

Maria Clorinda, pela compreensão, paciência e grande colaboração na conclusão

da tese.

Á Universidade Federal do Tocantins, pela realização do DINTER e por me

conceder a participação no programa, embora sendo Técnica administrativa e não

docente.

À Fundação de Medicina Tropical do Tocantins, pelo apoio logístico, em especial

aos servidores e amigos Andréa e Bruno, que contribuíram diretamente na

realização deste trabalho.

À Profa. Valéria de Sá Jayme, por ter aceitado ser minha orientadora, pela

amizade, companheirismo, paciência, dedicação e ensinamentos.

Aos meus co-orientadores Prof. Dr. Marlos Gonçalves de Sousa e Profa. Dra.

Maria Clorinda Soares Fioravanti, pela grande colaboração.

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Aos demais professores da Escola de Veterinária da UFG, que me ajudaram e me

receberam com carinho.

A grande amiga, irmã e comadre Helciléia por está sempre contribuindo e

presente nos grandes momentos da minha vida.

Aos funcionários da FUNASA, pela disponibilidade de dados indispensáveis para

a realização deste trabalho;

Aos alunos que estiveram envolvidos durante a fase de coleta de dados: Adriana,

Breno, Débora, Herielson, Júnior, Taiã, Wendel, Valdilene e Vilma. A todos vocês,

muito obrigada, pois sem suas contribuições seria impossível cumprir todos os

prazos;

Aos colegas de curso, pela oportunidade de conhecer melhor cada um,

estreitando ainda mais os nossos laços de amizade;

A todos os colegas técnicos administrativos da UFT, pelo incentivo, e aos amigos

da Fênix, Roberto, Divina e Zelene pelas sábias palavras de incentivos em

momentos tão difíceis,

A todos aqueles professores da UFT que me incentivaram e facilitaram para que

eu concluísse; representando esse grupo, agradeço a Profa. Tânia Vasconcelos.

A técnica do Laboratório de leptospirose, Lurdes e aos alunos de mestrado

Alberto Elias e Ivonete Maria, pela paciência inesgotável e ajuda durante o tempo

das análises laboratoriais. Agradeço por tudo que me ensinaram.

Enfim, a todos que contribuíram de uma forma ou de outra para esta conquista.

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“O Senhor é meu pastor, nada me faltará”.

Salmos 23.1

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DESIDERATA

No meio do tumulto e da agitação, caminhe tranqüilo, lembrando-se da paz que

pode existir no silêncio.

Procure viver em harmonia com as pessoas que estão ao seu redor, sem abrir

mão das suas próprias convicções.

Fale a sua verdade, mansa e claramente, e ouça a verdade dos outros, mesmo a

dos insensatos e ignorantes, pois eles também têm sua própria história.

Evite as pessoas escandalosas e agressivas, pois elas afligem o nosso espírito.

Procure não se comparar aos outros, o que o tornaria presunçoso ou amargo,

pois sempre haverá alguém acima e abaixo de você.

Desfrute de suas conquista, bem como de seus planos.

Mantenha-se interessado em seu trabalho, por mais humilde que lhe pareça, pois

ele é uma benção diante das incertezas do tempo.

Tenha cautela nas suas atividades, já que o mundo é cheio de armadilhas, mas

não se torne cego ao bem que sempre existe: muita gente luta por grandes

causas e em toda a parte a vida está cheia de heroísmos.

Seja você mesmo. Sobretudo, não simule afeição, e não seja leviano com relação

ao amor: diante de tanta aridez e desencanto, ele é perene como a relva.

Ouça com carinho o conselho dos mais velhos e seja compreensivo com os

arroubos da juventude.

Alimente a força de espírito que o protegerá na sorte inesperada. Mas não se

desespere com perigos imaginários: muitos temores nascem do cansaço e da

solidão.

Além de manter uma saudável disciplina, seja gentil consigo mesmo.

Você é filho do Universo, irmão das estrelas e árvores, você merece estar aqui. E

mesmo que você não possa perceber, a Terra e o Universo vão cumprindo o seu

destino.

Assim, esteja em paz com Deus, como quer que você o conceba, e quaisquer que

sejam os seus trabalhos e aspirações, na cansativa luta da vida, mantenha-se em

paz consigo mesmo.

Apesar de todos os enganos, problemas e sonhos desfeitos, este ainda é um

mundo maravilhoso. Entusiasme-se e faça tudo para ser FELIZ!

(Max Ehrmann)

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RESUMO

Este estudo teve como objetivo investigar a prevalência de anticorpos anti-Leptospira spp, identificar os sorovares mais prevalentes, bem como avaliar possíveis fatores associados à prevalência sorológica antileptospírica em cães urbanos de Araguaína, Tocantins. Foi realizado um estudo transversal, abrangendo a população canina domiciliada na zona urbana do município. Analisaram-se 275 amostras, tendo sido realizada colheita domiciliar dos soros, em unidades sorteadas, após o consentimento esclarecido dos proprietários. As amostras foram obtidas através de punção cefálica ou jugular, com agulha 25 x 7, em seringas descartáveis de 5 a 10 mL transferidas para tubos de ensaio com gel separador, sequencialmente centrifugadas, criopreservadas e encaminhadas para Laboratório de Diagnóstico de Leptospirose do Departamento de Medicina Veterinária da Escola de Veterinária da Universidade Federal de Goiás (DMV/EV/UFG), onde foram processadas segundo a técnica de soroaglutinação microscópica. Em cada domicílio sorteado, foi aplicado questionário para obtenção de dados referentes a possíveis fatores associados, que foram analisados por meio da análise bivariada. A soroprevalência detectada foi de 13,8%, sendo mais prevalentes os sorovares Castellonis (26,3%), Pyrogenes e Pomona, ambos com 10,5% dos sororeagentes. A pesquisa de fatores associados à infecção por leptospira, demonstrou associação positiva estatisticamente significativa entre as variáveis, estação do ano, período chuvoso (p=0,03) e a localidade Sonhos Dourados (p=0,02). Os resultados demonstraram que, no município de Araguaína, a leptospirose canina apresenta um perfil epidemiológico diferente da maioria das regiões brasileiras pesquisadas.

Palavras-chave: cães, epidemiologia, leptospirose, norte do Brasil

x

ABSTRACT

This study aimed to investigate the prevalence of anti-Leptospira spp, identify the most prevalent serovars and to assess possible factors associated with Anti-leptospire seroprevalence in urban dogs in Araguaina city,Tocantins state. A cross-sectional study covering the canine population residing in urban areas was conducted. Household collection of sera was performed by prior consent of the dog owners. The houses that were involved in the study were drawn previously it started. There were analyzed 275 samples at total. Samples were obtained through cephalic vein puncture, with a 25 x 7 needle and then transferred to 5 to 10 ml test tubes with gel separator sequentially centrifuged, cryopreserved and sent for laboratory diagnosis of leptospirosis, at the Department of Veterinary Medicine at Federal University of Goiás Veterinary Medicine School (DMV / EV / UFG), which were processed by the microscopic agglutination test. In each household, a questionnaire was applied to obtain data on the possible associated factors that were analyzed by bivariate analysis. The leptospira seroprevalence detected was 13,8%, the most prevalent serovar was Castellonis (26.3%) and, Pyrogenes and Pomona, both with 10,5% of seropositive. The search for factors associated with infection by leptospira demonstrated statistically significant positive association between the variables season, rainy season (p = 0,03) and the location Sonhos Dourados (p = 0,02). The results showed that Araguaina city canine leptospirosis presents a different epidemiological profile of most Brazilian regions surveyed Keywords: dogs, epidemiology, leptospirosis, northern of Brazil

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SUMÁRIO

CAPÍTULO 1 – CONSIDERAÇÕES GERAIS

1. Introdução....................................................................................................... 1

2. Revisão de literatura....................................................................................... 2

2.1 Histórico........................................................................................................ 2

2.2 Etiologia........................................................................................................ 2

2.3 Epidemiologia............................................................................................... 4

2.3.1 Leptospirose humana................................................................................ 4

2.3.2 Leptospirose canina................................................................................... 5

2.4 Transmissão................................................................................................. 6

2.5 Reservatório.................................................................................................. 7

2.6 Diagnóstico................................................................................................... 9

2.7 Tratamento.................................................................................................... 10

2.8 Prevenção..................................................................................................... 11

3. Justificativa e Objetivo.................................................................................... 12

Referências ........................................................................................................ 12

CAPÍTULO 2 - PREVALÊNCIA DA INFECÇÃO POR LEPTOSPIRA spp EM

CANINOS URBANOS DO MUNICÍPIO DE ARAGUAÍNA, TOCANTINS, BRASIL

Resumo............................................................................................................... 22

Abstract............................................................................................................... 23

1. Introdução....................................................................................................... 24

2. Material e métodos......................................................................................... 25

2.1 Descrição da área ........................................................................................ 25

2.2 Delineamento do estudo .............................................................................. 26

2.2.1 Primeira etapa............................................................................................ 26

2.2.2 Segunda etapa: análise laboratorial ......................................................... 28

2.2.3 Terceira etapa: armazenamento e análise descritiva dos dados.............. 32

2.3 Considerações éticas............................................................................................. 32

xii

3. Resultados e discussão.................................................................................. 32

4. Conclusão....................................................................................................... 41

Referências......................................................................................................... 41

CAPÍTULO 3 - FATORES ASSOCIADOS À INFECÇÃO POR LEPTOSPIRA spp

EM CÃES URBANOS DE ARAGUAINA, TOCANTINS, BRASIL

Resumo.............................................................................................................. 50

Abstract............................................................................................................... 51

1.Introdução ....................................................................................................... 52

2. Material e métodos......................................................................................... 53

2.1 Descrição da área......................................................................................... 53

2.2 Delineamento do estudo............................................................................... 54

2.2.1 Primeira etapa............................................................................................ 55

2.2.2 Segunda etapa: captura e colheita de sangue dos roedores.................... 58

2.2.3 Terceira etapa: análise laboratorial........................................................... 58

2.2.4 Quarta etapa: análise estatística dos dados.............................................. 59

2.3 Considerações éticas............................................................................................. 59

3. Resultados e discussão.................................................................................. 59

3.1 Características gerais e de manejo dos cães............................................... 59

3.2 Características do local de moradia dos cães.............................................. 65

3.3 Perfil dos proprietários dos cães amostrados............................................... 75

3.4 Resultado da SAM nos roedores.................................................................. 78

4.Conclusões...................................................................................................... 80

Referências........................................................................................................ 80

CAPÍTULO 4 – CONSIDERAÇÕES FINAIS

Anexos................................................................................................................ 88

xiii

LISTA DE FIGURAS

CAPÍTULO 2 FIGURA 1 Localização do município de Araguaína em relação ao Brasil

e ao estado do Tocantins, 2008.............................................. 26

FIGURA 2 Estratos amostrados de Araguaína, Tocantins, 2008............. 29 FIGURA 3 Distribuição do soro diluído em solução salina tamponada

volume de 50 μL na microplaca, para realização da etapa de triagem para diagnóstico laboratorial de leptospirose pela prova de SAM, conduzida na Escola de Veterinária, Universidade Federal de Goiás, 2008.....................................

31

FIGURA 4 Localidades selecionadas e resultados dos testes sorológicos referentes aos animais amostrados em Araguaína, Tocantins, 2008.....................................................

34

FIGURA 5 Vista da localidade Monte Sinai, área de invasão próxima ao cerrado.....................................................................................

36

FIGURA 6 Frequência dos sorovares presentes nas três localidades com maior soropositividade para Leptospira spp em caninos de Araguaína, Tocantins, Brasil, 2008.....................................

40

CAPÍTULO 3 FIGURA 1 Localização do município de Araguaína em relação ao Brasil

e ao Estado do Tocantins, 2008.............................................. 54

FIGURA 2 Estratos amostrados de Araguaína, Tocantins, 2008.............. 57 FIGURA 3 Área com pontos de acumulo de água pluvial na localidade

Sonhos Dourados, Araguaína, Tocantins, 2008...................... 66

FIGURA 4 Área de invasão, localidade Monte Sinai, Araguaína,Tocantins................................................................

67

FIGURA 6 Área alagada no setor Anhanguera, vista de um quintal de uma das residências amostradas............................................

71

FIGURA 7 Distribuição do resultado do SAM para Leptospira spp, de acordo com o mês de colheita das amostras (março, maio, junho, junho, setembro e outubro) e os índices de precipitação pluvial média nos mesmos meses, em Araguaína-Tocantins, 2008.....................................................

74

FIGURA 8 Espécies de roedores amostrados: sequêncialmente, Mus musculus, Rattus norvegicus e Rattus ratttus.........................

78

xiv

LISTA DE TABELAS

CAPÍTULO 2 TABELA 1 Resultado da soroaglutinação microscópica (SAM)

antileptospírico em cães na área territorial urbana de Araguaína, Tocantins, Brasil, 2008.............................................................................................

33

TABELA 2 Resultado da soroaglutinação microscópica (SAM) antileptospírica em cães, segundo localidade amostrada, em Araguaína, Tocantins, Brasil, 2008.............................................

35

TABELA 3 Distribuição dos títulos antileptospíricos, frente aos 24 sorovares testados em soros caninos colhidos em Araguaína, Tocantins, Brasil, 2008................................................................

37

TABELA 4 Distribuição dos títulos máximos de coaglutinações antileptospíricas na prova de soroaglutinação microscópica (SAM), em cães de Araguaína, Tocantins, Brasil, 2008..............

40

CAPÍTULO 3

TABELA 1 Análise bivariada do resultado da soroaglutinação microscópica (SAM) antileptospírica em cães e fatores relacionadas às características gerais e de manejo dos cães da área territorial urbana de Araguaína, Tocantins, Brasil, 2008.............................................................................................

61

TABELA 2 Distribuição da população canina estudada e resultados da soroaglutinação microscópica (SAM) antileptospírica segundo raça, na área territorial urbana de Araguaína, Tocantins, Brasil, 2008.............................................................................................

63

TABELA 3 Análise bivariada do resultado da soroaglutinação microscópica (SAM) antileptospírica e a localidade do domicilio dos cães na área territorial urbana de Araguaína, Tocantins, Brasil, 2008..................................................................................

65

TABELA 4 Análise bivariada do resultado da soroaglutinação microscópica (SAM) antileptospírica em cães e fatores relacionadas às condições dos locais de moradia dos cães da área territorial urbana de Araguaína, Tocantins, Brasil, 2008.............................................................................................

70

TABELA 5 Distribuição do resultado da soroaglutinação microscópica (SAM) antileptospírica em cães e análise bivariada segundo estação do ano, na área territorial urbana de Araguaína, Tocantins, Brasil, 2008................................................................

73

TABELA 6 Análise bivariada do resultado da soroaglutinação microscópica (SAM) antileptospírica em cães e fatores relacionadas às características dos proprietários dos cães da área territorial urbana de Araguaína, Tocantins, Brasil, 2008............................................................................................

76

1

CAPÍTULO 1 - CONSIDERAÇÕES GERAIS

1. INTRODUÇÃO

A leptospirose é uma antropozoonose direta, que tem como

hospedeiros primários os animais selvagens, sinantrópicos e domésticos. Os

seres humanos comportam-se como hospedeiros terminais, acidentais. Sua

distribuição geográfica é cosmopolita e sua ocorrência elevada é determinada

principalmente pelas condições ambientais de ordem físico-química,

socioeconômicas e cultural. A infecção afeta aproximadamente 160 espécies de

mamíferos, sendo os roedores o seu reservatório natural.

A infecção no homem e nos animais ocorre de forma direta, através da

pele lesada ou íntegra e das mucosas oral, nasal e conjuntival, ou indireta, por

meio de água, solo e alimentos contaminados pela urina de animais infectados.

Os fatores de risco associados à infecção dependem, entre outros aspectos, de

características da organização espacial, dos ecossistemas e das condições de

vida da população (MARSHALL, 1991; MURHEKAR et al., 1998).

Pelo fato de viver em contato direto com o homem, os cães, dentre os

animais domésticos urbanos, são os que apresentam maior potencial na

transmissão da leptospirose humana, sendo os sorovares mais importantes, o

Canicola e Icterohaemorrhagiae. Dentro deste contexto, a leptospirose animal

representa importante questão a ser considerada nas ações de saúde pública,

uma vez que há interrelação entre infecção animal e humana. Faz-se necessária,

assim, a implementação das ações de controle em relação aos diversos tipos de

hospedeiros animais, sejam eles silvestres ou sinantrópicos, tanto no ecossistema

rural quanto no urbano, diminuindo, assim, a contaminação ambiental e,

conseqüentemente, os casos da doença em seres humanos.

2

2. REVISÃO DE LITERATURA

2.1 Histórico

Registra-se que a primeira observação de uma doença humana, que

provavelmente era leptospirose, caracterizada por febre, icterícia e hemorragias

petequiais, foi realizada em 1800, no Cairo, Egito, por Larrey, médico militar

francês, que identificou, no exército napoleônico, dois casos em humanos, Weil,

em 1886, na Alemanha, também descreveu humanos com sinais clínicos

característicos. Hofer, em 1850, foi quem primeiro relatou casos de cães com

essa doença e, em 1898, Klett constatou uma epizootia canina e a denominou

como doença de Sttutgart (BRASIL, 1997).

No Brasil, os primeiros estudos sobre leptospirose foram realizados em

1918, no Rio de Janeiro, por Aragão e, em São Paulo, por Carini. Os primeiros a

estudarem a doença no cão foram Dacorso Filho, em 1940, e Azevedo & Santos,

em 1945 (BRASIL, 1997; ENRIETTI, 2001).

A nomenclatura Leptospira interrogans, surgiu quando Stimson, em

1907, demonstrou espiroquetas nos túbulos renais de um paciente cuja morte foi

atribuída à febre amarela. As espiroquetas tinham terminais em gancho, e

Stimson as chamou de Spirochaetas interrogans (ENRIETTI, 2001).

O agente etiológico da enfermidade foi observado por Ido, em 1915,

em ratos e camundongos, mas só foi determinado em 1916, por Inada e

colaboradores, no Japão. Desde então, tem sido diagnosticado em diferentes

espécies animais (BRASIL, 1997).

2.2 Etiologia

A leptospirose é causada por espécies patogênicas do gênero

Leptospira, que são bactérias espiroquetas, espiraladas, flexíveis e móveis. São

micro-organismos aeróbios obrigatórios, medindo usualmente de 6 a 20 µm de

comprimento e de 0,1 a 0,2 µm de diâmetro e apresentando as extremidades

dobradas ou em forma de gancho (GREENE, et al., 2006).

As leptospiras são cultiváveis em meios artificiais, sendo os mais

empregados os meios de Fletcher, Stuart ou o de EMJH (Ellinghausen-

McCullough-Jonhson-Harris). Crescem bem em pH de 7,2/7,8, numa temperatura

ótima de 28oC a 30oC, com tempo de incubação médio de quatro semanas

3

(LOMAR et al., 2002; QUINN et al., 2005). Também podem ser isoladas por

inoculação de material estéril em hamsters e cobaias (LOMAR et al., 2002).

A sobrevivência do micro-organismo no ambiente depende muito das

variações das condições do solo e da água da região contaminada. A bactéria é

sensível ao ressecamento, sendo inibida em pH inferior a seis ou superior a oito.

Temperaturas ambientais mais baixas (7oC a 10oC) ou mais elevadas (34oC a

36oC) prejudicam a sobrevivência do microorganismo, que também é facilmente

inativado por desinfetantes (CORRÊA & CORRÊA, 1992).

A umidade e água presentes no solo são os fatores mais importantes

para a permanência e persistência do agente, havendo registros de sobrevivência

de até 183 dias em solo saturado com água, e de curta sobrevivência, apenas 30

minutos em solo seco ao ar. A sobrevivência é maior em água parada que em

água corrente, entretanto, existem relatos de sobrevivência do agente em água

corrente por 15 dias (RADOSTITS et al., 2002). Eles têm curta sobrevivência em

água salgada e no leite não diluído, mesmo quando proveniente de animais

doentes (LOMAR et al., 2002).

Até 1989, o gênero Leptospira era dividido em duas espécies:

Leptospira interrogans, que compreende todas as estirpes patogênicas; e

Leptospira biflexa, englobando leptospiras saprófitas isoladas do ambiente. A L.

biflexa se diferencia da L. interrogans por crescer a 13°C e na presença de 8-

azaguanina e também por não formar células esféricas em solução de NaCl a 1M

(FAINE & STALLMAN, 1982).

Os micro-organismos são subdivididos em sorogrupos, que são, ainda,

divididos em sorovares. O sorovar é a unidade taxonômica básica da leptospira,

representado por uma “amostra de referência”. Tendo em vista o grande número

de sorovares reconhecidos, o agrupamento dos sorovares foi realizado segundo

as suas principais afinidades antigênicas, indicando a natureza sorológica desses

grupos e visando, principalmente, a prática das técnicas sorológicas utilizadas

para a identificação, (THOMSON, 1990).

A partir de 1989, o gênero Leptospira passou a ser classificado com

base em sua correlação genética. Atualmente a classificação é de 17 espécies de

Leptospira: L. alexandrei, L. biflexa, L. borgpetersenii, L.fainei, L. inadai, L.

interrogans sensu stricto, L. kirschneri, L.meyeri, L.noguchii, L. santarosai, L.

4

weilii, L. wolbachii e as geno-espécies 1, 2, 3, 4 e 5, ainda sem denominação.

Mais de 250 sorovariedades em 23 sorogrupos estão agora definidas (BHARTI et

al., 2003), Essa nova classificação é incompatível com o sistema antigo, ainda

utilizado por clínicos e epidemiologistas até que um sistema de identificação mais

simples seja desenvolvido e validado (LEVETT, 2001).

2.3 Epidemiologia

2.3.1 Leptospirose humana

A leptospirose é uma zoonose de grande importância econômica e de

saúde pública. Sua distribuição geográfica é cosmopolita, no entanto, a ocorrência

é favorecida pelas condições ambientais vigentes nas regiões de clima tropical e

subtropical (BRASIL, 1997; LEVETT, 2001).

Apresenta-se sob a forma endêmica em todos os continentes,

podendo, em determinadas circunstâncias, assumir características de surtos,

quando um número significativo de indivíduos expõe-se a uma fonte comum de

infecção. A elevada temperatura e os períodos do ano com altos índices

pluviométricos favorecem o aparecimento desses surtos de caráter sazonal

(LEVETT, 1999; BRASIL, 2005).

Segundo FAINE (1999), os três padrões epidemiológicos da

leptospirose compreendem: 1) a ocorrência da doença em climas temperados

envolvendo poucos sorovares, cuja transmissão ao homem ocorre de forma direta

ao contato com animais de produção; 2) a ocorrência em áreas tropicais úmidas,

com muitos sorovares infectando o homem e vários reservatórios, onde a

exposição humana não está limitada à sua ocupação, mas sim pela dispersão da

contaminação ambiental, onde medidas de controle de roedores, drenagem de

áreas alagadas e higiene pessoal são primordiais para a prevenção humana; 3) a

infecção de roedores no ambiente urbano, muito comum em países em

desenvolvimento.

A leptospirose humana no Brasil é uma doença de notificação

compulsória desde 1987, consequentemente todos os casos suspeitos devem ser

notificados o mais rapidamente possível, para o desencadeamento das ações de

vigilância epidemiológica e controle (BRASIL, 2005). Segundo a OPAS (1998), de

1992 a 1997, dentre 11 países das Américas (Brasil, Cuba, Equador, El Salvador,

5

Honduras, México, Nicarágua, Paraguai, Panamá, Peru e Uruguai), o Brasil foi o

país que mais notificou casos, seguido por Cuba, Nicarágua e México.

No Brasil, a leptospirose humana apresenta elevada prevalência em

vários Estados. No período de 2004 a 2006, foram notificados 39.494 casos

humanos de leptospirose no país, sendo que, destes, 10.341 foram confirmados e

identificada uma taxa de letalidade de 11% (SINAN, 2007).

Segundo dados da Secretária Estadual de Saúde do Tocantins

(SESAU-TO, 2008), no ano de 2007, foram notificados no Estado dez casos de

leptospirose humana, sendo quatro no município de Araguaína. Nenhum caso,

porém, foi confirmado. Em 2008, foram 32 casos notificados, 14 do município

Araguaína. Dos 32, foram confirmados dois casos, sendo um deles de Araguaína.

2.3.2 Leptospirose canina

A circulação de leptospiras na população animal tem sido detectada em

praticamente todos os países onde se realizam inquéritos epidemiológicos

adequados. Sua distribuição está condicionada a fatores climáticos, edáficos,

geográficos e bióticos (HERNÁNDES et al.,1999).

Vários estudos na população canina já foram desenvolvidos no Brasil.

Na região Sudeste, SANTA ROSA et al. (1969/1970) investigaram a leptospirose

em cães e encontraram 14% de reagentes, com o sorovar Icterohaemorrhagiae

como o mais prevalente. Em outros dois estudos realizados, um na cidade de

Belo Horizonte, MG, por SANTA ROSA et al. (1974) e outro no município de São

Paulo, por YASUDA et al. (1980), foi observado, respectivamente, 5,9% e 21,6%

de positividade, com a predominância também do sorovar Icterohaemorrhagiae.

Em Cananéia, SP, ARAÚJO et al. (2000) encontraram prevalência de

31,9%, com predominância do sorovar Canicola e MODOLO et al. (2000), no

município de Botucatu, encontraram 15,4% de reagentes, com maior freqüência

também do sorovar Canicola. No entanto, SILVA (2006), no mesmo município,

encontrou 17,9% de cães reagentes, com o sorovar Castellonis apresentando-se

como o mais frequente dos reagentes. Já MASCOLLI et al. (2002), em Santana

de Parnaíba, encontraram 15% de animais sororeagentes, com o sorovar

Copenhageni, como o mais prevalente e, em Minas Gerais, MAGALHÃES et al.

6

(2006), identificaram 13,1% de positividade e o sorovar Canicola como o mais

frequente.

Na região Sul, diversas pesquisas foram realizadas em épocas e locais

diferentes. A prevalência nas zonas urbanas de vários municípios variou de

10,5% a 34,8%, com maior frequência dos sorovares Canicola, Pyrogenes,

Grippotyphosa e Copenhageni (FURTADO et al., 1997; ÁVILA et al., 1998;

MACHADO et al., 1999; QUERINO et al., 2003; BLAZIUS et al., 2005). Na zona

rural, especificamente no município de Pelotas, a prevalência observada por

JOUGLARD & BROD (2000) foi menor (2,66%) e com maior frequência para o

sorovar Australis.

Na região Nordeste, estudos foram realizados em cidades do Estado

da Paraíba, onde a prevalência oscilou por volta de 20%, havendo variação dos

sorovares mais prevalentes entre Australis e Autumnalis, dependendo do

município estudado (ALVES et al., 2000; BATISTA et al., 2004; BATISTA et al.,

2005). Na Bahia, em Salvador, CALDAS et al. (1979) constataram

soropositividade de 21,6%, com frequência maior para o sorovar

Icterohaemorrhagiae, enquanto VIEGAS et al. (2001b), pesquisando cães

errantes, obtiveram uma alta prevalência, 85%, destacando-se o sorovar

Autumnalis.

Na região Centro-Oeste, na maioria dos estudos realizados, a

prevalência oscilou entre 10% e 30%, com variados tipos de sorovares

encontrados por CARMO & DORVAL (2002) e ROMANI et al. (2008), destacando-

se a observação do sorovar Javanica em Corumbá, MS, por SALLES & REGO

JUNIOR (1983), já na região Norte, a prevalência observada por LILENBAUM et

al. (2000) no município de Oriximiná, Pará, foi de 18,4%, com maior frequência do

sorovar Icterohaemorrhagiae.

2.4 Transmissão

A transmissão da infecção pela leptospira resulta da exposição direta

ou indireta à urina de animais infectados. O período de incubação é, em média,

de sete a 14 dias, podendo variar de um a 20 dias. O período de

transmissibilidade corresponde à fase de eliminação da bactéria na urina, ou seja,

à fase de leptospirúria, geralmente da segunda à quinta semana da doença. É

7

transmitida de animal a animal e do animal ao homem, sendo rara a transmissão

homem a homem (FAINE, 1982). Os animais convalescentes eliminam o agente

pela urina durante meses e até anos (BRASIL, 1997).

A forma direta ocorre, geralmente, pelo contato com sangue ou urina

de animais doentes, por transmissão venérea, placentária ou pela pele. O micro-

organismo penetra através da pele lesada ou por mucosas íntegras

orofaringeana, nasal, ocular e genital (nos animais). Também pode penetrar pela

pele íntegra, que tenha ficado imersa em água por longo tempo (BRASIL, 1997).

A forma indireta da transmissão pode ocorrer pela exposição

prolongada dos animais susceptíveis e do homem à água, ao solo ou pela

ingestão de alimentos contaminados. O risco de transmissão indireta aumenta

consideravelmente para o homem quando as condições ambientais são

favoráveis à manutenção das leptospiras, em especial após enchentes ou em

coleções de água com pouca movimentação, em temperaturas variando entre 0ºC

e 25ºC, principalmente em populações de baixo poder aquisitivo (GREENE et al.,

2006).

2.5 Reservatório

Conceituam-se como reservatórios da leptospirose os animais

vertebrados que alberguem o parasita e sejam capazes de transmiti-lo para novas

espécies, independente de o animal ser silvestre ou sinantrópico e da existência

ou não de sinais clínicos. Os hospedeiros vertebrados acometidos são

considerados como fonte de infecção e denominados “doentes” quando

apresentam o estado de saúde alterado, ou “portador” quando, embora não

apresentando sinais clínicos da doença, são capazes de eliminar o agente

(VASCONCELLOS, 1987).

Os reservatórios mais importantes são os roedores silvestres ou

peridomésticos, por permanecerem como portadores durante toda a vida,

comportando-se, pois, como reservatórios permanentes de vários sorovares de

leptospira. Tal condição torna os ambientes por onde circulam e urinam

permanentemente contaminados, constituindo uma fonte perene de infecção tanto

para outras espécies de animais como para o homem. Espécies domésticas,

8

como caninos, felinos, equinos, bovinos, dentre outros, passam a ter importância,

embora menor, na epidemiologia da infecção (LEVETT, 1999).

Dentre as espécies domésticas, os cães desempenham um papel

importante na epidemiologia da leptospirose humana, são considerados a

principal fonte de infecção devido à proximidade aos seres humanos, já que

podem eliminar leptospiras vivas através da urina durante vários meses, mesmo

sem apresentar nenhum sinal clínico característico, disseminando-as para outras

espécies (WEEKES et al., 1997).

Um sorovar tem tendência a ser associado com um hospedeiro natural,

o qual pode ser infectado por outros sorovares que estão associados a outras

espécies animais, caracterizando um hospedeiro acidental (MAILLOUX, 1975). A

ocorrência de diferentes sorovares de leptospira nos animais domésticos depende

dos hospedeiros naturais existentes no ecossistema onde vive o hospedeiro

acidental (HAGIWARA, 2003).

Os ratos são os hospedeiros naturais do sorovar Icterohaemorrhagie e

os cães são frequentemente hospedeiros acidentais desse agente. Pelo fato do

cão viver em contato direto com o homem, os sorovares Canicola e

Icterohaemorrhagiae são os mais importantes associados à espécie canina

(CALDAS et al., 1977; ALVES et al., 2000).

Observações epidemiológicas têm indicado que a leptospira se

mantém em nichos naturais circulando entre seus hospedeiros primários a partir

dos quais alcançam outras populações de animais sinantrópicos e/ ou domésticos

e até mesmo o próprio homem. Nesse sentido, a concentração de grandes

efetivos de animais domésticos associados a modificações introduzidas no

ecossistema, podem ter como consequência a criação de amplas cadeias

infecciosas que contribuem para a dispersão da bactéria no ambiente (CORTÊS,

1993).

Os sinais clínicos da leptospirose nos cães dependem da idade do

animal, imunidade do hospedeiro, fatores ambientais e a virulência do sorovar.

Infecções hiperagudas desencadeiam leptospiremia intensa, choque e morte do

animal. Em infecções menos agudas observam-se febre, anorexia, vômitos,

desidratação, poliúria, polidipsia e relutância ao movimento. Com a progressão do

quadro pode surgir oligúria e anúria. Na forma crônica, podem não haver sinais

9

clínicos evidentes. O animal pode apresentar hipertermia sem motivo aparente e

conjuntivite ou pode permanecer como portador assintomático (CORRÊA &

CORRÊA, 1992; GREENE et al., 2006).

Os distúrbios renais e hepáticos crônicos podem surgir em

conseqüência da infecção. Em animais jovens que não foram vacinados, ou cujas

mães não foram vacinadas, tem-se evidente um risco maior de desenvolver a

doença hiperaguda, podendo levar o animal a morte devido à septicemia ou ainda

intensa hemólise (GREENE et al., 2006).

2.6 Diagnóstico

O diagnóstico inicial da leptospirose é feito com base nos sinais

clínicos, avaliação do histórico e contexto epidemiológico e pelos resultados de

exames laboratoriais, tais como elevação de atividade de enzimas séricas,

bilirrubina, uréia e creatinina. A natureza não específica destas alterações pode

apenas sugerir um diagnóstico de leptospirose, o qual deve ser confirmado por

testes microbiológicos, sorológicos e/ou moleculares, sendo a reação de

soroaglutinação microscópica (SAM) o teste recomendado pela Organização

Mundial de Saúde (OMS) para o diagnóstico (LEVETT, 2001) e adotada no Brasil

como teste de referência para o sorodiagnóstico da leptospirose humana e animal

(BRASIL, 1997).

Essa prova é considerada padrão devido a sua elevada sensibilidade e

especificidade e por determinar o sorovar envolvido. Porém ela não reconhece a

presença do agente, mas sim a resposta imunológica do hospedeiro infectado,

não indicando se a infecção é recente (KEE et al., 1994).

Na sorologia, é feita a pesquisa de anticorpos séricos específicos,

contra uma coleção de antígenos vivos dos diferentes sorogrupos de leptospira. O

ponto de corte (cut-off) do teste SAM é a diluição dos soros em igual ou

superiores a 1:100 (BRASIL,1997).

Os animais normalmente produzem anticorpos aglutinantes contra o

sorovar infectante, entretanto muitas vezes é observada reação cruzada com

outros sorovares, isto é particularmente visível no início do curso da infecção. Nas

primeiras semanas da doença também é comum encontrar reação heteróloga

com outros sorovares, podendo ser tão forte quanto a reação homóloga com o

10

sorovar infeccioso. Ocasionalmente, a reação heteróloga pode ser positiva

enquanto a reação homóloga poderá ser ou permanecer negativa, um fenômeno

chamado de reação paradoxal. Esta reação pode ocorrer devido a muitos

sorovares poderem circular e causar doença em uma determinada área, devido a

certos anticorpos reagirem somente com certos sorovares ou sorogrupos.

(LEVETT, 2003; WHO, 2003).

Na leptospirose aguda, o aumento de título quatro vezes superior é

frequentemente observado em amostras pareadas. Entretanto, os hospedeiros de

manutenção eliminam leptospiras na urina mesmo quando os títulos observados

na SAM são menores ou iguais a 1:100. Por isso, um título baixo de anticorpos

não necessariamente determina o diagnóstico de leptospirose. Títulos de

anticorpos podem persistir por meses, após a infecção ou recuperação, mas há

um declínio gradual nos títulos com o tempo (GALTON et al., 1995;

VASCONCELLOS, 1997b).

A SAM é apropriada para inquéritos soroepidemiológicos e pode

fornecer informações a respeito de quais sorogrupos estão presentes em uma

população. Tem aproximadamente 100% de sensibilidade e, com antígenos

específicos, mais de 90% de especificidade (CUMBERLAND et al.,1999). Outros

métodos sorológicos, tais como o ELISA (ensaio imunoenzimático), têm sido

utilizados principalmente para a distinção entre anticorpos IgM (imunoglobulina M)

e IgG (imunoglobulina G) (HARTMAN et al., 1984) .

O diagnóstico molecular da leptospirose, pela detecção direta de

material genético de leptospira em amostras clínicas, tem sido estudado e

diversos pares de primers foram desenvolvidos com base em diferentes alvos

(BAL et al., 1994; LEVETT, 2001; HARKIN et al., 2003). A limitação do

diagnóstico com base na PCR (Reação em cadeia de polimerase) é a inabilidade

da maioria destes testes em identificar o sorovar infectante (BRANGER et al.,

2005).

2.7 Tratamento

Para o tratamento da leptospirose utiliza-se terapia de suporte,

dependendo dos sinais clínicos, da presença de disfunção renal e/ou hepática e

outros fatores complicantes. Deve realizar a fluidoterapia intravenosa, para

11

reverter quadros de oligúria e anúria. Em casos mais dramáticos, devem ser

usados diuréticos podendo ser necessária, até mesmo, diálise peritoneal.

Também podem ser utilizados antieméticos quando da ocorrência de vômito, e a

alimentação deve ser suspensa até que não haja mais episódios eméticos. Em

alguns casos de leptospirose hemorrágica, pode ser necessária a transfusão de

plaquetas ou sangue total (GREENE et al., 2006).

Penicilina e seus derivados, além da doxiciclina, são bastante

eficientes na eliminação da fase de leptospiremia, sendo excelentes escolhas

para o tratamento inicial da doença, porém não eliminam o estado de portador do

animal. Tetraciclinas, fluroquinolonas, diestreptomicinas e eritromicinas são

capazes de eliminar o estado de portador. A antibioticoterapia deve ser

continuada por, pelo menos, quatro semanas (GREENE et al., 2006).

2.8 Prevenção

Na prevenção da leptospirose, tanto humana quanto canina, é preciso

a implementação de uma série de medidas, tais como o controle da população de

roedores, a manutenção de um ambiente desfavorável à sobrevivência das

leptospiras e isolamento e tratamento dos animais infectados, além de se evitar o

contato com água de enchente para que não ocorra a disseminação da doença

(HAGIWARA, 2003).

Medidas de saneamento básico são importantes no controle da

leptospirose. Pessoas que trabalham na limpeza de lamas, entulhos e

desentupimento de esgoto devem usar botas e luvas de borracha, assim como

veterinários e outros profissionais que trabalham com animais domésticos e

silvestres susceptíveis à leptospirose devem se prevenir utilizando equipamentos

de proteção individual, quando em contato com um animal com suspeita da

doença (BRASIL, 2005).

Além dessas medidas, a vacinação dos cães é de extrema importância,

sendo recomendada aplicação de três doses com intervalo de duas a três

semanas (a primeira ocorrendo com 8 a 9 semanas de idade), e revacinação

anual. Em áreas de baixo risco podem ser administradas apenas duas doses

iniciais com o mesmo intervalo e revacinação anual. A vacina é, porém, espécie

específica e não evita que o cão seja infectado, permitindo a ocorrência de

12

infecção subclínica e o estado de portador do animal. (DUNN, 2001). A duração

da imunidade vacinal é controversa entre os autores, variando entre 19 e 52

semanas, dependendo do número de doses administradas (COYNE et al., 2001).

3. JUSTIFICATICA E OBJETIVO

No estado do Tocantins, são incipientes os estudos que avaliam a

ocorrência de leptospirose animal, aspecto que é agravado pela questão da

enfermidade constituir-se em uma antropozoonose de impacto na saúde pública,

o que demonstra a importância do desenvolvimento deste tipo de investigação.

Assim, o presente estudo visou investigar, através do teste de SAM, a

ocorrência, os sorovares mais prevalentes e os principais fatores associados à

infecção por Leptospira spp em caninos urbanos do município de Araguaína,

Tocantins, Brasil. Contribuindo assim para as ações que visem a prevenção e/ ou

o controle dessa zoonose, tanto na população animal como humana.

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22

CAPÍTULO 2 - PREVALÊNCIA DA INFECÇÃO POR LEPTOSPIRA spp EM

CANINOS URBANOS DO MUNICÍPIO DE ARAGUAÍNA, TOCANTINS, BRASIL

RESUMO

A leptospirose é uma antropozoonose cosmopolita causada por uma bactéria pertencente ao gênero Leptospira. Várias espécies animais atuam como reservatórios do agente, porém, o cão, devido ao seu hábito domiciliar, tem sido cada vez mais identificado como importante fonte de infecção da leptospirose ao homem. Animais que vivem em áreas urbanas apresentam maior risco de adquirirem a doença, principalmente onde são precárias as condições sanitárias e de infra-estrutura. Considerando a sua importância e a escassez de estudos sobre a enfermidade no Estado do Tocantins, objetivou-se investigar a prevalência de anticorpos anti-Leptospira spp e identificar os sorovares mais prevalentes em cães urbanos de Araguaína, Tocantins. A amostragem estatisticamente representativa para o município foi de 275 cães, tendo sido realizada colheita domiciliar dos soros, em unidades sorteadas e após consentimento esclarecido dos proprietários. As amostras foram obtidas por punção da veia cefálica ou jugular, transferidas para tubos de ensaio com gel separador, sequencialmente centrifugadas, criopreservadas e encaminhadas para Laboratório de Diagnóstico de Leptospirose do Departamento de Medicina Veterinária da Escola de Veterinária da Universidade Federal de Goiás (DMV/EV/UFG), onde foram processadas segundo a técnica de soroaglutinação microscópica. Dos 275 soros caninos testados para os diferentes sorovares, 38 apresentaram-se reagentes, considerando-se como positivos títulos iguais ou superiores a 1:100. Coaglutinações foram observadas em 15,8% das reações. Concluiu-se que a infecção está presente em cães do município, com uma prevalência aparente de 13,82%, sendo que os sorovares mais prevalentes foram Castellonis (26,3%) e Pyrogenes (10,5%), diferiram dos mais classicamente ligados ao ciclo urbano da leptospirose canina, pressupondo a participação de roedores silvestres como reservatório da infecção em caninos no município.

Palavras-chave: cão, leptospirose, sororeagentes

23

CHAPTER 2 - PREVALENCE OF LEPTOSPIRA spp INFECCION IN URBAN CANINE POPULATION OF ARAGUAINA, TOCANTINS, BRAZIL

ABSTRACT

Leptospirosis is a cosmopolitan anthropozoonosis caused by a bacteria belonging to the genus Leptospira. Several species of animals act as reservoirs of the agent, however, the dog, because of their habit at home, has been increasingly identified as a major infection source of leptospirosis to man. Animals that live in urban areas have a higher risk of acquiring the disease, especially at places whith poor sanitary conditions and infrastructure. Considering its importance and scarcity of studies of the disease at Tocantins state, this study aimed to investigate the prevalence of anti-Leptospira spp and identify the most prevalent serovars in urban Araguaina dogs. A statistically representative number of samples for the city was statistically determined as 275 dogs, which culminated in home collection of sera, in units drawn and before informed consent of dogs owners. Samples were drawn from the cephalic or jugular vein, transferred to test tubes with gel separator sequentially centrifuged, cryopreserved and sent for laboratory diagnosis of leptospirosis, at the Department of Veterinary Medicine at Federal University of Goiás Veterinary Medicine School (DMV / EV / UFG), which were processed by the microscopic agglutination test. All the 275 serum samples were tested for the different serovars, 38 showed up reagents, considering as positive titers equal to or greater than 1:100. Co clumps were observed in 15,8% of reactions. It was concluded that at that moment the infection was present in Araguaína dogs, with an apparent prevalence of 13.82%, and the most prevalent serovars were Castellonis (26,3%) and Pyrogenes (10,5%). This data differed from the more classically linked to the urban cycle of canine leptospirosis, assuming the participation of wild rodents as reservoir of infection in dogs in the city Keywords: dog, leptospirosis, seropositive

24

1. INTRODUÇÃO

A leptospirose é uma zoonose bacteriana e infectocontagiosa, de curso

agudo ou crônico, que acomete o homem e os animais domésticos e silvestres,

assumindo considerável importância como problema econômico e de saúde

pública (FAINE et. al., 1999).

O cão tem papel importante na transmissão da doença ao homem, por

manter a leptospira por longo período em seus rins, podendo eliminá-la na urina

sem apresentar sinais clínicos. Esse fato se torna mais agravante devido aos

hábitos domésticos desses animais e sua estreita convivência com os humanos

(MAGALHÃES et al., 2006).

Os sorovares mais comumente associados à leptospirose canina

clássica são Canicola e Icterohaemorrhagie (SCANZIANI et al., 1994), sendo que

reações positivas aos mesmos já foram encontradas em várias regiões brasileiras

(MORALES et al., 1990; AVILA et al., 1998; VIEGAS et al., 2001a; SILVA, 2006;

ROMANI et al., 2008.

Outros sorovares têm se tornado frequentes na população canina,

como, por exemplo, os sorovares Grippotyphosa e Pomona (MORALES et al.,

1990; ALVES et al., 2000; VIEGAS et al., 2001a). A infecção no cão por outros

sorovares está na dependência da existência do portador natural nas

proximidades, em quantidade suficiente para contaminar o meio ambiente

(HAGIWARA, 2003)

Estudos que averiguaram a prevalência da infecção por Leptospira spp

na população canina já foram desenvolvidos no Brasil, em todas as regiões, com

prevalência variando de 2,66% na região Sul a 85% na região Nordeste,

predominando os sorovares, Icterohaemorrhagiae, Canicola, Castellonis e

Copenhageni na região Sudeste (MASCOLLI et al., 2002; MACHADO et.al.,1999;

SILVA, 2006; MAGALHÃES et al., 2006), Canicola, Pyrogenes, Grippotyphosa e

Copenhageni na região Sul (ÁVILA et.al., 1998; QUERINO et al., 2003; BLAZIUS

et al., 2005), Icterohaemorrhagiae, Canicola, Grippotyphosa e Javanica na região

Centro-Oeste (SALLES & REGO JUNIOR, 1983; CARMO & DORVAL, 2002);

ROMANI et al., 2008) e na região Nordeste Canicola e Autumnalis (VIEGAS et al.,

2001b; BATISTA et al., 2004; BATISTA et al., 2005).

25

Na região Norte, poucos são os estudos realizados, destacando-se o

de LILENBAUM et al. (2000), no município de Oriximiná, Pará, que observaram

uma prevalência de 18,4%, com maior frequência do sorovar

Icterohaemorrhagiae.

No Estado do Tocantins, ainda são incipientes os estudos que avaliam

a ocorrência de leptospirose animal, aspecto que é agravado pela questão da

enfermidae constituir-se em uma antropozoonose de grande impacto na saúde

pública. Considerando-se a importância da espécie canina na transmissão da

leptospirose ao homem, foi conduzida esta pesquisa, objetivando-se investigar a

soroprevalência e os sorovares mais prevalentes em cães urbanos de Araguaína,

Tocantins.

2. MATERIAL E MÉTODOS

2.1 Descrição da área

O município de Araguaína, com área territorial de 4000,4 km2, localiza-

se na região norte do Estado do Tocantins (Figura 1), entre as coordenadas de

22º33’ e 23º04’ de Latitude S e 07°12' e 48°12' de Longitude W. Possui clima

tropical úmido, temperatura média máxima de 32ºC e mínima de 20ºC. Em

relação à pluviometria, existem duas estações definidas, a de chuvas, entre os

meses de novembro a maio e a de seca, entre os meses de junho a outubro, com

precipitação anual acima de 1.700mm. Sua vegetação apresenta-se de forma

irregular, caracterizando-se pelo cerrado ou chapada, matas ciliares e matas

tropicais (SEPLAN/TO, 2008).

A população estimada do município em 2008 era de 128.116

habitantes e a população canina de 13.811 animais (FUNASA/SMS, 2008),

demonstrando, assim, uma relação média de 0,3 cães por imóvel e uma razão de

0,1 cães por habitante.

Para seleção da área estudada, foi considerada a importância do

município tanto em termos populacionais quanto econômicos, bem como as

facilidades operacionais (recursos humanos e apoio logístico).

26

FIGURA 1 – Localização do município de Araguaína em relação ao Brasil e ao estado do Tocantins, 2008

Fonte: SESAU-TO, 2004

2.2 Delineamento do estudo

O trabalho foi dividido em três etapas: levantamento dos dados de

campo (colheita de sangue dos cães para obtenção do soro), análises

laboratoriais (técnica de soroaglutinação microscópica - SAM) e processamento e

análise dos resultados; a primeira etapa foi conduzida em dois períodos

diferentes, o primeiro foi nos meses de março, maio, junho e primeira quinzena de

julho (março a maio, período chuvoso; junho e julho período seco) e o segundo no

mês de outubro e primeira quinzena de novembro (outubro, final do período seco

e novembro, início do chuvoso).

2.2.1 Primeira etapa

a) População estudada

O estudo envolveu 275 cães, amostragem estatisticamente significativa

da população canina da área territorial urbana de Araguaína. O cálculo amostral

baseou-se na população de 13.811 cães (FUNASA/SMS, 2008) da cidade,

utilizando-se o software Epi-info, versão 6.0 (CDC, ATLANTA, 1994),

27

considerando-se um nível de confiança de 95%, prevalência esperada, com base

nos diversos estudos conduzidos no País, de 20% e erro estatístico de 5%,

seguindo TRHUSFIELD (2004), resultando no n amostral de 246 soros

sanguíneos. Considerando-se, portanto, este número como amostral mínimo

necessário, incluiu-se percentual de mais 10% como margem de segurança,

visando contornar eventuais perdas de amostras, e estabeleceu-se número

mínimo de 3 amostras por localidade, totalizando-se 275 amostras de soro

caninos colhidos e processados.

b) Método de alocação

Para obtenção das amostras, adotou-se o seguinte procedimento:

1. utilizou-se a técnica de amostra estratificada, com base em REIS (2003),

tendo-se dividido o município em nove estratos, conforme sua região

geográfica, categorizados de acordo com o cadastro de localidades do

município utilizado pelo programa da dengue (FUNASA/SMS, 2008), divisão

que contempla bairros, setores, povoados e vilas situados no perímetro

urbano municipal;

2. nessas nove regiões geográficas, denominadas estratos, estavam incluídas,

na fase de campo deste estudo, 91 localidades, conforme demonstrado na

Figura 2. Para a seleção das amostras representativas do total das 91

localidades, foram selecionadas, de acordo com REIS (2003), 20% das

mesmas, totalizando-se 18,2 localidades a serem amostradas. Assim, foram

sorteadas 19 localidades, estatisticamente representativas da área territorial

urbana do município (ANEXO 1).

3. para que cada um dos nove estratos fosse significativamente representado,

adotou-se, com base no mesmo autor, amostragem estratificada de tamanho

proporcional, a partir da qual cada estrato correspondeu a uma região

geográfica e contribuiu com 1/5 das suas localidades (ANEXO 1);

4. para a obtenção do número de unidades amostrais (soros sanguíneos e

entrevista) para cada uma das 19 localidades selecionadas, seguiu-se o

padrão de proporcionalidade referente ao total geral de indivíduos a serem

amostrados, estipulando-se um mínimo de três animais por localidade, para

que aquelas localidades com maior estimativa de cães tivessem também

28

maior número de amostras. Foram utilizados, como indicado por

TRHUSFIELD (2004), dados da planilha de sistematização da FUNASA/SMS

(2008), criando-se um quadro demonstrativo que orientou o cálculo da

quantidade de amostras por localidade selecionada (ANEXO 2).

c) Seleção dos domicílios

Para o sorteio das 275 residências amostradas em 19 localidades

selecionadas, utilizou-se a amostragem aleatória sistemática (TRHUSFIELD,

2004), ressaltando-se que, nos casos em que não foi encontrado cão na unidade

sorteada, ocorreu sua substituição pela residência mais próxima, imediatamente

acima ou abaixo da original, que possuísse cão.

d) Trabalho de campo

As amostras de sangue dos caninos foram obtidas por meio da

venopunção jugular e/ou cefálica, sendo centrifugadas e os soros encaminhados

e armazenados no Laboratório de Diagnóstico de Leptospirose do Setor de

Medicina Veterinária Preventiva da Escola de Medicina Veterinária da

Universidade Federal de Goiás (LDL/SMVP/EV/UFG), em Goiânia-GO, para

realização da técnica de SAM. Foi colhida amostra de apenas um animal por

residência, independente de ter mais cães na residência sorteada, utilizando-se

como critério, nestes casos, a escolha do cão que apresentava comportamento

mais dócil.

2.2.2 Segunda etapa: análise laboratorial

A análise laboratorial foi realizada no Laboratório de Diagnóstico de

Leptospirose do Setor de Medicina de Medicina Veterinária Preventiva da Escola

de Medicina Veterinária da UFG, em Goiânia-GO, nos períodos de julho a

dezembro de 2008, pela técnica de reação de soroaglutinação microscópica

(SAM).

29

FIGURA 2 - Estratos amostrados de Araguaína, TO, 2008.

30

a) Técnica de soroaglutinação microscópica (SAM)

A pesquisa de anticorpos contra Leptospira spp foi realizada pela prova

de SAM segundo as normas do Ministério da Saúde (BRASIL, 1997). Para tanto,

utilizou-se uma coleção de antígenos constituída de 24 sorovares de Leptospira

spp disponíveis no Laboratório de Diagnóstico de Leptospirose do Setor de

Medicina Veterinária Preventiva da Escola de Medicina Veterinária da UFG,

oriundos do laboratório de Zoonoses Bacteriana do Departamento de Medicina

Veterinária Preventiva da Escola de Medicina Veterinária e Zootecnia da

Universidade de São Paulo (USP), sendo eles: Andamana, Australis, Bataviae,

Brasiliensis, Bratislava, Butembo, Canicola, Castellonis, Copenhageni, Cynopteri,

Djasiman, Grippotyphosa, Hardjo, Hebdomadis, Icterohaemorrhagiae, Javanica,

Panama, Patoc, Pomona, Pyrogenes, Shermani Tarassovi, Whitcombi e Wolffi.

Foram utilizados os meios de Fletcher, semissólido, e de Ellinghausen,

McCullough, Johnson, Harris modificado (EMJH) para o crescimento das

leptospiras utilizadas como antígenos empregados na reação de soroaglutinação

microscópica.

A preparação do meio EMJH seguiu a indicação do fabricante, porém o

enriquecimento com 10% de soro sanguíneo estéril obtido de coelhos

aparentemente saudáveis, inativado por tratamento térmico de 56ºC por 30

minutos e enriquecidos com solução de cálcio e magnésio, foi realizado como

descrito por TURNER (1970) e adotado na rotina. Todos os lotes dos meios

utilizados foram submetidos aos testes de esterilidade e de crescimento. O

repique de manutenção do antígeno foi realizado semanalmente, em câmara

asséptica, retirando-se 2 mL de cada um dos tubos de manutenção recentes com

meio EMJH, repassando 1 mL para dois novos tubos de EMJH, os quais foram

mantidos em estufa a 28ºC. Só foram utilizadas como antígenos culturas de

quatro a 14 dias que não apresentaram contaminantes ou autoaglutinação.

A prova de SAM constituiu-se de duas fases, a de triagem (Figura 3) e

a de titulação, sendo que somente os soros que apresentaram 50% ou mais de

leptospiras aglutinadas, considerando-se os respectivos controles, foram

submetidos a esta segunda prova para titulação de anticorpos com os sorovares

identificados como reagentes, adotando-se como positivos títulos iguais ou

superiores a 1:100, como estabelecido por BRASIL (1997).

31

FIGURA 3 - Distribuição do soro diluído em solução salina tamponada volume de 50 μL na microplaca para realização da etapa de triagem para diagnóstico laboratorial de leptospirose pela prova de SAM.

A SAM possui especificidade por sorogrupo (VASCONCELLOS, 1997b)

e a interpretação dos resultados é complicada por inúmeros fatores, entre os

quais se incluem anticorpos com reações cruzadas, títulos de anticorpos

induzidos por vacinação, perda de consenso entre o título de anticorpos e os

indicativos de infecção ativa (BOLIN, 2003).

De acordo com BOLIN (2003), os anticorpos produzidos no animal, em

resposta à infecção com um dado sorovar de Leptospira, frequentemente reagem

com outro sorovar de Leptospira (reação cruzada). Portanto, um animal infectado

com um único sorovar, provavelmente tenha anticorpos para mais de um sorovar

no teste de aglutinação. Em alguns casos, este padrão de reação cruzada é

previsível, tendo como base o parentesco entre os vários sorovares do gênero

Leptospira. Porém, padrões de reações cruzadas variam bastante entre as

espécies animais e entre indivíduos dentro de uma mesma espécie. Assim, o

sorovar infectante é assumido geralmente como o sorovar para o qual aquele

animal desenvolve o maior título. Observa-se, ainda, que as reações paradoxais

podem ocorrer com o teste de aglutinação, no início do curso da infecção aguda,

32

com uma acentuada resposta de anticorpos aglutinantes para outro sorovar que

não o infectante.

O sorovar considerado como provável causador da infecção foi o que

apresentou maior título. Na eventualidade do maior título ser apresentado para

dois ou mais sorovares, a amostra foi enquadrada como coaglutinação.

2.2.3 Terceira etapa: armazenamento e análise descritiva dos dados

As informações obtidas mediante as visitas domiciliares e os resultados

das análises laboratoriais (resultados da sorologia antileptospírica dos animais

amostrados) foram armazenadas e trabalhadas utilizando-se o programa Epi-info,

versão 6.0 (CDC, ATLANTA, 1994). Os resultados dos procedimentos estatísticos

foram apresentados por meio de distribuição de frequências, caracterizando-se os

cães amostrados segundo suas características individuais: idade, raça, sexo,

origem e do manejo animal; já sobre os proprietários inseridos no estudo, foram

avaliadas características demográficas e socioeconômicas, incluindo-se também

informações relacionadas ao ambiente domiciliar.

2.3 Considerações éticas

O estudo foi elaborado e executado segundo as diretrizes e normas da

Resolução 196/1996 do Conselho Nacional de Saúde e aprovado pelo Comitê de

Ética em Pesquisa da Fundação de Medicina Tropical do Tocantins, sob o No de

protocolo 137, aprovado em 12 de março de 2008.

3. RESULTADOS E DISCUSSÃO

Dos 275 soros caninos testados para os diferentes sorovares pela

técnica de SAM, 38 apresentaram-se reagentes; assim, a prevalência encontrada,

foi de 13,82% (10,0% – 18,5%) (Tabela 1).

33

TABELA 1 - Resultado da soroaglutinação microscópica (SAM) antileptospírica em cães na área territorial urbana de Araguaína, Tocantins, Brasil, 2008

Resultado No soros caninos

% Intervalo de confiança (95%)

Reagente Não Reagente

38

237

13,82

86,18

10,0 – 18,5

81,0 – 90,0

Total 275 100,00

Em relação à região Norte, a prevalência foi próxima à identificada em

Oriximiná, no Estado do Pará, (18,4%) por LILENBAUM et al., 2000. Foi inferior

quando comparada com a prevalência média de 20% do País, com base em

diversos estudos realizados em todas as regiões, em várias épocas e locais

(SANTA ROSA et al., 1969/1970; YASUDA et al., 1980; SANTA ROSA et al.,

1974; CALDAS & SAMPAIO, 1979; FURTADO et al., 1997; ALVES et al., 2000;

FAVERO et al., 2002; JOUGLARD & BROD, 2000; MODOLO et al., 2000;

VIEGAS et al., 2001a; VIEGAS et al., 2001b; MASCOLLI et al., 2002; BATISTA et

al., 2004; BLAZIUS et al., 2005; TESSEROLLI et al., 2005; MAGALHÃES et al.,

2006; SILVA, 2006; CARMO, 2008; ROMANI et al., 2008).

Comparando-se, ainda, a média aqui observada com a de alguns

estudos realizados em outros países (30%), ela também se apresentou inferior

(VENKATARAMAN & NEDUNCHELLIYAN, 1992; RUBEL et al., 1997;

PRESCOTT et al., 2002; MONTES et al., 2002; ASLANTA et al., 2005)

Ainda que o resultado da soropositividade esteja abaixo da média da

maioria dos estudos desenvolvidos no Brasil, a prevalência aqui observada é

preocupante, visto que a doença é uma zoonose e está amplamente distribuída

no município, com elevada frequência em algumas localidades, tendo sido

confirmado, em 1998,h um caso humano autóctone.

Foram encontrados animais sororeagentes em 12 (63,2%) das 19

localidades estudadas com frequências diferenciadas (Tabela 2, Figura 4).

Verificou-se maior positividade em cães domiciliados na localidade Sonhos

Dourados (60,0%), seguida das localidades Monte Sinai e José Ferreira, que

corresponderam, respectivamente, a 42,9% e 40,0%.

34

FIGURA 4 - Localidades selecionadas e resultados dos testes sorológicos

referentes aos animais amostrados em Araguaína, Tocantins, 2008

Sul

Sudeste

Leste

Nordeste

Norte

Noroeste

Oeste

Sudoeste

35

TABELA 2 - Resultado da soroaglutinação microscópica (SAM) antileptospírica em cães, segundo localidade amostrada, em Araguaína, Tocantins, Brasil, 2008

Localidade

Leptospira spp

Reagente Não reagente

No % N

o %

Aeroporto 0 0,0 3 100,0 Aeroviário 0 0,0 7 100,0 Anhanguera 6 15,0 34 85,0 Barros 2 28,6 5 71,4 Centro 5 11,1 40 88,9 Céu Azul 0 0,0 9 100,0 Jardim Filadélfia 1 33,3 2 66,7 José Ferreira 2 40,0 3 60,0 Maracanã 0 0,0 9 100,0 Monte Sinai 3 42,9 4 57,1 Patrocínio 0 0,0 16 100,0 Ponte 0 0,0 4 100,0 Santa Mônica 0 0,0 3 100,0 Santa Terezinha 1 8,3 11 91,7 São João 12 18,2 54 81,8 Setor Couto 1 5,6 17 94,4 Sonhos Dourados 3 60,0 2 40,0 Tiuba 1 12,5 7 87,5 Universitário 1 12,5 7 87,5

TOTAL 38 13,82 237 86,2

É importante ressaltar que as localidades Sonhos Dourados e José

Ferreira encontram-se na mesma região, estando próximas uma da outra e o

elevado índice de positivos detectado pode estar relacionado a diversos fatores,

entre eles, determinantes bioecológicos e socioeconômicos. Nessas localidades

destaca-se a presença de dois leitos fluviais que, no período chuvoso, provocam

pequenos alagamentos (REVISÃO PLANO DIRETOR DE ARAGUAÍNA, 2004),

podendo esta ser uma justificativa para a frequência observada nesta localidade.

A importância do acúmulo de água foi avaliada por FURTADO et al.

(1997), que, estudando a infecção em Pelotas, RS, apontaram o contato com

água contaminada como condição favorável para introdução, manutenção e

dispersão de diversos patógenos, em especial, a Leptospira, e por RUBEL et al.

(1997) em Buenos Aires, Argentina, que destacaram a importância da presença

36

de água estagnada próxima às residências dos proprietários de cães. Além disso,

algumas características e hábitos detectados apontaram para maior chance de

infecção, uma vez que foram constatados problemas como acúmulo de lixo e não

roçamento de lotes baldios nessas localidades.

Araguaína é cortada por diversos mananciais que, no período chuvoso,

provocam alagamentos (REVISÃO PLANO DIRETOR DE ARAGUAÍNA, 2004),

expondo a população às doenças de veiculação hídrica como a leptospirose,

sendo necessário desenvolver um trabalho preventivo para que, assim como em

outras cidades brasileiras esta antropozoonose não se torne um grande problema

de saúde pública.

A segunda localidade com maior proporção de soropositivos, Monte

Sinai, pode ser explicada pelo fato desta ser uma área de invasão, localizada

próxima ao cerrado (Figura 5). Isso favorece o contato dos cães com animais

sinantrópicos e/ou silvestres, o que condiz com o sorovar encontrado nesta

localidade, Castellonis (Figura 6), relacionado a roedores silvestres. Além desta

questão, as precárias condições socioeconômicas podem ter contribuído para tal

resultado.

FIGURA 5 – Vista da localidade Monte Sinai, área de invasão próxima ao cerrado

Avaliando-se os resultados para cada um dos 24 sorovares testados,

maior quantidade de animais reagentes foi verificada para o sorovar Castellonis,

37

(26,3%), seguido pelos sorovares Pyrogenes e Pomona (10,5%), ambos com

quatro reações. Em nove soros, ocorreram reações aos sorovares

Gryppotyphosa, Butembo e Patoc, cada um com três amostras positivas (7,9%).

Respostas inferiores foram detectadas para os sorovares, Australis, Andamana,

Cynopteri, Panamá e Shermani, para os quais houve somente um animal

reagente para cada sorovar (2,6%) (Tabela 3).

TABELA 3 - Distribuição dos títulos antileptospíricos, frente aos 24 sorovares testados em soros caninos colhidos em Araguaína, Tocantins, Brasil, 2008

Sorovar Títulos de anticorpos (UI)

Total

% 1:100 1:200 1:400 1:800

Coaglutinações 3 1 - 2 6 15,8

Castellonis 7 2 1 - 10 26,3

Pyrogenes 2 1 1 4 10,5

Pomona 1 1 - 2 4 10,5

Gryppotyphosa 2 - - 1 3 7,9

Butembo - 1 2 3 7,9

Patoc 1 - 2 - 3 7,9

Andamana - - 1 1 2,6

Australis 1 - - - 1 2,6

Cynopteri - - 1 - 1 2,6

Panamá 1 - - - 1 2,6

Shermani - - 1 - 1 2,6

TOTAL 16% 6% 7% 9% 38% 100,0

A detecção do sorovar Castellonis como o mais prevalente (26,3%)

entre os testados neste estudo corrobora com os resultados obtidos por SILVA

(2006), no município de Botucatu, São Paulo, que identificou este sorovar em

26,68% das amostras testadas, assim como com os resultados de FLORES et al.

(1999), no México, que também descreveu o sorovar Castellonis como o mais

frequente, com 50,0% de positividade. Tal resultado sugere que os cães

38

reagentes para esse sorovar tenham convivido com roedores silvestres, uma vez

que, de acordo com BARANTON (1998), são eles o seu principal reservatório.

O sorovar Pyrogenes juntamente com o Pomona, ambos com 10,5%

dos sororeagentes, estiveram em segundo lugar na ordem dos mais frequentes

neste estudo (Tabela 3). O primeiro foi inicialmente isolado no Brasil de um roedor

silvestre (Nectomys squamipes), por SANTA ROSA et al. (1980), em áreas

próximas à cidade de São Paulo e detectado sorologicamente em cães em vários

outros estudos no Brasil, destacando-se os de ÁVILA et al. (1998), FURTADO et

al. (1997), JOUGLARD & BROD, (2000), QUERINO et al. (2003), MAGALHÃES et

al. (2006), AGUIAR et al. (2007), assim como, no Chile, por PINEDA et al. (1996).

Os resultados aqui descritos, com maior frequência do sorovar

Castellonis, seguido do Pyrogenes, aliados aos resultados de vários outros

estudos, enfatizam a importância dos animais silvestres como reservatórios de

leptospiras. Atuando como fontes de infecções para os cães e,

consequentemente, para o homem, tornar-se importante considerar a presença

desses sorovares na elaboração de vacinas contra a leptospirose canina,

desenvolvidas especificamente para esta região, pois, conforme aqui

demonstrado, alguns sorovares encontrados não estão incluídos nas vacinais

comercializadas na região.

No presente estudo, o sorovar Pomona também apareceu entre os

mais prevalentes, resultado semelhante aos encontrados nas avaliações

sorológicas de cães realizadas em outros estudos no Brasil, por BATISTA et al.

(2004) e MAGALHÃES et al. (2006) e em Nova York, nos Estados Unidos, por

BIRNBAUM et al.(1998). Ressalta-se que esse sorovar circula normalmente na

população de suínos e bovinos (LILENBAUM & SANTOS, 1995), sendo

observado, também neste estudo, que em algumas localidades onde detectaram-

se resultados positivo para este sorovar, foram encontradas criações de suínos

em fundo de quintal, sugerindo que os cães tenham tido contato com estes

animais e, desta forma, contraído a infecção.

A ocorrência de reações sorológicas para sorovares considerados

acidentais para cães, como Australis, Shermani e Cynopteri (JOUGLARD &

BROD, 2000), também foi verificada e pode ser associada com um ou mais

hospedeiros mantenedores, que servem de reservatórios de infecção. Segundo

39

BOLIN (1996), os hospedeiros mantenedores são frequentemente espécies

silvestres e, algumas vezes, animais domésticos e de produção. A transmissão

entre hospedeiros mantenedores é eficiente e a incidência da infecção é

relativamente alta. O contato com os hospedeiros mantenedores ou áreas

contaminadas com urina destes pode causar infecção em outras espécies.

Vale ressaltar a ausência de reações para o sorovar Canicola no

presente trabalho, pois o mesmo é citado como o mais encontrado em cães em

vários estudos, tais como os de MORALES et al. (1990), ARAÚJO et al. (2000),

MODOLO et al. (2000), VIEGAS et al. (2001a) e MAGALHÃES et al. (2006).

Embora, incomum, este achado coincide com os de ALVES et al. (2000) e

BATISTA et al. (2004), que realizaram um estudo sorológico em cães domiciliados

da cidade de Patos, Estado da Paraíba, e não encontraram animais positivos para

o sorovar Canicola.

Coaglutinações, isto é, resultados em que mais de uma variante

sorológica apresentou titulação para uma mesma amostra de soro com títulos

idênticos, ocorreram em 15,8% dos casos (Tabela 4). Estas coaglutinações

podem ser explicadas, segundo BOLIN (1996), pela infecção concomitante de

vários sorovares de Leptospira spp ou por reações cruzadas entre sorovares de

um mesmo sorogrupo. Já a diversidade de combinações de sorovares nas

reações de coaglutinação observadas pode ser relacionada pela ocorrência do

fenômeno de reação paradoxal, comum em outros estudos, nos quais há

detecção de anticorpos pouco específicos.

40

TABELA 4 - Distribuição dos títulos máximos de coaglutinações antileptospíricas na prova de soroaglutinação microscópica (SAM) em cães de Araguaína, Tocantins, Brasil, 2008

Sorovar Titulação

Total 1:100 1:200 1:400 1:800

Wolffi/Hardjo - 1 - - 1

Castellonis/Pyrogenes - - - 1 1

Butembo/ Gryppotyphosa - - - 1 1

Butembo/Castellonis 1 - - - 1

Australis/Castellonis/ Panamá - - - 1 1

Butembo/ Pomona 1 - - - 1

Total 2 1 - 3 6

A figura 6 apresenta o resultado da frequência dos sorovares

sororeagentes nas três localidades com maior soropositividade, detectados no

presente estudo.

FIGURA 6 - Frequência dos sorovares presentes nas três localidades com maior soropositividade para Leptospira spp em caninos de Araguaína, Tocantins, Brasil, 2008

41

4. CONCLUSÕES

Detectou-se uma soroprevalência de 13,82% a vários sorovares de

Leptospira spp nos cães de Araguaína, Tocantins, menor que a da maioria das

regiões.

Maior percentual de reações positivas foi detectado para o sorovar

Castellonis, incomum na maioria dos estudos, mas apontando para a participação

de roedores silvestres como reservatório da infecção por Leptospira em caninos

no município.

A ausência de L. canicola e L. icterohaemorrhagiae sugere a

inexistência ou pouca circulação na região.

Outros sorovares como Pyrogenes, Pomona, Gryppotyphosa, Butembo

e Patoc estão presentes no município, causando infecção canina.

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1980.

50

CAPÍTULO 3 - FATORES ASSOCIADOS À INFECÇÃO POR LEPTOSPIRA spp EM CÃES URBANOS DE ARAGUAÍNA-TOCANTINS, BRASIL

RESUMO

A leptospirose é uma enfermidade de ampla distribuição geográfica que afeta o homem e diversas espécies de animais domésticos e silvestres, apresentando sintomatologia variável. Pode levar a graves problemas de saúde pública, saúde animal e a perdas econômicas, principalmente nos países em desenvolvimento como o Brasil. Considerando-se os potenciais impactos da zoonose, agravado pelo estreito convívio entre a espécie canina e a humana, objetivou-se investigar possíveis fatores associados à prevalência sorológica antileptospírica em cães urbanos do município de Araguaína, Tocantins. Foram avaliados dezoito fatores, entre determinantes individuais (sexo, idade, raça e condição vacinal) e ambientais, (bioecológicos e socioeconômicos), levantados através da aplicação, ao responsável pelo animal, de um questionário e realização de sorologia antileptospírica do animal pela técnica de soroaglutinação microscópica. Foi utilizada a análise bivariada, na qual foi realizado cruzamento das variáveis independentes com a dependente. A significância estatística das associações foi calculada por meio do teste do Qui-Quadrado (X2 ), com correção de Yates, ou teste exato de Fischer nos casos em que a amostra era pequena, determinando-se o odds ratio (OR) e considerando-se como significativas as variáveis com o valor p < 0,05. Na análise bivariada, as variáveis, estação do ano, período chuvoso (p=0,03) e a localidade Sonhos Dourados (p=0,02) demonstraram associação positiva à infecção por Leptospira spp. Os demais fatores avaliados, relacionados às características individuais, de manejo e ambientais, bem como as características dos proprietários, não apresentaram associação estatisticamente significativa para a infecção canina.

Palavras-chave: cães, epidemiologia, leptospirose, soroprevalência

51

CHAPTER 3 - FACTORS ASSOCIATED WITH LEPTOSPIRA spp INFECCION IN URBAN CANINE POPULATION OF ARAGUAÍNA, TOCANTINS, BRAZIL

ABSTRACT

Leptospirosis is a wide geographical distribution disease that affects humans and several species of domestic and wild animals, presenting variable symptoms. Leptospirosis can lead to serious problems of public health, animal health and economic losses, especially in developing countries like Brazil. Considering the potential impact of this zoonotic disease, aggravated by the close interaction between the canine and human, this study aimed to investigate possible factors associated with Anti-leptospire seroprevalence urban dogs in Araguaína, Tocantins state. Eighteen factors were investigated. Among those, individual factors (gender, age, race, and vaccination status) and environmental (bio-ecological and socioeconomic) raised by a questionnaire application to dog owners and before this an Anti-leptospire serology by agglutination test microscopic was performed. A bivariate analysis was the choice for this study with which was conducted the intersection of independent, and dependent variables. The statistical significance of associations was calculated using the chi-square (X2) with Yates correction or Fisher exact test where the sample was small, by determining the odds ratio (OR) and considering as significant variables with p value <0,05. The bivariate analysis, variables, season, rainy season (p = 0,03) and the location Sonhos Dourados (p = 0,02) showed a positive association to infection with Leptospira spp. Other factors assessed related to individual characteristics, and environmental management, as well as the characteristics of the owners showed no statistically significant association with canine infection. Keywords: dogs, epidemiology, leptospirosis, prevalence

52

1. INTRODUÇÃO

A Leptospirose é uma zoonose infectocontagiosa de grande

importância tanto para humanos como para os animais, assumindo um forte

significado social e econômico (BRASIL, 2005).

Devido ao convívio bastante próximo entre o cão e o homem, é

importante determinar se os fatores de risco ou associados à leptospirose canina

são iguais ou semelhantes aos da enfermidade humana ou se são variáveis

exclusivas ao hábito e manejo da espécie (QUERINO et al., 2003).

Dentre as várias pesquisas realizadas, YASUDA et al. (1980)

constataram maior prevalência da infecção canina no verão e no outono, no

município de São Paulo, SP, condição corroborada por MACHADO et al. (1999),

no Rio Grande do Sul, que, avaliando a leptospirose canina em seis municípios,

obtiveram resultados significativos para a infecção em relação às altas

temperaturas e precipitações pluviométricas. ÁVILA et al. (1998) igualmente

observaram que temperaturas elevadas e maiores precipitações pluviométricas

antecederam os casos da doença em cães, caracterizando que estes dois fatores

são importantes para a manutenção das leptospiras no ambiente, como também

constatado por CARMO & DORVAL (2002), em Campo Grande, MS, e BATISTA

et al. (2005), em Campina Grande, PB.

Ressalta-se que, em pesquisas conduzidas em outros países, como a

Argentina, também foram verificados esses citados fatores condicionantes, em

especial a presença de água estagnada próxima às residências dos proprietários

de cães (RUBEL et al.,1997) e o contato das pessoas com água de enchentes

(VANASCO et al., 2000; DOUGLIN et al., 1997), como importantes determinantes

para os surtos da doença, indicando que tais variáveis oferecem risco tanto para o

homem como para o cão, já que ambos frequentam e compartilham o mesmo

ambiente.

A presença de roedores também foi apontada como fator de risco para

a leptospirose canina (FURTADO et al., 1997; QUERINO et al., 2003; CARMO &

DORVAL, 2002; SILVA, 2006) , assim como a presença de cães errantes ou com

acesso à rua (VANASCO et al., 2000).

Problemas relacionados à infraestrutura e saneamento básico também

são assinalados como de importância para a infecção por Leptospira spp. Assim,

53

quem vive em áreas urbanas, cujas condições sanitárias e de infraestrutura são

precárias, junto a lixões, esgotos a céu aberto, depósitos de materiais

descartados, restos alimentares e promiscuidade com outras espécies animais,

apresenta maior risco de adquirir leptospirose (GENOVEZ, 1996). Similarmente, a

falta de redes de esgoto e de pavimentação de vias, acúmulo de lama e

deficiências no sistema de coleta e destinação do lixo também podem estar

relacionados à ocorrência da doença (CALDAS & SAMPAIO, 1979; ALVES et al.,

2000; COSTA et al., 2001; FIGUEIREDO et al., 2001; DIAS et al., 2007).

Outro aspecto que deve ser considerado na epidemiologia da

enfermidade é a presença de ecossistemas degradados em áreas urbanas,

caracterizados pela inadequada ação antrópica, que pode proporcionar a

instalação e manutenção de focos de leptospirose, permitindo a livre circulação da

bactéria e sua transmissão ao homem e aos animais (PORTO, 1994).

Dentre os determinantes individuais, idade, sexo e atividades

ocupacionais já foram destacados como possíveis fatores associados para a

infecção por leptospiras, principalmente na espécie humana (SILVA & MIGUITA,

1988; MORAIS et al., 1997), destacando-se a idade na espécie canina

(MASCOLLI et al., 2002; BATISTA et al., 2005; AGUIAR et al., 2007).

No Estado do Tocantins, ainda são incipientes os estudos que avaliam

a ocorrência de leptospirose animal, bem como dos possíveis fatores

determinantes da infecção, aspecto que é agravado pela questão da enfermidade

constituir-se em uma antropozoonose de impacto na saúde pública. Assim,

considerando-se a importância de elucidar aspectos epidemiológicos da zoonose

em Araguaína, TO, conduziu-se a presente pesquisa com o objetivo de identificar

e categorizar os principais fatores associados à infecção canina por Leptospira

spp no município.

2. MATERIAL E MÉTODOS

2.1 Descrição da área

O município de Araguaína está localizado na região norte do Estado do

Tocantins, entre as coordenadas de 22º33’ e 23º04’ de Latitude S e 07° 12' e 48°

12' de Longitude W (Figura 1) e conta com uma área territorial de 4000,4 km2.

54

Apresenta clima tropical úmido, caracterizado por altas temperaturas, com média

máxima de 32ºC e mínima de 20ºC. Apresenta duas estações definidas, a de

chuvas, entre os meses de novembro a maio, e a de seca, entre os meses de

junho a outubro, com precipitação anual acima de 1.700mm. Caracteriza-se por

vegetação irregular, composta por cerrado ou chapada, matas ciliares e matas

tropicais (SEPLAN/TO, 2008).

FIGURA 1 – Localização do município de Araguaína em relação ao Brasil e ao Estado do Tocantins, 2008

Fonte: SESAU-TO, 2004

A população municipal estimada em 2008 era de 128.116 habitantes,

distribuída entre 41.489 imóveis residenciais. Já a população canina foi estimada

em 13.811 animais (FUNASA/SMS, 2008), demonstrando, assim, uma relação

média de 0,3 cães por imóvel e uma razão de 0,1 cães por habitante.

2.2 Delineamento do estudo

O trabalho foi dividido em quatro etapas: levantamento dos dados de

campo dos caninos (colheita de sangue dos cães para obtenção do soro e

aplicação de questionário aos proprietários), captura e colheita de sangue dos

roedores, análises laboratoriais (técnica de soroaglutinação microscópica - SAM)

55

e processamento e análise dos resultados. A primeira etapa foi conduzida em dois

períodos diferentes; o primeiro nos meses de março, maio, junho e primeira

quinzena de julho (março a maio, período chuvoso; junho e julho período seco) e

o segundo no mês de outubro e primeira quinzena de novembro (outubro, final do

período seco e novembro, início do chuvoso).

2.2.1 Primeira etapa

a) População canina estudada

Foram amostrados 275 cães, que representaram estatisticamente a

população canina da área territorial urbana de Araguaína. Foi empregado, para o

cálculo da amostra, o software Epi-info, versão 6.0 (CDC, ATLANTA, 1994),

adotando-se, com base em TRHUSFIELD (2004), nível de confiança de 95%, erro

estatístico de 5% e prevalência esperada, de acordo com a literatura nacional, de

20%, resultando no n amostral de 246 soros sanguíneos. A este valor, incluiu-se

percentual de 10% como margem de segurança e estabeleceu-se número mínimo

de 3 amostras por localidade, totalizando 275 amostras de soro caninos colhidos

e processados.

b) Método de alocação

Para obtenção das amostras, utilizou-se a técnica de amostragem

estratificada (REIS, 2003), dividindo o município em nove estratos, conforme sua

região geográfica, categorizados de acordo com o cadastro de localidades (n= 91)

(FIGURA 2) do município utilizado pelo programa da dengue (FUNASA/SMS,

2008); selecionou-se 20% das mesmas, totalizando 18,2 localidades, o que

resultou em 19 localidades sorteadas. (ANEXO 1).

Os nove estratos foram selecionados por amostragem estratificada de

tamanho proporcional, a partir da qual cada estrato correspondeu a uma região

geográfica e contribuiu com 1/5 das suas localidades (ANEXO 1). Já para a

obtenção do número de unidades amostrais (soros sanguíneos e entrevista) para

cada uma das 19 localidades selecionadas, seguiu-se o padrão de

proporcionalidade referente ao total geral mínimo de indivíduos inicialmente

amostrados (270). Visando que aquelas localidades com maior estimativa de cães

56

tivessem também maior número de amostras, foram utilizados, como indicado por

TRHUSFIELD (2004), dados da planilha de sistematização da FUNASA/SMS

(2008), criando-se um quadro demonstrativo que orientou o cálculo da quantidade

de amostras por localidade selecionada (ANEXO 2). Estabeleceu-se número de

três amostras por localidade, totalizando, ao final, 275 espécimes clínicos

amostrados.

c) Seleção dos domicílios

Empregou-se amostragem aleatória sistemática (TRHUSFIELD, 2004)

para o sorteio das 275 residências amostradas nas 19 localidades selecionadas,

adotando-se como critério, nos casos de não existência de cão na unidade

sorteada, sua substituição pela residência mais próxima, imediatamente acima ou

abaixo da original, que atendesse a essa condição.

d)Trabalho de campo: coleta das amostras e aplicação dos questionários

As amostras (uma para cada residência) obtidas por venopunção

jugular e/ou cefálica foram adequadamente armazenadas e transportadas para o

Laboratório de Diagnóstico de Leptospirose do Setor de Medicina Veterinária

Preventiva da Escola de Medicina Veterinária da Universidade Federal de Goiás

(LDL/SMVP/EV/UFG), em Goiânia-GO, para análise laboratorial.

Juntamente à colheita de sangue foi aplicado, aos proprietários ou

responsáveis pelos cães amostrados, um questionário fechado e pré-codificado,

elaborado com base em THRUSFIELD (2004), com questões referentes ao

animal, ao proprietário e ao meio ambiente (ANEXO 3), ressaltando-se que cada

proprietário ou o responsável foi incluído no estudo somente após prévio

esclarecimento e consentimento (ANEXO 4 e 5).

57

FIGURA 2. Estratos amostrados de Araguaína, Tocantins, 2008.

58

2.2.2 Segunda etapa: captura e colheita de sangue dos roedores

Foram capturados 58 roedores nas dezenove localidades

representativas de Araguaína-To. A captura foi realizada utilizando-se de uma

armadilha artesanal, construída de madeira, em forma de gaiola, contendo uma

isca que, ao ser tocada, disparava um dispositivo de fechamento da porta.

Empregaram-se oito armadilhas artesanais, sendo utilizada, como atrativo, isca

composta por mistura de banana, farelo de milho e óleo de fígado de bacalhau.

As armadilhas foram colocadas durante sete dias consecutivos, no período

noturno, e recolhidas na manhã seguinte, procedimento realizado em outubro de

2008.

Os roedores capturados foram encaminhados para o Biotério da

Fundação de Medicina Tropical do Tocantins, em Araguaina-To, para a biometria

e procedimentos necessários para a identificação da espécie. Os roedores foram

sedados com cloridrato de ketamina, na dose de 20 mg/kg + xilazina de 50mg/kg

por injeção intraperitoneal, de acordo com o recomendado na resolução no 714 de

2002 do Conselho Federal de Medicina Veterinária (CFMV) (CFMV, 2002).

Os animais capturados foram taxonomicamente classificados por

gênero e espécie, utilizando-se padrões de medidas corporais associados a

características externas como tamanho e formato das orelhas, presença de

membrana interdigital e calos palmares e plantares, tamanho da cauda em

relação ao corpo, dentre outras, conforme BRASIL (2002). Em seguida, realizou-

se a colheita de aproximadamente 3 mL de sangue por punção cardíaca.

Sequencialmente, os animais foram eutanasiados seguindo também as normas

da resolução 714/2002 do CFMV (CFMV, 2002).

O sangue foi centrifugado e o soro acondicionado em microtubos de

plástico de 1,5 mL, sendo armazenados e mantidos em freezer a –20o C até ser

encaminhado para o Laboratório de Diagnóstico de Leptospirose do Setor de

Medicina Veterinária Preventiva do Departamento de Medicina Veterinária da

Escola de Medicina Veterinária da UFG (LDL/DMV/EV/UFG), em Goiânia-GO,

para análise.

2.2.3 Terceira etapa: análise laboratorial

59

A técnica utilizada para o diagnóstico foi a SAM (BRASIL, 1997),

conduzida no Laboratório de Diagnóstico de Leptospirose do Setor de Medicina

Veterinária Preventiva da Escola de Medicina Veterinária da UFG, em Goiânia-

GO, entre julho a dezembro de 2008. Para a SAM, utilizou-se uma bateria de 24

sorovares para as amostras dos cães e dos roedores, sendo eles: Andamana

Australis, Bataviae, Brasiliensis, Bratislava, Butembo, Canicola, Castellonis,

Copenhageni, Cynopteri, Djasiman, Grippotyphosa, Hardjo, Hebdomadis,

Icterohaemorrhagiae, Javanica, Panama, Patoc, Pomona, Pyrogenes, Shermani,

Tarassovi, Whitcombi e Wolffi. Como ponto de corte na fase de titulação, foi

adotada a diluição igual ou acima de 1:100.

2.2.4 Quarta etapa: análise estatística dos dados

Realizou-se analise bivariada, na qual foi feito cruzamento das variáveis

independentes, isto é, as variáveis referentes ao animal, ao proprietário e ao

ambiente, com a dependente, condição do animal, se infectado ou não, conforme

resultado da SAM para Leptospira spp. A significância estatística das associações

foi calculada através do teste do Qui-Quadrado (X2 ), com correção de Yates, ou

teste exato de Fischer nos casos em que a amostra era pequena, determinando-

se a odds ratio (OR). Utilizou-se o programa estatístico Epi-info versão, 6.0,

adotando-se 95% de intervalo de confiança. As associações foram consideradas

significativas quando p < 0,05.

2.3 Considerações éticas

O estudo foi elaborado e executado segundo as diretrizes e normas da

Resolução 196/1996 do Conselho Nacional de Saúde e aprovado pelo Comitê de

Ética em Pesquisa da Fundação de Medicina Tropical do Tocantins, sob o No de

protocolo 137, aprovado em 12 de março de 2008.

3. RESULTADOS E DISCUSSÃO

3.1 Características gerais e de manejo dos cães

60

A população canina estudada foi de 139 (50,5%) machos e 136

(49,5%) fêmeas, com faixa etária predominante de animais de um a sete anos,

considerados animais adultos (71,3%).

A distribuição sorológica de anticorpos contra Leptospira spp nos cães

amostrados segundo a idade, demonstrou maior soropositividade para a faixa

etária maior que sete anos, com um percentual de 14,8% do total de animais

examinados nessa faixa etária. Esse resultado pode estar relacionado ao

aumento da chance de contato do animal com o agente ao longo da sua vida,

sendo importante ressaltar que não há, por parte da maioria dos proprietários, o

cuidado de realizar revacinação anual de seus animais. Assim, a imunidade

adquirida pelo cão jovem, quando da realização do calendário profilático, vai

declinando ao longo do tempo, deixando-o mais susceptível à doença (ABBAS et

al., 2000).

Não houve associação entre a idade e a infecção por Leptospira spp

(p=0,98) (Tabela 1), resultado semelhante ao descrito por JOUGLARD & BROD

(2000), porém distinto dos estudos de RUBEL et al. (1997), MASCOLLI et al.

(2002), BATISTA et al. (2005) e AGUIAR et al. (2007), que verificaram

soropositividade significativamente maior em animais com mais de um ano de

idade, e do apontado por WARD et al. (2002), que encontraram associação em

animais com idade entre quatro e 10 anos.

Em relação ao sexo, machos e fêmeas apresentaram positividades

similares, com um percentual de 13,7% entre os machos e 14,0% entre as

fêmeas, não havendo associação positiva entre sexo e a infecção (p= 0,92)

(Tabela1). Esta condição de machos e fêmeas igualmente expostos ao risco da

infecção também foi encontrada por VAN DEN BROEK et al. (1991), FURTADO et

al. (1997), ALVES et al. (2000), JOUGLARD & BROD (2000) e MASCOLLI et al.

(2002). Porém, em outros estudos como o de RUBEL et al. (1997), na Argentina,

AGUIAR et al. (2007) e MAGALHÃES et al. (2006) no Brasil, essa variável foi

significativa, com machos apresentando maior chance de infecção. Esperava-se

maior reação dos machos, pois, como descrito por MAGALHÃES et al. (2006),

cães machos normalmente têm mais acesso à rua e, via de regra, realizam maior

número de cruzamentos não controlados, inclusive com animais potencialmente

61

infectados, condição agravada pelo hábito da espécie de se socializar através do

contato com a genitália de outros caninos.

TABELA 1 - Análise bivariada do resultado da soroaglutinação microscópica (SAM) antileptospírica em cães e fatores relacionadas às características gerais e de manejo dos cães da área territorial urbana de Araguaína, Tocantins, Brasil, 2008

Variável

SAM para Leptospira spp Odds

Ratio

(OR)

IC* Valor

p

Reagente Não Reagente

N % N %

*Faixa etária

Menor que um ano

De um a sete anos

Maior que sete anos

07

27

04

13,5

13,8

14,8

45

169

23

86,5

86,2

85,2

0,98

Sexo

Macho

Fêmea

19

19

13,7

14,0

120

117

86,3

86,0

0,97

0,49- 1,95

0,92

Raça

CRD

SRD

10

28

13,3

14,0

65

172

86,7

86,0

1,05

0,40- 2,40

0,96

Vacinação contra

leptospirose

Sim

Não

20

18

17,5

11,2

94

143

82,5

88,8

1,68

0,84 – 3,37

0,19

Origem do animal

Doação

Doação do CCZ

Comprado de

particulares

Nascidos na própria

residência

Errantes

Comprado em clinica

veterinária

Outros

31

1

2

2

2

0

0

14,9

25,0

8,3

12,5

16,7

0,0

0,0

177

3

22

14

10

10

1

85,1

75,0

91,7

87,5

8,3

100,0

100,0

0,80

62

TABELA 1 - Análise bivariada do resultado da soroaglutinação microscópica (SAM) antileptospírica em cães e fatores relacionadas às características gerais e de manejo dos cães da área territorial urbana de Araguaína, Tocantins, Brasil, 2008

(continuação)

Variável

SAM para Leptospira spp Odds

Ratio

(OR)

IC* Valor p

Reagente Não Reagente

N % N %

Alimentação do animal

Ração

Ração e comida caseira

(mista)

Comida caseira

14

20

4

15,4

15,4

7,4

77

110

50

84,6

84,6

92,6

0,31

Trabalhou-se principalmente com cães sem raça definida (SRD), que

representaram 72,7% do total. Dentre os 27,3% de animais com raça definida

(CRD), predominaram os Pit bull, com 8,4% dos cães amostrados. Constatou-se

que nos animais SRD houve mais reagentes que nos CRD, 14,0% e 13,3%,

respectivamente, diferença, no entanto, não significativa (p=0,96) (Tabela 1), o

que condiz com o descrito por CALDAS et al. (1977), MODOLO et al. (2000) e

BATISTA et al. (2005). Já CHAMPION et al. (2004) assinalam que os cães SRD

foram menos sororeagentes que os de raça definida, divergindo dos resultados

deste estudo. Dentre os CRD, a raça Poodle foi a que apresentou maior

porcentagem de reagentes (37,5%) (Tabela 2). Deve-se considerar que, embora

tenha sido apontada associação em estudos como os de WARD et al. (2002),

todas as raças são susceptíveis à infecção.

63

TABELA 2 - Distribuição da população canina estudada e resultados da soroaglutinação microscópica (SAM) antileptospírica segundo raça, na área territorial urbana de Araguaína, Tocantins, Brasil, 2008

Raça

Frequência

%

SAM para Leptospira spp

Reagente Não reagente

N % N %

*SRD 200 72,7 28 14,0 172 86,0

Pit Bull 23 8,4 2 8,7 21 91,3

Poodle 8 2,9 3 37,5 5 62,5

Rottweiler 8 2,9 0 0,0 8 100,0

Pinscher 9 3,3 0 0,0 9 100,0

Pastor Alemão 4 1,5 0 0,0 4 100,0

Boxer 5 1,8 1 20,0 4 80,0

Cocker Spaniel Inglês 3 1,1 1 33,3 2 66,7

Fila Brasileiro 3 1,1 1 33,3 2 66,7

Dachshund 2 0,7 0 0,0 2 100,0

Blue Heeler 2 0,7 0 0,0 2 00,0

Doberman 2 0,7 0 0,0 2 100,0

Akita 1 0,4 0 0,0 1 100,0

Bull Terrier 1 0,4 0 0,0 1 100,0

Labrador 1 0,4 1 0.0 0 0,0

Pastor Belga 1 0,4 0 0,0 1 100,0

Weimaraner 1 0,4 0 0,0 1 100,0

Terrier Brasileiro 1 0,4 1 100,0 0 0,0

Total 275 100,0 38 13,8 237 86,2

* Sem raça definida

Com relação ao estado vacinal da população canina estudada,

constatou-se que 58,5% não haviam sido vacinados contra leptospirose, o que

aponta para um problema sanitário e demonstra a necessidade de ações de

educação em saúde no município. Entretanto, quando se observou o resultado da

soroaglutinação microscópica, a porcentagem de reagentes foi maior entre os

cães que haviam sido vacinados (17,5%), no entanto essa diferença não foi

significativa (p=0,19) (Tabela 1). Tal resultado, embora pareça inicialmente

64

discrepante, deve ser avaliado considerando-se que a maioria das vacinas

atualmente usadas em cães contém os sorovares Canicola e Icterohaemorrhagiae

e, recentemente, Grippotyphosa e Pomona têm sido adicionadas por alguns

laboratórios (PENTALVAC, 2007), o que justificaria as respostas encontradas.

Salienta-se, por outro lado, que, independente do estado vacinal, o sorovar de

maior prevalência nos cães amostrados neste estudo foi o Castellonis, não

incluído nas vacinas disponíveis no mercado, e relacionado a reservatórios

silvestres.

Segundo informações dos proprietários, a origem dos cães foi

predominantemente doada (75,6%), seguida de cães comprados de particulares

(8,7%) e, finalmente, nascidos na própria residência (5,8%). Os cães de origem

doada pelo Centro de Controle de Zoonoses (CCZ) e errantes representaram

juntos somente 5,8% da população amostral, mas, como esperado, constituíram-

se nas categorias com maior porcentagem de reagentes 25% e 16,7%,

respectivamente, ainda que sem associação positiva para a variável (p=0,80)

(Tabela 1). Esta maior porcentagem de reagentes pode ser explicada pela sua

maior exposição às fontes de contaminação, uma vez que, durante algum tempo

da sua vida, estiveram perambulando pelas ruas, expostos às diferentes

condições de risco, como destacado por BATISTA et al. (2004), expostos a vários

agentes infecciosos, entre eles as leptospiras. Tal resultado demonstra um

potencial impacto na saúde pública, pois os animais a serem doados não são

testados em relação a algumas zoonoses, dentre elas, a leptospirose, o que

sinaliza para a adequação de tal medida.

No que se refere ao tipo de alimentação fornecida, 47,3% dos

proprietários afirmaram alimentar seu cão com comida caseira, 33,1% com ração

e 19,6 % com alimentação mista (caseira e ração).

O resultado da soroaglutinação microscópica foi de porcentagens

similares de reagentes para os cães que se alimentam de ração e mista (15,4%).

Estes apresentaram maior soropositividade para a infecção por Leptospira spp em

relação aos que recebiam alimentação caseira (7,4%), no entanto, as diferenças

observadas não foram significativas (p=0,31) (Tabela 1). Uma possível explicação

para tal resultado seria o armazenamento inadequado da ração, favorecendo a

65

infestação por roedores sinantrópicos e/ou silvestres, contribuindo para uma

maior exposição dos animais amostrados aos prováveis reservatórios.

No estudo das associações entre as características gerais e de manejo

com a soropositividade para a infecção por leptospira nos cães pesquisados,

nenhuma das variáveis estudas foi associativa (Tabela 1).

3.2 Características do local de moradia dos cães

Quanto ao local da residência, estabelecido segundo o critério amostral

descrito, o maior número de amostras foi proveniente da localidade São João, o

que correspondeu a 29,54% dos espécimes clínicos analisados e a

aproximadamente 7,78% da população canina estimada para o município.

Apesar de essa ter sido a localidade com maior frequência em relação à

população canina amostrada, constatou-se que as três localidades que

apresentaram maiores proporções de animais reagentes foram Parque dos

Sonhos Dourados com 60%, seguido da localidade Monte Sinai com 42,9 % e

José Ferreira com 40,0% (Tabela 3).

TABELA 3 - Análise bivariada do resultado da soroaglutinação microscópica (SAM)

antileptospírica e a localidade do domicilio dos cães na área territorial urbana de Araguaína, Tocantins, Brasil, 2008

Localidade

SAM para Leptospira spp Odds

Ratio

(OR )

IC Valor

p Reagente Não

Reagente

N % N %

Anhanguera 6 15,0 34 85,0 0,89 0,36 - 2,51 0,99

Barros 2 28,6 5 71,4 2,56 0,33 - 13,53 0,25

Centro 5 11,1 40 88,9 1,33 0,52 - 4,08 0,73

Jardim Filadélfia 1 33,3 2 66,7 0,32 0,02 - 9,52 0,36

Jose Ferreira 2 40,0 3 60,0 4,29 0,49 - 29,80 0,14

Monte Sinai 3 42,9 4 57,1 4,94 0,89 - 24,90 0,06

Santa.Terezinha 1 9,1 11 81,8 1,80 0,29 - 40,11 0,48

São João 12 18,2 54 81,1 0,64 0,30 - 1,39 0,33

Setor Couto 1 5,6 17 94,4 2,85 0,49 - 61,90 0,26

Sonhos Dourados 3 60,0 2 40,0 9,92 1,43 - 85,91 0,02

Tiuba 1 12,5 7 87,5 1,12 0,17 - 26,22 0,69

Universitário 1 12,5 7 87,5 1,12 0,17 - 26,22 0,69

66

Uma possível justificativa da localidade Parque dos Sonhos Dourados

ter apresentado maior proporção de reagentes para Leptospira spp, foi o período

de colheita das amostras, mês de abril de 2008, período chuvoso, que se constitui

em importante fator de risco para a infecção, uma vez que a Leptospira tem

estreita associação com fatores ambientais. Assim, uma estrutura ecológica

favorável permite a manutenção e transmissão do agente (BLENDEN, 1976).

FIGURA 3 - Área com pontos de acúmulo de água pluvial na

localidade Sonhos Dourados, Araguaína-Tocantins,

2008

A localidade Monte Sinai foi a segunda em proporção de reagentes,

condição que deve estar relacionada às precárias condições socioeconômicas e

ambientais locais, pois é uma área de invasão. Ainda em fase de regularização,

apresenta problemas de esgoto a céu aberto e lixo, além de localizar-se na

periferia da cidade próximo a área de cerrado (Figura 4). Já a localidade José

Ferreira, a terceira em maior porcentagem de reagentes, possui características

67

semelhantes às do Parque dos Sonhos Dourados, da qual é limítrofe; registra-se

que o período de colheita foi o mesmo.

FIGURA 4 - Área de invasão, localidade Monte Sinai, Araguaína-

Tocantins, 2008

Analisando individualmente cada uma das doze localidades

amostradas com a soropositividade para Leptospira, somente uma, a localidade

Sonhos Dourados, apresentou p < 0, 05, (P=0,02), impondo-se como área de

maior chance de infecção para os animais. Deve-se ressaltar, no entanto, o

pequeno número de amostras obtidas nesta localidade em decorrência da

pequena população canina, o que pode interferir nos resultados da associação

(SAMAPAIO, 2007).

Em relação às condições dos locais de moradia dos cães amostrados,

avaliadas em termos de características da residência de seu proprietário, diversos

aspectos foram categorizados como variáveis. Quanto ao sistema público de

coleta de lixo, verificou-se que 90,5% dos domicílios o possuíam, com maior

68

porcentagem de animais reagentes (15,4%), oriundos de domicílios não atendidos

pelo serviço. Tal condição, relevante em termos de saneamento ambiental,

oferece condições propícias para atração e manutenção de reservatórios do

agente, o que ampliaria as chances de infecção dos animais.

No entanto, apesar de sua relevância, não houve associação positiva

com a infecção canina (p=0,50) (Tabela 4), discordando das descrições de

GENOVEZ (1996) sobre maior risco de quem vive em áreas urbanas cujas

condições sanitárias e de infraestrutura são precárias, junto a lixões e esgotos a

céu aberto. Por outro lado, o resultado encontrado coincide com os obtidos por

MAGALHAES et al. (2006), em Belo Horizonte, MG, que justificaram a não

associação ao fato daquele município, assim como Araguaína, ter alta cobertura

de domicílios com o referido sistema. Deve-se salientar que o controle do lixo

urbano é de extrema importância para evitar o surgimento de novos focos de

infecção.

Neste contexto, a análise de outra variável trabalhada, acúmulo de lixo

nas proximidades do domicílio, revelou que 18,9% dos domicílios amostrados

apresentavam esta condição. Contudo, de forma contrária à expectativa, a maior

porcentagem dos reagentes (14,8%) foi procedente daqueles domiciliados onde

não havia acúmulo de lixo próximo à residência. Esta variável não foi, portanto,

associativa (p=0,45) (Tabela 4), apesar de ser indiscutível que a presença de lixo

contribui para o aumento de roedores e, consequentemente, maior exposição de

cães e humanos à infecção. Torna-se importante, porém, resgatar que os

sorovares mais prevalentes detectados não têm os roedores domésticos como

principais reservatórios, o que pode explicar a não associação.

Quanto aos domicílios com rede pública de coleta de esgoto, 83,3%

dos amostrados não o possuem, sendo constatado que a maior porcentagem de

reagentes foi entre os animais que não dispunham de tal recurso na residência

(14,8%). Entretanto, assim como a variável anterior, não foi observada associação

positiva com a infecção (p=0,38) (Tabela 4), sendo esperado que assim

ocorresse, pois indivíduos que vivem em localidades não ligadas à rede pública

de esgoto apresentam maior chance de infecção por leptospiras. Isso seria devido

ao maior contato com água contaminada proveniente de fossas e valetas, como

demonstrado por FURTADO et al. (1997), porém em outras pesquisas, como a de

69

SILVA (2006), assim como no presente estudo, não foi observada tal associação.

Este fato pode estar respaldado pelos sorovares detectados no estudo (roedores

silvestres), podendo pressupor-se que a forma de infecção seria outra, uma vez

que os reservatórios destes sorovares não costumam frequentar a rede de

esgoto.

A ocorrência de acúmulo de água pluvial, próximo às residências, foi

verificada em 29,8% dos domicílios amostrados, com maior soropositividade

(14,6%) nestes do que nos que não o apresentavam (13,5%). Esta variável

também não se mostrou associada à infecção (p=0,94) (Tabela 4), discordando

dos resultados de diversos estudos, como os de ANDRE FONTAINE & GANIERE

(1990), DOUGLIN et al. (1997) e RUBEL et al. (1997), nos quais foi destacada a

importância dessas áreas para a transmissão da leptospirose.

A presença de leitos fluviais, ou seja, rios, igarapés, córregos e/ou

ribeirões próximos aos domicílios amostrados, foi verificada em 58,2% do total de

residências amostradas. Essa característica, entretanto, não foi significativa

(p=0,82) (Tabela 4), o que diferiu dos estudos de DOUGLIN et al. (1997), RUBEL

et al. (1997), ANDRE FONTAINE & GANIERE (1990), que ressaltaram a água

como o fator ambiental mais importante na manutenção da Leptospira spp,

principalmente quando contaminada com a urina de animais infectados (WEEKS

et. al., 1997).

Tal resultado não era esperado, já que o acúmulo de água pluvial e a

presença de mananciais possibilitam a formação de grandes volumes de água

parada e/ou enchentes, sendo o fator água, como já mencionado, de grande

importância para a transmissão de leptospiras. A presença de áreas alagadiças

por acúmulo de água pluvial e/ou pelas possíveis áreas de alagamentos

decorrentes de leitos fluviais próximos aos domicílios não mostraram associação

significativa com a soropositividade para leptospirose canina.

Vale ressaltar que o município de Araguaína apresenta um sistema

hidrográfico bastante amplo, com rios, ribeirão e córregos drenando amplamente

o seu território, destacando que, das 19 localidades amostradas no presente

estudo, sete são banhadas por leitos fluviais, e quatro apresentaram amostras

reagentes para Leptospira spp.

70

TABELA 4 - Análise bivariada do resultado da soroaglutinação microscópica (SAM) antileptospírica em cães e fatores relacionadas às condições dos locais de moradia dos cães da área territorial urbana de Araguaína, Tocantins, Brasil, 2008

Variável

SAM para Leptospira spp Odds

Ratio

(OR)

IC* Valor

p

Reagente Não Reagente

N % N %

Sistema público de

coleta de lixo

Sim

Não

34

4

13,7

15,4

215

22

86,3

84,6

0,87

0,30–3,11

0,50

Acúmulo de lixo nas

proximidades da

residência

Sim

Não

05

33

9,6

14,8

47

190

90,4

85,2

0,61

0,20–1,58

0,45

Existência de sistema

de rede pública de

esgoto

Sim

Não

04

34

8,7

14,8

42

195

91,3

85,2

0,55

0,16–1,52

0,38

Ocorrência de

acúmulo de água

pluvial

Sim

Não

12

26

14,6

13,5

70

167

85,4

86,5

1,10

0,51–2,29

0,94

Presença de leitos

fluviais

Sim

Não

21

17

13,1

14,8

139

98

86,9

85,2

0,87

0,43–1,76

0,82

Presença de roedores

no intra e ou

peridomicilio

Sim

Não

35

3

13,7

15,8

221

16

86,3

84,2

0,84

0,25– 3,80

0,50

71

De acordo com o descrito na REVISÃO PLANO DIRETOR DE

ARAGUAÍNA (2004), os principais cursos de água do município fazem parte das

duas grandes macrobacias que estruturam hidrograficamente o Estado do

Tocantins; a do rio Tocantins e a do rio Araguaia. Ainda de acordo com a mesma

fonte, o município encontra-se localizado, do ponto de vista hidrográfico, em áreas

bastante drenadas por córregos e ribeirões. Essa formação de macro e

microbacias resulta em leitos que cortam grande parte da cidade, em parte

canalizados; Mas em épocas de fortes chuvas, entretanto, geram vários pontos de

alagamento, os quais, em algumas regiões, são permanentes, como o observado

na localidade Anhanguera (Figura 6).

FIGURA 6 - Área alagada no setor Anhanguera, vista de um quintal de uma das residências amostradas

A presença de roedores, na residência amostrada ou próxima a ela, foi

constatada em 93,1% dos domicílios, e a maior frequência de reagentes (15,8%)

foi observada em domicílios cujo proprietário não relatou tal ocorrência, no

entanto, sem significância estatística, (p=0,50) (Tabela 4). Este consistiu em mais

72

um resultado não esperado quando do início da pesquisa, uma vez que o roedor é

o principal reservatório do agente e que quanto mais próximo o contato, maior a

chance de infecção (BRASIL, 1997). A não associação desta variável coincide

com os achados de BATISTA et al. (2005), em Campina Grande, PB, e diverge

dos estudos de FURTADO et al. (1997), em Pelotas, RS; QUERINO et al. (2003);

CARMO & DORVAL (2002), em Campo Grande, MS; SILVA et al. (2006) em

Botucatu, SP e VANASCO et al., (2000), na cidade de Santa Fé, na Argentina,

que apontaram ser essa variável um fator de risco para a leptospirose canina.

Uma possível justificativa para o resultado encontrado é que, no

questionário aplicado aos proprietários, os mesmos se referiam somente à

presença roedores “domésticos”. Desconsideravam-se, dessa forma, os roedores

silvestres que, devido à localização de várias unidades amostrais, poderiam atuar

como sinantrópicos, dada a antropização ambiental, transitar nos domicílios e

possibilitar um possível contato com os cães. Tal hipótese é reforçada pelo

resultado encontrado referente ao sorovar mais prevalente, o Castellonis, que,

segundo BARANTON (1998), tem como reservatório os roedores silvestres.

Analisando-se os períodos em que foram colhidas as amostras em

relação à pluviometria no município de Araguaína, caracterizados por duas

estações, uma seca e outra chuvosa, no período seco foram colhidas 261

amostras, 94,9% do total geral de amostras; 14 (5,5 %) no período chuvoso.

Apesar do pequeno número obtido de espécimes clínicos na época de chuvas,

observou-se que a maior proporção de sororeagentes mensal ocorreu nos meses

de março e maio; ou seja, das 14 amostras colhidas nesses meses, cinco (35,7%)

foram reagentes, coincidindo com as maiores precipitações pluviométricas (Figura

7), condição que foi significativa (p=0,03) (Tabela 5), entretanto, o fato de terem

sido poucas as amostras colhidas no período chuvoso pode ter influenciado esse

resultado.

Esse resultado reforça o que foi descrito por MAGALHÃES et al.

(2006), que ressaltaram que, em infecções por leptospiras, a estação do ano é

uma variável importante que deve ser levada em consideração, pois temperaturas

amenas, em torno de 28ºC, e umidade relativa do ar elevada, favorecem a

sobrevivência da bactéria. Em épocas de alta precipitação pluvial, tais fatores,

73

associados à ineficácia dos sistemas de drenagens da água, facilitariam o contato

do cão com o agente.

O percentual de positividade (35,7%) em relação ao número de

amostras do mesmo período é considerado alto quando comparado com outros

estudos, como os de ÁVILA et al. (1998) e MAGALHÃES et al. (2006).

Reforçando que, possivelmente, a estação do ano seja um fator de risco

importante na ocorrência da leptospirose canina neste município, pois a variável

estação do ano período chuvoso mostrou-se significativa, enquanto a estação de

seca foi um fator de proteção que diminuiu o risco de desenvolvimento da

leptospirose canina em Araguaína em 0,26 vezes (Tabela 5).

TABELA 5 - Distribuição do resultado da soroaglutinação microscópica (SAM) antileptospírica em cães e análise bivariada, segundo Estação do ano, na área territorial urbana de Araguaína, Tocantins, Brasil, 2008

Estação do ano*

SAM para Leptospira spp Odds

Ratio

(OR)

IC* Valor

p Reagente Não Reagente

N % N %

Seca

Chuvosa

33

05

12,6

35,7

228

09

87,4

64,3

0,26

3,81

0,08 – 0,91

1,09 – 12,1

0,03

0,03

* A classificação utilizada para essa variável não está relacionada às quatro estações do ano:

primavera, verão, outono e inverno e sim com os índices pluviométricos, ou seja, com maior índice

pluviométrico (chuvosa) e com menor índice pluviométrico (seca), adotado para a região.

74

FIGURA 7 - Distribuição do resultado da Soroaglutinação microscópica para Leptospira spp de acordo com o mês de colheita das amostras e os índices de precipitação pluvial média nos mesmos meses em Araguaína-To, 2008

Fonte: Estação Climatológica Principal de Araguaína-To, 2008

33,3

66,7

50,0 50,0

82,8

17,2

100,0

94,3

5,7

14,7

Junho Julho Agosto Setembro Outubro

100

80

40

20

0

%

400

350

300

250

200

150

100

50

0

mm

Reagentes

Não Reagentes

Precipitação Pluviométrica

Novembro Dezembro Abril Março Fevereiro Janeiro Maio

100,0

85,3

100,0

75

3.3 Perfil dos proprietários dos cães amostrados

A população dos proprietários dos cães amostrados foi

predominantemente do sexo feminino (78,2%), com idade variando de 18 a 62

anos e média de 40 anos.

Em relação às características socioeconômicas, a maioria da

população de proprietários possuía, como grau de escolaridade, o ensino

fundamental (46,2%) e renda familiar entre 2,5 a 11 salários mínimos (70,5%),

enquadrando-se, segundo FGV (2008), na classe econômica C. 85,7%

informaram ter residência própria, com apenas 14,3% vivendo em imóveis

alugados, sendo que 73,1% do total habitavam há mais de cinco anos na

localidade.

Quanto ao resultado da soroaglutinação microscópica (SAM)

antileptospírica em cães, a maior proporção de reagentes foi de cães de

proprietários do sexo feminino (14,4%) com idade entre 18 a 20 anos (28,0%), no

entanto, essas variáveis não foram significativas (p=0,38; p=0,29) (Tabela 6).

Os proprietários que cursaram ensino médio foram os que

proporcionalmente mais tiveram cães sororeagentes, representando 18,1%,

seguidos daqueles que não possuíam estudo, com 15,0%, com os percentuais de

cães de proprietários com ensino fundamental e superior muito próximos, não

tendo sido constatada associação positiva entre o grau de escolaridade do

proprietário e a infecção por Leptospira spp em cães de Araguaína - TO (p=0,49)

(Tabela 6).

A análise das proporções de cães sororeagentes, quanto à renda

mensal familiar dos proprietários, indicou maior proporção de sororeagentes entre

os animais de proprietários com renda entre um a dois salários mínimos (18,2%),

classificados, segundo FGV (2008), como pertencentes à classe econômica E, a

de menor renda familiar. Menor proporção de animais positivos foi detectada em

indivíduos cujos proprietários apresentavam renda maior, classes A/B. Este

quadro sugere que quanto maior a renda, maiores os cuidados com o manejo dos

animais, incluindo vacinação preventiva, melhor alimentação, menor índice de

doenças infecciosas e parasitárias, contato restrito com outros animais e menor

acesso às ruas, minimizando o contato com possíveis fontes de infecção de

doenças como a leptospirose.

76

TABELA 6 - Análise bivariada do resultado da soroaglutinação microscópica (SAM) antileptospírica em cães e fatores relacionadas às características dos proprietários dos cães da área territorial urbana de Araguaína, Tocantins, Brasil, 2008

Variável

SAM para Leptospira spp Odds

Ratio

(OR)

IC* Valor

p

Reagente Não Reagente

N % N %

Sexo

Masculino

Feminino

7

31

11,7

14,4

53

184

88,3

85,6

1,27

0,57 – 3,28

0,38

Faixa Etária

11 a 20

21 a 30

31 a 40

41 a 50

51 a 60

Maior que 60

7

5

9

8

3

6

28,0

13,9

11,5

13,3

7,1

16,7

18

31

69

52

37

30

72,0

86,1

88,5

86,7

92,5

83,3

0,29

Escolaridade

Analfabeto

Ensino

Fundamental

Ensino Médio

Ensino Superior

3

14

17

4

15,0

11,0

18,1

11,8

17

113

77

30

85,0

89,0

81,9

88,2

0,49

*Renda Familiar

Classe A/B

Classe C

Classe D

Classe E

2

28

6

2

8,3

14,4

13,0

18,2

22

166

40

9

91,7

85,6

87,0

81,8

0,83

77

TABELA 6 – Analise bivariada do resultado da soroaglutinação microscópica (SAM) antileptospírica em cães e fatores relacionadas às características dos proprietários dos cães da área territorial urbana de Araguaína, Tocantins, Brasil, 2008

(continuação)

Variável

SAM para Leptospira spp Odds

Ratio

(OR)

IC Valor

p Reagente Não Reagente

N % N %

Tipo de Moradia

Própria

Alugada

29

9

12,9

19,1

199

38

87,3

80,9

0,35

Tempo de moradia na

localidade

De seis meses a um ano

De um a três anos

De três a cinco anos

Mais de cinco anos

7

3

3

25

21,9

16,7

12,5

12,4

25

15

21

176

71,8

83,3

87,5

87,6

0,52

* Para efeitos de definição da renda, foi estabelecido o critério de classes econômicas, segundo o que a Fundação Getulio Vargas (FGV) considera: como classe AB (alta), as famílias com ganho mensal acima de R$ 4.807. A classe C (classe média) é composta por famílias com renda entre R$ 1.115 e R$ 4.807, a classe D são as famílias com renda entre R$ 804 e R$ 1.115 e a E as famílias com renda total de até R$ 804, considerando todas as fontes. Os valores foram atualizados a valores de dezembro de 2008.

A maior freqüência de reagentes ocorreu em animais cujos

proprietários moravam em residência alugada (19,1%) e, principalmente, entre os

que nessas residiam a menos de um ano (21,9%), o que revelou a importância da

situação socioeconômica do proprietário, sugerindo que mudanças constantes do

domicílio, seja da casa e/ou localidade, propiciam maior exposição do cão à

infecção por Leptospira spp. Apesar dessas variáveis se mostrarem importantes,

não houve associação com a infecção, apresentando a variável tipo de moradia

valor de p= 0,38 e a variável tempo de moradia na localidade p=0,52 (Tabela 6).

Os resultados obtidos demonstraram, também, a não relação do grau

de instrução com a infecção, o que difere daqueles obtidos por JOHNSON et al.

(2004) no Peru, onde a prevalência de anticorpos contra Leptospira spp diminuiu

78

com o aumento do nível de escolaridade da população pesquisada, revelando que

a educação contribui para ações preventivas em saúde e manejos eficazes.

Na análise bivariada para o estudo das associações entre as

características dos proprietários dos cães (sexo, faixa etária, escolaridade, renda

familiar, tipo de moradia e tempo de moradia na localidade) com a

soropositividade para a infecção, nenhuma variável mostrou-se associativa

(P>0,05).

3.4 Resultado da SAM nos roedores

A população total de roedores estudada foi de 58, sendo eles

classificados como 50% de ratazana ou rato de esgoto (Rattus norvegicus), 40%

de camundongos (Mus musculus) e 10% de ratos de telhado (Rattus rattus)

(Figura 8).

FIGURA 8 - Espécies de roedores amostrados: sequêncialmente, Rattus ratttus, Rattus norvegicus e Mus musculus.

Nenhum roedor apresentou na SAM anticorpos contra Leptospira spp,

o que difere de outros estudos realizados no país, como os de LANGONI et al.

(2008), no entanto, este achado pode ser justificado pelos sorovares encontrados

na população canina, na qual predominaram sorovares que têm como

reservatórios roedores silvestres, que não compuseram a população estudada.

Estes achados justificam também os sorovares encontrados na população canina

e chamam a atenção para o fato de que, no município de Araguaína, a

leptospirose canina possui um perfil epidemiológico diferente da maioria das

regiões brasileiras.

79

Deve-se ressaltar que, possivelmente, os sinais clínicos apresentados

pelos animais podem ser diferentes, e as medidas profiláticas, principalmente a

imunização realizada nos animais, devem ser revistas, podendo, por exemplo, ser

desenvolvida uma vacina específica para a região, uma vez que a vacina

disponível no mercado não possui os sorovares aqui observados. Deve-se,

igualmente, atentar para a importância de se realizar, na rotina, um diagnóstico

baseado em um número maior de sorovares, pois o uso de número reduzido pode

estar ocasionando resultados falsos negativos.

Ao final da análise bivariada, as variáveis, estação do ano, período

chuvoso e a localidade Sonhos Dourados demonstraram associação positiva com

a infecção por Leptospira spp (p<0,05). Os demais fatores avaliados, relacionados

às características individuais, de manejo e ambientais, bem como as

características dos proprietários não apresentaram associação estatisticamente

significativa com a infecção canina.

Estudo dos possíveis fatores associados à infecção por Leptospira spp

no Brasil e no mundo tem sido realizado com moderada frequência, porém a

maioria relaciona somente fatores individuais, com pouca abordagem

ecoepidemiológica. Além desta questão, há divergências entre os resultados

obtidos em alguns estudos, indicando que características individuais, de manejo

dos cães, além das ambientais, podem influenciar no desenvolvimento e

manutenção da infecção leptospírica em cães de uma localidade.

Os resultados identificados neste estudo apontam para um possível

comportamento epidemiológico da infecção em caninos do município de

Araguaína, Estado do Tocantins, região Norte do País, diferente de outras regiões

pesquisadas, possivelmente relacionada à caracterização geográfica e

climatológica da região. Existe, portanto, a necessidade da execução de estudos

sob esse enfoque, pois a identificação dos fatores associados pode revelar

condições que contribuirão para o efetivo controle da doença, de forma mais

abrangente e fundamentada.

80

4. CONCLUSÕES

A prevalência sorológica antileptospírica está associada à localidade de

moradia, onde se constatou acúmulo de água parada, como observado na

localidade Parque dos Sonhos Dourados.

O sorovar de maior frequência identificado foi o Castellonis,

demonstrando o envolvimento de roedores silvestres como reservatório.

A região de Araguaína – TO, apresenta comportamento epidemiológico

da infecção por Leptospira spp diferente da maioria das regiões já pesquisadas no

Brasil.

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88

CAPÍTULO 4 - CONSIDERAÇÕES FINAIS

Observações epidemiológicas têm indicado que a Leptospira spp se

mantém em nichos naturais, circulando entre seus hospedeiros primários a partir

dos quais alcançam outras populações de animais sinantrópicos e/ou domésticos,

e mesmo o próprio homem. Portanto, a presença de animais domésticos com

chances de contato com espécies sinantrópicas ou mesmo silvestres, associada a

modificações antrópicas no ecossistema natural, presentes na região estudada,

pode resultar na dispersão da bactéria no ambiente e na ampliação das chances

de infecção animal e humana.

Ainda que a presença de aglutininas antileptospíricas não tenha se

apresentado alta (13,8%) na população estudada, quando comparada com

estudos realizados em outras regiões, pode-se afirmar que cães de Araguaína,

Tocantins, entraram em contato com o agente e desenvolveram resposta imune.

Deve-se ressaltar que a identificação dos sorovares como Castellonis e

Pyrogenes, que têm como reservatórios roedores silvestres, sugerem a

importância desses reservatórios na cadeia epidemiológica da leptospirose canina

no município.

Portanto, torna-se importante a elaboração e a implementação de

estratégias integradas de vigilância epidemiológica e de controle da zoonose na

região, pois, indiscutivelmente, há presença do agente na região e oportunidades

de animais domésticos entrarem em contato com a bactéria, como demonstrado

nos resultados encontrados. Como a leptospirose canina representa, pela

interrelação entre a infecção animal e a humana, importante questão a ser

considerada nas ações de Saúde Pública, diversas medidas aos animais e ao

ambiente devem ser elaboradas e aplicadas.

Dentre elas, a adoção de medidas de profilaxia e o controle em relação

aos hospedeiros animais, que resultarão em menor contaminação ambiental e,

consequentemente, em redução do número de casos da doença em seres

humanos.

Neste contexto, sempre se deve valorizar a estreita relação da doença

com fatores bioecológicos e socioeconômicos. Assim, para a prevenção da

zoonose são necessárias diversas estratégias, como o controle da população de

89

roedores, a manutenção de um ambiente desfavorável à sobrevivência das

leptospiras, isolamento e tratamento dos animais infectados, além de se evitar o

contato com água contaminada.

Deve-se destacar, ainda no contexto das zoonoses, a relevância das

ações de educação em saúde, pois ao compreender a importância e o impacto da

zoonose na saúde humana, na saúde animal e na segurança ambiental, a

população estará mais capacitada e envolvida para a adoção de medidas

preventivas e de controle. Com isso, serão mais valorizados os cuidados relativos

à guarda responsável, incluindo nutrição, sanidade, higiene, à proteção individual

e aos cuidados ambientais, o que proporciona uma saudável convivência do

homem com seu animal de estimação, visando reduzir a magnitude da

antropozoonose e de seus impactos sanitários, econômicos e sociais.

90

ANEXO 1 - Relação de dados utilizados para base de cálculo das amostras de localidade sorteadas. Araguaína-TO

ESTRATOS

REGIÕES LOCALIDADES

(setor, bairro, vila, povoado)

QUANT. CONTRIBUIÇÃO DE CADA ESTRATO (1/5)

LOCALIDADES SORTEADAS

Norte Setor Brasil

Setor Dom Orione

São Pedro

Planalto

Itapuã

Vila Couto Magalhães

Setor Couto Magalhães

Santiago

Bela Vista

Vila Norte

Maracanã

Barros

Inhuma

Noroeste

14

2.8

Setor Couto

Maracanã

Barros

Nordeste Araguaína Sul

Cimba

Vila Goiás

Setor Universitário

Imaculada Conceição

Parque Bom Viver

6

1.2

St. Universitário

91

ANEXO 1 - Relação de dados utilizados para base de cálculo das amostras de localidade sorteadas. Araguaína-TO

(Continuação)

ESTRATOS

REGIÕES LOCALIDADES

(setor, bairro, vila, povoado)

QUANT. CONTRIBUIÇÃO DE CADA ESTRATO (1/5)

LOCALIDADES SORTEADAS

Noroeste José Ferreira

Vila cearense

Parque dos Sonhos Dourados

Água Amarela

Barra da grota I (povoado)

Barra da grota II (povoado)

Brejão

Pilão

Pé da serra

9

1.8

José Ferreira

Parque dos Sonhos Dourados

Sul Setor Urbano

Setor Eldorado

Jardim Paulista

Jardim Santa Mônica

Jardim Santa Helena

Setor Tecnorte

Jardim Beira Lago

Jardim Filadélfia

Jardim das Palmeiras

9

1.8

Jardim Santa Mônica

Jardim Filadélfia

92

ANEXO 1 - Relação de dados utilizados para base de cálculo das amostras de localidade sorteadas. Araguaína-TO

(Continuação)

ESTRATOS

REGIÕES LOCALIDADES (setor, bairro, vila, povoado)

QUANT. CONTRIBUIÇÃO DE CADA ESTRATO (1/5)

LOCALIDADES SORTEADAS

Sudeste Residencial Itaipu

Vila Ribeiro

Tiúba

St. Palmas

Alto Bonito

Céu Azul

Jardim das Flores (mesmo que Tocantins)

St. Ana Maria

Vila Bragantina

Balneário Jacuba

Entroncamento Babaçulândia

11

2.2

Tiúba

Céu Azul

Sudoeste Jd. Itatiaia

Setor Oeste

Nova Araguaína

Bairro de Fátima

Daiara

Ponte

Frimar

Monte Sinai

Olinto

Posto Interlagos

Xixebal

Aeroporto

Cerâmica

13

2.6

Ponte

Monte Sinai Aeroporto

93

ANEXO 1. Relação de dados utilizados para base de cálculo das amostras de localidade sorteadas. Araguaína-TO

(Continuação)

ESTRATOS

REGIÕES LOCALIDADES

(setor, bairro, vila, povoado)

QUANT. CONTRIBUIÇÃO DE

CADA ESTRATO (1/5)

LOCALIDADES

SORTEADAS

Central Centro

Jardim Alaska

Senador

São João

Vila Aliança Setor

Vila Pampulha

Neblina

St. Aeroporto

Martins Jorge

9

1.8

Centro

São João

Leste Morada do Sol

Tereza Hilário

Raizal

Patrocínio

Coimbra

Setor Tocantins

Vila Santa Luzia

Santa Terezinha

8

1.6

Patrocínio

Santa Terezinha

94

ANEXO 1 - Relação de dados utilizados para base de cálculo das amostras de localidade sorteadas. Araguaína-TO

(Continuação)

ESTRATOS

REGIÕES LOCALIDADES

(setor, bairro, vila, povoado)

QUANT. CONTRIBUIÇÃO DE

CADA ESTRATO (1/5)

LOCALIDADES

SORTEADAS

Oeste Setor urbanístico

Setor Rodoviário

Jardim Pedra Alta

Aeroviário

Novo horizonte

Setor Cruzeiro

Jardim Esplanada

JK

São Miguel

Anhanguera

Jardim Ademar

Entroncamento

12

2.4

Aeroviário

Anhanguera

TOTAL 91 18.2

95

ANEXO 2 - Relação dos dados utilizados para base de cálculo das amostras

das localidades sorteadas para representar o município de Araguaína-To

Localidades sorteadas No de

cães

No amostras

sorteadas

No amostras

pesquisadas

Aeroporto 16 1,0 3

Aeroviário 106 6,5 7

Anhangüera 643 39,7 40

Barros 106 6,5 7

Centro 721 44,5 45

Céu Azul 146 9,0 9

Jardim Filadélfia 48 3,0 3

Jardim Santa Mônica 30 1,9 3

José Ferreira 82 5,1 5

Maracanã 149 9,2 9

Monte Sinai 120 7,4 7

Parque dos Sonhos Dourados 75 4,6 5

Patrocínio 254 15,7 16

Ponte 60 3,7 4

Santa Terezinha 189 11,7 12

São João* 1074 66,3 66

St.Couto 288 17,8 18

St. Universitário 138 8,5 8

Tiúba 132 8,1 8

TOTAL 4.377 270,0 275

96

ANEXO 3 - Questionário epidemiológico para obter informações sobre cães e

seus respectivos proprietários da área territorial urbana do município de

Araguaína - TO

1. CODIFICAÇÃO BÁSICA Data: _____/______/______ Nome do Bairro: _______________ Número da Quadra: _________________ Número da Casa: ______________ Nº. amostra________________________ Nome da Rua:____________________________________________________ 2. DADOS GERAIS DO ANIMAL

Nome:

Raça:

Idade:

Porte: Sexo: ( ) ( 1 )M ( 2 ) F

SERVIÇO PÚBLICO FEDERAL

UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS ESCOLA DE VETERINÁRIA- PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIA

ANIMAL UNIVERSIDADE FEDERAL DO TOCANTINS – ESCOLA DE

MEDICINA VETERINÁRIA E ZOOTECNIA FUNDAÇÃO DE MEDICINA TROPICAL DO TOCANTINS

Questionário (Proprietário ou Responsável)

Início:_________hs Término:_______hs

97

3. INFORMAÇÕES DO PROPRIETÁRIO

3.1 - Idade: Anos completos ( )

1. De 18 a 20 2. De 21 a 30 3. De 31 a 40 4. De 41 a 50 5. De 51 a 60 6. Acima de 61 8. NS (Não sabe) 9. NR (Não respondeu)

3.2 - Grau de escolaridade: ( ) 1. Não alfabetizado 2. Ensino Fundamental 3. Ensino Médio 4. Ensino Superior 8. NS (Não sabe) 9. NR (Não respondeu)

3.3 - Tipo de moradia: ( )

1. Própria 2. Alugada 3.Outro.Especificar.___________________________________________________

3.4 - Tempo de moradia no bairro: ( ) 1. Menos de 6 meses 2. De 6 meses a um ano 3. De 1 a 2 anos 4. De 2 a 3 anos 5. De 3 a 4 anos 6. De 4 a 5 Anos 7. Há mais de 5 anos

3.5 - Renda familiar mensal: ( ) 1. menor que 1 (um) salário mínimo 2. 1 (um) salário mínimo 3. Dois a três salários mínimos 4. Três a quatro salários mínimos 5. Quatros a cinco salários mínimos 6. Cinco a dez salários mínimos 7. Mais que dez salários mínimos

3.6 - Presença de roedores na residência ou próxima a ela: ( ) (1) Sim (2) Não (8) NS (Não sabe) (9) NR (10) NA (Não se aplica)

3.7 - Acúmulo de lixo nas proximidades da residência: ( ) (1) Sim (2) Não (8) NS (Não sabe) (9) NR (10) NA (Não se aplica)

98

3.8 - Freqüência de serviço de coleta de lixo: ( ) (1) Diária (2) Em dias alternados (3) Semanal (4) Esporádica (10) NA (Não se aplica) (8) NS (Não sabe) ( 9 ) NR (Não respondeu)

3.9 - Existência de rede de esgoto: ( ) (1 ) Sim ( 2 ) Não ( 8 ) NS (Não sabe) ( 9 ) NR (Não respondeu) (10) NA (Não se aplica)

3. 10 - Ocorrência de acúmulo de água de pluvial (de chuva) na rua: ( ) (1) Sim (2) Não (8) NS (Não sabe) ( 9 ) NR (Não respondeu) (10) NA (Não se aplica)

3.11 - Existência de leito fluvial nas proximidades do bairro: ( ) ( 1 ) Sim ( 2 ) Não ( 8 ) NS (Não sabe) ( 9 ) NR (Não respondeu) (10) NA (Não se aplica)

4. INFORMAÇÕES SOBRE O ANIMAL

4.1 - Origem do animal: ( ) 1. Doação 2. Adoção no CCZ 3. Errantes 4. Comprado em clínica veterinária 5. Comprado de particulares 6. Nascido na própria residência 7. Outros. Especificar. ____________________________________________________

8. NS (Não sabe)

4.2 - Alimentação do animal: ( )

1. Ração industrial 2. Comida caseira 3. Mista (ração e comida caseira) 4. Outros. Especificar:______________________________________________________

4.3 - Animal vacinado contra leptospirose: ( )

(1 ) Sim ( 2 ) Não ( 8 ) NS (Não sabe) ( 9 ) NR (Não respondeu)

99

ANEXO 4 - Termo de consentimento do proprietário – para inclusão da colheita de sangue dos cães

UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS

ESCOLA DE VETERINÁRIA

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIA ANIMAL

UNIVERSIDADE FEDERAL DO TOCANTINS

ESCOLA DE MEDICINA VETERINÁRIA E ZOOTECNIA

FUNDAÇÃO DE MEDICINA TROPICAL DO TOCANTINS

Proprietário:

Município:

Data do consentimento:

Caro (a) Proprietário (a), solicitamos sua autorização da participação do seu

cão na pesquisa: ASPECTOS EPIDEMIOLÓGICOS DA INFECÇÃO POR

LEPTOSPIRA spp EM CANINOS URBANOS DE ARAGUAÍNA, TOCANTINS,

BRASIL, a qual tem como principal objetivo pesquisar anticorpos antileptospira

em cães oriundos de área urbana. Ressalta-se que a leptospirose é uma

importante doença, que pode afetar animais e seres humanos, levando a grave

problema sanitário e econômico.

A inclusão do seu cão nessa pesquisa não acarretará custos, e se

dará com a permissão para colheita de 10mL a 15mL de sangue do seu animal.

Ressalta-se que, para evitar qualquer risco na colheita de sangue, rotineira em

exames diagnósticos, serão observadas normas de biossegurança e de

capacitação dos profissionais que a farão.

Será necessária, também, sua concordância em responder a um

questionário geral sobre informações do cão e suas a respeito de condições

socioeconômicas.

O conhecimento obtido com a realização da pesquisa embasará

programas de controle dessa enfermidade em nível regional.

Em caso do aceite para participação, o senhor (a) será informado (a)

sobre os resultados da pesquisa e do exame do seu animal.

100

As informações obtidas serão analisadas em conjunto com as de

outros proprietários e cães, não sendo divulgada a identificação dos mesmos,

bem como a utilização dos resultados para outros fins.

Em caso de dúvidas ou para a obtenção de maiores informações

entrar em contato com:

Endereço dos responsáveis pela pesquisa:

Responsável: Samara Rocha Galvão

Instituição: UFT-Universidade Federal do Tocantins – Escola de Medicina Veterinária e Zootecnia

Endereço: BR-153 Km 112 Cx. Postal 132.

CEP: 77804-970 Cidade: Araguaína - TO

Telefones p/contato: UFT: 2112- 2100; FMT: 3415-8300 ; Responsável: 9995-7248

Concordo voluntariamente da participação do meu cão neste estudo e

poderei retirar o meu consentimento a qualquer momento, antes ou durante o

mesmo, sem penalidades, prejuízo ou perda de qualquer benefício que eu possa

ter adquirido.

Assinatura participante Data / /

Declaro que obtive de forma apropriada e voluntária o Consentimento Livre

e Esclarecido deste proprietário de cão ou representante legal para a participação

neste estudo.

Assinatura do responsável pelo estudo

Data / /

101

ANEXO 5 - Termo de consentimento para o proprietário – para inclusão das

informações sobre o proprietário e sobre seu cão

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO (TCLE)

UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS

ESCOLA DE VETERINÁRIA

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIA ANIMAL

UNIVERSIDADE FEDERAL DO TOCANTINS

ESCOLA DE MEDICINA VETERINÁRIA E ZOOTECNIA

FUNDAÇÃO DE MEDICINA TROPICAL DO TOCANTINS

NOME:

DATA:

Gostaríamos de convidá-lo a participar da pesquisa ASPECTOS

EPIDEMIOLÓGICOS DA INFECÇÃO POR LEPTOSPIRA spp EM CANINOS

URBANOS DE ARAGUAÍNA, TOCANTINS, BRASIL, que tem como principal

objetivo, pesquisar anticorpos antileptospira em cães oriundos de área urbana.

A realização dessa pesquisa é de grande importância, considerando-se os

impactos sociais, sanitários e econômicos dessa zoonose.

Sua participação se dará com fornecimento de respostas a um

questionário composto por 14 questões fechadas, segundo modelo padrão. As

informações obtidas serão utilizadas somente para fins da pesquisa

supramencionada.

A realização dessa pesquisa trará benefícios, no que diz respeito ao

conhecimento da infecção de caninos por leptospirose, assim como os

sorovares presentes na região, o que pode nos auxiliar em programas de

vigilância e controle dessa enfermidade nos animais e em humanos.

Será assegurada sua liberdade de recusa a participar ou de retirar

seu consentimento, em qualquer fase da pesquisa, sem penalização alguma.

102

As informações serão guardadas na UFT e analisadas em conjunto

com as de outras pessoas que participarão dessa pesquisa, não sendo divulgada

a identificação de nenhum dos participantes.

Endereço dos responsáveis pela pesquisa:

Responsável: Samara Rocha Galvão

Instituição: UFT - Universidade Federal do Tocantins – Escola de Medicina Veterinária e Zootecnia

Endereço: BR-153 Km 112 Cx. Postal 132.

CEP: 77804-970 Cidade: Araguaína - TO

Telefones p/contato: UFT: 2112- 2100; FMT: 3415-8300

Responsável: 9995-7248

Concordo voluntariamente em participar deste estudo e poderei retirar

o meu consentimento a qualquer momento, antes ou durante o mesmo, sem

penalidades ou prejuízo ou perda de qualquer benefício que eu possa ter

adquirido.

Assinatura participante Data / /

Declaro que obtive de forma apropriada e voluntária o Consentimento Livre e

Esclarecido deste paciente ou representante legal para a participação neste

estudo.

Assinatura do responsável pelo estudo Data / /