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Quadro 1

UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARCENTRO DE CINCIAS AGRRIASDEPARTAMENTO DE FITOTECNIA

PROGRAMA DE PS-GRADUAO EM AGRONOMIA/FITOTECNIAJOS VAGNER SILVASUSTENTABILIDADE DE SISTEMAS DE PRODUO AGRCOLA EM BASES AGROECOLGICAS, NO SEMI-RIDO CEARENSE.FORTALEZA

2010

JOS VAGNER SILVA

SUSTENTABILIDADE DE SISTEMAS DE PRODUO AGRCOLA EM BASES AGROECOLGICAS, NO SEMI-RIDO CEARENSE.

Tese submetida Coordenao do Curso de Ps-Graduao em Agronomia/Fitotecnia da Universidade Federal do Cear, como requisito parcial para obteno do grau de Doutor em Agronomia/Fitotecnia.

rea de concentrao: FitotecniaOrientador: Prof. Dr. Tegenes Senna de OliveiraFORTALEZA-CE

2009JOS VAGNER SILVA

SUSTENTABILIDADE DE SISTEMAS DE PRODUO AGRCOLA EM BASES AGROECOLGICAS, NO SEMI-RIDO CEARENSE.

Tese submetida Coordenao do Curso de Ps-Graduao em Agronomia/Fitotecnia da Universidade Federal do Cear, como requisito parcial para obteno do grau de Doutor em Agronomia/Fitotecnia.

Aprovada em: _____/______/_______BANCA EXAMINADORA

minha querida me Maria Jos Celestino da Silva, que venceu todas s barreiras intelectuais, econmicas e (in)morais para que seus filhos pudessem estudar.

s minhas queridas irms Deny e Nora e ao meu querido sobrinho Lucas por acreditarem em mim.

AGRADECIMENTOS

Este trabalho foi possvel por que pude contar com a amizade, o apoio e a ajuda de muitas pessoas. A estas, expresso meus mais sinceros agradecimentos.

Ao Prof. Tegenes Senna de Oliveira pelo apoio e orientao.

A todos os professores que fazem o curso de ps-graduao em Agronomia/Fitotecnia da UFC, em especial aos professores Mrcio Clber, Ervino Blecher e o Prof. Pitombeira.Aos Profs. Ivo Jucksch e Ricardo Santos, obrigado por aceitarem participar da banca de minha Tese.

Universiddade Federal do Cear, aos Departamentos de Fitotecnia e Solos e Nutrio de Plantas e Coordenao do programa de Ps-Graduao em Agronomia/Fitotecnia pela oportunidade que me foi oferecida.

Ao ESPLAR, sobretudo, nas pessoas de Paulo Victor, Ronildo, Srgio e Pedro Jorge.

Fundao Cearense de Apoio ao desenvolvimento Cientfico Funcap, pela concesso de bolsa.A todos os funcionrios dos Departamentos de solos e Fitotecnia.Aos agricultores agroecolgicos dos municpios de Chor, Massap, Quixad e Tau.A todos os colegas. A natureza uma doce guia, mas no mais doce do que prudente e justa.

Michel de MontaigneRESUMO

O cultivo de culturas consorciadas em bases agroecolgicas visa associar o aumento da produo, a melhoria da qualidade do solo e a diversificao da oferta de alimentos sadios. Entretanto, poucos so os estudos destinados a uma anlise dos efeitos desse sistema de cultivo no semi-rido nordestino. Diante do escasso nmero de informaes sobre os efeitos desses sistemas nessa regio foi desenvolvido um estudo nos municpios de Chor, Massap, Quixad e Tau, localizados no semi-rido cearense. Onde se avaliou os efeitos desse sistema sobre a fertilidade dos solos, a produo das culturas e sua contribuio para a segurana alimentar dos agricultores envolvidos. Para isto foram selecionados 24 agricultores nos quatros municpios para coleta de solo, em trs profundidades, sob estes sistemas e sob reas de mata vizinhas a estas reas, as quais foram utilizadas como referncia para avaliao da fertilidade. Os atributos qumicos analisados foram o Carbono orgnico, pH, Pdisponvel, Na+, K+, Ca++, Mg++, H+AL, SB, CTC e V, realizou-se ainda uma anlise granulomtrica na profundidade de 0-30 cm. Para anlise dos dados utilizou-se a estatstica descritiva e tcnica de estatstica multivariada. Os solos das reas estudadas, tanto de cultivo como de vegetao nativa, apresentaram a mesma classe textural, franco-arenosa, na profundidade de 10-30 cm, com exceo das reas de mata nativa AOPS, ASB, GPM, MSA e SCRF, onde a textura foi a franco-argilo-arenosa, e a RVJ que apresentou classe textural do tipo argila arenosa e das reas de consrcios JWI e JSI que apresentaram as classes areia franca e areia. Os resultados para os atributos qumicos sugerem um aumento do pH, do Pdisponvel, das bases trocveis e saturao por bases, e reduo do carbono orgnico nos solos sob os sistemas de consrcios agroecolgicos. Atravs da anlise de agrupamento constatou-se que 14 sistemas de consrcios mantiveram a fertilidade do solo, oito aumentaram e apenas dois reduziram a fertilidade dos solos, nas profundidades de 0-5 e 5-10 cm.Para avaliar a eficincia na produo dos consrcios em bases agroecolgicas foram implantados 24 experimentos nos municpios de Chor, Massap, Quixad e Tau e avaliadas a eficincia no uso da terra (UET) por esses sistemas de consrcios. Os rendimentos de gro do algodo, milho, feijo, foram reduzidos nos plantios consorciados em relao aos plantios isolados. O rendimento do gergelim em um dos arranjos que incluiu essa cultura foi maior em consrcio. Dos 16 consrcios 10 apresentaram maior uso eficiente da terra (UET). Os rendimentos das culturas do algodo foram maiores nos arranjos com maior nmero de plantas. O milho foi a cultura que sofreu a maior reduo no seu rendimento em consrcio. A presena da cultura do feijo nos sistemas de consrcios foi fundamental para garantia da eficincia no uso da terra. Para verificar se a adoo do sistema de produo agroecolgico pelos agricultores dos municpios de Chor, Massap e Tau contribuiu para a situao de segurana alimentar desses agricultores, foi utilizada a Escala Brasileira de Insegurana Alimentar-EBIA e uma outra escala adaptada da EBIA. Os resultados sugeriram que o fator renda no foi o nico determinante na situao alimentar e nutricional desses agricultores. Enfatizando a produo para auto consumo pelos agricultores. Houve divergncia nos resultados para a situao de segurana alimentar entre as famlias com todos os moradores maiores de 18 anos de idade e com pelo menos um morador com idade menor que 18 anos, entre as escalas de medida. A escala adaptada da EBIA mostrou-se adequada para a avaliao da segurana alimentar dos agricultores agroecolgicos. O acesso a alimentos de qualidade, em quantidades suficientes ainda um obstculo a ser ultrapassado pelos agricultores agroecolgicos dos municpios estudados.Palavras chave: Consrcios Agroecolgicos; Qualidade do Solo; Sustentabilidade; Segurana Alimentar.ABSTRACTThe cultivation of intercropping in agroecological bases aims to link increased production, improved soil quality and diversification of healthy food. However, there are few studies aimed at assessing the effects of the cropping system in semi-arid. Given the scarcity of information on the effects of these systems in this region has developed a study in the counties of Chor, Massap, Quixad and Tau, located in semi-arid region of Cear. Which evaluated the effects of this system on soil fertility, crop production and contributes to food security of farmers involved. For this we selected 24 farmers in four counties to collect soil at three depths under these systems and in forested areas adjacent to these areas, which were used as standard for assessment of fertility. Chemical characteristics were analyzed total soil organic carbon (SOC), pH, available phosphorus (P), Na+, K +, Ca + +, Mg + +, H+ + AL3+ and cationic exchange capacity (CEC). Physical characteristics evaluate particle-size analysis. For data analysis we used descriptive statistics and multivariate statistical technique. The soils of the areas studied, both cultivation and native vegetation, showed the same textural class, a sandy loam at a depth of 10-30 cm, with the exception of areas of native forest AOPS, ASB, GPM, MSA and SCRF, where the texture was a clay loam, sandy and RVJ textural class showed that the type of clay and sandy and of area intercropping JWI and JSI which showed the class sandy loam and sand, respectively. The results suggest an increase in pH, available phosphorus (P), the exchangeable bases, base saturation and reduction of organic carbon in soils under agroecological systems. Through cluster analysis found that 14 intercropping systems maintained soil fertility, eight increased and only two reduced soil fertility, in the depths 0-5 and 5-10 cm.To evaluate the production efficiency of intercrops agroecological bases 24 experiments were carried out, in the counties Chor, Massap, Quixad and Tau and evaluated land equivalent ratio (LER). The grain yields of cotton, corn, beans, were reduced in consorting systems in relation to isolation cultivation. The yield of sesame in one of the arrangements which included this culture was higher in the intercropping. 10 of 16 intercropping had higher land equivalent ratio (LER). The crop yields of cotton were higher in arrangements with higher number of plants. Corn was the crop that suffered the most reduction in their yield in consorting systems. The presence of the bean in the intercropping has been fundamental in ensuring the efficient use of land. To verify that the adoption of agroecological system by farmers in the counties of Chor, Massap Tau contributed to the food security situation of these farmers, we used the Scale Brazilian Food Insecurity-EBIA and another scale adapted from EBIA. The results suggested that the factor income was not the only factor in food and nutrition situation of these farmers. Emphasizing production for self consumption by farmers. There were differences in the results for the food security situation between the families of all people over 18 years of age and have at least one resident older than 18 years, between the scales of measurement. The adapted scale of EBIA was adequate for assessing the food security of farmers agroecological. Access to quality food in sufficient quantities is still an obstacle to be overcome by farmers agroecological.Keywords: agroecological intercropping, soil quality, sustainability, food security.LISTAS DE ILUSTRAES39Figura 1 -. Localizao dos municpios.

Figura 2 -. Dendrograma referente aos solos das reas de consrcios (1) e mata nativa (2), na profundidade de 0-5 cm.70Figura 3 - Dendrograma referente aos solos das reas de consrcios (1) e mata nativa (2), na profundidade de 5-10 cm.71Figura 4 - Localizao dos municpios.87Figura 5 - Arranjos (A a Q) dos consrcios agroecolgicos.89Figura 6 - Precipitao pluviomtrica dos municpios de Chor Fortaleza-CE, 20078. FUNCEME (2008)..100Figura 7 - Precipitao pluviomtrica dos municpios de Massap. Fortaleza-CE, 20078. FUNCEME (2008).100Figura 8 - Precipitao pluviomtrica do municpio de Quixad durante o perodo de experimentao, Fortaleza-CE, 2008. FUNCEME (2008).101Figura 9 -- Precipitao pluviomtrica do municpio de Tau durante o perodo de experimentao, Fortaleza-CE, 2008. FUNCEME (2008).101Figura 10 - Grfico representativo da situao de segurana alimentar dos agricultores entrevistados com pelo menos um morador com menos de 18 anos de idade, atravs da EBIA (A) e escala modificada (B), do municpio de Choro, sendo os nveis representados por SA-segurana alimentar; IAL- insegurana alimentar leve; IAM- insegurana alimentar moderada; IAG-insegurana alimentar grave.118Figura 11 - Grfico representativo da situao de segurana alimentar dos agricultores entrevistados com todos os moradores maiores de 18 anos de idade, atravs da EBIA (A) e escala adaptada da EBIA (B), do municio de Choro, sendo os nveis representados por SA-segurana alimentar; IAL- insegurana alimentar leve; IAM- insegurana alimentar moderada; IAG-insegurana alimenta grave.119Figura 12 - Grfico representativo da situao de segurana alimentar dos agricultores entrevistados com pelo menos um morador com menos de 18 anos de idade, atravs da EBIA (A) e escala adaptada da EBIA (B), do municio de Massap, sendo os nveis representados por SA-segurana alimentar; IAL- insegurana alimentar leve; IAM- insegurana alimentar moderada; IAG-insegurana alimentar grave.123Figura 13 - Grfico representativo da situao de segurana alimentar dos agricultores entrevistados com todos os moradores maiores de 18 anos de idade, atravs da EBIA (A) e escala adaptada da EBIA (B), do municio de Massap, sendo os nveis representados por SA-segurana alimentar; IAL- insegurana alimentar leve; IAM- insegurana alimentar moderada; IAG-insegurana alimentar grave.124Figura 14 - Grfico representativo da situao de segurana alimentar dos agricultores entrevistados com pelo menos um morador com menos de 18 anos de idade, atravs da EBIA (A) e escala adaptada da EBIA (B), do municio de Tau, sendo os nveis representados por SA-segurana alimentar; IAL- insegurana alimentar leve; IAM- insegurana alimentar moderada; IAG-insegurana alimenta grave.125Figura 15 - Grfico representativo da situao de segurana alimentar dos agricultores entrevistados com todos os moradores maiores de 18 anos de idade, atravs da EBIA (A) e escala adaptada da EBIA (B), do municio de Tau, sendo os nveis representados por SA-segurana alimentar; IAL- insegurana alimentar leve; IAM- insegurana alimentar moderada; IAG-insegurana alimenta grave.126

LISTA DE TABELAS41Tabela 1 -. Agricultores, localizao, unidades de mapeamento e coordenadas geogrficas das reas de estudo.

Tabela 2 - Tcnicas de manejo do solo e de culturas empregadas pelos agricultores familiares nos consrcios agroecolgicos.42Tabela 3 - Localizao e histrico de uso das reas de consrcio e vegetao natural pertencentes a agricultores/as familiares dos municpios de Choro, Massap, Quixad e Tau45Tabela 4 - Medidas estatsticas descritivas de atributos fsicos dos solos correspondentes aos usos consrcios agroecolgicos (CA) e mata nativa (MN), na profundidade de 10-30 cm.60Tabela 5 -. Medidas estatsticas descritivas de atributos qumicos dos solos correspondentes aos usos consrcios agroecolgicos (CA) e mata nativa (MN), nas profundidades de 0-5, 5-10 e 10-30 cm.62Tabela 6 - Localizao e coordenadas geogrficas das reas de estudo.83Tabela 7 -Tcnicas de manejo do solo e de culturas empregadas pelos agricultores familiares nos consrcios agroecolgicos.88Tabela 8 -Variveis avaliadas nos sistemas de consrcios agroecolgicos, Fortaleza-CE, 2007.96Tabela 9 - Distribuio da amostra por municpio estudado- ano de 2007.113Tabela 10 - Perguntas utilizadas para avaliar insegurana alimentar a partir da EBIA115Tabela 13 - Renda mensal e per capita mensal das famlias de agricultores por municpio estudado, 2007.127

SUMRIO

131INTRODUO

1.1Consideraes gerais131.2A definio de agricultura sustentvel151.3Agricultura Familiar e Desenvolvimento Sustentvel171.4Agroecologia191.5Agricultura no semi-rido: problemas histricos231.6Referncias27CAPTULO 2: PROPRIEDADES QUMICAS INDICADORAS DE SUSTENTABILIDADE EM AGROECOSSISTEMAS, DOS MUNICPIOS DE CHOR, MASSAP, QUIXAD E TAU - CE.31RESUMO31ABSTRACT322.1Introduo332.2Material e Mtodos352.2.1Local de estudo352.2.2Levantamento de campo e amostragem402.2.3Caracterizao dos sistemas de consrcios agroecolgicos412.2.4Anlises fsica e Qumica422.2.5Estatstica432.3Resultados e Discusso512.4Concluses722.5Referncias73CAPTULO 3: EFICINCIA NO USO DA TERRA EM SISTEMAS EM CONSRCIOS AGROECOLGICOS NO SEMI-RIDO CEARENSE.78RESUMO783.1Introduo803.2Material e Mtodos813.3Resultados e Discusso923.4Concluses1023.5Bibliografia103CAPTULO 4: SEGURANA ALIMENTAR DOS AGRICULTORES AGROECOLGICOS DOS MUNICPIOS DE CHOR, MASSAP E TAU.107RESUMO1074.1Introduo1094.2Material e Mtodo1124.2.1rea de estudo e populao1124.2.2Origem dos dados1134.2.3Amostragem1134.2.4Mtodos de Anlises1134.2.4.1Variveis econmicas1134.2.4.2Avaliao da segurana alimentar1144.3Resultados e discusso1174.4Concluso1274.5Referncias bibliogrficas128

1 INTRODUO1.1 Consideraes gerais

Apesar dos inegveis avanos em produtividade, a agricultura moderna suscitou uma srie de impactos ambientais e sociais negativos: degradao dos ecossistemas naturais; poluio dos recursos naturais, contaminao dos alimentos; concentrao de terras e riquezas e intensos fluxos migratrios para os centros urbanos, entre outros.

Assim, ao mesmo tempo em que se constatam conquistas relevantes sob o ponto de vista do progresso tcnico, agravam-se os problemas ambientais e sociais. Nesse contexto, autores tm identificado o atual estgio da modernidade como modernidade crtica, reflexiva ou de risco. Discute-se a construo do significado de agricultura moderna, enfatizando um questionamento das concepes de cincia e agronomia que nortearam a formao desse padro.

A modernizao da agricultura permitiu o aumento da produtividade, porm minou a sua base. Em resumo, a agricultura moderna insustentvel - ela no pode continuar a produzir comida suficiente para a populao global, em longo prazo, porque deterioraria as condies que a tornam possvel.

Foi a partir da visualizao da insustentabilidade deste modelo agrcola que comeam, na dcada de 1980, a surgir movimentos para criar um modelo agrcola sustentvel no mbito social, econmico e ambiental.

Entende-se que a verdadeira modernizao da agricultura exige que o manejo dos recursos naturais e a seleo de tecnologias usadas no processo produtivo sejam resultados de uma nova forma de aproximao e integrao entre Ecologia e Agronomia. Os estilos de agricultura devero ser compatveis com a heterogeneidade dos agroecossistemas, levando-se em conta os conhecimentos locais, os avanos cientficos e a socializao de saberes, alm do uso de tecnologias menos agressivas ao ambiente e sade das pessoas.

Neste contexto, a agroecologia surge como alternativa para possibilitar essa integrao dos princpios agronmicos, ecolgicos e socioeconmicos, juntando-os com a compreenso e avaliao do efeito das tecnologias sobre os sistemas agrcolas e a sociedade de forma geral (ALTIERI, 2000). Abrindo as portas para o desenvolvimento de novos modelos de agricultura, valorizando o conhecimento local e emprico dos agricultores e a socializao deste conhecimento e sua aplicao rumo a sustentabilidade.

A agricultura do futuro deve ser tanto produtiva quanto sustentvel para poder alimentar a crescente populao humana (GLIESSMAN, 2001). E para Caporal e Costabeber (2004), a agricultura sustentvel medida em que preserva as condies qumicas, fsicas e biolgicas do solo; melhora e mantm a biodiversidade das reservas e dos mananciais hdricos, preservando os recursos naturais como condio essencial para a continuidade dos processos de reproduo socioeconmica e cultural das geraes.

Diante desse desafio, no se pode abandonar todo o conhecimento produzido at ento. consenso que agricultura tradicional e a indgena no so capazes de produzir a quantidade de alimento requerida para abastecer os centros urbanos. Ento, o que se procura uma nova abordagem da agricultura e do desenvolvimento agrcola, que se construa sobre aspectos de conservao de recursos da agricultura tradicional local, enquanto, ao mesmo tempo, se exploram conhecimentos e mtodos ecolgicos modernos.

Esta abordagem configurada na cincia da agroecologia, que definida como a aplicao de conceitos e princpios ecolgicos no desenho e manejo de agroecossistemas sustentveis (GLIESSMAN, 2000).

Nesta perspectiva, merece ateno a experincia de agricultores da regio semi-rida cearense que, atravs da organizao no governamental ESPLAR, Centro de Pesquisa e Assessoria, vem desenvolvendo um modelo de agricultura visando sustentabilidade e garantindo a sobrevivncia de pequenos produtores por proporcionar menores custos de produo e gerar alimentos em quantidade e qualidade; gerar empregos e respeitar seu valor cultural, resgatar as tradicionais formas de agricultura familiar, atravs do desenvolvimento de tecnologias alternativas para a verdadeira preservao do meio ambiente, surgindo como uma nova maneira de ver a agricultura que usa recursos renovveis disponveis nos prprios locais.

O sistema de cultivo em bases agroecolgicas desenvolvido no semi-rido cearense tem mostrado resultados promissores no que diz respeito ao desenvolvimento de formas mais sustentveis de produo, observando os processos que ocorrem na natureza, atravs do uso de tcnicas que favorecem a reciclagem de nutrientes e as fertilidades qumica, fsica e biolgica do solo (SOUZA, 2006; OTUTUMI et al., 2004).

Contudo, segundo Gliessman (2003), a prova desta sustentabilidade estar sempre no futuro. Cabendo no presente demonstrar se a prtica est ou no se afastando da sustentabilidade. O que torna patente, portanto, a necessidade de construir indicadores que possibilitem, numa perspectiva de longo prazo, a mensurao e a avaliao de forma detalhada e efetiva das modificaes ocorridas nos sistemas de produo e que os mesmos sejam de fcil aplicabilidade prtica (DEPONTI et al., 2002). Entretanto, indicadores adequados para avaliar a viabilidade e adaptabilidade dos sistemas de produo em bases agroecolgicas ainda se conhecem poucos (ALTIERI, 1998).Portanto, avaliar a sustentabilidade de sistemas de produo agrcola em bases agroecolgicas, no semi-rido cearense, poder ser a abordagem que mais contribua para a compreenso da capacidade desses sistemas em promover a qualidade do ambiente e de vida do homem.

1.2 A definio de agricultura sustentvelO debate acerca do desenvolvimento parece ter criado um certo consenso na necessidade da sustentabilidade, principalmente ao tratar dos recursos naturais e, em especial, da agricultura familiar. No entanto, o emprego generalizado desse termo e a grande quantidade de definies que existem, teem gerado controvrsias e incertezas sobre em que realmente implica este conceito.

Surge, ento, a necessidade de sua definio. Para a Comisso Mundial para o Meio Ambiente e Desenvolvimento CMMAD (1988), desenvolvimento sustentvel o desenvolvimento que satisfaz as necessidades da gerao presente, sem comprometer as possibilidades das futuras geraes em satisfazer as suas necessidades.

O conceito de sustentabilidade, a partir do Relatrio Brundtland, logo se expandiu para os diversos pases, principalmente os do chamado Primeiro Mundo, tornando-se um novo paradigma da sociedade moderna. A expresso tambm foi incorporada ao setor agropecurio por um nmero crescente de profissionais, pesquisadores e produtores, face necessidade de um novo padro produtivo que respeite o ambiente, como alternativa ao modelo de agricultura moderna ou convencional at ento vigente.

Entretanto, apontar as caractersticas bsicas desse novo padro no foi tarefa fcil. O que se percebeu foi que a discusso em torno da noo que ficou internacionalmente conhecida como agricultura sustentvel permanecia cercada de dvidas e de contradies, tanto no campo conceitual como operacional (Ehlers, 1998).

Contribuiu para a rpida disseminao, a criao, nos Estados Unidos, de dois importantes programas. Em 1988, o United States Departament of Agriculture (USDA), criou um programa de pesquisa e treinamento intitulado LISA ou Low-Imput/Sustainable Agriculture; um ano depois, o National Research Council (NRC) publicou o Alternative Agriculture, divulgando os resultados otimistas de uma ampla pesquisa sobre quatorze propriedades alternativas nos EUA. Por influncia do Programa LISA e da publicao de Agriculture Alternative, foi aprovada, em 1990, a lei agrcola norte-americana Food, Agriculture, Conservation and Trade Act (FACTA-90). Essa lei determina que o USDA deve promover programas de pesquisa, educao e extenso voltados para a agricultura sustentvel.

Para esse fim, o programa LISA, foi expandido, passando a ser conhecido como Sustainable Agriculture Research and Education SARE. A mudana de atitude no meio da pesquisa agropecuria desse pas deve-se, dentre outras, s seguintes razes: os problemas energticos e ambientais do padro moderno, a crescente presso da opinio pblica, particularmente das ONGs, sobre as questes ambientais e a salubridade dos alimentos (EHLERS, 1995).

Foi dentro desse contexto que se desenhou uma grande quantidade de definies para explicar o que se entende por agricultura sustentvel, quase todas expressando uma insatisfao com o status quo da agricultura. Paralelamente a isso, defendia-se a necessidade de um novo modelo de agricultura, que garantisse a segurana alimentar e que no agredisse o meio ambiente, mantendo as caractersticas dos agroecossistemas por tempo indeterminado.

Dentre as vrias tentativas, as definies de agricultura sustentvel propostas pela FAO e pela NRC so as mais aceitas internacionalmente e servem para um balizamento dessa discusso (Veiga, citado por EHLERS, 1998). Assim, para o NRC:

Agricultura sustentvel no constitui algum conjunto de prticas especiais, mais sim um objetivo: alcanar um sistema produtivo de alimento e fibras que: (a) aumente a produtividade dos recursos naturais e dos sistemas agrcolas, permitindo que os produtores respondam aos nveis de demanda engendrados pelo crescimento populacional e pelo desenvolvimento econmico; (b) produza alimentos sadios, integrais e nutritivos que permitam o bem-estar humano; (c) garanta uma renda lquida suficiente para que os agricultores tenham um nvel de vida aceitvel e possam investir no aumento da produtividade do solo, da gua e de outros recursos e (d) corresponda s normas e expectativas da comunidade (NRC, citado por EHLERS, 1998).No mesmo ano, 1991, a principal organizao mundial da rea, a FAO, reuniu-se na Europa e lanou a Declarao de Den Bosh que define a agricultura sustentvel como: O manejo e a conservao da base de recursos naturais, e a orientao da mudana tecnolgica e institucional, de maneira a assegurar a obteno e a satisfao contnua das necessidades humanas para as geraes presentes e futuras. Tal desenvolvimento sustentvel (na agricultura, na explorao florestal, na pesca) resulta na conservao do solo, da gua e dos recursos genticos animais e vegetais, alm de no degradar o ambiente, ser tecnicamente apropriado, economicamente vivel e socialmente aceitvel. (FAO, citado por EHLERS, 1998).Contudo, dada a amplitude de conceitos de agricultura sustentvel no foi ainda selado algum tipo de consenso. Por sua abrangncia, tais conceitos tm abrigado tanto os setores mais conservadores, quanto os mais radicais. A variedade de grupos envolve tambm uma diversidade de tendncias religiosas, ideolgicas e vises de mundo que muitas vezes chegam a ser antagnicas.

1.3 Agricultura Familiar e Desenvolvimento Sustentvel

A discusso sobre a importncia e o papel da agricultura familiar no desenvolvimento brasileiro vem ganhando fora nos ltimos anos, impulsionada pelo debate sobre desenvolvimento sustentvel, gerao de emprego e renda, segurana alimentar e desenvolvimento local.

Segundo informaes do Ministrio do Desenvolvimento Agrrio (MDA), atualmente no Brasil h cerca de 4,5 milhes de estabelecimentos agropecurios de carter familiar, com 49,7% localizados na regio Nordeste. De acordo com o Censo Agropecurio de 1995/1996 do IBGE, a agricultura familiar representa 85,2% do total desses estabelecimentos, ocupando 30,5% da rea total. Apesar de receberem apenas 25,3% do financiamento destinado atividade agrcola, a agricultura familiar tem sido responsvel por 37,9% do VBP (Valor Bruto da Produo) da agropecuria nacional e a principal fonte geradora de empregos no meio rural. Esses dados demonstram a importncia da agricultura familiar no Brasil para a gerao de renda, empregos e principalmente na produo de alimentos.

Agricultura familiar no propriamente um termo novo, mas seu uso recente, com ampla penetrao nos meios acadmicos, tcnicos governamentais encarregados de elaborar as polticas para o setor rural brasileiro e nos movimentos sociais, adquire novas concepes, interpretaes e propostas.

Quando o poder pblico implanta uma poltica federal voltada para este segmento, o Programa de Fortalecimento da Agricultura Familiar ou quando cria a Lei 11.326/2006, a primeira a fixar diretrizes para o setor (BRASIL, 2006), a opo adotada para delimitar o pblico foi o uso operacional do conceito, centrado na caracterizao geral de um grupo social bastante heterogneo. J no meio acadmico, encontramos diversas reflexes sobre o conceito de agricultura familiar, propondo um tratamento mais analtico e menos operacional do termo.

O modelo familiar teria como caracterstica a relao ntima entre trabalho e gesto, a direo do processo produtivo conduzido pelos proprietrios, a nfase na diversificao produtiva, na durabilidade dos recursos e na qualidade de vida, a utilizao do trabalho assalariado em carter complementar e a tomada de decises imediatas, ligadas ao alto grau de imprevisibilidade do processo produtivo (FAO/INCRA, 1994).

A agricultura familiar est relacionada com multifuncionalidade da agricultura, que alm de produzir alimentos e matrias-primas, gera mais de 80% da ocupao no setor rural e favorece o emprego de prticas produtivas ecologicamente mais equilibradas, como a diversificao de cultivos, o menor uso de insumos industriais e a preservao do patrimnio gentico.

O conceito de multifuncionalidade nasceu no Brasil, da declarao do Rio de Janeiro sobre o desenvolvimento sustentvel (ECO 92). E segundo Laurent (1999), a multifuncionalidade pode ser definida como o conjunto das contribuies da agricultura para um desenvolvimento econmico e social considerado na sua globalidade.

Pesquisas realizadas por Maluf et al. (2003) destacam quatro expresses da multifuncionalidade da agricultura familiar que confirmam a assertiva exposta acima:

1. Garante reproduo socioeconmica das famlias rurais

2. Promove a segurana alimentar das prprias famlias e da sociedade

3. Mantm o tecido social e cultural

4. Preservao dos recursos naturais e da paisagem rural.

Por seu turno, a agricultura familiar pode representar o locus ideal ao desenvolvimento da sustentabilidade na agricultura, pois a mesma apresenta condies potenciais para operar em menores escalas, com diversificao e integrao das atividades agrcolas e pecurias, alm da associao entre trabalho e gerenciamento da propriedade (CARMO et al, 1995).

1.4 Agroecologia

A agroecologia uma cincia que resgata o conhecimento agrcola tradicional desprezado pela agricultura moderna, e procura fazer sua sistematizao e validao de forma que este possa ser (re)aplicado em bases cientficas. a base cientficotecnolgica para uma agricultura sustentvel.

Chama-se agricultura tradicional o conjunto de tcnicas de cultivo que vem sendo utilizado durante vrios sculos pelos camponeses e pelas comunidades indgenas. Estas tcnicas priorizam a utilizao intensiva dos recursos naturais e da mo-de-obra direta. praticada em pequenas propriedades e destinada subsistncia da famlia camponesa ou da comunidade indgena, com a produo de grande variedade de produtos. Cultivam de forma diversificada animais e plantas, numa combinao emprica, sob baixo uso de insumos. Por isso mesmo, na maioria das vezes pouco rentvel, quando comparada agricultura comercial. Da, estarem ameaadas, tambm.

Num sistema agrcola industrializado, incentiva-se a produo em larga escala das variedades mais produtivas e especializadas. Desta forma, as monoculturas comerciais destroem as tradies locais de subsistncia, geralmente diversificadas. S na frica subsaariana contm mais de cem desses cereais esquecidos e mais de 2 mil plantas comestveis abandonadas: no mais que um punhado objeto de pesquisa significativa (HAWKEN et al, 2000).

O autor faz ainda outra observao importante: a monocultura contribui tambm para alterar o clima da Terra. Isso se explica porque a reduo da diversidade de culturas e a substituio dos ciclos nutrientes naturais por sintticos, faz com que a biomassa existente de bactrias, fungos e a biota restante do solo interrompa o seu funcionamento e, ao morrer, eles se oxidam ou apodrecem, liberando carbono no ar. Com o objetivo de repor a fertilidade do solo, aplicam-se quantidades cada vez maiores de agroqumicos, sendo que estes ao serem fabricados consumem cerca de 2% da energia industrial total. Na medida em que reduz a diversidade de culturas, as monoculturas so tambm responsveis por outro dano ao meio ambiente: a proliferao de doenas e pragas. As doenas das plantas prejudicam ou destroem 13% das plantaes mundiais; os insetos, 15%; as ervas daninhas, 12%; sendo que ao todo, dois quintos das safras do planeta se perdem nas plantaes. O uso de biocidas no parece ser a soluo mais vivel

O conhecimento tradicional ou local tem conseguido considervel reconhecimento como uma fonte crucial de informao e como importante ferramenta para o desenvolvimento rural (ANUCHIRACHEEVA et al, 2003). WinklerPrins (1999), enfatiza a necessidade de integrar o conhecimento local e cientfico do ambiente. Muitas evidncias mostram que os pesquisadores do solo, por exemplo, podem aprender bastante com produtores tradicionais (SILLITOE, 1998; WINKLERPRINS, 1999; BARRERA-BASSOLS e ZINCK, 2000).Segundo Chaves Alves (2005) muitas populaes camponesas e indgenas desenvolveram suas prprias estratgias de utilizao dos solos, com pouco contato com os sistemas oficiais de pesquisa e comunicao rural. O que permite pressupor a existncia de conhecimentos pedolgicos locais, subjacentes s prticas de manejo adotadas por essas populaes.

Na Venezuela, uma aproximao do estudo de caso com informantes chaves possibilitou a identificao das prticas que conduzem aos rendimentos elevados e ao sucesso econmico e ajudam a melhorar e manter a fertilidade do solo, a suposio bsica que o conhecimento indgena do fazendeiro o resultado de uma integrao intuitiva de sua percepo das mudanas no agroecossistema em conseqncia das mudanas climticas, a principal fora que dirige as tomadas de deciso (BARRIOS e TREJO, 2003).

Esses exemplos mostram haver solues para velhos problemas relativos ao dilema de agricultura tradicional versus moderna. Em suma, torna-se necessrio conhecer para saber intervir nos sistemas agrcolas tropicais, aumentando sua eficincia biolgica e econmica. Deles depende a sobrevivncia humana.

Nessa perspectiva, a agroecologia surge como uma alternativa que possibilite a aplicao dos princpios e conceitos da ecologia no manejo e desenho de agroecossistemas sustentveis, num horizonte temporal, partindo do conhecimento local que, integrado ao conhecimento cientfico, dar lugar construo e expanso de novos saberes socioambientais, alimentando assim, permanentemente, o processo de transio agroecolgica (GLIESSMAN, 2000).

O interesse em aplicar a ecologia agricultura gradualmente ganhou mpeto ao longo dos anos 1960 e 1970, com a intensificao da pesquisa de ecologia de populaes e de comunidades, da influncia crescente de abordagens em nvel de sistemas e do aumento de conscincia ambiental. Um sinal importante deste interesse em nvel internacional ocorreu em 1974, no primeiro congresso internacional de ecologia, quando um grupo de trabalhos deu origem a um relatrio intitulado Anlise de Agroecossitemas (GLIESSMAN, 2001). Segundo este mesmo autor, a partir dos anos 80, o termo agroecologia passou a ser usado para se referir a um campo da cincia que aporta conhecimentos tericos e metodolgicos no estudo das experincias de agricultura alternativa, sobretudo a partir dos trabalhos de cientistas californianos liderados por Miguel Altieri. Foi ainda na dcada de 80 que surgiram vrias Organizaes No-Governamentais voltadas para a agricultura, articuladas em nvel nacional pela Rede Projeto Tecnologias Alternativas - PTA (hoje AS-PTA Assessoria e Servios Projeto Agricultura Alternativa). A denominao tecnologias alternativas foi usada, nesse perodo, para designar as vrias experincias de contestao agricultura moderna, passando a ser substituda, numa fase seguinte, por agricultura ecolgica ou agroecolgica, pela maior parte destas ONGs. No sul do Braasil, o termo foi adotado pela maior parte das ONGs vinculadas a organizaes de agricultores familiares, de natureza orgnica.Segundo Altieri (1989), o uso recente do termo agroecologia no significa, necessariamente, que suas tcnicas sejam atuais. As prticas agroecolgicas possuem a idade da prpria agricultura, pois as culturas indgenas j desenvolviam sistemas de produo levando em conta as caractersticas locais. Para Altieri (2002), as bases da agroecologia estariam apoiadas nesta lgica. A agroecologia tem como caracterstica apresentar um plano para cada regio e/ou comunidade, pois cada uma ter uma particularidade que dever ser respeitada e analisada. diante desse estudo que sero planejadas as tcnicas utilizadas para produzir. Por este motivo, as caractersticas fundamentais de uma tecnologia a favor da vida passariam pelo respeito, adequao e compromisso com a biodiversidade e sustentabilidade. Segundo este autor, as tecnologias de base agroecolgicas deveriam atender aos seguintes requisitos:

a) serem compatveis com o conhecimento local, ajustando-se cultura do ambiente onde so desenvolvidas;

b) serem economicamente viveis, acessveis agricultura familiar e apoiadas (baseadas) nos recursos locais;

c) serem avessas a riscos, adaptveis a circunstncias heterogneas e capazes de levar ampliao da produtividade total do agroecossistema.

Ademais, sob o ponto de vista das unidades familiares de produo, as tecnologias deveriam trazer:

a) reduo nos custos e riscos associados produo, de forma a ampliar a estabilidade das atividades produtivas;

b) possibilidade de incorporao s lgicas locais;

c) resultados diferenciais, percebidos e interpretados como positivos, sobre a sade, a nutrio, a qualidade de vida e o bem-estar social das populaes rurais.

GUZMN (1997), afirma que:em um esforo de sntese, a estratgia agroecolgica poderia ser definida como o manejo ecolgico de recursos naturais que, incorporado a uma ao social coletiva de carter participativo, permita projetar mtodos de desenvolvimento sustentvel. (...) Em tal estratgia, o papel central da dimenso local como portadora de um potencial endgeno que, atravs da articulao do conhecimento campons com o cientfico, permita a implementao de sistemas de agricultura alternativos, potenciadores da biodiversidade ecolgica e scio-cultura.A agroecologia engloba princpios de uma agricultura sustentvel, e aproveita informaes geradas em outros ramos do conhecimento que se mostram, tambm, decisivos para a consolidao de um novo modelo de desenvolvimento. Estes conhecimentos so pouco considerados no modelo tradicional, que procura ignorar externalidades inerentes aos processos, como se as atividades operassem em sistemas fechados (ALTIERI, 2002). Para WEID (2002), a agroecologia aponta no sentido de valorizao de sistemas de produo complexos, que incorporam diferentes conjuntos de possibilidades tcnicas, em aproximaes crescentes e cada vez mais estreitas com os sistemas naturais remanescentes. Portanto, h necessidade da obteno de informaes multidisciplinares envolvendo uma gama de conhecimentos que so requisitos bsicos para o gerenciamento da ao antrpica e sustentabilidade do agroecossistema.

1.5 Agricultura no semi-rido: problemas histricosHistoricamente a agricultura praticada na regio semi-rida nmade, itinerante ou migratria, onde os agricultores desmatam queimam e plantam por um curto perodo. Aps poucos anos de cultivo, as terras so abandonadas em razo da grande queda da produo (TIESSEN et al., 1992) e mudam para outras reas repetindo a mesma prtica, na expectativa de uma recuperao da capacidade produtiva dos solos, o que entretanto vem reduzindo consideravelmente a biodiversidade.

A irregularidade das chuvas nesta regio associada a falta de aplicao de fertilizante resultam em produtividade muito baixa comparada com a do resto do Brasil, para a maioria dos alimentos bsicos (IBGE, 1995).

O ciclo produtivo baseado no desmatamento-queimada-plantio obedecia a um perodo de pousio que se seguia aos cultivos, o qual permitia que a vegetao secundria se reconstitusse, provavelmente at o estado de equilbrio dinmico (clmax), antes de sofrer uma nova perturbao para reincio do ciclo. Sendo at determinado perodo em que a presso populacional no era ainda to intensa, uma atividade que talvez se adequasse a alguns quesitos do conceito de sustentabilidade.

No entanto, para compensar o forte aumento natural da populao e a diminuio das capoeiras antigas, os pequenos proprietrios tiveram que explorar a terra alm da sua capacidade produtiva, desmatar terras marginais mais ngremes, provocando assim uma eroso intensa e a diminuio da produtividade, e tambm diminuir o tempo de pousio, impossibilitando a recomposio da vegetao nativa e a reconstituio da fertilidade natural dos solos (SILVEIRA et al.; 2002).

As culturas cultivadas pelos agricultores familiares eram basicamente, o milho (Zea mays), feijo de corda (Vigna unguiculata) e mandioca (Manihot esculenta) sendo, posteriormente, introduzida a cultura do algodo moc (Gossypium hirsutum Marie Galante Hutch), o qual fora plantado em consrcio com o milho e o feijo de corda. Aps a colheita os agricultores utilizavam as roas de algodo como pastagem, nas quais o gado se alimentava das ramas do algodo ao mesmo tempo em que deixavam seus dejetos na rea como forma de adubo orgnico, o que beneficiava a cultura, constituindo dessa forma o conhecido binmio boi-algodo (GONALVES, 2003). A falta de prticas de manejo que visassem conservao dos solos e, em alguns casos, a recuperao de sua fertilidade, associadas utilizao de sementes de baixa qualidade, esto entre os fatores que mais contriburam para o processo de decadncia desse sistema de produo (LIMA, 1995), a qual ficou evidenciada, no Cear, com a chegada do bicudo (Anthonomus grandis Boheman), em meados dos anos 80. Desse modo, embora essa praga tenha agravado a crise, no foi sua causa primria. Uma das marcas do processo de decadncia desse sistema de produo foi o abandono, quase por completo, da explorao do algodoeiro arbreo, nas bases em que era tradicionalmente cultivado, o que contribuiu para o empobrecimento das populaes locais, privadas da possibilidade de continuar cultivando sua principal cultura de mercado. As culturas de feijo e milho, por sua vez, com o advento da "nova agricultura" na regio foram marginalizadas por no trazerem um retorno econmico, devido ao aumento dos custos de produo.

Dentre os agricultores familiares que sobreviveram a esta tendncia, destacou-se Sr. Verssimo Pereira do Nascimento, assentado da Fazenda Mofumbo, em Madalena-CE, a partir do qual a ONG ESPLAR, entre 1990 e 1996, implementou o projeto de Pesquisa & Desenvolvimento intitulado Manejo ecolgico do algodoeiro moc (Gossypium hirsutum L. r. marie galante Hutch.), visando a convivncia produtiva com o bicudo (Anthonomus grandis Boheman), que contou com a participao direta de agricultores familiares de diferentes municpios cearenses, com os quais as bases do manejo agroecolgico foram discutidas e negociada a conduo das reas experimentais.A onde foi implantada uma srie de iniciativas para assegurar o referido manejo nas quais se incluam: plantio na mesma data por todos os agricultores que plantam algodo; plantio precoce (aps as primeiras chuvas), o plantio em consrcio do algodoeiro com fileiras de culturas alimentares como milho (Zea mays), feijo de corda (Vigna unguiculata) e gergelim (Seramum indicum), tradicionalmente cultivadas pelos agricultores familiares cearenses, com culturas que visavam manuteno e recuperao da fertilidade do solo como leucena (Leucaena leucocephala) e guandu (Cajanus cajan); adubao com esterco de animais de acordo com a disponibilidade de cada agricultor/a e com biofertilizantes base de esterco fermentado e/ou urina de vaca em lactao; plantio em nvel, construo de muretas de pedras, valetas de reteno e enleiramento de restos de culturas em nvel para evitar a degradao do solo; manejo de pragas com tcnicas de controle mecnico e biolgico; e manejo do gado nas lavouras aps a colheita, seguido da erradicao do algodoeiro herbceo ou poda do 7MH, que uma linhagem derivada de hbridos entre o algodo arbreo e o herbceo (Gossipium hirsutum L. r. latifolium Hutch) (ESPLAR, 1999).O cultivo de algodo em bases agroecolgicas, com enfoque para sustentabilidade dos agroecossistemas, teve incio em Tau-CE, nos anos 90, e estendeu- se para os municpios de Chor, Quixad e Massap, envolvendo, atualmente, 152 agricultores e agricultoras familiares, com uma rea total de 189 hectares (LIMA, 2005). Esses agricultores se autodenominaram agricultores ecolgicos. As tcnicas por eles utilizadas baseiam-se nos princpios da Agroecologia (GLIESSMAN, 2001).A questo da sustentabilidade tem se mostrado a maior preocupao atual nos meios governamentais, acadmicos e cientficos (SOTO, 1997). De acordo com Leite (1993), estudos desta natureza ganham especial importncia no Estado do Cear, tendo em vista as dimenses que o problema da degradao ambiental vem atingindo, conseqncia da m utilizao da terra e falta de uma conscientizao quanto ao uso e manejo.O semi-rido cearense abrange 180 municpios, dos quais 117 possuem sua rea geogrfica integralmente semi-rida. Sendo a rea total semi-rida do estado do Cear de 136.323km2 (FUNCEME, 1993).

Soares et al. (1995) informam que cerca de 75% do Estado do Cear, sob condies geoambientais semi-ridas, apresentam ecossistemas de grande fragilidade, estando vulnervel ao processo de desertificao, com muitos desses municpios j apresentando evidncias de degradao/desertificao. Ainda segundo esses autores, o Municpio de Tau, onde esto inseridas algumas reas de nosso estudo, possui 1.906,3 km de reas degradadas suscetveis desertificao, o que representa 44,3% da rea municipal, sendo caracterizado, de acordo com os ndices estipulados pela ONU, como rea semi-rida com alto ndice crtico (0,4). Este ndice reflete a fragilidade das terras secas, em funo das condies climticas, geolgicas e pedolgicas, associadas aos estados inadequados da explorao dos recursos naturais Soares et al. (1995).

Diagnsticos realizados pela EMBRAPA/FAO/PNUD (Degradao Ambiental e Reabilitao Natural no Trpico Semi-rido Brasileiro, 1994) sobre a cobertura vegetal, os solos e as tendncias de desertificao do semi-rido nordestino, apontam a pequena produo agropecuria como uma das causas de impactos ambientais negativos tendo como origem o alto ndice de desmatamento, o uso de tecnologias provocadoras de desgastes dos solos, a presso das famlias no uso dos recursos florestais para finalidades diversas, interferindo ou dificultando a sustentabilidade ecolgica dessas reas.

Para Leal Filho (1992) fundamental a mudana do curso dos acontecimentos. Caso contrrio, a tendncia a acelerao do processo de degradao, afetando as regies ridas e semi-ridas, cuja conseqncia a expanso dos problemas associados degradao do meio ambiente: diminuio da biodiversidade, perdas econmicas e sociais com aumento da pobreza e da fome. Exemplos diversos esto a para demonstrar como determinadas atividades inseridas num determinado espao agrcola desestabilizam os fluxos ecolgicos e consequentemente os sistemas agrcolas deles dependentes.

Contrariando essa tendncia, o manejo adotado nos sistemas de produo do algodoeiro em bases agroecolgicas, em alguns municpios do semi-rido cearense, tem mostrado resultados promissores em temos de qualidade do solo e rendimentos das diferentes culturas que compem o consrcio. LIMA (2001) observou, no municpio de Tau-CE, que os solos das reas sob o referido manejo apresentaram nveis de nutrientes superiores aos sistemas convencionais do mesmo municpio, alm de promover uma maior diversidade de indivduos. No ano de 2001, foi observado no referido municpio, que os sistemas agroecolgicos favoreceram a manuteno da qualidade do solo, pois estes apresentaram qualidades qumica, fsica e biolgica semelhantes e/ou melhores do que os de condies naturais (OTUTUMI et al., 2004).

Desse modo, faz-se necessria a realizao de estudos que proporcionem o conhecimento da dinmica dos resultados da prtica de uma agricultura em base agroecolgicas, naquilo que refere aos aspectos ambientais, de produtividades e melhoria na qualidade de vida dos agricultores do semi-rido.

Portanto, constitui-se de grande importncia a realizao de uma anlise de sustentabilidade de modelos agroecolgicos de produo, como forma de melhor conhecer esses processos e seus impactos sobre o agroecossistema e a vida do agricultor.

1.6 Referncias

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CAPTULO 2: PROPRIEDADES QUMICAS INDICADORAS DE SUSTENTABILIDADE EM AGROECOSSISTEMAS, DOS MUNICPIOS DE CHOR, MASSAP, QUIXAD E TAU - CE.

RESUMOA deteriorao da fertilidade dos solos no semi-rido do Nordeste brasileiro aps a remoo da caatinga para substituio por cultivos agrcolas constitui um dos grandes problemas nessa regio. Porm, o conhecimento dos efeitos de sistemas de cultivos em bases agroecolgicas sobre a qualidade do solo ainda incipiente na regio do semi-rido. Este trabalho teve como objetivo avaliar os atributos qumicos de solos sob sistemas de consrcios em bases agroecolgicas e sob rea de mata nativa na regio do semi-rido cearense. Para isso foram selecionadas nos municpios de Chor, Quixad, Massap e Tau, 24 reas de consrcios agroecolgicos para coleta de solo, distribudas nos quatro municpios estudados. As amostras de solo foram coletadas nas camadas de 0 5 cm, 5 10 cm e a ltima de 10 30 cm, no perodo de fevereiro a maro de 2007. Para atributos fsicos foi feita anlise granulomtrica na profundidade de 0-30 cm e os atributos qumicos analisados foram o Carbono orgnico do solo, pH, Pdisponvel, Na+, K+, Ca++, Mg++, H+AL, SB, CTC e V. Para anlise dos dados utilizou-se a estatstica descritiva e tcnica de estatstica multivariada. Os solos das reas estudadas, tanto de cultivo como de vegetao nativa, apresentaram a mesma classe textural, franco-arenosa, na profundidade de 10-30 cm, com exceo das reas de mata nativa AOPS, ASB, GPM, MSA e SCRF, onde a textura foi a franco-argilo-arenosa, e a RVJ que apresentou classe textural do tipo argila arenosa e das reas de consrcios JWI e JSI que apresentaram as classes areia franca e areia. Os resultados para os atributos qumicos sugerem um aumento do pH, do Pdisponvel, das bases trocveis e saturao por bases, e reduo do carbono orgnico nos solos sob os sistemas de consrcios agroecolgicos. Atravs da anlise de agrupamento constatou-se que 14 sistemas de consrcios mantiveram a fertilidade do solo, oito aumentaram e apenas dois reduziram a fertilidade dos solos, nas profundidades de 0-5 e 5-10 cm.Palavras-chave: Atributos Qumicos, Fertilidade do Solo; Sistemas de Cultivo; Agroecologia.ABSTRACT

The deterioration of soil fertility in semi-arid northeastern Brazil after the removal of the savanna for replacement by agricultural crops is a major problem in this region. However, knowledge of the effects of cropping systems in agro-ecological bases on the soil quality is still incipient in the semi-arid. This study aimed to evaluate the chemical properties of soils under systems intercropping in agroecological bases the in area of native forest in the semi-arid region of Cear. For that were selected in the counties of Chor, Quixad, Massap and Tau, 24 areas of agro-ecological intercropping to collect soil, distributed in four cities studied. Soil samples were collected in layers of 0 - 5 cm, 5 - 10 cm and the last 10 to 30 cm in the period from february to march 2007. For the physical analysis particle-size was made at a depth of 0-30 cm and the chemical attributes were analyzed: soil organic carbon (SOC), pH, available phosphorus (P), Na+, K +, Ca + +, Mg + +, H+ + AL3+ and cationic exchange capacity (CEC). For data analysis we used descriptive statistics and multivariate statistical technique. The soils of the areas studied, both cultivation and native vegetation, showed the same textural class, a sandy loam at a depth of 10-30 cm, with the exception of areas of native forest AOPS, ASB, GPM, MSA and SCRF, where the texture was a clay loam, sandy and RVJ textural class showed that the type of clay and sandy and of area intercropping JWI and JSI which showed the class sandy loam and sand, respectively. The results suggest an increase in pH, available phosphorus (P), the exchangeable bases, base saturation and reduction of organic carbon in soils under agroecological systems. Through cluster analysis found that 14 intercroping systems maintained soil fertility, eight increased and only two reduced soil fertility, in the depths 0-5 and 5-10 cm.Keywords: Chemical attributes, soil fertility, crops systems, agroecology.2.1 Introduo

A degradao do solo constitui uma das mais preocupantes, das aes antrpicas negativas sobre o meio ambiente, uma vez que afeta diretamente a vida do homem. Seu mau uso se apresenta como a principal causa da degradao, tendo como conseqncia a reduo da matria orgnica e, por conseguinte, alteraes nas suas caractersticas fsicas, qumicas e biolgicas. A produo crescente de alimentos o principal fator de presso sobre os recursos da terra, e o fracasso das polticas e sistemas agrcolas inadequados tm contribudo para aumentar essa presso. Estima-se que 23% do total de terras utilizveis foram afetadas pela degradao em um grau suficiente para reduzir sua produtividade (UNEP, 1992; OLDEMAN et al., 1990).Estima-se que 23% do total de terras utilizveis foram afetadas pela degradao em um grau suficiente para reduzir sua produtividade (UNEP, 1992; OLDEMAN et al., 1990). No incio da dcada de 1990, cerca de 910 milhes de hectares de terra foram classificados como moderadamente degradados, com uma produtividade agrcola bastante reduzida (ver ilustraes ao lado). Cerca de 305 milhes de hectares de solos variaram entre fortemente degradados (296 milhes de hectares) e extremamente degradados (9 milhes de hectares, dos quais mais de 5 milhes se encontravam na frica). Segundo os autores supracitados os solos extremamente degradados no podem ser recuperados

A transformao de sistemas naturais em reas agrcolas representa, nas regies tropicais, uma importante causa da deteriorao da fertilidade dos solos. Alguns autores observaram que a substituio da vegetao nativa, caatinga, por cultivos agrcolas ocasionou expressivo decrscimo nos teores de carbono do solo. Entre estes autores Tiessen et al. (1992), em um Latossolo em Araripina, PE, encontraram perdas de at 40% do C do solo seis anos aps o corte e queima da caatinga para o estabelecimento de cultivos agrcolas. De forma semelhante, Fraga e Salcedo (2004) comparando a fertilidade do solo em reas sob caatinga com outras reas sob cultivos agrcolas ou pastagens nos estados da Paraba e Pernambuco, observaram que os solos das reas desmatadas possuam apenas a metade do C orgnico quando comparados com os dasreas de caatinga. Bayer e Mielniczuk (1997) salientam ainda que os valores de pH, capacidade de troca catinica, teores de potssio, clcio e magnsio foram afetados por diferentes preparos do solo e sistemas de cultura.

Segundo Gliessman (2001) a agricultura do futuro deve ser tanto produtiva quanto sustentvel para poder alimentar a crescente populao humana. Para Caporal e Costabeber (2004), a agricultura sustentvel medida que preserva as condies qumicas, fsicas e biolgicas do solo; melhora e mantm a biodiversidade das reservas e dos mananciais hdricos, preservando os recursos naturais como condio essencial para a continuidade dos processos de reproduo socioeconmica e cultural das geraes.Hasen (1996) caracteriza diversos tipos de definies para a agricultura sustentvel referindo-se aos pontos de vista de uma ideologia, de um conjunto de estratgias, da possibilidade para satisfazer certas metas ou como a habilidade de manter certas propriedades ao longo do tempo. No seu estudo, dentre outras concluses, o autor afirma que, embora haja consenso na literatura sobre a importncia do conceito de sustentabilidade para a agricultura, os critrios para se avaliar as respostas dos sistemas produtivos s mudanas orientadas para a sustentabilidade ainda no esto esclarecidos.Contudo, medida que o uso intensivo do solo pode redundar na perda da capacidade de manter sua produtividade em nveis sustentveis, a preocupao com a qualidade do solo tem crescido. A qualidade do solo tem sido definida como a capacidade de um tipo especfico de solo, integrando um sistema natural ou agroecossistema, sustentar a produtividade agrcola e animal, manter ou garantir a qualidade da gua e do ar, garantir a sade humana e servir como suporte para habitao (KARLEN et al., 1997). Desse modo, as funes do solo podem ser monitoradas atravs da avaliao da qualidade do solo, a qual informar se o solo cumpre bem ou no a sua funo.A qualidade do solo no pode ser medida diretamente, mas pode ser aferida por meio de atributos do solo que servem como indicadores de qualidade do solo. Segundo Santana e Bahia Filho (1998), a avaliao da qualidade do solo pode ser realizada pelo monitoramento de seus atributos ou caractersticas fsicas, qumicas e biolgicas.De posse dos indicadores, a qualidade do solo pode ter seu monitoramento feito a partir do comportamento dos mesmos ao longo do tempo, ou comparando seus desempenhos com valores de referncia, que podem ser estabelecidos a partir de resultados de pesquisa ou obtidos em ecossistemas naturais, localizados nas mesmas condies do solo avaliado (DORAN e PARKIN, 1994; KARLEN et al., 1997).A considerao de certo perodo de tempo de cultivo, comum a todos os pesquisadores que tm avaliado as alteraes das propriedades qumicas do solo em funo de determinado sistema de cultivo, visto que a percepo de mudanas significativas est na dependncia do clima, da rotao das culturas, do tipo de solo, etc. No Cear, Lima (2001), encontrou significncia nos dados referentes fertilidade do solo em reas sob cultivo de algodo orgnico em um perodo de trs anos.

A hiptese para o presente trabalho estabelece que os sistemas de cultivo em consrcios com base agroecolgicas propiciam melhorias na fertilidade do solo. Assim, objetivou-se avaliar os atributos qumicos de solos cultivados em sistemas de consrcios agroecolgicos por agricultores dos municpios de Chor, Massap, Quixad e Tau.

2.2 Material e Mtodos2.2.1 Local de estudo

Este trabalho foi desenvolvido nos municpios de Chor, Quixad, Massap e Tau (Figura 1), localizados no semi-rido cearense.

Chor um municpio brasileiro localizado no estado do Cear, localizado na microregio do Serto de Quixeramobim, mesorregio do Sertes Cearenses. Seu clima o tropical quente semi-rido, de acordo com a classificao de Kppen, com temperaturas variando de 26 a 28C e precipitao pluviomtrica mdia anual de 992mm (IPECE, 2007). Localizado na mesma mesorregio fica o municpio de Quixad que apresenta tipo climtico Aw da classificao de Kppen (1918). Trata-se de uma regio pertencente ao grupo de clima tropical chuvoso, com temperatura mdia do ms frio maior igual a 18C e precipitao do ms mais seco menor que 30 mm.

O municpio de Tau fica situado a sudoeste do Estado do Cear, na microrregio geogrfica Serto dos Inhamuns (6 00 ' S e 40 18 ' W), a 320 km da capital, Fortaleza. De acordo com a classificao climtica de Kppen, o clima do tipo BSw'h' (clima quente e semi-rido, com estao chuvosa podendo atrasar para o outono), com temperaturas superiores a 18 C no ms mais frio e precipitao pluvial mdia anual de 550 a 650 mm. O relevo na regio plano, suave ondulado e ondulado, com altitudes variando de 400 a 500 m, sendo a vegetao predominante a do tipo caatinga hiperxerfila (BRASIL, 1973). Massap est localizada na mesorregio Noroeste Cearense, microrregio de Sobral com clima do tipo tipo BShw', megatrmico, seco, em que a estao chuvosa (janeiro a junho) apresenta precipitao mdia de 722 mm, correspondendo a 95,15% do total mdio anual, sendo que 73% destas ocorrem entre os meses de fevereiro e maio. A temperatura mdia anual est em torno de 28oC, sendo as mximas e as mnimas em torno de 35 e 22oC, respectivamente, e a mdia da umidade relativa do ar de 69% (EMBRAPA, 1989)A vegetao predominante a caatinga hiperxerfila, predominantemente arbustiva, menos densa, com indivduos de baixo porte, espinhentos e cujas folhas caem totalmente na poca seca. De acordo com o reconhecimento de campo as espcies encontradas foram: Mimosa sp. Leguminosae, Aspidosperma pyrifolium Mart. Apocynaceae, Jatopha sp. Cnidosculus phyllancathus Hoffm. Euphorbiaceae, Cereus squamosus Guerke, Melocatus spp, Cactaceae, Bromelia laciniosa Mart. Bromeliaceae e Pilocereus gounellei Weber Cactaceae.

De acordo com Brasil (1973), as classes de solos das reas estudadas nos quatro municpios encontram-se dentro das seguintes unidades de mapeamento: PL6, Re9, Red4, Re15, PL5, PL7, NC3, PE11, NC10 e Re18 (Tabela 3).

PL6 Associao de : PLANOSSOLO SOLDICO (Planossolo) A fraco. fase caatinga hiperxerfila relevo plano e suave ondulado + SOLOS LITLICOS (Neossolo Litlico) eutrficos A fraco textura arenosa e/ou mdia. fase pedregosa e rochosa caatinga hiperxerfila relevo suave ondulado + AFLORAMENTOS DE ROCHA .

Re9 Associao de: SOLOS LITLICOS (Neossolo Litlico) eutrficos textura arenosa e mdia fase pedregosa e rochosa relevo forte ondulado e montanhoso substrato gnaisse e granito + SOLOS LITLICOS (Neossolo Litlico) eutrficos textura arenosa e mdia fase pedregosa e rochosa relevo ondulado substrato gnaisse e granito + PODZLICO VERMELHO AMARELO (Argissolo Vermelho Amarelo) equivalente eutrfico textura argilosa fase relevo ondulado e forte ondulado, todos A fraco e moderado fase caatinga hipoxerfila.

Red 4 Associao de: SOLOS LITLICOS (Neossolo Litlico) EUTRFICOS E DISTRFICOS A fraco e moderado textura arenosa e mdia. fase pedregosa e rochosa caatinga hipoxerfila relevo ondulado e forte ondulado substrato gnaisse, granito e quartzito + AFLORAMENTOS DE ROCHA .Re 15 Associao de: SOLOS LITLICOS (Neossolo Litlico) eutrficos A fraco textura arenosa, mdia e argilosa. fase pedregosa e rochosa caatinga hiperxerfila relevo plano e suave ondulado substrato arenito, argilito e siltito + PLANOSSOLO SOLDICO (Planossolo) A fraco textura arenosa/mdia e argilosa. fase caatinga hiperxerfila, floresta ciliar de carnaba relevo plano.PL5 Associao de: PLANOSSOLO SOLDICO (Planossolo) A fraco. fase caatinga hiperxerfila relevo plano e suave ondulado + SOLOS LITLICOS (Neossolo Litlico) eutrficos A fraco textura arenosa e/ou mdia. fase pedregosa e rochosa caatinga hiperxerfila relevo suave ondulado.

PL7 Associao de: PLANOSOL SOLDICO (Planossolo) textura arenosa/mdia e argilosa fase pedregosa relevo plano e suave ondulado + SOLONETZ SOLODIZADO (Planossolo Ntrico) textura arenosa/mdia e argilosa fase pedregosa relevo plano + BRUNO NO CLCIO (Luvissolo Crmico) textura argilosa fase pedregosa relevo plano e suave ondulado + SOLOS LITLICOS (Neossolo Litlico) Eutrficos textura arenosa e mdia fase pedregosa e rochosa relevo suave ondulado substrato gnaisse e granito, todos A fraco fase caatinga hiperxerfila.NC3 Associao de: BRUNO NO CLCICO (Luvissolo Crmico) textura argilosa fase pedregosa relevo suave ondulado + PLANOSOL SOLDICO (Planossolo) textura arenosa/mdia e argilosa fase pedregosa relevo plano e suave ondulado + SOLOS LITLICOS (Neossolo Litlico) Eutrficos textura arenosa e mdia fase pedregosa e rochosa relevo suava ondulado e ondulado substrato gnaisse e granito + SOLONETZ SOLODIZADO (Planossolo Ntrico) textura arenosa/mdia e argilosa fase pedregosa relevo plano, todos A fraco fase caatinga hiperxerfila.

PE11 Associao de: PODZLICO VERMELHO AMARELO (Argissolo Vermelho Amarelo) Equivalente Eutrfico A fraco e moderado textura argilosa fase relevo forte ondulado e montanhoso + TERRA ROXA ESTRUTURADA Similar Eutrfica pdzlico A moderado textura argilosa fase relevo plano e suave ondulado + SOLOS LITLICOS (Neossolo Litlico) Eutrficos A moderado e chernoznico textura mdia e argilosa fase pedregosa e rochosa relevo forte ondulado e montanhoso substrato gnaisse e granito, toda fase floresta/caatinga.

NC10 Associao de: BRUNO NO CLCICO (Luvissolo Crmico) vrtico textura argilosa fase pedregosa relevo plano e suave ondulado + SOLOS LITLICOS (Neossolo Litlico) Eutrficos textura arenosa e mdia fase pedregosa e rochosa relevo suave ondulado substrato gnaisse e granito + PODZLICO VERMELHO AMARELO (Argissolo Vermelho Amarelo) Equivalente Eutrfico raso textura argilosa cascalhenta fase relevo plano e suave ondulado + SOLONETZ SOLODIZADO (Planossolo Ntrico) textura arenosa/mdia e argilosa fase pedregosa relevo plano, todos A fraco fase caatinga hiperxerfila.

Re18 Associao de: Solos LITLICOS EUTRFICOS (Neossolo Litlico) textura arenosa e mdia fase pedregosa e rochosa relevo suave ondulado e ondulado substrato gnaisse e granito + BRUNO NO CLCICOS (Luvissolo Crmico) Indiscriminados fase pedregosa relevo suave ondulado + PLANOSOL SOLDICO (Planossolo) textura arenosa/mdia e argilosa fase pedregosa relevo plano e suave ondulado + SOLONETZ SOLODIZADO (Planossolo Ntrico) textura arenosa/mdia e argilosa fase pedregosa relevo plano, todos A fraco fase caatinga hiperxerfila.

Figura 1 -. Localizao dos municpios.

2.2.2 Levantamento de campo e amostragem

Para o desenvolvimento deste trabalho foram selecionadas vinte e quatro reas de consrcios agroecolgicos, distribudas nos quatro municpios estudados. Adicionalmente, foi avaliado o solo sob vegetao natural de caatinga, em reas contguas as reas de cultivo selecionadas. O nome dos agricultores juntamente com as identificaes, adotou-se as iniciais dos nomes e localidades, a localizao, unidades de mapeamento em que ficam situadas as reas estudadas e as coordenadas geogrficas das reas de estudo encontram-se na Tabela 1.A escolha dessas reas deu-se baseada no tempo de implantao do sistema (no mnimo trs anos). A partir de dados fornecidos pelo ESPLAR e de informaes dos prprios agricultores, foi elaborada uma descrio das reas de cultivos e das reas de mata nativa adjacentes a estas (Tabela 3). As amostras de solo foram coletadas nas camadas de 0 5 cm, 5 10 cm e a ltima de 10 30 cm, no perodo de fevereiro a maro de 2007. As amostras de solo foram secas ao ar, destorroadas e passadas em peneira de 2 mm de malha para o procedimento das anlises qumicas.Tabela 1 -. Agricultores, localizao, unidades de mapeamento e coordenadas geogrficas das reas de estudo.

AgricultorLocalidade/MunicpioUMCoordenadas geogrficas

Latitude SulLongitude Oeste

Antnio Alberto (AAB)Caiarinha/ChorPL6S 4 40.20W 39 1530

Joo A. P. Fernandes (JAP)Riacho do Meio/ChorRe9S 4 4311W 39 1046

Joo Flix de Souza (JFS)Riacho do Meio/ChorRe9S 4 4309W 39 1148

Joo P. L. Ramos (JPLS)S. J. Conquista/ChorRe9S 4 4359W 39 0758

Maria L F. da Silva (MLS)Riacho do Meio/ChorRe9S 4 4441`W 39 1032`

Antonio Amorim (AOPS)P da serra/MassapRed4S 32708W 402036

Francisco P Santos (FPMV)Morrovermelho/MassapRed4S 3 2519W 40 198

Gerardo Pereira (GPM)Morgado/ MassapRe15S 3 2650W 40 1728

Jos O. Nascimento (JOMV)Morrovermelho/MassapRed4S 32508W 401936

Manoel R. Penha (MRM)Morgado/ MassapRe15S 3 2650`W 40 1855

Jos Sidney Ferreira (JSI)Independncia/QuixadPL5S 50547W390259

Jos W. Ferreira (JWI)Independncia/QuixadPL5S 5 05 45W 39 0334

Antnia de S. Castro (ASB)Barreiros/TauPL7S 5 5158W 40 1739

Antnio E. Silva (AECS)Castelo da Serra/TauNC3S 5 5018W 40 1057

Francisco F. da Silva (FFSB)Serra Branca/TauPE11S 5 5350W 40 004

Joo R. dos Santos (JRPF)Tapera/TauNC10S 55650W 402050

Joo Siqueira (JST)Tapera/TauNC10S 55647W 402441

Jos E. Sobrinho (JEB)Baixa/TauNC10S 6 1826,4W402957

Luiz de Souza Mota (LSSB)Serra Branca/TauPE11S 5 5149W 40 0039

Manoel F. Sobrinho (MFC)Calumbi/TauPE15S 5 5712W 40 3235

Manoel G.Sobrinho (MGB)Bonifcio/TauRe18S 61720W 40 1840

Manoel S. de Melo (MSA)Altamira/TauNC10S 5 4852W 40 3326

Raimundo Valentim (RJV)Ju/TauRe18S 62026W 40 2144

Sebastio C. Oliveira (SCRF)Riacho Fundo/TauPE11S 5 5052W 40 0326

UM- Unidade de Mapeamento2.2.3 Caracterizao dos sistemas de consrcios agroecolgicos

As culturas que compem os sistemas de consrcios agroecolgicos so: algodo (CNPA 7MH)1, milho, feijo, gergelim, leucena e guandu. O manejo empregado consiste da aplicao de biofertilizantes (em torno de 6000 L.ha-1) base de esterco fresco, rapadura, gua e outros componentes de origem animal (sangue + vsceras de animais domsticos), vegetal (folhas e ramos de plantas nativas trituradas e maceradas) e mineral (cinzas), fermentados durante 45 dias e aplicados nas fases vegetativa e reprodutiva das culturas. Esses produtos so aplicados, na forma de suspenso, com pulverizadores costais, numa proporo de 25 a 50 ml L-1. So empregadas ainda as tcnicas descritas na Tabela 2.

Tabela 2 - Tcnicas de manejo do solo e de culturas empregadas pelos agricultores familiares nos consrcios agroecolgicos.

Tcnicas de manejo do solo*

1. Plantio em nvel

2. Plantio cortando as guas

3. Mureta de pedra e/ou enleiramento de restos vegetais em nvel

4. Valeta de reteno

Tcnicas de manejo de culturas

1. Catao e destruio de botes florais atacados pelo bicudo

2. Plantio de gergelim para convivncia com a mosca branca

3. Liberao de Trichogramma

4. Aplicao de inseticidas naturais

5. Uso de feromnio

6. Capina seletiva

Fonte: ESPLAR , 2007.

2.2.4 Anlises fsica e Qumica

A anlise granulomtrica foi feita pelo mtodo da pipeta (Embrapa, 1997) para as amostras da camada de 10-30 cm.Para avaliao dos atributos qumicos: o pH em gua foi determinado por potenciometria na relao 1:2,5 para solo:soluo. O P disponvel e o K + trocvel foram extrados com a soluo de Mehlich-1 (HCl 0,05 mol/L + H2SO4 0,0125 mol/L) e determinados por colorimetria e fotometria de chama, respectivamente. O Ca 2+ , Mg 2+ e Al 3+ trocveis foram extrados utilizando-se soluo de KCl 1,0 mol/L, sendo os dois primeiros determinados por espectrofotmetro de absoro atmica e, o ltimo, por titulometria. A acidez portencial (H + + Al 3+ ) foi extrada com soluo de CaAc 0,5 mol L -1 a pH 7,0 e determinada por titulometria. Estes procedimentos foram realizados conforme EMBRAPA (1997). A soma de bases (SB), capacidade de troca de ctions (CTC), saturao por bases (V) e o ndice de saturao de sdio (ISNA) foram calculados conforme EMBRAPA (1997).O P remanescente foi determinado em soluo de equilbrio contendo 60 mg/L de P, conforme Alvarez. et al. (2000). Assim, tomou-se 5 cm3 de TFSA em um erlenmeyer de 125 mL acrescentou-se 50 mL de soluo de CaCl2 10 mmol/L, agitou-s por uma hora e centrifugou-se por cinco minuto.

O carbono orgnico total (COT) foi determinado pelo mtodo de WALKLEY-BLACK, por via mida, utilizando o K2Cr2O7 0,5N em meio cido como oxidante e titulado com Fe (NH4)2 (SO4)2.6H2O, conforme Yeomans e Bremner (1988) e modificada por Mendona e Matos ( 2005).

2.2.5 Estatstica

Os atributos qumicos do solo e os usos, consrcio agroecolgico (CA) e reas com mata nativa (MN), foram analisados e comparados entre si atravs das medidas estatsticas descritiva. Foram considerados os parmetros mdia (tendncia central) e desvio padro (variabilidade). Posteriormente, as reas estudadas, atravs dos atributos qumicos do solo, foram agrupadas com base no seu grau de semelhana com o objetivo de classific-las em grupos similares. Para anlise de agrupamento foram considerados os valores obtidos nas camadas de 0-5 e 5-10 cm, por ter sido essas camadas utilizadas para comparao dos resultados de fertilidade de solo sob a vegetao nativa (utilizada como referncia) com os dos levantamentos exploratrios dos estados da regio Nordeste, com exceo do estado do Piau (JACOMINE et al., 1971, 1972a, 1972b, 1973, 1975a, 1975b, 1979) nas camadas superficiais de solos sob caatinga. Para a identificao de similaridades e diferenas entre os usos analisados, ou seja, reas sob cultivo agroecolgico (CA) e mata nativa (MN), utilizou-se a anlise de agrupamento (cluster analysis) atravs do processamento no software SPSS 13.0.

De acordo com Hair Jr. et al. (2005) a anlise de agrupamento consiste de uma tcnica multivariada cuja finalidade primria agregar objetos com base nas caractersticas semelhantes que eles possuem, de modo que cada objeto seja muito semelhante aos outros no agrupamento em relao a algum critrio de seleo predeterminado. Neste estudo, em funo das variveis estudadas serem variveis reais, adotou-se uma medida de semelhana com propriedades mtricas, tendo a escolha recada na distncia Euclidiana ao quadrado, por ser essa a mais utilizada (EVERITT, 1993). O algoritmo de agrupamento que foi utilizado na definio dos agregados neste trabalho foi o mtodo Ward (HAIR JR. et al., 2005).

Tabela 3 - Localizao e histrico de uso das reas de consrcio e vegetao natural pertencentes a agricultores/as familiares dos municpios de Choro, Massap, Quixad e Tau

reaAgricultorLocalidade/

MunicpioCoordenadas geogrficasTempo de adoo da proposta agroeocolgica em anosBreve histrico de uso da rea de cultivo

1Joo Alberto Pinheiro Fernandes (JAP)Riacho do Meio/ChorS 4 4311

W 39 10464 anosrea consorciada: Derrubada da vegetao seguido da queima da mesma em 1989. Cultivo de algodo, milho e feijo de 1990 at 1994. Pousio de 1994 a 1996, cultivo com culturas anuais em 1997. Ficando em pousio por 6 anos at a implantao do sistema agroecolgico em 2003.

rea vegetao natural: Encontra-se em pousio desde 1987.

2Joo Flix de Souza (JFS)Riacho do Meio/ChorS 4 4309

W 39 11484 anosrea consorciada: Derrubada da vegetao seguido de queima em 1992. Cultivo de milho e feijo de 1993 a 1995. Pousio de 1996 a 2002. Incio da implantao do sistema agroecolgico em 2003.

rea vegetao natural: A mata nunca foi derrubada. Tendo sido feito apenas raleamento em 1990.

3Maria Liduna Ferreira da Silva (MLS)Riacho do Meio/ChorS 4 4441`

W 39 1032`4anosrea consorciada: Derrubada da vegetao seguido de queima em meados dos anos 60. Cultivo de algodo, milho e feijo at 1960. Pousio de 1960 a 1981. Derrubada e queima da vegetao em 1982 para o cultivo de milho, feijo, algodo e arroz, ficando em pousio por 8 anos. Preparo do solo com arado em 2003 para plantio em sistema agroecolgico.

rea vegetao natural: Em 1980, foi derrubada da vegetao seguido de queima para o cultivo de milho e feijo de 1981 a 1983. Pousio desde 1984.

4Antnio Alberto Bencio de Melo (AAB)Caiarinha/ChorS 4 40.20

W 39 15304 anosrea consorciada: Derrubada da vegetao seguido de queima em 1980. Cultivo de carnaba de 1981 a 1987. Destoca, queima e preparo do solo com arado para o cultivo de milho e feijo de 1988 a 1994. Pousio de 1994 a 1996. Cultivo de algodo, milho e feijo de 1996, seguido de pousio para a implantao do sistema agroecolgico em 2003.

rea vegetao natural: Encontra-se em pousio desde 1994.

Tabela 3 - Continuao.

reaAgricultorLocalidade/

MunicpioCoordenadas geogrficasTempo de adoo da proposta agroeocolgica em anosBreve histrico de uso da rea de cultivo

5Joo Paulo Lobo Ramos (JPLS)S. J. Conquista/ChorS 4 4359W 39 07584 anosrea consorciada: Derrubada da vegetao seguido de queima em 1954. Cultivo de algodo moc e introduo de animais na rea de 1954 a 1958. Pousio de 1959 a 1995. Derruba e queima da vegetao em 1996 para o cultivo de milho e feijo em 1997, seguido de pousio. Em 2002 derruba, destoca, com aproveitamento dos restos vegetais na rea e uso de arado em para implantao do sistema agroecolgico em 2003.

rea vegetao natural: Encontra-se em pousio desde 1982.

6Jos Sidney Ferreira (JSI)Independncia/

QuixadS 50547W3902593 anosrea consorciada: Derrubada da vegetao em 1987 Para cultivo de milho, feijo e algodo de 1988 a 1994, preparo do solo feito com uso do arado. Pousio de 1995 a 2003. Incio da implantao do sistema agroecolgico em 2004.rea vegetao natural: Derrubada da vegetao em 1987 Para cultivo de milho, feijo e algodo de 1988 a 1997. Encontra-se em pousio desde 1998.

7Jos Wilson Ferreira (JWI)Independncia/

QuixadS 5 05 45W 39 03343 anosrea consorciada: Derrubada da vegetao em 1987 Para cultivo de milho, feijo e algodo de 1988 a 1994, preparo do solo feito com uso do arado. Pousio de 1995 a 2003. Incio da implantao do sistema agroecolgico em 2004.rea vegetao natural: Derrubada da vegetao em 1987 Para cultivo de milho, feijo e algodo de 1988 a 1997. Encontra-se em pousio desde 1998.

8Gerardo Pereira do Nascimento (GPM)Morgado/ MassapS 3 2650W 40 17284 anosrea consorciada: Derrubada da vegetao seguido de queima em 1970 Para cultivo de milho e feijo at 1975, pousio, preparo do solo feito para cultivo de milho e feijo em 1983. Pousio de 1984 a 2004. Incio da implantao do sistema agroecolgico em 2004.rea vegetao natural: Derrubada da vegetao em 1987 Para cultivo de algodo de 1977 a 1979. Encontra-se em pousio desde 1979.

9Manoel Ribeiro da Penha (MRM)Morgado/ MassapS 3 2650`W 40 18553 anosrea consorciada: Em 1971, derrubada da vegetao seguido da queima da mesma. Cultivo de banana de 1982 a 1988, arao por mquinas, uso de adubo e defensivos qumicos. Pousio de 1998 a 1994. Cultivo de milho e feijo de 1994 a 2003, intercalados por perodos de pousio de 2 anos. Implantao do sistema agroecolgico em 2003.rea vegetao natural: Encontra-se em pousio desde 1990.

Tabela 3 - Continuao.

reaAgricultorLocalidade/

MunicpioCoordenadas geogrficasTempo de adoo da proposta agroeocolgica em anosBreve histrico de uso da rea de cultivo

10Francisco Porto dos Santos (FPMV)Morro Vermelho

/MassapS 3 2519W 40 1983 anosrea consorciada: A vegetao foi derrubada seguido de queima em 1980 para o cultivo de de milho, feijo e mandioca de 1980 a 1994; depois de 10 anos houve um perodo de pousio at 2000. Derrubada da capoeira, o preparo do solo feito com enxada, sem adubao suplementar, nem uso de defensivos para cultivo de culturas anuais at a implantao do sistema agroecolgico em 2004.rea vegetao natural: Encontra-se em pousio desde 1993.

11Jos Oclio do Nascimento (JOMV)Morrovermelho/

MassapS 32508W 4019363 anosrea consorciada: Derrubada da vegetao em 1985 para cultivo de milho e feijo, preparo do solo feito com arao, manejo at 1993. Pousio de 1993 a 2003. Incio da implantao do sistema agroecolgico em 2003.rea vegetao natural: Encontra-se em pousio desde 1994.

12Antonio Amorim (AOPS)P da serra/MassapS 32708W 4020363 anosrea consorciada: Derrubada da vegetao seguido de queima em 1980. Criao de gado de 1980 a 1989. Pousio de 1990 a 2004. 2004 incio do sistema agroecolgico.

rea vegetao natural: Encontra-se em pousio desde 1990.

13Raimundo Valentim de Souza (RVJ)Ju/TauS 62026W 40 21443 anosrea consorciada: Em 1982 derrubada da vegetao seguida de queima. Preparo do solo para o cultivo de milho, feijo e algodo, controle de pragas com inseticidas qumicos de 1982 a 1992. Culivo de algodo herbceo 1993 a 1999. De 1999 a 2002 gradagem com grade destorroadora para o cultivo de milho e feijo, controle qumico. Implantao do sistema agroecolgico 2004.rea vegetao natural:. Encontra-se em pousio desde 1982.

Tabela 3 - Continuao.

reaAgricultorLocalidade/

MunicpioCoordenadas geogrficasTempo de adoo da proposta agroeocolgica em anosBreve histrico de uso da rea de cultivo

14Antnia de Souza Castro (ASB)Barreiros/TauS 5 5158

W 40 17396 anosrea consorciada: Derrubada da vegetao seguido de queima em 1950. Cultivo de milho, feijo e algodo de 1950 a 1966. Plantio de morro a baixo, uso de fogo, preparo do solo com enxada. Pousio de 1966 a 1982. Derrubada e queima da vegetao em 1982 para o cultivo de milho, feijo, algodo e fava at 1985. Preparo do solo com cultivador. Pousio de 1985 a 2001. Incio da implantao do sistema agroecolgico em 2001.

rea vegetao natural: Derrubada da mata nativa em 1983, seguido de queima, sem destocamento, para o cultivo de milho, feijo e fava. Encontra-se em pousio desde 1985.

15Joo Siqueira (JST)Tapera/TauS 55647W 40244110 anosrea consorciada: Derrubada da vegetao seguido de queima em 1982. Cultivo de milho, feijo e algodo de 1982 a 1997. Incio da implantao do sistema agroecolgico em 1997.

rea vegetao natural: Derrubada da vegetao seguido de queima, sem destocamento, em 1982 para cultivo de milho, feijo e algodo. Encontra-se em pousio desde 1984.

16Jos Eduardo Sobrinho (JEB)Baixa/TauS 6 1826,4

W40 29579anosrea consorciada: Derrubada da vegetao seguida de queima em 1953. Plantio de algodo moc de 1954 a 1958. Pousio de 1959 a 1979. Derrubada da vegetao seguida de queima em 1979. Palma forrageira de 1980 a 1990. Pousio de 1990 a 1997. Implantao do sistema de consrcio agroecolgico em 1998.rea vegetao natural: Encontra-se em pousio desde 1997.

17Sebastio Carlos de Oliveira (SCRF)Riacho Fundo/TauS 5 5052

W 40 03263 anosrea consorciada: Derrubada da vegetao seguido de queima em 1971. Cultivo de milho, feijo, mamona de 1972 a 1997, com intervalos de 2 em 2 anos de pousio; preparo do solo sem uso de mquinas. Pousio de 1997 a 2003. Incio Sistema agroecolgico 2004 .

rea vegetao natural: Derrubada da vegetao seguido de queima em 1971. Cultivo de milho, feijo e mamona de 1972 a 1987. Intercalados por pousio a cada 2 anos. Encontra-se em pousio desde 1987.

18Manoel Gonalo Sobrinho (MGB)Bonifcio/TauS 61720W 40 18403 anosrea consorciada: Derrubada da vegetao seguido de queima em 1950. Cultivo de milho, feijo e algodo de 1980 a 1998. Plantio de morro a baixo, uso de fogo, preparo do solo com enxada. Pousio de 1998 a 2003. Incio Sistema agroecolgico 2004

rea vegetao natural: Encontra-se em pousio desde 1997.

19Joo Rodrigues dos Santos (JRPF)Tapera/TauS 55650W 40205010 anosrea consorciada: Derrubada da vegetao em 1985. Cultivo de milho, feijo, mamona, algodo e fava de 1985 a 1989, com pousios de 2 anos a cada 2 de cultivo. Pousio de 1989 a 2003. Incio da implantao do sistema agroecolgico em 2004.

rea vegetao natural: Derrubada da vegetao seguido de queima em 1977.Encontra-se em pousio desde 1982.