CARACTERIZAÇÃO HIDROLÓGICA DA BACIA DO RIO PIAUÍ

17
CARACTERIZAÇÃO HIDROLÓGICA DA BACIA DO RIO PIAUÍ Disley Prates dos Santos; Emanuelle Lima Pache de Faria; Lucas Santos da Costa; Tiago Santos da Silva RESUMO Uma bacia hidrográfica é usualmente definida como a área na qual ocorre a captação de água (drenagem) para um rio principal e seus afluentes devido às suas características geográficas e topográficas. Este trabalho teve por objetivo caracterizar a fisiografia da bacia hidrográfica do rio Piauí – SE, visto que esta caracterização é indispensável para um levantamento das áreas críticas do ponto de vista da manutenção da água, e também é condição básica para um planejamento bem sucedido da conservação e produção de água. ABSTRACT A watershed is commonly defined as the area in which there is uptake of water (drainage) to a main river and its tributaries due to its geographical and topographical. This study aimed to characterize the physiography of the river basin Piauí - SE, since this characterization is essential to survey the critical areas from the standpoint of maintaining water and is also a basic condition for successful planning of conservation and water production. 1- INTRODUÇÃO

Transcript of CARACTERIZAÇÃO HIDROLÓGICA DA BACIA DO RIO PIAUÍ

Page 1: CARACTERIZAÇÃO HIDROLÓGICA DA BACIA DO RIO PIAUÍ

CARACTERIZAÇÃO HIDROLÓGICA DA BACIA DO RIO PIAUÍ

Disley Prates dos Santos; Emanuelle Lima Pache de Faria; Lucas Santos da Costa;

Tiago Santos da Silva

RESUMO

Uma bacia hidrográfica é usualmente definida como a área na qual ocorre a

captação de água (drenagem) para um rio principal e seus afluentes devido às suas

características geográficas e topográficas. Este trabalho teve por objetivo caracterizar a

fisiografia da bacia hidrográfica do rio Piauí – SE, visto que esta caracterização é

indispensável para um levantamento das áreas críticas do ponto de vista da manutenção

da água, e também é condição básica para um planejamento bem sucedido da

conservação e produção de água.

ABSTRACT

A watershed is commonly defined as the area in which there is uptake of water

(drainage) to a main river and its tributaries due to its geographical and topographical.

This study aimed to characterize the physiography of the river basin Piauí - SE, since

this characterization is essential to survey the critical areas from the standpoint of

maintaining water and is also a basic condition for successful planning of conservation

and water production.

1- INTRODUÇÃO

A exploração inapropriada dos ecossistemas resulta na degradação dos recursos

naturais, principalmente do solo e dos recursos hídricos, diminuindo a qualidade de vida

da população, causando impactos sociais principalmente naqueles que dependem da

terra para sobreviver.

Uma Bacia Hidrográfica é o conjunto de terras que fazem a drenagem da água

das precipitações para esse curso de água. É uma área geográfica e, como tal, mede-se

em km². A formação da bacia hidrográfica dá-se através dos desníveis dos terrenos que

orientam os cursos da água, sempre das áreas mais altas para as mais baixas.

Page 2: CARACTERIZAÇÃO HIDROLÓGICA DA BACIA DO RIO PIAUÍ

A história do homem sempre esteve muito ligada às bacias hidrográficas: a bacia

do Rio Nilo foi o berço da civilização egípcia; os mesopotâmicos se abrigaram no valo

dos Rios Tigre e Eufrates; os hebreus, na bacia do Rio Jordão; os chineses se

desenvolveram as margens dos rios Yang – Tse e Huang Ho; os hindus, na planície dos

Rios Indo e Ganges. E isso, apenas para citar os maiores exemplos.

Os principais elementos componentes das bacias hidrográficas são os divisores

de água – cristas das elevações que separam a drenagem de uma e outra bacia, fundos

de vale – áreas adjacentes a rios ou córregos e que geralmente sofrem inundações, sub-

bacias – bacias menores, geralmente de alguma afluente do rio principal, nascentes –

local onde a água subterrânea brota para a superfície formando um corpo d’água, áreas

de descarga – locais onde a água escapa para a superfície do terreno.

A caracterização do meio físico de uma bacia hidrográfica, com o intuito de

levantar todas as áreas críticas do ponto de vista da manutenção da água, é condição

básica para um planejamento bem sucedido da conservação e produção de água (Pinto

et al., 2005).

Os principais componentes do ecossistema – solo, água, vegetação e fauna –

coexistem em permanente e dinâmica interação, respondendo às interferências naturais

e aquelas de natureza antrópicas. Nesses compartimentos naturais, os recursos hídricos

constituem indicadores das condições dos ecossistemas, no que se refere aos efeitos do

desequilíbrio das interações dos respectivos componentes (Souza, 2002).

No planejamento de uma bacia é indispensável o seu diagnóstico, obtido por

meio das caracterizações fisiográfica e socioeconômica, além da identificação das

Figura 1: Esquema de Bacia Hidrográfica

Page 3: CARACTERIZAÇÃO HIDROLÓGICA DA BACIA DO RIO PIAUÍ

práticas de uso atual e manejo dos solos. O tratamento dessas informações espaciais é

fundamental para o controle, organização e ocupação das unidades físicas do meio

ambiente (Silva et al., 1999).

O Estado de Sergipe, situado na Região Nordeste do Brasil, está parcialmente

incluído no chamado Polígono das Secas, caracterizado como uma região com extrema

irregularidade na distribuição das precipitações pluviais, o que gera restrições à

disponibilidade de água para os múltiplos usos (Silva, 2004). Neste cenário de escassez

hídrica se intensifica a procura pelos mananciais subterrâneos que, na maioria das vezes,

têm sua gestão dificultada pela ausência de informações sobre quantidade e qualidade

dos recursos explorados (Hirata et al., 2007).

Tal estado está dividido em seis bacias hidrográficas principais subdivididas em

sub-bacias, ilustradas na figura 2. Entretanto nesse estudo o foco estará voltado para a

caracterização fisiográfica da Bacia do Rio Piauí. O rio Piauí é um rio intermitente que

banha o estado de Sergipe e é considerado a segunda maior bacia hidrográfica do

estado.

2- CARACTERIZAÇÃO DA BACIA HIDROGRÁFICA DO RIO PIAUÍ

O sistema hidrográfico é bastante desenvolvido, sendo constituído pelo curso

d’água principal do rio Piauí, e por diversos afluentes de grande porte, destacando-se,

pela margem direita, os rios Arauá e Pagão, e, pela margem esquerda, os rios Jacaré,

Piauitinga e Fundo. A nascente do rio Piauí está localizada na serra dos Palmares no

município de Riachão do Dantas.

Figura 2: Bacias Hidrográficas de Sergipe

Page 4: CARACTERIZAÇÃO HIDROLÓGICA DA BACIA DO RIO PIAUÍ

O rio percorre quinze municípios e deságua no oceano Atlântico; fazem parte da

Bacia Hidrográfica do Rio Piauí três sub-bacias, a do rio Jacaré com 955km2; Arauá

com 673,6 Km2, Piauitinga com 407,3 Km2.

2.1- Localização

A bacia hidrográfica do rio Piauí está localizada na porção sul do estado, sendo

delimitada, aproximadamente, pelas coordenadas geográficas 10°45’ e 11°30’ de

latitude sul de 37°15’ e 38°00’ de longitude oeste.

A Bacia do Rio Piauí limita-se ao norte com a Bacia do rio

Vaza Barris; a oeste com o estado da Bahia e com a Bacia do rio Real; ao sul com a

Figura 3: Bacia Hidrográfica Piauí

Figura 2: Estuário do Rio Piauí e Real

Page 5: CARACTERIZAÇÃO HIDROLÓGICA DA BACIA DO RIO PIAUÍ

bacia do rio Real; e, a leste, com o Oceano Atlântico, entre os municípios de

Estância/SE e Jandaíra/BA.

2.2- Extensão

A bacia do rio Piauí possui uma área geográfica de 4.150

Km², equivalentes a 19% do território do estado de Sergipe, e abrange totalmente terras

de seis municípios: Salgado, Santa Luzia do Itanhy, Estância, Boquim, Pedrinhas e

Arauá e parcialmente nove municípios: Indiaroba, Itabaianinha, Itaporanga D’Ajuda,

Lagarto, Poço Verde, Riachão do Dantas, Simão Dias, Tobias Barreto e Umbaúba. A

Bacia do rio Piauí se caracteriza por uma forma aproximadamente retangular, com

extensão de cerca de 100 km, e largura variando entre 35 km, no trecho superior, até um

máximo de 50 Km na sua parte central.

2.3- Características Climáticas

O Regime fluvial da sua bacia reflete as variações de pluviosidade, possuindo no

alto e médio cursos canais, sobretudo, intermitentes. Seu curso inferior detém uma

umidade considerável em relação aos demais trechos, em decorrência da natureza

permeável das rochas e da existência de chuvas mais abundantes. As estiagens

registram-se, geralmente, nos meses de primavera e verão. Suas águas superficiais

contribuem com 80,54% para o abastecimento dos sistemas públicos da bacia,

destacando-se o rio Piauitinga.

O rio Piauí tem afluentes importantes, destacando-se pela margem direita, os rios

Arauá e Pagão, e pela Margem esquerda, os rios Jacaré, Piauitinga e Fundo. O rio Arauá

nasce no município de Itabaianinha, a 225 m de altitude, e desemboca no Piauí, no

município de Arauá. Em todo seu percurso drena uma área de clima úmido, com

período seco de um a três meses e precipitações médias anuais acima de 1000 mm. O

rio Fundo nasce no município de Itaporanga d’Ajuda e recebe alguns sub-afluentes mais

extensos como o Paripueira e o Muculanduba. Está inserido numa área onde ocorrem as

maiores precipitações do Estado detendo um clima úmido com período seco de apenas

um a dois meses (Souza, 1982).

A Bacia do Rio Piauí apresenta três climas predominantes: Litoral Úmido,

Agreste e Semiárido, este último apenas em sua porção noroeste, a qual se insere no

Polígono das Secas. A temperatura média anual se situa em torno dos 24,5 °C. A

precipitação média anual é de 1.200 mm, com bastante variação atingindo, próximo ao

Page 6: CARACTERIZAÇÃO HIDROLÓGICA DA BACIA DO RIO PIAUÍ

litoral, 2.000 mm e, na região do Polígono das Secas, menos de 800 mm. As

precipitações ocorrem no período de fevereiro a setembro, com variações dentro deste

período de acordo com a região da bacia, concentrando-se, na sua maioria, no intervalo

dos meses de março a julho (Sergipe, 2004).

2.4- Características da Vegetação

A cobertura vegetal, e em particular as florestas e as culturas da bacia

hidrográfica, vêm juntar a sua influência à de natureza geológica dos terrenos,

condicionando a maior ou menor rapidez do escoamento superficial. Existe grande

variabilidade de cobertura vegetal na bacia do rio Piauí, com campos limpos e sujos,

capoeira, caatinga, cerrado, higrófilas, vestígios de mata e mata.

2.5- Características do Solo e Composição Geológica

Em termos geológicos a Província Costeira e Margem Continental, definida por

Almeida et al.,1977, abrange geograficamente a área da Bacia Costeira do Rio Piauí. A

referida província inclui a Bacia Sedimentar de Sergipe (posicionada a leste do Estado,

com avanço sobre a Plataforma Continental), além das formações superficiais terciárias

e quaternárias continentais e os sedimentos quaternários da Plataforma Continental.

O substrato rochoso da Bacia Costeira do Rio Piauí que se encontra atualmente

constituído por gnaisse do Escudo Brasileiro, datado do Pré-cambriano, está superposto

por sedimentos das eras mesozóica (período cretáceo) e cenozóica (terciário e

quaternário) refletidos nos três grandes ciclos deposicionais que ocorreram na Bacia

Sedimentar de Sergipe, relacionados com as diversas fases de sua evolução tectônica:

continental, transicional e marinho. Duas unidades geomorfológicas dominam a área de

estudo: a Planície Costeira e os Tabuleiros Costeiros. A Planície Costeira é resultado da

complexa interação dos fatores climáticos, litológicos, tectônicos e da ação do oceano

sobre o continente. De amplo significado geomorfológico os Tabuleiros Costeiros,

modelados nos sedimentos do Grupo Barreiras, de idade plio-pleistocênica, são

atualmente superpostos ao embasamento cristalino e aos sedimentos mesozóicos da

bacia sedimentar de Sergipe configurando a predominância de rochas do tipo cristalino,

principalmente em sua porção centro-noroeste, associadas a formações calcárias em seu

extremo noroeste. Nesta região, o armazenamento das águas subterrâneas ocorre nas

fissuras, isoladamente ou intercomunicadas, caracterizando os aqüíferos dos tipos

fissural, fissural-cárstico e fissural muito fraturado. Na região centro-leste ocorrem

Page 7: CARACTERIZAÇÃO HIDROLÓGICA DA BACIA DO RIO PIAUÍ

domínios sedimentares, com predominância de aqüíferos do tipo granular (CPRM,

2007).

Em relação à cobertura vegetal existe uma grande influência na velocidade dos

escoamentos e na taxa de evaporação, desempenhando papel importante e eficaz na luta

contra a erosão dos solos.

2.6 - Sistemas Hidrográficos

O sistema hidrográfico da área em estudo é constituído pelo Rio Piauí (principal)

que nasce na serra dos Palmares, em Riachão do Dantas e, após descrever um curso de

150 km antes de desaguar no Atlântico, entre os municípios de Estância e Jandaíra (BA)

encontra-se com o rio Real, no estuário conhecido como Mangue Seco. Possui diversos

afluentes de grande porte, destacando-se, pela margem direita, os rios Arauá e Pagão, e,

pela margem esquerda, os rios Jacaré, Piauitinga e Fundo.

Os domínios hidrogeológicos existentes acham-se representados pelas formações

Superficiais Cenozóicas, Cristalino e Grupo Estância. As Formações Superficiais

Cenozóicas são constituídas por pacotes de rochas sedimentares que recobrem as rochas

mais antigas da Bacia Sedimentar, da Faixa de Dobramentos Sergipana e do

Embasamento Gnáissico, tem um comportamento de “aqüífero granular”, por possuir

uma porosidade primária. O Cristalino tem comportamento de Aqüífero fissural, cuja

ocorrência da água subterrânea justifica-se pela porosidade secundária representada por

fraturas e fendas, com reservatórios aleatórios, descontínuos e de pequena extensão. Já o

domínio Grupo Estância, envolve os sedimentos essencialmente arenosos e tem como

características fundamentais a presença de fraturamento, litificação acentuada e forte

compactação.

2.7 – Recursos Biológicos

Os recursos biológicos acham-se representados através dos manguezais

formados por poucas espécies lenhosas, encontradas em terrenos lamacentos e

pantanosos sob influência dos movimentos da maré (FRANCO,1981). Registra-se

mangue branco, mangue vermelho, mangue manso, mangue canoé e o mangue de botão,

com algumas espécies fazendo parte desse ambiente tais como: crustáceos (caranguejo,

siri) e aves (socó, papagaio de mangue e garça branca). Outras espécies predominam, a

exemplo das associações de praias e dunas que ocorrem ao longo da orla marítima sob

Page 8: CARACTERIZAÇÃO HIDROLÓGICA DA BACIA DO RIO PIAUÍ

influência dos ventos provenientes do mar; campos e matas de restinga; campos de

várzeas; Cerrados e matas de terra firme, que se constitui numa continuação de restinga.

2.8 - Importâncias Socioeconômicas

A bacia do rio Piauí destaca-se na produtividade de camarão cultivado,

ocupando o 4° lugar em termos de área produtiva de Sergipe. A maior parte desse

cultivo está localizada no município de Estância, seguido pelo município de Santa Luzia

do Itanhy.

As atividades de maior importância socioeconômica na bacia são: agricultura,

com a produção de laranja, limão, maracujá, mandioca, mamão, tangerina, milho, feijão

e coco; pecuária, destacando-se as criações de bovinos, ovinos, suínos, eqüinos e

galináceos; e mineração, com a exploração de argilas, areia, brita, cal, granito e águas

minerais (Sergipe, 2004).

2.9 - Potencial Hidrogeológico

As Figuras 4 e 5 apresentam as principais fontes naturais de oferta hídrica. A

primeira informa sobre a regionalização das precipitações e a segunda sobre potencial

hidrogeológico dos aqüíferos da bacia.

Figura 5: Tipos de aquíferos e sua distribuição espacial na bacia

Figura 4: Climatologia da Precipitação AnualFigura 5: Tipos de aquíferos e sua distribuição espacial na bacia

Page 9: CARACTERIZAÇÃO HIDROLÓGICA DA BACIA DO RIO PIAUÍ

A Bacia do Rio Piauí tem uma Descarga Média Anual de 22,92 m³/s, com uma

potencialidade anual de 722,8x106 m³.

2.8 - Ofertas e Demanda Hídrica

Em relação à disponibilidade hídrica da bacia, essa apresenta uma

disponibilidade hídrica subterrânea explorável de 140.000.000 m³/ano, e uma

disponibilidade hídrica superficial de 41.469.840 m³/ano, totalizando 181.469.840

m³/ano.

As disponibilidades de água subterrânea se tornam escassas a partir da parte

média e alta da bacia, onde a oferta de água é reduzida e muitas vezes inexistente.

Dentre as demandas hídricas da Bacia do Rio Piauí, as principais são o uso

humano, correspondendo a 23.459.377 m³/ano, o uso para dessedentação animal,

5.405.319 m³/ano, o uso industrial, 811.997 m³/ano, e o uso na irrigação,

correspondendo a 9.583.579 m³/ano. Assim, temos uma demanda total de 39.260.272

m³/ano.

2.9 - Atividades Impactantes

A bacia hidrográfica do rio Piauí, assim como a de outros rios, não escapa da

devastação causada pelo homem. Além dos problemas relacionados com os resíduos

industriais, existem outras atividades que causam danos, como: esgoto a céu aberto,

descarte de lixo, assoreamento de rios e riachos, pesca predatória, uso indiscriminado de

agrotóxicos e desmatamento.

2.10 - Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio Piauí

O órgão responsável por tal bacia foi instituído como CBH-Piauí e iniciou-se em

2004, com base na metodologia participativa aplicada em diversos momentos e em 2005

foi oficializado pelo Decreto do Governo do Estado de nº. 23.375 de 09 de setembro de

2005, publicado no Diário Oficial do Estado de nº. 24.855 pág. 1 e 2 em 12 de setembro

de 2005 e pela Resolução do CONERH/SE de nº. 05 de 27 de junho de 2007.

O Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio Piauí é composto por 48 membros entre

Titulares e Suplentes eleitos por seus pares dos Segmentos Poder Público, Sociedade

Civil e Usuários e encontra-se na segunda gestão – 2008-2010.

Page 10: CARACTERIZAÇÃO HIDROLÓGICA DA BACIA DO RIO PIAUÍ

3. CONCLUSÕES

São diversos os problemas de ordem ambiental predominantes na Bacia

Hidrográfica do rio Piauí e em seu trecho inferior, destacando-se a degradação da

qualidade dos mananciais agravada, principalmente, pela falta de um tratamento

adequado dos resíduos sólidos e efluentes domésticos, e bem assim pela contaminação

derivada de fontes diversas, tais como: indústrias, agrotóxicos, lavagem de roupa e

banho, matadouro, postos de gasolina, pocilga, cemitério, e casas de farinha, entre

outros (Bezerra et al., 2007).

A Bacia Costeira apresenta uma série de problemas ambientais capazes de

originar sérios conflitos, entendidos como situações onde aparecem os confrontos de

interesses representados por diferentes atores sociais, em relação à utilização dos

recursos ou até mesmo à gestão do meio ambiente. O reconhecimento dos conflitos e os

seus respectivos rebatimentos territoriais são elementos que representam as relações

socioambientais e que compõem o cenário geográfico da área de estudo, sendo neste

caso, de fundamental importância a identificação dos atores sociais envolvidos em

certos conflitos, para estabelecer critérios sustentáveis visando à gestão de uso e

ocupação do solo. Assim, as bases territoriais atreladas ao esforço de introdução de

instrumentos e tecnologias adaptadas às particularidades locais são caminhos viáveis e

bastante lógicos dados a realidade contraditória, injusta, problemática e heterogênea da

bacia.

Diante das demandas obtidas e das disponibilidades superficiais existentes da

bacia verifica-se um superávit hídrico. Esse valor de superávit é localizado no terço

inferior da bacia na foz do rio Piauí, sendo o volume superficial na parte média e

superior muito inferior, indicando que para o desenvolvimento da parte média e superior

pode ocorrer um déficit hídrico.

As disponibilidades de água subterrânea se tornam escassas a partir da parte

média e alta da bacia, onde a oferta de água é reduzida e muitas vezes inexistente.

A análise permitiu visualizar que regiões da bacia localizadas na porção centro-

litorânea apresentam águas subterrâneas de melhor qualidade em relação à maioria das

variáveis, refletindo a presença dominante do aqüífero granular. As maiores restrições

ao uso da água para atividades de agricultura, como a irrigação, se localizaram na

porção norte da bacia, de domínio cristalino e predominância de clima semiárido. Existe

Page 11: CARACTERIZAÇÃO HIDROLÓGICA DA BACIA DO RIO PIAUÍ

a tendência de aumento na concentração de sais das águas subterrâneas no sentido

centro-cabeceiras.

4. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

SOUZA, M.H. de. Análise morfométrica aplicada às bacias fluviais de Sergipe. Dissertação de Mestrado em Geografia, IGCE/UNESP, Rio Claro, 1982.

PINTO, L. V. A.; FERREIRA, E.; BOTELHO, S. A.; DAVIDE, A. C. Caracterização física da bacia hidrográfica do Ribeirão Santa Cruz, Lavras, MG e uso conflitante da terra em suas áreas de preservação permanente. Cerne, Lavras, v. 11, n. 1, p. 49-60, jan./mar. (2005).

SILVA, A. B.; BRITES, R. S.; SOUSA, A. R. Caracterização do meio físico da microbacia quatro bocas, em Angelim, PE, e sua quantificação por sistema de informação geográfica. Pesquisa agropecuária brasileira, Brasília, v.34, n.1, p.109-117, jan. (1999).

ALMEIDA, F. F. M. et al. Províncias estruturais brasileiras. SIMPÓSIO DE GEOLOGIA DO NORDESTE, 8, 1977, Campina Grande. Atas... Campina Grande: SBG, 1997. p. 363- 391).

ARAÚJO, H. M. (et. al) Hidrografia e Hidrogeologia: Qualidade e Disponibilidade de Água Para Abastecimento Humano na Bacia Costeira do Rio Piauí. VI Seminário Latino-Americano de Geografia Física, 2010.

SERGIPE. Secretaria de Estado do Planejamento e da Ciência e Tecnologia. Superintendência de Recursos Hídricos. Atlas digital sobre recursos hídricos. Aracaju: SEPLANTEC/SRH, 2004.

AMORIM, J. R. A., CRUZ, M. A. S., RESENDE1, R. S. Qualidade da água subterrânea para irrigação na bacia hidrográfica do Rio Piauí, em Sergipe. Revista Brasileira de Engenharia Agrícola e Ambiental, v.14, n.8, p.804–811. 2010

CPRM – Serviço Geológico do Brasil. Mapa de domínios e sub-domínios hidrogeológicos do Brasil. 2007.

Site Oficial do Comitê de Bacias Hidrográficas de Sergipe - Disponível em: <http://www.semarh.se.gov.br/comitesbacias> (acessado em: 08/11/2010).

INMET – Instituto Nacional de Meteorologia - Disponível em: < http://www.inmet.gov.br/ > (acessado em: 20/11/2010).

Infoescola-Disponível em<http://www.infoescola.com/hidrografia/bacia-hidrografica/> (acessado em 08/11/2010).

Blog Meio Ambiente em Foco. Disponível em: <http://www.espacoambiental.blogspot.com/2009/06/bacia-do-rio-piaui-sergipe.html> (acessado em 08/11/2010).

SILVA, V. DE P. R. On climate variability in Northeast of Brazil. Journal of Arid Environments, v.58, n.4, p.575-596, 2004.

Page 12: CARACTERIZAÇÃO HIDROLÓGICA DA BACIA DO RIO PIAUÍ

HIRATA, R.; SUHOGUSOFF, A.; FERNANDES, A. Groundwater resources in the State of São Paulo (Brazil): The application of indicators. Anais da Academia Brasileira de Ciências, v.79, n.1, p.141-152, 2007.

BOMFIM, L. F. C.; COSTA, I. V. G. DA; BENVENUTI, S. M. P. Projeto cadastro da infra-estrutura hídrica do Nordeste: Estado de Sergipe. Aracaju:CPRM,2002.

PORTO, M. F. A.; PORTO, R. L. L. Gestão de bacias hidrográficas. Revista Estudos Avançados, v.22, n.63, p.43-60, 2008.

FRANCO, E. Biogeografia do Estado de Sergipe. Aracaju, 1981.

BEZERRA, G. S.; ARAÚJO, H. M.; SANTOS, P. R. M. C.; Diagnóstico do meio físico como instrumento para preservação dos recursos naturais na bacia costeira do rio Piauí/Se, 2007.