CARACTERIZAÇÃO, ISOLAMENTO E ESTABILIDADE DE … · Nutrición, Havana, Cuba, 2012. ... em...

87
Universidade Federal do Rio de Janeiro Fabricio de Oliveira Silva CARACTERIZAÇÃO, ISOLAMENTO E ESTABILIDADE DE COMPOSTOS BIOATIVOS DA TORTA DE SOJA RIO DE JANEIRO 2014

Transcript of CARACTERIZAÇÃO, ISOLAMENTO E ESTABILIDADE DE … · Nutrición, Havana, Cuba, 2012. ... em...

Universidade Federal do Rio de Janeiro

Fabricio de Oliveira Silva

CARACTERIZAÇÃO, ISOLAMENTO E ESTABILIDADE DE

COMPOSTOS BIOATIVOS DA TORTA DE SOJA

RIO DE JANEIRO

2014

Fabricio de Oliveira Silva

CARACTERIZAÇÃO, ISOLAMENTO E ESTABILIDADE DE COMPOSTOS BIOATIVOS DA TORTA DE SOJA

Dissertação de Mestrado apresentada ao Programa de

Pós-graduação em Ciência de Alimentos, Instituto de

Química, Universidade Federal do Rio de Janeiro, como

requisito parcial à obtenção do título de Mestre em

Ciência de Alimentos.

Orientador: Prof. Dr. Daniel Perrone

Rio de Janeiro 2014

Silva, Fabricio de Oliveira.

Caracterização, isolamento e estabilidade de compostos bioativos da torta de

soja / Fabricio de Oliveira Silva. -- Rio de Janeiro: UFRJ/IQ, 2014.

Orientador: Daniel Perrone.

Dissertação (mestrado) – Universidade Federal do Rio de Janeiro, Instituto de

Química, Programa de Pós-graduação em Ciência de Alimentos, Rio de Janeiro, 2014.

Referências Bibliográficas: f. 77- 86.

1. Soja. 2. Torta de soja. 3. Isoflavonas. 4. Saponinas. 5. Estabilidade. 6.

Cromatografia semi-preparativa. I. Perrone, Daniel. (orient.). III. Universidade

Federal do Rio de Janeiro, Instituto de Química, Programa de Pós-graduação em Ciência de Alimentos. IV. Caracterização, isolamento e estabilidade de compostos

bioativos da torta de soja.

Fabricio de Oliveira Silva

CARACTERIZAÇÃO, ISOLAMENTO E ESTABILIDADE DE

COMPOSTOS BIOATIVOS DA TORTA DE SOJA.

Prof. Dr. Daniel Perrone

Dissertação de Mestrado apresentada ao Programa de Pós-

graduação em Ciência de Alimentos, Instituto de Química,

Universidade Federal do Rio de Janeiro, como requisito parcial à

obtenção do título de Mestre em Ciência de Alimentos.

Aprovada por:

DEDICATÓRIA

Aos meus pais, pelo infinito amor

e dedicação para que eu recebesse uma

educação de qualidade e chegasse até

aqui.

AGRADECIMENTOS

Primeiramente a Deus, que com seu infinito amor, poder e graça me sustentou e

conduziu até aqui. Obrigado por todas as bênçãos e vitórias recebidas.

À minha mãe, que com sua força, garra e determinação trabalhou muito para que eu

chegasse até aqui. Obrigado pela educação concedida, pelo esforço, amor, apoio e por aturar

meus momentos de estresse. Você é meu maior exemplo.

Ao meu pai e irmão pelo apoio e amor.

Ao meu orientador acadêmico, professor Daniel Perrone, pela oportunidade concedida

e confiança depositada em mim para realização desta pesquisa. Muito obrigado pela

dedicação, paciência, ensino e tempo dedicados a mim, com certeza você contribuiu muito

para a minha formação.

Ao professor Alexandre Guedes Torres pelos conselhos científicos e orientação nas

rotinas de análise e atividades do laboratório.

Às queridas Fabiana Ramos e Suellen Gomes, por me auxiliarem no início da minha

pesquisa me ensinando boa parte das análises que realizei e a rotina do laboratório. Obrigado

meninas pelo apoio e companheirismo.

À “companheira de soja” Nívea Dias pela amizade e auxílio científico.

Às amigas de laboratório Andressa Alves, Ellen Lacerda, Michele e Vanessa Rezende.

Obrigado por tornarem o trabalho “menos pesado”.

À toda equipe do LBNA, pelo suporte e por tornar o convívio no ambiente de trabalho

muito agradável.

À Patrícia pelo suporte técnico no laboratório.

Aos amigos Osmar, Elaine, Wagner, Gustavo e Patrícia que sempre me apoiaram e

compreenderam minhas prioridades.

A todos os meus familiares e amigos que contribuíram com sua torcida e orações para

a realização deste grande sonho na minha vida.

RESUMO

Silva, Fabricio de Oliveira. CARACTERIZAÇÃO, ISOLAMENTO E ESTABILIDADE DE

COMPOSTOS BIOATIVOS DA TORTA DE SOJA. Rio de Janeiro, 2014. Dissertação

(Mestrado em Ciência de Alimentos). Instituto de Química, Universidade Federal do Rio de

Janeiro.

A torta de soja é um co-produto proteico da indústria do óleo de soja. Além de teores elevados

de proteína, possui também componentes bioativos, como as isoflavonas e as saponinas de

soja. O objetivo deste estudo foi caracterizar, isolar e avaliar a estabilidade de compostos

bioativos da torta de soja. Amostras de soja, torta de soja da indústria e torta de soja

experimental foram utilizadas. Com relação aos compostos bioativos e atividade antioxidante,

os valores encontrados para as amostras de torta de soja foram, respectivamente, de 29 a

101% e 52% maiores do que os encontrados para os grãos de soja. Além disso o teor de

proteínas foi 43% maior que o da soja. As amostras de torta de soja apresentaram em média

1,71 mg de isoflavonas totais e 3,57 mg de saponinas de soja por g. O processamento térmico

na presença de umidade empregado durante a obtenção da torta de soja experimental levou a

um aumento de 13 vezes no teor de agliconas. Além do maior rendimento de extração (29

vezes) em relação a extração com etanol, os compostos bioativos mostraram maior

estabilidade nos extratos obtidos utilizando-se a mistura ternária de solventes

independentemente da amostra ou condição de armazenamento (freezer, temperatura

ambiente ao abrigo da luz, temperatura ambiente exposto a luz).. Foi possível o isolamento

por cromatografia líquida semi-preparativa das isoflavonas daidzina, glicitina, genistina,

malonil genistina, acetil daidzina, malonil daidzina, daidzeína e genisteína com grau de

pureza acima de 65%. As saponinas de soja B-I e B-II foram isoladas com grau de pureza

acima de 90%. O isolamento destes compostos a partir da torta pode ser uma estratégia para a

obtenção de padrões analíticos e compostos isolados para futuros estudos de bioatividade.

Palavras-chave: soja, torta de soja, isoflavonas, saponinas, estabilidade, cromatografia semi-

preparativa.

ABSTRACT

Silva, Fabricio de Oliveira. CHARACTERIZATION, ISOLATION AND STABILITY OF

BIOACTIVE COMPOUNDS FROM SOYBEAN CAKE. Rio de Janeiro, 2014. Dissertação

(Mestrado em Ciência de Alimentos). Instituto de Química, Universidade Federal do Rio de

Janeiro.

Soybean cake is a by-product of soybean oil industry. In addition to the high level of protein,

soybean cake is also a source of bioactive compounds, such as isoflavones and soyasaponins.

The aim of this study was to characterize, isolate and to investigate the bioactive compounds

stability of soybean cake. Soybeans, soybean cakes from industry and experimental soybean

cake were used in the study. Soybean cake samples presented higher protein (43%) and

bioactive compounds contents (29% to 101%) and antioxidant capacity (52%) than soybeans.

Soybean cake samples showed 1,71 mg of total isoflavones and 3,57 mg of soyasaponins, on

average, per g. High moisture thermal procedure employed during soybean cake processing

led to a 13-fold increase in aglycone isoflavones contents. In addition to a 29-fold higher

extraction yield, bioactive compounds showed higher stability in ternary solvent mixture

extracts in comparison to ethanol, independently of the sample or storage conditions (freezer,

room temperature protected and unprotected from light). Soybean cake is a good source of

protein and bioactive compounds and could be used in the functional foods industry.

Isoflavones and soyasaponins showed stability during the 180 days of storage in the extracts

obtained with the ternary solvent mixture. The isoflavones daidzin, glycitin, genistein,

malonyl genistein, acetyl daidzin, malonyl daidzin, daidzeína, glycitein and genistein were

isolated at the semipreparative HPLC system with purity greater than 65%. Soyasaponins B-I

and B-II were isolated with purity greater than 90%. the isolation of isoflavones and

soyasaponins from soybean cake by semipreparative HPLC is an alternative strategy to obtain

isolated compounds for use as analytical standards as well as for further bioactivity studies.

Keywords: soybean, soybean cake, isoflavones, saponins, stability, semipreparative HPLC.

PUBLICAÇÕES

Artigo submetido a periódico

1. Silva, F.O.; Perrone, D. Characterization and stability of bioactive compounds from

soybean cake. Food Chemistry. 2014.

Resumos publicados e submetidos em anais de congressos:

1. Ramos, F; Silva, F.; Calado, V.M.A.; Torres, A.; Perrone, D. Antioxidant capacity

and differential extraction of phenolic compounds, flavonoids and saponins from soy

using mixture and factorial experimental designs. XVI Congreso Latinoamericano de

Nutrición, Havana, Cuba, 2012.

2. Silva, F.; Perrone, D. Soybean cake as a potential source of bioactive compounds. VI

International Conference on Polyphenols and Health (ICPH), Buenos Aires,

Argentina, 2013.

3. Torres, A.G.; Silva, F.; França, C.C.; Monteiro, M.C.; Perrone, D. Soybean cake as a

source of stable bioactive compounds. Experimental Biology 2014, San Diego,

California, 2014.

4. Silva, F.O.; Perrone, D. Isolation of isoflavones and soyasaponins from soybean cake

by semipreparative high performance liquid chromatography. 17th IUFoST World

Congress of Food Science and Technology, Montreal, Canadá, 2014.

LISTA DE FIGURAS

Capítulo 1

Figura 1. Grão de soja e seus componentes e vagem da soja ...................................... 18

Figura 2. Estrutura química geral das principais classes de flavonoides .................... 25

Figura 3. Estrutura química das isoflavonas da soja ................................................... 27

Figura 4. Estrutura química dos precursores de terpenos ............................................ 29

Figura 5. Principais classes de terpenos presentes nos alimentos, alguns exemplos e

estruturas ..................................................................................................................... 30

Figura 6. Estrutura química das saponinas de soja ...................................................... 32

Figura 7. Esquema representativo das principais etapas para o estudo de fitoquímicos

em alimentos ............................................................................................................... 35

Figura 8. Semelhança estrutural entre o estradiol (estrogênio) e o equol, um metabólito

das isoflavonas no organismo humano ........................................................................ 40

Figura 9. Fluxograma de processamento dos grãos de soja para a obtenção do óleo de

soja ............................................................................................................................. . 43

Capítulo 2

Figura 1. Proximate composition (A), contents of total phenolics (TP), flavonoids (TF)

and saponins (TS) (B), and antioxidant capacity (C) in soybean and soybean cake

experimental and industrial samples ………………………………………………... 54

Figura 2. Isoflavones profile from soybean and soybean cake samples experimental

and industrial samples ………………………………………………………………. 59

Figura 3. Stability of bioactive compounds and antioxidant capacity (FRAP and

TEAC) in dry soybean cake (experimental and industrial) extracts (obtained with

ethanol or ternary solvent mixture) during storage at -20 oC (freezer) and room

temperature (protected and unprotected from light) for 180 days ………………….. 63

Figura 4. Stability of isoflavones and soyasaponins in dry soybean cake (experimental

and industrial) extracts (obtained with ethanol or ternary solvent mixture) during

storage at -20 oC (freezer) and room temperature (protected and unprotected from

light) for 180 days …………………………………………………………………... 65

Capítulo 3

Figura 1. Cromatograma (UV 254 nm) representativo das isoflavonas isoladas a partir

do extrato da torta de soja da indústria ........................................................................ 72

Figura 2. Cromatograma (250 nm) das frações isoladas no sistema semipreparativo 73

Figura 3. Cromatograma (UV 195nm) representativo das saponinas de soja isoladas a

partir do extrato da torta de soja da indústria .............................................................. 75

LISTA DE TABELAS

Capítulo 1

Tabela 1. Composição centesimal aproximada do grão de soja .................................. 18

Tabela 2. Composição em vitaminas e minerais por 100 g do grão de soja ............... 21

Tabela 3. Classes de flavonoides e sua distribuição no reino vegetal ......................... 26

Tabela 4. Exemplo de alguns solventes e os principais compostos extraídos por eles 34

Tabela 5. Principais componentes da soja e seus efeitos na saúde humana ................ 39

Tabela 6. Principais ingredientes proteicos obtidos a partir da torta de soja e seu uso na

indústria alimentícia .................................................................................................... 44

Capítulo 2

Tabela 1. Isoflavones and soyasaponins contents (mg/g DW) in soybean and soybean

cake experimental and industrial samples …………………………………………... 57

Tabela 2. Contents of bioactive compounds and antioxidant capacity at t = 0 and t =

180 days in dry soybean cake (experimental and industrial) extracts (obtained with

ethanol or ternary solvent mixture) during storage at -20 oC (freezer) and room

temperature (protected and unprotected from light) ………………………………... 64

Capítulo 3

Tabela 1. Gradiente de eluição do sistema de CLAE semi-preparativa ...................... 70

Tabela 2. Massa e grau de pureza de isoflavonas e saponinas de soja isoladas por

CLAE semi-preparativa ............................................................................................... 74

LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS

AAPH 2,2‟-azobis-(2-methylpropionamidine) dihydrochloride

ABTS 2,2‟-Azino-bis(3-ethylbenzo-thiazoline-6-sulfonic acid)diammonium salt

ANOVA Análise de Variância

ANVISA Agência Nacional de Vigilância Sanitária

AOAC Association of Official Analytical Chemists

CLAE Cromatografia líquida de alta eficiência

CLAE-DAD Cromatografia líquida de alta eficiência acoplada a detector de arranjo de

diodos

CONAB Companhia Nacional de Abastecimento

DAD Detector de arranjo de diodos

DDMP 2,4-dihidro-2,5-dihidróxi-6-metil-4-pirona

DW Dry weight basis

EM Espectrômetro de Massas

EMBRAPA Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária

FDA Food and drug administration

FRAP Ferric Reducing Antioxidant Power

GAE Gallic acid equivalents

GE Genistein equivalents

HDL Lipoproteína de alta densidade

HPLC High Performance Liquid Chromatography

HPLC High performance liquid chromatography

LC-DAD-MS Liquid chromatography coupled to diode array detector and mass

spectrometer

LDL Lipoproteína de baixa densidade

ND Not detected

ORAC Oxygen Radical Absorbance Capacity

PPAR Peroxisome proliferator-activated receptor

SIM Single ion monitoring

TEAC Trolox Equivalent Antioxidant Capacity

TF Total flavonoids

TP Total phenolics

TPTZ 2,4,6-tripyridyl-S-triazine

TROLOX 6-hydroxy-2,5,7,8-tetramethylchroman-2-carboxylic acid

TS Total saponins

UV Ultravioleta

Vis Visível

SUMÁRIO

Capítulo 1 ............................................................................................................................. ... 15

1. A soja ..................................................................................................................... 16

1.1. Características agronômicas ......................................................................... 16

1.2. Composição nutricional ................................................................................. 17

2. Fitoquímicos e bioatividade da soja ...................................................................... 20

2.1. Fitoquímicos ................................................................................................... 21

2.1.1. Compostos fenólicos: isoflavonas ....................................................... 22

2.1.2. Saponinas ............................................................................................ 27

2.2. Extração e análise de isoflavonas e saponinas .............................................. 31

2.3. Bioatividade da soja ....................................................................................... 36

3. Processamento e consumo da soja ........................................................................ 41

Objetivo geral .......................................................................................................................... 44

Capítulo 2 ................................................................................................................................ 46

1. Introduction ........................................................................................................... 47

2. Materials and methods .......................................................................................... 48

2.1. Standards and chemicals ................................................................................ 48

2.2. Samples ........................................................................................................... 48

2.3. Proximate composition ................................................................................... 49

2.4. Bioactive compounds analysis ....................................................................... 49

2.4.1. Phenolic compounds ………………………………………………… 49

2.4.2. Flavonoids …………………………………………………………... 49

2.4.3. Saponins ……………………………………………………………... 50

2.4.4. Isoflavones and soyasaponins …………………….…………………. 50

2.5. Antioxidant capacity ………………………………………………………... 51

2.6. Stability of bioactive compounds from soybean cake extracts ……………... 52

2.7. Statistical analysis ………………………………………………………….. 52

3. Results and discussion …………………………………………………………... 52

3.1. Proximate composition ……………………………………………………... 52

3.2. Total phenolics, flavonoids, saponins and antioxidant activity ………...….. 53

3.3. Isoflavones and soyasaponins by LC-DAD-MS ……………………………. 56

3.4. Bioactive compounds stability ………………………...……………………. 59

4. Conclusion ………………………………………………………………………. 65

Capítulo 3 …………………………………………………………………………………… 66

1. Introdução ……………………………………………………………………….. 67

2. Objetivos específicos .…………………………………………………………… 68

3. Material e métodos ……………………………………………………………… 68

3.1. Amostra …………………………………………………………………….. 68

3.2. Sistema de CLAE semi-preparativa …………..……………………………. 68

3.3. Coletor de frações ………………………………………………………….. 69

3.4. Identificação das frações coletadas ………………………………………... 70

3.5. Grau de pureza ……………………………………………………………... 70

4. Resultados e discussão ………………………………………………………….. 70

5. Conclusão ……………………………………………………………………….. 75

Referências bibliográficas ……………………………………...…………………………… 76

16

Capítulo 1

Revisão Bibliográfica

17

1. A soja

A soja (Glycine Max. (L) Merrill) é um produto agrícola de grande interesse mundial

graças à sua versatilidade de aplicação na alimentação humana e animal e seu valor

econômico nos mercados nacional e internacional. O Brasil é um dos maiores produtores

mundiais de soja, sendo a leguminosa cultivada em várias regiões do país (Silva et al., 2006).

Estima-se que a safra produzida no Brasil no ano de 2013 seja de 81 milhões de toneladas,

segundo dados divulgados pela Companhia Nacional de Abastecimento (CONAB, 2013).

Evidências históricas e geográficas indicam que a soja tenha se originado no norte da

China, onde seu cultivo ocorre há mais de 5 milênios (Liu, 2004). Durante a primeira metade

do século 20, a China foi a maior produtora de soja mundial. Na década de 50 o cultivo

aumentou rapidamente nos Estados Unidos, e desde então o país vem sendo o maior produtor

do grão (Qiu & Chang, 2010).

No Brasil, a introdução da soja ocorreu no estado da Bahia em 1822. Em 1941 a

primeira indústria processadora de soja instalou-se no País, no estado do Rio Grande do Sul.

Entretanto, somente a partir da década de 70 a produção começou a tornar-se expressiva. Em

1987 foi criado o programa EMBRAPA Soja, objetivando a pesquisa e desenvolvimento de

novos cultivares adaptados a diferentes regiões climáticas do país com características mais

favoráveis para a indústria processadora de alimentos. Com o aumento das áreas de plantio o

Brasil tornou-se o segundo maior produtor de soja no mundo (Martino et al., 2011; Qiu &

Chang, 2010).

1.1.Características agronômicas

A soja pertence à família botânica Febaceae (também conhecida como Leguminosae

ou leguminosas), sub-família Papilionoideae e gênero Glycine. A planta cresce anualmente e

pode atingir até 1,5 m de altura dependendo do cultivar e das condições de plantio (Figallo,

2003; Palomo et al., 2011). Sua habilidade de fixação de nitrogênio, adaptação a diversos

tipos de clima e solo e elevado conteúdo protéico quando comparada a outros grãos são

algumas das características que favorecem seu plantio (Liu, 2004).

Os grãos de soja crescem em vagens, que medem cerca de 5 cm e comportam de 2 a 3

grãos. Estes são de formato esférico, pesam entre 100 e 300 mg cada e seu tamanho pode

variar de 4 a 8 mm. Os grãos são compostos aproximadamente de 8% de casca, 90% de

18

cotilédones e 2% de hipocótilos (Figura 1). A cor varia, podendo ser amarelos, verdes,

marrons ou pretos. A variedade mais cultivada mundialmente é a amarela (Snyder, 1993;

Figallo, 2003; Sugano, 2006).

Figura 1. Grão de soja e seus componentes (a) e vagem da soja (b)

1.2.Composição Nutricional

O grão de soja contém aproximadamente 20% de lipídios, 40% de proteínas, 35% de

carboidratos (dos quais 17% são fibras dietéticas) e 5% de cinzas em base seca. Esse conteúdo

pode variar dependendo do cultivar e das condições de plantio. Além disso, a soja também

contém diversas vitaminas em sua composição (Snyder, 1993; Sugano, 2005; Dixit et al.,

2011). A Tabela 1 apresenta a composição centesimal aproximada do grão de soja integral.

Tabela 1. Composição centesimal aproximada do grão de soja.

Componente Teor (g/100g)

Umidade 9,7

Proteínas 40,5

Lipídios 22,1

Carboidratos totais 22,1

Fibra dietética total 21,7

Cinzas 5,6

Fonte: Tabela Brasileira de Composição de Alimentos (USP)

(b)

19

1.2.1. Proteínas

As proteínas da soja são separadas por ultracentrifugação e caracterizadas como

frações 2s, 7s, 11s e 15s (sendo s constante de sedimentação). As globulinas glicinina (11s) e

β-conglicinina (7s) representam 90% das proteínas presentes na soja. Essas proteínas contem

quase todos os aminoácidos essenciais para a nutrição humana, tendo como aminoácido

limitante a metionina. Apesar disto, a soja é uma excelente fonte proteica vegetal alternativa à

fonte animal (Dixit et al., 2011).

Além da β-conglicinina, a fração 7s também é constituída por hemaglutininas (ou

lectinas) e lipoxigenases. As hemaglutininas são glicoproteínas termolábeis que causam

aglutinação de glóbulos vermelhos e podem ser tóxicas. As lipoxigenases atuam na formação

de hidroperóxidos a partir de ácidos graxos como o linoléico e o linolênico (Snyder, 1993).

A soja também contém inibidores de tripsina, como o de Bowman-Birk e de Kunitz,

que constituem a fração 2s das proteínas. O primeiro inibe tanto a tripsina como a

quimiotripsina e o último inibe principalmente a tripsina. Esses componentes são

relativamente termolábeis e por isso é recomendável a cocção da soja antes de seu consumo

(Anderson & Wolf, 1995).

1.2.2. Lipídios

Os triacilgliceróis compreendem cerca de 96% da fração lipídica da soja. Outros

componentes são os fosfolipídios, matéria insaponificável (tocoferóis e fitoesteróis) e os

ácidos graxos livres. O ácido graxo predominante no grão é o linoleico (18:2 n-6), que

corresponde a aproximadamente 54% dos ácidos graxos da soja. O conteúdo de ácido

linolênico (18:3 n-3) varia de 4 a 8% e teores consideráveis de ácido oleico (18:1 n-9) (22-

25%) também estão presentes no grão. Dos ácidos graxos saturados, os majoritários são o

palmítico (16:0) (11%) e o esteárico (18:0) (4%) (Barbalho & Farinazzi-Machado, 2011).

A fração composta por fosfolipídios geralmente é designada pelo termo lecitina. A

lecitina de soja é amplamente utilizada na indústria alimentícia por conta de suas propriedades

funcionais como emulsificante, coloidal e antioxidante. Estudos sugerem que a lecitina

também pode exercer efeitos fisiológicos benéficos na saúde humana e animal (Mateos-

Aparicio et al., 2008).

20

1.2.3. Carboidratos

A maioria dos carboidratos presentes na soja são polissacarídeos não amiláceos e

oligossacarídeos. Dentre os oligossacarídeos, os principais componentes são a rafinose (1,1%)

e a estaquiose (4%). A enzima que hidrolisa estes carboidratos (α-galactosidase) não está

presente no trato digestório humano, portanto eles permanecem intactos durante a digestão.

As bactérias colônicas são capazes de fermentar esses oligossacarídeos, ocasionando a

produção de gases e a formação de ácidos graxos de cadeia curta, que possuem atividade

probiótica e estão associados com benefícios à saúde. Além destes, cerca de 5% dos

carboidratos da soja constituem de sacarose (Espinosa-Martos & Rupérez, 2006; Sugano,

2005).

Dos polissacarídeos, os principais componentes são as fibras dietéticas A fibra

dietética consiste nos componentes da planta resistentes à digestão pelos humanos. A soja

contém aproximadamente 17% de fibra dietética total em base seca. A fibra é mais prevalente

na casca do que nos cotilédones, sendo a fibra insolúvel o principal componente (Sugano,

2005; Snyder, 1993). A fração insolúvel é constituída principalmente por polissacarídeos da

parede celular como a celulose (20%), hemicelulose (50%) e substâncias pécticas (30%). O

grão também possui cerca de 1% de amido (Figallo, 2003; Martino et al., 2011).

1.2.4. Vitaminas e minerais

A soja contém tanto vitaminas hidrossolúveis como lipossolúveis (Tabela 2). As

vitaminas hidrossolúveis presentes no grão são principalmente tiamina, riboflavina, niacina,

ácido pantotênico e ácido fólico. Quantidades significativas de ácido ascórbico são

encontradas apenas no grão imaturo e nas sementes germinadas. Durante o processamento da

soja, especialmente naqueles que envolvem a utilização de água, ocorrem perdas

significativas destas vitaminas (Barbalho & Farinazzi-Machado, 2011).

21

Tabela 2. Composição em vitaminas e minerais por 100 g do grão de soja

Vitaminas Minerais (mg)

Vitamina C (mg) 6 Cálcio 277

Tiamina (mg) 0,874 Ferro 15,7

Riboflavina (mg) 0,870 Magnésio 280

Niacina (mg) 1,623 Fósforo 704

Vitamina B6 (mg) 0,377 Potássio 1797

Ácido Fólico (µg) 375 Sódio 2

Vitamina B12 (µg) 0 Zinco 4,89

Vitamina A (µg) 1 Manganês 1,90

Vitamina E (mg) 0,85

Vitamina D (µg) 0

Vitamina K (µg) 47

Fonte: National Nutrient Database for Standard Reference (USDA)

A fração lipossolúvel é composta principalmente pelas vitaminas A (na forma de

carotenóides) e E, porém, como ocorre com a vitamina C, quantidades significativas de

vitamina A somente estão presentes nos grãos imaturos ou sementes germinadas (Liu, 2004).

Com relação aos minerais, os principais encontrados na soja são ferro, zinco,

manganês, magnésio, potássio, cálcio e selênio (Tabela 2) (Barbalho & Farinazzi-Machado,

2011).

2. Fitoquímicos e bioatividade da soja

A soja e seus produtos derivados vêm sendo consumidos nos países asiáticos por

séculos. Estudos epidemiológicos indicam que a baixa incidência de diversas doenças

crônicas nestes países, incluindo as doenças cardiovasculares e certos tipos de câncer, pode

estar ligada, em parte, ao consumo regular da soja e seus derivados em grandes quantidades.

Esta ingestão, porém, deve ser aliada a hábitos de vida saudáveis, como a prática regular de

atividade física (Anderson et al., 1995; Boyapati et al., 2005; Toyomura & Kono, 2002; Zhou,

2004).

22

Uma meta-análise publicada por Anderson et al. em 1995 revisou 38 estudos clínicos

que avaliaram os efeitos da ingestão da proteína de soja na redução do colesterol plasmático.

O estudo concluiu que a ingestão da proteína de soja auxiliou na redução do colesterol total,

LDL e triglicerídeos sem afetar a fração HDL do colesterol. Os resultados positivos

despertaram o interesse da comunidade científica a respeito do efeito hipolipidêmico da

proteína de soja (Kang et al., 2010; Ugarte, 2006).

Quatro anos depois, em 1999, uma alegação de saúde para produtos contendo soja

como protetores contra a doença coronariana foi aprovada pela agência reguladora de

medicamentos e alimentos dos EUA (FDA, Food and Drug Administration). Essa decisão foi

baseada em estudos clínicos que levaram a conclusão que a ingestão de pelo menos 25 g de

proteína de soja por dia seria capaz de reduzir a fração total e LDL do colesterol plasmático.

Para isso, cada porção do produto deveria conter pelo menos 6,25 g de proteína e o consumo

mínimo deveria ser de 4 porções ao dia (Sacks et al., 2006). No Brasil, a Agência Nacional de

Vigilância Sanitária (ANVISA) também autoriza o uso desta alegação.

Os efeitos benéficos da ingestão da soja podem estar relacionados não somente à sua

rica composição nutricional, mas também à presença de componentes bioativos no grão, os

chamados fitoquímicos. Esse fato tornou a soja um dos alimentos mais utilizados em

pesquisas científicas nos últimos anos. Diversos estudos envolvendo a identificação e efeitos

de componentes bioativos da soja vêm sendo realizados (Kang et al., 2010).

2.1.Fitoquímicos

Os fitoquímicos, também chamados compostos bioativos, são componentes do

metabolismo secundário das plantas com grande importância em sua sobrevivência e

funcionamento apropriado. São responsáveis pela proteção contra herbívoros, micro-

organismos e competidores, além de proteção contra danos causados por raios UV. Também

regulam o crescimento, controlam a polinização e a fertilização da planta. Produzem diversos

efeitos em outros organismos, podendo estes serem benéficos ou deletérios. Esse fato vem

aumentando o interesse na descoberta de novos compostos e a pesquisa dos efeitos e modo de

ação destes na saúde humana (Molyneux et al., 2007; Edriss et al., 2012).

De forma geral, estes compostos podem ser divididos em três grupos principais:

terpenos (como os carotenoides, as saponinas e os esteróis), compostos fenólicos (como os

23

ácidos fenólicos e os flavonoides), compostos nitrogenados (como os alcaloides e os

glucosinolatos) e compostos sulfurados. A complexa mistura destes grupos de compostos

funcionais nos alimentos é considerada como a principal responsável pelos efeitos benéficos

provenientes do consumo de alimentos de origem vegetal (Agostini-Costa et al., 2012).

O órgão, célula ou estádio de desenvolvimento da planta no qual ocorre a biossíntese

de fitoquímicos é, na maioria dos casos, específico em cada espécie. Esse processo é

altamente regulado, podendo sofrer modulação de fatores ambientais e sazonais. O local de

síntese celular é compartimentalizado e a maioria das vias são parcialmente ativas no

citoplasma. Em certos casos, como os alcaloides e alguns terpenos, evidências sugerem que a

síntese ocorra no cloroplasto. Além disso, a síntese de compostos lipofílicos bem como as

modificações pós-síntese usualmente é associada ao retículo endoplasmático (Wink, 2010).

Os fitoquímicos podem ser encontrados por toda a planta, porém seu sítio inicial de

síntese é específico a um único órgão (como as raízes, folhas ou frutos). Posteriormente eles

podem ser transportados para outros locais e armazenados nos tecidos. O local de

armazenamento dependerá da polaridade destes compostos, sendo os hidrossolúveis

armazenados nos vacúolos e idioblastos e os lipossolúveis nos tricomas, pêlos glandulares,

tilacóides ou na cutícula (Acamovic & Brooker, 2005).

A soja possui uma enorme gama destes componentes. Dentre as principais classes

podemos citar os compostos fenólicos, em especial as isoflavonas, e os terpenos, sendo as

saponinas o principal representante na soja e seus derivados.

2.1.1. Compostos fenólicos e isoflavonas

Os compostos fenólicos estão amplamente distribuídos pelas plantas e são

caracterizados por conterem pelo menos um anel aromático com um ou mais grupos

hidroxilas em sua estrutura. Variam de moléculas simples, com baixo peso molecular e um

único anel aromático, a moléculas grandes e complexas, como os taninos e polifenóis

derivados. Além de contribuírem para a coloração das plantas, também atuam nos

mecanismos de defesa contra patógenos, parasitas e predadores e no desenvolvimento e

crescimento. Existem principalmente na forma glicosilada, ligados a uma ou várias cadeias de

açúcares, ou ligados a ácidos orgânicos, proteínas, lipídios e outros fenólicos. Normalmente

24

são classificados em dois grandes grupos: os flavonoides e os não flavonoides (Crozier,

Jaganath & Clifford, 2006; Dillard & German, 2000; Liu, 2007).

A principal via de síntese destes compostos parte principalmente dos aminoácidos

aromáticos fenilalanina e, em menor extensão, tirosina. A transformação inicial destes

aminoácidos de metabólitos primários a metabólitos secundários se dá pelas enzimas

fenilalanina e tirosina amônia-liase (PAL/TAL) através de uma reação de desaminação. A

partir daí diversas reações de hidroxilação, metilação e condensação geram os diversos

compostos pertencentes à classe dos compostos fenólicos. Essa via de síntese também é

conhecida como via dos fenilpropanóides (Petersen, Hans & Matern, 2010; Castellano, Tena

& Torrens, 2012).

A principal classe de compostos fenólicos presente na soja, os flavonoides, são

derivados da condensação do ácido cinâmico a três moléculas de malonil CoA (He, Liu e Liu,

2008). São definidos quimicamente como substâncias compostas por uma estrutura

fenilcromanona (C6-C3-C6), com um ou mais substituintes hidroxila. Essa estrutura consiste

de 2 anéis aromáticos (A e B) e um anel heterocíclico (C) contendo um átomo de oxigênio

(Ghasemzadeh & Ghasemzadeh, 2011; Birt, Hendrich & Wang, 2001).

De acordo com o grau de hidroxilação e a presença de uma dupla ligação (C2-C3) no

anel heterocíclico, os flavonoides podem ser divididos em 13 classes, sendo as mais

importantes representadas pelos flavonóis, flavanóis, flavonas, isoflavonas, antocianidinas e

flavanonas (Giada, 2013). A Figura 2 apresenta a estrutura química geral de cada grupo.

Geralmente ocorrem nas plantas como derivados metilados ou sulfatados, conjugados

com monossacarídeos e dissacarídeos e formando complexos com oligossacarídeos, lipídios,

aminas, ácidos carboxílicos e ácidos orgânicos, sendo conhecidos aproximadamente 8.000

compostos. Os flavonoides possuem coloração e funcionam como pigmentos nas flores e

outras partes das plantas. Além disso, estão envolvidos em processos como proteção à luz

UV, resistência a doenças e estimulação da fixação de nitrogênio (Crozier, Jaganath &

Clifford, 2006).

25

Figura 2. Estrutura química geral das principais classes de

flavonoides (Crozier, Jaganath & Clifford, 2006).

A subclasse mais amplamente distribuída no reino vegetal é a dos flavonóis, que

abrange a quercetina e diversos compostos relacionados, como o campferol e a miricetina

(Ross & Kasum, 2002). Na Tabela 3 encontram-se relacionadas as principais classes de

flavonoides e suas principais fontes nos alimentos. A principal subclasse de flavonoides

presentes na soja e seus derivados é a das isoflavonas.

Apesar dos flavonoides serem encontrados amplamente distribuídos em diversos

alimentos, as isoflavonas estão presentes apenas em poucas famílias botânicas. Isso é

explicado pela limitada distribuição da enzima chalcona isomerase, que converte a

naringenina em 2-hidroxidaidzeína e é amplamente distribuída na família das leguminosas. A

soja é a leguminosa que contém as maiores quantidades de isoflavonas no reino vegetal (Liu,

2004; Coward et al., 1993).

26

Tabela 3. Classes de flavonoides e sua distribuição no reino vegetal

Subclasse Principais

representantes

Característica química Principais

fontes

Flavonóis Quercetina, miricetina

e campferol

Hidroxilação no anel C3 Amplamente

distribuídos

Flavanóis Catequina e

epigalocatequina

Molécula não planar Maçã, ameixa e

chá verde

Flavonas Apigenina e luteolina Ausência de hidroxilação

em C3

Azeitona verde,

aipo e pimentão

Isoflavonas Genisteína e daidzeína Anel B ligado a posição

C3 e não a C2

Soja e grão de

bico

Antocianidinas Cianidina e

delfinidina

Estrutura como cátion

flavilico

Uva e vinho

tinto

Flavanonas Hesperetina e

naringerina

Presença de um centro

quiral em C2 e ausência

de dupla ligação em C

Frutas cítricas

Fonte: Duthie, Gardner e Kyle, 2003; Crozier, Jaganath e Clifford, 2006.

As isoflavonas na soja e seus derivados apresentam-se como 3 compostos principais:

genisteína, daidzeína e gliciteína. Cada uma destas formas, denominadas agliconas, também

pode existir na forma β-glicosilada, tornando-se genistina, daidzina e glicitina. Além disso,

derivados acetil e malonil glicosilados também podem ocorrer (Figura 3), totalizando 12

isoflavonas presentes neste grupo de alimentos (Genovese & Lajolo, 2002; Barbosa et al.,

2006).

O conteúdo de isoflavonas pode ser influenciado por fatores genéticos e ambientais, os

quais juntamente com as condições de processamento irão determinar a concentração e o

perfil destes compostos na soja. As formas glicosiladas (em especial malonil e β-glicosilada)

são predominantes no grão in natura. Como resultado do processamento, as formas agliconas

e acetilglicosiladas são geradas. Em produtos fermentados, as formas agliconas são

predominantes por ação enzimática. A genisteína é a isoflavona presente em maiores

quantidades na soja e seus derivados (Genovese & Lajolo, 2002; Omoni & Aluko, 2005).

27

Isoflavona R2 R3

Daidzeína H H

Daidzina H H

6”-O-Acetildaidzina H H

6”-O-Malonildaidzina H H

Genisteína H OH

Genistina H OH

6”-O-Acetilgenistina H OH

6”-O-Malonilgenistina H OH

Gliciteína OH H

Glicitina OH H

6”-O-Acetilglicitina OH H

6”-O-Malonilglicitina OH H

Figura 3. Estrutura química das isoflavonas da soja.

A estabilidade das isoflavonas vem sendo reportada em diversos modelos de estudo

em diferentes alimentos, como o leite de soja, tofu e produtos fermentados a base de soja. As

principais mudanças ocorrem no perfil de isoflavonas e dependem do tempo de estoque,

incidência de luz e da temperatura e conteúdo de umidade, sendo comum a conversão das

28

formas malonil em acetil, β-glicosídeos ou agliconas, conversão das formas acetil em β-

glicosídeos ou agliconas e conversão dos β-glicosídeos em agliconas. O processamento em

altas temperaturas e baixa umidade, por exemplo, diminui a concentração de formas malonil e

aumenta a de formas acetil e β-glicosídeos nos alimentos. Já o aquecimento úmido leva a uma

maior formação de agliconas a partir das formas glicosiladas (Kim & Lee, 2011).

As isoflavonas malonil glicosiladas são relatadas como as mais suscetíveis à

degradação. Sua conversão às formas acetiladas usualmente se dá por descarboxilação

induzida pelo calor (Eisen et al., 2003). Mudanças no perfil de isoflavonas usualmente podem

ser observadas a partir de 25 ºC e o aumento gradual da temperatura leva a mudanças mais

drásticas. Acredita-se que as isoflavonas devem ser mantidas a temperaturas inferiores a 10 ºC

e protegidas da luz a fim de se evitar sua degradação (Rostagno et al., 2005).

2.1.2. Saponinas

As saponinas pertencem à classe dos terpenos, também conhecidos como isoprenoides

ou terpenoides. Os terpenos são a classe mais diversificada de metabólitos em plantas. Mais

de 30.000 membros desta classe já foram relatados e novas estruturas vem sendo descobertas

a cada dia. Além de numerosos, os terpenos também são bastante variáveis em estrutura,

exibindo centenas de diferentes esqueletos carbônicos e grupos funcionais. Apesar da ampla

diversidade, todos os terpenos são sintetizados por uma via comum, através da fusão de

unidades de 5 carbonos com estrutura isopentenoide (Humphey & Beale, 2006; Ashour, Wink

& Gershenzon, 2010).

Classicamente, era aceito que a molécula base para a síntese destes compostos era o

isopreno, o que era explicado pelo fato da pirólise de alguns terpenos originar unidades

isoprenoides. Porém, sabe-se que atualmente os principais blocos de construção dos terpenos

são constituídos dos isômeros isopentenil pirofosfato e dimetilalil pirofosfato (Figura 4), que

são sintetizados a partir do ácido mevalônico. Estes dois compostos são condensados em

sequência pela ação de enzimas chamadas preniltransferases. Os produtos incluem geranil,

farnesil e geranilgeranil pirofosfatos, esqualeno e fitoeno, que são os precursores das

principais classes de terpenos (Dewick, 2002).

29

Figura 4. Estrutura química dos precursores de terpenos.

A classificação dos terpenóides é baseada no número de unidades isoprenóides

presente em sua estrutura (Figura 5). As classes majoritárias são aquelas compostas por duas

unidades isoprenóides (monoterpenos), três unidades isoprenóides (sesquiterpenos), quatro

unidades isoprenóides (diterpenos), cinco unidades isoprenóides (sesterpenos), seis unidades

isoprenóides (triterpenos) e oito unidades isoprenóides (tetraterpenos). Apesar da biossíntese

ser baseada em unidades de 5 carbonos, a nomenclatura é baseada em unidades de 10

carbonos, uma vez que essa era a menor estrutura que se pensava encontrar nesta classe

(Ashour, Wink & Gershenzon, 2010).

30

Figura 5. Principais classes de terpenos presentes nos alimentos e alguns exemplos e

estruturas.

Os terpenóides possuem diversas funções nas plantas. Monoterpenos e sesquiterpenos

são compostos voláteis liberados pelas plantas após danos causados por herbívoros, atraindo

artrópodes que atacam ou parasitam herbívoros, evitando assim danos maiores. Certos

diterpenos e sesquiterpenos são fitoalexinas envolvidas na defesa direta das plantas contra

certos tipos de patógenos (Cheng et al., 2007). A família das leguminosas apresenta

principalmente a classe de triterpenóides (Wink, 2003).

Os triterpenóides são uma ampla classe de compostos e derivam do esqualeno, que é

formado a partir de duas unidades de farnesil difosfato. A ciclização do esqualeno leva à

formação de diversas estruturas triterpenóides, como as do tipo lupana, oleana e ursana. A

remoção dos grupamentos metila nos carbonos 4 e 14, leva à formação de esteroides, que são

característicos de eucariontes e originam um grande número de moléculas biologicamente

ativas, como os esteróis, as saponinas esteroidais e os glicosídeos cardioativos (Agostini-

Costa et al., 2012).

31

Além dos triterpenoides, em especial as saponinas, a soja também contém terpenos das

classes dos tetrapernóides, que são derivados da molécula de fitoeno. Os carotenoides são a

principal classe de compostos que representam este grupo. O teor destes parece ser mais

significativo nos grãos imaturos, em especial o de β-caroteno. Porém, uma redução

significativa deste composto ocorre conforme o grão amadurece, passando de

aproximadamente 0,46 mg para 0,12 mg por 100 g de soja (Simonne et al., 2000).

As saponinas estão amplamente distribuídas na natureza e seu nome é derivado da

palavra em latim sapo, que significa sabão. Isso se deve à característica das saponinas de

formar espuma quando agitadas com a água. São moléculas estruturalmente diversificadas e

que são quimicamente caracterizadas como glicosídeos triterpenos (30 átomos de carbono) ou

esteroidais (27 átomos de carbono). Consistem de uma cadeia aglicona apolar, denominada

sapogenina ou sapogenol, ligada a uma ou mais cadeias de monossacarídeos. Esta

combinação de elementos polares e apolares em sua cadeia explica a propriedade de formar

espuma em soluções aquosas (Vincken et al., 2007; Agostini-Costa et al., 2012).

As saponinas de soja possuem cadeia triterpenóide e são categorizadas de acordo com

a aglicona individual, que podem ser do grupo A, B e E. As saponinas de soja do grupo A são

estruturas bidesmosídicas com dois sítios de glicosilação nos carbonos 3 e 22 da estrutura

oleana. Este grupo também pode ser dividido em formas acetiladas e desacetiladas. As

saponinas de soja do grupo B possuem um sítio de glicosilação no carbono 3. Além disso,

podem estar ou não conjugadas ao DDMP (2,4-dihidro-2,5-dihidróxi-6-metil-4-pirona) no

carbono 22. As saponinas do grupo E possuem um grupo carboxílico no carbono 22 e são

consideradas como produtos da foto-oxidação do grupo B (Zhang & Popovich, 2009; Decroos

et al., 2005; Heng et al., 2006).

As saponinas do grupo B, principalmente as conjugadas ao DDMP, são amplamente

distribuídas na família das leguminosas, especialmente na soja. Existem duas classificações

para as saponinas de soja deste grupo. Aquelas conjugadas ao DDMP podem ser divididas em

αg, βa, βg, γa e γg, enquanto aquelas não conjugadas ao DDMP são divididas em I, II, III, IV

e V. A estrutura química das saponinas de soja pode ser observada na Figura 6 (Zhang &

Popovich, 2009; Heng et al., 2006).

32

Figura 6. Estrutura química das saponinas de soja (Adaptado de Fang et al., 2004)

A estabilidade das saponinas ainda é pouco estudada. Sabe-se que o processamento

tende a modificar o conteúdo de saponinas nos alimentos. Segundo Shi et al. (2009), o

cozimento de leguminosas por 35 minutos leva a uma redução de aproximadamente 25% no

conteúdo de saponinas, demonstrando que esses compostos são termolábeis. Esse fator é

ainda mais proeminente nas saponinas conjugadas ao DDMP que, quando degradadas em

elevadas temperaturas, geram suas respectivas formas não conjugadas (Heng et al., 2006).

2.2.Extração e análise de isoflavonas e saponinas

Os estudos qualitativos e quantitativos de compostos bioativos em plantas dependem,

em grande parte, da seleção do método de extração apropriado. A extração é o primeiro passo

de qualquer estudo deste tipo e tem papel crucial no resultado final do trabalho. Muitas vezes

a extração também é grande fonte de erro analítico. O controle necessário nesta etapa deve ser

realizado, a fim que se obtenha extratos com os compostos de interesse e com o mínimo de

perda possível (Azmir et al., 2013).

33

Nos métodos de extração usualmente utilizam-se solventes orgânicos. As operações

básicas nesta etapa envolvem passos como pré-lavagem, secagem ou liofilização da matéria,

moagem e homogeneização, que melhoram a cinética da extração e aumentam a superfície de

contato da amostra com o solvente utilizado. A escolha do sistema de solvente depende

intrinsecamente da natureza química do composto de interesse a ser extraído. Diferentes

sistemas de solventes são descritos na literatura para a extração de compostos bioativos das

plantas (Sasidharan et al., 2011).

Alguns dos solventes mais utilizados são hexano, éter, metanol, acetonitrila e etanol,

que geralmente são misturados em diferentes proporções com água. Basicamente o material

pré-tratado fica em contato por um determinado tempo com o sistema de solvente de escolha

sob agitação constante. Além do tempo, a temperatura da extração também poderá ser

controlada. Usualmente, os extratos são centrifugados a fim de remover o resíduo sólido e

obter um extrato limpo (Gil-Chávez et al., 2013).

Os métodos convencionais envolvendo uso de solventes apresentam algumas

limitações como longo tempo de extração, requerimento de solventes caros e de elevado grau

de pureza, evaporação de grande quantidade de solvente, baixa seletividade na extração e

decomposição térmica de compostos termolábeis. Com o objetivo de superar essas limitações,

novas técnicas vem sendo desenvolvidas. Algumas das mais promissoras são: extração

assistida por ultrassom, extração assistida por enzimas, extração assistida por radiação micro-

ondas, extração com fluído supercrítico e extração com líquido pressurizado (Luque de Castro

& Garcia-Ayuso, 1998; Azmir et al., 2013).

Diversos sistemas de solventes e técnicas assistidas vêm sendo empregadas na

extração de compostos fenólicos em alimentos. O desenvolvimento de um método universal

se torna difícil, devido à grande variedade química deste grupo. A grande diferença de

polaridade entre os compostos torna essencial a otimização do método de extração a fim de

obter resultados confiáveis do teor de compostos fenólicos de diferentes matrizes alimentícias.

Solventes como metanol, etanol, propanol, acetona, acetato de etila e suas combinações vem

sendo bastante utilizados (Garcia-Salas et al., 2010).

A extração de isoflavonas com metanol 80% ou acetonitrila acidificada é a mais

utilizada. A adição de água parece ser mais eficiente na extração de isoflavonas na soja e seus

derivados quando comparada a utilização de solvente acidificado. Além disso, a proporção de

34

solvente utilizado em relação à quantidade de amostra também parece exercer grande

influência na extração de isoflavonas (Rostagno et al., 2009).

Com relação às saponinas, sua extração seletiva é longa e laboriosa. Requer grande

preparo e tempo de extração da amostra e, ainda assim, produz extratos contendo quantidades

relativamente baixas de saponinas. Além disso, a característica termolábil de algumas

saponinas da soja, em especial aquelas do grupo DDMP, torna difícil a caracterização

autêntica destes compostos na matriz. Geralmente a extração de saponinas envolve a

utilização de etanol ou metanol aquoso sob agitação contínua a temperatura ambiente (Zhang

& Popovich, 2009).

Em geral, a combinação de etanol ou metanol com água produz extratos contendo

quantidades consideráveis de isoflavonas e saponinas, permitindo assim o uso de um

procedimento simplificado de extração de ambos os compostos da soja e seus derivados. O

uso de misturas ternárias também parece facilitar a extração de diferentes classes de

compostos, tendo em vista a utilização de solventes com polaridades diferentes (Visht et al.,

2012). A Tabela 4 mostra os principais solventes utilizados na extração de compostos

bioativos e as principais classes extraídas.

Tabela 4. Exemplo de alguns solventes e os principais compostos extraídos por eles

Água Etanol Metanol Clorofórmio Diclorometano Éter Acetona

Antocianinas Taninos Antocianinas Terpenóides Terpenóides Alcalóides Flavonoides

Taninos Polifenóis Terpenóides Flavonoides Terpenóides

Saponinas Flavonol Saponinas

Terpenóides Terpenóides Taninos

Alcalóides Flavonas

Polifenóis

Fonte: Azmir et al., 2013

Após o procedimento de extração, geralmente realiza-se a análise quantitativa ou

qualitativa dos compostos de interesse nos extratos obtidos. Diversos métodos vem sendo

propostos na literatura. O crescimento na busca e pesquisa de novos compostos vem

aumentando o desafio no desenvolvimento de metodologias de análise. Cada vez mais

buscam-se métodos precisos e que forneçam respostas mais rápidas. Os métodos mais

utilizados podem sem classificados de maneira simples em métodos espectrofotométricos e

métodos cromatográficos (Figura 7) (Wijngaard, Trifunovic & Bongers, 2013).

35

Figura 7. Esquema representativo das principais etapas para o estudo de fitoquímicos em

alimentos.

Os métodos espectrofotométricos são baseados na habilidade dos fitoquímicos em

absorver luz na região ultravioleta (UV) ou visível (Vis) do espectro eletromagnético ou em

formar cromóforos após reação com certos reagentes, sendo a quantificação baseada na lei de

Lambert-Beer. Esses métodos não necessitam da separação individual dos compostos no

extrato e a quantificação é expressa como a quantidade total de um grupo de compostos

similares. Geralmente são métodos rápidos, simples e de baixo custo. Os resultados são

menos precisos e não possuem especificidade para compostos individuais (Stevanato, Fabris

& Momo, 2004).

Os métodos cromatográficos são ferramentas poderosas na análise de fitoquímicos.

Além da grande versatilidade, são bastante precisos e permitem a identificação individual de

compostos. Os métodos convencionais envolvem o uso de cromatografia planar, que

geralmente tem propósito analítico, e de coluna aberta, que é utilizada principalmente no

isolamento e purificação de compostos. Já os métodos instrumentais são mais versáteis e

permitem a análise altamente específica de diversos compostos. Envolvem a cromatografia

líquida e gasosa e suas diversas variações e permitem a associação de diversos tipos de

detectores para a identificação dos compostos de interesse (Wijngaard, Trifunovic & Bongers,

2013).

36

Para a análise de compostos fenólicos em alimentos, ambas as técnicas são utilizadas.

Um dos métodos mais amplamente difundidos é aquele que utiliza o reagente de Folin

Ciocalteu. Baseia-se no processo de redução química envolvendo os elementos molibdênio e

tungstênio. Os produtos desta reação na presença de compostos fenólicos possuem uma

coloração azul com espectro de absorção em torno de 760 nm. A reação não é específica para

compostos fenólicos, podendo sofrer interferências pelo ácido ascórbico, aminas e açúcares.

O ácido gálico usualmente é utilizado como composto padrão para a reação e os resultados

expressos em equivalentes de ácido gálico (Khoddami, Wilkes & Roberts, 2013).

Métodos colorimétricos para a quantificação de flavonoides também são bastante

utilizados. Estes geralmente baseiam-se na reação de complexação com o cloreto de alumínio

(AlCl3), levando a formação de uma coloração amarelada que tem espectro de absorção em

torno de 420 nm. Uma das limitações é a reação desigual dentre as diversas classes de

flavonoides, o que pode levar a erros na interpretação dos resultados. Geralmente quercetina e

catequina são utilizadas como padrão para a reação (Chang et al., 2002; Denni & Mammen,

2012).

A cromatografia líquida de alta eficiência (CLAE) é uma das técnicas preferidas para a

separação e quantificação de compostos fenólicos. Isso se dá pela possibilidade de análise

simultânea de todos os compostos de interesse e seus produtos. Geralmente é utilizada a

cromatografia de fase reversa, utilizando-se coluna C18. Acetonitrila e metanol são os

solventes mais utilizados na eluição dos compostos, sendo aplicados de forma isocrática ou

com gradiente de eluição (Dai & Mumper, 2010; Khoddami, Wilkes & Roberts, 2013).

A existência de dupla ligação conjugada e anel aromático nas estruturas dos

compostos fenólicos permite que estes compostos exibam absorção na região UV/Vis. Por

isso, a maioria dos métodos de detecção aclopados a CLAE exploram esta propriedade, sendo

os detectores UV/Vis e DAD (detector de arranjo de diodos) bastante utilizados. O DAD é o

mais usado, tendo em vista a possibilidade do registro de espectro de absorção dos compostos

analisados. A detecção eletroquímica, por ressonância magnética nuclear e por espectrometria

de massas (EM) também é bastante utilizada, geralmente acoplada a detecção UV (Dai e

Mumper, 2010).

A CLAE-DAD de fase reversa também vem sendo bastante utilizada na análise de

isoflavonas, sendo considerado o método ideal de análise destes compostos há anos.

37

Geralmente utiliza-se também a detecção por EM para aumentar a sensibilidade e seletividade

da técnica. A fase móvel mais utilizada é composta por água acidificada e acetonitrila. A

eletroforese capilar acoplada a detector eletroquímico também vem sendo utilizada na

detecção de isoflavonas na soja e seus derivados (Dentith & Lockwood, 2008; Griffith &

Collison, 2001; Rostagno et al., 2009).

A quantificação de saponinas totais em alimentos é difícil devido à ampla variedade

estrutural e comportamento químico destes compostos. Assim como para os compostos

fenólicos, alguns métodos colorimétricos também são utilizados para a determinação de

saponinas em alimentos. O mais difundido baseia-se na complexação com a vanilina, que na

presença de ácido forma um composto colorido. A desvantagem é que esse método não é

específico, podendo haver reação com fitoesteróis e compostos como os flavonoides, que

geralmente estão presentes nos extratos utilizados para a análise na soja (Oakenfull, 1981; Lai

et al., 2013).

A CLAE de fase reversa também é uma das mais utilizadas na determinação de

saponinas em alimentos. Vários detectores vem sendo utilizados, como o UV, DAD e

espalhamento de luz. A absorção máxima de saponinas geralmente se dá em 205 nm, sendo

que algumas conjugadas ao DDMP podem absorver em torno de 295 nm. A identificação

geralmente se dá por EM, aumentando a precisão do método (Zhang & Popovich, 2009).

Muitos autores vem utilizando a detecção simultânea de saponinas e isoflavonas na soja e

seus derivados (Lu et al., 2013; Fonseca et al., 2014), o que permite maior agilidade nas

rotinas de análise

2.3.Bioatividade da soja

Os efeitos dos fitoquímicos na saúde humana estão relacionados com suas ações no

organismo, que no geral são: (1) substrato em reações bioquímicas; (2) cofatores de reações

enzimáticas; (3) inibidores de reações enzimáticas; (4) ligação e eliminação de constituintes

indesejáveis no intestino; (5) agonistas ou antagonistas de receptores celulares; (6)

sequestrante de espécies químicas reativas ou tóxicas; (7) componentes que melhoram a

absorção ou a estabilidade de nutrientes essenciais; (8) fatores de crescimento para bactérias

benéficas no trato gastrointestinal; (9) substrato de fermentação para bactérias benéficas no

trato gastrointestinal e (10) inibição seletiva de bactérias deletérias no intestino (Ricon-León,

38

2003). Tais ações dependem da absorção e transformação destes compostos no organismo

humano (Acamovic & Brooker, 2005).

A avaliação da bioatividade destes compostos geralmente é o passo seguinte a sua

identificação e caracterização em matrizes alimentares. Isso já vem sendo bastante realizado

com a soja e seus derivados, onde se evidencia que seu consumo está relacionado com o

menor risco de desenvolvimento de diversas doenças. Dentre os principais componentes que

potencialmente são responsáveis por esses efeitos biológicos, podemos citar os fitoquímicos

(ácido fítico, esteróis, saponinas, isoflavonas e lignanas), a proteína e alguns lipídios. A

Tabela 5 resume os principais componentes da soja e seus potenciais efeitos benéficos à

saúde (Sugano, 2006; Kang et al., 2010).

Os compostos fenólicos estão envolvidos na prevenção de diversas doenças crônico-

degenerativas. Esse efeito está ligado a diversas funções que estes podem exercer no

organismo. Estudos vêm relatando a possível atuação na melhora da função endotelial,

sinalização celular e propriedades anti-inflamatórias. Além disso, alguns trabalhos

demonstram a ação protetora no ambiente intestinal de compostos fenólicos não digeridos

associados às fibras alimentares (Gani et al., 2012).

Os compostos fenólicos também apresentam atividade antioxidante in vitro. A

principal característica que leva os compostos fenólicos a atividade antioxidante é sua

habilidade em sequestrar radicais livres, doando átomos de hidrogênio ou elétrons, ou pelo

poder de quelar cátions metálicos. Diversas características químicas permitem esse fato. A

presença de grupos hidroxila, por exemplo, nos ácidos fenólicos determina o poder

antioxidante da molécula, de modo que quanto maior o número de hidroxilas maior será a

atividade antioxidante apresentada pelo composto. O ácido gálico é um composto

trihidroxilado e apresenta uma das maiores atividades antioxidantes dentre os ácidos fenólicos

(Balasundram, Sundram & Samman, 2006).

39

Tabela 5. Principais componentes da soja e seus efeitos na saúde humana.

Componente Efeitos

Proteína Hipocolesterolêmica, antiaterogênica, redução da gordura

corporal

Peptídeos bioativos Rápida absorção, redução de gordura corporal, anticâncer

Lectinas Anticâncer, defesa corporal

Inibidores de tripsina Anticâncer

Fibra dietética Anticâncer de cólon, regula metabolismo lipídico,

regulação trânsito intestinal

Oligossacarídeos Fator bifidogênico, melhora funções digestórias

Fitato Regulação do metabolismo do colesterol, anticâncer,

interfere na absorção de minerais

Saponinas Regulação do metabolismo lipídico, anticâncer

Isoflavonas Ação estrogênica, prevenção de osteoporose, antioxidante,

anticâncer

Ácido linoleico Ácido graxo essencial, hipocolesterolêmicos

Ácido linolênico Ácido graxo essencial, hipotrigliceridêmico, melhora

função cardiovascular

Lecitina Melhora metabolismo lipídico, manutenção de funções

neurais

Tocoferóis Antioxidante, prevenção de doenças cardiovasculares

Esteróis Hipocolesterolêmico, ação anticâncer de próstata

Vitamina K Coagulação sanguínea, prevenção de osteoporose

Mg Mineral essencial, prevenção de desordens cardiovasculares

Adaptado de Sugano (2006).

A complexidade da molécula dos flavonoides torna o mecanismo de sequestro de

radicais livres mais complicado neste grupo. Em geral, alguns fatores que determinam essa

atividade nos flavonoides são o grau de hidroxilação e posição da hidroxila no anel B, a

presença de grupamento pirogalol na molécula e a presença de dupla ligação entre os

carbonos C2 e C3. A substituição do grupamento hidroxila por metoxilas no anel B altera o

40

potencial redox da molécula, afetando sua atividade antioxidante (Pietta, 2000; Seeram &

Nair, 2002).

Dentre as isoflavonas, a molécula de genisteína possui maior número de grupos

hidroxila, o que pode ser responsável pela sua maior atividade em ensaios de capacidade

antioxidante quando comparada às outras isoflavonas da soja. Esse também é um dos fatos

que explica a maior atividade das isoflavonas agliconas em geral quando comparadas as suas

formas glicosiladas. O fato de as isoflavonas não apresentarem grupamento cetônico diminui

sua habilidade em quelar íons metálicos. Apesar disto, sugere-se que o efeito sinérgico da

mistura de diversos componentes com atividade antioxidante no alimento seja mais eficiente

do que o de um composto isolado (Kao & Chen, 2006).

Com relação às isoflavonas, seu consumo tem sido associado a múltiplos efeitos

benéficos em diversas doenças crônicas e condições patológicas, incluindo certos tipos de

câncer, doenças cardiovasculares, função óssea e prevenção da obesidade (Wu & Kang,

2010). Muitos dos efeitos à saúde relacionados as isoflavonas inicialmente foram relacionados

a sua atividade estrogênica. A estrutura molecular de seu principal metabólito no organismo, o

equol, é similar ao hormônio estradiol (Figura 8). Esse fato permite às isoflavonas a ligação

às isoformas α e β do receptor de estrogênio, sendo que a afinidade pelo receptor β é 20 vezes

maior quando comparada ao α. Apesar disso, comparadas ao estradiol, as isoflavonas

possuem afinidade 100 vezes menor com os receptores de estrogênio (Wu & Kang, 2010).

Figura 8. Semelhança estrutural entre o estradiol

(estrogênio) e o equol, um metabólito das isoflavonas

no organismo humano.

Esta atividade estrogênica pode estar relacionada à menor incidência de certos tipos de

câncer hormônio-depenentes em países asiáticos (Ganry, 2005). A competição pelo sítio de

41

ação estrogênico no organismo pode levar à prevenção da osteoporose e de câncer de mama e

próstata. Entretanto, os estudos ainda são controversos, mostrando que muitas vezes as

isoflavonas foram capazes de promover a formação do câncer de mama (Raghuveer &

Tandon, 2009).

Outro mecanismo de ação das isoflavonas, em especial a genisteína, sugere que esta

haja como inibidor da proteína tirosina quinase (PTK). Isso tem demonstrado que as

isoflavonas afetam diversas vias de sinalização intracelular. Também é relatada a interação

com receptores ativados por proliferador de peroxissomo (PPAR), que funcionam como

fatores de transcrição (Wu & Kang, 2010).

Diversos efeitos à saúde são relacionados às saponinas da soja, incluindo atividade

anticâncer de cólon, fígado e mama, efeito hipocolesterolêmico e cardioprotetor, atividade

antiviral, ação hepatoprotetora e atividade antioxidante. Esses efeitos ocorrem por diferentes

mecanismos e dependem principalmente da estrutura química de cada saponina. A atividade

antioxidante, por exemplo, é atribuída exclusivamente às saponinas do grupo B conjugadas ao

DDMP. Neste caso, as saponinas são responsáveis por prevenir a peroxidação lipídica ou

degeneração do DNA e de proteínas por ataque de radicais livres. A sua ligação ao colesterol

previne a oxidação do mesmo no cólon e seus possíveis danos oxidativos (Kang et al., 2010;

Shi et al., 2004).

Ao contrário do que se tem relatado, alguns estudos associam a ingestão da soja e seus

derivados a algumas desordens como aumento da incidência do câncer de bexiga, problemas

tireoideanos, hiperplasia de células mamárias e demência. Muitas destas evidências foram

observadas em estudos epidemiológicos que concluíram que o consumo de soja contribuiu

significativamente para estes resultados. Além disso, muito tem se falado sobre os potenciais

efeitos adversos da ingestão de fórmulas infantis a base de soja em crianças, devido à precoce

exposição aos fitoestrógenos presentes neste alimento (Fang et al., 2004).

3. Processamento e consumo da soja

A soja é parte da cultura asiática há diversos milênios. Seu consumo nestes países se

dá através do cozimento do grão ou do processamento do mesmo em diversos derivados.

Durante seu cultivo, em especial na China, ela foi transformada em diversos tipos de

alimentos e, com o passar dos anos, os outros países, como a Coréia e o Japão, introduziram

42

em sua cultura o modo de preparo dos chineses e começaram a criar também suas próprias

formas de consumir a soja (Liu, 2004; Salgado & Donado-Pestana, 2011).

Os produtos tradicionais a base de soja originaram-se da China e de outros países do

extremo oriente. Quase todos os produtos tradicionais são feitos a partir do grão integral. Eles

podem ser classificados em fermentados e não fermentados. Os não fermentados incluem o

extrato hidrossolúvel de soja (conhecido como “leite” de soja), tofu, broto de soja (grãos

germinados), yuba (nata de soja) e outros. Os fermentados incluem molho de soja (molho

shoyu), miso (pasta de soja), tempeh e natto. Estes produtos apesar de bastante populares na

Ásia, ainda não são muito consumidos pela população ocidental (Liu, 2004).

Estima-se que a ingestão de soja e seus derivados tradicionais nos países asiáticos seja

de aproximadamente 20 a 80 g diariamente, enquanto que nos países ocidentais esse consumo

é estimado em apenas 1 a 3 g por dia. Nos países ocidentais raramente a soja é consumida na

forma integral, sendo o grão utilizado usualmente para a extração do óleo, um dos mais

utilizados para cocção no mundo (Omoni e Aluko, 2005; Dixit et al, 2011).

A extração do óleo é realizada com solvente orgânico ou por prensagem, sendo a

extração com solvente a mais utilizada na indústria (Figura 9). No processo de extração com

solvente orgânico utiliza-se geralmente o hexano, que tem ponto de ebulição próximo a 70ºC.

Os flocos laminados são introduzidos no extrator após passarem por um processo de limpeza

e secagem. Ao final do processo obtém-se o óleo e um resíduo protéico, conhecido como

farelo ou torta de soja (Snyder & Wilson, 2003; Mandarino, 2001).

43

Figura 9. Fluxograma de processamento dos grãos de soja para a obtenção do

óleo de soja (Mandarino, 2001).

A torta de soja usualmente é destinada para a produção de ração animal e apenas uma

pequena porcentagem é processada em produtos proteicos de soja para consumo humano.

Geralmente esses produtos não são consumidos diretamente, mas incorporados como

ingredientes em vários tipos de alimentos incluindo bebidas, barras nutricionais, produtos de

panificação, cereais matinais, sopas, produtos cárneos, sobremesas, fórmulas infantis e

análogos do leite e da carne. Os principais ingredientes provenientes da torta são a farinha ou

farelo de soja, concentrado e isolado proteico e proteína texturizada de soja (Tabela 6) (Boye

& Ribereau, 2011; Liu, 2004).

44

Tabela 6. Principais ingredientes proteicos obtidos a partir da torta de soja e seu uso na

indústria alimentícia (Seibel e Beléia, 2009; Liu, 2004)

Produto Obtenção a partir da torta Principal uso

Farelo Moagem. Pode ser utilizado processo

de torra para inativação de enzimas

Produtos de

panificação

Concentrado protéico Desnaturação e precipitação com

solução alcoólica ou de ácido diluído

(pH 4,5)

Fortificação de

produtos e análogos da

carne

Isolado protéico Extração alcalina (pH 7-10) seguida

de precipitação ácida (pH 4,5)

Sopas, base de molhos,

bebidas, fórmulas

infantis, análogos do

leite e carne

Proteína texturizada Extrusão termoplástica Análogos da carne

Esses ingredientes provenientes da torta não agregam somente conteúdo proteico ao

alimento, mas também possuem diversas propriedades funcionais. Essas propriedades

incluem solubilidade, absorção e ligação de água, controle da viscosidade, gelatinização,

coesão, adesão, elasticidade, emulsificação, absorção ou repulsão de gordura, efeito

flavorizante, formação de espuma e controle da coloração (Liu & Limpert, 2004).

Além do elevado conteúdo proteico, tem-se mostrado que a torta também apresenta

quantidades significativas de componentes funcionais, como isoflavonas e saponinas.

Portanto, seria de grande vantagem para a indústria alimentícia, em especial a de alimentos

funcionais, a incorporação destes componentes funcionais nos alimentos através da torta de

soja. Por ser um co-produto da indústria do óleo de soja, essa matéria prima também possui a

vantagem do baixo custo (Wang et al., 2009).

Além da aplicação tecnológica, a utilização desta matéria prima para estudos de

bioatividade destes compostos também se torna uma alternativa proveitosa para este resíduo.

Kao e colaboradores (2005) isolaram a partir da torta diversas frações de isoflavonas por

cromatografia. Foi demonstrado que as frações contendo isoflavonas isoladas a partir da torta

possuíram maior atividade antioxidante in vitro do que os padrões analíticos comerciais (Kao

et al., 2005; Chiu et al., 2009). Esse fato fortalece a hipótese do uso de extratos contendo

compostos bioativos da torta para estudos de bioatividade em modelos humanos.

45

Objetivo Geral

46

O objetivo geral do presente trabalho foi caracterizar quimicamente a torta de soja,

além de avaliar a estabilidade de compostos bioativos em extratos da torta e realizar o

isolamento por CLAE semi-preparativa de isoflavonas e saponinas desta matriz.

Os resultados desse trabalho foram dividido em dois capítulos, um abordando a

caracterização e estabilidade dos compostos bioativos (Capítulo 2) e outro abordando o

isolamento de isoflavonas e saponinas por CLAE semi-preparativa (Capítulo 3).

47

Capítulo 2

Characterization and stability of bioactive

compounds from soybean cake

48

1. Introduction

Differently from Asian countries, soybean-based foods are not widely consumed in

Western countries, where soybean is most commonly crushed and the oil is extracted and

refined into food-grade oil for frying and cooking. The co-product from this process is a high-

protein meal, known as soybean cake, which is mainly used as animal feed. It may also be

used for the production of soy protein isolates and concentrates, which in turn are used as

ingredients in meat and bakery products, beverages, soups, infant formulas and other food

products (Liu, 2004), thus aggregating economic value to this residue.

In addition to its content of high-quality protein, soybean cake contains high contents

of bioactive compounds, mainly isoflavones (Kao & Chen, 2006; Kao et al., 2008) and

soyasaponins (Kao et al., 2007; Wang et al., 2009). Isoflavones are flavonoid compounds

virtually not presented in other legumes and the most important class of phenolic compounds

in soybeans. Soyasaponins are triterpene glycosides that differ from each other by the type of

aglycones and the type of sugar and its attachment position. They are classified in two major

groups, A and B, but group E soyasaponins may also be present due to photo-oxidation of

group B soyasaponins (Kang et al., 2010). These bioactive compounds from soybeans and its

products are associated with lower prevalence of a number of chronic diseases, including

cardiovascular diseases and certain types of cancer (Kang et al., 2010).

Moreover, soybean cake may be used as a source of various bioactive compounds for

metabolic and bioactivity studies. However, papers have focused on soybean cake as a source

of isoflavones (Kao et al., 2007; Wang et al., 2009), while soyasaponins are usually

overlooked, even though this class of bioactive compounds may occur in higher amounts than

isoflavones (Kao & Chen, 2006).

Bioactivity studies investigating the chronic effects of isoflavones and soyasaponins

isolated from soybean cake in animals and humans should consider the stability of these

compounds during the whole intervention period, since it is known that isoflavones and

soyasaponins contents and/or profile may be affected by exposure to high temperatures,

oxygen and UV-light (Rostagno et al., 2005). However, to the best of our knowledge, the

stability of bioactive compounds in soybean cake extracts has not been investigated.

Therefore, the aim of this work was to chemically characterize soybean cake samples,

with an emphasis on isoflavones and soyasaponins, in order to promote its use as a food

ingredient and thus widen high added-value applications of this residue. Additionally, we

aimed to investigate the stability of isoflavones and soyasaponins in dry extracts obtained

49

from soybean cake under different storage conditions, for future use in long-term bioactivity

studies.

2. Materials and Methods

2.1. Standards and chemicals

Folin-Ciocalteau reagent, gallic acid, 2,2’-azino-bis (2-ethylbenzothiazoline-6-sulfonic

acid) diammonium salt (ABTS), 2,4,6-tris(2-pyridyl)-S-triazine (TPTZ), potassium persulfate,

fluorescein, 2,2′-azobis(2-methylpropionamidine) dihydrochloride (AAPH) and (±)-6-

hydroxy-2,5,7,8-tetramethylchromane-2-carboxylic acid (Trolox) were purchased from

Sigma-Aldrich Chemical Co. (St. Louis, MO). Sodium carbonate, vanillin and aluminum

chloride were purchased from Spectrum Chemical Manufacturing Corp. (Gardena, CA). Iron

(II) sulfate was purchased from Merck KGaA (Darmstadt, Germany). Daidzin, glycitin,

genistin, daidzein, glycitein, genistein, soyasapogenol B, soyasaponin B-I, soyasaponin B-II

and soyasaponin B-III standards were purchased from Apin Chemicals Limited® (Abingdon,

UK). All solvents were HPLC grade from Tedia (Fairfield, OH). HPLC grade water (Milli-Q

system, Millipore, Bedford, MA) was used throughout the experiments.

2.2. Samples

Two sets of samples comprised of soybeans and soybean cake were investigated. In

both sets, soybeans and soybean cake were from the same batch. One set was donated by a

soybean oil crush industry, while the other was produced in our laboratory using commercial

soybeans purchased in local markets.

Lab-scale soybean cake production was analog to industrial processing, with

adaptations. Firstly, seeds were cracked and the hulls were separated using an air stream.

Dehulled soybeans were wet and incubated at 60 ºC for 1 h in an oven. The sample was

occasionally water-sprayed to keep the beans wet. The seeds were then ground in a domestic

processor and dried for 5 hours at 60 ºC in an oven. After drying, the sample was additionally

ground in an analytical mill (IKA A11 basic S1) in order to maximize oil extraction. 20 g of

sample was placed in a cellulose cartridge (33x94 mm) and the extraction procedure was

conducted in a Soxhlet extractor for 7 hours using n-hexane. The cake was left in a fume hood

until dry and stored at room temperature.

50

2.3. Proximate composition

Moisture, ash, proteins and lipids were determined by the official methods of the

AOAC. The conversion factor 6.25 for protein was used. Total carbohydrates were

determined by difference. Each sample was analyzed in triplicate.

2.4. Bioactive compounds analysis

Soybean and soybean cake samples were extracted with a ternary solvent mixture,

composed of water:ethanol:ethyl acetate (40:40:20), as described by Ramos (2013). Briefly, 2

g of sample were extracted with 10 mL of the ternary mixture in a vortex for 2 min. After

centrifugation for 10 min at 3000 rpm, the supernatant was collected in a 25 mL volumetric

flask and the residue was re-extracted twice as described above. The extraction procedure

for each sample was conducted in duplicate. These extracts were analyzed for the

determination of phenolic compounds, flavonoids and saponins by spectrophotometric assays,

and isoflavones and soyasaponins by LC-DAD-MS.

2.4.1. Phenolic compounds

Total phenolic content was determined by the Folin-Ciocalteau reagent assay, as

described by Singleton et al. (1999). 200 µL of extract were mixed with 1400 µL of Milli-Q

water, 100 µL of Folin-Ciocalteau reagent and 300 µL of 20% Na2CO3 solution. After

homogenization the mixture was allowed to stand at 40 ºC for 30 min. The absorbance of the

solution was measured at 765 nm using the Vitor3 1420 multilabel counter (PerkinElmer,

Turku, Finland). Quantification was performed using a gallic acid calibration curve. Results

were expressed as mg of gallic acid equivalents per g on a dry weight basis (DW) (mg

GAE/g). Each sample was analyzed in triplicate.

2.4.2. Flavonoids

Total flavonoid content was determined by the spectrophotometric assay described by

Taie et al. (2008). 500 µL of extract were mixed with 500 µL of 2% AlCl3. After 1 h at room

temperature, the absorbance of the mixture was measured at 405 nm using the Vitor3 1420

multilabel counter (PerkinElmer, Turku, Finland). Quantification was performed using a

genistein calibration curve. Results were expressed as mg of genistein equivalents per g DW

(mg GE/g). Each sample was analyzed in triplicate.

51

2.4.3. Saponins

Total saponin content was determined by the vanillin-sulphuric acid assay, as

described by Shiau et al. (2009). 100 µL of extract were mixed with 100 µL of 10% vanilin

solution in ethanol. The mixture was cooled in an ice bath for 5 min and then 1000 µL of 72%

sulfuric acid were added. After incubation at 60 ºC for 10 min and cooling for another 5 min

in ice, the absorbance of the solution was measured at 535 nm using the Vitor3 1420

multilabel counter (PerkinElmer, Turku, Finland). Quantification was performed using a

calibration curve prepared with a commercial mixture of soyasaponins. Results were

expressed as mg of total saponins per g DW. Each sample was analyzed in triplicate.

2.4.4. Isoflavones and soyasaponins

Isoflavones and soyasaponins were analyzed by LC-DAD-MS as described by

Fonseca et al. (2014). The LC system (Shimadzu, Kyoto, Japan) comprised a LC-10ADvp

quaternary pump, a CTO-10ASvp column oven, an 8125 manual injector (Rheodyne) with a

20 L loop and a SPD-M10Avp diode array detector (DAD). This LC system was coupled to

a LC–MS 2010 mass spectrometer (MS) (Shimadzu, Kyoto, Japan) equipped with an

electrospray ion source. Chromatographic separations were achieved using a Kromasil®

C18

column (150 × 2.1 mm, 5 µm, 100 Å, AkzoNobel, Bohus, Sweden) maintained at a constant

temperature of 40 °C. The LC two-phase mobile system consisted of a gradient of water

(eluent A) and acetonitrile (eluent B), both added with 0.3% formic acid, with a constant flow

rate of 0.3 mL/min. Prior to injection, the column was equilibrated with 15% B. After

injection of sample, this proportion was modified to 23% B in 1 min, kept constant until 23

min and increased to 50% B until the end of the 35 min run. Between injections, 20 min

intervals were used to re-equilibrate the column with 15% B. Prior to injection extracts were

filtered through a 0,45 µm PTFE filter unit.

Isoflavones and soyasaponins were monitored by DAD between 190 to 370 nm and

by MS using positive ionization, with a nebulizer gas (N2) flow of 3.0 L/min, operated in the

single ion monitoring (SIM) mode to detect pseudomolecular ions. Identification of

compounds was performed by comparison with retention time and molecular weight of the

respective standard. Identification of compounds for which there were no commercial

standards available was performed by the pseudomolecular ion in the MS.

Quantification was performed by external standardization. Isoflavones were quantified

by their DAD peak areas at 250 nm. The contents of malonylglucosilated and

52

acetylglucosilated isoflavones were determined from the calibration curve of the

corresponding β-glucosylated isoflavone, correcting for differences in molecular weight.

Soyasaponins (B-I, B-II and B-III) were quantified by their DAD peak areas at 195 nm.

Soyasaponins B-II and B-III were quantified together, as it was not possible to

chromatographically separate these compounds. Data were acquired by LCMS solution

software (Shimadzu Corp., version 2.00, 2000). Results were expressed as mg of compound

per g DW. Each sample was analyzed in duplicate.

2.5. Antioxidant activity

The antioxidant capacity of the extracts was determined by FRAP (Ferric Reducing

Ability of Plasma) and TEAC (Trolox Equivalent Antioxidant Capacity) assays.

The FRAP assay was performed according to Benzie & Strain (1996) with slight

modifications. FRAP reagent was prepared by mixing 2 mL of 10mM TPTZ solution in 6N

HCl with 2 mL of 20 mM FeCl3 solution and 20 mL of 300 mM acetate buffer (pH 3,6) and

warmed to 37 ºC prior to analysis. 20 µL of extract were pipetted into a 96-well microplate,

which was placed in the Vitor3 1420 multilabel counter (PerkinElmer, Turku, Finland) with

automatic injector. 180 µL of FRAP reagent were automatically dispensed into each well, the

plate was shaken and allowed to stand at 37 ºC for 6 min. The absorbance was then read at

595 nm. Quantification was performed using a calibration curve prepared with FeSO4. Results

were expressed as µmol of Fe+2

equivalents per g DW. Each sample was analyzed in

triplicate.

The TEAC assay was performed according to Re et al. (1999) with slight

modifications. The ABTS radical cation stock solution was generated by reacting K2S2O8 and

ABTS for 12 to 16 h prior to use. ABTS radical cation stock solution was diluted (1:50) to an

absorbance of 0,70 ± 0,02 at 720 nm. 10 µL of extract were pipetted into a 96-well

microplate, which was placed in the Vitor3 1420 multilabel counter (PerkinElmer, Turku,

Finland) with automatic injector. 190 µL of ABTS radical cation solution were automatically

dispensed into each well, the plate was shaken and allowed to stand at 37 ºC for 6 min.

Sample absorbance was read at 720 nm and subtracted from solvent blank absorbance.

Quantification was performed using a calibration curve prepared with Trolox. Results were

expressed as µmol of Trolox equivalents per g DW. Each sample was analyzed in triplicate.

53

2.6. Stability of bioactive compounds from soybean cake extracts

For the stability test both cakes were subjected to two different extractions using as

solvent either a ternary mixture of water:ethanol:ethyl acetate (40:40:20) or ethanol. The

former solvent was selected due to its high efficiency in extracting soy bioactive compounds

(Ramos, 2013), while the latter is usually employed to extract isoflavones from soy products.

20 g of soybean cake samples were extracted with 100 mL of solvent in an orbital shaker

(IKA KS 4000i control) at 500 rpm. Extraction time was 30 min and 60 min for the ternary

solvent mixture and ethanol, respectively. After centrifugation for 15 min at 3000 rpm, the

supernatant was collected and the residue was re-extracted twice as described above. The

extracts were concentrated in a rotary vacuum evaporator (Büchi V-700) until the solvent was

removed. The concentrated extracts were freeze dried (Labconco Freezone 2.5) for 24 h and

stored in three different conditions: freezer (-20ºC); room temperature (protected or

unprotected from light). Total phenolic compounds, total flavonoids, total saponins,

antioxidant capacity (FRAP and TEAC) and isoflavones and soyasaponins by LC-DAD-MS

were analyzed as described above after 15, 30, 60, 90, 120 and 180 days of storage.

2.7. Statistical analysis

Data are expressed as mean ± standard deviation. Analysis of variance (one-way

ANOVA) followed by Tukey’s multiple comparison post-test was used for comparing means.

Statistical analyses were performed using GraphPad Prism software for Windows (version

5.04). Differences were considered significant when p < 0.05.

3. Results and discussion

3.1.Proximate composition

Experimental and industrial soybean samples showed equivalent proximate

composition (Figure 1A), on average 23.2, 33.7, 5.4 and 37.8 g/100 g DW for lipids, proteins,

ash and carbohydrate, respectively, which are in accordance with typical values for soybeans

(McCann et al. 2005). Soybean cake samples also showed equivalent proximate composition,

indicating that the conditions used in our laboratory for soybean oil extraction were similar to

those employed in the industry. Soybean cake samples presented on average 1.8, 48.2, 7.0 and

43.0 g/100 g DW for lipids, proteins, ash and carbohydrate, respectively, which are in

accordance with previous reports (Grieshop et al., 2003). The high protein content of these

54

cakes favors their use as ingredients in many food products, such as infant formulas, flours,

textured fibers, and protein isolates and concentrates. Although soybean protein is considered

to be deficient in sulfur aminoacids such as methionine, it contains all the essential

aminoacids for humans. Moreover, the protein digestibility–corrected amino acid score of

soybean protein is close to 1, equivalent in quality to animal protein, which favors its use to

replace it (Liu, 2004).

Figure 1. Proximate composition (A), contents of total phenolics (TP), flavonoids (TF) and

saponins (TS) (B), and antioxidant capacity (C) in soybean and soybean cake experimental

and industrial samples. Values expressed as mean ± standard deviation (n = 3); different

superscript letters indicates significant difference (ANOVA, Tukey’s post-test; p < 0.05);

GAE = gallic acid equivalents; GE = genistein equivalents; TE = Trolox equivalents.

3.2.Total phenolics, flavonoids, saponins and antioxidant activity

Total phenolics (TP), total flavonoids (TF) and total saponins (TS) contents were 57%,

29% and 32%, higher, respectively, in soybean cake than soybeans samples (Figure 1B).

These higher contents are due to the extraction of lipids, which concentrates the functional

components naturally present in the protein fraction.

Similarly to proximate composition, the contents of bioactive compounds analyzed by

spectrophotometric assays in both soybean and soybean cake samples were equivalent, with

A

B C

55

the exception of TP. While industrial soybeans showed a 12% higher TP content than

commercial soybeans, the industrial cake showed a 19% lower TP content than that obtained

in our laboratory (Figure 1B). This behavior may be related to differences in stability of

phenolic compounds present in these soybean samples or to other compounds that may

interfere with the Folin-Ciocalteau reagent assay, such as thiols, proteins, peptides and

vitamins (Dai & Mumper, 2010). TP values in these samples correspond mainly to

isoflavones, which are the major phenolics in soybean products (Sakthivelu et al., 2008).

Differences between soybean samples might result from minor phenolics, such as phenolic

acids, mainly chlorogenic and trans-cinnamic acids (Xu & Chang, 2008) that are also present.

Moreover, phenolics composition may vary with cultivar, environmental factors and

geographical sowing region (Balisteiro et al., 2013).

Several compounds have been used as standards to estimate TF content in soybean

samples. In the present study TF was expressed as genistein equivalents, as this is the major

flavonoid present in soybean products. Although flavonoid content and profile may also be

affected by cultivar and growth conditions (Kang et al., 2010), no statistical difference was

found between soybean samples (on average 0.88 mg/g) and between soybean cake samples

(on average 1.11 mg/g) (Figure 1B). Similar values were reported by Malenčić, Popović, &

Miladinović (2007), ranging from 0.32 to 0.61 mg of rutin equivalents/g for different soybean

cultivars. In contrast, Taie et al. (2008) reported a much higher TF content (6.81 mg of

quercetin equivalents per g) for inorganic fertilized soybeans. These differences are probably

due to the specific absorptivity of chromophores generated by reacting these standards with

AlCl3 (Dai & Mumper, 2010).

The average TS content for soybean samples (27.4 mg/g) (Figure 1B) were higher

than those reported by Xu & Chang (2008) (20.7 mg/g), but similar to those reported by the

same group in a later study (25.0 mg/g) (Xu & Chang, 2011). It is worth noting that although

the vanillin-sulfuric acid method is very sensitive, the reaction is not specific for saponins and

colored products may be formed from phytosterols and other compounds like flavonoids

(Oakenfull, 1981). Nevertheless, this method is widely used for screening of saponins in food

samples.

The antioxidant capacity (AC) measured by both FRAP and TEAC assays were

equivalent between soybean samples and between soybean cake samples (Figure 1C).

Soybean samples showed, on average, FRAP and TEAC values of 7.2 µmol Fe+2

/g and 11.5

µmol Trolox/g, respectively. Soybean cake samples presented 42% and 63% higher FRAP

56

and TEAC values, respectively, than soybean samples, on average 10.3 µmol Fe+2

/g and 18.6

µmol Trolox/g. The FRAP values found in the present study for soybean samples were similar

to those reported by Xu and Chang (2008) for 28 different soybean cultivars grown in the

North Dakota-Minesota region, ranging from 8.5 to 13.4 µmol Fe+2

/g. Bolanho & Beléia

(2011) reported a higher TEAC value (7.4 µmol Trolox/g) for a soybean sample than those

found in the present study. In contrast, lower FRAP and TEAC values were reported in the

same study (Bolanho & Beleia, 2011) for a commercial defatted soybean flour sample (9.5

µmol Fe+2

/g and 9.2 µmol Trolox/g, respectively) in comparison to those found in the present

study for the soybean cake samples.

57

3.3.Isoflavones and soyasaponins by LC-DAD-MS

In the present study up to 12 isoflavones were found in soybean and soybean cake

samples (Table 1). Soybean cake samples showed a 49% higher total isoflavones contents (on

average 1.71 mg/g DW) than soybean samples (on average 1.15 mg/g DW).

Table 1. Isoflavones and soyasaponins contents (mg/g DW) in soybean and soybean cake

experimental and industrial samples1.

Compound Experimental Industrial

Soybean Soybean cake Soybean Soybean cake

Isoflavones

-glucosylated forms

Daidzin 0.34 ± 0.03a 0.06 ± 0.00

c 0.17 ± 0.01

b 0.34 ± 0.01

a

Glycitin 0.07 ± 0.01b 0.03 ± 0.00

c 0.08 ± 0.00

b 0.15 ± 0.01

a

Genistin 0.46 ± 0.03a 0.09 ± 0.00

c 0.26 ± 0.00

b 0.53 ± 0.02

a

Sub total 0.87 ± 0.08a 0.17 ± 0.01

c 0.51 ± 0.01

b 1.02 ± 0.04

a

Malonyl glucosylated forms

Daidzin 0.28 ± 0.02a 0.27 ± 0.00

a 0.27 ± 0.01

a 0.24 ± 0.01

a

Glycitin ND2 ND ND ND

Genistin 0.03 ± 0.00b 0.03 ± 0.00

b 0.05 ± 0.00

a 0.04 ± 0.00

a

Sub total 0.31 ± 0.03a 0.30 ± 0.00

a 0.32 ± 0.01

a 0.28 ± 0.02

a

Acetyl glucosylated forms

Daidzin 0.03 ± 0.00b 0.03 ± 0.00

b 0.02 ± 0.00

b 0.05 ± 0.00

a

Glycitin ND ND ND 0.03 ± 0.00a

Genistin 0.03 ± 0.00b 0.01 ± 0.00

b 0.00 ± 0.00

b 0.21 ± 0.02

a

Sub total 0.06 ± 0.01b 0.03 ± 0.00

b 0.03 ± 0.00

b 0.28 ± 0.02

a

Aglycones

Daidzein 0.04 ± 0.00b 0.36 ± 0.01

a 0.05 ± 0.00

b 0.09 ± 0.01

c

Glycitein 0.01 ± 0.00d 0.36 ± 0.01

a 0.05 ± 0.00

c 0.09 ± 0.00

b

Genistein 0.02 ± 0.00c 0.37 ± 0.02

a 0.04 ± 0.00

c 0.08 ± 0.00

b

Sub total 0.07 ± 0.01c 1.09 ± 0.03

a 0.14 ± 0.00

c 0.26 ± 0.01

b

Total 1.31 ± 0.12b 1.60 ± 0.04

a 1.00 ± 0.03

b 1.84 ± 0.08

a

Soyasaponins

B-I 1.13 ± 0.06b 2.51 ± 0.11

a 1.42 ± 0.10

b 2.95 ± 0.16

a

B-II+BIII 0.46 ± 0.03d 0.78 ± 0.00

b 0.55 ± 0.01

c 0.91 ± 0.00

a

Sapogenol B ND ND ND ND

Total 1.60 ± 0.03c 3.29 ± 0.11

b 1.96 ± 0.11

c 3.86 ± 0.16

a

1Values expressed as mean ± standard deviation (n = 2); means in the same row with different superscript letters

are significantly different (ANOVA, Tukey’s post-test; p < 0.05). 2Not detected.

58

As observed for proximate composition and total flavonoids and saponins, there was

no difference between experimental and industrial soybean and soybean cake samples.

However, industrial processing led to a higher increase (84%) in total isoflavones contents

than laboratorial processing (22%). Isoflavones contents in soybean samples in the present

study are in accordance with literature data, which reports a wide range of concentration, from

0.6 to 3.3 mg/g (Wang & Murphy, 1994; Sakthivelu et al., 2008). The levels of the soy

isoflavones may vary among cultivars, are affected by genetic and environmental factors, and

are highly influenced by agricultural practices (Balisteiro et al., 2013). For soybean cakes, the

contents found in our samples were similar to those reported by Kao & Chen (2002), which

found up to 2.1 mg/g of total isoflavones in a soybean flour using different solvents and

supersonic or shaking extraction. Wu & Muir (2010) reported higher total isoflavones content

in a commercial soybean flour sample (3.0 mg/g) using a ternary mixture of methanol,

acetonitrile and water as solvent. Kao et al. (2008) also reported higher total isoflavones

contents (up to 3.3 mg/g) than those found in the present study for a soybean cake sample

subjected to supercritical carbon dioxide extraction at different pressures and temperatures.

Despite the equivalent total isoflavones contents between experimental and industrial

soybean cakes, LC-DAD-MS analysis revealed different profiles between these samples

(Figure 2). The industrial soybean cake sample presented a β-glucoside and aglycone

isoflavones profile similar to that of the corresponding soybean, representing 53% and 14%,

on average, of total isoflavones, respectively. In contrast, the experimental soybean cake

sample presented a malonyl and acetylglucoside isoflavones profile similar to that of the

corresponding soybean, representing 20% and 3%, on average, of total isoflavones,

respectively. While industrial processing of soybeans for oil production resulted in a 48%

decrease in the relative content of malonylglucoside isoflavones and a 5.3-fold increase in the

relative content of acetylglucoside forms, the experimental conditions used in our laboratory

led to a drastic reduction (84%) of β-glucoside isoflavones relative content and a 12.9-fold

increase in the relative content of the aglycone forms. It has already been reported that

isoflavones profile changes greatly depends on thermal processes employed during food

preparation, including cooking, baking, oven-drying and roasting (Kim & Lee, 2011). Low

moisture thermal processing was reported to cause the conversion of malonyl to

acetylglucoside isoflavones (Kim & Lee, 2011). Therefore, soybean cake roasting usually

applied after industrial oil extraction probably explains the isoflavone profile change observed

in the industrial soybean cake sample. In contrast, high moisture thermal processing leads to

59

hydrolysis of malonyl and β-glucosides isoflavones to aglycones due to the increase in the β-

glycosidase activity (Kim & Lee, 2011). This phenomenon may explain the observed shift in

isoflavone profile during the production of soybean cake under laboratorial conditions, as

soybeans were constantly water-sprayed during drying prior to oil extraction.

Figure 2. Isoflavones profile from soybean and soybean cake samples experimental and

industrial samples.

The experimental soybean cake sample, which is the richest in aglycone forms (1.09

mg/g) (Table 1), might be a more bioavailable source of isoflavones because these forms are

absorbed faster and in greater amounts than glucosides in human gastrointestinal tract (Kim &

Lee, 2011; Okabe et al., 2011). Even though industrial processing increased total isoflavones

contents to a higher extent, high moisture thermal processing, such as the procedure employed

in our laboratory, as well as fermentation processes of soybean cake (Okabe et al., 2011),

could be used to improve functional value of this co-product, broadening its use in food

products with high isoflavones bioavailability.

In the present study, we investigated the contents of three group B soyasaponins and

their respective aglycone, sapogenol B. Although the industrial and experimental soybean

samples showed equivalent soyasaponins contents (on average of 1.78 mg/g), the industrial

soybean cake sample presented a 17% higher content of these compounds than the

experimental one (Table 1). The major soyasaponin in all samples was soyasaponin B-I,

which corresponded to 72% of total soyasaponins in both soybean samples and to 76% in

60

both soybean cake samples. Soyasaponins B-II and B-III accounted together for the remainder

of soyasaponins content. Soyasapogenol B was not found in any sample.

Berhow et al. (2006) reported total soyasaponin contents ranging from 4.73 to 5.75

mg/g for soybeans and from 5.86 to 6.58 mg/g for defatted soy flours. As observed in the

present study, the major soyasaponin in all samples analyzed by Berhow et al. (2006) was

soyasaponin I. Although the contents reported by Berhow et al. (2006) were up to 2.2-fold

higher than those found in the present study, it should be noted that those authors analyzed 13

soyasaponins, including soyasaponin βg, which was the second most abundant soyasaponin in

their samples. Considering only the contents of the soyasaponins analyzed in the present study

(B-I, B-II and B-III), the contents found in our samples were up to 79% higher than those

reported by Berhow et al. (2006). Unfortunately, we could not analyze soyasaponin βg in our

samples due to the lack of a commercial standard.

3.4. Bioactive compounds stability

Stability of bioactive compounds and antioxidant capacity during storage of extracts at

-20 oC (freezer) and at room temperature (protected and unprotected from light) are depicted

in Figure 3. The initial (t = 0) and final (t = 180 days) contents of bioactive compounds and

antioxidant capacity as well as their relative change are presented in Table 2.

Ternary mixture extraction yield (on average 21.0%) was much higher than that

obtained with ethanol (on average 1.4%). Moreover, extraction solvent was the parameter

with the most prominent effect on bioactive compounds and antioxidant capacity stability. In

general, ethanolic extracts showed lower stability than those obtained with the ternary

mixture, independently of the sample (experimental or industrial) or the storage conditions.

While TP, TF and FRAP increased after 180 days of storage (8% to 47%) in extracts

obtained with the ternary mixture, corresponding ethanolic extracts presented a constant

behavior for TP and a decrease in TF and FRAP (10% to 56%) (Table 2). Although TS and

TEAC were unstable for most samples and conditions, a higher decrease (from 30% to 84%)

was observed for ethanolic extracts in comparison to those obtained with the ternary mixture

(from 14% to 53%) (Table 2).

Total isoflavones behaved similarly to TP, showing stability in ethanolic extracts

regardless of the sample and storage conditions. Ethanolic extracts obtained from the

experimental soybean cake sample stored at room temperature showed an average decrease of

27% in malonylglucoside isoflavones accompanied by an identical average increase in -

61

glucoside isoflavones. Ethanolic extracts obtained from the industrial soybean cake sample

stored in the same conditions also showed a decrease in malonylglucoside isoflavones (on

average 37%) (Table 2), but the corresponding increase in -glucoside forms was only

observed until 120 days and not at the end of the storage period. Similarly, Rostagno et al.

(2005) reported that during short term storage (7 days) of dry extracts obtained with

ethanol:water (50:50) malonyl forms were the most susceptible to degradation, yielding -

glucoside forms. In our study, isoflavones contents and profile of all ethanolic extracts stored

at -20 oC remained unchanged during the whole storage period (Table 2), corroborating with

Rostagno et al. (2005). These authors concluded that temperature was the single most

important factor to affect isoflavones stability and suggested that extracts should be kept at

temperatures lower than 10 oC and protected from light to avoid degradation. Nevertheless,

Xu et al. (2002) reported that -glucoside forms could resist to heat-induced decomposition at

temperatures near 100 oC in the absence of other factors, such as enzymes and only became

unstable when heating temperatures were increased above 135 °C.

Surprisingly, total isoflavones contents increased (38% to 76%) in extracts obtained

with the ternary mixture after 180 days of storage. This increase, however, did not

significantly modify the isoflavone profile of these extracts, as the concentration of all

isoflavones forms increased similarly (from 13% to 90%) (Table 2). It is known that

isoflavones may establish different types of interactions with soy proteins, especially glycinin

and -conglycinin, because of their diverse polarity and hydrophobicity as well as their ability

to form hydrogen bonds (Speroni et al., 2010). During long-term storage, structure of soy

proteins such as glycinin might change (Saio et al., 1982; Hou & Chang, 2004), due to a

decrease in free sulfhydryl groups and an increase in disulfide bonds. Moreover, the hydrogen

bondings within the glycinin molecule might decrease because of an increase in -helix

structure and a decrease in the -sheet structure (Hou & Chang, 2004). These structural

changes might have decreased the interaction of isoflavones with soy proteins during storage

and, therefore, explain the observed increase in free isoflavones contents in extracts obtained

with the ternary mixture. In addition, the aforementioned stability of isoflavones in ethanolic

extracts (Table 2) strengthens this hypothesis and might be explained by the solubility of soy

proteins in this solvent, which is probably lower than in the ternary mixture, which contains

40% water (Pace et al., 2004).

In general, soyasaponins contents increased (24% to 39%) in extracts obtained with

the ternary mixture, whereas decreased (32% to 41%) in ethanolic extracts. Although these

62

compounds are generally considered stable at room temperature for short time periods (up to

60 min) (Heng et al., 2006), saponins from Aspargus racemosus dry powder stored for 12

months at room temperature were highly degraded (up to 50%) (Madan et al., 2008). The

observed increase in soyasaponins B-I, B-II and B-III contents in extracts obtained with the

ternary mixture may be related to the degradation of the corresponding DDMP conjugated

soyasaponins, g, a and g, respectively. The conversion of soyasaponin g to soyasaponin

B-I during storage and extraction has been reported in peas (Daveby et al., 1998).

Additionally, the hypothesis raised to explain the increase of isoflavones in these extracts

could also explain the increase in soyasaponins, as these compounds also form very tight

linkages to soy proteins (Potter et al., 1993).

63

Figure 3. Stability of bioactive compounds and antioxidant capacity (FRAP and TEAC) in dry soybean cake (experimental and industrial)

extracts (obtained with ethanol or ternary solvent mixture) during storage at -20 oC (freezer) and room temperature (protected and unprotected

from light) for 180 days.

64

Table 2. Contents of bioactive compounds and antioxidant capacity at t = 0 and t = 180 days in dry soybean cake (experimental and industrial)

extracts (obtained with ethanol or ternary solvent mixture) during storage at -20 oC (freezer) and room temperature (protected and unprotected

from light)1.

Component

Experimental Industrial

Ethanol Ternary Ethanol Ternary

t = 0 t = 180 days

t = 0 t = 180 days

t = 0 t = 180 days

t = 0 t = 180 days

RTlight RTdark Freezer RTlight RTdark Freezer RTlight RTdark Freezer RTlight RTdark Freezer

Total Phenolics

(mg GAE/g)

11.1 10.3 11.1 10.3 12.4 15.9*

(+28%)

17.7*

(+43%)

13.1 4.8 4.4 4.7 4.9 10.5 13.2*

(+26%)

12.9*

(+23%)

12.0*

(+15%)

Total Flavonoids

(mg GE/g)

13.6 10.3*

(-24%)

10.4*

(-24%)

8.6*

(-36%)

7.3 8.0*

(+11%)

9.4*

(+30%)

6.7 11.0 5.8*

(-47%)

7.5*

(-32%)

7.3*

(-34%)

10.0 11.0*

(+10%)

10.8*

(+8%)

10.1

Total Saponins

(mg/g)

71.5 52.5*

(-30%)

50.9*

(-32%)

71.4 225.0 190.9*

(-15%)

230.8 172.2*

(-23%)

43.9 29.6 27.3*

(-38%)

36.7 253.1 234.6 216.4*

(-14%)

200.4*

(-21%)

FRAP

(mol Fe2+/g)

74.7 35.1*

(-53%)

36.2*

(-52%)

32.8*

(-56%)

71.4 92.4*

(+30%)

104.8*

(+47%)

78.5*

(+10%)

48.0 34.1*

(-29%)

42.4*

(-10%)

30.6*

(-36%)

91.6 113.0*

(+23%)

111.9*

(+22%)

99.9*

(+9%)

TEAC

(mol Trolox/g)

103.1 39.8* (-61%)

49.4* (-52%)

62.3* (-40%)

105.0 49.8* (-53%)

95.6 86.9 71.7 24.4* (-66%)

11.3* (-84%)

39.4* (-45%)

109.5 107.5 78.03* (-29%)

117.0

Total isoflavones

(mg/g)

10.4 8.6 11.0 10.0 5.3 7.3*

(+38%)

9.2*

(+76%)

6.1 6.2 5.7 5.9 6.3 5.6 8.9*

(+59%)

8.7*

(+57%)

8.1*

(+46%)

-glucosides (mg/g)

1.0 1.2*

(+20%)

1.3*

(+33%)

1.1 0.7 1.1*

(+49%)

1.5*

(+106%)

0.9*

(+29%)

3.9 3.9 4.1 4.1 3.6 6.1*

(+67%)

6.0*

(+64%)

5.5*

(+53%)

Malonylglucosides

(mg/g)

0.6 0.4*

(-33%)

0.5*

(-21%)

0.6 1.1 1.3*

(+13%)

1.6*

(+46%)

1.5*

(+30%)

0.3 0.1*

(-50%)

0.2*

(-24%)

0.3 0.6 0.9*

(+41%)

0.8*

(+33%)

0.8*

(+39%)

Acetylglucosides

(mg/g)

0.1 0.09 0.1 0.1 0.1 0.1 0.2*

(+90%)

0.1 0.3 0.3 0.3 0.3 0.4 0.6*

(+43%)

0.6*

(+43%)

0.5*

(+33%)

Aglycones (mg/g)

8.6 6.9 9.1 8.1 3.3 4.7* (+44%)

5.8* (+78%)

4.8* (+47%)

1.6 1.3 1.3 1.5 0.8 1.3* (+48%)

1.3* (+48%)

1.2* (+47%)

Soyasaponins

(mg/g)

12.7

7.5*

(-41%)

7.9*

(-38%)

7.6*

(-41%)

13.2 13.9

18.3*

(+39%)

15.5 9.0 7.1 6.9 6.1*

(-32%)

15.3 20.4*

(+33%)

22.0*

(+44%)

18.9*

(+24%) 1Means at t = 180 days with a superscript asterisk are significantly different from their corresponding sample at t = 0 (ANOVA, Tukey’s post-test; p < 0.05). Relative change

in relation to t = 0 is shown in parenthesis. GAE = gallic acid equivalents; GE = genistein equivalent

65

Figure 4. Stability of isoflavones and soyasaponins in dry soybean cake (experimental and

industrial) extracts (obtained with ethanol or ternary solvent mixture) during storage at -20 oC

(freezer) and room temperature (protected and unprotected from light) for 180 days.

66

4. Conclusion

Our results suggest that soybean cakes would be more interesting as an ingredient than

soybeans themselves for the development of functional foods, since the former showed higher

protein and bioactive compounds contents as well as higher antioxidant capacity than the

latter. Moreover, high moisture thermal processing of soybeans is a procedure that could be

employed to improve the functional value of the obtained co-product as it seems to yield

cakes with potentially higher isoflavones bioavailability.

Isoflavones and soyasaponins soybean cake extracts for long-term bioactivity studies

should be preferably obtained using a ternary mixture composed of water, ethanol and ethyl

acetate (40:40:20) as this solvent led to higher extraction yields and stability of bioactive

compounds. For this purpose, these extracts may be stored at room temperature unprotected

from light for at least 180 days.

67

Capítulo 3

Isolamento de isoflavonas e saponinas da torta de

soja por cromatografia líquida semi-preparativa

68

1. Introdução

Além dos nutrientes envolvidos no metabolismo normal, alguns alimentos contém

uma gama de componentes que fazem parte do chamado metabolismo secundário, os quais

podem fornecer efeitos benéficos à saúde. Esses compostos estão presentes em especial nas

frutas, hortaliças, grãos, leguminosas e sementes (Bloch & Thomson, 1995). A soja é uma

grande fonte destes compostos, sendo as isoflavonas e as saponinas de soja os principais

representantes.

O interesse na pesquisa destes componentes nos alimentos vem aumentando.

Entretanto, a obtenção de padrões de referência para a análise destas substâncias muitas vezes

é um desafio. Em alguns casos, os compostos que se deseja quantificar sequer estão

disponíveis comercialmente e sua aquisição com certificado de garantia quase sempre

depende de importação, o que implica em custos elevados e longo prazo de entrega. Além

disso, geralmente estes padrões são comercializados em pequenas quantidades, o que impede

a avaliação de sua qualidade e pureza para obtenção de resultados confiáveis (Pacheco et al.,

2010).

Além da análise quantitativa, os padrões isolados também podem ser utilizados em

estudos de bioatividade. Muitas vezes as pesquisas deste tipo utilizam extratos que contem

uma ampla variedade de compostos, sendo difícil a atribuição dos efeitos encontrados a um

componente específico daquela mistura. Além disso, componentes com estrutura e

identidades desconhecidas também podem estar presentes, sendo necessária a avaliação

isolada de seus efeitos a fim de se evitar conclusões equivocadas. Portanto, a utilização de

compostos isolados com elevado grau de pureza é de grande relevância para este fim.

Para a obtenção de frações contendo misturas de compostos a partir dos extratos

geralmente utilizam-se métodos de extração líquido-líquido ou cromatográficos, como a

cromatografia líquida a vácuo, cromatografia em coluna, cromatografia de exclusão por

tamanho, extração em fase sólida, dentre outros. As frações geradas nestes métodos de

separação podem ser utilizadas nas etapas posteriores para obtenção do composto de interesse

(Sarker et al., 2006).

Os métodos clássicos de isolamento de compostos geralmente envolvem a

cromatografia em camada delgada, cromatografia de coluna aberta e a cromatografia flash.

Métodos cromatográficos mais modernos como a CLAE preparativa e a cromatografia

contracorrente preparativa vem sendo bastante utilizados e são considerados mais eficientes

no processo de isolamento (Sarker et al., 2006).

69

A CLAE semi-preparativa é um sistema robusto e versátil para o isolamento de

compostos bioativos a partir de misturas complexas. Uma das vantagens é a maior quantidade

de produto final isolado devido a maior capacidade das colunas deste tipo de sistema.

Entretanto, isso demanda maiores quantidades de solvente. A cromatografia semi-preparativa

pode servir para o isolamento na ordem de miligramas, para elucidação de estrutura e uso

como padrão analítico ou, para o isolamento de amostra na ordem de gramas, que poderão ser

destinadas à pesquisas que envolvem a avaliação da bioatividade (Oliveira, 2005).

Tendo como contrapartida a utilização da CLAE para obtenção de compostos isolados

em nosso próprio laboratório, o objetivo deste trabalho foi o isolamento de isoflavonas e

saponinas da torta de soja por CLAE semi-preparativa.

2. Objetivos específicos

Isolar isoflavonas e saponinas de soja a partir de extratos obtidos da torta de soja;

Caracterizar as frações isoladas por CLAE-DAD a fim de verificar suas identidades;

Determinar por CLAE-DAD o grau de pureza da fração isolada;

3. Material e métodos

3.1.Amostra

Utilizou-se como matéria prima a torta de soja obtida da indústria. O extrato seco

obtido utilizando a mistura ternária de solventes conforme descrito no item 2.6 do capítulo

anterior foi usado para o isolamento de isoflavonas e saponinas de soja por CLAE semi-

preparativa.

3.2.Sistema de CLAE semi-preparativa

O sistema de cromatografia semi-preparativa (Thermo Scientific) utilizado

compreendeu uma bomba binária, um injetor manual equipado com um loop de 2 mL, um

detector UV e um coletor automatizado de frações (Dionex Ultimate 3000). As condições

cromatográficas usadas foram coluna Spherisorb ODS-2 10 µm (250 x 10 mm) e fase móvel

constituída de água (eluente A) e acetonitrila aquosa 60% (eluente B), ambas adicionados de

0,3% de ácido fórmico, com fluxo de 4 mL/min. O gradiente utilizado no sistema de CLAE

70

semi-preparativa está apresentado na Tabela 1. A detecção UV foi realizada a 254 nm para as

isoflavonas e 195 nm para as saponinas, sendo a coleta realizada em duas corridas diferentes.

Tabela 1. Gradiente de eluição do sistema de CLAE semi-preparativa

Tempo (min) Eluente B (%)

Isoflavonas Saponinas

0,0 23,0 23,0

0,1 30,0 30,0

12,0 30,0 30,0

15,0 32,0 32,0

17,0 36,0 36,0

23,0 37,0 37,0

25,0 39,0 39,0

30,0 50,0 50,0

35,0 51,0 51,0

40,0 52,0 52,0

45,0 53,0 53,0

46,0 - 58,0

50,0 65,0 65,0

55,0 65,0 75,0

60,0 - 85,0

65,0 - 90,0

75,0 - 95,0

3.3.Coletor de frações

Para aquisição dos dados e programação do coletor automatizado de frações utilizou-

se o software Chromeleon Chromatography Data System (v. 6.8). O coletor automatizado de

frações foi programado para coleta de picos com altura acima de 2,00 mAU e slope do início

do pico de 0,40 mAU/s. A coleta se encerrava quando os picos atingiam altura de pelo menos

8,00 mAU e slope do final do pico de 1,00 mAU/s. Esses valores foram baseados em testes

prévios.

71

3.4.Identificação das frações coletadas

As frações coletadas no sistema de CLAE semi-preparativa foram identificadas por

comparação do tempo de retenção do padrão analítico comercial. Para as isoflavonas malonil

e acetil glicosiladas, a identificação se deu por injeção da fração no sistema de CLAE-DAD-

EM como descrito no item 2.4.4. do capítulo 2.

3.5.Grau de pureza

Para o cálculo da pureza foi utilizada a área dos picos no cromatograma do sistema de

CLAE-DAD. Utilizou-se a soma de todos os picos que apareciam no cromatograma nas

absorbâncias de 254 nm (isoflavonas) e 195 nm (saponinas) como valor de área total. A área

do pico de interesse foi determinada e usada para o cálculo de percentual em relação ao total

conforme mostrado abaixo:

4. Resultados e discussão

Como pode-se observar no capítulo anterior, a torta de soja é uma rica fonte de

isoflavonas e saponinas de soja. O extrato seco obtido a partir da torta com a mistura ternária

de solventes apresentou cerca de 5,6 mg/g de isoflavonas totais e 15,3 mg/g de saponinas de

soja. Na Figura 1 podemos observar o cromatograma representativo das isoflavonas que

puderam ser identificadas no sistema semi-preparativo. Foi possível o isolamento das

isoflavonas daidzina, glicitina, genistina, malonil genistina, acetil daidzina, malonil daidzina,

daidzeína e genisteína com grau de pureza acima de 65% (Tabela 3). Daidzina, genistina,

daidzeína e genisteína foram as isoflavonas isoladas com maior pureza, acima de 90%.

Como pode-se observar, em certos casos não foi possível alcançar a separação

cromatográfica completa, o que impediu o isolamento com grau de pureza elevado das

isoflavonas malonil genistina, acetil daidzina e malonil daidzina. Apesar disso, quando

comparada a outros métodos de separação, a CLAE semi-preparativa mostra-se um método

bastante eficiente e rápido. Para se isolar compostos com elevado grau de pureza muitos

trabalhos na literatura fazem uso de métodos laboriosos e que envolvem técnicas de

purificação prévia do extrato antes do isolamento. Além das isoflavonas citadas acima, em

consequência do baixo teor, não foi possível o isolamento da acetil glicitina, malonil glicitina

e acetil genistina.

72

Figura 1. Cromatograma (UV 254 nm) representativo das isoflavonas isoladas a partir do

extrato da torta de soja da indústria. 1 – daidzina, 2 – glicitina, 3 – genistina, 4 –

desconhecido, 5 – malonil genistina, 6 – acetil daidzina, 7 – malonil daidzina, 8 – daidzeína,

9 – gliciteína, 10 – acetil genistina, 11 – genisteína.

Cabe ressaltar que o isolamento das frações malonil e acetil glicosiladas das

isoflavonas, ainda que com grau de pureza entre 70 e 87%, é de grande relevância, visto que

estes compostos usualmente são de baixa disponibilidade comercial e de alto custo (em média

de 40 a 80 dólares por mg). Além disso, até onde sabemos, não há estudos na literatura

relatando o isolamento destes compostos para uso como padrão analítico.

Qu et al. (2007) isolaram as isoflavonas daidzina, glicitina, genistina, daidzeína,

gliciteína e genisteína com grau de pureza acima de 99%. Apesar da diferença encontrada no

presente trabalho, cabe ressaltar que estes autores utilizaram um sistema preparativo de CLAE

contra-corrente, que vem sendo relatado na literatura como mais eficiente no isolamento de

isoflavonas para obtenção de padrões analíticos pois envolve o uso de uma fase estacionária

líquida, aumentando a solubilidade das isoflavonas e melhorando a resolução e separação

cromatográfica (Sturtz et al., 2006). Apesar da maior pureza, os padrões isolados por este

grupo de autores tem maior disponibilidade comercial, diferente dos padrões de isoflavonas

malonil e acetil glicosiladas isoladas no presente estudo.

Os cromatogramas das frações isoladas por CLAE semi-preparativa e que foram

injetadas no sistema analítico de CLAE-DAD estão apresentados a seguir (Figura 2).

1

2

3

4

5 6

7

8

9 10 11

73

Figura 2. Cromatograma (250 nm) das frações de isoflavonas isoladas no sistema

semipreparativo.

0.0 2.5 5.0 7.5 10.0 12.5 15.0 17.5 20.0 22.5 25.0 27.5 30.0 32.5 min

-25

0

25

50

75

100

125

150

175

200

225

250

275

mAbs ID#1 250nm (1.00)

1.67

8

4.66

8

2 .5 5.0 7.5 10.0 12.5 15.0 17.5 20.0 22.5 25.0 27.5 30.0 32.5 min

-10.0

-7.5

-5.0

-2.5

0.0

2.5

5.0

7.5

10.0

12.5

15.0

17.5

20.0

22.5

25.0

27.5

30.0

32.5

mAbs ID#1 250nm (1.00)

0.20

20.

271

0.50

60.

657

0.86

0

1.46

01.

642

2.19

12.

409

3.19

13.

507

4.23

7

4.90

7

7.98

1 25.7

05

2 .5 5.0 7.5 10.0 12.5 15.0 17.5 20.0 22.5 25.0 27.5 30.0 32.5 min

-5

0

5

10

15

20

25

30

35

40

45

50

mAbs ID#1 250nm (1.00)

7.86

2

2 .5 5.0 7.5 10.0 12.5 15.0 17.5 20.0 22.5 25.0 27.5 30.0 32.5 min

-5.0

-2.5

0.0

2.5

5.0

7.5

10.0

12.5

15.0

mAbs ID#1 250nm (1.00)

5.0 7.5 10.0 12.5 15.0 17.5 20.0 22.5 25.0 27.5 30.0 32.5 min

0

1

2

3

4

5

6

7

8

9

10

11

12

13

14

15

16

17

mAbs ID#1 250nm (1.00)

0.98

3

1.68

4

10.5

10

2 .5 5.0 7.5 10.0 12.5 15.0 17.5 20.0 22.5 25.0 27.5 30.0 32.5 min

0.0

2.5

5.0

7.5

10.0

12.5

15.0

17.5

mAbs ID#1 250nm (1.00)

11.2

29

2 .5 5.0 7.5 10.0 12.5 15.0 17.5 20.0 22.5 25.0 27.5 30.0 32.5 min

-15

-10

-5

0

5

10

15

20

25

30

35

40

45

50

55

mAbs ID#1 250nm (1.00)

13.0

35

5.0 7.5 10.0 12.5 15.0 17.5 20.0 22.5 25.0 27.5 30.0 32.5 min

-3

-2

-1

0

1

2

3

4

5

6

7

8

9

10

11

12

13

mAbs ID#1 250nm (1.00)

1.6

82

15.

480

5 .0 7.5 10.0 12.5 15.0 17.5 20.0 22.5 25.0 27.5 30.0 32.5 min

-1

0

1

2

3

4

5

6

7

8

9

10

11

12

13

14

15

16

mAbs ID#1 250nm (1.00)

1.0

23

1.5

41

1.7

38

2.6

17

2.8

33

8.5

73

24.

850

Daidzina Glicitina

Genistina Malonil genistina

Acetil daidzina Malonil daidzina

Daidzeína Gliciteína

Genisteína

74

Tabela 2. Massa e grau de pureza de isoflavonas e saponinas de

soja isoladas por CLAE semi-preparativa.

Composto Massa

(µg/corrida) Pureza (%)

Daidzina 167,8 93

Glicitina 64,8 68

Genistina 223,9 92

Malonil Genistina 8,5 70

Acetil Daidzina 12,3 72

Malonil Daidzina 38,6 87

Daidzeína 33,5 94

Gliciteína 11,5 98

Genisteína 19,1 99

Saponina B-I 927,9 98

Saponina B-II 195,2 91

Na Figura 3 podemos observar o cromatograma representativo das saponinas que

puderam ser encontradas no extrato. Apenas as saponinas de soja B-I, B-II e B-III puderam

ser identificadas, devido a disponibilidade de padrões comerciais. As saponinas de soja B-I e

B-II foram isoladas com grau de pureza superior a 90% (Tabela 3). Em consequência do

baixo teor e da baixa resolução cromatográfica, não foi possível a coleta da fração

correspondente à saponina B-III. Como podemos perceber, outros picos aparecem entre 55 e

60 min e 63 e 69 min no cromatograma, os quais possivelmente representam outras saponinas,

do grupo B ou conjugadas ao DDMP que, segundo Berhow et al. (2006), são abundantes na

soja e seus derivados.

A futura identificação destes outros picos poderá contribuir para a obtenção de padrões

analíticos a partir da torta de soja, contribuindo para a identificação correta destes compostos

nos alimentos. Essa identificação inicialmente poderá ser feita por CLAE acoplada a

espectrometria de massas em tandem e pela técnica de ressonância magnética nuclear de H1 e

13C, que permitirá a elucidação da estrutura dos compostos presentes na fração isolada.

Assim, será possível a confirmação da identidade através da comparação com bancos de

dados e também com os padrões comerciais, quando disponíveis (Dinan, 2006).

75

Figura 3. Cromatograma (UV 195nm) representativo das saponinas de soja isoladas a partir

do extrato da torta de soja da indústria. 1-saponina B-I, 2-saponina B-II, 3-saponina B-III.

As saponinas de soja possuem estrutura triterpenóide ligadas a uma ou mais cadeia de

açúcares e apresentam um amplo espectro de bioatividade (Yao et al., 2008). Diversos

estudos já demonstraram a ação antiviral, hipocolesterolêmica, hemolítica,

imunoestimulatória, hepatoprotetora e anti câncer (Berhow et al., 2002). Portanto, a avaliação

dos efeitos biológicos das diferentes saponinas isoladas da torta de soja por CLAE semi-

preparativa em estudos futuros contribuirá para a elucidação de mecanismos de ação destes

compostos com maior clareza.

Assim como algumas isoflavonas, os padrões analíticos de saponinas também são de

baixa disponibilidade comercial e geralmente são de alto custo. Muitos destes compostos, por

conta desta baixa disponibilidade, somente são passíveis de identificação em matrizes

alimentícias por técnicas avançadas, como por exemplo a espectrometria de massas. Mesmo

assim, a quantificação só é possível havendo o padrão de referência disponível. Como nem

todos os laboratórios de análises dispõe deste tipo de ferramenta, a identificação e

quantificação das saponinas dos alimentos acaba se tornando menos frequente quando

comparado às isoflavonas. A obtenção de padrões analíticos através da CLAE semi-

2.5 5.0 7.5 10.0 12.5 15.0 17.5 20.0 22.5 25.0 27.5 30.0 32.5 min

-150

-100

-50

0

50

100

150

200

250

300

mAbs ID#1 195nm (1.00)

1.0

39

1.3

48

29.

215

29.

928

2 .5 5.0 7.5 10.0 12.5 15.0 17.5 20.0 22.5 25.0 27.5 30.0 32.5 min

-150

-125

-100

-75

-50

-25

0

25

50

75

100

mAbs ID#1 195nm (1.00)

1.2

94

30.

357

Saponina B-I Saponina B-II

2

1

3

76

preparativa dos diversos tipos de saponinas da torta de soja ajudaria nessa identificação. Além

disso, com a disponibilidade do padrão, a análise cromatográfica pode ser realizada usando

detectores mais baratos, como por exemplo o detector UV, tendo em vista que estes

compostos possuem espectro de absorção em torno de 195 nm.

Com relação à quantidade de compostos isolada por corrida, na Tabela 3, podemos

observar que as isoflavonas glicosiladas daidzina, glicitina e genistina e as saponinas B-I e B-

II foram as isoladas em maiores quantidades. Esse maior rendimento agiliza a produção de

padrões analíticos, por exemplo, permitindo em poucos dias a obtenção de quantidades

suficientes, entre 1 e 10 mg, do composto para as rotinas de análise cromatográfica em um

laboratório.

Cabe ainda ressaltar que todas as frações isoladas neste trabalho e identificadas por

CLAE-DAD serão futuramente caracterizadas por meio de ressonância magnética nuclear (1H

e 13

C).

5. Conclusão

Os resultados obtidos mostram que o extrato obtido da torta de soja é uma rica fonte

de isoflavonas e saponinas. Foi possível o isolamento destes compostos a partir do extrato da

torta de soja de maneira eficiente por CLAE semi-preparativa. Estes compostos isolados

podem ser utilizados para futuros estudos de bioatividade e em análises quantitativas em

alimentos.

77

Referências

78

ACAMOVIC, T.; BROOKER, J. D. Biochemistry of plant secondary metabolites and their

effects in animals. Proceedings of the Nutrition Society, v. 64, n. 03, p. 403–412, 2007.

AGOSTINI-COSTA et al. Secondary metabolities. In: DHANARASU, S. Chromatography

and Its Applications. Croácia: InTech, 2012. p. 131-164.

ALU’DATT, M. H.; RABABAH, T.; EREIFEJ, K.; ALLI, I. Distribution, antioxidant and

characterisation of phenolic compounds in soybeans, flaxseed and olives. Food chemistry, v.

139, n. 1-4, p. 93–9, 2013.

ANDERSON, J. W.; JOHNSTONE, B. M.; COOK-NEWELL, M. E. Meta-analysis of the

effects of soy protein intake on serum lipids. The New England journal of medicine, v. 333,

n. 5, p. 276–82, 1995.

ANDERSON, R.; WOLF, W. Compositional changes in trypsin inhibitors, phytic acid,

saponins and isoflavones related to soybean processing. The Journal of nutrition, p. 581–

588, 1995.

AOAC (Association of Official Analytical Chemists). Official Methods of Analysis (17th

ed.).

Gaithersburg, MD, USA: Association of Analytical Communitie. 2000.

ASHOUR, M. et al. Biochemistry of terpenoids: monoterpenes, sesquiterpenes and

diterpenes. In: WINK, M. Annual Plant Reviews Volume 40: Biochemistry of Plant Secondary

Metabolism, Second Edition. Nova Dheli: Wiley-Blackwell, 2010. 434 p.

AZMIR, J.; ZAIDUL, I. S. M.; RAHMAN, M. M.; et al. Techniques for extraction of

bioactive compounds from plant materials: A review. Journal of Food Engineering, v. 117,

n. 4, p. 426–436, 2013.

BALASUNDRAM, N.; SUNDRAM, K.; SAMMAN, S. Phenolic compounds in plants and

agri-industrial by-products: Antioxidant activity, occurrence, and potential uses. Food

Chemistry, v. 99, n. 1, p. 191–203, 2006.

BALISTEIRO, D. M.; ROMBALDI, C. V.; GENOVESE, M. I. Protein, isoflavones, trypsin

inhibitory and in vitro antioxidant capacities: Comparison among conventionally and

organically grown soybeans. Food Research International, v. 51, n. 1, p. 8–14, 2013.

BARBALHO, S.M.; FARINAZZI-MACHADO, F.M.V . Soybean: Food or Remedy? In: EL-

SHEMY, H.A. Soybean and nutrition. Croácia: InTech Open, 2011. p. 411-432.

BARBOSA, A. C. L.; HASSIMOTTO, N. M. A.; LAJOLO, F. M.; GENOVESE, M. I. Teores

de isoflavonas e capacidade antioxidante da soja e produtos derivados. Ciência e Tecnologia

de Alimentos, v. 26, n. 4, p. 921–926, 2006.

BENZIE, I. F.; STRAIN, J. J. The ferric reducing ability of plasma (FRAP) as a measure of

“antioxidant power”: the FRAP assay. Analytical biochemistry, v. 239, n. 1, p. 70–6, 1996.

BIRT, D. F.; HENDRICH, S.; WANG, W. Dietary agents in cancer prevention: flavonoids

and isoflavonoids. Pharmacology & therapeutics, v. 90, n. 2-3, p. 157–77, 2001.

79

BOLANHO, B.; BELÉIA, A. BIOACTIVE COMPOUNDS AND ANTIOXIDANT

POTENTIAL OF SOY PRODUCTS. Alim. Nutr., Araraquara, v. 22, n. 4, p. 539–546,

2011.

BOYAPATI, S. M.; SHU, X.; RUAN, Z. X.; et al. Soyfood intake and breast cancer survival:

a followup of the Shanghai Breast Cancer Study. Breast cancer research and treatment, v.

92, n. 1, p. 11–7, 2005.

BOYE, J.; RIBEREAU, S. Assessing Compositional Differences in Soy Products and Impacts

on Health Claims. In: EL-SHEMY, H.A. Soybean and nutrition. Croácia: InTech Open, 2011.

BRASIL. Ministério da Saúde. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Lista de alegações

de propriedade funcional aprovadas. 2008.

CANALES UGARTE, S. Relación entre el consumo de isoflavonas de soja y las

concentraciones de colesterol: revisión de la evidencia. Endocrinología y Nutrición, v. 53, n.

10, p. 599–606, 2006.

CASTELLANO, G.; TENA, J.; TORRENS, F. Classification of phenolic compounds by

chemical structural indicators and its relation to antioxidant properties of Posidonia oceanica

(L.) delile. MATCH: Communications in Mathematical and in Computer Chemistry, v.

67, p. 231–250, 2012.

CHANG, C.; YANG, M.; WEN, H.; CHERN, J. Estimation of Total Flavonoid Content in

Propolis by Two Complementary Colorimetric Methods. Journal of Food and Drug

Analysis, v. 10, n. 3, p. 178–182, 2002.

CHENG, A.; LOU, Y.; MAO, Y. Plant terpenoids: biosynthesis and ecological functions.

Journal of Integrative Plant Biology, v. 49, n. 2, p. 179–186, 2007.

CHIU, T.-M.; HUANG, C.-C.; LIN, T.-J.; et al. In vitro and in vivo anti-photoaging effects of

an isoflavone extract from soybean cake. Journal of ethnopharmacology, v. 126, n. 1, p.

108–13, 2009.

CONAB. Acompanhamento da safra brasileira de grãos. v. 1, n.1. Brasília: Conab, 2013.

COWARD, L.; BARNES, N. C.; SETCHEL, K. D. R.; J, S. B. Genistein, Daidzein, and Their

β-Glycoside Conjugates: Antitumor Isoflavones in Soybean Foods from American and Asian

Diets? Journal of agricultural and food chemistry, v. 41, n. 11, p. 1961–1967, 1993.

CROZIER, A. et al. Plant Secondary Metabolites: Occurrence, Structure and Role in the

Human Diet. Blackwell Publishing: Singapore, 2006. 353 p.

DAI, J.; MUMPER, R. J. Plant phenolics: extraction, analysis and their antioxidant and

anticancer properties. Molecules, v. 15, n. 10, p. 7313–52, 2010.

DAVEBY, Y. et al. Effect of storage and extraction on ratio of soyasaponin I to 2,

3‐dihydro‐2,5‐dihydroxy‐6‐methyl‐4‐pyrone‐conjugated soyasaponin I in dehulled peas

(Pisum sativum L). Journal of the Science of Food and Agriculture, v. 78, p. 141–146,

1998.

80

DECROOS, K.; VINCKEN, J.-P.; HENG, L.; et al. Simultaneous quantification of differently

glycosylated, acetylated, and 2,3-dihydro-2,5-dihydroxy-6-methyl-4H-pyran-4-one-

conjugated soyasaponins using reversed-phase high-performance liquid chromatography with

evaporative light scattering detection. Journal of Chromatography A, v. 1072, n. 2, p. 185–

193, 2005.

DENNI, M.; MAMMEN, D. Short communication A critical evaluation on the reliability of

two aluminum chloride chelation methods for quantification of flavonoids. Food Chemistry,

v. 135, n. 3, p. 1365–1368, 2012.

DEWICK, P. M. The biosynthesis of C5–C25 terpenoid compounds. Natural Product

Reports, v. 19, n. 2, p. 181–222, 2002.

DILLARD, C.J.; GERMAN, J.B. Phytochemicals: nutraceuticals and human health. Journal

of the Science of Food and Agriculture, v. 80, p. 1744–1756, 2000.

DINAN, L. Dereplication and Partial Identification of Compounds. In: SARKER, S.D. et al.

Natural Products Isolation. New Jersey: Humana Press, 2006. p. 297-321.

DIXIT, A.K. et al. Soybean constituents and their functional benefits. In:

Opportunity,challenge and Scope of Natural Products in Medicinal Chemistry. 2011.

DOUGHARI, J.H. Phytochemicals: Extraction Methods, Basic Structures and Mode of

Action as Potential Chemotherapeutic AgentS. In: RAO, V. Phytochemicals - A Global

Perspective of Their Role in Nutrition and Health. Croácia: InTech, 2012.

DUTHIE, G. G.; GARDNER, P. T.; KYLE, J. A M. Plant polyphenols: are they the new

magic bullet? The Proceedings of the Nutrition Society, v. 62, n. 3, p. 599–603, 2003.

EDRISS, A.; ALABJAR, Z.; SATTI, A. Phytochemical screening of important secondary

metabolites in some extracts of two Sudanese plants. Global Advanced Research Journal of

Enviromental Science and Toxicology, v. 1, n. 8, p. 199–202, 2012.

EISEN, B.; UNGAR, Y.; SHIMONI, E. Stability of isoflavones in soy milk stored at elevated

and ambient temperatures. Journal of agricultural and food chemistry, v. 51, n. 8, p. 2212–

5, 2003.

ESPINOSA-MARTOS, I.; RUPÉREZ, P. Soybean oligosaccharides: Potential as new

ingredients in functional food. Nutrición hospitalaria, v. 21, n. 1, p. 92–6, 2006.

FANG, N.; YU, S.; BADGER, T. M. Comprehensive phytochemical profile of soy protein

isolate. Journal of agricultural and food chemistry, v. 52, n. 12, p. 4012–20, 2004.

FIGALLO, V.B. Effect of planting time and location on the isoflavone content and profile of

different soybeans [Glycine max (L.) merrill] cultivars. 2003. 124 f. Dissertação – University

of Maryland. College Park. 2003.

FONSECA, N. D.; VILLAR, M. P. M.; DONANGELO, C. M.; PERRONE, D. Isoflavones

and soyasaponins in soy infant formulas in Brazil: profile and estimated consumption. Food

chemistry, v. 143, p. 492–8, 2014.

81

FRANCIS, G.; KEREM, Z.; MAKKAR, H. P. S.; BECKER, K. The biological action of

saponins in animal systems: a review. The British journal of nutrition, v. 88, n. 6, p. 587–

605, 2002.

GANRY, O. Phytoestrogens and prostate cancer risk. Preventive medicine, v. 41, n. 1, p. 1–

6, 2005.

GARCIA-SALAS, P.; MORALES-SOTO, A.; SEGURA-CARRETERO, A.; FERNÁNDEZ-

GUTIÉRREZ, A. Phenolic-compound-extraction systems for fruit and vegetable samples.

Molecules, v. 15, n. 12, p. 8813–26, 2010.

GENOVESE, M. I.; LAJOLO, F. M. Isoflavones in soy-based foods consumed in Brazil:

levels, distribution, and estimated intake. Journal of agricultural and food chemistry, v. 50,

n. 21, p. 5987–93, 2002.

GHASEMZADEH, A.; GHASEMZADEH, N. Flavonoids and phenolic acids: Role and

biochemical activity in plants and human. Journal of Medicinal Plants Research, v. 5, n. 31,

p. 6697–6703, 2011.

GIADA, M.L.R. Food Phenolic Compounds: Main Classes, Sources and Their Antioxidant

Power. In: Oxidative Stress and Chronic Degenerative Diseases - A Role for Antioxidants.

Croácia: InTech, 2013. 512 p.

GRIESHOP, C. M.; KADZERE, C. T.; CLAPPER, G. M.; et al. Chemical and nutritional

characteristics of United States soybeans and soybean meals. Journal of agricultural and

food chemistry, v. 51, n. 26, p. 7684–91, 2003.

HE, X.; LIU, D.; LIU, R. H. Sodium borohydride/chloranil-based assay for quantifying total

flavonoids. Journal of agricultural and food chemistry, v. 56, n. 20, p. 9337–44, 2008.

HENG, L.; VINCKEN, J.-P.; HOPPE, K.; et al. Stability of pea DDMP saponin and the

mechanism of its decomposition. Food Chemistry, v. 99, n. 2, p. 326–334, 2006.

HOU, D.; CHANG, S. Structural characteristics of purified glycinin from soybeans stored

under various conditions. Journal of Agricultural and food chemistry, p. 3792–3800, 2004.

JOANA GIL-CHÁVEZ, G.; VILLA, J. A.; FERNANDO AYALA-ZAVALA, J.; et al.

Technologies for Extraction and Production of Bioactive Compounds to be Used as

Nutraceuticals and Food Ingredients: An Overview. Comprehensive Reviews in Food

Science and Food Safety, v. 12, n. 1, p. 5–23, 2013.

KANG, J.; BADGER, T. M.; RONIS, M. J. J.; WU, X. Non-isoflavone phytochemicals in soy

and their health effects. Journal of agricultural and food chemistry, v. 58, n. 14, p. 8119–

33, 2010.

KAO, T. H.; LU, Y. F.; CHEN, B. H. Preparative column chromatography of four groups of

isoflavones from soybean cake. European Food Research and Technology, v. 221, n. 3-4,

p. 459–465, 2005.

82

KAO, T. H.; WU, W. M.; HUNG, C. F.; WU, W. B.; CHEN, B. H. Anti-inflammatory effects

of isoflavone powder produced from soybean cake. Journal of agricultural and food

chemistry, v. 55, n. 26, p. 11068–79, 2007.

KAO, T.; CHEN, B. An improved method for determination of isoflavones in soybean

powder by liquid chromatography. Chromatographia, v. 423, n. 7, p. 423–430, 2002.

KAO, T.-H.; CHEN, B.-H. Functional components in soybean cake and their effects on

antioxidant activity. Journal of agricultural and food chemistry, v. 54, n. 20, p. 7544–55,

2006.

KAO, T.-H.; CHIEN, J.-T.; CHEN, B.-H. Extraction yield of isoflavones from soybean cake

as affected by solvent and supercritical carbon dioxide. Food Chemistry, v. 107, n. 4, p.

1728–1736, 2008.

KHODDAMI, A.; WILKES, M. A; ROBERTS, T. H. Techniques for analysis of plant

phenolic compounds. Molecules, v. 18, n. 2, p. 2328–75, 2013.

KIM, M.-J.; LEE, J. Modification of isoflavones by processing and photosensitization in

model and food systems. Journal of the Korean Society for Applied Biological Chemistry,

v. 54, n. 6, p. 833–840, 2011.

LAI, L.-R.; HSIEH, S.-C.; HUANG, H.-Y.; CHOU, C.-C. Effect of lactic fermentation on the

total phenolic, saponin and phytic acid contents as well as anti-colon cancer cell proliferation

activity of soymilk. Journal of bioscience and bioengineering, v. 115, n. 5, p. 552–6, 2013.

LIU, K.; PH, D. Soybeans as Functional Foods Editor. 2004.

LIU, R. H. Whole grain phytochemicals and health. Journal of Cereal Science, v. 46, n. 3, p.

207–219, 2007.

LU UE DE CA TRO, M. .; ARC A-AYUSO, L. . Soxhlet extraction of solid materials: an

outdated technique with a promising innovative future. Analytica Chimica Acta, v. 369, n. 1-

2, p. 1–10, 1998.

MADAN, V.; YADAV, O.; TYAGI, C. Post harvest degradation of saponin content in

powder of Asparagus racemosus tubers with different drying and storage methods. Acta

Horticulturae, v. 776, p. 261-268, 2005.

MALENČIĆ, D.; POPOVIĆ, M.; MILADINOVIĆ, J. Phenolic content and antioxidant

properties of soybean (Glycine max (L.) Merr.) seeds. Molecules, v. 12, p. 576–581, 2007.

MARTINO et al. Nutritional and Bioactive Compounds of Soybean: Benefits on Human

Health. In: EL-SHEMY, H.A. (ed.) Soybean and health. Croácia: InTech, 2011. p. 465-488.

MATEOS-APARICIO, I.; REDONDO CUENCA, A; VILLANUEVA-SUÁREZ, M. J.;

ZAPATA-REVILLA, M. A. Soybean, a promising health source. Nutrición hospitalaria, v.

23, n. 4, p. 305–12, 2008.

83

MCCANN, M.; LIU, K.; TRUJILLO, W.; DOBERT, R. Glyphosate-tolerant soybeans remain

compositionally equivalent to conventional soybeans (Glycine max L.) during three years of

field testing. Journal of agricultural and food chemistry, v. 53, n. 13, p. 5331–5335, 2005.

MOLYNEUX, R. J.; LEE, S. T.; GARDNER, D. R.; PANTER, K. E.; JAMES, L. F.

Phytochemicals: the good, the bad and the ugly? Phytochemistry, v. 68, n. 22-24, p. 2973–

85, 2007.

OAKENFULL, D. Saponins in food—a review. Food chemistry, v. 6, p. 19–40, 1981.

OKABE, Y.; SHIMAZU, T.; TANIMOTO, H. Higher bioavailability of isoflavones after a

single ingestion of aglycone-rich fermented soybeans compared with glucoside-rich non-

fermented soybeans in Japanese postmenopausal women. Journal of the science of food and

agriculture, v. 91, n. 4, p. 658–63, 2011.

OLIVEIRA, J.S. Caracterização, extração e purificação por cromatografia de compostos de

urucum (Bixa orellana L.). 2005. 215 f. Tese (Doutorado em Engenharia Química) - Centro

Tecnológico, Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis. 2005.

OMONI, A.; ALUKO, R. Soybean foods and their benefits: potential mechanisms of action.

Nutrition reviews, v. 63, n. 8, p. 272–283, 2005.

PACE, C. N.; TREVIÑO, S.; PRABHAKARAN, E.; SCHOLTZ, J. M. Protein structure,

stability and solubility in water and other solvents. Philosophical transactions of the Royal

Society of London. Series B, Biological sciences, v. 359, n. 1448, p. 1225–34; 2004.

PACHECO, S. et al. Preparo de padrões analíticos de alta pureza usando cromatografia

líquida de alta eficiência em escala analítica. In: 3º Simpósio de Segurança Alimentar,

Florianópolis, 2010.

PALOMO et al. Soybean Products Consumption in the Prevention of Cardiovascular

Diseases. In: EL-SHEMY, H.A. (ed.) Soybean and health. Croácia: InTech, 2011. p. 1-20.

PEREIRA, D. M.; VALENTÃO, P.; PEREIRA, J. A.; ANDRADE, P. B. Phenolics: From

Chemistry to Biology. Molecules, v. 14, n. 6, p. 2202–2211, 2009.

PIETTA, P. G. Flavonoids as antioxidants. Journal of natural products, v. 63, n. 7, p. 1035–

42, 2000.

POTTER, S.M. et al. Protein-saponin interaction and its influence on blood lipids. Journal of

Agricultural and Food Chemistry, v. 41, p. 1287–1291, 1993.

QIU, L.J.; CHANG, R.Z. The origin and history of soybean. In: SINGH, G. (Ed.). The

soybean: botany, production and uses. Londres: CABI, 2010. p. 1-23.

QU, L.; FAN, G.; PENG, J.; MI, H. Isolation of six isoflavones from Semen sojae

praeparatum by preparative HPLC. Fitoterapia, v. 78, n. 3, p. 200–4, 2007.

RADWAN, S.; EL-MERGAWI, R.; TAIE, H. Isoflavonoids , Flavonoids , Phenolic Acids

Profiles and Antioxidant Activity of Soybean Seeds as Affected by Organic and Bioorganic

84

Fertilization. Journal of Agricultural and Enviromental Sciences, v. 4, n. 2, p. 207–213,

2008.

RAGHUVEER, C.; TANDON, R. Consumption of functional foods and our health concerns.

Pakistan Journal of Physiology, v. 5, n. 1, p. 76–83, 2009.

RAMOS, F. Avaliação da composição do solvente e das condições de processo para a

extração diferencial de isoflavonas e saponinas da soja. Dissertação (Mestrado em Ciência de

Alimentos) – Instituto de Química, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro.

2013.

RE, R.; PELLEGRINI, N.; PROTEGGENTE, A. Antioxidant activity applying an improved

ABTS radical cation decolorization assay. Free Radical Biology & Medicine, v. 26, n. 98, p.

1231–1237, 1999.

ROSS, J. A; KASUM, C. M. Dietary flavonoids: bioavailability, metabolic effects, and safety.

Annual review of nutrition, v. 22, p. 19–34, 2002.

ROSTAGNO, M. A.; PALMA, M.; BARROSO, C. G. Short-term stability of soy isoflavones

extracts: Sample conservation aspects. Food Chemistry, v. 93, n. 3, p. 557–564, 2005.

ROSTAGNO, M. A; VILLARES, A; GUILLAMÓN, E.; GARCÍA-LAFUENTE, A;

MARTÍNEZ, J. A. Sample preparation for the analysis of isoflavones from soybeans and soy

foods. Journal of chromatography. A, v. 1216, n. 1, p. 2–29, 2009.

SACKS, F. M.; LICHTENSTEIN, A.; HORN, L. VAN; et al. Soy protein, isoflavones, and

cardiovascular health: an American Heart Association Science Advisory for professionals

from the Nutrition Committee. Circulation, v. 113, n. 7, p. 1034–44, 2006.

SAIO, K.; KOBAYAKAWA, K.; KITO, M. Protein denaturation during model storage

studies of soybeans and meals. Cereal Chemistry, 1982.

SAKTHIVELU, G.; AKITHA DEVI, M. K.; GIRIDHAR, P.; et al. Isoflavone composition,

phenol content, and antioxidant activity of soybean seeds from India and Bulgaria. Journal of

agricultural and food chemistry, v. 56, n. 6, p. 2090–5, 2008.

SALGADO, J.M.; DONADO-PESTANA, C.M. Soy as a Functional Food. In: EL-SHEMY,

H.A. Soybean and nutrition. Croácia: InTech Open, 2011.

SARKER, S.D. et al. Natural product isolation. In: SARKER, S.D. et al. Natural Products

Isolation. New Jersey: Humana Press, 2006. p. 1-26.

SASIDHARAN, S.; CHEN, Y. Extraction, isolation and characterization of bioactive

compounds from plants’ extracts. African Journal of Traditional, Complementary and

Alternative Medicine, v. 8, p. 1–10, 2011.

SEERAM, N. P.; NAIR, M. G. Inhibition of lipid peroxidation and structure-activity-related

studies of the dietary constituents anthocyanins, anthocyanidins, and catechins. Journal of

agricultural and food chemistry, v. 50, n. 19, p. 5308–12, 2002.

85

SEIBEL, N. F.; BELÉIA, A. Características químicas e funcionalidade tecnológica de

ingredientes de soja [Glycine Max (L.) Merrill]: carboidratos e proteínas. Brazilian Journal

of Food Technology, v. 12, n. 2, p. 113–122, 2009.

SHI, J.; ARUNASALAM, K. Saponins from edible legumes: chemistry, processing, and

health benefits. Journal of medicinal food, v. 7, n. 1, p. 67–78, 2004.

SHIAU, I.; SHIH, T.; WANG, Y.; CHEN, H. Quantification for saponin from a soapberry

(Sapindus mukorossi Gaertn) in cleaning products by a chromatographic and two colorimetric

assays. Journal of the Faculty of Agriculture, Kyushu University, v. 54, n. 1, p. 215–221,

2009.

SILVA, M. S.; NAVES, M. M. V.; OLIVEIRA, R. B. DE; LEITE, O. D. S. M. Composição

química e valor protéico do resíduo de soja em relação ao grão de soja. Ciência e Tecnologia

de Alimentos, v. 26, n. 3, p. 571–576, 2006.

SIMONNE, A H.; SMITH, M.; WEAVER, D. B.; et al. Retention and changes of soy

isoflavones and carotenoids in immature soybean seeds (Edamame) during processing.

Journal of agricultural and food chemistry, v. 48, n. 12, p. 6061–9, 2000.

SINGLETON, V. L. et al. Analysis of total phenols and other oxidation substrates and

antioxidants by means of folin-ciocalteu reagent. Methods in Enzymology, v. 299, p. 152-

178, 1999.

SNYDER, H.E. Soy (soya) beans. In: TRUGO, L.C.; FINGLAS, P.M. Encyclopedia of food

sciences and nutrition. Estados Unidos: Academic Press, 2003.

SPARG, S. G.; LIGHT, M. E.; STADEN, J. VAN. Biological activities and distribution of

plant saponins. Journal of ethnopharmacology, v. 94, n. 2-3, p. 219–243, 2004.

SPERONI, F.; MILESI, V.; AÑÓN, M. C. Interactions between isoflavones and soybean

proteins: Applications in soybean-protein–isolate production. LWT - Food Science and

Technology, v. 43, n. 8, p. 1265–1270, 2010.

STEVANATO, R.; FABRIS, S.; MOMO, F. New enzymatic method for the determination of

total phenolic content in tea and wine. Journal of agricultural and food chemistry, v. 52, n.

20, p. 6287–93, 2004.

STÜRTZ, M.; LANDER, V.; SCHMID, W.; WINTERHALTER, P. Preparative isolation of

isoflavones from soy and red clover. Molecular nutrition & food research, v. 50, n. 4-5, p.

356–61, 2006.

SUGANO, M. Soy in health and disease prevention. Estados Unidos: Taylor & Francis

Group, 2006.

TOYOMURA, K.; KONO, S. Soybeans, soy foods, isoflavones and risk of colorectal cancer:

a review of experimental and epidemiological data. Asian Pacific Journal of Cancer

Prevention, v. 3, p. 125–132, 2002.

86

VINCKEN, J.-P.; HENG, L.; GROOT, A. DE; GRUPPEN, H. Saponins, classification and

occurrence in the plant kingdom. Phytochemistry, v. 68, n. 3, p. 275–97, 2007.

VISHT, S.; CHATURVEDI, S. Isolation of Natural Products. Current Pharma Research, v.

2, n. 3, p. 584–599, 2012.

WANG, B. F.; WANG, J. S.; LU, J. F.; KAO, T. H.; CHEN, B. H. Antiproliferation effect

and mechanism of prostate cancer cell lines as affected by isoflavones from soybean cake.

Journal of agricultural and food chemistry, v. 57, n. 6, p. 2221–32, 2009.

WANG, H.; MURPHY, P. A. Isoflavone Content in Commercial Soybean Foods. Journal of

Agricultural and Food Chemistry, v. 42, n. 8, p. 1666–1673, 1994.

WIJNGAARD, H.H. Novel extraction techniques for phytochemicals. In: TIWARI, B.K.

Handbook of Plant Food Phytochemicals: Sources, Stability and Extraction. Nova Dheli:

Wiley-Blackwell, 2013. p. 412-433.

WINK, M. Annual Plant Reviews Volume 40: Biochemistry of Plant Secondary Metabolism,

Second Edition. Nova Dheli: Wiley-Blackwell, 2010. 434 p.

WINK, M. Evolution of secondary metabolites from an ecological and molecular

phylogenetic perspective. Phytochemistry, v. 64, n. 1, p. 3–19, 2003.

WU, J.; MUIR, A. D. Isoflavone during protease hydrolysis of defatted soybean meal. Food

Chemistry, v. 118, n. 2, p. 328–332, 2010.

XU, B.; CHANG, S. K. C. Characterization of phenolic substances and antioxidant properties

of food soybeans grown in the North Dakota-Minnesota region. Journal of agricultural and

food chemistry, v. 56, n. 19, p. 9102–13, 2008.

XU, B.; CHANG, S. K. C. Reduction of antiproliferative capacities, cell-based antioxidant

capacities and phytochemical contents of common beans and soybeans upon thermal

processing. Food Chemistry, v. 129, n. 3, p. 974–981, 2011.

XU, Z.; WU, Q.; GODBER, J. Stabilities of Daidzin, Glycitin, Genistin, and Generation of

Derivatives during Heating. Journal of agricultural and food chemistry, v. 50, p. 7402–

7406, 2002.

YAO, S.; LUO, J.; HUANG, X.; KONG, L. Application of preparative high-speed counter-

current chromatography/preparative high-performance liquid chromatography mode in rapid

separation of saponins. Journal of chromatography. B, v. 864, n. 1-2, p. 69–77, 2008.

ZHANG, W.; POPOVICH, D. G. Chemical and biological characterization of oleanane

triterpenoids from soy. Molecules, v. 14, n. 8, p. 2959–75, 2009.

ZHOU, J.-R. Soy and the prevention of lifestyle-related diseases. Clinical and experimental

pharmacology & physiology, v. 31 Suppl 2, p. S14–9, 2004.