CARACTERIZAÇÃO FÍSICO-QUÍMICA DA FARINHA...
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Área: CV (X) CHSA ( ) ECET ( )
MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍ – UFPI
PRÓ-REITORIA DE PESQUISA Coordenadoria de Pesquisa – CPES
Campus Universitário Ministro Petrônio Portela, Bloco 06 – Bairro Ininga
Cep: 64049-550 – Teresina-PI – Brasil – Fone (86) 215-5564
E-mail: [email protected]
CARACTERIZAÇÃO FÍSICO-QUÍMICA DA FARINHA DE FEIJÃO BRANCO (Phaseolus vulgaris) COMO FONTE DE FERRO EM PRODUTOS DE
PANIFICAÇÃO Tayrine de Lima Borges (UFPI/CSHNB),Thais Oliveira dos Santos (UFPI/CSHNB), Thayse Wilma Nogueira de Oliveira (UFPI/CSHNB), Stella Regina Arcanjo Medeiros (Orientadora –
UFPI/CSHNB)
Introdução
A eficiência da fortificação para corrigir, erradicar ou prevenir doenças específicas, causadas
por deficiências de nutrientes, é amplamente reconhecida. A eficácia na prevenção de anemia
usando alimentos fortificados se mostra uma estratégia adequada nos programas de prevenção
dessa doença em vários países (VELLOZO e FISBERG, 2010).
O feijão é uma leguminosa que fornece quantidades significativas de proteínas, calorias e
outros nutrientes para as dietas da população, dentre eles, o ferro. A secagem do feijão e sua
transformação em farinha é uma importante alternativa para diversificar seu uso e incorporar
nutrientes em produtos alimentícios, como o bolo. Essa incorporação torna o produto uma importante
fonte de ferro que quando consumido com vitamina C, aumenta a absorção deste mineral, devido sua
baixa biodisponibilidade (FRANCO, 2007; PEREZ e GERMANI, 2004).
Diante disto, este trabalho teve por objetivo avaliar as características físico-químicas da
farinha de feijão branco (Phaseolus vulgaris) como fonte de ferro em produtos de panificação.
Metodologia
O produto elaborado com a farinha de feijão branco (Phaseolus vulgaris L.) foi o bolo e todos
os ingredientes utilizados na sua confecção foram adquiridos no comércio varejista do centro
comercial da cidade de Picos PI. A obtenção das formulações F1 (45% de farinha de feijão branco +
1,5g de ácido ascórbico), F2 (65% de farinha de feijão branco + 1,7g de ácido ascórbico) e F3 (85%
de farinha de feijão branco + 1,8g de ácido ascórbico), partiu-se da formulação F0 padrão da
American Associate of Cereal Chemistry, contendo farinha de trigo (140g), açúcar refinado (180g),
leite em pó desnatado (25g), água (80mL), ovos (3 unidades), margarina (100g), fermento químico
(5g) e sal (3g) (AACC, 1995). Na formulação padrão foi utilizado 80ml de água e nas formulações F1,
F2 e F3 foi 160ml.
Os bolos foram elaborados no laboratório de Técnica Dietética da Universidade Federal do
Piauí. Primeiramente os ingredientes foram pesados e homogeneizados em batedeira planetária. Em
seguida, a massa foi depositada em uma assadeira retangular e levada ao forno a uma temperatura
de 180 °C por 30 minutos. Logo após, os bolos foram resfriados a temperatura ambiente e revestidos
em filmes PVC até o momento das análises. Para a caracterização do bolo, as amostras foram
separadas em triplicatas e submetidas as análises de umidade, cinzas, pH, acidez e vitamina C
seguindo as Normas Analíticas do Instituto Adolfo Lutz (IAL, 2008). Os resultados físico-químicos
foram submetidos a análise de variância (Anova), e as médias, comparadas pelo teste de Tukey (p <
0,05).
Resultados e Discussão
Os resultados das análises de umidade, cinzas, acidez, pH e vitamina C, das formulações de
bolo e da formulação padrão estão apresentados na Tabela 1.
Tabela 1: Valores médios das características físico-químicas (Umidade, Cinzas, Acidez, pH, Ferro,
Vitamina C) das formulações de bolo Controle (F0), F1, F2 e F3, elaborado a partir da farinha da feijão
branco (FFB).
Umidade Cinzas Acidez pH Vitamina C
F0 61,33±0,55a 2,62±0,04
c 2,26±0,55
b 7,56±0,04
ab -
F1 35,01±1,02d 2,96±0,02
a 5,81±0,12
a 6,52±0,01
a 57,9 ±0,35
a
F2 38,68±0,75c 2,82±0,07
b 5,33±0,57
a 6,59±0,06
a 58,3±0,21
a
F3 52,95±1,81b 2,59±0,01
c 5,60±0,18
a 6,47±0,01
b 57,8±0,46
a
Média ± estimativa de desvio-padrão. Letras diferentes na mesma coluna indicam diferença
estatística (Teste de Tukey).
Diante deste resultado, pode-se observar que todas as amostras apresentaram diferença
significativa com relação ao teor de umidade. A formulação padrão obteve maior percentual em
relação às outras, demonstrando a capacidade da farinha de trigo em reter água. Nas demais
amostras, com farinha de feijão branco, não foi observada esta mesma capacidade tendo em vista
que foi adicionado o dobro de água. Resultado semelhante foi encontrado por Moscatto, Prudêncio-
Ferreira e Hauly (2004) ao substituir 40% da farinha de trigo por farinha de yacon na elaboração de
bolo, obtendo 38% de umidade.
Quanto ao teor de cinzas, as formulações F0 e F3 não obtiveram diferença significativa entre
si (p <0,05), mas diferiram das demais amostras. Observa-se que o conteúdo de cinzas diminuiu com
o aumento da concentração de farinha de feijão branco, o que pode indicar perda de minerais durante
processamento. Este resultado difere ao de Frota, et al. (2009), que encontrou em seu rocambole
valores crescentes de cinzas a medida que aumentava a concentração de farinha de feijão-caupi.
Entre as formulações de bolo, apenas a padrão teve diferença significativa em relação às
demais quanto ao pH. Isto é justificado pela ausência de ácido ascórbico em sua formulação. Todas
as formulações com adição de farinha de feijão branco e vitamina C apresentaram acidez titulável
aumentada em decorrência da formação de compostos voláteis e com características ácidas durante
o processo de cocção, além da presença do ácido ascórbico. Santangelo (2006) também encontrou
acidez titulável aumentada para os panetones elaborados com farinha de semente de abóbora
(7,01%ml/g), quando comparados com os panetones sem a adição desta farinha (5,89%ml/g).
Em relação ao teor de vitamina C, observou-se diferença significativa apenas na formulação
básica, que não contém farinha de feijão branco e vitamina C. A adição do ácido ascórbico surge
como uma alternativa ao melhoramento da absorção do ferro presente na farinha de feijão branco,
tornando o bolo uma importante fonte deste mineral e vitamina C na dieta. Segundo Frota et al.
(2009) o desenvolvimento de alimentos enriquecidos tem grande importância na qualidade da
alimentação e nutrição da população, principalmente no combate as doenças carenciais.
Conclusão
Conclui-se que as formulações de bolos elaborados com farinha de feijão branco
demonstraram características físico-químicas significativamente diferentes da formulação padrão em
todos os quesitos avaliados, o que é esperando diante das características da farinha de feijão e a
adição do ácido ascórbico. Esta é uma alternativa viável para incrementar nutrientes como o ferro na
alimentação das pessoas, além de favorecer sua absorção a nível intestinal com a vitamina C,
auxiliando no combate a anemia.
Palavras-chave: Feijão branco. Vitamina C. bolo.
Referências Bibliográficas
AMERICAN ASSOCIATION OF CEREAL CHEMISTS - AACC. Approved methods of the American
Association of Cereal Chemists. 9 th ed. St. Paul. 1995. v.2.
FRANCO, G. Tabela de composição química dos alimentos. 9 Ed. São Paulo: Atheneu, 2007.
FROTA, K. M. G. et al. Utilização da farinha de feijão-caupi (Vigna unguiculata L. Walp) na
elaboração de produtos de panificação. Ciência e Tecnologia de Alimentos, Campinas, v. 30, n.1,
p. 44-50, dez. 2009.
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alimentos. 4 ed. São Paulo: Instituto Adolfo Lutz, 2008. Disponível em:
http://www.livrolink.com.br/analise-sensorial-estudos-consumidores-p-154.html. Acesso em: 01 abr.
2015.
MOSCATTO, J. A.; PRUDÊNCIO-FERREIRA, S. H.; HAULY, M. C. O. Farinha de yacon e inulina
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634-640, out./ dez. 2004.
PEREZ, P. M. P.; GERMANI, R. Elaboração de biscoitos tipo salgado, com alto teor de fibra
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Alimentos, v. 27, n. 1, 2007.
SANTANGELO, S. B. Utilização da farinha de semente de abóbora (Cucúrbita máxima, L.) em
panetone. 2006. 84f. Dissertação (Mestrado em Ciência e Tecnologia de Alimentos), Instituto de
Tecnologia, Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro – UFRRJ, Seropédica, 2006.
VELLOZO, E. P.; FISBERG, M.. A contribuição dos alimentos fortificados na prevenção da anemia
ferropriva. Revista Brasileira de Hematologia e Hemoterapia, São Paulo, v. 32, n. 2, p. 140-147,
jun. 2010.