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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL FACULDADE DE AGRONOMIA AGR 99003 – ESTÁGIO CURRICULAR OBRIGATÓRIO SUPERVISIONADO CARLOS GABIN 141685 SECRETARIA MUNICIPAL DO MEIO AMBIENTE Porto Alegre/RS PORTO ALEGRE, 18 de Maio 2011.

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL FACULDADE DE AGRONOMIA

AGR 99003 – ESTÁGIO CURRICULAR OBRIGATÓRIO SUPERVISIONADO

CARLOS GABIN

141685

SECRETARIA MUNICIPAL DO MEIO AMBIENTE

Porto Alegre/RS

PORTO ALEGRE, 18 de Maio 2011.

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL

FACULDADE DE AGRONOMIA AGR 99003 – ESTÁGIO CURRICULAR OBRIGATÓRIO SUPERVISIONADO

Carlos Gabin

RELATÓRIO DE ESTÁGIO CURRICULAR

OBRIGATÓRIO SUPERVISIONADO

Orientador do Estágio: Engenheiro Agrônomo Luis Antônio Piccoli

Tutor do Estágio: Prof. Gilmar Schafer

COMISSÃO DE ESTÁGIO: Prof. Elemar Antonino Cassol – Depto. de Solos (Coordenador)

Prof. Fábio de Lima Beck – Núcleo de Apoio Pedagógico

Prof. José Fernandes Barbosa Neto – Depto. Plantas de Lavoura

Prof. Josué Sant’Ana – Depto. de Fitossanidade

Prof. Lair Angelo Baum Ferreira – Depto. de Horticultura e Silvicultura

Profa. Mari Lourdes Bernardi – Depto. de Zootecnia

Prof. Renato Borges de Medeiros – Depto. de Plantas Forrageiras e

Agrometeorologia

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AGRADECIMENTOS

Agradeço à minha esposa Aromi e a minha filha Erlita pelo carinho,

paciência, compreensão, apoio e incentivo.

Ao Biólogo André Duarte Puente e ao Engenheiro Florestal Gerson Luis

Mainardi pela orientação, acompanhamento e apoio no período de estágio.

Ao Engenheiro Agrônomo Luis Antônio Piccoli por ser meu orientador do

estágio.

Ao Professor Gilmar Schäfer por ser meu tutor do estágio, sua

colaboração, disposição e orientações.

Aos funcionários do Viveiro Municipal pelo aprendizado e apoio durante

as horas que estivemos juntos.

À Prefeitura de Porto Alegre e Secretaria Municipal do Meio Ambiente

pela viabilização do estágio.

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APRESENTAÇÃO

O estágio foi realizado no Viveiro da Secretaria Municipal do Meio Ambiente

da Prefeitura Municipal de Porto Alegre – SMAM. O período de estágio foi de 03

de janeiro à 15 de março de 2011.

Consta deste relatório descrição do meio físico e sócio-econômico do

Município de Porto Alegre-RS e do Viveiro Municipal. Após descritas as atividades

mais as atividades desenvolvidas durante o estágio.

O local foi escolhido através de contatos com colegas, pela localização e

por propiciar atividades e conhecimentos práticos na área de produção de mudas,

principalmente de espécies nativas.

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SUMÁRIO

1. Introdução.......................................................................................1 2. Descrição do meio físico e sócio-econômico de Porto Alegre. 2

2.1 Aspectos geográficos ............................................................................. 2 2.2 Aspectos sócios-econômicos ................................................................ 3 2.3 Características do clima........................................................................... 3 2.4 Características do solo............................................................................. 3 2.5 Características do relevo e hidrografia.................................................... 4 2.6 Características da Vegetação................................................................... 4

3. Descrição da Instituição de realização do estágio..................... 5 4. Estado da Arte (Revisão Bibliográfica)....................................... 8

4.1 Produção de mudas de espécies nativas............................................... 8 4.2 Compostagem...........................................................................................13

5. Atividades Realizadas no Estágio..............................................14 5.1 Inventário do estoque de mudas no viveiro......................................... 14 5.2 Limpeza/Retirada de plantas infestantes dos recipientes................. 16 5.3 Preparo de substratos............................................................................ 16 5.4 Semeadura............................................................................................... 18 5.5 Transplante de mudas............................................................................ 19 5.6 Coleta de sementes e identificação e marcação de árvores nativas. 20

6. Conclusões................................................................................. 21 7. Análise Crítica do Estágio......................................................... 22 8. Referências Bibliografias.......................................................... 23

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1. Mapa do Estado do Rio Grande do Sul, destacando a cidade de

Porto Alegre (RS)........................................................................... 2

Figura 2. Organograma da Estrutura da SMAM........................................... 7

Figura 3. Modelo de folha de relatório utilizado no inventário do viveiro da da SMAM (Porto Alegre, 2011)..................................................... 15

Figura 4. Canteiro do viveiro da SMAM com mudas de várias espécies

(Porto Alegre, 2011)...................................................................... 15

Figura 5. Canteiro do viveiro da SMAM com recipientes de mudas limpos de

plantas daninhas(Porto Alegre, 2011).......................................... 16

Figura 6. Canteiro do viveiro da SMAM com recipientes de mudas limpas de

plantas daninhas (Janeiro 2011, Porto Alegre).......................... 16

Figura 7. Leira de composto produzido no viveiro da SMAM (Porto Alegre,

2011).......................................................................................... 17

Figura 8. Leira de material em processo de compostagem no viveiro da

SMAM produzindo chorume (Porto Alegre, 2011)...................... 18

Figura 9. Semeadura de ipê-da-praia em galpão do viveiro da SMAM

(Porto Alegre, 2011).................................................................... 19

Figura 10. Canteiro do viveiro da SMAM com recipientes de várias espé-

cies em vários estágios de desenvolvimento (Porto Alegre, 2011) 19

Figura 11. Identificação e marcação de matriz de capororoca no interior

do município de Viamão (Viamão 2011)..................................... 21

Figura 12. Coleta de sementes de capororoca no interior do município

de Viamão (Viamão 2011).......................................................... 21

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1– INTRODUÇÃO

O estágio foi realizado no Viveiro da Secretaria Municipal do Meio

Ambiente da Prefeitura Municipal de Porto Alegre – SMAM, localizado na rua

Victorino Luiz de Fraga, s/n, Parque Saint’Hilaire, bairro Lomba do Pinheiro,

Porto Alegre (RS).

O Viveiro tem como missão principal a produção de mudas de espécies

nativas da área onde se situa o Município de Porto Alegre e a realização de

atividades de educação ambiental com escolas.

A escolha do local foi motivada por atender principalmente a condição

de localização, proximidade com a residência e trabalho, e adequação do

horário com a rotina diária profissional. Outro fator considerado foi verificar em

entrevista prévia que no local eram realizadas atividades ligadas à área

ambiental, que tem cada vez mais importância, e que atualmente já estão

integradas obrigatoriamente nas funções de atuação do Engenheiro

Agrônomo.

O objetivo principal do estágio foi colocar em prática os conhecimentos

adquiridos na faculdade, e também verificar as possibilidades e oportunidades

que possam ser extraídas das atividades para aplicação e transformação em

atividade remunerada após a graduação.

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2 – DESCRIÇÃO DO MEIO FÍSICO E SÓCIO-ECONÔMICO DE PORTO ALEGRE

2.1 – Aspectos geográficos O Município de Porto Alegre (Figura 1) é a capital do Estado mais

meridional do Brasil, o Rio Grande do Sul, situando-se em torno do paralelo 30.

Tem uma área aproximada de 500 km², sendo divididos em 350 km² de área

urbana e 150 km² de área rural. Faz divisa ao Norte com os municípios de

Triunfo, Nova Santa Rita, Canoas e Cachoeirinha; ao Sul com o município de

Viamão e Lago Guaíba(Barra do Ribeiro); ao Leste com os municípios de

Alvorada e Viamão; à Oeste com o Lago Guaíba (Eldorado do Sul, Guaíba e

Barra do Ribeiro). (Fonte: Prefeitura de Porto Alegre, 2011).

Figura 1. Mapa do Estado do Rio Grande do Sul, destacando o município de

Porto Alegre (RS). Fonte: WIKIPÉDIA, 2011

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2.2 – Aspectos sócio-econômicos Segundo dados do IBGE, a Capital contava em 2010 com 1.409.939

habitantes e densidade demográfica de 2.837,89 hab/km². Conforme dados do

IBGE em 2008 o PIB era de 36,7 bilhões de reais e o PIB per capita de 25.712

reais. Em agosto de 2010 Porto Alegre foi a Capital com o custo da cesta

básica mais elevado (240,91 reais). (Wikipédia, 2011).

No Censo Agropecuário de 2006, do IBGE, foram registrados 340

estabelecimentos agropecuários totalizando 8.781 ha. No setor primário entre

2007-2008 na agricultura destacou-se a produção de arroz, milho, batata-doce,

mandioca, cana-de-açúcar, laranja, tangerina, pêra, pêssego, uva, caqui, figo,

goiaba, melão e tomate. Foram extraídos 22.814 m³ de lenha. Na pecuária em

2008 havia um rebanho de 9.891 bovinos, produzindo 1.148 mil litros de leite,

7.952 eqüinos, 569 bubalinos, 3.628 suínos, 266 caprinos, 1.397 ovinos,

produzindo 3.263 kg de lã, 15.987 frangos e galinhas, produzindo 8 mil dúzias

de ovos, 19.600 codornas, produzindo 130 mil dúzias de ovos, 720 coelhos, e

uma produção de mel de abelha de 6.311 kg. No PIB municipal , o valor

adicionado da agropecuária em 2007 foi de 16 milhões de reais.

No setor secundário e terciário destaca-se a construção civil. Desde

1990 ocorre um declínio nas atividades industriais. Porto Alegre vem

mostrando uma tendência para a concentração em atividades do setor terciário

como a indústria do conhecimento, o comércio e serviços.

2.3 – Características do clima De acordo com a classificação de Koppen, o clima é subtropical úmido

(Cfa). A temperatura média é de 19ºC, e a umidade relativa do ar média de

76%. A precipitação pluviométrica anual média de 1.300 mm/ano.

2.4 – Características do solo Segundo o Diagnóstico Ambiental de Porto Alegre (SMAM, 2008), os

solos do município foram classificados conforme o Sistema Brasileiro de

Classificação de Solos da EMBRAPA, de 1999, para fornecer informações que

permitam um planejamento racional e um desenvolvimento equilibrado do uso

da terra.

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As quatro unidades identificadas são: Unidade 1 - Argissolos Vermelho e

Vermelho-Amarelos + Cambissolos Háplicos (Rg); Unidade 2 - Argissolos

Vermelhos e Vermelho-Amarelos (PV);Unidade 3 - Neossolos Litólicos e

Regossólicos + Cambissolos Háplicos +Argissolos Vermelhos e Vermelho-

Amarelos (Rg/PV); Unidade 4 – Planossolos + Gleissolos + Plintossolos +

Neossolos Flúvicos Hid).

2.5 – Características de relevo e hidrografia Possui uma geografia diversificada com morros, baixadas e um grande

lago. O ponto mais elevado é o Morro Santana com 331m. A altitude média da

cidade é de 10m acima do nível do mar. Os pontos mais baixos situam-se no

aeroporto, na ilha das flores e no arquipélago (Wikipédia, 2011).

Na hidrografia a formação mais importante é o lago Guaíba, que limita a

cidade a oeste. A zona urbana é drenada por vários arroios, destacando-se o

arroio Dilúvio. Na zona rural correm os arroios Feijó,, Capivara, Salso e Lami.

Da área municipal, 82,6% encontra-se na bacia do lago Guaíba, e o restante na

bacia do rio Gravataí (Wikipédia, 2011).

2.6– Características da vegetação Atualmente Porto Alegre preserva pouco de sua vegetação original. Da

cobertura original restam hoje 24% (10% campos e 14% florestas). Está

localizada na zona limítrofe entre os biomas da Mata Atlântica e do Pampa.

Nos morros, já muito desmatados, a vegetação é composta essencialmente

por gramíneas e plantas rasteiras. Sobrevivem algumas áreas de mata ou

arbusto, sendo comuns o camboim (Myrciaria cuspidata), pitangueira (Eugenia

uniflora), aroeira (Schinus molle), louro (Cordia trichotoma), cedro (Cedrella

fissilis), canjerana (Cabralea canjerana), timbaúva (Enterolobium

contortisiliquum), capororoca (Myrsine guianensis), figueira (Ficus organensis),

batinga (Eugenia rostrifolia), ingá (Inga marginata), gravatá (Bromelia pingüin) ,

crista-de-galo (Celosia argentea), sagitária (Sagittaria subulata), pontedéria

(Pontederia cordata), aguapés (Eichornia crassipes) (Wikipédia, 2011).

O município conta com três unidades de conservação ambiental: a

Reserva Ecológica do Lami, o Parque Natural do Morro do Osso e o Parque

Saint-Hilaire. A Reserva do Lami possui ecossistemas diferenciados,

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permitindo o crescimento de cerca de trezentas espécies vegetais. O Parque

Saint-Hilaire possui uma área de 1.148ha, dos quais 908ha se destinam à

preservação permanente. A flora nativa foi bastante modificada com a

introdução de espécies exóticas como o Eucalyptus spp. e o Pinus spp., mas

ainda existe parte de Mata Atlântica original. O morro do Osso possui 127ha

com ambiente definido por vegetações rasteiras, arbustivas e fragmentos da

Mata Atlântica. O Parque Delta do Jacuí é outra reserva natural do município,

com estatuto de Área de Proteção Ambiental, e ocupa uma área de 17.245 ha,

e está sob administração estadual. É composto por banhados extensos e

variados, blocos de vegetação arbustiva e maciços de árvores altas. O Jardim

Botânico de Porto Alegre, inaugurado em 1958, com uma área de 81,5ha é

outra área definida como unidade de conservação, dividida em coleções

vegetais, incluindo espécies nativas (Wikipédia, 2011).

Porto Alegre é uma das capitais mais arborizadas do Brasil. A Secretaria

Municipal do Meio Ambiente estima que existam cerca de 1,3 milhão de

árvores plantadas em vias públicas. A cada habitante da cidade correspondem

mais ou menos 17m² de área verde. As espécies mais encontradas nos

logradouros públicos são a extremosa, o ligustro (Ligustrum japonicum), o

jacarandá (Jacaranda mimosaefolia), o cinamomo (Melia azedarach), o

branquiquito (Brachychiton popolneus), o ipê-roxo (Tabebuia impetiginosa), o

mimo-de-vênus (Hibiscus rosa-sinensis), o ipê-amarelo (Tabebuia

pulcherrima), a tipuana (Tipuana tipu) e a sibipiruna (Caesalpinia

peltophoroides).

Existem ainda vários parques e 582 praças urbanizadas, ocupando uma

área superior a quatro milhões de metros quadrados.

3– DESCRIÇÃO DA INSTITUIÇÃO DE REALIZAÇÃO DO ESTÁGIO A Secretaria Municipal do Meio Ambiente de Porto Alegre (SMAM), foi

criada pela Lei Municipal nº 4.235/1976, para atender as questões ambientais,

sendo responsável pela proteção e conservação do sistema natural, combate à

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poluição ambiental, manutenção e conservação de parques, praças, balneários

e a promoção, implantação, ampliação e gestão de espaços verdes.

A SMAM exerce a gestão ambiental em Porto Alegre, fiscalizando e

autorizando, mediante condições e restrições, empreendimentos e atividades

no município. O trabalho de fiscalização está centrado no Licenciamento

Ambiental, fazendo uso de ferramentas como a Lei Municipal 8.267/98 que

dispõe sobre o licenciamento ambiental no município e cria a Taxa de

Licenciamento Ambiental, o Decreto nº 15.418, de dezembro de 2006 para os

procedimentos de supressão, transplante ou poda de espécimes vegetais, e o

Plano Diretor de Arborização Urbana (PDAU),de 2000 que é um conjunto de

métodos e medidas adotadas para a preservação, manejo e aumento do

plantio de árvores na cidade, tendo como objetivo planejar a arborização de

Porto Alegre (SMAM Porto Alegre, 2011).

A sede da SMAM está localizada na Av. Carlos Gomes nº 1.120, e as

atividades da secretaria estão subdivididas em quatro Gerências Técnicas

(Zonais Norte, Centro, Leste, Sul e Extremo Sul - Restinga) e o Viveiro

Municipal. As Gerências Técnicas são responsáveis pelos serviços realizados

em praças, corte de grama, capina, poda, remoção de resíduos e o manejo da

arborização em logradouros públicos. Também são responsáveis por vistorias

em áreas particulares no que se refere à arborização urbana, quanto à corte,

poda e estado fitossanitário (SMAM Porto Alegre, 2011).

Os setores da secretaria estão divididos em duas supervisões. A

Supervisão de Praças, Parques e Jardins (SUPPJ), que cuida da gestão de

áreas verdes existentes no município, e a Supervisão do Meio Ambiente

(SUMAM), que cuida da gestão ambiental (Figura 2 ).

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Figura 2. Organograma da estrutura da SMAM. Fonte: Secretaria Municipal do Meio

Ambiente de Porto Alegre, 2011.

O estágio foi realizado no Viveiro Municipal, vinculado à SUPPJ,

localizado na Rua Victorino Luiz de Fraga, s/n, Bairro Lomba do Pinheiro,

dentro do Parque Saint’Hilaire, abrangendo atualmente uma área aproximada

de 10 (dez) hectares. O viveiro está subdividido em duas áreas: viveiro 1 e

viveiro 2.

O viveiro 1 é o maior espaço, onde está localizado o escritório da

administração, um galpão coberto para estacionamento de máquinas e

equipamentos e para realização de atividades em dias adversos (frio, chuva,

calor), refeitório, almoxarifado, estufa, canteiros e telados para enraizamento e

crescimento de mudas.

Atualmente está em fase final de instalação no viveiro um Banco de

Sementes, financiado com recursos do Fundo Nacional do Meio Ambiente

(FNMA), do Ministério do Meio Ambiente.

O objetivo principal do viveiro é a produção de mudas, essencialmente

de espécies nativas da região de Porto Alegre, para a arborização e

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paisagismo de logradouros públicos. Paralelamente realiza atividades de

educação ambiental com escolas.

4– ESTADO DA ARTE (REVISÃO BIBLIOGRÁFICA) 4.1 – Produção de mudas de espécies nativas

Implantação do viveiro A produção de mudas de espécies nativas em viveiros florestais inicia

com uma análise cuidadosa do local onde será instalado.

Um dos aspectos a ser considerado é a localização do viveiro. Deve

estar próximo do local a ser reflorestado, reduzindo custos e danos com o

transporte das mudas, e pela presença de condições climáticas semelhantes à

área do reflorestamento. Portanto, o local deve ser de fácil acesso (Fundação

Florestal SP, 1993).

O relevo do terreno deve ser menos acidentado possível e nem muito

plano para não ter problema de drenagem. A declividade recomendada é entre

0,2 e 2%.Deve-se dar preferência a orientação com face norte, que é mais

quente, ensolarada e protegida do vento sul. Contar com disponibilidade de

água para irrigação em qualquer época do ano, livre de poluentes. Local com

boa drenagem facilitará a produção de mudas e a movimentação de veículos e

materiais. Contar com energia elétrica para iluminação e acionamento do

sistema de irrigação. Para proteção de animais, recomenda-se que o local seja

cercado e implantado quebra-ventos visando danos aos canteiros e as mudas

(Fundação Florestal SP, 1993).

Formação de mudas A produção de mudas de espécies arbóreas pode ser pelos métodos

sexuado, por meio de sementes, ou assexuado, por meio de propagação

vegetativa.

A obtenção de sementes pode ser de produtores idôneos de modo a

garantir qualidade e vigor necessários, ou o próprio interessado coletar as

sementes de árvores sadias, vigorosas, com boa forma de tronco, altura, copa.

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Nos dois casos cuidados devem ser tomados, como evitar colher sementes de

má qualidade fisiológica e genética. As sementes colhidas devem ser secas,

beneficiadas e armazenadas em condições adequadas, para não perder o

poder germinativo (UFV, 2000).

Semeadura em canteiros A semeadura em canteiros é utilizada quando as sementes são muito

pequenas ou quando são excessivamente grandes, quando há pouca

disponibilidade de sementes, desuniformidade de germinação (Fundação

Florestal SP, 1993).

Esta prática requer cuidados especiais no manuseio quando da

repicagem/transplante. Deve ocorrer um preparo do solo para evitar o

aparecimento de plantas indesejáveis. Se o canteiro é pequeno, utilizar uma

camada de composto orgânico com os elementos necessários, principalmente

NPK, às plantas e pH adequado. Coníferas preferem pH entre 5,5 e 6,0, e

folhosas se desenvolvem melhor com pH entre 6,0 e 6,5.

Com relação a semeadura é muito importante realizar uma distribuição

uniforme das sementes. A densidade varia de espécie para espécie. A melhor

época para semeadura varia de acordo com a espécie. Na produção de mudas

para arborização ou quando se adota irrigação, a produção é feita

regularmente durante o ano todo, e no caso de regiões frias, tomar cuidado

com as geadas. Normalmente a profundidade de semeadura corresponde a um

pouco mais que o diâmetro da semente e irrigar previamente. Após a

semeadura, cobrir as sementes com uma camada fina de substrato, como

casca de arroz carbonizada, capim picado, serragem, etc. para proteger as

sementes pré-germinadas contra os raios solares, os ventos e os pingos

d’água e manter a umidade constante em volta das sementes. O canteiro

também pode ser protegido utilizando materiais como plástico transparente e o

sombrite (UFV, 2000).

Recomenda-se atualmente, por ser muito onerosa, que esta técnica seja

substituída pela semeadura direta no recipiente.

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Transplante/Repicagem Após a germinação das sementes, realiza-se a repicagem das mudas

para os recipientes. As mudas devem ser retiradas por meio de espátula ou

ferramenta semelhante. Recomenda-se que a operação seja feita quando as

mudas atingirem altura de 3 a 7 cm, ou apresentando 2 a 3 pares de folhas,

sendo que estes valores podem variar entre as espécies e a época do ano.

Antes da retirada das mudas recomenda-se molhar a sementeira e arrancar

delicadamente puxando levemente a muda para cima (Fundação Florestal SP,

1993).

Semeadura direta A semeadura direta tem sido o método mais utilizado atualmente, porque

simplifica as operações, elimina a necessidade de confecção de canteiros para

semeadura e posterior repicagem. Esta técnica evita danos à raiz e traumas na

repicagem, reduz prazo para produção das mudas, aumenta o vigor das

mudas, e reduz o custo de produção. Normalmente usa-se 3 a 5 sementes por

recipiente. O canteiro deve ser protegido com sombrite e/ou plástico até 30 dias

após a germinação. A época e profundidade é a mesma utilizada na

semeadura em canteiros (Fundação Florestal SP, 1993).

Recipientes Os recipientes mais utilizados são sacos plásticos, tubetes e vasos

plásticos de 14 litros adotados para as mudas em plantas em vias públicas. A

escolha do tipo de recipiente é em função do seu custo, das vantagens na

operação (durabilidade, possibilidade de reaproveitamento, área ocupada,

facilidade de movimentação e transporte) (Fundação Florestal, SP, 1993). Os

sacos plásticos apresentam a vantagem de dispensarem grandes

investimentos em infra-estrutura. O tamanho recomendado depende da

espécie. Os mais utilizados são os de 9 x 14cm e 0,07mm de espessura, 11 x

25cm e 0,15mm de espessura, para as espécies que permanecem mais tempo

no viveiro. Os tubetes apresentam algumas vantagens como menor diâmetro

(ocupando menor área no viveiro), menor peso, redução no custo de transporte

e plantio. Existem vários tipos de tubetes disponíveis no mercado. Os tubetes

mais utilizados são os de formato cônico/redondos com capacidade para 50cm³

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de substrato. Para as espécies com crescimento inicial mais lento como as

nativas, os tubetes devem ter capacidade de 100cm³ (Fundação Florestal SP,

1993).

Substratos

O substrato tem como função principal sustentar a planta e fornecer

nutrientes. Deve apresentar adequadas características físicas e químicas,

sendo as físicas as mais importantes. Quanto as propriedades físicas, o

substrato deve ser preferencialmente argilo-arenoso, para que na retirada do

recipiente o bloco de solo com a muda não se desintegre facilmente. Também

não deve apresentar-se muito compacto, pois diminui a aeração, prejudicando

a nutrição e o desenvolvimento das raízes. A presença de substâncias

orgânicas melhoram a agregação e aumentam a capacidade de retenção de

água. Deve ser isento de sementes de plantas indesejáveis, de pragas e de

microrganismos patogênicos (UFV, 2000).

Na produção de mudas de espécies arbóreas, entre os substratos que

podem ser utilizados destacam-se o composto orgânico, a terra do solo, a

vermiculita, a turfa, a serragem e o esterco bovino.

Irrigação e adubação Os elementos químicos essenciais que as plantas retiram do ar e da

água são o carbono (C), o hidrogênio e o oxigênio (O) e os que as plantas

retiram do solo são nitrogênio (N), fósforo (P), potássio (K), enxofre (S), cálcio

(Ca), magnésio (Mg), ferro (Fe), manganês (Mn), zinco (Zn), boro (B), cobre

(Cu), molibdênio (Ml) e cloro (Cl). Estes elementos devem estar no solo de

forma disponível e em quantidades adequadas. O conhecimento sobre as

exigências nutricionais das espécies florestais nativas, é praticamente nulo. A

aplicação, portanto, é executada mediante a visualização de algum sintoma de

deficiência visível, como folhas amarelas e clores nas folhas, e que podem

provocar a redução no crescimento.

A irrigação deve merecer atenção especial, devido ao alto consumo e a

qualidade da água. A irrigação pode ser manual com regadores ou mangueiras

ou por aspersão e micro-aspersão. O sistema por micro-aspersão em geral é o

mais indicado devido a economia de mão-de-obra e controle sobre a

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distribuição da água. Recomenda-se, em condições normais, fazer duas

irrigações diárias, uma pela manhã e outra à tarde (UFV, 2000).

Doenças, pragas e ervas daninhas A principal doença em viveiros florestais é o tombamento, causado por

uma série de fungos do solo. Para tanto, as medidas de prevenção e controle

são o uso de substrato livre de patógenos, tratamento de sementes com

fungicidas, redução do sombreamento e irrigação, pulverização com fungicidas.

No caso de doenças em folhas recomenda-se redução de sombreamento e da

irrigação e, se necessário, a pulverização de fungicidas (Fundação Florestal

SP, 1993).

O controle químico de pragas pode ser feito após o início do ataque. As

pragas mais comuns são formigas, grilos, lagartas, pulgões e besouros.

O controle de ervas daninhas deve ser executado em todo o viveiro e

não somente nos canteiros. Pode ser feito por arrancamento, corte mecânico

ou através do uso de herbicidas. Cuidados também devem ser tomados com os

substratos e o vento (Fundação Florestal SP, 1993).

Rustificação ou aclimatização A muda para ser levada ao campo deve ser sadia e ter um grau de

resistência que permita sobreviver à condições adversas. Portanto, devem

sofrer um processo de rustificação, isto é, ser gradativamente mais exposta à

condição de campo. A movimentação das mudas no viveiro para que fiquem a

pleno sol e o corte gradual de irrigação no período que antecede o plantio são

os procedimentos mais usados, mais práticos e baratos, para se conseguir a

rustificação (UFV, 2000).

Avaliação da qualidade das mudas Vários parâmetros são utilizados para avaliar a qualidade das mudas de

espécies florestais. Mudas usadas para arborização urbana devem ter sistema

radicular bem formado e agregado ao substrato, altura do tronco de 1,8 a 2,2

m, sem ramos laterais, bom aspecto nutricional e fitossanitário, e em bom

estado de rustificação. Os recipientes devem conter apenas uma muda e

identificadas por espécie (UFV, 2000).

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Conservação e manutenção do viveiro Durante o período de produção de mudas o viveiro deve ser mantido

limpo, através de roçadas e capinas, facilitando a movimentação. Os

equipamentos à disposição devem ser conservados limpos e recolhidos a um

abrigo seguro, assim como todos os materiais perecíveis ou não.

4.2 – Compostagem A compostagem é um processo de oxidação biológica através do qual os

microrganismos decompõem os compostos constituintes dos materiais (matéria

orgânica) libertando dióxido de carbono e vapor de água. A compostagem

envolve necessariamente a ação do homem para acelerar a decomposição da

matéria orgânica (BRITO, L. Miguel, 2006).

Os materiais utilizados para compostagem podem ser divididos em duas

classes, a dos materiais ricos em carbono e a dos materiais ricos em

nitrogênio. Entre os materiais ricos em carbono podemos considerar os

lenhosos como casca de árvores, aparas de madeira e a serragem, as podas

de árvores e jardins, etc. Entre os materiais azotados incluem-se as folhas

verdes, estrumes e urinas de animais, solo, etc. Os materiais não devem conter

vidros, plásticos, tintas, óleos, metais,pedras, etc. Outra característica

fundamental é o tamanho das partículas, que devem ter menos de 7 cm. O

ideal é não ter partículas com dimensões superiores à 3 cm. Na construção de

uma pilha de compostagem é comum utilizar uma mistura de materiais ricos em

carbono com outros ricos em nitrogênio (BRITO, L. Miguel, 2006).

Como o processo de compostagem tende a ser um processo de

secagem, devido ao calor provocar a evaporação da água, é conveniente

iniciar o processo com valores superiores a 50% de umidade. A medida que se

colocam as camadas dos materiais poderá ser necessário ir regando.

A forma e o tamanho das pilhas também influenciam a velocidade da

compostagem. Recomenda-se um volume de 1,5 m x 1,5 m x 1,5 m. Pilha

muito baixa não composta bem e não aquece rapidamente. Enquanto que

pilhas demasiado altas podem aquecer demais e matar os microrganismos

responsáveis pela compostagem e diminuir o arejamento interior. No sistema

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de pilhas longas estas têm de ser freqüentemente reviradas na fase de

compostagem que requer mais oxigênio.

A temperatura é o fator mais importante para se determinar se a

compostagem se processa como desejável. Deve-se registrar a temperatura

em vários pontos da pilha, no interior e no exterior, ou em diferentes camadas.

Deve alcançar 40 a 50ºC em dois ou três dias. Nas primeiras semanas a pilha

não deve ser revirada. A decomposição ocorre mais rapidamente na fase

termofílica entre 40 a 60ºC. Neste período devem ser destruídos os organismos

patogênicos e as sementes de infestantes. Impedir, através do revolvimento,

que a temperatura da pilha não ultrapasse 65ºC porque os microrganismos

benéficos são eliminados (NETO, J. T. P., 1996).

Excesso de umidade, falta de porosidade, tamanho excessivo da pilha

podem criar condições de anaerobiose no interior da pilha. A falta de oxigênio

causa o ambiente redutor resultando compostos que provocam odores

desagradáveis quando se volatilizam.

5– ATIVIDADES REALIZADAS NO ESTÁGIO As atividades realizadas durante o estágio foram o inventário do estoque

de mudas de espécies no viveiro, limpeza/retirada de plantas infestantes dos

recipientes, preparo de substratos, semeadura, transplante de mudas, coleta

de sementes e identificação e marcação de árvores matrizes.

5.1 – Inventário do estoque de mudas no viveiro O estágio iniciou com a realização desta tarefa. O levantamento da

quantidade de mudas de espécies existentes no viveiro, foi realizado nos

viveiros I e II, incluindo a identificação da espécie (nome popular e nome

científico) e a classificação quanto ao tamanho (inferior a 1,00m, entre 1,00 e

1,80m e superior a 1,80m) (Figura 3).

Esta tarefa demorou duas semanas para ser realizada devido

principalmente a mistura das espécies nos canteiros e a identificação (Figura

4). O levantamento contabilizou 75.149 mudas de 120 espécies, sendo a

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metade de nativas e metade de espécies exóticas. A quantidade de mudas

variou muito entre as espécies, destacando o grande número de cerejeira

(Eugenia involucrata), grumixama (Eugenia brasiliensis), guajuvira (Cordia

americana),ipê-roxo (Tabebuia impetiginosa), pau-ferro (Caesalpinia ferrea) e

pitangueira (Eugenia uniflora) .

Figura 3. Modelo de folha de relatório utilizado no inventário do Viveiro da SMAM (Janeiro 2011, Porto Alegre).

Figura 4. Canteiro do Viveiro da SMAM com mudas de várias espécies

(Janeiro 2011, Porto Alegre).

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5.2 – Limpeza/retirada de plantas infestantes dos recipientes

Esta atividade é a mais executada no viveiro (Figuras 5 e 6). Além de ser

uma tarefa muito trabalhosa, ocupa muito tempo dos funcionários, que já são

poucos, e assim deixando de realizar outras tarefas necessárias. Notou-se que

a causa dessa grande infestação é devido ao substrato utilizado já vir

infestado, inclusive o que é produzido no viveiro e o que é adquirido, e também

pela vegetação existente no entorno, como o salseiro, que tem uma semente

muito pequena e através do vento são transportadas para os recipientes, e que

ficam próximos dos canteiros. Começaram a utilizar acículas de pinus para

cobrir o entorno da muda no recipiente, e que tem dado resultado

sufocando/abafando a emergência das infestantes, e também foi sugerido

realizar o método de solarização no substrato antes da sua utilização.

Figura 5. Canteiro de viveiro da SMAM com recipientes de mudas limpos de plantas daninhas (Janeiro 2011, Porto Alegre).

Figura 6. Canteiro de viveiro da SMAM com recipientes de mudas infestados de plantas daninhas (Janeiro 2011, Porto Alegre).

5.3 – Preparo de substratos

Antes da semeadura ou repicagem, o substrato era misturado com

areia, na proporção de 1:3 do volume, com o substrato produzido ou o

comercial, em seguida peneirado para uniformizá-lo. Esse processo era feito

tanto no substrato produzido no viveiro (Figura 7), como no adquirido da

empresa Vida.

Conforme Prof. Paulo Vitor Dutra de Souza em aula da Horticultura

sobre a “Escolha do substrato para a produção de mudas”, o substrato ideal

tem que ter 85% de poros e 15% de sólidos, o pH ótimo com valores entre 5,2

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e 5,5. Durante o estágio foi encaminhada amostra para laudo de análises do

substrato de composto de restos vegetais e cama de cavalo coletada das baias

do 8º Batalhão Logístico do Ministério do Exército, produzido no viveiro, no

Laboratório de Análises o Departamento de Solos da Faculdade de Agronomia

da UFRGS.

Neste laudo o pH encontrado no composto produzido foi de 6,7, e no

composto Humoativo adquirido da empresa Vida, o pH apresentou média de

6,98. Portanto, o pH dos substratos utilizados é alto, e com isso imobilizando

nutrientes essenciais para a planta, principalmente os micronutrientes como

Cu, Fe, Zn e Mn. Foi observado no processo de compostagem para a produção

de substrato, com a utilização de restos vegetais de poda de árvores e cama

de cavalo, problemas como o aparecimento de chorume (Figura 8) e plantas

daninhas crescendo em ao redor da leira, devido a demora ou não

revolvimento e falta de cobertura da leira. A não realização desses

procedimentos básicos no processo podem comprometer a qualidade do

composto e assim afetar a germinação e o desenvolvimento das mudas. Foi

sugerido observar todos os passos básicos do processo e após analisar para

verificar principalmente o valor do pH.

Figura 7. Leira de composto produzido no Viveiro da SMAM (Janeiro 2011, Porto Alegre).

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Figura 8. Leira com material em processo de compostagem no viveiro da SMAM produzindo chorume (Janeiro 2011, Porto Alegre). 5.4 – Semeadura As semeaduras foram realizadas diretamente em sacos plásticos (Figura

9), com dimensões que variavam entre 5 a 8cm de diâmetro e de 12 a 20cm de

altura. Normalmente se utilizava sacos com dimensões menores (5x12cm).

Era distribuído de duas a quatro sementes por saco plástico, dependendo da

espécie. Foi efetuada semeadura de Ipê-da-praia (Tabebuia pulcherrima),

Bacupari (Garcinia gardneriana), Capororoca-branca (Myrsine gardneriana),

Pessegueiro-do-mato (Prunus sellowii) e Catiguá-morcêgo (Guarea

macrophylla). As sementes coletadas das espécies acima mencionadas, eram

somente secadas, não recebiam nenhum tratamento, e no máximo em uma

semana eram semeadas. Toda espécie semeada era registrada em uma ficha

de acompanhamento com anotações como local e data da coleta e da

semeadura, época de início da germinação, entre outras, para observação e

anotações diárias (Figura 10).

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Figura 9. Semeadura de Ipê-da-praia em galpão

do viveiro da SMAM (Janeiro 2011, Porto Alegre).

Figura 10. Canteiro do viveiro da SMAM com recipientes de várias espécies em vários estágios desenvolvimento (Fevereiro 2011, Porto Alegre).

5.5– Transplante de mudas Foi também realizado a atividade de repicagem de mudas. Essa

atividade é executada quando as mudas atingem 3 a 7cm ou apresentem 2 a 3

pares de folhas. Os sacos em que estavam as mudas eram levados para

galpão coberto, molhados para facilitar o arrancamento ou colocadas com todo

o torrão em embalagem maior, e cuidados eram tomados para não danificar as

raízes e parte aérea. A seguir eram transplantadas para sacos com dimensões

maiores, normalmente 8x20cm. Eventualmente, dependendo do estágio de

crescimento, e da disponibilidade de tempo e pessoal, diretamente em vasos

de plásticos maiores (bombonas) com capacidade de 14 litros, conforme exige

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a própria SMAM, utilizadas para a formação definitiva da muda. Todas as

mudas que estavam no saco plástico eram transplantadas sem se efetuar

nenhum descarte. O estagiário participou do transplante de mudas de Batinga

(Eugenia rostrifolia), Cedro (Cedrela fissilis), Coronilha (Scutia buxifolia) e

Araticum (Annona sylvatica).

5.6– Coleta de sementes e identificação e marcação de árvores nativas A atividade de coleta de sementes e a identificação e marcação de

árvores nativas era uma atividade feita em conjunto, até porque toda árvore em

que era coletada frutos/sementes era também efetuada a identificação e

marcada (Figuras 11 e 12).

Essa saída era realizada sempre as sextas-feiras, e envolvia todo dia.

Ela era gerada pela informação recebida, normalmente dos funcionários do

viveiro, que em determinado lugar tinha uma espécie de árvore nativa da região

de Porto Alegre. A espécie em questão era pesquisada para obter informações

sobre as características e principalmente saber se estará produzindo frutos na

época da saída para a coleta de fruto/sementes.

A saída era programada e o deslocamento efetuado com caminhão da

própria SMAM.

A equipe era composta pelo motorista, o gerente do viveiro, um

funcionário, escolhido ou pela informação trazida ou conforme sua experiência

de reconhecimento em campo, e um estagiário. Os equipamentos carregados

eram escada, ripa com regulagem para coleta de frutos/sementes, cordas,

sacos plásticos, material para escalada, trena, GPS, fichas para anotações e

croqui. No deslocamento, também era feita observação visual dos locais

percorridos para identificação/reconhecimento de alguma outra espécie,

principalmente ainda não existente no viveiro.

Na identificação e marcação de árvores matrizes, era utilizado

equipamento de GPS para leitura das coordenadas, estimada altura da árvore,

medida a copa, registrada as espécies no entorno e efetuado o croqui.

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Figura 11. Identificação e marcação de matriz de capororoca no interior do município de Viamão (Janeiro 2011, Viamão).

Figura 12. Coleta de sementes de capororoca no interior do município de Viamão (Janeiro 2011, Viamão).

6– CONCLUSÕES O estágio possibilitou conhecer a realidade de uma empresa ligada a

atividades de produção de mudas.

Rever e consolidar conhecimentos teóricos e práticos desenvolvidos

durante o curso de graduação, que se achava sem utilização futura,

desnecessários.

Com isso, muitos conteúdos apresentados em sala de aula e que não

tiveram atenção adequada, tiveram que ser revistos pelo estagiário. Assim,

cabe ressaltar a importância e a necessidade de ser dar importância a todos

eles, pois algum dia seu uso será necessários.

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Durante o estágio, além das relações técnicas, as relações humanas

foram muito exercitadas, como o trabalho em equipe, o comprometimento com

horários, assiduidade, realização e cumprimento de tarefas. Este envolvimento

tem alta relevância nos tempos atuais nas relações de trabalho.

Foi observado também que as oportunidades de atuação profissional na

área agronômica estão em todos as atividades e lugares onde menos se

espera.

O estágio, portanto, foi gratificante, enriquecedor, e passo obrigatório

para se ter sucesso na atuação profissional.

7– ANÁLISE CRÍTICA DO ESTÁGIO O estágio foi muito importante como experiência prática onde pode-se

entender e compreender a participação do Engenheiro Agrônomo numa

atividade profissional como a de produção de mudas.

A orientação, atenção, respeito, disponibilidade mostrada durante o

estágio foi igualmente importante, além de expor a importância que outros

profissionais, como Biólogos e Engenheiros Florestais, reconhecem no

Engenheiro Agrônomo.

O estágio consolidou a importância do Engenheiro Agrônomo nas

estratégias de desenvolvimento da sociedade, tanto no aspecto ambiental,

como na segurança alimentar, auxiliando e intervindo para a produção de

alimentos em quantidade suficiente, de qualidade e seguros.

Quanto a pontos negativos, nada temos a registrar.

Como foi a primeira e única experiência de estágio, e por ter sido muito

produtiva, coloca-se como sugestão que essa atividade seja obrigatoriamente

desenvolvida três vezes durante o curso. Iniciando, por exemplo, à partir do

segundo semestre de curso e abrangendo as três áreas de ênfase de

possibilidade de formação, e com acompanhamento, tutoramento.

O tempo de realização do estágio foi adequado, cumprindo os objetivos

esperados.

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8– REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BRACK, Paulo; Rodrigues, R. S.; Sobral, M.; Leite, S. L. C. (1998). Árvores e arbustos na vegetação natural de Porto Alegre, Rio Grande do Sul, Brasil. Iheringia, Sér. Bot., 51(2): 139-166, Porto Alegre.

BRITO, L. Miguel. Manual de Compostagem. Escola Superior Agrária de

Ponte de Lima – ESAPL, 2006. Disponível em: http:/www.ci.esapl..pt

FUNDAÇÃO FLORESTAL SP. Produção de mudas em viveiros florestais espécies nativas. SP, 1993,em: http:/www.fflorestal.sp.gov.br/publicacoes.php

LONGHI, R. A. Livro das Árvores: Árvores e Arvoretas do Sul. Porto Alegre:

L&PM. 1995. 176p.

LORENZI, H. Árvores Brasileiras. 2 ed. Nova Odessa, SP: Instituto

Plantarum, 2002. vol 2, 368p.

LORENZI, H. Árvores Brasileiras. 4 ed. Nova Odessa, SP: Instituto

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PEREIRA NETO, J. T. Manual de compostagem processo de baixo custo. 1. ed. Belo Horizonte:UNICEF, 1996. 56p.

PORTO ALEGRE. SECRETARIA MUNICIPAL DE MEIO AMBIENTE.

Diagnóstico Ambiental de Porto Alegre; 2008, 84p.

PRODUÇÃO DE MUDAS DE ESPÉCIES LENHOSAS – DOCUMENTO 130.

Disponível em: http:/www.cnpf.embrapa.br/publica/seriedoc/edições/doc130.pdf

SECRETARIA MUNICIPAL DE MEIO AMBIENTE DE PORTO ALEGRE.

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE VIÇOSA - UFV. Viveiros Florestais – apostila. Viçosa-MG, 2000. 61p.

WIKIPEDIA, A ENCICLOPÉDIA LIVRE. Porto Alegre. Disponível em:

http:/pt.wikipedia.org/wiki/Porto_Alegre/.