Caso clínico lesão de nervo laringeo recorrente
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Caso Clínico
Dra Karoline Lima Pereira
Serviço de Terapia Intensiva – STI -2017
História da Doença Atual
F.A.A. Feminino, 66 anos, deu entrada neste estabelecimento de saúde devido a
Insuficiência respiratória, após nebulização em Upa com broncodilatador, já
traqueostomizada em pronto socorro, devido a difícil entubação.
Antecedentes Patológicos
Paciente refere que após tireoidectomia esteve com
afasia durante 8 meses . Após retorno da fala, não pode
mais emitir sons graves ( não consegue gritar, falar alto)
e houve baixa da entonação da voz (SIC).
Relata que médico que a acompanha, diagnosticou
Paralisia de cordas vocais, sendo proscrito entubação
orotraqueal (SIC).
Antecedentes Patológicos
Tireoidectomia total + radioterapia em 1987. Uso de Levotiroxina
8mmHg , diário .
Osteosíntese de osso do antebraço ( radio?cúbito?) há 2 anos,
quando foi realizado primeira TQT.
Paralísia bilateral de cordas vocais
Alergia a Berotec, Atrovent e Tramal.
Intolerancia a lactose.
Exames complementares
Prova de Função Pulmonar 20/01/2017 :
Distúrbio ventilatório obstrutivo acentuado com redução da capacidade vital
forçada . Houve variação significativa de Voluma expiratório final após uso de
Broncodilatador , sem retorno da função pulmonar normal.
Rx de Torax ( 23/01/2017) :
Área de hiperdensidade em lóbulo médio direito e lóbulo inferior E.
Exames complementares
Dia 01/02/2017 – Broncoscopia :
Traqueomalacia. Traqueobronquite moderada Hiperemia de
mucosa de traqueia, arvore brônquica direita.
Hiperemia de mucosa com Carina secundária , entre brônquio do
LSE e LIE alargada, hiperemia e endurecida. Sem vegetações .
Realizado biopsia.
Evolução:
Instabilidade hemodimica e Ventilação mecânica.
Uso de Ceftriaxone e Clindamicina, durante 7 dias. Evolui com melhora clínica.
Desmame de VM com sucesso.
Decanulado TQT para cânula metálica numero 3;
Hoje : BEG , LOTE, afebril e hidratada. Diurese e evacuações presentes e
satisfatória. Em dietal oral. Eupneica em respiração espontanea por TQT. Estável
hemodinamicamente sem uso de Drogas vasoativas.
Hipótese Diagnostica
Lesão bilateral de nervo laríngeo
recorrente !!
Complicação : Paralisia de Cordas Vocais
e Traqueomalacia.
Lesão bilateral de nervo laríngeo
recorrente
A lesão bilateral segue-se uma grave incapacidade funcional da
laringe, tanto sob o aspecto fonatório, quanto sob o aspecto de livre
trânsito para a respiração (produz efeito obstrutivo).
Ocorre inicialmente uma perda completa da voz; ambas as cordas
caem atônicas na linha média. Depois, com o decorrer do tempo,
ocorre atrofia e contração dos músculos, as cordas tornam-se tensas
e a voz retorna.
Infelizmente, com o retorno da voz ocorre um estreita-
mento da glote, desenvolvendo dificuldade inspiratória.
Artigo: Complicações de Tireoidectomia - USP
Lesão de um recorrente usualmente mostra-se imediatamente
por uma notável rouquidão ou por total perda da voz.
O sinal clínico mais seguro de injúria do recorrente é notado
quando o paciente tenta tossir. A tosse não tem uma qualidade
explosiva, mas sim um ruído de rápida exalação como se o
paciente estivesse tentando limpar a garganta;
Pode haver dificuldade ao ingerir líquidos por estar perturbado
o mecanismo de defesa da glote e o fluido tenta entrar na
laringe, quando se produzem paroxismos de tosse
O paciente pode ser incapaz de falar acima de u m sussurro,
mas a voz, para falar, retorna invariavelmente.
Paralisias faríngeas - CEFAC - Centro de Especialização em Fonoaudiologia Clínica - VOZ
Traqueomalacia – Conceito:
“A traqueomalácia é um processo caracterizado pela flacidez
no tecido cartilaginoso traqueal, distensão da parede
membranosa posterior, e redução do calibre ”
• Traqueomalacia:
Etiologia
A Traqueomalacia adquirida ou secundária pode resultar
devido:
Pressão sobre a via área por grandes vasos sanguíneos.
Surgir como complicação após de cirurgias.
Após entubação orotraqueal ou traqueostomia prolongada.
Neil K. Kaneshiro, MD, MHA, Clinical Assistant Professor of Pediatrics, University of Washington School of Medicine
• Traqueomalacia
Sintomas
Disturbios respiratorios que pioram ao tossir, chorar ou
por infeccções de vías áreas superiores.
Ruidos respiratorios/ estridor que podem mudar com a
posição e melhorar durante o sono.
Respiração ruidosa e acelerada
Neil K. Kaneshiro, MD, MHA, Clinical Assistant Professor of Pediatrics, University of Washington School of Medicine
Traqueomalacia
Conduta
Traqueostomia
Ortese de traqueia
Jornal Brasileiro de Pneumologia mar.-abr. 2002
Ortese de Traqueia
IndicaçõesCompressões tumoral extrinsecas ou lesão em
submucosa
Tumor endobronquico , em que a luz permanece < 50%
Crescimento tumoral rápido ou recorrência
comprometimento de luz
Perda do suporte cartilaginoso
Etc;
Jornal Brasileiro de Pneumologia mar.-abr. 2002
LESÃO BILATERAL DE NERVO LARINGEO
RECORRENTE!
- Encontramos maior prevalência de lesão do NLR na abordagem pelo lado direito.
Fatores anatômicos intrínsecos do paciente, como diâmetro e comprimento do pescoço
e relacionados com a cirurgia como tempo cirúrgico e o número de níveis operados
devem ser considerados em futuros estudos de lesão do NLR além dos habitualmente
citados pela literatura.
Artigo : ANÁLISE DE FATORES ASSOCIADOS À LESÃO DO NERVO LARÍNGEO RECORRENTE EM CIRURGIAS DE DISCECTOMIA CERVICAL VIA
ANTERIOR - Hospital São Lucas da PUC-RS.
Bibliografia.
Artigo: Complicações de Tireoidectomia – USP
Paralisias faríngeas - CEFAC - Centro de Especialização em Fonoaudiologia
Clínica – VOZ
Neil K. Kaneshiro, MD, MHA, Clinical Assistant Professor of Pediatrics, University
of Washington School of Medicine
Jornal Brasileiro de Pneumologia mar.-abr. 2002