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CENTRO DE ENSINO SUPERIOR DO CEARÁ FACULDADE CEARENSE CURSO CIÊNCIAS CONTÁBEIS PAULO DE OLIVEIRA FRAGOSO AS MUDANÇAS NO BALANÇO PATRIMONIAL EM VIRTUDE DA CONVERGÊNCIA DAS NORMAS BRASILEIRAS DE CONTABILIDADE COM AS NORMAS INTERNACIONAIS DE CONTABILIDADE FORTALEZA 2012

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CENTRO DE ENSINO SUPERIOR DO CEARÁ FACULDADE CEARENSE

CURSO CIÊNCIAS CONTÁBEIS

PAULO DE OLIVEIRA FRAGOSO

AS MUDANÇAS NO BALANÇO PATRIMONIAL EM VIRTUDE DA CONVERGÊNCIA DAS NORMAS BRASILEIRAS DE CONTABILIDADE COM

AS NORMAS INTERNACIONAIS DE CONTABILIDADE

FORTALEZA 2012

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PAULO DE OLIVEIRA FRAGOSO

AS MUDANÇAS NO BALANÇO PATRIMONIAL EM VIRTUDE DA CONVERGÊNCIA DAS NORMAS BRASILEIRAS DE CONTABILIDADE COM

AS NORMAS INTERNACIONAIS DE CONTABILIDADE

Orientação: Prof.ª Dra. Marcia Maria Machado Freitas

FORTALEZA 2012

Monografia submetida à aprovação pela Coordenação do Curso de Ciências Contábeis do Centro de Ensino Superior do Ceará - FAC, como requisito parcial para obtenção

do grau de Graduação.

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PAULO DE OLIVEIRA FRAGOSO

AS MUDANÇAS NO BALANÇO PATRIMONIAL EM VIRTUDE DA CONVERGÊNCIA DAS NORMAS BRASILEIRAS DE CONTABILIDADE COM

AS NORMAS INTERNACIONAIS DE CONTABILIDADE

BANCA EXAMINADORA

__________________________________________________ Professor Dra. Marcia Maria Machado Freitas

__________________________________________________ Professora Ms. Michael Viana Peixoto

__________________________________________________ Professor Esp. José Maria Alexandre Silva

Monografia como pré-requisito para obtenção do título de Bacharelado em Ciências Contábeis, outorgado pela Faculdade Cearense – FaC, tendo sido aprovada pela banca examinadora composta pelos professores.

Data de aprovação: 28/11/2012

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AGRADECIMENTOS

Em primeiro lugar agradeço as meus pais e irmãos por todo o incentivo que têm me dado ao longo dessa jornada de conhecimento e aprendizagem, pelo acolhimento psicológico e financeiro, pelas discussões estimulantes que impulsionaram este trabalho e por toda a compreensão em tempos difíceis. Aos meus colegas de sala, pela ajuda em trabalhos de equipe. A minha namorada pela compreensão e pela força que tem me dado durante a realização deste trabalho. A minha orientadora, que me ajudou na realização deste trabalho, me incentivando e guiando meu intelecto, no sentido de buscar mais conhecimento, bem como me mostrando os caminhos para a realização deste trabalho. Aos professores pelo acolhimento e atenção sempre generosa.

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“Quem não sabe colocar suas ideias no gelo não deve se empenhar no calor da discussão.”

(Friedrich Nietzsche)

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RESUMO

A implantação das Normas Internacionais de Contabilidade surgiram no sentido de uniformizar as demonstrações, com o intuito de garantir aos diversos usuários da informação contábil uma melhor compreensão, interpretação e análise desses relatórios para a tomada de decisões. A adaptação ao padrão de normas internacionais trouxe, para o cenário contábil brasileiro, varias mudanças. Dentre tais mudanças destacam-se neste trabalho as ocorridas no Balanço Patrimonial em relação ao tratamento dado aos seus componentes – ativo, passivo e patrimônio líquido, os quais apresentaram mudanças em sua classificação dentro da estrutura deste demonstrativo. Buscando em resoluções do CFC (Conselho Federal de Contabilidade) e CVM (Comissão de Valores Mobiliários), assim como, nos pronunciamentos técnicos emitidos pelo CPC (Comitê de Pronunciamentos Contábeis), além de livros sobre as novas normas internacionais escritos por auditores e analista de varias empresas, observou-se que essas normas trazem para o profissional de contabilidade a necessidade de qualificação constante, haja vista que estas novas normas implicam para este profissional uma postura baseada na capacidade de julgamento. Palavras Chaves: Normas Internacionais, Convergência, Balanço Patrimonial

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ABSTRACT

The introduction of International Accounting Standards emerged to standardize the statements, in order to ensure the various users of accounting information for better understanding, interpretation and analysis of these reports for decision making. The adaptation to the standard of international standards brought to the Brazilian accounting scenario, several changes. Among these changes stand out in this study occurred in the Balance Sheet in relation to the treatment of its components - assets, liabilities and equity, which showed changes in their classification within the framework of this statement. Looking at resolutions of CFC (Federal Accounting Council) and CVM (Securities Commission), as well as the technical pronouncements issued by CPC (Accounting Pronouncements Committee), as well as books on the new international standards written by auditors and analyst several companies, we found that these standards bring to the professional accounting qualification need constant, considering that these new standards require for this professional stance based on judgment. Key Words: International Standards, Convergence, Balance Sheet

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO................................................................................ 9

1.2 Objetivos....................................................................................... 11

1.2.1 Objetivo geral............................................................................. 11

1.2.2 Objetivos específicos................................................................. 12

1.3 Justificativa.................................................................................... 12

1.4 Metodologia................................................................................... 13

2. REVISÃO DE LITERATURA.......................................................... 15

2.1 Aspectos econômico-sociais do IFRS........................................... 15

2.2 A contabilidade e seus demonstrativos......................................... 20

2.3 O patrimônio e seus componentes................................................ 26

2.4 Ativo, Passivo e Patrimônio Líquido.............................................. 27

2.5 O Balanço Patrimonial................................................................... 30

2.6 Princípios e Convenções de Contabilidade................................... 33

3. MATERIAL E MÉTODO.................................................................. 39

4. RESULTADOS................................................................................ 43

4.1 As Normas Internacionais de Contabilidade................................. 43

4.2 Impactos na implantação do IFRS................................................ 48

4.3 O Balanço Patrimonial antes da convergência............................. 49

4.4 O Balanço Patrimonial após a convergência................................ 52

4.5 Melhorias nas informações do Balanço Patrimonial..................... 54

5. CONCLUSÃO................................................................................. 57

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.................................................... 60

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1. INTRODUÇÃO

O atual cenário contábil brasileiro vem sendo marcado por inúmeras

mudanças no seu contexto normativo. Buscando enquadrar a contabilidade

brasileira ao padrão internacional foram implementadas diversas normas cujo

objetivo era padronizar a contabilidade brasileira a contabilidade internacional.

Desta feita, o propósito deste trabalho é compreender o tratamento dado

aos componentes do Balanço Patrimonial (Ativo, Passivo e Patrimônio Líquido),

dentro da estrutura deste demonstrativo em virtude da convergência das

Normas Brasileiras de Contabilidade ao padrão IFRS (International Financial

Reporting Standards), que são um conjunto de pronunciamentos contábil

internacional, também chamado de Normas Internacionais de Contabilidade,

emitido pelo IASB (International Accounting Standards Board), que têm por

objetivo harmonizar as demonstrações financeiras nas sociedades anônimas

em todo o mundo, de modo a garantir a transparência, confiança e relevância,

para possibilitar a comparabilidade das informações contábeis.

É oportuno destacar que o escopo deste trabalho não é uma

evidenciação exaustiva das mudanças ocorridas no Balanço Patrimonial, mas

sim uma apresentação das mudanças na formatação deste demonstrativo.

Para tanto, a pergunta de partida é: Como são tratados os componentes do

Balanço Patrimonial, dentro da estrutura deste demonstrativo, a partir da

convergência das Normas Brasileiras de Contabilidade às Normas

Internacionais de Contabilidade?

No Brasil as normas IFRS foram implementadas por meio da lei

11.638/07 que promoveu alterações na lei 6.404/76 e completadas pela Medida

Provisória 449/09, convertida na lei 11.941/09 e foram adaptadas pelo CPC

(Comitê de Pronunciamentos Contábeis) pra serem incluídas nas práticas

contábeis brasileiras pela CVM (Comissão de Valores Mobiliários), CFC

(Conselho Federal de Contabilidade), SUSEP (Superintendência de Seguros

Privados) e pelas agencias reguladoras e ANEEL.

A aprovação dessas normas representa para o contexto normativo

brasileiro um grande passo ao ingresso no grupo das principais economias do

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mundo. Segundo dados publicados no jornal Folha de São Paulo1, o Brasil

ocupa hoje o sexto lugar no ranking das maiores economias do mundo,

podendo inclusive, ainda neste ano, ultrapassar a França e tornar-se a quinta

maior economia do mundo, com isso há uma grande necessidade de que as

informações contábeis brasileiras tenham atributos qualitativos reconhecidos

pelos seus usuários em qualquer parte do mundo, ou pelo menos onde o Brasil

comercialize.

Há muito se discute o papel da contabilidade como produtora e

controladora de informações econômico-financeiras. O fato é que muitos dos

gestores não têm dado importância a esta ciência, atualmente vista como uma

das mais importantes para a economia global, tendo em vista o seu poder

informativo acerca das inúmeras mudanças no cenário econômico globalizado.

Antes vista como ciência de controle dos fatos, guarda de registro e

mensuração de patrimônio, hoje a contabilidade ganha uma nova visão, além

de ser uma ciência de controle e mensuração patrimonial, é também uma

poderosa ferramenta no auxilio à tomada de decisões dentro e fora da

empresa. Dessa forma, tem como objetivo o estudo e o controle do patrimônio

das empresas, buscando informações sobre sua composição e suas variações

qualitativas e quantitativas.

Posto isso, a contabilidade proporciona aos gestores das empresas,

demonstrativos econômicos, financeiros, patrimoniais, os quais possibilitam

uma análise econômica e financeira da empresa em determinado período. De

posse destes demonstrativos é possível analisar o desenvolvimento da

atividade em exercício e, a partir daí, projetar situações futuras, simulando

características do mercado, e dessa forma, ter como tomar decisões que

possam prevenir possíveis perdas ou prejuízos decorrentes do mercado volátil

que se tem hoje com a globalização.

Esses demonstrativos são o Balanço Patrimonial, a Demonstração do

Resultado do Exercício, a Demonstração do Fluxo de Caixa e a Demonstração

de Lucros ou Prejuízos Acumulados.

1 Dados extraídos do site http://www1.folha.uol.com.br/poder/1058193-brasil-pode-passar-franca-e-

ser-quinta-economia-em-2012.shtml em 16 de agosto de 2012

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Como se observa, a contabilidade é servida de uma gama de relatórios

que auxiliam os gestores ou a quem interessar a tomada de decisões, sejam

estas de ordem financeira ou econômicas.

Contudo neste estudo iremos trabalhar apenas com o Balanço

Patrimonial, uma das peças fundamentais da contabilidade, pois retrata a

posição de uma empresa ao fim de todos os lançamentos contábeis ocorridos

em determinado período.

Para tanto, este trabalho será dividido em quatro capítulos. No capítulo

um será abordada a introdução, problemática, objetivos, justificativa e

metodologia. No segundo capítulo buscar-se-á contextualizar o tema em foco,

neste sentido tratar-se-á o conceito da Ciência Contábil e seus demonstrativos.

Em seguida, será abordada a apresentação dos componentes do Balanço

Patrimonial, trazendo a baila conceitos e entendimentos de autores sobre o

assunto, bem como será exposto um apanhado da nova legislação sobre a

matéria para mostrar como esses componentes são entendidos hoje segundo o

padrão IFRS (International Financial Reporting Standards). No terceiro capítulo

será demonstrada a metodologia utilizada para desenvolver este trabalho. No

quarto capítulo serão demonstradas as mudanças no balanço patrimonial em

virtude das convergências das normas brasileiras de contabilidade às normas

internacionais de contabilidade. Por fim a conclusão e referencial bibliográfico.

1.2 OBJETIVO

Para alcançar o objetivo central deste trabalho, será dividido em dois

objetivos, a saber:

1.2.1 OBJETIVO GERAL

O objetivo geral deste trabalho é compreender o tratamento dado aos

componentes do Balanço Patrimonial (Ativo, Passivo e Patrimônio Líquido),

dentro da estrutura deste demonstrativo, em virtude da convergência das

Normas Brasileiras de Contabilidade às Normas Internacionais de

Contabilidade.

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1.2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

Temos como objetivos específicos:

Apresentar os componentes do Balanço Patrimonial evidenciando

o conceito de cada um;

Entender como os componentes do Balanço Patrimonial estão

dispostos dentro da nova estrutura do balanço, segundo as

Normas Internacionais de Contabilidade;

Evidenciar as melhorias ocorridas no Balanço Patrimonial em

decorrência da convergência as Normas Internacionais de

Contabilidade, quanto ao aspecto de informação gerado por este

demonstrativo.

1.3 JUSTIFICATIVA

No mundo empresarial de hoje, com a globalização, precisamos tomar

uma série de decisões que irão interferir potencialmente na vida da empresa.

No universo empresarial o sucesso é definido por uma palavra: Informação.

Nesse sentido o Balanço Patrimonial se mostra eficiente, pois por meio dele o

gestor poderá, em razão da análise, definir quais rumos deverá tomar para

manter a administração dos recursos financeiros e patrimonial eficaz.

O Balanço Patrimonial é um demonstrativo contábil que visa dar

informação patrimonial de ordem financeira e patrimonial. Este relatório exibe

todos os Bens, Direitos e Obrigações que a empresa possui em seu nome,

avaliados em dinheiro. É uma das peças fundamentais da contabilidade, pois

retrata a posição de uma empresa ao fim de todos os lançamentos contábeis

ocorridos em determinado período.

Embora este demonstrativo apresente uma situação estática do

patrimônio, ou seja, apresenta a empresa como uma fotografia, ele possui um

grande poder informativo, pois a partir do balanço, podemos inferir algumas

dimensões importantes para a tomada de decisões, tais como: posição de

liquidez, a qual mensura a capacidade de pagamento, e o endividamento, o

qual demonstra a quantidade e a qualidade da dívida existente na empresa,

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alem de demonstrar o grau de imobilização do ativo, o qual evidencia o

percentual de ativos de baixa liquidez2, em geral o total de imóveis, ou, total da

carteira de investimentos, ou ainda a soma de ambos, sobre o total do ativo.

Segundo Iudícibus e Marion (2002), o balanço como todas as

demonstrações contábeis, apresenta um poder informativo de natureza

preditiva. De acordo com eles, este poder preditivo consiste em dar uma

razoável dose de confiança em que, se os eventos retratados se repetirem, os

resultados serão equivalentes no futuro. “O Balanço é uma sombra do passado

que se projeta para o futuro” (2002, p.187) - dessa afirmativa depreende-se que

através do balanço é possível prevê o que poderá acontecer à empresa se

mantidas as mesmas atitudes.

A partir de 2010, a Comissão de Valores Mobiliários, por meio da

Instrução CVM nº 457, de 13 de julho de 2007, confirmou que o Balanço

Patrimonial passaria a ter nova formatação. Essa mudança visou à adequação

às Normas Internacionais de Contabilidade cujo objetivo maior era promover o

aumento da transparência, relevância, confiabilidade e comparabilidade das

informações financeiras.

Neste sentido, os motivos que nos levaram a investigar o tema

epigrafado, derivam das recentes mudanças no atual cenário das práticas

contábeis brasileiras em virtude da convergência às normas internacionais de

contabilidade.

O atual contexto normativo trouxe vários questionamentos acerca da

elaboração e apresentação dos demonstrativos contábeis. A proposta

apresentada nesta pesquisa busca incitar os estudantes e profissionais da área

contábil, bem como os empresários, à leitura dessas inovações normativas

com o objetivo de fazer com que conheçam essas mudanças e busquem o

aprofundamento nas demais alterações no cenário contábil promovidas pelas

Normas Internacionais de Contabilidade.

Sem dúvida a grande dificuldade de implantação destas normas centra-

se na falta de conhecimento e de compreensão dos princípios preconizados

pelo IFRS, contudo, a expectativa de crescimento da economia brasileira

2 De acordo com Marion (2006, p.58), “liquidez é a capacidade de se transformar em dinheiro

mais rapidamente”.

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através de investidores nacionais e internacionais tem se mostrado agente

motivador para a adoção destas normas.

Portanto a crescente leva de investimentos no Brasil possibilita a

implantação das normas internacionais de contabilidade na medida em que

esses investimentos estimulam a qualificação da mão de obra, tida como

principal embate para a implantação do IFRS.

1.4 METODOLOGIA

Por seu turno, a metodologia deste trabalho compreenderá em uma

pesquisa bibliográfica descritiva de ordem qualitativa, buscando em sítios

eletrônicos, revistas, jornais, livros, periódicos, assim como nas legislações

pertinentes ao estudo em epígrafe, explicações, conceitos e entendimentos

acerca do tema.

2. REVISÃO DE LITERATURA

2.1 ASPECTOS ECONÔMICOS-SOCIAS DO IFRS

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Conforme exposto preliminarmente, o objetivo é entender as

mudanças no tratamento dado aos componentes do Balanço Patrimonial.

Não obstante, para atingir esse fim, busca-se expor um pouco do

contexto econômico-social que confirmou a necessidade de implantação desse

atual cenário normativo que estamos vivenciando em nossa profissão,

denominado Normas Internacionais de Contabilidade ou simplesmente IFRS.

O final da primeira década do século XXI foi marcado por uma das

maiores crises financeiro que a economia mundial já presenciou, alguns

acreditam até que essa crise superou a de 1929, que culminou com a quebra

da bolsa de valores de Nova Iorque.

O esgotamento financeiro em 2008 foi precipitado por uma bolha

imobiliária no mercado Norte-Americano, ou seja, grande parte das famílias

americanas no decorrer das ultimas décadas, vinham hipotecando suas

residências em busca de recursos financeiros. Este tipo de operação consistia

na oferta de empréstimo, tendo como garantia para saldar a dívida, um bem

imóvel pertencente ao devedor.

Por sua vez, os recursos que garantiam essas hipotecas eram

realizadas junto à empresas especializadas neste tipo de operação, que

funcionavam como intermediarias, ou seja, elas captavam recursos junto a

investidores para oferecer tais empréstimos.

Com o aumento desse mercado, os investimentos em imóveis

tornaram-se bastante atrativos para um número cada vez maior de

investidores.

Com a crescente procura por imóveis em decorrência dos

empréstimos hipotecários, os bancos que criaram esse sistema de hipotecas,

criaram derivativos negociáveis no mercado financeiro, que passaram a ser

vendidos a outros bancos, instituições financeiras, fundos de pensão e diversas

companhias pelo mundo afora.

Esta crescente procura por imóveis também fez com que o preço

desses imóveis subisse, aumentando o custo do empréstimo para as famílias

americanas. A elevação desse custo levou aquelas famílias a atrasarem e até

mesmo a deixarem de pagar a hipoteca da casa própria.

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Este fato afetou todas as empresas envolvidas nos empréstimos

imobiliários, uma vez que como as famílias americanas não tinham mais

recursos para honrar suas hipotecas, devido ao custo elevado desses

empréstimos, as empresas que concediam essas hipotecas não tinham

recursos para remunerar seus investidores e estes, por sua vez, também não

tinham mais dinheiro para saldar recursos tomados de outras instituições

financeiras, para investir no mercado imobiliário, ocasionando assim um efeito

dominó em relação a este tipo de investimento.

A crise deflagrada no final de 2008 com a falência de um dos

maiores bancos dos Estados unidos, o Lehman Brothers, levaram outras

grandes instituições financeiras ao declínio, como a AIG, uma das maiores

seguradoras do mundo que só não faliu - após passar por uma crise de liquidez

- devido à ajuda do governo americano.

No mundo varias economias entraram em recessão, varias

instituições financeiras faliram, cresceu a taxa de desemprego, muitas

empresas tiveram que fechar as portas, prejuízos com cifras inimagináveis

foram apresentados.

A crise financeira de 2008 deixou profundas marcas na sociedade

global, uma vez que estagnou diversas economias no mundo afora impactando

diretamente seu crescimento e desenvolvimento.

Este cenário propiciou olhares positivos sobre a importância da

contabilidade como ferramenta de controle da gestão do patrimônio para

diversos usuários.

O aprofundamento da crise financeira mundial no final de 2008

tornou mais evidente à necessidade de novas normas voltadas ao mercado

internacional que uniformizasse os relatórios ou demonstrativos contábeis.

Hoje com a economia globalizada, a ideia de uma economia

nacional já não faz mais tanto sentido, uma vez que existem empresas e

investidores espalhados em diversos países. Com isso a globalização está

tornando irreversível a uniformização contábil em todo o mundo.

O termo globalização costuma ser utilizado para identificar os

processos que cada vez mais intensificam as relações e a interdependência

sociais globais.

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Conforme Giddens (2005), a globalização não deveria ser entendida

meramente como o desenvolvimento de redes mundiais, ou seja, sistemas

sociais e econômicos que estão distantes de nossas preocupações individuais.

Para ele, é também um fenômeno local, que afeta a todos nós, todos os dias.

Seguindo esta linha de pensamento, a perspectiva global evidencia

um contato cada vez mais forte de um individuo com o resto do mundo e vice-

versa. O resultado disso implica que nossas ações têm consequências para os

outros e os problemas do mundo têm consequências para nós.

Logo, pensar numa economia dentro de um ambiente globalizado

requer aptidão para relacionar e interpretar as varias informações decorrentes

da diversificação e interação entre os diversos mercados.

Portanto o contato mundial entre as economias fez surgir à

necessidade de uma linguagem financeira comum a todos. Neste sentido o

IASB3 (International Accounting standards Board) elaborou o IFRS

(International Financial Reporting Standards), o qual representa um conjunto de

pronunciamentos contábeis internacionais cujo principal objetivo é disponibilizar

informações sobre as variações na posição financeira e no resultado de uma

entidade a um grande número de usuários em suas tomadas de decisões.

Países que adotam normas contábeis reconhecidas

internacionalmente garantem significativa vantagem sobre aqueles que não

compactuaram com essas normas.

Destaca-se ainda que organizações que adotam o fornecimento de

informações de acordo com normas de elevada qualidade, transparência e

comparabilidade reduzem o risco do investimento e o custo do capital.

No Brasil o atual contexto da contabilidade é marcado pela

convergência das normas contábeis brasileiras com as normas internacionais.

Os anos 2008 e 2009 foram decisivos para a consolidação das mudanças

estabelecidas pela lei 11.638/07, que promoveu alterações na lei 6.404/76 e

completadas pela Medida Provisória 449/08, convertida na lei 11.941/09, que

introduziram no Brasil padrões internacionais de contabilidade.

3 O International Accounting standards Board (IASB) é uma entidade sem fins lucrativos criada

em 2001 para preparar e emitir normas de padrões internacionais de contabilidade,

denominadas IFRS (International Financial Reporting Standards), conforme informações

extraídas do site: http://pt.wikipedia.org/wiki/Iasb, disponível no dia 13 de setembro de 2012.

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Esse foi o caminho traçado para a convergência brasileira às normas

internacionais. Essa mudança traz para as sociedades anônimas a

necessidade de preparar as demonstrações contábeis com base no IFRS.

A contabilidade brasileira ingressa definitivamente nos padrões

internacionais. Desde 1º de janeiro de 2010, as normas brasileiras estão em

consonância com as normas internacionais de relatórios financeiros. Essas

normas internacionais visam a uma harmonização dos procedimentos

contábeis na elaboração dos demonstrativos.

Em face da uniformização dos procedimentos contábeis a ser

seguido pelos contabilistas brasileiros, o Conselho Federal de Contabilidade4

(CFC), por meio do Comitê de Pronunciamentos Contábeis5 (CPC), instituiu

Normas Brasileiras de Contabilidade, pautadas nos princípios de contabilidade

que representam no âmbito geral, a essência das doutrinas e teorias relativas à

Ciência da Contabilidade.

Independentes do porte da entidade, do tipo de organização e do

segmento em que atuem, as novas normas estão disponíveis para todas as

empresas. Segundo cartilha publicada pela DELOITTE6 no ano de 2009, os

seus analistas aconselham a cada empresa procurar uma melhor compreensão

sobre os efeitos provocados pela implementação das normas internacionais e,

a partir daí, definir ações que promovam a convergência da forma mais

tranquila possível.

Ainda segundo esses analistas, a tomada de decisão envolve pontos

de reflexão, como custos, processos, pessoas e reação de mercado.

Aconselham que o processo de avaliação dos impactos deva ser acompanhado

por diretores financeiros, diretores executivos, comitês de auditorias e

4 O Conselho Federal de Contabilidade (CFC) foi criado no Brasil pela Decreto-Lei n° 9245/46 ,

com o objetivo de orientar, normatizar e fiscalizar o exercício da profissão contábil no estado

brasileiro. É uma Autarquia coorporativa, sem vinculo com a Administração Pública, ou seja,

entidade paraestatal de interesse da categoria profissional.

5 O Comitê de Pronunciamentos Contábeis foi criado pela Resolução 1055/05, com a finalidade

de buscar a convergência da contabilidade brasileira aos padrões internacionais.

6 A Deloitte é uma associação estabelecida na Suíça que presta serviços nas áreas de

Auditoria, Consultoria Tributária, Consultoria em Gestão de Riscos Empresariais, Corporate Finance,Consultoria Empresarial e Outsourcing para clientes dos mais diversos setores, possui uma rede de firmas-membro, sendo cada uma delas uma entidade independente e legalmente separada. Acesse www.deloitte.com/about.

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conselhos de administração, pois para eles é um processo que deve ser

introduzido pelo comando da organização. Para tanto, eles veem como ponto

de partida a identificação das principais práticas contábeis que precisam ser

adaptadas.

Segundo o guia para elaboração das demonstrações financeiras,

2009/2010 elaborado pela Ernst & Young7 as normas internacionais trarão uma

maior transparência e melhor governança corporativa, balanços mais

detalhados e mais próximos do que representam em essência os negócios e o

cotidiano das companhias e, por isso mesmo, a possibilidade de olhar os

demonstrativos vislumbrando seu futuro. Isso sem contar a tão desejada

comparabilidade que uma única métrica agrega para investidores, analistas e

instituições financeiras. Essas são as mais conhecidas e mencionadas

vantagens que a adoção do International Financial Reporting Standards (IFRS)

deve incorporar à vida das empresas brasileiras.

Segundo, sócio de Auditoria e líder de Quality & Risk Management

da Ernst & Young, Idésio Coelho (apud. Ernst & Young 2009/2010), a maior

transparência na divulgação dos balanços terá reflexos diretos na diminuição

de custos de captação das companhias. Além disso, a possibilidade de serem

comparadas pelo mesmo modelo contábil é positiva para o mercado como um

todo, pois faz com que investidores selecionem aquelas com melhor

desempenho em cada setor.

Em consonância com a afirmação de Idésio Coelho (2009/2010),

dizem os analistas da DELOITTE em sua cartilha que, como muitas empresas

brasileiras têm expandido fortemente suas fronteiras de atuação nos últimos

anos, por meio de Investimento Brasileiro Direto8 (IBD), aderir ao IFRS pode

ser um aspecto essencial para garantir a uniformização das práticas contábeis

da organização em diversos países, tornando a consolidação das

demonstrações financeiras mais prática e segura.

7 A Ernst & Young é uma empresa que presta serviços de auditoria, impostos, transações

corporativas e assessoria em vários países. Acesse www.ey.com.brwww.ey.com.br

8 O Investimento Brasileiro Direto é o processo de internacionalização das empresa brasileiras

visando seu crescimento com o objetivo de fortalecer sua competitividade diante da crescente

concorrência em seus mercados domésticos. Conforme Antonio Marcos Ambrozio, Economista

da APE, em seu artigo “Entendendo o Investimento Direto Brasileiro no Exterior”.

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Os analistas da DELOITTE recomendam, portanto que as pessoas

envolvidas diretamente nos processos de elaboração das demonstrações

financeiras recebam treinamento e acompanhem de perto dos

pronunciamentos anunciados pelo CPC, de forma a identificar potenciais

impactos na contabilidade das organizações.

Em seguida será abordado o entendimento do que é contabilidade,

qual seu papel nas organizações, e de que forma as informações econômico-

financeiras são geradas por esta ciência.

2.2 A CONTABILIDADE E SEUS DEMONSTRATIVOS

A contabilidade é uma ciência social que tem como objetivo buscar

informações de ordem quantitativa e qualitativa expressas em termos

matemáticos, estatísticos e monetários do patrimônio dos indivíduos e

empresas e demonstrar a eles como essas informações variaram em razão de

suas ações.

Conforme Marion (2006, p.26) a contabilidade surgiu basicamente

da necessidade de donos de patrimônio que desejavam mensurar, acompanhar

a variação e controlar suas riquezas.

Possui como campo de aplicação todas as entidades, sejam elas

públicas ou privadas, ou ainda sem fins lucrativos. Conforme Ribeiro (2003,

p.20) o campo de aplicação da Contabilidade abrange todas as entidades

econômico-administrativas, até mesmo as pessoas de direito público, como a

União, os Estados, os Municípios, as Autarquias entre outros.

Segundo Ribeiro (2002) entidades econômico-administrativas são

organizações que reúnem pessoas, patrimônio, titular, ações administrativas e

fim determinado.

Como Ciência tem por objeto o patrimônio das empresas. Ela

registra todos os acontecimentos que contam a história econômico-financeira

das empresas e demais entidades.

As informações egressas da contabilidade formam a base para a

tomada de decisão. Conforme Ribeiro (2003), esta ciência possibilita, por meio

de suas técnicas, o controle permanente do patrimônio das empresas.

Para Marion (2006):

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A contabilidade é o grande instrumento que auxilia a administração a tomar decisões. Na verdade, ela coleta todos os dados econômicos, mensurando-os monetariamente, registrando-os e sumarizando-os em forma de relatórios ou de comunicados, que contribuem sobremaneira para a tomada de decisões. (2006, p.23).

Ainda conforme Marion (2006, p.25), a contabilidade pode ser

considerada como sistema de informação destinado a prover seus usuários de

dados para ajudá-los a tomar decisão. Para ele, Usuário pode ser entendido

como qualquer pessoa (física ou jurídica) que tenha interesse em conhecer

informações sobre uma entidade qualquer.

Para Ribeiro (2003, p.21), usuários da contabilidade são todas as

entidades que a utilizam para registrar e controlar a movimentação de seus

patrimônios, incluindo proprietários, acionistas, gerentes, administradores,

clientes, fornecedores, bancos, governos, entre outros.

De acordo com Braga (1999, p. 55) a contabilidade tem como objetivo o

estudo e o controle do patrimônio das entidades econômicas – empresa ou

instituição sem fins lucrativos – a fim de fornecer informações sobre sua

composição e suas variações qualitativas e quantitativas.

Neste diapasão, esta Ciência tem como finalidade substancial,

assegurar informações relevantes sobre o patrimônio, sua composição

qualitativa e quantitativa, bem como demonstrar o resultado econômico ou

social oriundos da atividade desenvolvida. Suas informações destinam-se a

qualquer interessado, seja ela pessoa física ou pessoa jurídica.

Porquanto a contabilidade busca sempre gerar informações de ordem

financeira, econômica, física, inclusive sobre produtividade, para possibilitar

seus usuários uma melhor tomada de decisão. Ratifica esse entendimento a

definição da CVM - Comissão de Valores Mobiliários, através da deliberação

29/86, sobre o assunto in verbis:

Contabilidade é, objetivamente, um sistema de informação e avaliação destinado a prover seus usuários com demonstrações e análises de natureza econômica, financeira, física e de produtividade, com relação à entidade objeto de contabilização.

Isso posto é cabível afirmar que a contabilidade proporciona aos

gestores das empresas, relatórios econômicos, financeiros e patrimoniais, os

quais possibilitam uma análise econômica e financeira da empresa em

determinado período, bem como inferir sobre suas tendências futuras.

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Estes relatórios são resultados da compilação de fatos que alteram,

ou não, o patrimônio das empresas. Conforme Ribeiro (2003), os fatos são

acontecimentos que provocam ou não variações nos valores patrimoniais.

Para Marion (2006) o relatório contábil é a exposição resumida e

ordenada de dados colhidos pela contabilidade cujo objetivo é mostrar aos

seus usuários os principais fatos registrados por esta ciência em determinado

período.

Segundo Braga (1999, p. 25) é importante ressaltar, que a

interpretação das demonstrações contábeis, por exemplo, é de interesse não

só para análise de fim de exercício, mas também para a atividade

administrativa normal.

De posse destes relatórios, denominados de demonstrações

financeiras9, é possível analisar o desenvolvimento da atividade em exercício e,

a partir daí, projetar situações futuras, simulando características do mercado, e

dessa forma, ter como tomar decisões que possam prevenir possíveis perdas

ou prejuízos decorrentes do mercado volátil que se tem hoje com a

globalização.

As demonstrações contábeis, denominadas de demonstrações financeiras na legislação societária (Lei No. 6.404/76), são utilizadas pelos administradores para prestar contas sobre os aspectos públicos de responsabilidade da empresa, perante acionistas, credores, governos e a comunidade em geral. Têm, portanto, por objetivo, revelar, a todas as pessoas interessadas, as informações sobre o patrimônio e os resultados da empresa, a fim de possibilitar o conhecimento e a análise de sua situação econômico-financeira. (BRAGA, 1999, p.70).

As principais demonstrações contábeis são o Balanço Patrimonial, a

Demonstração do Resultado do Exercício, a Demonstração do Fluxo de Caixa,

a Demonstração de Lucros ou Prejuízos Acumulados e a Demonstração do

Valor Adicionado 10.

9 O termo demonstrações financeiras é utilizado pela Lei 6.404, de 15 de dezembro de 1976,

para classificar as demonstrações contábeis, conforme redação do artigo 176 de supracitada

base legal.

10 Essas demonstrações são atualmente exigidas pela Lei 6.404, de 1976, Art. 176, atualizada

pela Lei 11.638, de 2007. Que altera e revoga dispositivos da Lei no 6.404, de 15 de dezembro

de 1976, e estende às sociedades de grande porte disposições relativas à elaboração e

divulgação de demonstrações financeiras.

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Cada demonstrativo citado revela aos gestores uma visão de como

anda a atividade da empresa dentro de seu mercado de atuação.

O Balanço Patrimonial demonstra todos os bens, direitos e

obrigações adquiridos pela empresa e ainda seu capital próprio, isto é, mostra

ao usuário da contabilidade de que forma seu patrimônio está composto:

dinheiro, clientes, móveis e utensílio, bancos, imóveis, salários a pagar, capital

social entre outros. Como afirma Ribeiro (2003, p.319), o Balanço Patrimonial é

a Demonstração Financeira que evidencia, resumidamente, o Patrimônio da

empresa, quantitativa e qualitativamente.

A Demonstração do Resultado do Exercício (DRE) mostra o retorno

resultante do investimento dos donos da empresa, isto é, o lucro ou prejuízo.

Neste demonstrativo todo o faturamento da empresa é confrontado com as

despesas incorridas durante o exercício social para se obter o lucro final, ou

seja, tudo aquilo que a empresa vendeu durante o exercício é deduzido de

todos os gastos que ocorreram em razão das vendas, sejam impostos, custos

de produção, despesas etc. Como afirma Iudícibus (2003, p.326), a

Demonstração do Resultado do Exercício é a apresentação, em forma

resumida, das operações realizadas pela empresa, durante o exercício social,

demonstrados de forma a destacar o resultado líquido do período.

A Demonstração do Fluxo de caixa (DFC) indica a variação no fluxo

financeiro, operacional e de atividade da empresa, ou seja, demonstra o quanto

de dinheiro entrou e o quanto saiu do caixa, dentro dos grupos citados. Este

relatório busca evidenciar como o dinheiro está circulando na empresa, isto é,

de onde veio e pra onde vai o recurso gerado, além de ser uma ferramenta

necessária para o planejamento financeiro. É importante que se entenda o

caixa como todas as suas disponibilidades financeiras (bancos, caixa e

aplicações financeiras de curtíssimo prazo) que a empresa possui a seu dispor.

Conforme Marion (2006, p.426), a Demonstração do Fluxo de Caixa

indica a origem de todo o dinheiro que entrou no caixa, bem como a aplicação

de todo o dinheiro que saiu do caixa em determinado período, e, ainda, o

resultado do fluxo financeiro.

A Demonstração de Lucros ou Prejuízos Acumulados (DLPA)

evidencia o lucro final do período e explica as variações do lucro ou prejuízo,

indicando valores adicionados ou deduzidos ao saldo já existente até chegar ao

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saldo final. De acordo com Ribeiro (2003, p. 328), a DLPA evidencia o lucro

apurado no exercício e sua destinação, bem como os eventos que modificaram

o saldo da conta Lucros ou Prejuízos Acumulados, como, por exemplo,

correção monetária, ajustes e reversões de reservas.

A Demonstração do Valor Adicionado (DVA), atualmente obrigatória

para as companhias abertas, segundo o art. 176, V, da Lei 6.404/76, incluído

pela Lei 11.638/07, que modificou também o artigo 188 da Lei das S.A, visa dar

informações relativas ao desempenho econômico e social da empresa para a

sociedade em geral, trata-se, portanto de um balanço social. Por meio deste

relatório podemos saber para onde os recursos gerados pela atividade da

empresa estão indo: empregados, encargos sociais, gastos com alimentação,

tributos, investimento no meio ambiente, entre outros. Conforme Marion (2006,

p.486) o valor adicionado ou valor agregado procura evidenciar para quem a

empresa está canalizando a renda obtida.

Em correlação às normas internacionais de contabilidade, o CPC,

elaborou um pronunciamento conceitual básico, CPC 00 R1, para relatar sobre

essas normas que em regras gerais tratam das finalidades, alcance, objetivo e

componentes das demonstrações financeiras.

Segundo este pronunciamento, as demonstrações financeiras em

consonância com as normas internacionais têm a finalidade de satisfazer as

necessidades comuns da maioria dos seus usuários, uma vez que todos eles

utilizam essas demonstrações no intuito de tomar decisões de ordem

econômica tais como:

a) Decidir quando comprar, manter ou vender um investimento em ações; b) Avaliar a administração quanto à responsabilidade que lhe tenha sido conferida, qualidade de seu desempenho e prestação de contas; c) Avaliar a capacidade da entidade de pagar seus empregados e proporcionar-lhes outros benefícios; d) Avaliar a recuperação quanto à recuperação dos recursos financeiros emprestados a entidade; e) Determinar políticas tributárias; f) Determinar a distribuição de lucros e dividendos; g) Preparar e usar estatísticas de renda nacional; ou h) Regulamentar as atividades da entidade.

Neste sentido, o objetivo das demonstrações financeiras é fornecer

informações sobre a posição patrimonial e financeira, o desempenho e as

mudanças na posição financeira das entidades, para que sejam úteis a um

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grande número de usuários, em suas avaliações e tomadas de decisões

econômicas, de acordo com o Pronunciamento Contábil Básico, item OB2:

Fornecer informações contábil-financeiras acerca da entidade que reporta essa informação (reporting entity) que sejam úteis a investidores existentes e em potencial, a credores por empréstimos e a outros credores, quando da tomada decisão ligada ao fornecimento de recursos para a entidade. Essas decisões envolvem comprar, vender ou manter participações em instrumentos patrimoniais e em instrumentos de dívida, e a oferecer ou disponibilizar empréstimos ou outras formas de crédito.

Contudo cabe ressaltar que os demonstrativos contábeis de

propósitos gerais não evidenciam toda e qualquer informação que seus

usuários buscam e necessitam, haja vista a multiplicidade de fatores

econômico-sociais, bem como os desejos e necessidades individuais de cada

um. Corrobora esse entendimento o item OB6, do pronunciamento técnico CPC

00R1, citado no parágrafo anterior, conforme transcrição abaixo:

Entretanto, relatórios contábil-financeiros de propósito geral não atendem e não podem atender a todas as informações de que investidores, credores por empréstimo e outros credores, existentes e em potencial, necessitam. Esses usuários precisam considerar informação pertinente de outras fontes, como, por exemplo, condições econômicas gerais e expectativas, eventos políticos e clima político, e perspectivas e panorama para a indústria e para a entidade.

Portanto a contabilidade, cujo objeto de estudo é o patrimônio das

entidades, por meios de seus demonstrativos, tem como objetivo finalístico,

buscar informações de ordem quantitativa e qualitativa expressas em termos

matemáticos, estatísticos e monetários do patrimônio dos indivíduos para

auxilia-los na tomada de decisão.

Após o estudo da contabilidade e de seus demonstrativos, será

abordado no próximo tópico o conceito de patrimônio, bem como de seus

componentes. Ressalta-se que é de grande importância o entendimento

desses conceitos para uma melhor compreensão do escopo desta pesquisa.

2.3 O PATRIMÔNIO E SEUS COMPONENTES

Como visto anteriormente, a contabilidade hoje tem uma função

essencial para o universo empresarial. Por meio desta ciência é possível o

controle permanente e eficiente da gestão do patrimônio das empresas, através

de informações econômicas e financeiras geradas por seus relatórios.

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Contudo estes relatórios derivam de um compilado de dados

oriundos de fatos administrativos, os quais podem ou não, provocar alterações

no valor do patrimônio das entidades.

Conforme já exposto, o patrimônio representa o objeto de estudo da

contabilidade. Para tanto nos cabe agora entender o que é este patrimônio? E

o que o compõe?

Buscando o significado desta palavra no Dicionário Brasileiro,

verificou-se que patrimônio é uma palavra que descende do latim (patrimoniu),

e significa: Herança paterna; bens de família; dote de ordinando; quaisquer

bens, materiais ou morais, pertencentes a um indivíduo ou a uma instituição;

propriedade.

Observa-se que de acordo com a definição acima, o conceito de

patrimônio sempre nos remete a um conjunto de bens. Não obstante o

patrimônio para a contabilidade não se trata de mero aglomerado de bens. O

conceito se estende também aos nossos direitos e deveres em relação a

terceiros.

De acordo com Ribeiro (2003, p.25), o patrimônio é um conjunto de

Bens, Direitos e Obrigações de uma pessoa, avaliado em moeda. Segundo o

autor, Bens são as coisas capazes de satisfazer as necessidades humanas e

suscetíveis de avaliação econômica.

Dessa forma, depreende-se, então, que os bens são coisas, sejam

elas materiais ou imateriais, passível de troca, uso ou consumo. Temos como

exemplo de bens: balcões, mesas, sofás, benfeitorias em bens de terceiros,

gastos com organização, entre outros.

Outro elemento que compõe o patrimônio das empresas são os

Direitos, segundo Ribeiro (2003), representa todos os valores que a empresa

tem a receber de terceiros.

De acordo com esse conceito, pode-se inferir que Direito, na

contabilidade, é uma promessa que a empresa recebe de um terceiro em

virtude de uma troca de mercadoria frente a um compromisso de pagamento

futuro. Como exemplo desses Direitos, temos: Duplicatas a receber,

Promissórias a receber, Aluguéis a receber entre outros.

De acordo com Ribeiro (2003), esses Direitos geralmente são

apresentados nos registros contábeis com a expressão a receber.

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Dando seguimento aos elementos que compõem o Patrimônio das

empresas, temos as Obrigações, que Ribeiro (2003) define como valores que a

empresa tem a pagar para terceiros. Inverso ao conceito dos Direitos, as

Obrigações apresentam o termo a Pagar ou a Recolher nos registros

contábeis e são compromissos que a empresa assume em virtude de

contraprestação de algo, exemplo: Salários a Pagar, Duplicatas a Pagar,

Impostos a Recolher etc..

Contudo é importante destacar que o patrimônio ainda não está

completo, uma vez que falta um quarto elemento, denominado patrimônio

líquido, o qual doravante será explicitado.

2.4 ATIVO, PASSIVO E PATRIMÔNIO LÍQUIDO

No sentido de completar o conceito de patrimônio, bem como de

evidenciar o Balanço Patrimonial, objeto deste estudo, entendemos a

necessidade preliminar de compreender os elementos, os quais montam nosso

demonstrativo, escopo de nossa pesquisa.

Para tanto o Ativo nada mais é do que o conjunto de Bens e Direitos,

ou seja, tudo aquilo que a entidade possui, seja para troca, uso ou consumo,

como também tudo aquilo que ela tem a receber de terceiros.

Este elemento é dividido em Ativo Circulante, grupo de contas que

representam dinheiro e que irão se transformar em dinheiro dentro de um

exercício social.

E Ativo Não- Circulante composto por itens de realização de longo

prazo, ou seja, em mais de um exercício social, investimentos, imobilizado e

intangível, isto é, contas que demorarão mais de um exercício social para se

converterem em dinheiro.

O Passivo é constituído pelas Obrigações, isto é, tudo aquilo que a

empresa deve a terceiros. Por seu turno este componente dividi-se em Passivo

Circulante, agrupamento de contas que vencerão dentro de um exercício

social. E Passivo Não-Circulante, composto por Obrigações exigíveis em mais

de um exercício social.

O Patrimônio Líquido resulta da diferença entre o Ativo e o Passivo,

ele deriva dos recursos próprios da entidade, ou seja, dos recursos investidos

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inicialmente para fazer funcionar a atividade escolhida, e os decorrentes do

rendimento dessa atividade, seja ele positivo ou negativo, bem como aqueles

recursos poupados pela entidade, seja por determinação contratual, seja por

legislação específica.

Esses recursos próprios da empresa dividem-se em capital social,

reservas de capital, ajustes de avaliação patrimonial, reservas de lucros, ações

em tesourarias e prejuízos acumulados.

Acerca desses componentes, o CPC por meio do pronunciamento

CPC 00R1, em seu item 4.4, definiu como ativos, passivos e patrimônio líquido:

Os elementos diretamente relacionados com a mensuração da posição patrimonial e financeira são os ativos, os passivos e o patrimônio líquido. Estes são definidos como segue: a) Ativo é um recurso controlado pela entidade como resultado de eventos passados e do qual se espera que resultem futuros benefícios econômicos para a entidade; b) Passivo é uma obrigação presente da entidade, derivada de eventos já ocorridos, cuja liquidação se espera que resulte em saída de recursos capazes de gerar benefícios econômicos; c) Patrimônio Líquido é o valor residual dos ativos da entidade depois de deduzidos todos os seus passivos.”

Os ativos contribuem direta ou indiretamente para os fluxos de caixa

e seus equivalentes, nele se concentra grande parte do potencial produtivo das

entidades. O emprego combinado desses elementos na produção de bens ou

na prestação de serviços geram outros bens e serviços capazes de satisfazer

os desejos e as necessidades de seus consumidores.

De acordo com o pronunciamento CPC 00R1 o potencial de um ativo

pode ser, item 4.8:

Produtivo, quando o recurso for parte integrante das atividades operacionais da entidade. Pode também ter a forma de conversibilidade em caixa ou equivalentes de caixa ou pode ainda ser capaz de reduzir as saídas de caixa, como no caso de processo industrial alternativo que reduza os custos de produção.

Segundo aquele pronunciamento técnico, item 4.10, o ativo pode ser

utilizado de várias maneiras pela entidade tais como: usado isoladamente ou

em conjunto com outros ativos na produção de bens ou na prestação de

serviços a serem vendidos pela entidade; trocado por outros ativos; usado para

liquidar um passivo; ou distribuído aos proprietários da entidade.

Os passivos são resultados de operações passadas que geram no

futuro obrigatoriedade de pagamento. Assim as aquisições de bens e serviços,

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bem como as contratações de empréstimos geram a obrigação de sua

liquidação. Essa liquidação pode se dar de diversas maneiras como salienta o

pronunciamento CPC 00R1, item 4.17:

(...) A liquidação de uma obrigação presente pode ocorrer de diversas maneiras, como, por exemplo, por meio de: (a) pagamento em caixa; (b) transferência de outros ativos; (c) prestação de serviços; (d) substituição da obrigação por outra; ou (e) conversão da obrigação em item do patrimônio líquido. A obrigação pode também ser extinta por outros meios, tais como pela renúncia do credor ou pela perda dos seus direitos.

O Patrimônio Líquido por sua própria definição exposto por aquele

pronunciamento técnico deriva da diferença entre ativos e passivos. Porem

ressalta-se que ele pode ter subclassificações as quais podem ser relevantes

para a tomada de decisão, conforme item 4.20 do supracitado pronunciamento

técnico, in verbis:

Embora o patrimônio líquido seja definido no item 4.4 como algo residual, ele pode ter subclassificações no balanço patrimonial. Por exemplo, na sociedade por ações, recursos aportados pelos sócios, reservas resultantes de retenções de lucros e reservas representando ajustes para manutenção do capital podem ser demonstrados separadamente. Tais classificações podem ser relevantes para a tomada de decisão dos usuários das demonstrações contábeis quando indicarem restrições legais ou de outra natureza sobre a capacidade que a entidade tem de distribuir ou aplicar de outra forma os seus recursos patrimoniais. Podem também refletir o fato de que determinadas partes com direitos de propriedade sobre a entidade têm direitos diferentes com relação ao recebimento de dividendos ou ao reembolso de capital.

Por último sobre os elementos que montam o patrimônio das

entidades, cabe destacar que as contas do Ativo são dispostas segundo o

critério do Grau de Liquidez 11.

As contas deste grupo são organizadas pela capacidade que elas

têm de se converter em dinheiro rapidamente. E as contas do Passivo e PL são

classificadas segundo critério do Grau de Exigibilidade 12, ou seja, são

organizadas pelos seus vencimentos.

11

De acordo Marion (2006, p.58), “liquidez é a capacidade de se transformar em dinheiro mais

rapidamente”.

12 Segundo Marion (2006, p.59), “Exigibilidade é a ordem de contas, segundo seu vencimento,

isto é, aquelas a serem liquidadas mais rapidamente serão destacadas daquelas a serem

pagas num prazo mais longo”.

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Por conseguinte iremos expor o Balanço Patrimonial, seus

componentes, os tipos de informações geradas por este relatório, bem como

demonstrar graficamente como ele deve ser apresentado.

2.5 O BALANÇO PATRIMONIAL

O Balanço Patrimonial é uma peça fundamental da contabilidade,

pois retrata a posição de uma empresa ao fim de todos os lançamentos

contábeis ocorridos em determinado período.

Embora este demonstrativo apresente uma situação estática do

patrimônio, ou seja, apresenta a empresa como uma fotografia, ele possui um

grande poder informativo, pois a partir do balanço, podemos inferir algumas

dimensões importantes para a tomada de decisões, tais como: posição de

liquidez, a qual mensura a capacidade de pagamento, e o endividamento, o

qual demonstra a quantidade e a qualidade da dívida existente na empresa.

Matarazzo (2010, p.26) define o Balanço Patrimonial como a

demonstração que apresenta todos os bens e direitos da empresa – Ativo -,

assim como as obrigações – Passivo Exigível – em determinada data.

É interessante observar que a definição de Matarazzo (2010), não

contempla o Patrimônio Líquido como elemento do balanço. Na verdade a

definição de balanço conforme o autor é um conceito semelhante ao contido na

Lei das Sociedades Anônimas, segundo o qual denomina de Passivo todo o

lado direito do Balanço Patrimonial, englobando dessa forma o Patrimônio

Líquido.

Não obstante, Marion (2006, p.46) ressalta que esse enfoque da Lei

não é bem aceito nos meios contábeis, haja vista que o termo Passivo

expressa uma conotação de conjunto de dívidas, encargos e obrigações com

terceiros, não sendo suficientemente extenso para abranger Patrimônio

Líquido.

Destaca-se, segundo Anthony (1981 apud Matarazzo, 2010) que o

Balanço Patrimonial mostra as fontes de onde provieram os recursos utilizados

para a empresa operar e os bens e direitos em que esses recursos se acham

investidos.

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Porquanto, este demonstrativo visa dar informação patrimonial de

ordem financeira, exibindo todos os Bens, Direitos, Obrigações e o Patrimônio

Líquido que a empresa possui em seu nome, avaliados em dinheiro. Este

demonstrativo é representado graficamente em forma de T.

No lado esquerdo do gráfico são expostos os Bens e Direitos da

empresa, também chamados componentes ativos cujo conjunto forma o Ativo

da empresa, ou seja, tudo o que a empresa possui em termos de dinheiro,

máquinas, veículos, etc., e tudo o que ela tem a receber decorrente de

empréstimos concedidos e vendas a prazo.

No lado direito do gráfico, são expostas as obrigações ou

componentes passivos, cujo agrupamento forma o passivo (salários a pagar,

impostos a recolher, fornecedores, etc.), tudo o que a empresa deve a

terceiros. E a situação líquida ou Patrimônio Líquido (capital social, lucros,

prejuízos, etc.) da empresa, que é composto por capital próprio e resultados

obtidos em razão do exercício de sua atividade.

O lado esquerdo do gráfico é chamado lado Positivo, pois os Bens e Direitos representam o que a empresa efetivamente possui e o que ela tem a receber. O lado direito do gráfico é chamado negativo, pois as Obrigações representam o que a empresa tem a pagar. (RIBEIRO, 2003, p.31).

Bens

Direitos

Obrigações

Situação Líquida

Balanço Patrimonial

Lado Esquerdo / Lado Positivo Lado Direito / Lado Negativo

Fonte: adaptado de Ribeiro (2003)

Para que a representação gráfica esteja completa, há ainda outro

elemento que compõe o balanço, que é a situação líquida da empresa,

chamada Patrimônio Líquido (PL), fica situada no lado direito do balanço e é

encontrada pela formula Ativo (bens e direitos) menos Passivo (obrigações).

Este elemento demonstra a riqueza líquida que a empresa possui.

É importante frisar que o balanço patrimonial quando corretamente

concluído deve apresentar o total do lado esquerdo, isto é, o Ativo, igual ao

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total do lado direito, ou seja, o Passivo mais o Patrimônio Líquido - como

resultado da aplicação do método das partidas dobradas 13 na contabilização

dos fatos.

Em última análise observa-se que o Balanço Patrimonial, composto

por Ativo, Passivo e Patrimônio Líquido, demonstra a magnitude, a distribuição

e o risco dos fluxos de caixa da empresa. Logo, torna-se uma ferramenta de

análise imprescindível à tomada de decisão no âmbito da administração

financeira.

Em seguida será demonstrado os princípios de contabilidade, o que

são, de onde surgem e o que representam para a ciência. Ressalta-se que a

compreensão destes princípios é importante para o estudo em epigrafe, haja

vista que hoje a contabilidade é pautada nessas normas gerais que orientam os

profissionais na realização de suas atividades.

2.6 PRINCÍPIOS E CONVENÇÕES DE CONTABILIDADE

É oportuno e conveniente trazer a baila o conceito dos princípios de

contabilidade, uma vez que as normas IFRS estão muito mais baseadas em

princípios norteadores das praticas contábeis do que propriamente em códigos

prescritos que ditam ipsis litteris a conduta a ser seguida pelo profissional.

Os princípios fundamentais da estrutura conceitual da contabilidade

internacional estão definidos no texto chamado "Framework" em inglês

(Estrutura conceitual).

O texto define o espírito intrínseco das normas internacionais, a

filosofia geral das normas e tem também como objetivo ajudar a diretoria do

IASB no desenvolvimento e interpretação das Normas Internacionais de

Contabilidade.

Os princípios de contabilidade são normas norteadoras da conduta

dos profissionais dessa área, na consecução dos seus objetivos e são também

a base doutrinaria para a criação e desenvolvimento de novas normas. No

13

Método divulgado no século XV (1494) na cidade de Veneza, na Itália, pelo frade franciscano

Luca Pacioli, no qual consiste: não há devedor sem que haja credor e não há credor sem que

haja devedor, sendo que a cada débito corresponde um crédito de igual valor.

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Brasil, foram criados pelo IPECAFI (instituto de pesquisas contábeis, atuariais e

financeiras), com a participação da CVM (Comissão de Valores Mobiliários),

outras entidades e profissionais da área contábil e incluídas nas práticas

contábeis pela Resolução CFC nº 750, de 1993.

Esses princípios surgiram para suprir a necessidade de uma

linguagem comum para a apresentação das demonstrações contábeis, bem

como uma interpretação adequada e uniforme desses relatórios.

Podem sofrer alterações ou mesmo serem aperfeiçoados por meio

de pesquisas e estudos. Por tanto não são imutáveis. Adaptam-se ao momento

histórico de uma sociedade. São produto do ambiente econômico em que se

desenvolvem.

Eles são nada mais que regras gerais que orientam os

procedimentos e práticas essenciais na busca da realização dos objetivos do

profissional em contabilidade no exercício de sua atividade, isto é, são meios e

formas que a contabilidade utiliza para atingir seu objetivo, o qual consiste no

controle do patrimônio.

Conforme Marion (2006, p. 136), essas regras, conceitos ou

princípios visam a um tratamento contábil uniforme e servem como guia para a

auditoria examinar a qualidade dos relatórios contábeis. No entanto o autor nos

dá apenas uma visão mais técnica de aplicabilidade dos princípios contábeis.

Em sentido mais amplo podemos definir os princípios contábeis

segundo Lopes de Sá (2000):

Os denominados Princípios Fundamentais de Contabilidade são macro regras para a política informativa patrimonial das aziendas ou entidades, baseados em doutrinas e teorias científicas, tendo por objetivos básicos uniformizar a terminologia, aproximar a imagem fiel do patrimônio e guiar as normas gerais reguladores dos sistemas informativos.” (2000, p.23)

Segundo a definição de Lopes de Sá (2000), os princípios contábeis

são mais que meras certificações para a auditoria na busca do exame da

qualidade dos relatórios contábeis.

Ditam as políticas gerais de controle do patrimônio, são a base

doutrinaria que o profissional de contabilidade usa na consecução dos seus

objetivos. Dessa forma visam nortear os procedimentos contábeis a serem

aplicados em uma entidade.

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34

Pode-se aqui ainda incluir a definição de Iudícibus e Marion (2002),

para eles:

Os Princípios Fundamentais da Contabilidade são os conceitos básicos que constituem o núcleo essencial que deve guiar a profissão na consecução dos objetivos da Contabilidade, que consistem em apresentar informação estruturada para os usuários (2002, p.89)

Nota-se que os três autores consolidam a definição dos princípios

contábeis como regras básicas, gerais e uniformes que tem como objetivo

orientar os profissionais no exercício de sua profissão.

A Resolução CFC nº 750, de 1993, em seu Art. 2º define os

princípios de contabilidade em sentido bem mais abrangente:

Os princípios de contabilidade representam a essência das doutrinas e teorias relativas à ciência da contabilidade, consoante o entendimento predominante nos universos científico e profissional de nosso país. Concernem, pois, à contabilidade no seu sentido mais amplo de ciência social, cujo objeto é o patrimônio das entidades.” (Art. 2º, resolução 750/93).

O que se pode entender no conceito exposto na Resolução CFC 750

em relação aos princípios de contabilidade é que esta definição baseia-se nos

diversos entendimentos entre os doutrinadores, não sendo por tanto uma

máxima dogmática superior a qualquer outra, permitindo assim os vários

entendimentos expostos por parte de cientistas e profissionais notáveis da área

contábil acerca dos princípios contábeis.

Os princípios de contabilidade são criados e desenvolvidos no

mundo todo por diversos países. A aceitação dessas regras raramente era

universal, fato que mudou depois da implantação das Normas Internacionais de

Contabilidade.

Hoje os GAAP (Generally Accepted Accounting Principles),

princípios de contabilidade geralmente aceitos, visam homogeneizar os

princípios contábeis no mundo todo. São concernentes a mensuração da

atividade econômica, o momento em que tais mensurações são feitas e

registradas, a evidenciação que envolve essas atividades e a preparação e

apresentação das atividades econômicas sumarizadas nas demonstrações

contábeis.

Os princípios atuais de contabilidades de acordo com a resolução

CFC 750/93, alterada pela resolução 1282/10 são:

a) Entidade

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Esse princípio garante que o patrimônio do sócio não se confunde

com o patrimônio da entidade. Assim ao efetuar um registro na contabilidade

de uma empresa, o contador deverá observar se o devido fato pertence à

entidade. Se o fato não pertence à empresa, este não poderá ser registrado na

contabilidade dessa empresa.

b) Continuidade

Pressupõe que a Entidade continuará em operação no futuro e,

portanto, a mensuração e a apresentação dos componentes do patrimônio

levam em conta esta circunstância.

c) Denominador comum monetário

Este princípio garante que todos os bens, direitos e obrigações da

empresa sejam registrados por uma moeda constante e comum. Isso facilita

uma melhor compreensibilidade dos relatórios.

d) Registro pelo valor original

Determina que os componentes do patrimônio devam ser

inicialmente registrados pelos valores originais das transações, expressos em

moeda nacional.

e) Competência

Conforme este princípio todas as entradas e saídas deverão ser

registradas no momento em que ocorreram não importando o efetivo

recebimento ou pagamento.

f) Prudência

Ao considerar uma informação para um relatório, deve-se ter

precaução quanto ao julgamento dessa informação. Sendo esta informação

duvidosa deve considerar sempre aquilo que poderá trazer consequências

onerosas para a entidade. Assim evita-se que ativos e receitas sejam

superestimados enquanto que passivos e despesas seja subestimados.

g) Oportunidade

Refere-se ao processo de mensuração e apresentação dos

componentes patrimoniais para produzir informações íntegras e tempestivas.

Esses princípios são o que caracterizam a conduta do profissional

da contabilidade. Eles estabelecem diretrizes de conduta diante das inúmeras

situações existentes. São regras gerais que garantem a plena execução dos

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objetivos dos contabilistas. Representam por tanto a cultura de todas as

práticas de uma economia.

Temos ainda as convenções contábeis, as quais correspondem às

normas de procedimento, que qualificam, delimitam e, por vezes, restringem a

aplicação de certos Princípios. Com a implantação do IFRS podemos encontrar

as seguintes convenções contábeis:

a) Compreensibilidade

Aqui se garante que as informações geradas pelos relatórios

contábeis devem ser claras para que sejam entendidas por todos os usuários

da contabilidade. Entretanto, informações que sejam complexas para o

entendimento comum mais que sejam imprescindíveis devido a sua relevância

não devem ser omitidas.

b) Relevância

Para serem úteis as informações devem ser relevantes às

necessidades dos usuários na tomada de decisões.

c) Materialidade

Deve sempre se fazer uma distinção entre o que é relevante e trará

benefícios e o que não é relevante trazendo apenas ônus. Uma informação é

material se sua omissão ou distorção puder influenciar as decisões econômicas

dos usuários.

d) Confiabilidade

Para ser confiável a informação deve estar livre de erros. Deve

representar adequadamente aquilo que se pretende representar.

e) Consistência

Uma vez adotado um critério, este deve ser praticado até o fim do

exercício. Dessa forma permitirá uma comparação entre os relatórios no

decorrer do tempo.

f) Essência sobre a forma

É necessário que a informação seja contabilizada e apresentada de

acordo com a sua substância e realidade econômica.

g) Neutralidade

Para que a informação seja confiável é preciso que aja

imparcialidade na hora de escriturar e levantar os demonstrativos.

h) Integridade

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A informação deve ser completa dentro dos limites de materialidade

e custo.

i) Comparabilidade

As demonstrações devem apresentar mais de um exercício para que

os usuários da informação possam comparar o desempenho da entidade bem

como identificar tendências na sua posição patrimonial e financeira.

j) Tempestividade

A informação deve ser apresentada sem muita demora, para que

não perca a relevância e a confiabilidade. Entretanto é preciso ponderar sobre

a rapidez da informação para que esta não afete o princípio da continuidade.

Cada princípio e convenção contábil dita à forma mais adequada

com que o profissional deve proceder a determinadas situações. Sem eles, as

informações geradas seriam difíceis de compreender, pois sem esse conjunto

normativo, cada profissional procederia de acordo com sua interpretação,

impossibilitando assim a comparabilidade das informações, haja vista as

variadas interpretações que iriam existir. Neste contexto surgiram os princípios

como generalizadores de conduta.

A internacionalização desses princípios garante uma maior interação

entre as diversas economias no mundo afora. Ressalta-se que estes princípios

são norteadores para a elaboração das normas existentes que regem a

contabilidade, representam, portanto a base doutrinaria que embasa os

procedimentos adotados pelos profissionais de contabilidade.

Por todo o exposto, como visto, a crise financeira de 2008 confirmou

a necessidade de se implantar normas gerais e comuns aplicáveis às

organizações que interagem entre si na economia globalizada.

Verificou-se que a contabilidade mostra-se como ferramenta

eficiente no controle da gestão patrimonial dessas organizações, uma vez que

seu objetivo é estudar esse patrimônio, evidenciando seus componentes,

buscando gerar informações qualitativas e quantitativas, expressas em termos

monetários com o fim de fornecer, dados, tendências e panoramas aos seus

usuários que os auxiliem na tomada de decisão.

Vê-se que esse quadro de informações são gerados por seus

relatórios, os quais buscam identificar dentro de certas perspectivas como anda

o funcionando dessas instituições.

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Destacou-se ainda a importância da compreensão dos princípios de

contabilidade para o estudo do IFRS, uma vez que estes representam normas

balizadoras da conduta do profissional de contabilidade na consecução de seus

objetivos.

A diante serão demonstrados os aspectos metodológicos dessa

pesquisa buscando evidenciar os passos que foram conduzidos na realização

deste trabalho. Será analisado o tipo de pesquisa utilizada, o tipo de estudo, o

tipo de abordagem, bem como o tipo de delineamento buscado para fazer

cumprir a proposta deste estudo.

3. MATERIAL E MÉTODO

Conforme abordado anteriormente, neste capitulo será versado sobre os

passos tomados para a realização desta pesquisa.

A metodologia consiste no estudo dos métodos utilizados numa

pesquisa para se atingir determinado resultado, em outras palavras é o

caminho utilizado pela ciência na investigação e demonstração da verdade.

Segundo Gil (1999) o objetivo principal da ciência é chegar à veracidade

dos fatos. Neste sentido torna-se necessário identificar as operações mentais e

técnicas que possibilitaram sua verificação. Nessa linha de pensamento o autor

define método científico como o conjunto de procedimentos intelectuais e

técnicos adotados para se atingir o conhecimento.

Cervo e Bervian (1983) definem método como um conjunto ordenado de

procedimentos que se mostraram eficientes, ao longo da história, na busca do

saber. Para eles, o método científico é um instrumento de trabalho, onde o

resultado depende do pesquisador. Segundo os autores, o método é apenas

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um meio de acesso, e, somente a inteligência e a reflexão descobrem o que os

fatos realmente são.

Para Deslandes (1994) a metodologia mais que uma descrição formal

dos métodos e técnicas a serem utilizados, indica as opções e a leitura

operacional que o pesquisador fez do quadro teórico.

Minayo (1994) entende como metodologia o caminho do pensamento e a

prática exercida na abordagem da realidade. Para ela a metodologia inclui as

concepções teóricas de abordagem, o conjunto de técnicas que possibilitam a

construção da realidade e o sopro divino do potencial criativo do investigador.

Ainda para Minayo (1994) a pesquisa é a atividade básica da ciência na

sua indagação e construção da realidade. É a pesquisa que alimenta a

atividade de ensino e a atualiza frente à realidade do mundo.

De acordo com Marconi e Lakatos (1992) a pesquisa pode ser

considerada formal com método de pensamento reflexivo que requer um

tratamento científico e se constitui no caminho para se conhecer a realidade ou

para descobrir verdades parciais. Para ele é muito mais que apenas procurar a

verdade, é encontrar respostas utilizando métodos científicos.

Conforme Vergara (2005) a reflexão deve ser entendida como as

próprias interpretações do pesquisador, a capacidade de olhar suas próprias

perspectivas da perspectiva de outros autores, assim como a capacidade de

autocrítica acerca de sua autoridade como interprete e como autor.

Porquanto existem diversos métodos de pesquisa que são determinados

pelo tipo de objeto a ser estudado, bem como pelo tipo de questionamento a

ser esclarecido. Conforme Marconi e Lakatos (1992), podemos classificar

esses métodos em dois grandes grupos, chamados Métodos de Abordagem e

Métodos de Procedimentos. Para Gil (1999), esses métodos classificam-se

naqueles que proporcionam as bases lógicas da investigação e nos que

indicam os meios técnicos da investigação.

Os Métodos de Abordagem caracterizam-se por um apanhado mais

amplo, em nível de abstração mais elevado, dos fenômenos da natureza e da

sociedade, para Gil (1999) esses métodos esclarecem os procedimentos

lógicos que deverão ser seguidos no processo de investigação científica dos

fatos da natureza e da sociedade.

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Os Métodos de Procedimentos caracterizam-se pelas etapas mais

concretas da investigação com finalidade mais restrita em termos de explicação

geral dos fenômenos menos abstratos. Gil (1999) argumenta que estes

métodos têm por objetivo proporcionar o investigador os meios técnicos para

garantir a objetividade e a precisão no estudo dos fatos sociais.

Para tanto, a metodologia deste trabalho quanto aos procedimentos

técnicos, compreenderá em uma pesquisa bibliográfica buscando em sítios

eletrônicos, revistas, jornais, livros, periódicos, assim como nas legislações

pertinentes ao estudo em epígrafe, explicações, conceitos e entendimentos.

Segundo Cervo e Bervian (1983) a pesquisa bibliográfica procura explicar um

problema a partir de referencias teóricas publicadas em documentos. Ainda de

acordo com os autores, constitui parte da pesquisa descritiva enquanto é feita

com o intuito de recolher informações e conhecimentos prévios acerca do

problema para o qual se procura resposta.

Quanto ao tipo de estudo, esta pesquisa classifica-se em descritiva de

caráter exploratório, a qual segundo Assis [s.d.], visa observar, registrar,

analisar, classificar e interpretar os dados sem interferência, sem manipulação

do pesquisador. Conforme Cervo e Bervian (1983) os estudos exploratórios

não elaboram hipóteses a serem testadas no trabalho, restringindo-se a definir

objetivos e buscar maiores informações sobre determinado assunto de estudo.

Sendo assim buscará descrever o ambiente normativo brasileiro em

decorrência da convergência às Normas Internacionais de Contabilidade em

relação às mudanças ocorridas no Balanço Patrimonial, bem como conceituar

de acordo com esse atual contexto normativo, os componentes daquele

demonstrativo financeiro.

Em relação à abordagem do problema, este estudo classifica-se em

qualitativo, uma vez que não contempla aspectos estatísticos. Então, o trabalho

se desenvolverá a partir de análise de textos para o cumprimento do objeto

proposto.

Por fim, constitui-se em tipo de pesquisa aplicada, a qual se interessa

pela aplicação, utilização e consequências práticas do conhecimento Assis

[s.d.], ou seja, busca-se conhecer o atual modelo do Balanço Patrimonial e

demonstrar como este é construído segundo o padrão internacional.

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Cabe ressaltar que conforme já dito na introdução deste trabalho o

escopo desta pesquisa não é uma evidenciação exaustiva das mudanças

ocorridas no Balanço Patrimonial, mas sim uma apresentação das mudanças

na formatação deste demonstrativo.

A força motriz desta pesquisa partiu do seguinte questionamento: Como

são tratados os componentes do Balanço Patrimonial, dentro da estrutura deste

demonstrativo, a partir da convergência das Normas Brasileiras de

Contabilidade às Normas Internacionais de Contabilidade?

Buscando atingir os objetivos traçados para esta pesquisa, foi

desenvolvido um estudo preliminar exploratório onde foi feito um levantamento

do material necessário para a investigação do problema.

Partiu-se de estudos publicados em meios eletrônicos, artigos, livros,

enciclopédias, manuais e legislações pertinentes ao tema epigrafado.

Após a consulta deste material, procedeu-se ao questionamento inicial

que nos levou ao ponto de partida desta pesquisa, o qual consiste em estudar

o novo modelo do balanço patrimonial em decorrência da convergência das

Normas Brasileiras de Contabilidade às Normas Internacionais de

Contabilidade.

A partir da pergunta de partida traçamos um objetivo geral para nosso

trabalho, que era entender o tratamento dado aos componentes do Balanço

Patrimonial (Ativo, Passivo e Patrimônio Líquido) a partir das mudanças

normativas no cenário contábil. Em seguida traçamos objetivos secundários, os

quais nos deram suporte para chegar ao resultado pretendido.

No decurso deste trabalho buscando atingir os objetivos secundários,

fez-se uma explanação dos aspectos socioeconômicos que ratificaram a

necessidade de se implantar o IFRS. Em seguida trouxe a noção da Ciência

Contábil e seu papel no auxilio a tomada de decisão para os diversos usuários.

Apresentou-se o conceito daqueles componentes, bem como a função de cada

um no processo de construção da informação contábil. Demonstraram-se os

diversos relatórios contábeis existentes e o que cada um tenta demonstrar em

termos de informação. Abordou-se quanto à nova forma de apresentação do

Balanço Patrimonial. Por fim mostrou-se um apanhado da nova legislação,

apresentando uma gama de princípios gerais que norteiam hoje a

aplicabilidade da nova contabilidade.

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Logo após entrou-se na discussão central deste trabalho que são as

mudanças no tratamento dado aos componentes do Balanço Patrimonial, com

o fito de demonstrar também as melhorias neste demonstrativo, em termos de

simplificação da informação em virtude dessa nova prática de contabilização.

Para isso fez-se um breve comparativo entre o balanço antes e depois da

convergência a partir da nova legislação e comentários de alguns

pesquisadores e profissionais dessa área.

Após expor a metodologia utilizada na confecção deste trabalho,

passaremos, a seguir, a desenvolver nosso quarto e ultimo capitulo, o qual

conforme dito acima buscará responder a indagação proposta.

4. RESULTADOS

4.1 AS NORMAS INTERNACIONAIS DE CONTABILIDADE

Neste capitulo buscar-se-á evidenciar o tratamento dado aos

componentes do Balanço Patrimonial, em face da nova formatação deste

demonstrativo, em virtude da convergência das Normas Brasileiras de

Contabilidade com as Normas Internacionais, assim como verificar algumas

melhorias na qualidade da informação em razão destas mudanças.

Conforme visto preliminarmente a contabilidade hoje possui uma

função elementar no processo de decisão dentro das organizações. Por meio

de seus relatórios, esta ciência possibilita aos seus diversos usuários uma

gama de informações econômico-financeiras capazes de satisfazer as

necessidades comuns em relação a essas informações.

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Buscando aperfeiçoar cada vez mais as informações geradas pela

contabilidade o IASB criou uma série de normas de aplicabilidade internacional

na tentativa de uniformizar as demonstrações contábeis em diversos países.

Essas normas, de caráter internacional, proporcionaram

significativas mudanças nas práticas contábeis, pois implicam em reformas na

postura do profissional de contabilidade, que agora se vê obrigado a deixar o

antigo legado de rotinas normativas padronizadas, para ter de se adaptar a

uma nova postura, com fulcro em princípios e na capacidade de julgamento.

Com a necessidade de alinhar os procedimentos contábeis

praticados no Brasil aos padrões internacionais de contabilidade, a partir de

2008 a contabilidade brasileira sofre alterações significativas no seu campo

jurídico com o advento da lei 11.638 de 2007, que promoveu importantes

alterações na lei 6.404 de 1976, alterações essas que foram completadas pela

Medida Provisória nº 449 de 2008, em seguida, consolidada pela lei 11.941 de

2009, conforme já relatado.

Ressalta-se que na tentativa de explicitar e facilitar a aplicação

desse novo contexto normativo para os profissionais de contabilidade, o

Conselho Federal de Contabilidade, conjugando esforços com outras

instituições de profissionais, criaram uma comissão, cujo cunho principal era

trazer à prática contábil a melhor interpretação dessas normas para os

profissionais da área. Essa comissão foi denominada de Comitê de

Pronunciamentos Contábeis - CPC14.

Atualmente o CPC elaborou e o CFC publicou os seguintes

pronunciamentos técnicos, conforme demonstrado no quadro 1:

PRONUNCIAMENTOS CONTÁBEIS

CPC 000 Pronunciamento Conceitual Básico (R1) - Estrutura Conceitual para Elaboração e Divulgação de Relatório Contábil-Financeiro

CPC 001 Redução ao valor recuperável de ativo

CPC 002 Efeito das mudanças nas taxas de câmbio e conversão de demonstrações contábeis

CPC 003 Demonstração de fluxo de caixa

CPC 004 Ativo intangível

14

Devido a crescente importância da internacionalização das normas contábeis, o CFC por

meio da resolução n° 1055/05 criou o Comitê de Pronunciamentos Contábeis, com o objetivo

de estudar, preparar e emitir Pronunciamentos Técnicos sobre procedimentos de Contabilidade

e divulgar informações dessa natureza, para permitir a emissão de normas pela entidade

reguladora brasileira, visando à centralização e uniformização do seu processo de produção..

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CPC 005 Divulgação sobre partes relacionadas

CPC 006 Operações de arrendamento mercantil

CPC 007 Subvenção e assistência governamentais

CPC 008 Custos de transação e prêmios na emissão de títulos e valores mobiliários

CPC 009 Demonstração de valor adicionado

CPC 010 Pagamento baseado em ações

CPC 011 Contratos de seguro

CPC 012 Ajuste a valor presente

CPC 013 Adoção inicial da lei 11.638/07 e da medida provisória 449/08

CPC 014 Instrumentos financeiros: reconhecimento, mensuração e evidenciação.

CPC 015 Combinação de negócios

CPC 016 Estoques

CPC 017 Contratos de construção

CPC 018 Investimento em coligada e em controlada

CPC 019 Investimento em empreendimento controlado em conjunto (joint venture)

CPC 020 Custos de empréstimos

CPC 021 Demonstração intermediária

CPC 022 Informações por segmento

CPC 023 Políticas contábeis, mudança de estimativa e retificação de erro.

CPC 024 Evento subsequente

CPC 025 Provisões, passivos contingentes e ativos contingentes.

CPC 026 Apresentação das demonstrações contábeis

CPC 027 Ativo imobilizado

CPC 028 Propriedade por investimento

CPC 029 Ativo biológico e produto agrícola

CPC 030 Receitas

CPC 031 Ativo não circulante mantido para venda e operação descontinuada

CPC 032 Tributos sobre o lucro

CPC 033 Benefícios a empregados

CPC 034 Ainda não foram aprovados

CPC 035 Demonstrações separadas

CPC 036 Demonstrações consolidadas

CPC 037 Adoção inicial das normas internacionais de contabilidade

CPC 038 Instrumentos financeiros: reconhecimento e mensuração

CPC 039 Instrumentos financeiros: apresentação

CPC 040 Instrumentos financeiros: evidenciação

CPC 041 Resultado por ação

CPC 042 Ainda não foram aprovados

CPC 043 Adoção inicial dos pronunciamentos técnicos CPC 15 a 41

CPC PME Contabilidade para Pequenas e Médias Empresas

Quadro 1: pronunciamentos técnicos Fonte: adaptado de www.cpc.org.br/index.php

Cada pronunciamento constante do referido quadro trata de um

assunto específico do novo contexto normativo, conforme se pode observar.

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Destaca-se que além dos pronunciamentos técnicos

supramencionados, o CPC também elaborou interpretações e orientações

técnicas com o objetivo de melhorar a qualidade dos pronunciamentos,

conforme especificado no quadro 2:

INTERPRETAÇÕES TÉCNICAS

ICPC 01 Contratos de Concessão

ICPC 02 Contrato de Construção do Setor Imobiliário

ICPC 03 Aspectos Complementares das Operações de Arrendamento Mercantil

ICPC 04 Alcance do Pronunciamento Técnico CPC 10 – Pagamento Baseado em Ações

ICPC 05 Pronunciamento Técnico CPC 10 – Pagamento Baseado em Ações – Transações de Ações do Grupo e em Tesouraria

ICPC 06 Hedge de Investimento Líquido em Operação no Exterior

ICPC 07 Distribuição de Lucros In Natura

ICPC 08 Contabilização da Proposta de Pagamento de Dividendos

ICPC 09 Demonstrações Contábeis Individuais, Demonstrações Separadas, Demonstrações Consolidadas e Aplicação do Método de Equivalência Patrimonial.

ICPC 10 Interpretação sobre a Aplicação Inicial ao Ativo Imobilizado e à Propriedade para Investimento dos Pronunciamentos Técnicos CPCs 27, 28, 37 e 43

ICPC 11 Recebimento em Transferência de Ativos dos Clientes

ICPC 12 Mudanças em Passivos por Desativação, Restauração e Outros Passivos Similares.

ICPC 13 Direitos a Participações Decorrentes de Fundos de Desativação, Restauração e Reabilitação Ambiental.

ICPC 14 Cotas de Cooperados em Entidades Cooperativas e Instrumentos Similares

ICPC 15 Passivo Decorrente de Participação em Mercado Específico – Resíduos de Equipamentos Eletroeletrônicos

ICPC 16 Extinção de Passivos Financeiros com Instrumentos Patrimoniais

ICPC 17 Contratos de Concessão: Evidenciação

ORIENTAÇÕES TÉCNICAS

OCPC 01 Entidades de Incorporação Imobiliária

OCPC 02 Esclarecimentos sobre as Demonstrações Contábeis de 2008

OCPC 03 Instrumentos Financeiros: Reconhecimento, Mensuração e Evidenciação.

OCPC 04 Aplicação da Interpretação Técnica ICPC 02 às Entidades de Incorporação Imobiliária Brasileiras

OCPC 05 Contratos de Concessão

Quadro 2: interpretações e orientações técnicas Fonte: adaptado de www.cpc.org.br/index.php

Dentre as diversas mudanças sucedidas na contabilidade brasileira

oriundas das leis, pronunciamentos, interpretações e orientações supracitadas,

destacam-se, neste trabalho, as ocorridas no Balanço Patrimonial,

especificamente ao tratamento dado aos seus componentes – Ativo, Passivo e

Patrimônio Líquido, as quais possibilitaram uma nova visão acerca destes.

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Ressalta-se mais uma vez que esta pesquisa não busca uma análise exaustiva

das mudanças ocorridas naquele demonstrativo.

Conforme ressaltado a contabilidade tem como principal objetivo

buscar evidenciar informações de ordem quantitativa e qualitativa do patrimônio

dos indivíduos. As características qualitativas são os atributos que tornam as

demonstrações contábeis úteis para seus usuários em suas decisões.

Neste sentido, as quatro características qualitativas principais,

quando se fala em demonstrações contábeis de acordo com o IFRS, são: a

compreensibilidade, relevância, confiabilidade e a comparabilidade. Essas

características foram apontadas na criação do IFRS como a mola mestra da

padronização das informações contábeis.

Hoje com a harmonização das normas brasileiras ao padrão

internacional não se pode mais pensar em informes contábeis sem levar em

conta essas quatro características que marcam a nova contabilidade, não

meramente como instrumento de controle de dados, mais como fonte de

informações seguras para seus usuários, no processo de tomada de decisão.

Para tanto dizer que as informações contábeis devem ser

compreensíveis, implica que essas informações devem ser entendidas e

assimiladas pelos seus usuários. Neste prisma não basta evidenciar números,

é necessário explicitar nomes, grupos de contas e o significado delas.

Ao falar em relevância, estamos diante da possibilidade que uma

informação contábil tem para impulsionar uma decisão aos seus usuários,

ajudando-os a avaliar os diversos impactos que essa decisão pode ocasionar,

seja no aspecto presente ou futuro.

Quando se tem em mente o aspecto da confiabilidade, se quer dizer

que a informação deve estar livre de vícios, erros e/ou ilicitudes, bem como de

ambiguidades que possam gerar dúvida ao usuário. Neste sentido a

informação deve ser a mais clara e objetiva possível e representar

adequadamente aquilo que se propõe.

Por fim ao pensar na comparabilidade tem-se em vista a

possibilidade que uma única métrica agrega no sentido de se poder mensurar e

apresentar os efeitos financeiros de operações equivalentes e outros de

maneira consistente, ao longo de diversos períodos ou em comparação com

outras entidades do mesmo segmento de mercado.

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É importante frisar que frequentemente o profissional de

contabilidade deve fazer um balanceamento desses atributos qualitativos,

buscando assim satisfazer a melhor informação para seus usuários de modo

impessoal.

Neste sentido é corriqueiro ressaltar que as demonstrações

contábeis são uma visão verdadeira e apropriada da posição patrimonial e

financeira, do desempenho e das mutações na posição financeira de uma

organização.

Assim a aplicação dessas principais características qualitativas,

aliadas a normas e práticas de contabilidade resultam em demonstrações que

refletem aquilo que se entende por verdadeiro e apropriado em relação a essas

informações. Portanto foi sobre estes pilares que o IASB constituiu o IFRS, na

tentativa de clarificar as informações, assim como simplificar sua apresentação.

Diante do contexto serão demonstrados alguns dos principais

impactos ocorridos após a convergência com as normas internacionais, para as

empresas que adentraram nesse novo contexto normativo, bem como as

dificuldades que serão enfrentadas por aquelas instituições que ainda não

aderiram a essas normas.

4.2 IMPACTOS NA IMPLANTAÇÃO DO IFRS

Os impactos com a implantação do IFRS são muitos. Segundo

cartilha de orientação para a elaboração das demonstrações financeiras

2009/2010 da ERNST & YOUNG, a implantação do IFRSs traz um conjunto

considerável de barreiras a serem transpostas. Uma das que mais chamam a

atenção é a necessidade de afinar a comunicação com os leitores dos

demonstrativos desde a primeira publicação.

É possível que erros aconteçam durante o primeiro exercício de

divulgação pelo modelo no País, depreende-se daquela cartilha. As empresas

ainda terão de incorporar as diferenças culturais das normas internacionais.

Com o IFRS, quem prepara os balanços tem de participar ativamente da

definição das políticas de gestão de risco.

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Organizações que atuam nos ramos de energia, telecomunicações,

imobiliário, varejo e bens de consumo, cujas atividades cotidianas – e seus

reflexos nas demonstrações financeiras – passarão a ser orientadas por CPCs

que aumentam consideravelmente o grau de subjetividade e interpretação,

enfrentaram maiores dificuldades para aplicar as novas normas contábeis.

O calendário de aplicação do IFRS no Brasil é, evidentemente,

audacioso, o que irá requerer esforço adicional e treinamento por parte dos

preparadores das demonstrações financeiras. Essa falta de preparo trará certo

ônus para as empresas tendo em vista que essas empresas que nunca

investiram em capital humano, agora deverão investir pesado para se inserirem

no mercado mundial.

Por outro lado, com esse significativo progresso, as entidades

instaladas no Brasil, nacionais e transnacionais, avançam no processo de

globalização e acompanham mais de 100 outros países que já usam as normas

internacionais de contabilidade. Além disso, passam a reportar suas

informações financeiras com um grau de transparência sem precedentes,

fortalecendo, por consequência, todo o ambiente de negócios.

A implantação do IFRS trará grandes mudanças nas organizações,

devem-se observar os aspectos culturais, fiscais, jurídicos e relativos à

elaboração das demonstrações financeiras. Saber se a mudança atinge os

resultados mundiais da organização.

Neste sentido, um ponto com certeza impactante para os brasileiros

é a prevalência da essência econômica sobre a forma jurídica, ou seja, o maior

julgamento dos profissionais contábeis do que regras rígidas. Isso se deve ao

costume que temos de nos referendar em códigos prescritos do que com

questões abstratas e interpretativas.

Portanto a estratégia do processo de mudança deve reconhecer as

necessidades de competências técnicas. É necessária uma organização que

gere oportunidades para a formação e preparação de seus colaboradores.

Deve haver um planejamento detalhado com sugestões de

alterações para entender as informações faltantes e as melhorias necessárias.

Todas as novas normas, que se aplicam a organização, precisam ser

entendidas para que se determinem as respostas.

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Pode-se afirmar que com a convergência às normas internacionais,

as empresas deverão se adaptar tanto culturalmente, quanto fisicamente, ou

seja, devem investir em pessoas, processos e sistemas para que garantam

uma aplicabilidade por inteiro, forte e coesa das normas internacionais.

Por fim essas mudanças trazem para o profissional de contabilidade

maior responsabilidade na aplicação total dos princípios contábeis na

confecção e divulgação das demonstrações contábeis, necessários à

transparência daqueles demonstrativos para o público em geral.

Adiante demonstrar-se-á como o Balanço Patrimonial apresenta-se após

a convergência com as normas internacionais, evidenciando como o tratamento

dado aos seus componentes face aquela atualização normativa.

4.3 O BALANÇO PATRIMONIAL ANTES DA CONVERGÊNCIA

Antes da convergência das Normas Brasileiras de Contabilidade ao

padrão internacional o Balanço Patrimonial apresentava a seguinte formatação,

conforme dispunha os artigos 178 a 184, da Lei n° 6404/76, antes da

atualização das Leis n°s. 11.638/07 e 11.941/09:

1 – Ativo

1.1 Ativo Circulante

1.2 Ativo Realizável a Longo Prazo

1.3 Ativo Permanente

1.3.1 Investimentos

1.3.2 Imobilizado

1.3.3 Diferido

2 – Passivo

2.1 Passivo Circulante

2.2 Passivo Exigível a Longo Prazo

2.3 Resultado de Exercícios Futuros

3. Patrimônio Líquido

3.1 Capital Social

3.2 Reservas de Capital

3.3 Reservas de Reavaliação

3.4 Reserva de lucros

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3.5 Lucros ou Prejuízos Acumulados

O Ativo formado por bens e direitos possuía em seu conjunto

circulante as disponibilidades, os direitos realizáveis no curso do exercício

social subsequente e as aplicações de recursos em despesas do exercício

seguinte.

No grupo realizável a longo prazo possuía os direitos realizáveis

após o término do exercício seguinte, assim como os derivados de vendas,

adiantamentos ou empréstimos a sociedades coligadas ou controladas,

diretores, acionistas ou participantes no lucro da companhia, que não

constituírem negócios usuais na exploração do objeto da companhia.

No conjunto permanente possuía as participações permanentes em

outras sociedades e os direitos de qualquer natureza, não classificáveis no

ativo circulante, e que não se destinem à manutenção da atividade da

companhia ou da empresa, ditos como investimentos.

Os direitos que tenham por objeto bens destinados à manutenção

das atividades da companhia e da empresa, ou exercidos com essa finalidade,

inclusive os de propriedade industrial ou comercial, chamado imobilizado. E as

aplicações de recursos em despesas que contribuirão para a formação do

resultado de mais de um exercício social, inclusive os juros pagos ou

creditados aos acionistas durante o período que anteceder o início das

operações sociais, compreendido como diferido.

O passivo formado pelo conjunto das obrigações exigíveis possuía

em seu campo circulante As obrigações da companhia, inclusive

financiamentos para aquisição de direitos do ativo permanente, quando se

vencerem no exercício seguinte.

No seu conjunto exigível a longo prazo tinham aquelas obrigações

que se venceriam em mais de um exercício social.

No grupo de resultados de exercícios futuros eram classificadas as

receitas de exercícios futuros, diminuídas dos custos e despesas a elas

correspondentes.

No patrimônio líquido eram registradas a contribuição do subscritor

de ações que ultrapassar o valor nominal e a parte do preço de emissão das

ações sem valor nominal que ultrapassar a importância destinada à formação

do capital social, inclusive nos casos de conversão em ações de debêntures ou

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partes beneficiárias, o produto da alienação de partes beneficiárias e bônus de

subscrição, o prêmio recebido na emissão de debêntures e as doações e as

subvenções para investimento.

Ainda eram contabilizadas, o resultado da correção monetária do

capital realizado, enquanto não capitalizado e as contrapartidas de aumentos

de valor atribuídos a elementos do ativo em virtude de novas avaliações com

base em laudo, aprovado pela assembleia geral.

Portanto como se pode observar o balanço antes da convergência

era cheio de classificações e subclassificações de contas que, de certam

forma, dificultavam a análise deste demonstrativo, haja vista a complexidade de

compreensão para usuários de fora do país, bem como o grau de incerteza

gerado por tais contas como é o caso das contas do diferido ou das contas de

resultados de exercícios futuros ou ainda as contas de reavaliação de capital.

A seguir será demonstrado como ficou o Balanço Patrimonial após a

adaptação do novo contexto normativo baseado em normas de caráter

internacional.

4.4 O BALANÇO PATRIMONIAL APÓS A CONVERGÊNCIA

Conforme já comentada o processo de convergência das Normas

Brasileiras de Contabilidade com as Normas Internacionais trouxe diversas

mudanças para o cenário contábil brasileiro.

Como visto anteriormente o Balanço Patrimonial apresentava um

corpo de informação bastante extenso, dividindo seus grupos de contas, ou

melhor, seus componentes de forma um tanto complexas principalmente para

os não contadores.

Contudo a convergência trouxe melhorias significativas na

compreensão deste demonstrativo, ao reelaborar sua forma de exibição. Para

isso pronunciou um novo tratamento a ser dado aos componentes daquele

relatório, readaptando conceitos, bem como excluindo grupos de contas que

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dificultavam uma melhor compreensão deste demonstrativo, assim como

deixavam dúvidas acerca da cofiança dessas informações para usuários de

outros países.

Portanto no sentido de melhor evidenciar as informações no Balanço

Patrimonial, o formato do balanço, com o advento das Leis n°s. 11.638/07 e

11.941/09, ficou da seguinte forma:

1 – Ativo

1.1 Ativo Circulante

1.2 Ativo Não Circulante

1.2.1 Ativo Realizável a Longo Prazo

1.2.1 Investimentos

1.2.2 Imobilizado

1.2.3 Intangível

2 – Passivo

2.1 Passivo Circulante

2.2 Passivo Não Circulante

3. Patrimônio Líquido

3.1 Capital Social

3.2 Reservas de Capital

3.3 Ajustes de Avaliação Patrimonial

3.4 Reserva de lucros

3.5 Ações em Tesouraria

3.6 Prejuízos Acumulados

Conforme Observado o tratamento dado aos componentes do balanço

deram maior sutileza a este demonstrativo. O ativo agora se divide em dois

grandes grupos.

De um lado o circulante, com valores disponíveis para a utilização

imediata ou conversíveis em moeda corrente a qualquer tempo, com direitos

conversíveis em valores disponíveis durante o curso de um exercício social,

bem como valores pagos que irão beneficiar o exercício seguinte àquele da

data do balanço.

De outro lado está o grupo não circulante contendo contas cuja

realização seja superior a um exercício social.

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Também neste grupo estão classificados os investimentos que são

as participações permanentes em outras organizações, bem como os direitos

de qualquer natureza que não se destinem à manutenção da atividade da

entidade.

Tem-se ainda o imobilizado os quais representam os direitos que

tenham por objeto bens corpóreos destinados à manutenção das atividades da

companhia ou da empresa ou exercidos com essa finalidade, inclusive os

decorrentes de operações que transfiram à companhia os benefícios, riscos e

controle desses bens.

Percebe-se que a Lei 11.638/07 modificou esse conceito ampliando

o grupo imobilizado inclusive para equipamentos que embora não sejam de

propriedade da empresa, mas que geram resultados econômicos presentes e

futuros, esse conceito atende ao princípio da essência sobre a forma, o qual

prima o resultado da operação na hora do registro em detrimento da forma

jurídica aplicável.

Conforme observa-se o grupo diferido composto por gastos que não

foram apropriados no resultado e que iriam beneficiar exercícios futuros, foi

extinto. A definição do que e quanto deve ser ativado como diferido era

arbitrária, o que tornava a informação menos confiável, às vezes obscura, esse

fator foi decisivo para sua extinção pela Lei n° 11.941/09.

Em contrapartida criou-se o grupo intangível destinado a registrar

direitos que tenham por objeto bens incorpóreos destinados à manutenção da

companhia ou exercidos com essa finalidade, inclusive o fundo de comercio. O

objetivo com a criação deste grupo é dar maior realidade ao patrimônio das

entidades.

Não diferente do ativo, o passivo também traz agora apenas dois

grandes grupos – um circulante e outro não circulante.

No grupo passivo circulante e não circulante, foram mantidos

praticamente os mesmos conceitos, a única diferença diz respeito aos

financiamentos para aquisição de direitos do ativo não circulante, antes dito

ativo permanente.

O grupo resultado de exercícios futuros foi extinto e agora as

receitas e despesas que o compunham devem ser reclassificadas no passivo.

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O patrimônio líquido traz algumas mudanças como é o caso da

extinção da conta reserva de reavaliação e inclusão das contas ajustes de

avaliação patrimonial e ações em tesouraria.

Trouxe ainda mudança quando da divisão da conta lucros ou

prejuízos acumulados criando a conta prejuízos acumulados e estabelecendo a

conta reserva de lucros como a responsável por receber os creditos da

rentabilidade da atividade desenvolvida.

Essas mudanças trouxeram uma melhor compreensão da

rentabilidade da empresa, haja vista que agora o leitor do balanço pode

observar separadamente os lucros e os prejuízos da organização, o que antes

confundia os não conhecedores da contabilidade, uma vez que existia apenas

uma conta para o registro de lucro e prejuízo.

A seguir serão demonstradas as melhorias na informação contábil

do balanço decorrentes da evolução normativa contábil brasileira.

4.5 MELHORIAS NAS INFORMAÇÕES DO BALANÇO PATRIMONIAL

Conforme discorrido alhures, o Balanço Patrimonial é uma das

peças fundamentais da contabilidade, uma vez que este demonstrativo compila

todos os bens direitos e obrigações da empresa e o patrimônio líquido.

Este relatório é responsável por informar aos usuários da

contabilidade dados sobre a capacidade de liquidez, isto é, capacidade que

uma organização tem para pagar seus compromissos, bem como dados sobre

o nível de endividamento que essas organizações possuem em seu patrimônio.

Assim como demonstra a quantidade de riqueza existente na

empresa, alem de outras séries de informações importantes no processo de

decisão.

Em outra visão este demonstrativo é responsável por evidenciar toda

a origem, bem como aplicação de recursos, portanto é um demonstrativo que

denota transparência.

Apesar de ser o balanço um relatório estático, ou seja, demonstra a

situação da empresa em determinado momento dentro de dados critérios de

avaliação, é possível, a partir deste demonstrativo, inferir tendências futuras de

mercado dentro do segmento de atuação da organização.

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Antes da convergência, a leitura do balanço sempre perturbou as

pessoas que não faziam parte do ambiente contábil, mas que, no entanto, se

utilizavam deste demonstrativo para tomar decisões. Era uma peça

extremamente técnica, cheia de classificações e subclassificações de maneira

individuais, que desnorteavam seus usuários, causando-lhes dúvidas e

incompreensões, de tal forma que o resultado das decisões era sobremaneira,

fragilizado.

A comparabilidade de um mesmo demonstrativo ao longo de alguns

períodos como também em comparação com o mesmo relatório de outras

organizações era demasiado difícil, devido à individualização do plano de

contas que cada empresa adota, com maior ou menor grau de detalhes e com

títulos de contas às vezes difícil de descobrir o significado.

Não obstante, com o advento da nova legislação contábil, esse

demonstrativo ganhou uma sutileza maior, embora tenha continuado uma peça

bastante técnica, a nova organização dos grupos de contas favoreceram uma

visão mais suavizadas daquele relatório, haja vista redução na quantidade de

grupos e simplificação no significado dessas contas, além da padronização das

classificações e subclassificações das contas que figuram naquele

demonstrativo.

Destaca-se também uma melhora significativa no trato do patrimônio

em relação à precisão nas classificações de contas, uma vez que os

pronunciamentos emitidos garantem a melhor interpretação dessas

classificações, facilitando o processo de comunicação entre os diversos

usuários, acarretando acesso a créditos de baixo custo e novos investidores

não apenas do Brasil mais de outros países do mundo.

Ressalta-se que devido à complexidade e extensão das mudanças

ocorridas neste demonstrativo, em decorrência das normas internacionais de

contabilidade, não constituiu objeto deste trabalho aspectos tais como: os

critérios de avaliação do ativo, os critérios de avaliação do passivo, proibição

da prática da reavaliação espontânea de ativos; registro, em contas do ativo e

passivo, dos contratos de arrendamento mercantil, dentre outras.

Contudo para a perfeita compreensão destas mudanças sugere-se o

estudo aprofundado dessas variações ocorridas, no sentido de completar as

evoluções oriundas desse atual contexto normativo.

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Por fim verifica-se que essas mudanças normativas trazem consigo

a necessidade de qualificação profissional no sentido de garantir a qualidade

da informação contábil, bem como requer profundamente uma mudança

cultural de profissionais e empresários baseada agora na capacidade de

julgamento, com fulcro em princípios e não mais em normas e códigos de

direito positivo.

5. CONCLUSÃO

Conforme visto a contabilidade hoje tem uma função essencial para a

gestão empresarial. Por meio desta ciência é possível o controle e a

transparência dos fatos. Como uma ciência social, a contabilidade tem como

objetivo buscar informações de ordem quantitativa e qualitativa expressas em

termos matemáticos, estatísticos e monetários do patrimônio dos indivíduos e

demonstrar a eles como essas informações variaram em razão de suas ações.

É por meio de Demonstrativos Contábeis que as informações são

condensadas e repassadas aos usuários, para que possa propiciá-los base

segura para as suas decisões.

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Com o aprofundamento da crise financeira mundial no final de 2008, viu-

se a necessidade de se implantar normas voltadas ao mercado internacional

que uniformizasse os relatórios ou demonstrativos contábeis.

Sabe-se que países que adotam normas contábeis reconhecidas

internacionalmente garantem significativa vantagem sobre aqueles que não

compactuaram com essas normas. Empresas que adotam o fornecimento de

informações de acordo com normas de elevada qualidade, transparência e

comparabilidade reduzem o risco do investimento e o custo do capital.

Porquanto em decorrência da necessidade de alinhar os procedimentos

contábeis praticados no Brasil aos padrões internacionais de contabilidade, o

estado brasileiro promulgou a lei 11.638 de 2007 que promoveu importantes

alterações na lei 6.404 de 1976, alterações essas que foram completadas pela

Medida Provisória nº 449 de 2009, consolidada depois na lei 11.941 de 2009.

Essas mudanças vieram para atender a necessidade de uma informação

uniforme e transparente com o objetivo de apresentar os relatórios contábeis

de forma que seus usuários (gestores, governo, investidores, empregados,

credores, fornecedores clientes, bancos, e demais usuários) tenham base

segura para a tomada de decisões.

Um dos grandes desafios que as empresas terão que enfrentar para

implantar as novas normas internacionais de contabilidade, consiste

basicamente na formação e qualificação dos colaboradores dessas empresas,

sendo preciso um maior grau de depuração das informações e para isto

necessário se faz um bom nível de comunicação e participação daqueles que

fazem a gestão, bem como a adaptação cultural que as empresas deverão ter

que passar.

Como demonstrado os princípios de contabilidade são importantes e

necessários para a consecução dos objetivos dos profissionais, haja vista

possuírem função primordial no processo de construção das normas contábeis,

uma vez que estas só são possíveis em razão da base doutrinaria concedida

por aqueles.

Contudo esta pesquisa buscou demonstrar a nova formatação do

Balanço Patrimonial em virtude da convergência das Normas Brasileiras de

Contabilidade ao padrão de normas internacionais. Para isso buscou-se

identificar o novo tratamento dado aos componentes do balanço.

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Conforme observado o Balanço Patrimonial como ferramenta de análise

é imprescindível à tomada de decisão no âmbito da administração financeira,

pois se vê que este demonstrativo contempla a posição de liquidez e

endividamento da empresa, assuntos fundamentais para a gestão dos recursos

financeiros.

De acordo com a lei 6.404, de 1976, em seu artigo 178, atualizada pelas

Leis 11.638 /2007 e 11.941/2009, no balanço, as contas serão classificadas

segundo elementos do patrimônio que registrem, e agrupadas de modo a

facilitar o conhecimento e a análise da situação financeira da companhia.

Sob este prisma, o Balanço Patrimonial é constituído de Ativo, Passivo e

Patrimônio Líquido (PL).

Como vimos, atualmente o ativo composto por bens e direitos, é dividido

em ativo circulante, grupo de contas que representam dinheiro e que irão se

transformar em dinheiro dentro de um exercício social, e Ativo Não-Circulante,

composto por realizável a longo prazo, investimentos, imobilizado e intangível,

isto é, contas que demoraram mais de um exercício social para se converterem

em dinheiro.

O passivo é constituído pelas obrigações, e dividi-se em passivo

circulante, agrupamento de contas que vencerão dentro de um exercício social.

e passivo não-circulante, composto por obrigações exigíveis em mais de um

exercício social.

O patrimônio líquido é onde estão alocados todos os recursos próprios

da empresa, dividido em capital social, reservas de capital, ajustes de

avaliação patrimonial, reserva de lucros, ações em tesourarias e prejuízos

acumulados.

Este relatório é composto por um agrupamento de contas de mesma

natureza, o que facilita a leitura do balanço. Se não fosse assim, seria

extremamente difícil saber se o que se deve pode ser pago com o que se tem,

pois não teríamos a visão do montante do ativo em detrimento do passivo, por

exemplo.

Em face à atualização normativa, este demonstrativo ganhou uma maior

sutileza no aspecto informativo, uma vez que reduziu os grupos de contas que

figuravam naquele relatório, os quais representavam dúvidas e

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incompreensões para diversos usuários, inclusive para aqueles investidores de

outros países que não conheciam as particularidades das normas brasileiras.

Além da melhora na qualidade da informação decorrente da

simplificação da apresentação do Balanço Patrimonial, a aceitação ao padrão

de normas internacionais favoreceu um grau de comparabilidade jamais visto

antes, haja vista que a classificação das contas passa a seguir princípios

aceitos em todos os países adeptos do IFRS o que torna a informação contábil

segura e confiável, aumentando assim a transparência dessas informações.

Ressalta-se ainda do grau elevado de relevância que as informações

ganharam, em virtude da primazia da essência sobre a forma, o que aproxima

a informação bem próxima da realidade.

Para uma melhor compreensão desse atual cenário normativo sugere-se

uma leitura mais aprofundada dos CPC’s emitidos.

Podemos concluir que as mudanças ocorridas no Balanço Patrimonial

vieram no sentido de melhorar a apresentação deste demonstrativo na tentativa

de proporcionar uma melhor visão e interpretação deste demonstrativo. Essa

simplificação na apresentação trouxe maior compreensão para diversos

usuários, alem de possibilitar a tão desejada comparabilidade.

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