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CENTRO DE ENSINO SUPERIOR DO CEARÁ FACULDADE CEARENSE CURSO DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS DIEGO HERMYS DE SOUZA VIEIRA A GESTÃO DA QUALIDADE EM UM ESCRITÓRIO DE CONTABILIDADE NO MUNICÍPIO DE FORTALEZA FORTALEZA 2012

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CENTRO DE ENSINO SUPERIOR DO CEARÁ

FACULDADE CEARENSE

CURSO DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS

DIEGO HERMYS DE SOUZA VIEIRA

A GESTÃO DA QUALIDADE EM UM ESCRITÓRIO DE CONTABILIDADE NO

MUNICÍPIO DE FORTALEZA

FORTALEZA

2012

DIEGO HERMYS DE SOUZA VIEIRA

A GESTÃO DA QUALIDADE EM UM ESCRITÓRIO DE CONTABILIDADE NO

MUNICÍPIO DE FORTALEZA

Monografia submetida à aprovação da Coordenação do Curso de Ciências Contábeis da Faculdade Cearense - FaC, como requisito parcial para obtenção do grau de Graduação. Orientador: Professor Especialista Fausto Alexandre Vasconcelos Silveira Coorientadora: Professora Doutora Márcia Maria Machado Freitas

FORTALEZA

2012

DIEGO HERMYS DE SOUZA VIEIRA

A GESTÃO DA QUALIDADE EM UM ESCRITÓRIO DE CONTABILIDADE NO

MUNICÍPIO DE FORTALEZA

Monografia como pré-requisito para obtenção do título de Bacharelado em Ciências Contábeis, outorgado pela Faculdade Cearense – FaC, tendo sido aprovada pela banca examinadora composta pelos professores. Data da aprovação: ___/___/_____

BANCA EXAMINADORA

___________________________________________________

Professor Especialista Fausto Alexandre Vasconcelos Silveira

___________________________________________________

Professora Doutora Márcia Maria Machado Freitas

___________________________________________________

Professora Especialista Aline da Rocha Xavier Casseb

RESUMO

A procura por excelência nas organizações deve ir além do

aperfeiçoamento pontual de rotinas internas, dos meios de produção e redução de

custos, pois o cenário formado pela competitividade das empresas obriga a busca

pela melhoria continua e a otimização dos resultados. Nesse contexto, a gestão

empresarial é submetida a diversas análises, o desafio é sempre oferecer o melhor

produto ou serviço pelo menor preço e assim conquistar novas fatias de mercado e o

setor de escritórios prestadores de serviços contábeis não foge a esta regra. Dessa

forma, o objetivo desse trabalho acadêmico é evidenciar a importância da gestão da

qualidade em um escritório na prestação de serviços contábeis no município de

Fortaleza. Para tanto, conceitos e técnicas da gestão da qualidade foram aplicados

em um estudo de caso, produzindo resultados satisfatórios que, por fim, tornaram

possível a conclusão de que a gestão da qualidade deve ser implantada nas

empresas com a participação de todos os colaboradores da mesma.

Palavras-chave: Como implantar a Gestão da Qualidade, Caracterização a Gestão

da Qualidade, Necessidades dos Escritórios de Contabilidade.

ABSTRACT

The search for excellence in organizations must go beyond the punctual improvement of internal routines, means of production and cost reduction, because the scenery formed by enterprises competitiveness requires the quest for continuous improvement and results optimization. In this context, corporate management is subjected to various analyzes, the challenge is always to offer the best product or service at the lowest price and thus win new market share. The accounting firm is not an exception, thus the aim of this academic work is to demonstrate the importance of quality management in an office that provides accounting services in the city of Fortaleza. Therefore, concepts and techniques of quality management were applied in a case study, producing satisfactory results that have made possible the conclusion that the quality management should be deployed in enterprises with the participation of all employees.

Key words: How to implement quality management, Characterization of quality management, Needs of accounting offices.

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ........................................................................................... 8

1.1 Problema ................................................................................................... 11

1.2 Objetivo Geral ........................................................................................... 11

1.3 Objetivos Específicos .............................................................................. 11

1.4 Justificativa ............................................................................................... 11

1.5 Metodologia .............................................................................................. 12

2 A GESTÃO DA QUALIDADE .................................................................... 13

2.1 Aspectos conceituais da gestão da qualidade ...................................... 13

2.1.1 Importância da gestão da qualidade ........................................................... 14

2.1.2 Objetivos da gestão da qualidade .............................................................. 16

2.1.3 Princípios da gestão da qualidade .............................................................. 18

2.1.4 Avaliações e certificados da gestão da qualidade ...................................... 21

2.2 Atribuições dos profissionais da área contábil ..................................... 23

2.3 Relação entre o profissional da contabilidade e a gestão

da qualidade .............................................................................................. 25

2.4 REFERENCIAL TEÓRICO: TÉCNICAS DE IMPLANTAÇÃO DA

GESTÃO DA QUALIDADE ........................................................................ 27

2.4.1 Níveis da gestão da qualidade ................................................................... 28

2.4.1.1 Nível estratégico ......................................................................................... 28

2.4.1.2 Nível operacional ........................................................................................ 29

2.4.2 Método da gestão da qualidade ................................................................. 29

2.4.3 Ferramentas da gestão da qualidade ......................................................... 33

2.4.3.1 Procedimentos Iniciais ................................................................................ 35

2.4.3.2 Shake-Down ............................................................................................... 36

2.4.3.3 Benchmarking ............................................................................................. 37

2.4.3.4 5W1H .......................................................................................................... 38

2.4.3.5 Diagrama de Causa e Efeito ....................................................................... 38

2.4.3.6 Diagrama de Relações ............................................................................... 39

2.4.3.7 Diagrama de Processo Decisório ............................................................... 40

2.4.3.8 5S ............................................................................................................... 41

4 ESTUDO DE CASO ................................................................................... 42

4.1 Descrição do campo de estudo ............................................................... 42

4.2 Descrição das atividades desenvolvidas no campo de estudo............ 44

4.2.1 Setor fiscal .................................................................................................. 44

4.2.2 Setor contábil .............................................................................................. 46

4.2.3 Setor trabalhista.......................................................................................... 48

4.2.4 Setor societário ........................................................................................... 51

4.2.5 Setor de administração dos trabalhos internos ........................................... 53

4.2.5.1 Rotinas mensais ......................................................................................... 54

4.2.5.2 Rotinas Anuais ........................................................................................... 55

4.2.6 Atividades Adicionais .................................................................................. 55

4.2.6.1 Serviço externo ........................................................................................... 55

4.2.6.2 Serviço de arquivamento ............................................................................ 56

4.3 Resultados e discussões ......................................................................... 56

4.3.1 Setor de Gestão da Qualidade ................................................................... 57

4.3.2 Setor fiscal e contábil .................................................................................. 60

4.3.3 Setor trabalhista.......................................................................................... 62

4.3.4 Setor societário e serviço externo............................................................... 64

4.3.5 Setor de administração dos trabalhos internos ........................................... 67

4.3.6 Serviço de Arquivamento ............................................................................ 69

5 CONCLUSÃO............................................................................................. 72

6 REFERÊNCIAS .......................................................................................... 74

8

1 INTRODUÇÃO

A necessidade de acompanhar as evoluções do mercado econômico, que

se estabelece cada vez mais dinâmico, obriga empresas atuais a produzirem

informações, serviços e produtos de forma cada vez mais veloz. Assim,

desenvolveu-se um contexto de competitividade, no qual o empresário precisa

aplicar em seu negócio a velocidade que o mercado cobra ao mesmo tempo em que

melhora a qualidade de produção de bens e serviços. Em todas as áreas do meio

econômico a competitividade acirrada se faz presente a todo o momento, pois, as

interações entre mercado e empresa, estimulada pelo advento de novas tecnologias

e da globalização, originaram um público consumidor que continuamente fica mais

exigente por ser mais informado e consciente.

Consequentemente, a profissão contábil foi totalmente afetada por estas

alterações de cenário, pois, em seu caráter distintivo, é uma ciência que lida com

dados e os converte em informações, que são obrigadas a serem confiáveis e

exatas em tempo hábil, para satisfazer a necessidade de uma procura mais

consciente por serviços eficientes e de qualidade.

Introduzidos nesse ambiente econômico e profissional, estão os

escritórios de contabilidade, que, em nível operacional, essencialmente transcrevem

a realidade das empresas, tornando-se um centro de dados e documentos históricos

das mesmas, ao mesmo tempo em que no nível estratégico oferecem ferramentas

de gestão para o seu cliente. Dessa forma, é fácil entender que são muitos

processos que ocorrem em um escritório de contabilidade, o que pode tornar a

gestão do mesmo vulnerável ao erro.

De fato, o cotidiano das empresas brasileiras é bastante atribulado de

atividades tanto no âmbito operacional, quanto nos âmbitos administrativo e legal,

assim, produzem uma quantidade expressiva de fatos e processos para atender aos

requisitos do desenvolvimento de suas atividades e objetivos econômicos, bem

como atender aos requisitos dos clientes. Baseando-se nisso, é visível a importância

fundamental que uma gestão eficiente tem para uma empresa atingir a excelência

em suas operações e se manter competitiva no cenário atual, motivo pelo qual os

contadores devem se preocupar com a qualidade de suas prestações de serviços, e

por consequência, buscar a realização de suas atividades com base em técnicas de

9

Gestão da Qualidade, qualidade que assim é conceituada, segundo Carpinetti (2012,

p. 12):

O entendimento predominante nas últimas décadas e que certamente representa a tendência futura é a conceituação de qualidade como satisfação dos clientes. Essa definição contempla adequação ao uso ao mesmo tempo em que contempla conformidade com as especificações do produto.

Através da gestão da qualidade origina-se a possibilidade de melhoria da

competitividade, pois, utilizando seus conceitos uma empresa pode conseguir

atender aos requisitos técnicos de desenvolvimento do seu produto e/ou serviço e

ao mesmo tempo satisfazer completamente as expectativas do seu cliente nos

momentos da venda e pós-venda. São sistemas, ferramentas, controles, técnicas e

métodos que podem ser aplicados no cotidiano das instituições com o objetivo de

estabelecer padrões de controle e qualidade que evoluam continuamente, como é

possível verificar, por exemplo, na Política da Qualidade do Conselho Federal de

Contabilidade (CFC), em seu Projeto CFC – ISO 9001:2008:

Estabelecer padrões de normatização, orientação e controle das ações relacionadas ao registro e à fiscalização do exercício da profissão contábil, primando pelo desenvolvimento profissional e visando à melhoria contínua e à eficácia do Sistema Contábil Brasileiro.

A gestão da qualidade tem por base, estabelecer procedimentos

organizados para possibilitar o conhecimento dos processos e rotinas no interior da

empresa. Porém, a gestão mal planejada pode expor a perigo seus objetivos, por

isso é preciso que se avalie adequadamente o ambiente e determine as técnicas de

gestão da qualidade que serão aplicadas para analisar se são ou não convenientes

ao contexto no qual a instituição está integrada.

Em uma empresa de contabilidade acontece de forma igual, onde todos

os processos da atividade dos serviços prestados a terceiros precisam ser

analisados com objetivo de desenvolver a melhoria dos mesmos continuamente.

Discutindo-se esse tipo de instituição, é eficaz destacar que, nestas, há a

separação de atribuições através da departamentalização, que geralmente ramifica

os escritórios contábeis em quatro grupos principais: contábil, fiscal, trabalhista e

administrativo. Apesar de que por muitas vezes eles apresentem uma

interdependência, cada um deles também possui sua autonomia e seus processos,

o que pode se mostrar inconveniente ao administrador no que se refere ao domínio

10

geral das operações. Adicionado a isto, o profissional da contabilidade, na categoria

de administrador de seu negócio, tem um extenso conjunto de responsabilidades.

Atualmente existem vários tipos de demonstrações e declarações,

classificadas como obrigações acessórias, que possuem períodos e prazos legais

determinados para serem enviadas pelos contribuintes, ou pelos profissionais da

área contábil, a seus respectivos órgãos públicos, como por exemplo, o Sistema

Público de Escrituração Digital (SPED), o Demonstrativo de Apuração de

Contribuições Sociais (DACON) e a Relação Anual de Informações Sociais (RAIS),

assim como são diversos os períodos para cálculos e recolhimentos de tributos em

todas as esferas do governo. Mais do que essas obrigações, existem também outras

tarefas que formam o objetivo da contabilidade, são elas desempenhadas junto aos

clientes, na configuração de pareceres, relatórios gerenciais, assessoramentos e

consultoria para a melhoria da organização.

Dessa forma, uma boa gestão do escritório de contabilidade já se torna

obrigatória por tudo que é exigido pelo mercado, além disso, podemos dizer que

existem dispositivos legais dentro da profissão que prezam e embasam aspectos

técnicos e qualitativos na atuação do contador, como traz a Resolução nº 1.307/10,

mais conhecida como Código de Ética do Profissional do Contador (CEPC), no

desenvolver de seu artigo 4º, despachada de Conselho Federal de Contabilidade

(CFC):

Exercer a profissão com zelo, diligência, honestidade e capacidade técnica, observada toda a legislação vigente, em especial os Princípios de Contabilidade e as Normas Brasileiras de Contabilidade, resguardados os interesses de seus clientes e/ou empregadores, sem prejuízo da dignidade e independência profissionais.

Baseando-se em tais fatos, este estudo tentará responder ao

questionamento quanto à adaptação da gestão praticada em cada departamento e

atividade de um escritório de serviços contábeis atuante no mercado de Fortaleza-

CE, região metropolitana e algumas cidades do interior do Ceará, quando

confrontado aos conceitos e técnicas da gestão da qualidade. Para tal, foi

necessário estudar os departamentos e serviços identificados no escritório em

questão no estudo de caso, e posteriormente descrever as atividades e rotinas

praticadas, dividindo-as em rotinas diárias, mensais e anuais. Com base na

descrição mencionada originou-se um levantamento da gestão praticada atualmente

pela administração do escritório, o que tornou possível alcançar o objetivo de

11

compará-los e avaliá-los diante dos conceitos e técnicas da gestão da qualidade que

foram apresentados.

1.1 Problema

Como implantar conceitos e técnicas de gestão da qualidade em um

escritório prestador de serviços contábeis?

1.2 Objetivo geral

Evidenciar a importância da gestão da qualidade em um escritório na

prestação de serviços contábeis no município de Fortaleza.

1.3 Objetivos específicos

Caracterizar gestão da qualidade;

Descrever como pode ser utilizada a gestão da qualidade em um

escritório da qualidade;

Apresentar os efeitos das técnicas de implantação de forma prática

em um estudo de caso.

1.4 Justificativa

Nos escritórios prestadores de serviços contábeis é necessário valer-se

de ótima gestão, exercida operacionalmente e estrategicamente, sobre dados e

documentos próprios e de outros, como por exemplo, seus clientes. Devido a grande

quantidade de atribuições do profissional da contabilidade o ajuste da gestão se

torna digno de mais atenção para evitar a ocorrência de falhas, sendo indispensável

que existam ciclos para avaliar as atividades que são praticadas no ambiente de

trabalho. É defronte deste contexto que se revelou a importância de realizar o

presente trabalho de conclusão de curso e aplicar os conceitos, métodos e técnicas

da gestão da qualidade em um escritório de contabilidade, pois, tendo em vista

todas as razões antes expostas, das quais se destacam as responsabilidades e

processos que os escritórios de contabilidade se deparam cotidianamente,

12

estabelecidas em um vasto rol normativo e nos requisitos impostos pelo mercado

cada vez mais competitivo que fundamenta as atividades envolvidas na gestão, é de

grande relevância que permaneçam em posição de constante preocupação com a

qualidade do serviço oferecido.

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2 A GESTÃO DA QUALIDADE

Este capítulo origina o levantamento bibliográfico e teórico dos diversos

aspectos que dizem respeito à gestão da qualidade, dentre eles, as definições, os

princípios, os objetivos, as ferramentas, as avaliações, entre outros. Recursos estes

que são condições para o correto entendimento do tema. Em seguida, este capítulo

discorre a respeito das atribuições e responsabilidades do profissional contábil, e,

logo após, sobe as relações que o profissional tem com a gestão da qualidade.

2.1 Aspectos conceituais da gestão da qualidade

Antes de valer-se especificamente aos procedimentos da gestão da

qualidade aplicáveis ao escritório de contabilidade, é importante principiar uma breve

explicação dos conceitos de gestão da qualidade, segundo os diferentes focos

bibliográficos. Conforme Falconi (2004, p. 2), “um produto ou serviço de qualidade é

aquele que atende perfeitamente, de forma confiável, de forma acessível, de forma

segura e no tempo certo às necessidades do cliente”.

Literalmente, o significado de qualidade que mais se adéqua ao contexto

abordado é: “superioridade, excelência”, de acordo com o dicionário Priberam da

Língua Portuguesa, assim, partindo de um conceito amplo e teoricamente neutro, já

é possível perceber que a ideia de qualidade pressupõe que alguém ou alguma

coisa possui bons predicados, ou até mesmo os melhores predicados.

No contexto empresarial, o que chama bastante atenção, ainda em

Falconi (2004), é o Apelo aos Empresários Brasileiros:

1. Qualidade é uma questão de vida ou morte. Sua empresa só sobreviverá se for a melhor no seu negócio. 2. Qualidade é mudança cultural. É preciso que as pessoas sintam a ameaça de morte da empresa, ainda que ela possa estar num horizonte de 5 a 10 anos. 3. Qualidade é mudança cultural. É preciso tempo pra conduzir as mudanças (5 a 10 anos). Se você não dispuser deste tempo, não inicie esta longa caminhada. 4. Qualidade é mudança cultural. É preciso liderança para conduzir mudança. Se você não estiver disponível para isto, não inicie o programa. 5. Você está pensando em Qualidade para melhorar seus resultados. Acompanhe estes resultados mensalmente por meio de gráficos mostrados a todos. É necessário um placar para certificar-se que você está ou não ganhando o jogo. 6. Todos devem estar envolvidos. TODOS, Para isto é necessário Emoção. Reveja suas políticas de recursos humanos e proponha uma Visão de

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Futuro compartilhada por todos. Estamos todos no mesmo barco e temos que sobreviver.

Através da definição do autor, verifica-se uma classificação da qualidade

voltada a aspectos de mudança cultural das pessoas, com o objetivo de melhorar os

resultados obtidos por um todo, no caso, um negócio, que depende disso para sua

sobrevivência.

Dessa forma, percebe-se que a gestão da qualidade possui uma

característica global, na qual, independentemente do setor ou cargo, todo o recurso

humano da organização deve buscar cumprir os procedimentos e técnicas

sugeridas, de forma permanente, com o intuito de dar confiabilidade às rotinas

realizadas. Assim, o foco de tais procedimentos e técnicas é estabelecer padrões e

objetivos a serem atingidos em conformidade com a vontade dos gestores, refletida

através de manuais internos, normas e orientações. Além disso, a gestão da

qualidade possui um objetivo preventivo contra erros e improdutividades futuras,

que, de forma direta ou indireta, afetarão a qualidade final do produto ou serviço.

2.1.1 Importância da gestão da qualidade

Como dito anteriormente, a qualidade nos processos e rotinas

empresariais no ambiente atual é de fundamental importância para uma empresa

atingir a excelência em suas operações e se manter competitiva frente aos desafios

do cotidiano.

Partindo desde princípio, sabe-se que em todos os ramos de atividade a

qualidade não pode ser encarada apenas como um aspecto que destaca uma

empresa das outras, mas sim como o único método que possui características que

garante bons resultados face à concorrência e por consequência a sobrevivência da

empresa, como pode ser observado em Falconi (2004, p. 7):

O que realmente garante a sobrevivência das empresas é a garantia de sua competitividade. No entanto, estas coisas estão todas interligadas: a garantia de sobrevivência decorre da competitividade, a competitividade decorre da produção e esta da qualidade (valor agregado).

Assim, o empresário deve buscar novas maneiras de melhorias na cadeia

produtiva de bens e serviços de forma contínua, eliminando atividades que não

agregam valor, para que a satisfação do seu cliente seja sempre elevada e ganhar

cada vez mais espaço no mercado com o aumento de vendas e receitas.

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Por outro lado, a busca pela qualidade de bens e serviços já é um pouco

antiga, pois apesar de que apenas recentemente essa busca evoluiu e tomou novas

proporções, é sabido que consumidores sempre optaram pela busca do produto de

melhor qualidade. Essa preocupação dos consumidores refletia nos administradores

das empresas que voltavam sua atenção apenas ao produto acabado, através da

inspeção de produtos defeituosos e buscavam atingir apenas quesitos técnicos de

fabricação, esquecendo os quesitos de adequação daquele produto as

necessidades do consumidor.

Com o advento da gestão da qualidade uma nova filosofia foi implantada

embasada em conceitos e técnicas adequados a nova realidade do panorama

econômico. A qualidade passou a ser uma preocupação não só dos consumidores

finais ou dos departamentos de inspeção das empresas e se tornou uma

responsabilidade de todos que participam do processo produtivo, da presidência da

empresa ao colaborador que executa o processo mais simples, do projeto do

produto até a entrega e atendimento pós-venda.

Deming (1990, p. 129), um dos maiores responsáveis por essa nova

filosofia explica: “o custo de uma substituição de um item defeituoso na linha de

produção é relativamente fácil de ser estimado, mas o custo de um item defeituoso

que é entregue a um cliente desafia qualquer medida”.

Assim, percebe-se que Deming rompe com um pensamento anterior de

que era aceitável que alguns produtos chegassem defeituosos ao cliente e começa a

implantar uma nova cultura de produção e um novo olhar sobre o cliente, cultura

essa que foi primeiramente aceita pelas indústrias no Japão após a Segunda Guerra

Mundial e que ajudou na reconstrução do país, tornando suas empresas altamente

competitivas em nível mundial, pois, seus produtos ofereciam bastante qualidade

juntamente com preços acessíveis, em comparação com produtos concorrentes.

Essa revolução acontecida no Japão pós-guerra ilustra muito bem a

grande importância da gestão da qualidade, pois, foi através da gestão da qualidade

que os produtos japoneses se tornaram e são reconhecidos até os dias atuais como

sinônimo mundial de confiabilidade.

Dessa forma, fica clara a importância de agregar qualidade nos produtos

e serviços, e para fundamentar essa importância, Carpinetti (2012, p. 1) diz:

Para conquistar mercados e se manter competitivo, é preciso atender aos requisitos dos clientes quanto a produtos e serviços. O raciocínio é muito

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simples: clientes satisfeitos representam faturamento, boa reputação, novos pedidos, resultados para a empresa, empregos e remuneração para os funcionários. Ao contrário, cliente insatisfeito pode resultar em má reputação, dificuldade de conseguir novos pedidos, perda de faturamento e dificuldade de se manter no negócio.

A qualidade se torna importante porque é o maior argumento que os

produtores de bens ou serviços podem usar para que seus produtos sejam aceitos

no mercado, a qualidade é importante porque se constitui como uma forma durável

de fidelizar consumidores e conseguir aumento de participação no mercado, à

qualidade é um grande fator para o aumento da produtividade, então, a qualidade é

fundamental para a sobrevivência da empresa.

2.1.2 Objetivos da gestão da qualidade

Baseando-se na conclusão que foi tirada a respeito da importância da

gestão da qualidade, onde é destacado o quão a qualidade é fundamental para a

sobrevivência das organizações, pode-se iniciar uma análise para identificar onde a

gestão da qualidade atua objetivamente, e para essa análise é possível utilizar-se da

NBR ISO 9000, especificamente em seu capítulo que elenca o Objetivo e Campo de

Aplicação da gestão da qualidade:

Esta norma é aplicável a: a) organizações que buscam vantagens através da implementação de um sistema de gestão da qualidade; b) organizações que buscam a confiança nos seus fornecedores de que os requisitos de seus produtos serão atendidos; c) usuários dos produtos; d) aqueles que têm interesse no entendimento mútuo da terminologia utilizada na gestão da qualidade (por exemplo: fornecedores, clientes, órgãos regulamentadores); e) aqueles, internos ou externos à organização, que avaliam o sistema de gestão da qualidade ou o auditam, para verificarem a conformidade com os requisitos da NBR ISO 9001 (por exemplo: auditores, órgãos regulamentadores e organismos de certificação): f) aqueles, internos ou externos à organização, que prestam assessoria sobre o sistema de gestão da qualidade adequado à organização; g) grupos de pessoas que elaboram normas correlatas.

Posteriormente, será explicitado que a norma ISO não é uma técnica ou

conceito de gestão da qualidade, mas, é um instrumento para a certificação dos

sistemas de qualidade baseados nas técnicas e conceitos da gestão da qualidade,

que padronizam as regras necessárias para tal certificação, entretanto, também será

mostrado que as normas ISO são as mais difundidas em se tratando de certificação

17

do sistema da gestão qualidade, portanto, os objetivos dessa norma podem ilustrar

os objetivos da gestão da qualidade.

Observando estes objetivos fica evidente que eles existem para tal

certificação, no entanto, também é possível observar que os objetivos da gestão da

qualidade estão embutidos neles, pois, o objetivo maior da gestão da qualidade é

garantir da melhor forma possível o sucesso das empresas defronte dos desafios

que elas enfrentam cotidianamente.

Esta ideia é bem esclarecida por Carpinetti (2012, p. 1)

A gestão da qualidade é vista hoje, tanto no meio acadêmico como no meio empresarial, como um fator estratégico para a melhoria de competitividade e produtividade. Essa importância da gestão da qualidade decorre de um longo processo de evolução do conceito e da prática de gestão da qualidade, que contou com contribuições importantes de vários estudiosos, com destaque para Juran, Deming, Feigenbaum e Ishikawa.

É uma ideia que também é compartilhada por Falconi (2004), onde ele

salienta a questão da sobrevivência das organizações através do desenvolvimento

de sistemas administrativos suficientemente fortes e ágeis, pois, isso é o que o

mercado exige.

Estes sistemas objetivam aumentar a garantia de competitividade,

garantia que decorre da necessidade de sobreviver, e a competitividade só existe

com a presença da produtividade e da qualidade.

Ou seja, a gestão da qualidade vai buscar sempre ter uma atuação

decisiva nos bons resultados da evolução da qualidade e no aumento da

produtividade. Dois conceitos que são interligados, pois, segundo Falconi (2004, p.

4) a produtividade é o quociente entre a qualidade e o os custos, de tal forma, que

quanto mais qualidade, menos custo e maior produtividade, conforme demonstrado

na figura 1:

Figura 1 – Relação entre produtividade e qualidade. FONTE: Falconi, 2004.

QUALIDADE

CUSTOS

PRODUTIVIDADE

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Assim, os objetivos em destaque da gestão da qualidade são, aumentar a

produtividade através da evolução da qualidade de produção de bens e serviços,

atendendo aos requisitos impostos pelos clientes, ao mesmo tempo em que

naturalmente os custos tendem a diminuir com a contínua evolução da excelência

dos processos e rotinas de produção apresentados nas organizações,

consequentemente, garantindo a competitividade da empresa com o gradual

aumento de satisfação do mercado consumidor e a conquista de novas fatias do

mesmo.

2.1.3 Princípios da gestão da qualidade

A gestão da qualidade possui conceitos fundamentais que servem de

base para sua estrutura, o mais importante deles é o conceito de foco no cliente,

pois, como já foi observado, atender aos requisitos do mercado consumidor é o

diferencial que mantém a empresa viva diante da competitividade acirrada. Os

outros conceitos fundamentais da gestão da qualidade derivam, segundo Carpinetti

(2012, p. 30), do próprio conceito de foco no cliente, são eles: visão sistêmica de

processos, melhoria contínua e abordagem científica e liderança, comprometimento

e envolvimento.

A gestão da qualidade como estratégia competitiva parte do princípio de que a conquista e manutenção de mercados dependem de foco no cliente, para se identificarem requisitos e expectativas e oferecer valor ao mercado. Para isso, as empresas não só necessitam identificar requisitos, mas precisam também se organizar em forma que esses requisitos identificados na pesquisa de mercado sejam devidamente transmitidos por todo o ciclo do produto. Dessa necessidade surgiram os conceitos de cliente interno e de visão sistêmica da cadeia interna como um conjunto de processos e atividades inter-relacionadas, como relações de cliente-fornecedor. A gestão da qualidade como estratégia competitiva também parte do princípio de que o ciclo do produto, incluindo a pesquisa de mercado com foco no cliente, leva a uma contínua identificação de novos requisitos e necessidades. Ao mesmo tempo, em um mercado verdadeiramente competitivo, empresas concorrentes estarão igualmente se esforçando para melhor atender às expectativas do mercado. Daí surge o conceito de melhoria contínua de produtos e processos, de forma a poder oferecer maior valor de mercado. A gestão da melhoria, em particular a melhoria contínua, requer um esforço de análise da situação atual, visando planejamento e implementação de melhorias. Daí a importância do conceito de abordagem cientifica para a tomada de decisão baseada em fatos. Esse conjunto de conceitos fundamentais requer um esforço de liderança, comprometimento e envolvimento de todos em busca da melhoria da eficácia e da eficiência da estratégia competitiva. E, portanto, liderança,

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comprometimento e envolvimento são também conceitos fundamentais da gestão da qualidade.

Ou seja, para se conseguir atender aos requisitos dos clientes é

necessário, através de análises, saber quem eles são e quais requisitos eles

impõem ao produto, para que o produto atenda as necessidades exigidas. Essas

informações devem ser traduzidas na visão sistêmica do processo produtivo, onde

todas as rotinas da empresa serão pensadas de acordo com as necessidades dos

clientes. Entretanto, as organizações devem ficar atentas aos novos requisitos dos

consumidores e aos requisitos de consumidores que ainda não são atendidos, mas,

que fazem parte da fatia de consumidor em potencial, por isso, a melhoria contínua

e abordagem científica é importante. Todos esses conceitos precisam ser

compartilhados por todos dentro da organização para que o objetivo inicial, de

atender aos requisitos do cliente, seja atingido, daí a importância do conceito de

liderança, comprometimento e envolvimento, conforme demonstrado na figura 2:

Figura 2 – Relacionamento entre conceitos fundamentais de gestão da qualidade. FONTE: Carpinetti,

2012.

Para Falconi (2004, p. 9), estes conceitos estão inseridos dentro de um

conceito, que para ele, é o mais importante, o conceito de sobrevivência:

Garantir a sobrevivência de uma empresa é cultivar uma equipe de pessoas que saiba montar e operar um sistema, que seja capaz de projetar um produto que conquista a preferência do consumidor a um custo inferior ao

Gestão da Qualidade

Melhoria contínua Foco no cliente Visão de processos

Decisão baseada

em fatos

Comprometimento

/ envolvimento

Visão sistêmica

Liderança

20

de seu concorrente. Estamos, pois, falando de qualidade, que é a essência deste texto.

A figura abaixo demonstra bem essa ideia:

Figura 3 – Interligação entre os conceitos. FONTE: Falconi, 2004.

Todos esses princípios são baseados em ideias dos precursores da

gestão da qualidade, como por exemplo, Juran, Feigenbaum, Ishikawa, Shewhart e

Deming e uma das mais famosas contribuições, são os 14 pontos de Deming (1990):

1. Estabeleça constância de propósitos para a melhoria do produto e do serviço, objetivando tornar-se competitivo, manter-se em atividade e gerar empregos. 2. Adote a nova filosofia. A administração deve acordar para o desafio, conscientizar-se de suas responsabilidades e assumir a liderança na transformação. 3. Não dependa da inspeção para atingir a qualidade. Incorpore qualidade desde o começo. 4. Abandone a prática de aprovar orçamentos com base somente no preço. 5. Melhore constantemente e continuamente cada processo. Melhore a qualidade e a produtividade, em consequência, os custos diminuirão. 6. Institua treinamento no local de trabalho. 7. Adote e institua a liderança. O papel da liderança deve ser de ajudar as pessoas e os recursos tecnológicos a trabalharem melhor. 8. Elimine o medo para que todos trabalhem de modo eficaz. 9. Elimine as barreiras entre os departamentos de forma que as pessoas possam trabalhar em equipes. 10. Elimine metas numéricas, slogans e exortações para os trabalhadores que causem relações adversárias. 11. Elimine quotas numéricas e gerenciamento por objetivos. Substitua por liderança. 12. Remova as barreiras que roubam das pessoas satisfação e orgulho pelo trabalho. 13. Adote um forte programa de educação, treinamento e automelhoria. 14. Faça a transformação um trabalho de todos e ponha todos para trabalhar nisso.

21

Os 14 pontos de Deming foram transmitidos ao empresariado japonês, no

final dos anos 40, e foram aceitos como aspectos filosóficos e culturais, o que

ajudaram a reerguer a indústria do Japão em um período que o país estava

destruído pela guerra. Esta filosofia deu origem ao TQC japonês, método que será

apresentado no próximo capítulo.

2.1.4 Avaliações e certificados da gestão da qualidade

Entendendo os aspectos conceituais, os objetivos e os princípios da

gestão da qualidade, pode-se compreender o motivo pelo qual a mesma é

considerada atualmente de suma importância para as organizações conseguirem a

manutenção da competitividade, dentre os motivos que justificam essa importância,

é possível destacar a forma ativa de como a gestão da qualidade atua na melhoria

da rotina da cadeia de produção de bens e serviços, com a consequente valorização

do produto ou serviço diante do mercado, através do aumento da qualidade e do

valor agregado, entretanto, com o crescente aumento de empresas que buscam pela

excelência em suas atividades e a consequente obrigação de certificar essa

excelência, surgiu à necessidade da criação de instrumentos, como avaliações,

sistemas, certificados e prêmios, que promovam, comprovem e garantam que

determinada empresa trabalha de acordo com os requisitos necessários para

entregar um produto final de qualidade para seu cliente.

Instrumentos estes que, são de uso de uma organização independente

não participante da relação comercial entre produtor e consumidor, mas, que emite

normas e certifica o produtor, através de auditorias, para garantir ao consumidor que

o produtor mantém em sua empresa o correto funcionamento de um sistema de

gestão da qualidade.

No mundo, a norma mais difundida é a ISO 9001 que vem evoluindo

desde a sua primeira edição, estipulada em 1987. Hoje, após três revisões, que

aconteceram em 1994, 2000 e 2008 ela é chamada de ISO 9001:2008, e sua visão

geral é definida por Carpinetti (2012, p. 49) assim:

A norma ISO 9001:2008 – Sistema de gestão da qualidade: requisitos -, estabelece requisitos de gestão da qualidade com base em um modelo de sistema de gestão. Ou seja, a ISO 9001 estabelece um conjunto de atividades interdependentes, que interagem formando um sistema de atividades (chamadas de requisitos) de gestão da qualidade, com objetivo

22

comum de gerenciar o atendimento dos requisitos dos clientes na realização do produto e entrega de pedidos. A partir dessa norma, a ISO criou um procedimento de certificação de sistemas da qualidade. O certificado ISO 9001, que as empresas obtêm por meio de um processo de auditoria e certificação, é um documento emitido por um organismo independente (terceira parte) que atesta que o sistema produtivo da empresa esta capacitado para gerenciar o atendimento de requisitos dos clientes.

A International Organization for Standardization (ISO) não emite

certificados, é um organismo que apenas define o padrão de sistema de qualidade.

Esse padrão é avaliado em um processo de auditoria por empresas certificadoras,

empresas estas que, no Brasil, devem ser credenciadas pelo Instituto Nacional de

Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial (INMETRO), que é reconhecido

mundialmente como o organismo de credenciamento brasileiro.

Segundo Carpinetti (2012), para o certificado ISO 9001:2008 a ISO

estabelece cinco requisitos padrões que podem ser inter-relacionados no processo

de gestão da qualidade: Documentação do Sistema da Qualidade, Responsabilidade

da Direção, Gestão de Recursos, Realização do Produto e Medição, Análise e

Melhoria. São requisitos que devem ser implementados nos diversos setores e/ou

departamentos com objetivos específicos e podem variar de acordo com o tipo de

atividade e o porte da organização.

Pode-se encontrar em Carpinetti (2012, p. 68):

A certificação de um sistema da qualidade ISO 9001 é um processo de avaliação pelo qual uma empresa certificadora avalia o sistema da qualidade de uma empresa interessada em obter um certificado e: a) atesta que o sistema de gestão da qualidade da empresa condiz com o

modelo de sistema de gestão da qualidade estabelecido pela ISO 9001. Ou seja, o sistema de gestão da qualidade da empresa contempla todos os requisitos estabelecidos pela norma. O objetivo, portanto, é atestar a aderência do sistema estabelecido pelos requisitos da ISO 9001. Esse aspecto do processo de certificação é bem descrito pela expressão: Diga o que você faz para garantir a qualidade;

b) atesta que foram encontradas evidencias de que a empresa implementa as atividades de gestão da qualidade tidas como necessárias para atender aos requisitos dos clientes. Esse segundo aspecto da certificação é bem definido pelo dizer: Demonstre que você faz o que você diz que faz para garantir a qualidade.

Dessa forma, pode-se concluir que o ISO 9001 não é uma técnica de

implantação de gestão da qualidade, mas, é um instrumento para certificar que as

técnicas e sistemas de gestão da qualidade implantadas em diversas empresas

estão obedecendo a normas padronizadas por uma organização especializada.

Em Falconi (2004), encontra-se a classificação de auditorias em interna,

que é a praticada na própria empresa e a externa, que ele classifica em: do

23

Fornecedor pelo Comprador, onde o comprador tem por objetivo desenvolver seu

fornecedor; Auditores por Certificação, que é onde se enquadra, por exemplo, a

certificação ISO 9001:2008; Consultores Independentes, onde um consultor produz

um relatório de sugestões e recomendações após analisar o ambiente da empresa;

e Prêmios Nacionais, onde ele destaca o prêmio Deming, do Japão, e o prêmio

Malcolm Baldrige, dos Estados Unidos da América, com ênfase para o prêmio

Deming.

O prêmio Deming e o prêmio Malcom Baldrige, são ótimos exemplos de

outro tipo de garantia do sistema de gestão da qualidade das empresas, e eles se

estabelecem em nível acima, por exemplo, do certificado ISO 9001, pois são

modelos de excelência em gestão, como cita o próprio Falconi (2004, p. 145):

Qualquer empresa que tenha implantado o Total Quality Control (TQC) satisfará com amplas sobras a qualquer auditoria visando à certificação pela norma ISO 9001. No entanto, a grande maioria das empresas certificadas pela norma ISO 9001 não ousaria concorrer aos prêmios Deming (Japão) ou Malcolm Baldrige (EUA).

Outra forma encontrada de se avaliar os sistemas de qualidade são os

certificados específicos para uma atividade, como é o caso do Programa de

Qualidade de Empresas Contábeis (PQEC), instituído pelo Sindicato das Empresas

de Serviços Contábeis e das Empresas de Assessoramento, Perícias, Informações e

Pesquisas no Estado de São Paulo (SESCON-SP), este tipo de certificado tem a

vantagem de estabelecer um padrão de avaliação com foco em uma atividade

específica, e apenas para ilustrar esse caso o primeiro objetivo do PQEC é

“colaborar com as organizações contábeis para aumentar a satisfação de seus

clientes, incentivando-as ao atendimento de suas necessidades e expectativas”.

2.2 Atribuições dos profissionais da área contábil

Quando foram instituídas as atribuições do profissional da contabilidade

com o Decreto-Lei 9.295, de 27 de maio de 1946, provavelmente não foi levado em

consideração o quão complexas as exigências relativas à profissão iriam se tornar.

Inicialmente, no artigo 25 (vinte e cinco), do decreto-lei em questão, apenas três

incisos traziam as atribuições do contador englobando a escrituração dos livros de

contabilidade, levantamento dos respectivos balanços e demonstrações, revisão

24

permanente ou periódica de escritas, revisão de contas em geral, assistências a

conselhos fiscais, entre outras.

No contexto atual, estas ligações se tornaram mais complexas e

importantes, pois agora, as responsabilidades do contador não se resumem apenas

aos incisos originalmente estabelecidos, mas ganharam uma amplitude maior. O

mercado como um todo está mais exigente e cobra prestações de serviço mais

completas e específicas, além disso, as atribuições de multiplicaram com o

crescimento das exigências públicas no cotidiano das empresas. É importante

salientar também, que hoje o contador se depara também com as responsabilidades

outorgadas pelo mercado de trabalho, que busca no profissional da contabilidade

uma orientação gerencial de negócio.

Para conseguir realizar todas estas obrigações que se ampliaram, a

relação entre o contador e o ato de gerenciar se fortaleceu com o passar do tempo,

paralelamente, as sanções e consequências no caso de falhas e má-fé do

profissional contábil também evoluíram. A Lei Ordinária 10.406/2002, no artigo

1.177, responsabiliza o contador a respeito da escrituração dos livros contábeis do

contratante dos serviços, sendo este responsabilizado também por danos causados

a terceiros, como se fosse o próprio administrador que procedeu a escrituração.

Dessa forma, é possível entender que para exercer a profissão em sua

plenitude, é necessária a organização e, fundamentalmente, a boa gestão dos

serviços oferecidos. Gestão sobre os prazos, legislações, documentos, e outros.

Por tal motivo, é de fundamental importância a utilização de sistemas de

gestão que qualifiquem a forma como o contador se relaciona com o seu escritório e

principalmente seus clientes, pois, apenas uma organização com os processos e

rotinas bem geridos pode atingir ao objetivo de prestar serviços com confiabilidade e

excelência que o mercado exige.

Ressaltando que sobre os profissionais da contabilidade recaem

responsabilidades diversas, exigidas através das obrigações relacionadas às

empresas tomadoras dos serviços contábeis, pois estas mesmas obrigações

envolvem certificação profissional, fica evidente a necessidade do escritório de

contabilidade se organizar e gerir suas operações com qualidade, para que todos os

processos envolvidos na relação escritório/cliente sejam executados de forma

satisfatória, garantindo em todos os aspectos a realização dos requisitos exigidos

pelos clientes.

25

2.3 Relação entre o profissional da contabilidade e a gestão da qualidade

Nos aspectos sobre gestão da qualidade até aqui abordados, pode-se

identificar conceitos e técnicas essenciais para a atividade diária de qualquer tipo de

empresa. São ferramentas que identificam os problemas prioritários, que ajudam na

observação e coleta de dados, na análise e busca das causas-raízes desses

problemas no planejamento e implementação de ações e na verificação de

resultados. Foram abordadas também as atribuições dos contadores e as suas

responsabilidades. Diante dessas informações, é possível evidenciar quando a

teoria da gestão da qualidade se torna prática nas atividades do contador.

Pode-se criar uma analogia que, bem como os empresários dos ramos de

comércio, indústria e serviços necessitam da gestão da qualidade, pois possuem

metas a atingir diante do mercado consumidor, fornecedores, produção e qualidade

do produto; os profissionais da contabilidade também possuem responsabilidades

diante da atividade do próprio escritório, ao resguardar informações de terceiros,

prazos de cumprimento de obrigações e a qualidade do seu serviço.

Assim, se observa que a ocasião em que as atribuições do profissional

contábil e a gestão da qualidade se cruzam, é quando se compreende que o

contador tem a mesma obrigação de gestão que qualquer outra organização. Pode-

se dizer que as gestões essenciais a qualquer empresa são, via de regra, parecidas.

É evidente que, variadas atividades produzem variados fluxos de operação e

gerência, no entanto, a gestão da qualidade de cada tipo de atividade é

essencialmente igual, diferenciando-se, pela forma como é parametrizada de acordo

com as necessidades e características de cada organização.

A gestão da qualidade necessária a escritórios de contabilidade deve

observar a proteção preventiva de ativos e documentos, primando pela monitoração

das rotinas diárias continuamente e também ter como meta oferecer serviços

melhores do que os oferecidos pela concorrência. É de fundamental importância que

faça parte das características da gestão da qualidade os aspectos observados em

dois níveis de gestão, o operacional e o estratégico.

Escritórios prestadores de serviços contábeis, em sua maioria, ficam

responsabilizados em algum momento pela posse de documentos que estão ligados

a suas empresas clientes, os quais o contador contratado deve prestar conta a

26

respeito dos mesmos. Assim, a gestão de escritórios de contabilidade deve estar

sempre em ordem de acordo com os conceitos e técnicas de gestão da qualidade,

para que sirva também como uma garantia de segurança do escritório perante

terceiros.

Por outro lado, os contadores devem ficar atentos às necessidades de

gestão dos clientes e do mercado, buscando sempre oferecer serviços que se

adéqüem de forma prática ao cotidiano empresarial, oferecer soluções para essas

necessidades pode ser o diferencial diante dos concorrentes, pois de acordo com a

Federação Nacional das Empresas de Serviços Contábeis e das Empresas de

Assessoramento, Perícias, Informações e Pesquisas (Fenacon), 70% das micro e

pequenas empresas não fazem a contabilidade adequadamente.

Outra conexão fundamental entre a teoria da gestão da qualidade e a

prática contábil repercuti nas obrigações exigidas pela legislação diariamente em

nome da empresa cliente, pois estas obrigações estão em constante atualização e

renovação, um exemplo são as obrigações referentes ao Sistema Público de

Escrituração Digital (SPED), pois, tais obrigações exigem dos profissionais da área

capacitação continuada para manipula-las. Neste ponto, vislumbra-se a grande

importância de uma equipe qualificada que garanta a qualidade e confiabilidade das

informações manipuladas.

Por fim, pode-se concluir neste ponto que a gestão contábil possui pontos

em comum com a gestão da qualidade e por muitas vezes elas trocam informações

entre si, pois, como foi observado, a gestão da qualidade oferece técnicas para a

melhoria da contabilidade, enquanto que, por muitas vezes, a gestão contábil

oferece dados importantes para a tomada de decisões estratégicas e gerenciais

dentro das organizações, por isso as técnicas de implantação da gestão da

qualidade são apresentadas a seguir.

2.4 REFERENCIAL TEÓRICO: TÉCNICAS DE IMPLANTAÇÃO DA GESTÃO DA

QUALIDADE

A implantação da gestão da qualidade nas organizações necessita de

planejamento e sistematização, pois, para ser bem implantada é necessário tempo,

porque tão importante quanto a implantação é a manutenção da gestão da

qualidade, manutenção esta que deve acontecer durante toda a existência da

27

organização, e além da manutenção, outro fator que exige tempo é a mudança de

filosofia das pessoas que é alcançada através de programas educacionais e

conscientização das pessoas, Falconi (2004, p. 209) exemplifica essa ideia com o

prazo de implantação do Total Quality Control (TQC):

A implementação de um plano de implantação do TQC é um processo de “mudança de maneira e pensar” e um processo de mudança comportamental e, como tal, necessita de tempo e muita educação e treinamento. A educação é a alavanca para todo processo de mudança. Hoje já não acredito em pessoas “resistentes” e sim em “pessoas mal-informadas”. A educação e o treinamento são o único caminho seguro para a condução de um processo de mudanças desta natureza. Mas não esqueça: a educação é a alavanca mas a prática é a mãe das mudanças. A experiência japonesa e do resto do mundo tem mostrado que é razoável esperar ter o plano todo implantado num prazo de 5 a 6 anos. A rotina, inclusive padronização, pode ser implantada em toda a empresa num prazo de 2 a 3 anos com resultados excelentes.

Assim, é possível imaginar que a gestão da qualidade atua na mudança

cultural da empresa, através do comprometimento e envolvimento das pessoas, para

que aconteçam, continuamente, melhorias no processo produtivo de bens e

serviços. Ideia que pode ser vista no conceito de melhoria contínua, apresentado por

Carpinetti (2012, p. 38):

Já a melhoria contínua, também como o próprio nome sugere, é uma abordagem para a melhoria que se caracteriza como um processo de contínuo aperfeiçoamento de produtos e processos na direção de grandes melhorias de desempenho. A melhoria contínua se caracteriza por ser um processo iterativo, cíclico. Ou seja, a partir da avaliação de resultados obtidos, da investigação e conhecimento adquiridos com uma ação de melhoria sobre um determinado objeto de estudo, podem-se propor novas ações de melhoria, o que levaria a um ciclo virtuoso de melhoria.

É nesse conceito, de mudança continua para melhor, que o método mais

básico de gestão da qualidade se baseia, o ciclo PDCA (Plan – Do – Check - Act),

ou ciclo Deming-Shewhart. Assim como o ciclo PDCA, existem outros tipos de

métodos e ferramentas que auxiliam no processo de implantação de sistemas de

gestão da qualidade, mas, antes de aborda-los é preciso conhecer brevemente os

dois níveis de gestão que agrupam as atividades da gestão da qualidade, o nível

estratégico e o nível operacional.

2.4.1 Níveis da gestão da qualidade

Os métodos e ferramentas de gestão da qualidade podem ser classificados em dois grupos de atividades dentro das organizações. As atividades

28

que atuam no nível estratégico e as atividades que atuam no nível operacional, sendo que a atuação de uma determinada técnica em um nível não impede a participação da mesma no outro nível, assim, é perfeitamente possível que uma técnica seja utilizada simultaneamente nos dois níveis de atividades, entretanto, a utilização adequada das ferramentas vai depender das analises feitas em cada caso, porque algumas técnicas e principalmente ferramentas se adaptam melhor em um tipo de nível.

2.4.1.1 Nível estratégico

O nível estratégico compreende as atividades, atuantes nas

organizações, que buscam o planejamento e decisões estratégicas para se

conseguir o objetivo de manter a sobrevivência da empresa, a definição deste nível

pode ser observada em Falconi (2012, p. 3).

Nível estratégico: nesse nível, a gestão estratégica da qualidade se integra e é direcionada pela estratégia do negócio e tem por objetivo gerenciar a melhoria e mudança para capacitar a empresa a atender, de forma melhor ou igual à concorrência, aos requisitos dos clientes dos segmentos de mercado que a empresa escolheu atender e ao mesmo tempo gerar resultados financeiros satisfatórios. As decisões estratégicas sobre como competir no mercado devem guiar os esforços de melhoria da qualidade e redução de desperdícios. Além dessas questões, a gestão estratégica da qualidade inclui um processo iterativo de revisão de progresso, que consiste na análise de desempenho da empresa decorrente das decisões planejadas e implementadas e replanejamento e implementação de ações, visando à obtenção de resultados que garantam a competitividade e sustentabilidade do negócio.

Aplicando os métodos e ferramentas neste nível é possível traçar

objetivos futuros para diversos aspectos, como projetos para novos produtos, níveis

de satisfação dos clientes, planejamento para atuação em novos mercados,

acompanhamento de resultados, e outros. Posteriormente, estes aspectos serão

norteadores, baseando todas as ações, também, no nível operacional da empresa,

que devem estar de acordo com os objetivos futuros para que a gestão da qualidade

seja aplicada com sucesso na empresa.

2.4.1.2 Nível operacional

O nível operacional compreende as ações, atuantes nas organizações,

que buscam a melhoria contínua no processo produtivo propriamente dito, a

definição desse nível pode ser vista em Falconi (2012, p. 3)

29

Nível operacional: nesse nível, a gestão da qualidade se integra com as atividades de gestão dos processos de realização do produto (processos da cadeia de valor e suporte). Ela tem por objetivo garantir que os atributos de produtos e outros requisitos dos clientes sejam atendidos da melhor forma possível, ao mesmo tempo buscando melhoria de resultados e redução de custos da não qualidade e outros desperdícios decorrentes da falta de eficiência do sistema produtivo para gerar resultados que atendam às demandas dos clientes. Também nesse caso, a gestão da qualidade é um processo iterativo de planejamento, ação e revisão de progresso na direção da melhoria contínua de resultados (atendimento de expectativas quanto a atributos de produto e outros requisitos) e redução dos custos da não qualidade e outros desperdícios que geram ineficiência do sistema produtivo.

Aplicando os métodos e ferramentas neste nível é possível garantir que o

produto final vai atender aos requisitos estabelecidos pelo planejamento no nível

estratégico da melhor forma possível, pois, as técnicas da gestão da qualidade vão

atuar em aspectos para melhorar o processo produtivo, reduzir os custos, e outros

2.4.2 Método da gestão da qualidade

Atualmente são conhecidos, pelos meios acadêmico e empresarial,

diversos modelos de gestão da qualidade, aplicados em nível estratégico e

operacional, que foram criados e evoluídos por estudiosos e até mesmo empresas

com o passar do tempo. Um exemplo de método criado por estudiosos é o Ciclo

PDCA, que já foi citado anteriormente, criado por Deming e Shewhart e um exemplo

de método criado no meio empresarial é o Seis Sigma, desenvolvido por

funcionários da Motorola e que é difundido para outras empresas através da

Motorola University, que capacita pessoas para a aplicação do Seis Sigma. Além

desses dois e de outros métodos já citados anteriormente, podemos citar as técnicas

Benchmarking e Sistemas de Medição de Desempenho (SMD) na gestão estratégica

da qualidade e Desdobramento da Função Qualidade (QFD), Análise do Modo e do

Efeito da Falha (FMEA) e 5S na gestão operacional, entre outros.

Neste ponto é importante observar o que diz Falconi (2004, p. 238)

Convém ressaltar a diferença entre método e ferramenta. O método é a sequência lógica para se atingir a meta desejada. A ferramenta é o recurso a ser utilizado no método. De nada adianta conhecer várias ferramentas (sete ferramentas do controle da qualidade, se ferramentas da administração, planejamento de experiências, análise da variância, tecnologia de processo, etc.) se o método não é dominado.

30

Este trabalho visa apresentar as técnicas, método e ferramentas, que

foram utilizadas para a implantação da gestão da qualidade no escritório de

contabilidade em questão no estudo de caso. Como método principal, foi escolhido

um método, que segundo Carpinetti (2012, p. 39), é uma versão mais detalhada do

PDCA, o Método de Análise e Solução de Problemas (MASP), também conhecido

como QC Story.

O MASP foi escolhido como método porque é baseado no método mais

básico de gestão da qualidade, o Ciclo PDCA, o que significa ser um método

relativamente simples e ao mesmo tempo profundo, qualidades que são valorizadas

para a primeira experiência de implantação numa empresa. Além disso, é um

método que pode ser aplicado nos dois níveis de gestão, como explica Carpinetti

(2012, p. 4):

O PDCA se aplica tanto para a gestão estratégica como para a gestão das operações. A aplicação do PDCA pode ser assistida por um conjunto de técnicas qualitativas ou quantitativas, que auxiliam os processos de tomada de decisão do ciclo PDCA para a gestão da qualidade e melhoria.

Ainda em Carpinetti (2012, p. 38), é possível verificar as quatro fases do

PDCA e entender melhor porque ele é considerado um método de melhoria

contínua, bem como na figura 4 a ideia é ilustrada de forma clara.

(P) Planejamento: em um ciclo completo, inclui: identificação do problema; investigação de causas raízes; proposição e planejamento de soluções; (D) Execução: preparação (incluindo treinamento) e execução das tarefas de acordo com o planejado; (C) Verificação: coleta de dados e comparação do resultado alcançado com a meta planejada; (A) Ação corretiva: atuação sobre os desvios observados para corrigi-los. Se necessário, replanejamento das ações de melhoria e reinício do PDCA.

Figura 4 – Ciclo PDCA. FONTE: Carpinetti. 2012.

31

O Método de Análise e Solução de Problemas (MASP) ou QC STORY

divide ainda mais estas fases, duplicando a quantidade delas, assim, o MASP, se

torna mais específico em suas atividades em relação ao Ciclo PDCA, como

Carpinetti (2012, p.40) exemplifica:

1. identificação do problema: nessa fase, procura-se identificar os problemas mais críticos e, portanto, mais prioritários; 2. observação: objetiva a caracterização completa do problema para aumentar a chance de se identificarem as causas do problema; 3. análise: nessa fase, busca-se levantar as causas raízes ou fundamentais do problema em questão; 4. plano de ação: depois de identificadas as supostas causas fundamentais, o objetivo desta fase é elaborar e detalhar um plano de ação para a eliminação ou minimização dos efeitos indesejáveis das causas fundamentais; 5. ação: consiste na implementação do plano de ação; 6. verificação: consiste na avaliação de resultados para a verificação se a ação foi eficaz na eliminação ou minimização do problema. Caso o resultado não tenha sido satisfatório, o processo é reiniciado pela observação e análise do problema. Caso contrário, segue-se para a próxima etapa; 7. padronização: visa introduzir as ações implementadas na rotina de operação do processo ou atividade, de forma a prevenir o reaparecimento do problema; 8. conclusão: o processo é finalizado com o registro de todas as ações empreendidas e resultados obtidos, para posterior recuperação de informações e histórico.

Figura 5 – Etapas do Método de Análise e Solução de Problemas (MASP). FONTE: Carpinetti, 2012.

32

A figura 5 ilustra o fluxograma e todas as fases do MASP, demonstrando

como ele é baseado no ciclo PDCA. É possível utilizar o MASP para solucionar

problemas em todas as áreas da organização, usando esse método e ferramentas

auxiliares em cada etapa pode-se implantar com sucesso a gestão da qualidade,

Falconi (2004, p. 235) traduz essa ideia da seguinte forma:

O “método de solução de problemas”, também chamado pelos japoneses de “QC STORY”, é peça fundamental para que o “controle da qualidade possa ser exercido”. Como o controle de qualidade via PDCA é o modelo gerencial para todas as pessoas da empresa, este método de solução de problemas deve ser dominado por todos. Todos nós brasileiros precisamos ser exímios solucionadores de problemas. O domínio deste método é o que há de mais importante no TQC.

Mais adiante, no quarto capítulo, Estudo de Caso, será demonstrada a

aplicação prática do MASP ou QC STORY no escritório de contabilidade, esta

aplicação será realizada juntamente com as ferramentas e técnicas de gestão da

qualidade que auxiliaram na implantação do método e são apresentadas nos

próximos subitens.

2.4.3 Ferramentas da gestão da qualidade

As ferramentas da gestão da qualidade atuam basicamente para facilitar a

coleta e análise de dados, identificação e estratificação de problemas, elaboração e

implementação de ações e análise resultados obtidos.

Dentre essas ferramentas algumas são bastante difundidas no ambiente

da gestão da qualidade, Carpinetti (2012, p.76) relaciona estas ferramentas da

seguinte forma:

Para auxiliar o desenvolvimento dessas ações, foram criadas várias ferramentas, classificadas como As Sete Ferramentas da Qualidade, que compreendem: 1. estratificação; 2. folha de verificação; 3. gráfico de Pareto; 4. diagrama de causa e efeito; 5. histograma; 6. diagrama de dispersão; 7. gráfico de controle. Outras ferramentas, normalmente conhecidas como As Sete Ferramentas Gerenciais, são: 1. diagrama de relações; 2. diagrama de afinidades; 3. diagrama em árvore; 4. matriz de priorização; 5. matriz de relações;

33

6. diagrama de processo decisório (Process Decision Program Chart); 7. diagrama de atividades (diagrama de flechas). Além dessas, outras ferramentas da qualidade bastante difundidas são: - 5S; - mapeamento de processos; - 5W1H (O quê, Por quê, Onde, Quando, Quem, Como).

Algumas destas ferramentas são aplicadas no estudo de caso, em

conjunto com o método Método de Análise e Solução de Problemas (MASP) e

outras técnicas para a solução de problemas como o benchmarking e o shake-down,

entre outras. Também são utilizados procedimentos iniciais adaptados do TQC,

onde, as ferramentas e as técnicas utilizadas são apresentadas nos subitens a

seguir a os procedimentos iniciais adaptados do TQC são explicados no subitem

Resultados e Discussões do Capítulo 4, porém, antes das devidas apresentações e

explicações das ferramentas e técnicas auxiliares, é importante destacar outra

classificação das ferramentas utilizadas na gestão da qualidade, pois, Falconi (2012,

p. 77), ainda classifica genericamente estas ferramentas quanto as suas finalidades:

identificação e priorização de problemas; gerenciamento da qualidade; elaboração e

implementação de soluções e verificação de resultados, como é visto na Tabela 1.

Finalidade Ferramenta

Amostragem e estratificação

Folha de verificação

Identificação e Histograma, medidas de locação e variância

priorização de problemas Gráfico de Pareto

Gráfico de tendência, gráfico de controle

Mapeamento de processo

Matriz de priorização

Estratificação

Diagrama espinha de peixe

Gerenciamento da Diagrama de afinidades

Qualidade Diagrama de relações

Relatório das três gerações (passado, presente, futuro)

Diagrama árvore

Elaboração e Diagrama de processo decisório

implementação de soluções 5W1H

5S

Amostragem e estratificação

Folha de verificação

Verificação de resultados Histograma, medidas de locação e variância

Gráfico de Pareto

Gráfico de tendência, gráfico de controle Tabela 1 – Principais finalidades das ferramentas da qualidade. FONTE: Carpinetti,

2012.

34

Como pode-se observar algumas ferramentas são utilizadas para mais de

uma finalidade, uma amostra disso são as ferramentas de verificação de resultado,

todas elas também são utilizadas também para a identificação e priorização de

problemas e a ferramenta Estratificação, que pode ser aplicada para a identificação

e priorização de problemas, gerenciamento da qualidade e verificação de resultados.

A seguir as ferramentas e técnicas auxiliares utilizadas na gestão da qualidade do

escritório de contabilidade do estudo de caso são apresentadas com uma breve

explicação de cada uma delas, pois, no estudo de caso a utilização das mesmas

ficará mais clara.

2.4.3.1 Procedimentos Iniciais

Os procedimentos iniciais de implantação da gestão da qualidade no

escritório de contabilidade em questão basearam-se nos procedimentos iniciais para

a implantação do TQC, encontrado em Falconi (2004, p. 200).

A ideia do TQC pode ser levada à empresa por qualquer pessoa. No entanto, a primeira coisa a ser feita é um seminário de pelo menos 1 dia (6 horas líquidas) para a diretoria da empresa. Este seminário é superficial e introdutório e deve ser seguido, mais tarde, de outras formas de educação e treinamento. Após o seminário, a diretoria deve se dar um tempo para estudar, aprofundar-se no assunto, visitar outras empresas que já estejam implantando o programa, discutir e decidir em consenso pela implantação. Após a decisão, a diretoria deve emitir o “Comprometimento do Presidente”, que visa a declarar a razão da implantação do TQC, que é a sobrevivência futura da empresa à competição internacional. Este comprometimento deve ser feito da seguinte maneira: a. Defina a situação atual da empresa em relação à sua competitividade

internacional. Responda concretamente e, se possível, por meio de números as razões que impedem a empresa de ser mais competitiva (Custo? Qualidade? Etc.). Por que não exportamos mais? Por que não aumentamos nosso market-share?

b. Estabeleça “metas de sobrevivência”. Por exemplo: nosso pessoal de vendas nos informa que nossas deficiências em exportação são devidas à qualidade de nossos produtos. O mercado internacional pratica um “índice de imperfeição no produto X” de 5 a 10. Nosso índice atual médio é 19,5. Nossa meta de sobrevivência imediata é reduzir o índice de imperfeição para a média de 7,5 em um ano. Isto nos possibilitaria exportar o excesso de produção.

c. Estabeleça estratégias para atingir estas metas. Estas estratégias são os grandes procedimentos recomendados pela diretoria para o atingimento das metas. A implantação do TQC é uma das estratégias (o TQC é meio para se garantir a sobrevivência da empresa).

d. Estabeleça o “Comitê de Implantação do TQC”. e. Nomeie o “Coordenador do TQC”.

35

O Controle da Qualidade Total (TQC) é um dos métodos de gestão da

qualidade mais completos que existe, como o próprio nome diz, o objetivo dele é

atingir a qualidade total nos processos da organização.

Como dito anteriormente, os procedimentos iniciais da gestão da

qualidade implantada no escritório de contabilidade é baseada no TQC, porém, o

método a ser praticado é o MASP, pois, o TQC apresenta um grau de complexidade

maior e exigências que no momento o escritório de contabilidade não pode cumprir,

por outro lado, o MASP apresenta características que se enquadram no perfil atual

do escritório e pode ser utilizado como alavanca para uma posterior implantação do

TQC no escritório, isso pode ser justificado por Falconi (2004, p. 199):

A implantação de um programa de qualidade é um processo de aprendizado e, portanto, não deve ter regras muito rígidas mas estar adaptada às necessidades, usos e costumes da empresa. Um programa de qualidade deve ser visto como o aperfeiçoamento do gerenciamento já existente.

Dessa forma, deixa-se claro que a implantação da gestão da qualidade no

estudo de caso é baseada em conhecimentos teóricos e busca, em um primeiro

momento, aperfeiçoar a administração já existente.

2.4.3.2 Shake-Down

Antes de começar a resolver os problemas com o objetivo de conseguir a

melhoria contínua é necessário identificar os problemas, por isso, foi utilizado o

shake-down, que é um programa simplificado utilizado para a identificação dos

problemas. Falconi (2004) apresenta três tipos de shake-down, o Método

Simplificado no Nível de Seção, o Método Simplificado no Nível de Alta Direção e O

Método Definitivo. No estudo de caso, ele foi aplicado nos níveis dos setores, ou

seja, foi utilizado o Método Simplificado no Nível de Seção, para a identificação dos

problemas mais simples e que em curto prazo pode-se implementar ações para as

soluções dos mesmos, este método é conceituado por Falconi (2004, p. 63) da

seguinte maneira:

No início de um programa de implantação de controle da qualidade total as chefias ainda não possuem seus itens de controle e nem mesmo dados suficientes para tê-los. Fica então difícil levantar os problemas por meio dos itens de controle. Portanto, nesta fase adota-se o método simplificado no nível de seção. A vantagem deste método no estágio inicial do TQC é que os problemas ficam circunscritos ao ambiente da própria seção, sendo mais fácil levantar os dados necessários para resolvê-los.

36

Ou seja, o shake-down é de grande importância para o início da

implantação da gestão da qualidade, pois, é um método de fácil aplicação e que

atua no alcance dos primeiros resultados a curto prazo, enquanto a implantação do

sistema de qualidade da empresa está sendo planejada e implantada por completo

em todos os níveis e setores do escritório, pois, esta implantação por completo,

como explicada anteriormente, é realizada em um prazo maior e deve ser evoluída e

mantida enquanto a empresa estiver funcionando.

2.4.3.3 Benchmarking

O benchmarking é um método geralmente utilizado para comparar os

produtos ou serviços de uma organização com os produtos ou serviços oferecidos

pela concorrência direta ou segundo a Fundação Nacional da Qualidade (FNQ),

benchmarking é:

Método para comparar desempenho de algum processo, prática de gestão ou produto da organização com o de um processo, prática ou produto similar, que esteja sendo executado de maneira mais eficaz e eficiente, na própria ou em outra organização, entender as razões do desempenho superior, adaptar à realidade da organização e implementar melhorias significativas.

Sabe-se da existência de diversos tipos de benchmarking, Carpinetti

(2012) cita pelo dois tipos classificados quanto ao objeto de estudo, o benchmarking

de produto e o benchmarking de processo, e quatro tipos classificados quanto à

natureza do parceiro, o benchmarking interno, benchmarking competitivo,

benchmarking funcional e o benchmarking genérico.

O benchmarking aplicado ao estudo de caso é o de produto, que funciona

da seguinte forma, conforme Carpinetti (2012, p. 234):

Benchmarking de produto: é o tipo de benchmarking mais praticado. A prática do benchmarking começou com benchmarking de produto. A prática mais comum é as empresas fazerem benchmarking sem declarar que o fazem. Essa prática de analisar o produto do concorrente e incorporar conceitos, soluções e tecnologias dos concorrentes é limitada pelas proteções legais das patentes. Mas o esforço de dissecar o produto do concorrente e por meio de uma engenharia reversa reproduzir os atributos do produto concorrente é, na maioria das vezes, limitado pela falta de conhecimento sobre as tecnologias dos processos de fabricação.

Para ter sucesso no uso dessa ferramenta é necessário, segundo

Carpinetti (2012, p. 226), seguir quatro fases: conhecer, objeto de estudo, identificar

37

fontes de informação e parceiros, fazer comparações e trocar experiências e definir

ações, implementar e rever progresso. A utilização desta técnica se dará

respeitando cada uma dessas fases, e será realizada, além da pesquisa de produtos

de empresas da mesma área, pela forma de pesquisas em literatura especializada e

em estudos realizados por entidades contábeis, em periódicos dedicados a atividade

contábil, na legislação vigente e na rede mundial de computadores.

Pode-se classificar esse método, como um método estratégico, pois,

através dele é possível identificar em quais fatores a empresa precisa melhorar para

continuar competitiva diante dos concorrentes.

2.4.3.4 5W1H

Uma das ferramentas utilizadas para a implementação e

acompanhamento das ações de melhoria é a tabela 5W1H, é uma tabela que,

adaptada de Carpinetti (2012, p. 134), deve constar as seguintes informações:

- O quê (What): breve descrição da ação a ser implementada; - Por quê (Why): justificativa para a implementação da ação; - Onde (Where): em que unidade, processo ou área de ação será implementada; - Quem (Who): Quem será responsável pela implementação da ação; - Quando (When): quais são as datas de início e fim da ação; - Como (How): breve descrição sobre como a ação será implementada

Carpinetti (2012), demonstra a tabela 5W2H, onde o segundo “H” é o

Custo (How much). A opção de usar a tabela 5W1H, ferramenta apresentada em

Falconi (2004), se deu pela falta de dados para o controle de custos da implantação

da gestão da qualidade, pois, nesse momento não foi usado aporte de capital para

implantação da mesma.

O quê Quem Quando Onde Por quê Como

Tabela 2 – 5W1H. FONTE: Carpinetti, 2012.

38

Preenchendo esta tabela seguindo as devidas orientações é possível

estabelecer um plano de ação que será o norteador de todas as atividades

desenvolvidas pela gestão da qualidade, de tal forma, que após a realização das

ações também será possível a verificação das mesmas pela própria tabela.

2.4.3.5 Diagrama de Causa e Efeito

O Diagrama de Causa e Efeito, também é conhecido como Diagrama de

Espinha de Peixe, por seu formato lembrar a espinha de um peixe e ainda tem outra

denominação, Diagrama de Ishikawa, em referência ao professor japonês que

elaborou o diagrama, Kaoru Ishikawa. Esta ferramenta tem o objetivo de traçar as

ligações dos problemas como os seus respectivos efeitos, e assim, facilitar a

visualização das causas de efeitos indesejáveis. Como explica Carpinetti (2012, p.

83):

O diagrama de causa e efeito foi desenvolvido para representar as relações existentes entre um problema ou o efeito indesejável do resultado de um processo e todas as possíveis causas desse problema, atuando como um guia para a identificação da causa fundamental deste problema e para a determinação das medidas corretivas que deverão ser adotadas.

Dessa maneira, justifica-se a utilização dessa ferramenta, pois, ela é uma

facilitadora para se determinar as verdadeiras causas de problemas e ajudar na

resolução dos mesmos.

2.4.3.6 Diagrama de Relações

O Diagrama de Relações é uma ferramenta facilitadora para a

visualização das conexões que um fator problemático tem com outro, através dele,

também é possível visualizar no processo as causas-raízes de um efeito indesejável

mais grave.

O conceito do Diagrama de Relações pode ser encontrado em Carpinetti

(2012, p. 93).

Essa ferramenta tem por objetivo estabelecer relações de causalidade entre diferentes fatores. Ela se constitui em um mapa de relações de causa e efeito entre o efeito indesejável em estudo e as suas causas fundamentais. É normalmente usada para levantamento de possíveis causas-raízes de um problema, na fase de análise de um processo de melhoria. O diagrama de relações pode ser usado como uma alternativa ou complemento ao

39

diagrama espinha de peixe, já que ele mostra de forma mais clara as relações de causa e efeito.

Esta ferramenta poderá ser observada mais adiante na prática do estudo

de caso, como complemento do Diagrama Espinha de Peixe para uma melhor

visualização das causas-raízes de efeitos indesejáveis.

Figura 6 – Modelo diagrama de relações de causa e efeito. FONTE: Carpinetti, 2012.

2.4.3.7 Diagrama de Processo Decisório

Após o levantamento de ideias é necessário saber a viabilidade de

coloca-las em prática, descartando aquelas que não são viáveis, para isso a

ferramenta Diagrama de Processo decisório se faz bastante útil, esse conceito fica

claro em Carpinetti (2012, p. 101).

O diagrama de processo decisório é uma ferramenta que procura sistematizar o processo de decisão, ilustrando por meio de um diagrama em árvore o encadeamento entre as decisões tomadas e as consequências ou desdobramentos dessas decisões. As decisões podem se referir a explicações para um problema sendo analisado ou podem se referir a ações para se atingir determinado objetivo. A decisão decorre de um processo de análise, em que as alternativas são identificadas e analisadas quanto à sua viabilidade e eficácia ou probabilidade de ocorrência.

Dispersão de

resultados

Distorção da

peça

Aperto excessivo

da peça

Propriedades da

matéria-prima

Distorção do

dispositivo

Desgaste acelerado

da ferramenta

Projeto do

produto

Problema com

o fornecedor

Falta de

treinamento

Projeto do

dispositivo

Ajuste da

máquina

40

Dessa forma, esse diagrama se torna de fundamental importância para

decidir de forma simples se determinada ação será colocada em prática ou não, a

figura 8 ilustra o Diagrama de Processo Decisório.

Figura 7 – Diagrama de processo decisório. FONTE: Carpinetti, 2012.

2.4.3.8 5S

Para uma melhoria no ambiente de trabalho, através de uma

reorganização, foi utilizado a ferramenta 5S, que segundo Carpinetti (2012, p. 102),

é um conjunto de conceitos e práticas que tem por objetivos principais a organização

e racionalização do ambiente de trabalho.

Tabela 3 – 5S. FONTE: Carpinetti, 2012.

Japonês Português

Utilização

1º S Seiri Senso de Arrumação

Organização

Seleção

Ordenação

2º S Seiton Senso de Sistematização

Classificação

3º S Seiso Senso de Limpeza

Zelo

Asseio

4º S Seiketsu Senso de Higiene

Saúde

Integridade

Autodisciplina

5º S Shitsuke Senso de Educação

Compromisso

A alternativa é viável?

Descartar a alternativa

A alternativa é satisfatória?

Descartar a alternativa

Levar a outras avaliações

Não

Não

Sim

Sim

41

Com surgimento no Japão, os 5S’s se referem aos cinco passos para a

implantação do programa: seiri, seiton, seiso, seiketsu e shitsuke. Cada etapa

obedece a conceitos conforme a Tabela 3, e sua implantação se fez necessária no

estudo de caso para atingir melhores níveis de organização em todos os setores do

escritório.

42

3 Metodologia

O presente trabalho é estruturado em quatro capítulos principais:

O primeiro capítulo, que se subdivide em itens, onde se destacam

os conceitos da gestão da qualidade, atribuições do profissional da

área contábil e a relação entre o profissional da contabilidade e a

gestão da qualidade.

O segundo capítulo, que é dividido em definições das técnicas de

implantação da gestão da qualidade em nível operacional e em

nível estratégico.

O terceiro capítulo, que se subdivide na descrição do campo de

estudo, das atividades desenvolvidas, resultados e discussões.

O quarto capítulo, opinião sobre os achados relevantes.

Para atingir os objetivos cada capítulo elencado, foi empregado como

método um levantamento bibliográfico, a partir do qual se examinaram definições

conceituais de gestão da qualidade, seus objetivos, entre outros. Esta base

científica, acompanhada das técnicas da gestão da qualidade, será referência

comparativa aos processos verificados por meio de métodos de questionário,

entrevistas, observação e levantamento documental. O estudo de caso teve origem

em um texto descritivo e qualitativo a respeito do que está sendo executado, tendo

como objetivo alcançar uma avaliação qualitativa sobre a adaptação dos

procedimentos de gestão empregados, quando confrontados com os conceitos e

técnicas da gestão da qualidade.

43

4 ESTUDO DE CASO

4.1 Descrição do campo de estudo

O estudo foi realizado em um escritório de contabilidade domiciliado na

cidade de Fortaleza – CE desde 1992, o qual atende clientes da cidade e região.

Para o recolhimento de dados que embasaram esta descrição foram utilizados

instrumentos e documentos da empresa, como documentos operacionais, pesquisas

internas, relatórios gerenciais e observação.

A atividade é explorada por pessoa jurídica de natureza limitada e a

empresa conta com 9 (nove) pessoas, o contador responsável, 7 (sete)

colaboradores internos e 1 (um) que faz serviços externos. É importante salientar

que o escritório apresenta uma estrutura de uma empresa familiar, pois dentre os 8

(oito) funcionários internos, 4 (quatro) possuem algum grau de parentesco com o

contador responsável.

O escritório possui uma área física de aproximadamente 100 (cem)

metros quadrados e uma pequena filial em Horizonte – CE que atende a clientes da

região metropolitana e alguns do interior do estado. O escritório principal é dividido

em três espaços, são duas salas, na sala maior trabalham cinco colaboradores e na

sala menor o responsável técnico e um espaço para arquivo morto. A filial se trata

de uma pequena sala comercial onde trabalham outros dois colaboradores.

As atividades operacionais são divididas em quatro principais setores:

setor Contábil, Fiscal, Trabalhista, e de Administração dos trabalhos internos. Além

dos setores citados, o escritório possui duas atividades extras, que não chegam a

constituir uma estrutura independente que possa considerar um setor, são atividades

adicionais: os serviços externos e o de arquivamento.

O setor contábil realiza as escriturações dos livros diário e razão contábil,

compreendendo receitas, despesas, custos, provisões, entre outras, a validação,

assinatura e o envio através do SPED, assim como seu respectivo registro nos

órgãos competentes.

No setor fiscal estão compreendidas as atividades de escrituração fiscal

de notas fiscais de entrada, saída e prestação de serviços, bem como a apuração

dos cálculos de tributos e contribuições, além das obrigações acessórias como a

44

Escrituração Fiscal Digital (EFD), a Declaração de Débitos e Créditos Tributários

Federais (DCTF), e outras.

O setor trabalhista faz atividades de cálculo de folhas de pagamento,

admissões, horas extras, descontos sindicais, assistenciais, descontos de faltas,

geração e transmissão de informativos como Guia de Informações à Previdência

Social (GFIP), Guia de Recolhimento do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço

(FGTS), Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (CAGED), Contribuição

ao Instituto Nacional de Seguridade Social (INSS), cálculo e emissão de guias de

FGTS, Imposto de Renda Retido na Fonte, e outros.

No setor societário são realizadas as atividades de constituições,

alterações e baixas cadastrais em órgãos como a Junta Comercial do Estado do

Ceará (JUCEC), Cartório de Registro de Pessoas Jurídicas, Receita Federal,

Receita Estadual, Prefeitura, Vigilância Sanitária, e outros.

Finalmente, o setor de administração dos trabalhos internos envolve a

distribuição de tarefas, controle de recebimentos de documentos, manutenção das

boas condições de trabalho para os funcionários, controle financeiro de

recebimentos de honorários contábeis e despesas, atualização diária em legislações

federais, estaduais e municipais, para posterior atualização do colaborador

responsável pela execução de tarefas relacionadas com o que se modificou.

Os colaboradores não trabalham apenas em um dos setores, todos eles

possuem funções que se integram em mais de um setor. Com exceção de dois

funcionários, um que atua exclusivamente em procedimentos de serviços externos

ao escritório, executando transportes de documentos e resoluções de pequenas

pendências e outro que é responsável pelo setor trabalhista.

O contador responsável executa tarefas operacionais e atua no setor de

administração dos trabalhos internos.

No setor contábil atuam, incluindo o contador responsável, cinco dos

funcionários, destes, quatro atuam no setor fiscal. No que se refere ao setor

trabalhista, o número de funcionários envolvidos é dois, um deles também está

envolvido no setor fiscal. No societário não existe funcionário específico para a

realização dos serviços envolvidos, o contador responsável, em regra geral, distribui

as tarefas de acordo com o que julgar necessário para executar os trâmites na junta

comercial e cartórios, nas receitas federal e estadual, prefeitura e outros. No quinto

setor, o de administração dos trabalhos internos, atuam o contador responsável e

45

um funcionário que também atua no setor contábil, eles executam atividades

relacionadas com a coordenação dos demais setores, além de questões

administrativas no que se refere à própria organização. É importante salientar que,

com exceção do setor trabalhista, que possui um colaborador responsável, todos os

outros setores ficam sob a coordenação do contador responsável, e ele que

determina as tarefas a serem executadas por cada funcionário.

Como citado, a maioria dos funcionários desempenham funções mistas,

incluindo-se a função de arquivamento, porém, existe uma divisão de tarefas feita

pelo contador responsável com o intuito de que cada funcionário se dedique mais a

um determinado setor.

4.2 Descrição das atividades desenvolvidas no campo de estudo

Neste capítulo foram realizadas descrições das atividades que são

praticadas no escritório estudado, ainda não procedendo às avaliações e

julgamentos acerca das atividades desenvolvidas em cada setor.

Os procedimentos aqui descritos se dividem nos cinco setores existentes,

que compreendem: setor contábil, setor fiscal, trabalhista, societário e de

administração dos trabalhos internos, tendo ainda em sua estrutura as atividades

adicionais: serviço externo e serviço de arquivamento. Para suporte na realização e

integração das atividades realizadas em cada setor, o escritório objeto de estudo

utiliza um software próprio de contabilidade.

É importante salientar que todos os clientes celebram com o escritório

estudado um contrato, no momento do início da prestação de serviços, o qual

discrimina todas as rotinas que serão desenvolvidas em cada setor para que se

concretizem os serviços prestados. Neste contrato são definidas as relações entre

escritório contábil e cliente, onde também se definem honorários, formas de

pagamento, entre outros aspectos da relação de serviço.

4.2.1 Setor fiscal

Prestam serviço neste setor cinco dos sete funcionários do escritório,

sendo que dois deles além de executarem a escrituração fiscalizam a escrituração

dos outros três. O período do mês que mais se visualiza fluxo de atividades

46

pertencentes ao setor fiscal é o primeiro decêndio do mês. Em tal período, as

atividades relacionadas com este setor possuem prioridade, dentre as atividades

desempenhadas por estes cinco funcionários.

Neste setor se desenvolve:

a) Recebimento de documentos e notas fiscais;

b) Conferência de tais documentos;

c) Lançamento de notas fiscais e posterior revisão;

d) Apuração e cálculo de impostos e contribuições;

e) Arquivamento dos documentos utilizados;

f) Impressão de relatórios de acompanhamento;

g) Geração de guias para recolhimento;

h) Confecção de notas fiscais através de Autorização de Impressão de

Documentos Fiscais (AIDF);

i) Emissão de Certidões Negativas de Débito (CND) nas diversas esferas

de poder;

j) Escrituração Fiscal Digital (EFD).

O recebimento de documentos e notas fiscais dos clientes ocorre sempre

nos dez primeiros dias de cada mês. O funcionário que trabalha externamente

possui um calendário que indica o cronograma para recolher os documentos nos

clientes e entregar para algum funcionário do setor fiscal. Este, por sua vez, separa

os documentos que lhe são úteis, as notas fiscais de entrada, saída e prestação de

serviço e repassa o restante da documentação para quem é o responsável pela

escrituração contábil.

No setor fiscal, antes de proceder a qualquer tipo de lançamento ou

cálculo, os funcionários desde setor avaliam os documentos recebidos, revisando

também se a sequência numérica está correta. O funcionário responsável executa

os lançamentos dos dados, após lançados faz a conferência e posteriormente a

apuração e cálculos dos tributos e contribuições, incluindo a geração das guias de

recolhimento, depois de utilizada a documentação é toda arquivada.

O setor fiscal é responsável pela execução de algumas obrigações

acessórias, como a Declaração Anual do Simples Nacional (DASN), o Demonstrativo

de Apuração de Contribuições Sociais (DACON), a Declaração de Débitos e

47

Créditos Tributários Federais (DCTF), a Escrituração Fiscal Digital (EFD), conhecida

também como SPED-Fiscal e a EFD-Contribuições, todas essas obrigações são

periódicas, algumas mensais e outras anuais, são eletrônicas e ficam armazenadas

em banco de dados.

No setor fiscal, ainda se incluem prestações feitas à Prefeitura Municipal,

que envolvem declaração de notas fiscais de serviços no sistema online. Um

colaborador declara as notas utilizadas, vencidas e anuladas das empresas que

possuem atividade de prestação de serviços.

Outra rotina desde setor é solicitação de Certidões Negativas de Débito,

nas diversas esferas de poder. Nestas atividades, os funcionários só emitem

certidões solicitadas mediante pedido dos clientes, bem como acontece no caso da

AIDF, onde o cliente comunica a necessidade de emissão de blocos de notas de

fiscal e após a emissão dos comprovantes de autorização a gráfica é comunicada

para que se proceda à impressão. Em seguida, comunica-se a empresa solicitante

de que a confecção de suas notas está sob a responsabilidade da gráfica escolhida.

Todas as guias e demais documentos de arrecadação gerados durante as

atividades são entregues pessoalmente ao responsável técnico, que tem a atribuição

de reassar ao colaborador externo para que efetue as entregas em tempo hábil.

Para o encerramento do exercício fiscal é elaborada a Escrituração Fiscal

Digital, tal escrituração é de responsabilidade de dois colaboradores do setor que

procede a conferência dos registros fiscais de todas as empresas obrigadas ao

SPED-Fiscal e a EFD-Contribuições. Após a elaboração e verificação da

escrituração acontece a validação, assinatura e envio online das mesmas.

4.2.2 Setor contábil

No setor contábil estão envolvidos o contador responsável e cinco

funcionários, onde a maioria, quatro deles, também pertencem ao setor fiscal. Não

existe definição de quantas e quais empresas cada um deles é responsável, com

exceção dos funcionários que ficam na filial, pois, eles atendem exclusivamente a

empresas que se localizam na região metropolitana e interior. Os dias de maior

concentração de atividades desde setor ocorrem após o término do período do setor

fiscal, porém, como o contador responsável e um colaborador desempenham

48

também funções relativas a outros departamentos, estes concentram suas

atividades contábeis, quando necessário.

O setor contábil executa as seguintes atividades:

a) Recebimento da documentação contábil;

b) Classificação da documentação para escrituração;

c) Execução dos lançamentos contábeis;

d) Conciliação contábil;

e) Geração de relatórios e demonstrativos contábeis;

f) Arquivamento de documentação utilizada;

g) Escrituração Contábil Digital (ECD);

h) Declaração de Comprovação de Rendimentos (DECORE)

i) Confecção de demonstrativos de faturamento;

j) Cadastro e atualizações de clientes junto a terceiros.

Após as rotinas fiscais, o setor contábil recebe a documentação, a qual é

separada pelos funcionários responsáveis pela escrita fiscal. A documentação

enviada pelos clientes raramente é protocolada, e segue para a separação em

idôneos, que podem ser escriturados contabilmente e inidôneos, que não possuem

as características intrínsecas e extrínsecas essenciais. Algumas destas

características são definidas por Lei, outras pelo senso comum e costumes. Não

possuindo tais características, a documentação não se torna hábil para embasar

lançamentos contábeis, mesmo assim, está documentação é raramente devolvida

para o cliente e consequentemente não existe uma orientação do mesmo a respeito

de quais documentos não são úteis para a contabilidade.

Após separar a documentação para contabilizar, esta é lançada

respeitando os princípios contábeis, depois dos lançamentos acontecem

procedimentos de conciliação, conferência dos lançamentos contábeis e controles

de saldo das contas.

Utilizados os documentos contábeis, estes são separados em dois

grupos. Um deles contendo as guias de impostos e contribuições e demais taxas,

juntamente com todos os documentos que foram gerados pelo escritório. No

segundo grupo, encontram-se os demais, como contas de água, luz, telefone,

duplicatas pagas a fornecedores, entre outros. O primeiro grupo é arquivado em

49

pastas suspensas organizadas de acordo com a empresa e tipo de documento, o

segundo é arquivado em caixas de arquivo morto, separadas por competência e

empresa. Tais caixas contêm externamente referências da documentação que nelas

estão contidas.

No setor contábil são feitas as impressões, encadernações e registro dos

livros Razão e Diário, serviço realizado apenas por um funcionário que participa de

tal setor, com o acompanhamento do contador responsável. Primeiramente, ele

informa, ao cliente, os custos dos livros referente à encadernação e despesas legais,

ao mesmo tempo em que solicita autorização para confecciona-los, com a

autorização concedida o livro é confeccionado e encaminhado a JUCEC para ser

chancelado, após a chancela o funcionário presta contas com o cliente de todas as

despesas referente ao livro e o arquiva no escritório. Em relação aos clientes que se

enquadram no regime de Lucro Real é realizada a Escrituração Contábil Digital

(ECD), também chamada de SPED-Contábil, onde dois funcionários ficam

encarregados de transmitir as versões digitais dos livros contábeis, com a validação

e assinatura do contador responsável.

Outro serviço que pertence a este setor é o da elaboração das

declarações de rendimentos, DECORE, através do site do Conselho Federal de

Contabilidade, estas declarações são atribuições de um funcionário. Também são

elaboradas relações de faturamentos que comprovam, perante terceiros, os

rendimentos líquidos de cada mês a que se referir. Todos estes documentos

comprovantes de renda ou faturamento apenas são emitidos com autorização e

apreciação do contador responsável.

Os demais cadastros e atualizações dos clientes perante instituições

segue a mesma lógica que os comprovantes de renda e faturamento, quando

necessário, um funcionário é designado para a emissão de tais relatórios, mediante

levantamento de dados, assim confeccionados, são apreciados pelo contador

responsável e assinados quando se fizer necessário.

4.2.3 Setor trabalhista

Neste setor estão envolvidos dois funcionários. Um deles sendo exclusivo

do setor e outro que também possui ligação com o setor fiscal. Para este último, o

período de maior movimento se inicia logo após o término das atividades fiscais, que

50

normalmente ocorre no final do primeiro decêndio do mês. Para o outro, o fluxo mais

significante de rotinas do setor trabalhista se concentra no último decêndio do mês

em referência, porém, quando requisitados em outras épocas do mês, atende a

eventuais necessidades, como são casos de admissões e rescisões de contratos de

trabalho.

As atividades desenvolvidas no setor trabalhista são:

a) Atualização de dissídios;

b) Consultas a sindicatos;

c) Recepção de documentos relacionados ao setor;

d) Cálculos da folha de pagamento mensal;

e) Cálculo e impressão de guias de recolhimento, contribuições e

descontos;

f) Registro de admissões;

g) Elaboração de rescisões;

h) Comunicação de tais movimentações à Caixa Econômica Federal

(CEF);

i) Elaboração de CAGED;

j) Emissão de documentos relacionados aos recursos humanos, como

extratos mensais e recibos de pagamento;

k) Elaboração de avisos prévios, contratos de experiência, recibos de

férias, entre outros;

l) Recepção de atestados médicos para que se registre o afastamento de

funcionários;

m) Atualizações dos Livros Registro de Empregados;

n) Atualizações de Carteiras de Trabalho;

o) Elaboração de GFIP;

p) Requisição de extratos de contas de FGTS junto à CEF;

q) Arquivamento de documentos.

Primeiramente os funcionários desde setor iniciam um processo de

atualização legal, que envolve a leitura e compreensão de alterações em legislações

com ligação a recursos humanos, tais alterações são evidenciadas para cada um

destes funcionários pelo contador responsável. Uma das principais atualizações

51

feitas é a de dissídios, tais acordos são sempre revisados, e confirmados junto aos

sindicatos que representam cada categoria, para confirmar os valores de piso,

bonificações e descontos do mês sobre o qual irão ser realizados os cálculos de

folha de pagamento.

Para as admissões, o funcionário solicita uma série de documentos

necessários para fazer os registros necessários. Depois de efetuada tal admissão,

os documentos do funcionário admitido são arquivados numa pasta específica para

documentos trabalhistas.

Durante todo o período do mês corrente são recebidos dos clientes,

documentação que têm relação com tal setor. Estes documentos são, por vezes,

recepcionados diretamente pelo funcionário responsável do setor trabalhista, e, em

outros casos, recepcionados por outro funcionário que os repassa para o

responsável. Tais documentos envolvem livros de registros de empregados,

relatórios de faltas, relatórios de férias e outros.

Depois de receber os documentos e registrar os dados neles contidos,

são procedidos os cálculos de folha de pagamento, que envolvem férias, descanso

semanal remunerado, cálculos de médias para férias e décimo terceiro salário,

cálculos das guias de INSS e FGTS, descontos sindicais e assistenciais, adicionais

de insalubridade, periculosidade, adicionais de quebra de caixa, adicionais por

tempo de serviço, auxílio-creche, maternidade, alimentação, descontos de vale

transporte, entre outros cálculos. Juntamente com os cálculos mensais de folha de

pagamento são feitos os de rescisões do contrato de trabalho, ou término dos

contratos de experiência. Todas as guias e contribuições geradas são impressas e

entregues ao responsável técnico para as respectivas distribuições entre clientes e o

colaborador do serviço externo.

Nos casos de rescisões e afastamentos diversos são feitos os

comunicados à CEF que é responsável pela administração das contas de FGTS dos

empregados. Rescisões e admissões também são controladas e informadas ao

Ministério do Trabalho e Emprego, através do CAGED, que é mensalmente

entregue.

Posteriormente a estes processos, são impressos todos os documentos

gerados, como a folha de pagamento, os contracheques de pagamento, os

CAGED’s, as GFIP’s, os relatórios de férias, as guias e contribuições, as relações de

descontos efetuados, entre outros.

52

Neste setor é realizado também as atualizações dos livros de registro de

empregados de cada empresa, que contém todas as admissões e rescisões de cada

funcionário com o histórico atualização de férias, contribuições sindicais pagas e

alterações salariais. Sendo que tais livros, via de regra, encontram-se guardados em

um mesmo armário do escritório e, alguns poucos, em poder do cliente.

Esta mesma atualização que se procede nos livros registro de

empregados, é feita nas carteiras de trabalho dos funcionários de cada cliente,

porém, tais carteiras não ficam em posse do escritório devendo estas ficar sob o

domínio do seu proprietário.

Toda a documentação, tanto a gerada, como a utilizada como base para

cálculos de folha de pagamento, é arquivada no arquivo geral da empresa, fazendo

com que os colaboradores desde setor não tenham arquivos próprios no que se

refere a departamento trabalhista.

4.2.4 Setor societário

Neste setor são realizados todos os procedimentos que visam regularizar

e legalizar as empresas clientes, no que se referem a constituições, alterações e

baixas cadastrais, nas três esferas de governo. Estão envolvidos com estes

procedimentos o contador responsável e o funcionário externo. Não há um período

do mês ou do ano no qual as atividades desenvolvidas neste setor se concentram,

elas ocorrem de acordo com a demanda dos clientes. As atividades desenvolvidas

neste setor se relacionam com repartições de todas as esferas de governo: Junta

Comercial, Cartório de Registro de Pessoas Jurídicas, Receita Federal, Receita

Estadual, Prefeitura Municipal e demais órgãos governamentais.

O primeiro evento é a chegada ao escritório, da informação de que irá se

proceder a uma constituição, alteração ou baixa cadastral. Em qualquer caso, o

interessado em tais procedimentos faz a solicitação ao escritório. Algumas

orientações preliminares são informadas, como, por exemplo, documentação

necessária para tal procedimento. É o contador responsável que realiza às primeiras

orientações a respeito do que se pretende fazer. Para isso, o responsável não

dispensa o contato de forma pessoal, o qual é realizado através de reuniões.

Neste ponto é válido salientar que algumas empresas possuem registros

ou cadastros específicos em decorrência da atividade que exercem. São casos de

53

empresas que prestam informações ao Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos

Recursos Naturais Renováveis (IBAMA), outros casos de empresas que necessitam

de licenças de operações expedidas ou pela secretaria da prefeitura em questão, ou

pela Superintendência Estadual do Meio Ambiente (SEMACE), assim como casos

de registros em conselhos de classes profissionais e outros órgãos.

Os documentos e demais dados solicitados ao cliente não possuem

controle determinado, apenas são feitas cobranças por parte do responsável técnico.

Após o recebimento de toda a documentação necessária o responsável técnico

começa a primeira fase do processo, a confecção dos atos que irão para a JUCEC

ou Cartório de Registro de Pessoas Jurídicas, conforme o caso.

Para proceder alguma alteração cadastral ou solicitar baixa de cadastro

nos órgãos competentes, os procedimentos executados possuem um caminho

quase que padrão. O que pode levar a modificar a sequência dos processos são

mudanças de contexto. Por exemplo, quando a empresa que vai ser constituída tem

como atividade, exclusivamente a prestação de serviços de transporte municipal,

isto fará com que esta determinada empresa, não necessite cumprir a etapa que se

relaciona com a Receita Estadual, pois, no estado, só são necessários cadastros de

atividades de comércio e algumas atividades de serviço, como por exemplo,

fretamento de mercadorias interestadual.

Para casos de constituição de novas empresas, são feitos procedimentos

prévios aos atos efetivos de constituição, como a verificação junto à prefeitura se o

endereço é apto para a constituição de uma empresa, aspectos referentes ao

Imposto sobre a Propriedade Predial e Territorial Urbana (IPTU) devem ser

verificados, numeração oficial, zoneamento etc.

O caminho padrão se inicia com a formalização de tais atos perante a

junta comercial ou cartório de pessoas jurídicas. Se a empresa, em referência for

uma sociedade, o instrumento utilizado é o contrato social. Para empresários

individuais, utiliza-se o requerimento de empresário individual, para os

Microempreendedor Individual o processo é feito através do site do Ministério do

Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior e, por fim, alguns outros tipos

societários, como sociedades anônimas que necessitam da elaboração de um

Estatuto Social. Em se tratando de constituição, alteração ou baixa, os instrumentos

são os mesmos citados que são enviados para que sejam registrados e arquivados

na Junta Comercial ou cartório de pessoas jurídicas. Esta etapa é executada pelo

54

funcionário externo, depois que tal documentação retorna da JUCEC, registrada, tais

atos seguem para as etapas na Receita Federal e Estadual.

No âmbito federal é utilizado o Programa Gerador de Documentos (PGD)

do Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica (CNPJ), quando ao se preencher uma

ficha, cria-se um arquivo eletrônico enviado através da internet à Receita Federal.

Após aprovado, gera-se o Documento Básico de Entrada (DBE), o DBE é impresso

e solicita-se a assinatura e reconhecimento de firma do responsável legal da

empresa. Feito isso, anexa a tal documento cópia autenticada dos atos que foram

registrados na junta comercial e encaminha-se toda essa documentação à Receita

Federal, onde os analistas técnicos procedem à constituição, alteração ou baixa

cadastral desejada.

Em relação à inscrição estadual, são seguidas as orientações da própria

Receita Estadual, na qual se encontra a listagem de documentos necessários para

cada ato perante o estado, sejam constituições, alterações ou baixas cadastrais.

Preenchidos todos os requisitos necessários, toda documentação é reunida e

entregue ao funcionário de serviços externos para que este o leve à repartição.

Finalizados os processos que envolvem o nível federal e estadual, são

executados os últimos procedimentos que se referem a regularizações de âmbito

municipal, solicitações de alvará de funcionamento, sanitário e outros, como o do

corpo de bombeiros.

4.2.5 Setor de administração dos trabalhos internos

O setor de administração dos trabalhos internos compreende a atuação

do contador responsável, com o auxílio de um funcionário. Não existe um período de

concentração de processos dentro deste setor, pois, além das atribuições próprias,

este setor possui atividades que se relacionam com os demais, de forma que nunca

apresenta período de ociosidade, sendo que nos momentos de menor fluxo de

rotinas, estão envolvidas práticas de supervisão de todos os outros setores e

atividades do escritório.

Para um melhor entendimento optou-se por dividir as práticas relativas ao

setor administrativo em:

a) Rotinas mensais;

b) Rotinas anuais.

55

4.2.5.1 Rotinas mensais

Partindo-se, primeiramente, das rotinas com periodicidade mensal, cita-

se, em primeiro lugar, a recepção de documentos. Muitos dos documentos que são

recebidos dos clientes, os quais anteriormente se referiram, chegam ao contador

responsável. Outros deles são buscados, pelo funcionário dos serviços externos,

diretamente na empresa e entregues da mesma forma ao contador responsável. São

documentos que se relacionam com rotinas fiscais, contábeis, trabalhista, e de

legalização e regularização de empresas. O proprietário do escritório repassa a

documentação recebida aos funcionários da escrita fiscal, este segue procedimentos

do setor fiscal, no qual separa a documentação que pertence à contabilidade ou ao

setor trabalhista e a repassa para os respectivos funcionários.

No decorrer do mês, outra atribuição do setor de administração dos

trabalhos internos é a recepção de guias, relatórios, formulários, demonstrativos,

pareceres, entre outros que são confeccionados pelos outros setores,

posteriormente o proprietário se reúne com o funcionário externo para enviar os

documentos aos respectivos clientes.

Passados os períodos em que se concentram as práticas fiscais e

trabalhistas o contador responsável se concentra em coordenar e acompanhar

diariamente as rotinas dos funcionários do escritório, cobrando processos

pendentes, além disso, o responsável fica atento às alterações normativas e

atualização legislativa para posteriores orientações aos funcionários e clientes.

A visita a clientes, repartições públicas e a filial em Horizonte - CE

ocupam boa parte do tempo do contador responsável, pois, por muitas vezes os

clientes solicitam a sua visita, bem como é necessária à consulta ou resoluções de

pendências em repartições públicas pelo próprio responsável do escritório, enquanto

que também se faz necessário o deslocamento até a filial para o devido

acompanhamento dos trabalhos realizados pelos funcionários alocados naquele

escritório.

O funcionário que executa funções no setor contábil e que também auxilia

no setor de administração dos trabalhos internos tem rotinas neste de controle das

finanças e administrativo do escritório, ele faz a própria escrituração fiscal e contábil

do escritório, emite notas fiscais de serviços para os clientes, bem como os

respectivos boletos, controla os recebimentos de honorários, faz cobranças dos

56

atrasados, efetua a negociação de compras e pagamentos, cuida da manutenção da

limpeza, material de escritório e equipamentos, controla o e-mail do escritório e

repassa os assuntos aos setores responsáveis.

4.2.5.2 Rotinas Anuais

Durante o ano, o contador responsável fica atento aos prazos de entrega

de todas as declarações jurídicas exigidas anualmente e ao transcorrer da

realização e envio das mesmas, e é também sua obrigação a confecção das

declarações de pessoa física dos sócios das empresas que são clientes do

escritório.

4.2.6 Atividades Adicionais

No caso estudado, existem dois serviços que não possuem a estrutura de

um setor individualizado, são serviços fundamentais ao andamento do escritório e

que, normalmente, se relacionam com todos os outros setores. São serviços

adicionais: serviço externo e arquivamento.

4.2.6.1 Serviço externo

No serviço externo, um único funcionário atua, o qual procede à coleta de

documentos nas empresas e os distribui conforme as solicitações por parte do

escritório contábil. Este funcionário recebe solicitações de todos os setores do

escritório, mas antes de realizar o serviço externo ele deve ser liberado pelo

contador responsável.

Outros serviços do funcionário externo envolvem recebimentos de

honorários quando autorizado, entregas de documentos a instituições financeiras,

algumas pequenas prestações de contas e repartições públicas e resolução de

pequenos problemas, até mesmo cadastrais, junto às repartições. Porém, qualquer

trabalho de regularização sempre é feito e orientado pelos funcionários do setor que

está solicitando o serviço, sendo que o funcionário de serviços externos, só executa

procedimentos que não exijam profundo conhecimento técnico.

57

4.2.6.2 Serviço de arquivamento

Este serviço compreende a guarda de documentos nas respectivas

pastas de cada empresa. Todos os setores arquivam documentos no arquivo geral

do escritório. Este arquivo é composto de três estantes para caixa arquivo, duas

estantes para pastas do tipo A-Z e 20 (vinte) gavetas com capacidade para

aproximadamente 30 (trinta) pastas suspensas por gaveta. Todas as empresas

possuem pastas individualizadas.

Neste serviço atua preferencialmente um funcionário, que concentra os

documentos de todos os setores para realizar o arquivamento ou retirada de

documentos. Este funcionário separa a documentação por empresa e a arquiva em

suas respectivas pastas, no caso de retirada uma solicitação é feita para que ele

retire o documento.

Outros funcionários também participam do arquivamento e retirada de

documentos, mas, de forma mínima para evitar maiores transtornos quanto à

responsabilidade da localização dos documentos.

4.3 Resultados e discussões

Através da observação foi possível constatar que existe uma gestão

administrativa no escritório de contabilidade, mas, que esta não apresenta

características inerentes a gestão da qualidade. Tanto a gestão geral da empresa,

quanto a gestão setorial não possuem sistemas em conformidade com os conceitos

e técnicas da gestão da qualidade, assim, foi possível proceder uma discussão a

respeito das carências de cada setor e serviço oferecido.

Neste ponto de resultados e discussões, são apresentadas apenas as

deficiências encontradas no estudo de caso consideradas mais relevantes e ações

para as soluções das mesmas de acordo com a teoria da gestão da qualidade, ou

seja, após as discussões de aspectos específicos de cada setor foi dado início aos

procedimentos inicias para a implantação da gestão da qualidade, as primeiras

ferramentas foram usadas e através delas foram levantados dados para as primeiras

aplicações do Método de Análise e Solução de Problemas (MASP), focalizadas nos

dados mais importantes.

58

Assim, após a emissão do Termo de Comprometimento do proprietário da

empresa para com a gestão da qualidade, onde o mesmo apresentou aos

colaboradores a situação da empresa, metas para o futuro e a estratégia a ser

utilizada, além de ser comprometer a implementar um sistema de gestão da

qualidade com o objetivo de melhorar continuamente as rotinas para oferecer

serviços com excelência ao mercado consumidor, foi estabelecido o Setor de Gestão

da Qualidade.

4.3.1 Setor de Gestão da Qualidade

O Setor de Gestão da Qualidade foi criado pelo proprietário do escritório,

através de um termo de comprometimento emitido pelo mesmo. Neste termo,

divulgado entre todos os funcionários, foi dado o início da implantação da gestão da

qualidade e da criação do setor, responsável por toda a coordenação de

implantação dos conceitos, técnicas e ferramentas da gestão da qualidade nas

atividades do escritório e consequentemente responsável pela implementação de

ações, como por exemplo, conscientizar o proprietário, através de reuniões, a

respeito da importância de se aplicar ações de acordo com o novo modelo de gestão

e educar e treinar os demais setores de acordo com os objetivos a serem atingidos.

Como visto anteriormente, a gestão da qualidade é dividida em dois

níveis: nível estratégico e nível operacional. Para o início dos trabalhos o setor de

gestão da qualidade usou duas ferramentas, uma para cada nível de gestão.

Na gestão estratégica usou-se o benchmarking, pois, é necessário

identificar requisitos dos clientes que o escritório ainda não atende ou atende com

falhas, estes requisitos norteiam todas as ações a serem tomadas.

Na gestão operacional usou-se o shake down em nível de seção, esta

ferramenta identifica os primeiros requisitos que não são atendidos

operacionalmente dentro de cada setor, assim, com os primeiros dados levantados é

possível cruzar as informações obtidas a respeito dos requisitos dos clientes

levantados pelo benchmarking com as informações a respeito dos requisitos

operacionais levantados pelo shake down e traçar um planejamento inicial para a

implantação do sistema de gestão da qualidade.

Este setor considera que o benchmarking e o shake down, identificam

alguns requisitos nos dois níveis de gestão, outros requisitos não são identificados

59

por estas ferramentas e o ideal seria a aplicação destas ferramentas com outras que

as complementem no objetivo de identificação de requisitos, no entanto, a opção de

utilizar outras ferramentas com esse objetivo foi descartada inicialmente, pois, a

intenção no momento é levantar dados necessários para a implementação das

primeiras ações deste setor, futuramente, através da melhoria continua, outras

ferramentas para identificar mais requisitos serão utilizadas, assim como outras

ações para atender aos requisitos serão implementadas.

O benchmarking foi aplicado conforme a técnica da ferramenta

apresentada anteriormente, passando pelas quatro fases que a compõe. A primeira

aplicação dessa ferramenta foi realizada como mostra a Tabela 4, onde, uma breve

comparação dos serviços oferecidos pelo escritório em relação aos serviços

oferecidos pelas maiores empresas do ramo em atividade no Ceará foi realizada.

Fase Atividade

1: Objeto do estudo

Verificação dos serviços oferecidos pelas maiores empresas

prestadoras de serviços contábeis e afins do Estado do Ceará.

2: Fontes de Informação

Pesquisa no site das empresas.

3: Fazer comparações

Foi identificado que o leque de serviços oferecidos por tais

empresas vai muito além dos serviços que são atualmente

oferecidos pelo escritório de contabilidade.

4: Definir ações, implementar e rever

Foi definido que o primeiro objetivo a longo prazo é oferecer os

mesmos serviços, no entanto, a estrutura do escritório não per-

mite implementar esta ação, então, foi decidido rever. Tabela 4 – Primeira aplicação do benchmarking. FONTE: Carpinetti, 2012

Constatou-se primeiramente que o leque de serviços oferecidos por estas

empresas é bastante diversificado e que para o escritório chegar ao nível onde será

possível oferecer tais serviços é necessário evoluir gradativamente, ou seja, chegar

a esse nível será o objetivo a longo prazo. Para traçar objetivos a curto prazo e de

acordo com a realidade atual do escritório fez-se um levantamento para definir o

perfil dos clientes e fazer outro benchmarking.

No perfil traçado foi possível verificar que 90% das empresas clientes são

Empresários Individuais, Micro e Pequenas Empresas e Empresas de Pequeno

60

Porte, destes, 71% estão enquadrados no regime tributário do Simples Nacional e

67% possuem menos de 5 colaboradores em seu quadro de funcionários.

Com estes dados em mãos, o escritório optou por verificar que tipo de

serviços contábeis são mais adequados para atender da melhor forma possível os

requisitos dos clientes, então, foi usada mais uma vez a ferramenta benchmarking

para conseguir identificar tais serviços.

Fase Atividade

1: Objeto do estudo

Verificação dos serviços contábeis dos serviços que são mais

necessários ao perfil do cliente do escritório.

2: Fontes de Informação

Pesquisa junto a órgãos da classe contábil e legislação vigente.

3: Fazer comparações

O escritório atende aos requisitos da legislação vigente em

todos os setores, mas, foram encontrados estudos a respeito

da escrituração contábil para Micro e Pequenas Empresas que podem contribuir para a melhoria do serviço oferecido.

4: Definir ações, implementar e rever

Nortear a implementação de ações de acordo com os estudos

encontrados em parceria com os clientes para um melhor apro-

veitamento das informações contábeis e gerenciais. Tabela 5 – Segunda aplicação do benchmarking. FONTE: Carpinetti, 2012

A Tabela 5 ilustra o que foi realizado na segunda aplicação do

benchmarking, onde, o escritório realizou pesquisas para identificar se os serviços

prestados estavam de acordo com o que a maioria dos seus clientes necessita.

Através das informações levantadas foi possível perceber que é necessário evoluir

os serviços que o escritório presta atualmente, então, foi decidido que estas

informações vão, em um primeiro momento, nortear busca pela excelência destes

serviços antes de iniciar uma etapa onde novos serviços serão oferecidos.

A partir da aplicação do shake down em nível de seção os colaboradores

começaram a identificar vários problemas operacionais em todos os setores. Essa

identificação dos problemas é a primeira fase do MASP. Os setores fiscal e contábil,

possuem características muito parecidas, no que se refere a escrituração, além

disso, possuem uma relação muito estreita, por isso apresentaram problemas

idênticos, então, optou-se por aplicar as ferramentas nestes dois setores de forma

conjunta, nos outros setores as ferramentas foram aplicadas separadamente.

61

Falta de treinamento

Cadastros incompletos

Não integrado

Clientes falham na entrega de documentos fiscais Mal elaborado

Baixa produtividade

Baixa produtividade

A seguir são apresentadas, de acordo com as fases do MASP, estas

ferramentas utilizadas, os requisitos identificados e as ações implementadas em

cada setor do escritório de contabilidade estudado para melhorar os serviços

prestados atualmente.

4.3.2 Setor fiscal e contábil

Na primeira fase do MASP, identificação do problema, foi utilizado o

shake down. A segunda fase compreende a observação, para realizar a priorização

dos efeitos não desejáveis, no caso do fiscal e contábil, não foi utilizada nenhuma

ferramenta nessa fase, pois o único efeito indesejado que foi identificado, de acordo

com a estratégia estabelecida, foi o fato de que a escrituração nos dois setores

precisa ser aprimorada. A terceira fase compreende a análise do problema, para

executar esta análise foi utilizado o Diagrama de Causa e Efeito, que é

exemplificado a seguir.

Figura 8 – Diagrama de Causa e Efeito. FONTE: Carpinetti, 2012.

O diagrama de causa e efeito acima demonstra as relações existentes

entre o efeito indesejável, no caso, a escrituração não aprimorada, as causas que

provocam esse efeito e os fatores que possuem relações com tais causas.

Finalizada a terceira fase do MASP, pode-se dar prosseguimento ao

método, chegando então a quarta fase, que é a fase onde o plano de ação deve ser

elaborado para que as causas do problema sejam solucionadas, nesta fase optou-se

pela ferramenta 5W1H, como podemos ver no exemplo a seguir.

Escrituração não aprimorada

Software

Colaborador

Material

Método

62

O quê Quem Quando Onde Por quê Como

Rever método Contador

Responsável Out/12 a Dez/12

Setor Fiscal e Contábil

Método precisa ser simplificado

Empregando técnicas de

contabilidade simplificada para MePE

Implantar programa de qualificação e treinamento

Responsável pela Gestão da

Qualidade

A partir de Out/12

Setor Fiscal e Contábil

Aumentar qualidade e

produção dos serviços

Elaborar programa de qualificação,

treinamento de acordo com a

necessidade de cada

colaborador

Conscientizar clientes a

respeito da importância de

enviar documentos em

tempo hábil

Todos A partir de

Out/12 Todos os setores

Zerar o número de ocorrências

de recebimento de documentos

em atraso

Elaborar manuais e

treinamento para os clientes

a respeito da documentação que deve ser

enviada para o escritório

Atualizar e refazer todos os

cadastros dos clientes que

estão incompletos

Setor de Administração dos Trabalhos

Internos

A partir de Out/12 até

Dez/12

Setor Fiscal e Contábil

Possibilitar o uso por completo de ferramentas que

o software oferece, como por exemplos a integração de sub-sistemas

Completando todos os dados

dos clientes que são ausentes no

software

Integrar todas as ferramentas do

software em que exista essa

opção

Setor de Administração dos Trabalhos

Internos

A partir de Out/12 até

Dez/12

Setor Fiscal e Contábil

Aumentar a produtividade

evitando retrabalhos

Integrando todas as

ferramentas do sistema que facilitam a

escrituração através da integração

Tabela 6 – Aplicação da 5W1H nos setores Fiscal e Contábil. FONTE: Carpinetti, 2012.

Após a elaboração do plano de ação pode-se prosseguir para a quinta

fase do MASP, onde o plano vai ser divulgado, serão realizadas reuniões

participativas e o plano será colocado em prática de acordo com o cronograma

estipulado.

A sexta fase será a de verificação onde novos dados são colhidos para

verificar a efetividade das ações, caso o bloqueio não tenha funcionado é preciso

voltar para a segunda fase e refazer o processo a partir dela, caso o bloqueio tenha

63

funcionado, pode-se prosseguir para a sétima fase, onde um procedimento

operacional deve ser estabelecido e padronizado de acordo com o plano de ação e

após essa atividade chega-se a conclusão do MASP, oitava fase, onde é feita a

análise de resultados e recapitula-se todo o processo para o planejamento do

bloqueio de problemas remanescentes. A ilustração a seguir exemplifica o MASP

dos setores fiscal e trabalhista por completo.

PDCA Fluxo Fase Ferramenta Observações

1 Identificação do Problema Benchmarking e Shake Down

Foram identificados requisitos estratégicos e

estes nortearam requisitos operacionais

P 2 Observação Análise local pelas pessoas

envolvidas

Foi observado um efeito indesejado de acordo com os dois tipos de

requisitos: escrituração não aprimorada

3 Análise Diagrama de Causa e Efeito

Foram encontrados os fatores e causas raízes

que ocasionam o efeito indesejado

4 Plano de Ação 5W1H

Foi determinado o plano de ação para

bloquear as causas e fatores

D 5 Ação

Reuniões, treinamentos e implementação das ações de

acordo com o cronograma (obs.: fase em execução)

Todo o plano de ação deve ser colado em

prática

C 6 Verificação Causas raízes foram

bloqueadas? Sim, prosseguir. Não, retornar para a fase 2.

Verificar se o plano de ação foi efetivo

A 7 Padronização Reuniões, palestras,

treinamentos e manuais

Estabelecer ações padrões para que o

problema não ocorra novamente

8 Conclusão Análise dos resultados

Analisar últimos resultados das ações

implementadas

Tabela 7 – MASP setores fiscal e contábil. FONTE: Carpinetti, 2012.

4.3.3 Setor trabalhista

A aplicação do MASP no setor trabalhista seguiu todas as fases que

foram demonstradas na aplicação do método nos setores fiscal e contábil. Foi

iniciado com o shake down, compreendendo a primeira fase do método, onde os

64

primeiros problemas foram levantados. Posteriormente a segunda fase, de

observação, foi realizada para investigar qual dos problemas necessitava ser

priorizado nesse momento, de tal forma, que a equipe preferiu dar atenção ao fato

do grande número de ocorrências de retrabalho, como por exemplo, impostos

trabalhistas que precisam ser recalculados por falta de pagamento. A partir do efeito

indesejado que foi priorizado, partiu-se para a terceira fase, a de análise, onde foi

utilizado o Diagrama de Relações, conforme ilustração a seguir.

Figura 9 – Diagrama de Relações setor trabalhista. FONTE: Carpinetti, 2012.

Através do Diagrama de Relações as causas para o alto grau de

retrabalho foram relacionadas a fatores ligados aos clientes, finalizando a terceira

fase do MASP. Na quarta fase, plano de ação, foi usado o 5W1H conforme tabela

abaixo.

O quê Quem Quando Onde Por quê Como

Conscientizar e treinar clientes

Todos A partir de

Out/12 Todos os setores

Diminuir número de ocorrências

de retrabalho

Elaborar treinamento e ferramentas que

auxiliem os clientes a melhorar o controle

sobre o contas a pagar, educa-los a respeito da legislação trabalhista e

melhorar a comunicação

cliente/escritório

Tabela 8 – 5W1H setor trabalhista. FONTE: Carpinetti, 2012.

Alto grau de retrabalho

Informações enviadas em

atraso

Solicitações feitas e canceladas

posteriormente

Documentos passam do

vencimento

Clientes atrasam recolhimento de

impostos por falta de controle

Clientes não possuem contas

a pagar organizado

Clientes não possuem controle sobre

informações necessárias para o setor trabalhista

Clientes solicitam movimentações e posteriormente

querem cancelar

65

O plano de ação foi elaborado de acordo com o efeito negativo que ocorre

no setor trabalhista, mas, vai ser aplicado por todos os setores, pois, o fluxo de

documentos clientes/escritório deve melhorar em todos os aspectos e este objetivo

deve ser buscado por todos. Esta é a quinta fase do MASP no setor trabalhista,

ação. A sexta, sétima e oitava fase são resumidas da mesma forma que ocorre nos

setores fiscal e trabalhista. A tabela a seguir exemplifica o MASP no setor

trabalhista.

PDCA Fluxo Fase Ferramenta Observações

1 Identificação do Problema Benchmarking e Shake Down

Foram identificados requisitos estratégicos e

estes nortearam requisitos operacionais

P 2 Observação Análise local pelas pessoas

envolvidas

Foi observado um efeito indesejado de acordo com os dois tipos de

requisitos: alto grau de retrabalho

3 Análise Diagrama de Relações

Foram encontrados os fatores e causas raízes

que ocasionam o efeito indesejado

4 Plano de Ação 5W1H

Foi determinado o plano de ação para

bloquear as causas e fatores

D 5 Ação

Reuniões, treinamentos e implementação das ações de

acordo com o cronograma (obs.: fase em execução)

Todo o plano de ação deve ser colado em

prática

C 6 Verificação Causas raízes foram

bloqueadas? Sim, prosseguir. Não, retornar para a fase 2.

Verificar se o plano de ação foi efetivo

A 7 Padronização Reuniões, palestras,

treinamentos e manuais

Estabelecer ações padrões para que o

problema não ocorra novamente

8 Conclusão Análise dos resultados

Analisar últimos resultados das ações

implementadas

Tabela 9 – MASP setor trabalhista. FONTE: Carpinetti, 2012.

4.3.4 Setor societário e serviço externo

A aplicação da gestão da qualidade no setor societário e no serviço

externo se deu, assim como nos setores fiscal e contábil, de forma conjunta, pois, no

levantamento dos problemas realizados através shake down um colaborador foi

66

Baixa produtividade Não utilizada

Colaborador não capacitado

Alto fluxo de documentos Cronograma mal

elaborado

identificado como parte fundamental nas atividades do setor societário e no serviço

externo. Como apresentado neste capítulo o setor societário é formado pelo

contador responsável e pelo funcionário externo, enquanto que todos os serviços

externos solicitados por todos os setores são realizados também por este

funcionário. No shake down o contador responsável identificou problemas

relacionados ao setor societário, e no serviço externo os problemas foram

relacionados por todos, sendo que, o problema priorizado foi a lentidão das

atividades desenvolvidas pelo funcionário externo. Com o problema priorizado

partiu-se para a análise do problema de acordo com o Diagrama de Causa e Efeito a

seguir.

Figura 10 – Diagrama de Causa e Efeito setor societário e serviço externo. FONTE:

Carpinetti, 2012.

A análise do problema identificou que a respeito das atividades do setor

societário o funcionário precisa receber treinamento, pois, atividades mais

complexas não são passadas para ele por falta de conhecimento técnico, isso causa

atrasos nos processos de regularizações de empresas, e outros. O que também

causa atrasos, não só no setor societário, mas, também nos serviços externos é que

todas as atividades são realizadas através do transporte público, apesar do

escritório possuir uma motocicleta que não é utilizada atualmente, pois, é necessário

que o funcionário se capacite para usar este equipamento. Quanto ao método, ele

foi considerado mal elaborado, pois, por muitas vezes não existe um planejamento

da rota que o colaborador vai fazer durante o dia, com um cronograma elaborado é

Atividades lentas

Método

Colaborador

Material

Máquina

Falta de treinamento

67

possível aproveitar melhor o tempo de cada serviço externo de acordo com a área

visitada. O fluxo de documentos é elevado, o que causa mais solicitações de

serviços externos, é necessário diminuir tal fluxo. Para a elaborar o plano de ação

das ações de acordo com as causas levantadas foi utilizado o 5W1H, conforme

tabela a seguir.

O quê Quem Quando Onde Por quê Como

Rever método Responsável

pela Gestão da Qualidade

Out/12 a Dez/12 Setor Societário

e Serviços Externos

Método precisa obedecer um cronograma

Elaborar planilha de

solicitações de serviço externo

Implantar programa de qualificação e treinamento

Responsável pela Gestão da

Qualidade

A partir de Out/12

Setor Societário e Serviços Externos

Agilizar as atividades junto

a repartições públicas e serviços externos

Elaborar programa de qualificação,

treinamento de acordo com a

necessidade de cada

colaborador

Utilizar motocicleta

Auto Escola Out/12 a Dez/12 Colaborador

serviço externo

Agilizar as atividades junto

a repartições públicas e serviços externos

Investindo no colaborador oferecendo a

possibilidade de se habilitar para

pilotar motocicletas

Diminuir fluxo de documentos

Todos A partir de

Out/12 Todos os setores

Diminuir solicitações de

serviços externo

Utilizar com mais frequência formas de enviar documentos em formato digital

Tabela 10 – 5W1H setor societário e serviço externo. FONTE: Carpinetti, 2012.

Neste caso uma ação se demonstrou inviável, conforme pode-se observar

no Diagrama de Processo Decisório abaixo.

Figura 11 – Diagrama do Processo Decisório setor societário e serviço externo. FONTE:

Carpinetti, 2012.

O colaborador aceita

se capacitar para

pilotar motocicletas?

Não

Sim

Descartar a alternativa

A alternativa é satisfatória?

Não

Sim Levar a outras avaliações

Descartar a alternativa

68

Através do Diagrama do Processo Decisório foi possível verificar que a

alternativa para bloquear a causa que impede o uso da motocicleta é inviável, pois, o

colaborador se recusa a pilotar motocicletas, outra alternativa para esta ação seria a

contratação de outro colaborador para apoiar o setor, mas, esta ação é

economicamente inviável no momento, dessa forma, outras avaliações serão

realizadas posteriormente, como pode-se ver na tabela a seguir:

PDCA Fluxo Fase Ferramenta Observações

1 Identificação do Problema Benchmarking e Shake Down

Foram identificados requisitos estratégicos

e estes nortearam requisitos operacionais

P 2 Observação Análise local pelas pessoas

envolvidas

Foi observado um efeito indesejado de acordo com os dois

tipos de requisitos: alto grau de retrabalho

3 Análise Diagrama de Causa e Efeito

Foram encontrados os fatores e causas raízes

que ocasionam o efeito indesejado

4 Plano de Ação

5W1H e Diagrama de Processo Decisório

Foi determinado o plano de ação para

bloquear as causas e fatores e identificado

ação inviável

D 5 Ação

Reuniões, treinamentos e implementação das ações de

acordo com o cronograma (obs.: fase em execução)

Todo o plano de ação deve ser colado em

prática

C 6 Verificação Causas raízes foram

bloqueadas? Sim, prosseguir. Não, retornar para a fase 2.

Verificar se o plano de ação foi efetivo

A 7 Padronização Reuniões, palestras,

treinamentos e manuais

Estabelecer ações padrões para que o

problema não ocorra novamente

8 Conclusão Análise dos resultados

Analisar últimos resultados das ações

implementadas

Tabela 11 – MASP setor societário e serviços externos. FONTE: Carpinetti, 2012.

4.3.5 Setor de administração dos trabalhos internos

Neste setor dois problemas foram levantados pelo shake down, um de

ordem financeira do escritório e outro na forma de acompanhamento dos trabalhos.

69

Treinamento

Acúmulo de funções

Alimentação do sistema

Falta instrumento para coleta e

medição de dados

Autoridade e responsabilidade

Conforme a observação realizada dos dois problemas, foi verificado que

o problema encontrado no acompanhamento dos trabalhos internos deveria ser

priorizado, pois, de acordo com a estratégia traçada pelo benchmarking, este

problema se torna mais relevante.

Foi identificado que existe ineficiência no controle dos trabalhos internos

como um todo, este resultado indesejado foi analisado com o Diagrama de Causa e

efeito, conforme ilustração da figura 12:

Figura 12 – Diagrama de Causa e Efeito setor de administração dos trabalhos internos.

FONTE: Carpinetti, 2012.

A próxima etapa realizada foi a elaboração do plano de ação com 5W1H.

O quê Quem Quando Onde Por quê Como

Rever método Responsável

pela Gestão da Qualidade

Out/12 a Dez/12 Setor adm. Trabalhos Internos

Método precisa ser bem

alimentado

Elaborar ferramentas de coleta de dados

Treinar e remanejar

funções que o colaborador

acúmula

Responsável pela Gestão da

Qualidade

A partir de Out/12

Setor adm. Trabalhos Internos

Colaborar não possui técnica e acumula muitas

funções

Treinando colaborador para função específica

Instrumentos de trabalho

Responsável pela Gestão da

Qualidade e colaborador do

setor

Out/12 a Dez/12 Setor adm. Trabalhos Internos

Necessita-se de melhores

instrumentos de trabalho

Pesquisando e adaptando

instrumentos para coleta de

dados

Política

Responsável pela Gestão da

Qualidade e Contador

Responsável

A partir de Out/12

Todos os setores

Para que o controle dos

trabalhos internos sejam

ganhe mais colaboração de

todos os setores

Mudando a política e dando autoridade para o setor de adm. dos trabalhos

internos

Tabela 12 – 5W1H setor de administração dos trabalhos internos. FONTE: Carpinetti,

2012.

Controle dos trabalhos

ineficiente

Política

Material Método

Colaborador

70

O plano de ação foi elaborado com a aplicação do 5W1H, dessa forma,

prosseguiu-se para a quinta fase do MASP, a execução do plano, como pode-se

observar na tabela a seguir.

PDCA Fluxo Fase Ferramenta Observações

1 Identificação do Problema Benchmarking e Shake Down

Foram identificados requisitos estratégicos e

estes nortearam requisitos operacionais

P 2 Observação Análise local pelas pessoas

envolvidas

Foi observado um efeito indesejado de acordo com os dois tipos de

requisitos: alto grau de retrabalho

3 Análise Diagrama de Causa e Efeito

Foram encontrados os fatores e causas raízes

que ocasionam o efeito indesejado

4 Plano de Ação 5W1H

Foi determinado o plano de ação para

bloquear as causas e fatores

D 5 Ação

Reuniões, treinamentos e implementação das ações de

acordo com o cronograma (obs.: fase em execução)

Todo o plano de ação deve ser colado em

prática

C 6 Verificação Causas raízes foram

bloqueadas? Sim, prosseguir. Não, retornar para a fase 2.

Verificar se o plano de ação foi efetivo

A 7 Padronização Reuniões, palestras,

treinamentos e manuais

Estabelecer ações padrões para que o

problema não ocorra novamente

8 Conclusão Análise dos resultados

Analisar últimos resultados das ações

implementadas

Tabela 13 – MASP setor de administração dos trabalhos internos. FONTE: Carpinetti,

2012.

4.3.6 Serviço de Arquivamento

Através do shake down foi confirmado um grande e principal problema no

serviço de arquivamento que é claramente visível: a desorganização. Sabe-se que

uma das ferramentas da gestão da qualidade que atua na organização e

racionalização do ambiente de trabalho é o 5S, dessa forma, antes mesmo de se

fazer a análise do problema, o setor de gestão da qualidade já planejava a aplicação

desta ferramenta. No entanto, a análise do problema é sempre importante, pois,

71

Mal definido

Falta treinamento

Mal utilizada

Fluxo elevado

através dessa análise é possível bloquear as causas fundamentais do resultado

indesejado, então, foi realizada a aplicação do Diagrama de Causa e Efeito, como

mostra a ilustração abaixo.

Figura 13 – Diagrama de Causa e Efeito serviço de arquivamento. FONTE: Carpinetti,

2012.

O 5S deve ser utilizado de forma conjunta com um plano de ação para

evitar que o as causas fundamentais influenciem na má aplicação do método de

organização, o 5W1H é responsável por elaborar esse plano de ação.

O quê Quem Quando Onde Por quê Como

Implantar método

Responsável pela Gestão da

Qualidade

A partir de Out/12

No escritório por completo

Método precisa ser bem

definido para uma boa

organização

Implantar 5S adaptado as

necessidades do escritório

Implantar programa de qualificação e treinamento

Responsável pela Gestão da

Qualidade

A partir de Out/12

No escritório por completo

A aplicação do 5S no escritório

demanda treinamento de

todos

Através de programas de treinamento

gratuitos oferecidos por

instituições especializadas

Diminuir fluxo de material

Todos A partir de

Out/12 No escritório por completo

Para diminuir a quantidade de

material arquivado sem

necessidade

Através do 5S

Melhorar o uso da estrutura do

arquivo

Responsável pela Gestão da

Qualidade

A partir de Out/12

Arquivos, armários,

estantes, e outros.

Para identificar melhor o lugar

de cada documento arquivado

Através do 5S

Tabela 14 – 5W1H serviço de arquivamento. FONTE: Carpinetti, 2012.

Arquivo desorganizado

Método

Colaborador

Material

Estrutura

72

A partir do plano de ação pode-se evoluir para a fase de ação, onde o 5S

será aplicado de forma adaptada as necessidades do escritório. O MASP aplicado

ao serviço de arquivamento resume-se a tabela abaixo.

PDCA Fluxo Fase Ferramenta Observações

1 Identificação do Problema Observação

Foi identificado a necessidade de

organização

P 2 Observação - -

3 Análise Diagrama de Causa e Efeito

Foram encontrados os fatores e causas raízes

que ocasionam o efeito indesejado:

desorganização

4 Plano de Ação 5W1H

Foi determinado o plano de ação para

bloquear as causas e fatores

D 5 Ação

Reuniões, treinamentos e implementação do 5S

adaptado ao escritório (obs.: fase em execução)

Todo o plano de ação deve ser colado em

prática de acordo com o cronograma

C 6 Verificação Causas raízes foram

bloqueadas? Sim, prosseguir. Não, retornar para a fase 2.

Verificar se o plano de ação foi efetivo

A 7 Padronização Reuniões, palestras,

treinamentos e manuais

Estabelecer ações padrões para que o

problema não ocorra novamente

8 Conclusão Análise dos resultados

Analisar últimos resultados das ações

implementadas

Tabela 15 – MASP serviço de arquivamento. FONTE: Carpinetti, 2012.

73

5 CONCLUSÃO

Integrado em uma conjuntura de tendência mundial que, cada vez mais,

estabelece relação com o dinamismo e as necessidades de uma procura mais

informada e consciente, e sem menosprezar este fato contemporâneo, é que as

pesquisas para este trabalho de conclusão de curso foram incrementadas, ou seja,

de forma a procurar uma discussão atual e importante para os profissionais

responsáveis pelos serviços de escritórios de contabilidade.

Este estudo se justifica diante deste ambiente externo e iniciou-se

pormenorizando o cenário interno da organização. Incluindo o recolhimento de

informações necessárias para traçar a realidade, no que se refere ao estudo de caso

e as atividades executadas. Para isso foram utilizados procedimentos como, o de

levantamento documental e bibliográfico e entrevistas.

Com base nos objetivos estabelecidos, que remetem a avaliação da

adequação da gestão administrativa em uma empresa de serviços contábeis de

Fortaleza/CE quanto aos conceitos e técnicas de gestão da qualidade, executou-se

uma releitura de variadas circunstâncias conceituais encontradas em diversas

bibliografias, para efetuar a definição do referencial no momento de avaliar a

adequação da gestão aplicada.

Após a realização do levantamento das informações necessárias, foi

possível realizar a avaliação proposta, e assim discutiu-se os defeitos e imperfeições

da gestão, quando se concluiu que a gestão encontrada no escritório contábil não se

apresenta de forma hábil, sendo insatisfatória em todos os setores e serviços

estudados. Assim, foram sugeridos os ajustes necessários para adequar as

atividades do escritório contábil aos conceitos e técnicas de gestão da qualidade.

Dessa forma, concluiu-se que a gestão da qualidade está intimamente

ligada à atividade contábil, pois, se entende que a ausência de alguns conceitos e

técnicas da gestão da qualidade afeta negativamente o desenvolvimento de

procedimentos diários em um escritório de contabilidade.

No entanto, é necessário salientar que a empresa estudada elaborou,

com o passar do tempo, alguns procedimentos com o objetivo de melhorar a gestão

em suas rotinas, porém, quase todos são apresentados de forma informal, o que por

muitas vezes causa falhas na utilização dos mesmos e consequentemente não

atingem seus objetivos com perfeição.

74

Assim, para que aconteça a melhora continua da qualidade dos serviços

oferecidos há muito que se fazer, tendo em vista as soluções sugeridas

anteriormente, como por exemplo, o investimento em treinamento e qualificação de

colaboradores, um requisito muito importante e que se faz necessário em todos os

setores. Para isso é necessário que o responsável pela administração do escritório

busque envolver todos os funcionários, pois, apenas a participação de todos pode

tornar a implantação da gestão da qualidade um sucesso.

É importante destacar que uma entidade onde a gestão da qualidade é

aplicada se torna sinônimo de confiança para todos os interessados na relação

escritório-cliente, afinal, é importante salientar que o profissional da área contábil é

responsável por diversas atribuições e o não cumprimento das mesmas pode gerar

penalidades baseadas em normas específicas e consequentemente a diminuição da

credibilidade do contador frente aos seus clientes e novos clientes.

Por fim, deve-se lembrar de que cada caso deve ser analisado

individualmente, pois, os conceitos e técnicas de gestão da qualidade são

balizadores para a aplicação de uma gestão que procure inserir excelência no

cotidiano das organizações e que tais organizações possuem necessidades

diferentes, de acordo com as suas características.

75

6 REFERÊNCIAS

CARPINETTI, Luiz Cesar Ribeiro. Gestão da Qualidade: conceitos e técnicas. –

2. ed. – São Paulo: Editora Atlas, 2012

CAMPOS, Vicente Falconi. TQC – Controle da Qualidade Total (no estilo

japonês). Nova Lima – MG: INDG Tecnologia e Serviços Ltda, 2004.

DEMING, W. Edwards. Qualidade: A Revolução da administração. Tradução de

clave Comunicações e Recursos Humanos. Rio de Janeiro: Marques-Saraiva, 1990

Projeto CFC – ISO 9001:2008. Disponível em: www.cfc.org.br. Acesso em:

17/09/2012.

Código de Ética do Profissional do Contador. Disponível em: www.cfc.org.br.

Acesso em: 17/09/2012.

NBR ISO 9000. Disponível em: www.abnt.org.br. Acesso em: 20/09/2012.