CERTIFICAÇÃO NA PRODUÇÃO DE FRUTAS IN NATURA: UM ESTUDO NO INTERIOR DE SÃO PAULO

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CERTIFICAÇÃO NA PRODUÇÃO DE FRUTAS IN NATURA: UM ESTUDO NO INTERIOR DE SÃO PAULO CID FERREIRA SANCHES LAVRAS MINAS GERAIS - BRASIL 2007

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Especificação de várias forma de certificação para frutas in natura e como os produtores estão se organizando para atender ao mercado europeu.

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CERTIFICAÇÃO NA PRODUÇÃO DE FRUTAS

IN NATURA: UM ESTUDO NO INTERIOR DE

SÃO PAULO

CID FERREIRA SANCHES

LAVRAS MINAS GERAIS - BRASIL

2007

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CID FERREIRA SANCHES

CERTIFICAÇÃO NA PRODUÇÃO DE FRUTAS IN NATURA: UM

ESTUDO NO INTERIOR DE SÃO PAULO

Monografia apresentada ao Departamento de Administração e Economia da Universidade Federal de Lavras, como parte das exigências do curso de Pós-Graduação Lato Sensu em Gestão Agroindustrial para obtenção do título de especialização.

Orientador: Prof. Cleber Carvalho de Castro

LAVRAS MINAS GERAIS - BRASIL

2007

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CID FERREIRA SANCHES

CERTIFICAÇÃO NA PRODUÇÃO DE FRUTAS IN NATURA: UM

ESTUDO NO INTERIOR DE SÃO PAULO

Monografia apresentada ao Departamento de Administração e Economia da Universidade Federal de Lavras, como parte das exigências do curso de Pós-Graduação Lato Sensu em Gestão Agroindustrial para obtenção do título de especialização.

Aprovada em 30 de novembro de 2007. Prof. Rosa Teresa Moreira Machado Prof. Daniel Carvalho de Rezende

Prof. Cleber Carvalho de Castro UFLA

(Orientador)

LAVRAS MINAS GERAIS - BRASIL

2007

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SUMÁRIO

LISTA DE FIGURAS............................................................................................i

LISTA DE GRÁFICO ..........................................................................................ii

LISTA DE QUADRO......................................................................................... iii

1 INTRODUÇÃO.................................................................................................1

1.1 Objetivo ..........................................................................................................1

1.2 Justificativa .....................................................................................................2

2 AS EXIGÊNCIAS DO MERCADO CONSUMIDOR E SUA RELAÇÃO

COM O SURGIMENTO DA QUALIDADE .......................................................4

2.1 A importância da gestão da qualidade ............................................................5

2.1.1 A qualidade passando do nível operacional para o estratégico....................8

2.1.2 A evolução das normas para sistemas de gestão........................................10

2.2 A certificação da qualidade...........................................................................11

2.2.1 A produção integrada de frutas (PIF).........................................................16

2.2.2 Protocolo europeu de boas práticas agrícolas (EUREPGAP) ....................19

3 METODOLOGIA............................................................................................22

4 RESULTADOS ...............................................................................................23

4.1 Exigências para exportação de frutas in natura.............................................24

4.2 Dificuldades enfrentadas e procedimentos utilizados pelos produtores .......30

4.3 Perspectivas para a cadeia produtiva de frutas in natura ..............................32

5 CONCLUSÃO.................................................................................................35

6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.............................................................37

ANEXO ..............................................................................................................39

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i

LISTA DE FIGURAS

FIGURA 1: Relação entre os produtos e os consumidores.................................12

FIGURA 2: Patamares de evolução da rastreabilidade na cadeia de frutas........18

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ii

LISTA DE GRÁFICO

GRÁFICO 1 Evolução da Oferta de limão in natura durante os meses do ano. .24

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iii

LISTA DE QUADRO

QUADRO 1: Síntese das quatro eras da qualidade...............................................8

QUADRO 2: Itens de não conformidades do produtor 1....................................28

QUADRO 3: Itens de não conformidades do produtor 2....................................28

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iv

RESUMO

Este trabalho procura fazer uma análise, através de referências bibliográficas e

da experiência verificada “in loco”, dos mecanismos existentes e das exigências

atuais para produtores e exportadores de frutas in natura principalmente para o

mercado europeu. Verifica-se no setor um grande temor por parte de futuras

retaliações que o mercado consumidor poderá impor devido à falta de

cumprimento de metas estabelecidas entre o governo brasileiro e o mercado

comum europeu. Mas ao mesmo tempo há muito trabalho sendo feito para

adequação das produções agrícolas que será mostrado neste trabalho, tendo

como exemplo a produção de limão no oeste do estado de São Paulo para

exportação da frutas in natura.

Palavras-chave: gestão pela qualidade total, certificação internacional da

qualidade, exportação de frutas in natura, exigências dos consumidores.

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1

1 INTRODUÇÃO

O cenário para exportadores de frutas in natura, principalmente para o

mercado europeu, tem se mostrado muito complicado devido uma série de

dificuldades e imposições exigidas por normas e requisitos que estão

gradualmente sendo solicitados pelos países consumidores. Estas exigências já

estavam em vigor há alguns anos e tinham particularidades em cada cadeia, mas

hoje há uma sinalização do governo brasileiro de cooperação na implantação de

programas de certificações, incluindo a rastreabilidade, sendo assim esses temas

se tornam cada vez mais importantes.

Tais exigências surgiram num ambiente de valorização dos conceitos de

Gestão pela Qualidade total onde as empresas devem sempre estar atentas às

exigências e requisitos de seus clientes. Para provarem estar executando as

exigências e critérios de seus clientes, foram criadas as certificações

internacionais da qualidade, com selos reconhecidos nos mais importantes

centros consumidores. Estes selos são aplicados para diferentes requisitos e para

diferentes níveis de exigência do mercado consumidor. Hoje verifica-se uma

crescente demanda destas exigências em todos os setores da economia e, neste

trabalho iremos explorar as exigências e adequações que são necessárias para os

fornecedores de produtos agrícolas, especialmente frutas.

O presente trabalho tratará deste assunto mostrando as dificuldades de

produtores, agroindústrias e exportadores para se adequarem aos padrões e

requisitos necessários exigidos pelos países consumidores.

1.1 Objetivo

O presente trabalho tem como objetivo descrever as exigências e as

normas impostas pelo mercado internacional de frutas in natura e as dificuldades

dos exportadores para adequação a estas exigências atualmente.

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2

Outros objetivos específicos podem ser descritos como parte integrante

deste trabalho:

a) Descrever as principais exigências e normas para a exportação de

frutas in natura.

b) Identificar as dificuldades enfrentadas e exemplos de procedimentos

utilizados por produtores e exportadores brasileiros para se

adequarem às normas internacionais.

c) Elaborar um cenário com as tendências para este mercado, as

possíveis sanções que os produtores nacionais podem sofrer e as

implicações para a cadeia produtiva de frutas in natura.

1.2 Justificativa

O Brasil ocupa hoje posição de destaque na produção e comercialização

de produtos agrícolas. Internamente, para a economia do país, o agronegócio

representa aproximadamente 33% do Produto Interno Bruto (PIB) e 42% das

exportações totais. Neste contexto os produtos de maior destaque para as

exportações do agronegócio brasileiro são café, açúcar, álcool, sucos de fruta,

soja, carne bovina, carne de frango, tabaco e couro. Mas as frutas in natura

brasileiras começam a ganhar cada vez novos e maiores mercados e hoje o país é

o terceiro maior produtor de frutas mundial, com uma produção de 38 milhões

de toneladas, perdendo para a China com uma produção de 55,6 milhões de

toneladas, Índia com uma produção de 48,1 milhões de toneladas (Oliveira,

2005, p.24).

Ao mesmo tempo que a importância do mercado exportador de frutas in

natura aumenta para o Brasil, a sua complexidade e exigências para manter os

mercados consumidores e conseguir novos mercados aumentam na mesma

proporção. Isto se deve principalmente a dois fatores: as exigências dos

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consumidores, cada vez obtendo mais informações e querendo ter informações

sobre a origem e confiabilidade dos produtos consumidos e, a alternativa

encontrada pelos países importadores para proteger seus mercados e seus

produtores nacionais frente a competição internacional.

Considerando a importância da exportação de frutas in natura, este

trabalho tem como proposta estudar as exigências, as principais normas e

certificações exigidas pelo mercado consumidor para os produtores de frutas in

natura brasileiros que exportam ou que pretendem exportar. Este estudo terá o

enfoque principalmente no mercado consumidor da União Européia. Será

mostrado como foram criadas as normas atuais e sua origem fazendo paralelos

com o setor industrial e de serviços onde se empregam amplamente mecanismos

de gestão pela qualidade total. Por isso precisaremos estudar previamente

elementos e origens da gestão pela Qualidade Total.

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2 AS EXIGÊNCIAS DO MERCADO CONSUMIDOR E SUA RELAÇÃO

COM O SURGIMENTO DA QUALIDADE

As exigências do mercado consumidor começaram a ter importância a

partir da difusão dos conhecimentos adquiridos no conceito de Gestão pela

Qualidade Total e a Certificação Internacional da Qualidade. O contexto que

estes conceitos se inserem é de um mercado com cada vez menos barreiras

comerciais. Iniciou-se com a abertura na Europa e logo passou a ser difundido

em outros países e continentes, facilitando assim a entrada de produtos “novos”

em mercados “novos”. Estes conceitos passaram a ser difundidos a partir do

crescimento pela cultura da informação e a facilidade de obtenção da mesma,

através de meios como a Internet que fazem com que os consumidores fiquem

mais atentos e mais “próximos” do processo produtivo.

Estes conceitos podem ser resumidos pela definição da ISO 8402

(international Organization for Standartization) que diz: “É a totalidade das

características de uma entidade que lhe confere a capacidade de satisfazer as

necessidades explícitas e implícitas dos clientes”. Esta norma define “controle

da qualidade” como as “técnicas e atividades operacionais usadas para atender

os requisitos para a qualidade”. Estas atividades “se destinam a monitorar um

processo e eliminar causas de desempenho insatisfatório, em todas as etapas do

ciclo da qualidade para atingir a eficácia econômica” (ABNT,1994).

Através destas definições podem ser observadas a importância da

aplicação de um sistema de qualidade em empresas de qualquer tipo e setor

(primário, secundário e terciário), pois assim a produção estará voltada as

necessidades e desejos dos clientes.

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2.1 A importância da gestão da qualidade

Os primeiros conceitos de gestão pela Qualidade surgiram na década de

20 com os estudos de Walter A. Shewhart que era um estatístico do Bell

Laboratories em Nova York, na Companhia Telefônica Bell. Ele desenvolveu

técnicas para introduzir o que chamava de controle estatístico nos processos

industriais, onde havia definido os limites da variação aleatória para qualquer

aspecto do trabalho de um operário, estabelecendo pontos altos e baixos

aceitáveis, de modo que quaisquer pontos fora daqueles limites pudessem ser

detectados e suas causas estudadas. Os operários poderiam ser treinados para

eles mesmos prepararem estes gráficos, o que lhes permitiria um maior controle

sobre seu trabalho e ajustes por conta própria (Walton, 1989).

Um autor conhecido como referência da Gestão pela Qualidade total na

manufatura americana foi Willian Edwards Deming, um estatístico que criou

diversos modelos utilizados até hoje. Na década de 30, Deming conheceu

Shewhart e seus conceitos e técnicas aplicando posteriormente no Ministério da

Agricultura americano e nas técnicas de amostragem para o censo de 1940

(Silva, 2003).

Mais tarde o Dr. Deming foi convidado a contribuir de alguma forma

para a Guerra. Sua resposta foi uma proposta para ensinar os métodos de

Controle Estatístico da Qualidade (CEQ) de Shewhart a engenheiros, inspetores

e outros profissionais que trabalhassem em organizações dedicadas à produção

voltada para a guerra. A partir daí o sucesso foi tanto que a ênfase em escala

nacional na qualidade levou à formação da Sociedade Americana de Controle da

Qualidade em 1946, que o condecorou com a medalha Shewhart (Silva, 2003).

Posteriormente a estes conceitos e técnicas surgiram controles mais

rígidos, como gráficos de controle, o Princípio de Pareto, bem como a

ferramenta do PDCA (Plan, Do, Check, Action), que se tornou a principal

ferramenta no nível tático das empresas hoje em dia.

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A consolidação dos conceitos de gestão pela qualidade aconteceu na

década de 40 como forma de adequar empresas que estavam em dificuldade num

mercado cada vez mais competitivo da era pós-guerra, principalmente no Japão.

A filosofia destacava que o controle estatístico era primordial para a tomada de

decisão nas empresas.

Portanto a qualidade foi criada para as empresas se adequarem a nova

ordem mundial e tem como valores a qualidade, a produtividade, e a

competitividade. No contexto de globalização, competitividade pode ser

traduzido como a capacidade de produzir produtos ou serviços de qualidade

superior ou de custo menor do que os dos concorrentes nacionais e

internacionais (Silva, 2002).

Os conceitos e técnicas de gestão pela qualidade podem ser empregados

por qualquer organização, seja ela uma empresa uma instituição pública, uma

organização não governamental (ONG), ou mesmo uma sociedade, cidade,

estado ou país. Para que se consiga a efetivação da implementação de gestão

pela qualidade é necessário somente a determinação e o envolvimento de todos.

Na década de 70 o conceito de qualidade se voltou para o ocidente e

passou a ser incorporado em várias empresas, primeiramente nos setores

secundários e terciário da economia para, posteriormente, começar a ser

implementado no setor primário.

Já na década de 80 surgiram as primeiras normas ISO que é o

mecanismo de garantia da qualidade mais reconhecido do mundo. No Brasil, são

criadas as normas ABNT e as empresas começaram a se familiarizar com termos

de Gestão pela Qualidade.

Hoje em dia a qualidade é uma necessidade imposta pelo mercado

consumidor e a sociedade. Toda imposição é desagradável, mas as técnicas e

conceitos de gestão pela qualidade fazem as empresas ter maiores

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produtividades, maior organização, maior motivação, a promoção do trabalho

em equipe e a interdisciplinaridade entre os setores e colaboradores.

Main (1929) já mencionava que é possível fazer as coisas praticamente

sem cometer erros, com apenas alguns defeitos a preços competitivos. Mas para

isso a empresa deverá ter os conceitos claros da TQM – Gestão da Qualidade

Total (Marcos, 2005).

TQM não é apenas uma forma de fornecer produtos e serviços melhores,

mas também uma forma de pensar, trabalhar e relacionar com as pessoas. Na

definição de Juran (1951) “qualidade é adequação ao uso” deparando-se com

dois conceitos, antigo e novo, que basicamente estão relacionados ao trabalho

manual e a nova abordagem sistêmica. Sendo assim a gestão da qualidade é uma

forma diferenciada de gerenciar a empresa ou organização concentrando os

esforços de forma sistemática, pensando na empresa e na sociedade como um

todo, e disciplinada pensando em melhoria contínua em tudo que faz.

A verificação e teste da eficiência deste sistema de gestão se deu num

dos lugares mais adequados possíveis, que foram as agências militares, como já

discutido com as inovações trazidas a elas por Deming, e nas bases nucleares e

aeroespaciais. Foram assim que surgiram as primeiras normas que serviram

como requisitos dos sistemas de gestão da qualidade como parte dos esforços

para assegurar que produtos críticos, como instalações nucleares, mísseis

balísticos, satélites e naves espaciais estivessem conformes e livres de falhas.

Isto se deu em decorrência da progressiva conscientização de que a qualidade

dos produtos está intimamente relacionada com a eficácia dos sistemas de gestão

em que se inserem os processos de projeto e realização destes produtos (Netto,

2006).

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2.1.1 A qualidade passando do nível operacional para o estratégico

Uma outra forma de se estudar os conceitos de gestão da qualidade é

aplicando-se uma divisão histórica da evolução da Gestão da Qualidade em

“eras” diferenciando-as pelas suas características básicas. Isto pode ser melhor

entendido a partir da análise do Quadro 1 onde a qualidade evolui de uma caráter

técnico e operacional para um caráter estratégico, se atentando aos requisitos do

cliente e dos concorrentes.

QUADRO 1: Síntese das quatro eras da qualidade.

AS 4 ERAS Características

Básicas Inspeção Controle

estatístico da Qualidade

Garantia da Qualidade

Gestão da Qualidade

Total Interesse principal

Verificação Controle Coordenação Impacto estratégico

Visão da Qualidade

Um problema a ser

resolvido

Um problema a ser resolvido

Um problema a ser resolvido mas é

enfrentado proativamente

Uma oportunidade de diferenciação da

concorrência Ênfase Uniformidade

do Produto Uniformidade

do produto com menos inspeção

Toda a cadeia de fabricação, desde o

projeto até o mercado, e a

contribuição de todos os grupos funcionais para impedir falhas

de qualidade

As necessidades de mercado e do

cliente

Métodos Instrumentos de medição

Ferramentas e técnicas

estatísticas

Programas e sistemas Planejamento estratégico,

estabelecimento de objetivos e a mobilização da

organização Papel dos profissionais da qualidade

Inspeção, classificação,

contagem, avaliação e

reparo

Solução de problemas e a aplicação de

métodos estatísticos

Planejamento, medição da Qualidade e

desenvolvimento de programas

Estabelecimento de metas,

educação e treinamento, consultoria a

outros departamentos e desenvolvimento

de programas Continua...

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QUADRO 1: Continuação.

AS 4 ERAS Características

Básicas Inspeção Controle

estatístico da Qualidade

Garantia da Qualidade

Gestão da Qualidade

Total Quem é o responsável pela qualidade

O depto. de Inspeção

Os Deptos. de Fabricação e

Engenharia (o controle da qualidade)

Todos os deptos. Com a alta

administração se envolvendo

superficialmente com o planejamento e

execução das Diretrizes da

qualidade

Todos na empresa com a

Alta administração

exercendo forte liderança

Orientação e Enfoque

Inspecionar a qualidade

Controlar a qualidade

Construir a qualidade Gerenciar a qualidade

Fonte: Garvin (1992).

Essa subdivisão em Eras é uma forma simplificada de entendermos a

evolução da Gestão da Qualidade, porque reconhecemos que ao longo do tempo

ocorrem simultaneidades entre as eras, isto é, de país para país, existem muitas

diferenças e mesmo dentro do mesmo país, as empresas estão em estágios

evolutivos diferentes (BIDO, 1999).

Através desta forma de análise da evolução da qualidade pode-se notar

claramente o conceito passando do nível operacional, através do controle

estatístico da qualidade, para o nível estratégico pensando-se assim em gestão

como um todo.

À medida que isto ocorre, dentro das organizações, no “mundo exterior”

as pessoas vão ao mesmo tempo, adquirindo mais conhecimento, mais

capacidade de questionamento, devido à difusão dos vários meios de

comunicação e da abertura comercial que estava acontecendo nos países, dentre

eles o Brasil a partir da década de 90. E para regulamentar, garantir e fazer com

que realmente aconteçam na prática as melhorias advindas com as técnicas de

gestão da qualidade, começam a surgir as normas de regulamentação.

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O aparecimento de diferentes normas surge para conciliar e agrupar todo

o conhecimento adquirido em todas as eras do desenvolvimento da qualidade

descrito anteriormente. Para que não se percam os conhecimentos, se garanta sua

aplicabilidade e para que todos tenham acesso à informação. No início isto se

traduz nos requisitos de controle de processos que são aplicados nas duas

primeiras eras (Inspeção e Controle estatístico da qualidade) dando enfoque

muito mais operacional e depois passando à enfoques mais sistêmicos nas outras

eras (Garantia da Qualidade e Gestão da Qualidade total) sendo assim

claramente o enfoque estratégico e tático.

2.1.2 A evolução das normas para sistemas de gestão

No início dos anos 70, a oposição ao padrão produtivo agrícola

convencional concentrava-se num amplo de propostas alternativas, movimento

que ficou conhecido como “agricultura alternativa”. Em 1972 foi fundada em

Versalhes, na França, a International Federation on Organic Agriculture (IFOA),

cujas principais atribuições passaram a ser a troca de informações entre as

entidades associadas, a harmonização internacional de normas técnicas e a

certificação de alimentos, alimentos in natura e produtos orgânicos (Oliveira,

2005)

Após a evolução da qualidade num contexto de qualidade nos processos

produtivos onde se buscava o controle da qualidade pelos inspetores da empresa,

evoluindo para o Controle da Qualidade Total, passando a ser difundido

posteriormente os Sistemas de Garantia da Qualidade (aplicações aeroespaciais,

nucleares e militares), surge finalmente as Normas ISO 9000, aprovadas em

1987 com o objetivo inicial de permitir o reconhecimento internacional dos

sistemas da qualidade. Isto aconteceu num ambiente em que as barreiras

comerciais entre os países da Europa começaram a serem eliminadas e fomentou

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11

o início de conceitos da Gestão da Qualidade Total difundido aí no mundo

inteiro.

Após a difusão e implementação da ISO 9000 diversas outras normas e

certificados surgiram, como a OHSAS 18000 que contêm requisitos de um

sistema de Gestão da Segurança e Saúde no Trabalho, permitindo que uma

organização possa controlar seus riscos vinculados à segurança dos

trabalhadores. Outro certificado que surgiu foi a ISO 14000 que detalha

requisitos de Gestão Ambiental após o crescimento da importância deste tema na

década de 90 criando assim mais uma norma da International Standartization

Organization (ISO) em 1994.

Outra norma importante que merece destaque é a ISO 22000 que foi

regulamentada e traduzida para o Português no ano 2006 e trata da segurança

alimentar para produtos processados ou não. Há ainda outras normas e

certificados, criados, às vezes, pelos próprios demandantes de produtos e não

através de órgãos internacionais, como é o caso do selo EUREPGAP, criado

pelas próprias organizações de classe dos representantes de supermercados e

atacadistas europeus em 1997.

2.2 A certificação da qualidade

Através de exigências dos mercados consumidores que pressionam as

autoridades de seus países a adotarem critérios e fiscalizações rigorosas quanto à

procedência dos alimentos consumidos, surge para satisfazer as necessidades

destes consumidores as certificações da qualidade nos alimentos. Este

mecanismo possibilita ainda a proteção do mercado interno de um país à entrada

de produtos de concorrentes externos que precisam adotar algumas boas práticas

para conseguir algum selo para voltar à exportar, encarecendo assim o processo

e dificultando a concorrência. Como os sistemas da qualidade são voltados para

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atender as necessidades dos clientes, a certificação não é diferente, sendo uma

“imposição” de elo final da cadeia para o elo inicial (top down).

Outros fatores podem ser destacados para o surgimento de certificações

de produtos, principalmente os produtos agroalimentares, como por exemplo: os

avanços no setor alimentar que são muito complexos para o consumidor

assimilar, gerando em muitos casos confusão, superestimação, ou subestimação

dos seus efeitos à saúda humana (Spers, 2000). Com isso as certificações da

qualidade devem ser entendidas como sendo as características e/ou atributos que

os alimentos devem possuir para satisfazer as necessidades dos consumidores

(Lazarotto, 2001). Esta demanda pode ser exemplificada através da Figura 1

mostrada abaixo, citada por Toledo, onde os consumidores demandam a

satisfação e retornam a necessidade pelos produtos desejados.

FIGURA 1: Relação entre os produtos e os consumidores Fonte: Toledo, 1997.

As exigências dos mercados para aquisição de produtos com selos de

qualidade surgiu primeiramente no setor industrial onde os produtos que eram

comercializados com selos como a ISO 9000 poderiam ter um acréscimo de

valor pois se tratavam de produtos mais confiáveis, que apresentavam menos

defeitos e com melhor qualidade. As certificações podem ser entendidas como:

“definição de atributos de um produto, processo ou serviço, e a garantia que eles

se enquadram em normas pré-definidas”(Nassar, 1999).

Segundo Lazzarotto (2001) uma suposição é de que a certificação

privada cresceu devido aos seguintes fatores: falta de confiança, por parte da

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sociedade, nas marcas privadas e na fiscalização exercida pelo Estado, exigindo,

então, novas formas de garantia da qualidade de alimentos; razões de estratégia

empresarial; e, por fim, pressão do mercado internacional.

De acordo com Spers (2000), citado por Lazarotto (2001), uma

importante utilização dos certificados é evitar ações oportunísticas (que podem

surgir quando a informação sobre o produto específico é distribuída pelo próprio

fabricante) por parte de algumas empresas, ou seja, impedir que estas aleguem

processos ou ingredientes que não realizam ou utilizam, mas que são explorados

na comunicação junto a consumidores por serem de difícil comprovação. Daí

surge à importância da reputação das instituições certificadoras e

regulamentadoras, que devem ser confiáveis e evitar estas ações oportunísticas.

Para promover a garantia e a melhoria da qualidade ao longo de uma

cadeia de produção agroalimentar, é preciso estabelecer um enfoque coordenado

(envolvendo produtores, processadores, governo, varejo, exportadores)

orientando-se para o mercado, buscando satisfazer suas exigências.

Segundo Schiefer (2002), um fator fundamental para a gestão da

qualidade nas cadeias de produção é a aplicação de um sistema de informações,

o qual diz respeito ao fluxo de informações sobre as características de produção,

as características da qualidade, o controle de produto e de processos e sobre o

suporte a atividade de melhoria da qualidade. Este fluxo de informações, ainda

segundo Schiefer (2002), pode ser de forma centralizada que é quando uma

instituição central atua junto da cadeia de produção e de forma descentralizada,

onde o fluxo de informações é pautado em consensos estabelecidos entre as

empresas envolvidas.

Segundo Lazarotto (2001), a certificação por terceiros envolve três

fatores: normas, órgãos certificadores e organismos credenciadores, portanto

deve possuir um agente regulamentador (que dita as normas), que pode ser o

governo ou uma instituição internacional; e um agente coordenador (órgão

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certificador que coordena o processo), que pode ser uma associação privada,

uma organização não governamental, uma empresa privada ou uma empresa

estatal. “O organismo certificador é uma organização coletiva que estabelece

regras de qualidade e meios para fazer respeitar essas regras, permitindo que

os mercados se formem e funcionem. (...) Esses organismos certificadores

participam na construção de referências coletivas de qualidade”. (Sans &

Fontuyon, 1998 apud Nassar, 1999). É importante dizer que nem sempre o

certificado é de qualidade. Como foi dito anteriormente, existem outros tipos de

certificação. Além disso, nem sempre o organismo certificador dita as normas,

muitas vezes ele pode utilizar-se de normas já existentes, como as normas ISO

ou ABNT e controlar se as empresas e/ou produtos certificados estão dentro

destas normas.

No sistema de implantação de certificação dentro de uma empresa, esta

deve estar atenta ainda aos custos e benefícios deste processo. Os benefícios já

foram destacados e podem se dividir em benefícios para os consumidores e

benefícios para as empresas certificadas. Os consumidores ganham a garantia de

estar adquirindo um produto confiável, com qualidade comprovada e as

empresas ganham os benefícios de poder ganhar competitividade num mercado

globalizado cada vez mais competitivo. Isto pode ser um diferencial para alguns

produtos de algum mercado específico, ganhar competitividade em relação à

outros produtos que não possuem certificados. Outro beneficio para as empresas,

de acordo com Zylberstajn (1999), é que quando a empresa possui certificado,

ela conhece melhor seus processos de produção, pois precisa ter informações e

acompanhar este processo; possui a certeza de estar realizando o seu negócio da

melhor maneira possível e satisfazendo seu cliente final; obtém melhoria na

coordenação do sistema; atinge um alto nível de qualidade e, usufrui dos

benefícios, em termos de marketing que um certificado pode proporcionar.

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Os custos envolvidos no processo de adaptação de uma empresa aos

critérios de certificação têm também que ser avaliados no momento de sua

decisão de possuir certificação ou não. A empresa deve avaliar muito bem o

mercado que está inserida para poder saber se os benefícios da certificação serão

maiores que os custos. Se uma empresa comercializa produtos para um mercado

que ainda não está bem formado ou não dê muito valor à produtos certificados,

por exemplo, esta implantação poderá ser feita mais tarde, pois no momento a

implantação de certificação em seus produtos será custo sem benefício.

Os custos a serem considerados num sistema de certificação são de

quatro tipos, segundo Lazarotto (2001): implantação, manutenção, exclusão e

adaptação. Os custos de implantação são aqueles relacionados à elaboração de

normas e procedimentos, criação das organizações de controle, formação dos

canais de comercialização e marketing e adaptação dos sistemas produtivos. Os

custos de manutenção são aqueles voltados à sustentação das organizações de

controle. Os custos de exclusão são aqueles para selecionar novos participantes,

excluir caronas e punir os agentes oportunistas. E, por fim, devido às mudanças

nos hábitos de consumo, nos preços relativos, na renda dos consumidores e no

aumento da concorrência, os sistemas de certificação devem ser dinâmicos e

adaptáveis, incorrendo, assim, em custos de adaptação (Nassar, 1999).

Há também uma outra forma de certificação, além das tradicionais, em

que uma empresa é certificada por uma terceira, que é a certificação de 2ª parte,

onde uma empresa cria um certificado para seus fornecedores. Com isso a

empresa compradora garante a qualidade de seus produtos, reduz custos de

logística e o fornecedor pode ter a oportunidade de reduzir seus custos de

produção devido à sua eficiência produtiva.

Portanto quem dirá se será importante certificar algum produto ou

alguma cadeia produtiva é o consumidor. Precisa-se avaliar se os consumidores

Page 24: CERTIFICAÇÃO NA PRODUÇÃO DE FRUTAS IN NATURA: UM ESTUDO NO INTERIOR DE SÃO PAULO

16

irão valorizar algum tipo de certificado e até pagar mais caro por produtos

certificados em relação à produtos sem certificação.

Para este trabalho, vamos enfocar agora tipos de certificações exigidas e

valorizadas pelo mercado internacional de frutas in natura. Vamos falar de

certificações que produtores brasileiros estão adotando como exigência do

mercado europeu principalmente, Falaremos, portanto, de P.I.F. – Produção

Integrada de Frutas, Eurepgap e outros.

2.2.1 A produção integrada de frutas (PIF)

De acordo com Oliveira (2005), a produção integrada de frutas surgiu

como extensão do Manejo integrado de Pragas (MIP) considerando-se que tal

sistema era necessário para reduzir o uso de pesticidas e obter maior respeito ao

meio ambiente no Norte da Itália nos anos 70. Nessa época, os produtores de

maçãs verificaram que os ácaros desenvolveram resistência aos acaricidas. Após

isto, com o auxílio de pesquisadores, chegou-se à conclusão que o sistema

deveria passar por mudanças profundas, utilizando manejo integrado de ácaros,

monitoramento, e técnicas alternativas de controle, fazendo com que todos na

região desenvolvessem práticas culturais integradas.

A partir disto, a consciência ecológica no mundo só aumentou e os

temas relacionados ao meio ambiente passaram a vigorar freqüentemente na

política internacional. Com isso, os acessos a mercados internacionais

importadores de frutas se tornaram cada vez mais difíceis. Os consumidores

estão cada vez mais exigentes quanto à qualidade dos alimentos exigindo

produtos livres de agrotóxicos. E também as cadeias de grandes distribuidores e

supermercados europeus têm pressionado os produtores de frutas e hortaliças

para o estabelecimento de regras de produção.

No Brasil, o Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento

(MAPA) criou o Programa de Desenvolvimento da Fruticultura que teve como

Page 25: CERTIFICAÇÃO NA PRODUÇÃO DE FRUTAS IN NATURA: UM ESTUDO NO INTERIOR DE SÃO PAULO

17

objetivo principal elevar os padrões de qualidade e competitividade da

fruticultura nacional aos padrões exigidos pelo mercado internacional.

Segundo Oliveira (2005), os princípios básicos que regem a PIF estão

amparados, principalmente, na elaboração e desenvolvimento de normas e

orientações de comum acordo entre os agentes da pesquisa, ensino e

desenvolvimento (como o CNPQ); extensão rural e assistência técnica (como a

EMBRAPA); associações de produtores; base produtiva; e autoridades do país

(como o MAPA), por meio de um programa multidisciplinar, objetivando com

isso, assegurar que a produção de fruta seja conduzida de acordo com a

sistemática definida pelo Modelo de Avaliação da Conformidade adotado.

A produção integrada de frutas no Brasil está situada no ápice de uma

pirâmide que a qualifica como o nível mais evoluído em organização,

tecnologia, manejo e outros, num contexto onde os patamares para a inovação e

competitividade são estratificados por níveis de desenvolvimento, como

mostrado na Figura 2 elaborado pela EMBRAPA (2004).

Como verificado na Figura 2, o primeiro passo para a obtenção do

certificado PIF é uma ação de conscientização, que faz parte das

responsabilidades da Embrapa, onde busca-se atingir o maior número de adesões

de produtores ao programa.

Após feita esta parte, ainda com o apoio da Embrapa Meio Ambiente, os

produtores começam a adotar as BPA – Boas Práticas Agropecuárias -, onde

inclui-se os procedimentos sobre padrões de Higiene Operacional (PPHO), que

são hoje exigidos pelos maiores mercados importadores de frutas. Após esta

etapa, foi formada uma equipe técnica que passou a verificar e inspecionar o

fluxo de produção, conhecido como sistema de Análise de Perigos e Pontos

Críticos de Controle (APPCC), identificado como o Nível 2 do processo.

Page 26: CERTIFICAÇÃO NA PRODUÇÃO DE FRUTAS IN NATURA: UM ESTUDO NO INTERIOR DE SÃO PAULO

18

FIGURA 2: Patamares de evolução da rastreabilidade na cadeia de frutas Fonte: Embrapa (2004c).

No nível 3, passa-se a monitorar o produtor usando o Sistema Codex

Alimentarius como referência o uso de Limites Máximos de Resíduos (LMR),

aumentando o cuidado com a produção, a fim de atender cada exigência

específica do importador.

E, para finalizar a PIF brasileira, baseou-se em boa parte das

metodologias presentes nas exigências de selos e protocolos europeus que são o

EUREPGAP, e o BRC (Consórcio de Varejistas Ingleses) e à UNE – União

Nacionalista Espanhola, devido este ser o maior mercado consumidor de frutas

brasileiro, como está mostrado no nível 4 da pirâmide.

A Produção Integrada de Frutas é hoje considerada tão importante na

Europa que, a partir de 2003, proibiu-se a importação de maças no sistema de

produção convencional e, em 2005, outras frutas entraram na lista de banimento

à importação. Segundo Andriguetto (2004), na Suíça e na Dinamarca quase não

existem mercados para as frutas produzidas segundo sistema convencional.

A ç õ e s d e C o n c ie n tiza ç ã o B á s ic a

P a ta m a r e s p a r a a In o v a ç ã o e C o m p e tit iv id a d e n a F r u tic u ltu r a B r a s ile ir a

P r o d u to r c o m B P A

B P A A P P C CP P H O

P I F

L e g e n d a :P IF – P r o d u ç ã o In te g r a d a d e F r u ta sE U R E P – G A P – P r o to c o lo E u r o p e u d e B oa s P r á tic a s A g r o p e c u á r ia sA P P C C – A n á l is e d e P e r ig o s e P o n to s C r ít ic o s d e C o n tr o leP P H O – P r o c e d im e n to s P a d r õ e s d e H ig ie n e O p e r a c io n a lB P A – B o a s P r át ic a s A g r o p e c u á r ia s

N ív e l 5

N ív e l 3

N ív e l 2

N ív e l 1P r o d u to r se m B P A

E U R E P - G A P N ív e l 4

F o n te : S e n a i / S e b r a e e E m b r a p aA d a p ta d o p o r J R A /A R KJ R A /A R K - M A P A

Page 27: CERTIFICAÇÃO NA PRODUÇÃO DE FRUTAS IN NATURA: UM ESTUDO NO INTERIOR DE SÃO PAULO

19

No Brasil, a PIF iniciou suas atividades em 1998 através de uma

parceria entre o MAPA e o Inmetro para estabelecer critérios de segurança

alimentar, social, ambiental e econômico para que o país não tenha que se

deparar com barreiras a exportação para Estados Unidos e União Européia.

A PIF brasileira é, por conceito, um sistema de produção de frutas de

alta qualidade, priorizando princípios de sustentabilidade, aplicação de recursos

naturais, e regulação de mecanismos para substituição de insumos poluentes,

utilizando instrumentos adequados de monitoramento dos procedimentos e a

rastreabilidade de todo o processo (Oliveira, 2005).

Após esta implementação, o governo brasileiro instituiu o Marco Legal

da Produção Integrada composto de Diretrizes Gerais e Normas Técnicas para a

Produção Integrada de Frutas, oficializada pela instrução normativa No20,

publicada no Diário oficial da União, do dia 15 de outubro de 2001,

Regulamento de Avaliação da Conformidade (RAC), Definições e conceitos do

Programa PIF, Regimento interno da Comissão técnica-CTPIF, Formulários de

Cadastro (CNPE) e outros componentes de igual importância, documentos estes

resultantes da parceria entre o MAPA, o INMETRO e o Ministério do

Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC). Este Marco Legal

será tratado mais adiante nos resultados do trabalho, onde poderemos verificar as

conseqüências desta implementação.

2.2.2 Protocolo europeu de boas práticas agrícolas (EUREPGAP)

A representatividade das grandes cadeias de distribuidores e

supermercados é feita atualmente pelo EUREPGAP que é um protocolo europeu

que leva em consideração as Boas Práticas Agrícolas (BPAs) e APPCC (Análise

de Perigos e Pontos Críticos de Controle). O EUREPGAP busca promover a

sustentabilidade da produção agrícola com o objetivo de garantir a segurança

Page 28: CERTIFICAÇÃO NA PRODUÇÃO DE FRUTAS IN NATURA: UM ESTUDO NO INTERIOR DE SÃO PAULO

20

alimentar dos produtos in natura destinados ao mercado europeu considerando o

manejo integrado de pragas e a produção integrada.

O EUPEPGAP iniciou suas atividades em 1997 por iniciativa de grandes

varejistas participantes do Euro-Retailer Produce Working Group (EUREP)

visando o reconhecimento pelos critérios de certificação internacional como o

“ISO 65”. Representantes de todas as cadeias alimentícias do mundo inteiro

estão envolvidos no desenvolvimento destes documentos, agregando a visão dos

industriais, dos consumidores e das organizações ambientais e governamentais

para a formação dos protocolos. A opinião de todos esses elos das cadeias

produtivas tem produzido um notável protocolo que fazendeiros do mundo todo

podem operar em conformidade com o GAP (EUREPGAP, 2004).

As diretrizes mais recentes deste protocolo definem o padrão mínimo

aceitável para conduzir grupos de produtores Europeus, que apresentam um

mínimo de requisitos exigidos pelos Protocolo. Ele não define métodos a serem

utilizados, mas reconhece as ações mais fomentadas e implantadas por

produtores, grupos de produtores e organizações de produtores, localmente ou

nacionalmente, implementando o sistema de boas práticas agrícolas.

No momento da auditoria EUREPGAP são analisados elementos de um

check-list onde verifica-se se uma operação ou local está ou não de acordo com

os pontos de controle estabelecidos na inspeção. Há também a possibilidade de

grupos de produtores solicitar um reconhecimento de equivalência com os

padrões EUREPGAP facilitando a harmonização dos critérios técnicos.

O grupo de grandes varejistas participantes no EUREPGAP mantém

ainda um fórum para melhoramentos contínuos, onde são criados comitês

técnicos e de padrões compostos por produtores e varejistas para se revisar

questões de emergências.

Portanto, para poder se exportar frutas hoje para o mercado europeu é

necessário, no mínimo, possuir selo EUREPGAP. As exceções ficam por conta

Page 29: CERTIFICAÇÃO NA PRODUÇÃO DE FRUTAS IN NATURA: UM ESTUDO NO INTERIOR DE SÃO PAULO

21

de algumas frutas como a maça que necessita ainda de possuir o selo PIF para

conseguir atingir o mercado europeu.

Page 30: CERTIFICAÇÃO NA PRODUÇÃO DE FRUTAS IN NATURA: UM ESTUDO NO INTERIOR DE SÃO PAULO

22

3 METODOLOGIA

Este trabalho consiste numa análise do ambiente em que estão inseridos

os produtores e exportadores de frutas in natura no mercado internacional

atualmente. Ele procurou mostrar as dificuldades dos produtores para se

adequarem às exigências do mercado e as melhorias advindas na adoção deste

sistema, como isto influiu em seu sistema produtivo e as modificações que

necessitaram ser implementadas.

Além desta análise foi verificado, in loco, a aplicabilidade destes

mecanismos adotados pelos produtores através de 2 visitas em propriedades

rurais. Estas visitas ocorreram em propriedades do Município de Urupês onde

foi verificado in loco o processo de anotação, e a aplicabilidade dos pré-

requisitos exigidos na certificação EUREPGAP. Isto ocorreu durante o mês de

agosto de 2007 e a visita durou um dia em cada propriedade, sendo

acompanhada ambas as visitas com os proprietários. Isto aconteceu como parte

do trabalho gestão, conscientização e apoio aos produtores na implantação do

sistema baseado no protocolo EUREPGAP para se verificar as adequações

necessárias para a exportação.

Todo este trabalho de pré-auditoria faz parte de um serviço de

consultoria contratado pela empresa exportadora para auxiliar no trabalho com

os produtores, implantar um sistema de benchmarking de custo benefício das

propriedades e auxiliar o sistema administrativo e organizacional de dentro da

empresa exportadora. Este trabalho foi iniciado em 2005 e continua funcionando

até o presente momento.

Foi analisada também as documentações necessárias a estas adequações

podendo se auferir o custo extra que cada integrante da cadeia pode incorrer para

poder ter acesso a estes mercados.

Page 31: CERTIFICAÇÃO NA PRODUÇÃO DE FRUTAS IN NATURA: UM ESTUDO NO INTERIOR DE SÃO PAULO

23

4 RESULTADOS

Nos resultados serão apresentadas primeiramente às modificações

necessárias no sistema produtivo de propriedades rurais para se adequarem às

exigências dos mercados consumidores.

O trabalho se baseou na produção de limão nas regiões de Catanduva,

Urupês, Itajobi e Novo Horizonte, no interior de São Paulo. Foi analisada uma

amostra de dois produtores fornecedores de frutas para uma empresa que faz a

exportação in natura principalmente para o mercado europeu, dentre um grupo

de 40 produtores, onde se necessita obrigatoriamente obter o selo EUREPGAP

para se conseguir a exportação. Em todos os aspectos deste trabalho a empresa

não terá seu nome divulgado devido a não autorização prévia da mesma.

Em relação ao perfil dos produtores, estes possuem em média 20-25

alqueires de lima ácida tahiti, que é o nome científico da fruta de limão. Este

mercado regional possui um grande número de produtores ofertantes e uma

grande concorrência entre as empresas exportadoras. Isto acontece

principalmente pelas características da produção, que se concentram a maior

parte da produção durante os meses de janeiro, fevereiro e março fazendo com

que haja muita oscilação de preços. Isto também passa a ser um problema para a

agroindústria exportadora que vê a demanda do produto crescer no mercado

consumidor durante os meses do verão europeu (julho, agosto e setembro) onde

a oferta é menor do produto no interior de São Paulo.

O Gráfico 1 mostra a evolução da oferta média considerando várias

propriedades da oferta de limão para o mercado interno e para o mercado

externo.

Page 32: CERTIFICAÇÃO NA PRODUÇÃO DE FRUTAS IN NATURA: UM ESTUDO NO INTERIOR DE SÃO PAULO

24

GRÁFICO 1 Evolução da Oferta de limão in natura durante os meses do ano. Fonte: Programa de Gestão Empresarial – IGEAgro, 2006, slide 26

Para poder contornar este problema e conseguir produzir a maior parte

de sua produção durante os meses de menor oferta no mercado e

conseqüentemente, maiores preços, alguns produtores estão adotando técnicas de

irrigação controlando assim a maturação das plantas e atrasando desta forma a

safra que normalmente se inicia em dezembro, para os meses de abril-maio.

Basicamente, a exportação feita por esta empresa se destina a grandes

compradores, atacadistas, holandeses e espanhóis, que destinam o produto final

limão para os supermercados de quase toda a Europa. Atualmente, o uso mais

comum do limão tahiti exportado é para adornos de refrigerantes e coquetéis,

sendo muito raro o seu uso para a culinária, pois as donas de casas européias

preferem o limão galego para este fim.

4.1 Exigências para exportação de frutas in natura

Os produtores que participam do mercado exportador de frutas

necessitam passar por alguns procedimentos de mudança em suas rotinas diárias

0

100

200

300

400

500

600

700

800

900

JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ

caix

as

Externo Interno

Page 33: CERTIFICAÇÃO NA PRODUÇÃO DE FRUTAS IN NATURA: UM ESTUDO NO INTERIOR DE SÃO PAULO

25

para se adequarem às exigências das empresas. A principal mudança notada é o

início de adaptação a sistemas de controles e anotações. Isto parece simples no

início, mas a mudança de cultura que ocorre com a implementação de anotações

nas propriedades é grande e isto é o primeiro passo para o produtor poder

receber o selo EUREPGAP destinado à exportação de frutas in natura para o

mercado comum Europeu.

Nesta região em análise, os produtores que eram fornecedores da

empresa exportadora receberam gratuitamente o acesso ao certificado

EUREPGAP por meio do pagamento pelos serviços das empresas auditoras.

Com isso foi criado então uma agenda padrão onde todos os produtores faziam o

mesmo tipo de anotações para fins de auditoria. Este modelo de agenda está

presente no Anexo I deste trabalho.

Nesta agenda, os detalhes prioritários verificados pela auditoria são as

formas de aplicação de produtos químicos, as condições meteorológicas para a

aplicação, e o respeito aos prazos de carência dos produtos. Os outros itens que

estão incluídos nesta agenda, que são dados financeiros, foram incluídos a

pedido de produtores e não são exigidos pela auditoria do sistema EUREPGAP.

Como verificado no Anexo I a agenda dos produtores tem anotações por

talhão e leva em consideração quase todos os aspectos de rastreabilidade das

lavouras, como aplicação de defensivos, prazos de carência, volumes aplicados e

condição do clima no momento das aplicações. O objetivo disto é a formação de

um banco de dados que fique disponível no site da empresa exportadora para os

principais compradores que possuem uma identificação e senha para entrar no

site, mostrando os dados dos limões exportados dos produtores fornecedores.

Até o presente momento deste trabalho apenas os dados de clima e aplicações de

defensivos momentos antes da colheita estavam disponíveis no site. Tudo isto é

feito a partir do sistema de código de barras que as frutas recebem no momento

que entram no packing house da empresa e a equipe de campo da empresa,

Page 34: CERTIFICAÇÃO NA PRODUÇÃO DE FRUTAS IN NATURA: UM ESTUDO NO INTERIOR DE SÃO PAULO

26

posteriormente coleta as agendas e passa as anotações para bancos de dados que

ficam disponíveis na internet.

Portanto, durante a auditoria, são verificadas as anotações das agendas

dos produtores e ainda são visitados dois produtores escolhidos aleatoriamente

no momento da visita dos auditores. Nesta visita são verificados outros itens que

não são possíveis de mensurar nas análises das agendas dos produtores, como

condições de armazenagem de produtos químicos, condições de trabalho dos

funcionários no manuseio dos produtos químicos e na hora da colheita, além de

procedimentos de colheita e transporte adequados.

Quando a fruta chega no packing house, é feita uma separação entre os

lotes entregues de limão para haver o mínimo de mistura entre frutas de

diferentes produtores. Este trabalho gera um custo adicional à empresa

exportadora que tem que separar as frutas e identificá-las com sistema de código

de barras, para que os consumidores na Europa consigam através do site da

empresa, saber a procedência das frutas. A empresa exportadora trabalha

qualificando os produtores certificados com um bônus no preço da caixa de

limão em relação aos produtores não certificados. O preço ainda irá depender do

rendimento das frutas entregues pelo produtor, pois não são todos os limões que

podem ser exportados; eles precisam ter um calibre e uma cor predeterminados

para a aceitação no mercado europeu, senão a carga é rejeitada logo no ato da

chegada no porto do país importador. Até o momento a média anual de

rendimento de limões na empresa é 40%, ou seja, 60% dos limões não são

aceitos para exportação e têm que ser revendidos no mercado local ou nas

proximidades.

Por tudo isto pode verificar que neste caso a certificação é uma escolha

correta dos produtores, pois além de poderem se organizar melhor, eles não têm

que pagar pelas auditorias e ainda recebem um bônus nas caixas de frutas logo

que as entregam.

Page 35: CERTIFICAÇÃO NA PRODUÇÃO DE FRUTAS IN NATURA: UM ESTUDO NO INTERIOR DE SÃO PAULO

27

Quanto às exigências para adequações dos produtores para ficarem de

acordo com as normas EUREPGAP, estas são verificadas por folhas do tipo

check list onde verifica-se, em cada item, o nível de importância da verificação,

se é cumprida a exigência ou não, uma justificação e um campo de observações.

Um exemplo do check-list para produção de frutas e legumes está mostrado no

Anexo II ao final do trabalho.

Sobre as visitas aos produtores, essas tiveram um caráter de pré-

auditoria nos sistemas de produção das fazendas, um mês antes da visita dos

auditores oficiais EUREPGAP. Isso acontece devido a um trabalho de

consultoria em gestão para a empresa exportadora prever este tipo de atividades,

como já citado na metodologia.

O relatório de não conformidades elaborado para cada um dos

produtores seguem o padrão de nomenclatura e código numérico utilizado na

norma EUREPGAP. Nestes itens citados dos dois relatórios de não

conformidades apresentados, conforme pode ser visto no Anexo 2, o número que

aparece na frente do item faz referência ao código de pontos de controle do

sistema EUREPGAP e as palavras descritas entre parênteses mostram a

importância deste item para o check-list como um todo. Há ainda, na última

coluna, um campo para anotação de observações realizadas pelos auditores.

No primeiro produtor visitado foi verificado um nível de organização

muito bom, onde a esposa do produtor auxiliava este em relação às

documentações necessárias. As não conformidades verificadas foram as

seguintes (Quadro 2):

Page 36: CERTIFICAÇÃO NA PRODUÇÃO DE FRUTAS IN NATURA: UM ESTUDO NO INTERIOR DE SÃO PAULO

28

QUADRO 2: Itens de não conformidades do produtor 1.

No Item Gravidade Observações 6.4.1. Existe algum inventário das existências de

fertilizantes inorgânicos, atualizado e disponível na Unidade de Produção?

(Menor)

8.8.9. As prateleiras de armazenamento de produtos fitofarmacêuticos são feitas por materiais não absorventes?

(Recomendado)

Prateleiras de madeira.

8.8.15. Existe algum inventário dos produtos existente

disponível e atualizado? (Menor)

Fonte: IGEAgro 2007. Relatório de pré-auditoria

Já para o segundo produtor visitado, além do relatório de não-

conformidades, foi elaborado também algumas recomendações. Esse produtor

mostrou um nível de informação sobre os procedimentos EUREPGAP muito

menor e uma dificuldade de controle e organização das anotações.

O Relatório de não conformidades foi o seguinte (Quadro 3):

QUADRO 3: Itens de não conformidades do produtor 2.

No Item Gravidade Observações 6.4.1. Existe algum inventário das existências de

fertilizantes inorgânicos, atualizado e disponível na Unidade de Produção?

(Menor)

8.3.9. Foram registradas todas as aplicações de produtos fitofarmacêuticos incluindo as máquinas utilizadas?

(Menor) Não anotou as máquinas.

8.3.10. Foram registradas todas as aplicações de produtos fitofarmacêuticos, incluindo o Intervalo de Segurança?

(Maior) Não anotou o tempo de carência.

8.4.1. Foram respeitados os intervalos de segurança? (Maior) Erro de anotação que pode passar informação incorreta

8.8.15. Existe algum inventário dos produtos existente disponível e actualizado?

(Menor)

8.9.6. As embalagens vazias são enxaguadas com água sob pressão ou passadas por água por pelo menos 3 vezes?

(Menor) Citou fazer apenas uma

lavagem. 8.9.9. É cumprida a legislação em vigor relativa à gestão e

eliminação das embalagens vazias de produtos fitofarmacêuticos?

(Menor) Citou que não fura.

Continua...

Page 37: CERTIFICAÇÃO NA PRODUÇÃO DE FRUTAS IN NATURA: UM ESTUDO NO INTERIOR DE SÃO PAULO

29

QUADRO 3: Continuação.

No Item Gravidade Observações 12.3.4. Os procedimentos em caso de acidentes estão

claramente assinalados num raio de 10m do armazém de produtos fitofarmacêuticos?

(Menor) Estavam na residência.

12.5.2. O vestuário de protecção é limpo após sua utilização?

(Menor) Citou que lava uma vez por

semana Fonte: IGEAgro 2007. Relatório de pré-auditoria

Ainda para o relatório do produtor 2, foram elaboradas algumas

recomendações de adequações que podem ser citadas abaixo:

• Treinamento de preenchimento do Caderno do Produtor;

• Treinamento como tratar as embalagens de agrotóxicos segundo a

legislação;

• Solicitar a lavagem dos vestuários após cada aplicação de produtos

no campo.

Foi feita ainda uma recomendação geral para todos os produtores,

inclusive os que não participaram desta pré-auditoria, pois como já falado,

quando os auditores oficiais chegarem eles irão auditar aleatoriamente qualquer

produtor citado pela empresa que possua a certificação e busque a renovação ou

aquele que busca a certificação pela primeira vez.

A recomendação geral foi a seguinte:

• Anexar os Procedimentos para ações em Caso de Acidente e

Emergência nos Armazéns de Agrotóxicos;

• Implantação do Inventário de Fertilizantes inorgânicos em todas as

propriedades;

Page 38: CERTIFICAÇÃO NA PRODUÇÃO DE FRUTAS IN NATURA: UM ESTUDO NO INTERIOR DE SÃO PAULO

30

• Durante as visitas às propriedades, realizar simulações de segurança,

como entrar na sala de agrotóxicos sem EPI´s para verificar a

atenção do produtor para essas questões;

• Capacitar o técnico de campo para realização de auditorias

conforme o Checklist Frutas e Legumes, versão 2.1 (out04) e

analisar as qualificações necessárias (verificar se curso técnico

agropecuário reconhecido tem validade junto ao órgão certificador);

• Verificar a forma como os produtores realizam a limpeza das

embalagens de agrotóxicos;

• Verificar no preenchimento do Caderno de Campo, os dados de

máquinas utilizadas e tempo de carência a ser respeitado.

Portanto verifica-se que este sistema de certificação EUREPGAP não é

muito trabalhoso ou detalhado a ponto de onerar os produtores em grandes

custos que possam inviabilizar sua produção.

Ao final de todo o processo, de pré-auditoria, é feito ainda uma tabela

com a pontuação da auditoria levando-se em conta os níveis de importância de

cada item verificado nos check-list dos produtores, do packing house e do

sistema de gestão da empresa exportadora. Essa tabela leva em consideração

todo o grupo de produtores pois o certificado será emitido em conjunto o que

diminui os custos, facilita a integração das informações e a aplicação das

recomendações. Um exemplo do certificado emitido pode ser verificado no

Anexo III ao final do trabalho.

4.2 Dificuldades enfrentadas e procedimentos utilizados pelos produtores

O primeiro grande problema enfrentado pelos produtores é a falta de

costume em organização das informações e documentações, que são

imprescindíveis para o sucesso em qualquer certificação. No caso em estudo foi

Page 39: CERTIFICAÇÃO NA PRODUÇÃO DE FRUTAS IN NATURA: UM ESTUDO NO INTERIOR DE SÃO PAULO

31

necessário haver um grande processo de motivação para os produtores. Foram

feitos dias de campo, palestras com especialistas em diversas áreas além da

certificação para ser como uma moeda de troca da empresa para os produtores,

pois a empresa precisava de cada vez mais produtores certificados e os

produtores necessitam sempre de informações tecnológicas. Tudo isto sem se

esquecer que ainda era feita uma bonificação para o produtor certificação no

valor da caixa de limão entregue no packing house.

Outra dificuldade enfrentada era a falta de entendimento adequado dos

produtores na certificação. Haviam perguntas do tipo: “Após a vinda do auditor

podemos deixar de fazer as anotações?”. Ou seja, era muito difícil os produtores

enxergarem valor no processo de anotação e organização da propriedade. Tudo

isso ainda ocorria após os produtores terem passado por um curso inicial sobre a

vantagens da certificação.

Para tentar melhorar a percepção dos produtores em relação às anotações

de operações das propriedades, no segundo foi elaborada a agenda como

mostrada no Anexo I, pois antes disso as anotações só mostravam a forma de

aplicação, o dia, o clima na hora da aplicação, a quantidade aplicada e a carência

dos produtos em questão. Após a implementação dessa nova agenda, foi feito

ainda um trabalho de sistema de informações e benchmarking dos dados,

calculando os custos de produção, comparando com os outros produtores e

verificando oportunidades de melhoria no processo produtivo.

Mesmo assim, se as visitas aos produtores não fossem constantes, esse

processo não teria sucesso pois, na correria do dia-a-dia, os produtores

acabavam por esquecer das anotações.

Mas isso é uma questão normal, devido a este novo sistema ser uma

forma de mudança de cultura dos produtores e das propriedades e, uma mudança

de cultura, em qualquer organização ou sociedade leva um tempo bastante longo

para se concretizar e consolidar.

Page 40: CERTIFICAÇÃO NA PRODUÇÃO DE FRUTAS IN NATURA: UM ESTUDO NO INTERIOR DE SÃO PAULO

32

Outro fator apontado pelos produtores como empecilhos para o bom

andamento do sistema de certificação era o medo de abertura dos seus dados

para a empresa parceira, pois esta poderia tirar de alguma situação do produtor

nas negociações de limão.

Mas também há de se lembrar que nem todos os produtores fazem parte

desse perfil, alguns produtores tiraram muito proveito da parceria com a empresa

exportadora e estão trocando toda sua área de produção para limão tahiti, vendo

com bons olhos a parceria. São produtores que sempre recebem muito bem os

profissionais da empresa, cobram sempre por novos cursos, atualizações e, por

visitas constantes em sua propriedade. São produtores que dizem: “antes eu só ia

saber sobre lucros e prejuízos do limão vendido um mês após a entrega, hoje eu

já sei na hora da colheita.”

4.3 Perspectivas para a cadeia produtiva de frutas in natura

As frutas in natura estão passando hoje por um processo em que

futuramente todos os produtos alimentícios irão passar. Os controles mais

rigorosos da forma de produção, a necessidade e a busca constante de novas

informações por parte dos consumidores e a integração de tudo isso com os

sistemas de gestão pela qualidade irão atingir o mundo todo mais cedo ou mais

tarde.

Para o caso em questão, da produção de limão no oeste paulista, a

institucionalização do marco legal pelo governo brasileiro é uma questão muito

delicada e deveria ter sido feita com maior cautela ou com subsídios maiores aos

produtores, com programas melhor difundidos de orientação e auxílio para o

enquadramento às normas. Quando o governo brasileiro realmente publicou seu

marco legal, a União Européia concedeu ao país um tempo para atualização,

treinamento e adaptação da produção da produção brasileira na produção

integrada. Mas no ano de 2006 esse tempo se esgotou. Segundo a União

Page 41: CERTIFICAÇÃO NA PRODUÇÃO DE FRUTAS IN NATURA: UM ESTUDO NO INTERIOR DE SÃO PAULO

33

Européia, o governo brasileiro não adotou nenhum mecanismo de auxílio ou

adaptação às regras que estavam para surgir. O resultado é um pânico em quase

toda a cadeia de exportadores de frutas in natura porque quando o governo

publicou seu marco legal ele estava dando aval para todas essas ações da União

Européia e dizendo que se comprometeria na adequação dos processos; portanto,

se uma carga qualquer de um limão, por exemplo, for rejeitada devido a traços

de algum defensivo fora do prazo de carência, não será a empresa exportadora

que será punida e sim todo o estado que exporta este tipo de fruta e até mesmo o

país inteiro, como aconteceu no caso do embargo de carne brasileira para a

Rússia.

Portanto, hoje em dia, é justamente isso que estão se apoiando as

políticas agrícolas protecionistas americanas e européias. Basicamente as

notificações que estão sendo feitas para os países exportadores que não estão em

conformidade com a regulamentação se referem aos chamados LMR – Limites

Máximos de Resíduos – aplicado para o caso dos agroquímicos. E quando esta

notificação chega para um país que se comprometeu em fiscalizar e adotar

procedimentos para racionalização do uso de agroquímicos, como é o caso do

Brasil, a culpa cairá em todo o sistema e não em uma empresa somente.

Está claro, porém, que a difusão da produção integrada no mundo

inteiro, a exigência de produtos de maior qualidade e confiabilidade por clientes

inclusive de países em desenvolvimento é questão de tempo. Além de tudo o que

já falamos neste trabalho, as exigências agora se baseiam em normas,

procedimentos aceitos no mundo inteiro e criados por organismos independentes

como é o caso da International Standartization Organization (ISO) sediada em

Genebra na Suíça.

Como se sabe, as barreiras técnicas existentes no PAC – Política

Agrícola Comum da Europa ou a Lei Agrícola de 2002 dos Estados Unidos, são

altamente protecionistas e tem como objetivo restringir devido à precaução.

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Com a difusão das normas e procedimentos, como por exemplo da Produção

Integrada de Frutas, estas leis protecionistas irão perder força diante delas. O

próprio consumidor irá exigir produtos que possuem estes selos e não aceitará

mais tais barreiras apenas para proteger produtores locais ineficientes sendo que

existe outros que são mais tecnificados, certificados e que podem oferecer

produtos melhores e mais baratos que os ineficientes.

Os consumidores, à medida que aumentam seu grau de conhecimento

dos mercados e aumentam seu acesso a informações de qualidade, irão cobrar os

governos dos seus países principalmente devido a dois motivos: o primeiro é a

mudança da percepção dos consumidores quanto à qualidade do alimento e não à

disponibilidade, como era o caso de algumas barreiras que faziam menção a

indícios de guerras por exemplo; o segundo motivo é o interesse principal da

população em sempre aumentar a eficiência e competitividade das economias de

seus países, sem gastar dinheiro com empresas e setores ineficientes deixando de

fomentar e investir em outros setores mais eficientes.

Portanto esse pode ser um cenário em que os países exportadores terão

que se enquadrar. Isso deverá levar tempo e precisará ainda de motivação

governamental, inclusive para subsidiar o processo no inicio. Mas depois que a

produção estiver eficiente e, de acordo com as normas e os clientes estiverem

sabendo disto, não haverão barreiras para impedir o acesso a mercados nunca

antes explorados.

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35

5 CONCLUSÃO

Este trabalho procurou mostrar uma pequena “Revolução” que está

acontecendo nos países desenvolvidos e chegando muito rápido para nós,

brasileiros. As exigências, selos e certificações já são exigidos em grande escala,

principalmente pelo mercado consumidor europeu onde, dificilmente, sem o

certificado EUREPGAP, se consegue exportar. E ficando ainda mais difícil com

a exigência progressiva de incorporação do PIF nas frutas exportadas,

sinalizando que, em pouco tempo, todos os produtores de quaisquer frutas terão

que ter algum atestado que mostre que a produção é responsável e segue

critérios e padrões pré-estabelecidos.

No início estes mecanismos devem levar tempo para serem

implementados da forma mais correta na produção, além do custo extra que

pode incorrer, mas posteriormente isso poderá abrir vários mercados devido à

demanda de clientes bem informados e criteriosos.

Este trabalho procurou mostrar o exemplo que pequenos produtores

tiveram que passar para conseguir adequar suas produções para a exportação.

Isto se deveu também a iniciativa de uma empresa exportadora que tinha

interesse na produção de forma organizada e qualificada dos produtores. Se não

houvesse o patrocínio dessa empresa e isso fosse apenas uma exigência da

empresa, dificilmente algum produtor iria aderir ao sistema de certificação. Mas,

da forma como foi feita, esta implementação gerou ganhos para todos,

produtores e empresa exportadora, o agente-chave que vem desenvolvendo a

coordenação da cadeia, por meio da certificação.

Porém, a exigência de se possuir o selo EUREPGAP para a exportação

das frutas in natura não necessariamente implica que os produtores possuem

todo o conhecimento sobre suas produções e sobre todos os aspectos da

comercialização de limão in natura. Não era raro se encontrar produtores que já

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estavam certificados e não sabiam seus próprios custos de produção. Isto

acontecia devido ao fato da certificação apenas exigir as anotações sobre

controles de aplicações e prazos de carência de produtos e não levar em

consideração anotações e controles financeiros das propriedades, que muitos

produtores não possuíam.

Este portanto era o trabalho que era desenvolvido pela empresa junto aos

produtores segundo solicitação dos mesmos e apenas foi incorporado alguns

itens na agenda já que eles faziam anotações diárias nesta agenda. Se isto não

fosse feito, por iniciativa da empresa exportadora em contratar um serviço extra

para os produtores, estes iriam continuar sendo certificados EUREPGAP e sem

saber os custos de produção dos limões.

Esses sistemas e essas exigências relatadas para o mercado de frutas in

natura devem acabar por chegar para todas as culturas com o passar do tempo

devido às exigências dos clientes e o grande número e facilidade de informações

disponíveis atualmente. Se já há muitas dificuldades para produtores e

comerciantes de frutas in natura, imagine, por exemplo, para produtores da

cadeia de soja, onde após a comercialização, o produto é processado e poderiam-

se misturar produções certificadas de não certificadas, além de outras

dificuldades que as diversas cadeias de alimentos deverão enfrentar nos

próximos anos.

Por tudo isso, mostra-se também a importância de um sistema de Gestão

da Informação eficiente e a necessidade de informações precisas e de qualidade.

Todo este processo até chegar na produção integrada não existiria se não fosse a

gestão da informação e também não seria possível de acontecer sem a gestão.

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6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ANDRIGUETO, J.R. Desenvolvimento e conquistas da produção integrada de frutas no Brasil (compact disc). In Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária. Meio Ambiente. Formação de Inspetores para atuação no Brasil de acordo com o Protocolo Europeu de Boas Práticas Agrícolas e Qualidade do Produto (EUREPGAP+BRC). Jaguariúna, 2004. Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) - normas NBR-ISO 9000 a NBR-ISO 9004 BIDO, Diógenes de Souza, Implementação de Sistemas da Qualidade para a busca de certificação em pequenas e médias empresas do ramo automotivo. 1999. 220p Tese (Mestrado) – Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da Universidade de São Paulo. Cf. WALTON, Mary. O método Deming de administração, 1989, p.2. EUREPGAP. The normative document for certification: EUREPGAP fruit and vegetables. http://www.eurep.org/fruit/index_html (20 Oct. 2004) EMBRAPA (2004c) – EMBRAPA Semi-Árido 2001, 15p. www.cpatsa.embrapa.br/pif.htm GARVIN, David A. (1992). Gerenciando a Qualidade. Rio de Janeiro: Qualitymark Ed. (trabalho original publicado em 1988). IGEAgro – Instituto de Desenvolvimento da Gestão Empresarial no Agronegócio, Programa de Desenvolvimento da Gestão Empresarial no Agronegócio com produtores de limão 2006. www.igeagro.org.br JURAN, J. Guerras pela qualidade, Editora Campus, Rio de Janeiro, 1994. LAZZAROTTO, N. de F. Estudos sobre o mercado de certificações de qualidade em alimentos no Brasil. 11p V SEMEAD, 2001. MARCOS, Eduardo de Lima (2005). Aspectos da Gestão pela Qualidade no Setor Sucro-Alcooleiro. Universidade Estadual Paulista. MAIN, J. Guerra pela Qualidade: Os Sucessos e fracassos da revolução da qualidade , Editora Campus, 1994.

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NASSAR, A. M. Certificação no Agronegócio. Estudo temático apresentado no IX Seminário Internacional PENSA de Agribusiness. 1999. Águas de São Pedro. NETTO, Adherbal Caminada. Gestão da qualidade em projetos e desenvolvimento do produto: contribuição para a avaliação da eficácia. 2006. 319 p. Tese (Doutorado) Escola Politécnica, Universidade de São Paulo. OLIVEIRA, Luisse Antunes de. A importância das normas internacionais para o comércio da fruticultura brasileira. 2005. 154p. Dissertação (Mestrado) Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz. QUALIDADE TOTAL. Projetos de Gestão pela Qualidade da ESALQ. http://.www.qualidade.esalq.usp.br. (15 de março de 2007). SARRIÉS, G. A. ; VICINO, S. R. ; REYES, A. E. L. ; TAGLIAFERRO, F. S. ; GONZAGA, C. L. . Qualidade Total 1999 (Hipertexto). SARRIÉS, G. A Controle Estatístico da Qualidade para Impurezas Minerais em Carregamentos de Cana-de-Açúcar. 1997. 185p Tese (Doutorado) – Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz”, Universidade de São Paulo. SILVA, Manoel Messias Alves da, Dicionário terminológico da Gestão pela Qualidade total. São Paulo, 2003, v.2, 696p Tese (Doutorado) – Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo. SILVA, Sergio Luis da, Informação e Competitividade: A contextualização da gestão do Conhecimento nos processos organizacionais. Ci. Inf. Brasília, 2002,. SPERS, E. E. Qualidade e Segurança em Alimentos. In: ZYLBERSTAJN, D., et al. Economia e Gestão dos Negócios Agoalimentares. São Paulo: Pioneira, 2000, Cap.13. TOLEDO, J.C. Gestão e Qualidade na Agroindústria. In BATALHA, M.O., et al. Gestão Agroindustrial. 1a Edição. São Paulo: Atlas. 1997. Cap.8. ZYLBERSZTAJN, D. A sanidade dos alimentos no Brasil. Folha de São Paulo. São Paulo. 15 fev. 2000.

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ANEXO

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MODELO

ANEXO I

AGENDA DOS PRODUTORES (2006)

PULVERIZAÇÕES (produtos diluídos, calda) Talhão

Produto Nome

comercial

Quantidade utilizada

Unidade (kg/100l, l/100l, total l,

total kg)

Volume de calda utilizad

o

Operador

Carência

Nº pessoa

s

Tempo

gasto

ADUBAÇÕES & OUTROS (produtos íntegros)

Talhão

Produto Nome

comercial

Quantidade utilizada

Unidade (kg/100l, l/100l, total l,

total kg)

Volume de calda utilizad

o

Operador

Carência

Nº pessoa

s

Tempo

gasto

01 Dezembro [ ]Sol [ ]Chuva [ ]Nublado

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MODELO

OUTRAS OPERAÇÕES

Talhão Operação Finalidade Maquina Utilizada

Implemento utilizado

Nº pessoas

Tempo gasto

OBSERVAÇÕES

COMPRAS

Produto Nome comercial

Quantidade comprada

Preço unitário

R$

Data pagamento È o preço da data de

pagamento?

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CONTROLE DE ABASTECIMENTO

Máquina Horímetro Litros

MANUTENÇÃO DAS MÁQUINAS E IMPLEMENTOS

Máquina/Implemento Finalidade Valor R$ Data pagamento

COLHEITA

Nº caixas Talhão Mercado R$/caixa Exportação R$/caixa

Nº pessoas Tempo gasto

OBSERVAÇÕES

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ANEXO II

EXEMPLO DO CHECK-LIST EUREPGAP

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ANEXO III

EXEMPLO DE CERTIFICADO DE GESTÃO DA QUALIDADE

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