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MÁRCIA REGINA SILVEIRA DE CASTRO CINÉTICA DA DEGRADAÇÃO DO ÁCIDO ASCÓRBICO EM POLPAS DE FRUTAS CONGELADAS IN NATURA RECIFE 2005

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MÁRCIA REGINA SILVEIRA DE CASTRO

CINÉTICA DA DEGRADAÇÃO DO ÁCIDO

ASCÓRBICO EM POLPAS DE FRUTAS CONGELADAS

IN NATURA

RECIFE

2005

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II

Márcia Regina Silveira de Castro

Cinética da degradação do ácido ascórbico em polpas de

frutas congeladas in natura

Orientadora: Profª Drª Zelyta Pinheiro de Faro

Recife – 2005

Dissertação apresentada ao colegiado do Programa de Pós-Graduação em Nutrição do Centro de Ciências da Saúde da Universidade Federal de Pernambuco para obtenção do grau de Mestre em Nutrição.

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IV

Aos meus pais, Verônica Silveira (in memorian) e Givanildo

Castro por todo amor, carinho e extraordinário apoio;

transmitindo-me a cada dia força, confiança e fé. Suas lições de

educação, ética e respeito ao próximo foram primordiais para o

meu desenvolvimento pessoal e profissional.

Dedico

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V

Agradecimentos

Á DEUS a quem devoto minha fé e recorro nos momentos difíceis, encorajando-

me para continuar lutando pelos meus ideais.

À minha orientadora e amiga, Profª Drª Zelyta Pinheiro de Faro, pelos valiosos

ensinamentos, dedicação e apoio. O meu carinho e a minha admiração “sempre”.

Ao Prof. Paulo Dutra – CODAI/ PE pela amizade e grande contribuição nas

análises estatísticas do nosso trabalho.

Ao coordenador do Programa de Pós-Graduação, Profº Dr. Raul Manhães de

Castro, pelo apoio e incentivo para continuar lutando.

Á coordenadora do Laboratório de Experimentação e Análises de Alimentos

(LEAAL), Profª Drª Nonete Barbosa Guerra, pelos ensinamentos ao longo do curso e

apoio à pesquisa durante toda a fase experimental.

Aos funcionários Neci Santos, Sônia Pedrosa, Solange, Maria de Lurdes,

Roberto e Marcos; e profissionais técnicos do LEAAL: Vivaldo Araújo, Laércio

Borges, Sebastião Camilo, Artur Bibiano, Moisés e Alexandre Oliveira, que muito

contribuíram para a realização deste trabalho.

Á Profª do Departamento de Agronomia da Universidade Federal Rural de

Pernambuco, Drª Rosimar dos Santos Musser, pelo apoio e informações prestadas

sobre a variedade de acerola em estudo.

Às professoras do Departamento de Economia Doméstica da Universidade

Federal Rural de Pernambuco, Enayde Mélo pelo apoio técnico, e Vera Arroxelas,

pelo companheirismo no laboratório e orientações preciosas sobre a acerola.

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VI

Ao inestimável Sr. Alcindo Lacerda, proprietário da Acerolândia, Paudalho/ PE

pela doação da acerola utilizada na pesquisa e Srª Carla proprietária da Boa Fruta,

Petrolina/ PE, pelo fornecimento do caju e goiaba estudados.

Ao comprador e amigo Marcos Alves, Bompreço – Wal Mart, por localizar e

intermediar as negociações com os fornecedores de frutas de Petrolina – PE.

Ao amigo Miguel Oliveira, pelo apoio no transporte das frutas utilizadas na

pesquisa.

Ao meu melhor amigo (meu pai) Givanildo Castro, que participou

incansavelmente de todas as etapas, com orientações sensatas e em momento algum

deixou me oferecer seu apoio diante das dificuldades que encontrei pelo caminho.

As minhas amigas de turma: Andréa Mendonça, Daisyvângela Lima,

Marilene Lima e Vanusa Oliveira por tudo que vivemos juntas e especialmente pelo

apoio em todos os momentos difíceis que passei.

Aos meus grandes amigos: Robson Pinheiro, Cristiano Rocha, Marcello

Gondim, Hélida Philippini e Isabel Freire pelo incentivo constante e por sempre

acreditarem na minha capacidade.

A CAPES pela bolsa de pesquisa concedida.

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Epígrafe

"Imaginar é mais importante que saber, pois o conhecimento é limitado enquanto a imaginação abarca o Universo".

Albert Einstein

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Sumário

Lista de Quadros e Tabelas 3

Lista de Figuras 4

Lista de Abreviaturas 5

Resumo 6

Abstract 7

1.Introdução 8

2.Revisão Bibliográfica 10 2.1 A produção de frutas e a agroindústria de polpas de frutas 10 2.2 Acerola (Malpighia emarginata, D.C.) 12 2.3 A goiaba (Psidium guajava, L.) 17 2.4 O caju (Anacardium occidentale, L.) 22 2.5 Vitamina C (Ácido Ascórbico) 26

3.Objetivos 32 3.1 Geral 32 3.2 Específicos 32

4. Material e Métodos 33 4.1 Material 33 4.1.1 Caracterização dos frutos utilizados 33 4.1.2 Obtenção das polpas comercializadas na Região Metropolitana do Recife, Zona da Mata e Agreste de PE 35 4.1.3 Outros materiais utilizados no processamento 36 4.1.4 Equipamentos 36 4.1.5 Reagentes 36 4.2 Métodos 37 4.2.1 Dimensões e peso médio dos frutos 37 4.2.2 Descrição das Etapas do Fluxograma de Produção 38 4.2.3 Controle de armazenamento 40 4.2.4 Controle de qualidade do produto elaborado 40 4.2.5 Degradação do ácido ascórbico e estudo de armazenamento das polpas de frutas 41 4.2.6 Desenho Experimental 42

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5. Resultados e Discussão 43 5.1 Dimensões e peso médio dos frutos 43 5.2 Caracterização físico-química das polpas produzidas 44 5.3 Controle microbiológico das polpas de frutas produzidas 48 5.4 Estudo da degradação do ácido ascórbico 50 5.4.1 Degradação do ácido ascórbico nas polpas produzidas 50 5.4.2 Cinética de degradação do ácido ascórbico nas polpas produzidas 58 5.4.3 Degradação do ácido ascórbico nas polpas de frutas comercializadas 63 5.4.4 Comparação das perdas de ácido ascórbico entre polpas produzidas e comercializadas. 65

6. Conclusões 69

7. Referências Bibliográficas 70

8. Anexos 86

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Lista de Quadros e Tabelas

Quadro 01 - Composição química da acerola (100g de polpa). 15

Quadro 02 - Resultados das análises químicas da variedade vermelha comum, média de três análises do fruto inteiro de goiaba em três diferentes estádios de maturação.

19

Quadro 03 - Composição química e físico-química do pedúnculo do caju. 24

Quadro 04 - Cronograma para determinação da estabilidade do produto durante o armazenamento.

42

Quadro 05 - Características físicas dos frutos estudados.

43

Quadro 06 - Parâmetros físico-químicos das polpas padrão em tempo zero e após 180 dias de armazenamento.

45

Quadro 07 - Parâmetros microbiológicos das polpas padrão em tempo zero e após 180 dias de armazenamento.

48

Quadro 08 - Valores de Kd e equações das retas obtidas pela representação gráfica de ln(C/Co) em função do tempo.

61

Tabela 01 - Teor de ácido ascórbico em polpas de frutas comercializadas na Região Metropolitana do Recife, Zona da Mata e Agreste de PE, em diferentes tempos de armazenamento.

63

Tabela 02 - Comparação da degradação do ácido ascórbico em diversas polpas analisadas (Polpas padrão e Polpas comercializadas).

65

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Lista de Figuras

Figura 01 - Formas do ácido ascórbico encontrado na natureza 28

Figura 02 - Cajus da variedade CCP-76 utilizados na produção da polpa de fruta. 33

Figura 03 - Cajus da variedade CCP-76 utilizados na produção da polpa de fruta. 33

Figura 04 - Acerola tipo “pitanga”. 34

Figura 05 Acerolas tipo “pitanga” utilizadas na produção da polpa. 34

Figura 06 - Goiabas var. Paluma utilizadas na produção da polpa de fruta 35

Figura 07 - Goiabas var. Paluma utilizadas na produção da polpa de fruta. 35

Figura 08 - Fluxograma de obtenção das polpas de frutas padrão. 38

Figura 09 - Curva da degradação do ácido ascórbico (mg/ 100g) em polpa de

caju após 180 dias de armazenamento.

50

Figura 10 - Curva de degradação do ácido ascórbico (mg/ 100g) em polpa de

acerola após 180 dias de armazenamento.

51

Figura 11 - Curva de degradação do ácido ascórbico (mg/ 100g) em polpa de

goiaba após 180 dias de armazenamento

51

Figura 12 - Curva de degradação do ácido ascórbico em polpa de caju. 59

Figura 13 - Curva de degradação do ácido ascórbico em polpa de acerola. 59

Figura 14 - Curva de degradação do ácido ascórbico em polpa de goiaba. 60

Figura 15 - Comparação das perdas de ácido ascórbico nas três polpas padrão. 62

Figura 16 - Comparação da perda de ácido ascórbico (AA) entre as polpas

padrão (P) e as polpas comercializadas de acerola (A).

66

Figura 17 - Comparação da perda de ácido ascórbico (AA) entre as polpas

padrão (P) e as polpas comercializadas de goiaba (A e B).

67

Figura 18 - Comparação da perda de ácido ascórbico (AA) entre as polpas

padrão (P) e as polpas comercializadas de caju (B).

68

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Lista de Abreviaturas

ANOVA - Análise de Variância

ANVISA – Agência Nacional de Vigilância Sanitária

AOAC - Association of Official Analytical Chemists International

ATT - Acidez total titulável

BPF – Boas Práticas de Fabricação

CEAGEPE - Companhia de Abastecimento e Armazéns Gerais do Estado de

Pernambuco

DCFI - Diclorofenolindofenol

EMBRAPA - Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária

ITAL - Instituto de Tecnologia de Alimentos

Kd - Constante de velocidade

LEAAL - Laboratório de Experimentação e Análise de Alimentos

Ln - Logaritmo neperiano

RMR - Região Metropolitana do Recife

SECEX - Secretaria de Comércio Exterior

SST - Sólidos Solúveis Totais

UNESP - Universidade Estadual de São Paulo

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Resumo

A polpa de fruta congelada é um produto em expansão no mercado de sucos de frutas tropicais. Frutos como acerola, goiaba e caju apresentam-se como ricos em diversas vitaminas, principalmente a vitamina C. Considerando este fato, julgou-se oportuno determinar a cinética de degradação do ácido ascórbico em polpa congelada in natura de acerola (Malpighia emarginata, D.C.), da goiaba (Psidium guajava, L.) e do caju (Anacardium occidentale, L), visando contribuir para a minimização dos efeitos físico-químicos decorrentes da sua ação redutora, durante a sua vida útil. Além das polpas padrão, foram avaliadas quanto ao teor de vitamina C, polpas de frutas encontradas no comércio local. As polpas padrão estudadas foram produzidas no LEAAL (Laboratório de Experimentação e Análises de Alimentos), Departamento de Nutrição, UFPE; de acordo com as Boas Práticas de Fabricação e armazenadas em freezer à -18ºC. Foram realizados controles de qualidade, tanto microbiológicos quanto físico-químicos, recomendados pela Legislação vigente. A determinação do ácido ascórbico foi realizada utilizando o método padrão da AOAC, modificado por Benassi e Antunes. Em relação às condições higiênico-sanitárias, as polpas apresentaram-se de acordo com os padrões legais vigentes, em relação a Coliformes a 45° e pesquisa de Salmonella ssp, além da contagem de bolores e leveduras. Os parâmetros físico-químicos como: Sólidos Solúveis em °Brix, pH, Acidez Total e ácido ascórbico estavam dentro dos valores exigidos pela Legislação vigente. O teor de ácido ascórbico no tempo zero foi de 223,67 ± 2,31 mg/ 100g para a polpa de caju, 1618,63 ± 23,79 mg/ 100g para a polpa de acerola e 83,33 ± 2,65 mg/ 100g para a polpa de goiaba. Após 180 dias de armazenamento as amostras apresentaram uma degradação de 39,61%, 42,01% e 49,44% para as polpas de caju, acerola e goiaba, respectivamente. A curva do teor de ácido ascórbico em função do tempo de armazenagem configura um perfil de uma reação de primeira ordem para caju e acerola e de pseudoprimeira ordem para a polpa de goiaba. Algumas polpas comercializadas avaliadas encontravam-se em desacordo com a legislação vigente em relação ao conteúdo mínimo de vitamina C, mesmo estando dentro do prazo de validade estipulado no rotulo. As polpas de frutas padrão apresentaram mecanismos de degradação do ácido ascórbico diferenciados, sendo a cinética, correlacionada à presença dos constituintes individuais de cada fruto. Palavras-Chave: armazenamento; polpa; frutas; vitamina c; cinética; degradação.

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Abstract

Frozen fruit pulp is an ascending product on tropical fruit market. Fruits as West Indian cherry, guava and cashew are plentiful of some vitamins, particularly vitamin C. Considering this fact, it was decided to determine the kinetics of the acid ascorbic content losses in frozen fruit pulps in natura from west Indian cherry, (malpighia emarginata, D.C.), guava (Psidium guava L), and cashew (Anacardium occidentale, L), aiming at to contribute to minimise the physicochemical effects resulting from reducing action, during pulp shelf life. Beyond the standard pulps, frozen pulps from local commerce were evaluated concerning to vitamin C content. Standard pulps were processed on LEAAL (Experimental and Food Analysis Laboratory) of Nutrition Department of UFPE in accordance to GMP and frozen at –180C. Microbiological and physicochemical quality control analyses recommended by law were made. Ascorbic acid was estimated by AOAC standard method, modified by Benassi and Antunes. The pulps’ sanitary conditions were in accordance to legal standards, for Coliforms 450C, Salmonella spp, and yeast s and moulds counting. The physicochemical parameters: soluble solids (0Brix), pH, total acidity, and ascorbic acid accorded to legal standards. Ascorbic acid content on time zero was 223,67 ± 2,31 mg/100g for cashew pulp, 1618,63 ± 23,79 mg/100g for West Indian cherry pulp and 83,33 ±2,65mg/100g to guava pulp. After 180 days of storage the pulps presented a reduction of 39,61%, 42,01% and 49,44% for cashew, West Indian cherry and guava respectively. The curve of ascorbic acid content during storage presents a first order profile for cashew and West Indian cherry and a pseudo first order to guava pulp. Some pulps from local commerce evaluated were not in accordance to legal standards taking in account the minimum content for vitamin C, despite the shelf life declared on label. The standard pulps presented differentiated ascorbic acid loss mechanisms, being the kinetics, correlated to the presence of the proper constituents of each fruit. Key word: storage, fruit pulps, Ascorbic Acid, kinetics, degradation.

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1.Introdução

A partir da década de 90, a fruticultura vem assumindo um papel relevante no

desenvolvimento econômico e social do Brasil (PASSOS e SOUZA, 1994). Contribuem

para isso as adequadas condições de clima e solos, grande disponibilidade de área,

acervo razoável de tecnologias e, acima de tudo, um mercado amplo, com forte

tendência de crescimento. Essas são as vantagens comparativas que fazem do país o

primeiro produtor mundial de frutas.

Entre os produtos derivados de frutas, a polpa de fruta congelada está em

expansão no mercado de sucos de frutas tropicais, cuja procura vem crescendo

substancialmente tanto para consumo doméstico, como de lanchonetes e restaurantes

(SEBRAE, 1997). No entanto, estudos apontam para uma produção desorganizada,

tanto em relação às condições higiênico-sanitárias quanto à padronização do produto.

Observa-se que a maioria dos fabricantes não apresenta condições de atender a

clientes mais exigentes devido à inexistência de controle de qualidade, principalmente

pela falta de análises físico-químicas e bacteriológicas, bem como pelo uso de processos

inadequados de embalagem (SEBRAE, 1997).

Lima (1995), afirma que esta situação deve-se basicamente a uma produção

despreocupada com a qualidade da matéria-prima, dos processos de produção e dos

meios de acondicionamento e conservação.

Os alimentos produzidos de maneira inadequada tendem a apresentar perda do

seu valor nutricional, prejudicando a qualidade dos mesmos e embora o congelamento

seja um método eficiente de preservação, pode ainda causar algumas modificações

indesejáveis em alguns produtos.

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Além disso, os processos bioquímicos, químicos e físicos, permanecem ativos,

mesmo após o abaixamento da temperatura a - 10 ou -12°C.

Frutos como a acerola, a goiaba e o caju apresentam-se como ricos em diversas

vitaminas, principalmente a vitamina C, substância que o nosso organismo não

consegue produzir. De acordo com Campelo et al., (1998), a vitamina “C” ou ácido

ascórbico, conhecida também como vitamina anti escorbútica, desempenha várias

funções no metabolismo humano, como favorecer o aumento da resistência orgânica,

ativar o crescimento, além de interferir no metabolismo do ferro, da glicose e de outros

glicídios, bem como na saúde dos dentes e gengivas.

Apesar da expansão da produção de polpa de frutas tropicais, estudos científicos

que avaliem perdas de vitamina C decorrentes do processamento, armazenamento e

comercialização das mesmas ainda são escassos.

À expectativa de uma conscientização crescente da sociedade referente a uma

maior qualidade dos alimentos no mercado, que exigirá uma maior ação dos órgãos

envolvidos com a fiscalização, e a necessidade de produção de alimentos mais

competitivos reforçam a proposta de um desenvolvimento na área de controle de

alimentos. O que se deseja em última instância é a qualidade dos produtos, que não está

necessariamente condicionada ao tamanho do estabelecimento, mas, sobretudo, aos

critérios essenciais para a produção de alimentos com qualidade.

Considerando este fato, julgou-se oportuno estudar a perda de ácido ascórbico

em polpas de frutas congeladas produzidas em laboratório e em indústrias da Região

Metropolitana do Recife, visando contribuir para o estabelecimento de prazos mais

adequados para a vida de prateleira destes produtos.

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2. Revisão Bibliográfica

2.1 A Produção de frutas e a agroindústria de polpas de frutas

A comercialização mundial de produtos derivados de frutas cresceu mais de

cinco vezes em quinze anos. Em relação aos países em desenvolvimento, o Brasil é o

maior produtor e decididamente o grande exportador.

Na década de 90, segundo Passos e Souza (1994), a fruticultura assume, assim,

posição mundial na agricultura brasileira, contribuindo com 10% da produção mundial,

estimada em 300 milhões de toneladas. Esse percentual conferiu ao Brasil o título de

maior produtor de frutas do mundo – conseqüência do mercado receptivo e franco,

ecologia adequada, grande disponibilidade de área e acervo razoável de tecnologias.

A intensificação dos investimentos do setor produtivo, voltado a exportação

vieram a partir de 1999, com o aumento dos embarques. A mudança da política cambial

(desvalorização do câmbio) e o lento crescimento econômico interno contribuíram para

tal expansão externa. Como reflexo dos investimentos, a área plantada destinada à

exportação aumentou cerca de 89% entre 1999 e 2003, convertendo os dados de

exportação divulgados pela SECEX (Secretaria de Comércio Exterior) em área plantada

(VITTI et al., 2003).

A projeção era de que, em 2005 a área total das principais culturas destinadas ao

mercado externo ultrapasse 30 mil hectares. Contudo, em 2003, convertendo os dados

exportados em área plantada, constatou-se que esse valor já foi ultrapassado, chegando

a mais de 33 mil hectares, confirmando o potencial produtor/ exportador do país. O

Brasil praticamente duplicou a área plantada em comparação a 1999 e gerou um volume

disponível para exportação de mais 825 mil toneladas em 2003 (SECEX, 2004).

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Em breve, de acordo com Vitti et al., (2003) esse valor deverá ultrapassar 1

milhão de toneladas de frutas, caso os investimentos em produtividade, qualidade e área

plantada continuem.

Apesar da ampla variedade de frutas tropicais, somente um pequeno número é

cultivado e processado industrialmente em larga escala, devido principalmente ao

elevado custo de produção decorrente da falta de infra-estrutura dos produtores e do

nível de conhecimento técnico das indústrias para processamento de produtos derivados

de frutas. As agroindústrias podem representar um elemento chave para introduzir

opções de atividades nas comunidades rurais e, além disso, os produtos beneficiados

apresentam vantagens, em termos de custo de transporte, com o produto in natura e

podem ser transportados a longas distâncias, mais adequadamente na forma

industrializada (SEBRAE, 1997).

Os produtos de frutas, em geral, apresentam-se como um ecossistema bastante

particular em decorrência de suas propriedades físicas e químicas; devido à composição

rica em ácidos orgânicos apresentam valores de pH entre 2,0 e 4,5. O conteúdo de

carboidratos é elevado e constituído, principalmente por glicose, frutose, várias pentoses

e pectinas. A atividade de água e o potencial de oxirredução baixo são parâmetros que

influenciam fundamentalmente na conservação desses produtos. (GELDREICH, 1962).

Proudlove (1996) cita que as frutas contêm aproximadamente pelo menos 90%

de água e também uma ampla gama de pigmentos, ácidos, óleos essenciais, carboidratos

e enzimas. Os principais pigmentos são a clorofila (frutos não maduros) e os

carotenóides sintetizados na maturação. Diante deste contexto, as frutas representam

uma grande opção para agregação de valor a produtos como doces, compotas, geléias,

frutas cristalizadas, sucos e sorvetes.

De acordo com a Instrução Normativa nº 01 de 07 de janeiro de 2000 do

Ministério da Agricultura e do Abastecimento, polpa de fruta é o produto não

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fermentado, não concentrado, não diluído, obtido de frutos polposos, através de

processo tecnológico adequado, com um teor mínimo de sólidos totais, proveniente da

parte comestível do fruto, devendo ser obtido de frutas frescas, sãs e maduras com

características físicas, químicas e organolépticas do fruto.

Segundo Uboldi Eiroa (1989), a conservação da polpa de frutas é basicamente

determinada por condições que preservem suas qualidades organolépticas (aroma, cor,

sabor, consistência, etc), que previnam o desenvolvimento de microrganismos

deteriorantes e a ocorrência de reações químicas e enzímicas indesejáveis.

Lima (1995) em suas observações cita que a maioria das polpas de frutas

consumidas em Pernambuco é proveniente de micro e pequenas empresas da Região

Metropolitana do Recife e Zona da Mata do estado. No estado de Pernambuco, dentre as

polpas de frutas tropicais mais consumidas estão as de acerola, goiaba e caju, que além

de conterem alto teor de vitamina C, possuem sabor agradável e a matéria-prima é de

baixo custo e de fácil obtenção.

2.2 Acerola (Malpighia emarginata, D.C.)

Também conhecida como cereja das Antilhas, teve sua origem nas ilhas das

Antilhas e países das Américas Central e do Sul. Em Porto Rico, por exemplo, o fruto

da aceroleira é conhecido por dois nomes comuns: no norte da ilha se denomina

“Acerola” e no sul “Cereza” (ASENJO, 1959). E segundo Couceiro (1985), foi

introduzida pela professora Maria Celene Cardoso de Alméda em Pernambuco em

1956, e a partir de 1959 a Universidade Federal Rural de Pernambuco iniciou um

programa de semeio e disseminação desta fruta em virtude de sua total adaptabilidade às

condições ambientais encontradas em nosso Estado.

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Rocha (1988), cita em seu trabalho que o gênero Malpighia é um dos 55 gêneros

da família Malpighiacea, mas que somente a Malpighia glabra e a Malpighia mexicana

tem frutos comestíveis e que o nome “acerola” tem sido usado exclusivamente no Havaí

e Brasil.

O gênero Malpighia foi denominado por Charles Plumier em 1703, em honra a

Marcelo Malpighi (1628-1693), um naturalista italiano, físico e filósofo de Bolonha,

que escreveu sobre a anatomia das plantas. O nome foi aceito por Linneau em 1737 e

este tornou-se adotado para o gênero. Este gênero Malpighia está composto de 30 a 40

espécies de arbustos e pequenas árvores da América Tropical e Subtropical. Muitas

dessas espécies, aparentemente, foram encontradas com caracteres vegetativos menores

e, através de um estudo de grupo, provavelmente mostraria que há somente de 15 a 20

espécies válidas (LEDIN, 1958 citado por DAMASCENO, 1999).

Uma disparidade de opiniões existiu em relação à classificação botânica desta

planta. O material coletado em Porto Rico foi classificado como Malpighia punicifolia,

L., mas o de outras áreas como Cuba e Flórida, foi classificado como Malpighia glabra,

L. (ASCENJO, 1980).

Alves (1993) reporta que o nome científico mais usado para designá-la tem sido

Malpighia glabra L. e a principal sinonímia Malpighia punicifolia L. Recentemente

estudos, nos quais foram examinados os herbáreos de Linneau, revelaram que esses dois

nomes são realmente sinônimos, mas se aplicam a uma espécie diferente, sendo o nome

correto Malpighia emarginata D.C..

A aceroleira é um arbusto glabro, de tamanho médio, com 2-3 metros de altura,

com ramos densos espalhados. As folhas são opostas, de pecíolo curto, ovadas e

elíptico-lanceoladas, com 2,5 a 7,5 cm de comprimento, com a base e o ápice

principalmente agudos, inteiros, mas freqüentemente ondulantes, verde-escuras e

brilhantes na superfície superior e verde pálido na inferior. As flores são dispostas em

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pequenas cimeiras axilares pendiculadas de três a cinco flores perfeitas, com 1 a 2 cm

de diâmetro e de cor rosa esbranquiçada a vermelha; o cálice tem de seis a dez grandes

sépalas sésseis; a corola é composta de cinco pétalas franjadas ou irregularmente

dentadas, com garras finas; há dez estames, todos perfeitos, com filamentos unidos

embaixo. As drupas são vermelhas ou escarlates, ovóide-deprimidas, com 1 a 3 cm de

diâmetro e de casca fina, com polpa macia, sucosa, azeda; elas dispõem-se isoladas ou

em panículas de duas ou três axilas foliares com pedúnculos curtos. Há usualmente três

sementes pequenas, cada uma inclusa em um caroço proeminente reticulado com

pergaminho e que dão ao fruto um aspecto mais ou menos trilobado (SIMÃO, 1971).

As variedades da acerola (Malpighia glabra L.) classificam-se em doces e

ácidas. As ácidas possuem maior riqueza em vitamina C que as doces. O seu teor de

vitamina C despertou o interesse de vários pesquisadores em todo o mundo,

incentivando o cultivo industrial desde os anos 40 em países como Estados Unidos e

Porto Rico (SILVA et al., 1988).

O cultivo em escala comercial desse fruto se desenvolveu em algumas regiões

tropicais e subtropicais do continente americano e, apenas na década passada, com a

crescente demanda do mercado externo, ganhou status de pomar comercial no Brasil

(ALVES, 1993).

Desde sua introdução no Brasil tem sido usada “in natura”, nas formas de polpas

congeladas, sucos, geléias, doces, sorvetes, licores, bem como para enriquecer ou

suplementar a alimentação de crianças desnutridas, pessoas enfermas e idosas (LOPES,

MARTINS e CARVALHO, 1997).

As polpas estudadas no estado de Pernambuco por Oliveira et al., (1999)

variaram de 514,46 a 1.655,53 mg/100g de ácido ascórbico com média de 1.024,95

mg/100g. Esta faixa é compatível com resultados apresentados por outros autores como

Lopes, Martins e Carvalho, (1997), que foi de 602,41 a 1.575,49 mg/100g de ácido

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ascórbico. Ainda segundo o autor, para exportação, as indústrias de suco de acerola

exigem valor mínimo de vitamina C de 1.000 mg/100mL de suco. Estes resultados

reforçam a qualidade nutricional do produto em relação à vitamina C e, ao mesmo

tempo, demonstram a variação dos teores da vitamina, provavelmente em função dos

vários fatores que possam interferir, entre eles: variabilidade genética, fatores

climáticos, fatores bioquímicos e físicos, tratos culturais, colheita, produção e

armazenamento do produto.

Há ainda outros compostos, os quais estão descritos no Quadro 01 abaixo.

Quadro 01 - Composição química da acerola (100g de polpa).

COMPOSIÇÃO CENTESIMAL Gramas

Umidade Proteínas totais Extrato etéreo

Fibra bruta Resíduo mineral (cinzas)

Carboidratos (por diferença)

91,10 0,68 0,19 0,60 0,45 6,98

MINERAIS Miligramas

Cálcio Fósforo Ferro

8,7 16,2 0,17

VITAMINAS Miligramas

Caroteno (pró-vitamina A) Tiamina

Riboflavina Niacina

Ácido Ascórbico

0,408 0,028 0,079 0,340

2.329,0

Fonte: Coutinho (1993).

A cor vermelha da acerola é decorrente da presença de antocianinas, e

segundo Silva (1998), as principais antocianinas presentes nestes frutos são a malvidina,

pelargonidina e cianidina. Um outro pigmento também encontrado nas acerolas são os

carotenóides, tendo como principal representante o beta-caroteno e a beta-criptoxantina.

Carrington e King (2002) em seus trabalhos citam que as alterações no amadurecimento

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da acerola são um reflexo da degradação das clorofilas com um aumento concomitante

dos carotenóides, sendo o trans-beta-caroteno, como o principal carotenóide.

As antocianinas são fenólicos glicosilados que pertencem à classe dos

compostos flavonóides, cuja unidade estrutural apresenta 15 carbonos. Diferem dessa

classe por apresentarem-se coloridos (SILVA, 1999). Representam o maior grupo de

pigmentos naturais hidrossolúveis, responsáveis por uma gama de cores que variam do

vermelho ao violeta e azul, presentes na maioria das frutas, flores e folhas

(HRAZDINA, 1982, SILVA, 1999).

De acordo com Fennema (1992), estão amplamente distribuídos no reino

vegetal, estando presentes em muitas frutas, hortaliças e flores. A atrativa coloração

roxa é função de sua estrutura química. Atualmente as estruturas do grupo das

antocianinas são bem conhecidas, mas a físico-química dos complexos pigmentos e suas

reações de degradação são menos conhecidas. Quimicamente, (BOBBIO e BOBBIO,

1995) apresentam como estrutura básica o cátion 2-fenilbenzopirilium, também

denominado de cátion flavilium. As antocianinas são os glicosídios das antocianidinas e

diferem entre si no número de grupos hidroxilas presentes na molécula e pelo grau de

metilação desses grupos (SILVA, 1999).

De acordo com Alves et al., (1997), as antocianinas, pigmentos muito instáveis,

podem ser degradados durante o processamento e a estocagem de alimentos com

conseqüente alteração da cor. O congelamento, um dos principais métodos de

conservação de frutos, bastante utilizado na conservação da acerola, descaracteriza

completamente a coloração natural do fruto. Brouillard (1982), afirma que as

antocianinas podem ser destruídas através da presença de oxigênio, alterações de

temperatura, pH do meio, teor de vitamina C, entre outros fatores.

Iversen (1999) ressalta que as antocianinas desaparecem como compostos

poliméricos e se transformam em formas poliméricas. Esta transformação resulta numa

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mudança de cor para uma sombra amarronzada. A estabilidade desses compostos pode

também ser afetada pela concentração das próprias antocianinas presentes.

Vários autores citam interações entre o ácido ascórbico e as antocianinas e a

conseqüente degradação desse dois compostos (BEATIE et al., 1943; FENNEMA,

1992; IVERSEN, 1999), no entanto, Conceição (1997) afirma que existem várias

hipóteses, mas sabe-se que o ácido ascórbico descolore a antocianina e também induz

ao escurecimento; e provavelmente se degradam através de um mecanismo de

condensação. Fennema (1992) também afirma que ocorre uma interação que resulta na

degradação de ambos os compostos. Por exemplo, um suco com aproximadamente 9mg

de antocianinas e 18mg de ácido ascórbico por 100g de suco, pode perder

aproximadamente 80 por cento das antocianinas em seis meses de armazenamento em

temperatura ambiente.

2.3 A Goiaba (Psidium guajava, L.)

A goiaba (Psidium guajava, L.) é originária da região tropical das Américas, da

família das Mirtaceas (DECKER, 1953 citado por SANTOS et al., 1998) sendo

disseminada para as diferentes regiões do mundo (LEMOS et al., 1995). São

consumidas frescas ou processadas, constituindo-se em uma das mais importantes

matérias-primas para as indústrias de sucos, polpas e néctares. Segundo Mercadante,

Steck e Pfander (1999), os maiores produtores de goiaba são: África do Sul, Índia,

Havaí, Colômbia, Porto Rico, Jamaica, Brasil e Israel.

Os restos mais antigos conhecidos de goiaba (800 a.C.), em associação com uma

sociedade humana, são do Peru. É provável que a domesticação da planta teve lugar ali

originalmente, mais tarde se expandindo para o norte. Os restos mexicanos mais antigos

datam de 200 a.C. (MEDINA et al., 1988).

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Árvore pequena, geralmente de 3-5m de altura, tortuosa, esgalhada, às vezes

atingindo 8m de altura, sempre verde, de casca lisa, delgada, ligeiramente amarga,

castanho-arroxeada, que se desprende em lâminas. Folhas oblongas ou elípticas,

opostas, com pontos glandulares diminutos, curto-pecioladas, de 5-15 x 4-6cm,

ligeiramente grossas e coriáceas, de cor verde ou verde-amarelada e ligeiramente

lustrosa na face superior, pubescentes ou pulverulentas e saliente-nervadas na parte

inferior. Flores perfumadas, brancas, axilares, solitárias ou em pedúnculos de 2 ou 3

flores. Fruto baga globosa, ovóide ou piriforme, de 4-12cm de comprimento, coroado

pelo cálice, comumente de cor amarelada (na maturação), com polpa sucosa variando de

cor brancacenta ou amarelada a rosada ou avermelhada, de sabor doce ou algo ácido,

com um forte aroma agradável: sementes numerosas, reniformes ou achatadas, de cor

amarela (MEDINA et al., 1988).

Medina et al., (1989) citado por Neto, Bezerra e Costa (2003), ressalta que o

Brasil é o terceiro maior produtor mundial de goiaba, destacando-se os estados de São

Paulo, Minas Gerais e Pernambuco como os mais importantes.

Nos campos do planalto paulista, cresce em meio a outros arbustos, e também,

em estado subespontâneo, na beirada dos caminhos (DECKER, 1953 citado por

SANTOS et al., 1998).

O Estado de Pernambuco destaca-se como segundo produtor brasileiro de goiaba

(AGRIANUAL, 1999, citado por LIMA, ASSIS e NETO, 2002), e nas áreas irrigadas

do Vale do São Francisco os cultivos de goiabeiras têm se expandido, compreendendo

uma área de aproximadamente 4.000 ha.

Trata-se de um fruto não climatérico, de sabor e aroma agradáveis, e segundo

Yamashita e Benassi (2000), é considerada uma boa fonte de vitamina C, com

88,60±6,63 mg/ 100g. De acordo com Rathore (1976); Menzel (1985) e Carvalho

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(1994), tem grande aceitação no mercado, apresentando conteúdo de ácido ascórbico

variando de 55 a 104,4 mg por 100g de polpa, de acordo com a cultivar, local e manejo.

A composição das frutas frescas pode variar em função da variedade, fertilidade

do solo, época do ano, grau de maturação, porção do fruto, etc. O Quadro 02 demonstra

os dados das análises físico-químicas para a variedade vermelha comum, em três

estádios de maturação.

Quadro 02 – Resultados das análises químicas da variedade vermelha comum, média de três análises do fruto inteiro de goiaba em três diferentes estádios de maturação.

Estádio de maturação

Análises Químicas Verde De vez Maduro

pH 3,90 3,85 4,00

Brix 9,50 10,30 11,30

Acidez (% ácido cítrico) 0,39 0,38 0,30

Vitamina C (mg/ 100g) 130 112 107

Açúcares redutores (%) 5,45 6,00 7,75

Açúcares totais (%) 5,93 6,70 8,75

Fonte: ITAL (1988).

As cultivares para fins industriais devem produzir frutos de tamanho médio,

redondos, com polpa vermelha, espessa e não muito aquosa, com pouca semente, SST

de 8,0 a 12,0° Brix, pH de 3,8 a 4,3 e acidez entre 0,35 e 0,63% de ácido cítrico (LIMA,

ASSIS e NETO, 2002).

A goiaba Paluma (J-3) é um clone derivado da variedade Rubi x Supreme, a

partir de semente de polinização aberta, na Faculdade de Ciências Agrárias e

Veterinárias – UNESP, Jaboticabal – SP. Fruto com peso variável de 140 a 250g,

diâmetro longitudinal de 8,0 a 10,0cm e transversal de 7,0 a 9,0cm, forma ovóide com

pescoço curto, polpa de casca com peso médio de 140,2g, coloração vermelha intensa,

1,3 a 2,0cm de espessura, pequena percentagem de sementes (4,96%) e bom rendimento

da polpa (93,76%). Fruto de consistência firme, muito bom sabor e boa capacidade de

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conservação após colheita. Frutos adequados para produção de massa e consumo ao

natural (MEDINA et al., 1988).

A goiaba é um fruto muito perecível, com curto período de conservação em

temperatura ambiente, o que obriga a uma comercialização rápida para evitar perdas. Os

principais aspectos de deterioração são o rápido amolecimento, a perda de coloração

verde e do brilho e a incidência de podridões (JACOMINO, 1999).

Esta deterioração fundamenta-se no intenso metabolismo durante o

amadurecimento (MANICA et al., 2000), e os atributos de qualidade são influenciados

pelas variedades, condições edafoclimáticas e práticas culturais.

De acordo com Azzolini, Jacomino e Bron (2004), durante a fase inicial de

amadurecimento da goiaba branca “Kumagai” ocorre um aumento no teor de ácido

ascórbico. Segundo Mercado-Silva et al., (1998), o aumento no teor de ácido ascórbico

em goiabas durante o início do amadurecimento está associado ao aumento da síntese de

intermediários metabólicos, os quais são precursores da biossíntese do ácido ascórbico,

entre eles; a galactose.

Uddin et al. (2002) em seus trabalhos relata que a goiaba possui três a seis vezes

mais vitamina C que a laranja, mas parte é destruída durante o processamento industrial

e estocagem. As perdas ocorrem, em sua maioria, devido à presença de oxigênio no

meio e aos íons metálicos, tais como cobre, níquel e ferro, que catalisam a degradação

do ácido ascórbico, degradação esta de caráter oxidativo (passagem a ácido

dehidroascórbico) em temperaturas ambientes elevadas, como as dos países de clima

tropical e subtropical (MEDINA et al., 1988).

O processamento de goiaba para obtenção de polpa é uma atividade

agroindustrial importante, na medida em que agrega valor econômico à fruta, evitando

desperdícios e minimizando as perdas que podem ocorrer durante a comercialização do

produto in natura, além de permitir aumentar a sua vida útil com manutenção da

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qualidade. Geralmente as polpas são comercializadas em embalagens flexíveis (sacos

plásticos de polietileno) ou tipo tetrapack, devido à facilidade de manuseio e a proteção

contra a oxidação. Como a goiaba é rica em vitamina C; o tipo de embalagem utilizada

no acondicionamento tem influência na vida de prateleira, pois esta vitamina é

hidrossolúvel, apresenta pouca estabilidade e está sujeita à degradação pelo oxigênio,

luz, pH, açúcares e aminoácidos livres (BRUNINI, OLIVEIRA e VARANDA, 2003).

Um dos compostos mais encontrados na goiaba são os carotenóides que de

acordo com Fennema (1992), são compostos principalmente lipossolúveis, responsáveis

por muitas das colorações amarelas e vermelhas dos produtos vegetais e animais, sendo

amplamente distribuídos na natureza em grandes quantidades.

Têm também função como captadores de oxigênio singlet, como antioxidante,

em ativação de gene, em processos de inflamação e resposta imune e como modulador

das lipoxigenases (SETIAWAN et al., 2000).

Os principais carotenóides encontrados na natureza segundo Fennema (1992),

são: fucoxantina (algas); luteína, violoxantina e neoxantina (folhas verdes); além do

beta e alfa-caroteno, zeanxantina e licopeno.

De acordo com Agostini-Costa, Abreu e Rossetti (2003), estes pigmentos

naturais que incluem o beta-caroteno e o licopeno, constituem uma das classes se

fitoquímicos mais importantes. Alguns beta-carotenóides são capazes de ser convertidos

em vitamina A e desempenham um papel fundamental na prevenção da Síndrome da

Deficiência de Vitamina A (VADS), que causa xeroftalmia bem como distúrbios de

crescimento na primeira infância.

O teor de carotenóides totais em alguns frutos segundo Lima, et al., (2002)

aumenta durante o amadurecimento, no momento em que carotenogênese é

intensificada; em outros frutos, devido à presença de antocianinas, o teor de

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carotenóides diminui, com exceção de frutos como a pitanga roxa, em que os teores de

antocianinas e carotenóides foram maiores no estádio maduro que no semimaduro.

2.4 O Caju (Anacardium occidentale, L.)

O cajueiro pertence à família Anacardiaceae e é considerada uma das culturas

de maior importância econômica no Nordeste, sendo cultivado principalmente nos

estados do Ceará (68%), Rio Grande do Norte (11%) e Piauí (8%) (EMBRAPA, 1992).

É uma planta genuinamente brasileira. Seu nome é derivado do tupi-guarani acâ-

yú, que quer dizer pomo amarelo. E segundo Medina et al., (1978), das 12 espécies

descritas para o gênero Anacardium, apenas uma, o “caracolí” da Colômbia ou

“mijagua” da Venezuela (A. rhinocarpus D.C.), ainda não foi constatada no Brasil.

Existem fortes indícios de que seu indigenato está na zona litorânea, da Amazônia ao

Nordeste. Mais da metade das espécies conhecidas são citadas como nativas da

Amazônia brasileira e áreas limítrofes. No século XVI, de acordo com Assunção e

Mercadante (2003), espalhou-se em outros países como Moçambique, Índia, Angola e

Quênia.

Trata-se de uma árvore de múltipla utilidade. Apresenta como produto à

castanha (fruto) e o caju (pseudofruto), além de se mostrar excelente planta

reflorestadora. Do fruto extrai-se a amêndoa e o LCC (líquido da casca da castanha). Do

pseudofruto fazem-se doces, além do consumo ao natural ou na forma de suco, vinho,

conhaque e cajuína (ALVARENGA, 1978).

Árvore sempre verde, de 6 a 12 metros ou mais de altura, de copa ampla e

esparramada, arredondada, e tronco geralmente grosso, tortuoso, muito ramificado,

quase a partir da base, às vezes um tanto reto e alto. Os galhos são longos, tortuosos,

também ramificados. Casca de cor cinza-clara a castanha e entrecasca brancacenta a

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castanho-arroxeada, grossa, amarga e adstringente, contendo seiva leitosa. Conforme

amadurece o fruto, o pedúnculo (receptáculo) que o suporta intumesce rapidamente, em

poucos dias, para formar uma estrutura carnosa, mais ou menos piriforme, com o fruto

verdadeiro pendente na sua extremidade. Esse pedúnculo hipertrofiado, que é o fruto

falso ou pseudofruto, de casca fina de cor amarela ou avermelhada, com 4,5-7,5cm de

comprimento e 4-5cm de largura, pesando em média, 60 gramas, contém uma polpa

esponjosa, de cor branco-amarelada, muito sucosa e de sabor ácido agradável quando se

come cru, porém muito adstringente quando verde. O pedúnculo inflado e sumarento é

que o vulgo denomina de fruto (MEDINA et al., 1978).

Duas variedades do pseudofruto podem ser comumente encontradas no Brasil,

com cor de pele vermelha ou amarela, mas com a mesma polpa amarela clara. Seu

produto principal é a castanha do caju, a qual é bastante conhecida ao redor do mundo.

Os sucos são processados a partir do pseudofruto considerado como material de

desperdício ou subproduto pela indústria de castanha de caju (ASSUNÇÃO e

MERCADANTE, 2003).

Assunção e Mercadante (2002) afirmam que o caju tem forma de pêra, é

pequeno e não-climatérico. O processo de amadurecimento acontece de setembro a

janeiro e, uma árvore com quatro anos de idade pode produzir de 100 a 150 Kg de caju

por ano.

De acordo com Maia, Monteiro e Guimarães (2001), são reconhecidos dois

períodos que caracterizam a evolução da agroindústria do caju. O primeiro existente

desde os primórdios da colonização, caracterizava-se por ser extrativista. Esse sistema

subsiste nos dias atuais e responde por parcela significativa de comercialização. O

segundo período, iniciado em meados da década de sessenta, caracterizou-se por uma

considerável expansão dos setores agrícola e industrial. O mercado favorável para os

produtores de caju, a existência de incentivos fiscais e subsídios oferecidos aos

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produtores industriais, foram responsáveis pela acelerada expansão agroindustrial do

caju.

Ressalta-se que além da diversidade de produtos provenientes do processamento

do caju e da potencialidade de aproveitamento econômico destes, a agroindústria do

caju tem ainda um grande impacto sócio-econômico, em virtude do grande número de

empregos gerados nas atividades agrícolas, industriais e comerciais, gerando renda e

fixando o homem ao campo. Assim, a exploração do cajueiro apresenta-se como uma

alternativa para melhoria da qualidade de vida do homem do campo, notadamente nas

regiões mais pobres do Nordeste brasileiro (SOUZA FILHO, 1987).

Na região nordestina, o caju apresenta-se como importante componente da dieta,

contribuindo como fontes de vitaminas, especialmente pró-vitamina A, vitamina C,

minerais e carboidratos (SOUZA FILHO et al, 1999).

O Quadro 03 expõe os dados físico-químicos obtidos por Soares (1986) citado

por Souza Filho (1987).

Quadro 03 - Composição química e físico-química do pedúnculo do caju.

Determinações Valores Médios Açúcares redutores (%) 8,00 Vitamina C (mg/100mL) 261,00 Acidez Total (em ácido cítrico %) 0,35 Sólidos solúveis (ºBrix) 10,70 Tanino (%) 0,35 Cálcio (mg/100g) 14,70 Fósforo (P2O5) (mg/100g) 32,55 Umidade (%) 86,33 pH 3,90 Fonte: Soares (1986).

O caju apresenta teores de vitamina C que variam de 120 a 300mg/ 100g, valores

considerado altos quando comparados às doses recomendadas para ingestão diária, que

variam de 30 a 50mg/ dia (MITCHELL et al., 1978). E segundo a Embrapa (1992),

perdas no teor de vitamina C, alterações sensoriais e reações de escurecimento devido à

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degradação do ácido ascórbico têm sido freqüentemente detectadas em frutos durante o

processamento e armazenamento.

De acordo com Assunção e Mercadante (2003) em produtos de caju, como

polpas de frutas, o beta-caroteno foi o principal carotenóide contribuindo com 35 a 45%

do conteúdo total; alfa-caroteno, beta-criptoxantina e cis-beta-caroteno, estavam

presentes em concentrações semelhantes, em torno de 10 a 20% cada.

Um outro componente presente no fruto é o tanino e segundo Agostini-Costa,

Lima e Lima (2003), a adstringência decorrente da presença natural de tanino vem

sendo tradicionalmente referida como um dos principais obstáculos contra o aumento

das exportações do pedúnculo do caju. Os taninos são compostos fenólicos classificados

em condensados e hidrolisáveis. Os taninos condensados ou proantocianidinas são

polímeros de flavonóides, cujos monômeros são unidos por uma ligação carbono-

carbono. Os taninos hidrolisáveis são ésteres de ácido gálico e de ácido hexa-

hidroxidifênico e glicose, além de outros polióis. Os autores ressaltam ainda uma

possível interação do ácido ascórbico com os taninos, alguns tipos podem exercer uma

atividade antioxidante protegendo, por exemplo, a degradação da vitamina C.

Os polifenóis fazem parte da composição de muitos vegetais e são considerados

fatores antinutricionais de grande importância. São substâncias quimicamente muito

ativas e que podem reagir, de forma reversível ou irreversivelmente com proteínas,

prejudicando a digestibilidade e a biodisponibilidade dos nutrientes. Dentre as

substâncias fenólicas mais importantes segundo o autor, estão os ácidos fenólicos, os

flavonóides e principalmente os taninos (SANTOS et al., 2001).

Lima, et al., (2002), ressaltam a importância dos compostos fenólicos como

antioxidantes, estando relacionados com o retardo do envelhecimento e a prevenção de

certas doenças, e ainda a inibição da oxidação do colesterol LDL humano. Dentre os

compostos fenólicos que atuam como antioxidantes, destacam-se os flavonóides, que

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quimicamente englobam as antocianinas e os flavonóis que são pigmentos de cores

branca ou amarela clara encontrados em alimentos. Os flavonóides são uma família

grande de antioxidantes polifenólicos e a atividade eficiente dessas moléculas é

geralmente relacionada à presença de 3’, 4’ – dihidroxi (catecol), o grupo ceto C4=O,

um substituinte 3-hidroxil e uma ligação dupla C4=C3. (RICE-EVANS et al., 1995).

Os flavonóides polifenólicos têm esqueleto de difenilpropano. A família inclui

flavanóis monoméricos, flavanonas, antocianidinas, flavonas e flavonóis. Juntamente

com os fenilpropanóides ou derivados do ácido hidroxicinâmico, flavonóis e em menor

extensão, as flavonas, são encontradas em quase todas as plantas (RICE-EVANS,

MILLER e PAGANGA, 1995). No entanto, pouco é conhecido sobre a

biodisponibilidade destes compostos nos humanos (SANCHEZ-MORENO et al., 2003;

RICE-EVANS et al., 1995).

Os polifenóis são doadores eficientes de hidrogênio, particularmente os

flavonais tais como a quercetina, os flavanóis tais como os ésteres de galactocatequina,

encontrados tanto nas folhas dos chás verdes quanto nos chás preto (RICE-EVANS e

MILLER, 1997). Além das folhas, os polifenóis são encontrados em grande quantidade

no caju. O potencial antioxidante dos polifenóis, de acordo com Rice-Evans et al.,

(1995) é dependente do número e do arranjo dos grupos hidroxilas e do tamanho das

ligações estruturais, bem como da presença de doadores eletrônicos e captadores de

elétrons como substituintes na estrutura do anel.

2.5 Vitamina C (Ácido Ascórbico)

A vitamina C apresenta importantes funções específicas para os seres humanos,

ela está envolvida em processos de hidroxilação, biossíntese de corticóides e

catecolamina, e formação de ossos e sais. Ao mesmo tempo, é um antioxidante

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importante para o organismo em relação as matrizes (ASSUNÇÃO e MERCADANTE,

2003). Segundo Iversen (1999), está também envolvida no metabolismo da tirosina, na

conversão do ácido fólico a ácido folínico, metabolismo dos carboidratos, na síntese de

lipídios e proteínas, metabolismo do ferro, na resistência a infecções e na respiração

celular, além de proteger contra danos oxidativos ao DNA.

Henshall citado por Matsuura et al., (2001) ressalta que as frutas e hortaliças são

responsáveis por 95% das fontes de ácido ascórbico da alimentação humana, sendo este

ácido um dos mais importantes nutrientes encontrados nestes alimentos.

Em 1928, o cientista húngaro Albert von Szent-Gyorgyi (1893-1986) descobriu

e isolou o fator antiescorbuto em vários alimentos, denominando-a vitamina C. Pouco

depois Waugh e King identificaram o mesmo agente antiescorbútico de Szent no sumo

do limão. Hirst e Haworth, em 1933, anunciaram a estrutura da vitamina C e sugeriram,

em conjunto com Szent-Gyorgyi, a mudança do nome para ácido ascórbico, por

inferência a suas propriedades antiescorbúticas. No mesmo ano de 1933, Reichstein e

colaboradores publicam as sínteses do ácido D-ascórbico e do ácido L-ascórbico, que

ainda hoje formam a base da produção industrial da vitamina C. Conseguiram

comprovar que o ácido L-ascórbico sintetizado possui a mesma atividade biológica da

substância natural. Em 1937, Haworth (Química) e Szent-Gyorgyi (Medicina) são

agraciados com o Prêmio Nobel por seus trabalhos com a vitamina C. Foram,

entretanto, as pesquisas do químico americano Linus Pauling (1901-1994), também

ganhador do Prêmio Nobel, que popularizaram a vitamina C. Pauling recomendava

megadoses da vitamina para o combate de resfriados, gripes e outras viroses, bem como

na prevenção do câncer e outras doenças degenerativas (MANELA-AZULAY et al.,

2003).

O ácido ascórbico é um composto com 6 carbonos, estruturalmente relacionado

com a glicose e outras hexoses, sendo reversivelmente oxidado no organismo em ácido

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28

dehidroascórbico. O último composto possui completa atividade vitamínica C

(FRANCO, 2003). O autor evidencia ainda que um átomo de carbono opticamente ativo

e a atividade antiescorbútica residem quase totalmente no L-isômero. Outros isômeros,

ácido eritórbico (D-ácido ascórbico) têm verdadeiramente fraca atividade.

De acordo com Fennema (1992) o ácido L-ascórbico é uma substância muito

solúvel que possui propriedades ácidas e fortemente redutoras. Tais propriedades se

devem a sua estrutura enadiol que está conjugada ao grupo carbonila de uma lactona, e

que o isômero D- tem ao redor de 10% da atividade do L-.

Fonte: Snehalatha (1997). Figura 01 – Formas do ácido ascórbico encontrado na natureza

A vitamina C existe na natureza sob duas formas ativas (ácido ascórbico – AA e

ácido dehidroascórbico – ADA) e uma inativa (ácido diceto gulônico – ADG). Uma de

suas principais características é a instabilidade, ou seja, as formas ativas podem

converter-se à forma inativa. Ela é suscetível à degradação pelo calor, oxidação,

dessecação, fracionamento, aplicação de frio, alcalinidade do meio e solubilidade em

água Belitz (1997) citado por Aranha et al., (2003).

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29

A determinação do conteúdo de ácido ascórbico em vegetais é muito importante,

pois além de seu papel fundamental na nutrição humana, sua degradação pode favorecer

o escurecimento não enzimático, e pode causar aparecimento de sabor estranho.

Além disso, o ácido ascórbico é um importante indicador, pois sendo a vitamina

mais termolábil, sua presença no alimento, indica que provavelmente os demais

nutrientes também estão sendo preservados (CARDELLO e CARDELLO, 1998).

De acordo com Lopes, Martins e Carvalho (1997), a polpa de fruta por ser um

produto de fácil elaboração, tem sido uma alternativa de renda para muitas pessoas, que

em sua maioria desconhecem a labilidade do ácido ascórbico, quanto ao oxigênio, luz,

temperatura elevada e enzimas. Esta característica pode favorecer grandes perdas de

vitamina C nos processos de obtenção, armazenamento e comercialização do produto.

Por outro lado, o consumidor não alertado para o problema, compra a polpa congelada,

desconhecendo o real teor desta vitamina no produto.

Oliveira et al., (1998) em seus trabalhos verificou que o parâmetro conteúdo de

vitamina C foi o que apresentou maior variabilidade, provavelmente, por conta da

demora para o início do processamento dos frutos, uso de técnica de congelamento

lento, utilização de frutos em adiantado estado de maturação, transporte inadequado e

sem observância da cadeia de frio, época de colheita, maior ou menor incidência de

chuva no período, aeração da polpa através de inadequados procedimentos de produção,

ou ainda, diluição da polpa por adição de água, durante o processamento.

Gabas, Telis-Romero e Menegalli (2003) afirmam que no caso da vitamina C,

existe um interesse tanto dos consumidores quanto dos fabricantes de alimentos, uma

vez que este nutriente é um dos mais sensíveis às condições de processamento e de

armazenagem, e a sua degradação está relacionada com diversos fatores como:

oxigênio, pH, luz, temperatura e atividade de água.

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Após sua extração do material vegetal, a vitamina C tem-se mostrado um

composto bastante instável, oxidando-se rapidamente. Entretanto, alguns tratamentos,

como um congelamento adequado, por exemplo, Martins e Neto (1994), podem ser

aplicados para reduzir esse problema; além de medidas que procurem manter a

estabilidade do produto durante o seu período de armazenamento.

Iversen (1999) afirma que vários relatórios sobre ácido ascórbico sugerem que a

decomposição dessa substância em suco armazenado pode ser de primeira ordem como

também de ordem zero. Isso indica que a cinética de degradação tanto do ácido

ascórbico quanto de outros compostos, como por exemplo, às antocianinas, depende

muito da natureza do sistema total, isto é, da presença de antocianinas, ácido ascórbico e

outros compostos antioxidantes.

A oxidação é a maior causa de perda de carotenóides, e depende do carotenóide

envolvido. A oxidação é estimulada pela luz, calor, metais, enzimas, e peróxidos, e é

inibida pelos antioxidantes tais como tocoferóis e ácido ascórbico (SÁNCHEZ-

MORENO et al., 2003). Estudos têm relatado hipóteses sobre possível efeito protetor

dos carotenóides em relação à perda de ácido ascórbico, mas Sánchez-Moreno et al.,

(2003), observou que em sucos de laranja, o ácido ascórbico exerce um efeito protetor

em relação aos carotenóides.

A reação não catalisada, de acordo com Fennema (1992), não é proporcional a

concentração de oxigênio se a pressão parcial deste sistema é baixa. Sistemas sob a

influência de oxigênio e metais pesados seguem a rota via monoânion (HÁ-), formando

ácido dehidroascórbico e se ajusta aproximadamente a uma reação de primeira ordem.

Estudos sobre a cinética de degradação da vitamina C em funções das condições

de processamento permitem escolher processos alternativos ou operações mais

eficientes para minimizar perdas de qualidade. Além disso, fornece informações sobre a

degradação ao longo da armazenagem, permitindo estimar o teor de vitamina ao fim da

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vida-de-prateleira do produto, e em seguida adequá-lo a sua rotulagem (GABAS,

TELIS-ROMERO e MENEGALLI, 2003).

Fundamentalmente, existe a necessidade de estudos mais elaborados que

procurem minimizar ao máximo as reações que concorrem para a diminuição da

estabilidade das polpas de frutas e sua conseqüente perda de vitamina C durante o seu

período de armazenamento, contribuindo para que o produto possa chegar ao

consumidor com sua qualidade preservada de forma viável e econômica.

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3. Objetivos

3.1 Geral

Determinar a cinética de degradação do ácido ascórbico em polpas de frutas

congeladas in natura de acerola (Malpighia emarginata, D.C.), caju (Anacardium

occidentale, L.) e goiaba (Psidium guajava, L.).

3.2 Específicos

• Estabelecer as respectivas taxas de degradação do ácido ascórbico nas polpas

elaboradas de caju, goiaba e acerola;

• Avaliar o teor de ácido ascórbico em polpas de frutas comercializadas na Região

Metropolitana do Recife, Zona da Mata e Agreste de Pernambuco;

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4. Material e Métodos

4.1 Material

4.1.1 Caracterização dos frutos utilizados:

Para elaboração das polpas de frutas foram utilizados os seguintes frutos:

CAJU (Anacardium occidentale) – 17 Kg de frutas da variedade CCP-76 da

EMBRAPA Fortaleza/ CE, fornecidos pela Empresa Boa Fruta localizada no município

de Petrolina/ PE. Os frutos foram colhidos em estádio de maturação intermediária,

armazenados em caixas de papelão tipo exportação, revestida com filme plástico e

remetidos para o Recife/ PE sob refrigeração, sendo recebidos no prazo de 24 horas

após a colheita. Apresentavam-se íntegros, com ausência de injúrias físicas, com casca

de cor vermelha com nuances amarelas e cor da polpa amarela clara. De forma

característica piriforme, sabor próprio e aroma próprio.

Figuras 02 e 03– Cajus variedade CCP-76 utilizados na produção da polpa de fruta.

02 03

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ACEROLA (Malpighia emarginata, D.C.) – 18 Kg do fruto que foram obtidos de

várias plantas, propagadas por estacas a partir de uma única planta matriz de

aproximadamente sete anos, doadas pela Empresa Acerolândia, localizada no município

de Paudalho, Zona da Mata de Pernambuco. A colheita foi realizada no início da manhã

e o transporte em sacos plásticos sob refrigeração para o Recife em menor tempo

possível. O estádio de maturação dos frutos variou de verde a maduro, em função da

dificuldade de serem obtidos em um único estádio de maturação. É chamado

vulgarmente de acerola tipo “pitanga”, por ser uma drupa bem sulcada, lembrando uma

pitanga. Apresentavam-se íntegros, com ausência de injúrias físicas, película de cor

vermelha alaranjada a vermelha púrpura e cor da polpa laranja; com sabor próprio e

aroma próprio.

Figura 04 – Acerola tipo “pitanga”.

Figura 05 – Acerolas tipo “pitanga” utilizadas na produção da polpa.

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GOIABA (Psidium guajava, L.) – 20Kg do fruto variedade PALUMA foi adquirido no

CEAGEPE/ PE, fornecidos pela Empresa Boa Fruta localizada no município de

Petrolina/ PE. Os frutos também foram colhidos em estádio de maturação intermediária,

armazenados em caixotes de madeira e remetidos para o Recife sob refrigeração, sendo

recebidos no prazo de 24 horas após a colheita. Apresentavam cor da casca amarelo-

esverdeada e espessura fina, com polpa vermelha, forma ovóide, aroma próprio e sabor

próprio, levemente ácido.

Figuras 06 e 07 – Goiabas var. Paluma utilizadas na produção da polpa de fruta

4.1.2 Obtenção das polpas comercializadas na Região Metropolitana do Recife, Zona

da Mata e Agreste de PE.

As polpas comercializadas foram adquiridas de forma aleatória em diversos

supermercados, quitandas e padarias da RMR, Zona da Mata e Agreste, sendo

transportadas acondicionadas em caixa isotérmica e posteriormente no mesmo freezer

das polpas produzidas em laboratório a uma temperatura de –18°C. Algumas amostras

foram coletadas de um mesmo lote, sendo armazenadas no mesmo local das polpas

06 07

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padrão e avaliadas mês a mês. Outras foram coletadas individualmente, dependendo da

disponibilidade do tipo de embalagem.

4.1.3 Outros materiais utilizados no processamento:

- Sacos de polietileno esterilizados 3 litros (embalagem primária);

- Sacos de polietileno de alta densidade 3 litros (embalagem secundária);

- Recipientes plásticos de 10 e 50 litros;

- Baldes de aço inox com 20 litros;

- Solução de Hipoclorito de Sódio a 10 ppm.

4.1.4 Equipamentos:

• Despolpadeira ITAMETAL, capacidade para 50 a 100 Kg/h;

• Seladora STANDART modelo 55-400, 40cm;

• Freezer CONSUL vertical, 280 litros;

• Balança FILIZOLA, com capacidade para 160Kg;

• Balança digital FILIZOLA, com capacidade máxima de 6 Kg;

• Paquímetro manual KANON.

4.1.5 Reagentes:

Determinação do Ácido Ascórbico

- 2,6 - Diclorofenol Indofenol – sódio (DCFI) p.a. / MERCK

- Ácido Oxálico p.a./ MERCK

- Ácido Acético Glacial p.a. / VETEC

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- Bicarbonato de Sódio p.a. / VETEC

- Ácido Ascórbico p.a. / MERCK

Determinação da Acidez Total Titulável

- Hidróxido de Sódio p.a. / VETEC

- Fenolftaleína p.a. / VETEC

4.2 Métodos

4.2.1 Dimensões e peso médio dos frutos

- Foram determinadas as dimensões tomando-se as medidas do diâmetro

transversal (mm) e a altura (mm) dos frutos usando um paquímetro

manual com duas casas após a vírgula;

- O peso dos frutos (g) foi determinado em balança digital semi-analítica

marca FILIZOLA BP6, com capacidade máxima de 6 Kg;

- Para a caracterização física da acerola e goiaba foram coletadas

aleatoriamente 20 unidades dos frutos dos quais fez-se a média; para o

caju foram utilizadas 16 unidades de cada fruto.

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Figura 08 - Fluxograma de obtenção das polpas de frutas padrão.

4.2.2 Descrição das Etapas do Fluxograma de Produção:

Com o intuito de excluir qualquer possibilidade de contaminação do produto,

antes do início das atividades de produção todos os equipamentos, materiais e ambiente

passaram por um rigoroso processo de higienização e sanitização, como recomendado

pelas Boas Práticas de Fabricação (BPF).

RECEPÇÃO/ PESAGEM

SELEÇÃO

LAVAGEM

CONGELAMENTO À - 20°C (ACEROLA)

DESPOLPAMENTO

EMBALAGEM

CONGELAMENTO (– 20° C)

ARMAZENAMENTO(– 18° C)

SANITIZAÇÃO

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Recepção/ Pesagem – As frutas foram pesadas em balança com capacidade para 160

Kg.

Seleção – Esta etapa foi realizada em mesa de inox, onde foram selecionados os frutos

sãos, evitando o uso dos excessivamente verdes e estragados.

Lavagem e Sanitização – O processo se deu em duas etapas: a primeira foi feita através

de borrifo direto de jatos de água, para retirar o excesso de sujidades. A segunda etapa

foi realizada através da imersão dos frutos em baldes com capacidade para 50 litros,

com água clorada a 10 ppm por vinte minutos.

Congelamento da acerola - Para a seleção da acerola no qual houve uma maior

variação do estádio de maturação, parte dos frutos maduros (70%), foram congelados

em freezer a – 20°C ± 1. O restante foi acondicionado em bandejas de alumínio por 24

horas para completarem o processo de maturação.

Despolpamento – Foi realizado em despolpadeira ITAMETAL, com capacidade

máxima para 100Kg/ hora.

Embalagem – O envase foi feito de forma manual, utilizando um medidor plástico de

500mL. Como embalagem primária do produto, foram utilizados sacos de polietileno

estéreis. As embalagens com aproximadamente 300mL da polpa foram acondicionadas

em outro saco de polietileno (embalagem secundária) de alta densidade com capacidade

de 3 litros. O fechamento das embalagens foi realizado em seladora STANDART.

Congelamento – As polpas foram submetidas ao processo em compartimento de

congelamento do freezer CONSUL Vertical com temperatura a -20ºC ± 1 por um

período de 24 horas.

Armazenamento – Após a etapa de congelamento as amostras foram retiradas do

congelador e armazenadas em gavetas do mesmo freezer à -18° C ± 1, por um período

de 180 dias.

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4.2.3 Controle de armazenamento

As amostras armazenadas em freezer doméstico a -18ºC± 1, foram monitoradas

em relação à variação de temperatura, através de termômetro apropriado.

4.2.4 Controle de qualidade do produto elaborado

O controle de qualidade microbiológico e físico-químico das polpas produzidas,

foi realizado de acordo com os padrões recomendados pela Resolução RDC Nº 12 de

02/01/01 da Agência Nacional de Vigilância Sanitária e a Instrução Normativa nº01 de

07/01/00 do Ministério da Agricultura e do Abastecimento, respectivamente.

Ensaios Microbiológicos

Amostras representativas das polpas foram analisadas para Coliformes a 45°C e

Salmonella ssp, segundo as especificações da Legislação brasileira para o produto; e

realizadas de acordo com os métodos oficiais da AOAC (2002), número 986.33 e

996.08, respectivamente. Foi feita ainda a pesquisa de Bolores e Leveduras (AOAC,

2002, nº 997.02). Os ensaios foram realizados em tempo zero (T0) e ao final do período

de armazenamento (T180).

Ensaios Físico-químicos

Como controle físico-químico da qualidade do produto, foram determinados em

triplicata no tempo zero, os seguintes parâmetros:

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• Sólidos Solúveis Totais (°Brix): realizado através de leitura direta na

escala de grau em refratômetro marca AUS JENA Modell I, com

resultado expresso em °Brix e corrigido para 20°C (INSTITUTO

ADOLFO LUTZ, 1985);

• pH: foi determinado através de leitura direta, em potenciômetro digital

Tecnal modelo pH Meter Tec-2 (INSTITUTO ADOLFO LUTZ, 1985);

• Acidez Total: por titulometria, expressa em acidez total em ácido cítrico

(g/100g) (INSTITUTO ADOLFO LUTZ, 1985);

4.2.5 Degradação do ácido ascórbico e estudo de armazenamento das polpas de frutas

Determinação do teor de ácido ascórbico:

• Foi determinado através do método titulométrico de Tillmans usando o 2,6

diclorofenolindofenol (DCFI), segundo a AOAC 967.21 (1984), modificado por

Benassi e Antunes (1988). O referido método consiste em utilizar solução oxalo/

acética (1,6% de ácido oxálico: 8% de ácido acético) como solvente e

estabilizadora do ácido ascórbico, em substituição a solução de ácido

metafosfórico, tradicionalmente utilizado neste método.

Estudo de armazenamento:

As análises foram feitas no tempo inicial (T0) e periodicamente, quanto ao teor

de ácido ascórbico (mg/100mg) seguindo o cronograma proposto no Quadro 04.

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Quadro 04. Cronograma para determinação da estabilidade do produto durante o armazenamento.

Número de Determinações/ Semanas

Meses 1ªsemana 2ªsemana 3ªsemana 4ªsemana

1º Mês X X X X

2º Mês X X X X

3º Mês X X X X

4º Mês ** X ** X

5º Mês ** X ** X

6º Mês (180 dias) ** X ** X X - 01 análise semanal. ** não realização das análises.

4.2.6 Desenho Experimental

As amostras de polpas de frutas processadas em laboratório foram

avaliadas segundo delineamento experimental inteiramente casualizado com dois

fatores, considerando-se 21 coletas e 3 polpas distintas, com três repetições cada. Os

dados brutos obtidos nos ensaios foram submetidos a uma análise descritiva, obtendo-se

as médias das repetições, os desvios padrão e os coeficientes de variação para cada

polpa.

Foram aplicados a análise de variância (ANOVA) e o teste de Tukey ao nível de

5% de significância, para comparação entre as médias que foram obtidas de três

repetições utilizando o programa Statistica for Windows (STATSOFT, Inc., 2004).

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5. Resultados e Discussão

5.1 Dimensões e peso médio dos frutos

O Quadro 05 apresenta as médias dos diâmetros e do peso dos frutos estudados.

Quadro 05 – Características físicas dos frutos estudados. Estatística Descritiva

FRUTOS Nº de Amostras

Média Mínimo Máximo Variância Desvio Padrão

Goiaba Peso (g) 20 181,64 104,35 256,33 1724,10 41,52

Diâmetro Transversal (cm) 20 6,43 5,44 7,56 0,32 0,57

Diâmetro Longitudinal (cm)

20 7,80 5,93 9,30 0,89 0,94

Caju (sem castanha) Peso (g) * 16 109,83 73,77 170,90 601,74 24,53

Diâmetro Transversal (cm) 16 5,37 4,19 6,15 0,38 0,62

Diâmetro Longitudinal (cm)

16 6,55 5,84 8,25 0,47 0,69

Acerola

Peso (g) 20 10,98 5,63 15,52 6,28 2,51

Diâmetro Transversal (cm) 20 2,82 2,04 3,57 0,21 0,46Diâmetro Longitudinal (cm)

20 2,19 1,48 2,73 0,10 0,31

* Pesagem efetuada ainda com a presença da castanha.

Podemos observar que as goiabas da variedade Paluma nesse experimento

demonstraram ser um fruto de excelente qualidade para a elaboração de polpa de fruta,

visto que rendimento do processo foi de 94%, estando de acordo com os valores citados

por Medina et al., (1988), os quais apresentam rendimento médio de 93,76% para

produção de polpa. Em relação aos parâmetros físicos os resultados obtidos estão dentro

dos valores especificados por Medina et al., (1988), para peso (140-250g), diâmetro

longitudinal (8-10cm) e diâmetro transversal (7-9cm) em goiabas dessa variedade.

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Foi observado um coeficiente de variação elevado para o peso médio da goiaba;

Medina et al., (1988), também encontrou variações, obtendo uma média de 177g, com

valores extremos de 120 a 265 gramas.

Em relação ao caju, para a variedade utilizada (CCP-76) os dados são escassos.

Os dados obtidos neste experimento foram acima dos valores encontrados por Medina

et al., (1978), após analisar 200 amostras de caju da variedade amarela sem castanha, no

qual obteve uma média de 5,58cm para diâmetro transversal, 2,89cm para diâmetro

longitudinal e 59,46g como média do peso.

A média de peso encontrada para acerola foi 10,98g caracterizando-o como um

fruto de tamanho grande, Musser (2001) estudando acessos de aceroleira em duas

estações obteve resultados que variaram entre 2,94 a 11,16g. França e Nairan (2003),

em estudo de matriz tipo pitanga obtiveram média de 10,85g para frutos maduros,

enquanto o diâmetro transversal do fruto foi 2,34cm e o diâmetro longitudinal 2,83cm.

As acerolas tipo pitanga utilizadas neste experimento apresentaram como médias:

2,82cm e 2,19cm para diâmetros transversal e longitudinal, respectivamente.

Confirmando o estádio de desenvolvimento e maturação adequados para processamento

das polpas.

5.2 Caracterização físico-química das polpas produzidas

Com intuito de avaliar a qualidade físico-química das polpas produzidas, foram

realizados ensaios para determinação de sólidos solúveis totais (°Brix), pH, acidez total

titulável e calculada a relação SST/ ATT (Sólidos Solúveis Totais/ Acidez Total

Titulável) no tempo zero e após 180 dias de armazenamento das polpas padrão

elaboradas. O quadro 06 mostra os resultados obtidos.

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Quadro 06 – Parâmetros físico-químicos das polpas padrão em tempo zero e após 180 dias de armazenamento.

ENSAIOS

POLPAS

Acerola T0

Acerola T180

Caju T0

Caju T180

Goiaba T0

Goiaba T180

pH 3,37±0,01 CV 0,00

3,25±0,00 CV 0,00

4,61±0,00 CV 0,00

4,57±0,00 CV 0,00

3,76±0,02 CV 0,00

3,61±0,01 CV 0,00

Solidos Solúveis Totais (°Brix)

7,23±0,06 CV 0,00

7,3±0,00 CV 0,00

11,00±0,00 CV 0,00

10,07±0,11 CV 0,01

11,07±0,11 CV 0,01

10,20±0,00 CV 0,00

Acidez (ácido cítrico/ 100g)

0,96±0,00 CV 0,00

1,76±0,03 CV 0,00

0,33±0,01 CV 0,00

0,33±0,01 CV 0,00

0,50±0,01 CV 0,00

0,82±0,01 CV 0,00

Relação SST/ ATT

7,53±0,06 CV 0,00

4,16±0,07 CV 0,00

33,35±1,01 1,02

30,22±0,94 CV 0,88

22,29±0,28 CV 0,08

12,39±0,17 CV 0,03

CV – Coeficiente de variação

De acordo com os valores apresentados, foi verificado que os produtos

elaborados experimentalmente, atendem aos parâmetros mínimos de qualidade exigidos

pela Instrução Normativa Nº01 de 07 de janeiro de 2000, do Ministério da Agricultura e

do Abastecimento.

Os sólidos solúveis (°Brix) são usados como índice de maturação de alguns

frutos, e indicam a quantidade de substâncias que se encontram dissolvidos no suco,

sendo constituído na sua maioria por açúcares (CHAVES, 2004). Na agroindústria esse

parâmetro é usado para intensificar o controle de matéria-prima, processo e qualidade

do produto final. Foi observado um pequeno decréscimo dos teores de SST em relação à

polpa de caju (11,00° a 10,07°Brix) e para a polpa de goiaba (11,07° a 10,20°Brix). Os

valores estão acima dos obtidos por Brunini, Oliveira e Varanda (2003), avaliando a

qualidade da goiaba Paluma armazenada a –20°C, que variaram entre 9,09 a 7,17°Brix.

Segundo os autores, esta oscilação provavelmente acontece devido à perda de umidade

da polpa através da embalagem.

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46

Para a polpa de acerola foi observada uma pequena variação dos valores de SST

(7,23 a 7,30°Brix). Yamashita et al., (2003), estudando a estabilidade de produtos de

acerola, verificou que os valores de SST para a polpa congelada a –12ºC, manteve-se

praticamente constante (5,9 ± 0,2), durante quatro meses de armazenamento. Segundo

Souza Filho et al., (1999), o decréscimo do pH e o aumento no teor de sólidos solúveis

são decorrentes da hidrólise da sacarose (inversão) durante o armazenamento do

produto.

Em relação ao pH, foi verificado um decréscimo de todos os valores ao longo de

180 dias de armazenamento dos produtos. Foram obtidos valores de 3,37 a 3,25; 4,61 a

4,57; 3,76 a 3,61; para as polpas de acerola, caju e goiaba, respectivamente. Oliveira et

al., (1999) avaliando a qualidade físico-química de polpas congeladas de caju, acerola e

cajá, obteve valores semelhantes que variaram de 3,51 a 4,46 para polpas de caju e 2,50

a 3,30 para polpas de acerola, estando de acordo com os resultados obtidos neste

experimento. Entretanto, foram diferentes dos valores apresentados por Brunini,

Oliveira e Varanda (2003), que variaram de 3,15 a 4,03 para polpas de goiaba Paluma.

Medina et al., (1988), obteve valores de pH que variaram entre 3,6 a 4,1 para polpas de

goiaba de cultivar vermelha.

Os valores de acidez titulável para a polpa de caju mantiveram-se constantes ao

longo do tempo de armazenamento (0,33), o que também foi observado por Maia,

Monteiro e Guimarães (2001) para suco de caju com alto teor de polpa (0,49 a 0,50)

durante 180 dias de armazenamento. A polpa de goiaba apresentou uma variação maior

de acidez (0,50 a 0,82), diferentemente dos valores obtidos por Brunini, Oliveira e

Varanda (2003), que foram de 0,406 a 0,510g de ácido cítrico/ 100g. Lima, Assis e

Gonzaga Neto (2002), afirmam que a variedade Paluma obteve o maior percentual de

acidez entre as cultivares e seleções de polpas vermelhas.

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47

A polpa de acerola apresentou a maior variação de acidez total que foi de 0,96 a

1,76g de ácido cítrico / 100g. Musser et al., (2004) em aceroleiras de genótipos APE-

005 e APE-003, na safra inverno / 1999, registrou um valor médio de 1,95 ± 0,06 e 1,56

± 0,05 em ácido málico / 100g de polpa, evidenciando uma tendência de associação

entre o teor de ácido ascórbico e a acidez nas safras avaliadas. Segundo França e Nairan

(2003), o elevado valor encontrado para acidez titulável é devido a uma alta

concentração de ácidos orgânicos, apresentando em seus trabalhos, valor máximo de

1,12 (% em ácido cítrico) para frutos de acerola tipo “pitanga” maduros. Oliveira et al.,

(1999) ressalta que a acidez é um importante parâmetro na apreciação do estado de

conservação de um produto alimentício refletindo processos de decomposição do

alimento, seja por hidrólise, oxidação ou fermentação.

A relação SST / ATT é utilizada para avaliar o índice de maturação dos frutos,

quanto maior a razão, maior o estádio de maturação do fruto. A polpa de acerola

produzida apresentou uma diminuição da relação de 7,53 para 4,16, indicando possíveis

alterações em seu metabolismo. Oliveira et al., (1998), avaliando a qualidade das polpas

de acerolas produzidas nos estados do Ceará e Rio Grande do Norte, obteve uma

variação de 4,23 a 10,14, semelhantes aos resultados deste experimento. O mesmo autor

encontrou valores que variaram de 45,76 a 21,86, para polpas de caju comercializadas,

corroborando com os obtidos neste trabalho.

A polpa de goiaba apresentou um comportamento semelhante à polpa de acerola

durante o período de armazenamento, no qual houve um aumento da acidez e uma

diminuição da relação SST / ATT, provavelmente por conta de alterações metabólicas.

Lima, Assis e Gonzaga Neto (2002) na caracterização de frutos de cultivares de

goiabeiras na região do Submédio São Francisco – PE, obteve valores médios para a

variedade Paluma de 17,63, enquanto que o valor inicial aqui encontrado foi de 22,29 e

12,39 após o 180 dias de armazenamento.

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48

5.3 Controle microbiológico das polpas de frutas produzidas

As polpas de frutas produzidas experimentalmente foram analisadas em relação

a sua qualidade microbiológica, com a intenção de monitorar fatores que pudessem

alterar a sua vida útil ou interagir com os demais compostos químicos presentes.

Alterações microbiológicas são indesejáveis em qualquer tipo de alimento, bem como a

detecção de microrganismos patogênicos e indicadores de más condições higiênico-

sanitárias. No Quadro 07, estão sumarizados os resultados dos ensaios microbiológicos

realizados em tempo zero e no final do período de armazenamento das polpas

estudadas.

Quadro 07 – Parâmetros microbiológicos das polpas padrão em tempo zero e após 180 dias de armazenamento.

*Ensaio não realizado.

A Resolução RDC nº 12 de 02/ 01/ 01, da Agência Nacional de Vigilância

Sanitária (ANVISA), estabelece para polpas de frutas concentradas ou não, com ou sem

tratamento térmico, refrigeradas ou congeladas; ausência em 25g da amostra para

Salmonella ssp e o valor máximo de 102 para Coliformes a 45°C em amostras

indicativas.

Podemos observar que em relação à pesquisa de Salmonella ssp, o produto

encontra-se de acordo com os padrões legais vigentes. A Salmonella é um

microrganismo Gram-negativo e um dos principais causadores de infecção alimentar,

ENSAIOS MICROBIOLÓGICOS POLPAS Coliformes

a 45°C/ g Salmonella

ssp/ 25g Soma de Bolores e

Leveduras/ g Acerola – T0 < 10 ausência 7,9 x 103 Acerola – T180 < 10 * < 10 Caju – T0 < 10 ausência 7,8 x 103

Caju - T180 < 10 * 80 Goiaba - T0 2,7 x 102 ausência 4,0 x 102

Goiaba - T180 < 10 * < 10

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49

sua presença no produto invalida o lote devendo ser destruídos. Segundo Uboldi Eiroa

(1989), o pH abaixo de 4,5 para frutas em geral dificulta o crescimento de

microrganismos patógenos que via de regra, ou não crescem ou não produzem toxinas

abaixo dessa faixa de pH. Feitosa et al. (1997), avaliando o perfil microbiológico de

polpas de frutas nos estados do Ceará e do Rio Grande do Norte, não constatou a

presença de Salmonella em nenhuma das amostras analisadas. Já Hoffmann et al.,

(1998), das dezenove amostras pesquisadas, duas apresentaram contaminação pelo

microrganismo.

Em relação às análises de coliformes a 45°C, todas as polpas apresentaram

resultados em acordo com os padrões legais vigentes. Foi observada presença de

coliformes a 45°C na amostra de polpa de goiaba no tempo zero (2,7 x 102/ g), mas não

foi detectada a mesma contaminação após 180 dias de armazenamento (< 10/ g). Este

fato, segundo Riedel (1992), é explicado pela diminuição da umidade relativa

decorrente do armazenamento. A uma temperatura de –15° a –18°C a umidade relativa

é em torno de 80 a 86 %, diminuindo a atividade bacteriana a estas temperaturas. De

acordo com Feitosa et al., (1997), devido às propriedades físicas e químicas, os produtos

de frutas permitem apenas o desenvolvimento de microrganismos deteriorantes, como

bolores e leveduras e bactérias ácido tolerantes. Ocasionalmente, bactérias patogênicas

podem sobreviver por certo período de tempo, porém não ocorrendo desenvolvimento

propriamente dito esta população tende a diminuir significativamente com o tempo.

Em função dessas observações foram realizadas contagens de bolores e

leveduras nas polpas elaboradas. Os resultados obtidos foram da ordem de 103,

diminuindo ao longo do tempo de armazenamento, por injúrias causadas pela

temperatura e falta de condições propícias ao seu desenvolvimento.

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50

5.4 Estudo da degradação do ácido ascórbico

5.4.1 Degradação do ácido ascórbico nas polpas produzidas

As polpas elaboradas foram analisadas sistematicamente quanto aos teores de

ácido ascórbico. Todas as polpas produzidas apresentaram teor de ácido ascórbico de

acordo com a Legislação vigente para o produto. Os resultados médios do método

utilizado e a análise de variância dos resultados encontram-se no anexo 01 e 02,

respectivamente, estimando-se um desvio médio aceitável de 5% entre as repetições. As

figuras 09, 10 e 11 mostram as respectivas curvas de degradação das polpas de caju,

acerola e goiaba, ao longo do tempo de armazenamento.

Degradação do ácido ascórbico em polpa de caju

0

50

100

150

200

250

0 20 35 48 62 76 90 118 146 174

Tempo de armazenamento (dias)

Teo

r de

áci

do a

scór

bico

(m

g/10

0g)

Figura 09 – Curva da degradação do ácido ascórbico (mg/ 100g) em polpa de caju após 180 dias de armazenamento.

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51

Figura 10 – Curva de degradação do ácido ascórbico (mg/ 100g) em polpa de acerola após 180 dias de armazenamento.

Figura 11 – Curva de degradação do ácido ascórbico (mg/ 100g) em polpa de goiaba após 180 dias de armazenamento.

Degradação do ácido ascórbico em polpa de acerola

0200400600800

10001200140016001800

0 15 30 43 57 71 86 106 135 162 180Tempo de armazenamento (dias)

Teo

r de

áci

do a

scór

bico

(mg/

100g

)

Degradação do ácido ascórbico em polpa de goiaba

0102030405060708090

0 16 29 43 57 72 85 106 135 162 180

Tempo de armazenamento (dias)

Teo

r de

áci

do a

scór

bico

(mg/

100g

)

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52

• Degradação do ácido ascórbico em polpa de caju

A média dos valores de ácido ascórbico obtido inicialmente para a polpa de caju

foi de 223,67 mg / 100g da amostra. Medina et al., (1978), estudando variedades de

pedúnculos de caju de Pernambuco, obteve média de 179,4mg / 100g para uma

variedade de caju vermelho. Souza Filho et al., (1999), obteve do fruto in natura

126,57mg / 100g da amostra em tempo zero. Oliveira et al., (1999) avaliando a

qualidade físico-química de polpas de frutas nos estados de Pernambuco e da Paraíba,

encontrou valores semelhantes, com média geral de 162,89mg/ 100g. A variedade CCP-

76 EMBRAPA – Fortaleza / CE, apresentou um valor inicial de ácido ascórbico acima

da média encontrada, caracterizando-a como um fruto de boa qualidade para a

elaboração de produtos de frutas.

A perda total de ácido ascórbico foi de 39,6% do total, perfazendo em termos de

concentração 88,57mg. De acordo com Badolato et al., (1996) perdas no teor de

vitamina C, alterações sensoriais e reações de escurecimento devido à degradação do

ácido ascórbico têm sido freqüentemente detectadas em frutos durante o processamento

e armazenamento. Pedúnculos de cajus congelados armazenados por 60 dias,

apresentaram uma perda de 18,3% do valor inicial (SOUZA FILHO, 1997). Podemos

observar então que a taxa de degradação da polpa de caju padrão é relativamente baixa,

visto que o período de armazenamento foi três vezes maior em relação ao tempo do

autor citado.

Vários autores tentam correlacionar a degradação do ácido ascórbico com a

presença de outras substâncias, como os compostos fenólicos e os carotenóides (CHAN

e YAMAMOTO, 1994; MILLER e RICE-EVANS, 1997; IVERSEN, 1999; UDDIN et

al., 2001; GABAS, TELIS-ROMERO e MENEGALLI, 2003).

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53

O caju por sua vez possui estes dois compostos, os polifenóis representados

pelos taninos, e os carotenóides. Segundo Medina et al., (1978), cajus estudados em

Pernambuco apresentaram um valor médio de tanino de 0,378 % da amostra, embora

outros cajus avaliados apresentaram valores que variaram entre 0,035 até 1,050 %.

Em geral, de acordo com Assunção e Mercadante (2002) os cajus vermelhos

alongados apresentaram um maior conteúdo de carotenóides que a variedade amarela.

Assunção e Mercadante (2003) demonstraram que todos os produtos comerciais

de caju apresentaram os mesmos carotenóides principais. Mas no caju fresco, o beta-

caroteno foi o principal carotenóide encontrado (37%) do conteúdo total, seguido da

beta-criptoxantina. Os sucos de concentrados de frutas apresentaram conteúdo maior de

vitamina C (16%) que as polpas, ao contrário do teor de carotenóides. A média dos

valores obtidos para o ácido ascórbico variou entre 104 a 121mg/ 100g.

Gardner et al., (1999) afirma que o conteúdo de ácido ascórbico parece preservar

os compostos carotenóides da oxidação dos sucos de laranja tratados. E que o ácido

ascórbico foi responsável por 65 a 100% da capacidade antioxidante de cinco sucos de

frutas em seus experimentos, sendo muito importante considerar a contribuição da

vitamina C em adição a dos componentes fenólicos com atividade antioxidante em

sistemas químicos.

Devemos levar também em consideração o método analítico utilizado no

presente trabalho para avaliar a degradação do ácido ascórbico na polpa de caju, o qual

fundamenta-se na capacidade redutora da amostra. Dessa forma não fica claro se os

compostos fenólicos, tais como os taninos contribuíram para evitar a oxidação do ácido

ascórbico diminuindo a degradação do mesmo ou reagiram durante o processo analítico,

promovendo um “falso” teor de ácido ascórbico. Ou ainda, se os carotenóides presentes

em grandes quantidades nas polpas de caju sofreram oxidação primeiro, evitando a

degradação do ácido ascórbico. Estudos mais aprofundados serão necessários para que o

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54

papel desses compostos na degradação do ácido ascórbico em polpas de caju seja

esclarecido.

• Degradação do ácido ascórbico em polpa de acerola

A degradação do ácido ascórbico na polpa de acerola apresentou características

semelhantes à degradação do mesmo na polpa de caju. A perda total foi de 42,01% após

180 dias de armazenamento, que em termos de ácido ascórbico correspondeu a

679,99mg. Yamashita et al., (2003), avaliando a degradação do AA em sucos e polpas

de acerolas comercializadas, após quatro meses de armazenamento, obteve uma perda

de 32% para sucos pasteurizados/ industrializados e 3% para polpas congeladas/

pasteurizadas. Campelo et al., (1998) afirma que o percentual de perda de ácido

ascórbico em polpa de acerola não pasteurizada foi de 11,60%. Estes resultados diferem

dos encontrados neste experimento, no entanto, o autor não especificou a variedade do

fruto estudado, isto provavelmente explique essa diferença.

Vários autores atribuem essa degradação a interação com os constituintes

individuais de cada fruto (CHAN e YAMAMOTO, 1994; MILLER e RICE-EVANS,

1997; IVERSEN, 1999). No caso da acerola, as substâncias químicas que mais

poderiam influenciar na degradação do ácido ascórbico seriam carotenóides,

antocianinas e flavonóis.

Agostini-Costa, Abreu e Rossetti (2003) estudando carotenóides em polpas

congeladas de acerola verificaram a presença de beta-caroteno (7,1µg/ g de polpa), beta-

criptoxantina (1,7 µg/ g de polpa) e alfa-caroteno (0,2 µg/ g de polpa). Outro fato

observado foi que a partir do quarto mês de armazenamento o conteúdo total de

carotenóides apresentou uma redução de 20%.

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55

Em relação às antocianinas, sabemos que a coloração do fruto de acerola é

resultado de sua presença. Segundo Lima et al., (2002), as antocianinas são pigmentos

muito instáveis e podem ser degradadas durante o processamento e a estocagem de

alimentos com conseqüentes alterações de cor. Sendo esta degradação favorecida pela

ação enzimática, quando a polpa de acerola não é submetida a nenhum processo

térmico. Iversen (1999) em seus estudos relata que alguns compostos fenólicos na

framboesa parecem proteger o ácido ascórbico, enquanto que as antocianinas no sistema

modelo parecem ter sua degradação acelerada pelo ácido ascórbico. O efeito protetor

das antocianinas sobre a vitamina C na framboesa resulta em perdas de antocianinas.

Chan e Yamamoto (1994) afirmam que os pigmentos antocianinas em suco de

acerola são extremamente susceptíveis a degradação térmica, especialmente em

presença de oxigênio.

MARKAKIS citado por Conceição (1997), sugeriu uma reação de condensação

entre o ácido ascórbico e a antocianina. Os produtos desta condensação são instáveis e

se degradam em compostos incolores. Outro mecanismo de degradação é a formação de

um composto intermediário, o peróxido de hidrogênio, produto da degradação do ácido

ascórbico, que poderia promover a oxidação do núcleo flavilium, levando a formação de

compostos incolores.

Shrikhande e Francis (1974), avaliando o efeito dos flavonóis sobre a

estabilidade do ácido ascórbico e das antocianinas em um sistema modelo, verificaram

que a presença dos flavonóis reduziu não somente a oxidação do ácido ascórbico como

também a degradação de antocianinas.

Segundo Rice-Evans et al., (1995), o potencial antioxidante é dependente do

número e do arranjo dos grupos hidroxilas e do tamanho das ligações estruturais, bem

como da presença de doadores eletrônicos e captadores de elétrons, como substituintes

na estrutura do anel. Os resultados de seus estudos sugerem que o potencial antioxidante

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56

dos sucos de frutas protege a vitamina C da degradação oxidativa, sendo os maiores

compostos atuantes encontrados nos sucos de framboesa, que por sua vez, são ricos em

fenólicos e antocianinas.

Podemos dizer então que os constituintes fenólicos podem retardar a

decomposição oxidativa da vitamina C através da inibição da ascorbato oxidase,

juntamente com a presença de antocianinas. Após 70 dias de armazenamento, a polpa

estocada começou a apresentar alterações em sua coloração inicial, sendo este fato

possivelmente decorrente da diminuição do potencial antioxidante, passando então a

ocorrer à degradação das antocianinas e dos carotenóides.

Dessa forma podemos evidenciar que provavelmente numa primeira fase

(aeróbica) a presença de oxigênio na amostra promove a degradação do ácido ascórbico,

apesar da capacidade antioxidante dos compostos presentes, acelerando a velocidade de

reação. Ao esgotar o oxigênio e diminuída a capacidade antioxidante dos fenólicos, a

degradação entra em uma segunda fase (anaeróbica), onde o ácido ascórbico deve

combinar-se com as antocianinas (CONCEIÇÃO, 1997), ocorrendo à degradação de

ambos.

• Degradação do ácido ascórbico em polpa de goiaba

A curva de degradação da polpa de goiaba difere estatisticamente da degradação

do caju e da acerola, ao nível de 5%. O gráfico apresenta um decréscimo inicial

(aumento da velocidade de perda) até o final do 1º mês de armazenamento, onde a

velocidade de degradação diminui, apresentando mais adiante picos de aumento de

velocidade.

A polpa de goiaba no tempo zero apresentou um teor de ácido ascórbico de

83,33mg/ 100g da amostra, a perda total foi estimada em 49,44% (41,20mg de ácido

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57

ascórbico). Yamashita e Benassi, (2000), estudando a cinética de degradação do ácido

ascórbico em goiabas da variedade Pedro Sato, obtiveram um valor inicial de 88,60 ±

6,63mg/ 100g, com uma perda de 49% no final do período de armazenamento,

corroborando com os resultados obtidos neste trabalho. Brunini, Oliveira e Varanda

(2003) avaliando a qualidade de polpa de goiaba da variedade Paluma encontraram

valores menores que os obtidos aqui, com o teor de ácido ascórbico decrescendo de

67,86 para 10,07 em 18 semanas de armazenamento. Os autores observaram também

que, a partir deste período, as polpas começaram a apresentar alterações de cor. A polpa

em estudo começou a mostrar essas alterações a partir de três meses de armazenamento,

quando foi verificado o aparecimento de manchas opacas e amarelas. Este fato indica a

degradação dos carotenóides presentes.

Goiabas do estado de Pernambuco de variedade desconhecida apresentaram

maior teor de beta-caroteno (11,9 ± 5,2µg/ g) e comparáveis níveis de licopeno (53,4 ±

14,1µg/ g). As goiabas do estado do Ceará apresentaram beta-caroteno (5,5 ± 2,3µg/ g)

e licopeno (47,0 ± 15,7µg/ g), (WILBERG e RODRIGUEZ-AMAYA, 1995).

Sánchez-Moreno et al., (2003), afirma que em sucos de laranja tratados, a

vitamina C exerce um efeito protetor sobre o conteúdo de carotenóides. Segundo Rice-

Evans e Miller, (1996), os principais carotenóides presentes no suco de laranja são:

criptoxantinas, luteínas e violonxantinas. Sendo estes compostos insolúveis não se

misturam com os antioxidantes solúveis. Dessa forma, a ação protetora dos

antioxidantes fenólicos e da vitamina C, deve estar relacionada com a presença de

compostos em frações solúveis.

A polpa de goiaba tem características de purê, sendo bastante densa,

favorecendo a oclusão de oxigênio na massa durante o processamento de polpas. Este

oxigênio, provavelmente desencadeia o processo de degradação do ácido ascórbico por

via aeróbica, promovendo uma rápida perda nos primeiros dias de armazenamento.

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58

Como os carotenóides são em sua maioria insolúveis, a ação protetora dos compostos

fenólicos apresenta-se diminuída, semelhante ao suco de laranja. Em uma segunda fase,

o ácido ascórbico passaria a ser degradado por via anaeróbia, diminuindo seu efeito

protetor em relação aos carotenóides, que começam também a se degradar.

5.4.2 Cinética de degradação do ácido ascórbico nas polpas produzidas

Estudos sobre a cinética de degradação da vitamina C em função do tempo de

armazenamento permitem escolher processos alternativos ou operações que possam

minimizar perdas; além disso, fornecem informações sobre a degradação ao longo da

armazenagem, permitindo estimar o teor de vitamina C ao fim da vida-de-prateleira do

produto e adequá-lo a sua rotulagem.

Diferentes rotas darão origem a diferentes produtos de degradação, no caso do

ácido ascórbico. Muitos parâmetros influenciam a cinética de degradação da vitamina

C. É difícil estabelecer uma relação precisa precursor/ produto. Vários mecanismos de

deterioração podem operar simultaneamente de modo a tornar o processo complicado

(UDDIN et al., 2002). As figuras 12, 13 e 14 mostram as curvas de degradação obtidas

através de regressão linear.

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59

Gráf.1ªordem 16v*10c

-20 0 20 40 60 80 100 120 140 160 180 200

Tempo (dias)

4,8

4,9

5,0

5,1

5,2

5,3

5,4

5,5ln

C/C

r2 = 0,9692; r = -0,9845; p = 0,00006;

Figura 12 – Curva de degradação do ácido ascórbico em polpa de caju.

Gráf. 1ª ordem 16v*10c

-20 0 20 40 60 80 100 120 140 160 180 200

Tempo (dias)

6,7

6,8

6,9

7,0

7,1

7,2

7,3

7,4

7,5

ln C

/Co

r2 = 0,9464; r = -0,9728; p = 0,0002;

Figura 13 – Curva de degradação do ácido ascórbico em polpa de acerola.

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60

Gráfic. (1ªordem 16v*10c

-20 0 20 40 60 80 100 120 140 160 180 200

Tempo (dias)

3,0

3,2

3,4

3,6

3,8

4,0

4,2

4,4

4,6ln

C/C

o

r2 = 0,8471; r = -0,9204; p = 0,0033;

Figura 14 – Curva de degradação do ácido ascórbico em polpa de goiaba.

Podemos observar que a cinética de degradação do ácido ascórbico obedeceu a

uma equação de primeira ordem como foi verificado também por Chan e Yamamoto,

(1994); Conceição (1997); Iversen (1999); Yamashita e Benassi, (2000).

De acordo com Uddin et al., (2002), a equação de 1ª ordem parece ser a que

melhor descreve a perda de vitamina C, sob diferentes condições de armazenagem.

Como a deterioração da vitamina C pode seguir diferentes rotas simultaneamente, a

mudança na vitamina C medida é o resultado combinado de diferentes equações e não

de uma reação elementar por si só. Assim, estritamente falando, a ordem da reação

deveria ser chamada de pseudoprimeira ordem. Estas observações são condizentes com

o modelo de curva obtido para a goiaba, o qual não seguiu uma degradação linear

perfeita.

Os valores de Kd, que representam a velocidade de reação, foram determinados

pela inclinação das retas obtidas em cada gráfico, quando se representou o logaritmo

Page 68: CINÉTICA DA DEGRADAÇÃO DO ÁCIDO ASCÓRBICO EM … · II Márcia Regina Silveira de Castro Cinética da degradação do ácido ascórbico em polpas de frutas congeladas in natura

61

neperiano da concentração de ácido ascórbico (mg/ 100g) em função do tempo de

armazenamento (dias). Os valores encontrados encontram-se sumarizados no Quadro

08.

Quadro 08 – Valores de Kd e equações das retas obtidas pela representação gráfica de ln(C/Co) em função do tempo.

A partir dos valores de Kd, foram calculados de acordo com Morris (1968) o

tempo de meia-vida (T1/2) para cada polpa de fruta. O tempo de meia-vida (meses) para

as polpas de caju, acerola e goiaba foram; 8,28; 10,7 e 3,8 meses; respectivamente. Os

valores obtidos são utilizados para estimar a vida-de-prateleira do produto.

Esse modelo de previsão é uma estimativa, porque como foi citado

anteriormente; nestes sistemas complexos a velocidade de degradação não permanece

constante ao longo do tempo de armazenamento e está sujeita a influência de reações

químicas provenientes de outros compostos presentes no meio. A degradação do ácido

ascórbico na polpa de goiaba representa bem esta situação.

Podemos observar melhor a diferença entre as perdas das polpas de frutas

produzidas experimentalmente através da Figura 15.

Polpas de frutas Parâmetros Caju Acerola Goiaba

Kd 0,0027

0,00209 0,0058

Equação lny = 5,3686 – 0,0027 x

lny= 7,3167-0,0029 x lny= 4,1548-0,0058x

R2 0,9692 0,9464 0,8471

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62

0%5%

10%15%20%25%30%35%40%45%50%

mg/

100g

A.A

.

0 30 60 90 120 150 180

Tempo de armazenamento (dias)

Comparação das perdas de ácido ascórbico nas três polpas padrão

Caju

Acerola

Goiaba

Figura 15 – Comparação das perdas de ácido ascórbico nas três polpas padrão.

A figura 15 mostra claramente as diferenças entre as perdas de ácido ascórbico

em polpas padrão em intervalos de 30 dias de armazenamento. A Análise de Variância

(ANOVA) dos resultados das perdas encontram-se no anexo 03. Podemos verificar as

semelhanças de degradação entre as polpas de acerola e caju, que seguiram

praticamente o mesmo perfil. A polpa de goiaba, no entanto, segue um mecanismo de

perda diferenciado das demais. Foram observados picos de perdas ao longo dos 30 dias

e após 120 dias de armazenamento para a goiaba. No entanto, para as polpas de caju e

de acerola, esses picos foram mais discretos e por volta de 150 dias de armazenamento,

é provável que esse fato represente uma mudança de mecanismo de perda, equivalente a

uma segunda etapa da degradação do ácido ascórbico.

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63

5.4.3 Degradação do ácido ascórbico nas polpas de frutas comercializadas

No intuito de estabelecer uma comparação entre as perdas das polpas produzidas

e as polpas que estão sendo comercializadas na RMR, Zona de Mata e Agreste de

Pernambuco, foram analisadas 28 amostras de polpas de frutas encontradas em

supermercados e quitandas. Os resultados encontram-se na Tabela 01.

Tabela 01 – Teor de ácido ascórbico em polpas de frutas comercializadas na Região Metropolitana do Recife, Zona da Mata e Agreste de PE, em diferentes tempos de armazenamento.

* Dado não encontrado. Os valores em vermelho estão abaixo do teor mínimo de ácido ascórbico exigido pela Legislação. Amostra com mesma letra e número são do mesmo lote, sendo analisadas a cada 30 dias.

Polpa de Fruta Tempo de Armazenamento (meses)

Teor de Ácido Ascórbico (mg/ 100g)

Caju A1 02 143,2 Caju A2 05 125,9 Caju B1 02 123,7 Caju B1 03 119,8 Caju B1 04 117,1 Caju B1 05 109,1 Caju B2 07 109,7 Caju C1 03 142,3 Caju E1 02 138,3 Acerola A1 01 1.017,9 Acerola A1 03 965,0 Acerola A1 04 962,0 Acerola B1 * 1.064,9 Acerola B2 03 601,0 Acerola C1 04 955,2 Acerola D1 01 853,6 Acerola D2 03 765,4 Acerola E1 03 1.176,1 Goiaba A1 03 145,7 Goiaba A1 04 143,7 Goiaba A1 05 143,1 Goiaba A2 04 174,8 Goiaba B1 02 27,9 Goiaba B1 03 25,9 Goiaba B1 04 22,5 Goiaba B1 05 11,9 Goiaba C1 04 5,8 Goiaba E1 02 142,8

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64

Nesta etapa foram avaliadas polpas de frutas comercializadas por cinco

empresas produtoras, que abastecem o mercado da RMR, Zona da Mata, Agreste e

diversas localidades do estado de Pernambuco. Por questões éticas, os nomes das

indústrias não foram divulgados, sendo referidas apenas como indústrias: A, B, C, D e

E.

A Tabela 01 mostra os valores de ácido ascórbico encontrados para cada polpa

de fruta e o tempo de armazenamento dos produtos. A Instrução Normativa N°01 de 07/

01/ 00 do Ministério da Agricultura e do Abastecimento através dos Regulamentos

Técnicos para Fixação dos Padrões de Identidade e Qualidade para polpa de frutas

estabelece um teor mínimo de 800mg/ 100g, 80mg/ 100g e 40mg/ 100g de ácido

ascórbico para as polpas de acerola, caju e goiaba, respectivamente.

Podemos observar que as polpas de acerola B2 e D2, apresentaram um teor de

ácido ascórbico abaixo do mínimo exigido pela Legislação, após três meses de

armazenamento, quando o prazo de validade estabelecido para o produto era de 12

meses. As amostras de polpa de goiaba B1 e C1 também apresentaram valores abaixo do

mínimo exigido. Oliveira et al., (1999), em suas pesquisas encontraram 14,8% das

polpas de acerola e 59% das polpas de caju fora dos padrões exigidos pela Legislação.

As demais amostras analisadas estavam de acordo com os padrões exigidos,

porém, observando o prazo de validade estabelecido pelas indústrias produtoras,

podemos verificar que a vida-de-prateleira dos produtos em relação ao teor de ácido

ascórbico, não deverá alcançar estes prazos, com destaque para as polpas de acerola A1,

C1, D1 e E1, e para a polpa de caju E1.

É importante lembrar que a Legislação específica não estabelece prazo de

validade para o produto polpa de fruta, ficando a critério de cada indústria produtora

declarar o prazo de validade da sua polpa. Utilizando um modelo de cinética e tempo de

meia-vida (T1/2) semelhante ao obtido para as polpas padrão de caju, acerola e goiaba

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65

(8,28; 10,7 e 3,8 meses), podemos estimar o prazo de validade real de cada produto e

conseqüentemente adequá-los a rotulagem.

5.4.4 Comparação das perdas de ácido ascórbico entre polpas produzidas e

comercializadas

No intuito de verificar se a degradação do ácido ascórbico nas polpas elaboradas

está coerente, seus resultados foram comparados com os resultados das polpas

encontradas no comércio da RMR, Zona da Mata e Agreste de PE. Os teores de ácido

ascórbico obtido foram sumarizados na Tabela 02.

Tabela 02 – Comparação da degradação do ácido ascórbico em diversas polpas analisadas (Polpas padrão e Polpas comercializadas). Polpas Padrão

mg/ 100g de ácido ascórbico

Polpas Comercializadas

mg/ 100g de ácido ascórbico Tempo de

Armazenamento (dias)

Caju

Acerola

Goiaba

Caju “B1”

Acerola

“A1”

Goiaba “A1”

Goiaba “B1”

0 223,67 1.618,63 83,33 * * * * 30 191,51 1.327,37 42,13 * 1.017,90 * * 60 178,63 1.237,87 40,93 123,7 998,00 * 27,90 90 166,37 1.108,34 35,46 119,8 965,00 145,70 25,90 120 159,33 1.069,97 34,43 117,1 962,00 143,70 22,50 150 138,03 966,92 25,47 109,1 * 143,10 11,90 180 135,10 938,60 24,00 * * 141,00 *

* Ensaio não realizado. Os valores em vermelho estão abaixo do teor mínimo de ácido ascórbico exigido pela Legislação.

Os resultados não puderam ser comparados estatisticamente, uma vez que as

polpas encontradas no comércio tinham prazos heterogêneos, dificultando o

agrupamento dos dados.

De acordo com os resultados obtidos, podemos verificar que a degradação do

ácido ascórbico da polpa de goiaba padrão foi semelhante a da goiaba B1. O que não foi

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66

observado em relação à goiaba A1. Em relação às polpas de caju e acerola padrão; foram

observados resultados semelhantes em relação ao teor de ácido ascórbico nos intervalos

de tempo analisados; as polpas padrão de caju e acerola apresentaram teores de ácido

ascórbico acima dos encontrados para as respectivas polpas comercializadas.

As Figuras 16, 17 e 18, avaliam separadamente a degradação do ácido ascórbico

nas polpas padrão e comercializadas.

Degradação do ácido ascórbico em polpas de acerola.

0200400600800

10001200140016001800

0 30 60 90 120 150 180Tempo de armazenamento (dias)

mg/

100

g A

A

Acerola PAcerola "A"Lme

• Lme – limite mínimo exigido pela Legislação.

Figura 16 – Comparação da perda de ácido ascórbico (AA) entre as polpas padrão (P) e as polpas comercializadas de acerola (A).

Em relação à Figura 16 podemos observar a diferença de velocidade de

degradação do ácido ascórbico entre as duas polpas (P e A), a polpa de acerola padrão

apresenta perdas mais acentuadas, essa diferença está relacionada provavelmente ao

processo de pasteurização sofrido pela polpa comercializada, que promove a inativação

enzimática da ascorbato oxidase, diminuindo a degradação do ácido ascórbico.

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67

Visentainer et al., (1996), avaliando suco de acerola pasteurizado, verificou uma

perda significativa de vitamina C entre os diversos períodos de tempo, tendo sido mais

acentuado nos primeiros trinta dias, e, aos 150 dias, perdendo no total 35% de ácido

ascórbico os resultados estão de acordo com os obtidos neste experimento.

Degradação do ácido ascórbico em polpas de goiaba P, A e B

020406080

100120140160

0 30 60 90 120 150 180

Tempo de Armazenamento (dias)

mg/

100

g A

A

Goiaba PGoiaba "A"Goiaba "B"Lme

Lme – limite mínimo exigido pela Legislação.

Figura 17 – Comparação da perda de ácido ascórbico entre as polpas padrão (P) e as polpas comercializadas de goiaba (A e B).

Em relação à Figura 17, verificamos a diferença entre as perdas do teor de ácido

ascórbico para as polpas de goiabas, já discutidos anteriormente. Podemos observar

também que a polpa comercializada A, sofreu poucas alterações, possivelmente esse

produto além de ser pasteurizado, deverá ter sido adicionado alguma substância

antioxidante.

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68

Lme – limite mínimo exigido pela Legislação. Figura 18 – Comparação da perda de ácido ascórbico (AA) entre as polpas padrão (P) e as polpas comercializadas de caju (B).

No que diz respeito à degradação das polpas de caju (Figura 18), tanto a polpa

comercializada, quanto à polpa padrão, apresentaram resultados satisfatórios, em

destaque a polpa padrão que após os seis meses de armazenamento, ainda apresentou

um valor bem acima do mínimo exigido pela Legislação vigente.

Atualmente, mesmo com a tecnologia disponível, devido à inexistência de

padronização de processos, a indústria de polpas de frutas congeladas, vem colocando

no mercado produtos sem uniformidade quanto às características de cor, odor, sabor e

textura. Além disso, como conseqüência de processamento inadequado e ausência de

BPF, a qualidade nutricional do produto tem sido seriamente comprometida,

principalmente em relação ao teor de vitamina C.

Degradação do ácido ascórbico em polpas de caju.

0

50

100

150

200

250

0 30 60 90 120 150 180

Tempo de armazenamento (dias)

mg/

100g

AA

Caju PCaju "B"Lme

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69

6.Conclusões

Diante do que foi exposto e de acordo com as condições em que foram

realizados os experimentos, podemos concluir que:

• As polpas de frutas processadas em escala piloto apresentaram

mecanismos de degradação do ácido ascórbico diferenciados;

• A curva de degradação que mais ajustou-se a uma cinética de primeira

ordem, foi a da polpa de caju, no qual a velocidade de perda foi

constante, tendo ainda a maior estabilidade em relação à perda de ácido

ascórbico no armazenamento sob congelamento.

• As polpas de goiaba elaborada e comercializada apresentaram um

comportamento atípico em sua curva de degradação, em relação às

demais polpas estudadas.

• Algumas das polpas comercializadas avaliadas encontravam-se em

desacordo com a legislação vigente em relação ao conteúdo mínimo de

vitamina C mesmo estando dentro do prazo de validade estipulado no

rótulo.

• Os prazos de validade das polpas de frutas comercializadas deveriam ser

estabelecidos pela Legislação de forma diferenciada e em função da

cinética de degradação da vitamina C em cada tipo de fruta.

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70

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Anexos

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ANEXO 01- RESULTADOS DAS ANÁLISES ATRAVÉS DO MÉTODO TITULOMÉTRICO COM 2,3 DCFI

TABELA 03 – Resultados médios da determinação dos teores de ácido ascórbico nas polpas estudadas, utilizando o método titulométrico com 2,3 DCFI.

POLPAS DE FRUTAS

Nº Ensaio:

Tempo (dias) CAJU Nº Ensaio:

Tempo (dias) ACEROLA Nº Ensaio:

Tempo (dias) GOIABA

1: 0 223,67 ± 2,31 a 1: 0 1618,63 ± 23,79 a 1: 0 83,33 ± 2,65 a 2: 11 214,07 ± 2,31 b 2: 8 1544,70 ± 0,0 a b 2: 9 54,20 ± 0,0 b 3: 20 203,20 ± 0,0 c 3: 15 1516,20 ± 20,09 b 3: 16 53,90 ± 0,0 b 4: 27 194,40 ± 0,0 d 4: 23 1345,37 ± 34,75 c 4: 22 47,90 ± 0,0 c 5: 35 186,70 ± 0,0 de 5: 30 1327,37 ± 17,26 c d 5: 29 42,20 ± 0,0 d 6: 42 185,60 ± 0,0 e 6: 36 1317,40 ± 0,0 c d 6: 36 41,70 ± 0,0 d 7: 48 183,40 ± 3,29 e f 7: 43 1265,10 ± 0,0 c d 7: 43 41,67 ± 1,79 d 8: 55 178,70 ± 3,46 e f 8: 50 1250,00 ± 0,0 c e 8: 50 41,40 ± 0,69 d 9: 62 178,60 ± 0,0 e f 9 :57 1239,83 ± 35,21 d e 9: 57 41,10 ± 1,73 d

10: 69 176,80 ± 0,0 f 10: 64 1235,27 ± 34,52 d e 10: 64 40,30 ± 0,0 d e 11: 76 174,30 ± 1,73 f g 11: 71 1159,67 ± 34,52 e f 11: 72 39,90 ± 1,73 d e 12: 83 167,87 ± 3,41 g h 12: 78 1126,23 ± 35,79 f 12: 78 38,30 ± 0,0 d e f 13: 90 166,37 ± 3,58 g h 13: 86 1119,37 ± 35,62 f 13: 85 36,80 ± 0,0 e f

14: 104 165,83 ± 3,58 h 14: 92 1102,83 ± 35,62 f 14: 92 34,93 ± 1,79 f 15: 118 162,57 ± 3,58 h 15: 106 1069,97 ± 35,62 f 15:106 34,93 ± 1,79 f 16: 132 139,93 ± 3,58 i 16: 120 1069,97 ± 35,62 f 16: 120 34,43 ± 1,96 f 17: 146 138,37 ± 4,64 i 17: 135 1070,67 ± 35,22 f 17: 135 26,20 ± 1,73 g 18: 161 137,10 ± 3,46 i 18: 148 967,90 ± 60,5 g 18: 148 25,53 ± 1,79 g 19: 174 137,03 ± 3,52 i 19: 162 961,07 ± 35,56 g 19: 162 25,10 ± 0,0 g 20: 180 135,10 ± 3,46 i 20: 175 941,03 ± 62,75 g 20: 175 24,50 ± 0,0 g

21: 180 938,60 ± 0,0 g 21: 180 24,00 ± 0,0 g Média Total 172,48 ± 25,51 1199,39 ± 195,48 39,63 ± 13,16

CV 650,84 38.211,32 173,30

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ANEXO 02 - ANOVA DA DEGRADAÇÃO DO ÁCIDO ASCÓRBICO EM

POLPAS PADRÃO

ANOVA p < .05000

SS df MS SS df MS Effect Effect Effect Error Error Error F p

Caju 38085,08 19 2004,478 314,52 40 7,863 254,9253 0 Significante a 5%Acerola 2109748 19 111039,3 45120,1133 40 1128,003 98,43889 1,24559E-27 Significante a 5%Goiaba 9908,363 19 521,4928 66,4 40 1,66 314,1523 0 Significante a 5%

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ANEXO 03 - ANOVA DAS PERDAS DAS POLPAS PADRÃO

RESUMO

Grupo Contagem Soma Média Variância Caju 7 47,68991 6,812844286 29,21635 Acerola 7 51,22269 7,317527143 36,20769 Goiaba 7 100,35461 14,33637286 318,5822 ANOVA

Fonte da variação SQ gl MQ F valor-P F crítico

Entre grupos 247,6188916 2 123,8094458 0,967246 0,399031 3,55456109 Dentro dos grupos 2304,037537 18 128,0020854 Total 2551,656428 20 * As médias apresentaram diferenças significativas a nível de 5%.

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