CHESNAIS. F -Mundialização Do Capital

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    2 Doutora pela Universidade Estadual de Campinas. Professora ele Sociologia naUniversidade Suo Marcos-SP.

    CHESNAIS, Franois. A Mundializao CapitalTraduo Silvana Finzi Fo, So Paulo, Xam, 1996.

    A mundializao resultado de o s movimentos conjuntos,estrctamente interligados, lllas islimos O primeiro pode sercaracterizado como a mais long fase de acumlllauu ininterrupta docapital que o capitalismo conheceu rJesde 1914. O segllnrJo rJiz respeito itspolticllS de liberalizauo, de privatizauo, de desrcgulamentauo e dedesmantelamento de conquistas sociais e democrticas, que foramaplicadas desde o incio claclcada de 1980, sob o impulso dos governosh atcher e Reagan. (p.34)

    Trabalho c Educaao, Belo Horizonte, n . 3, jan. jul. 1998

    Por Maria Luiza de Lima Vitule2No final do sc10 XX o mundo se transforma novamente. Osdesdobramentos do capitalismo em sua forma de acumular riquezas,desafiam a prtica e o pensamento social. Novas possibilidades trazidas pelacincia e pela tcnica transformam as condies de existncia social deindivduos e coletividades, em todo o planeta. Os sistemas de comunicaopor satlite e por cabo, aliados s novas tecnologias de informao e microeletrnica, possibilitam a conexo em tempo real, dos mercados, dasfinanas ed produo. As transformaes que esto ocorrendo no interiordo capitalismo inauguram, de form i ntensa ou mediatizada, lima novaforma de estar no mundo. Chesnais, ao tratar esse processo em curso,privilegia em sua anlise o movimento do capital financeiro, que tem comocenrio o mundo. De acordo com ele:

    A centralizao do capital aliada descentralizao das operaesprodutivas, comerciais e financeiras, reorganizam a economia e a geopoltica do mundo. Neste contexto, os grupos industriais multinacionaisganham fora, introduzindo novas formas de gesto e de controle dotrabalho, da produo e dos mercados. Chesnais utiliza a noo deoligoplio mundial para tratar a forma pela qual as grandes firmas seorganizam ao redor do mundo: a partir de um espao de rivalidadindustrial - espao definido pela concorrncia, mas tambm pelacolaborao entre os grupos. esse o espao da ocorrncia de relaesdiversificadas, que articulam o investimento externo direto - IED, aosgrandes grupos muI tinacionais.O investi mento estrangeiro na economiamundial no um fato novo. Mas, como assinala Chesnais:

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    Na verdade, o papel cumprido pelos invcstimerllOs estrangeiros, desde otim do sculo XIX, mI determinao dasespccializucs comerciais dosvrios pases ou regies do Inundo sempre foi menosprezado oufortemente subestimado. pA?

    o IED assume outros significado e outras formas, a partir dos anos oitentadeste sculo. quando se verificam formas de articulao diversas entre osgrupos industriais, comerciais e financeiros, tais como: aquisies, fuses,parcerias. consrcios etc. entre eles. Os investimentos ext.ernos diretos sopotencialmente criadores de nOvas capacitaes tecnolgicas,organizacionais e produtivas, que vo de encontro s solicitaes do regimede acumulao tlexvel, em que a espccializao e a llexiblizao daproduo e do mercado se destacam.A noo de grupo uma noo importnnte na rcllcxo de Chesnais. O grupo tratado como suporte operacional das diversas relaes tcnicas,financeiras, comerciais, produtivas e organizacionais que movimentam ocapital no mundo. o grupo que possibilita a passagem do oligopliodomstico para o oligoplio mundial. Para Chesnais:

    . .. a empres

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    outras. Chesnais caracteriza a concorrncia mundializada partir e trsnveis, considerados essenciais:- Nvel s v nt gensprprias do pas de origem.- Nvel das aquisio e insumos estratgicos produo - Illatrias primasestratgicas e insumos cientficos e tecnolgicos, organizado mundialmente.- Nvel e atividades correntes de produo e de comercializao.A partir desse trs nveis, tecida mundialmente a geo-poltica de integraoindustrial, comercial, financeira e. produtiva dos grupos multinacionais.Neste cenrio, processos interativos entre empresas, grupos e governos,fundam-se na inovao e n competitividade, na cooperao e naconcorrncia. O autor nos diz que:

    Os dez ltimos anos foram marcados pela formao de vnstas zonas quecombinam as vantagens da livre circulao de mercadorias e dapersistncia li mesmo recomposio e intensiJicao) de formas dedesigualdades entre pases c regies, ou locais dc tipo particularmcnteatraente para as emprcsas. (p.129)

    E considera que:Num contexto de rpida mudana tecnolgica, os acordos de

    cooperao c as alianas estratgicas so um meio que permite sempresas. minimizando riscos e mantendo a possibilidade de sedescomprometerem, obter os recursos complementares e insulllostecnolgicos essenciais. S50 tambm um dos principais instrumentos daspolticas de competitividade. Cp. I43-4)

    o setor de servios pensado por Chesnai. l como nova fronteira p r amundializao do capital , notadamente os servios financeiros, de segurose imobilirio, O capital mundializado , por definio, intensivo emservios. Verifica-se tambm, um movimento novo, que transfere para aesfera o mercado, atividades que anteriormante diziam respeito esfera doEstado. A desregulamentao e privatizao dos servios pblicos so umexemplo nesse sentido. Neste movimento, o investimento externo direto,realizado a partir comercializao e servios diversos, desempenhapapel importante na manuteno e conquista de novos mercados. Assim,

    So osI e as estratgias de localizao escolhidas pelasmultinacionais que comandam parle importantssima dos luxostransfronteiras de mcrcaclorias e servios, contribuindo fortemente paramodelar a estrutura do sistema de intercfunhio. (p.212)

    Os grandes grupos industriais ou de servios, so os principais responsveispela estreita vinculao que se verifica atuahnente, entre os setoresprodutivos e financeiros. A mundializao do capital hoje um elementoconstitutivo e e extrema importncia, para as diversas operacs que esses

    198 Trabalho c Educao, Belo Horizonte, 3 jan./jul. 199R

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    grupos realizam. A interpenetrao dos setores produtivo e financeiro ocorrea partir de procedimentos diversificados. Entretanto Chesnais chama aateno para um trao que distingue os grupos multinacionais: o dainternacionalizao de leque de operaes financeiras que se realizam nointerior do grupo. Este fato leva a constituio de um mercado financeirointerno ao grupo que por sua vez internacionalizado como o prpriogrupo. A esfera financeira segundo a feliz figura de imagem utilizada porChesnais representa uma ponte avanada no movimento de mundializaodo capital.

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