CIDADE DE CAMAÇARI
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PLANO DE SANEAMENTO BÁSICO DA CIDADE DE CAMAÇARI
RELATÓRIO SÍNTESE
PREFEITURA DE
CAMAÇARI
PROCESSO ADMINISTRATIVO Nº 1.174/2013
TOMADA DE PREÇOS Nº 003/2014
CONTRATO Nº 140/2014
ADEMAR DELGADO
Prefeito Municipal
MARIA DO CARMO SIQUEIRA
Vice-Prefeita
DJALMA MACHADO DE SOUZA
Secretário Municipal de Desenvolvimento Urbano
FICHA TÉCNICA
Comitê de Coordenação
Membro Titular Secretarias
Marina Rodriguez Alonso (Coordenadora) SEDUR/ASTEC
Anselmo Sebastião Salgueiro dos Santos SEDUR/CPL
Eduardo da Silva Barreto SEDUR/CMA
Fabio Antônio Moura Costa de Souza SEDUR/ASTEC
Lélia Maria dos Reis Dias SEDUR/ASTEC
Maressa Lacerda Viera SEDUR/ASTEC
Maiana Fernandes Vaz Freitas SEDUR/ASTEC
Milai Rodrigues Alves Cordeiro SEDUR/CMA
Sandra Lima dos Santos SEDUR/CMA
Silvio Gantois SEDUR/CMA
Comitê Executivo
Instituições e Secretarias Membro Titular Membro Suplente
Secretaria de Desenvolvimento Urbano (SEDUR) Marina Rodriguez Alonso Maressa Lacerda Viera
Secretaria de Infraestrutura (SEINFRA) Sérgio Murilo Falcão Silva Cesar Aparecido dos Santos
Secretaria de Saúde (SESAU) Valmir Santos Araújo Ruteane da Silva dos Santos
Secretaria de Habitação (SEHAB) Monique Matos Rodrigues Azevedo Santiane Araújo Godinho Cruz
Secretaria de Serviços Públicos (SESP) Flávio Ribeiro Lobo Filho José Marcelo Rocha de Almeida
Secretaria de Desenvolvimento Social (SEDES) Elaine Maciel de Souza da Silva Mateus dos Santos de Oliveira
Limpeza Pública de Camaçari (LIMPEC) Rute do Nascimento Luiz Balbino Bittencourt Teixeira
Conselho Municipal de Meio Ambiente (COMAM) Francisco de Assis Silva Crispim Carvalho da Hora
Conselho Municipal de Saúde (CMS) Paulo César Souza Costa Verbenia Lúcia da Silva Santos
Conselho Municipal de Educação (CME) Elielza de Santana Bispo Souza Mário José Santos Filho
Conselho Municipal da Cidade (CONCIDADE) Everaldo de Jesus Vieira Jorge Carlos Ramos Gonçalves
Comitê de Fomento Industrial (COFIC) Mariene Salatiel Oliveira José de Anchieta da Silva Filho
Comitê da Bacia Hidrográfica do Recôncavo Norte e Inhambupe (CBHRNI)
Sérgio de Almeida Bastos Maria José Rosas
Empresa Baiana de Águas e Saneamento S.A. (EMBASA) Mário Sergio Soares May Taís Meireles Oliveira
Poder Legislativo Municipal (CMC) Sávio Nonato Barreto de Oliveira Gilseppi Mário Reis D’errico
Equipe Técnica da
Saneando Projetos de Engenharia e Consultoria Ltda.
Nome Cargo
Geraldo Leite Botelho Coordenador Gerencial do Contrato
Gabriela Vieira de Toledo L. Ataíde Coordenadora Técnica de Planejamento
Lívia Duca de Lima Supervisora Técnica do PMSB
Lenon Sol de Souza Marques Supervisor Técnico do PGIRS
Victor Pompeu Teixeira Rodriguez Engenheiro Sanitarista e Ambiental
Victor Moreira da Silva Vidal Engenheiro Sanitarista e Ambiental
Mariana Mascarenhas de Souza Engenheira Ambiental e Sanitarista
Kalila Calil Barreto Couto Engenheira Sanitarista e Ambiental
Luiza Andrade Berndt Engenheira Sanitarista e Ambiental
Leila Santos Borges Nunes Assistente Social
Luiz Claudio Ferraz Freire de Carvalho
Geógrafo/Técnico em Geoprocessamento
Carolina Rodeiro Nunes Estagiária em Eng. Sanitária e Ambiental
Verônica Paternostro Estagiária em Eng. Ambiental e Sanitária
APRESENTAÇÃO
O Plano de Saneamento Básico - PMSB é um dos mais importantes instrumentos da Política
Nacional de Saneamento Básico - PNSB, instituída pela Lei 11.445/2007, que define o
saneamento básico englobando os serviços de abastecimento de água, esgotamento sanitário,
drenagem e manejo de águas pluviais urbanas e limpeza urbana e manejo de resíduos sólidos.
O Plano estabelece, para todos os atores envolvidos com o saneamento básico (prestadores de
serviço público ou privado, usuários do serviço, poder público), a partir da situação atual, como
se pretende atuar para atingir os princípios da PNSB, sendo o princípio da universalização do
acesso um dos mais importantes e um grande desafio para a sociedade brasileira. Desafio esse
que vai além de prestar os serviços em si, mas de garantir que o acesso venha acompanhado de
promoção da saúde e da qualidade de vida e proteção ao meio ambiente.
Além disso, o PMSB tem por objetivo atender exigência do decreto nº 8.629, de 30 de dezembro
de 2015, que altera o Decreto nº 7.217, de 21 de junho de 2010, que regulamenta a Lei nº
11.445, de 5 de janeiro de 2007, onde estabelece que após 31 de dezembro de 2017, a
existência de plano de saneamento básico, elaborado pelo titular dos serviços, será condição
para o acesso a recursos orçamentários da União ou a recursos de financiamentos geridos ou
administrados por órgão ou entidade da Administração Pública federal, quando destinados a
serviços de saneamento básico.
Diante desta necessidade da Prefeitura Municipal de Camaçari construir seu Plano Municipal de
Saneamento Básico, foi realizada, através da Secretaria de Desenvolvimento Urbano – SEDUR,
contratação, por meio de certame licitatório, da empresa Saneando Projetos de Engenharia e
Consultoria Ltda., celebrando com a Prefeitura o Contrato nº 140/2014. Visando dar celeridade à
componente de resíduos sólidos, optou-se por elaborar, em paralelo ao Plano Municipal de
Saneamento Básico, o Plano de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos, contemplado pelo
mesmo contrato supracitado. Sendo assim, o presente relatório se atém as três componentes
(água, esgoto e drenagem), uma vez que resíduos já é contemplado em um plano especifico.
De maneira geral, o presente relatório visa apresentar de forma clara e objetiva, as principais
informações levantadas e analisadas durante o processo de elaboração do PMSB – incluindo os
mecanismos adotados –, bem como as ações propostas para alcance dos objetivos e metas, a
fim de que toda população entenda o que foi planejado para os serviços de saneamento básico
para o município de Camaçari em um período de 20 anos (2017 a 2036).
As etapas adotadas para elaboração do PMSB e PMGIRS, objetos do mesmo contrato,
seguiram as diretrizes preconizadas pela Secretaria Nacional de Saneamento Ambiental, e estão
apresentadas abaixo.
Etapa 01:
- Plano de Trabalho e Plano de Mobilização Social;
Etapa 02:
- Caracterização física e socioeconômica do Município;
- Oficina de Capacitação do Comitê Executivo.
Etapa 03:
- Diagnóstico dos Serviços de Água;
- Diagnóstico dos Serviços de Esgoto;
- Diagnóstico dos Serviços de Drenagem de Águas Pluviais;
- Diagnóstico dos Serviços de Limpeza Urbana e Manejo dos Resíduos Sólidos.
Etapa 04:
- Estudos de Cenários;
- Hierarquização das intervenções;
- Versão Preliminar do PGIRS;
- Audiências públicas locais para apresentação do PGIRS;
- Versão revisada e complementada do PGIRS com base nas audiências públicas locais
(proposta de Lei enviada à Câmara).
Etapa 05:
- Versão Preliminar do PMSB;
- Audiências públicas locais para apresentação do PMSB.
Etapa 06:
- Versão revisada e complementada do PMSB com base nas audiências públicas locais (minuta
de proposta de Lei).
Após contratação da empresa Saneando, no dia 25 de setembro de 2014, foi realizado o
lançamento público dos Planos de Saneamento Básico e de Gestão Integrada de Resíduos
Sólidos de Camaçari, aberto a toda comunidade, para apresentar o trabalho que seria
desenvolvido e a equipe da empresa consultora.
Mesa de abertura do Lançamento público:
gerente do Contrato, o engº Geraldo Botelho fazendo sua explanação
O PHD e professor titular da UFBA, Luiz Moraes, foi convidado para falar sobre os
Planos de Saneamento Básico.
Para acompanhar a elaboração dos planos, foi instituído o Comitê de Coordenação através da
Portaria SEDUR Nº 107/2014 e o Comitê Executivo, através do Decreto Municipal n° 5.748/2014.
O Comitê de Coordenação, composto por técnicos da SEDUR, é responsável pelo
acompanhamento dos produtos e operacionalização dos trabalhos. Já o Comitê Executivo é
composto por representantes da sociedade civil e do poder público, sendo responsável pela
análise e aprovação dos produtos.
Reunião do Comitê de Coordenação com a Empresa Saneando.
Reunião do Comitê Executivo
A sociedade civil, além de ser membro do Comitê Executivo, tem participado de forma ativa na
construção dos planos, através de oficinas de diagnóstico e de prognóstico que aconteceram em
todo o município. Participam também das Audiências Públicas promovidas para apresentação da
versão preliminar do PMSB, sintetizado nesta cartilha, e da minuta da proposta de lei que
estabelecerá a política municipal de saneamento básico.
Oficina de Diagnóstico realizada no Parque
Verde em 01 de outubro de 2014. Oficina de Diagnóstico realizada em Arembepe
em 14 de outubro de 2014
Oficina de Diagnóstico realizada em Cajazeiras de Abrantes em 29 de setembro de 2014.
Oficina de Diagnóstico realizada em Monte Gordo em 09 de outubro de 2014.
Oficina de Prognóstico realizada em Vila de
Abrantes em 23 de abrilde 2016. Oficina de Prognóstico realizada na Sede em
21 de maio de 2016.
Oficina de Prognóstico realizada em Machadinho em 14 de maio de 2015.
Oficina de Prognóstico realizada em Barra do Pojuca em 30 de abril de 2015.
Esta cartilha busca apresentar de forma didática e numa linguagem mais simples, a síntese dos
produtos que compõem o Plano Municipal de Saneamento Básico. As versões completas dos
produtos do PMSB e do PMGIRS estão disponíveis para download na página da Prefeitura de
Camaçari (http://www.camacari.ba.gov.br/2015/index.php) na área da “Prefeitura Virtual”, no link
“Plano de Saneamento”.
A elaboração do PMSB é uma oportunidade para toda a sociedade conhecer e entender o que
acontece com os serviços públicos de saneamento básico de Camaçari, discutir as causas dos
problemas e definir soluções. Somente com a sensibilização e cobrança por parte da população
será possível alcançar as possibilidades apontadas pelo Plano.
Juntos, população e poder público estabelecerão metas para o acesso a serviços de boa
qualidade e decidirão quando e como chegar à universalização, priorizando um serviço de
qualidade afim de promover a saúde e a qualidade de vida e proteger o meio ambiente.
SUMÁRIO
1. CONHECENDO O MUNICÍPIO DE CAMAÇARI...................................................14
1.1. Localização e Acessos .................................................................................14
1.2. Demografia ....................................................................................................15
1.3. Perfil socioeconômico ..................................................................................16
1.4. Saúde .............................................................................................................19
1.4.1. Infraestrutura Municipal ..........................................................................19
1.4.2. Indicadores de Saúde ............................................................................19
1.4.3. Doenças relacionadas ao saneamento básico .......................................20
1.4.3.1. Doenças de Notificação Compulsória.................................................20
1.4.3.2. Doenças de Notificação Não Compulsória .........................................26
1.5. Recursos Hídricos ........................................................................................27
1.5.1. Águas Superficiais ...............................................................................28
1.5.2. Hidrogeologia .........................................................................................30
1.6. Unidades de Conservação ...........................................................................31
2. ENTENDENDO A LEI FEDERAL DE SANEAMENTO BÁSICO E A TITULARIDADE
DOS SERVIÇOS DE SANEAMENTO .......................................................................33
3. DIAGNÓSTICO DOS SERVIÇOS DE SANEAMENTO DE CAMAÇARI ..............38
3.1. COMO ESTÁ O PLANEJAMENTO DOS SERVIÇOS DE SANEAMENTO EM
CAMAÇARI? .........................................................................................................39
3.2. COMO ESTÁ A REGULAÇÃO E A FISCALIZAÇÃO DOS SERVIÇOS DE
SANEAMENTO EM CAMAÇARI? ........................................................................42
3.3. COMO ESTÁ A PARTICIPAÇÃO E O CONTROLE SOCIAL DOS SERVIÇOS DE
SANEAMENTO EM CAMAÇARI? ........................................................................47
3.4. COMO ESTÁ A PRESTAÇÃO DOS SERVIÇOS DE ABASTECIMENTO DE
ÁGUA EM CAMAÇARI? .......................................................................................49
3.4.1. Cobertura do Serviço de Abastecimento de Água .................................50
3.4.2. Perdas nos Sistema de Abastecimento de Água ...................................58
3.4.3. Controle da Qualidade da Água de Abastecimento ...............................60
a) Fatores Determinantes ..................................................................................60
b) Causas ..........................................................................................................61
c) Consequências .............................................................................................61
3.4.4. Avaliação dos Mananciais de Abastecimento ........................................61
a) Fatores Determinantes ..................................................................................64
b) Causas ..........................................................................................................65
c) Consequências .............................................................................................65
3.5. COMO ESTÁ A PRESTAÇÃO DOS SERVIÇOS DE ESGOTAMENTO
SANITÁRIO EM CAMAÇARI? ..............................................................................66
3.5.1. Caracterização da Situação Atual ..........................................................66
3.5.1.1. Dados do SNIS e do IBGE .................................................................66
3.5.1.2. Esgotamento Sanitário no Distrito Sede .............................................68
3.5.1.3. Esgotamento Sanitário no Distrito de Abrantes ..................................73
3.5.1.4. Esgotamento Sanitário no Distrito de Monte Gordo ...........................77
3.5.1.5. Avaliação da Eficiência do Tratamento de Esgoto em Camaçari .......80
3.5.1.6. Capacidade de Tratamento dos Sistemas de Esgotamento Sanitário82
3.5.1.7. Sistema de Esgotamento Sanitário Industrial .....................................83
3.5.2. Avaliação do Déficit de Atendimento......................................................89
3.5.2.1. Fatores Determinantes .......................................................................89
3.5.2.2. Causas ...............................................................................................93
3.5.2.3. Consequências ...................................................................................94
3.6. COMO ESTÁ A PRESTAÇÃO DOS SERVIÇOS DE DRENAGEM E MANEJO DE
ÁGUAS PLUVIAIS URBANAS EM CAMAÇARI? ................................................94
3.6.1. Verificação e caracterização das áreas com lançamentos de esgotos nos
sistemas de drenagem e o tipo de sistema coletor existente. ......................... 106
3.6.2. Caracterização dos procedimentos de operação e manutenção do sistema
de drenagem de águas pluviais. ..................................................................... 110
3.6.3. Caracterização e indicação cartográfica das áreas de risco de enchentes,
inundações, escorregamentos em especial para as áreas urbanas. .............. 112
3.6.4. Manejo de águas pluviais do Polo Industrial de Camaçari ................... 116
3.6.4.1. Manejo de águas pluviais em épocas de período chuvoso .............. 116
3.6.5. Manejo de águas pluviais em épocas de período não chuvoso ........... 120
3.6.6. Avaliação do Déficit de Atendimento dos Serviços de Drenagem Urbana e
Manejo de Águas Pluviais ............................................................................... 122
3.6.7. Fatores Determinantes ......................................................................... 123
3.6.8. Causas ................................................................................................. 127
3.6.9. Consequências .................................................................................... 128
4. PROJEÇÃO DE DEMANDA FUTURA ............................................................... 129
4.1. Abastecimento de Água ............................................................................. 131
4.2. Esgotamento Sanitário ............................................................................... 135
4.3. Drenagem e Manejo de Aguas Pluviais UrbanasErro! Indicador não definido.
5. CENÁRIO DE REFERÊNCIA, OBJETIVOS E METAS ...................................... 139
5.1. Abastecimento de Água ............................................................................. 139
5.1.1. Objetivos .............................................................................................. 141
5.1.2. Metas ................................................................................................... 141
5.2. Esgotamento Sanitário ............................................................................... 142
5.2.1. Objetivos .............................................................................................. 144
5.2.2. Metas ................................................................................................... 145
5.3. Drenagem e Manejo de Aguas Pluviais Urbanas ..................................... 146
5.3.1. Objetivos .............................................................................................. 147
5.3.2. Metas ................................................................................................... 148
6. ÁREAS DE INTERESSE AO SANEAMENTO BÁSICO ..................................... 149
6.1. Abastecimento de Água ............................................................................. 149
6.2. Esgotamento Sanitário ............................................................................... 150
6.3. Drenagem e Manejo de Aguas Pluviais Urbanas ..................................... 151
7. PROGRAMAS, PROJETOS E AÇÕES .............................................................. 152
7.1. Abastecimento de Água ............................................................................. 152
7.2. Esgotamento Sanitário ............................................................................... 157
7.3. Drenagem e Manejo de Aguas Pluviais Urbanas ..................................... 161
8. HIERARQUIZAÇÃO DAS INTERVENÇÕES ...................................................... 166
8.1. Abastecimento de Água ............................................................................. 166
8.2. Esgotamento Sanitário ............................................................................... 167
7.3. Drenagem Urbana e Manejo de Águas Pluviais ....................................... 168
REFERÊNCIAS ....................................................................................................... 169
14
1. CONHECENDO O MUNICÍPIO DE CAMAÇARI
1.1. LOCALIZAÇÃO E ACESSOS
O Município de Camaçari está localizado na Região Metropolitana de Salvador (RMS), que é
uma das regiões mais importantes do estado da Bahia, não apenas por abrigar a Capital do
estado, Salvador, mas também por desempenhar papel importante na densidade demográfica do
estado, sendo a região econômica que mais apresenta crescimento populacional (SEI, 2003).
Camaçari apresenta o maior território da RMS, com área total de 784,658 km² e representa 18%
da área total da RMS, o que a torna de fundamental importância para ser estudada. Localiza-se
a uma latitude 12º41'51" sul e a uma longitude 38º19'27" oeste, estando a uma altitude de 36
metros (CAMAÇARI, 2014a).
O acesso a Camaçari pode ser realizado de diversas formas, por exemplo, partindo da capital,
Salvador, é possível chegar à sede do Município pela Estrada do Coco (BA -099), saída da
paralela em direção a Lauro de Freitas. Após o pedágio, entra na via Cascalheira (BA-526) até a
sede. Outra opção é partir da Avenida Paralela, seguir pela estrada do CIA (BA-535) Aeroporto e
seguir pela via Parafuso (BA-531), que possui 18 quilômetros. A BR-324 também é via de
acesso. Para tanto, é necessário seguir pelo CIA, através da Ceasa, via Parafuso até o Centro
ou, ainda na BR-324, pegar a BA-093 até chegar à sede (CAMAÇARI, 2014b). Outra alternativa
para quem vem do Norte, é seguir a Linha Verde até a Estrada do Coco. Pouco depois de Jauá
entra pela Várzea Grande até a Cascalheira (CAMAÇARI, 2014b).
Os limites municipais são ao norte com Mata de São João, ao sul com Lauro de Freitas, ao
sudoeste com Simões Filho, a oeste com Dias d'Ávila e leste com o Oceano Atlântico.
O município é dividido em 3 distritos: Distrito Sede, Distrito de Monte Gordo e Distrito de
Abrantes. A sede municipal de Camaçari situa-se em relação aos distritos nas distâncias
apresentadas a seguir no Quadro 1.
Quadro 1 - Distritos do Município, distância da sede.
Distritos do Município Distância da Sede
(Km)
Camaçari - Sede municipal -
Monte Gordo 26
Vila de Abrantes 16
Fonte: IBGE, CENSO 2010.
15
Na Figura 1 apresenta-se as principais rodovias que interceptam o Município de Camaçari, bem
como os principais acessos.
Figura 1 - Principais Rodovias que interceptam o Município de Camaçari - BA
Fonte: DERBA, Rodovias, 2012. Elaboração Saneando Projetos e Consultoria, 2014.
1.2. DEMOGRAFIA
A Tabela 1 demostra a trajetória demográfica do município em relação ao crescimento
populacional do município de 1940 até 2010, assim como o percentual de crescimento por
década. Os dados por distrito só começaram a ser disponibilizados no Censo de 2000, não
tendo, por sua vez, dados de décadas passadas. Chama-se atenção para essa evolução a partir
dos anos 70, período em que nasce o Polo Petroquímico e a desaceleração brusca desta
população entre 2010 e 2000, resultado de um processo que ocorre em nível nacional (IBGE,
2014).
Tabela 1 - Aumento da população residente de Camaçari - BA entre os Censos Demográficos, 1940-2010.
Ano População Taxas de Crescimento entre as décadas
16
Ano População Taxas de Crescimento entre as décadas
1940 11.188 -
1950 13.800 23,3%
1960 21.849 58,3%
1970 34.281 56,9%
1980 91.315 166,4%
1991 113.639 24,4%
2000 161.727 42,3%
2010 242.970 5,02%
Fonte: IBGE, Censo Demográfico 1940-2010.
O município de Camaçari é dividido em três distritos, o primeiro refere-se ao perímetro urbano da
sede, onde a população é majoritariamente urbana os outros dois distritos são, Abrantes e
Monte Gordo, ambos, também foi dividido em urbano e rural. Na Tabela 2 apresenta-se a
população total dos três distritos, utilizando a variante gênero para se ter uma noção da
quantidade de homens e mulheres por intervalo censitário entre os anos de 2000 e 2010.
Tabela 2 - População residente por sexo e situação do domicílio, Camaçari, total. 2000-2010.
Distritos Sexo
Situação do domicílio X Ano
Urbana Rural
2000 2010 2000 2010
Camaçari - BA
Homens 56.686 79.462 1.115 2.088
Mulheres 57.947 81.719 952 1.845
Total 114.633 161.181 2.067 3.933
Abrantes
Homens 13.097 22.875 861 974
Mulheres 12.746 23.582 800 852
Total 25.843 46.457 1.661 1.826
Monte Gordo
Homens 7.285 12.537 1.918 2.768
Mulheres 6.641 11.798 1.679 2.470
Total 13.926 24.335 3.597 5.238
TOTAL GERAL 154.402 231.973 7.325 10.997
Fonte: IBGE - Censo Demográfico, 2000 e 2010.
1.3. PERFIL SOCIOECONÔMICO
Criado no final dos anos 80, o Índice de Desenvolvimento Humano - IDH tem por finalidade
indicar o grau de desenvolvimento e condições de vida de uma unidade territorial por meio de
três variáveis: o nível de renda, a educação e a longevidade. Em relação à Camaçari - BA, os
dados abaixo (Tabela 3) representam uma realidade cuja leitura se faz com facilidade, pois o
município estudado possui o IDH-M médio-baixo no início de 1991, se recuperando no ano de
2000 e apresentando em relação aos demais itens, um incremento relativo à última década do
século passado, melhorando, de certa forma, os valores de desenvolvimento humano.
17
Tabela 3 - IDH-M de Camaçari.
IDH – M IDH - M Educação IDH - M Longevidade IDH - M Renda
1991 2000 2010 1991 2000 2010 1991 2000 2010 1991 2000 2010
0,590 0,688 0,694 0,230 0,393 0,616 0,586 0,708 0,798 0,559 0,600 0,681
Fonte: Atlas do Desenvolvimento Humano no Brasil - FJP/PNUD, 2012.
O Produto Interno Bruto (PIB) - soma das riquezas produzidas internamente a um país, cidade
ou estado - de Camaçari, em crescimento ao longo desses anos, revela que o município tem
sabido aproveitar muito bem todas as vertentes de capitalização dos principais segmentos,
especialmente o industrial, ou seja, a riqueza do interior também converge para Camaçari.
Conforme o IBGE avaliou, em 2001 o PIB de Camaçari somava pouco mais do que R$ 5 bilhões.
Em 2006 foi a R$ 9 bilhões, e no ano de 2011 chegou a aproximadamente a R$ 12 bilhões. A
Tabela 4 demonstra esse crescimento.
Tabela 4 - Evolução do PIB de Camaçari e sua Taxa de Crescimento Geométrico no período 2001/2011.
Ano PIB em R$ 1.000,00
2001 5.777.768
2002 5.817.366
2003 7.214.044
2004 8.879.420
2005 10.271.514
2006 9.529.357
2007 10.405.593
2008 11.844.962
2009 13.615.507
2010 13.328.182
2011 12.313.916
Total 108.997.629
Taxa de crescimento no 8%
Fonte: IBGE, em parceria com os Órgãos Estaduais de Estatística, Secretarias Estaduais de Governo.
Analisando o crescimento da renda per capita entre os grupos étnicos classificados pelo IBGE,
branca, preta, amarela, parda e indígena, percebe-se uma variação entre os anos censitários
sem alterar muito o padrão de renda entre eles. A Tabela 5 apresenta a organização destes
dados.
Tabela 5 - Renda per capita por grupo étnico e por período censitário.
Etnia
Renda per capita R$
1991 2000 Taxa de
crescimento entre 1991-2000
2010 Taxa de crescimento
entre 2000-2010
Branca R$ 279,25 R$ 557,76 7,99% R$ 815,69 4,31%
Preta R$ 143,45 R$ 260,84 6,87% R$ 466,34 6,67%
Amarela R$ 258,89 R$ 307,63 1,94% R$ 474,31 4,93%
18
Parda R$ 189,52 R$ 267,36 3,90% R$ 470,96 6,49%
Indígena R$ 142,99 R$ 353,25 10,57% R$ 681,55 7,58% Fonte: DATASUS - Banco de dados do Sistema Único de Saúde. IBGE: Censo Demográfico 1991, 2000 e
2010.
A renda per capita é o valor médio agregado por indivíduo, em moeda corrente e a preços de
mercado, dos bens e serviços finais produzidos em determinado espaço geográfico, no ano
considerado. Dentre suas principais características e usos, destacam-se a medição da produção
do conjunto dos setores da economia por habitante, indicando o nível de produção econômica
em um território e sua relação quanto ao seu contingente populacional, apontando ainda para a
existência de segmentos sociais com precárias condições de vida.
O Índice de Gini, criado pelo matemático italiano Conrado Gini, é um instrumento para medir o
grau de concentração de renda em determinado grupo. Ele aponta a diferença entre os
rendimentos dos mais pobres e dos mais ricos. Numericamente, varia de zero a um (alguns
apresentam de zero a cem). O valor zero representa a situação de igualdade, ou seja, todos têm
a mesma renda. O valor um (ou cem) está no extremo oposto, isto é, uma só pessoa detém toda
a riqueza.
A Tabela 6 apresenta a renda per capita média de Camaçari e o índice de Gini nos últimos
censos do IBGE.
Tabela 6 - Renda, Pobreza e Desigualdade, 1991-2010. Indicador 1991 2000 2010
Renda per capita 258,98 334,43 553,18
% de extremamente pobres 16,67 14,36 6,01
% de pobres 40,88 38,73 16,39
Índice de Gini 0,5 0,57 0,53
Fonte: PNUD, 2010.
Observando os dados da Tabela 6, nota-se que a extrema pobreza (medida pela proporção de
pessoas com renda domiciliar per capita inferior a R$ 70,00, em agosto de 2010) passou de
16,67% em 1991 para 14,36% em 2000 e para 6,01% em 2010. Nota-se também que o índice de
Gini variou pouco com o passar dos anos, obviamente, diminuiu, todavia, ainda não apresenta
padrões mais próximos de zero, o que determina que Camaçari ainda precisa tratar com mais
cuidado a questão da distribuição de renda e outros aspectos econômicos que possam
contrabalancear essa situação e garantir ao município uma estabilidade econômica que se
baseie, também, na diminuição das disparidades entre seus cidadãos.
19
1.4. SAÚDE
1.4.1. Infraestrutura Municipal
O Quadro 2 apresenta a caracterização da rede de saúde do Município de Camaçari - BA,
conforme informações fornecidas pela Secretaria de Saúde.
Quadro 2 - Caracterização da Rede de Saúde.
N° de postos de Saúde na zona urbana e rural
53 Postos *
N° de Unidades de Saúde da família 30 unidades.
N° de hospitais HGC (hospital estadual de referência)
N° de maternidade Não dispõe de maternidade própria
N° de clinicas/Policlínicas (público e particular)
21 Clínicas (clinicas privadas credenciadas ao SUS) /1 Policlínica (pública).
N° de leitos infantil, adultos, obstétrico e UTI (geral e do SUS)
Leitos Pediátricos - 30 SUS / N SUS -2 Leitos Obstétrico - 40 SUS/N SUS -8 Leitos Clínicos - 21 SUS/ N SUS -49 UTI SUS - 08 /N SUS- 0
N° de farmácias 29 no PSF, 8 na UBS e 1 na Policlínica, 01 CESM
N ° de ambulâncias. 11 ambulâncias da rede básica, SAMU (3 Básicas, 02 avançadas) e 2 Motolâncias.
Fonte: Secretaria de Saúde - Camaçari - BA, 2014.
1.4.2. Indicadores de Saúde
Um dos indicadores de saúde mais importantes, a longevidade (esperança de vida ao nascer) é
o utilizado para compor a dimensão Longevidade do Índice de Desenvolvimento Humano
Municipal (BRASIL R., 2014).
No município de Camaçari, a esperança de vida ao nascer aumentou 12,7 anos nas últimas
duas décadas, passando de 60,2 anos em 1991 para 67,5 anos em 2000, e para 72,9 anos em
2010. Em 2010, a esperança de vida ao nascer média para o estado é de 72,0 anos e, para o
país, de 73,9 anos (PNUD , 2010).
A taxa de fecundidade é o número médio de filhos nascidos vivos, tidos por uma mulher, por
faixa etária específica do período reprodutivo, na população residente em determinado espaço
geográfico, no ano considerado (BRASIL, 2014). A Figura 2 apresenta a evolução das taxas
acima referidas, no município de Camaçari.
Figura 2 - Evolução da longevidade, mortalidade e fecundidade em Camaçari - BA.
20
Fonte: PNUD, 2010.
1.4.3. Doenças relacionadas ao saneamento básico
Compreendendo que a saúde do indivíduo está diretamente relacionada com as condições de
externas, ou seja, que vão além do seu domicilio, logo, é inegável a sua relação com as
componentes do saneamento e como as mesmas se inter-relacionam e impactam na saúde
pública. O conhecimento do ciclo de vida dos principais patógenos transmissores de doenças
relacionadas ao saneamento pode ser usado como instrumento para o planejamento de ações
de intervenção no ambiente visando a erradicação da ocorrência de doenças.
Seguindo essa lógica, será apresentada uma descrição sucinta das principais doenças
relacionadas à precariedade nos serviços de saneamento. Com base nesta premissa, serão
abordadas a seguir as doenças de notificação compulsória relacionadas ao saneamento básico,
assim como a diarreia e amebíase que, apesar de não serem enfermidades de notificação
obrigatória, são multicausais e estão diretamente ligadas às deficiências dos serviços de
saneamento.
Para esta análise, foram consultados os bancos de dados oficiais sobre doenças, como o
DATASUS e o Sistema de Informação de Agravos de Notificação – SINAN. A Secretaria de
Saúde de Camaçari alimenta o banco de dados do SINAN municipal diariamente, e uma vez por
semana, ao disponibilizar estas informações ao DATASUS, é realizada uma avaliação estatística
e investigação de possíveis erros.
1.4.3.1. Doenças de Notificação Compulsória
Segundo a Portaria Nº 1.271, de 6 de junho de 2014, doenças de notificação compulsória são
aquelas cuja comunicação é obrigatória em todo o território nacional à autoridade de saúde,
realizada pelos médicos, profissionais de saúde ou responsáveis pelos estabelecimentos de
21
saúde, públicos ou privados, sobre a ocorrência de suspeita ou confirmação de doença, agravo
ou evento de saúde pública, podendo ser imediata ou semanal.
Dentre as doenças de notificação compulsória, serão apresentadas as doenças relacionadas ao
saneamento básico que possuem maior relevância para o município em estudo, sendo em sua
maioria, doenças infecciosas e parasitárias.
Dengue
A ocorrência da dengue é intrínseca à proliferação do vetor do vírus, o mosquito Aedes aegypti.
A transmissão do vírus da dengue só ocorre por meio do vetor infectado e infeccioso, ou seja,
quando o mosquito adquire o vírus ao chupar o sangue de um enfermo e após um tempo de
maturação, transmite o vírus a outras pessoas por suas picadas. Ambientes que possuem água
empoçada propiciam o desenvolvimento das larvas do mosquito Aedes aegypti e, por
consequência, aumentam as chances de ocorrência de casos da doença. Logo, infere-se que o
armazenamento de água em reservatórios sem tampa, a impermeabilização do solo, as
deficiências do serviço de drenagem urbana e a disposição inadequada dos resíduos sólidos são
alguns fatores que contribuem para a ocorrência de casos de dengue.
Utilizando a base de dados de ocorrência de agravos do SINAN, foram calculadas as taxas de
incidência para os casos de dengue no Município de Camaçari - BA, apresentados por meio do
gráfico da
Figura 3.
Figura 3 - Registros de casos de dengue e taxa de incidência no período entre 2010 e 2014 em Camaçari.
Fonte: SINAN, 2015.
Malária
A malária é outro exemplo de enfermidade trasmitida por insetos, cuja propagação possui
relação com a proliferação de vetores. O contato do mosquito Anopheles com o homem ocorre
22
após o acasalamento dos insetos, quando a fêmea passa a ter uma demanda proteica maior e
torna-se hematófaga, ou seja, se alimenta de sangue. Caso o vetor esteja infectado com o
Plasmodium, protozoário causador da malária, este microrganismo é transmitido à vítima por
meio da saliva do inseto e depositam no fígado da vítima, onde maturam e se reproduzem,
desenvolvendo assim a malária no seu hospedeiro.
No que tange o abastecimento de água, a proliferação do mosquito Anopheles pode estar
relacionada a deficiências do sistema de abastecimento, o que pode motivar a população a
estocar água em contêineres para eventuais interrupções do fornecimento ou até em casos onde
o abastecimento público não contempla. Deste modo, se o acondicionamento desta água não for
adequado, a água parada pode se transformar em foco de proliferação do mosquito e assim
aumentar a incidência. A drenagem urbana e o manejo de resíduos sólidos também possuem
grande relação com a proliferação do mosquito Anopheles: com um sistema de drenagem
precário, as águas da chuva podem ficar empoçadas por um longo período, enquanto os
resíduos dispostos de forma inadequada também podem acumular água e servir de abrigo para
que os mosquitos depositem os ovos.
Segundo dados do Sistema de Informação de Agravos de Notificação - SINAN, foram
registrados 3 casos de malária no período de 2001 a 2013 no município de Camaçari, como
apresentado na Tabela 7.
Tabela 7 - Casos e taxas de incidência de malária no município de Camaçari – BA, no estado da Bahia e no Brasil, por 100.000 habitantes.
Malária Nº de casos
Média 2011 2013 2014
Casos
Camaçari 1 1 1 1
Bahia 20 17 12 16
Brasil 998 759 472 743
Taxa de incidência
Camaçari 0,40 0,36 0,36 0,37
Bahia 0,14 0,11 0,08 0,11
Brasil 0,52 0,38 0,23 0,38
Fonte: SINAN, 2015
Hepatite A
A Hepatite A ou amarelão, como comumente é chamada, se trata de uma inflamação no fígado,
é causada pela contaminação pelo vírus VHA. É uma doença de curso benigno, ou seja,
geralmente sendo de cura espontânea, porém potencialmente grave, devido a possíveis
complicações.
23
Como toda contaminação por meio fecal-oral, a incidência desta doença é maior nos locais em
que as condições de abastecimento de água e esgotamento sanitário são precárias. O ciclo de
contágio da hepatite engloba basicamente a eliminação do vírus por meio das fezes e ingestão
deste agente etiológico por meio de água ou alimento contaminado. Sem um sistema de
esgotamento sanitário que funcione adequadamente, as fezes contaminadas possuem maior
probabilidade de contaminar fontes de água, como rios e lençóis freáticos, enquanto a ausência
de um sistema adequado de abastecimento de água favorece o consumo de água não tratada
destes mananciais.
O número de casos da Hepatite A em Camaçari vem reduzindo gradativamente, conforme dados
do SINAN apresentados no gráfico da Figura 4 para o período entre 2007 e 2012.
Figura 4 - Registros de casos de Hepatite A e taxa de incidência por 1.000 habitantes em Camaçari – BA.
Fonte: SINAN, 2015.
Leishmaniose Visceral
A leishmaniose visceral é um agravo de evolução crônica e, se não tratada, pode levar ao óbito
de até 90% dos indivíduos infectados, como informado pelo Ministério da Saúde. É transmitida
pelo mosquito-palha ou birigui (Lutzomyia longipalpis) que se infectado, ao picar, introduz na
circulação do hospedeiro o protozoário Leishmania chagasi. O vetor torna-se infectado ao picar
os principais reservatórios do protozoário mencionado, que na zona urbana referem-se
principalmente a cães, roedores e/ou equídeos infectados. O mosquito-palha, vetor desta
enfermidade, procria principalmente em locais úmidos, sombreados e ricos em matéria orgânica,
características estas que se assemelham a esgotos ou águas de mananciais superficiais
armazenadas, conferindo a ela uma relação com componentes do saneamento básico.
No gráfico da Figura 5 é apresentado o número de casos registrados de Leishmaniose Visceral
no município de Camaçari e a sua taxa de incidência para o período entre 2008 e 2013.
24
Figura 5 - Registros de casos de leishmaniose visceral e taxa de incidência por 1.000 habitantes em Camaçari - BA.
Fonte: SINAN, 2015.
Esquistossomose
A esquistossomose é uma doença causada pela contaminação por um platelminto parasita
conhecido como Schistosoma. É uma doença crônica, ou seja, que persiste por período superior
a 6 meses, e que pode ser letal se não tratada. O contágio pelo Schistosoma ocorre pelo contato
do indivíduo com água contaminada por este parasita, o que está diretamente associado à
precariedade dos serviços de abastecimento de água e de esgotamento sanitário.
O ciclo inicia-se com o parasita adulto depositando ovos no corpo do hospedeiro definitivo,
sendo expelidos nas fezes ou urina do indivíduo infectado. Estes ovos eclodem na água, e suas
larvas (miracídios) nadam neste corpo hídrico até encontrar moluscos, utilizando deste
hospedeiro intermediário para se desenvolver e multiplicar. Após esta etapa, os platelmintos
desenvolvidos retornam ao corpo hídrico e nadam livremente até entrar em contato com a pele
do hospedeiro definitivo, onde se desenvolvem e causam a esquistossomose.
De acordo com dados do SINAN, no ano de 2007 houve um surto de ocorrências de
esquistossomose em todo o território nacional, sendo que no município de Camaçari foram
relatados 89 casos dos 31.980 casos no Brasil, como pode ser visto na Tabela 8. Este surto de
esquistossomose foi decorrente da proliferação desenfreada do hospedeiro intermediário, o
caramujo, o que refletiu no desenvolvimento de um grande número de Schistosoma e
consequentemente contaminação de corpos hídricos, o que propiciou o grande número de
ocorrências desta enfermidade.
Ainda no ano de 2007 foi realizada uma intensa campanha de combate ao hospedeiro
intermediário, reduzindo significativamente o número de caramujos, e assim controlando os
casos de esquistossomose nos anos posteriores.
25
Tabela 8 - Casos de esquistossomose no município de Camaçari, no estado da Bahia e no Brasil. Ano 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013
Camaçari (1)
1 89 - - - 1 - 1
Bahia 1.837 19.553 2.069 749 703 715 605 653
Brasil 3.214 31.980 12.213 18.223 23.960 14.506 8.153 6.445
Fonte: SINAN/DATASUS, 2015.
Leptospirose
A leptospirose é uma infecção aguda, causada pela bactéria do gênero Leptospira, podendo ser
transmitida por animais de diferentes espécies através do contato direto com a urina dos animais
infectados ou pela exposição à água contaminada. A bactéria Leptospira penetra no organismo
através das mucosas e da pele íntegra ou com pequenos ferimentos disseminando-se na
corrente sanguínea.
De acordo com a Coordenação de Informações Estratégicas em Vigilância em Saúde do Rio de
Janeiro – CIEVS RIO, no Brasil, os ratos urbanos (ratazanas, ratos de telhado e camundongos)
são os principais transmissores da doença. O número de ocorrências aumenta em épocas de
chuva, pois a inexistência de um sistema eficaz de drenagem urbana ocasiona enchentes e
inundações, facilitando o contato da urina de rato contaminado com os moradores desta região.
Salienta-se que o risco de contágio pela Leptospira não desaparece quando cessada a enchente
ou alagamento, já que esta resistente bactéria continua ativa nos resíduos úmidos por um longo
período.
No gráfico da Figura 6 é apresentada a taxa de incidência desta enfermidade no município, bem
como o número de casos registrados para o período entre 2009 e 2014.
Figura 6 - Registros de casos de leptospirose e taxa de incidência por 1.000 habitantes em Camaçari - BA.
Fonte: SINAN, 2015.
Febre Tifoide
26
A febre tifoide é uma doença infectocontagiosa transmitida pela bactéria Salmonella enterica
typhi, cuja contaminação se dá por via fecal-oral, através do contato com fezes de portadores
ativos ou assintomáticos ou pelo consumo de água ou alimentos contaminados. Apesar de
apresentar ocorrência de casos em todo o mundo, a enfermidade é mais comum em regiões
com condições sanitárias precárias. No Brasil, a febre tifoide ocorre sob a forma endêmica, nas
regiões Norte e Nordeste, refletindo as condições de vida de suas populações (Ministério da
Saúde - Portal da Saúde, 2015).
Tabela 9 - Casos de febre tifoide no município de Camaçari, no Estado da Bahia e no Brasil
2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014
Camaçari * - 1 - - - - - - -
Bahia 7 48 19 28 33 25 7 7 3
Brasil 22 402 339 300 158 152 86 105 115
* Não foram encontrados registros para o ano de 2006 e o período de 2008 a 2014 na base de dados do SINAN.
Fonte: SINAN, 2015
Apesar da baixa ocorrência de casos no município de Camaçari, a falta de investimento nas
condições sanitárias da população, principalmente nos serviços de esgotamento sanitário,
possivelmente acarretará em elevação desse índice. Cabe ressaltar, que para eficácia das ações
de melhorias sanitárias estas devem sempre ser executadas em paralelo às ações de educação
ambiental para a população.
1.4.3.2. Doenças de Notificação Não Compulsória
Além das doenças de notificação compulsória, outros agravos multicausais possuem relação
direta com as condições do saneamento básico, como a diarreia e a amebíase
Diarreia
A diarreia está diretamente relacionada com as deficiências dos serviços de saneamento.
Segundo a Organização Mundial de Saúde, fatores como a ingestão de água contaminada, a
pouca disponibilidade de água para higiene, a falta de acesso à rede de esgoto e à coleta de
lixo, são responsáveis por 88% dos casos de diarreia no mundo.
Tomando os dados do DATASUS (2014) apresentados no gráfico da Figura 7, evidencia-se que
em Camaçari são registradas diversas casos de diarreia, sendo a zona urbana a área com maior
número de notificações. Ressalta-se neste ponto que o fato de ter um maior número de casos
notificados não implica em maior ocorrência, visto que não é normal à população procurar um
posto de saúde para tratar esta doença. A diarreia possui maior relevância quando acomete
27
crianças com idade inferior a 2 anos, visto que esta é a população mais susceptível e com
menos defesa aos causadores deste agravo. Na Figura 7 observa-se que o número de casos de
diarreia em crianças com idade inferior a 2 anos vem reduzindo paulatinamente desde no
período entre 2001 e 2014.
Figura 7 - Casos de diarreia em crianças menores de 2 anos na zona urbana e rural do município de Camaçari - BA.
Fonte: SIAB/DATASUS, 2014.
Amebíase
Outra doença de não notificação compulsória e que está relacionada à deficiência dos serviços
de saneamento é a amebíase. Segundo Santos e Soares (2008), trata-se de uma infecção
parasitária, causada pelo protozoário Entamoeba histolytica, cuja contaminação é dada de forma
direta, ou seja, não envolve um vetor. Ocorre com ingestão de cistos, através de alimentos e
água contaminados, assim como pode acontecer para os diversos agentes etiológicos que
causam diarreia.
Ainda que o meio de contaminação seja muito similar ao da diarreia, o número de casos de
amebíase do DATASUS aponta que, no período entre 2006 e 2014, foram notificados apenas
dois casos no município de Camaçari, acredita-se que ocorreu maior número de caos. Isso
indica que a amebíase é uma enfermidade que pouco se procura unidade de saúde, seja por
desinformação ou em função dos sintomas relativamente brandos ocasionados.
1.5. Recursos Hídricos
28
1.5.1. Águas Superficiais
Do ponto de vista hidrográfico, conforme pode ser observado no Volume II do Produto 02 –
Caracterização Física e Socioeconômica do Município, a hidrografia do município de
Camaçari é composta por numerosos rios e riachos.
O município de Camaçari é composto por 03 (três) bacias, cujos rios principais são: Rio Joanes,
Rio Jacuípe e Rio Pojuca. O Rio Joanes atravessa a área de sete municípios, nos quais cinco da
Região Metropolitana, antes de penetrar na orla marítima. O Rio Jacuípe e o Rio Pojuca têm
suas nascentes localizadas além dos limites institucionais da RMS. Por fim, os Rios da bacia de
alimentação das lagoas de Guarajuba e Velado, como o Taipu são situados inteiramente no
município de Camaçari, e se ramificam entre a área das bacias do Pojuca e Jacuípe.
Bacia do Rio Joanes
A bacia do Rio Joanes, constitui o principal manancial hídrico utilizado no abastecimento de
água da Região Metropolitana de Salvador (RMS), nos dias atuais. As represas Joanes I e
Joanes II estão situadas nesta bacia, barrando o rio principal, cujo curso tem extensão de
aproximadamente 60 km. A área drenada é estimada em cerca de 60 km² (BAHIA, 1985a).
A vazão média do Rio Joanes é de 11 m³/s, enquanto a vazão regularizada é de 6,4m³/s. O rio
apresenta uma extensão de 382,4 Km e uma declividade média, até a represa de Joanes II, de
1,6 m/km (BAHIA, 1974a).
As águas do Rio Joanes, após vencer com dificuldade o cordão litorâneo paralelo à linha da orla,
desembocam no oceano. A influência da maré alta represa as águas do Joanes, inundando suas
margens e alimentando uma vegetação típica de mangue, em alguns trechos do seu baixo curso
(BAHIA, 1985a).
Dos principais afluentes do Rio Joanes destacam-se o Rio Camaçari, o Rio Catu (Jacuricanga) e
o Riacho Jacaré, em sua margem esquerda, enquanto na margem direita os principais cursos
são o Córrego da Garapa e o Rio Ipitanga, cujo curso em longos trechos foi retificado. Também
importante, é todo o trecho do riacho da Sapata, o qual drena uma área alagadiça entre o
maciço das dunas até o cordão litorâneo, na orla de Lauro de Freitas (BAHIA, 1985a).
A bacia do Rio Joanes tem uma área de drenagem de aproximadamente 1.200 km². As
formações vegetais apresentam atualmente e em geral, a predominância de organismos de
porte arbustivo. A pluviometria não registra variações ao longo da bacia maiores que 400
mm/ano, entre as médias mínimas e máximas. As máximas, entretanto, registram-se no
segmento intermediário do Joanes (2.200 mm/ano), decaindo tanto em direção à foz, na orla
marítima (1.900 mm/ano), quanto em direção à nascente, no município de São Francisco do
29
Conde (1.800 mm/ano). Os afluentes principais, que na sua maioria são pela margem direita,
são os seguintes: Imbirussiu (área de drenagem: 11,48 km²), Muriquera, Itamboatá (ambos no
município de Simões Filho), Jacarecana (área de drenagem: 25,83 km²), São Francisco,
Bonessu (os três no município de Candeias), Bandeira (no município de Camaçari) e Ipitanga
(BAHIA, 1974a).
Bacia do Rio Jacuípe
A bacia do Rio Jacuípe drena uma área cuja pluviosidade atinge as marcas de 1.500 mm. A sua
capacidade de drenagem é estimada na casa dos 490 mm. Em grande parte da bacia drenada
pelo Rio Jacuípe e seus afluentes, ocorrem rochas cuja natureza favorece forte infiltração e
desenvolvimento de más condições de drenagem. Isso resulta em extensas áreas pantanosas e
de campos de várzea ao longo do seu curso, mormente a Oeste da estrada BA-099 e ao longo
do curso do Rio Capivara Grande, ao qual estão associados extensos alagadiços e lagoas
perenes (BAHIA, 1985a).
A bacia do Jacuípe, com uma área de drenagem de aproximadamente 1.213 km² tem, à
diferença da bacia do Joanes, alguns resíduos de matas em terras marginais, apesar de a
vegetação predominante ser, também nesse caso, no máximo de porte arbustivo. O Jacuípe tem
uma extensão de curso de cerca de 141 km e apresenta-se represado pela barragem de Santa
Helena que drena uma área de 880 km² (BAHIA, 1974a).
O Jacuípe nasce no município de Conceição do Jacuípe e atravessa região de relevo fortemente
ondulado até o município de Camaçari, quando se desenvolve em relevo plano ou suave
ondulado. Possui, como afluentes mais expressivos, na margem direita, os Rios Capivara
Grande, Capivara Pequeno e Jacuípe Mirim. Na sua margem esquerda os principais afluentes
são os Rios Camaçari, Pitanga, Samburá Camuciato, das Pedras e Gerembepe. Entre todos os
afluentes, o Capivara Grande e Capivara Pequeno têm relevante extensão de curso (BAHIA,
1974a).
Bacia do Rio Pojuca
Dos principais rios que drenam a área do plano, o Rio Pojuca é o que apresenta o maior curso,
tendo suas nascentes no município de Lamarão, em plena região seca do Norte de Feira de
Santana, com pluviosidade anual inferior a 1.000 mm. A extensão total da bacia do Rio Pojuca é
em torno de 4.500 km², sendo que de suas nascentes até a localidade de Tiquaruçu, o Rio
Pojuca é denominado de Rio Salgado. O Rio Pojuca é intermitente em sua alta bacia, sendo
considerado perene a partir do ponto que sobrepõe à bacia do Recôncavo quando drena rochas
30
sedimentares argilosas e sob condições climáticas com pluviosidade superior a 1.500 mm. A
vazão do curso é de 30 m³/s na localidade de Barra do Pojuca (BAHIA, 1985a).
Na área interessando a orla marítima de Camaçari e de Mata de São João, o Rio Pojuca não
recebe nenhum afluente de importância, sendo o mais importante deles o Rio Punhaí, em sua
margem direita. (BAHIA, 1985a).
Quanto à natureza de suas águas, não se conhecem resultados de análises químicas, porém
sabe-se que as águas são de baixo teor de sal em seu baixo curso, devido às altas
pluviosidades da área drenada pela bacia. Esse fato resulta de uma alta capacidade de recarga,
da ordem de 280mm (BAHIA, 1985a).
Para a bacia do Pojuca como já foi dito, as informações de fontes secundárias são
extremamente escassas. Segundo estudo intitulado Recursos Hídricos do Recôncavo Baiano, a
área de drenagem desta bacia estende-se por 5.000 km², predominantemente na direção do NO-
SE. Esta área encontra-se em 90% à margem esquerda do Rio Pojuca, tendo como principais
afluentes os seguintes rios, cujas respectivas áreas de drenagem encontram-se entre parêntesis:
Salgado (688 km²), Paramirim (626 km²), Vermelho (397 km²), Pitanga (233 km²), Uná (166km²),
Catu (429 km²), Quiricó Pequeno (289 km²), Quiricó Grande (390 km²) e Itapecerica. Os quatro
últimos estão à jusante do município de Pojuca (BAHIA, 1974a).
1.5.2. Hidrogeologia
O estado da Bahia apresenta uma complexa diversidade de litotipos e, em função desses
litotipos, foram estabelecidos domínios hidrogeológicos (CPRM, 2003). Na região metropolitana
de Salvador, existem dois principais sistemas hidrogeológicos: o sistema aquífero Recôncavo e
o sistema aquífero Cristalino Alto de Salvador (LIMA, 1999).
O Sistema Aquífero Cristalino é representado por rochas metamórficas de alto grau fraturadas e
pelo espesso (em média 30 metros) manto de intemperismo derivado dessas rochas. A camada
de regolito pode apresentar características hidráulicas próximas a do grupo Barreiras, o que
confere um aquífero de importância razoável. No entanto, os poços perfurados neste domínio
apresentam grande grau de insucessos (cerca de 25%) como aponta um estudo realizado pela
CERB em 1980. Para os outros 75% que apresentaram sucessos há uma vazão média baixa,
em torno de 3 - 7 m³/h. Segundo Lima (1999), este aquífero pode chegar a uma reserva da
ordem de 1,7 x 107 m3/ano, suficiente para atender uma população de 250.000 habitantes. No
entanto, pelo fato de estar próximo a superfície e constituir-se num aquífero livre, apresenta alta
susceptibilidade por conta de possíveis agentes contaminantes. Outro fator potencial para a
31
queda na qualidade dessas águas seria a interação com águas da cunha salina, acarretando em
uma contaminação natural.
O Sistema Aquífero Recôncavo encontra-se desenvolvido sobre as rochas das formações São
Sebastião e Marizal além do grupo Barreiras. Esta unidade hidrogeológica corresponde ao
aquífero mais importante e um dos maiores na Bahia. Este aquífero apresenta caráter livre e
confinado, as porções mais superficiais que em algumas áreas representam a formação Marizal,
grupo Barreiras e pela parte superior da formação São Sebastião representam a porção livre do
aquífero, quanto as unidades semiconfinadas encontram-se nas porções de arenitos contidos
nas formações inferiores da formação São Sebastião podendo chegar em torno de 1.500 metros
de profundidade. O volume de água doce pode ser estimado, onde calcula-se que haja reservas
na ordem de 6,0 x 10¹¹ m³ de água. E, a reserva anual explorável é estimada na ordem de 5 x
108 m³ / ano (LIMA, 2003).
1.6. Unidades de Conservação
No território do Município de Camaçari - BA são encontradas duas categorias de Unidades de
Conservação, a Área de Proteção Ambiental (APA) e o Parque. Além do Cinturão Verde do
Complexo Petroquímico de Camaçari - BA.
A Área de Proteção Ambiental – APA – é em geral uma área extensa, com certo grau de
ocupação humana, dotada de atributos abióticos, bióticos, estéticos e culturais especialmente
importantes para a qualidade de vida e o bem-estar das populações humanas. Tem como
objetivos básicos proteger a diversidade biológica, disciplinar o processo de ocupação e
assegurar a sustentabilidade do uso dos recursos naturais (Lei Federal Nº. 9.985/ 2000).
O Parque é uma Unidade de Conservação de proteção integral na qual é permitido apenas o uso
indireto dos recursos naturais, para a realização de pesquisas científicas e o desenvolvimento de
atividades de educação e interpretação ambiental, de recreação em contato com a natureza e de
turismo ecológico (SOUZA, 2006).
SANDES - Sobral (2008), em sua tese realizou a identificação e descrição das Unidades de
Conservação institucionalizadas contidas no Município de Camaçari - BA, que se encontram
listadas no Quadro 3.
Quadro 3 - Unidades de Conservação no Município de Camaçari - BA.
Nº Nome Área (ha) Instrumento Jurídico
1 APA do rio Joanes/ Ipitanga 64.463 Decreto Estadual nº 7.596/1999 Resolução CEPRAM nº 2.974/2002
2 APA Rio Capivara 1.800 Decreto Estadual nº 2.219/1993
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Nº Nome Área (ha) Instrumento Jurídico
3 APA Lagoa de Guarajuba 2.030 Resolução CEPRAM nº 387/1991
4 APA da Plataforma Continental Litoral Norte 362.266 Decreto Estadual nº 8.553/2003
5 Cinturão Verde de Proteção do Complexo Petroquímico de Camaçari - BA - COPEC
2.707 Decreto Estadual nº 22146/1970
6 Parque Municipal da Dunas de Abrantes 700 Decreto Municipal nº 1.168/1977
7 Corredor Ecológico Costa dos Coqueiros/Litoral Norte da Bahia
30.000 Protocolo de Intenções
Fonte: SANDES - SOBRAL, 2008.
As APAs são geridas pela SEMA - Secretaria Estadual de Meio Ambiente, pela Superintendência
de Desenvolvimento Florestal e Unidades de Conservação – SFC – e seu órgão gestor, a
Diretoria de Unidades de Conservação – DIRUC. O mapa dessas APAs que estão inseridas no
município de Camaçari é apresentado na Figura 8 e no APÊNDICE D do PRODUTO 02 –
CARACTERIZAÇÃO FÍSICA E SOCIOECONOMICA DO MUNICÍPIO.
Figura 8 – Áreas de Preservação Ambiental do município de Camaçari-BA.
33
Fonte: Base SEI,2010; Dados: SEMA, MMA, Unidades de Conservação, 2007. Elaboração: Saneando P. e
Consultoria.
2. ENTENDENDO A LEI FEDERAL DE SANEAMENTO BÁSICO E A
TITULARIDADE DOS SERVIÇOS DE SANEAMENTO
A Lei Federal de Saneamento, nº 11.445/2007, traz em seu texto os pilares da gestão do
saneamento, sendo eles planejamento, regulação, prestação dos serviços, fiscalização e além
destes, o controle social, que deve ocorrer de modo transversal e integrado em todas estas
funções.
Figura 9 - Modelo de gestão dos serviços públicos de saneamento básico.
34
Fonte: Morais, 2015.
Planejar é o ato de visualizar antecipadamente as atividades que precisarão ser desenvolvidas
para alcançar um objetivo. Regular é o ato de estabelecer regras para que o serviço seja
prestado com qualidade. Fiscalizar é verificar se estas regras estão sendo cumpridas. E o
controle social visa permitir que a sociedade participe da formulação de políticas públicas.
Cada função desta pode definir um novo ator no serviço de saneamento do município, uma vez
que a lei de saneamento possibilita delegar a organização, a regulação, a fiscalização e a
prestação dos serviços públicos de saneamento básico. Apenas o planejamento é indelegável e
deve ser realizado pelo titular do serviço público. Mas quem é o titular do serviço em Camaçari?
Apesar de a Constituição Federal apostar na autonomia dos municípios, dando-lhe a titularidade
em prestar os serviços públicos de interesse local, incluindo o saneamento, alguns casos podem
seguir orientações diferenciadas, como as regiões metropolitanas (RM). A Constituição define
que os estados poderão, mediante lei complementar, instituir regiões metropolitanas para
integrar a organização, o planejamento e a execução de funções públicas de interesse comum.
Ou seja, no caso das RM, em alguma medida, os municípios sofrem influência ou devem se
submeter ao que demanda a região metropolitana em que estão inseridos. E isto tem gerado
conflitos entre municípios e estados na definição de quem é o titular nas regiões metropolitanas.
No que tange ao saneamento básico, foi dado entrada no Supremo Tribunal Federal (STF) em
uma Ação Direta de Inconstitucionalidade, a chamada ADI 1.842/RJ, quando o Estado do Rio de
Janeiro tentou transferir a titularidade dos serviços públicos de interesse local dos municípios
formadores da RM para o próprio Estado, por meio da Lei Complementar 87/1997.
35
Desde então, o processo tramitou no STF, até que em 06/03/2013, saiu a decisão sobre a ADI
1.842/RJ, onde ficou definido que
O estabelecimento de região metropolitana não significa simples
transferência de competência para o estado. O interesse comum é muito
mais que a soma de cada interesse local envolvido, pois a má condução
da função do saneamento básico por apenas um município pode colocar
em risco todo o esforço do conjunto... O parâmetro para aferição da
constitucionalidade reside no respeito à divisão de responsabilidades
entre municípios e estados. É necessário evitar que o poder decisório e o
poder concedente se concentrem nas mãos de um único ente para
preservação do autogoverno e da autoadministração dos municípios.
Reconhecimento do poder concedente e da titularidade do serviço ao
colegiado formado pelos municípios e pelo estado federado... A
participação de cada Município e do Estado deve ser estipulada em cada
região metropolitana de acordo com suas particularidades, sem que se
permita que um ente tenha predomínio absoluto... o legislador estadual
deverá reapreciar o tema , constituindo modelo de prestação de
saneamento básico nas áreas de integração metropolitana, dirigido por
órgão colegiado com participação dos municípios pertinentes e do próprio
Estado do Rio de Janeiro, sem que haja concentração de poder decisório
nas mãos de qualquer ente (DJe nº 181, pag. 3 e 4).
Com a decisão do STF publicada, o Estado da Bahia seguiu de maneira a implementar o que foi
orientado para a Região Metropolitana de Salvador (RMS). Para tanto foi publicada a Lei
Complementar nº 41, de 13 de junho de 2014, que cria a Entidade Metropolitana da Região
Metropolitana de Salvador (EMRMS), uma autarquia intergovernamental de regime especial,
com caráter deliberativo e normativo e personalidade jurídica de direito público, e deve exercer
as competências relativas à integração da organização, do planejamento e da execução de
funções públicas de interesse comum aos municípios integrantes da RMS.
Bem, se o município de Camaçari faz parte da região metropolitana, compõe a EMRMS, para
tanto faz parte de seu colegiado para a tomada de decisão, e pode ter acesso aos fundos a ela
relativos, mas por outro lado deve se submeter aos interesses de âmbito comum em detrimento
aos interesses de âmbito local.
Por outro lado, o Democratas (DEM) ajuizou no STF a ADI 5.155, com pedido de medida
cautelar, contra artigos da Lei Complementar nº 41. Segundo o partido, essa norma viola o
36
modelo federativo constitucional, uma vez que prevê indevida intromissão do Estado da Bahia na
administração das municipalidades que compõem a RMS. Ao reduzir significativamente a
autonomia dos municípios baianos que formam a denominada Região Metropolitana de Salvador
para organizar e prestar serviços públicos de sua exclusiva titularidade, a LC nº 41/2014 teria
violado frontalmente a Constituição Federal de 88.
De qualquer forma, a EMRMS vem dando passos para se estruturar e atuar. As principais ações
até agora realizadas foram relativas ao transporte público, a exemplo da resolução que
recomenda a instituição do Bilhete Único Metropolitano na RMS, além da criação de Câmaras
Temáticas para análise de questões específicas, a saber, a Mobilidade Urbana, o Transporte
Metropolitano e Integração; o Saneamento Básico; a Habitação; e o Plano Diretor de
Desenvolvimento Metropolitano.
Entretanto, ao longo dos anos outras ações deverão ser tomadas e o município deverá se
preparar para desempenhar seu papel como membro dessa entidade que tem grande
importância para a tomada de decisão sobre serviços de interesse comum, entre eles o
saneamento básico.
E vale lembrar que no caso do saneamento básico, por ter relação direta com o meio ambiente,
primeiro, por depender de sua qualidade, no caso do abastecimento de água, e segundo, por
interferir em sua qualidade, no caso dos resíduos sólidos, do esgotamento sanitário e da
drenagem e manejo de águas pluviais, a dimensão do interesse coletivo fica muito evidente e se
torna um grande desafio, que está, com certeza, para além das regiões metropolitanas.
As funções descritas acima estão organizadas no quadro abaixo, indicando os responsáveis
atualmente pelo planejamento, regulação, prestação dos serviços, fiscalização e controle social
dos serviços de abastecimento de água, esgotamento sanitário e drenagem e manejo de águas
pluviais urbanas no município de Camaçari. Ressalta-se que a componente resíduos limpeza
urbana conforme já informado é alvo de um Plano especifico, logo não está contemplada nesse
relatório.
Quadro 4 - Funções da Gestão e Entidades responsáveis no abastecimento de água, esgotamento sanitário e drenagem e manejo de águas pluviais urbanas
Função Quem pode ser o responsável? Entidade em Camaçari
Abastecimento de água
Esgotamento sanitário
Drenagem urbana
Planejamento Titular PMC (SEDUR)
PMC (SEDUR)
PMC (COS/SEDUR, CMC/SEINFRA e Defesa Civil)
Regulação Titular, que também pode delegar a:
AGERSA AGERSA -
37
Função Quem pode ser o responsável? Entidade em Camaçari
Abastecimento de água
Esgotamento sanitário
Drenagem urbana
- Ente ou órgão regulador municipal ou estadual - Consórcio
Fiscalização
Titular que pode delegar a: AGERSA e PMC (DEVISA/SESAU, COF/SEDUR) e SESAB
AGERSA e PMC (COF/SEDUR)
PMC (COF/SEDUR) e SEINFRA)
- Conselho Municipal
- Ente ou órgão regulador municipal ou estadual - Consórcio
Prestação dos Serviços
Titular que pode delegar a:
EMBASA e PMC (SEINFRA)
EMBASA e PMC (Defesa Civil)
PMC (SEINFRA - contrato com a empresa Santa Cruz Engenharia Ltda)
- Órgão ou entidade do titular a quem se tenha atribuído por lei a competência de prestar o serviço público. - Órgão ou entidade de consórcio público ou de ente da Federação com quem o titular celebrou o convênio de cooperação, desde que delegada a prestação por meio de contrato de programa. - Órgão ou entidade a quem se tenha delegado a prestação dos serviços por meio de concessão.
AGERSA - Agência Reguladora dos Serviços de Saneamento da Bahia.
CMC/SEINFRA - Conservação e Manutenção da Cidade / Secretaria de Infraestrutura
COF/SEDUR - Coordenadoria de Fiscalização / Secretaria de Desenvolvimento Urbano
COS/SEDUR - Coordenadoria de Ocupação do Solo / Secretaria de Desenvolvimento Urbano
DEVISA/SESAU - Departamento de Vigilância à Saúde / Secretaria de Saúde
EMBASA - Empresa Baiana de Águas e Saneamento S.A
PMC - Prefeitura Municipal de Camaçari
SEDUR - Secretaria de Desenvolvimento Urbano
SEINFRA - Secretaria de Infraestrutura
SESAB - Secretaria de Saúde do Estado da Bahia
Fonte: Saneando Projetos e Consultoria, 2016.
38
3. DIAGNÓSTICO DOS SERVIÇOS DE SANEAMENTO DE CAMAÇARI
No município de Camaçari, os principais atores na gestão dos serviços de abastecimento de
água, esgotamento sanitário e drenagem e manejo de águas pluviais urbanas são: Secretaria de
Desenvolvimento Urbano (SEDUR), Secretaria de Infraestrutura (SEINFRA), Secretaria de
Ordem Pública e Sustentabilidade (SEOPS)/Defesa Civil, Empresa Baiana de Águas e
Saneamento SA (EMBASA), Empresa Santa Cruz Engenharia Ltda, Agência Reguladora dos
Serviços de Saneamento da Bahia (AGERSA) e a Entidade Metropolitana da Região
Metropolitana de Salvador (EMRMS).
Para avaliar a situação destes serviços em Camaçari, inicialmente foram coletados dados
secundários em órgãos como o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Banco de
Dados Agregados do IBGE (Sidra), Banco de Dados do Ministério da Saúde (Datasus),
Superintendência de Estudos Econômicos e Sociais da Bahia (SEI), Sistema Nacional de
Informações sobre Saneamento (SNIS), dentre outras fontes.
Foram realizados também contatos telefônicos, visitas técnicas, reuniões e aplicação de
questionários com os principais atores da gestão dos serviços de saneamento básico em
Camaçari, como: Instituições Públicas da Prefeitura de Camaçari-BA (Secretaria de
Desenvolvimento Urbano; Secretaria de Saúde; Secretária de Ordem Púbica e
Sustentabilidade/ Defesa Civil, Secretaria de Assistência Social); Empresa Baiana de Águas e
Saneamento SA (EMBASA); Instituto de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Inema);
Companhia de Engenharia Ambiental e Recursos Hidricos da Bahia, líderes de bairros e
sociedade civil. Todas as informações técnicas foram confrontadas com as coletadas junto a
população durante a realização dos eventos participativos.
A partir da análise destes dados, apresentados detalhadamente nos Produtos 4, 5 e 6 –
Diagnóstico dos Serviços de Abastecimento de Água, Esgotamento Sanitário e Drenagem
e Manejo de Águas Pluviais Urbanas, foram avaliados o planejamento, a regulação, a
fiscalização e a prestação destes serviços em Camaçari.
39
3.1. COMO ESTÁ O PLANEJAMENTO DOS SERVIÇOS DE SANEAMENTO EM
CAMAÇARI?
O planejamento das ações pela Lei de Saneamento é de responsabilidade da Prefeitura
Municipal, e não pode ser delegado a outro ator. Em Camaçari, identificou-se que não há uma
rotina de planejamento dos serviços de abastecimento de água, esgotamento sanitário e
drenagem e manejo de águas pluviais urbanas, sobretudo pelo fato de até o momento o
município não possui um PMSB vigente para nortear as ações de saneamento básico. Elaborar
este documento, então, representa a primeira experiência do município no que se refere ao
planejamento desta área, o que traz grandes desafios, frente às diversas lacunas existentes.
Portanto, a partir do momento em que o município possuir o seu PMSB, poderá indicar uma
secretaria para assumir o papel de articulação do planejamento das ações de saneamento
básico. Tal atribuição poderá ser delegada a alguma secretaria já existente, como a Secretaria
de Desenvolvimento Urbano, criando uma coordenação de saneamento, que irá atuar em
parceria com todos os órgãos que possuem interface com o saneamento básico.
Os planejadores possuem a função de dar suporte ao chefe do executivo nos encaminhamentos
e decisões relativos à gestão do saneamento básico, dando maior condição de acompanhar a
situação do saneamento em todo o território do município, acompanhar a implementação do
plano, manter o planejamento como uma atividade rotineira, fazer o preenchimento e
acompanhamento do sistema de informação municipal, acompanhar as atividades da regulação
e fiscalização, promover os espaços de participação social, além de manter uma prática de
trabalhar em conjunto com as diferentes secretarias do município com ações relacionadas aos
serviços de saneamento básico.
Também, cabe destacar que o município faz parte da Região Metropolitana de Salvador - RMS,
e com isso possui algumas especificidades que regem a sua gestão, que lhe trarão o grande
desafio do planejamento compartilhado e coletivo.
A seguir será apresentada a situação atual do planejamento dos serviços de serviços de
abastecimento de água, esgotamento sanitário e drenagem e manejo de águas pluviais urbanas,
visto que o serviço de manejo de resíduos sólidos e limpeza pública já foi abordado no PMGIRS.
Abastecimento de Água
Como o município não desenvolve as ações de planejamento de maneira satisfatória, as
decisões voltadas para o abastecimento de água potável são tomadas com o único intuito de
40
sanar as demandas imediatas, sem uma análise detalhada das consequências futuras destes
atos.
Na Secretaria de Desenvolvimento Urbano - SEDUR, a Coordenadoria de Ocupação do Solo -
COS é a responsável pela emissão do alvará de construção de novas obras no município. Para
emissão do alvará, a COS solicita, entre outros documentos, a carta de viabilidade de
abastecimento de água emitida pela EMBASA, que por sua vez analisa apenas se a rede atual
da área em questão possui capacidade para atender esta demanda adicional. Com isso,
observa-se que o planejamento da oferta de abastecimento é, de certa forma, negligenciado pela
prefeitura, que assume uma postura passiva em relação ao que determina a prestadora do
serviço, postura que deve se modificar.
Como a emissão de alvará é a única forma com que o município controla as novas demandas de
abastecimento de água, conclui-se que o planejamento das ações voltadas a esta componente
de saneamento básico encontra-se em uma situação crítica, visto que o titular desta atividade
indelegável não possui a infraestrutura necessária para o seu bom funcionamento.
Ficou claro durante as entrevistas realizadas com as secretarias e com a prestadora do serviço
que a falta de estruturação da gestão traz para o município consequências negativas, quando
interesses específicos são colocados acima de interesses coletivos, o que enfraquece a
capacidade de resposta do poder público frente às demandas oriundas da realidade da
população, a exemplo da falta de assistência aos assentados em ocupação irregular.
Esgotamento sanitário
Mesmo sem o planejamento implementado na rotina das secretarias que possuem atuação nos
serviços de esgotamento sanitário, serão descritas a seguir ações pontuais realizadas pela
SEDUR que contribuem para esta função da gestão.
Na Secretaria de Desenvolvimento Urbano (Sedur), a Coordenadoria de Ocupação do Solo
(COS) é a responsável pela emissão do alvará de construção de novas obras no município. Para
emissão do alvará, a COS solicita, entre outros documentos, a carta de viabilidade de
esgotamento sanitário emitida pela Embasa.
A solicitação para a análise de viabilidade do esgotamento sanitário em Camaçari é obrigatória
em empreendimentos Residenciais ou Comerciais com o número de economias maior ou igual a
5 e empreendimentos Industriais ou Públicos.
Para empreendimentos residenciais (condomínios) e comerciais (pousadas e hotéis) a Embasa
tem requerido a implantação de Estações de Tratamento de Esgoto Compactas em locais sem
rede coletora de esgoto, porém verifica-se principalmente ao longo da orla do município que
41
existem condomínios, hotéis e pousadas construídos em locais que não tem rede de esgoto e
que não foram implantados ETEs Compactas, e mesmo assim foram construídos e ocupados.
Além disso, a Coordenadoria de Meio Ambiente (CMA) cumpre a função de análise de pareceres
e desenvolve ações de licenciamento de atividades e empreendimentos de potencial impacto ao
meio ambiente.
Drenagem e Manejo de Águas Pluviais Urbanas
Mesmo sem o planejamento implementado na rotina das secretarias que possuem atuação nos
serviços de drenagem e manejo de aguas pluviais urbanas, estas serão descritas a seguir,
destacando ações pontuais realizadas que contribuem para esta função da gestão.
A Secretaria de Desenvolvimento Urbano (SEDUR) dentro do seu escopo possui como função a
ordenação de uso e ocupação do solo, utilizando-se dos instrumentos legais, sobretudo do
PDDU, que é uma das principais contribuições para o planejamento dos serviços de drenagem e
manejo de águas pluviais urbanas.
Entretanto, a atuação dessa secretaria se restringe às ações da Coordenadoria de Ocupação do
Solo - COS, responsável pela emissão do alvará de construção de novas obras e da
Coordenadoria de Meio Ambiente que cumpre a função de análise de pareceres e desenvolve
ações de licenciamento de atividades e empreendimentos de potencial impacto ao meio
ambiente.
Para emissão do alvará, a COS avalia o projeto arquitetônico do empreendimento e avalia se o
sistema de drenagem implantado no mesmo é suficiente para atender a demanda do
escoamento de aguas pluviais do empreendimento. Não é avaliado o sistema de drenagem
externo ao empreendimento, o que incide na possibilidade do sistema de drenagem a jusante
não suportar a nova demanda de água pluvial e acabar inundando ou alagando.
Em relação ao planejamento de ações de proteção, conservação e recuperação dos mananciais
do município, existem eventos pontuais desenvolvidos pela SEDUR através da Coordenadoria
de Meio Ambiente, como o projeto “Biomangue” de limpeza dos manguezais, ou eventos de
plantio de mudas em áreas específicas, sendo estes de cunho educativo.
A Secretaria de Infraestrutura (SEINFRA), assim como a SEOPS não desenvolve nenhuma ação
efetiva de planejamento. Esta última por meio da Defesa Civil (órgão subordinado), instalada na
sede do município no mesmo local do corpo de bombeiros e na orla junto à Prefeitura Avançada
de Abrantes, executa as ações de emergência e contingência aos agravos decorridos.
42
O Sistema Nacional de Defesa Civil (Sindec), em seu artigo 3º, inciso I, encarregou-se de
conceituar defesa civil como sendo “o conjunto de ações preventivas, de socorro, assistenciais e
recuperativas destinadas a evitar ou minimizar os desastres, preservar a moral da população e
restabelecer a normalidade social”.
Ressalta-se que no município de Camaçari, no âmbito da drenagem urbana, a atuação da
equipe da Defesa Civil é no sentido de socorrer a população das consequências (alagamento,
inundação e deslizamento de terra). Por meio do Call Center (199) a população entra em contato
com a Defesa Civil que registra as informações do endereço e o ocorrido no local e envia
técnicos para avaliar a situação e adotar as medidas cabíveis.
Para resposta às emergências relacionadas ao sistema de drenagem urbana, como inundações
e deslizamentos, foi elaborado em 2012 o Plano de Contingência a Inundações e deslizamentos
de Camaçari (PLANCON), que foi atualizado em 2014, cuja responsabilidade de organização
das suas ações é da Defesa Civil.
3.2. COMO ESTÁ A REGULAÇÃO E A FISCALIZAÇÃO DOS SERVIÇOS DE
SANEAMENTO EM CAMAÇARI?
A regulação, que consiste na criação de normas que disciplinem ou organizem a prestação do
serviço, mostra-se pouco efetiva no município de Camaçari. Esta função da gestão do
saneamento também deve regular a fixação e revisão do valor das tarifas. O mesmo acontece
com a fiscalização que verifica se estas normas estão sendo atendidas.
Após a promulgação da Lei Complementar nº 41, que institui a Entidade Metropolitana da RMS,
ficou definido que a regulação e a fiscalização dos serviços de saneamento básico nos
municípios integrantes da RMS seriam feitas por uma entidade estadual, no caso, a Agência
Reguladora de Saneamento Básico do Estado da Bahia (Agersa), enquanto não houvesse
disposição contrária do Colegiado Metropolitano.
A Agersa é uma Autarquia em Regime Especial vinculada à Secretaria Estadual de Infraestrutura
Hídrica e Saneamento (SIHS) e tem a competência de exercer as atividades de regulação e
fiscalização dos serviços públicos de saneamento básico, mediante delegação, competindo-lhe
exercer as atividades previstas pelas Diretrizes Nacionais do Saneamento Básico (Lei Federal nº
11.445/07) e Política Estadual de Saneamento Básico, instituída pela Lei Estadual nº 11.172/08.
Apesar de, por lei, esta agência ter a competência de regular e fiscalizar os serviços públicos de
saneamento básico de Camaçari, atualmente, a AGERSA atua somente na atividade de
regulação para as componentes de abastecimento de água e esgotamento sanitário, não
43
desenvolvendo atividades de regulação para a drenagem e manejo de águas pluviais urbanas e
nem para o manejo de resíduos sólidos e limpeza urbana.
Segundo a Agersa, em reunião realizada no dia 08 de outubro de 2015, a autarquia ainda não
tem estrutura para regular todos os municípios da Bahia em todos os componentes do
saneamento básico, e tem trabalhado em função da demanda por meio de denúncias que são
feitas através do canal de ouvidoria da agência (tel. 0800 075 3226).
Figura 10 - Reunião realizada na AGERSA no dia 08 de outubro de 2015, com representantes do Comitê de Coordenação, da Saneando e da Agersa.
Fonte: Sanendo Projetos e Consultoria, 2015.
Esta autarquia substituiu a antiga Comissão de Regulação dos Serviços Públicos de
Saneamento Básico do Estado da Bahia – CORESAB, adquirindo todas as suas atribuições e
atuando com base nos termos estabelecidos na Lei Estadual nº 12.602/2012. Dentre as
competências mencionadas na referida Lei, destacam-se:
Exercer as atividades de regulação e fiscalização dos serviços públicos de saneamento
básico, no âmbito do Estado da Bahia;
Estabelecer padrões e normas para a adequada prestação dos serviços de saneamento
e satisfação dos usuários;
Definir, reajustar e revisar tarifas de modo a permitir a sustentabilidade econômico –
financeira dos contratos de prestação dos serviços.
Como mencionado, a AGERSA incorporou o acervo documental da antiga CORESAB, incluindo
a Resolução CORESAB Nº 01/11, que dispõe sobre condições gerais de prestação e utilização
dos serviços de abastecimento de água e esgotamento sanitário. Nesta resolução é definida a
44
competência da prestadora do serviço de abastecimento de água, os critérios para execução de
ligações, os parâmetros para prazos de execução de serviços, tarifação, faturamento, operação
e manutenção, entre outras definições.
A fiscalização refere-se às atividades de acompanhamento, monitoramento, controle, avaliação e
de aplicação de penalidades no sentido de garantir a prestação dos serviços de saneamento
básico com qualidade e em quantidade satisfatória. Ainda a fiscalização é realizada de modo a
garantir o atendimento às diretrizes, normas e padrões do ente regulador, que dá elementos
para a realização da atividade do ente fiscalizador.
Como em Camaçari a regulação e fiscalização é atribuição de ente estadual, conforme preconiza
o Art. 20 da Lei de criação da EMRMS, atualmente tem-se a AGERSA como ente a cumprir essa
atribuição. No artigo 2º da Lei Estadual nº 12.602/12 que cria a AGERSA, define-se as
atribuições dessa entidade referentes à fiscalização dos serviços de saneamento básico, a
exemplo dos incisos XI e XIV destacados a seguir:
XI - fiscalizar a prestação dos serviços públicos de saneamento básico, incluídos
mediante inspeção in loco ou através de dados e informações fornecidos pelos
prestadores de serviços de saneamento básico, tais como os referentes à administração,
contabilidade, recursos técnicos, econômicos e financeiros desses serviços;
XIV - fiscalizar os contratos de programa que tenham por objeto a prestação dos serviços
de saneamento básico, inclusive quanto ao cumprimento das disposições dos respectivos
planos de saneamento básico.
Conforme já descrito anteriormente, atualmente a AGERSA fiscaliza apenas os serviços de
abastecimento de água e esgotamento sanitário. Segundo a AGERSA (2015), a fiscalização
realizada pela agência compreende as seguintes atividades:
1. Solicitação prévia de informações à Embasa para planejamento dos trabalhos de
campo;
2. Coleta de informações através de dados secundários e entrevistas;
3. Vistoria técnica, levantamentos em campo e registro fotográfico; e,
4. Análise e avaliação documental.
Todas essas atividades elencadas resultam no relatório de fiscalização que fica disponível no
seu site (http://www.agersa.ba.gov.br/?page_id=486). Ao analisar o relatório de fiscalização da
AGERSA nos sistemas de abastecimento de água e esgotamento sanitário de Camaçari,
elaborado em junho de 2014, notou-se que este prioriza o levantamento de não-conformidades,
principalmente no tocante a itens de segurança, verificando se está de acordo com a base legal.
45
As verificações apresentadas neste relatório são baseadas em informações fornecidas pela
própria prestadora do serviço, e assim, as informações que não são apresentadas não são
analisadas.
Segundo informações dos técnicos da AGERSA, em reunião realizada em outubro de 2015,
após emissão destes relatórios, a Prestadora (Embasa) possui 120 dias para atender as
determinações e 30 dias para manifestar-se através de relatório técnico, informando se as
determinações foram atendidas ou justificando o motivo do não atendimento. Esses relatórios
respostas da Embasa ficam disponíveis no site da Embasa
(http://www.Embasa.ba.gov.br/institucional/fiscaliza%C3%A7%C3%A3o-agersa) e no site da
AGERSA também existe um link que direciona o interessado a acessar a mesma informação.
Foi questionado se existe algum mecanismo de autuação por parte da AGERSA, caso a
EMBASA não atenda as não–conformidades destacadas nos seus relatórios e a resposta foi
negativa, alegando que o objetivo do ente fiscalizador não é aplicar multa na empresa e sim
melhorar os serviços prestados e que no geral a embasa tem atendido na medida do possível as
determinações sinalizadas nos relatórios, pois existe uma alocação de recursos para os
sistemas quando sinalizadas não-conformidades pela AGERSA. Além disso, foi reforçado que se
trata de uma empresa de economia mista, com 99% de capital público, que faz subsidio cruzado,
logo deve ser fortalecida cada vez mais para prestar um serviço de qualidade para toda a
população não apenas de Camaçari, mas de todos os municípios onde tem a concessão.
Foi informado pelo Diretor de Fiscalização que recentemente foi licitada a empresa para elaborar
o Manual de Fiscalização dos Serviços de Abastecimento de Água e Esgotamento Sanitário,
entretanto para os serviços de drenagem e manejo de águas pluviais urbanas e manejo de
resíduos sólidos e limpeza urbana não foi feita a licitação para elaboração dos seus respectivos
Manuais de Fiscalização. Segundo os técnicos, este manual tem por objetivo dar maior
praticidade e agilidade ao processo de fiscalização, para que se possa expandir as atividades de
fiscalização para os demais municípios que a EMBASA presta o serviço, visto que a Agersa
possui um corpo técnico extremamente reduzido, sendo nenhum destes efetivos, evidenciando a
fragilidade que as atividades desenvolvidas pela AGERSA estão submetidas.
Assim, percebeu-se que o corpo técnico atualmente alocado na Agersa, apesar de não
configurar um vínculo efetivo, têm força de vontade para desenvolver as atividades e expandi-las
para outros municípios, fator este que deve ser valorizado e aproveitado para fortalecer a
Agência no estado da Bahia. Esse fortalecimento é fundamental para que a agência passe a
cumprir o papel para o qual foi criada, regular os serviços de saneamento básico e não apenas
46
abastecimento de água e esgotamento sanitário, como vem ocorrendo desde sua criação, onde
as componentes de drenagem e resíduos sólidos vem sendo esquecidas.
No âmbito municipal existem algumas ações pontuais de fiscalização dos serviços de
abastecimento de água, esgotamento sanitário e drenagem e manejo de águas pluviais urbanas,
que são descritas a seguir:
No âmbito municipal podem ser considerados como instrumentos que contribuem para a
fiscalização do serviço de abastecimento de água, a vigilância da qualidade da água de
consumo humano, realizada pelo Departamento de Vigilância à Saúde – DEVISA, vinculada à
Secretaria de Saúde – SESAU, e a emissão de alvará de construção e habite-se pela
Coordenadoria de Fiscalização – COF, que integra a Secretaria de Desenvolvimento Urbano –
SEDUR. Por fim, existem também ações pontuais de fiscalização, através das ações da
Secretaria de Saúde do Estado da Bahia – SESAB.
As ações do DEVISA ocorrem por meio de 4 coordenações, sendo elas: Vigilância Sanitária e
Ambiental, Vigilância Epidemiológica, Centro de Referência em Saúde do Trabalhador e Centro
de Controle de Zoonoses. Destas coordenações, a fiscalização no âmbito de abastecimento de
água ocorre principalmente pela coordenação de Vigilância Sanitária e Ambiental – VISA.
A atuação da Visa refere-se vigilância do controle da qualidade da água de consumo humano
advinda de alguns sistemas, não contemplando todos, por meio do Programa Viguiágua que
será descrito em item posterior. Embora a Visa possua uma equipe com 20 técnicos, as
demandas são diversas, sendo assim no tocante a vigilância da qualidade da água, foram
identificadas como principais dificuldades do órgão o reduzido número de técnicos e veículos
para deslocamento das equipes.
Outra colaboração no tocante ao controle da qualidade da água de abastecimento, vem da
Secretaria de Saúde do Estado da Bahia – SESAB. A fiscalização ocorre de maneira pontual e
sem a devida comunicação com a prestadora de serviço, visto que a fiscalização é realizada
sem cronograma, sem aviso prévio e sem a presença dos responsáveis pelo sistema.
Entretanto, essa fiscalização também contribui no volume de informações geradas em âmbito
municipal.
Já a fiscalização realizada pela COF, vinculada à SEDUR, é exercida de modo a garantir que o
processo de emissão de documentos necessários para novas construções (alvará de
construção) e ocupação de obras concluídas (habite-se) transcorra sem irregularidades, sendo
então um setor cujas demandas são vinculadas à Coordenadoria de Ocupação do Solo. A COF
fiscaliza em campo se as obras autorizadas estão ocorrendo conforme os documentos
47
apresentados à COS, como plantas e projetos. Ainda, o coordenador da COF afirmou que existe
uma fiscalização ativa, em que os fiscais circulam o município em busca de irregularidades. Esta
atividade é desempenhada por um fiscal alocado para cada um dos 20 setores de fiscalização,
sendo 13 na sede e 7 na orla, mas o coordenador de fiscalização acredita que a quantidade de
fiscais não é suficiente para atender à demanda do município.
Diante do exposto, verifica-se que a fiscalização desempenhada pela SEDUR, por meio da COF,
ocorre com o objetivo de constatar que os documentos processuais burocráticos não sejam
destoantes com a realidade executada pelos empreendedores / construtores. Assim, infere-se
que esta fiscalização pode contribuir para a atividade de fiscalização específica para o
saneamento básico, orientando as direções de crescimento, as tendências de ocupação, as
demandas solicitadas, o que ajuda no planejamento e cumprimento de metas e objetivos
referente ao abastecimento de água, esgotamento sanitário e drenagem e manejo de águas
pluviais urbanas.
No âmbito municipal existem também ações pontuais de fiscalização que se referem às obras
em andamento. A Secretaria de Habitação (SEHAB) fiscaliza atualmente as obras de
reurbanização do Rio Camaçari que estão sendo executadas por uma empresa terceirizada e a
SEINFRA acompanha as obras de implantação do SES. Entretanto é importante destacar que
esse tipo de ação não é considerado fiscalização como uma das funções da Gestão, que possui
todas as suas particularidades.
Com relação ao serviço de drenagem e manejo de águas pluviais urbanas, a SEINFRA fiscaliza
as atividades de manutenção e/ou construção do sistema de drenagem, desenvolvidas pela
empresa terceirizada, Santa Cruz. Ressalta-se que essa fiscalização é realizada apenas por 02
(dois) funcionários, que realizam a vistoria em todo o município, o que acaba sobrecarregando a
fiscalização e podendo torná-la menos criteriosa, o que foi ratificado pelos funcionários, que
alegam que existe sobrecarga de trabalho e uma necessidade de aumentar o número de fiscais.
Neste arranjo fiscalizatório, foram verificadas falhas de comunicação entre os atores citados,
nesse sentido ressalta-se a importância de haver maior integração entre as entidades da
prefeitura municipal, assim como do órgão do estado, a Agersa.
3.3. COMO ESTÁ A PARTICIPAÇÃO E O CONTROLE SOCIAL DOS SERVIÇOS DE
SANEAMENTO EM CAMAÇARI?
O Conselho Municipal da Cidade, chamado de Concidade, criado a partir da Lei nº 1.115/2010, é
a instância de controle social que possui Câmara Técnica específica para o saneamento. O
48
Conselho é presidido pelo titular da Sedur e composto por 17 membros e seus suplentes. Seu
caráter é deliberativo, consultivo e fiscalizador, possuindo representantes do poder público e da
sociedade civil.
O conselho tem por objetivo formular diretrizes para o desenvolvimento urbano de Camaçari,
assim como monitorar e avaliar a execução dos programas. Mesmo o saneamento sendo objeto
de discussão no Conselho, as principais discussões estão voltadas às atividades cuja
titularidade é da Sedur.
Os conselheiros são eleitos na Conferência das Cidades de Camaçari, que acontece de 3 em 3
anos, reunindo os principais líderes dos movimentos sociais, representantes dos órgãos públicos
municipais, estaduais e federal, representantes dos trabalhadores, do empresariado, das ONGs,
das entidades profissionais e de ensino, entre outros.
Contudo, o Conselho não abarca todos os atores envolvidos no saneamento do município, não
atendendo o que preconiza a lei federal de saneamento. Segundo esta lei, o controle social deve
incluir o titular dos serviços, os órgãos governamentais relacionados a área de saneamento
básico, os prestadores de serviços públicos de saneamento básico, os usuários de serviços de
saneamento básico, e as entidades técnicas, organizações da sociedade civil e de defesa do
consumidor relacionadas a área de saneamento básico.
Assim, cabe a criação de um Grupo Temático contemplando os atores envolvidos no
saneamento do município, exigido por lei, e vinculando este GT à Câmara Técnica de
Saneamento do Concidades.
Uma outra forma de interação entre os diferentes atores existente no município de Camaçari, no
âmbito do abastecimento de água e esgotamento sanitário é a Comissão de Acompanhamento
da Obras – CAO, que tem como secretaria executiva o Instituto de Desenvolvimento Cientifico e
Tecnológico (IDETEC) que presta serviço para a EMBASA. Segundo técnica do IDETEC, a CAO
tem como objetivo principal garantir a participação e representatividade do poder público e
sociedade civil no acompanhamento da obra e do projeto social, contribuindo assim com o
processo de disseminação das informações, discutindo e avaliando as questões ambientais
locais.
Esta comissão iniciou suas atividades em junho de 2014 e sua criação é regulamentada de
acordo com o cap. III do art. 47 da Lei Federal nº 11.445/207, além do seu regimento interno,
definido pela EMBASA, que regulamenta o exercício dos membros da CAO do Sistema de
Abastecimento de Água – SAA e do Sistema de Esgotamento Sanitário - SES, sendo todos os
seus membros voluntários.
49
A CAO possui como principais atribuições a fiscalização das obras dos bairros beneficiados com
a ampliação do SAA e SES, a atuação junto à comunidade de modo a refletir a importância dos
projetos e os seus benefícios e articular com a equipe social da contratada informando sobre
situações que porventura venham a prejudicar o andamento das obras.
A CAO realiza as suas reuniões de planejamento mensalmente as quintas feiras e divulga as
atividades discutidas nestas reuniões nos encontros das associações de bairro que a CAO
representa. A principal dificuldade enfrentada por essa comissão é ter uma participação
significativa da comunidade nas reuniões.
Vale salientar que a estrutura de formação da CAO do SAA segue os mesmos padrões da CAO
do SES, inclusive ambas possuem os mesmos membros.
Portanto, conclui-se que o município de Camaçari não possui ainda um efetivo controle social
para os serviços de saneamento básico. Nesse caso, considera-se necessária a viabilização de
uma estrutura organizada de controle social para o mesmo, já que a falta de um controle social
estruturado e atuante, facilita a priorização dos interesses políticos e empresariais em detrimento
aos interesses da sociedade, o que enfraquece a participação e iniciativas populares.
3.4. COMO ESTÁ A PRESTAÇÃO DOS SERVIÇOS DE ABASTECIMENTO DE ÁGUA
EM CAMAÇARI?
No município de Camaçari, os principais atores na prestação do serviço de abastecimento de
água são: a Empresa Baiana de Águas e Saneamento (Embasa) e a Secretaria de Infraestrutura
(SEINFRA) para áreas rurais onde existem sistemas implantados pela Companhia de
Engenharia Ambiental e Recursos Hídricos da Bahia (CERB).
Para análise, a prestação do serviço foi dividida, conforme segue:
a) Cobertura do Serviço de Abastecimento de Água;
b) Perdas nos Sistemas de Abastecimento de Água da Embasa;
c) Controle da Qualidade da Água de Consumo Humano;
d) Avaliação dos Mananciais de Abastecimento;
Cada um destes itens foi analisado separadamente, contendo uma breve introdução, os fatores
determinantes no Déficit de Atendimento, Suas Causas E Consequências.
50
3.4.1. Cobertura do Serviço de Abastecimento de Água
Segundo dados do IBGE (2010) apresentados na Tabela 10, 93,38% dos domicílios do
município de Camaçari possuem acesso à rede geral, enquanto 4,55% utilizam poço ou
nascente (fora ou dentro da propriedade), 0,14% obtém água por captação direta em rio, açude,
lago ou igarapé e 1,92% utilizam outras fontes.
Tabela 10 – Domicílios por tipo de abastecimento de água (2010).
Distrito Total Rede geral
Poço ou Nascente
Rio, açude, lago ou igarapé
Outra
Domicílios % Domicílios % Domicílios % Domicílios %
Camaçari 50.414 48.657 96,51 903 1,79 41 0,08 813 1,61
Abrantes 14.619 13.081 89,48 1.336 9,14 6 0,04 196 1,34
Monte Gordo 8.958 7.357 82,13 1.129 12,60 60 0,67 412 4,60
TOTAL 73.991 69.095 93,38 3.368 4,55 107 0,14 1.421 1,92
Fonte: IBGE, Censo Demográfico 2010.
É possível observar, ainda de acordo com os dados apresentados na Tabela 10, que todos os
distritos possuem atendimento por rede geral de abastecimento em mais de 80% dos domicílios
contabilizados, sendo a sede municipal o distrito com maior taxa de atendimento, com
aproximadamente 97% do total. Por outro lado, sendo o distrito com menor índice de
atendimento por rede geral, Monte Gordo reflete a maior incidência de domicílios abastecidos
por outros meios, como poços, se comparado com os demais. Estima-se que este dado é reflexo
da facilidade em que os munícipes possuem em perfurar poços rasos escavados para captar
água com histórico de boa qualidade.
A cobertura por rede geral ocorre sobretudo por meio de seis sistemas operados pela Embasa, a
saber: SLAA Camaçari o; SLAA Parafuso; SIAA Machadinho; SIAA Jordão; SIAA Barra do
Pojuca que atende apenas a localidade de Barra do Pojuca pertencente a Camaçari; SSAA
Canto dos Pássaros, atendendo à zona urbana e adjacências da sede municipal e dos demais
distritos. O atendimento da zona rural dispersa é realizado por meio de Sistemas Integrados de
Abastecimento de Água – SIAA implantados pela Companhia de Engenharia Hídrica e
Saneamento da Bahia – CERB (SSAA Estrada de Maracaiúba, implantado em 2010; SIAA
Lagoa Seca, implantado no segundo semestre de 2014; e o SIAA Rancho Alegre que está
desativado desde meados de 2014, devido a ligações irregulares na rede elétrica) e de soluções
individualizadas, na maioria das vezes sem tratamento e o abastecimento industrial pelo SAA da
CETREL, SAA Ford e sistemas particulares.
É importante destacar as dificuldades associadas a operação desses sistemas implantados pela
CERB, visto que a Prefeitura não quer se responsabilizar, com isso solicita a Embasa que
51
assuma o sistema e esta alega que o sistema não adequa aos seus padrões técnicos, com isso
o sistema é entregue a comunidade, para ser operado por um voluntário, normalmente um
presidente de associação de moradores, que recebe um treinamento básico por um técnico da
CERB.
Sendo assim a SEINFRA ignorando que o sistema é de sua responsabilidade, não envia
nenhum funcionário para realizar manutenções preventivas nas infraestruturas, quando ocorre
de um equipamento danificar este voluntário da comunidade entra em contato com a SEINFRA e
esta solicita a CERB, que fornece o equipamento mais não instala, logo tem que pedir a auxilio a
EMBASA para fazer a instalação. Todo esse processo demora um tempo significativo, por
exemplo o SIAA ficou 9 meses sem funcionar, devido ao rompimento de um dos reservatórios, e
posteriormente outros problemas em outras infraestruturas. Desses sistemas implantados pela
CERB e que ficaram sob responsabilidade da SEINFRA, apenas o que atende a localidade
Estrada de Maracaiuba segundo a Seinfra não é comum problemas na operação e nos
equipamentos, entretanto em visita técnica realizada foi observado vestígios de falta de
manutenção, como crescimento de vegetação invasora e tubulações oxidadadas.
O mapa de abrangência desses sistemas e os respectivos croquis são apresentados a seguir.
Figura 11 - Área de abrangência dos SAA de Camaçari.
52
Elaboração: Saneando Projetos de Engenharia e Consultoria, 2015.
53
Figura 12 - Croqui do SLAA Camaçari.
Fonte: Adaptado Embasa, 2014.
Figura 13 - Croqui Sistema SLAA Parafuso
Fonte: Adaptado Embasa, 2014.
Figura 14 - Croqui Sistema SIAA Machadinho.
Fonte: Adaptado Embasa, 2015.
54
Figura 15 - Croqui SIAA Jordão.
Fonte: Adaptado Embasa, 2015.
Figura 16 - Croqui SIAA Barra do Pojuca.
Fonte: Adaptado Embasa, 2015.
Figura 17 - Croqui SSA Canto dos Pássaros.
Fonte: Adaptado CERB, 2014.
55
Figura 18 - Croqui SIAA Lagoa Seca.
Fonte: Adaptado CERB, 2015.
Figura 19 - Croqui SSAA Maracaiuba.
Fonte: Adaptado CERB, 2015.
Figura 20 - Croqui SIAA Rancho Alegre
.
Fonte: Adaptado CERB, 2014.
Observa-se pelos croquis apresentados que todos os sistemas de abastecimento de água de
Camaçari a captação é subterrânea, com exceção do SIAA Barra do Pojuca cuja captação
ocorre no rio Pojuca. Tal fato é reflexo da exploração do manancial subterrâneo denominado
56
Aquífero São Sebastião, que possui grande vazão disponível e boa qualidade de água bruta,
reduzindo assim os custos com tratamento da água.
Além do abastecimento humano, existe no município de Camaçari outra demanda significativa,
que é para abastecimento industrial, visto que está localizado em seu território o maior complexo
industrial integrado do Hemisfério Sul, o Polo tem mais de 90 empresas químicas, petroquímicas
e de outros ramos de atividade como indústria automotiva, de pneus, celulose solúvel,
metalurgia do cobre, têxtil, fertilizantes, energia eólica, fármacos, bebidas e serviços. Para tanto,
o suprimento de água é realizado através do SAA Polo industrial operado pela Cetrel, do sistema
do Complexo Ford e outros sistemas particulares.
Figura 21 - Croqui do SAA do Polo Industrial.
Fonte: Adaptado Cetrel, 2015.
Figura 22 - Croqui do SAA FORD.
Fonte: Adaptado Embasa, 2015.
a) Fatores Determinantes
Os fatores determinantes para a análise da cobertura do serviço de abastecimento de água por
rede no município de Camaçari – BA foram os dados disponíveis no IBGE e no SNIS. De acordo
57
com as informações do IBGE (2010), a cobertura por rede geral no município de Camaçari no
ano de 2010 contemplava 93,4% dos domicílios, sendo o distrito Sede (96,51%) que
apresentava maior cobertura como era de se esperar pois consiste basicamente em população
urbana, Abrantes em segundo lugar com 89,48% e Monte Gordo menor cobertura com 82,13%.
A análise da cobertura através do indicador população foi realizada utilizando dados do SNIS,
ressaltando que este refere-se a população atendida pelos sistemas da EMBASA, que consiste
na maioria conforme amplamente discutido no Produto 4, e que se configura na fonte de
abastecimento mais confiável visto que passa por etapa de tratamento e são realizadas analises
de parâmetros de qualidade, conforme estabelece a Portaria MS nº 2.914/11. Segundo o SNIS
em 2010, 216.974 habitantes eram atendidos pelos sistemas da EMBASA, ou seja, 89,3% da
população total de Camaçari que segundo o censo de 2010 era de 242.970 habitantes.
b) Causas
Dessa forma, fica evidente que no município de Camaçari a principal causa do déficit na
prestação do serviço de abastecimento de água pela EMBASA é a dispersão da população em
áreas rurais menos densamente povoadas, como é o caso dos distritos de Abrantes e Monte
Gordo, o que indica dificuldade em ampliar as infraestruturas dos sistemas para contemplar essa
população. Observa-se que os sistemas implantado pela CERB poderiam configurar numa
solução para reduzir o déficit de atendimento, se a SEINFRA assumisse o seu papel, se
responsabilizando pela operação e manutenção desses sistemas ou intermediasse o diálogo
entre a CERB e a Embasa desde a elaboração do projeto até a implantação, exigindo que estes
atendessem aos padrões técnicos da Embasa que ficaria responsável pela operação, visto que
este é o principal argumento da concessionária para não assumir o sistema implantado pela
CERB.
Observa-se que as diretrizes da “universalização” e da “garantia de meios adequados para o
atendimento da população rural dispersa, inclusive mediante a utilização de soluções
compatíveis com suas características econômicas e sociais “peculiares” trazida na PNSB estão
sendo violadas ou não estão se adequando.
c) Consequências
Enquanto isso a população que reside nessas localidades sofre as consequências da falta de
abastecimento por rede de água tratada, ficam na dependência de fontes alternativas de
suprimento de água para atender as necessidades básicas, como captação em poços, rios,
reservação de água da chuva e quem não tem nenhuma fonte alternativa conta com o apoio de
um vizinho que na maioria dos casos são bastante solícitos.
58
É importante destacar que no município de Camaçari a utilização dessas soluções
individualizadas, sobretudo poços perfurados pela própria população, são muito comuns até
mesmo para quem tem acesso a rede da Embasa, para complementar o abastecimento visto
que todos os sistemas operam por manobras, ou seja, não existe água na rede todos os dias,
sendo a situação agravada na orla do município no período do verão pois a população flutuante
aumenta expressivamente.
Devido a intermitência do abastecimento a população tem que fazer a reservação da água,
sendo assim se não forem tomados todos os cuidados necessários com a higienização desses
reservatórios, ele passa a ser um fator determinante para a deterioração da qualidade da água,
após ela chegar no domicilio, e como consequência disso, o risco de ocorrência de doenças,
conforme já abordado no Produto 4.
A utilização de fontes alternativas aliado a outra realidade bastante crítica identificada em
Camaçari, que é a utilização de fossas rudimentares ou negras, como são conhecidas, devido a
baixa cobertura por sistema de esgotamento sanitário, principalmente nos distritos de Abrantes e
Monte Gordo que abrangem a orla, atua como um fator determinante para aumentar os riscos de
consequências a saúde da população, através da ingestão de água contaminada por bactérias
como E. coli, que é indicadora de contaminação por fazes humanas.
Diante do exposto fica evidente que os serviços de abastecimento de água e esgotamento
sanitário do município de Camaçari ainda não estão atendendo completamente aos princípios
fundamentais da Lei 11.445/07, dentre os quais destaca-se a universalização e realização dos
serviços de saneamento de formas adequadas à saúde pública e à proteção do meio ambiente.
3.4.2. Perdas nos Sistema de Abastecimento de Água
As perdas no sistema de distribuição podem ser classificadas em reais, que corresponde ao
volume de água produzido que não chega ao consumidor final, devido à ocorrência de
vazamentos na adutora, redes de distribuição e reservatórios, bem como de extravasamentos
em reservatórios setoriais e aparentes que corresponde ao volume de água consumido, mas não
contabilizado pela companhia de saneamento, decorrente de erros de medição de hidrômetros e
demais tipos de medidores, fraudes, ligações clandestinas e falhas no cadastro. O índice de
perdas na distribuição dos sistemas da Embasa em Camaçari é apresentado na Tabela 11.
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Tabela 11 - Índice de perdas na distribuição por SAA de Camaçari no ano de 2014.
SAA Perdas (%)
SLA Camaçari 44,3
SLA Parafuso 53,1
SIAA Machadinho 52,3
SIAA Jordão 60,0
SIAA Barra do Pojuca 54,3
Fonte: EMBASA, 2014.
Em relação os sistemas implantados pela CERB, não existe nenhum controle desse importante
indicador.
a) Fatores Determinantes
Como fator determinante dessa análise temos elevados índices de perdas, que no ano de 2014
foi superior a 44% em todos os sistemas da Embasa, alcançando 60% no sistema de Jordão, ou
seja, superando a média brasileira que é de aproximadamente 40%, incluindo perdas reais e
aparentes, ficando no patamar das empresas que chegam a 60%, considerado inadmissível em
todos os sentidos.
b) Causas
No município de Camaçari as perdas são grandes gargalos a serem superados, as principais
causas desses índices extremamente elevados são as ligações clandestinas, ou seja, perdas
aparentes visto que é muito comum no município a existência de invasões, além da alta
incidência de vazamentos devido as tubulações antigas, sendo estas conhecidas como perdas
reais.
Nos sistemas implantados pela CERB, a inexistência de controle de perdas, assim como
diversos problema já relatado, está associado ao fato do poder público municipal se eximir de
qualquer responsabilidade, acreditando suficiente o fato do sistema ter sido implantado.
c) Consequências
As consequências das perdas são diversas, a saber: pode ocasionar a redução de pressão do
sistema, não conseguindo atender favoravelmente os moradores; diminui a capacidade da
concessionária de investir em melhorias no serviço que tem a população como maior
beneficiário, pois reflete na sustentabilidade econômico-financeira dos sistemas, uma vez que
aumenta os custos com a produção de água ( produtos químicos, energia elétrica, entre outros);
geram danos ao meio ambiente na medida em que obriga as prestadoras a captarem mais água
60
nos mananciais e buscarem novos mananciais caso os existentes não estejam atendendo a
demanda
3.4.3. Controle da Qualidade da Água de Abastecimento
Segundo a Portaria 2.914/2011 do Ministério da Saúde, a água própria para o consumo humano
é a água potável destinada à ingestão, preparação e produção de alimentos e à higiene pessoal,
ou seja, é aquela que atende aos padrões de potabilidade, sendo estes, estabelecidos na
referida Portaria e que não ofereça riscos à saúde.
Deste modo, para que seja assegurado o cumprimento à Portaria se faz necessário realizar o
controle da qualidade da água por meio de monitoramentos sistemáticos realizados pelo órgão
ou empresa produtora, no caso de Camaçari a Embasa e fiscalizados pela Vigilância Sanitária
Municipal por meio do Programa VIGIÁGUA, estruturado a partir dos princípios do Sistema Único
de Saúde (SUS), onde as ações foram propostas com intuito de minimizar as muitas
enfermidades provocadas pelo consumo da água contaminada.
a) Fatores Determinantes
- Existem poços no SLAA Sede e SIAA Machadinho que não recebem tratamento antes da água
ser encaminhada para os reservatórios;
- A Embasa e a VISA não realizam as análises de qualidade da água na saída dos reservatórios
do SLAA Sede e SIAA Machadinho para verificar se a dosagem de produtos está atendendo a
Portaria 2914/11;
- A Visa não realiza análise da qualidade da água dos sistemas implantados pela CERB,
monitora apenas os sistemas operados pela EMBASA, cujo local de coleta é o mesmo da
EMBASA e alguns sistemas de algumas industrias, classificados como sistema alternativo
coletivo (SAC);
- A Visa não tinha conhecimento de todos os SAC implantados pela CERB no município,
evidenciando a falta de comunicação entre as secretarias municipais, nesse caso a SEINFRA
que é responsável legal pelo sistema e a SESAU;
- A VISA não possui o cadastro de todas as soluções alternativas individuais (SAI) utilizadas pela
população, apenas dos poços das localidades de Massaranduba e Areias;
- A VISA realiza trabalho preventivo na localidade de Massaranduba, visto que foi comprovado a
contaminação por bactéria E. Coli em alguns poços, provavelmente devido as fossas
rudimentares, ambos construídos sem nenhum critério técnico;
61
- A VISA recentemente deu início a ações importantes com a população como por exemplo, feira
de saúde que contempla palestras de cuidados adequados com a água de consumo humano
para evitar contaminação e instruções de como dosar o hipoclorito de sódio que é distribuído
nessa ocasião também.
b) Causas
Segundo a VISA as principais dificuldades enfrentadas para o desenvolvimento das atividades
são: quadro técnico reduzido e falta de suporte em equipamentos, principalmente veículos para
deslocamento da equipe para realizar as inspeções in loco.
Em relação ao fato da VISA não realizar monitoramento da qualidade da agua dos SAC e SAI,
em conversa com um técnico da VISA foi verificado que eles possuem metas a serem cumpridas
de monitoramento de água tratada, logo as que não possuem tratamento que deveriam ser
prioridade devido a maior vulnerabilidade são deixadas em segundo plano.
c) Consequências
As consequências são os riscos de desenvolvimento de doenças associadas ao consumo de
água contaminada, como diarreia, hepatite A, rotavirus, amebíase, entre outras,
Verifica-se que ainda há um longo caminho a ser percorrido, principalmente no que concerne as
ações da VISA, para alcançar os propósitos do Programa VIGUIAGUA, e do Decreto nº 5.440,
de 4 de maio de 2005, que estabelece definições e procedimentos sobre o controle de qualidade
da água de sistemas de abastecimento e institui mecanismos e instrumentos para divulgação de
informação ao consumidor sobre a qualidade da água para consumo humano.
3.4.4. Avaliação dos Mananciais de Abastecimento
Para a oferta dos serviços de abastecimento de água potável, o principal desafio está na
disponibilidade de água no ambiente. Portanto, para conhecer os mananciais do território
municipal de Camaçari, realizou-se uma análise a fim de identificar os possíveis corpos d’águas
superficiais e/ou subterrâneos com potencial de abastecimento, conforme detalhadamente
apresentado no Produto 04 - Diagnóstico dos Serviços de Abastecimento de Água.
Dos mananciais superficiais analisados, o Rio Pojuca, atualmente utilizado para captação do
sistema de Barra do Pojuca, é o que possui melhor potencial para captação, apesar da
qualidade da água bruta apresentar fortes indícios de contaminação por esgotos domésticos. Os
demais mananciais superficiais – Rio Jacuípe e Rio Joanes, ambos utilizados no município de
Camaçari para atender demandas do Polo Industrial – já estão saturados quantitativamente,
62
além de serem alvo de fortes pressões antrópicas que comprometem o uso de suas águas,
principalmente o Rio Joanes.
No que concerne aos mananciais subterrâneos, o aquífero Recôncavo, utilizado para captação
em cinco sistemas da Embasa para suprir parte da demanda do Polo Industrial, além de
sistemas particulares, é o manancial que representa maior potencial de atender as demandas do
município, conforme foi demonstrado no Produto 04.
De forma sucinta, as informações sobre a vazão demandada são apresentadas no Quadro 5,
enquanto a Tabela 12 traz o resumo da demanda sobre cada manancial e a sua respectiva
disponibilidade.
Quadro 5 - Vazão demandada e explorada em Camaçari/BA.
Tipo de
abastecimento
Vazão
demandada
(m³/s)
Vazão explorada (m³/s)
Aquífero São
Sebastião Rio Pojuca
Barragem de
Santa Helena/
Joanes II
Barragem de
Santa Helena
2016 2036 2016 2036 2016 2036 2016 2036
Humano 1,52 2,06 1,30 1,77 0,23 0,29 - -
Industrial 2,43 3,82 1,79 1,91 0,00 0,00 0,64 1,92
Total 3,95 5,89 3,09 3,68 0,23 0,29 0,64 1,92
Fonte: Saneando Projetos de Engenharia e Consultoria, 2016.
Cabe reforçar que a demanda para abastecimento humano é somatório da solicitação de todos
os sistemas da Embasa, além da demanda para atender à população rural, ambas calculadas
com base no cenário de referência. Em relação à demanda industrial, em fim do horizonte de
planejamento, considerou-se o somatório:
da capacidade máxima (0,06 m³/s) do sistema da empresa Ford, visto que não estão
previstas ampliações;
da capacidade máxima (2,47 m³/s) da Unidade de tratamento de Água - UTA da
Distribuidora de Água de Camaçari - DAC, de propriedade da Cetrel, visto que segundo
informações dessa empresa não estão previstas ampliações nas infraestruturas da UTA
nos próximos 20 anos, apenas ampliação da captação em poços para 2.000m³/h e com
isso diminuir a demanda de água superficial, atualmente comprada da Embasa;
63
das vazões (1,30 m³/s) outorgadas pelo Inema em Camaçari para abastecimento
industrial.
64
Tabela 12 - Disponibilidade hídrica por manancial.
Manancial Vazão a ser explorada
em 2036 (m³/s)
Disponibilidade hídrica
(m³/s) Resultado
Aquífero São Sebastião 3,68 6,00 2,32
Rio Pojuca 0,29 4,55 4,26
Barragem de Santa Helena 1,92 7,0(1) 5,08
TOTAL 5,89 17,55 11,66
(1) Como a capacidade de vazão na BSH é variável ao longo dos meses do ano, considerou-se o
período mais crítico que se refere ao mês de fevereiro.
Fonte: Saneando Projetos de Engenharia e Consultoria, 2015.
Observa-se, pois, que os atuais mananciais utilizados para suprimentos das demandas do
município de Camaçari - BA, também representam os potenciais para atender às demandas no
horizonte de planejamento de 20 anos, logo conclui-se que cada sistema de abastecimento de
água poderá continuar a ser suprido pelos mesmos mananciais utilizados atualmente.
Diante do que foi apresentado, é importante destacar que, apesar do município de Camaçari
possuir disponibilidade hidrica suficiente para atender às demandas futuras, se forem mantidos
os mesmos padrões atuais de perdas, necessitará de grandes investimentos em obras
estruturais (como perfuração de novos poços, ampliação da capacidade das estações de
tratamento, reservatórios, entre outras) que não foram previstos, uma vez que o cenário de
referência adotado estima a redução das perdas. Logo, espera-se que o municipio, unindo
esforços da população, do poder público municipal e estadual, assim como a prestadora de
serviços caminhe em uma nova direção que vem sendo apontada por especialistas, como
redução das perdas através de medidas estruturais e estruturantes, redução do consumo per
capita, reúso de águas cinzas, captação de água de chuva, proteção dos mananciais através de
ações de preservação e recuperação das matas ciliares, entre outros, onde esse conjunto de
ações resultará em uma menor demanda e sobrecarga sobre os recursos hídricos
a) Fatores Determinantes
Analisando os mapas de uso e ocupação do solo dos mananciais superficiais pode-se inferir que
a deterioração da qualidade da água ocorre devido o lançamento de esgotos domésticos,
ocupações irregulares em áreas de APP, retirada das matas ciliares, cultivos agrícolas mesmo
que em pequena escala, cujos resíduos de agrotóxicos podem estar sendo manejados de
maneira incorreta;
65
b) Causas
A inexistência de ações concretas e continuas de educação ambiental visando a proteção e
recuperação de mananciais, envolvendo a população, as secretarias municipais, a prestadora de
serviço e o órgão estadual (INEMA);
Além disso, não existe um banco de dados que possibilite o controle do manejo dos resíduos de
agrotóxicos que são gerados, conforme discutido no Produto 7, destacando que estes têm alto
potencial para poluir mananciais, quando deixados às suas margens e os contaminantes podem
também penetrar no solo nas áreas de cultivo, contaminando as águas subterrâneas;
Na maioria dos municípios por onde passa os mananciais superficiais e/ou seus afluentes, são
elevados os déficits de cobertura por sistemas de esgotamento sanitários, abrangendo coleta e
tratamento, com isso os esgotos domésticos são lançados nas redes pluviais, que tem como
destino esses mananciais.
c) Consequências
No que concerne ao tratamento da água, como consequência, temos a necessidade de
implementar tecnologias cada vez mais difíceis e mais caras, transferindo os custos para os
usuários e diminuindo a capacidade dos prestadores de serviços investir em melhorias nos
sistemas, visto que a proteção dos mananciais deve ser encarada como a primeira etapa do
tratamento da água.
Além disso, a contaminação de mananciais por ações praticadas pelo homem traz
consequências ao meio ambiente, dentre as quais algumas vezes irreversíveis, como perdas de
determinadas espécies tanto de plantas quanto de animais.
Destaca-se a importância da proteção e recuperação de matas ciliares dos mananciais, pois
reduz evita que uma a quantidade maior de solo seja arrastado para dentro dos riso, que tem
como consequência o aumento do material em suspensão o que tem implicações diretas no
tratamento, assoreamento e consequente perda da sua capacidade de armazenamento, além
disso, as matas ciliares funcionam como um filtro natural de poluentes, evitando que uma
concentração maior atinja o corpo hídrico, também exerce a função de reguladoras de
temperatura, proporcionado climas mais agradáveis. Ressalta -se que a partir do momento que
são adotadas ações de proteção e preservação dos mananciais superficiais, os impactos
positivos também refletem nos mananciais subterrâneos.
66
3.5. COMO ESTÁ A PRESTAÇÃO DOS SERVIÇOS DE ESGOTAMENTO SANITÁRIO
EM CAMAÇARI?
Para análise da prestação do serviço de esgotamento sanitário em Camaçari, será apresentada
uma caracterização da situação atual do município em relação ao serviço de esgotamento
sanitário e depois será apresentada a avaliação do déficit do atendimento por este serviço.
3.5.1. Caracterização da Situação Atual
3.5.1.1. Dados do SNIS e do IBGE
De acordo com os dados disponíveis no Sistema Nacional de Informação em Saneamento
(SNIS), tem–se que a cobertura do esgotamento sanitário no município de Camaçari em 2013
era em torno de 23,6%, índice muito distante da universalização do acesso aos serviços de
saneamento básico, preconizada pela legislação federal.
Consultando-se os dados coletados no censo 2010 do Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística (IBGE) disponíveis no Sistema IBGE de Recuperação Automática (SIDRA) é possível
obter dados relativos ao tipo de solução para o esgotamento sanitário em cada distrito do
município. Os tipos de solução foram categorizados em: Lançamento em rede geral de esgoto
ou em rede pluvial; Fossa séptica; Fossa rudimentar; Lançamento em valas e Lançamentos em
rios, lagos ou mar. Há também a categoria outro tipo (que não foi especificada pelo IBGE) e a
categoria não tinham.
Cabe salientar que o IBGE agrupou o lançamento em rede geral de esgoto e rede pluvial
(drenagem), o que mascara o dado, levando a crer que o atendimento pela rede geral de esgoto
pode ser maior do que a realidade. A utilização do sistema de drenagem para o lançamento de
esgoto causa a contaminação dos rios, lagos e praias e a utilização do sistema de esgotamento
para drenagem ocasiona o retorno de efluentes para casas, extravasamento de elevatórias,
dentre outros.
Na sede do município o lançamento na rede geral de esgoto ou pluvial representa 68,50% do
lançamento. Como a rede de esgoto só atende a 23,7% da população infere-se que boa parte
dos moradores entronca seu esgoto no sistema de drenagem, sendo a destinação mais utilizada.
No distrito de Abrantes observa-se que a fossa rudimentar foi o tipo de esgotamento sanitário
mais adotado em 49,50% das residências.
Em Monte Gordo foi possível notar que os dados do IBGE 2010 estão muito desatualizados,
visto que de acordo com estes dados apenas 6,5% da população do distrito destina seus
67
esgotos para rede de esgoto ou rede pluvial, enquanto que em 2009 foi implantado o SES Barra
do Pojuca que não foi contabilizado no censo do IBGE.
Na Figura 23 apresenta-se a situação de cada distrito de Camaçari em relação às soluções de
esgotamento sanitário adotadas.
Figura 23 - Tipo de esgotamento sanitário na sede e nos distritos de Abrantes e Monte Gordo do município de Camaçari em 2010.
Fonte: IBGE, 2010.
Outra informação coletada na base de dados do IBGE foi o percentual de existência de
banheiros e sanitários nos domicílios de Camaçari-BA em 2010, conforme Figura 24. A situação
na zona urbana do Distrito Sede e Abrantes é muito similar: cerca de 1% dos domicílios não
tinha banheiro nem sanitário, sendo que na zona rural esse percentual sobe para 5,9% na Sede
e 8,3% em Abrantes. A pior situação é encontrada no Distrito de Monte Gordo, onde 2,7% dos
domicílios da zona urbana não tem banheiro nem sanitário e na zona rural chega a 15,2%.
68
Figura 24- Relação da existência de banheiro ou sanitário em 2010.
Fonte: IBGE Censo Demográfico, 2010.
3.5.1.2. Esgotamento Sanitário no Distrito Sede
No Distrito Sede existe rede coletora em boa parte da zona urbana, entretanto uma grande parte
da rede coletora não possui uma destinação final adequada, lançando o esgoto coletado em
córregos da cidade ou no sistema de drenagem pluvial. Esta situação ocorre, pois a rede foi
implantada pela Prefeitura sem o apoio técnico adequado e sem um planejamento eficaz que
coordenasse as ações no sentido de maximizar a integração entre os diversos trechos
implantados. No projeto original estava previsto o lançamento do esgoto coletado na CETREL,
onde os esgotos seriam tratados e convenientemente descartados, entretanto essa etapa no
projeto não foi implantada.
Existem também sistemas que atendem atualmente conjuntos residenciais, que lançam todo o
esgoto coletado, por meio de Estações Elevatórias de Esgoto (EEE) ou por gravidade para a
69
Cetrel, onde há o tratamento e, em seguida à disposição oceânica através do emissário
submarino. Estes sistemas são operados pela Embasa, que cobra a tarifa de 80% sobre o valor
da conta de água. Ao todo existem 07 (sete) Estações Elevatórias de Esgoto, sendo que
algumas bombeiam para a torre de equilíbrio e outras diretamente para a Cetrel. Na tabela a
seguir são apresentados os conjuntos que lançam seus esgotos para a Cetrel.
Tabela 13 - Relação conjuntos residenciais que lançam o Esgoto para Cetrel.
Conjuntos Residenciais Forma de
Lançamento
Nº de ligações de
esgoto
Nº de econômicas de
esgoto
População Atendida
Verde Ville EEE – Verde Ville 52 752 2.467
Atlântico Life EEE - Duos
42 597 1.958
Camaçari Duo 119 467 1.532
Camaçari Life EEE – Camaçari Life 29 579 1.899
Viver Camaçari EEE – Viver Camaçari 104 111 364
Lucaia / Penha / P. do Mutá Gravidade 460 966 1.509
Morada dos Canários EEE – Canários /Sabiás
409 409 1.342
Morada dos Sabiás 455 455 1.493
Bairro Novo EEE – Bairro Novo 593 593 1.945
Novo Horizonte (PHL) EEE - PHL 1.194 1.456 4.776
TOTAL 3.963 6.385 19.285
Fonte: Embasa, 2014.
As Estações Elevatórias de Esgoto (EEE) Bairro Novo, Novo Horizonte (PHL), Viver Camaçari e
Canários/Sabias, lançam o esgoto diretamente para Cetrel, enquanto as EEE Viver Camaçari,
Duos e Camaçari Life lançam para a torre de equilíbrio que por gravidade lança (redução da
energia gasta no sistema) o esgoto para Cetrel. Após tratamento, a Cetrel lança o esgoto para o
Oceano Atlântico, conforme Figura 25
Figura 25 - Croqui do Sistema de Esgotamento Sanitário dos Conjuntos Residências que lançam para Cetrel.
Fonte: Adaptado Embasa, 2014.
Atualmente estão em fase de execução as obras para ampliação do sistema de esgotamento
sanitário do município, que irá interligar ao sistema de tratamento da CETREL as redes coletoras
70
existentes e possíveis de utilização, além de implantar novas redes coletoras e estações
elevatórias de esgoto (EEE), de modo a aumentar a cobertura do serviço. As obras foram
divididas em duas etapas, sendo a 1ª etapa executada com recursos do Programa de
Aceleração do Crescimento I (PAC I) e a 2ª etapa com recursos do Programa de Aceleração do
Crescimento II (PAC II).
As obras relativas ao PAC I encontram-se com 92% de execução, sendo que a rede coletora já
foi integralmente implantada, restando apenas a conclusão das 3 EEE previstas e a execução
das ligações prediais de esgoto. A empresa que estava executando o sistema abandonou a obra
e já foram abertas licitações para finalizar os serviços, porém até agora nenhuma empresa
manifestou interesse. As obras relativas ao PAC II encontram-se com 49% dos trabalhos
concluídos. As intervenções previstas para as duas etapas da obra estão descritas no quadro
abaixo:
Quadro 6 – Intervenções previstas nas obras do PAC I e PAC II. Nome PAC I PAC II
Rede coletora convencional 93 km 46 km
Rede coletora condominial 125 km -
EEE 3 und 5 und
Interceptor 13,9km 13,9 km
Ligações Prediais 17.000 und 6.800 und
Linha de recalque 6,5 km 6,7 km
Emissário Terrestre 12,2 km -
Fonte: Embasa, 2015.
Após finalizadas, as obras do PAC I e II irão beneficiar 89 mil habitantes, o que corresponde a
apenas 46,5 % da população urbana do Distrito Sede do Município de Camaçari, restando ainda
53,5 % da população urbana que não terá acesso a rede coletora de esgotamento sanitário.
No Apêndice E do produto 05 – Diagnóstico dos serviços de Esgotamento Sanitário,
apresenta-se o mapa com a localização das unidades que compõe o sistema que está sendo
implantado por meio do PAC I e PAC II, assim como a parte da rede coletora existente que será
aproveitada para ser integrada junto com primeira etapa das obras do PAC I.
No Distrito Sede existem também 07 (sete) condomínios que implantaram as Estações de
Tratamento de Esgoto Compactas (ETE compacta), que atendem 2.477 economias e
aproximadamente 8.000 pessoas, conforme Tabela 14. Nesses casos a tarifa cobrada pela
Embasa pelo serviço de esgotamento sanitário é de 45% sobre o valor da conta de água.
Tabela 14 - Relação conjuntos residenciais com ETE compactas.
Conjuntos Residenciais
Nº de ligações
de esgoto
Nº de Economias de esgoto
População Atendida
Nome da ETE
Tipo de Tratamento Vazão (L/s)
71
Conjuntos Residenciais
Nº de ligações
de esgoto
Nº de Economias de esgoto
População Atendida
Nome da ETE
Tipo de Tratamento Vazão (L/s)
Morada dos Pinheiros
17 346 1.135 Camaçari Park*
DAFA + Tanque de Aeração + Decantador Secundário +
Desinfecção (Cloração) 4,22
Camaçari Park 28 449 1.473
Parque São Vicente
504 504 1.630 São
Vicente*
DAFA + Tanque de aeração + Decantador Secundário +
Filtro Biológico + Desinfecção (Cloração)
3,21
Begônia 12 176 583 Begônia DAFA 1,70
Nova Camaçari
18 273 895 Nova
Camaçari DAFA 2,56
Parque das Mangueiras
9 129 423 Pq. das
Mangueiras
DAFA 1,20
Chácara Santo Antônio
25 600 1.968 Santo
Antônio
DAFA + Tanque de aeração + Decantador Secundário +
Filtro Biológico + Desinfecção (Cloração)
2,78
TOTAL 613 2.477 8.105
Fonte: Embasa, 2014.
As ETEs Begônia, Nova Camaçari, Parque das Mangueiras são compostas apenas por um
DAFA e se encontram em condições precárias. A eficiência destas ETEs provavelmente está
comprometida, pois esses DAFAs funcionam na prática como tanque séptico. Portanto, conclui-
se que essas ETEs têm que ser desativadas, após a implantação das obras do PAC I e II na
sede do município.
Existem também 04 Estações elevatórias de Esgoto (EEE), que conduzem os esgotos até as
ETEs compactas existentes. As EEE são: EEE-S. Antônio, EEE-M. Pinheiros, EEE-Camaçari
Park e EEE- São Vicente.
Com base nas informações fornecidas pela Embasa e com base nas visitas a campo realizadas
pelos engenheiros da Saneando Projetos de Engenharia e Consultoria, foi elaborado um croqui
com a direção do fluxo do esgoto para as ETEs compactas existentes no Distrito Sede, conforme
Figura 26.
72
Figura 26 - Croqui do Sistema de Esgotamento Sanitário dos Conjuntos Residências que utilizam Estações de Tratamento de Esgoto Compactas.
Fonte: Adaptado Embasa, 2014.
No Apêndice E do produto 05 – Diagnóstico dos serviços de Esgotamento Sanitário
também estão representados os sistemas condominiais existentes no distrito sede.
As soluções individualizadas mais observadas no distrito Sede foram: lançamento na rede de
drenagem, lançamento em corpos hídricos e fossa (geralmente rudimentares). No Distrito Sede
estas soluções são encontradas nas localidades de Machadinho, Parafuso, Biribeira, Limoeiro,
Bom Gosto, dentre outras, além das localidades rurais que adotam a solução individualizada
para destinar o esgotamento sanitário.
As fossas encontradas foram do tipo rudimentar, que contaminam o solo, o lençol freático e até
mesmo a própria população.
Em alguns locais da Sede as fossas são limpas frequentemente pelo serviço de limpa fossa
prestado pela empresa terceirizada AID Imunização Ltda., com o auxílio de 03 (três) caminhões.
Segue a relação das comunidades do Distrito Sede incluídas na rota do serviço de limpas fossa.
73
De acordo com as informações fornecidas pela Defesa Civil do município de Camaçari-BA, no
distrito Sede as comunidades atendidas por estes serviços são as comunidades de Alto da Cruz,
Bomba, Buris Satuba, Cristo, Florestal, Gravatá, Lama Preta, Limoeiro, Loteamento Montenegro,
Machadinho, Mangabas, Nova Vitória, Parque das Palmeiras, Parafuso, Parque Florestal,
Parque Real Serra Verde, Parque Satélite, Parque Verde, Parque Verde II, Santa Maria e Verdes
Horizonte.
3.5.1.3. Esgotamento Sanitário no Distrito de Abrantes
No distrito de Abrantes existem sistemas de esgotamento sanitário (SES) operados pela Embasa
para atender os Condomínios Alpha Ville I e II. Nestes condomínios existe rede coletora, que
lança o esgoto para 04 (quatro) Estações Elevatórias de Esgoto e 02 (duas) Estações de
Tratamento de Esgoto (ETE Alpha I e ETE Alpha II). Após tratado o efluente segue para o Rio
Joanes e, em seguida para o Oceano Atlântico. O Apêndice F do produto 05 – Diagnóstico
dos serviços de Esgotamento Sanitário apresenta a espacialização das infraestruturas que
compõe o sistema.
O esgoto chega por gravidade até as EEE Alphaville I e EEE Alphaville II, implantadas nos
Condomínios Alphaville I e II, respectivamente, que lançam o esgoto para as EEE I e EEE II, que
ficam dentro das ETEs Alphaville I e II respectivamente. Após ser tratado o esgoto é lançado em
um córrego local, indo para o Rio Parnamirim, em seguida o Rio Joanes até atingir o Oceano
Atlântico.
A rede coletora no Distrito de Abrantes é do tipo condominial, com 233 ligações de esgoto, 327
economias de esgoto, atendendo a população de 764 habitantes.
As ETEs Alphaville I e II tem o mesmo tipo de tratamento de esgoto, sendo composta por: um
Digestor Anaeróbico de Fluxo Ascendente (DAFA) seguido de um Tanque de Aeração e depois
um Decantador (local onde é realizada a desinfecção por cloração). O leito de secagem não é
utilizado, pois todo o lodo gerado no processo é recirculado para o DAFA.
A vazão máxima de operação das ETEs é de 17,07 litros por segundo, sendo que a ETE
Alphaville I tem uma vazão de 10,40 litros por segundo e a ETE Alphaville II 6,67 litros por
segundo. Na Figura 27 apresenta-se o croqui dos SES de Alphaville I e II.
74
Figura 27- Croqui do SES Alphaville I e II.
Fonte: Adaptado Embasa, 2015.
No distrito de Abrantes existem também 08 (oito) condomínios que implantaram as Estações de
Tratamento de Esgoto Compacta (ETE compacta), que atendem 3.346 economias e
aproximadamente 11.000 pessoas, conforme Tabela 15. Para atendimentos dos 8 condomínios,
existem 07 (sete) Estações de Tratamento de Esgoto (ETE) e 07 (cinco) Estações Elevatórias de
Esgoto (EEE), sendo que 03 (três) estão instaladas dentro das ETEs Vivendas do Joanes,
Chiaretta e Bosque da Aldeia.
Tabela 15 - Relação dos conjuntos residenciais com ETEs Compactas.
Conjuntos
Residenciais
Nº de
ligações
de esgoto
Nº de
Economias
de esgoto
População
Atendida
Nome da
ETE Tipo de Tratamento
Vazão
(L/s)
Reserva
Mundo Verde 55 55 157
Mundo
Verde DAFA 0,82
Vivendas dos
Joanes 175 177 577
Vivendas do Joanes
DAFA 1,8 Morada do
Litoral 15 210 689
75
Conjuntos
Residenciais
Nº de
ligações
de esgoto
Nº de
Economias
de esgoto
População
Atendida
Nome da
ETE Tipo de Tratamento
Vazão
(L/s)
Chiaretta 90 1590 5.215 Chiaretta
DAFA + Tanque de aeração + Decantador Secundário +
Filtro Biológico + Desinfecção (Cloração)
11,70
Bosque da
Aldeia 440 440 1.443
Bosque da
Aldeia
DAFA + Tanque de aeração
+ Decantador Secundário +
Filtro Biológico +
Desinfecção
6,23
Garden Club 62 63 203 Garden
DAFA + Tanque de aeração
+ Decantador Secundário +
Filtro Biológico +
Desinfecção
0,9
Caminho do
Mar 372 372 1.221 Caminho
do Mar
DAFA + Tanque de aeração
+ Decantador Secundário +
Filtro Biológico +
Desinfecção
11,27
Gran Ville 439 439 1.440 Gran Ville
DAFA + Tanque de aeração
+ Decantador Secundário +
Filtro Biológico +
Desinfecção
1,59
TOTAL 1.648 3.346 10.945
Fonte: Embasa, 2014.
A tarifa do serviço de esgotamento sanitário cobrada pela Embasa nesses casos é de 45% sobre
o valor da conta de água.
As ETEs Mundo Verde e Vivendas do Joanes são compostas apenas por um DAFA, e estão em
condições precárias, com sua eficiência provavelmente comprometida, visto que esse DAFA
funciona na prática como tanque séptico.
Com base de informações fornecidas pela Embasa e com base em visitas à campo realizadas
pelos engenheiros da Saneando Projetos de Engenharia e Consultoria, foi elaborado um croqui
com a direção do fluxo do esgoto para as ETEs compactas existentes no distrito de Abrantes,
conforme Figura 28.
76
Figura 28 - Croqui do Sistema de Esgotamento Sanitário dos Conjuntos Residências que lançam para Estação de Tratamento de Esgoto Compactas.
Fonte: Adaptado Embasa, 2014.
77
No distrito de Abrantes as soluções individualizadas mais observadas foram as fossas
rudimentares e em menor número fossas sépticas. Estas soluções são encontradas em Busca
Vida, Catu de Abrantes, Abrantes, Arembepe, bem como em toda zona rural. No geral as fossas
encontradas foram do tipo rudimentar que contaminam o solo, o lençol freático e até mesmo a
própria população.
No Distrito de Abrantes as fossas são limpas frequentemente pelo serviço de limpa fossa prestado
pela empresa terceirizada Limpcano desentupimento e sucção de fossas Ltda., com o auxílio de
03 (três) caminhões. De acordo com as informações fornecidas pela Defesa Civil do município de
Camaçari-BA, no distrito de Abrantes as comunidades atendidas por este serviço são as
comunidades de Areias, Arembepe, Catu de Abrantes, Jauá e Vila de Abrantes.
3.5.1.4. Esgotamento Sanitário no Distrito de Monte Gordo
No Distrito de Monte Gordo existe um sistema centralizado em Barra do Pojuca, que atende as
localidades de Guarajuba, Itacimirim, Barra do Pojuca e Monte Gordo. O sistema conta com 16
(dezesseis) Estações Elevatórias de Esgoto (EEE), que lançam o esgoto até a Estação de
Tratamento de Esgoto (ETE), que trata e em seguida lança o esgoto tratado no Rio Pojuca que
desagua no Oceano Atlântico. Na Tabela 16 constam as localidades atendidas pelo SES de Barra
do Pojuca.
Tabela 16 - Localidades do Sistema de Esgotamento Sanitário de Barra do Pojuca.
Localidades Nº de ligações Nº de economias População Atendida
Guarajuba 256 862 2.827
Itacimirim 262 613 2.010
Barra do Pojuca 727 883 2.896
Monte Gordo 344 404 1.325
TOTAL 1.774 2.762 9.059
Fonte: Adaptado Embasa, 2014.
As EEE do sistema estão distribuídas nas localidades de Monte Gordo, Guarajuba, Itacimirim e
Barra do Pojuca, conforme descrito a seguir:
Monte Gordo: ao todo existem 05 (cinco) Estações Elevatórias de Esgoto (EEE) em Monte
Gordo, sendo que a EEE - MG - 01 recebe toda a contribuição das demais EEE e lança para a
EEE 01 de Guarajuba.
Guarajuba: em Guarajuba foram instaladas 03 (três) EEE, enquanto o projeto inicial previa a
instalação de 07 (sete).
Itacimirim: foram instaladas 04 (quatro) Estações Elevatórias de Esgoto (EEE).
Barra do Pojuca: foram instalados 03 (três) Estações Elevatórias de Esgoto (EEE).
78
Os esgotos coletados no SES Barra do Pojuca são recalcados pela EEE-1 Barra de Pojuca para
uma Caixa Divisora de Vazão (CDV). A capacidade de tratamento instalada é de 70 L/s.
A ETE de Barra de Pojuca é composta por 01 caixa de areia, 02 DAFAs, 04 leitos de secagem, 02
lagoas facultativas e 01 lagoas de maturação (ou polimento).
A seguir são apresentadas as informações fornecidas pela Embasa sobre as lagoas de
estabilização presentes na ETE Barra do Pojuca:
Quadro 7 - Dimensões lagoas de estabilização ETE Barra do Pojuca.
Lagoa Facultativa
Dimensões Fundo H=0,00 m Altura Média H=1,75 m Superfície d’água H=3,5 m Largura (m) 60,00 67,50 75,00
Comprimento (m) 125,00 131,00 137,00
Dimensões Lagoa Maturação (Polimento)
Dimensões Fundo H=0,00 m Altura Média H=1,75 m Superfície d’água H=3,5 m
Largura (m) 62,20 67,50 72,80
Comprimento (m) 99,20 103,40 107,60
Fonte: Embasa, 2015.
Em visita à ETE Barra de Pojuca foi observada a cor Verde escura e parcialmente transparente
que segundo a Cetesb representa a presença pouco importante de outros microrganismos no
efluente, altos valores de pH e OD, estando a lagoa em boas condições.
Não ficou bem claro no Quadro 7 a profundidade de operação das lagoas de estabilização, pois as
informações fornecidas pela Embasa para a elaboração do Diagnostico dos Serviços de
Esgotamento Sanitário quase sempre vêm incompletas e contraditórias, além da demora para o
envio dos dados solicitados.
Na Figura 29 apresenta-se o croqui do SES de Barra do Pojuca e Apêndice G do produto 05 –
Diagnóstico dos serviços de Esgotamento Sanitário apresenta-se a espacialização das
infraestruturas existentes no distrito de Monte Gordo.
79
Figura 29 - Croqui do Sistema de Esgotamento Sanitário de Barra do Pojuca
Fonte: Embasa, 2014.
80
No distrito de Monte Gordo as soluções individualizadas mais observadas foram as fossas
rudimentares e em menor número as fossas sépticas. Estas soluções são encontradas em
Jacuípe e parte de Guarajuba, bem como nas localidades rurais como: Frecheiras, Lodo,
Vila Camaçari, Baratas, Mata Burro.
Em alguns locais as fossas são limpas frequentemente pelo serviço de limpa fossa prestado
pela empresa terceirizada Limpcano desentupimento e sucção de fossas Ltda., com o
auxílio de 03 (três) caminhões. De acordo com as informações fornecidas pela Defesa Civil
do município de Camaçari-BA, no distrito de Monte Gordo as comunidades atendidas por
este serviço são as comunidades de Barra do Jacuípe, Monte Gordo e Barra do Pojuca.
3.5.1.5. Avaliação da Eficiência do Tratamento de Esgoto em Camaçari
Para verificar se o tratamento atual empregado nas diversas ETEs existentes no município
de Camaçari cumpre as exigências da legislação vigente, foram avaliadas as análises
realizadas nos anos de 2013 e 2014, com relação aos parâmetros físicos, químicos e
biológicos elencados nas resoluções nº 357/2005 e nº 430/2011 do CONAMA.
Para efeito do estudo efetuado neste documento, foi observado o que está disposto nas
legislações mencionadas para os seguintes parâmetros: coliformes termotolerantes; DBO;
DQO; pH; sólidos sedimentáveis; e sólidos em suspensão. Ressalta-se que nenhuma das
amostras fornecidas possuía dados sobre os parâmetros amônia, clorofila e Escherichia
Coli, enquanto três dos laudos não apresentavam informações sobre a DBO5.
Todos os rios que recebem efluente tratado no município de Camaçari são enquadrados
pela Resolução Conama 357/05 como rios de Classe II, e, assim sendo, os parâmetros
supracitados devem atender aos requisitos apresentados na Tabela 17.
Tabela 17 - Padrão de lançamento de efluente tratado em rios de Classe II.
Parâmetro Padrão de atendimento Resolução
consultada
Coliformes
termotolerantes 1000 UFC/100mL em 80% das amostras anuais
Conama
357/05
DBO
Limite de 120 mg/L, podendo ser ultrapassado com
remoção de 60% de DBO do efluente bruto ou com
estudo de autodepuração do corpo receptor.
Conama
430/11
pH 5 a 9 Conama
430/11
Sólidos sedimentáveis Até 1 mL/L Conama
430/11
Sólidos em suspensão 20% de remoção Conama
430/11
Fonte: Resolução Conama 357/05 e Resolução Conama 430/11
81
As informações constantes nos laudos de análise dos efluentes bruto e tratado, dos anos de
2013 e 2014, foram estudadas e compiladas na Tabela 18, onde é apresentado o percentual
de amostras que atenderam aos padrões da legislação vigente.
Tabela 18 - Percentual de amostras que atenderam aos padrões da legislação vigente.
ETE Coliformes
termotolerantes DBO pH
Sólidos
sedimentáveis
Sólidos em
suspensão
Alpha Ville 55% - 100% 100% 60%
Bosque da Aldeia 17% 100% 100% 79% 68%
Camaçari Park 50% 100% 100% 67% 30%
Vivenda do Joanes 13% - 100% 95% 55%
Pq. Chiareta 17% - 100% 88% 33%
Garden Club 0% 100% 100% 86% 50%
Gran Ville 100% 100% 100% 50% 100%
Mundo verde 6% 100% 100% 100% 58%
Begônia 6% 50% 100% 50% 11%
Nova Camaçari 6% 57% 100% 100% 19%
Pq. das Mangueiras 0% 100% 100% 56% 33%
São Vicente 6% 96% 96% 45% 38%
Santo Antônio 0% 50% 100% 0% 0%
Barra do Pojuca 41% 100% 90% 79% 32%
(-) Não foram fornecidas ou realizadas análises para este parâmetro
Fonte: Adaptado de Embasa, 2014.
Os dados das análises dos anos de 2013 e 2014 indicaram que as ETEs de Camaçari
possuem um problema geral para atendimento aos padrões de Coliformes Termotolerantes,
já que a grande maioria das análises fornecidas apontam valores superiores aos exigidos
por lei para este parâmetro. Para atendimento da Conama 357 e da Conama 430 é
necessário adicionar a etapa de desinfecção ao tratamento nas ETEs que ainda não
possuem esta etapa de tratamento.
Dentre as ETE analisadas, a do Residencial Chácara de Santo Antônio foi a que apresentou
o menor índice de atendimento aos padrões estabelecidos, enquanto a ETE do Gran Ville
possuiu o maior índice de atendimento. A ETE de Barra do Pojuca, que é a unidade que
possui maior vazão de lançamento de efluentes, possui problemas significativos no
atendimento ao padrão de sólidos em suspensão, já que apenas 32% dos dados fornecidos
foram satisfatórios.
Com relação à carga orgânica despejada nos corpos receptores, aqui representada
principalmente pela Demanda Bioquímica de Oxigênio – DBO vê-se na tabela anterior que
metade das ETEs analisadas atenderam aos padrões de lançamento em 100% dos dados
fornecidos. Cabe ressaltar que 3 destas ETEs indicam possuir problemas estruturais, de
concepção ou de operação que podem estar prejudicando a remoção da DBO.
82
De modo geral, constata-se que nenhuma das ETEs do município de Camaçari possui
capacidade de atender plenamente aos padrões estabelecidos na legislação vigente,
Resoluções Conama 357 e Conama 430. Isto permite inferir que a concepção,
dimensionamento e/ou operação destas unidades devam ser revistas com urgência, visto
que o não cumprimento do padrão de lançamento de esgotos sujeita o responsável pelo
sistema às sanções previstas na Lei nº 9.605, de 12 de fevereiro de 1998.
Além das ETEs em operação pela Embasa, que faz minimamente a análise dos seus
efluentes tratados, deve-se estabelecer a obrigatoriedade de monitoramento dos efluentes
das ETEs compactas operadas por empresas privadas com a disponibilização dos dados.
O município possui cerca de 32 outorgas de lançamento de efluentes, sendo uma para a
Embasa. Assim, pela falta de gestão de informação dos outorgados pelo INEMA, não é
possível avaliar qual o impacto desses lançamentos nos corpos hídricos e, muito menos, se
os mananciais têm capacidade, ou não, de diluir a carga poluente desses efluentes.
Em todo caso, acredita-se que como receberam o direito de outorga do gestor das águas,
estudos foram realizados para embasar a autorização, apesar de não serem
disponibilizados.
Contudo, para possibilitar avaliações mais completas necessita-se da padronização de um
processo de monitoramento por todos os outorgados de maneira a alimentar as avaliações
ao longo do tempo da qualidade dos efluentes tratados e da capacidade dos corpos
receptores em diluí-los.
Vale ressaltar, que além dos dados de qualidade dos efluentes tratados, conhecer as
características dos mananciais, vazão média, Q90, qualidade da água, entre outros, são
informações fundamentais que devem ser geradas pelo Gestor de Aguas do Estado da
Bahia.
3.5.1.6. Capacidade de Tratamento dos Sistemas de Esgotamento Sanitário
No Distrito Sede parte do esgoto gerado (conjuntos residenciais) é tratado na Cetrel e a rede
coletora em implantação também prevê o lançamento para esta unidade de tratamento. A
capacidade de tratamento instalada da Cetrel, de acordo com dados fornecidos pela
empresa, é de 1,72 m³/s e atualmente apenas 59,14% da capacidade instalada é utilizada,
sendo que ainda está disponível uma vazão de 0,70 m³/s, conforme Tabela 19.
Tabela 19 - Capacidade de tratamento de esgoto da Cetrel
Capacidade / Volume m³/s l/s Capacidade Instalada
(%)
Capacidade Instalada 1,72 1.722,20 100,00%
Volume Tratado 1,02 1.018,50 59,14%
83
Capacidade Disponível 0,70 703,70 40,86%
Fonte: Cetrel, 2014.
Ainda no Distrito Sede foram implantadas Estações de Tratamento Compactas com a
capacidade de tratamento de 0,0157 m³/s.
No Distrito de Monte Gordo a Estação de Tratamento de Esgoto Barra do Pojuca tem a
capacidade tratamento de 0,070 m³/s, no Distrito de Abrantes a capacidade de tratamento
das Estações de Tratamento de Esgoto Alpha Ville I e II e das Estações de Tratamento de
Esgoto Compactas é de 0,017 m³/s e 0,034 m³/s, respectivamente, conforme Tabela 20.
Tabela 20 - Capacidade de tratamento das ETEs.
Fonte: Embasa, 2014
3.5.1.7. Sistema de Esgotamento Sanitário Industrial
No setor industrial a Cetrel é responsável pelo tratamento do efluente de quase todas as
unidades do Polo Industrial de Camaçari, parte do esgotamento sanitário de Camaçari, e do
lixiviado do aterro sanitário da Limpeza Pública de Camaçari - Limpec. As informações
abaixo foram fornecidas pela Cetrel em agosto de 2014.
Coleta:
O volume mais recente de esgoto coletado pela Cetrel foi de 32.120.000 m³/ano (período:
01/08/2013 à 01/08/2014). A Tabela 21 apresenta a relação das linhas de coleta contendo:
extensão (m), material e diâmetro (mm). No total a rede coletora da Cetrel tem
aproximadamente 58 quilômetros, com tubulação com diâmetro variando entre 150 e 1.200
mm, o sistema de coleta tem 03 (três) elevatórias conforme especificações da Tabela 22.
(Cetrel, 2014).
Tabela 21 - Descrição do (s) sistema (s) de coleta e interceptores (extensão, material, diâmetro).
Linha Extensão (m) Material Diâmetro (mm)
Emissário 5 (linha dupla) 3.756 VinilFer + FoFo + Concreto 250 a 500
Col. Av. J. Úrsulo 1.421 Polyarm + PRFV 150 a 400
Interceptor I-9 2.836 Polyarm 500 a 700
I-Sul 1.332 Polyarm 200 a 500
Col. Ferroviário 1.516 Polyarm 200 a 500
I-8 1.735 Polyarm 700
Distrito Tipo do Sistema População Atendida
Capacidade de Tratamento
(m³/s) (l/s)
Sede Conjuntos Residenciais > Cetrel > Oceano 19.285 - -
ETE Compacta > Mananciais > Oceano 8.101 0,0157 15,70
Monte Gordo
Rede Coletora > ETE Barra do Pojuca > Rio Pojuca > Oceano
9.059 0,0700 70,0
Abrantes ETE Compacta > Mananciais > Oceano 10.945 0,0343 34,3
Rede Coletora > ETE Alpha I e II > Rio Joanes > Oceano 764 0,0171 17,1
84
Linha Extensão (m) Material Diâmetro (mm)
Via A 5.127 Polyarm + PRFV 400 a 800
I-7 3.270 Concreto armado 500 a 1200
I-8.1 2.899 Concreto armado 1200 a 1500
Via Oxigênio 852 Polyarm 300
I-16 4.605 Vinilfort + PVC 150 a 400
I-14 (linha dupla) 5.900 FoFo+PEAD+Concreto armado 800 a 1500
EM-10 (linha dupla) 2.178 FoFo + PEAD 1000
Emissário Bahia Pulp 6.035 PEAD 700 a 900
Emissário Bridgestone-Firestone 10.679 PEAD 150 a 280
Col. ITF 1.049 Vinilfort 250 a 300
Emissário Final (linha dupla) 1.095 Fofo + PEAD 1200
Interceptor Orgânico 1.449 FoFo + Concreto armado 1200
Fonte: Cetrel, 2014.
Tabela 22 - Relação das Estações Elevatórias de Esgoto (EEE).
Localização
Imbassaí Atlântica Capivara
Rua do Cobre,
BA536, km 19,
42849-999,
Camaçari-BA.
Via Atlântica, km 09 -
Interligação Estrada
do Coco / PIC, Área
Industrial Leste – PIC,
42810-000 - Camaçari
– BA
Via Atlântica, km 09 -
Interligação Estrada do
Coco / PIC, Área
Industrial Leste - Polo
Petroquímico, 42810-000
- Camaçari – BA
Vazão mínima (m³/h) 2.200 3.569 5.580
Vazão máxima (m³/h) 9.850 9.200 11.952
Potência das bombas 5 bombas de 250 cv 4 bombas de 350 cv 4 bombas de 650 cv
Fonte: Cetrel, 2014.
Tratamento:
Na Cetrel o primeiro passo para o tratamento do esgoto é o pré-condicionamento, que
envolve as etapas de Tratamento preliminar (caixa de areia) e Tratamento primário
(gradeamento). Em seguida o esgoto segue para a etapa de tratamento.
A Cetrel trata os efluentes pela tecnologia de lodo ativado (o lodo gerado é desidratado em
fazendas de lodo e em seguida encaminhado para incineração) e tem capacidade hidráulica
instalada para 148.000 m3/dia (cerca de 6.200 m³/h), a eficiência do tratamento chega a 98%
de remoção para DBO e 82% para DQO (Cetrel, 2014).
A vazão tratada por ano (medido no período de 1° de agosto de 2013 e 1° de agosto de
2014 foi de 32.120.000 m³/ano, ou 88.000 m³/dia (Cetrel, 2014).
Descrição do Processo de Tratamento:
O processo de tratamento dos efluentes industriais é dividido em 06 (seis) etapas:
85
1. Os efluentes das indústrias do Polo são transportados à Bacia de Equalização (BEQ) da
Estação de Tratamento de Efluentes (ETE), através de estações elevatórias, com o objetivo
de amenizar variações de vazão, pH, carga orgânica, toxicidade, e temperatura do afluente.
2. Em seguida, a corrente de efluente que deixa a BEQ, segue para os tanques de aeração
da ETE (TA1, TA2, TA3 e TA4) onde o efluente, na presença de oxigênio, entra em contato
com uma densa população de microorganismos (principalmente bactérias e protozoários)
em forma de flocos, capazes de metabolizar e remover a quase totalidade da matéria
orgânica presente no afluente dos tanques.
3. Da reação nos tanques de aeração (TAs), o licor misto segue para os decantadores
secundários (DS), onde há a separação entre o lodo e o efluente tratado por gravidade. O
lodo retirado dos decantadores possui dois destinos: parte retorna para os tanques de
aeração e pequena parte é descartada como lodo em excesso;
4. O lodo de descarte dos tanques segue para a etapa de tratamento da fase sólida, sendo
transferido para os espessadores, a fim de concentrar o lodo, reduzindo o volume a ser
transferido para a etapa de estabilização. O líquido presente nos espessadores retorna para
os tanques de aeração.
5. Na etapa de estabilização, o lodo segue para os digestores aeróbios, responsáveis pelo
processo de estabilização do lodo. Nos digestores acontece a redução da fração de lodo
ativo (microrganismos vivos).
6. O lodo estabilizado proveniente dos digestores segue para as fazendas de lodo, cuja
função é dar a estabilização final ao lodo digerido, assim como servir como leitos de
secagem os quais utilizam o sol como fonte de calor para evaporação da água presente no
lodo.
Tabela 23 - Dimensões das unidades. Unidade Quantidade Dimensão total
Bacia de equalização (BEQ) 1 58.000 m³ Tanque de aeração (TA) 4 178.700 m³
Decantador secundário (DS) 12 49.140 m³
Espessador (ESP) 5 6.696 m³
Digestor aeróbio (DG) 2 2.690 m³
Fazenda de lodo 17 34 ha
Fonte: Cetrel, 2014.
86
Figura 30 - Descrição das unidades de tratamento e do processo.
Fonte: Cetrel, 2014.
Sistema de Disposição Oceânica:
Segundo a Cetrel, o Sistema de Disposição Oceânica (SDO) é tem uma extensão total de
15,9 Km composto pelo emissário terrestre, com 11,3 km de extensão, e pelo emissário
submarino, que avança 4,6 km no mar, conforme Tabela 24, (Oceano Atlântico, área
costeira de Arembepe, Camaçari-BA).
O SDO conta com dispositivos especiais a exemplo do stans pipe, da estrutura de bloqueio
e da câmara de carga. Construído com tubos de aço carbono o emissário tem a sua parte
submarina revestida de concreto para garantir a estabilidade e a proteção mecânica contra
as marés e as correntes oceânicas.
Tabela 24 - Extensão do Emissário Linha Extensão (m) Diâmetro (mm)
Emissário Terrestre 11.395 1.300
Emissário Submarino 4.604 1.350
Fonte: Cetrel, 2014
Afluente da ETE
ESP
Fazendas de Lodo
DG
TA1
URV
BEQ
TA3
TA4
Efluente da ETE
Efluente Equalizado
Licor Misto
Lodo Aeróbio
Lodo Digerido
Efluente Tratado
DS ELA 1
DS ELA 2
TA2
DS ELA 3
87
Dispersores situados nos últimos 500 m do emissário submarino contribuem para a diluição
dos efluentes na massa oceânica, numa proporção mínima de 1:400 e a uma profundidade
média de 25 m. A vazão máxima e mínima de operação são em torno de 12.000 e 6.000
metros cúbicos por hora, sendo a capacidade máxima de 10.800, a vazão de efluente
enviado para o corpo receptor é de 3.180 m³/h, conforme Tabela 25
Tabela 25 - Vazões do SDO. Linha Vazão
Vazão mínima 5.580 m³/h
Vazão máxima 11.952 m³/h
Vazão de lançamento* 3.180 m³/h
*Média de vazão tratada enviada ao corpo receptor
Fonte: Cetrel, 2014
A Outorga de Lançamento de efluentes, segundo a Cetrel, devido à não identificação de
órgão competente para emitir outorga para lançamento dos efluentes tratados da ETE da
Cetrel no mar, o Instituto do Meio Ambiente e Recursos Hídricos – INEMA, de acordo com a
Portaria N°4639/2013 (Erro! Fonte de referência não encontrada.), excluiu a Condicionante
III da Portaria INEMA nº 1985/2012 (RLO da Cetrel), a qual exigia apresentação de outorga
para o lançamento do efluente tratado no mar.
A Disposição Final do Lodo Gerado após passar pelas etapas de adensamento e digestão
aeróbia para então ser encaminhado para disposição final em fazendas de lodo, localizadas
na área da Cetrel, sendo gerada 15 tDS/dia (DS=Dry Solid).
Qualidade da água e monitoramento
De acordo com a Portaria nº 1985 de 26 de janeiro de 2012, condicionante XIII, as análises
deverão ser realizadas pela Cetrel, (02) duas vezes por ano, sendo cometidas na área de
influência do emissário no período seco e no período chuvoso. Por conseguinte, o Relatório
Técnico Final – RTF do monitoramento oceanográfico deverá ser encaminhado,
anualmente, ao INEMA.
No que se refere à Estação de Tratamento de Efluente, cabe a Cetrel operá-la de acordo
com os procedimentos e instruções apresentadas ao INEMA, garantindo a eficiência de
remoção de DBO e DQO, em 95% e 75%, respectivamente.
Monitorar, quadrimestralmente, a água subterrânea nas instalações da ETE e na área de
influência, enviando tais resultados ao INEMA com a mesma periodicidade das análises.
Monitorar os parâmetros do efluente tratado do município de Camaçari a ser encaminhado
pela Embasa.
88
A Cetrel deverá, ainda, encaminhar, mensalmente, ao INEMA o Relatório de Situação
Operacional do Sistema de Efluentes Líquidos, contendo as seguintes informações:
i. Eficiência na remoção de DBO, DQO, cargas processadas (DBO, DQO,
vazão SO, vazão SN);
ii. Relatório de automonitoramento do tratamento de efluentes líquidos. Medido
no ponto de encontro das saídas do processo de tratamento (ETF-1 e ETF-2);
iii. Análise dos Poluentes Prioritários na ETE;
iv. Controle físico-químico dos corpos receptores rio Capivara Pequeno e trecho
estuarino do rio Jacuípe;
v. Caracterização físico-química do biossólido, quando removido da fazenda de
lodos.
A Cetrel realiza análises no inverno e no verão desde a implantação do emissário, as
amostras são coletadas na área de influência do lançamento, sendo: amostras de superfície
(Su), amostras Sechi (Se) e amostras de fundo (Fu). A Cetrel não faz análise de
balneabilidade nas praias.
Dentre as amostras disponibilizadas pela Cetrel foram analisadas as do ano de 2013 e 2014
(até julho). Ao todo existem 10 (dez) estações de amostragem, sendo analisados os
seguintes parâmetros: pH, O2 (mg/L), Turbidez (NTU), Temperatura (ºC), Salinidade (%),
além de Fósforo Total (mg/L), Nitrato (mg/L), Nitrito (mg/L), N-amoniacal (mg/L), Bário Total
(mg/L), Manganês Total (mg/L), Vanádio Total (mg/L) e Clorofila a (µg/L). O resultado da
amostra que foram comparadas com a Conama 357/2005 para águas salinas.
Segundo a Cetrel, as concentrações dos metais: Bário Total (Ba), Manganês Total (Mn) e
Vanádio Total (V), apresentaram-se abaixo do limite de detecção do método. A Conama
357/2005 não define valores de máximos para o Vanádio, para o Bário e o Vanádio os
valores máximos são de 1,0 e 0,1 mg/L, respectivamente (Cetrel, 2014).
Embora não exista o valor máximo para o parâmetro Clorofila a para águas salinas, a
análise das amostras obteve um resultado abaixo do menor valor máximo para esse
parâmetro em relação a águas doces e salobras, indicando que o entorno do emissário não
tem excedente de matérias orgânica, predominam condições oligotróficas (Cetrel, 2014).
Tabela 26 - Resultado de amostras de água (2013 - 2014) no entorno do emissário da Cetrel
Parâmetro Conama 357/2005
(padrão água salina) 2014
Verão Inverno pH 6,5 a 8,5 Ligeiramente acima Em análise O2 (mg/L) > 6 mg/L Ligeiramente abaixo Em análise Fósforo Total (mg/L) <0,062 mg/L P Em conformidade Em análise Nitrato (mg/L) <0,40 mg/L N Em conformidade Em análise
Nitrito (mg/L) <0,07 mg/L N Em conformidade Em análise N-amoniacal (mg/L) <0,40 mg/L N Em conformidade Em análise Ba Total <1,0 mg/L Ba Em conformidade Em análise
Mn Total <0,1 mg/L Mn Em conformidade Em análise
89
Parâmetro Conama 357/2005
(padrão água salina) 2014
Verão Inverno
Parâmetro Conama 357/2005
(padrão água salina) 2013
Verão Inverno
pH 6,5 a 8,5 Ligeiramente acima Em conformidade *O2 (mg/L) > 6 mg/L Em conformidade Ligeiramente abaixo Fósforo Total (mg/L) <0,062 mg/L P Em conformidade Em conformidade
Nitrato (mg/L) <0,40 mg/L N Em conformidade Em conformidade Nitrito (mg/L) <0,07 mg/L N Em conformidade Em conformidade N-amoniacal (mg/L) <0,40 mg/L N Em conformidade Em conformidade Ba Total <1,0 mg/L Ba Em conformidade Em conformidade
Mn Total <0,1 mg/L Mn Em conformidade Em conformidade
Fonte: Cetrel, 2014.
3.5.2. Avaliação do Déficit de Atendimento
A avaliação do déficit do atendimento dos Serviços de Esgotamento Sanitário se
fundamenta na análise de 03 (três) categorias - déficit do volume de esgoto tratado, déficit
da população atendida, déficit de acesso à infraestrutura de esgotamento sanitário na área
urbanizada – e das diretrizes e princípios das legislações pertinentes, quando oportuno,
para fundamentação. Assim, realiza-se a sistematização de forma sucinta dos fatores
determinantes, já abordados nesse produto em diversos itens, das suas respectivas causas
e consequências.
a) Déficit do volume de esgoto tratado
A partir dos dados do IBGE e do SNIS estima-se a cobertura por serviços de coleta; dados
de visita de campo o percentual de tratamento; e dados e estimativa de demanda e da
capacidade de tratamento foi estimado o porcentual do volume de tratamento do esgoto
doméstico.
b) Déficit da população atendida
A partir dos dados do IBGE e do SNIS estima-se a cobertura por tipos de soluções de
esgotamento. A partir de informações disponibilizadas pela Embasa e da população em
2015 estima-se o percentual de pessoas que são atendidas pelos serviços de coleta e
tratamento de esgotamento sanitário. A partir desses dados infere-se o déficit percentual da
população atendida.
3.5.2.1. Fatores Determinantes
Distrito Sede
Déficit do Volume de Esgoto Tratado
No Distrito Sede o planejamento da Embasa com a finalização das obras do PAC I e PAC II
é lançar o esgoto para a Cetrel e em seguida para o oceano atlântico. A capacidade de
tratamento disponível é de 0,703 m³/s, somando-se 0,015 m³/s que é a capacidade de
90
tratamento das ETEs Compactas, temos uma vazão de 0,718 m³/s, o que supre até a
demanda para fim de plano em 2035 que é de 0,372 m³/s.
Por outro lado, apesar de haver capacidade de tratamento, até a finalização da implantação
da rede o município continuará com um déficit significativo de tratamento dos esgotos
domésticos. Isso acontece por diferentes motivos, a saber:
Apenas 14,30% da população, tem acesso a rede coletora de esgoto com
tratamento, o que representa uma vazão de 0,034 m³/s.
O percentual de domicílios atendidos pela solução fossa séptica é de 8,20%. Ou
seja, cerca de 13.579 habitantes, o que representa uma vazão de esgoto tratado de
0,010 m³/s.
O restante dos domicílios utiliza soluções inadequadas, 16,30% fossa rudimentar,
1,30% vala, 3,9% rio, lago ou mar, 0,70% outro tipo,1,00% não tem. Ou seja,
23,20% dos domicílios não realizam tratamento adequado dos efluentes,
representando potencial risco ao meio ambiente e à saúde pública.
Tabela 27 – Déficit de Volume de esgoto tratado em não tratado no Distrito Sede em Camaçari-BA.
Tipo do Solução Vazão (m³/s)
Vazão Total Gerada (m³/s)
Déficit do volume tratado
(%)
Rede Coletora e ETE ou Cetrel 0,034
0,244 81,97% Soluções Individuais 0,010
Total 0,044
Fonte: CENSO 2010, Embasa, 2015.
Déficit da População Atendida
O percentual de pessoas atendidas por rede coleta é de 28,0 %, com rede coletora
sem tratamento é de 13,7% e com rede coletora com tratamento é de 14,3% da
população.
O percentual de domicílios atendidos pela solução fossa séptica é de 8,20%.
O percentual de domicílios sem banheiro nem sanitário e de 1,0%, cerca de 1.651
habitantes.
Assim, pode-se inferir, ao observar a tabela a seguir, que 63,83% da população residente na
sede, encontra-se desassistida dos serviços ou soluções adequadas de esgotamento
sanitário.
Tabela 28 - Percentual de pessoas atendidas pelos serviços ou solução de esgotamento sanitário no Distrito Sede em Camaçari-BA.
Tipo do Solução População Atendida
População Atendida do Distrito Sede em
(%)
Déficit do atendimento
(%)
Conjuntos Residenciais > Cetrel > Oceano 19.285 10,07% 63,83%
91
ETE Compacta > Mananciais > Oceano 8.105 4,23%
Rede Coletora sem tratamento 26.184 13,67%
População atendida por solução individual 13.579 8,20%
Total 27.386 36,17%
Fonte: CENSO 2010, Embasa, 2015.
Distrito de Abrantes
Déficit do Volume de Esgoto Tratado
No Distrito de Abrantes não está previsto nenhuma ampliação do sistema de esgotamento
sanitário. A capacidade de tratamento do sistema de esgotamento sanitário deste distrito é
de 0,051 m³/s, e considerando o volume de esgoto tratado via solução individualizada (fossa
séptica) que é de 0,012 m³/s, como a geração de esgoto em 2015 é de 0,136 m³/s, infere-se
que apenas 46% do esgoto gerado é tratado, o que representa um déficit de 54% de
tratamento de esgoto, conforme pode se observar na tabela que segue.
Tabela 29– Déficit de Volume de esgoto tratado em não tratado no Distrito Sede em Camaçari-BA.
Tipo do Solução Vazão (m³/s)
Vazão Total Gerada (m³/s)
Déficit do volume tratado
Rede Coletora e ETE 0,051 0,136 54% Soluções Individuais Adequadas 0,012
Total 0,063
Fonte: CENSO 2010; Embasa, 2015.
Déficit da População Atendida
O percentual de pessoas atendidas por sistema coletivo de esgotamento sanitário é
de 10,9%, sendo 0,7% pelo sistema de Alpha I e II 10,2% por ETE’s Compactas,
ressaltando que nenhum desses sistemas atendem ao padrão de lançamento da
legislação vigente;
O percentual de domicílios atendidos pela solução fossa séptica é 8,7%. Ou seja,
cerca de 9.471 habitantes.
O percentual de domicílios sem banheiro nem sanitário e de 1,6%, cerca de 772
habitantes.
Assim, pode-se inferir, ao observar a tabela a seguir, que 80,6% da população total
residente no distrito de Abrantes, encontra-se desassistida por soluções adequadas de
esgotamento sanitário, que engloba tanto as individualizadas quanto as coletivas.
Tabela 30 - População atendida por soluções de esgotamento no Distrito de Abrantes.
92
Tipo do Sistema População Atendida
População Atendida do Distrito de Abrantes em
2015 (%)
Déficit do atendimento em 2015
(%)
ETE Compacta > Mananciais > Oceano 10.945 10,2%
80,6%
Rede Coletora >ETE Alpha I e II > Rio Joanes > Oceano
764 0,7%
Solução individualizada 9.471 8,7%
Total 21.123 19,4%
Fonte: Embasa, 2015; IBGE, 2010.
Distrito de Monte Gordo
Déficit do Volume de Esgoto Tratado
No Distrito de Monte Gordo, depois da implantação do Sistema Barra do Pojuca o
atendimento à coleta e tratamento do esgoto melhorou muito. Porém, apesar de atualmente
possuir a capacidade de tratamento, de 0,070 m³/s, a demanda em 2015 é de 0,096 m³/s,
ou seja, o sistema está com a demanda acima de sua capacidade de tratamento, o que
afeta diretamente a qualidade do efluente tratado e limita a ampliação da cobertura por rede
coletora.
Apenas 13,1% da população total, cerca de 9.059 habitantes, tem acesso a rede
coletora com tratamento de esgoto, o que representa uma vazão de 0,011 m³/s.
O percentual de domicílios atendidos pela solução fossa séptica é de 32,50%. Ou
seja, cerca de 9606 habitantes residentes, 12,49% da população total (residente e
flutuante) utilizam solução individual adequada, o que representa uma vazão de
esgoto tratado de 0,012 m³/s.
O restante dos domicílios, utiliza soluções inadequadas, 52,60% fossa rudimentar,
1,40% vala, 0,30% rio, lago ou mar, 1,90% outro tipo, 4,80% não tem. Ou seja, 61%
dos domicílios não realizam tratamento correto.
O déficit de volume de esgoto tratado é de 76%, representando potencial risco ao
meio ambiente e à saúde pública.
Tabela 31 – Déficit de volume de esgoto tratado no Distrito de Monte Gordo em Camaçari-BA.
Tipo do Solução Vazão (m³/s)
Vazão Total Gerada (m³/s)
Déficit do volume tratado
(%) Rede Coletora > ETE Barra do Pojuca > Rio Pojuca > Oceano
0,011
0,096 76% Solução Individualizada adequada 0,012
Total 0,023
Fonte: CENSO 2010, Embasa, 2015.
93
Déficit da População Atendida
O percentual de pessoas atendidas pelo sistema Barra do Pojuca é de apenas
13,10%.
O percentual de domicílios atendidos pela solução fossa séptica é de 32,50%. Ou
seja, cerca de 9.606 habitantes, 12,49% da população total, utilizam solução
individual adequada.
O percentual de domicílios sem banheiro nem sanitário e de 4,80%, cerca de 1432
habitantes.
Assim, pode-se inferir, ao observar a tabela a seguir, que 75,71% da população total de
Monte Gordo encontra-se desassistida de soluções adequadas de esgotamento sanitário.
Tabela 32 - Percentual de pessoas atendidas por solução de esgotamento sanitário no Distrito de Monte Gordo em Camaçari-BA.
Tipo do Solução População Atendida
População Total Atendida do Distrito de Monte Gordo em 2015
(%)
Déficit do atendimento em 2015 (%)
Rede Coletora > ETE Barra do Pojuca > Rio Pojuca > Oceano
9.059 13,10%
75,71% Solução Individualizada adequada 9.606 12,49%
Total 18.665 24,29%
Fonte: CENSO 2010; Embasa, 2015.
3.5.2.2. Causas
Baixa capacidade do prestador de implantar e ampliar a infraestrutura de
esgotamento sanitário do tipo convencional;
Uso de tecnologias, soluções individualizadas, inadequadas para disposição de
efluentes.
Inexistência de políticas públicas de assistência a domicílios de baixa renda para
construção de banheiros;
Baixa capacidade de planejamento do gestor para adequar a oferta de infraestrutura
ao contingente populacional;
Inexistência de ações de fiscalização e monitoramento das ligações clandestinas de
esgotamento nas redes pluviais;
Baixa capacidade de fiscalização e monitoramento dos mananciais localizados nas
áreas urbanas do município;
Falta de eficiência e eficácia na implantação dos projetos do PAC I e II na sede
municipal;
Falta de assistência técnica à população para a implantação de soluções individuais
adequadas;
94
Baixa capacidade de fiscalização das soluções individuais implantadas no município
Baixa capacidade de fiscalização e monitoramento das outorgas de lançamento de
efluentes pelo gestor das águas.
Baixa capacidade dos prestadores de serviço em atender ao padrão de lançamento
de dos efluente nos corpos receptores;
Inexistência de ações continuas voltadas para a implementação da Política Nacional
de Educação Ambiental, com foco em saneamento ambiental.
3.5.2.3. Consequências
Poluição dos mananciais superficiais municipais e estaduais com alta carga de
matéria orgânica, com nutrientes e patógenos, desrespeitando o previsto na
Resolução Conama nº 430/2011 e comprometendo os usos múltiplos conforme prevê
a Lei Estadual nº 11.612/2009, da gestão das águas;
Ocorrência de doenças relacionadas à falta de esgotamento sanitário, a exemplo da
Leptospirose, esquistossomose, leishmaniose visceral, o que onera o sistema
público de saúde;
Contaminação dos mananciais subterrâneos, exemplo dos poços da localidade
Massaranduba, desrespeitando o que preconiza a Portaria do MS nº 2914/2011 e a
Lei nº 11.445/2007 no que se refere ao uso de tecnologias apropriadas à saúde
pública e ao meio ambiente;
Alteração das características dos mananciais, a exemplo do odor, da cor, e do
ecossistema aquático, trazendo desconforto ambiental, impactando negativamente a
qualidade de vida da população e o meio ambiente, despeitando o que preconiza o
Estatuto das Cidades, Lei nº 10257/2001, no que se refere ao direito ao meio
ambiente equilibrado;
Proliferação de vetores a exemplo de diferentes espécies de pernilongos, como
Aedes Aegypti;
Déficit de acesso a serviços e soluções de esgotamento sanitário, prejudicando ao
alcance da universalização do acesso Lei nº 11.445/2007;
Lançamento direto de dejetos no meio ambiente pela população que não tem acesso
a banheiro e sanitário, aumentando o risco de proliferação dos agentes patogênicos
e a ocorrência de doenças.
3.6. COMO ESTÁ A PRESTAÇÃO DOS SERVIÇOS DE DRENAGEM E MANEJO
DE ÁGUAS PLUVIAIS URBANAS EM CAMAÇARI?
95
Em Camaçari, as informações inerentes às estruturas de drenagem existentes são
deficientes, não existindo um cadastro dos sistemas de drenagem o que dificulta
sobremaneira a elaboração deste diagnóstico.
A urbanização implica na alteração natural do ciclo hidrológico ao impermeabilizar o solo
dificultando a infiltração da água até o lençol freático. As técnicas de drenagem
convencional apenas tratam de resolver os problemas hidráulico imediato com a
implantação de sistemas que tem o objetivo apenas de escoar a água, transferindo o
problema para a jusante do sistema.
Atualmente a drenagem sustentável apresenta técnicas e tecnologias sincronizadas com
ciclo hidrológico com procedimentos que visam lidar melhor com as águas pluviais, na
drenagem sustentável os sistemas são construídos no sentido de aumentar o tempo de
detenção e diminuir a velocidade de escoamento.
Este novo modelo incorpora técnicas inovadoras da engenharia como a construção de
estacionamentos permeáveis e de canais abertos com vegetação a fim de atenuar as
vazões de pico e reduzir a concentração de poluentes das águas de chuva nas áreas
urbanas. (UFG, 2003).
No Distrito Sede estão sendo realizadas as obras de reurbanização do Rio Camaçari onde
alguns conceitos da drenagem sustentável foram concebidos no projeto (Detalhado no
Produto 06 – Diagnostico dos Serviços de Drenagem Urbana e Manejo de Águas Pluviais).
Caixas coletoras de águas pluviais:
As caixas coletoras de aguas pluviais ou bocas de lobo são equipamentos que têm a
objetivo de captar as águas pluviais que escoam pelas sarjetas, e conduzi-las às galerias
subterrâneas. O município de Camaçari-BA é equipado basicamente por caixas coletoras de
águas pluviais dos seguintes tipos: caixa coletora tipo sarjeta (com grelha metálica ou de
concreto) e caixa coletora do tipo guia com seção semicircular e retangular (recuada ou
não).
A análise dos caixas coletoras de águas pluviais no presente estudo está dividida em 04
(quatro) categorias: aspectos construtivos locacionais, conservação, segurança e limpeza:
I) Conservação;
As caixas coletoras de forma geral não estão bem conservadas com tampas ausentes e
improvisadas com pedações de madeira, verificou-se também que as ferragens da tampa de
algumas caixas coletoras estão expostas. Essa situação atinge diretamente a segurança
dos pedestres que passam por logradouros com esse problema.
96
II) Limpeza;
Foi observado que a população tem o costume de dispor o resíduo sólido doméstico,
próximos ou até mesmo em cima das caixas coletoras de águas pluviais par ser coletado
pelos caminhões compactadores, além disso há também a disposição de entulhos, podas e
aparas de áreas verdes.
III) Tecnologias pertinentes;
Foi verificado que algumas caixas coletoras estavam completamente tamponadas devido a
erro de execução de implantação das caixas coletoras ou erro de execução da
pavimentação do passeio conforme verificado nas Ruas Arcos Verdes e Rua Chile. A
implantação da pavimentação de vias e passeios deverá ser mais integrado com o sistema
de drenagem, a fim de não haver descontinuidades como verificado. Algumas caixas
coletoras foram construídas de forma que reduziu o espaço dos pedestres no passeio.
Em algumas vias de terra batida no Distrito de Abrantes e Monte Gordo, as caixas coletoras
foram implantadas o que vai de encontro ao bom funcionamento do sistema, o solo presente
na pavimentação pode ser carreado para o sistema de drenagem entupindo-os.
Foi verificado a construção de caixas coletoras na esquina da via o que não é indicado
(trecho de máxima vazão pela sarjeta) para que o fluxo da água não atrapalhe a passagem
de pedestres. Além disso, se instalados nos vértices das vias, as torrentes convergentes
pelas diferentes sarjetas seriam escoadas em velocidade contrária à da afluência para o
interior da boca de lobo. Por isso, recomenda-se que a instalação de bocas de lobo seja
feita em pontos pouco a montante de cada faixa de cruzamento usada pelos pedestres.
Em uma via de Barra de Pojuca o sistema implantado de microdrenagem utilizou um micro
canal construído com manilhas semicircular paralelo ao meio fio, esse tipo de solução não é
o mais indicado, visto que diminui o espaço do passeio dificultando a passagem do
pedestre.
A fim de melhorar a eficiência da coleta de água pelas caixas coletoras recomenda-se o
planejamento da obra (com elaboração de projeto) o que não acontece em Camaçari, em
consequência os sistemas de drenagem não seguem um padrão de eficiência com sistemas
implantados em vias de terra batida, caixas coletoras implantadas em esquinas ou no
espaço destinado à faixa de pedestre, e a falta de sincronia com a pavimentação faz com
que algumas caixas sejam tamponadas após a pavimentação dos passeios.
Canais de Drenagem:
Os canais de drenagem são componentes da drenagem urbana que recebe toda a
contribuição das águas pluviais que escoa pelos logradouros que é direcionada pelo sistema
97
de microdrenagem. Existem basicamente dos tipos de canais: os canais construídos e
canais naturais que são formados por riachos e rios.
Para avaliar os principais canais urbanos do Município de Camaçari-BA foram realizadas
visitas técnicos junto com técnicos da Seinfra e Defesa Civil, bem como uma avaliação por
meio do sensoriamento remoto a respeito do uso e ocupação das margens dos canais
urbanos.
A análise dos canais de drenagem no presente estudo está dividida em 03 (três categorias):
aspectos gerais, manutenção e limpeza e contaminação:
I) Uso e ocupação do solo nas margens dos canais;
Todas as margens dos canais de drenagem (15 metros a partir do eixo central) situados na
zona urbana do Município de Camaçari foram classificadas de acordo com o uso e
ocupação do solo em 04 (quatro) categorias: vegetação pouco densa, vegetação densa,
ocupação inicial e ocupação consolidada, apresentado nos APÊNDICES C, D, E e F do
Produto 06 – Diagnostico dos Serviços de Drenagem Urbana e Manejo de Águas Pluviais.
A Tabela 33 apresenta o percentual do uso e ocupação das margens do canal do Distrito
Sede, e nesta pode-se perceber que as margens com ocupação inicial ou consolidada
representam 13,6% do uso e ocupação das margens dos canais urbanos.
Tabela 33 - Tipo de uso e ocupação das margens dos canais no Distrito Sede. Distrito de Sede
Situação das Margens Área (Km²) (%)
Ocupação Inicial 0,11 4,4%
Ocupação Consolidada 0,23 9,2%
Vegetação Densa 0,75 30,0%
Vegetação Pouco Densa 1,59 63,6% Total 2,68 100,0%
Fonte: Saneando Projeto de Engenharia e Consultoria, 2015.
A Tabela 34Erro! Fonte de referência não encontrada. apresenta o percentual do uso e
ocupação das margens do canal do Distrito de Abrantes, e nesta pode-se perceber que as
margens com ocupação Inicial ou consolidada representam 11,6% do uso e ocupação das
margens dos canais urbanos.
Tabela 34 - Tipo de uso e ocupação das margens dos canais no Distrito de Abrantes. Distrito de Abrantes
Situação das Margens Área (Km²) (%)
Ocupação Inicial 0,24 9,6%
Ocupação Consolidada 0,05 2,0%
Vegetação Densa 0,94 37,6%
Vegetação Pouco Densa 1,27 50,8%
98
Total 2,5 100,0%
Fonte: Saneando Projeto de Engenharia e Consultoria, 2015.
A Tabela 35 apresenta o percentual do uso e ocupação das margens do canal do Distrito de
Monte Gordo, e nesta pode-se perceber que as margens com ocupação inicial ou
consolidada representam 11,6% do uso e ocupação das margens dos canais urbanos.
Tabela 35 - Tipo de uso e ocupação das margens dos canais no Distrito de Monte Gordo. Distrito de Monte Gordo
Situação das Margens Área (Km²) (%)
Ocupação Inicial 0,07 2,8%
Ocupação Consolidada 0,02 0,8%
Vegetação Densa 1,1 44,0%
Vegetação Pouco Densa 0,47 18,8%
Total 1,66 100,0% Fonte: Saneando Projeto de Engenharia e Consultoria, 2015.
II) Aspectos gerais;
Informações a respeito do tipo de canal (natural ou artificial) e características das paredes e
do fundo do canal.
III) Limpeza;
A limpeza avaliada está relacionada com a situação da calha do canal para garantir a fluidez
das águas pluviais, como a presença de vegetação e solo em excesso no leito dos canais.
A existência de vegetação emersa nos cursos de água está associada a uma
maior resistência do escoamento e, assim, a maiores riscos de inundação
(RICARDO apud KADLEC 1990, LOPEZ e GARCIA 1998).
Cabe salientar que a presença de vegetação nos taludes de canais naturais é importante
para estabiliza-los, uma vez que, impede o carreamento do solo para sua calha, como será
visto adiante.
IV) Contaminação;
A contaminação dos principais canais foi avaliada visualmente, por meio de visitas à campo
com técnicos da Defesa Civil e Seinfra a fim de identificar a presença de esgoto doméstico e
resíduos sólidos.
A contaminação por esgoto doméstico foi detalhada no item 3.6.1, onde dados foram
espacializados e sobrepostos a fim de obter uma análise da situação dos canais urbanos de
drenagem do município de Camaçari-BA.
V) Tecnologias pertinentes;
Seção do canal:
Segundo as Diretrizes Básicas para Projeto de Drenagem Urbana no Município de São
Paulo (2012) elaborado pela Fundação Centro Tecnológica de Hidráulica (FCTH) os canais
99
urbanos geralmente são concebidos apenas para veiculação de vazões de cheias, o que
leva ao assoreamento e deposição de detritos para condições de operação de vazões de
média intensidade, conhecidas também como vazões normativas ou modeladoras
Para evitar tais problemas, ou pelo menos reduzi-los, a solução recomendável é adotar seções compostas, dimensionadas no seu conjunto, para veicular as vazões máximas previstas e que permitam conduzir as vazões modeladoras em sub-leitos menores em condições adequadas de velocidade (FTCH, 2012).
A escolha do tipo de seção transversal de um canal a ser projetado depende de fatores fundamentais, como o espaço disponível para implantação, as características do solo de apoio, a declividade e condições de operação (FTCH, 2012).
Revestimento do canal:
Segundo as Diretrizes Básicas para Projeto de Drenagem Urbana no Município de São
Paulo (2012) nas áreas em processo de urbanização os canais escavados é uma tecnologia
adequada, sobretudo pela facilidade em ampliar sua seção de acordo com demanda futuras,
já em áreas urbanizadas o revestimento de todo o canal pode ser uma solução inevitável
devido à falta de espaço e reforço estrutural dos taludes.
Canais urbanos onde o volume de água e a vazão de pico é grande o revestimento dos
canais tem que dissipar a energia oriunda do escoamento, e nesses casos, a solução que
pode ser adotada, segundo as Diretrizes Básicas para Projeto de Drenagem Urbana no
Município de São Paulo (2012), é o talude revestido com gabião1, que ainda permite a
infiltração de parte da água no solo, diminuindo a vazão de deflúvio.
A adoção de canais revestidos em concreto ou qualquer outro material, devido à limitação
de espaço, é a última alternativa a ser implementada, uma vez que a moderna literatura a
respeito da drenagem urbana preconiza a diminuição da velocidade e da energia do
escoamento. Dessa forma, em zonas urbanas é imprescindível reservar espaços para
alocação de bacias de amortecimento que tem a função de diminuir os picos de cheias
acumulando a agua da chuva e liberando aos poucos.
As áreas para esse fim podem ser planejadas de modo a incorporar valores estéticos locais, assim como espaços para uso recreativo. A água armazenada pode, em determinadas circunstâncias, ser utilizada para irrigação, recarga do lençol freático, incremento de vazões mínimas e, também, abastecimento industrial (FCTH, 1999).
1 O gabião é uma malha metálica preenchida com pedras, sendo uma estrutura resistente (garante a estabilidade do canal, dissipadora da energia proveniente do escoamento das águas e permite a infiltração.
Plano Municipal de Saneamento Básico
100
Tabela 36 - Análise dos principais canais e algumas bacias naturais de amortecimento do Distrito Sede de Camaçari-BA.
Canal Ponto Latitude Longitude Aspectos gerais Limpeza Contami
nação Tecnologia pertinente
Observações
Canal afluente do Rio Camaçari
(Jardim Brasília) 01 -12,6994 -38,3137
Canal natural com paredes e fundo de terra
Parcialmente Limpo
Esgoto Paredes de
gabião Canal extremamente poluído com
esgoto
Canal Rio Camaçari (Maria Meire)
02 -12,6942 -38,3178
Canal natural com paredes e fundo de terra
Parcialmente Limpo
Esgoto Paredes de
gabião
Foi deixado resto de Manilha dentro do leito do rio, estrangulando a seção,
além disso, as casas estão no nível da antiga ponte de madeira.
Canal Rio Camaçari (Jardim Brasília)
03 -12,7009 -38,3284
Canal natural com paredes e fundo de terra
Vegetação no leito
Esgoto Paredes de
gabião Trecho que irá passar por obra de
reurbanização
Canal Rio Camaçari (Jardim Brasília)
04 -12,7057 -38,3299
Canal natural com paredes e fundo de terra
Vegetação no bueiro
Esgoto Paredes de
gabião Problemas de limpeza alaga Jardim
Brasília Canal afluentes do Rio Camaçari (Rua
Cidade Nova)
05 -12,7037 -38,3370
Canal natural com paredes e fundo de terra
Vegetação no leito
Esgoto e sólidos
Paredes de gabião
-
Canal da Lama Preta (Av. Rio
Camaçari)
06 -12,7028 -38,3386
Canal natural com paredes e fundo de terra
Vegetação no leito
Esgoto e resíduos sólidos
Paredes de gabião
Canal próximo a moradias que estão tamponando para construir.
Canal de Estiva do Buris (Sitio Fradinho)
07 -12,8338 -38,2638
Canal natural com paredes e fundo de terra
Vegetação no leito
Esgoto Paredes de
gabião Trecho que recebe contribuição de Jaua
e Areias
Canal Rio Piaçaveira
08 -12,7126 -38,3383
Canal natural com paredes e fundo de terra
Vegetação no leito
Esgoto Seção
Composta
A manilha colocada sob um ponto não é suficiente para escoar a água, alagando
o Parque Verde II Canal do Verdes
Horizontes (próximo ao estádio)
09 -13,0061 -38,5225
Canal natural com paredes e fundo de terra
Vegetação no leito
Esgoto e resíduos sólidos
Paredes de gabião
Ponto de destinação de resíduos da construção civil nas margens do canal
Canal Verdes Horizontes (Rua
Atalaia)
10 -12,7200 -38,3174
Canal natural com paredes e fundo de terra
Vegetação no leito
Esgoto Paredes de
gabião Construções nas margens do canal
Canal Verdes Horizontes (Rua Patamares / 46)
11 -12,7198 -38,3206
Canal natural com paredes e fundo de terra
Vegetação no leito
Esgoto Seção
composta -
Plano Municipal de Saneamento Básico
101
Canal Ponto Latitude Longitude Aspectos gerais Limpeza Contami
nação Tecnologia pertinente
Observações
Canal Bairro dos 46 (Rua da Linha)
12 -12,7159 -38,3216
Canal natural com paredes e fundo de terra
Vegetação no leito
Esgoto e resíduos sólidos
Paredes de gabião
-
Canal Dois de Julho (Próximo à linha do
trem)
13 -12,7056 -38,3259
Canal natural com paredes e fundo de terra
Vegetação no leito
Esgoto Paredes de
gabião -
Canal Lama Preta (Avenida Rio
Camaçari)
14 -12,7022 -38,3370
Canal natural com paredes e fundo de terra
Vegetação no leito
Esgoto e resíduos sólidos
Paredes de gabião
Material de construção (areia) armazenada próximo da calha do canal
Canal Afluente Rio Camaçari
15 -12,7025 -38,3384
Canal natural com paredes e fundo de terra
Vegetação no leito
Esgoto e resíduos sólidos
Paredes de gabião
Canal com entulho no leito
Canal Rio Camaçari (Rua Iaçu PHOC II)
16 -12,7116 -38,3338
Canal natural com paredes e fundo de terra
Vegetação no leito
Esgoto e resíduos sólidos
Paredes de gabião
Canal com entulho no leito
Canal afluente do Rio Camaçari
17 -12,7175 -38,3370
Canal natural com paredes e fundo de terra
Vegetação no leito
Esgoto Paredes de
gabião Canal em processo de requalificação
Canal Rio Acajutiba 18
-12,7231 -38,3357 Canal natural com
paredes e fundo de terra Vegetação
no leito Esgoto
Paredes de gabião
Trecho que irá passar por obra de reurbanização
Canal afluente do Rio Pedreira
19 -12,7206 -38,3321
Parte do canal é artificial (construído em concreto e tamponado) e parte é natural com paredes e
fundo de terra
Vegetação no leito
Esgoto e resíduos sólidos
Seção composta (na parte
construída) e Paredes de gabião (na parte natural)
Passarela inadequadas para passagem dos moradores.
Canal afluente Rio Pedreira e bacia amortecimento
20 -12,7266 -38,3301
Canal natural com paredes e fundo de terra
Vegetação no leito
Esgoto e resíduos sólidos
Paredes de gabião
Bacia de amortecimento (natural) a jusante do ponto. Não foi realizada
nenhuma intervenção para melhorar a bacia natural.
Plano Municipal de Saneamento Básico
102
Canal Ponto Latitude Longitude Aspectos gerais Limpeza Contami
nação Tecnologia pertinente
Observações
Canal afluente do Rio Pedreira e Bacia
de amortecimento
21 -12,7179 -38,3305
Canal natural com paredes e fundo de terra
Vegetação no leito
Esgoto e resíduos sólidos
Paredes de gabião
Bacia de amortecimento (natural) a jusante do ponto.
Canal afluente do Rio Pedreira e Bacia
de amortecimento
22 -12,7178 -38,3298
Canal natural com paredes e fundo de terra
Vegetação no leito
Esgoto e resíduos sólidos
Paredes de gabião
Bacia de amortecimento (natural) a jusante do ponto.
Canal da Manuela 23
-12,6996 -38,3296 Canal construído com
paredes e fundo de concreto
Eficiente Esgoto Seção
composta
Devido ao adensamento foi construído um canal de paredes de concreto que
permite um escoamento maior com seções menores
Canal Gleba A Avenida do Canal
24 -12,6952 -38,3327
Canal construído com paredes e fundo de
concreto Eficiente Esgoto
Seção composta
Devido ao adensamento foi construído um canal de paredes de concreto que
permite um escoamento maior com seções menores
Canal da Gleba A 25
-12,6947 -38,3333 Canal construído com
paredes e fundo de concreto
Eficiente Esgoto Seção
composta
Devido ao adensamento foi construído um canal de paredes de concreto que
permite um escoamento maior com seções menores
Canal da Gleba A 26
-12,6899 -38,3364 Canal construído com
paredes e fundo de concreto
Eficiente Esgoto Seção
composta
Devido ao adensamento foi construído um canal de paredes de concreto que
permite um escoamento maior com seções menores
Canal da Junção de Gravata, FICAM,
Mangueiral
27 -12,6887 -38,3311
Canal construído com paredes e fundo de
concreto Eficiente Esgoto
Seção composta
Ponto de confluência da aguas pluviais de Gravatá, FICAM e Mangueral
Canal Parque Satélite e Parque
dos Pinheiros
28 -12,6882 -38,3223
Canal construído com paredes e fundo de
concreto
Vegetação no leito
Esgoto Seção
composta Efluente do Rio Camaçari
Canal do Parque Satélite e encontro
com Bacia de amortecimento do
Rio Camaçari
29 -12,6922 -38,3189
Canal natural com paredes e fundo de terra
Vegetação no leito
Esgoto Seção
composta Efluente do Rio Camaçari
Plano Municipal de Saneamento Básico
103
Canal Ponto Latitude Longitude Aspectos gerais Limpeza Contami
nação Tecnologia pertinente
Observações
Canal Parque das Palmeiras
30 -12,6962 -38,2939
Canal natural com paredes e fundo de terra
Vegetação no leito
Esgoto Seção
composta -
Jardim Limoeiro 31
-12,7077 -38,3013
Parte do canal é artificial (construído em concreto e tamponado) e parte é natural com paredes e
fundo de terra
Vegetação no leito
Esgoto Seção
composta -
Canal Efluente Rio Capivara
32 -12,7119 -38,2939
Canal natural com paredes e fundo de terra
Vegetação no leito
Esgoto Seção
composta -
Canal da Rua San Diego
33 -12,7278 -38,2981
Canal natural com paredes e fundo de terra
Vegetação no leito
Esgoto Seção
composta -
Canal da Rua San Diego (cruzamento com Rua Getúlio
Vargas)
34 -12,7293 -38,2984
Parte do canal é artificial (construído em concreto e tamponado) e parte é natural com paredes e
fundo de terra
Vegetação no leito
Esgoto Seção
composta -
Bacia de Amortecimento nas margens da BA-522
35 -12,7383 -38,2935
Bacia natural de drenagem
- Não
identificada
Organizar o local para ser uma bacia de
amortecimento mais eficiente.
-
Canal Machadinho 36
-12,7624 -38,2802 Canal natural com
paredes e fundo de terra Vegetação
no leito
Não identifica
da
Seção composta
-
Fonte: Saneando Projetos de Engenharia e Consultoria, 2015
Plano Municipal de Saneamento Básico
104
Tabela 37 - Análise dos principais canais e algumas bacias naturais de amortecimento do Distrito de Abrantes, Camaçari-BA.
Canal Ponto Latitude Longitude Aspectos gerais Limpeza Contami
nação Tecnologia pertinente
Observações
Canal da Rua Guajirus
37 -12,8158 -38,2421 Canal natural com
paredes e fundo de terra Limpo Esgoto
Recuperação da Mata
Ciliar
Estão sendo instaladas novas manilhas metálicas com raio aproximado de 2
metros, devido a constantes problemas de inundação na área.
Trecho a Montante do Canal da Rua
Guajirus 38 -12,8248 -38,2513
Canal natural com paredes e fundo de terra
Limpo Esgoto e resíduos sólidos
Recuperar a Mata Ciliar
Canal de Buris da Estiva
39 -12,8290 -38,2556 Canal natural com
paredes e fundo de terra Limpo Esgoto
Seção composta
Casas construídas nas margens do canal
Lagoa Estiva de Buris (Bacia de
amortecimento) 40 -12,8317 -38,2553
Bacia natural de drenagem
Limpo Esgoto
Limitar o aterramento
da lagoa pela
construção civil.
A lagoa está sofrendo processo de aterramento devido à especulação
imobiliária aterra parte da lagoa para construir
Canal da Fonte da Caixa
41 -12,8374 -38,2622
Parte do canal é artificial (construído em concreto e tamponado) e parte é natural com paredes e
fundo de terra
Vegetação no leito
Esgoto e resíduos sólidos
Seção composta
Casas construídas em cima da rede de drenagem.
Canal à jusante do Cond. Recanto de
Abrantes e a montante de Malicia
42 -12,8313 -38,2699 Canal natural com
paredes e fundo de terra Vegetação
no leito Limpo
Seção composta
-
Loteamento Malicia - Lagoa de detenção
vai para o Shop 43 -12,8223 -38,2594
Bacia natural de drenagem
Limpo Limpo
Organizar o local para ser uma bacia de
amortecimento mais
eficiente.
A lagoa retém a água de chuva e se comunica com o canal que é efluente do Rio Joanes (drena para próximo outlet próximo ao pedágio).
Plano Municipal de Saneamento Básico
105
Canal Ponto Latitude Longitude Aspectos gerais Limpeza Contami
nação Tecnologia pertinente
Observações
Canal afluente do Rio Joanes
44 -12,8262 -38,2643 Canal natural com
paredes e fundo de terra Vegetação
no leito
Esgoto e resíduos sólidos
Seção composta
-
Canal Pau Sul 45 -12,8333 -38,2721 Canal natural com
paredes e fundo de terra Vegetação
no leito Limpo
Seção composta
Fonte: Saneando Projetos de Engenharia e Consultoria, 2015.
Tabela 38 - Análise dos principais canais e algumas bacias naturais de amortecimento do Monte Gordo, Camaçari-BA
Canal Ponto Latitude Longitude Aspectos gerais Limpeza Contaminação
Tecnologia pertinente
Observações
Canal Paralelo à BA-099 entre Monte
Gordo e Itacimirim 46 -12,6576 -38,0894
Canal natural com paredes e fundo de terra
Limpeza parcial
Não identifica
da
Recuperar a Mata Ciliar
-
Coqueiro de Arembepe (Bacia de
amortecimento) 47 -12,7733 -38,2037
Local de espraiamento do canal e funciona como
lagoa de amortecimento, paredes e fundo em terra
Limpo Não
identificada
Fiscalizar o uso e
ocupação nas margens
da bacia
Em 2012 foi realizado a ampliação das galerias abaixo da ponte o que amenizou
os alagamentos.
Canal do Rio Capivara e bacia de
amortecimento 48 -12,7979 -38,2292
Canal natural com paredes e fundo de terra e bacia de amortecimento
Limpo Não
identificada
Fiscalizar o uso e
ocupação nas margens
da bacia e recuperação
da mata ciliar
-
Canal afluente do Rio Capivara
49 -12,8057 -38,2313 Canal natural com
paredes e fundo de terra Limpo
Esgoto e resíduos sólidos
Seção Composta
-
Canal da entrada do Areal
50 -
12,59497 -38,04824
Canal natural com paredes e fundo de terra
Vegetação no leito
Não identifica
da
Seção Composta
A forma com que foi construído oferece risco para a população.
Fonte: Saneando Projetos de Engenharia e Consultoria, 2015.
106
3.6.1. Verificação e caracterização das áreas com lançamentos de esgotos nos
sistemas de drenagem e o tipo de sistema coletor existente.
Os corpos d’água são parte integrante do sistema de drenagem: córregos, riachos e rios (canais
de drenagem) e os açudes, lagos e lagoas (bacia de amortecimento).
A utilização do sistema de drenagem para o lançamento de esgoto causa a contaminação dos
rios, lagos e praias. O lançamento nos corpos hídricos pode ocorrer de forma direta com a
tubulação lançando diretamente em açudes, riachos, rios, lagos, lagoas, etc. ou de forma indireta
como consequência do lançamento em valas ou na rede de drenagem pluvial.
Cabe salientar que o lançamento em corpos hídricos só é permitido caso haja algum tipo de
tratamento, conforme a Resolução do Conselho Nacional de Meio Ambiente (CONAMA) nº 430,
de 13 de maio de 2011:
Art. 3º - Os efluentes de qualquer fonte poluidora somente poderão ser lançados diretamente
nos corpos receptores após o devido tratamento e desde que obedeçam às condições, padrões
e exigências dispostos na referenciada resolução.
Segundo o Programa Nacional de Capacitação de Gestores Ambientais - PNCGA elaborado pelo
Ministério do Meio Ambiente – MMA (2009) a carga poluidora atinge o curso d’agua de 02 (duas)
formas: por meio de fontes pontuais e fontes não pontuais ou difusas:
Fontes pontuais: a carga poluidora atinge o corpo hídrico em um ponto específico. (MMA,
2009).
Fontes não pontuais ou difusas: a carga de poluição chega ao corpo hídrico de maneira
dispersa ao longo de parte de sua extensão. Essa carga é resultante do runoff da bacia de
drenagem ou do afloramento das águas subterrâneas. s (MMA, 2009).
O levantamento da situação da contaminação por fonte pontual foi baseado na localização do
ponto de lançamento do efluente tratado das estações de tratamento de esgoto, como
apresentado no Produto 5 - Diagnóstico dos Serviços de Esgotamento Sanitário do Município
de Camaçari - BA do presente Plano Municipal de Saneamento Básico, nenhuma estação de
tratamento de esgoto atendeu ao limite máximo permitido para o lançamento em corpos
receptores definido pelas Resoluções CONAMA Nº 357 e Nº 430. Dessa forma, podem ser
enquadradas como fontes pontuais com potencial poluidor.
A partir da sobreposição dessas informações foram elaboradas as Figura 31, Figura 32 e Figura
33 com a espacialização e classificação dos canais urbanos de drenagem como: canais com
lançamento critico, com lançamento intenso e com provável lançamento de esgoto doméstico.
107
Figura 31 - Lançamento pontual e difuso de esgoto doméstico (Distrito Sede).
Fonte: Saneando Projeto de Engenharia e Consultoria, 2015.
108
Figura 32 - Lançamento pontual e difuso de esgoto doméstico (Distrito de Abrantes).
Fonte: Saneando Projeto de Engenharia e Consultoria, 2015.
109
Figura 33 - Lançamento pontual e difuso de esgoto doméstico (Distrito de Monte Gordo).
Fonte: Saneando Projeto de Engenharia e Consultoria, 2015.
110
Tipo de sistema coletor existente (separador ou combinado)
Os sistemas coletores podem ser divididos basicamente em: combinado ou separador, em um
sistema separador as águas pluviais são coletadas e conduzidas separadas das águas
residuárias, já o sistema combinado (unitário), as águas pluviais e residuárias são coletadas e
conduzidas no mesmo sistema, essa prática não é recomendada devido a uma serie de
desvantagens, tais como:
a) Sistema de coleta superdimensionado;
b) Alto custo de implantação;
c) Risco de retorno do esgoto sanitário para o interior das residências, por ocasião das
cheias;
d) Baixa eficiência das Estações de Tratamento de Esgoto em épocas de chuvas
intensas, visto que o dimensionamento para o tratamento de um grande volume apenas
em certos meses é inviável;
e) Mau cheiro proveniente de bocas de lobo e demais pontos do sistema;
f) Capacidade ociosa do Sistema de Esgotamento Sanitário no período seco.
O Município de Camaçari apresenta algumas peculiaridades, na Sede boa parte do o sistema de
macrodrenagem (natural ou artificial) é utilizado para o lançamento de esgoto, porém o sistema já
projetado para ser separador, ou seja, a rede de drenagem não foi projetada para receber esgoto.
No Distrito de Monte Gordo e no de Abrantes, o sistema de drenagem é do tipo separador. Porém
a população (principalmente em Abrantes) engatam seu esgoto no sistema de drenagem.
3.6.2. Caracterização dos procedimentos de operação e manutenção do sistema de
drenagem de águas pluviais.
Segundo o Manual de Drenagem e Manejo de Aguas Pluviais da cidade de São Paulo (2012)
elaborado para Fundação Centro Tecnológica de Hidráulica (FTCH) o sistema de drenagem
requer uma manutenção preventiva com a limpeza dos canais e desobstrução das caixas
coletoras de águas pluviais, dentre outras. Atualmente, o município de Camaçari tem uma rotina
de limpeza e manutenção dos canais que ocorre, geralmente, antes de períodos mais chuvosos
com o objetivo de prevenir alagamentos e inundações.
Segundo o Manual de Drenagem e Manejo de Aguas Pluviais da cidade de São Paulo (2012) o
ideal é fazer uma programação para a manutenção em um período anterior ao chuvoso, visto que,
ao iniciar o período de maior intensidade de chuva há maior dificuldade de acesso ao sistema de
111
drenagem, além disso, se o sistema estiver obstruído ou com capacidade reduzida ocorrerá
alagamento ou inundação, e as ações de manutenção não evitará totalmente os transtornos
causados pela má gestão do manejo das águas pluviais.
O bom funcionamento do sistema de microdrenagem depende essencialmente da
execução cuidadosa das obras conforme projetadas, além de manutenção
permanente, com limpeza e desobstrução das bocas de lobo e das galerias antes
dos períodos chuvosos (FTCH, 2012).
Os serviços de drenagem e manutenção são terceirizados, e quem os executa é a empresa Santa
Cruz Engenharia Ltda., todos os serviços são fiscalizados pela SEINFRA. Como as intervenções
na drenagem urbana não são planejadas a contratação da manutenção dos serviços é definida
por metragem do serviço e os locais das obras não são definidos, não é existe nenhuma empresa
responsável em ampliar o sistema. A ampliação é realizada pela empresa responsável pela
manutenção, sendo o serviço contabilizado como manutenção. Isso mostra o que a falta de
planejamento acarreta para o sistema, uma vez que, os sistemas são implantados sem sequer a
elaboração de um projeto executivo, no máximo um croqui.
A seguir é apresentado o quantitativo de mão de obra da Santa Cruz Engenharia Ltda., essa
relação é a do mês de abri de 2015, e varia no decorrer do ano, os serviços de drenagem não
seguem uma rotina constante de manutenção e limpeza, assim o quantitativo de mão de obra é
alterado quase todo mês, as frentes de trabalho se dividem em Centro (sede) e Orla.
O quantitativo de mão de obra parece atender a demanda do município, e para melhorar a
eficiência do processo o ideal seria planejar as intervenções para que os serviços fossem
realizados durante todo o ano. Nos períodos mais secos a prioridade seria a limpeza do sistema
(canais e boca de lobos) e em períodos mais chuvosos seria realizado pequenos reparos no
sistema.
Essa homogeneidade do serviço iria contribuir para que permanece os mesmos funcionários e,
consequentemente, a equipe como um todo tenderia a ter mais experiência e entrosamento. Outro
ponto observado foi a ausência de um Engenheiro Sanitarista ou Hidráulico na equipe, pois esses
profissionais entendem melhor o comportamento das águas pluviais no sistema de drenagem,
aumentando as chances de uma manutenção e implantação de uma drenagem sustentável.
Manutenção de drenagem relacionado com precipitações pluviométricas
Com base nos dados adquiridos na Hidroweb foram calculadas as médias mensais em milímetro
de água em seguida foi elaborado Quadro 8 com as medias de precipitação mensais entre os
anos de 1964 e 2013 e que apresenta os períodos mais viáveis para a manutenção do sistema de
drenagem.
112
Quadro 8 - Média pluviométrica mensal e cronograma de período indicado para manutenção do sistema de drenagem.
Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez
75,9 100,6 127 247,3 291,7 224,1 192,7 141,1 99,3 95,8 93,7 94,2
Período não indicado
Período pouco indicado Período Indicado
Fonte: Saneando Projetos de Engenharia e Consultoria, 2015.
Os meses de fevereiro e setembro, embora não sejam períodos com maior intensidade de chuva,
precedem e sucedem o período mais chuvoso, assim é um período pouco indicado para
manutenção. Se for realizada em fevereiro a cronograma da manutenção fica apertado, e se for
em setembro poderá haver maior dificuldade, devido às áreas ainda estarem umidades, o que
dificulta o acesso de caminhões e equipamentos.
O que ocorre na prática, segundo os técnicos da SEINFRA e visitas a campo que esse
planejamento não ocorre de forma integral, frequentemente, a manutenção é realizada nos
períodos não indicados (março a agosto).
Em 2015, por exemplo, no dia 01 de abril foi realizado uma visita técnicas aos canais e foi
constatado que a manutenção a limpeza dos canais ainda não estava concluída, isso poderá
comprometer decisivamente a eficiência do procedimento.
Cabe salientar que a limpeza de canais deverá ser realizada de jusante para montante, e a
manutenção da macrodrenagem deverá vir antes da microdrenagem, segue os principais serviços
realizados no sistema de drenagem realizados no Município de Camaçari-BA: Recuperação nas
paredes do canal; Recuperação de galeria; Limpeza e desobstrução de galeria e boca de lobo; e
Reposição de tampa da boca de lobo e de poços de visita.
3.6.3. Caracterização e indicação cartográfica das áreas de risco de enchentes,
inundações, escorregamentos em especial para as áreas urbanas.
Com objetivo averiguar as áreas vulnerabilidade (alagamento, inundação e deslizamento de terra),
foram realizadas visitas técnicas com a Defesa Civil de locais onde existiam a ocorrência desses
eventos no município de Camaçari – BA, (APÊNDICE A e B do Produto 06 – Diagnóstico dos
Serviços de Drenagem Urbana e Manejo de Águas Pluviais), essas visitas foram realizadas nos
dias 07 e 08 de agosto, e 12 de novembro de 2014.
Nessas visitas foram coletados pontos no GPS e registro fotográfico, em seguida os pontos foram
inseridos em um mapa por meio do programa ARCGIS 10.2.
113
O Quadro 9 apresenta a relação dos pontos coletados em visita com a Defesa Civil, indicando o
tipo de fragilidade (inundação, alagamento e deslizamento de terra), bem com a causa da
ocorrência.
Quadro 9 - Relação dos locais visitados com ocorrência de alagamento, inundação e deslizamento de terra no município de Camaçari - BA.
Ponto (nº)
Coordenadas (Sirgas 2000) Distrito Logradouro
Tipo de fragilidade
Causa Latitude Longitude
01 -12,699359 -38,313660 Sede Rua Maria Meira Inundação Ocupação das margens do
rio
02 -12,697791 -38,317184 Sede Encontro Rio Camaçari e Rio Pedreira
Inundação Falta de limpeza do canal e
ocupação das margens
03 -12,696861 -38,316059 Sede Morro da Manteiga
Deslizamento de terra
Morro da Manteiga desprotegido e ação de
escavação de moradores
04 -12,696325 -38,316357 Sede Morro da Manteiga
Deslizamento de terra
Construção desordenada no próximo do Morro da Manteiga que está com o talude desprotegido.
05 -12,697191 -38,312038 Sede Morro da Manteiga
Deslizamento de terra
Talude do Morro da Manteiga desprotegido
06 -12,702162 -38,315695 Sede Rua da Conquista Invasão
Deslizamento de terra
Ocupação irregular do morro
07 -12,694191 -38,317799 Sede Ponte sobre 3ª Trav. M. Meire
Inundação Falta de manutenção da
drenagem do Rio Camaçari
08 -12,697627 -38,323456 Sede Centro Antigo ponto de inundação
-
09 -12,700932 -38,328399 Sede Bairro Jardim Brasília
Inundação Falta de manutenção da
drenagem do Rio Camaçari
10 -12,705676 -38,329930 Sede Camaçari - BA de dentro
Inundação Obstrução da drenagem
próxima ao bueiro
11 -12,707193 -38,328713 Sede Bairro dos 46 Deslizamento
de terra Construção desordenada
12 -12,705801 -38,335782 Sede Ponte PHOC II Inundação Ocupação das Margens do
Rio Camaçari
13 -12,703743 -38,337017 Sede Rua Cidade Nova - Obstrução drenagem
Inundação Acumulo de resíduo no canal
14 -12,717990 -38,340602 Sede Bairro Buris Satuba
Antigo ponto de inundação
-
15 -12,708940 -38,321998 Sede Bairro 2 de Julho Deslizamento
de terra
Falta de proteção do talude do morro e construção
desordenada
16 -12,727444 -38,296489 Sede Parque das Mangabas
Alagamento Área sem sistema de
drenagem
17 -12,724748 -38,335517 Sede Parque Verde II Inundação Bueiro subdimensionado
18 -12,700037 -38,312445 Sede Novo Horizonte - Rua Ilhéus
Inundação Excesso de vegetação no
canal
19 -12,694559 -38,339756 Sede Triangulo - Rua do Areal
Deslizamento de terra
Antiga área de coleta de areia desprotegendo os taludes.
20 -12,694992 -38,340359 Sede PHOC II - Rua Ilhéus
Inundação Ocupação das Margens do
Rio Camaçari
21 -12,710576 -38,321888 Sede Piaçaveira - Rua Caminho A- 20
Deslizamento de terra
Talude desprotegido
114
Ponto (nº)
Coordenadas (Sirgas 2000) Distrito Logradouro
Tipo de fragilidade
Causa Latitude Longitude
22 -12,711389 -38,321566 Sede Piaçaveira - Rua Caminho A- 21
Deslizamento de terra
Talude desprotegido
23 -12,710034 -38,322294 Sede Piaçaveira - Rua Caminho A- 21
Deslizamento de terra
Talude desprotegido
24 -12,736374 -38,328364 Sede Invasão do Areal Alagamento Local de baixada sem o sistema de drenagem
25 -12,826922 -38,262883 Abrantes Rua Joao da Mata
Alagamento Canal obstruído e construção
nas margens.
26
-12,831375 -38,264815 Abrantes Rua Joao Araújo Alagamento Sistema de Drenagem
entupido
27 -12,836007 -38,260596 Abrantes Fonte do Buraquinho
Alagamento Construção irregular em APP
(Duna)
28 -12,835011 -38,262102 Abrantes Morada Nobre Alagamento Sem sistema de drenagem
29 -12,832716 -38,260547 Abrantes Morada Nobre Alagamento Sem sistema de drenagem
30 -12,821466 -38,239118 Abrantes Rua das Flores Deslizamento
de terra Taludes desprotegidos e ocupação desordenada
31 -12,827523 -38,232068 Abrantes Rua Moenda Alagamento Área de baixada sem sistema
de drenagem
32 -12,826953 -38,233390 Abrantes Rua Moenda Alagamento Área de baixada sem sistema
de drenagem
33 -12,813277 -38,238719 Abrantes Rua dos Artistas Alagamento Sistema de drenagem
obstruido
34 -12,818525 -38,236285 Abrantes Rua direta Jaua Alagamento Ausência do Sistema de
Drenagem
35 -12,815671 -38,242082 Abrantes Rua Bueiro do Gagiru
Inundação Falta de manutenção do
canal
36 -12,771405 -38,180057 Abrantes Rua Caraúna Inundação Aterro da Lagoa alterou o
escoamento natural da água
37 -12,773370 -38,181872 Abrantes Rua da Paz 1ª Travessa
Alagamento Falta de sistema de
drenagem
38 -12,773214 -38,181415 Abrantes Rua da Paz 2ª Travessa
Alagamento Falta de sistema de
drenagem
39 -12,798041 -38,233040 Abrantes Galo Assanhado Inundação
Falta manutenção do Rio Capivara, local de baixada e
construção próximo as margens do rio
40 -12,799030 -38,226531 Abrantes Corta Joelho Alagamento Falta de sistema de
drenagem
41 -12,802870 -38,227653 Abrantes Rua do Coqueiro Alagamento Falta de sistema de
drenagem
42 -12,657771 -38,100472 Monte Gordo
Agrofolha Alagamento Falta de sistema de
drenagem
43 -12,656968 -38,099987 Monte Gordo
Monte Gordo Alagamento Falta de sistema de
drenagem
44 -12,597004 -38,048662 Monte Gordo
Areal Alagamento Falta de sistema de
drenagem
45 -12,599269 -38,051336 Monte Gordo
Areal Inundação Falta do um bueiro com
maiores dimensões
46 -12,590812 -38,050760 Monte Gordo
Buracão Deslizamento
de terra Sem drenagem nem
47 -12,590138 -38,051038 Monte Gordo
Buracão – Rua Esmirino Neto
Deslizamento de terra
Sem drenagem nem pavimentação
48 -12,575091 -38,050003 Monte Rua da Deslizamento Taludes desprotegidos
115
Ponto (nº)
Coordenadas (Sirgas 2000) Distrito Logradouro
Tipo de fragilidade
Causa Latitude Longitude
Gordo Cachoeira de terra
Fonte: Adaptado Defesa Civil de Camaçari-BA, 2014.
Além das informações disponibilizadas pela Defesa Civil foram coletadas informações com a
população, por meio de Oficinas de Diagnóstico Participativo, sobre a drenagem urbana do
Município de Camaçari-BA.
Uma análise preliminar dos resultados apontou que a população não tem o devido grau de
instrução para saber se a sua localidade tem ou não sistema de drenagem, desta forma foi
coletado e espacializados informações referentes a vulnerabilidade (alagamento, inundação e
deslizamento de terra). Esse mapeamento, como supracitado, precisa ser mais abrangente para
que as ações tanto de prevenção com de contingências sejam mais eficientes e eficazes.
Distrito Sede:
As localidades de Mangueiral, Gleba A, Parque Florestal, Alto da Cruz, Acajutiba, Gleba C, Gleba
E, Loteamento Monte Negro, Natal, Coqueiro de Arembepe, Açu da Capivara, Bosque de
Arembepe e Parque das Palmeiras, não foram contemplados nos pontos indicados pela Defesa
Civil.
Distrito de Abrantes:
As localidades de Mutirão de Catu de Abrantes, Sucupió, Catu de Abrantes, Biribeira, Jaua e
Maracaúba, não foram contemplados nos pontos indicados pela Defesa Civil.
Distrito de Monte Gordo:
As localidades Várzea da Meira, Monte Gordo, Loteamento Guarajuba, Alto da Capelinha,
Fazenda Cajazeiras, Baratas, Cachoeirinha e Alto da Capelinha.
Diante do que foi apresentado, verifica-se que os problemas registrados nessas áreas possuem
relação direta com o avanço da urbanização e o consequente uso do solo, que contribuíram para
a redução do armazenamento natural dos deflúvios, culminando no alagamento de áreas que
antes não eram inundáveis. Acresce-se ainda o fato de que intervenções emergenciais e pontuais,
alterando o sistema de drenagem, quer seja por canalizações, retificações, dentre outros, somente
adiam problemas maiores que já começam a ser sentidos no município como os
transbordamentos e alagamentos de vias anualmente nos períodos chuvosos.
Aliado a isso, a dificuldade de fiscalização em algumas áreas do município tem contribuído para o
crescimento e o adensamento informal da malha urbana que vem ocupando áreas impróprias,
116
como APPs e outras áreas frágeis que normalmente são passíveis de riscos de desabamentos,
deslizamentos e inundações.
3.6.4. Manejo de águas pluviais do Polo Industrial de Camaçari
O manejo de águas pluviais do Polo Petroquímico de Camaçari (PIC) é dividido em 02 (duas)
formas distintas de manejo: em épocas de chuva (quando as aguas pluviais são lançadas sem
tratamento no Rio Capivara Pequena) e em épocas de menos chuvas as aguas pluviais do PIC é
lançada para tratamento na Cetrel.
3.6.4.1. Manejo de águas pluviais em épocas de período chuvoso
Segundo o Plano Diretor Polo Industrial de Camaçari, 2013, a poligonal do Polo Industrial tem seu
sistema de drenagem relacionado exclusivamente às redes hidrográficas dos rios Joanes e
Jacuípe, com padrão dendrítico, direcionados ao leste, para o Oceano Atlântico. Conforme
condicionante IV da Licença de Operação da Cetrel, portaria INEMA nº1985/12, as águas não
contaminadas (SN) proveniente das empresas do Polo Industrial de Camaçari podem ser
lançadas em período chuvoso no Rio Capivara Pequeno, não passando por qualquer tipo de
tratamento:
VI. lançar os efluentes provenientes do Sistema de Águas Não Contaminadas da Cetrel no rio
capivara pequeno durante o período de chuvas enquanto não obtiver a outorga emitida pelo INEMA.
Devem ser obedecidos os padrões de lançamento (considerando o enquadramento do corpo d’água)
estabelecidos na Resolução CONAMA 357/05;
Segundo a Cetrel os lançamentos de SN por parte das empresas devem atender aos padrões
estabelecidos no anexo II da Licença de Operação do Polo Industrial de Camaçari, portaria
INEMA nº12064/09. O automonitoramento do SN é realizado no lançamento de cada empresa
através de amostragem composta ou pontual e no ponto a montante do lançamento no corpo
receptor, denominado Canal Final. O relatório de situação operacional do sistema de efluentes
líquidos, encaminhado mensalmente ao INEMA conforme condicionante XIV da LO da Cetrel
contempla o automonitoramento dos corpos receptores Rio Capivara Pequeno e trecho estuarino
do Rio Jacuípe. Os possíveis desvios associados às correntes de SN são tratados diretamente
com a empresa responsável pelo lançamento, buscando a identificação das causas e
determinação das ações corretivas e preventivas.
A Figura 34 apresenta o croqui esquemático do manejo das águas pluviais do Polo Petroquímico
de Camaçari (PIC) em épocas de chuva e de pouca chuva.
117
Figura 34 - Croqui esquemático do manejo de águas pluviais no Polo Industrial de Camaçari (PIC).
Fonte: Adaptado, Cetrel 2015.
118
Ao todo existem 07 (sete) estações de monitoramento nos Rios Jacuípe e Capivara Pequeno das
águas relacionadas à drenagem do Polo Industrial de Camaçari-BA.
Segundo a Cetrel (2015) o monitoramento mensal/semestral para avaliar a natural recuperação
dos rios Capivara Pequeno e Jacuípe, a partir da estação amostral CP-050 até a estação JP-600,
busca-se identificar qualquer interferência de origem antrópica na qualidade das águas desses
rios após a implantação do SDO. A partir daí a ocorrência de qualquer evento com potencialidade
de promover a contaminação desses corpos hídricos poderá comprometer o processo natural de
recuperação em curso.
Estação de Monitoramento CP-500:
Diante dos resultados apresentados, é possível aclarar que, a estação localizada no Rio Capivara
Pequeno, CP-050 apresentou inconformidade da legislação vigente no que se refere aos
seguintes parâmetros:
i. Ferro Dissolvido;
ii. DBO;
iii. Oxigênio Dissolvido;
iv. Nitrogênio Amoniacal
No que se refere aos testes ecotoxicológicos, as amostras coletadas apresentaram toxicidade
elevada apenas as épocas secas. Dos metais analisados no sedimento, percebe-se que todos os
metais analisados estiveram em conformidade com o preconizado com a legislação.
Estação de Monitoramento CP-100:
Para estação CP-100, situado, também no Rio Capivara Pequeno, verificou-se inconformidades
nos seguintes parâmetros:
i. DBO;
ii. DQO;
iii. Alumínio Dissolvido;
iv. Fluoreto;
v. Coliformes Termotolerantes
Em relação ao teste ecotoxicologico realizado, todas as amostras apresentaram toxicidade crônica
para o organismo-teste utilizado Ceriodaphnia dubia,
119
No que se refere aos resultados obtidos nas análises dos metais coletados no sedimento, o
mercúrio e o cobre apresentaram valores acima do legislado. Para a estação localizada no Rio
Capivara Pequeno, CP-300 apresentou inconformidade da legislação vigente no que se refere aos
seguintes parâmetros:
i. Fluoreto, sua presença pode ser estar associada aos lançamentos pontuais;
ii. Fósforo: sua presença estar associada ao crescente número de núcleos habitacionais
próximos;
iii. Baixa concentração de Oxigênio Dissolvido: indicativo de poluição da água natural, através
da presença de materiais orgânicos em decomposição;
iv. Coliformes Termotolerantes
v. Alumínio: possivelmente, devido as atividades agrícolas devenvolvidas na região;
vi. Cromo, e
vii. Níquel.
No que se refere aos testes ecotoxicológicos crônicos realizados com o microcrustáceo
Ceriodaphnia dubia é possível constatar toxicidade das amostras de água em apenas um mês, a
ausência deste no mês de agosto pode ser explicado através do fator de diluição. Na estação CP-
400 localizada no mesmo Rio citado anteriormente foram constatadas, também, alguns
parâmetros fora dos limites estabelecidos por lei, a saber:
i. Fluoreto;
ii. Fósforo Total;
iii. Óleos e Graxas,
iv. Oxigênio Dissolvido
No que tange os testes ecotoxicológicos as amostradas apresentaram toxidade para o
microcrustáceo Ceriodaphnia dubia apenas na estação seca, enquanto que não foram observados
nas amostras coletas no período chuvoso.
Vale salientar ainda que, os resultados dos metais analisados no sedimento e na biota foi
satisfatório, todos os elementos analisados estiveram em conformidade com o estabelecido, por
lei.
Os resultados das análises realizadas na estação JP – 500, situada no Rio Jacuípe, concluíram
que nenhum dos parâmetros estudados ao longo dos últimos dois anos estiveram fora do que a lei
120
estabelece. Não obstante, a relação DBO/ DQO apresentou valor muito baixo, apontando a
existência de produtos orgânicos resistentes à degradação ou produtos tóxicos aos
microorganismos. Para a estação JP - 600 foram identificados os seguintes parâmetros em
inconformidade:
i. Oxigênio Dissolvido;
ii. Nitrogênio Amoniacal;
iii. DBO;
iv. Coliformes Termotolerantes
As análises ecotoxicológicas realizadas revelaram nível de toxicidade para o organismo-teste
Skeletonema costatum, com exceto para análise realizada em agosto de 2012.
Os valores de metais na coluna d’água e no sedimento não apresentara concentração em níveis
preocupantes. Vale ressaltar que, o limite de Cádmio não atende ao padrão legislado. Contudo,
dentre os metais analisados na biota, os parâmetros de cobre e Zinco apresentaram
inconformidade.
Outra importante estação, pela sua localização estratégica, é a do SN-100 para o rio Capivara
Pequeno. As coletas/análises também tem frequência mensal para os parâmetros Físico-
Químicos e microbiológicos. Nesta estação amostral as contribuições de origem doméstica podem
ser evidenciadas pelos elevados níveis de Coliformes Termotolerantes, acompanhados das
violações nos valores de DBO e Nitrogênio Amoniacal. Deve-se também enfatizar a presença do
fluoreto em níveis bem acima do legislado.
3.6.5. Manejo de águas pluviais em épocas de período não chuvoso
Segundo informações fornecidas pela Cetrel a água de chuva dos pátios das empresas do Polo
Industrial de Camaçari é encaminhada junto com a efluentes industriais com menor contaminação
orgânica um reservatório (Bacia do Complexo Básico - BCB) temporário para tratamento e
disposição oceânica.
O Sistema de Captação é composto por uma balsa com quatro bombas instaladas para
atendimento da vazão demandada pelo cliente. Essas bombas são alimentadas por uma
Subestação Elétrica localizada às margens da BCB. Das descargas das bombas sai uma
tubulação em PEAD sustentada por flutuantes que mantém a tubulação na superfície da BCB até
chegar à Unidade de Tratamento (Cetrel, 2014).
Figura 35 - Croqui do manejo de águas pluviais do Polo Industrial de Camaçari-BA.
121
Fonte: Adaptado Cetrel, 2015.
Segundo informações da Cetrel está implantou em janeiro de 2013 por meio do Projeto Água Viva
um sistema que reaproveita a água de chuva, com as seguintes características operacionais:
a) O reservatório (BCB) foi redirecionado para receber apenas os efluentes com melhor
viabilidade técnica e econômica para reciclagem da água (carga orgânica muito baixa) e
agua de chuva;
b) No reservatório foi projetado um sistema de captação flutuante customizado e específico
para evitar o arraste de sólidos do fundo do reservatório;
Segundo a Cetrel o sistema de segregação é fundamental para viabilidade do negócio. Foram
construídas três comportas que permitem ou não a admissão na BCB dos efluentes gerados no
Polo. As comportas operam de forma automática com modelo de decisão desenvolvido para
permitir/ou a destinação do efluente para BCB. Qualidade do efluente é monitorada em tempo real
com instrumentos analíticos específicos.
Figura 36 - Croqui com do aproveitamento das águas de chuva do PIC.
Fonte: Adaptado Cetrel, 2015.
A Unidade de Tratamento foi desenvolvida com características compactas, baixos custos de
operação e investimento e consumo de energia. O processo de tratamento de efluentes para o
reuso de água está baseado em rotas tecnológicas físico-químicas de oxidação, precipitação,
coagulação, floculação e flotação por ar difuso.
A água de reuso é então distribuída através de três bombas que alimentam três torres de
resfriamento da Unidade de Insumos Básicos da Braskem. Através desse projeto em 2013 já foi
possível reciclar 1,5 Bilhão de litros de água e economizar 1,5 GWh. O desenvolvimento continua
para alcançar a meta de 7 bilhões de litros/ano, o equivalente ao consumo anual de água de uma
cidade com mais de 150 mil habitantes. Além do fato de reduzir o despejo de efluentes.
Reservatório
(BCB)
Oceano Atlântico Tratamento
Água de chuva
Efluentes Industriais (menor concentração
orgânica)
Reservatório
(BCB)
Tratamento direcionado
Comportas automáticas apenas efluentes de baixa
concentração)
Água de chuva
Efluentes Industriais (menor concentração orgânica)
Polo Industrial de Camaçari
122
3.6.6. Avaliação do Déficit de Atendimento dos Serviços de Drenagem Urbana e
Manejo de Águas Pluviais
A avaliação do déficit do atendimento dos Serviços de Drenagem Urbana e Manejo de Águas
Pluviais é um grande desafio devido à ausência e deficiência de informações, principalmente
quantitativas. Portanto, se utiliza da estratégia qualiquantitativa para o levantamento de
informações necessárias para a avaliação do déficit, onde algumas problemáticas são analisadas
quantitativamente e outras qualitativamente, trazendo assim um panorama sobre os principais
fatores determinantes na prestação dos serviços e/ou soluções de drenagem e manejo de águas
pluviais.
Para essa avaliação são observadas 03 (três) categorias: déficit da presença de caixas coletoras
nos logradouros das áreas urbanizadas; tipos de uso e ocupação das margens e canais urbanos
de drenagem; contaminação das águas dos canais por efluentes domésticos e/ou resíduos
sólidos. Assim, realiza-se a sistematização de forma sucinta dos fatores determinantes, já
abordados nesse produto em diversos itens, das suas respectivas causas e consequências.
a) Déficit da presença de caixas coletoras nos logradouros das áreas urbanizadas.
Com o objetivo de fazer um levantamento preliminar da situação da abrangência da
microdrenagem na zona urbana do município foi realizado no, o levantamento das vias atendidas
com pelo menos uma caixa coletora de águas pluviais.
No entanto, esse dado se apresentou subestimado ao considerar que algumas vias de pequeno
porte não necessitam a implantação de caixas coletoras, sendo a pavimentação e as sarjetas
suficientes para escoamento das águas pluviais.
A viabilidade dessa variável está condicionada a elaboração do cadastro técnico do sistema de
drenagem do Município de Camaçari com o levantamento do tipo de estrutura de microdrenagem
implantada na via, e se esta atende à demanda de escoamento superficial da aguas pluviais.
A partir da elaboração do cadastro técnico detalhado do sistema de drenagem do município, será
possível avaliar quais as estruturas de microdrenagem devem ser implantadas em cada via,
contribuindo para um aumento na eficácia da implantação, e com a redução de custos.
b) Tipos de uso e ocupação das margens e canais urbanos de drenagem
123
O uso e ocupação das margens e dos canais de drenagem será avaliado quantitativamente. Para
análise será observado a ocupação das margens de acordo com 03 (três) categorias: vegetação
densa, vegetação pouco densa e com ocupação (inicial ou consolidada).
O tipo de ocupação das margens dos canais tem uma relevância muito significativa para o bom
desempenho deste dispositivo de drenagem. A construção de moradias nas margens dos canais,
em tempos menos chuvoso, implica em riscos aos moradores em épocas de chuvas mais
intensas, quando a água tende a ocupar a áreas das margens dos canais. Além do risco
associado à inundação local, a construção nas margens dos canais pode reduzir a seção de
escoamento e aumentar a chances de causar remansos de alagamento à montante.
A vegetação densa confere maior estabilidades às margens dos canais, assim nas margens com
vegetação pouco densa é indicado realizar o plantio de árvores locais. Essas áreas, são
potenciais para a criação de programas de requalificação, com reflorestamento e implantação de
equipamentos públicos de lazer.
c) Contaminação das águas dos canais por efluentes domésticos
Uma análise preliminar realizada na fase de diagnostico com a visitas a alguns trechos de
drenagem e com a inspeção visual da contaminação de esgoto e presença de resíduos sólidos,
apontam que os canais urbanos de drenagem do município estão seriamente degradados,
Apenas uma inspeção visual não é suficiente para determinar precisamente as condições desses
canais, sendo necessário inicialmente um enquadramento de acordo com as classes previstas na
Resolução Conama Nº 357/2005 e 430/2011.
Os córregos, riachos e rios do Município de Camaçari não passaram por um estudo de
enquadramento, sendo assim, o passo inicial para a melhoria da qualidade das águas. Após o
enquadramento dos canais de drenagem, deve-se identificar as fontes poluidoras, em seguida
eliminar essas fontes de forma que os padrões de lançamento conforme preconizado na
Resolução Conama Nº 357/2005 e 430/2011, sejam atendidos.
3.6.7. Fatores Determinantes
A seguir se apresenta a análise dos fatores determinantes para os Serviços de Drenagem Urbana
e Manejo e Água Pluvial nos 03 (três) distritos do Município de Camaçari-BA: Sede, Abrantes e
Monte Gordo.
Distrito Sede
124
a) Déficit da presença de caixas coletoras de águas pluviais nos logradouros das áreas urbanizadas.
No Distrito Sede o déficit da presença de caixas coletoras de águas pluviais nas áreas
urbanizadas é de 47,3% e 50,7% da extensão total dos logradouros, que representa um total de
266,3 quilômetros de vias sem caixas coletoras de águas pluviais, conforme a tabela abaixo.
Tabela 39 - Déficit da presença de caixas coletoras de águas pluviais nos logradouros das áreas urbanizadas.
Distrito Sede
Logradouros Total Com Caixas Coletoras Sem Caixas Coletoras Déficit
Quantidade 2.262 1.193 1.069 47,3%
Comprimento 525,1 km 258,7 km 266,3 km 50,7%
Fonte: Saneando Projeto de engenharia e Consultoria.
b) Tipos de uso e ocupação das margens e canais urbanos de drenagem
No Distrito Sede as margens com ocupação, inicial e consolidada, corresponde uma área de 34
Km², ou seja 13,6% da área total. A vegetação densa ocupa 0,75 Km², e a vegetação pouco
densa 1,59 Km², respectivamente 30,0 % e 63,6% da área total, conforme tabela abaixo.
Esses valores demostram que o grande desafio dos canais da sede está na recuperação de suas
margens. Além disso, tem 13,6% das áreas de margem ocupadas, fato que deverá ser
transformado ao longo do tempo e da implantação da gestão sustentável do município.
Tabela 40 - Tipo de uso e ocupação das margens dos canais no Distrito Sede.
Distrito de Sede
Situação das Margens Área (Km²) Área (%)
Com ocupação 0,34 13,6%
Vegetação Densa 0,75 30,0%
Vegetação Pouco Densa 1,59 63,6%
Total 2,68 100,0%
Fonte: Saneando Projeto de Engenharia e Consultoria, 2015.
c) Contaminação das águas dos canais por efluentes domésticos
No Distrito Sede a contaminação por efluentes domésticos dos canais de drenagem é crítica em
31,87 Km, 14,9% da extensão total, intensa em 42,63 Km, 19,9 % da extensão total, e provável
em 139,70 Km, 65,2% da extensão total dos canais urbanos de drenagem, conforme tabela a
seguir.
125
Tabela 41 - Contaminação dos canais de drenagem por esgoto doméstico no Distrito Sede. Distrito Sede
Situação da contaminação por esgoto doméstico
Comprimento (km) Percentual (%)
Critica 31,87 14,9%
Intensa 42,63 19,9%
Provável 139,40 65,2%
Total 213,91 100,0%
Fonte: Saneando Projeto de Engenharia e Consultoria, 2015.
Distrito de Abrantes
a) Déficit da presença de caixas coletoras de águas pluviais nos logradouros das áreas urbanizadas.
No Distrito de Abrantes o déficit da presença de caixas coletoras de águas pluviais nas áreas
urbanizadas é de 81,1% e 81,3% da extensão total dos logradouros, que representa um total de
297,34 quilômetros de vias sem caixas coletoras de águas pluviais, conforme a tabela abaixo.
Tabela 42 - Déficit da presença de caixas coletoras de águas pluviais nos logradouros das áreas urbanizadas.
Distrito de Abrantes
Logradouros Total Com Caixas Coletoras Sem Caixas Coletoras Déficit
Quantidade 1.384 262 1.122 81,1%
Comprimento 363,86 km 66,52 km 297,34 km 81,7%
Fonte: Saneando Projeto de engenharia e Consultoria.
b) Tipos de uso e ocupação das margens e canais urbanos de drenagem
No Distrito de Abrantes as margens com ocupação, inicial e consolidada, corresponde uma área
de 0,29 Km², ou seja 11,6%da área total. A vegetação densa ocupa 0,94 Km², e a vegetação
pouco densa 1,27 Km², respectivamente 37,6% e 50,8% da área total, conforme tabela abaixo.
Esses valores demostram uma similaridade entre os distritos, já que o grande desafio dos canais
da Abrantes, também está na recuperação de suas margens com vegetação pouco densa, 50,8%.
Além disso, tem 11,6% das áreas de margem ocupadas, fato que exige esforços do gestor nos
dois distritos, evidenciando ainda mais a necessidade da gestão sustentável social e
ambientalmente no município.
Tabela 43 - Tipo de uso e ocupação das margens dos canais no Distrito de Abrantes Distrito de Abrantes
Situação das Margens Área (Km²) Área (%)
Ocupação 0,29 11,6%
Vegetação Densa 0,94 37,6%
Vegetação Pouco Densa 1,27 50,8% Total 2,5 100,0%
Fonte: Saneando Projeto de Engenharia e Consultoria, 2015.
126
c) Contaminação das águas dos canais por efluentes domésticos
No Distrito de Abrantes a contaminação por efluentes domésticos dos canais de drenagem é
crítica em 62,00 Km, 21,4% da extensão total, intensa em 51,67 Km, 17,8% da extensão total, e
provável em 175,90 Km, 60,7% da extensão total dos canais urbanos de drenagem, conforme
tabela a seguir.
Tabela 44 - Contaminação dos canais de drenagem por esgoto doméstico no Distrito de Abrantes. Distrito de Abrantes
Situação da contaminação por esgoto doméstico
Comprimento (km) Percentual (%)
Critica 62,00 21,4%
Intensa 51,67 17,8%
Provável 175,90 60,7% Total 289,57 100,0%
Fonte: Saneando Projeto de Engenharia e Consultoria, 2015.
Distrito de Monte Gordo
a) Déficit da presença de caixas coletoras de águas pluviais nos logradouros das áreas urbanizadas.
No Distrito de Monte Gordo o déficit da presença de caixas coletoras de águas pluviais nas áreas
urbanizadas é de 84,30% e 79,30% da extensão total dos logradouros, que representa um total de
263,87 quilômetros de vias sem caixas coletoras de águas pluviais, conforme a tabela abaixo.
Tabela 45 - Déficit da presença de caixas coletoras de águas pluviais nos logradouros das áreas urbanizadas.
Distrito de Monte Gordo
Logradouros Total Com Caixas Coletoras Sem Caixas Coletoras Déficit
Quantidade 1.252 197 1.055 84,30%
Comprimento 332,83 km 68,96 km 263,87 km 79,30%
Fonte: Saneando Projeto de engenharia e Consultoria.
b) Tipos de uso e ocupação das margens e canais urbanos de drenagem
No Distrito de Monte Gordo as margens com ocupação, inicial e consolidada, corresponde uma
área de 0,09 Km², ou seja 5,4% da área total. A vegetação densa ocupa 1,10 Km², e a vegetação
pouco densa 0,47 Km², respectivamente 66,3% e 28,3% da área total, conforme tabela abaixo.
Esses valores demostram que as margens dos canais de Monte Gordo são os mais conservados,
porém ainda necessita da recuperação vegetal de 28,3% de suas margens. Apesar de ser a
menor área de margem ocupada, 5,46%, necessitará, também, dos esforços do gestor para
implantação da gestão sustentável social e ambientalmente no município, de maneira a evitar que
esse quadro mude para pior a longo prazo.
127
Tabela 46 - Tipo de uso e ocupação das margens dos canais no Distrito de Monte Gordo.
Distrito de Monte Gordo
Situação das Margens Área (Km²) Área (%)
Ocupação 0,09 5,4%
Vegetação Pouco Densa 0,47 28,3%
Vegetação Densa 1,10 66,3%
Total 1,66 100,0%
Fonte: Saneando Projeto de Engenharia e Consultoria, 2015.
c) Contaminação das águas dos canais por efluentes domésticos
No Distrito de Monte Gordo a contaminação por efluentes domésticos dos canais de drenagem é
crítica em 11,27 Km, 4,4% da extensão total, intensa em 77,34 Km, 30,2% da extensão total, e
provável em 167,88 Km, 65,5% da extensão total dos canais urbanos de drenagem, conforme
tabela a seguir.
Tabela 47 - Contaminação dos canais de drenagem por esgoto doméstico no Distrito de Monte Gordo.
Distrito de Monte Gordo
Contaminação por esgoto doméstico Comprimento (km) Percentual (%)
Critica 11,27 4,4%
Intensa 77,34 30,2%
Provável 167,88 65,5%
Total 256,49 100,0%
Fonte: Saneando Projeto de Engenharia e Consultoria, 2015.
3.6.8. Causas
Baixa capacidade do prestador de implantar e ampliar a infraestrutura de drenagem urbana
e manejo de águas pluviais.
Baixa capacidade de realizar a regulação dos serviços de Drenagem Urbana.
Disposição inadequada de efluentes domésticos.
Disposição inadequada de resíduos sólidos.
Inexistência de políticas públicas de controle do uso e ocupação do solo em áreas de APP.
Baixa capacidade de planejamento do gestor para adequar a oferta de infraestrutura ao
contingente populacional;
Inexistência de ações de fiscalização e monitoramento das ligações clandestinas de
esgotamento nas redes pluviais;
Baixa capacidade de fiscalização e monitoramento dos mananciais localizados nas áreas
urbanas do município;
128
Falta de eficiência e eficácia na implantação dos projetos de esgotamento sanitário do
PAC I e II na sede municipal;
Baixa capacidade de implantação de tecnologias sustentáveis para drenagem urbana.
Ausência de Políticas Públicas voltadas para a redução na fonte do escoamento superficial
dos lotes particulares.
Inexistência de ações continuas voltadas para a implementação da Política Nacional de
Educação Ambiental, com foco em saneamento ambiental.
3.6.9. Consequências
Poluição dos mananciais superficiais municipais e estaduais com alta carga de matéria
orgânica, com nutrientes e patógenos, desrespeitando o previsto na Resolução Conama nº
430/2011 e comprometendo os usos múltiplos conforme prevê a Lei Estadual nº
11.612/2009, da gestão das águas;
Aumento do volume de água encaminhado para o sistema público de drenagem urbana,
provocando uma sobrecarga nas infraestruturas.
Ocorrência de doenças relacionadas à falta e deficiência de drenagem urbana, a exemplo
da Leptospirose, Dengue, Febre Chikungunya, Zika Vírus, o que onera o sistema público
de saúde;
Alteração das características dos mananciais, a exemplo do odor, da cor, e do
ecossistema aquático, trazendo desconforto ambiental, impactando negativamente a
qualidade de vida da população e o meio ambiente, despeitando o que preconiza o
Estatuto das Cidades, Lei nº 10257/2001, no que se refere ao direito ao meio ambiente
equilibrado;
Proliferação de vetores a exemplo de diferentes espécies de pernilongos, como Aedes
Aegypti;
Déficit de acesso a serviços e soluções de drenagem urbana e manejo de águas pluviais,
prejudicando ao alcance da universalização do acesso Lei nº 11.445/2007;
Episódios de alagamentos em diversos pontos da cidade, principalmente na sede
municipal, e em alguns pontos das áreas urbanizadas da orla dos Distritos de Abrantes e
Monte Gordo.
129
4. PROJEÇÃO DE DEMANDA FUTURA
Para avaliação da capacidade de atendimento das infraestruturas frente as demandas atuais e
futuras de abastecimento de água e esgotamento sanitário, é necessário, inicialmente, considerar
a população futura de usuários, cujo estudo demográfico está disponível na integra no PRODUTO
2 - CARACTERIZAÇÃO FÍSICA E SOCIOECONÔMICA DO MUNICÍPIO.
A projeção realizada considera a evolução de (03) três grandes grupos populacionais de
Camaçari: urbana, rural, e a população flutuante, sendo este último subdividido por praias do
município. Os resultados das análises já realizadas são apresentados na Tabela 48 a seguir.
Cabe ratificar que a taxa de crescimento adotada foi de 2,288% a.a. tanto para a população
residente quanto para a flutuante. Os valores de partida adotados no de 2010 foram extraídos do
IBGE e o cálculo de capacidade de saturação das sete praias de Camaçari e, estudo de literatura
referenciado no Produto 2, resultando, respectivamente, na população residente e flutuante do
município.
Reitera-se novamente que este é um exercício cuja metodologia se apoia nos dados obtidos no
municipio como um todo, assim, aplicá-lo a uma porção de praias, trata-se apenas de um
exercício figurativo levando em consideração uma porcentagem que não diz respeito ao
crescimento na escala em questão, ou seja, das praias do litoral de Camaçari-BA.
Cabe salientar também que o crescimento populacional apresentado é apenas uma estimativa e
que pode ser reformulado a cada revisão prevista deste documento, ou seja, a cada 4 anos.
130
Tabela 48 - Projeção populacional de Município de Camaçari - Ba.
Ano Projeção populacional de Camaçari Projeção da população flutuante (sete praias de Camaçari)
TOTAL Pop. Urbana Pop. Rural Pop residente Busca Vida Jauá Interlagos Arembepe Barra do Jacuípe Guarajuba Itacimirim
2015 273.585 13.793 287.378 13.050 10.875 6.525 21.207 17.401 19.576 5.438 381.450
2016 279.385 14.086 293.470 13.327 11.106 6.664 21.657 17.769 19.991 5.553 389.536
2017 285.308 14.384 299.692 13.610 11.341 6.805 22.116 18.146 20.414 5.671 397.795
2018 291.356 14.689 306.045 13.898 11.582 6.949 22.584 18.531 20.847 5.791 406.228
2019 297.533 15.001 312.534 14.193 11.827 7.096 23.063 18.924 21.289 5.914 414.840
2020 303.840 15.319 319.159 14.494 12.078 7.247 23.552 19.325 21.741 6.039 423.634
2021 310.282 15.644 325.925 14.801 12.334 7.400 24.052 19.735 22.201 6.167 432.616
2022 316.860 15.975 332.835 15.115 12.596 7.557 24.561 20.153 22.672 6.298 441.787
2023 323.577 16.314 339.891 15.435 12.863 7.718 25.082 20.580 23.153 6.431 451.153
2024 330.437 16.660 347.097 15.762 13.135 7.881 25.614 21.017 23.644 6.568 460.717
2025 337.442 17.013 354.455 16.097 13.414 8.048 26.157 21.462 24.145 6.707 470.485
2026 344.596 17.374 361.970 16.438 13.698 8.219 26.711 21.917 24.657 6.849 480.459
2027 351.902 17.742 369.644 16.786 13.989 8.393 27.278 22.382 25.179 6.994 490.645
2028 359.362 18.118 377.480 17.142 14.285 8.571 27.856 22.856 25.713 7.143 501.046
2029 366.980 18.502 385.483 17.506 14.588 8.753 28.447 23.341 26.258 7.294 511.668
2030 374.760 18.894 393.655 17.877 14.897 8.938 29.050 23.836 26.815 7.449 522.516
2031 382.705 19.295 402.000 18.256 15.213 9.128 29.665 24.341 27.383 7.607 533.593
2032 390.819 19.704 410.523 18.643 15.536 9.321 30.294 24.857 27.964 7.768 544.905
2033 399.104 20.122 419.226 19.038 15.865 9.519 30.937 25.384 28.557 7.932 556.457
2034 407.565 20.548 428.113 19.442 16.201 9.721 31.592 25.922 29.162 8.101 568.254
2035 416.205 20.984 437.189 19.854 16.545 9.927 32.262 26.472 29.780 8.272 580.301
Fonte: Saneando Projetos de Engenharia e Consultoria, 2015
131
4.1. Abastecimento de Água
Como no diagnóstico de abastecimento de água foi analisado separadamente todos os sistemas
de abastecimento de água, tentou-se adequar a projeção populacional apresentada de modo que
ela refletisse a informação para os SAA do município, cuja metodologia utiizada encontra-se
descrita no Produto 4 – Item 7.1, permitindo assim realizar análises quanto a projeção de
demanda, estimativa de consumo e capacidade de atendimento das unidades.
Em relação a variável do cálculo de demandas, cuja formula é apresnetada no Produto 4 – Item
7.2, denominada consumo per capita, de extrema importância nessa projeção de demandas
futuras, considerou-se a favor da segurança mais pertinente utilizar dados de literatura
referenciados por Von Sperling (2005), conforme Tabela 49, uma vez que os valores
apresentados no SNIS e fornecidos pela EMBASA estão aquém do esperado para um município
do porte de Camaçari.
Tabela 49 - Estimativa de demanda per capita de água por faixa da população.
Fonte: Von Sperling. 2005.
Ainda de acordo com Von Sperling (2005), cabe mencionar que os valores de consumo per capita
definidos referem-se exclusivamente à água consumida, devendo ser considerada na projeção de
demanda as perdas de produção e distribuição. Para os cálculos realizados foram considerados
os índices de perdas referente a cada SAA, fornecidos pela EMBASA e referentes ao ano de
2014, apresentados na Tabela 11.
Tabela 50 - Índice de perdas na distribuição por SAA de Camaçari no ano de 2014.
SAA Perdas (%)
SLA Camaçari 44,3
SLA Parafuso 53,1
SIAA Machadinho 52,3
SIAA Jordão 60,0
SIAA Barra do Pojuca 54,3
Fonte: EMBASA, 2014.
Para os sistemas aos quais a EMBASA não forneceu os dados de perdas, SAA Lauro de Freitas e
o SIAA Canto dos Pássaros, foi considerado o índice relativo à média dos demais sistemas, visto
que os valores não apresentam significativa discrepância considerando que todos os sistemas de
Camaçari fazem parte da mesma realidade no que se trata de operação e manutenção.
Tipo de usuário Demanda per capita
População urbana 200 l/hab.dia
População rural 100 l/hab.dia
População flutuante 300 l/hab.dia
132
Tabela 51 – Projeção de vazão demandada por sistema de abastecimento de água da EMBASA.
Vazão demandada por Sistema de Abastecimento de Água (l/s)
Ano
SLA Camaçari
SLA Parafuso
SIAA Machadinho
SLA Canto dos Pássaros
SIAA Jordão SIAA
Pojuca (Camaçari)
SIAA Pojuca
(3)
(Mata de São João)
SAA Lauro de Freitas
População não atendida pela
EMBASA TOTAL
Urbana Urbana Urbana Flutuante
(1)
Urbana Urbana Flutuante
(2)
Urbana Urbana Urbana Flutuante
(4)
Rural
2015 721,96 18,35 217,49 245,00 7,22 112,78 282,76 26,31 41,12 38,30 83,09 39,47 1.833,85 2016 737,27 18,74 222,10 250,19 7,37 115,17 288,75 26,87 41,99 39,12 84,85 40,31 1.872,73 2017 752,90 19,14 226,81 255,49 7,53 117,61 294,88 27,44 42,88 39,95 86,65 41,17 1.912,43 2018 768,86 19,54 231,62 260,91 7,69 120,10 301,13 28,02 43,79 40,79 88,48 42,04 1.952,97 2019 785,16 19,96 236,53 266,44 7,85 122,65 307,51 28,61 44,72 41,66 90,36 42,93 1.994,38 2020 801,80 20,38 241,54 272,09 8,02 125,25 314,03 29,22 45,67 42,54 92,28 43,84 2.036,66 2021 818,80 20,81 246,66 277,86 8,19 127,91 320,69 29,84 46,64 43,44 94,23 44,77 2.079,84 2022 836,16 21,25 251,89 283,75 8,36 130,62 327,49 30,47 47,63 44,36 96,23 45,72 2.123,93 2023 853,89 21,70 257,23 289,77 8,54 133,39 334,43 31,12 48,64 45,30 98,27 46,69 2.168,96 2024 871,99 22,16 262,68 295,91 8,72 136,21 341,52 31,78 49,67 46,26 100,35 47,68 2.214,94 2025 890,47 22,63 268,25 302,18 8,90 139,10 348,76 32,45 50,72 47,24 102,48 48,69 2.261,89 2026 909,35 23,11 273,94 308,59 9,09 142,05 356,15 33,14 51,80 48,25 104,65 49,72 2.309,85 2027 928,63 23,60 279,75 315,13 9,29 145,06 363,70 33,84 52,89 49,27 106,87 50,77 2.358,81 2028 948,32 24,10 285,68 321,81 9,48 148,14 371,41 34,56 54,02 50,31 109,14 51,85 2.408,82 2029 968,42 24,61 291,74 328,63 9,68 151,28 379,29 35,29 55,16 51,38 111,45 52,95 2.459,89 2030 988,95 25,14 297,92 335,60 9,89 154,49 387,33 36,04 56,33 52,47 113,81 54,07 2.512,04 2031 1.009,92 25,67 304,24 342,72 10,10 157,76 395,54 36,80 57,52 53,58 116,23 55,22 2.565,29 2032 1.031,33 26,21 310,69 349,98 10,31 161,11 403,92 37,59 58,74 54,72 118,69 56,39 2.619,68 2033 1.053,19 26,77 317,27 357,40 10,53 164,52 412,49 38,38 59,99 55,88 121,21 57,58 2.675,21 2034 1.075,52 27,34 324,00 364,98 10,75 168,01 421,23 39,20 61,26 57,06 123,78 58,81 2.731,93 2035 1.098,32 27,92 330,87 372,71 10,98 171,57 430,16 40,03 62,56 58,27 126,40 60,05 2.789,85
(1) Foram adicionadas ao SIAA Machadinho as populações flutuantes calculadas para as praias de Arembepe, Jauá e Interlagos; (2) Foram adicionadas ao SIAA Jordão as populações flutuantes calculadas para as praias de Itacimirim, Barra do Jacuípe e Guarajuba;
(3) A população abastecida pelo SAA Pojuca que não faz parte do município de Camaçari, mas tem sua demanda hídrica atendida por um manancial estudado; (4) Foi adicionada ao SAA Lauro de Freitas a população flutuante calculada para a praia de Busca Vida.
Fonte: Saneando Projetos de Engenharia e Consultoria, 2015.
133
Após caracterização dos SAA e de posse da projeção das demandas futuras, foi possível avaliar a
necessidade de ampliação das unidades dos sistemas, para tanto a análise que foi realizada no
Produto 4 – Diagnostico dos Serviços de Abastecimento de Água se ateve às unidades de
maior porte, como captação, tratamento e reservatório, visto que avaliar o sistema de distribuição
requer um nível de aprofundamento que se assemelha à elaboração de um projeto.
Para determinar a necessidade de ampliação da captação e das unidades de tratamento de cada
SAA, foi realizada a comparação entre os dados fornecidos pela EMBASA e as demandas anuais
estimadas, visto que existe uma relação intrínseca entre a demanda de água dos usuários de um
sistema a sua capacidade de extrair água bruta do manancial.
De posse das informações levantadas e das análises apresentados no produto 4, apresenta-se a
seguir a Tabela 52, onde está indicado o ano ao qual cada SAA deverá fornecer maior vazão de
água tratada, ou seja, quando será necessário ampliar as suas unidades de captação e
tratamento a fim de atender às demandas dos usuários.
Tabela 52 – Demanda atual, capacidade de atendimento e previsão de ampliação dos sistemas da Embasa.
SAA Demanda em
2015 (l/s) Capacidade de
atendimento (2015) Ano previsto para
ampliação
SLA Camaçari 721,96 882,12 2025
SLA Parafuso 18,35 12,22 2015
SIAA Machadinho 583,88 491,11 2015
SIAA Jordão 395,54 340,06 2015
SIAA Barra do Pojuca 67,43 170,00 2035
Fonte: Saneando, 2015; EMBASA, 2015.
Comparando a capacidade das infraestruturas de captação e tratamento com a projeção de
demandas para cada sistema, observa-se que apenas o SLAA da sede e o SIAA Barra do Pojuca
ainda possuem capacidade de atendimento para as demandas futuras, os demais devem ser
ampliados o mais rápido possível.
Já com relação aos reservatórios presentes nos sistemas, a Tabela 53 apresenta qual o volume
disponível, salientando que as unidades que já estão em construção, ou que estão previstos para
um futuro próximo, foram consideradas no cálculo.
Tabela 53 – Capacidade de reservação por SAA.
SAA Capacidade de reservação (m³)
SLA Camaçari 14.000
SLA Parafuso 150
SIAA Machadinho 900
SLA Canto dos Pássaros 40
134
SAA Capacidade de reservação (m³)
SIAA Jordão 3.150
SIAA Pojuca 1.350
Fonte: EMBASA, 2015.
Comparando os volumes apresentados na tabela anterior com a demanda de reservação
calculada para cada sistema utilizando formula apresentada no produto 4, foi possível estimar até
que ano os reservatórios atenderão plenamente aos sistemas, conforme pode-se observar na
Tabela 54 a seguir.
Tabela 54 – Volume de reservação demandado anualmente por SAA em metros cúbicos.
Ano SLA
Camaçari SLA
Parafuso
SIAA Machadinho
(1)
SLA Canto dos
Pássaros
SIAA Jordão
SIAA Pojuca
2015 14.409 345 11.034 136 7.120 1.259
2016 14.715 352 11.268 139 7.271 1.285
2017 15.027 360 11.506 142 7.425 1.313
2018 15.345 368 11.750 145 7.582 1.340
2019 15.670 375 11.999 148 7.743 1.369
2020 16.003 383 12.254 151 7.907 1.398
2021 16.342 391 12.514 154 8.075 1.427
2022 16.688 400 12.779 158 8.246 1.458
2023 17.042 408 13.050 161 8.421 1.489
2024 17.403 417 13.327 164 8.599 1.520
2025 17.772 426 13.609 168 8.781 1.552
2026 18.149 435 13.898 171 8.968 1.585
2027 18.534 444 14.192 175 9.158 1.619
2028 18.927 453 14.493 179 9.352 1.653
2029 19.328 463 14.800 183 9.550 1.688
2030 19.738 473 15.114 186 9.753 1.724
2031 20.156 483 15.434 190 9.959 1.761
2032 20.584 493 15.762 194 10.171 1.798
2033 21.020 504 16.096 198 10.386 1.836
2034 21.466 514 16.437 203 10.606 1.875
2035 21.921 525 16.786 207 10.831 1.915 (1) Adicionada toda a demanda do SAA Lauro de Freitas, considerando reintegração do SIAA Machadinho
Fonte: Saneando Projetos e Consultoria, 2015.
Nota-se imediatamente que, com exceção do SIAA Pojuca, os volumes atualmente reservados já
não são compatíveis com as demandas calculadas, o que indica que a maioria dos reservatórios
dos SAA de Camaçari funcionam como mera caixa de passagem, não provendo, desta forma, a
segurança e regularidade que os reservatórios devem conferir ao abastecimento de água.
Em relação os sistemas implantados pela CERB não foram realizados essas analises devido a
carência de dados.
135
4.2. Esgotamento Sanitário
A geração de esgoto está diretamente relacionada com o consumo de água e para isto foi
utilizado volume de água consumido, atribuindo-se um coeficiente de retorno de 80%, ou seja,
apenas 20% do volume de água é utilizada para o consumo consultivo, o demais é para o
consumo não consultivo (higiene, limpeza, lazer, etc.)
Considerando os dados oficiais fornecidos pelo SNIS, têm-se que, no ano de 2010, a população
de 216.974 habitantes (atendidos por sistema de abastecimento de água) consumiu
aproximadamente 9.823.000 m³ de água tratada. Assim, aplicada a razão entre os valores,
efetuadas as devidas alterações nas unidades de medidas e aplicando o coeficiente de retorno de
0,8 é calculada a demanda per capita de 100,61 l/hab.dia para o município de Camaçari.
Por outro ângulo, foi informado pela Embasa, por meio de um questionário aplicado, que o
consumo per capita de esgoto é de 108,00 l/hab.dia.
Salienta-se que ambos os valores calculados estão aquém do esperado para um município do
porte de Camaçari, o que pode indicar fragilidade nos dados fornecidos e do controle de coleta
das informações.
A partir desse valor foi estimado de acordo com a projeção populacional, Tabela 51, a demanda
atual e projeção futura da geração de esgoto no Município de Camaçari-BA, esta divisão
contemplou todos os Distritos: Sede, Monte Gordo e Abrantes, conforme Tabela 55.
Com base nesta projeção, observa-se que em final de plano, considerando as máximas vazões
diárias e horárias, o Distrito Sede terá a maior demanda com 0,244 m³/s em 2015 e 0,372 m³/s
em 2035, o Distrito de Abrantes com 0,136 m³/s em 2015 e 0,208 m³/s em 2035 e o Distrito de
Monte Gordo com 0,096 m³/s em 2015 e 0,146 m³/s em 2035,
Tabela 55 - Projeção de demanda de esgotamento sanitário para o Distrito Sede do Município do Camaçari-BA.
Ano
Sede
População Fixa Total
Demanda
Rural Urbano (m³/s) (l/s)
2015 3.908 191.510 195.418 0,244 244,27
2016 3.991 195.570 199.561 0,249 249,45
2017 4.076 199.716 203.791 0,255 254,74
2018 4.162 203.950 208.112 0,260 260,14
2019 4.250 208.274 212.524 0,266 265,66
2020 4.340 212.689 217.029 0,271 271,29
2021 4.432 217.198 221.630 0,277 277,04
136
Ano
Sede
População Fixa Total
Demanda
Rural Urbano (m³/s) (l/s)
2022 4.526 221.803 226.329 0,283 282,91
2023 4.622 226.505 231.127 0,289 288,91
2024 4.720 231.307 236.027 0,295 295,03
2025 4.820 236.210 241.031 0,301 301,29
2026 4.923 241.218 246.141 0,308 307,68
2027 5.027 246.332 251.359 0,314 314,20
2028 5.133 251.554 256.687 0,321 320,86
2029 5.242 256.887 262.129 0,328 327,66
2030 5.353 262.333 267.686 0,335 334,61
2031 5.467 267.894 273.361 0,342 341,70
2032 5.583 273.574 279.157 0,349 348,95
2033 5.701 279.374 285.075 0,356 356,34
2034 5.822 285.296 291.118 0,364 363,90
2035 5.945 291.345 297.290 0,372 371,61
Fonte: Saneando Projeto de Engenharia e Consultoria, 2015.
Tabela 56 - Estimativa de demanda de esgotamento sanitário para o Distrito de Abrantes do Município do Camaçari-BA.
Ano
Abrantes
População Fixa População Flutuante
Total Demanda
Rural Urbano Busca Vida
Jauá Inter- lagos
Arem- bepe (m³/s) (l/s)
2015 2.299 55.176 13.050 10.875 6.525 21.207 109.133 0,136 136,42
2016 2.347 56.346 13.327 11.106 6.664 21.657 111.447 0,139 139,31
2017 2.397 57.541 13.610 11.341 6.805 22.116 113.809 0,142 142,26
2018 2.448 58.761 13.898 11.582 6.949 22.584 116.222 0,145 145,28
2019 2.500 60.006 14.193 11.827 7.096 23.063 118.686 0,148 148,36
2020 2.553 61.278 14.494 12.078 7.247 23.552 121.202 0,152 151,50
2021 2.607 62.578 14.801 12.334 7.400 24.052 123.772 0,155 154,72
2022 2.662 63.904 15.115 12.596 7.557 24.561 126.396 0,158 158,00
2023 2.719 65.259 15.435 12.863 7.718 25.082 129.075 0,161 161,34
2024 2.776 66.642 15.762 13.135 7.881 25.614 131.812 0,165 164,77
2025 2.835 68.055 16.097 13.414 8.048 26.157 134.606 0,168 168,26
2026 2.895 69.498 16.438 13.698 8.219 26.711 137.460 0,172 171,83
2027 2.957 70.971 16.786 13.989 8.393 27.278 140.374 0,175 175,47
2028 3.019 72.476 17.142 14.285 8.571 27.856 143.350 0,179 179,19
2029 3.083 74.013 17.506 14.588 8.753 28.447 146.389 0,183 182,99
137
Fonte: Saneando Projeto de Engenharia e Consultoria, 2015.
Tabela 57 - Projeção de demanda de esgotamento sanitário para o Distrito de Monte Gordo do Município do Camaçari-BA.
Fonte: Saneando Projeto de Engenharia e Consultoria, 2015.
O município de Camaçari dispõe de uma infraestrutura de esgotamento sanitário muito deficiente.
No Distrito Sede existe uma rede coletora de esgoto (sem tratamento) construída pela prefeitura, e
conjuntos residenciais que implantaram estações de tratamento de esgoto ou que lançam para a
Cetrel, com a abrangência aproximada de 28% da população. Atualmente, no Distrito Sede está
2030 3.149 75.582 17.877 14.897 8.938 29.050 149.492 0,187 186,87
2031 3.216 77.184 18.256 15.213 9.128 29.665 152.661 0,191 190,83
2032 3.284 78.820 18.643 15.536 9.321 30.294 155.898 0,195 194,87
2033 3.353 80.491 19.038 15.865 9.519 30.937 159.203 0,199 199,00
2034 3.424 82.198 19.442 16.201 9.721 31.592 162.578 0,203 203,22
2035 3.497 83.940 19.854 16.545 9.927 32.262 166.025 0,208 207,53
Ano
Monte Gordo
População Fixa População Flutuante Total
Demanda
Rural Urbano Barra do Jacuípe
Guarajuba Itacimirim (m³/s) (l/s)
2015 7.586 26.898 17.401 19.576 5.438 76.899 0,096 96,12
2016 7.747 27.469 17.769 19.991 5.553 78.529 0,098 98,16
2017 7.912 28.051 18.146 20.414 5.671 80.194 0,100 100,24
2018 8.079 28.646 18.531 20.847 5.791 81.894 0,102 102,37
2019 8.251 29.253 18.924 21.289 5.914 83.630 0,105 104,54
2020 8.425 29.873 19.325 21.741 6.039 85.403 0,107 106,75
2021 8.604 30.506 19.735 22.201 6.167 87.214 0,109 109,02
2022 8.787 31.153 20.153 22.672 6.298 89.063 0,111 111,33
2023 8.973 31.814 20.580 23.153 6.431 90.951 0,114 113,69
2024 9.163 32.488 21.017 23.644 6.568 92.879 0,116 116,10
2025 9.357 33.177 21.462 24.145 6.707 94.848 0,119 118,56
2026 9.556 33.880 21.917 24.657 6.849 96.859 0,121 121,07
2027 9.758 34.598 22.382 25.179 6.994 98.912 0,124 123,64
2028 9.965 35.332 22.856 25.713 7.143 101.009 0,126 126,26
2029 10.176 36.081 23.341 26.258 7.294 103.150 0,129 128,94
2030 10.392 36.846 23.836 26.815 7.449 105.337 0,132 131,67
2031 10.612 37.627 24.341 27.383 7.607 107.570 0,134 134,46
2032 10.837 38.425 24.857 27.964 7.768 109.851 0,137 137,31
2033 11.067 39.239 25.384 28.557 7.932 112.180 0,140 140,23
2034 11.302 40.071 25.922 29.162 8.101 114.558 0,143 143,20
2035 11.541 40.921 26.472 29.780 8.272 116.986 0,146 146,23
138
sendo implantada uma rede coletora de esgoto que após finalizada irá abranger aproximadamente
58% da população.
No Distrito de Abrantes não existe rede coletora implantada pela Embasa ou prefeitura, existe
apenas conjuntos residências que implantaram soluções privadas de coleta e tratamento do
esgoto atingindo apenas 11% da população. No Distrito de Monte Gordo existe uma rede coletora
de esgoto seguida de tratamento implantada pela Embasa que atinge 13,1% da população.
Com relação à rede coletora de esgoto pode-se inferir que é um tipo de infraestrutura que tem
certa limitação em atender uma maior demanda populacional, como visto, a rede coletora do
Município de Camaçari requer uma ampliação emergencial para atender a demanda populacional.
Com relação à capacidade de tratamento das estações de tratamento de esgoto, a demanda de
tratamento do Distrito Sede, que prioritariamente irá lançar o esgoto coletado para a Cetrel, é
menor do que a sua disponibilidade de tratamento. No Distrito de Abrantes não há nenhuma
estação de tratamento de esgoto que possa servir a população caso se implante rede coletora de
esgoto neste distrito, sendo assim ao implantar uma rede coletora para atender a população será
necessária a construção de uma estação de tratamento de esgoto para suprir a demanda. No
Distrito de Monte Gordo existe a estação de tratamento de esgoto Barra do Pojuca com
capacidade de atendimento de 0,070 m³/s e atualmente é lançado para lá uma vazão de 0,011
m³/s, porém se toda a população do distrito for contemplada com rede coletora a estação de
tratamento de esgoto existente não suprirá a demanda, sendo necessário ampliar o sistema.
139
5. CENÁRIO DE REFERÊNCIA, OBJETIVOS E METAS
Diante do diagnóstico dos serviços de manejo saneamento apresentado, o PMSB parte para
formular estratégias, definindo objetivos, diretrizes e metas, para representar o caminho a ser
seguido por Camaçari na tentativa de alcançar a gestão sustentável dos serviços no seu território.
Este item sintetiza as análises feitas no Produto 8 – Estudo de Cenários, Tomo II
(Abastecimento de Água), Tomo III (Esgotamento Sanitário) e Tomo IV (Drenagem e Manejo
de Águas Pluviais Urbanas).
Uma destas estratégias é a formulação de cenários, estabelecendo visões de futuros do
município, identificando-se as soluções compatíveis com o crescimento econômico, a
sustentabilidade ambiental, a prestação dos serviços e a equidade social no município, de
maneira a orientar a tomada de decisão.
5.1. ABASTECIMENTO DE ÁGUA
Para a componente abastecimento de água em Camaçari, o estudo de cenários foi dividido em
urbano e rural, devido a disponibilidade de dados. Para a área urbana o cenário de referência
considerou a elevação do índice de atendimento até a universalização em um horizonte de
planejamento de médio prazo, uma vez que a cobertura do serviço já é elevada. O consumo de
água por pessoa não sofre nenhuma variação, permanecendo 125 L/(hab*dia), pois de acordo
com referências de alguns autores já é baixo . No que tange ao índice de perdas, este será
reduzido até 33% a uma taxa anual proposta pelo Plansab (2014) para a região Nordeste,
indicando melhorias através de investimentos no sistema de distribuição, como substituição de
tubulações antigas e principalmente a efetividade das políticas públicas voltadas para o controle
do uso e ocupação do solo, afim de evitar as ocupações irregulares onde são verificados segundo
a Concessionária os maiores números de ligações clandestinas.
Os quadros a seguir sintetizam as hipóteses adotadas para o cenário de referência, que pode
representar o mais adequado para o município de Camaçari. Suas metas devem ser cumpridas
para que aconteça o planejado e o gerenciamento do serviço de abastecimento de água no
município percorra um caminho ambientalmente adequado, como propõe a Política Nacional de
Saneamento Básico.
140
Quadro 10 – Hipóteses escolhidas para o Cenário de Referência para área urbana.
Indicadores Hipótese 1 Hipótese 2 Hipótese 3
Índice de atendimento
(%)
Manutenção do índice de
atendimento
Elevação do índice de atendimento até a universalização
Redução do índice de atendimento
Consumo per capita (L/hab*dia)
Manutenção do
consumo per capita Elevação do
consumo per capita Redução do
consumo per capita
Índice de perdas (%)
Manutenção do índice de perdas
Elevação do índice de perdas
Redução do índice
de perdas
Fonte: Saneando Projetos e consultoria, 2016.
Quadro 11 – Hipóteses escolhidas para o Cenário de Referência para área rural
Variável Hipótese 1 Hipótese 2 Hipótese 3
UNIVERSALIZAÇÃO
DO ACESSO
Ampliação do índice de cobertura até o alcance
da universalização
Ampliação do índice de cobertura sem o alcance
da universalização conforme meta do
Plansab para a região Nordeste que é de 74%.
Manutenção do índice de cobertura.
TECNOLOGIA
APROPRIADA
Implantação de tecnologias adequadas,
considerando as peculiaridades locais e a
capacidade de pagamento dos
usuários.
Implantação de tecnologias adequadas
de forma dispersa, considerando as
peculiaridades locais e a capacidade de
pagamento dos usuários.
Implantação de soluções não
compatíveis com as peculiaridades locais e
a capacidade de pagamento dos
usuários.
QUALIDADE DA
SOLUÇÃO
ADOTADA OU DO
SERVIÇO
PRESTADO
Atendimento das condições mínimas de qualidade na prestação dos serviços públicos de abastecimento de água:
a regularidade, a continuidade, o
atendimento dos usuários e condições
operacionais e de manutenção dos
sistemas.
Atendimento parcial das condições mínimas de qualidade na prestação dos serviços públicos de abastecimento de água:
a regularidade, a continuidade, o
atendimento dos usuários e as condições
operacionais e de manutenção dos
sistemas.
Não atendimento das condições mínimas de qualidade na prestação dos serviços públicos de abastecimento de
água: a regularidade, a continuidade, o
atendimento dos usuários e as condições
operacionais e de manutenção dos
sistemas. Fonte: Saneando Projetos e consultoria, 2016.
A partir do cenário referência, são traçados abaixo, os objetivos e metas, para a gestão
ambientalmente adequada dos serviços de abastecimento de água no município de Camaçari.
141
5.1.1. Objetivos
universalizar o acesso aos serviços de abastecimento de água, de modo a atender todos
os domicílios (urbano e rural);
garantir condições de acesso de toda a população de Camaçari à água em quantidade e
qualidade que assegure a proteção à saúde, observadas as normas relativas para o
consumo humano e em conformidade com a legislação ambiental e a de recursos hídricos;
garantir meios adequados para o atendimento da população rural dispersa, mediante a
utilização de soluções compatíveis com suas características econômicas e sociais
peculiares;
ampliar e monitorar os sistemas existentes, promovendo a implantação de novas adutoras,
redes, ETAs, reservatórios, poços;
garantir a qualidade dos recursos hídricos superficiais e subterrâneos, principalmente os
destinados ao abastecimento humano, buscando a sua recuperação e preservação, com
destaque para a importância da proteção das matas ciliares e da preservação dos terrenos
circunvizinhos aos mananciais;
promover a conservação dos recursos hídricos, por meio da redução das perdas nos
sistemas de distribuição, da captação de água de chuva e da reutilização das águas
servidas para usos menos nobres;
priorizar ações nas áreas onde se encontram os maiores déficits no abastecimento de
água;
promover a qualidade dos serviços de abastecimento de água, visando a máxima
eficiência, eficácia e efetividade (conhecido como “3 Es”);
reforçar os mecanismos de fiscalização da qualidade da água consumida, sobretudo para
a população rural que é abastecida por sistemas simplificados e por soluções
individualizadas;
estabelecer medidas de apoio à reabilitação dos sistemas existentes e à implantação de
novos sistemas para atendimento à população rural;
melhorar a regulação e fiscalização dos serviços, ampliando para os sistemas
simplificados;
reforçar a comunicação com a sociedade e promover a educação ambiental.
5.1.2. Metas
As metas representam o caminho a ser percorrido para o cumprimento dos objetivos e são fixadas
de acordo com os indicadores definidos para o horizonte de planejamento. No Quadro 3 abaixo
142
são listadas as metas de curto, médio e longo prazo, para a componente abastecimento de água
num horizonte de 20 anos.
Quadro 12 – Metas de referência do cenário de abastecimento de água.
Meta Cenário de Referência (%)
2016 2017 2021 2025 2029 2036
Manter o atual consumo per capita ao longo do horizonte de planejamento
125 125,0 125,0 125,0 125,0 125,0
Elevação do índice de abastecimento de água até a universalização
Urbano 96,0 96,5 98,5 100,0 100,0 100,0
Rural 43,0 44,9 53,1 62,9 74,4 100,0
Elevação do índice de abastecimento de água até a universalização
49,0 48,1 44,6 41,4 38,4 33,0
Fonte: Saneando Projetos e Consultoria, 2015.
No Produto 8, Tomo II, são apresentadas as estratégias para alcançar estas metas, com base na
versão preliminar do Plano Nacional de Saneamento Básico aprovado em 2013 e em diretrizes
para o município
5.2. ESGOTAMENTO SANITÁRIO
Para a componente esgotamento sanitário em Camaçari, o estudo de cenários também foi dividido
em urbano e rural, devido a disponibilidade de dados. Para a área urbana o cenário de referência
considerou a seguinte situação:
a) Elevação do índice de atendimento por rede coletora ou fossa séptica até a meta de 86%
estabelecida pelo PLANSAB em 2033: foi considerada a conclusão das obras de esgotamento
sanitário na sede (PAC I e II) em 2017, sendo necessário um crescimento de 2,4% ao ano para
atingir a meta de 86% estabelecida pelo Plansab em 2033, abrangendo no final de plano 93,1%
da população urbana. Para o atendimento por fossa séptica foi adotada uma redução gradativa de
0,1% anuais ao longo do horizonte de planejamento, de acordo com o Plansab (2013)
b) Aumento do índice de tratamento de esgoto coletado até atingir a universalização em
2017: considerou-se a conclusão das obras do PAC I e II em 2017, quando a população da sede
que era contemplada apenas com rede coletora passará a ter tratamento.
c) Redução da quantidade de extravasamentos até níveis aceitáveis em 2036 (fim de plano):
A quantidade de extravasamentos de esgoto por extensão de rede será reduzido gradativamente
a uma taxa anual de 0,5 extrav./km, até atingir um valor menor do que 0,5 extrav./km em 2036,
143
considerado como ideal de acordo com a Agência Reguladora Intermunicipal de Saneamento
(ARIS) do Município de Santa Catarina.
d) Manutenção da geração de esgoto per capita, permanecendo em 108L/hab.dia: foi previsto
que ocorreriam ações de educação ambiental e conscientização da população no tocante ao uso
racional dos recursos hídricos.
O Quadro 13 sintetiza as hipóteses adotadas para o cenário de referência, que pode representar o
mais adequado para a zona urbana do município de Camaçari.
Quadro 13 - Hipóteses escolhidas para o Cenário de Referência para área urbana
Indicadores Hipótese 1 Hipótese 2 Hipótese 3
Índice de atendimento por rede geral de coleta e fossas sépticas
(%)
Elevação do índice de atendimento até a universalização
Elevação do índice de atendimento
Manutenção do índice de
atendimento
Índice de tratamento do esgoto coletado (%)
Elevação do índice de tratamento até a
universalização
Elevação do índice de tratamento
Manutenção do índice de
tratamento
Geração per capita de esgoto (litros/hab.dia)
Redução da geração per capita Manutenção da
geração per capita Aumento da
geração per capita
Extravasamento de Esgoto por extensão de rede (extrav. / Km)
Redução do
extravasamento/km
Manutenção do extravasamento/km
Aumento do extravasamento/km
Fonte: Saneando Projeto de Engenharia e Consultoria, 2016.
Para a área rural, o cenário de referência considerou que serão priorizados os investimentos para
assegurar a implantação de tecnologias de Esgotamento Sanitário apropriadas à realidade local e
a qualidade na prestação dos Serviços de Esgotamento Sanitário, tanto das soluções coletivas
quanto individuais. Visa-se ampliar o índice de cobertura de Esgotamento Sanitário, porém sem
alcançar a universalização, conforme prevê o PLANSAB para o Brasil e para a região nordeste,
considerando as perspectivas de crescimento econômico do País menos otimistas para os
próximos 20 anos. Esse cenário almeja garantir a qualidade da prestação dos Serviços, com as
condições de operação e manutenção dos sistemas asseguradas, assim como o monitoramento e
manutenção contínuos das soluções individuais implantadas.
O Quadro 14 sintetiza as hipóteses adotadas para o cenário de referência, que pode representar o
mais adequado para a zona rural do município de Camaçari.
144
Quadro 14 - Cenário de referência para a Zona Rural do município de Camaçari. Variável Hipótese 1 Hipótese 2 Hipótese 3
Universalização do acesso
Ampliação do índice de cobertura até a universalização.
Ampliação do índice de cobertura sem o alcance da
universalização.
Manutenção do índice de cobertura.
Tecnologia apropriada
Implantação de tecnologias adequadas
para a zona rural, considerando as
peculiaridades locais e a capacidade de pagamento dos
usuários.
Implantação de tecnologias adequadas de forma
dispersa, considerando as peculiaridades locais e a
capacidade de pagamento dos usuários.
Implantação de soluções não
compatíveis com as peculiaridades locais e
regionais e a capacidade de pagamento dos
usuários.
Qualidade da solução adotada
ou do serviço prestado
Atendimento das condições mínimas de qualidade na prestação dos serviços públicos de Esgotamento Sanitário,
como as condições operacionais e de manutenção dos
sistemas. Monitoramento e
manutenção contínuos das soluções individuais
implantadas.
Atendimento parcial das condições mínimas de
qualidade na prestação dos serviços públicos de
Esgotamento Sanitário, como as condições operacionais e de
manutenção dos sistemas. Monitoramento disperso das soluções individuais
implantadas.
Não atendimento das condições mínimas de qualidade na prestação dos serviços públicos
de saneamento básico, como as condições operacionais e de manutenção dos
sistemas. Nenhum monitoramento e manutenção das
soluções individuais implantadas.
Fonte: Saneando Projeto de Engenharia e Consultoria, 2016.
A partir do cenário referência, são traçados abaixo, os objetivos e metas, para a gestão
ambientalmente adequada dos serviços de esgotamento sanitário no município de Camaçari.
5.2.1. Objetivos
Os objetivos traçados para a gestão dos Serviços de Esgotamento Sanitário na zona urbana do
município de Camaçari são apresentados a seguir:
Universalizar o acesso aos Serviços de Esgotamento Sanitário, de modo a atender todos
os domicílios;
Garantir condições de acesso de toda a população de Camaçari aos Serviços de
Esgotamento Sanitário de forma que evite a exposição da população à organismos
patogênicos e a contaminação do meio ambiente, tratando o efluente em conformidade
com a legislação ambiental e a de recursos hídricos;
145
Garantir meios adequados para o atendimento da população urbana (locais mais afastados
do centro) e rural, mediante a utilização de soluções individualizadas adequadas e
compatíveis com suas características econômicas e sociais peculiares;
Iniciar o monitoramento dos corpos receptores de esgoto (tratado ou não) levantando os
parâmetros, físicos, químicos e biológicos destes, e enquadra-los de acordo com a
Resolução CONAMA Nº 430:
Melhoria continua da operação do sistema de Esgotamento Sanitário como a implantação
de medidores de vazão (verificar a infiltração de água na rede coletora) e de cadastro
georreferenciado dos equipamentos e de não conformidades do sistema.
Priorizar ações nas áreas onde se encontram os maiores déficits no Esgotamento
Sanitário;
Melhorar a regulação e fiscalização dos serviços;
Reforçar a comunicação com a sociedade e promover a educação ambiental.
Os objetivos traçados para a gestão dos Serviços de Esgotamento Sanitário na zona rural do
município de Camaçari são apresentados a seguir:
Ampliação gradual do índice de cobertura do acesso aos Serviços de Esgotamento
Sanitário;
Emprego de tecnologias apropriadas à realidade local e à capacidade de pagamento dos
usuários em toda área rural;
Aplicação de tarifas módicas;
Prestação dos serviços ou da solução adotada obedecendo as condições mínimas de
operação e manutenção com qualidade;
Monitoramento e manutenção contínuos das soluções individuais adotadas;
Fortalecimento da relação da comunidade com o meio ambiente;
Capacitação da comunidade para uso das tecnologias adequadas.
5.2.2. Metas
As metas representam o caminho a ser percorrido para o cumprimento dos objetivos e são fixadas
de acordo com os indicadores definidos para o horizonte de planejamento. No Quadro 15 e no
Quadro 16 são listadas as metas de curto, médio e longo prazo, para a componente esgotamento
sanitário na zona urbana e rural, num horizonte de 20 anos.
Quadro 15 – Metas de referência do cenário de esgotamento sanitária na zona urbana
146
Meta Cenário de Referência (%)
2016 2017 2021 2025 2036
Elevação do índice de atendimento até a meta estabelecida pelo Plansab
32,7% 48,2% 57,6% 67,1% 93,1%
Universalização do índice de tratamento do esgoto coletado em 2030
64,8% 100% 100% 100% 100%
Manutenção da geração per capita de esgoto (l/hab.dia) 108 108 108 108 108
Redução dos extravasamentos de esgoto (nº de extravasamentos / km de rede)
11,0 10,5 8,4 6,3 <0,5
Fonte: Saneando Projetos e Consultoria, 2016.
Quadro 16 – Metas de referência do cenário de esgotamento sanitária na zona rural
Meta Cenário de Referência (%)
2016 2017 2021 2025 2036
Universalização do acesso Índice de cobertura por solução individualizada de
esgotamento (%) 32% 33% 39% 50% 80%
Uso de tecnologia apropriada - - - - -
Qualidade da solução adotada ou do serviço prestado - - - - -
Fonte: Saneando Projetos e Consultoria, 2016.
No Produto 8, Tomo II, são apresentadas as estratégias para alcançar estas metas, com base na
versão preliminar do Plano Nacional de Saneamento Básico aprovado em 2013 e em diretrizes
para o município
5.3. DRENAGEM E MANEJO DE AGUAS PLUVIAIS URBANAS
Para a componente drenagem urbana e manejo de águas Pluviais em Camaçari, o estudo de
cenários foi melhor detalhado para a zona urbana, sendo que o cenário de referência considerou a
seguinte situação:
a) Cobertura com a infraestrutura de Microdrenagem: inicialmente foi considerada inicialmente
a elaboração do cadastro do sistema de drenagem até o ano de 2018, em seguida um incremento
da cobertura até atingir 70% em 2025, e a universalização em 2035.
b) Pontos de Alagamento e Inundação: no Município de Camaçari, de acordo com dados
fornecidos pela Defesa Civil, em 2015 ocorreram cerca de 32 alagamentos ou inundações na zona
urbana, para melhor representar esse total por dividido por 10.000 habitantes resultando um valor
de 0,87 alagamento e inundação por 10.000 habitantes). Foi considerado uma redução dos pontos
de alagamentos e inundação até atingir 0,38 no final de plano em 2036.
147
c) Ocupação das margens dos canais: foi considerada inicialmente a elaboração do cadastro
técnico das margens ocupadas com risco para a população até 2018, em seguida redução das
margens ocupadas com risco para a população até ausência dessas margens ocupadas em 2026.
d) Qualidade da água nos canais urbanos de drenagem (córregos, riachos e rios):
inicialmente foi considerado o enquadramento dos canais urbanos de drenagem acordo com a
Resolução Conama Nº 357 e 430 até 2018, em seguida a eliminação das fontes poluidoras até
2030, e o atendimento aos padrões de lançamento até final de plano em 2036.
O Quadro 17 sintetiza as hipóteses adotadas para o cenário de referência, que pode representar o
mais adequado para a zona urbana do município de Camaçari.
Quadro 17 - Cenário 02 da drenagem urbana e manejo de águas pluviais.
Variável Hipótese 1 Hipótese 2 Hipótese 3
Cobertura com a infraestrutura de microdrenagem
Aumento da cobertura até a universalização
Aumento da cobertura Manutenção da
cobertura
Pontos de Alagamento e Inundação
Ausência de pontos de alagamento e
inundação
Redução dos pontos de alagamento e
inundação
Aumento dos pontos de alagamento e inundação
Ocupação das margens dos canais
Ausência ocupação das margens
Redução da ocupação das margens
Aumento ocupação das margens
Qualidade da água nos canais urbanos de drenagem (córregos,
riachos e rios)
Atendimento aos padrões de
enquadramento da Resolução Conama Nº
357 e 430.
Atendimento parcial aos padrões de
enquadramento da Resolução Conama Nº
357 e 430.
Não enquadramento dos trechos de acordo com a Resolução Conama Nº
357 e 430.
Fonte: Saneando Projeto de Engenharia e Consultoria, 2016.
A partir do cenário referência, são traçados abaixo, os objetivos e metas, para a gestão
ambientalmente adequada dos serviços de drenagem e manejo de águas pluviais no município de
Camaçari.
5.3.1. Objetivos
Elaboração do Cadastro Técnico do Sistema de Drenagem;
Enquadramento dos canais de drenagem (córregos, riachos e rios) conforme Resolução
Conama Nº 357 e 430.
Promover o manejo das águas pluviais por meio de ações estruturantes;
Proteger ecossistemas que colaboram com os serviços de drenagem urbana (lagoas, rios
e florestas)
Redução de edificações em áreas de Áreas de Proteção Permanente (APP) e em áreas de
risco;
Preservação das matas ciliares:
148
Iniciar o monitoramento dos canais de drenagem a fim de verificar a presença de esgoto
ou resíduos sólidos;
Melhoria continua da operação do sistema de drenagem urbana
Priorizar ações nas áreas onde se encontram os maiores riscos de alagamento, inundação
e escorregamento de terra.
Implementar a regulação e fiscalização dos serviços;
Reforçar a comunicação com a sociedade e promover a educação ambiental.
5.3.2. Metas
As metas representam o caminho a ser percorrido para o cumprimento dos objetivos e são fixadas
de acordo com os indicadores definidos para o horizonte de planejamento. No Quadro 3 abaixo
são listadas as metas de curto, médio e longo prazo, para a componente abastecimento de água
num horizonte de 20 anos.
Quadro 18 - Metas de referência do cenário de drenagem urbana e manejo de águas pluviais.
Meta Cenário de referência
2017 2021 2025 2036
Cobertura com a infraestrutura de
Microdrenagem (%)
Cadastro técnico do sistema de drenagem
até 2018.
Incremento da microdrenagem
até 70% em 2025.
Incremento da microdrenagem até 100% em
2035.
100%
Pontos de Alagamento e Inundação (pontos
por 10.000 habitantes) 0,81 0,70 0,60 0,38
Ocupação das margens dos canais
(%)
Elaboração do cadastro técnico das margens ocupadas com risco para a
população até 2018.
Redução das margens ocupadas com risco para a população até
2025.
Ausência das margens
ocupadas com risco para a
população até 2036.
Ausência das margens
ocupadas com risco para a população.
Qualidade da água nos canais urbanos de
drenagem (%)
Enquadramento de acordo com a
Resolução Conama Nº 357 e 430 até
2018.
Eliminação das fontes poluidoras até 2030.
Atendimento aos padrões de
enquadramento previstos na Resolução
Conama Nº 357 e 430.
Fonte: Saneando Projeto de Engenharia e Consultoria, 2016.
No Produto 8, Tomo IV são apresentadas as estratégias para alcançar estas metas, com base na
versão preliminar do Plano Nacional de Saneamento Básico aprovado em 2014 e em diretrizes
para o município.
149
6. ÁREAS DE INTERESSE AO SANEAMENTO BÁSICO
A fim de ampliar a capacidade dos serviços de saneamento básico em promover sustentabilidade
social e ambiental, além de universalizar o acesso aos serviços e soluções, é necessário planejar
as questões relacionadas em escalas abrangentes que interajam com as características
ambientais, de uso e ocupação do solo e planejamentos de áreas afins, de maneira a produzir
entendimentos capazes de potencializar a capacidade de oferta dos serviços nos territórios
Como estratégia de análise integrada dos elementos que compõe o saneamento básico no
município de Camaçari, foram construídos mapeamentos contendo as áreas de interesse ao
saneamento básico sendo abordado os componentes do saneamento: abastecimento de água,
drenagem urbana e esgotamento sanitário.
As áreas de interesse ao saneamento básico além de apresentar o mapeamento e a análise
espacial das informações, possibilita direcionar ações com base em logística de transporte e
distâncias, sendo considerado parâmetros definidos pelos órgãos fiscalizadores em todas as
informações apresentadas. A base SICAR-CONDER em escala 1:10.000 permitiu que a realidade
do município pudesse ser representada de modo muito pertinente ao planejamento urbano. Cada
componente após ser especializado em mapas as informações pertinentes trouxeram uma análise
para cada distrito camaçariense.
Todo esse trabalho, incluindo os mapeamentos gerados consta-se na integra no Produto 8 nos
tomos correspondentes a cada componente.
6.1. ABASTECIMENTO DE ÁGUA
Assim como foi colocado na análise da condicionante drenagem urbana, em relação ao
abastecimento de água, as matas ciliares são os principais elementos a serem considerados
como de interesse, ou seja, de fundamental importância a conservação e a proteção dos
mananciais, que são as fontes de suprimento de água da qual depende a sobrevivência do ser
humano. Destarte, foram espacializadas as faixas de APP do município, enquanto o seu uso e
ocupação do solo, assim como identificados as faixas de APP e os cursos dos afluentes dos rios
principais que foram identificados segundo a natureza dos seus regimes (perenes ou
intermintentes).
Como apresentado, as margens dos afluentes são sem dúvidas o principal aspecto a ser
reconsiderado no planejamento urbano de Camaçari, devido serem defendidas por lei, enquanto
150
Áreas de Proteção Permanente, como áreas que devem ser direcionadas ao reflorestamento de
matas ciliares.
Foram delimitadas as APPs referentes aos cursos hídricos (nascentes, rios) localizados na sede
municipal, no distrito de Abrantes e em Monte Gordo, indicando qual a faixa de vegetação nativa
deve ser preservada e/ou recuperada.
Outra importante informação apresentada no mapeamento foi a localização das infraestruturas de
abastecimento de água: mananciais de captação de água sejam eles superficiais ou subterrâneo,
sendo este último responsável pela maior parte do suprimento de água do município, estação de
tratamento de água, reservatórios, entre outros. Em relação aos poços foram traçados raios de
proteção de acordo com a proximidade e o grau de recuperação em caso de área degradada.
6.2. ESGOTAMENTO SANITÁRIO
Foram reunidas as informações espaciais referentes a diferentes elementos do território
camaçariense aos quais são de interesse ao planejamento sistemático do sistema de
esgotamento sanitário. Informações primárias obtidas em visita técnica ao município foram
sobrepostas a informações secundárias advindas de fontes oficiais, as quais permitiram uma
análise de múltiplos critérios de acordo com o objetivo de melhoria dos serviços de esgotamento
sanitário.
Foram identificadas as infraestruturas de esgotamento sanitário, incluindo as áreas não propícias
a implementação de fossas sépticas, as características geográficas de interesse ao esgotamento
sanitários tais como: hidrografia, altimetria (representada pelas curvas de nível), áreas de maior
vulnerabilidade como a localização das nascentes e das áreas do aquífero com profundidade
menor que 5 metros, assim como proposto locais adequados ao reuso dos efluentes tratados, e
propícios a implementação de sistemas de esgotamento descentralizado (individual ou coletivo)
para loteamentos e condomínios.
As infraestruturas de Esgotamento Sanitário do município de Camaçari foram espacializadas na
Base SICAR e fizeram com que todo um panorama do fluxo dos efluentes pudessem ser
observados. Dentre as principais informações, foram identificadas as Estações Elevatórias de
Esgoto (EEE), as Estações de Tratamento de Esgoto (ETE) convencionais e compactas, a
CETREL, os corpos d’água aos quais ocorre lançamento de efluente tratado, a rota do efluente
tratado, e o emissário da CETREL.
151
Vale salientar que uma das informações mais importantes apresentada neste trabalho foram as
áreas propícias ao reuso dos efluentes tratados com base no princípio da fertirrigação, um modo
de reaproveitar os efluentes ricos em carga orgânica na agricultura.
6.3. DRENAGEM E MANEJO DE AGUAS PLUVIAIS URBANAS
O crescimento urbano tem provocado impactos significativos na infraestrutura de drenagem
artificial e natural do Município de Camaçari, com o aumento da impermeabilização e o
consequente aumento no escoamento superficial, aumentando a frequência de alagamentos e
inundações.
Dessa forma, realizou-se uma proposição de áreas potenciais de interesse para a drenagem e
manejo de águas pluviais urbanas para zoneamento de maneira a alimentar reflexões sobre o uso
e ocupação dos territórios, suas implicações principalmente nos serviços de drenagem e a sua
interlocução com os planos de desenvolvimento urbanos produzidos no município.
As áreas de interesse para drenagem urbana são relacionadas diretamente com a cobertura do
solo e com a capacidade de percolação das águas pluviais na cidade. As curvas de nível são
indicadores de áreas planas ou elevadas e quando associadas aos cursos dágua promovem uma
leitura dos fluxos e das áreas de microbacia de drenagem. A rede de drenagem é composta pelas
Bacias Hidrográficas, suas sub-bacias e por fim cada trecho que compõe uma microbacia.
As áreas de Preservação Permanente (APP) quando preservadas favorecem e protegem os
cursos hídricos superficiais, além de atuarem como cílios para a manutenção das encostas dos
leitos de rio da cidade, foi identificado as áreas de APP degradada no município de Camaçari, que
devem ser alvo de recuperação e reflorestamento mesmo em áreas consolidadas.
Algumas áreas contributivas para a drenagem urbana foram identificadas a título de evidenciar a
importância de preservação destes lugares, os cordões de dunas e as coberturas florestais
densas são os principais destaques. As bacias de amortecimento como locais onde a acumulação
da água ameniza o fluxo pluvial em situações de enxurradas também foram identificados no
trabalho, sendo localizado as praças públicas, quadras e campos de futebol e as áreas de várzea.
152
7. PROGRAMAS, PROJETOS E AÇÕES
O estudo de cenários possibilitou a visualização de alternativas de futuros para a gestão dos
serviços de saneamento no município. Para alcançar os objetivos e metas da Camaçari que
queremos, são propostos Programas, Projetos e Ações, apresentados nos quadros que seguem
referente a cada componente do saneamento, exceto limpeza urbana e manejo de resíduos
sólidos que foi contemplado no PMGIRS.
No Produto 8, Tomo I, II e III e IV estes programas são detalhados, além de apresentados os
custos totais estimados para cada projeto, a partir dos investimentos necessários às suas ações.
Também foram determinados os anos para cada investimento visando suas demandas e
prioridades.
Nos itens a seguir são apresentados os projetos, programas e ações previstos para cada
componente do saneamento básico, assim como a estimativa dos recursos necessários para a
sua implementação.
7.1. ABASTECIMENTO DE ÁGUA
No Quadro 19 são apresentados o Programa "Gestão Sustentável dos Serviços de Abastecimento
de Água", o Programa "Recuperação, Preservação e Proteção de Mananciais" e o Programa
“Universalização do Acesso a Água Potável, com os seus respectivos projetos e ações. E Quadro
20 apresenta o demonstrativo da estimativa de investimento para os projetos referentes ao
Serviços de Abastecimento de Água do município de Camaçari.
Quadro 19 - Programas, Projetos e Ações para o Abastecimento de Água
Projeto "Melhoria da Qualidade do Serviço Prestado"
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Justificativa Condicionantes Abrangência Ações
Melhorar a qualidade do serviço prestado tanto para rural quanto para
área urbana
Engajamento do poder público municipal no
cumprimento das ações
Municipal
i. capacitação e desenvolvimento dos recursos humanos para a execução dos serviços de abastecimento de modo satisfatório, incluindo a contratação de funcionários em número suficiente para atender à demanda do município, bem como o treinamento (e sua reciclagem periódica) da equipe responsável pela gestão comercial, operacional e estratégica;
ii. desenvolvimento de canal de diálogo entre a prestadora de serviços e os usuários para informação quanto à água abastecida
153
Projeto "Melhoria da Qualidade do Serviço Prestado"
iii. contratação de mão de obra qualificada para operação do canal de diálogo entre a prestadora e os usuários;
Engajamento do prestador de serviço
(embasa) no cumprimento das
ações
iv. desenvolvimento de estratégias para enfrentamento do déficit sazonal no fornecimento de água, especialmente em regiões cujo consumo da população flutuante excede a capacidade operacional do sistema de abastecimento, como campanhas de uso racional da água, redução de desperdícios, reaproveitamento/reuso da água servida, atenção aos vazamentos e construção de reservatórios domiciliares, bem como de sua higienização e de seu manuseio, com divulgação em mídia local, visando reduzir os transtornos causados na intermitência do abastecimento
v. aplicação de dotação orçamentária para a melhoria da segurança pública e, conseguintemente, da redução de roubos, furtos e ações de vandalismo nos sistemas de abastecimento
Articulação da população
vi. cadastramento dos sistemas implantados pela Cerb (DI07), de modo a alimentar, também, o banco de dados do Siagas e Sisagua;
vii. disponibilização de profissionais com competência para realizar as atividades de manutenção e operação dos sistemas de responsabilidade da Prefeitura;
viii. captação de água de chuva em imóveis públicos municipais e fomento à prática em imóveis particulares, com campanhas publicitárias que divulguem demais ações também contempladas por incentivos fiscais, como o IPTU Verde;
ix. capacitação dos usuários à autogestão dos poços e das cisternas, e instrução quanto ao consumo direto da água captada, com fornecimento de material informativo;
x. elaboração do Plano de Segurança da Água.
154
Projeto "Melhoria da Qualidade do Serviço Prestado"
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Projeto "Melhoria do Monitoramento da Qualidade da Água"
Justificativa Condicionantes Abrangência Ações
Fornecer água em qualidade
atendendo os padrões de potabilidade
vigentes, contribuindo na
promoção da saúde
Articulação da população
Municipal
i. execução de rotina de controle e monitoramento da qualidade da água (como prevê a Portaria 2.914/11) em todas as saídas dos sistemas de abastecimento de água, incluindo, sobretudo, o RAD do Morro da Manteiga, pertencente ao SLAA Sede e RAD do SIAA Machadinho, bem como dos poços perfurados, com ênfase no aquífero São Sebastião;
Suporte do poder público municipal na disponibilização de
equipamentos e mão de obra qualificada
ii. garantia do fornecimento de solução consolidada como apropriada, caso as análises comprovem que a fonte de abastecimento é capaz de fornecer água de boa qualidade, necessitando apenas da etapa de desinfecção, como o hipoclorito, concomitante às devidas orientações para desinfecção caseira da água
iii. capacitação de agentes da saúde e da gestão responsável pela promoção e prevenção da saúde, explanando sobre desinfecção da água no domicílio, limpeza e desinfecção de reservatórios, limpeza dos domicílios e estabelecimentos coletivos, cuidados com a higiene individual e coletiva, preparo de alimentos, além da importância da preservação de nascentes e mananciais para manutenção da qualidade da água;
Engajamento dos funcionários públicos da VISA na realização das ações necessárias
iv. desenvolvimento de campanhas de cadastramento de usuários da água;
v. elaboração de campanha informativa/educativa sobre a importância dos reservatórios domiciliares, com divulgação na mídia local
Projeto "Controle de Perdas"
Justificativa Condicionantes Abrangência Ações
Aumento da receita, melhoria na gestão
e no atendimento do serviço, além de contribuir para o gerenciamento eficiente dos
recursos hídricos
Fiscalização do poder público
Municipal
i. elaboração de campanha para negociação de dívidas com usuários inadimplentes, com divulgação nas mídias locais;
ii. implantação de sistema de monitoramento do consumo de água – como o Programa Água Pura, desenvolvido pela Rede de Tecnologias Limpas - Teclim, da Universidade Federal da Bahia –, a ser utilizado por imóveis públicos (escolas, câmara, hospitais, etc.), buscando atuar, efetivamente, na racionalização e no combate ao desperdício da água, de modo a servir como instrumento para manutenção preventiva, troca de
Engajamento do prestador de serviço
(embasa) no cumprimento das
ações
155
Projeto "Melhoria da Qualidade do Serviço Prestado"
equipamentos e conscientização;
iii. inspeção, manutenção e monitoramento dos SAAs.
iv. Fiscalização para cumprimento da legislação urbanística de uso e ocupação do solo.
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Projeto "Recuperação, Preservação e Conservação dos Mananciais"
Justificativa Condicionantes Abrangência Ações
Melhoria e manutenção da
qualidade ambiental dos mananciais
Articulação do poder público municipal e
estadual
Municipal
i. inclusão de todos os mananciais de Camaçari em Sistema de Monitoramento e Controle da Qualidade da Água, mediante cadastro e atualização periódica dos dados;
ii. intensificação da fiscalização de agentes poluidores e atividades desenvolvidas no entorno dos mananciais e nas áreas de interesse para abastecimento de água;
Engajamento e participação da
população
iii. incentivo técnico e financeiro de ações que visem à proteção hídrica e de iniciativas sustentáveis, com ampliação da divulgação de medidas já existentes, a exemplo do Programa Produtor da Água, desenvolvido pela Agência Nacional de Águas - ANA, o IPTU Verde;
iv. estímulo à utilização de fertilizantes naturais e à proteção de mananciais, por meio de cursos para agricultores da região.
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Projeto "Melhoria dos Sistemas Operados pela Embasa"
Justificativa Condicionantes Abrangência Ações
Fornecer água em qualidade e em
quantidade suficiente para
atendimento das necessidades
básicas da população
Acompanhamento pelo ente fiscalizador
SLAA Camaçari i. Instalação de sinalização de identificação nos poços P1, P3, P6, P7, P8;
(Sede de Camaçari)
ii.Instalação de sinalização de advertência de perigo em todos os poços;
Engajamento do prestador de serviço
(embasa) no cumprimento das
ações
iii. Adequação dos poços P1, P7 e P8 para fechamento da poligonal com muro de alvenaria e portões metálicos (DO06);
iv. Execução do projeto de intervenções no sistema, cujo estudo é apresentado no PARMS, Fase 3 - Tomo IV - Diretrizes e Proposições - Vol. 05 – Relatório das Diretrizes e Proposições do Município de Camaçari (SIHS, 2015).
SLAA Parafuso i. Instalação de sinalização de identificação e advertência de perigo no poço P1;
Articulação da população
(Localidade de Parafuso)
ii. Realização de isolamento adequado da fiação elétrica na casa de química, com base nas normas vigentes;
156
Projeto "Melhoria da Qualidade do Serviço Prestado"
iii. Execução do projeto de intervenções no sistema, cujo estudo é apresentado no PARMS, Fase 3 - Tomo IV - Diretrizes e Proposições - Vol. 05 – Relatório das Diretrizes e Proposições do Município de Camaçari (SIHS, 2015).
SIAA Machadinho i. Instalação de dispositivo/estrutura apropriado (a) para trancamento dos poços P3 e P9 ;
(Localidades atendidas)
ii. Instalação de sinalização de identificação e advertência de perigo em todos os poços (DO06);
iii. Definição da poligonal do poço P9 e cercamento;
iv. Execução do projeto de intervenções em Machadinho Sul e Machadinho Norte, cujo estudo é apresentado no PARMS, Fase 3 - Tomo IV - Diretrizes e Proposições - Vol. 05 – Relatório das Diretrizes e Proposições do Município de Camaçari (SIHS, 2015).
SIAA Jordão i. Instalação de sinalização de identificação e advertência de perigo em todos os poços (DO06);
(Localidades atendidas)
i. Execução do projeto de intervenções no sistema, cujo estudo é apresentado no PARMS, Fase 3 - Tomo IV - Diretrizes e Proposições - Vol. 05 – Relatório das Diretrizes e Proposições do Município de Camaçari (SIHS, 2015).
SIAA Barra do Pojuca
i. Execução do projeto de intervenções no sistema, cujo estudo é apresentado no PARMS, Vol. 07 – Relatório dos Estudos de Concepção e Viabilidade do Município de Mata de São João (SIHS, 2015).
(Localidade de Barra do Pojuca)
SAA Canto dos Pássaros
i. Instalação de sinalização de advertência de perigo na área do poço (DO06);
(Localidade rural Canto dos Passáros e
Residencias do PMCMV Caminho do Mar I, II e III)
ii.Elaboração e execução de projeto de intervenções no sistema, com implantação de reservatório com capacidade mínima de 215 m³ para fim de plano e instalação de tubulação auxiliar no poço utilizado.
Projeto "Soluções Alternativas para a Zona Rural"
Justificativa Condicionantes Abrangência Ações
Fornecer água em qualidade e em
quantidade suficiente para
atendimento das necessidades
básicas da população
Engajamento do poder público muncipal no
cumprimento das ações
Localidades Rurais
i. Realização de estudos e ampliação e/ou adequação dos sistemas existentes (SSAA de Estrada de Maracaiúba, SIAA de Lagoa Seca e SIAA de Rancho Alegre);
ii. Elaboração de projeto e implantação dos seguintes sistemas simplificados: Pião Manso, Vila Camaçari, Sucupira e Itapecirica;
157
Projeto "Melhoria da Qualidade do Serviço Prestado"
Articulação da população
iii. Implantação de reservatórios de captação de água de chuva em localidades com população inferior a 150 hab. e/ou em domicilios dispersos que ainda não dispõem de soluções de abastecimento.
Fonte: Saneando Projetos e Consultoria, 2016.
Observa-se no Quadro 20 que para alcançar as metas propostas no produto 8 - Tomo II, em vista
do cenário de referência adotado, será necessário o investimento total de R$ 267.509.572,13
(duzentos e sessenta e sete milhões, quinhentos e nove mil, quinhentos e setenta e dois reais e
treze centavos), para cumprimento de medidas estruturantes e estruturais, descritas no Capítulo
10 do Tomo II. Pelo montante final, avalia-se que a maior demanda de recursos deriva do
Programa “Universalização do Acesso à Água Potável” (76,2% do investimento total para os
Serviços de Abastecimento de Água municipais), em particular, do Projeto “Melhoria dos Sistemas
Operados pela Embasa”, em virtude de ser um município onde a maioria da população reside na
área urbana e pelo seu potencial turístico. Este fato decorre, principalmente, das intervenções
necessárias aos seis sistemas já mencionados, indicando situação que, no mínimo, requer maior
atenção por parte do poder público.
Quadro 20 – Demonstrativo da estimativa de investimento para os projetos referentes aos serviços de abastecimento de água do município de Camaçari.
Programa
Projeto Total por Programa
Percentual do
Programa Título Custo Percentual
Gestão Sustentável
Melhoria da Qualidade do Serviço Prestado
R$ 15.618.813,13 68,70% R$
22.733.251,26 8,5%
Melhoria do Monitoramento da Qualidade da Água
R$ 4.148.077,49 18,25%
Controle de Perdas R$ 2.966.360,64 13,05%
Recuperação, Preservação e Proteção de Mananciais
Recuperação, Preservação e Proteção de Mananciais
R$ 40.890.138,57 100,00% R$
40.890.138,57 40,8%
Universalização do Acesso à Água
Potável
Melhoria dos Sistemas Operados pela Embasa
R$ 191.248.409,75 93,80% R$
203.886.182,30 76,2%
Soluções Alternativas para a Zona Rural
R$ 12.637.772,55 6,20%
TOTAL DE INVESTIMENTO EM 20 ANOS R$ 267.509.572,13
Fonte: Saneando Projetos e Consultoria, 2016.
7.2. ESGOTAMENTO SANITÁRIO
158
No Quadro 21 são apresentados o Programa "Gestão Sustentável dos Serviços de Esgotamento
Sanitário" e o Programa "Esgotamento Sanitário Para Todos" com os respectivos projetos e
ações.
Quadro 21 – Programas, Projetos e Ações para o Esgotamento Sanitário
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Projeto "Melhoria da Qualidade do Serviço Prestado"
JUSTIFICATIVA CONDICIONANTES ABRANGÊNCIA AÇÕES
Melhorar a qualidade do serviço prestado
tanto para rural quanto para area
urbana
Engajamento do poder público municipal no
cumprimento das ações
Municipal
i. Formulação de ações para prevenção aos extravasamentos na rede coletora de esgoto;
ii. Elaboração de rotina contínua de monitoramento e manutenção preventiva das soluções individuais implantadas na zona urbana e rural, com disponibilização de técnico capacitado para realização dessas atividades
iii. Fiscalização e punição adequada aos infratores quanto à ligação do sistema residencial de coleta de águas pluviais à rede pública de coleta de esgoto
Engajamento do prestador de serviço
(embasa) no cumprimento das
ações
iv. Fiscalização e punição adequada aos infratores quanto à ligação do sistema residencial de esgoto à rede pública de drenagem;
v. Fiscalização quanto à ligação das residências ao sistema de coleta público de coleta de esgoto, aplicando aos usuários inadimplentes as penalidades previstas na Lei nº 7.307 de 23 de janeiro de 1998, que dispõe sobre a ligação de efluentes à rede pública de coleta de esgotos.
Articulação da população
vi. Desenvolvimento de canal de diálogo entre usuário e prestadora do serviço, incluindo campanha de incentivo ao uso, para célere informação sobre transtornos na rede pública de coleta de esgoto.
vii. Capacitação e desenvolvimento dos recursos humanos para a execução dos serviços de esgotamento de modo satisfatório, incluindo a contratação de funcionários em número suficiente para atender à demanda do município, bem como o treinamento (e sua reciclagem periódica) da equipe técnica incumbida das medições.
viii. Inclusão dos dados referentes ao saneamento básico ao Sistema de Informações Geográficas - SIG, já utilizado pela Prefeitura, permitindo o mapeamento da ocorrência de vazamentos, da idade das redes de coleta, entre outras oportunidades.
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ITÁ Projeto "Ampliação do Acesso aos Serviços de Esgotamento Sanitário na Zona Urbana"
159
JUSTIFICATIVA CONDICIONANTES ABRANGÊNCIA AÇÕES
Fomentar a implantação de
sistemas de coleta, tratamento e
destinação final de esgotos sanitários, visando o controle
de doenças e outros agravos, assim
como contribuir para a redução da
morbimortalidade provocada por
doenças transmitidas pela
água.
Acompanhamento pelo ente fiscalizador
Zona urbana do distrito Sede
i. Elaboração de projeto e ampliação da cobertura da rede pública de coleta de esgoto doméstico.
ii. Ampliação o volume de tratamento dos esgotos coletados na Sede municipal pela empresa privada Cetrel.
Zona urbana do distrito de Abrantes
i. Elaboração de projeto e ampliação da cobertura da rede pública de coleta de esgoto doméstico.
ii. Elaboração de projeto e implantação de etapa de tratamento do esgoto doméstico.
iii. Operação e manutenção da rede pública de coleta dos distritos e das soluções de tratamento do esgoto coletado a fim de evitar transtornos à população e proteger o meio ambiente de contaminações.
Engajamento do prestador de serviço
(embasa) no cumprimento das
ações
iv. Conforme avanço da ampliação da rede de coleta pública nos distritos, promover a desativação das soluções individualizadas e ligação do domicílio à rede.
Zona urbana do distrito de Monte
Gordo
i. Elaboração de projeto e ampliação da cobertura da rede pública de coleta de esgoto doméstico.
ii. Elaboração de projeto e implantação de etapa de tratamento do esgoto doméstico.
iii. Operação e manutenção da rede pública de coleta dos distritos e das soluções de tratamento do esgoto coletado a fim de evitar transtornos à população e proteger o meio ambiente de contaminações.
Articulação da população
iv. Conforme avanço da ampliação da rede de coleta pública nos distritos, promover a desativação das soluções individualizadas e ligação do domicílio à rede.
Municipal
i. Construção de módulos sanitário integrados à rede coletora de esgoto em domicílios que ainda não possuem.
ii. Realizar estudos quanto à viabilidade ambiental e econômica do reuso dos efluentes tratados nas Estações de Tratamento de Esgoto (ETE).
iii. Estudar a aplicação de tarifas compatíveis com a condição de pagamento dos usuários.
160
Projeto "Soluções alternativas para zona rural e para povos e comunidades tradicionais"
JUSTIFICATIVA CONDICIONANTES ABRANGÊNCIA AÇÕES
Elevar o índice de cobertura com
soluções individuais de Esgotamento Sanitário para
abranger 80% da população rural
empregando tecnologias
apropriadas à realidade local e em
obediência aos critérios técnicos
construtivos imprescindíveis à
sua perfeita eficiência e efetividade.
Engajamento do poder público municipal no
cumprimento das ações
Localidades Rurais e Povos e
Comunidades Tradicionais
(comunidades remanescentes de
quilombos, comunidades
pesqueiras, aldeias hippies e povos
ciganos)
i. Elaboração dos projetos das soluções individuais de esgotamento sanitário, incluindo cronograma de operação, manutenção e monitoração.
ii. Construção de soluções individuais, como banheiro seco, fossa séptica seguida de sumidouros ou valas de filtração, fossas de evapotranspiração e canteiro bioséptico, com base na construção participativa envolvendo a família contemplada. iii. Capacitação da população na construção de soluções adequadas de Esgotamento Sanitário, com foco em membros de associações e profissionais responsáveis pela construção das soluções individuais adotadas atualmente na região. iv. Elaborar e disponibilizar para a população manual técnico autoexplicativo de construção e operação de soluções individuais, como fossas sépticas seguidas de sumidouro/vala de filtração, canteiro bioséptico, entre outros, assim como normas correlacionadas existentes.
v. Elaborar Manual com orientações sobre a manutenção e o monitoramento das soluções individuais.
vi. Construção de módulos sanitários nas residências que ainda não tem acesso a banheiro, composto por vaso sanitário, lavatório, chuveiro e pia de lavar roupa, integrado a solução para a destinação dos esgotos condizente com a realidade local.
vii. Promoção de oficinas de capacitação para atores sociais envolvidos na construção de soluções individuais de esgotamento sanitário.
viii. Promoção de oficinas de educação ambiental com os Povos e Comunidades Tradicionais abordando a importância do esgotamento sanitário para a minimização dos agravos de doenças e proteção do meio ambiente, debatendo com a coletividade a respeito da melhor alternativa para esgotamento sanitário a ser implantada, considerando as suas peculiaridades culturais e visando a aceitação da tecnologia. Na ocasião das oficinas deve feito o levantamento do quantitativo de residências desprovidas de instalações sanitárias internas e a possível solução para cada comunidade específica (a exemplo do uso de banheiro seco, construção de módulos sanitários integrados à solução de esgotamento, entre outras possibilidades). ix. Implantação das soluções alternativas de esgotamento sanitário para atendimento dos povos e comunidades tradicionais, com participação dos moradores contemplados na construção da solução.
Fonte: Saneando Projetos de Engenharia e Consultoria, 2016.
161
Para alcançar o cenário de referência proposto no Produto 8 – Tomo II – Estudo de Cenários dos
Serviços de Esgotamento Sanitário, onde o município tem possibilidade de investir na gestão dos
serviços, de apostar em tecnologias apropriadas e em participação e controle social para
universalização do acesso aos serviços de esgotamento sanitário, estimou-se, conforme
apresentado no Quadro 22, que ao longo de 20 anos, a necessidade de se investir em torno de
R$ 1,54 bilhões de reais, com medidas estruturais e estruturantes. O projeto com maior demanda
por investimento é o de Ampliação do Acesso aos Serviços de Esgotamento Sanitário na Zona
Urbana, representando 98,7% do total necessário para os Serviços de Esgotamento Sanitário do
município de Camaçari. Esse valor se refere principalmente à ampliação da rede pública de coleta
de esgoto na zona urbana dos distritos Sede, Abrantes e Monte Gordo, uma vez que o déficit de
atendimento é significativo.
Quadro 22 - Demonstrativo da estimativa de investimento para os projetos referentes aos serviços aos Serviços de esgotamento sanitário do município de Camaçari.
Item de investimento Total por projeto Percentual por projeto
Total por programa Percentual
por programa
Programa: Esgotamento Sanitário Para
Todos
Projeto: Ampliação do Acesso aos Serviços de
Esgotamento Sanitário na Zona Urbana
R$ 1.528.333.470,18 98,7%
R$ 1.546.272.184,07 99,9%
Projeto: Soluções
alternativas para zona rural e para
povos e comunidades tradicionais
R$ 17.938.713,89 1,2%
Programa: Gestão
Sustentável dos Serviços de
Esgotamento Sanitário
Projeto: Melhoria da qualidade do serviço prestado
R$ 1.957.786,29 0,1% R$ 1.957.786,29 0,1%
Total de Investimento por horizonte R$ 1.548.229.970,36
Fonte: Saneando Projetos de Engenharia e Consultoria, 2016.
7.3. DRENAGEM E MANEJO DE AGUAS PLUVIAIS URBANAS
162
Nos Quadro 23, Quadro 24 e Quadro 25 são apresentados o Programa "Manejo Adequado das
Água Pluviais" e o Programa "Universalização dos serviços de drenagem" com os respectivos
projetos e ações.
Quadro 23 - Projeto "Redução e Retenção do escoamento superficial" do Programa “Manejo Adequado de Águas Pluviais “.
Pro
gra
ma "
Ma
nejo
Ad
equ
ad
o d
as
Ág
ua
Plu
viais
"
Projeto "Redução e Retenção do escoamento superficial"
Justificativa Condicionantes Abrangência Ações
Reduzir a demanda da infraestrutur
a de drenagem
Engajamento do poder público
municipal.
Municipal
i. Implantação de dispositivos de captação de águas da chuva para usos diversos em todos os prédios públicos.
ii. Estimular a prática de captação de água de chuva em edificações particulares, por meio do IPTU Verde.
iii. Estimular a repermeabilização dos locais com alta taxa de impermeabilização.
iv. Estimular a implantação de piso drenante em detrimento de pisos impermeáveis.
Abertura de edital para realização
do serviço.
v. Realização do cadastro de áreas estratégicas para o amortecer cheias: bacias naturais de amortecimento, áreas verdes (localização e estado de conservação) e áreas de lazer (praças, campos de futebol e quadras) com as respectivas capacidades de amortecimento de cheia
vi. Realizar a recomposição vegetal e manutenção das áreas verdes.
Engajamento do poder público
municipal.
vii. Regulamentação e preservação das bacias naturais de amortecimento.
viii. Aproveitamento de áreas de lazer para amortecimento de cheias: praças, campos de futebol e quadras.
Suporte do poder público municipal para o aumento de mão de obra
qualificada e equipamentos.
ix. Ampliar a capacidade da Sedur de fiscalização do uso e a ocupação do solo, com o objetivo de conter o desmatamento e a impermeabilização do solo.
x. Promover cursos de capacitação dos profissionais da instituição (Sedur).
Fonte: Saneando Projetos de Engenharia e Consultoria, 2016.
Quadro 24 - Projeto " Revitalização dos Canais de Drenagem" do Programa “Manejo Adequado de Águas Pluviais “.
163
Pro
gra
ma "
Ma
nejo
Ad
equ
ad
o d
as
Ág
ua
Plu
viais
"
Projeto "Revitalização dos Canais de Drenagem"
Justificativa Condicionantes Abrangência Ações
Melhorar o escoamento das águas
pluviais, evitar inundações e a contaminação
dos corpos d'agua.
Abertura de edital para realização do
serviço.
Municipal
i. Elaboração de um cadastro técnico do uso e ocupação das margens ocupadas dos canais destacando as áreas de riscos para a população.
Suporte do poder público municipal
para o aumento de mão de obra qualificada e
equipamentos.
ii. Erradicação das áreas de riscos ocupadas ao longo das margens dos canais de drenagem.
Elaboração do Plano da Bacia Hidrográfica do
Recôncavo Norte.
iii. Enquadramento dos canais de drenagem (córregos, riachos e rios) de acordo com a Resolução Conama Nº 357 e 430.
Abertura de edital para realização do
serviço.
iv. Identificar os pontos de lançamento de esgoto no sistema de drenagem;
v. Recuperação da mata ciliar (proteção dos taludes e barreira de proteção contra resíduos sólidos).
vi. Implantação de parque lineares nos rios urbanos que funcionam como canais macrodrenagem como: Rio Camaçari (já implantado), Rio Pojuca e Rio Jacuípe.
vii. Adequação dos canais de microdrenagem.
Suporte do poder público municipal
para o aumento de mão de obra qualificada e
equipamentos.
viii. Ampliar a capacidade da Sedur de fiscalização do uso e a ocupação do solo, com o objetivo de conter a ocupação em áreas de risco e em áreas de proteção permanente (APP).
ix. Promover cursos de capacitação dos profissionais da instituição (Sedur).
Fonte: Saneando Projetos de Engenharia e Consultoria, 2016.
Quadro 25 - Programa "Universalização dos serviços de drenagem"
"Univ
ers
aliz
açã
o d
os
serv
iço
s d
e
Projeto "Ampliação da drenagem" Justificativa Condicionantes Abrangência Ações
Ampliação, melhoria e
conservação da
infraestrutura de drenagem
Abertura de edital para realização do
serviço. Municipal
i. Realizar o cadastro do sistema de drenagem existente.
Engajamento do poder público
municipal.
ii. Elaborar projetos de ampliação do sistema de drenagem.
164
Abertura de edital para realização do
serviço.
iii. Implantar dispositivo de microdrenagem nas vias
Engajamento do poder público
municipal.
iv. Realizar a limpeza e manutenção do sistema de drenagem no período menos chuvosos.
Suporte do poder público municipal
para o aumento de mão de obra qualificada e
equipamentos.
v. Aumento do quadro de funcionários com a qualificação técnica necessária, veículos e equipamentos (Seinfra).
Abertura de edital para realização do
serviço.
vi. Implantação de caixas coletoras de águas pluviais com dispositivo de retenção de resíduos sólidos.
Suporte do poder público municipal
para o aumento de mão de obra qualificada e
equipamentos.
vii.Promover cursos de capacitação dos profissionais da instituição (Seinfra). viii. Realizar e manter as campanhas de educação e ambiental quanto à preservação das matas ciliares, aos perigos de ocupação das margens dos canais ou em áreas de risco, aos danos causados pelo lançamento de resíduos sólidos nos logradouros e do lançamento de esgoto doméstico no sistema de drenagem.
Projeto "Fortalecimento da coordenadoria de Defesa Civil"
Justificativa Condicionantes Abrangência Ações
Melhoria das ações de
contingência a inundações
e deslizamento
s de terra.
Suporte do poder público municipal
para o aumento de mão de obra qualificada e
equipamentos. Municipal
i. Aumento do quadro de funcionários com a qualificação técnica necessária, veículos e equipamentos (Defesa Civil). ii. Promover cursos de capacitação dos profissionais da instituição (Defesa Civil).
iii. Monitorar processos erosivos e sedimentológicos.
Abertura de edital para realização do
serviço.
iv. Elaborar de mapa de risco de alagamento, inundação e escorregamento de terra.
v. Implantação de um Sistema de Suporte a Decisão (SSD).
Fonte: Saneando Projetos de Engenharia e Consultoria, 2016.
Conforme pode-se observar no Quadro 26, para o horizonte de planejamento dos Serviços de
Drenagem Urbana e Manejo de Águas Pluviais, foi estimado um investimento de R$
86.374.644,40, sendo R$ 36.489.582,75 (42,2%) para o Programa: Manejo Adequado de Águas
Pluviais e R$ 49.885.061,65 (57,8%) para o Programa: Universalização dos Serviços de
Drenagem.
Quadro 26 - Plano de investimento para os Serviços de Drenagem Urbana e Manejo de Águas Pluviais.
Programa
Projeto Total Por Programa
Percentual do
Programa Título Custo Percentual
165
Programa
Projeto Total Por Programa
Percentual do
Programa Título Custo Percentual
Manejo Adequado das Água Pluviais
Redução e ou Retenção do escoamento superficial
R$ 15.718.284,34 18,2%
R$ 36.489.582,75 42,2%
Revitalização dos Canais de
Drenagem
R$ 20.771.298,40 24,0%
Universalização dos serviços de
drenagem
Ampliação da Drenagem
R$ 21.578.967,52 25,0%
R$ 49.885.061,65 57,8% Fortalecimento
da coordenadoria
de Defesa Civil
R$ 28.306.094,13 32,8%
TOTAL DE INVESTIMENTO EM 20 ANOS R$ 86.374.644,40
Fonte: Saneando Projetos e Consultoria, 2016.
166
8. HIERARQUIZAÇÃO DAS INTERVENÇÕES
Para elaboração da Hierarquização das Intervenções, foram utilizadas, como referência, as
unidades de planejamento: o distrito de Monte Gordo, o distrito de Abrantes e o distrito Sede
utilizando se a metodologia descrita no Produto 9 – Tomo II. A partir desta divisão das áreas do
município, foram analisadas as prioridades das intervenções nos serviços de saneamento ao
longo do horizonte de planejamento, por meio da implementação dos programas, projetos e
ações. Para tanto segue a definição dos horizontes de planejamento: Emergencial (1 ano):
jan/2017 e dez/2017; Curto (4 anos): jan/2018 a dez/2021; Médio (4 anos): jan/2018 a dez/2025; e
Longo (11 anos): jan/2026 a dez/2036.
É importante destacar que a hierarquização das intervenções na integra, por ações consta no
Produto 9 – Hierarquização das Intervenções, Tomo III – PMSB.
8.1. ABASTECIMENTO DE ÁGUA
Nos quadros a seguir (Quadro 27, Quadro 28, Quadro 29) são apresentados os projetos previstos
para o abastecimento de água em Camaçari, em ordem de prioridade para cada distrito.
Quadro 27 - Projetos ordenados por prioridade de implantação no Distrito Sede.
DISTRITO SEDE
Projetos Resultado Prazo
Melhoria da qualidade do serviço prestado 75 Emergencial
Melhoria do Monitoramento da Qualidade da Água 5 Médio
Controle de Perdas 75 Emergencial
Recuperação, Preservação e Proteção de Mananciais 9 Médio
Melhoria dos Sistemas Operados pela Embasa 9 Médio
Soluções Alternativas para a Zona Rural 45 Curto
Fonte: Saneando Projetos e Consultoria, 2016.
Observa-se que para o distrito sede os projetos Melhoria da Qualidade do serviço prestado e o
controle de perdas são os mais prioritários para iniciar, seguido pelo projeto de soluções
alternativas para área rural em curto prazo e os demais em médio prazo.
Quadro 28 - Projetos ordenados por prioridade de implantação no Distrito de Abrantes.
DISTRITO ABRANTES
Projetos Resultado Prazo
Melhoria da qualidade do serviço prestado 75 Emergencial
Melhoria do Monitoramento da Qualidade da Água 75 Emergencial
Controle de Perdas 75 Emergencial
Recuperação, Preservação e Proteção de Mananciais 25 Curto
Melhoria dos Sistemas Operados pela Embasa 25 Curto
167
Soluções Alternativas para a Zona Rural 125 Emergencial
Fonte: Saneando Projetos e Consultoria, 2016.
Quadro 29 - Projetos ordenados por prioridade de implantação no Distrito de Monte Gordo.
DISTRITO MONTE GORDO
Projetos Resultado Prazo
Melhoria da qualidade do serviço prestado 75 Emergencial
Melhoria do Monitoramento da Qualidade da Água 75 Emergencial
Controle de Perdas 75 Emergencial
Recuperação, Preservação e Proteção de Mananciais 125 Médio
Melhoria dos Sistemas Operados pela Embasa 25 Curto
Soluções Alternativas para a Zona Rural 125 Emergencial
Fonte: Saneando Projetos e Consultoria, 2016.
Nos distritos de Abrantes e Monte Gordo, praticamente todos os projetos possuem com prioridade
de iniciar em prazo emergencial (2017) e os demais em curto prazo, conforme mostra os quadros
acima.
8.2. ESGOTAMENTO SANITÁRIO
Para o Distrito Sede o projeto “Melhoria da qualidade do serviço prestado” aparece com maior
prioridade do que os outros dois projetos (Quadro 30). No Distrito de Abrantes os projetos
“Ampliação do Acesso aos Serviços de Esgotamento Sanitário na Zona Urbana” e “Melhoria da
qualidade do serviço prestado” aparecem como mais prioritários do que o projeto “Soluções
alternativas para zona rural e para povos e comunidades tradicionais” (Quadro 31). No Distrito de
Monte Gordo os projetos “Ampliação do Acesso aos Serviços de Esgotamento Sanitário na Zona
Urbana”, “Melhoria das Soluções alternativas para zona rural e para povos e comunidades
tradicionais” aparecem com a mesma prioridade (Quadro 32).
Quadro 30 - Projetos ordenados por prioridade de implantação no Distrito Sede.
DISTRITO SEDE
Projetos Resultado Prazo
Melhoria da qualidade do serviço prestado 45 Curto Prazo
Ampliação do Acesso aos Serviços de Esgotamento Sanitário na Zona Urbana
27 Curto Prazo
Soluções alternativas para zona rural e para povos e comunidades tradicionais
27 Curto Prazo
Fonte: Saneando Projetos e Consultoria, 2016.
Quadro 31 - Projetos ordenados por prioridade de implantação no Distrito de Abrantes.
DISTRITO ABRANTES
Projetos Resultado Prazo
Ampliação do Acesso aos Serviços de Esgotamento Sanitário na Zona Urbana
45 Curto Prazo
Melhoria da qualidade do serviço prestado 45 Curto Prazo
Soluções alternativas para zona rural e para povos e comunidades tradicionais
25 Curto Prazo
Fonte: Saneando Projetos e Consultoria, 2016.
168
Quadro 32 - Projetos ordenados por prioridade de implantação no Distrito de Monte Gordo
DISTRITO DE MONTE GORDO
Projetos Resultado Prazo
Melhoria da qualidade do serviço prestado 45 Curto Prazo
Ampliação do Acesso aos Serviços de Esgotamento Sanitário na Zona Urbana
45 Curto Prazo
Soluções alternativas para zona rural e para povos e comunidades tradicionais
45 Curto Prazo
Fonte: Saneando Projetos e Consultoria, 2016.
8.3. DRENAGEM URBANA E MANEJO DE ÁGUAS PLUVIAIS
Nos distritos de Abrantes e Monte Gordo, com relação ao programa “Manejo Adequado das Água
Pluviais”, vê-se que o projeto “Redução e Retenção do escoamento superficial” é de médio prazo
e o projeto “Revitalização dos Canais de Drenagem” é de médio prazo. Finalmente, nos quadros a
seguir (Quadro 33, Quadro 34 e Quadro 35), são apresentados os projetos em ordem de
prioridade para cada distrito.
Quadro 33 - Projetos ordenados por prioridade de implantação no Distrito Sede.
DISTRITO SEDE
Projetos Resultado Prazo
Projeto Ampliação da Drenagem 75 Emergencial
Projeto Melhoria da Qualidade do Serviço Prestado 45 Curto Prazo
Redução e Retenção do escoamento superficial 15 Médio Prazo
Revitalização dos Canais de Drenagem 15 Médio Prazo
Fonte: Saneando Projetos e Consultoria, 2016.
Quadro 34 - Projetos ordenados por prioridade de implantação no Distrito de Abrantes.
DISTRITO DE ABRANTES
Projetos Resultado Prazo
Projeto Ampliação da Drenagem 75 Emergencial
Revitalização dos Canais de Drenagem 45 Curto Prazo
Projeto Melhoria da Qualidade do Serviço Prestado 45 Curto Prazo
Redução e Retenção do escoamento superficial 15 Médio Prazo
Fonte: Saneando Projetos e Consultoria, 2016.
Quadro 35 - Projetos ordenados por prioridade de implantação no Distrito de Monte Gordo.
DISTRITO DE ABRANTES
Projetos Resultado Prazo
Projeto Ampliação da Drenagem 75 Emergencial
Revitalização dos Canais de Drenagem 45 Curto Prazo
Projeto Melhoria da Qualidade do Serviço Prestado 45 Curto Prazo
Redução e Retenção do escoamento superficial 15 Médio Prazo
Fonte: Saneando Projetos e Consultoria, 2016.
169
REFERÊNCIAS
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BAHIA. Secretaria de Desenvolvimento Urbano. Plano de Regionalização da Gestão Integrada dos Resíduos Sólidos. Disponível em: <http://www.sedur.ba.gov.br/saneamento/plano-de-regionalizacao-da-gestao-integrada-de-residuos-solidos/> Acesso em: 13 de nov. 2014.
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as definições, as responsabilidades, os critérios básicos e as diretrizes gerais para uso e
implementação da Avaliação de Impacto Ambiental como um dos instrumentos da Política
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