Cidades Intermediárias Brasileiras - Castelo Branco - Anpege
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CIDADES INTERMEDIÁRIAS NO BRASIL
Maria Luisa G. Castello Branco1
IBGE Coordenação de Geografia CGEO
1 - INTRODUÇÃO
As análises do processo de urbanização recente do país, em geral,
enfatizam a prevalência da metropolização e crescimento das grandes cidades.
Indubitavelmente, a concentração de população em grandes áreas urbanas é
marcante e tem se acentuado com os processos de internacionalização da
economia, globalização e constituição de uma sociedade em rede, uma vez
que estes centros constituem os principais nós das redes urbanas em níveis
mundial e nacional (CASTELLS, 1996, SASSEN, 1991, e VELTZ, 1996).
Entretanto, ao analisar a evolução da urbanização mundial, Egler (2002:324)
afirma que:
...a relação entre crescimento populacional/crescimento do número de
cidades é bem mais importante para as cidades intermediárias, o que
demonstra o dinamismo desta categoria de centros urbanos.
Esta importância crescente das cidades intermediárias ocorre também
no Brasil, onde se verifica o aumento constante desta categoria de centros
tanto em número de quanto em população. Estas mudanças nos convidam a
fazer uma reflexão sobre as transformações no processo de urbanização no
Brasil, sua configuração territorial, e especialmente sobre o papel destas
cidades e suas articulações no contexto regional, nacional e global.
O primeiro desafio, ao se tratar desta questão, é estabelecer o que se
entende por cidade intermediária , em geral definidas ou por seu porte
populacional, ou por suas características funcionais ou ainda por seu papel
como elo de ligações entre os centros locais e os centros globais, na rede
1 Este trabalho foi elaborado com a participação de Rogério Botelho de Mattos, com a colaboração, sugestões e críticas de Evangelina X. G. de Oliveira e de Ivone Lopes.
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mundial de cidades. A designação de cidades intermediárias segue a linha
adotada por Santos (1979:243) que ressalta a transformação da cidade média
e/ou centro regional em intermediária , ressaltando o papel articulador.
Objetiva-se enfocar esta questão adotando processo classificatório para
destacar características gerais que permitam construir um quadro de
referência, com vistas a contribuir para a definição de cidades intermediárias
brasileiras e de seu papel na rede urbana. Para atender a tal objetivo, buscou-
se identificar um conjunto de cidades que, no contexto da rede urbana,
constituam nós articuladores entre as grandes metrópoles e cidades menores,
localizadas em sua área de influência, caracterizadas por patamar de tamanho
populacional, econômico e qualidade de vida. A identificação das cidades
intermediárias no Brasil foi realizada em duas grandes etapas: na primeira
selecionou-se o conjunto de cidades que atendessem a critérios de tamanho
populacional, centralidade e articulação; na segunda elaborou-se tipologia
buscando ressaltar características comuns a estas cidades que constituam
base para futuras análises.
2 CIDADES INTERMEDIÁRIAS E REDE URBANA
A definição de cidades intermediárias não se vincula apenas a
classificação por porte populacional. Relaciona-se também às suas funções e,
principalmente, ao papel que desempenham na rede urbana regional, nacional
e internacional. A atenção a esta questão, no Brasil, data da década de 1970,
quando da elaboração das políticas e programas que visavam a difusão do
processo de desenvolvimento, com base nos nós da rede urbana, com
destaque para cidades médias (SOUZA 1999, PONTES 2001, TOLOSA 2001,
AMORIM e SERRA 2001, STEINBERGER e BRUNA 2001). Estas políticas,
materializadas no II PND e explicitadas no Programa de Cidades de Porte
Médio, além do tamanho populacional consideravam, principalmente a
centralidade, a hierarquia urbana, a extensão física, as características
funcionais e as de tamanho econômico. Nas décadas seguintes, com a
mudança de ótica na política governamental, privilegiando o planejamento
3
setorial, houve uma descontinuidade na elaboração e implementação de
programas de planejamento territorial, onde a questão das cidades médias se
inseria.
As transformações alavancadas pelo processo de globalização, pelas
novas dinâmicas produtivas, pela abertura da economia e inserção em uma
sociedade em rede, ressaltam a importância do território e da urbanização que,
apesar de acentuar o poder de polarização das grandes aglomerações urbanas
(VELTZ 1996, SOUZA 1995, CASTELLS 1996, SOJA 1993 e 2000, SASSEN
1991), atinge toda a rede urbana e recoloca em evidência as cidades médias, a
partir de meados da década de 1990. A questão desta categoria de cidades
agora retomada, trouxe em seu bojo a necessidade de maior precisão
conceitual quanto à sua definição. Neste sentido, destacam-se, no Brasil, as
contribuições de Amorim e Serra (2001) e de Sposito (2001). Amorim e Serra
(2001:4) partem do princípio que as cidades médias desempenham funções
específicas no sistema urbano e que estas espelham diferentes modos de
produção em suas diferentes etapas, em cada fase deste sistema. Assim,
acrescentam às características, consideradas como definidoras das cidades
médias em pesquisas realizadas nas décadas anteriores, três novas funções
que podem ser desempenhadas por estas cidades em decorrência do processo
conhecido por globalização : a de articuladoras privilegiadas nos eixos ou
corredores de desenvolvimento (AMORIM e SERRA 2001: 28); a atuação que
podem exercer nos sistemas de redes regionais ou nacionais; e como fator de
sucesso na localização de tecnopólos. Nesta mesma época, Sposito (2001),
traz nova contribuição, adotando perspectiva geográfica, enfatizando a
importância do sítio e situação ou posição geográfica, das relações espaciais
da cidade, especialmente as que dizem respeito ao consumo, do seu papel na
divisão do trabalho, das funções que desempenham e da questão da distância
de centros de maior nível hierárquico. Sposito destaca ainda que o avanço
tecnológico, notadamente nas comunicações, ao permitir a dissociação entre
os centros de tomada de decisão e os centros produtivos, abre novas
perspectivas locacionais para as cidades médias.
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Sanfeliu e Torné (2004: 3-7), adotam a designação de
intermédias/intermediárias , por ampliar seu significado, realçar seu papel de
articulação, criando e tecendo redes; por introduzir e valorizar aspectos mais
dinâmicos e estratégicos que abrem novas possibilidades de inserção nas
escalas regional, nacional e internacional; e por incorporar o conceito de
sistema urbano mais aberto, dinâmico e interativo, (DEMATTEIS, G. 1991,
Apud. SANFELIU e TORNÉ 2004: 7,). Relativizando a importância do tamanho
demográfico, relacionam como cidades intermediárias : a) centros que
oferecem bens e serviços mais ou menos especializados para a sua área de
influência; b) centros que constituem nós articuladores de fluxos; c) centros
onde se localizam sedes de governo local e regional. Estes autores apontam
ainda que, em comparação com centros maiores, as cidades intermediárias
caracterizam-se por oferecer: sistemas mais equilibrados e estáveis em seu
território; maior facilidade de gestão e exercício da cidadania; maior identidade
da população com a cidade; menores problemas ambientais; menores conflitos
e custos sociais; e por outro lado, menor diversidade social e cultural; menor
poder de competitividade econômica e maior dificuldade de acesso aos fluxos
de informação e capital. Ressaltam também, que na nova hierarquia urbana, a
posição da cidade depende mais de sua inserção nas redes globais do que do
seu tamanho populacional.
O caráter qualitativo das principais características definidoras de cidades
intermediárias destaca-se particularmente em relação à função topológica de
intermediação entre grandes centros de decisão e respectivas áreas de
influência, urbanas e/ou rurais (TORNÉ 2000: 5). Assim, a própria essência
dos elementos conceituais apontados como definidores de cidades médias/
intermediárias torna difícil a elaboração de metodologia operacional para
identificação de um conjunto de cidades médias em nível nacional. De um
lado, são escassas as informação disponíveis para construir indicadores e
apreender todos os aspectos relacionados como definidores destes centros, de
outro lado é difícil incorporar a própria diversidade
característica fundamental
do conjunto a um sistema classificatório.
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Nesta pesquisa, buscou-se apontar características básicas que
permitissem identificar, em nível nacional, um conjunto de cidades
intermediárias, e apresentar informações relevantes sobres estes centros e sua
área de atuação, com base no quadro conceitual mencionado.
3 CIDADES INTERMEDIÁRIAS: ASPECTOS FUNDAMENTAIS
Alguns aspectos fundamentais constituem consenso quando se investiga
o universo de cidades intermediárias. Na operacionalização dos conceitos
considerados mais relevantes, buscou-se informações quantitativas coletadas
em nível nacional, segundo o mesmo critério de levantamento. Assim, foram
consideradas as seguintes características como definidoras deste patamar de
cidades em todo o território nacional: o tamanho populacional e econômico, o
grau de urbanização, a centralidade e a qualidade de vida.
O tamanho populacional da cidade sempre é referido quando se trata de
cidades intermediárias e apesar de haver consenso de que esta característica
não é determinante, todavia, como apontam Amorim e Serra (2001), deve ser
considerado como uma faixa de tamanho para investigação, mas não como
elemento definidor, principalmente porque em termos geográficos, a
localização relativa tem enorme peso nas questões de tamanho (ADAMS
1995).
O tamanho econômico é outro aspecto considerado relevante, pois é
indicativo da dinâmica econômica do centro, responsável por existência de
infra-estrutura necessária ao poder de atração locacional e ao papel de
intermediação que caracterizam as cidades intermediárias.
O grau de urbanização é também importante na definição, uma vez que
as atividades necessárias para desempenhar as funções urbanas, tais como a
de articulador do sistema urbano, as de centro de atividades de produtivas e de
prestação de serviços, constituem características tipicamente urbanas.
A centralidade é fundamental na definição do fenômeno urbano
(LEFEBVRE 1999: 109-124) e é a principal característica desta categoria de
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cidades, uma vez que nela se apóia o seu poder de articulação entre os
diferentes níveis de centros urbanos, a sua atuação como centro de oferta de
bens e serviços para a sua área de influência, e como nó de diferentes tipos de
rede, funções que estão no cerne do conceito de centralidade.
O quadro de características básicas para definição de cidades
intermediárias se completa com a qualidade de vida urbana. Aspecto relevante
nesta definição de cidades, por levar em consideração a oferta de infra-
estrutura urbana, segurança, facilidade de deslocamento, entre outros,
constituindo, assim, fator de atração locacional para indivíduos e também para
instalação de unidades de produção de grupos mais capitalizados, que em
função do avanço tecnológico podem dissociar a localização destas unidades
de produção, da localização nos centros de tomada de decisões, maiores e
mais congestionados (SPOSITO 2001:630-631).
Como já mencionado anteriormente, algumas dificuldades se
apresentam para seleção de informações em nível nacional, a primeira refere-
se a escassez de informações quantitativas coletadas segundo o mesmo
critério para a construção de indicadores, a segunda está relacionada a
carência de indicadores qualitativos que atendam aos mesmos parâmetros
referidos para as informações quantitativas e a terceira está dificuldade de
incorporar a diversidade, que constitui uma das características básicas das
cidades intermediárias.
4 SELEÇÃO DE CIDADES INTERMEDIÁRIAS: UMA PROPOSTA.
A configuração da rede urbana brasileira é marcada pelo contraste, entre
áreas de distribuição urbana rarefeita, com estrutura primaz e poucos centros
regionais, e áreas de maior densidade de cidades, com forte presença de
centros regionais que ampliam a área de atuação das metrópoles a que se
acham ligadas, espelhando as diferentes dinâmicas urbano-regionais (EGLER
2002). A identificação dos centros regionais, as cidades intermediárias, foi feita
com base em informações em nível municipal e segundo alguns critérios
básicos para estruturação dos indicadores selecionados.
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O primeiro critério considerado foi o tamanho populacional, pois existe
uma faixa de tamanho populacional, com maior probabilidade de ocorrência
das funções e relacionamentos desenvolvidos pelas cidades intermediárias.
Na definição da classe de tamanho considerou-se as pesquisas realizadas
sobre cidades médias a partir da década de 1970. Posteriormente, Santos
(1993), considerando a evolução do processo de urbanização no país e as
transformações na rede urbana, decorrentes de transformações no meio
científico-informacional, define o total de 100 mil habitantes, como patamar
mínimo para este tipo de cidade. Recentemente, na publicação Cidades
Médias Brasileiras, organizada por Andrade e Serra (2001), são adotadas duas
classes de tamanho: de 50 a 500 mil habitantes e de 100 a 500 mil habitantes
para identificar as cidades médias. Considerando que a definição de uma faixa
de tamanho populacional ampla como base definição de cidades
intermediárias, adotou-se como limites para investigação os centros com
população entre 100.000 e 1.000.000 habitantes.
O segundo critério observado foi a centralidade, que justificou a não
inclusão de cidades localizadas no entorno de regiões metropolitanas e
integradas de desenvolvimento que embora tenham o tamanho populacional
considerado, estão integradas a dinâmica metropolitana, e desta forma, não
constituem cidades médias no sentido funcional, por pertencerem a uma área
urbana estruturada funcionalmente, com grau significativo de integração ou
coesão interna (SPOSITO 2001: 627). Todavia, foram incluídos os núcleos de
Regiões Metropolitanas e Regiões Integradas de Desenvolvimento cuja
população atendesse ao critério de tamanho populacional considerado.
Considerações acerca do papel das cidades intermediárias na rede urbana
brasileira levaram a exclusão de centros urbanos que, segundo os resultados
da pesquisa Regiões de Influência das Cidades (IBGE 2000), foram
identificados como municípios subordinados.
A centralidade e o poder de articulação constituem o terceiro critério
considerado para elaboração do quadro final de cidades médias, adotando-se
como princípio de que a existência de linhas aéreas regulares é serviço raro
(característica da centralidade) e é necessária para a articulação da cidade
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intermediária com os níveis superiores da hierarquia urbana, excluindo-se
então, aqueles centros que não atendessem a este requisito, utilizando
informações da matriz de fluxos aéreos fornecida pelo Departamento de
Aviação Civil DAC Ministério da Aeronáutica 2005.
5 A ELABORAÇÃO DA TIPOLOGIA DE CIDADES INTERMEDIÁRIAS
A elaboração da tipologia dos centros selecionados foi realizada em
duas fases: A primeira contemplou a definição dos indicadores para cada uma
das dimensões estabelecidas: o tamanho populacional e econômico está
representado por: população total, unidades locais de empresas, população
economicamente ativa, agências bancárias, pessoal ocupado total e
assalariado, valor adicionado na indústria, nos serviços e total e produto interno
bruto dos municípios; o nível de urbanização foi definido pela taxa de
urbanização e percentual de domicílios urbanos; a centralidade interurbana
está contemplada nas ligações por fluxos aéreos; a qualidade de vida urbana
está dimensionada pelo total de domicílios ligados à rede geral de água e à
rede geral de esgotos, razão de dependência (razão entre a população de 0 a
14 anos e 65 anos ou mais de idade e a população de 15 a 64 anos de idade) e
produto interno bruto per capita. Na segunda fase, como critério para a
tipologia foi utilizado o valor da mediana (considerando que esta medida tem a
vantagem de não ser afetada por valores extremos) para cada um dos 16
indicadores, utilizando como universo de análise os centros selecionados,
atribuindo-se valor um para os centros com valores iguais ou acima da
mediana e valor 0 para os centros com valores abaixo da mediana no indicador
considerado. Assim, com base na mediana, estabeleceu-se uma tipologia,
identificando-se cinco tipos: o primeiro referente às cidades que apresentaram
valores iguais ou superiores à mediana em pelo menos 14 indicadores; o
segundo, onde os centros apresentaram valores superiores a mediana em pelo
menos 8 dos indicadores; o terceiro, onde os centros apresentaram valores
superiores a mediana em pelo menos 5 dos indicadores; o quarto onde os
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centros apresentaram valores superiores à mediana em pelo menos 1 dos
indicadores e o quinto onde todos os valores ficaram abaixo da mediana.
6 A IDENTIFICAÇÃO E A TIPOLOGIA DE CIDADES INTERMEDIÁRIAS NO
BRASIL
A construção e análise dos indicadores para identificação das cidades
intermediárias brasileiras foi realizada em duas grandes etapas:
Na primeira selecionou-se o universo de centros que atendessem aos
critérios de tamanho populacional e centralidade definidos anteriormente. Em
seguida, utilizando a presença de linhas aéreas regulares foi selecionado o
conjunto final de centros urbanos que apresentam as características de cidades
intermediárias, totalizando 52 centros, 19 na Região Sudeste2, 12 na Região
Sul3, 10 na Região Nordeste4, 8 localizados na Região Norte5 e 3 na Região
Centro-Oeste6.
Na segunda etapa, construiu-se a matriz com os 16 indicadores
selecionados para o universo de 52 centros e respectivo posicionamento em
relação à mediana do conjunto para elaboração da tipologia, segundo os tipos
estabelecidos.
A análise da tipologia para o conjunto de 52 cidades (Quadro 1) revela
que 12 referem-se ao primeiro tipo, cabendo registrar que dentre estes, apenas
os centros localizados nos Estados de São Paulo, Minas Gerais e Paraná não
incluem a capital; no segundo tipo, encontram-se 14 cidades, das quais 6
situam-se no Sudeste, 4 na Região Sul, 2 no Nordeste e 1 tanto no Centro
Oeste quanto no Norte. A análise conjunta destes 2 tipos confirma tendência a
2 Governador Valadares, Juiz de Fora, Montes Claros, Patos de Minas, Poços de Caldas, Uberaba, Uberlândia, Cabo Frio, Campos dos Goytacazes, Macaé, Araçatuba, Araraquara, Bauru, Marília, Presidente Prudente, Ribeirão Preto, São José do Rio Preto, São José dos Campos e Sorocaba. 3 Cascavel, Foz do Iguaçu, Londrina, Maringá, Chapecó, Criciúma, Florianópolis, Joinville, Lages, Caxias do Sul, Passo Fundo e Rio Grande. 4 Imperatriz, Juazeiro do Norte, Campina Grande, João Pessoa, Petrolina, Maceió, Aracaju e Barreiras. 5 Porto Velho, Rio Branco, Boa Vista, Marabá, Santarém, Macapá, Araguaína e Palmas. 6 Campo Grande, Dourados e Cuiabá.
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concentração espacial de centros com melhor posicionamento nos indicadores
selecionados na área mais dinâmica do país. No terceiro tipo encontram-se 13
cidades cuja distribuição revela que 5 localizam-se no Sudeste, 4 na Região
Norte (todas constituem capitais estaduais), 3 no sul e 1 no Nordeste; no quarto
tipo encontram-se 9 cidades com a seguinte distribuição regional: 3 no
Nordeste, 2 tanto no Sudeste quanto no Norte, já nas regiões Sul e Centro
Oeste uma por Região; no último tipo localizam-se 4 cidades situadas nas
Regiões Norte (1) e Nordeste (3).
Quadro 1 Tipologia de Cidades Intermediárias:
Tipo 1 Aracaju, Juiz de Fora, Uberaba, Uberlândia, Ribeirão Preto, São Jose dos Campos,
Sorocaba, Londrina, Maringá, Florianópolis, Joinville e Cuiabá. Tipo 2 Porto Velho, João Pessoa, Maceió, Poços de Caldas, Campos dos Goytacazes
Macaé, Bauru, Presidente Prudente, São José do Rio Preto, Foz do Iguaçu, Criciúma
Caxias do Sul, Passo Fundo e Campo Grande. Tipo 3 Rio Branco, Boa Vista, Macapá, Palmas, Campina Grande, Governador Valadares
Montes Claros, Araçatuba, Araraquara, Marília, Cascavel, Chapecó e Rio Grande. Tipo 4 Marabá, Santarém, Petrolina, Ilhéus, Vitória da Conquista, Patos de Minas, Cabo Frio
Lages, Dourados Tipo 5 Araguaína, Imperatriz, Juazeiro do Norte e Barreiras.
Além das informações pesquisadas para elaboração desta tipologia,
incorporou-se à caracterização destes centros informações relativas às áreas
de influência imediata dos 52 centros selecionados tendo com base os fluxos
de maior intensidade e complexidade de bens e serviços, da pesquisa Regiões
de Influência das Cidades (IBGE: 1993). A abrangência espacial da área de
atuação destes centros é maior nas regiões onde a densidade da rede urbana
é menor e há menor competitividade entre os centros, como ser visto na
Figura 1.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS: A DIVERSIDADE E A ATUAÇÃO DO
UNIVERSO DE CIDADES INTERMEDIÁRIAS NO BRASIL
A análise dos 52 centros selecionados revela a ausência de cidades
intermediárias , segundo os critérios definidos, nos Estados do Amazonas,
Piauí, Rio Grande do Norte, Espírito Santo e Goiás, em parte por possível
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indicação de estrutura primaz em suas redes estaduais e em parte porque o
critério de concessão de linhas aéreas regulares pelo DAC, define que o centro
a ser atendido tenha de ter um mínimo de 500 mil habitantes em sua área de
influência.
Figura 1 Área de Influência das Cidades Intermediárias
12
Os 52 centros identificados, concentravam 14.594.422 habitantes
urbanos em 2000 (10,57% do total do país) e R$ 139 bilhões de Produto
Interno Bruto em 2002 (14,37% do Brasil) e estão localizados nos Estados de
Estado São Paulo (9), Estado de Minas Gerais (7), em Santa Catarina (5), esta
distribuição vai declinando nos demais Estados: Paraná (4), Rio de Janeiro (3),
Bahia (3), Pará (2) e os demais Estados apenas um centro em seu território.
Esta distribuição pode estar relacionada, não só a configuração da rede
urbana estadual, mas a algumas de suas características formadoras como a
dinâmica populacional e econômica da área, a evolução da ocupação e
também a alguns fatores geográficos como a área territorial da Unidade da
Federação, o grau de fragmentação municipal, à distância de grandes centros
urbanos e a inserção em grandes eixos de comunicação.
O panorama aqui traçado visou dar um primeiro passo no sentido de
uma investigação para a definição de cidades médias.
O quadro definido através da tipologia, como em todo estudo sobre a
rede urbana brasileira, apresenta grande desigualdade na distribuição espacial
das cidades aqui consideradas como intermediárias e também uma grande
diversidade entre os centros selecionados em relação aos atributos
selecionados para análise.
Merece destaque o conjunto de capitais estaduais identificadas como
cidades intermediárias, com especial destaque para Aracajú, Florianópolis e
Cuiabá, que apresentam melhor situação nos indicadores selecionados;
Campo Grande, João Pessoa, Maceió e Porto Velho, situam-se no segundo
grupo, cabendo mencionar que Porto Velho apresenta todos os indicadores
relativos a funções urbanas e qualidade de vida abaixo da mediana. No
terceiro grupo estão Macapá, Palmas, Rio Branco e Boa Vista, que dos 16
indicadores selecionados apresentam apenas de 6 a 5 acima da mediana.
A análise da tipologia dos 52 centros selecionados revela que:
O primeiro grupo de centros identificados na pesquisa é constituído por
aqueles que estão em melhor posição em todos os indicadores, revelando a
face dinâmica da urbanização do país, onde com exceção das capitais
13
estaduais Aracaju e Cuiabá, os demais centros localizam-se na área mais
dinâmica do país, o centro-sul. Este grupo concentrava em 2000, 5.200.282
habitantes e em 2002 R$ 52 bilhões do Produto Interno Bruto, respectivamente,
35,63% e 37,85% do conjunto das Cidades Intermediárias selecionadas.
O segundo grupo reafirma este padrão. Neste grupo, localizava-se em
2000, 4.890.665 habitantes e em 2002, R$ 53 bilhões do Produto Interno Bruto,
respectivamente, 33,51% e 38,52% do conjunto. Cabe destacar que a
presença de Campos dos Goytacazes e de Macaé, neste conjunto é
responsável pela concentração de 37,77% do PIB deste grupo. O primeiro e o
segundo grupo desta tipologia concentram 69,14% da população e 76,37 do
PIB das Cidades Intermediárias selecionadas.
No terceiro grupo este padrão ainda se manifesta, porém já incluindo no
conjunto a cidade de Campina Grande. Em 2000, apresentavam 2.911.646
habitantes e em 2002 R$ 19 bilhões do Produto Interno Bruto, respectivamente,
19,95% e 13,97% do conjunto das Cidades Intermediárias selecionadas.
No quarto grupo não há um padrão de distribuição, com centros
esparsos no Rio de Janeiro (2), na Bahia (2), no Pará (2) e um respectivamente
em Santa Catarina, Minas Gerais e Mato Grosso do Sul. Este grupo somava
em 2000, 1.707.057 habitantes e em 2002 R$ 11 bilhões do Produto Interno
Bruto, respectivamente, 11,69% e 8,03% do conjunto das Cidades
Intermediárias selecionadas.
Finalmente, o quinto conjunto de cidades é composto por apenas 4
cidades (Araguaína, lmperatriz, Juazeiro do Norte e Barreiras) e caracteriza-se
pela homogeneidade de situações, todos os centros que o compõem estão
abaixo da mediana em todos os indicadores selecionados, Barreiras (BA),
centro de dinâmica recente, provavelmente ainda não apresenta estrutura
urbana consolidada que possa ser captada pelos indicadores selecionados.
Este grupo somava em 2000, 687.691 habitantes e em 2002 R$ 2 bilhões do
Produto Interno Bruto, respectivamente, 4,71% e 1,60% do conjunto das
Cidades Intermediárias selecionadas.
14
O quadro de características gerais dos centros selecionados constitui
base para discussão acerca de definição de metodologia para identificação de
cidades intermediárias e para subsidiar discussões sobre a questão dos
conceitos que poderão nortear a definição desta metodologia, além de permitir
uma análise mais acurada de cada um dos centros selecionados e sua
inserção na dinâmica regional.
A partir deste quadro, novos estudos poderão aperfeiçoar a definição do
conjunto de cidades médias, incorporando outras características importantes,
tais como a centralidade intra-urbana e aquela baseada no turismo.
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