Cimento para todo o Brasil

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Fotos: Divulgação A Votorantim Cimentos, em- presa pertencente ao Gru- po Votorantim, companhia 100% brasileira que, além do seg- mento cimenteiro, atua com mine- ração, metalurgia, siderurgia, celu- lose e papel, suco concentrado de laranja e autogeração de energia, distribui diariamente um total de 90.000 toneladas de cimento em sua complexa malha, que se esten- de por praticamente todo o territó- rio brasileiro. Há 76 anos no mercado e de- tentora de 40% de participação na produção nacional de cimentos, a Votorantim conta com 32 fábricas operadas por cerca de nove mil co- laboradores, 45 centros de distri- buição e seis unidades portuárias, totalizando dez mil rotas e mais de 500 zonas logísticas. Com uma produção de mais de 15 tipos de cimento, entre ensaca- dos e granéis, a empresa observou a necessidade de buscar no mercado uma solução tecnológica que fosse capaz de auxiliar no planejamento, em curto e médio prazos, de suas atividades fabris e logísticas. “Toda nossa malha, somada às variações de mercado, exige análises comple- xas e muito rápidas. Precisávamos TECNOLOGIA Cimento para todo o Brasil 44 - Revista Tecnologística - Dezembro/2012 Unidade cimenteira da Votorantim aplica solução tecnológica da Gapso para auxiliar nas tomadas de decisão e otimizar os processos de toda a cadeia produtiva e logística, assegurando a eficiência na distribuição do produto no território nacional

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Artigo publicado na Revista Tecnologística, aborda as vantagens adquiridas com o uso de uma ferramenta analítica para auxiliar no S&OP da Votorantim Cimentos.

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A Votorantim Cimentos, em-presa pertencente ao Gru-po Votorantim, companhia

100% brasileira que, além do seg-mento cimenteiro, atua com mine-ração, metalurgia, siderurgia, celu-lose e papel, suco concentrado de laranja e autogeração de energia, distribui diariamente um total de 90.000 toneladas de cimento em sua complexa malha, que se esten-

de por praticamente todo o territó-rio brasileiro.

Há 76 anos no mercado e de-tentora de 40% de participação na produção nacional de cimentos, a Votorantim conta com 32 fábricas operadas por cerca de nove mil co-laboradores, 45 centros de distri-buição e seis unidades portuárias, totalizando dez mil rotas e mais de 500 zonas logísticas.

Com uma produção de mais de 15 tipos de cimento, entre ensaca-dos e granéis, a empresa observou a necessidade de buscar no mercado uma solução tecnológica que fosse capaz de auxiliar no planejamento, em curto e médio prazos, de suas atividades fabris e logísticas. “Toda nossa malha, somada às variações de mercado, exige análises comple-xas e muito rápidas. Precisávamos

TECNOLOGIA

Cimento para todo o Brasil

44 - Revista Tecnologística - Dezembro/2012

Unidade cimenteira da Votorantim aplica solução tecnológica da Gapso para auxiliar nas tomadas de decisão e otimizar os processos de toda a cadeia produtiva e logística,

assegurando a eficiência na distribuição do produto no território nacional

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de uma ferramenta que fosse capaz de aglomerar todas as variáveis que impactam nas decisões de abasteci-mento”, conta o gerente de Plane-jamento Logístico da Votorantim Cimentos, Eduardo Botelho.

O executivo explica que, para cumprir com o compromisso de abastecer todo o Brasil, a rede de produção e distribuição de cimen-tos da empresa se depara constante-mente com diversos desafios. “Cada região tem um perfil de consumo ao longo do ano e isso faz com que al-terações no fluxo de abastecimento ocorram com certa frequência. Por exemplo, se começa a chover mais que o normal em um determinado local, o consumo de cimento pode cair, acompanhando o ritmo da construção civil”, conta Botelho.

Outro fator primordial que deve sempre ser levado em conta, segundo ele, é o fato de o cimento não fazer viagens longas. “Por ser um produ-to de baixo valor agregado, o custo do frete pode inviabilizar a operação em alguns casos. Se o produto chega acima do preço de mercado, ele não

é competitivo”. Por isso, a Votoran-tim conta com aproximadamente 80 pontos de expedição espalhados pelo país, de onde o cliente pode retirar o produto ou solicitar que a empresa realize a entrega.

Toda essa complexidade fez com que, em 2011, a Votorantim procu-rasse a Gapso – empresa desenvol-vedora de soluções tecnológicas de apoio à decisão, especializada em su-pply chain management –, para criar o Otimizador de Malha Logística (OML), um software capaz de auxiliar no planejamento, considerando os contextos macro, que definem o que produzir, como atender e distribuir o produto da melhor maneira pos-sível e com o menor custo; e micro, que apresentam a melhor forma de

produzir em cada uma das unidades fabris da Votorantim. “A primeira se-mente surgiu em 2010, com discus-sões dentro da própria empresa, até chegarmos ao modelo desejado. Mas o projeto começou, de fato, em mar-ço do ano passado”, conta Botelho.

De acordo com o gerente de Pro-jetos da Gapso, Matheus Silva, a in-tenção, desde o início, era criar uma solução que fornecesse uma visão ge-ral da cadeia produtiva do cimento, desde o fornecimento dos insumos até a entrega para o cliente. “O OML é uma ferramenta desenvolvida es-pecificamente para a otimização da malha de distribuição de cimentos; porém, o sistema não olha somente para esse aspecto, mas também para a produção”, explica.

O gerente de Projetos da Gap-so, Matheus Silva, faz questão

de esclarecer que soluções como o OML têm como função primordial servir como base para nortear as de-cisões tomadas por pessoas-chave dentro das empresas utilizadoras, assim como é feito pela Votoran-tim em suas reuniões de S&OP. “As ferramentas de apoio à decisão não falam ‘você tem de fazer isso desse jeito’. Elas não mandam, mas suge-rem. Na verdade, fornecem dados que mostram, da melhor maneira possível, que determinada ação va-lerá a pena”, explica.

De fato, softwares desse tipo baseiam-se na premissa de reunir conhecimentos para analisar o maior número possível de variá-veis, com o objetivo de auxiliar no planejamento e na tomada de de-cisões importantes, apresentando as melhores alternativas e rumos a serem tomados. Trata-se da uti-

lização da tecnologia aliada aos recursos intelectuais da empresa para facilitar e levar excelência ao cotidiano das operações.

O gerente conta que a capa-cidade de raciocínio humana é muito importante no emprego de um sistema como esse, devido ao fato de os cenários serem gera-dos a partir de variáveis indicadas pelo utilizador. “O OML fornece a melhor solução com base em um mundo ideal, ou com restri-ções que devem ser indicadas. Se o planejamento já foi feito, mas uma máquina quebrou, por exem-plo, é preciso imputar esse fato e replanejar com base nesse aconte-cimento, gerando um novo resul-tado com o cenário alterado”, diz. “A ferramenta, sozinha, não leva em consideração esse tipo de fa-tor que, por ser imprevisto, torna--se impossível de ser modelado”, completa Silva.

Apoio à decisão

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Botelho: necessidade de ferramenta que

analisasse todas as variáveis

de abastecimento

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Desenvolvimento

Silva conta que o grande desafio na criação desse tipo de aplicação é a geração do modelo matemático por trás da ferramenta. Para enten-der melhor as necessidades da Voto-rantim, o gerente da Gapso lembra que, durante um mês, os profis-sionais da empresa envolvidos no projeto realizaram exaustivas reu-niões, com o objetivo de acumular conhecimento a respeito do negó-cio do cliente. “Foram encontros com todas as áreas envolvidas. As-sim, conhecemos as características e particularidades que deveriam ser levadas em consideração dentro do modelo”, diz. Segundo ele, todas as informações anotadas geraram

um documento, aprovado pela Vo-torantim, a respeito do entendi-

mento da Gapso sobre os processos produtivos e logísticos envolvidos. Eduardo Botelho explica que todo o projeto contou com a participação de um profissional da área de Pla-nejamento e Controle de Produção (PCP) da Votorantim, mas o auxílio de outras áreas da empresa, como os departamentos industrial, logístico e de finanças, foi fundamental para o desenvolvimento do OML.

Na primeira etapa, o foco prin-cipal para a criação do otimizador era definir quais seriam as entradas de dados do sistema, baseado em todo o know-how adquirido duran-te os estudos realizados junto à Vo-torantim. “Os elementos que com-põem a ferramenta são as fábricas, fornecedores, clientes e máquinas

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Silva: além da distribuição, OML olha também a produção

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da empresa, por exemplo”, diz Ma-theus Silva. Segundo ele, tudo está representado em seus mínimos de-talhes no OML, com possibilidade, inclusive, de se remover e inserir novos elementos que venham a fa-zer parte da malha. “Você consegue alterar o cenário com, digamos, a inauguração de uma nova plan-ta. Se ela estiver programada para entrar em operação em agosto de 2013, por exemplo, no momento de fazer o planejamento anual com a ferramenta é possível incluir essa nova unidade hoje, com todos os detalhes de capacidade de produção previstos”, explica. Da mesma ma-neira, para realizar um planejamen-to mensal com uma data anterior a agosto de 2013, é possível excluir a nova fábrica adicionada.

Silva diz que é impossível definir a ordem de grandeza das variáveis embutidas no sistema, por se tratar de uma ferramenta que trabalha com um número muito grande de possi-bilidades e também pela facilidade de se alterar esse número conforme

a necessidade. Para exemplificar o nível de detalhamento das opera-ções da Votorantim representadas no OML, o executivo conta que é possível definir até mesmo o horá-rio de funcionamento dos equipa-mentos para reduzir a demanda por energia em períodos de pico, que em alguns locais podem gerar um custo maior no processo produtivo.

“Podemos, inclusive, deixar para o próprio sistema decidir isso”, diz. “A ferramenta permite receber até instruções a respeito do uso de adi-tivos em um determinado equipa-mento, impactando no tempo de produção”, completa o gerente de Projetos. Botelho concorda com a afirmação de que a flexibilidade é um diferencial importante. “Esta é, certamente, uma das grandes vanta-gens da utilização do OML. Ele pos-sibilita alterar, por exemplo, capaci-dades estáticas e ao longo do tempo, fretes por modal, incluir novos moi-nhos, ensacadeiras, fornos, etc.”

“Em seis meses, aproximada-mente, tínhamos o otimizador

Todos os processos e suas etapas estão representados no sistema

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pronto e funcionando. E então co-meçaram os testes maciços para adequarmos a ferramenta à realida-de dos processos da empresa”, con-ta Silva. O OML é operado pelo profissional de PCP da Voto-rantim alocado em São Paulo, que acompanhou todos os pro-cessos de criação e validação da ferramenta. Esse profissio-nal recebe informações de to-das as áreas envolvidas, insere os dados na ferramenta e gera o cenário otimizado. Com o resultado em mãos, a empresa realiza suas reuniões periódicas de Sales and Operations Plan-ning (S&OP).

“Antes, as informações usa-das nos encontros eram feitas à mão. Agora é tudo gerado pela ferramenta”, diz o gerente. A

solução já proporcionou à Voto-rantim um ganho entre 20% e 30% na velocidade de replanejamento. “Hoje, conseguimos vislumbrar

qual é o atendimento ideal para uma determinada demanda. Antes, não tínhamos as visões global e lo-cal conjuntas tão apuradas”, analisa Botelho. Com a utilização do OML, a empresa é capaz de obter uma so-lução ideal para um determinado cenário em cerca de 20 minutos - um período de tempo rápido, se levada em conta toda a complexi-dade das operações. “Se surgir um imprevisto, é possível refazer o pla-nejamento e, em pouco tempo, ter uma nova proposta do que fazer”, completa Matheus Silva.

De cara nova

Com a solução implantada e em utilização, a Gapso iniciou, então, a segunda fase do projeto, dedica-da ao desenvolvimento da interfa-ce gráfica do OML. “Essa etapa foi mais simples. Como já conhecía-mos todas as informações que o sis-tema precisava, pudemos nos con-centrar especificamente na criação do layout”, conta Silva. Ele explica que, até então, todos os dados de entrada imputados pelo utilizador eram feitos via planilha Excel, as-sim como as informações dos rela-

tórios gerados pelo otimiza-dor. “O modelo matemático é muito complexo, por isso não é simples entender as infor-mações e transformá-las em conhecimento útil para o dia a dia da operação. Muitas em-presas acabam desistindo nes-se ponto do projeto. Acredito que o sucesso do OML esteja justamente no comprometi-mento que tanto a Votoran-tim quanto a Gapso tiveram nessa fase”, diz.

Depois do término do de-senvolvimento da interface gráfica, que ocorreu em setem-bro passado, as planilhas foram

A Votorantim Cimentos nas-ceu em 1933, com o início da

construção da Fábrica de Cimen-to Santa Helena, em Sorocaba, no interior de São Paulo. Na época, o engenheiro pernambucano José Ermírio de Moraes decidiu diver-sificar os negócios adquiridos de seu sogro, o imigrante português Antônio Pereira Inácio, que, desde 1918, mantinha uma fábrica de te-celagem no bairro de Votorantim.

Primeira fábrica do tipo, cons-truída com capital 100% nacional, a planta possuía capacidade para produzir 250 toneladas por dia do Cimento Votoran. Com a Santa He-lena, inaugurada em 2 de junho de 1936, a empresa venceu uma licita-ção para fornecer o produto para os trabalhos de remodelação do Viadu-

to do Chá, famoso cartão postal da capital paulista localizado na região central da cidade.

Atualmente, a holding, que ga-nhou o nome oficial de Votorantim Cimentos em 1998, conta com fá-bricas em todo o território nacional, bem como unidades e participações acionárias que garantem sua pre-sença nos Estados Unidos, Canadá, Bolívia, Chile, Argentina, Uruguai, Paraguai, Peru e Portugal.

Além do Viaduto do Chá, gran-des obras carregam a marca dos cimentos da empresa, como a Hidrelétrica de Tucuruí, no Pará, os aeroportos de Recife e Congo-nhas (SP) e o Centro Empresarial Nações Unidas (SP). Em 2011, a Votorantim Cimentos lucrou R$ 907,5 milhões.

Primeira 100% nacional do setor

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Tela do OML representando o estoque

de cimento

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deixadas de lado. Segundo Silva, a utilização tornou-se muito mais sim-ples, apesar de ainda demandar certo aprendizado, devido ao grande volu-me de informações com as quais o sis-tema lida. Botelho explica que hoje os resultados são gerados pela ferra-menta em diversos formatos, dentre os quais aqueles utilizados pela Voto-rantim com maior frequência, como mapas e gráficos, facilitando a leitura e o entendimento.

O gerente de Planejamento Lo-gístico conta que, atualmente, o OML já se tornou uma ferramenta de trabalho rotineira na Votorantim Cimentos. “Utilizamos o software para estudos de qualquer tipo”, diz o executivo, lembrando que a solução engloba dados das mais diversas áre-as da empresa, chegando a conside-rar até mesmo os impostos envolvi-dos em toda a cadeia. “Mas existem alguns marcos. A reunião de S&OP, por exemplo, é mensal. No momen-to, estamos trabalhando no estudo de nosso processo orçamentário para 2013”, completa. Silva lembra que todos os processos são acompa-nhados de perto pela Gapso, que dá

total suporte em re-lação à utilização da ferramenta.

“Cimento não tem fidelização. Se o consumidor chega a uma loja e não en-contra uma marca, leva outra. Por isso, é preciso estar sem-pre presente, sem-pre disponível”, diz Silva, justificando a necessidade de a Votorantim plane-jar, com atenção aos mínimos detalhes, sua cadeia de distri-buição. “O OML sur-giu de acordo com

as necessidades da Votorantim, mas pode ser adaptado para qualquer empresa produtora de cimento, considerando, obviamente, as par-ticularidades de cada uma. Com al-gumas customizações, a ferramenta pode ser utilizada por outros players do ramo”, diz o executivo.

“O cimento é um produto bá-sico na construção civil. Temos o compromisso de sempre abastecer o mercado”, afirma Botelho. Porém, o executivo aponta mais uma carac-terística considerada fundamental para o desenvolvimento de uma ferramenta como o OML: “Outro objetivo do projeto foi colocar todo o conhecimento, que está na cabe-ça das pessoas, em uma base digi-tal, onde essa expertise permaneça disponível para toda a empresa ao longo do tempo”, finaliza.

Fernando Fischer

Gapso: (21) 2117-8000

Grupo Votorantim: 0800 8911729

Devido à baixa fidelização, a falta do produto no comércio é fatal para as vendas