CIV640_TP1_Relatorio_ETA.pdf
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UNIVERSIDADE FEDERAL DE OURO PRETO
Departamento de Engenharia Civil
Escola de Minas
Isabela Carvalho Machado
Lidiane de Castro Leite
RELATÓRIO DE VISITA TÉCNICA A UMA ESTAÇÃO DE TRATAMENTO DE ÁGUA (ETA)
Ouro Preto
2015
Isabela Carvalho Machado
Lidiane de Castro Leite
RELATÓRIO DE VISITA TÉCNICA A UMA ESTAÇÃO DE TRATAMENTO DE ÁGUA (ETA)
Relatório apresentado à disciplina Saneamento Urbano - CIV640, da Escola de Minas da Universidade Federal de Ouro Preto.
Orientador: Prof. Aníbal da Fonseca Santiago.
Ouro Preto
2015
Introdução
O relatório a seguir objetiva explicitar os conhecimentos adquiridos na vista
técnica realizada na Estação de Tratamento de Água Itacolomi no dia 8 de Abril de
2015, onde os alunos da disciplina Saneamento Urbano da Universidade Federal de
Ouro Preto foram recebidos pelo Engenheiro Civil Luciano, funcionário do SEMAE e
responsável por esta unidade.
Este relatório será composto de seis etapas, sendo elas respectivamente:
dados básicos da estação de tratamento em estudo, descrição das etapas de
tratamento de água realizadas no local, croqui do layout da estação, considerações
para melhoria da fachada e do paisagismo da estação, considerações finais e
referências bibliográficas.
Dados da Estação de Tratamento de Água
Inaugurada no ano de 2006, A Estação de Tratamento de Água Itacolomi está
localizada na cidade de Ouro Preto/MG e está inserida em uma Área de
Preservação Ambiental – do Parque Estadual do Itacolomi. Esta é uma das seis
estações existentes no município e é uma das maiores, uma vez que abastece 50%
da cidade.
Atualmente a ETA conta com aproximadamente dez funcionários trabalhando
no turno de 12/36 nas funções de operador, vigia, supervisor de controle de
qualidade, engenheiro civil, técnico químico, químico e um responsável pela
manutenção.
Figura 1: Placa da ETA Itacolomi.
A captação de água é feita em um manancial da Bacia Hidrográfica do
Doce/Sub-bacia Piranga/Rio Itacolomi, cuja capacidade é de Q7,10 (vazão mínima
de sete dias de duração e dez anos de tempo de recorrência). A água bruta é
considerada de qualidade, precisando de pequenas correções para se adequar aos
parâmetros exigidos pelo Ministério da Saúde, e a disponibilidade hídrica do
manancial é boa.
No período de seca, a água chega até a ETA já com a turbidez bastante
próxima à ideal, acarretando uma maior agilidade no processo de tratamento desta
água. O índice de turbidez da água bruta é de 0,75uT e o da água tratada é de
0,65uT. Apenas em períodos de chuvas fortes é que se torna necessário a utilização
de produtos químicos no processo de tratamento, para corrigir uma pequena
elevação no índice de turbidez.
A estação de tratamento em estudo foi projetada para atender a uma vazão
de 60 L/s, porém, hoje trabalha com uma sobrecarga, que chega a totalizar uma
vazão de 80 L/s. Esta vazão da água tratada não varia sazonalmente, a não ser em
raras exceções de escassez de água. A ETA trabalha atualmente produzindo 300
litros de água por segundo.
O sistema de tratamento é considerado tipo convencional e a estrutura da
estação é basicamente em concreto e outros revestimentos. O sistema convencional
caracteriza-se nas seguintes etapas: coagulação, floculação, decantação, filtração e
desinfecção, que serão descritas a seguir.
Captação
A captação da água é superficial e é feita por uma barragem de elevação de
nível que, com o auxílio de uma grade – colocada para impedir que objetos maiores
entrem na tubulação (adutora) –, leva a água até a ETA por gravidade.
Para realizar a limpeza da captação, um grande registro é aberto para dar a
descarga de fundo e retirar os sedimentos que vão alojando no fundo da barragem
elevatória. Existe também um vertedouro que garante a vazão ecológica
recomendada por lei. As Figuras 2 e 3 a seguir mostram o processo de captação de
água da ETA Itacolomi.
Figura 2: Manancial.
Coagulação - Mistura Rápida
Nesta etapa, a água que chega diretamente da captação passa por uma caixa
de areia, onde as partículas de finos vão se decantando no fundo e, ao entrar neste
local, a água recebe nas dosagens e no tempo correto o Geocálcio, que auxilia na
correção do PH.
A Unidade de Mistura Rápida conta com o medidor Parshall que, através de
sensor a laser, capta a altura da água e através de uma fórmula matemática é
calculada a vazão que está chegando à ETA.
Após a passagem da água pelo medidor Parshall, bem na mudança de
regime (água + movimento), ocorre a adição de coagulantes como Policloreto de
Alumínio (PAC), que irá auxiliar na próxima etapa do sistema. Para determinar a
dosagem correta do coagulante é realizado periodicamente o Jartest (instrumento
para ensaios). As Figuras 4 e 5 mostram a caixa de areia e o medidor Parshall,
respectivamente.
Figura 3: Grade da captação.
Figura 4: Caixa de areia. Figura 5: Medidor Parshall
Floculação
Nesta etapa, após a adição de coagulantes, as partículas começam a se
chocar umas nas outras e a se unir nos vinte e seis floculadores que operam com a
variação gradual de gradiente - níveis e tamanhos diferentes para garantir que a
água se movimente em vários sentidos, estimulando a união destas partículas. A
água passa de um floculador para o outro pela parte inferior, numa profundidade de
aproximadamente 3,10 metros. As Figuras 6 a 8 mostram os floculadores da ETA
Itacolomi.
Figuras 6, 7 e 8 : Floculadores.
Figura 9: Canal de seção variável. Figura 10: Tanque de decantação 1. Figura 10: Tanque de decantação 1.
Decantação
A etapa de decantação Inicia-se com a água percorrendo um canal de sessão
variável e logo após passando pela cortina de distribuição (madeira), processo que
permite que a água entre nos dois decantadores de forma uniforme. A entrada da
água é feita com uma velocidade pré estabelecida através de furos de sessão
retangular que percorrem todo o canal citado, propiciando a sedimentação das
partículas ao fundo. Esta cortina de distribuição citada anteriormente também possui
a função de dar suporte à formação da camada biológica, que auxilia no processo de
desinfecção da água.
Para se fazer a limpeza deste local, a cada três meses é feita uma descarga
e, para agilizar este processo existe uma calha de coleta de 20 centímetros em toda
a extensão do canal. Após a retirada de toda a água remove-se manualmente os
materiais decantados com o auxílio de enxada. Esta limpeza se faz necessária não
só em função dos sedimentos que são depositados no fundo, mas também para a
limpeza da cortina de distribuição.
Para a realização desta manobra, a ETA Itacolomi conta com dois canais de
sedimentação, enquanto um está em manutenção e limpeza, o outro está operando
normalmente. O decantador tem as dimensões de 2,50 metros de largura, 5 metros
de comprimento até a viga e 4,10 metros de altura, de forma que a água é captada
pela parte de cima e levada para a etapa de Filtração. O período médio de retenção
da água nesses tanques é de três horas. As Figuras 9 a 12 demonstram o processo
de decantação.
Filtração
De forma descendente, a água passa por várias camadas filtrantes,
compostas por areias de granulometria variada, onde ocorre a retenção dos flocos
menores que não ficaram nas etapas anteriores, o que torna a água livre das
impurezas.
As etapas de floculação, decantação e filtração recebem o nome de
clarificação. Nesta fase, todas as partículas de impurezas são removidas deixando a
água límpida. Para garantir a potabilidade da água e torna-la pronta para ser
utilizada, após a clarificação é feita a desinfecção.
Foi observado que os cinco filtros trabalham com níveis de água diferentes,
que os tanques desta etapa sofreram alterações ao longo dos anos e são visíveis as
infiltrações. As figuras 13 e 14 mostram dois dos cinco tanques de filtração
presentes na ETA Itacolomi.
Figura 12: Calhas de coleta. Figura 11: Tanque de decantação 2.
Figura 15: Tanques de desinfecção.
Desinfeção
Esta etapa consiste na adição de hipoclorito de sódio na água clarificada.
Este produto é utilizado para desativação de microrganismos presentes na água,
que não foram retidos nas etapas anteriores. O cloro é aplicado em forma líquida
numa proporção que varia de acordo com a qualidade da água e também com o
cloro residual que se deseja manter na rede de abastecimento. A etapa de
desinfecção é considerada indispensável para a potabilidade da água que logo após,
é direcionada para a estação elevatória, onde a água potável é lançada na rede de
distribuição da cidade. A Figura 15 mostra o local onde ocorre a desinfecção que, no
caso da ETA Itacolomi, é confinado.
Figura 13: Tanque de filtração. Figura 14: Tanque de filtração.
Sistema de Distribuição
A água tratada sai da ETA, é encaminhada para as redes de distribuição e,
em seguida, vai para os reservatórios de distribuição, que são: Reservatório Santa
Cruz, Caixa 600 - Vila dos Engenheiros, UPA, Morro São João, Caixa 3 – Morro São
Sebastião, Piedade e Vila Itacolomi. Posteriormente, os reservatórios citadados
abastecem os seguintes bairros: Jardim Itacolomi, Pocinho, Nossa Senhora do
Carmo, Novo Horizonte, Lagoa, Bauxita, Morro do Cruzeiro, Vila Aparecida, Santa
Cruz, Vila dos Engenheiros, Vila Operária, uma parcela de Saramenha e outra
pequena parcela do Padre Faria.
A tubulação utilizada desde a captação até a distribuição da água é composta
por vários materiais, como ferro fundido, PVC, polietileno e amianto e já se tem
previsão para a substituição de alguns trechos que ainda utilizam materiais
obsoletos.
Croqui do layout da ETA
Para melhor esclarecimento da disposição dos tanques e da localização de
todas as etapas realizadas na ETA Itacolomi, segue o croqui contendo o layout da
estação na Figura 16.
Considerações para melhoria da ETA
Durante a visita técnica algumas inadequações presentes na ETA Itacolomi
foram notadas, portanto serão descritas a seguir sugestões para melhorar a estação
como um todo.
Na rua de acesso foi verificada a presença de entulhos nas margens da
estrada e como a ETA se encontra em uma Área de Preservação Ambiental (APA),
espera-se que seja gerado o mínimo de impacto ambiental possível no seu entorno.
Através da análise das Figuras 16 a 18 nota-se a necessidade de
manutenção na fachada da edificação que abriga os laboratórios, uma vez que sua
pintura já está descascando. O telhado atual, feito de telhas de fibro-cimento,
compromete o conforto térmico e acústico da edificação. Portanto, sugere-se que as
Figura 16: Croqui da ETA Itacolomi.
telhas presentes sejam substituídas por telhas de barro e que no novo telhado sejam
previstas calhas para direcionar a água da chuva.
Figuras 16, 17 e 18: Fachadas da ETA Itacolomi.
Algumas adaptações seriam significativas para melhor recepcionar os
visitantes na estação e para gerar mais conforto e segurança aos próprios
funcionários. A demarcação de vagas para um pequeno estacionamento ajudaria a
organizar o espaço da rua e a melhoria da estrutura da sala de apresentação, com a
disponibilização de um projetor, tornaria as visitas à estação mais didáticas.
A acessibilidade da ETA também é de suma importância para garantir a
segurança dos visitantes e funcionários. A edificação deveria contar com rampas e
piso podotátil, bem como o caminho de acesso à captação deveria contar com
corrimãos para se evitar acidentes.
A fim de manter a vegetação nativa da APA, não são necessárias
modificações no paisagismo existe no local. As Figuras 19-24 demonstram que o
entorno imediato à ETA já é bastante vegetado, sendo necessário apenas a não
interferência na paisagem natural.
Figuras 19-24: Entorno imediato à ETA Itacolomi.
Entretanto, as mudanças mais necessárias no local são definitivamente
relacionadas ao processo de tratamento de água em si. Notou-se que nem todos os
itens previstos no projeto são seguidos atualmente, portanto sugere-se a adequação
da ETA para as medidas previstas.
Considerações finais
O minicípio de Ouro Preto cresceu de maneira desordenada, portanto o
SEMAE enfrenta barreiras políticas e históricas, além da falta de estrutura
adequada, por não possuir a micro medição e a macro medição e haver dificuldades
em sua implementação. Tais medições existem com a finalidade de determinar os
parâmetros da qualidade da água na rede de distribuição e a vasão daquele sistema
em vários pontos da rede.
O fato de ainda não se ter a macro medição impede que o SEMAE venha a
ter a micro medição, hidrômetros nas edificações, e por isso a cobrança gira em
torno de uma taxa única para todos os cidadãos. Seria através da micro medição
que se tornaria possível aferir e cobrar o consumo de água dos clientes. Também
devido à falta de medições na rede não se pode mensurar o percentual
desperdiçado no sistema após a saída da ETA, sendo assim, o consumo diário de
água por habitante pode ser bem menor do que o estimado.
O SEMAE estima que o consumo médio de água é de 450L/dia por habitante,
um número bastante expressivo visto que a Organização Nacional de Saúde (ONS)
recomenda 200L/dia, mas já se fala em apenas 90L/dia. O horário de funcionamento
da ETA é de 24h/dia, salvo em condições de manutenção, devido a esse elevado
consumo de água no município.
Em 2011, a ETA Itacolomi passou por diversas reformas e adaptações em
seu prédio, onde o piso foi trocado, a edificação foi pintada e pequenos ajustes
foram feitos nos floculadores, visto que a estação está operando com sobrecarga.
Além disso, os laboratórios sofreram adequações e receberam equipamentos que
auxiliam no manejo e na adição de produtos químicos nas fases de tratamento da
água, como é o caso do Jartest e equipamentos ligados à análise microbiológica da
água. Estas análises agora são realizadas na própria ETA, garantindo ainda mais a
qualidade da água que abastece uma grande parcela da cidade.
Durante a visita o Eng. Luciano citou por várias vezes as medidas previstas
em projeto para a execução da ETA, porém, ao conferirmos in loco, várias medidas
não eram condizentes com as de projeto, o que de certa forma interfere e
compromete o funcionamento da estação.
Ressalta-se que já existe no município de Ouro Preto o projeto para adequar
a rede de distribuição de água, e a partir daí passar a tarifar o consumo.
Referências bibliográficas
Agência Nacional de Águas. Disponível em: <http://atlas.ana.gov.br/atlas/
forms/analise/Geral.aspx?est=8>. Acesso em: 18/04/2015.
BARROS, Raphael T. de V. et all. Saneamento. Belo Horizonte: Escola de
Engenharia da UFMG, 1995. 221p. (Manual de saneamento e proteção ambiental
para os municípios, 2).