Classificação Das Pesquisas

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SUMÁRIO ROTEIRO PARA ELABORAÇÃO DE PROJETOS ...................................................... ........ 01 QUESTÕES PRELIMINARES .................................................. ................................................ Definições ............................................... ............................................................... ............ Tipos de trabalhos monográficos .................................................. ..................................... Elaborar uma dissertação/tese significa ..................................................... ........................ Quatro regras óbvias para se fazer uma pesquisa ...................................................... ........ Aspectos fundamentais .................................................. .................................................... 02 02 02 02 02 02 COMO CLASSIFICAR AS PESQUISAS ..................................................... ............................ Em função dos objetivos ..................................................... ............................................... 1. Pesquisa exploratória ........................................ ..................................................... 2. Pesquisa descritiva .......................................... ..................................................... .. 03 03 03 03 03 03 03 04 04 04

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Como fazer pesquisa

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Page 1: Classificação Das Pesquisas

SUMÁRIO

ROTEIRO PARA ELABORAÇÃO DE PROJETOS .............................................................. 01

QUESTÕES PRELIMINARES ..................................................................................................

Definições ..........................................................................................................................

Tipos de trabalhos monográficos .......................................................................................

Elaborar uma dissertação/tese significa .............................................................................

Quatro regras óbvias para se fazer uma pesquisa ..............................................................

Aspectos fundamentais ......................................................................................................

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COMO CLASSIFICAR AS PESQUISAS .................................................................................

Em função dos objetivos ....................................................................................................

1. Pesquisa exploratória .............................................................................................

2. Pesquisa descritiva .................................................................................................

3. Pesquisa experimental ............................................................................................

Com base nos procedimentos técnicos utilizados ..............................................................

1. Pesquisa bibliográfica ............................................................................................

2. Pesquisa Documental .............................................................................................

3. Pesquisa experimental ............................................................................................

4. Pesquisa ex-post-facto ...........................................................................................

5. Levantamento .........................................................................................................

6. Estudo de caso ........................................................................................................

7. Pesquisa-ação .........................................................................................................

8. Pesquisa participante ..............................................................................................

9. Pesquisa etnográfica ...............................................................................................

10. Pesquisa fenomenológica .......................................................................................

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REVISÃO DE LITERATURA ................................................................................................... 08

CONVERSÃO DO TEMA EM PROBLEMA DELIMITADO - PASSOS PARA A FORMULAÇÃO CORRETA DO PROBLEMA ......................................................................

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PROJETO DE PESQUISA ......................................................................................................... 11

BIBLIOGRAFIA BÁSICA ......................................................................................................... 13

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ROTEIRO PARA ELABORAÇÃO DE PROJETOS

1. O QUE se pretende fazer ou investigar? A resposta a esta pergunta constituí o TÍTULO do projeto, que deverá deixar transparecer a natureza ou objetivos do mesmo. Deve-se cuidar que o título não seja muito extenso.

2. POR QUE? A resposta a esta pergunta fornece a JUSTIFICATIVA, as razões, a relevância da realização do projeto. Destaca-se neste item acontecimentos relacionados com o tema e a importância do projeto para a comunidade.

3. PARA QUÊ? A resposta a esta questão esclarece os OBJETIVOS do projeto que se pretende realizar. Os objetivos devem ser redigidos de forma clara, pois vão direcionar todo o trabalho. É importantíssimo não perder de vista os objetivos do projeto, para que se estabeleçam com precisão, a metodologia, a coleta de dados, etc.

4. COMO? Trata-se aqui da METODOLOGIA, dos procedimentos, das etapas a serem adotadas para que os objetivos sejam alcançados. Pode-se pensar na metodologia (no como) de diferentes momentos do projeto.

5. COM QUEM? Corresponde ao item Recursos Humanos, isto é, quais são as pessoas envolvidas na execução do projeto, número e função dos participantes.

6. COM O QUÊ? Responde aos recursos materiais a serem utilizados. Tratando-se do projeto que buscará financiamento, este item servirá de base à elaboração de orçamento (previsão de verbas necessárias à realização do trabalho pretendido).

7. A QUEM? É a clientela a que se destina o trabalho. Quando o projeto visa uma pesquisa, é importante que se pense na população alvo, isto é, no grupo de indivíduos ou objetos que serão investigados. No entanto, como a população é, geralmente, inacessível como um todo, utilizamos amostras, isto é, parcelas da população alvo. A escolha dessas amostras deve ser realizada com cuidado. As amostras devem ser representativas da variedade de características dentro da população. No caso de haver uma Universidade próxima, é interessante que os organizadores do projeto solicitem aos professores do curso de Estatística da Universidade orientação sobre a escolha da amostra, pois se trata de uma questão muito importante em projetos.

8. QUANDO? Respondendo a esta pergunta, teremos o cronograma, que é a previsão, no tempo, de cada etapa do trabalho, incluindo a redação do relatório final. O cronograma pode ser organizado em dias, semanas, meses, trimestres, etc., conforme a duração global do projeto.

MesesEtapas

Ago Set Out Nov Dez

Planejamento do trabalhoDiscussão do planejamentoReformulação do planejamentoDesenvolvimento dos trabalhosRedação do relatório final

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QUESTÕES PRELIMINARES

DEFINIÇÕES

“Enquanto tratamento escrito à pesquisa se desdobra em dois tipos distintos, porém intimamente vinculados: o projeto e o relatório.” (SALOMON, 1993, p. 151)

“Se pesquisa é atividade metodologicamente empreendida em função de um problema, cuja solução é procurada, a pesquisa científica é aquela cujo problema demanda um tratamento científico.” (SALOMON, p. 110). Com efeito, não existe pesquisa sem problema.

TIPOS DE TRABALHOS MONOGRÁFICOS

1. Dissertação monográfica;2. dissertação científica;3. tese de doutorado.

ELABORAR UMA DISSERTAÇÃO/TESE SIGNIFICA (ECO, 1977):

1. Identificar um tema preciso;2. recolher documentação sobre ele;3. pôr em ordem estes documentos;4. reexaminar em primeira mão o tema à luz da documentação recolhida;5. dar forma orgânica a todas as reflexões precedentes;6. empenhar-se para que o leitor compreenda o que se quis dizer e possa, se for o caso, recorrer à

mesma documentação a fim de retomar o tema por conta própria.

QUATRO REGRAS ÓBVIAS PARA SE FAZER UMA PESQUISA (ECO, 1977)

1. Que o tema responda aos interesses do candidato (ligado tanto ao tipo de exame quanto às suas leituras, sua atitude política, cultural ou religiosa);

2. que as fontes de consulta sejam acessíveis, isto é, estejam ao alcance material do candidato;3. que as fontes de consulta sejam manejáveis, ou seja, estejam ao alcance cultural do candidato;4. que o quadro metodológico da pesquisa esteja ao alcance da experiência do candidato.

ASPECTOS FUNDAMENTAIS:Tempo e dinheiro.Relevância e viabilidade.

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COMO CLASSIFICAR AS PESQUISAS

EM FUNÇÃO DOS OBJETIVOS:

1. Pesquisa exploratóriaObjetivo: familiarizar o pesquisador com o problema, possibilitando tornar o mesmo mais explícito ou a construção de hipóteses.Planejamento: flexível. Permite meditar variados aspectos relativos ao objeto estudado.Efetivação: (i) levantamento bibliográfico; (ii) entrevistas com pessoas que possuem experiências ou envolvimento com o problema pesquisado; (iii) análise de exemplos que permitam a compreensão do objeto.

2. Pesquisa descritivaObjetivo: descrição das características de determinada população ou fenômeno ou, ainda, o estabelecimento de relações entre variáveis.Característica: descreve e detalha um fenômeno.Exemplos: pesquisas que têm por objetivo perquirir (i) as características de um grupo; (ii) os níveis, índices, condições de determinado fenômeno da vida societária; (iii) as opiniões, atitudes e crenças de uma população; (iv) associações entre variáveis (ex. pesquisas eleitorais que indicam a relação entre preferência político-partidária e nível de rendimento ou escolaridade).Outras formas: (i) algumas pesquisas descritivas vão além da identificação e existência de associações entre variáveis, pretendendo determinar a natureza dessa relação (aproxima-se das pesquisas explicativas); (ii) outras servem mais para proporcionar uma nova visão do problema (aproxima-se das pesquisas exploratórias).Característica: utilização de técnicas padronizadas de coletas de dados (p. e. questionários, observações sistemáticas).

3. Pesquisa explicativaObjetivo: identificar os fatores que determinam ou contribuem para a ocorrência dos fenômenos.Característica: aprofunda o conhecimento da realidade, porque explica a razão, o porquê das coisas. É um tipo de pesquisa que apresenta um considerável grau de complexidade e, por extensão, uma margem de erro maior. O conhecimento produzido é assentado em estudos explicativos. Normalmente, esse tipo de pesquisa é uma continuação da pesquisa descritiva. A maioria das pesquisas deste grupo podem ser classificadas como experimentais e ex-post-facto.Efetivação: dentro das ciências sociais, diferentemente das ciências naturais, o principal método utilizado é o não-experimental (principalmente com técnicas de observação).

COM BASE NOS PROCEDIMENTOS TÉCNICOS UTILIZADOS

1. Pesquisa bibliográfica- É o tipo de pesquisa desenvolvida a partir de materiais já elaborados, principalmente livros, teses e artigos científicos. Sua construção funda-se na posição de diversos autores que abordam determinado assunto. Embora todo estudo exija trabalho dessa natureza, há pesquisas desenvolvidas exclusivamente a partir de fontes bibliográficas.Vantagens: permite ao investigador cobertura sobre uma gama do fenômeno muito mais ampla do que aquela que poderia pesquisar diretamente. Indispensável nos estudos históricos, em algumas situações, é a única forma possível.

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Limitações: Pode comprometer em muito a qualidade da pesquisa. Muitas vezes as fontes secundárias apresentam dados coletados ou processados de forma equivocada. Assim, um trabalho fundamentado nessas fontes tenderá a reproduzir ou mesmo ampliar esses erros. Por isso, a necessidade de analisar em profundidade cada informação para descobrir possíveis incoerências ou contradições e utilizar fontes diversas, cotejando-as cuidadosamente.

2. Pesquisa Documental- Tipo de pesquisa semelhante à pesquisa bibliográfica; vale-se de materiais que não receberam ainda um tratamento analítico, ou que ainda podem ser novamente elaborados de acordo com os objetivos da pesquisa; as fontes são diversificadas e dispersas.- Utiliza-se: documentos “de primeira mão” - que não receberam nenhum tratamento analítico. Documentos conservados em arquivos de órgãos públicos e instituições privadas. Outros documentos, tais como cartas pessoais, diários, fotografias, gravações, memorandos, regulamentos, ofícios, boletins, etc., podem, igualmente, serem utilizados nesse tipo de pesquisa; documentos de “segunda mão”, de alguma forma já foram utilizados, tais como: relatórios de pesquisa, relatórios de empresas, tabelas estatísticas.- Nem sempre é clara a distinção entre a pesquisa bibliográfica e a documental a partir de documentos outros que não aqueles localizados em bibliotecas. Pode-se identificar pesquisas elaboradas a partir de fontes documentais das mais diversas formas, tais como: correspondência pessoal, documentos cartoriais, registros de batismo, etc.Vantagens: os documentos constituem fonte rica e estável de dados. Como subsistem ao longo do tempo, torna-se a mais importante fonte de dados em qualquer pesquisa de natureza histórica; custo da pesquisa é significativamente baixo, pois a análise dos documentos, geralmente, além da capacidade do pesquisador, exige apenas disponibilidade de tempo; não exige contato com os sujeitos da pesquisa. O contato com sujeitos em muitos casos é difícil ou até mesmo impossível. Em outros, a informação proporcionada pelos sujeitos é prejudicada pelas circunstâncias que envolvem o contato.Limitações: As críticas mais freqüentes a este tipo de pesquisa referem-se à não representatividade e à subjetividade dos documentos. Para garantir a representatividade alguns pesquisadores consideram um grande número de documentos e selecionam certo número pelo critério de aleatoriedade. O problema da objetividade é mais crítico. Por isso o investigador deve considerar as mais diversas implicações relativas aos documentos antes de tecer suas considerações finais.

3. Pesquisa experimental- A pesquisa experimental consiste em determinar um objeto de estudo, selecionar as variáveis que seriam capazes de influenciá-la, definir as formas de controle e observação dos efeitos que a variável produz no objeto. Quando os objetos em estudo são entidades (p. e. líquidos, bactérias ou ratos), não se identificam grandes limitações quanto à possibilidade de experimentação. Quando, porém, se trata de experimentar com objetos sociais, ou seja, com pessoas, grupos ou instituições, as limitações tornam-se bastante evidentes. Considerações éticas e humanas impedem que a experimentação se faça eficientemente nas ciências humanas, razão pela qual os procedimentos experimentais se mostram adequados apenas a um reduzido número de situações. Todavia, existem muitos nas ciências humanas, sobretudo na psicologia (p. e. aprendizagem), na psicologia social (p. e. análise dos efeitos da propaganda) e na sociologia do trabalho (p. e. influência dos fatores sociais na produtividade).Vantagens: são indiscutíveis as vantagens da pesquisa experimental. Ninguém dúvida que boa parte daquilo que se conhece nas ciências físicas e biológicas foi obtida mediante experimentos.Limitações: por exigir previsão de relações entre as variáveis a serem estudadas, bem como seu controle, tornam-se, em boa parte dos casos, inviável quando se trata de objetos sociais.

4. Pesquisa ex-post-factoNeste tipo de pesquisa, tem-se um “experimento” que se realiza depois dos fatos. Basicamente, são tomadas como experimentais situações que se desenvolveram naturalmente e trabalha-se sobre elas como se estivessem submetidas a controles. Por exemplo, se em determinada região existem duas

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cidades com aproximadamente o mesmo tamanho, o mesmo tempo de fundação e características sócio-culturais semelhantes e numa delas se instala uma indústria, as modificações que aí se produzirem poderão ser atribuídas a esse fato, já que a presença da indústria constituiu o único fator realmente observado numa cidade e não na outra.O raciocínio aqui usado em nada difere do adotado na pesquisa experimental; apenas os fatos são diferentes, porque na pesquisa ex-post-facto são espontâneos. As ciências sociais valem-se muito deste tipo de pesquisa. Nos estudos que envolvem a sociedade global, a pesquisa ex-post-facto é insubstituível, posta que é a única que possibilita a consideração dos fatores históricos, que são fundamentais para a compreensão das estruturas sociais.

5. LevantamentoAs pesquisas deste tipo caracterizam-se pela interrogação direta das pessoas cujo comportamento se deseja conhecer. Basicamente, procede-se à solicitação de informações a um grupo significativo de pessoas acerca do problema estudado para, em seguida, mediante análise quantitativa, obterem-se as conclusões correspondentes aos dados coletados. Quando o levantamento recolhe informações de todos os integrantes do universo pesquisado, tem-se um censo. São extremamente úteis; proporcionam informações gerais acerca das populações, que são indispensáveis em boa parte nas investigações sociais.Vantagens: conhecimento direto da realidade. As próprias pessoas informam sobre seu comportamento, crenças e opiniões. Economia e rapidez. É possível a coleta de grandes quantidades de dados em curto espaço de tempo. São utilizados questionários e os custos se tornam relativamente baixos.Limitações: ênfase nos aspectos perceptivos. Os levantamentos recolhem dados referentes à percepção que as pessoas têm acerca de si mesmas. A percepção é subjetiva, o que pode resultar em dados distorcidos. Pouca profundidade no estudo da estrutura e dos processos sociais. Obtêm-se com os levantamentos grandes quantidades de dados a respeito dos indivíduos. Como, porém, os fenômenos sociais são determinados sobretudo por fatores interpessoais e institucionais, os levantamentos mostram-se pouco adequados para a investigação profunda desses fenômenos. Limitada apreensão do processo de mudança. O levantamento, geralmente, proporciona uma visão estatística do fenômeno estudado. Oferece, por assim dizer, uma espécie de fotografia de determinado problema, mas não indica suas tendências à variação e muito menos as possíveis mudanças estruturais.

6. Estudo de casoÉ caracterizado pelo estudo profundo e exaustivo de um ou poucos objetos, de maneira que permita o seu amplo e detalhado conhecimento. Atualmente, o estudo de caso é um dos tipos de pesquisa mais utilizados nas diversas áreas do conhecimento. O estudo caso pode ser visto como uma técnica psicoterápica, como um método didático ou como um método de pesquisa. Neste último sentido, pode ser definido como “um conjunto de dados que descrevem uma fase ou totalidade do processo social de uma unidade, em suas várias relações internas e nas suas fixações culturais, quer seja essa unidade uma pessoa, uma família, um profissional, uma instituição social, uma comunidade ou uma nação”.A maior utilidade do estudo de caso é verificada nas pesquisas exploratórias. Por sua flexibilidade, é recomendável nas fases iniciais de uma investigação sobre temas complexos, para a construção de hipóteses ou reformulação do problema. Também se aplica com pertinência nas situações em que o objeto de pesquisa já é suficientemente conhecido a ponto de ser enquadrado em determinado tipo ideal.Vantagens: apresenta uma série de vantagens, o que faz com que se torne o delineamento do estudo mais adequado em várias situações. As principais vantagens são: (i) o estímulo a novas descobertas: devido à flexibilidade de seu planejamento, o pesquisador ao longo do processo, mantém-se atento a novas descobertas. Lógico que dispõe de um plano inicial mas, ao longo da pesquisa, pode ter seu interesse despertado por outros aspectos que não havia previsto. Muitas vezes, o estudo desses aspectos torna-se mais relevante para a solução do problema que os considerados inicialmente; (ii) a

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ênfase na totalidade: o pesquisador volta-se para a multiplicidade de dimensões de um problema, focalizando-o como um todo e não se prendendo na análise de traços; (iii) a simplicidade dos procedimentos: os procedimentos de coleta e análise dos dados adotados no estudo de caso, são bem mais simples que nos outros tipos de delineamentos. Os relatórios também se caracterizam pela utilização de uma linguagem e de uma forma mais acessível de que os outros relatórios de pesquisa.Limitações: dificuldade de generalização dos resultados obtidos, pois, normalmente, a unidade escolhida para investigação é excepcional. Por essa razão, embora o estudo de caso se processe de forma relativamente simples, pode exigir do pesquisador nível de capacitação mais elevado que o requerido para outros tipos de delineamentos.

7. Pesquisa-ação“É um tipo de pesquisa com base empírica que é concebida e realizada em estreita associação com uma ação ou com a resolução de um problema coletivo e no qual os pesquisadores e participantes representativos da situação ou do problema estão envolvidos de modo cooperativo ou participativo.” (THIOLLENT, 1985, p. 14). Esse tipo de pesquisa envolve a ação dos pesquisadores e dos grupos interessados, o que ocorre nos mais diversos momentos da pesquisa. Por isso é difícil apresentar seu planejamento a partir de fases ordenadas temporalmente. Ocorre um constante vaivém entre as fases, que é determinado pela dinâmica do grupo de pesquisadores em seu relacionamento com a situação pesquisada.A pesquisa-ação tem sido objeto de bastante controvérsia. Em virtude de exigir o envolvimento ativo do pesquisador e a ação por parte das pessoas ou grupos envolvidos no problema, a pesquisa-ação tende a ser vista em certos meios como desprovida da objetividade que deve caracterizar os procedimentos científicos.

8. Pesquisa participanteCaracteriza-se pela interação entre pesquisadores e membros das situações investigadas. Envolve a distinção entre ciência popular e ciência dominante. Esta última tende a ser vista como uma atividade que privilegia a manutenção do sistema vigente e a primeira como o próprio conhecimento derivado do senso comum, que permitiu ao homem criar, trabalhar e interpretar a realidade sobretudo a partir dos recursos que a natureza lhe oferece.A pesquisa participante envolve posições valorativas, derivadas, sobretudo do humanismo cristão e de certas concepções marxistas. Tanto é que ela suscita muita simpatia entre os grupos religiosos voltados para a ação comunitária. Além disso, a pesquisa participante mostra-se bastante comprometida com a minimização da relação entre dirigentes e por essa razão tem-se voltado sobretudo para a investigação junto a grupos desfavorecidos, tais como constituídos por operários, camponeses, índios, etc.

9. Pesquisa etnográficaObjetivo: (i) antropologia e sociologia: discrição da “cultura” de grupos e sociedades primitivas ou complexas; (ii) educação: analisar experiências e vivências dos indivíduos e grupos que participam e constroem o cotidiano escolar.Características: contato direto e prolongado do pesquisador com a situação e as pessoas ou grupos selecionados. A intensidade do envolvimento pode variar ao longo do processo de coleta dependendo das exigências e especificidades do próprio trabalho de campo; obtenção de uma grande quantidade de dados descritivos (locais, pessoas, interações, fatos, formas de linguagem e outras expressões) utilizando principalmente a observação; existência de um esquema aberto e artesanal de trabalho que permite um transitar constante entre observação e análise, teoria e o empírico; utilização de diferentes técnicas de coleta e de fontes variadas de dados, ainda que o método básico seja a observação participante.Etapas: (i) delimitação do problema; (ii) referencial teórico - adoção de uma determinada perspectiva; concepção de um determinado autor; explicação de alguns conceitos básicos inicialmente para

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configurar uma determinada direção; (iii) escolha dos sujeitos participantes; (iv) estratégias de coleta e análise dos dados.

10. Pesquisa fenomenológicaCaracterísticas: ênfase no “mundo da vida cotidiana”, no retorno daquilo que ficou esquecido, encoberto pela familiaridade (pelos usos, hábitos e linguagem do senso comum); remonta ao que está estabelecido como critério de certeza e pergunta sobre seus fundamentos (p. e. o homem ser racional); propõe um retorno à totalidade do fenômeno no mundo vivido. Para tanto, propõe um caminho próprio, o método fenomenológico.Método Fenomenológico: para alguns autores não existe “o” ou “um” método fenomenológico, mas uma atitude; para HEIDEGGER a atitude é de abertura do ser homem para compreender o que se mostra, livre de conceitos ou pré-definições; tal método trata de desentranhar o fenômeno, pô-lo a descoberto, desvenda-lo além da aparência; a apropriação do conhecimento dá-se pois através do círculo hermenêutico: compreensão - interpretação - nova compreensão; as pesquisas de enfoque fenomenológico constituem-se pois como etapas de compreensão e interpretação do fenômeno que poderá ser retomado e visto sob nova interpretação. Isso diz respeito à forma inacabada da fenomenologia - recomeçar incessantemente de um enfoque que recusa cristalização em sistemas acabados e fechados; Nessa ação, sem fechamentos ou sistemas acabados, o pesquisador mostra sua maneira de estar no mundo interrogando “O mundo não é aquilo que eu penso, mas aquilo que eu vivo, sou aberto ao mundo, me comunico indubitavelmente com ele, mas não possuo, ele é inesgotável”. (MERLEAU-PONTY).

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REVISÃO DE LITERATURA

Uma das etapas mais importantes de um projeto de pesquisa é a revisão da literatura. A revisão de literatura refere-se à fundamentação teórica que o pesquisador irá adotar para tratar o tema e o problema da pesquisa. Por meio da análise da literatura publicada o pesquisador irá traçar um quadro teórico e fará a estruturação conceitual que dará sustentação ao desenvolvimento da pesquisa.A revisão de literatura resultará do processo de levantamento e análise do que já foi publicado sobre o tema e o problema de pesquisa escolhidos para ser enfocado na pesquisa. Permitirá um mapeamento de quem já escreveu e o que já foi escrito sobre o tema e/ou problema da pesquisa.Para LUNA (1997), a revisão de literatura em um trabalho de pesquisa pode ser realizada com os seguintes objetivos:

Determinação do “estado da arte”: onde o pesquisador irá procurar mostrar através da literatura já publicada o que já sabe sobre o tema, quais as lacunas existentes e onde se encontram os principais entraves teóricos ou metodológicos;

Revisão teórica: na qual o pesquisador insere o problema de pesquisa dentro de um quadro de referência teórico para explica-lo. Geralmente acontece quando o problema em estudo é gerado por uma teoria particular, mas pode ser derivado de várias teorias ou por elas ser explicado;

Revisão empírica: aqui o pesquisador procura explicar como o problema vem sendo pesquisado do ponto de vista metodológico procurando responder: quais os procedimentos normalmente empregados no estudo desse problema? Que fatores vêm afetando os resultados? Que propostas têm sido feitas para explicá-los ou controlá-los? Que procedimentos vêm sendo empregados para analisar os resultados? Há relatos de manutenção e generalização dos resultados obtidos? Do que elas dependem?

Revisão histórica: é aquela que o pesquisador busca recuperar a evolução de um conceito, tema, abordagem ou outros aspectos fazendo a inserção dessa evolução dentro de um quadro teórico de referência que explique os fatores determinantes e as implicações das mudanças.

Para elaborar uma revisão de literatura é recomendável que se adote a metodologia da pesquisa bibliográfica. Etapas sugeridas por LAKATOS & MARCONI:1. Escolha do tema;

ECO: “Tese monográfica ou tese panorâmica?”2. Elaboração do plano de trabalho;3. Identificação;

SEVERINO: “Deve-se iniciar pelos textos mais recentes e mais gerais, indo para os mais antigos e mais particulares”.

4. Localização e compilação;5. Fichamento;6. Análise e interpretação;7. Redação

Recomendações importantesi. O texto deve ter começo, meio e fim.

ii. Faça um texto introdutório explicando os objetivos da revisão de literatura;iii. Revisão de literatura não é fazer colagem de citações bibliográficas então: faça

uma abertura e um fecho para os tópicos tratados, preencha as lacunas com considerações próprias, crie elos entre as citações.

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CONVERSÃO DO TEMA EM PROBLEMA DELIMITADO - PASSOS PARA A FORMULAÇÃO CORRETA DO PROBLEMA (SALOMOM, 1993 ADAPTADO POR PILATTI, 2001)

1. Formule seu problema espontaneamente. É capaz de colocá-lo em forma de descrição ou dúvida, de maneira clara?R: Sim. A: Avance.R: Não. A: Reflita mais. Pesquise a literatura sobre o assunto. Se nada conseguir talvez seja indicado abandonar o problema. Antes consulte especialistas da mesma área ou seu orientador. Se nada conseguir, idem.

2. PT: Formule a resposta ao problema anteriormente colocado. Consegue?R: Sim. A: Avance.R: Não. A: Tente verificar o porquê. Provavelmente é devido ou à amplidão ou a complexidade ou porque o problema ainda não está bem claro.

3. PT: A resposta anteriormente dada é uma proposição (hipótese) bem definida?R: Sim. A: Então procure desenvolver o problema central (subdividir em ramificações). Em seguida avance.R: Não. A: Então, provavelmente, é porque o problema é amplo ou complexo. Se amplo ou complexo, tente desdobrá-lo em subproblemas e sub-hipóteses. Se não conseguir, reexamine o problema.

4. PT: A resposta (hipótese) envolve conceitos. Tem a possibilidade de defini-los; a) com suas palavras?; b) em termos operacionais (descrições concretas das operações que envolvem a pesquisa)?; c) em relação a outros conceitos encontrados em pesquisas anteriores ou no quadro de referência teórico?R: Sim. A: Avance.R: Não. A: Então faça a lista desses conceitos e defina-os da maneira sugerida no item anterior. Talvez não consiga pleno êxito quanto às definições operacionais. Se isso acontecer (é em função da natureza do problema não permitir verificação empírica ou porque o pesquisador deverá contentar-se com o estado atual das teorias relativas ao assunto). Convém pesquisar a literatura e levantar as principais definições sobre o mesmo conceito. Coloque-as em paralelo. Analise-as e procure os elementos comuns e complementares. Tente com esses elementos elaborar a sua definição.

5. PT: A proposição (hipótese) tem referências empíricas?R: Sim. A: Sinal de que tem possibilidade de ser comprovada pela pesquisa empírica. Avance.R: Não. A: Sinal de que deverá ser objeto de pesquisa não-empírica ou de se incluir no item ulterior. É o momento de se definir pela pesquisa não-empírica ou abandonar o trabalho.

6. PT: A proposição (hipótese) está colocando a questão em termos de valor (“deve”, “deveria”, “mau”, “ruim”, “bom”, etc.)?R: Não. A: Avance.R: Sim. A: Escoimá-la dos atributos de valor.

7. PT: Tente mais uma vez o teste da especificidade. Sua proposição refere-se realmente a um só objeto?R: Sim. A: Avance.R: Não. A: Reveja e tente reduzir o objeto. Não terá condições de prosseguir se não o conseguir. Talvez o seu objeto esteja sendo grandioso, sem possibilidade de verificação. Tente dividir a hipótese em sub-hipóteses.

8. PT: Teste da previsão: Sua proposição (hipótese) encerra uma previsão limitada e concreta? a) ela prevê relações, dando indícios?; b) é capaz de possibilitar especificações em termos numéricos, qualitativos, quantitativos, quando os dados forem coletados?R: Sim. A: Avance.

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R: Não. A: Isso acontece quando se age de maneira “antiastrológica”: os astrólogos e adivinhos é que colocam as previsões em termos vagos, a fim de abarcar incidentes não contemplados na profecia. O cientista age conforme a estatística: “Quanto mais específica for a previsão, menor a chance de ela se verificar como resultado de mero acaso.”

9. PT: A proposição (hipótese) está relacionada com técnicas disponíveis para a coleta de dados, mensuração, análise, etc.?R: Sim. A: Avance.R: Não. A: Procure relatos escritos sobre o assunto, levante listas de técnicas usadas para medir os fatores relevantes do problema. Se não encontrar, faça a pesquisa sobre as “técnicas de pesquisa” necessárias. Pode ser também que o problema ainda esteja muito amplo ou pouco concreto. Volte então ao para as etapas iniciais. É possível também que seu trabalho vá ocupar-se apenas de aspectos teóricos, com possibilidade de contentar-se com ensaio e não atingir o nível de monografia. Provavelmente há aspectos “impossíveis” na hipótese, que merecem ser formulados: convém que o sejam, pois podem motivar outros a desenvolver novas técnicas.

10. PT: Está a proposição (hipótese) relacionada com alguma teoria?R: Sim. A: Avance.R: Não. A: Pesquise a literatura sobre o assunto, até conseguir o relacionamento. Não se iluda: “Ciência é um processo cumulativo - tem sempre ligação com o passado”... Após, tente fazer o relacionamento lógico com a teoria, mostrando que é uma dedução dela ou que tem com ela relações analógicas.

11. PT: A formulação da hipótese poderá ser comprovada através do planejamento da pesquisa?R: Sim. A: Então inicie sua pesquisa. Caso seja exigida apenas a investigação não-empírica, use com rigor o método dedutivo para demonstrar (não para convencer alguém...).R: Não. A: Examine profundamente o assunto. Retorne ao início, talvez seja questão de tempo e amadurecimento, até ter condições de cumprir o estabelecido nesse item.

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PROJETO DE PESQUISA

1. Tema e problema1.1 TemaGenérico, tópico1) o tema deve ser circunscrito;2) o tema dever ser, se possível, atual, não exigindo bibliografia que remonte aos gregos; ou deve ser tema marginal, sobre o qual pouca coisa foi escrita;3) todos os documentos devem estar disponíveis num local determinado, onde a consulta seja fácil.1.2 ProblemaPergunta - pode ser desdobrado em um problema geral e vários específicos.Para SALOMON (p. 110-111), existem problemas e problemas. Um problema que necessita de um tratamento científico deve apresentar três tipos de relevância:1. operativa : o problema é capaz de produzir novos conhecimentos;2. contemporânea : o problema é atual e está adequado ao estágio atual da evolução científica ou se

apresenta como uma necessidade da época e do local onde se realiza;3. humana : o problema deve ser ético e ter utilidade humana, através da solução do problema.O problema determina o tipo de pesquisa: teórica ou pura, aplicada, teórica-aplicada.É necessária a existência de uma teoria para definir o problema.A natureza do problema provoca o planejamento da pesquisa e a escolha do método e técnicas adequados: método dedutivo (do geral para o específico), método indutivo (do específico para o geral) e hipotético-dedutivo.Para delimitação do problema dois aspectos devem ser considerados: tempo e dinheiro.

2. Formulação das hipótesesRespostas provisórias aos problemas. A coleta de dados e suas análises se fazem em função da hipótese. Para cada problema existe pelo menos uma hipótese. A hipótese se constrói em função do MTR.

3. Marco teórico de referênciaNa prática reflete:a) a opção do pesquisador dentro do universo ideológico e teórico em que se situam as diversas escolas, teóricas e abordagens de seu campo de especialização;b) a síntese que chegou, após a análise e críticas a que submeteu os textos lidos e consultados;c) o conjunto de conceitos, categorias e constructos abstratos que constituem o arcabouço teórico, onde se situam suas preocupações científicas, particularmente os problemas cognitivos que o preocupam (tanto os já explicitados como os em gestação);d) a relevância contemporânea ou o caráter de atualização científica exigidos de toda a pesquisa;e) balizamento teórico em que dará a delimitação do problema - sua formulação e a operacionalização de conceitos e definições;f) a base e o referencial da metodologia de pesquisa.

4. Bibliografia básicaNum projeto deve aparecer apenas o essencial. Determina a orientação teórica do projeto.

5. JustificaçãoFreqüentemente justificação e objetivos formam uma fase única do projeto. Nos objetivos aparecem os fins teóricos e práticos que se propõe alcançar com a pesquisa, e para a justificação, as razões, sobretudo teóricas, que legitimam o projeto como trabalho científico. Em justificação, entre em defesa

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do projeto, cujo referencial há de se ser a relevância do problema: a teórica; a humana; a operacional; contemporânea. Completa a justificação a exposição dos interesses envolvidos.

6. MetodologiaAmostragem; coleta de dados; análise dos dados (quantitativa -qualitativa)

7. Cronograma

8. Orçamento

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BIBLIOGRAFIA BÁSICA

ECO, U. Como se faz uma tese. 15. ed. São Paulo: Perspectiva, 1999.LAKATOS, E. M.; MARCONI, M. A. Metodologia do trabalho científico. São Paulo: Atlas, 1983.SALOMON, D. V. Como fazer uma monografia. São Paulo: Martins Fonstes, 1993.SEVERINO, A. J. Metodologia do trabalho científico. São Paulo: Cortez, 1993.

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