CLEIDE BARBOSA GESTÃO DE ESTOQUES DE MATÉRIA …professor.unisinos.br/cd/Tc/TCC Cleide...

94
UNIVERSIDADE DO VALE DO RIO DOS SINOS - UNISINOS CIÊNCIAS ECONÔMICAS CURSO DE ADMINISTRAÇÃO DE EMPRESAS CLEIDE BARBOSA GESTÃO DE ESTOQUES DE MATÉRIA-PRIMA DA EMPRESA DIGITEL São Leopoldo 2005

Transcript of CLEIDE BARBOSA GESTÃO DE ESTOQUES DE MATÉRIA …professor.unisinos.br/cd/Tc/TCC Cleide...

Page 1: CLEIDE BARBOSA GESTÃO DE ESTOQUES DE MATÉRIA …professor.unisinos.br/cd/Tc/TCC Cleide Barbosa.pdf · 2 GESTÃO DE ESTOQUES DE MATÉRIA-PRIMA Nesta seção serão apresentados os

UNIVERSIDADE DO VALE DO RIO DOS SINOS - UNISINOS

CIÊNCIAS ECONÔMICAS

CURSO DE ADMINISTRAÇÃO DE EMPRESAS

CLEIDE BARBOSA

GESTÃO DE ESTOQUES DE MATÉRIA-PRIMA DA EMPRESA DIGITEL

São Leopoldo

2005

Page 2: CLEIDE BARBOSA GESTÃO DE ESTOQUES DE MATÉRIA …professor.unisinos.br/cd/Tc/TCC Cleide Barbosa.pdf · 2 GESTÃO DE ESTOQUES DE MATÉRIA-PRIMA Nesta seção serão apresentados os

CLEIDE BARBOSA

GESTÃO DE ESTOQUES DE MATÉRIA-PRIMA DA EMPRESA DIGITEL

Trabalho de conclusão de curso apresentado como requisito parcial para a obtenção do título de Bacharel em Administração de Empresas pela Universidade do Vale do Rio dos Sinos – UNISINOS.

Orientador: Prof. Dr. Carlos Alberto Diehl

São Leopoldo

2005

Page 3: CLEIDE BARBOSA GESTÃO DE ESTOQUES DE MATÉRIA …professor.unisinos.br/cd/Tc/TCC Cleide Barbosa.pdf · 2 GESTÃO DE ESTOQUES DE MATÉRIA-PRIMA Nesta seção serão apresentados os

DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho à minha família.

Aos meus queridos pais, Nelmo e Marisa que sempre me apoiaram, para que eu

conseguisse conquistar meu espaço no mundo. Sem dúvida, este foi o grande alicerce que me

sustentou em todas as dificuldades, e possibilitou que eu acreditasse no sucesso desta minha

caminhada.

E ao meu irmão Toni, pelo qual tenho grande admiração, que serviu como espelho

durante esta importante etapa da minha vida.

Page 4: CLEIDE BARBOSA GESTÃO DE ESTOQUES DE MATÉRIA …professor.unisinos.br/cd/Tc/TCC Cleide Barbosa.pdf · 2 GESTÃO DE ESTOQUES DE MATÉRIA-PRIMA Nesta seção serão apresentados os

AGRADECIMENTOS

Agradeço aos meus pais, que estiveram sempre presentes durante esta longa

caminhada. E ao meu irmão, por ser meu espelho no decorrer de toda minha graduação.

Agradeço a Deus, por me dar força e me iluminar, em todos os momentos em que

estava desanimando.

Agradeço ao meu incansável orientador, Dr. Carlos Diehl, por me capacitar a

desenvolver este estudo, através de seus amplos conhecimentos, por me transmitir segurança

durante todo este longo caminho, e pela sua admirável paciência. Creio que todas essas

virtudes e muitas outras, foram fundamentais para que eu conseguisse finalizar este trabalho.

Agradeço aos meus colegas da Digitel, pela atenção desprendida, a disposição e

colaboração nos momentos em que lhes foi solicitado.

E a todos que contribuíram direta ou indiretamente

Muito obrigada a todos vocês.

Page 5: CLEIDE BARBOSA GESTÃO DE ESTOQUES DE MATÉRIA …professor.unisinos.br/cd/Tc/TCC Cleide Barbosa.pdf · 2 GESTÃO DE ESTOQUES DE MATÉRIA-PRIMA Nesta seção serão apresentados os

RESUMO

Este trabalho é um estudo de caso realizado na empresa Digitel Indústria Eletrônica, líder no segmento de Comunicação de Dados no Mercado Brasileiro de Telecomunicações, a maior fabricante de Modens e Multiplexadores de Dados da América Latina e está situada na cidade de Porto Alegre/RS.

O trabalho apresenta uma descrição do processo de planejamento e controle de materiais, e objetivando identificar as principais causas do alto nível de estoque de matéria-prima. Para o desenvolvimento do estudo foi utilizada como apoio uma bibliografia composta por assuntos de administração de materiais, administração de estoques, inventário, entre outros, o que possibilitou a realização de uma análise da situação atual e a proposta de melhorias ao final da pesquisa.

No levantamento de informações foram realizadas observações e entrevistas, e utilizados dados secundários. Em seguida, ocorreu a avaliação dos resultados, os quais foram comparados com a bibliografia utilizada, com o intuito de sugerir melhorias, salientar críticas e contribuir para o aperfeiçoamento do processo.

Palavras-Chave: Matéria-prima. Estoque. Processo. Planejamento.

Page 6: CLEIDE BARBOSA GESTÃO DE ESTOQUES DE MATÉRIA …professor.unisinos.br/cd/Tc/TCC Cleide Barbosa.pdf · 2 GESTÃO DE ESTOQUES DE MATÉRIA-PRIMA Nesta seção serão apresentados os

LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1: Gestão de materiais integra a gestão de fluxo de materiais com o fluxo de

informações associado..............................................................................................................13

Figura 2: Modelo genérico de curva de nível de estoques........................................................14

Figura 3: Conceito de curva ABC.............................................................................................28

Figura 4: Fluxo tradicional e JIT entre estágios.......................................................................31

Figura 5: Esquema do Planejamento e Necessidade de Materiais............................................33

Figura 6: Tipos de métodos científicos de previsão de vendas.................................................36

Figura 7: Utilizando Kanban para itens de alto volume e MRP para itens de baixo volume...46

Figura 8: Foto da empresa Digitel............................................................................................53

Figura 9: Esquema de atividades do PCP.................................................................................55

Figura 10: Esquema de atividades do PCM..............................................................................59

Figura 11: Demonstrativo Analítico de Estoques Digitel.........................................................65

Page 7: CLEIDE BARBOSA GESTÃO DE ESTOQUES DE MATÉRIA …professor.unisinos.br/cd/Tc/TCC Cleide Barbosa.pdf · 2 GESTÃO DE ESTOQUES DE MATÉRIA-PRIMA Nesta seção serão apresentados os

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................8 1.1 Definição do Problema .................................................................................9

1.1.1 Questão-Problema...............................................................................9 1.2 Objetivos.......................................................................................................10

1.2.1 Objetivo Geral ....................................................................................10 1.2.2 Objetivos Específicos .........................................................................10

1.3 Justificativa ...................................................................................................10

2 GESTÃO DE ESTOQUES DE MATÉRIA-PRIMA.......................................13 2.1 Importância da Administração de Materiais.................................................14 2.2 Almoxarifado ................................................................................................15 2.3 Objetivos da Área de Planejamento e Controle de Materiais .......................15 2.4 Características do Estoque ............................................................................16 2.5 Razões para o surgimento / manutenção de estoques ...................................17 2.6 Fundamentos da gestão de estoques .............................................................19 2.7 Objetivos e Políticas de Estoques .................................................................20 2.8 Indicadores de desempenho ..........................................................................21 2.9 Análise do comportamento de consumo.......................................................22 2.10 Obsolescência e alienação de materiais inservíveis....................................23 2.11 Controle de Estoques ..................................................................................23 2.12 Custos de Estoque.......................................................................................24 2.13 Tipos de Estoques .......................................................................................26 2.14 Tempo de Ressuprimento ...........................................................................27 2.15 Técnicas de Administração de Estoques.....................................................27 2.16 Conceito Just in Time – JIT ........................................................................30 2.17 Material Requirements Planning (MRP I) .................................................33 2.18 JIT e MRP...................................................................................................45

3 MÉTODOS E PROCEDIMENTOS .................................................................48 3.1 Delineamento da Pesquisa ............................................................................48 3.2 Unidade de Análise.......................................................................................50 3.3 Coleta de Dados ............................................................................................50 3.4 Análise de Dados ..........................................................................................52

4 ESTUDO DE CASO: EMPRESA DIGITEL IND. ELETRÔNICA SA........54 4.1 Caracterização da empresa............................................................................54

Page 8: CLEIDE BARBOSA GESTÃO DE ESTOQUES DE MATÉRIA …professor.unisinos.br/cd/Tc/TCC Cleide Barbosa.pdf · 2 GESTÃO DE ESTOQUES DE MATÉRIA-PRIMA Nesta seção serão apresentados os

7

4.2 Descrição do processo ..................................................................................55 4.3 Resultados.....................................................................................................65 4.4 Análise Crítica e Considerações ...................................................................71 4.5 Sugestões de melhoria ..................................................................................76

5 CONCLUSÃO.....................................................................................................84

REFERÊNCIAS ....................................................................................................86

APÊNDICE A – ROTEIRO PARA ENTREVISTAS ........................................88

ANEXO A – ABC DE COMPRAS DIGITEL – JUNHO/2005 .........................89

Page 9: CLEIDE BARBOSA GESTÃO DE ESTOQUES DE MATÉRIA …professor.unisinos.br/cd/Tc/TCC Cleide Barbosa.pdf · 2 GESTÃO DE ESTOQUES DE MATÉRIA-PRIMA Nesta seção serão apresentados os

1 INTRODUÇÃO

Os estoques são recursos ociosos que possuem valor econômico, os quais representam

um investimento destinado a incrementar as atividades de produção e servir aos clientes.

Entretanto, a formação de estoques consome capital de giro, que pode não estar tendo nenhum

retorno do investimento efetuado e, por outro lado, pode ser necessitado com urgência em

outro segmento da empresa, motivo pelo qual o gerenciamento deve projetar níveis

adequados, objetivando manter o equilíbrio entre estoque e consumo.

Em muitas empresas, os estoques representam componente extremamente

significativo, seja sob aspectos econômico-financeiro ou operacionais críticos.

Nas empresas industriais ou comerciais, os materiais concorrem, normalmente, com mais de 50% do custo do produto vendido, o que faz com que os recursos financeiros alocados a estoques devam ser empregados sob forma mais racional possível (VIANA, 2000, pg. 108).

O presente trabalho visa abordar a administração de materiais da empresa Digitel S/A,

mais especificamente o modelo de gestão utilizado atualmente, procurando identificar as

causas que contribuem para o alto nível de estoque de matéria-prima. Desta forma, poderá

proporcionar sugestões para a melhoria nos processos envolvidos.

Será utilizado o estudo de caso, como método para a realização da pesquisa, que será

melhor explicado no capítulo três.

Page 10: CLEIDE BARBOSA GESTÃO DE ESTOQUES DE MATÉRIA …professor.unisinos.br/cd/Tc/TCC Cleide Barbosa.pdf · 2 GESTÃO DE ESTOQUES DE MATÉRIA-PRIMA Nesta seção serão apresentados os

9

O problema de pesquisa busca as causas de altos níveis de matéria-prima na empresa

Digitel.

Como objetivo geral será avaliar o modelo de gestão de estoques de matéria-prima

utilizado pela empresa.

1.1 DEFINIÇÃO DO PROBLEMA

Um alto nível de estoque de matéria-prima não é desejável pela organização. Assim,

torna-se relevante avaliar as melhores alternativas existentes para gerenciar os estoques de

matéria-prima, de forma que venham ser úteis para regularizar os altos níveis de estoques

atuais, pois de acordo com dados da Digitel, identifica-se que no mês de janeiro de 2005, as

matérias-primas representavam 61,4% (em torno de U$ 2.880 mil) do estoque existente na

empresa, enquanto que a fase de elaboração (produção) representava 15,4% do estoque e os

produtos prontos representavam 23,1% do estoque.

Neste mesmo período considerado, o giro de estoque de matéria-prima estava em

torno de 98 dias.

1.1.1 Questão-Problema

Quais as causas de altos níveis de estoques de matéria-prima na empresa Digitel?

Page 11: CLEIDE BARBOSA GESTÃO DE ESTOQUES DE MATÉRIA …professor.unisinos.br/cd/Tc/TCC Cleide Barbosa.pdf · 2 GESTÃO DE ESTOQUES DE MATÉRIA-PRIMA Nesta seção serão apresentados os

10

1.2 OBJETIVOS

1.2.1 Objetivo Geral

Avaliar o modelo de gestão de estoques de matéria-prima da empresa Digitel,

identificando as principais causas do alto nível de estoque de matéria-prima e sugerir

melhorias para o gerenciamento.

1.2.2 Objetivos Específicos

• Descrever a situação atual do Planejamento e Controle de Materiais

(PCM), identificando as principais causas do alto nível de estoque de

matéria-prima;

• Levantar alternativas não utilizadas pela empresa, para a gestão de

estoques de matéria-prima;

• Propor alternativas mais adequadas, de acordo com a realidade da

organização, que proporcionem melhorias nos processos envolvidos;

• Sugerir ações para o gerenciamento de estoque de matéria-prima, que

possibilitem a futura redução do estoque.

1.3 JUSTIFICATIVA

Um trabalho que objetiva apresentar alternativas para a gestão de estoques de matéria-

prima da empresa Digitel – Ind. de Componentes Eletrônicos, através de melhorias no setor

de planejamento e controle de materiais estará contribuindo para o bom andamento do

Page 12: CLEIDE BARBOSA GESTÃO DE ESTOQUES DE MATÉRIA …professor.unisinos.br/cd/Tc/TCC Cleide Barbosa.pdf · 2 GESTÃO DE ESTOQUES DE MATÉRIA-PRIMA Nesta seção serão apresentados os

11

processo. Conseqüentemente, trará bons resultados para a organização como um todo,

viabilizando um melhor atendimento aos clientes. Uma vez que, um estoque encontra-se em

nível adequado, tende a tornar-se mais organizado, agilizando os processos de uma forma

geral, e ainda permitirá um investimento de capital maior em outros aspectos, para que se

reflita diretamente no bom atendimento de seus clientes.

Por isso é relevante que as empresas se preocupem e valorizem a administração de

seus estoques, pois se este processo estiver bem organizado e controlado, a tendência é trazer

benefícios para a organização. Como já mencionado anteriormente, um benefício notável seria

a disponibilidade de capital para que seja investido de outras formas, e assim, permitindo que

outros departamentos proporcionem a evolução de seus processos, e possam contribuir para

que a empresa consiga satisfazer seus clientes.

Um dos grandes objetivos da empresa é atingir a excelência no atendimento aos

clientes. Uma forma de atingi-lo é disponibilizando os produtos nas quantidades e datas

necessárias. Para que isso ocorra é imprescindível que o processo de gerenciamento de

estoque flua corretamente.

A empresa trabalha com o sistema make-to-order1 , logo, não tem a intenção de

manter um alto nível de estoque de matéria-prima. Pretende-se então, identificar causas que

propiciam esta situação, a qual não é desejável pela empresa. Nessa linha, ainda sugerir

melhorias de processos para minimizar este problema, o qual, obviamente, prejudica o

desenvolvimento da empresa em outros aspectos, devido à má utilização do capital.

Outro aspecto importante a ser considerado na realização deste trabalho, é o fato da

possibilidade de aplicação dos conhecimentos teóricos adquiridos durante o curso, os quais

estão relacionados diretamente com a prática, já que o assunto da pesquisa foi muito

1 Make to order, segundo Arnold (1999), é o ambiente, no qual os fabricantes esperam até que uma encomenda seja recebida de um consumidor antes de começar a fabricar os bens.

Page 13: CLEIDE BARBOSA GESTÃO DE ESTOQUES DE MATÉRIA …professor.unisinos.br/cd/Tc/TCC Cleide Barbosa.pdf · 2 GESTÃO DE ESTOQUES DE MATÉRIA-PRIMA Nesta seção serão apresentados os

12

mencionado em todo o período de estudo, justificando sua relevância, e, ainda oportunizando

desenvolvimento pessoal e profissional do aluno.

Em relação à viabilidade do projeto, serão utilizados bibliografias e conhecimentos de

usuários, levantamento de dados internos da empresa, tais como relatórios, para a realização

da pesquisa, que não proporcionará custo elevado. Tendo acesso ao processo da empresa, por

fazer parte do quadro de funcionários da mesma, ao mesmo tempo em que já lhe foi

concedida a autorização para a realização da pesquisa, o pesquisador tem facilidade na

obtenção das informações necessárias para efetuá-la.

Devido à competitividade de mercado existente, as empresas estão sendo pressionadas

a aperfeiçoarem os seus processos continuamente para que, dessa forma, consigam atingir

seus objetivos, que são lucratividade, custos baixos, aumento na participação de mercado,

entre outros. Assim, esse ambiente se torna favorável para a implementação de mudanças

organizacionais, priorizando, principalmente, setores que apresentam problemas pontuais já

detectados, mas que ainda não tiveram nenhum tipo de ação desenvolvida para efetuar

qualquer mudança. Mas isso deve ocorrem o quanto antes, para que as mesmas possam se

manter no mercado.

Page 14: CLEIDE BARBOSA GESTÃO DE ESTOQUES DE MATÉRIA …professor.unisinos.br/cd/Tc/TCC Cleide Barbosa.pdf · 2 GESTÃO DE ESTOQUES DE MATÉRIA-PRIMA Nesta seção serão apresentados os

2 GESTÃO DE ESTOQUES DE MATÉRIA-PRIMA

Nesta seção serão apresentados os temas relacionados à pesquisa, com o propósito que

seja possível a compreensão do estudo em andamento.

Para exemplificar veja a figura a seguir, que se refere ao conceito de gestão de

materiais.

Saída de caixa

Sub-montagem Processamento

de materiaisCompras

Gestão deEstoques

Montagem

Estoque em

Estoque de produto

e

Fornecdores

Figura 1: Gestã

informações asso

FONTE: SLACK

Distribuição Física

Fluxo de m

Gestão de Estoques

o

c

;

at

Estoq Mat-prima

de materiais integr

iado.

CHAMBERS; JOHN

Clientes

eriais e serviços

a a gestão de fluxo d

STON, 2002, p. 428.

processo

Flux

Gestão de estoques

e materiais com o

acabado

o de informações

Gestão de Estoques

Entrada decaixa

fluxo de

Page 15: CLEIDE BARBOSA GESTÃO DE ESTOQUES DE MATÉRIA …professor.unisinos.br/cd/Tc/TCC Cleide Barbosa.pdf · 2 GESTÃO DE ESTOQUES DE MATÉRIA-PRIMA Nesta seção serão apresentados os

14

2.1 IMPORTÂNCIA DA ADMINISTRAÇÃO DE MATERIAIS

O setor de Planejamento e Controle de Materiais (PCM) é o responsável pela

determinação das quantidades de produtos a serem produzidas e das quantidades de matérias-

primas a serem compradas. Logo, é o responsável também, pela determinação dos níveis de

estoque (veja figura 2). Então, de certa forma, torna-se também responsável pela otimização

dos recursos da empresa, uma vez que, o estoque compromete parte do capital , que poderia

estar disponível para outros tipos de investimentos.

Para que os recursos sejam otimizados, é necessário projetar processos eficientes.

Depois que este processo estiver definido é necessário administrá-lo para produzir bens de

maneira econômica. Existem vários métodos para auxiliar a administração a planejar e

controlar, um deles é através do controle do fluxo de materiais. O fluxo de materiais pode

controlar o desempenho do processo (ARNOLD, 1999).

Segundo Bertaglia (2003), o gerenciamento de estoque é um ramo da administração de

empresas que está relacionado com o planejamento e o controle de estoques de materiais ou

produtos que serão utilizados na produção de bens ou serviços. Por isso, a preocupação

efetiva com os estoques pode interferir nos resultados estratégicos de uma empresa.

o

Taxa de dem

anda (d)

Quando comprar? Quanto comprar?

Nív

el d

e es

toqu

e

Temp

Figura 2: Modelo genérico de curva de nível de estoques. FONTE: CORRÊA,GIANESI E CAON, 1999, p. 53.
Page 16: CLEIDE BARBOSA GESTÃO DE ESTOQUES DE MATÉRIA …professor.unisinos.br/cd/Tc/TCC Cleide Barbosa.pdf · 2 GESTÃO DE ESTOQUES DE MATÉRIA-PRIMA Nesta seção serão apresentados os

15

Um setor muito importante para a administração de materiais é o almoxarifado, o qual

será brevemente descrito abaixo.

2.2 ALMOXARIFADO

Pode ser definido como o local destinado à fiel guarda e conservação de materiais, em

recinto coberto ou não, adequado a sua natureza, tendo a função de destinar espaços onde

permanecerá cada item aguardando a necessidade do seu uso, ficando sua localização,

equipamentos e disposição interna condicionados à política geral de estoques da empresa

(VIANA,2000).

O objetivo primordial de qualquer Almoxarifado é impedir divergências de inventário

e perdas de qualquer natureza. Para cumprir sua finalidade, o Almoxarifado deverá possuir

instalações adequadas, bem como recursos de movimentação e distribuição suficientes a um

atendimento rápido e eficiente (VIANA, 2000).

Existem rotinas rigorosas para a retirada dos produtos no Almoxarifado, que

preservam os materiais armazenados, protegendo-os contra furtos e desperdícios. A

autoridade para a retirada do estoque deve estar definida com clareza e somente pessoas

autorizadas poderão exercer essa atribuição.

2.3 OBJETIVOS DA ÁREA DE PLANEJAMENTO E CONTROLE DE MATERIAIS

Os principais objetivos do Planejamento e Controle de Materiais são permitir o

cumprimento dos prazos de entrega dos pedidos dos clientes, com a mínima formação de

estoques, planejamento de compras e a produção de itens componentes para que ocorram

apenas no momento e nas quantidades necessárias.

Page 17: CLEIDE BARBOSA GESTÃO DE ESTOQUES DE MATÉRIA …professor.unisinos.br/cd/Tc/TCC Cleide Barbosa.pdf · 2 GESTÃO DE ESTOQUES DE MATÉRIA-PRIMA Nesta seção serão apresentados os

16

Dessa forma, por gestão de estoques, entendemos o planejamento do estoque, seu

controle e sua retroalimentação sobre o planejamento (CHING, 1999).

O planejamento consiste em determinação dos valores que o estoque terá com o correr

do tempo, bem como na determinação das datas de entrega e saída dos materiais do estoque e

na determinação dos pontos de pedido de material.

Na etapa de controle, coloca-se em prática o planejamento realizado e controla-se o

seu andamento para que o processo ocorra como planejado, possibilitando atingir os objetivos

gerais da empresa, nos quais destaca-se, principalmente, a satisfação dos clientes.

A retroalimentação é a comparação dos dados de controle com os dados do

planejamento, a fim de constatar seus desvios e determinar suas causas. Quando for o caso, a

empresa deve corrigir o plano para torná-la mais realista, fazendo com que o planejamento e o

controle sejam cada vez mais coincidentes (CHING, 1999).

2.4 CARACTERÍSTICAS DO ESTOQUE

Estoque é um termo amplo. No entanto, pode ser definido como um material

armazenado por algum tempo, para uso futuro, assim regulando o ritmo entre fluxos de

material dentro de uma indústria, às custas de alguma imobilização financeira. Apresenta

vários tipos como matéria-prima, material em processamento, peças componentes, produtos

acabados, material auxiliar e de uso geral (RUSSOMANO, 1995). Permite o atendimento

regular das necessidades dos usuários para a continuidade das atividades da empresa, sendo

estoque gerado, consequentemente, pela impossibilidade de prever-se a demanda com

exatidão, e também é uma reserva para ser utilizada em tempo oportuno (VIANA, 2000).

A manutenção de estoque implica riscos de investimento e obsolescência, e ainda a

possibilidade de roubo.

Page 18: CLEIDE BARBOSA GESTÃO DE ESTOQUES DE MATÉRIA …professor.unisinos.br/cd/Tc/TCC Cleide Barbosa.pdf · 2 GESTÃO DE ESTOQUES DE MATÉRIA-PRIMA Nesta seção serão apresentados os

17

Estoque consiste em substancial investimento em ativos e, portanto, deve proporcionar

pelo menos algum retorno de capital. As dificuldades de serem encontradas metodologias

sofisticadas para a apuração dos custos de manter estoques tornam difícil a avaliação do

trade-offs entre níveis de serviço, eficiência das operações e níveis de estoque. Dessa forma

maioria das empresas mantém estoque médio que excede suas necessidades normais

(BOWERSOX,2001).

Conforme Viana (2000), as principais causas que exigem estoque permanente para o

imediato atendimento do consumo interno e das vendas nas empresas são:

• Necessidade de continuidade operacional;

• Incerteza da demanda futura ou de sua variação ao longo do período de

planejamento;

• Indisponibilidade imediata do material nos fornecedores e cumprimento

dos prazos de entrega.

O ideal seria a inexistência de estoques, à medida que fosse possível atender ao cliente

no momento em que ocorressem as demandas. Mas é extremamente difícil isso ocorrer.

Então, torna-se necessário a existência de um nível de estoques que sirva de amortecedor

entre os mercados supridor e consumidor, a fim de que os consumidores possam ser plena e

sistematicamente atendidos. Mas em algumas empresas esse amortecedor tende a ser

excessivo e acaba sendo investido muito capital em estoque desnecessário.

2.5 RAZÕES PARA O SURGIMENTO / MANUTENÇÃO DE ESTOQUES

Segundo Corrêa, Gianesi e Caon (1999), as principais razões para o

surgimento/manutenção de estoques são:

• Falta de coordenação: pode ser impossível ou inviável coordenar

perfeitamente fases de um processo de transformação industrial. Certos

Page 19: CLEIDE BARBOSA GESTÃO DE ESTOQUES DE MATÉRIA …professor.unisinos.br/cd/Tc/TCC Cleide Barbosa.pdf · 2 GESTÃO DE ESTOQUES DE MATÉRIA-PRIMA Nesta seção serão apresentados os

18

fornecedores, por exemplo, fornecem embalagens mínimas de matérias-

primas, o que vai acarretando em geração de estoque deste item. Existem

também problemas de custos do processo de compra, como custos de

frete, administrativos, cotação e negociação, que são muito altos, e fazem

com que sejam comprados lotes maiores do que a necessidade, com o

intuito de amortizar o custo de obtenção do material;

• Incerteza: existem casos em que as taxas de consumo e suprimento não

são previsíveis, ou seja, são incertas, por exemplo, quando o consumo

não se dá com base em pedidos colocados com grande antecedência.

Nestes casos, os estoques são necessários para fazer frente a estas

incertezas;

• Especulação: quando há intenção de criação de valor e correspondente

realização de lucro. Isso ocorre por meio da especulação com a compra e

venda de materiais. Às vezes, as empresas conseguem antecipar a

ocorrência de escassez de oferta de determinado bem, comprando

quantidades mais altas do que aquelas necessárias para seu consumo,

enquanto os preços ainda estão baixos. Quando vem a escassez e a alta de

preços, não só a empresa não sofre com ela, mas também pode vender o

excedente pelo preço aumentado, realizando bons lucros;

• Disponibilidade no canal de distribuição: dá-se principalmente com

produtos de consumo (alimentos, higiene pessoal etc.), pois são produtos

que precisam estar disponíveis próximos dos mercados consumidores. Os

produtos que preenchem o canal de distribuição, podem representar

quantidades consideráveis de estoques que devem ser gerenciados.

Page 20: CLEIDE BARBOSA GESTÃO DE ESTOQUES DE MATÉRIA …professor.unisinos.br/cd/Tc/TCC Cleide Barbosa.pdf · 2 GESTÃO DE ESTOQUES DE MATÉRIA-PRIMA Nesta seção serão apresentados os

19

2.6 FUNDAMENTOS DA GESTÃO DE ESTOQUES

Segundo Viana (2000), gestão de estoques é um conjunto de atividades que visa, por

meio das respectivas políticas de estoque, ao pleno atendimento das necessidades da empresa,

com a máxima eficiência e ao menor custo, através do maior giro possível para o capital

investido em materiais. Seu objetivo fundamental é buscar o equilíbrio entre estoque e

consumo. Para isso existem algumas regras e critérios, dentre outras:

• impedir entrada de materiais desnecessários, mantendo em estoque

somente os de real necessidade da empresa;

• centralizar as informações que possibilitem o permanente

acompanhamento e planejamento das atividades de gestão;

• definir os parâmetros de cada material incorporado ao sistema de gestão

de estoques, determinando níveis de estoque respectivos;

• determinar para cada material, as quantidades a comprar, por meio dos

respectivos lotes econômicos e intervalos de ressuprimento;

• analisar e acompanhar a evolução de estoques da empresa;

• ativar o setor de compras para que as encomendas referentes a materiais

com variação nos consumos tenham suas entregas aceleradas; ou

reprogramar encomendas em andamento, em face das necessidades da

empresa;

• decidir sobre a regularização ou não de materiais entregues além da

quantidade permitida (excesso);

• realizar freqüentes estudos, propondo alienação, para que os materiais

obsoletos e inservíveis sejam retirados do estoque.

Page 21: CLEIDE BARBOSA GESTÃO DE ESTOQUES DE MATÉRIA …professor.unisinos.br/cd/Tc/TCC Cleide Barbosa.pdf · 2 GESTÃO DE ESTOQUES DE MATÉRIA-PRIMA Nesta seção serão apresentados os

20

Conforme Bertaglia (2003), muitos são os fatores que interferem nos processos e que

afetam a maneira de administrar os estoques, como:

• utilização do conceito lote;

• estoque de segurança;

• níveis de serviço ao cliente;

• estoque de antecipação para situações de sazonalidade.

Em decorrência de variações no mercado e comportamentos da concorrência, a

estratégia de estoques deve ser continuamente revisada.

2.7 OBJETIVOS E POLÍTICAS DE ESTOQUES

Bertaglia (2003), diz que a compreensão dos objetivos estratégicos da existência e do

gerenciamento dos estoques é fundamental para se definir metas, funções, tipos de estoque e

forma como eles afetam as organizações em suas atividades produtivas e de relacionamento

com o mercado.

Um dos objetivos do investimento em estoques é maximizar os recursos da empresa,

ou seja, em muitos casos, a formação de estoques proporciona um balanceamento das

operações da organização, possibilitando aumento na eficiência operacional, redução de

custos de mão-de-obra e maximização da capacidade instalada.

Outro objetivo é fornecer um nível satisfatório de serviço ao cliente ou consumidor, o

qual está relacionado ao nível de atendimento que a organização supostamente pretende

oferecer ao cliente e/ou consumidor. Para isso, as empresas precisam estabelecer critérios

coerentes para medir a satisfação dos clientes (BERTAGLIA, 2003).

Page 22: CLEIDE BARBOSA GESTÃO DE ESTOQUES DE MATÉRIA …professor.unisinos.br/cd/Tc/TCC Cleide Barbosa.pdf · 2 GESTÃO DE ESTOQUES DE MATÉRIA-PRIMA Nesta seção serão apresentados os

21

Entende-se por política de estoques o conjunto de atos diretivos que estabelecem, de forma global e específica, princípios, diretrizes e normas relacionadas ao gerenciamento. Em qualquer empresa, a preocupação da gestão de estoques está em manter o equilíbrio entre as diversas variáveis componentes do sistema, tais como: custos de aquisição, de estocagem e de distribuição, nível de atendimento das necessidades dos usuários consumidores, etc. (VIANA, 2000, p. 118).

Conforme Viana (2000), a gestão de estoques economicamente consiste

essencialmente na procura da racionalidade e equilíbrio com o consumo, ao mesmo tempo em

que atenda as necessidades efetivas de seus consumidores com mínimo custo e menor risco de

falta possível; assegure aos consumidores a continuidade de fornecimento; o valor obtido pela

continuidade de fornecimento deve ser inferior a sua própria falta.

2.8 INDICADORES DE DESEMPENHO

Segundo Bertaglia (2003), medir desempenho de estoque é salutar para a organização,

uma vez que um dos aspectos fundamentais da administração moderna enfatiza a redução dos

estoques. O aumento ou redução de estoques gera forte impacto nas finanças de qualquer

empresa. Como exemplo de indicadores de desempenho que visam a monitoração de estoques

temos:

• Giro de estoque: que corresponde ao numero de vezes em que o estoque é

consumido totalmente durante um determinado período (normalmente um

ano).

Giro de estoque = vendas anuais / estoque médio

• Cobertura de estoque: que está relacionada à taxa de uso do item e baseia-

se no cálculo da quantidade de tempo de duração do estoque, caso este

não sofra nenhum ressuprimento.

Cobertura de estoque: estoque médio / demanda

Page 23: CLEIDE BARBOSA GESTÃO DE ESTOQUES DE MATÉRIA …professor.unisinos.br/cd/Tc/TCC Cleide Barbosa.pdf · 2 GESTÃO DE ESTOQUES DE MATÉRIA-PRIMA Nesta seção serão apresentados os

22

• Nível de serviço ao cliente: as organizações preocupadas com as

necessidades dos clientes utilizam o conceito de “serviço ao cliente” para

avaliar o desempenho do sistema de controle de estoques. Uma medida

bastante comum é a taxa de atendimento ao pedido, que é a relação entre

a quantidade de itens disponíveis e a quantidade de itens demandada pelo

cliente.

• Acurácia de estoque: manter a acurácia dos estoques em um nível elevado

- isento de erros- trará significativas vantagens à organização.

Acurácia = quantidade física (contagem de estoque) / quantidade teórica

(controles de entrada e saída do material)

2.9 ANÁLISE DO COMPORTAMENTO DE CONSUMO

Segundo Viana (2000), deve-se analisar continuamente o comportamento de consumo

de materiais da empresa, para manter o equilíbrio entre o estoque e o consumo efetivo de

matéria-prima.

Uma possibilidade importante na análise do comportamento de consumo é utilização

do material até esgotar, considerando-se que os materiais assim enquadrados não podem ser

confundidos como obsoletos, pois ainda têm aplicação, com especificação adequada. Para

identificar materiais no grupo utilizar até esgotar, considera-se algumas causas:

• desconhecimento da vida útil: o estabelecimento da vida útil resulta do

conhecimento a que estão sujeitos os materiais quanto ao desgaste, fadiga, deterioração

resultante da ação de agentes agressivos, calor, umidade, poeira, ácidos etc.

• compra em quantidade além da necessária, ou seja, compras caracterizadas

pelo excesso de segurança;

Page 24: CLEIDE BARBOSA GESTÃO DE ESTOQUES DE MATÉRIA …professor.unisinos.br/cd/Tc/TCC Cleide Barbosa.pdf · 2 GESTÃO DE ESTOQUES DE MATÉRIA-PRIMA Nesta seção serão apresentados os

23

• desconhecimento da existência de estoque: especificação incompleta dificulta a

perfeita identificação, deficiência que faz com que os materiais assim dispostos não sejam

utilizados, podendo haver compra indevida dos mesmos.

• compra para aplicação imediata: alguns materiais podem ser armazenados sob

a classificação de estocagem temporária e ficar sem utilização;

• nacionalização: materiais importados em via de nacionalização, portanto, sem

condições de reposição original, cujos saldos ficam classificados na categoria utilizar até

esgotar, até que a substituição por nacionais seja completada.

2.10 OBSOLESCÊNCIA E ALIENAÇÃO DE MATERIAIS INSERVÍVEIS

Conforme Viana (2000), o ritmo de desenvolvimento, imperativo para grandes

empresas, tem como conseqüência a alienação de objetos substituídos pela inovação

tecnológica, e desgaste natural dos materiais utilizados.

O descarte de materiais inservíveis, obsoletos e sucatados objetiva:

• eliminar os materiais que não mais atendem às exigências técnicas da empresa;

• desocupar áreas de armazenagem;

• reduzir os custos de armazenamento;

• reduzir o valor das imobilizações em materiais.

2.11 CONTROLE DE ESTOQUES

É um procedimento rotineiro necessário ao cumprimento de uma política de estoques.

O controle abrange as quantidades disponíveis numa determinada localização e acompanha

suas variações ao longo do tempo. Essas funções podem ser desempenhadas manualmente ou

por computador. As principais diferenças são a velocidade, a precisão e o custo.

Page 25: CLEIDE BARBOSA GESTÃO DE ESTOQUES DE MATÉRIA …professor.unisinos.br/cd/Tc/TCC Cleide Barbosa.pdf · 2 GESTÃO DE ESTOQUES DE MATÉRIA-PRIMA Nesta seção serão apresentados os

24

Para implementar as políticas desejadas de gerenciamento de estoques, torna-se

necessário desenvolver procedimentos de controle, que definam a freqüência segundo a qual

os níveis de estoque são examinados e comparados com parâmetros de ressuprimento, ou seja,

quando e quanto pedir.

2.12 CUSTOS DE ESTOQUE

Os valores reais variam de setor para setor e de empresa para empresa. Os custos de capital podem variar dependendo das taxas de juros, do crédito da empresa na praça e das oportunidades de investimentos que a empresa pode ter. Os custos de armazenamento variam com o lugar e o tipo de armazenamento necessário. Os custos de riscos podem ser muito baixos ou podem estar perto de 100% do valor do item para produtos perecíveis. O custo de estocagem é geralmente definido como uma percentagem em valores monetários do estoque por unidade de tempo, geralmente um ano (ARNOLD, 1999, p.274)

Conforme Arnold (1999), os custos associados ao estoque dividem-se em:

a) Custo por item: o preço pago por um item comprado consiste no custo desse item e

de qualquer outro custo direto associado com trazê-lo até a fábrica.

b)Custo de estocagem: esses custos incluem todas as despesas que a empresa incorre

em função do volume de estoque mantido. Dentre eles, destacam-se os custos de capital,

custos de armazenamento e custos de risco.

c)Custos de pedidos: são aqueles associados à emissão de um pedido ou para a fábrica

ou para um fornecedor, ou seja, cada operação de entrada de pedido para abastecimento de

estoque necessita de algumas atividades que geram estes custos. Estes custos incluem custos

de controle de produção, custos de preparação e desmontagem , custos de capacidade perdida

e custos de pedidos de compra.

d)Custo de falta de estoque: ocorre se a demanda durante o lead time excede a

previsão, ocasionando uma falta de estoque, o que pode ter como conseqüência custos de

pedidos não atendidos, de vendas perdidas e de clientes possivelmente perdidos.

Page 26: CLEIDE BARBOSA GESTÃO DE ESTOQUES DE MATÉRIA …professor.unisinos.br/cd/Tc/TCC Cleide Barbosa.pdf · 2 GESTÃO DE ESTOQUES DE MATÉRIA-PRIMA Nesta seção serão apresentados os

25

e)Custos associados à capacidade: quando é preciso alterar os níveis de produção,

pode haver um aumento de custos devido a horas-extras, contratações, treinamentos, etc.

Estes custos podem ser evitados pela produção de itens em períodos de folga para serem

vendidos nos períodos de pico. Entretanto, isso aumenta o estoque nos períodos de folga.

Slack, Chambers e Johnston (2002), salientam os seguintes custos de estoque:

• Custos de capital de giro: logo que colocamos um pedido de reabastecimento, os

fornecedores vão demandar pagamento por seus bens. Quando fornecermos para

nossos próprios consumidores, vamos, por nossa vez, demandar pagamento. Todavia,

haverá provavelmente um lapso de tempo entre pagar a nossos fornecedores e receber

pagamento de nossos consumidores. Durante esse tempo, temos que ter os fundos para

manter os estoques. Isso é chamado capital de giro, que precisamos para “girar” o

estoque. Os custos associados a ele são os juros, que pagamos ao banco por

empréstimos, ou os custos de oportunidade, de não investirmos em outros lugares.

• Custos de armazenagem: são os custos associados à armazenagem física dos bens.

Locação, climatização e iluminação do armazém podem ser caros.

• Custos de obsolescência: se escolhemos uma política de pedidos que envolve pedidos

de quantidades muito grandes, que significará que os itens estocados permanecerão

longo tempo armazenados, existe o risco de que esses itens possam tornar-se

obsoletos, ou deteriorar-se com a idade.

Page 27: CLEIDE BARBOSA GESTÃO DE ESTOQUES DE MATÉRIA …professor.unisinos.br/cd/Tc/TCC Cleide Barbosa.pdf · 2 GESTÃO DE ESTOQUES DE MATÉRIA-PRIMA Nesta seção serão apresentados os

26

2.13 TIPOS DE ESTOQUES

2.13.1 Estoque Médio

Compreende a quantidade de materiais, componentes, estoque em processo e produtos

acabados normalmente mantida em estoque. É formado por: básico, segurança e trânsito.

2.13.1.1 Estoque Básico

É a porção do estoque médio que se recompõe pelo processo de ressuprimento, ou

seja, o atendimento diário dos clientes faz com que o nível de estoque diminua, e antes que

seu nível chegue a zero, é emitido um pedido de ressuprimento, de forma que as mercadorias

cheguem antes de ocorrer a exaustão (BOWERSOX, 2001).

2.13.1.2 Estoque de Segurança

Este tipo de estoque é feito para cobrir flutuações aleatórias e imprevisíveis do

suprimento, da demanda ou do lead time . Se a demanda ou o lead time são maiores que o

esperado, haverá um esvaziamento do estoque. O estoque de segurança é mantido para

proteger a empresa dessa possibilidade. Sua finalidade é prevenir perturbações na produção

ou no atendimento aos clientes. Também é denominado estoque de armazenamento

intermediário ou estoque de reserva (ARNOLD, 1999).

Page 28: CLEIDE BARBOSA GESTÃO DE ESTOQUES DE MATÉRIA …professor.unisinos.br/cd/Tc/TCC Cleide Barbosa.pdf · 2 GESTÃO DE ESTOQUES DE MATÉRIA-PRIMA Nesta seção serão apresentados os

27

2.13.1.3 Estoque em Trânsito

Conforme Bowersox (2001), este tipo de estoque representa o estoque que se encontra

em viagem ou aguardando transporte já sobre veículos . É condição necessária no processo de

ressuprimento de estoque.

O estoque em trânsito tem representado uma crescente proporção do estoque total,

pela tendência da redução do tamanho dos pedidos e da adoção de estratégias baseadas no

tempo, como por exemplo o Just in Time.

2.14 TEMPO DE RESSUPRIMENTO

Intervalo de tempo compreendido entre a emissão do pedido de compra e o efetivo recebimento, gerando a entrada do material no estoque. O tempo de ressuprimento representa importante fator na determinação do nível do estoque e, consequentemente, no capital imobilizado (VIANA, 2000, p. 156).

Entende-se dessa forma que, quanto maior o tempo de ressuprimento, maior será a

probabilidade de manter estoque, tendo como conseqüência um investimento maior de capital

neste segmento.

2.15 TÉCNICAS DE ADMINISTRAÇÃO DE ESTOQUES

Conforme Bertaglia (2003), o gerenciamento de estoque é um ramo da administração

que está relacionado com o planejamento e o controle de estoques.

Dessa forma, existem algumas técnicas que contribuem para o gerenciamento dos

estoques.

Page 29: CLEIDE BARBOSA GESTÃO DE ESTOQUES DE MATÉRIA …professor.unisinos.br/cd/Tc/TCC Cleide Barbosa.pdf · 2 GESTÃO DE ESTOQUES DE MATÉRIA-PRIMA Nesta seção serão apresentados os

28

2.15.1 Curva ABC

Conforme Ching (1999), a Curva ABC baseia-se no raciocínio do diagrama de Pareto,

em que nem todos os itens têm a mesma importância, como demonstra a figura 3, e a atenção

deve ser dada para os mais significativos.

Em suma, 20% em quantidade (de qualquer item) é responsável por 80% do valor

(deste item). Assim, 20% dos clientes da empresa representam 80% das vendas realizadas;

20% dos produtos são responsáveis por 80% das vendas de todos os produtos. Dessa forma,

diz-se que 20% dos itens em estoque são responsáveis por 80% do valor em estoque.

Calcula-se a representatividade de cada item em estoque, multiplicando-se o consumo

anual de cada item por seu respectivo custo. Em seguida, lista-se em ordem decrescente de

valor e calcula-se o percentual relativo de cada item em relação ao custo total do estoque

(100%).

% a

cum

ulad

o de

val

or d

e us

o

0

100

50

Poucoitens import

Região Região

Região

25 50 75

A B C

s

antes

Itens de importância média

Muitos itensmenos importantes

Itens (%) 100

Figura 3: Conceito de curva ABC. FONTE: CORRÊA, GIANESI E CAON, 1999, p. 72.

Page 30: CLEIDE BARBOSA GESTÃO DE ESTOQUES DE MATÉRIA …professor.unisinos.br/cd/Tc/TCC Cleide Barbosa.pdf · 2 GESTÃO DE ESTOQUES DE MATÉRIA-PRIMA Nesta seção serão apresentados os

29

Bertaglia (2003), diz que o processo de classificação ABC, válido para materiais e

produtos acabados, pode ser dividido em três etapas:

-Coleta de dados: correspondem à identificação do item, à quantidade consumida ou

projetada para o período e valor unitário.

-Cálculo do custo anual total para cada item: corresponde a efetuar a multiplicação da

quantidade de itens consumida no período de um ano pelo seu valor unitário.

-Organizações dos itens em ordem decrescente de valor: uma vez calculados os itens,

estes devem ser organizados de forma decrescente de valor.

Bertaglia (2003), ainda reforça que elaborar estratégias para reduzir os custos dos itens

A é fundamental para a redução de custos.

A razão da classificação ABC é restringir o foco. O foco é fundamental na

administração das empresas atualmente e exerce forte influencia nas características da cadeia

de abastecimento (BERTAGLIA, 2003).

2.15.2 Contagem Cíclica

Periodicamente, as organizações de bens e serviços efetuam auditorias nos seus

estoques para fins contábeis e gerenciais. Duas têm sido as técnicas para efetuar a contagem

dos estoques: contagem física global e contagem cíclica. A contagem física, corresponde a

parar a organização por um período e proceder a contagem de todos os itens. Esse é um

processo válido de auditoria, mas que incorre em custos adicionais de mão-de-obra e paradas

de produção.

A contagem cíclica corresponde a inventariar um certo número de itens dentro de uma

freqüência estabelecida. Esse processo é contínuo. Os benefícios da contagem cíclica não se

Page 31: CLEIDE BARBOSA GESTÃO DE ESTOQUES DE MATÉRIA …professor.unisinos.br/cd/Tc/TCC Cleide Barbosa.pdf · 2 GESTÃO DE ESTOQUES DE MATÉRIA-PRIMA Nesta seção serão apresentados os

30

restringem apenas à redução de custos de inventários, mas também estão associados à

capacidade de solucionar problemas relacionados às diferenças encontradas (BERTAGLIA,

2003).

2.16 CONCEITO JUST IN TIME – JIT

Segundo Ching (1999), a técnica de gestão de estoques Just in Time (JIT), visa atender

a demanda instantaneamente, com qualidade e sem desperdícios. Ele possibilita a produção

eficaz em termos de custo, assim como o fornecimento da quantidade necessária de

componentes, no momento e em locais corretos, utilizando o mínimo de recursos.

O desperdício significa qualquer coisa além do mínimo de equipamento, peças,

espaço, material e tempo de trabalho, absolutamente necessários para acrescentar valor ao

produto.

Em longo prazo, o resultado da eliminação de desperdício é uma organização

eficiente em custos, orientada para a qualidade e que responde rapidamente às necessidades

dos clientes (ARNOLD, 1999).

Segundo Russomano (1995), o objetivo do Sistema de Produção Just in Time - JIT é o

de aumentar o retorno sobre o investimento da empresa através do aumento da receita, da

redução dos custos e do imobilizado e da participação dos empregados no processo produtivo.

O JIT, propõe-se a fazer um produto em fluxo balanceado e sincronizado segundo as

necessidades do consumidor com o mínimo absoluto de recursos.

Isso é conseguido através da aplicação de alguns preceitos tais como preparo rápido de

máquinas , disposição física celular, redução de estoques, círculos de controle de qualidade,

lotes de produção pequenos, qualidade absoluta, produção “puxada”, manutenção preventiva e

outros.

Page 32: CLEIDE BARBOSA GESTÃO DE ESTOQUES DE MATÉRIA …professor.unisinos.br/cd/Tc/TCC Cleide Barbosa.pdf · 2 GESTÃO DE ESTOQUES DE MATÉRIA-PRIMA Nesta seção serão apresentados os

31

Slack, Chambers e Johnston (2002), ainda colocam que o Just in Time é uma

abordagem, que visa aprimorar a produtividade global e eliminar os desperdícios. Ele

possibilita a produção eficaz em termos de custo, assim como o fornecimento apenas na

quantidade correta, no momento e locais corretos, utilizando o mínimo de instalações,

equipamentos, materiais e recursos humanos. O JIT é dependente do balanço entre a

flexibilidade do fornecedor e a flexibilidade do usuário. Ele é alcançado por meio da

aplicação de elementos que requerem um envolvimento total dos funcionários e trabalho em

equipe. Uma filosofia chave do JIT é a simplificação.

O objetivo do JIT pode ser alcançado por diferentes vertentes não mutuamente

exclusivas que são:

a)a receita pode ser aumentada melhorando a qualidade ou o serviço de entrega;

b)a redução do custo pode ser obtida através de alterações no processo com cortes no

material e na mão-de-obra;

c)o imobilizado pode ser reduzido através de um estoque menor (entrega mais

escalonadas por parte dos fornecedores) ou uma maior produção da fábrica com o

mesmo equipamento.

Pela filosofia JIT, o nível de estoque é reduzido constantemente para que problemas

comumente encontrados na empresa industrial sejam expostos, analisados e pulverizados (ver

figura 4). Nos sistemas tradicionais o estoque é aceito com mais tolerância pois é menor a

pressão pela redução do imobilizado e considera-se que existem situações onde ele é

necessário (incerteza de demanda ou de entrega) (RUSSOMANO, 1995).

Page 33: CLEIDE BARBOSA GESTÃO DE ESTOQUES DE MATÉRIA …professor.unisinos.br/cd/Tc/TCC Cleide Barbosa.pdf · 2 GESTÃO DE ESTOQUES DE MATÉRIA-PRIMA Nesta seção serão apresentados os

32

(a) Abordagem tradicional – estoques separam estágios

EstágioC

Estoque amortecedor

Estágio B

Estoque amortece dor

Estágio A

(b) Abordagem JIT – entregas são feitas contra solicitação

Estágio A

Estágio B

Estágio C Pedidos

2.16.1 Política de Fornecedores sob o sistema JIT

Sob o sistema JIT os fornecedores são tratados de

tradicional. São considerados como parte da equipe de p

recipientes padronizados e são solicitados a fazer entregas

próximo estágio da produção.

Quando localizados na vizinhança da fábrica, os fo

entregas diárias. Caso contrário, costumam alugar arma

maiores provisórias. Em casos especiais os fornecedores

consolidadas.

Outra prática corrente é o recebimento sem inspeçã

tradicional onde são aplicadas multas para a descoberta post

que esta prática introduz é grande porém exige fornecedores

Pedidos

Entregas Entregas

Figura 4: (a) Fluxo Tradicional e (b) JIT entre estágios. FONTE: SLACK; CHAMBERS; JOHNSTON, 2002, p. 483.

modo diferente do que o sistema

rodução. Recebem instruções e

freqüentes, “just-in-time”, para o

rnecedores chegam a fazer várias

zéns para onde fazem entregas

se associam e fazem entregas

o também encontrado no sistema

erior de refugos. A simplificação

preparados e confiáveis. Quando

Page 34: CLEIDE BARBOSA GESTÃO DE ESTOQUES DE MATÉRIA …professor.unisinos.br/cd/Tc/TCC Cleide Barbosa.pdf · 2 GESTÃO DE ESTOQUES DE MATÉRIA-PRIMA Nesta seção serão apresentados os

33

este ainda não está preparado para atingir a qualidade desejada ou garantir entregas

confiáveis, a fábrica auxilia emprestando alguns técnicos.

No sistema JIT a tendência é partir para fornecedores únicos, assim conseguindo um

melhor relacionamento em troca de uma garantia de pedidos. No sistema tradicional, ao

contrário, procura-se manter dois ou três fornecedores justamente para tentar garantir entregas

no prazo, qualidade adequada e preço baixo (RUSSOMANO, 1995).

2.17 MATERIAL REQUIREMENTS PLANNING (MRP I)

Conforme Arnold (1999), o MRP possui dois grandes objetivos: determinar

exigências, ou seja, determinar quais componentes são necessários para atender o MPS e, com

base no lead time, calcular os períodos em que os componentes devem estar disponíveis, e

manter prioridades atuais.

Então, num ambiente onde os fatores se alteram, o MRP deve ser capaz de reconhecer

prioridades para manter os planos atualizados. Deve ser capaz também de adicionar, retirar,

apressar, postergar ou modificar encomendas (ARNOLD, 1999).

O conceito de cálculo de necessidades de materiais baseia-se na idéia de que, se são

conhecidos todos os componentes de determinado produto e os tempos de obtenção de cada

um deles, pode-se, com base na visão de futuro das necessidades de disponibilidade do

produto em questão, calcular os momentos e as quantidades que devem ser obtidas, de cada

um dos componentes para que não haja falta nem sobra de nenhum deles, no suprimento das

necessidades dadas pela produção do referido produto (CORRÊA; GIANESI;CAON, 1999).

Segundo Russomano (1995), o MRP tem por objetivo definir quais os itens que

devem ser fabricados e/ou comprados, a fim de atender o Plano Mestre de Produção. Também

Page 35: CLEIDE BARBOSA GESTÃO DE ESTOQUES DE MATÉRIA …professor.unisinos.br/cd/Tc/TCC Cleide Barbosa.pdf · 2 GESTÃO DE ESTOQUES DE MATÉRIA-PRIMA Nesta seção serão apresentados os

34

indica a necessidade de reprogramar ordens abertas, propondo seu diligenciamento,

loteamento, protelação ou mesmo cancelamento.

Conforme Slack, Chambers e Johnston (2002), MRP quer dizer planejamento das

necessidades de materiais, que são sistemas de demanda dependente que calculam

necessidades de materiais e planos de produção, para satisfazer a pedidos de venda previstos

ou desconhecidos (ver figura 5). Também ajuda a fazer cálculos de volume e tempo baseados

na idéia do que será necessário para suprir a demanda no futuro.

estrutu

tempo

quanto

atendi

da fáb

conseq

Programa Mestre de Produção s

Carteira de Pedido

Para o sucesso da aplicação do MRP precisam estar

ras dos produtos, as informações sobre a disponibilidad

e com precisão absoluta, e os parâmetros da Gestão de

possível, respeitados. Como planeja as necessidades exat

mento aos consumidores, minimiza o material em processam

rica, e com isso consegue melhor gestão de estoques, men

uentemente, maiores margens de lucro (RUSSOMANO, 19

Planejamento das Necessidades de

Materiais

sOrdens de Compra

Previsão de Vendas

Lista de Materiais Registros de Estoque

o

Ordens de Trabalh Planos de Materiai

Figura 5: Esquema do Planejamento de Necessidades de Materiais (MRP I). Fonte: SLACK; CHAMBERS; JOHNSTON, 2002, p. 465.

perfeitamente definidas as

e de material fornecidas a

Estoques devem ser, tanto

as de cada item, melhora o

ento e aumenta a eficiência

ores custos operacionais e,

95).

Page 36: CLEIDE BARBOSA GESTÃO DE ESTOQUES DE MATÉRIA …professor.unisinos.br/cd/Tc/TCC Cleide Barbosa.pdf · 2 GESTÃO DE ESTOQUES DE MATÉRIA-PRIMA Nesta seção serão apresentados os

35

2.17.1 Itens Pais e Itens Filhos e Estrutura de Produto

Conforme Corrêa, Gianesi e Caon (1999), chama-se, na linguagem do MRP, de itens

“filhos” os componentes diretos de outros itens, estes correspondentemente chamados itens

“pais” de seus componentes diretos. Informações sobre a composição de produtos podem ser

organizadas na “estrutura do produto”, que traz todas a relações pai-filho, entre todos os itens

de um determinado produto.

2.17.2 Explosão de Necessidades Brutas de Materiais

As representações de estruturas de produtos auxiliam na resposta de duas questões

logísticas fundamentais que os sistemas de administração da produção buscam responder: o

que e quanto produzir e comprar.

O cálculo realizado é conhecido como “explosão” de necessidades brutas, significando

a quantidade total de componentes que necessita estar disponível para a fabricação das

quantidades necessárias de produtos. A próxima questão a ser respondida é: quando devemos

efetuar essas ações gerenciais de comprar ou produzir? Devemos comprar todos os

componentes possíveis o mais cedo possível? É provável que não. Atualmente a preocupação

das empresas é de não se carregar mais estoques do que seja necessário. Portanto, há o

interesse de não comprar materiais nem um dia antes do que seja estritamente necessário ao

fluxo produtivo.

O mais desejável é comprar os materiais no momento mais tarde possível. Essa é a

lógica do MRP, ou seja, programar atividades para o momento mais tarde possível, de modo a

minimizar os estoques carregados.

Nota-se também, que o MRP tem uma lógica que parte da visão de futuro de

necessidade de produtos acabados e depois vem “explodindo” as necessidades de

Page 37: CLEIDE BARBOSA GESTÃO DE ESTOQUES DE MATÉRIA …professor.unisinos.br/cd/Tc/TCC Cleide Barbosa.pdf · 2 GESTÃO DE ESTOQUES DE MATÉRIA-PRIMA Nesta seção serão apresentados os

36

componentes nível a nível, para trás no tempo. Essa lógica é chamada de “programação para

trás” (CORRÊA; GIANESI;CAON, 1999).

2.17.3 Importância das Previsões de Vendas para o bom funcionamento do MRP

Conforme Moreira (2000), a previsão de vendas é a projeção numérica das

expectativas da organização retratada num determinado momento pelas opiniões e análises de

seus profissionais e do que poderá ocorrer no futuro dentro do mercado-alvo de atuação. O

sucesso em se atingir esta previsão é dependente de fatores externos à organização, ou seja, é

dependente da ação de pessoas que não estão sob o controle da organização. Esse fator de

vulnerabilidade faz com que os executores da previsão de vendas utilizem margens de

segurança e rotas de ajustes na elaboração do processo, a fim de que esta maior flexibilidade

possa garantir, mesmo que as variáveis mudem, o objetivo global da organização definido no

início do processo de previsão.

Uma análise macroambiental, ao observar as condições gerais dos negócios e da

economia em geral, traz a possibilidade de se avaliar e controlar melhor os números que serão

afixados na previsão de vendas. Deve-se ter a preocupação em avaliar sempre não só o

negócio em que se está envolvido, mas também as perspectivas que envolvem setores direta

ou indiretamente relacionados, pois, assim, pode-se ter uma visão mais ampla dos rumos

globais e, consequentemente, maior segurança na elaboração da previsão de vendas

(MOREIRA, 2000).

Existem vários métodos de previsão de vendas, os quais são subdivididos em métodos

não-científicos e métodos científicos. No método não-científico de previsão de vendas, os

profissionais valem-se de métodos que não possuem uma análise científica mais apurada,

como a listagem de fatores, construção de fatores e extrapolação. No método científico se

utilizam dados do passado para que, combinados com técnicas diversas e o uso da

Page 38: CLEIDE BARBOSA GESTÃO DE ESTOQUES DE MATÉRIA …professor.unisinos.br/cd/Tc/TCC Cleide Barbosa.pdf · 2 GESTÃO DE ESTOQUES DE MATÉRIA-PRIMA Nesta seção serão apresentados os

37

matemática, sejam encontrados números mais confiáveis. Conforme Moreira (2000), segue

abaixo as principais classificações e os tipos de métodos científicos que as compõem:

Classificação Métodos

Método matemático Médias móveis; Média ponderada; Regressão

linear; Simulação

Método de opinião da força de vendas Percepção da equipe comercial; Perspectivas

de mercado; Análise da equipe de vendas

Método de levantamentos Intenção de compra dos clientes; Análise do

rendimento da ação comercial; Avaliação da

concorrência

Método de julgamento dos executivos Baseada na experiência; Utilização do feeling

de mercado

Método de zona piloto Agrupamento de variáveis de características

semelhantes; Zonas de vendas;

Estimativas de mudanças econômicas

Métodos de vendas passadas Histórico de vendas; Médias de índices de

vendas; Variações sazonais

Método de intenção de compra Pesquisa prévia do mercado; Expectativa do

mercado; Frustrações em compras passadas

Figura 6: Tipos de métodos científicos de previsão de vendas.

FONTE: MOREIRA, Julio Cesar Tavares, 2000, pg. 90.

“Ter um bom sistema de previsão de vendas é quase um pressuposto para o bom

funcionamento do MRP” (CORRÊA; GIANESI;CAON, 1999, pg. 87).

Uma vez que, este necessita de informações confiantes para disparar todos os processo

de compra e ordem de produção, pois o mercado, atualmente, está forçando as empresas a

oferecerem prazos de entrega cada vez menores para permanecerem competitivas.

Page 39: CLEIDE BARBOSA GESTÃO DE ESTOQUES DE MATÉRIA …professor.unisinos.br/cd/Tc/TCC Cleide Barbosa.pdf · 2 GESTÃO DE ESTOQUES DE MATÉRIA-PRIMA Nesta seção serão apresentados os

38

Dessa forma, uma previsão de vendas bem definida, realizada com total

responsabilidade, é de extrema importância para o MRP, pois, normalmente, o mesmo toma

esta previsão de vendas como base para lançar números, os quais definirão as quantidades de

cada item de matéria-prima a ser comprada.

2.17.4 Mecânica do MRP – Parâmetros fundamentais: Políticas e tamanhos de lote,

estoques de segurança e lead times

2.17.4.1 Políticas e tamanhos de lote

2.17.4.1.1 Política de lotes múltiplos

Quando há restrição por parte do fornecedor, referente à embalagem do material

fornecido, por exemplo, embalagem de 500 unidades. Diz-se então, que são lotes múltiplos de

500 (CORRÊA; GIANESI;CAON, 1999).

2.17.4.1.2 Políticas de lotes mínimos

Quantidade mínima de abertura de uma ordem, permitindo qualquer quantidade deste

nível para cima (CORRÊA; GIANESI;CAON, 1999).

2.17.4.1.3 Política de lotes máximos

Page 40: CLEIDE BARBOSA GESTÃO DE ESTOQUES DE MATÉRIA …professor.unisinos.br/cd/Tc/TCC Cleide Barbosa.pdf · 2 GESTÃO DE ESTOQUES DE MATÉRIA-PRIMA Nesta seção serão apresentados os

39

Indica uma quantidade de lote máxima a ser aberta-usada nos casos em que há

restrição física de volume no processo, por exemplo, que não permita produções de

quantidades acima do máximo definido (CORRÊA; GIANESI;CAON, 1999).

2.17.4.1.4 Políticas de períodos fixos

O sistema calcula todas as necessidades ao longo de períodos futuros, de duração

definida, período a período, e concentra no início desses períodos os recebimentos planejados

do total das necessidades calculadas (CORRÊA; GIANESI;CAON, 1999).

2.17.4.2 Estoques de Segurança

Conforme Corrêa, Gianesi e Caon (1999), outro motivo para parametrizarmos o MRP

para que ele faça seus cálculos fora de sua lógica restrita é a existência de incertezas nos

processos. Quando há incertezas, tanto no fornecimento quanto no consumo esperado de

determinado item, os tomadores de decisão podem optar por manter determinados níveis de

estoque de segurança.

Uma variante da lógica de fazer frente às incertezas, via definição de determinado

nível de estoques de segurança, é o uso dos chamados “tempos de segurança”, que são

períodos adicionados arbitrariamente aos “tempos de obtenção” para que o sistema passe a

calcular as aberturas de ordens planejadas com uma “folga” ou um extra de antecedência em

relação ao tempo de obtenção médio considerado. Dessa forma, se nenhum evento inesperado

ocorrer, o efeito físico do tempo de segurança é o aparecimento de um “estoque” temporário.

Mas, se algo não esperado ocorrer, de forma a atrasar a entrega esperada, o atraso não

se propagará, desde que a ocorrência esteja dentro do limite definido pelo “tempo de

Page 41: CLEIDE BARBOSA GESTÃO DE ESTOQUES DE MATÉRIA …professor.unisinos.br/cd/Tc/TCC Cleide Barbosa.pdf · 2 GESTÃO DE ESTOQUES DE MATÉRIA-PRIMA Nesta seção serão apresentados os

40

segurança”. É sugerido que incertezas em relação às quantidades de entrega sejam lidadas

com estoque de segurança e que incertezas com os tempos de entrega seja lidadas com tempos

de segurança (CORRÊA; GIANESI;CAON, 1999).

2.17.4.3 Lead Times

Pela lógica utilizada pelo MRP, trata-se do tempo que decorre entre a liberação de

uma ordem (de compra ou produção) e o material correspondente estar pronto e disponível

para uso (CORRÊA; GIANESI;CAON, 1999).

2.17.5 A importância da acurácia dos dados de estoque

Assim como na gestão das listas de materiais, é crítico para um sistema MRP que os

registros de estoque estejam precisos e atualizados. Os erros ocorrem e o estoque pode ser

desviado ou perecer, de modo que os registros de estoque nunca refletirão exatamente o que

há de estoque físico numa empresa. Em virtude disso, controles rotativos de inventário são

executados em muitas empresas (SLACK; CHAMBERS; JOHNSTON, 2002).

Segundo Corrêa, Gianesi e Caon (1999), o impacto da falta de acurácia dos dados de

estoque é, na maioria dos casos, letal para sistemas MRP II.

Se o registro lógico do sistema considerar, por exemplo, que determinada quantidade

de um material encontra-se disponível em estoque, sendo que, na verdade, fisicamente aquela

quantidade não existe. O sistema, confrontado com uma necessidade bruta, vai apenas sugerir

ordens de compra ou produção da quantidade faltante, ou seja, a menor. Isso pode

impossibilitar entregas que foram programadas.

Page 42: CLEIDE BARBOSA GESTÃO DE ESTOQUES DE MATÉRIA …professor.unisinos.br/cd/Tc/TCC Cleide Barbosa.pdf · 2 GESTÃO DE ESTOQUES DE MATÉRIA-PRIMA Nesta seção serão apresentados os

41

Também pode ocorrer de o sistema, por algum erro de apontamento ou entrada de

dados cometido, assumir que há menos material disponível em estoque do que na realidade. O

sistema sugerirá produção ou compra de quantidades desnecessárias, o que eleva o nível de

estoques da empresa, minando o desempenho em custos da organização.

Não é incomum encontrar , mesmo em empresas de porte, percentuais como 60% dos

dados de estoque incorretos, ou seja, registros lógicos de quantidades que não coincidem com

as quantidades físicas. O resultado é sempre a ocorrência de níveis altos de estoque decorrente

de um controle excessivamente frouxo (CORRÊA; GIANESI;CAON, 1999).

2.17.6 A importância da acurácia das estruturas de produtos

As estruturas de produtos precisam ser extremamente acuradas, qualquer coisa

diferente de 100% deveria ser considerado inadequado (CORRÊA; GIANESI;CAON, 1999).

Os efeitos da falta de acurácia dos dados de estrutura são pelo menos tão devastadores

para o desempenho do sistema quanto os efeitos da falta de acurácia dos dados de posição de

estoques, pois se um item é alterado na engenharia, com a substituição de um componente, e

os desenhos novos foram para a produção, mas por alguma imperfeição de procedimento, a

informação da alteração do produto não foi refletida no sistema de gestão, a estrutura de

produtos da base de dados do MRP II continua inalterada.

Isso resultará em falta na linha e atraso na entrega, o que acarreta em

descontentamento de clientes, embarques urgentes e mais caros dos componentes que estão na

falta, e ainda elevação do nível de estoque de componentes desnecessários, entre outras

implicações prejudiciais à competitividade da empresa.

Page 43: CLEIDE BARBOSA GESTÃO DE ESTOQUES DE MATÉRIA …professor.unisinos.br/cd/Tc/TCC Cleide Barbosa.pdf · 2 GESTÃO DE ESTOQUES DE MATÉRIA-PRIMA Nesta seção serão apresentados os

42

2.17.7 Parametrização do sistema MRP

A parametrização de sistemas MRP é, ao mesmo tempo, uma das atividades mais

importantes e mais negligenciadas pelas organizações que o adotam. É uma atividade que

permite que possíveis restrições e características da realidade sejam informadas e, portanto,

consideradas pelo sistema.

A parametrização é a forma de adaptarmos o cálculo do MRP às necessidades

específicas da organização. Como as necessidades e características da organização estão

sempre mudando, é também necessário revisar periodicamente a parametrização para que a

realidade seja refletida o mais fielmente possível no sistema (CORRÊA; GIANESI;CAON,

1999).

2.17.7.1 Principais parâmetros do MRP

2.17.7.1.1 A definição dos lead times

Conforme já mencionado anteriormente, lead time é o tempo que decorre entre a

liberação de uma ordem (de compra ou produção) e o momento a partir do qual o material

referente à ordem está pronto e disponível para uso.

É muito comum encontrar na prática, erros primários na definição de lead times de

produção. Um erro freqüente é a consideração dos lead times como exclusivamente os tempos

de processamento e preparação da máquina, desconsiderando o tempo de fila. Isso leva a um

evidente subdimensionamento dos lead times e o resultado é que o sistema não dará

antecedência suficiente para que a ordem seja aberta e passe por todas as atividades

necessárias a ficar disponível. O resultado será a falta de materiais e a sistemática perda de

Page 44: CLEIDE BARBOSA GESTÃO DE ESTOQUES DE MATÉRIA …professor.unisinos.br/cd/Tc/TCC Cleide Barbosa.pdf · 2 GESTÃO DE ESTOQUES DE MATÉRIA-PRIMA Nesta seção serão apresentados os

43

prazos orçados ao cliente. A recorrência desses efeitos, acaba levando a medidas preventivas

como o aumento dos níveis de estoque (CORRÊA; GIANESI;CAON, 1999).

Outro erro possível é o superdimensionamento, ou seja, quando registramos no

sistema um lead time maior do que o real, ocorrerá o contrário. Dessa forma, o sistema dará

muito mais antecedência que a necessária para o processamento da ordem. O resultado é que

os materiais ficarão sistematicamente prontos antes dos momentos necessários, acarretando

estoques médios e custos maiores que os esperados ou necessários (CORRÊA;

GIANESI;CAON, 1999).

2.17.7.1.2 Definição das políticas e dos tamanhos de lote

Conforme Corrêa, Gianesi e Caon (1999), a correta definição das políticas e dos

tamanhos de lote, tanto de produção como de compras, é fundamental para um bom

desempenho do sistema MRP. Tamanhos de lote superdimensionados acarretarão estoques

médios maiores, com todas as desvantagens disso decorrente: maiores riscos de

obsolescência, maiores custos com capital empatado, menor flexibilidade, maiores tempos de

atravessamento e, maiores tempos de atendimento ao cliente.

2.17.7.1.3 Definição dos estoques de segurança

Estoques de segurança objetivam fazer frente a incertezas em processo de

transformação. Estoques de segurança são parâmetros que, se necessários, devem ser

informados aos sistemas MRP para que os algoritmos de cálculo destes calculem e sugiram

ordens de compra e produção de forma a manter, pelo menos em termos de planejamento, os

estoques dos itens nos níveis definidos (CORRÊA; GIANESI;CAON, 1999).

Page 45: CLEIDE BARBOSA GESTÃO DE ESTOQUES DE MATÉRIA …professor.unisinos.br/cd/Tc/TCC Cleide Barbosa.pdf · 2 GESTÃO DE ESTOQUES DE MATÉRIA-PRIMA Nesta seção serão apresentados os

44

2.17.8 De MRP para MRP II

Sabe-se que não basta garantir a disponibilidade dos materiais para garantir a

viabilidade da produção de determinados itens em determinados momentos. Há outra questão

importante que não é tratada pelo MRP: há capacidade suficiente para realizar o plano de

produção sugerido pelo MRP? Os recursos humanos e equipamentos são suficientes para

cumprir o plano no prazo?

Pesquisadores perceberam que a mesma técnica do cálculo de necessidades utilizada

no MRP, poderia ser utilizada, com pequeno esforço adicional, para calcular também as

necessidades de outros recursos como equipamentos ou mão-de-obra, requerendo apenas

algumas informações adicionais.

Este novo cálculo permite reduzir custos com capacidade ociosa e estoques em

excesso, mantendo os níveis de confiabilidade de entrega.

A inclusão do cálculo de necessidades de capacidade nos sistemas MRP fez com que

um novo tipo de sistema fosse criado, o MRP II, que já não calculava apenas as necessidades

de materiais, mas também as necessidades de outros recursos do processo de manufatura. Este

sistema diferencia-se do MRP pelo tipo de decisão de planejamento que orienta; enquanto o

MRP orienta as decisões de o que, quanto e quando produzir e comprar, o MRP II engloba

também as decisões referentes a como produzir, ou seja, com que recursos (CORRÊA;

GIANESI;CAON, 1999).

Uma das principais vantagens do MRP II é sua natureza dinâmica. É um sistema que

reage bem às mudanças. Esta é uma condição que se torna mais importante a cada dia, em um

ambiente competitivo. A mudança de um item de programa-mestre pode parecer simples,

mas, na verdade, pode afetar centenas de componentes. Reconhecer este tipo de influência

sem um sistema do tipo MRP II seria bastante difícil. Por isso, ele é especialmente útil para

Page 46: CLEIDE BARBOSA GESTÃO DE ESTOQUES DE MATÉRIA …professor.unisinos.br/cd/Tc/TCC Cleide Barbosa.pdf · 2 GESTÃO DE ESTOQUES DE MATÉRIA-PRIMA Nesta seção serão apresentados os

45

situações em que as estruturas de produtos sejam complexas, com vários níveis e vários

componentes por nível e em que as demandas sejam pouco estáveis ou instáveis.

2.18 JIT E MRP

As filosofias do MRP e do JIT parecem ser fundamentalmente opostas. O JIT

incentiva um sistema de planejamento e controle “puxado”, enquanto o MRP é um sistema

“empurrado”, o JIT tem objetivos que vão além da atividade de planejamento e controle da

produção, enquanto o MRP é essencialmente um “mecanismo de cálculo para o planejamento

e controle". Contudo, as duas abordagens podem reforçar uma a outra no mesmo sistema

produtivo, desde que suas respectivas vantagens sejam preservadas (SLACK; CHAMBERS;

JOHNSTON, 2002).

2.18.1 Similaridades e diferenças entre o JIT e o MRP

O MRP procura atender à demanda. As programações para trás no tempo do MRP

demandam peças e subcomponentes, usando a lista de materiais para calcular quantos serão

necessários e quando serão necessários. É dessa forma que o MRP liga a demanda do

consumidor com as redes de fornecimento internas e externas. O JIT possui objetivos

semelhantes. A programação puxada objetiva conectar a rede interna e externa de processos

de fornecimento através de esteiras invisíveis de modo que os componentes só sejam movidos

como resposta a sinais coordenados e sincronizados derivados da demanda do consumidor

final.

A forma de utilização do MRP difere bastante. Os componentes são fabricados em

resposta a instruções centralizadas, independente de o fato do próximo processo poder

absorvê-las ou de fato necessitá-las naquele momento específico. Perturbações diárias, como

Page 47: CLEIDE BARBOSA GESTÃO DE ESTOQUES DE MATÉRIA …professor.unisinos.br/cd/Tc/TCC Cleide Barbosa.pdf · 2 GESTÃO DE ESTOQUES DE MATÉRIA-PRIMA Nesta seção serão apresentados os

46

problemas de qualidade e inexatidão de registro de estoque prejudicam a autoridade do MRP

em fazer com que os planos funcionem no nível do chão de fábrica. Embora o MRP seja

excelente em planejamento, é fraco em controle.

Por outro lado, a programação puxada no estilo JIT objetiva atender à demanda

instantaneamente. Mas o sistema JIT é um conceito reativo que funciona melhor quando a

demanda independente é nivelada e a demanda dependente sincronizada. Embora o JIT seja

bom em controle, é fraco em planejamento.

Dessa forma, o MRP é melhor em lidar com complexidade, mensurado por números

de componentes e produtos acabados. Pode lidar com exigências detalhadas de componentes,

incluindo produtos que são fabricados de forma não freqüente em volumes pequenos. A

programação puxada JIT é menos capaz de responder instantaneamente a mudanças na

demanda à medida que aumenta o número, opções e cores dos componentes. Assim, os

sistemas de produção JIT favorecem desenhos baseados em estruturas mais simples com um

número maior de peças comuns. Essa disciplina desafia as complexidades desnecessárias, de

forma que mais peças possam ser incorporadas ao controle de programação puxada (SLACK;

CHAMBERS; JOHNSTON, 2002).

2.18.2 Sistemas diferentes para produtos diferentes

Pode-se utilizar a programação puxada para itens de “alto fluxo” e “repetitivos”. O

MRP é somente necessário para os itens eventuais, para os quais serão emitidas ordens de

trabalho para determinar o que deve ser feito em cada estágio, sendo o trabalho monitorado de

forma a empurrar os materiais ao longo dos estágios da manufatura (ver figura 7). A

vantagem disso é que o aumento do fluxo e a redução dos estoques fazem com que valha a

Page 48: CLEIDE BARBOSA GESTÃO DE ESTOQUES DE MATÉRIA …professor.unisinos.br/cd/Tc/TCC Cleide Barbosa.pdf · 2 GESTÃO DE ESTOQUES DE MATÉRIA-PRIMA Nesta seção serão apresentados os

47

pena aumentar o número de produtos de alto fluxo e repetitivos, por meio da simplificação do

projeto (SLACK; CHAMBERS; JOHNSTON, 2002).

Programa Mestre de Produção

Vista de Materiais para Itens opcionais

Vista de Materiais para Itens comuns

Taxa de necessidades semanais

Necessidades semanais escalonadas no tempo

Programas

Cartões Kanban Programas de Fornecedores

Programas

Programação de Lotes

Figura 7: Utilizando Kanban para itens de alto volume e MRP para itens de baixo volume. FONTE: SLACK; CHAMBERS; JOHNSTON, 2002, p. 504.

Page 49: CLEIDE BARBOSA GESTÃO DE ESTOQUES DE MATÉRIA …professor.unisinos.br/cd/Tc/TCC Cleide Barbosa.pdf · 2 GESTÃO DE ESTOQUES DE MATÉRIA-PRIMA Nesta seção serão apresentados os

3 MÉTODOS E PROCEDIMENTOS

3.1 DELINEAMENTO DA PESQUISA

O método escolhido e utilizado para a realização deste trabalho foi estudo de caso, o

qual pode abranger pesquisas qualitativas ou quantitativas.

“É caracterizado pelo estudo profundo e exaustivo de um ou de poucos objetos, de

maneira a permitir o seu conhecimento amplo e detalhado, tarefa praticamente impossível

mediante os outros tipos de delineamentos considerados” (YIN, 1981).

Com esta definição torna-se possível justificar a sua utilização nesta pesquisa.

Conforme Yin (1981), o estudo de caso é um estudo empírico que investiga um

fenômeno atual dentro do seu contexto de realidade, quando as fronteiras entre o fenômeno e

o contexto não são claramente definidas e no qual são utilizadas várias fontes de evidência.

Difere dos delineamentos experimentais no sentido de que estes deliberadamente divorciam o

fenômeno em estudo de seu contexto. Também diferem do método histórico, por se referirem

ao presente e não ao passado.

Yin (1981) também menciona que o estudo de caso pode ser utilizado tanto em

pesquisas exploratórias quanto descritivas e explicativas.

Page 50: CLEIDE BARBOSA GESTÃO DE ESTOQUES DE MATÉRIA …professor.unisinos.br/cd/Tc/TCC Cleide Barbosa.pdf · 2 GESTÃO DE ESTOQUES DE MATÉRIA-PRIMA Nesta seção serão apresentados os

49

O método foi escolhido por se enquadrar com os objetivos propostos no trabalho, no

qual encontra-se um problema, que se pretende analisar através de técnicas que possibilitem

um bom entendimento.

Alguns aspectos caracterizam o estudo de caso como uma estratégia de pesquisa, entre

eles: permite o estudo de fenômenos em profundidade dentro de seu contexto; é especialmente

adequado ao estudo de processos e explora fenômenos com base em vários ângulos

(ROESCH, 1999).

Estudar pessoas em seu ambiente natural é uma vantagem do estudo de caso, e uma

diferença básica em relação ao experimento, que é conduzido em ambiente artificial. Também

difere da survey, que agrega os dados dos casos, analisando-os fora de seu contexto. O estudo

de caso é apropriado, quando a ênfase da pesquisa for analisar fenômenos ou processos dentro

de seu contexto (ROESCH, 1999), o que se encaixa totalmente no objetivo desta pesquisa.

Conforme Hartley (APUD Roesch,1999), o ponto forte dos estudos de caso, reside em

sua capacidade de explorar processos sociais à medida que eles se desenrolam nas

organizações. Seu emprego permite, entre outros, uma análise processual, contextual e

longitudinal das várias ações e significados que se manifestam e são construídos dentro das

organizações.

A pesquisa descritiva, que segundo Roesch (1999), tem como objetivo primordial a

descrição das características de determinada população ou fenômeno ou, então o

estabelecimento de relações entre variáveis, caracteriza esta pesquisa, pois um dos objetivos é

descrever a situação atual do setor pesquisado. Para o desenvolvimento da pesquisa

utilizaram-se técnicas padronizadas de coleta de dados, como entrevistas e a observação

participante.

A partir da descrição e análise da atividade de administração de estoques da Digitel –

Ind. de Componentes Eletrônicos, possibilita-se um maior entendimento desta atividade, e

Page 51: CLEIDE BARBOSA GESTÃO DE ESTOQUES DE MATÉRIA …professor.unisinos.br/cd/Tc/TCC Cleide Barbosa.pdf · 2 GESTÃO DE ESTOQUES DE MATÉRIA-PRIMA Nesta seção serão apresentados os

50

permite identificar as dificuldades existentes na gestão atual do processo, que tem causado um

alto nível de estoque de matéria-prima para a empresa, podendo possibilitar o levantamento

de alternativas ainda não utilizadas pela empresa para melhorar a gestão de estoques de

matéria-prima.

3.2 UNIDADE DE ANÁLISE

A pesquisa foi realizada na Empresa Digitel S/A, a qual é uma indústria eletrônica,

líder no segmento de Comunicação de Dados no Mercado Brasileiro de Telecomunicações e

está localizada na cidade de Porto Alegre, no estado do Rio Grande do Sul.

Tendo como foco a gestão de estoques de matérias-primas, a pesquisa estava

embasada, principalmente, no processo de Planejamento e Controle de Materiais (PCM),

cujas atividades são desempenhadas por pessoas colaboradoras do próprio processo, e tomou

por base também, outras atividades afins, como por exemplo, o recebimento de materiais e o

almoxarifado, que estão diretamente relacionadas à gestão de estoques de matérias-primas.

3.3 COLETA DE DADOS

Algumas técnicas de coleta de dados foram utilizadas durante a pesquisa, tais como

entrevistas em profundidade, observação participante e utilização de dados secundários,

provenientes de relatórios, documentos e outras informações internas da empresa.

Foram realizadas entrevistas em profundidade com uma amostra, não probabilística,

por conveniência, ou seja, pessoas que fazem parte do processo e puderam contribuir para a

pesquisa, dentre elas, a pessoa responsável pelo setor de PCM, um funcionário da área de

Controladoria, o responsável pelo setor de Recebimento e Almoxarifado e um funcionário da

área de Operações.

Page 52: CLEIDE BARBOSA GESTÃO DE ESTOQUES DE MATÉRIA …professor.unisinos.br/cd/Tc/TCC Cleide Barbosa.pdf · 2 GESTÃO DE ESTOQUES DE MATÉRIA-PRIMA Nesta seção serão apresentados os

51

Enquanto técnica de coleta de dados, a entrevista é bastante adequada para a obtenção

de informações acerca do que as pessoas sabem, crêem, esperam, sentem ou desejam,

pretendem fazer, fazem ou fizeram, bem como acerca das suas explicações ou razões a

respeito de acontecimentos. Por sua flexibilidade é adotada como técnica fundamental de

investigação nos mais diversos campos, pois permite perguntas abertas, possibilitando

diversos questionamentos e interpretações sobre o assunto.

Para que sejam adquiridos dados com qualidade na entrevista é importante haver

habilidade do entrevistador, um certo nível de confiança que se estabelece entre entrevistador

e entrevistado e demonstração da relevância da pesquisa para os entrevistados. As habilidades

do entrevistador centram-se na capacidade de reconhecer o que é relevante e lembrar ou

gravar para depois redigir suas notas.

Também ocorreu a observação participante do processo, por se tratar de um

pesquisador que é funcionário da empresa em questão e participa da área referida. A

observação apresenta como principal vantagem, em relação a outras técnicas, a de que os

fatos são percebidos diretamente, sem qualquer intermediação. Outras vantagens da

observação participante são o rápido acesso a dados sobre situações habituais em que os

membros das comunidades se encontram envolvidos, o acesso a dados que a comunidade ou

grupo considera de domínio privado e a possibilidade de captar as palavras de esclarecimento

que acompanham o comportamento dos observados.

E também a utilização de dados secundários que são documentos da empresa,

relatórios, e informações contidas no banco de dados do sistema da mesma, os quais já foram

utilizados anteriormente para outros objetivos, e por isso é uma forma de coleta que possui

custo baixo e de rápido acesso. Dentre os relatórios utilizados, estão o relatório de

acompanhamento mensal de saldo de produtos, o relatório de análise e evolução dos estoques

Page 53: CLEIDE BARBOSA GESTÃO DE ESTOQUES DE MATÉRIA …professor.unisinos.br/cd/Tc/TCC Cleide Barbosa.pdf · 2 GESTÃO DE ESTOQUES DE MATÉRIA-PRIMA Nesta seção serão apresentados os

52

e o resumo mensal de estoques, os quais são atualizados com a utilização de dados do sistema

de informação da Digitel.

A pesquisa pôde se basear também em relatórios de inventários realizados no setor de

recebimento e almoxarifado da empresa.

A análise de documentos permite o entendimento de situações que ocorrem atualmente

no processo que foi pesquisado e ainda permite conceituar a organização com base em uma

visão de dentro, ou seja, tirar conclusões sobre o processo, visando a possibilidade de propor

melhorias para este processo.

3.4 ANÁLISE DE DADOS

A análise da pesquisa se deu, principalmente, através da análise do conteúdo dos

dados coletados. Para isso, o pesquisador, ao encerrar sua coleta de dados, se depara com uma

quantidade imensa de notas de pesquisa ou depoimentos, que se materializam na forma de

textos, os quais foram primeiramente organizados, para posteriormente, serem interpretados.

Este método usa uma série de procedimentos para levantar inferências válidas a partir

de um texto. Busca classificar palavras, frases, ou mesmo parágrafos em categorias de

conteúdo.

Roesch (1999) sugere um roteiro simplificado para a realização da análise de

conteúdo:

1-defina as unidades de análise;

2-defina as categorias;

3-com base nas categorias criadas, tente codificar uma parte do texto;

4-codifique o texto;

5-se houver um número grande de casos, estratifique as respostas, elaborando

comparações entre grupos;

Page 54: CLEIDE BARBOSA GESTÃO DE ESTOQUES DE MATÉRIA …professor.unisinos.br/cd/Tc/TCC Cleide Barbosa.pdf · 2 GESTÃO DE ESTOQUES DE MATÉRIA-PRIMA Nesta seção serão apresentados os

53

6-apresente os dados de forma criativa: em quadros comparativos, por exemplo;

7-interprete os dados à luz de teorias conhecidas, ou procure levantar algumas

hipóteses.

As categorias utilizadas foram:

• Estoque de material comum não-ativo;

• Estoque de material comum ativo.

A categoria Estoque de material comum ativo foi subdividida nas seguintes

subcategorias:

• Regras de compras;

• Previsão de vendas;

• Sistema;

• Importação de matéria-prima;

• Alterações/atualizações de estruturas de produtos;

• Inventário.

Page 55: CLEIDE BARBOSA GESTÃO DE ESTOQUES DE MATÉRIA …professor.unisinos.br/cd/Tc/TCC Cleide Barbosa.pdf · 2 GESTÃO DE ESTOQUES DE MATÉRIA-PRIMA Nesta seção serão apresentados os

4 ESTUDO DE CASO: EMPRESA DIGITEL INDÚSTRIA ELETRÔNICA SA

Figura 8: Foto da Empresa (externa).

FONTE: http://www.digitel.com.br/empresa.htm

4.1 CARACTERIZAÇÃO DA EMPRESA

Criada em 1978, a Digitel S/A Indústria Eletrônica é hoje a empresa líder no segmento

de Comunicação de Dados no Mercado Brasileiro de Telecomunicações. A Digitel é a maior

Page 56: CLEIDE BARBOSA GESTÃO DE ESTOQUES DE MATÉRIA …professor.unisinos.br/cd/Tc/TCC Cleide Barbosa.pdf · 2 GESTÃO DE ESTOQUES DE MATÉRIA-PRIMA Nesta seção serão apresentados os

55

fabricante de Modens e Multiplexadores de Dados da América Latina. Desenvolve seus

produtos com tecnologia própria de última geração, o que a coloca entre as mais avançadas

empresas do mundo neste setor.

Além de desenvolver e produzir produtos com tecnologia própria, a Digitel também

mantém parceria com grandes empresas do mundo no setor de Comunicação de Dados para

oferecer uma completa linha de produtos aos seus clientes brasileiros.

Possui um quadro de pessoal com cerca de 170 colaboradores, dos quais mais de 50%

têm formação superior completa ou em andamento, e se dedicam a produzir produtos e

serviços com qualidade superior, como atesta o certificado de qualidade ISO 9001 obtido pela

ABS Quality Evaluations Inc. dos Estados Unidos.

A Digitel produz em torno de 10000 produtos/mês, utilizando tecnologia SMT

(Surface Mounting Technology), em sua fábrica automatizada de 4000 metros quadrados,

localizada na cidade de Porto Alegre/RS.

4.2 DESCRIÇÃO DO PROCESSO

4.2.1 Planejamento e Controle da Produção -PCP

Entende-se por Planejamento e Controle de Produção (PCP) como sendo um conjunto

de várias atividades distintas que se interligam de forma a englobar todas as variáveis

necessárias para atendimento dos requisitos de vendas de produtos aos clientes da Digitel

(RUSSOMANO,1995).

O PCP da Digitel S/A, desenvolve as seguintes atividades: Plano mensal de produção,

plano semanal de produção, programação diária de produção, programação extra-plano,

Page 57: CLEIDE BARBOSA GESTÃO DE ESTOQUES DE MATÉRIA …professor.unisinos.br/cd/Tc/TCC Cleide Barbosa.pdf · 2 GESTÃO DE ESTOQUES DE MATÉRIA-PRIMA Nesta seção serão apresentados os

56

análise de prazos, entrada de pedidos, ordens de modificação de engenharia (OME’S), novos

projetos de produtos e ordem de serviço. Estas atividades podem ser melhor visualizadas, a

partir do esquema a seguir (figura 9):

ESQUEMA DAS ATIVIDADES DO PCP

Figura 9 – Esquema de atividades do PCP

FONTE: Criado pelo pesquisador.

Novos Projetos

Análise de Prazos Tratamento

de OME’s

Plano Mensal de Produção

Entrada de Pedidos

PCP

Programação Extra-Plano

Plano Semanal de Produção

Ordem de Serviço

Plano Diário de Produção

Page 58: CLEIDE BARBOSA GESTÃO DE ESTOQUES DE MATÉRIA …professor.unisinos.br/cd/Tc/TCC Cleide Barbosa.pdf · 2 GESTÃO DE ESTOQUES DE MATÉRIA-PRIMA Nesta seção serão apresentados os

57

4.2.1.1 Plano mensal de produção: serve como elemento base para definir e fornecer

ferramentas adequadas para o cálculo de mão de obra necessária para produção e para

aquisição de matéria-prima dos produtos a serem industrializados dentro de seu tempo de

abrangência .O processo para montagem do plano mensal de produção é coordenado pelo

responsável da área de PCM, através de reuniões de Vendas/Produção.

4.2.1.2 Plano semanal de produção (entrada de matéria-prima): é gerado pelo responsável da

área de PCM a partir do plano mensal de produção e serve como elemento para definição da

programação da fábrica gerada pelo responsável da área de PCP, além de servir como

elemento final para ajuste de compras de matéria-prima.

4.2.1.3 Programação diária de produção: cabe ao supervisor ou encarregado da produção

definir a programação diária de produção, descrevendo para as diversas etapas da área de

produção as sub-montagens e produtos a serem industrializados no mês, fornecendo

informações como data de fabricação, nome da etapa responsável pela realização da tarefa,

quantidade a ser produzida, descrição da sub-montagem e/ou produto, código da sub-

montagem e/ou produto, características especiais para produção.

4.2.1.4 Programação extra-plano (pedidos não previstos): define como devem ser tratados

pedidos não previstos no plano mensal de produção. Este procedimento deve ser executado

com a finalidade de se planejar e controlar todas as variáveis necessárias para definir a

capacidade de produção de pedidos extraordinários e de seus prazos de atendimento.

Page 59: CLEIDE BARBOSA GESTÃO DE ESTOQUES DE MATÉRIA …professor.unisinos.br/cd/Tc/TCC Cleide Barbosa.pdf · 2 GESTÃO DE ESTOQUES DE MATÉRIA-PRIMA Nesta seção serão apresentados os

58

4.2.1.5 Análise de prazos: define a sistemática para análise de prazos para atendimento de

pedidos de fornecimento de produtos para clientes realizados através de consultas da filial e

de representantes de vendas da Digitel.

4.2.1.6 Entrada de pedidos: define a sistemática para a análise das entradas de pedidos junto a

Digitel, bem como as ações para fornecimento dos produtos.

4.2.1.7 Tratamento para ordens de modificação de engenharia (OME): tem finalidade de

definir as datas de efetivação das alterações de estrutura dos produtos elencadas nestas ordens.

4.2.1.8 Novos projetos de produtos: define as atividades para tratamento de novos projetos de

produtos da Digitel com a finalidade de fornecer todos os elementos necessários para a

execução de protótipos durante as fases de desenvolvimento destes produtos até o lote

“cabeça de série de produção” 1quando o produto sai da fase de desenvolvimento e entra no

processo normal de planejamento e controle.

4.2.1.9 Ordem de serviço: utilizada para identificar e controlar todas as atividades de

transformação e/ou retrabalho de produtos e/ou subconjuntos estocados que servirão para

atender a determinadas necessidades de fornecimento de produtos para demonstração e/ou

vendas a clientes de forma a garantir que as características funcionais de projeto do produto

sejam mantidas.

1 Cabeça de série de produção é a denominação do primeiro lote de um novo produto da Digitel.

Page 60: CLEIDE BARBOSA GESTÃO DE ESTOQUES DE MATÉRIA …professor.unisinos.br/cd/Tc/TCC Cleide Barbosa.pdf · 2 GESTÃO DE ESTOQUES DE MATÉRIA-PRIMA Nesta seção serão apresentados os

59

4.2.2 Planejamento e Controle de Materiais -PCM:

O Planejamento e Controle de Materiais (PCM), possui como objetivo permitir o

cumprimento dos prazos de entrega dos pedidos dos clientes, com a mínima formação de

estoques, planejamento de compra e a produção de itens componentes para que ocorram

apenas nos momentos e nas quantidades necessárias, nem mais, nem menos, nem antes, nem

depois.

O setor é o responsável pela determinação das quantidades de matérias-primas a serem

compradas, logo, é o responsável também, pela determinação dos níveis de estoque.

O processo de planejamento de materiais na Digitel é realizado mensalmente e

abrange um horizonte de tempo de três meses. É um processo muito importante que utiliza

informações como previsão de vendas, estoque inicial e estoque de segurança, para

determinar as quantidades necessárias de materiais a serem comprados para que a demanda

prevista possa ser atendida, dessa forma garantindo que os materiais necessários estejam

disponíveis na data e na quantidade necessárias.

4.2.2.1 Atividades do PCM:

O planejamento coerente para se determinar exatamente quando e em que quantidade

os materiais serão necessários é imprescindível.

A proposta do módulo de Planejamento e Controle de Materiais do sistema PACCO

(sistema integrado utilizado pela Digitel), parte do pressuposto de que a maior restrição é a

entrega de materiais pelos fornecedores, e que quaisquer outras variáveis internas já foram

consideradas no planejamento de produção antes de disparar o processo de explosão de MRP.

Page 61: CLEIDE BARBOSA GESTÃO DE ESTOQUES DE MATÉRIA …professor.unisinos.br/cd/Tc/TCC Cleide Barbosa.pdf · 2 GESTÃO DE ESTOQUES DE MATÉRIA-PRIMA Nesta seção serão apresentados os

60

Assim sendo, o sistema determina as quantidades necessárias de cada matéria-prima

no tempo, considerando como referência para cálculo da data de compra a data efetiva de

produção de um produto.

O fluxo de Planejamento e Controle de Materiais pode ser definido como sendo um

conjunto de várias atividades distintas que se interligam de forma a englobar todas as

variáveis necessárias para atendimento das matérias-primas dos produtos Digitel, o qual pode

ser melhor visualizado a partir do esquema a seguir (figura 10):

ESQUEMA DAS ATIVIDADES DO PCM

Figura 10: Esquema de atividades do PCM.

FONTE: Criado pelo pesquisador.

Reunião Plano de Vendas

Análise e Montagem do Plano

Cálculo da média de consumo; consumo por produto; curva ABC

Cálculo da necessidade bruta Exclusão das RC’s Cálculo da necessidade líquida

Rodagem do MRP

Requisição de compra para setor de suprimentos

Page 62: CLEIDE BARBOSA GESTÃO DE ESTOQUES DE MATÉRIA …professor.unisinos.br/cd/Tc/TCC Cleide Barbosa.pdf · 2 GESTÃO DE ESTOQUES DE MATÉRIA-PRIMA Nesta seção serão apresentados os

61

Estas atividades estão assim definidas:

4.2.2.1.1 Reunião de Plano de Vendas/Produção:

É o marco inicial para as definições de quantidades para a rodagem do processo de

MRP. É através desta reunião que são definidos os produtos, acessórios e kits que deverão

estar no plano de produção. É coordenada pelo responsável de PCM, onde participam

representantes da área industrial, comercial e marketing. Estas reuniões ocorrem mensalmente

e como resultado são obtidos novos saldos para vendas que compõem o novo plano de

produção.

O sistema de planejamento (PCM) realiza o cálculo de quantidade a produzir (soma

das previsões de venda do período mais as vendas do período menos os estoques),

considerando os pedidos ativos para o período, o saldo para venda do período informado e

abatem os eventuais estoques que existam de produtos prontos. A existência de estoque de

produtos prontos ocorre quando há devoluções, ou desistência de compra por parte dos

clientes, ou pedidos que aguardam a conclusão de saldo de quantidade para serem entregues,

ou ainda pelo fato de utilizar-se lotes produtivos na fábrica.

4.2.2.1.2 Verificação da situação atual dos números e montagem do plano

Entre a montagem do plano e a execução do cálculo de necessidades, inúmeras

dificuldades operacionais surgem, as quais se não forem analisadas corretamente, geram

quantidades indevidas de estoque. Dentre as quais estão:

• Entre o momento em que os saldos para venda de um período são levantados e o

momento em que é dado o “input” no sistema de planejamento, os pedidos desses saldos de

Page 63: CLEIDE BARBOSA GESTÃO DE ESTOQUES DE MATÉRIA …professor.unisinos.br/cd/Tc/TCC Cleide Barbosa.pdf · 2 GESTÃO DE ESTOQUES DE MATÉRIA-PRIMA Nesta seção serão apresentados os

62

vendas podem ocorrer e até serem faturados, e o cálculo deverá ser refeito, ou seja, enquanto

os números estão sendo calculados, deve haver uma atenção especial, pois qualquer

ocorrência que interfira nestes números, deverá provocar a realização de um novo cálculo;

• A produção pode acabar de produzir um determinado produto. Do momento em

que se determinou a quantidade de produzir para o momento efetivo da rodagem do cálculo na

necessidade de matérias-primas (MRP) tem-se uma necessidade de produzir uma quantidade

menor do que a planejada inicialmente, ou seja, produção em andamento, dever ser

considerada.

Em suma, deve ser “fotografado” o momento anterior à rodagem, a fim de considerar

todas as situações possíveis, para não haver erros nos cálculos das necessidades de matérias-

primas.

4.2.2.1.3 Calcular média de consumo, consumo por produto, curva ABC de Compra:

A partir do momento em que um plano de compras de materiais está montado é

possível obter várias informações através de uma explosão completa dos produtos deste plano.

O sistema realiza o cálculo da média de consumo de matéria-prima para um

determinado período dentro do plano.

Com esta média de consumo e os valores de reposição dos itens é possível gerar uma

curva ABC de Compra, determinando-se os itens mais representativos em valor financeiro

atual e, assim, possíveis itens mais representativos nos estoques futuros.

O sistema possibilita que, conforme a classificação ABC e a procedência (importado

ou nacional) das matérias-primas, seja calculado um estoque de segurança.

Este tipo de estoque é feito para cobrir flutuações aleatórias e imprevisíveis do

suprimento, da demanda ou do lead time. Se a demanda ou o lead time são maiores que o

esperado, haverá um esvaziamento do estoque. O estoque de segurança é mantido para

Page 64: CLEIDE BARBOSA GESTÃO DE ESTOQUES DE MATÉRIA …professor.unisinos.br/cd/Tc/TCC Cleide Barbosa.pdf · 2 GESTÃO DE ESTOQUES DE MATÉRIA-PRIMA Nesta seção serão apresentados os

63

proteger a empresa dessa possibilidade. Sua finalidade é prevenir perturbações na produção

ou no atendimento aos clientes. Também é denominado estoque de armazenamento

intermediário ou estoque de reserva (ARNOLD, 1999).

4.2.2.1.4 Rodagem do MRP no PACCO:

O sistema de PCM possibilita que se surgir uma mudança de planejamento de um

produto, seja alterados as quantidades planejadas do mesmo plano atual e seja executado

novamente o MRP para determinar novas quantidades.

4.2.2.1.4.1 Cálculo da necessidade bruta:

O processo de explosão divide-se em três fases, que são a busca de dados do plano de

planejamento de compras de materiais por produto, a determinação das faltas na linha de

produção, e a determinação das faltas de estoque da matéria-prima.

4.2.2.1.4.2 Exclusão de RC’s (requisições de compra):

Após executar o processo de MRP, que gera uma quantidade bruta de compras, surge a

necessidade de confrontá-lo com as compras reais que estão em andamento, alterando essas

datas para as mais próximas possíveis da data calculada pelo sistema. Para o que não está

coberto por compras deve ser gerada uma solicitação para uma nova compra.

Porém, antes de iniciar esse processo, é necessário eliminar as solicitações de compra

que estejam em aberto e isso deve ser feito antes do processamento do plano. Este processo é

feito porque se existir algum saldo de uma solicitação de compra de um MRP anterior, esse

saldo deve ser descontado para que não se compre em excesso.

4.2.2.1.4.3 Cálculo da necessidade líquida:

Page 65: CLEIDE BARBOSA GESTÃO DE ESTOQUES DE MATÉRIA …professor.unisinos.br/cd/Tc/TCC Cleide Barbosa.pdf · 2 GESTÃO DE ESTOQUES DE MATÉRIA-PRIMA Nesta seção serão apresentados os

64

Após esse processo é possível então calcular a nova quantidade líquida. Mas é

necessário que se crie lotes de entrega conforme a necessidade econômica ou comercial antes

de se realizar esse cálculo.

A reprogramação é o processo que efetivamente altera ordens de compra e calcula a

nova necessidade a comprar.

Os principais passos da reprogramação são:

Consumo do percentual aceitável de segurança : o sistema pode consumir um percentual do

estoque de segurança para evitar que seja comprado muito seguidamente um item.

Agrupamento em lote econômico: de acordo com a classificação ABC de compras.

Agrupamento em lote de fabricação ou compra: agrupa as quantidades das programações de

entregas nas proporções desejadas, de acordo com necessidades internas ou externas.

Postergar a ordem de compra em atraso para a data a prorrogar: a ordem de compra em atraso

é prorrogada para o período mais distante existente do plano, porque o fornecedor não

cumpriu o prazo acordado, e dessa forma a empresa tem o direito de alterar a data para

quando for necessário o recebimento do item.

Prorrogação do não congelado 2para a data de prorrogação: prorroga para a data informada na

reprogramação

Abate do MRP o que é fixo no tempo: o sistema pega a quantidade agrupada por lote de

fornecimento, e abate as quantidades que estão programadas com os fornecedores em datas

fixas. Ocorre quando alguns itens que devem ser abatidos do plano, mas as datas de chegada

são inalteráveis junto ao fornecedor.

Reprograma o congelado3 de cada fornecedor, antecipando as quantidades se necessário: o

sistema procura antecipar as quantidades congeladas para cobrir a falta de material em um

período antes da data do congelamento.

2 Não congelado: refere-se a programação com possibilidade de alteração, junto ao fornecedor, ou seja, previsão de consumo.

Page 66: CLEIDE BARBOSA GESTÃO DE ESTOQUES DE MATÉRIA …professor.unisinos.br/cd/Tc/TCC Cleide Barbosa.pdf · 2 GESTÃO DE ESTOQUES DE MATÉRIA-PRIMA Nesta seção serão apresentados os

65

Reprograma o não congelado: ordens de compra ou programações com data posterior ao

congelamento, o sistema as realoca conforme as datas de necessidade do material.

Atualiza a reprogramação e o arquivo de necessidade: atualiza os arquivos de compras,

alterando todas as datas de entrega das programações envolvidas no processo.

Estabelecida as quantidades a serem produzidas, é feito o processo de MRP, que é o

planejamento das necessidades de materiais em si, onde se definem as datas e as quantidades

necessárias de materiais para poder cumprir com o plano de produção estabelecido.

4.2.2.1.5 Requisições de compra:

Realiza-se então, a última etapa do processo que é a colocação das requisições de

compra para o setor de suprimentos. Assim, é disponibilizado para os compradores, as

requisições para que sejam efetuadas todas as compras necessárias para a produção.

4.3 RESULTADOS

Através da utilização de dados secundários cruzados com o resultado das entrevistas

em profundidade que foram realizadas, foi possível identificar algumas causas, que

proporcionam a elevação do estoque de matéria-prima da Digitel.

Verificou-se a partir dos dados secundários, que o estoque da Digitel está dividido em

duas grandes categorias de estoque de matéria-prima, as quais são: estoque de material

comum não-ativo e estoque de material comum ativo, como poderemos ver a seguir:

• Estoque de material comum não-ativo: representa 36% do estoque total,

significando cerca de R$ 5 milhões.

3 Congelado: termo utilizado para denominar a programação firme com os fornecedores, ou seja, quantidades acordadas para recebimento, sem possibilidade de alteração ou cancelamento.

Page 67: CLEIDE BARBOSA GESTÃO DE ESTOQUES DE MATÉRIA …professor.unisinos.br/cd/Tc/TCC Cleide Barbosa.pdf · 2 GESTÃO DE ESTOQUES DE MATÉRIA-PRIMA Nesta seção serão apresentados os

66

• Estoque de material comum ativo: representa 64%, o que significa em torno de R$

9 milhões.

Estes dados foram extraídos do relatório mensal de acompanhamento dos estoques do

mês de junho do ano corrente.

Salienta-se que o faturamento médio da Digitel é de US$ 3 milhões/mês, o que

significa R$ 80 milhões/ano. Sendo assim, este estoque representa em torno de 20% do

faturamento anual da empresa, o qual está sendo mantido, e conseqüentemente, gerando

vários custos, conforme os conceitos apresentados anteriormente.

A fim de melhor compreender as questões identificadas, segue uma subdivisão em

categorias:

Demonstrativo Analítico de Estoque

R$ 5.185.73536%

R$ 9.062.56464%

Valor em REAIS

TOTAL: R$ 14.248.299Estoque Não Ativo paraPlano de Produção

Estoque de Produtos no Plano

Page 68: CLEIDE BARBOSA GESTÃO DE ESTOQUES DE MATÉRIA …professor.unisinos.br/cd/Tc/TCC Cleide Barbosa.pdf · 2 GESTÃO DE ESTOQUES DE MATÉRIA-PRIMA Nesta seção serão apresentados os

67

• Estoque de material comum não-ativo:

A partir da entrevista em profundidade com a responsável do setor de PCM, e com o

levantamento de dados secundários, verificou-se que o estoque de material não-ativo tem

como principais causas, itens que são rejeitados internamente, ou seja, são impossibilitados de

uso durante o processo interno, e não é possível retrabalhá-los. Essa categoria, chamada de

“sucata”, representa em torno de R$ 1 milhão1. Há também material comprado para novos

projetos, que não são totalmente utilizados em tempo hábil, e acabam como itens

ultrapassados/obsoletos.

Nesses casos, a média de vida dos componentes é de quatro anos, e se houver

qualquer equívoco no lançamento de produtos, o estoque aumenta consideravelmente. Se não

for utilizado dentro desse período, torna-se ultrapassado, sem utilização, pois os novos

produtos exigem, na maioria das vezes, reestruturação dos componentes, ou seja, a grande

maioria dos componentes é substituída.

Hoje, existem em torno de dezessete produtos, considerados ultrapassados, para os

quais, existem matérias-primas específicas disponíveis no estoque, e colaboram para este alto

nível, representando em torno de R$ 2 milhões.

Destacam-se também os produtos que estão em demonstração em clientes, cujas

matérias-primas estão indisponíveis para atender o plano de produção, representando R$ 1

milhão, ou seja, trata-se de matérias-primas de produtos que estão sendo utilizados pelos

clientes, mas que não foram pagos, dessa forma, retendo o capital investido da Digitel, sem

dar o devido retorno, e comprometem a produção de outros produtos que poderiam estar

sendo faturados.

• Estoque de material comum ativo:

1 Valor contábil.

Page 69: CLEIDE BARBOSA GESTÃO DE ESTOQUES DE MATÉRIA …professor.unisinos.br/cd/Tc/TCC Cleide Barbosa.pdf · 2 GESTÃO DE ESTOQUES DE MATÉRIA-PRIMA Nesta seção serão apresentados os

68

Para o estoque de material comum ativo da empresa, observou-se algumas

características relevantes, e desta forma, salientam-se subcategorias, que explicam melhor as

causas deste tipo de estoque. Assim, cada subcategoria abaixo representa uma diferente causa

identificada, a partir do estudo, para o elevado estoque de matéria-prima da Digitel.

- Regras de compras:

Colaboram expressivamente para elevar o estoque de matéria-prima. Destacando-se os

lotes mínimos/múltiplos das embalagens dos fornecedores, e as negociações de itens, nas

quais o setor de suprimentos se compromete em consumir certa quantidade, e, caso não

consuma, acaba tendo que receber o material e se responsabilizar pelo estoque do mesmo. A

funcionária da área de controladoria mencionou, que este material acaba sendo estocado

durante anos, o que prejudica a área financeira da empresa, por se tratar de um capital que está

investido, sem possibilidades de giro imediato, e ainda observa-se a questão de custo de

armazenamento.

- Previsão de vendas:

Outro ponto relevante é salientado em todas as entrevistas em profundidade. A

previsão de vendas é apresentada na reunião de vendas, que é realizada mensalmente, e

composta por um membro de cada setor interessado nestes números. Esta reunião serve como

base para todo o processo de PCM, o qual vai informar as quantidades de matéria-prima a

serem compradas para os próximos três meses.

Foi claramente mencionado que o nível de acerto da previsão de vendas é 45%. Isso é

uma causa relevante para o alto nível de estoque de matéria-prima da empresa, pois se trata de

uma cadeia organizacional, ou seja, os números informados na previsão de vendas dão

subsídio para a compra de matéria-prima, a qual vai ser utilizada, de acordo com o realizado

Page 70: CLEIDE BARBOSA GESTÃO DE ESTOQUES DE MATÉRIA …professor.unisinos.br/cd/Tc/TCC Cleide Barbosa.pdf · 2 GESTÃO DE ESTOQUES DE MATÉRIA-PRIMA Nesta seção serão apresentados os

69

da previsão de vendas. Esta questão também foi abordada pela área de controladoria, na

entrevista, a qual colocou que apesar de o negócio da Digitel exigir um certo tipo de pronto-

atendimento aos seus clientes, necessita apurar melhor sua previsão de vendas, para que o

percentual de erro não seja tão significativo.

Conforme relatório de análise e evolução de estoques, localizado no banco de dados da

empresa, o giro de estoques de matéria-prima está mantendo, atualmente, uma média de 100

dias de estoque. Segundo o responsável do PCM, o ideal seria uma média de 60 dias, para que

pudesse garantir o atendimento aos clientes, em relação ao prazo de entrega exigido dos

produtos, em virtude do lead time dos fornecedores, e assim, reduzindo significativamente os

custos de estoque de matéria-prima. Para melhorar o giro de estoques de matéria-prima, é

válido mencionar que o aperfeiçoamento da previsão de vendas para aumentar o nível de

acerto seria um dos grandes colaboradores.

A área de operações, que realiza a interface entre a área industrial e a área comercial

da empresa, mencionou que a previsão de vendas é prejudicada pela vulnerabilidade da

empresa em relação ao mercado em que está inserida. A Digitel se obriga a se comprometer

com estoques de matéria-prima, para atendimento de prováveis negócios, os quais têm

grandes possibilidades de serem ganhos, conforme posição dos vendedores da empresa. Nessa

linha, corre o risco de não fechar determinado negócio, o que já aconteceu algumas vezes, e

proporciona a elevação imediata do estoque de matéria-prima. É válido mencionar que a

organização deveria dar uma atenção maior, para julgar até que ponto, o negócio em

discussão, realmente está com grande possibilidade de fechamento, uma vez que já ocorreram

alguns casos, nos quais eram considerados deste tipo, e acabaram não sendo finalizados,

causando prejuízos para a Digitel.

Por se tratar de uma empresa de inovação tecnológica, terá dificuldade em utilizar esta

matéria-prima, pois a mesma já está ultrapassada para a fabricação de novos produtos.

Page 71: CLEIDE BARBOSA GESTÃO DE ESTOQUES DE MATÉRIA …professor.unisinos.br/cd/Tc/TCC Cleide Barbosa.pdf · 2 GESTÃO DE ESTOQUES DE MATÉRIA-PRIMA Nesta seção serão apresentados os

70

Este mercado é muito instável, e isso é um dos fatores que colabora para o não

cumprimento da previsão de vendas. Esta instabilidade explica-se pelo nível de tecnologia dos

produtos que a Digitel fornece, por estar inserido num ambiente, que além de ser

extremamente competitivo, por se tratar de concorrentes mundiais, considera-se também no

patamar econômico, a própria variação cambial, entre outras situações.

- Sistema:

Outra questão salientada nas entrevistas em profundidade foi a rodagem do MRP, que

é mensal. Isso não permite uma renegociação com os fornecedores em tempo hábil, a fim de

reprogramar as entregas caso seja necessário. Tornando engessado esse sistema, devido à

política de negociação da empresa, a qual deixa acordado um congelamento de no mínimo

trinta dias de programação com seus fornecedores.

- Importação de matéria-prima:

Na entrevista em profundidade com o responsável pelo Almoxarifado, ele salientou a

questão de importação. A Digitel importa grande parte de sua matéria-prima, o que acarreta

em compra de volumes maiores para compensar os custos de importação e o lead time. A

controladoria mencionou que, comumente, existem itens importados que não são consumidos

na sua totalidade de compra, por se tratar de uma quantidade muito maior do que o previsto a

ser consumido, e antes de ocorrer o consumo dos mesmos, ainda podem ocorrer as

modificações nos projetos dos produtos, tornando-se itens ultrapassados e obsoletos.

- Alterações/atualizações de estruturas de produtos:

Nesta situação, por se tratar de uma empresa que trabalha com produtos de tecnologia

de ponta, ela necessita alterar/atualizar constantemente a estrutura de seus produtos, a fim de

aprimorá-los. Mas como foi mencionado anteriormente, a Digitel se compromete com as

programações junto aos fornecedores. Segundo o responsável do almoxarifado, muitas vezes,

Page 72: CLEIDE BARBOSA GESTÃO DE ESTOQUES DE MATÉRIA …professor.unisinos.br/cd/Tc/TCC Cleide Barbosa.pdf · 2 GESTÃO DE ESTOQUES DE MATÉRIA-PRIMA Nesta seção serão apresentados os

71

ocorrem alterações na estrutura dos produtos, durante a produção de um lote de matéria-

prima. Não tendo tempo hábil para o cancelamento da programação, o que resulta em

recebimento e pagamento do material, o qual, provavelmente, não terá mais utilização. Assim,

salienta-se novamente, o investimento indevido de capital, o custo de armazenagem, entre

outros.

- Inventário:

Conforme a controladoria, o inventário da Digitel é cíclico, ou seja, realizado

semestralmente, sem parada de fábrica. E uma questão identificada no momento do inventário

são divergências de estoque, relacionadas às alterações de estruturas, que não foram aplicadas

antes da rodagem do MRP. O PCM mencionou que isso gera compras de itens, que não são

mais necessários para a montagem do produto, resultando em sobra de material, o que

colabora para a elevação do estoque, seguido por desperdício de capital, que poderia estar

sendo investido em outras áreas.

4.4 ANÁLISE CRÍTICA E CONSIDERAÇÕES

Após a observação das atividades de administração de estoques, realizada pela área de

Planejamento e Controle de Materiais em conjunto com as atividades e Planejamento e

Controle de Produção , pôde-se efetuar uma análise crítica da situação encontrada na empresa

Digitel.

A empresa trabalha com o sistema de produção make-to-order, logo, não tem a

intenção de manter um nível considerável de estoque de matéria-prima para atender a

demanda. Mas deseja atingir um dos seus grandes objetivos, que é a excelência no

atendimento aos clientes, disponibilizando os produtos nas quantidades e datas necessárias.

Page 73: CLEIDE BARBOSA GESTÃO DE ESTOQUES DE MATÉRIA …professor.unisinos.br/cd/Tc/TCC Cleide Barbosa.pdf · 2 GESTÃO DE ESTOQUES DE MATÉRIA-PRIMA Nesta seção serão apresentados os

72

Para cumprir este objetivo, a empresa trabalha com o conceito de Curva ABC, que

“refere-se ao fato de que, grosso modo, 20% de uma linha de produtos (em número de itens) é

responsável por 80% das vendas realizadas (em valor)” (BALLOU, 1995, p.224), conforme

foi visualizado na descrição do processo. Mas este sistema não se mostra totalmente ajustado

na Digitel, de forma que ainda ocorrem casos de compras indevidas de materiais, causando

elevação do estoque, ou seja, é disponibilizado a curva ABC ao setor de compras, a qual

informa, de acordo com a representatividade dos itens, as quantidades e datas necessárias,

para serem disponibilizadas para a produção, mas por alguns motivos não está sendo utilizada

devidamente, como por exemplo, o baixo nível de treinamento dos compradores e parâmetros

do sistema que não estão ajustados corretamente, entre outros. Pôde-se observar, através do

relatório de curva ABC do mês de junho/2005 da Digitel, que entre os itens com maior

estoque, ou seja, menor nível de giro de estoque, encontra-se um muitos itens considerados os

de maior valor, cuja classificação são A e B. Isso eleva bruscamente o valor investido em

estoque de matéria-prima. Em anexo ao trabalho, pode-se observar uma demonstração desta

situação. Dentre os 1937 itens comprados atualmente pela Digitel, selecionou-se os 100 itens

que possuem maior estoque, a partir do relatório analisado. Constatando-se que destes 100, 28

são itens com classificação A e B, os quais têm maior representatividade perante a totalidade

do estoque.

Conforme os conceitos apresentados, é fundamental a elaboração de estratégias para

reduzir os custos dos itens A. Isso, a partir das observações, durante o estudo, não foi

detectado em nenhum momento.

A Digitel enfrenta alguns problemas que a impossibilita de gerir seus estoques da

melhor forma, não possibilitando a redução. Algumas das dificuldades encontradas são:

4.4.1 Estoque de tamanho de lote: é aquele estoque que a empresa adquire para tirar

vantagem de descontos sobre a quantidade, reduzir despesas de transporte, ou mesmo, porque

Page 74: CLEIDE BARBOSA GESTÃO DE ESTOQUES DE MATÉRIA …professor.unisinos.br/cd/Tc/TCC Cleide Barbosa.pdf · 2 GESTÃO DE ESTOQUES DE MATÉRIA-PRIMA Nesta seção serão apresentados os

73

o fornecedor não fornece o insumo em quantidades menores, ou com valor menor que um

mínimo determinado (ARNOLD, 1999).

Na Digitel é bastante comum esta situação principalmente no caso de matérias-primas

importadas, onde a empresa obriga-se muitas vezes a comprar uma quantidade bem maior que

a necessária, para usufruir da redução de fretes, ou se proteger em relação ao lead time do

fornecedor, e acaba deixando estas matérias-primas em estoque por meses.

4.4.2 Fornecimento difícil ou lead time longo: algumas matérias-primas são difíceis

de serem compradas, porque há poucos fornecedores, ou porque eles estão distantes da

empresa, ou ainda porque eles têm dificuldades em produzir ou fornecer a matéria-prima.

Além disso, o lead time que é “o tempo normalmente exigido para a produção de um item

numa quantidade típica de lote” (Arnold, 1999, p. 176) pode ser grande, uma vez que o

fornecedor esteja distante, ou mesmo pelo fato de o fornecedor ter que produzir a matéria-

prima especialmente para a empresa.

Nestes casos, a empresa obriga-se a manter estoques mais altos, para não correr o risco

de ficar sem matéria-prima.

Estas dificuldades são comuns nos casos das matérias-primas importadas, e no caso de

matérias-primas que ela compra de distribuidores no mercado nacional, mas que são

importadas por estes distribuidores.

Um bom exemplo são as “unidades osciladoras”, que são componentes utilizados em

vários produtos da Digitel, e sua fabricação é na China, com lead time médio de oito semanas.

Após sua fabricação, passa por várias etapas de testes, na planta do fabricante no Brasil,

consumindo pelo menos mais uma semana, para então ser entregue na Digitel.

4.4.3 Sistema: Nessa linha ainda, podemos destacar a questão do MRP, no qual

salienta-se a importância da revisão e atualização, com determinada frequência, dos

Page 75: CLEIDE BARBOSA GESTÃO DE ESTOQUES DE MATÉRIA …professor.unisinos.br/cd/Tc/TCC Cleide Barbosa.pdf · 2 GESTÃO DE ESTOQUES DE MATÉRIA-PRIMA Nesta seção serão apresentados os

74

parâmetros do sistema, os quais são fundamentais para o bom funcionamento do mesmo,

principalmente em relação às políticas e tamanhos de lote, estoques de segurança e lead time.

Na Digitel não foi visualizada esta preocupação, através das observações realizadas,

pois se presenciou situações em que os itens possuem os mesmos parâmetros há três ou quatro

anos, ao verificar relatório do sistema.

4.4.4 Previsão de Vendas: Outro ponto é o estoque de matéria-prima por não

cumprimento da previsão de vendas, que se caracteriza por um aumento dos estoques de

matéria-prima pela não produção do que estava previsto, tendo como justificativa, motivos

diversos.

Dentre esses motivos é relevante destacar a instabilidade do mercado, no qual está

inserida, por se tratar de um negócio de produtos de alta tecnologia e inovação, e concorrente

de empresas mundiais, que acabam tendo vantagens, principalmente, no nível econômico.

Entende-se que a previsão de vendas se prejudica também pela falta de investimento

em capacitação dos vendedores, os quais, por isso, não estão aptos para perceber a variação

do negócio durante os processos, que ainda não se definiram. Os vendedores da Digitel

podem ser melhor capacitados, com treinamentos de visão estratégica, de como realizar

pesquisas de mercado eficientes, e ainda ter oportunidades de treinamentos comuns

esquecidos no dia-a-dia, mas que são de extrema importância e devem ser realizados

freqüentemente para a reciclagem dos profissionais, como por exemplo, o treinamento para

excelência no atendimento ao cliente.

O principal método utilizado pela Digitel é o método de opinião da força de vendas, o

qual utiliza a percepção da equipe comercial, as perspectivas de mercado e análise da equipe

de vendas. Sendo assim, enfatiza-se novamente, a importância de capacitação para os

vendedores, para que os possibilitem adquirir uma visão estratégica dos negócios que poderão

ser realizados. Essa sugestão poderá ser melhor visualizada na seção Sugestões de Melhorias.

Page 76: CLEIDE BARBOSA GESTÃO DE ESTOQUES DE MATÉRIA …professor.unisinos.br/cd/Tc/TCC Cleide Barbosa.pdf · 2 GESTÃO DE ESTOQUES DE MATÉRIA-PRIMA Nesta seção serão apresentados os

75

4.4.5 Alterações/atualizações de estruturas: Em relação às alterações das estruturas

do produto, que é de extrema importância, pois conforme os conceitos apresentados, qualquer

coisa diferente de 100% deveria ser considerado inadequado. Os efeitos da falta de acurácia

dos dados de estrutura são considerados devastadores para o desempenho do sistema,

resultando na elevação do nível de estoque de componentes desnecessários, entre outras

conseqüências prejudiciais à empresa.

Por se tratar de uma empresa de grandes inovações tecnológicas, pôde-se notar a falta

de preparação em relação a isto, pois, conforme os entrevistados, isto ocorre comumente na

Digitel.

4.4.6 Inventário: Ainda pode-se ressaltar o inventário da Digitel, que conforme a teoria

analisada, a empresa utiliza uma forma adequada para realizá-lo, que é a contagem cíclica,

pois além de reduzir os custos normais de inventários, também possibilita solucionar

problemas relacionados às diferenças encontradas. Desta forma, colabora para a acurácia dos

dados de estoque, que são fundamentais para o bom funcionamento do MRP. Mesmo assim,

ainda pode ser aperfeiçoada a sua realização, como poderá ser visualizado através da sugestão

apresentada na próxima seção, principalmente, em relação à freqüência com que é realizado,

focando uma questão importante que é “erro humano”, isto é, o erro operacional, e pode

ocorrer comumente em qualquer ambiente organizacional.

4.4.7 Considerações Gerais

Pode-se salientar, dentre as causas encontradas, que colaboram para o alto nível de

estoque de matéria-prima, que a maior constatação considerada foi o baixo nível de acerto na

previsão de vendas. Esta questão é de extrema relevância, pois fornece subsídio para toda a

organização.

Page 77: CLEIDE BARBOSA GESTÃO DE ESTOQUES DE MATÉRIA …professor.unisinos.br/cd/Tc/TCC Cleide Barbosa.pdf · 2 GESTÃO DE ESTOQUES DE MATÉRIA-PRIMA Nesta seção serão apresentados os

76

Outro ponto importante é a relação cliente-fornecedor, ou seja, outros problemas

encontrados estão diretamente ligados com o desenvolvimento de uma relação saudável com

os seus fornecedores, a fim de estreitar aspectos que possam colaborar para a redução de

estoque de matéria-prima.

Após o levantamento dos problemas identificados foi elaborado um quadro onde estão

apresentadas sugestões com o objetivo de reduzir os estoques de matéria-prima da empresa

Digitel. Crê-se que as principais causas que ocasionam o alto nível de estoque foram

mencionados no decorrer deste trabalho.

4.5 SUGESTÕES DE MELHORIA

Após realizar o mapeamento e a análise da empresa Digitel e suas principais

atividades relacionadas à gestão de estoque, unida ao conhecimento teórico, adquirido ao

longo do curso, observou-se a existência de alternativas, que a empresa poderia adotar para

melhorar sua gestão de estoques. Dentre eles, identificou-se e citou-se abaixo alguns, que

estão de acordo com a realidade da organização:

Automatização e melhoria do Planejamento e Controle de Materiais - PCM

A primeira alternativa viável identificada seria a automatização do PCM, que se trata

da criação de um sistema informatizado que seria comumente utilizado pela Digitel e seus

fornecedores, que pode melhorar a interface de relacionamento de ambos, na qual o

fornecedor pode visualizar a programação das necessidades reais da Digitel como um todo, e

não somente necessidades parciais, que hoje, são solicitadas individualmente, de acordo com

as prioridades.

Esta automatização tende a ocorrer da seguinte forma: primeiramente devem ser

realizadas reuniões para esclarecimento do assunto com as partes interessadas, principalmente

Page 78: CLEIDE BARBOSA GESTÃO DE ESTOQUES DE MATÉRIA …professor.unisinos.br/cd/Tc/TCC Cleide Barbosa.pdf · 2 GESTÃO DE ESTOQUES DE MATÉRIA-PRIMA Nesta seção serão apresentados os

77

fornecedores e colaboradores internos da logística da Digitel. Ressalta-se que este sistema

poderá ser acessado diretamente no site da empresa, e não necessita que seja instalado um

programa específico nos computadores. O segundo passo seria o treinamento das partes

envolvidas, que virão a utilizar a ferramenta. Permitindo assim, o sucesso da utilização.

Propõe também o aumento do número de rodagens do MRP, ou seja, rodagem

semanal, pois atualmente é rodado mensalmente. Isso ainda não é feito atualmente, por se

tratar de um processo mecanizado, ou seja, cada tarefa realizada consome muito tempo do

respectivo operador. Assim, até o momento da visualização da programação de compra pelos

fornecedores, já foi ultrapassado, muito provavelmente em mais de uma semana, o que não

viabiliza as rodagens semanais.

Desta forma, também possibilitaria além de uma melhor integração com os

fornecedores, um plano de necessidade mais ajustado, próximo da realidade, uma maior

acuracidade de compras. Viabilizando atingir o objetivo geral, que se traduz como a redução

do estoque de matéria-prima.

Em relação à rodagem do MRP semanalmente, o responsável por este processo, que

tem como responsabilidade todo o processo de PCM, aumentaria o número de rodagens, que

hoje é mensal, para facilitar a interface com os fornecedores, a fim de ajustar as necessidades

de matéria-prima da empresa, que possibilitaria um melhor controle dos estoques, para que

não haja grandes equívocos e possa colaborar para a redução de estoques.

Após as rodagens do MRP, as necessidades então, já poderão ser disponibilizadas

neste sistema informatizado, para que os fornecedores visualizem e possam iniciar seu

processo de atendimento à Digitel. Este processo inclui, a partir do recebimento da

programação de entregas de matéria-prima, o retorno referente às entregas, as posições de

embarque que deverão ser registradas no sistema para consulta das partes interessadas, entre

outras necessidades do setor de logística da Digitel.

Page 79: CLEIDE BARBOSA GESTÃO DE ESTOQUES DE MATÉRIA …professor.unisinos.br/cd/Tc/TCC Cleide Barbosa.pdf · 2 GESTÃO DE ESTOQUES DE MATÉRIA-PRIMA Nesta seção serão apresentados os

78

Alterações/atualizações de estruturas de produtos

Essa questão possui extrema relevância, uma vez que a empresa trabalha com

inovação tecnológica. Portanto deve se preocupar com a elaboração de um procedimento para

que esta tarefa seja realizada a fim de manter a acurácia do processo, bem como a capacitação

de uma equipe responsável, voltada para esta tarefa, prevenindo programações de compras

indevidas, ao mesmo tempo em que estará reduzindo o nível de estoques de matéria-prima.

Inventário

Apesar de o inventário da Digitel estar sendo bem realizado, através da contagem

cíclica, como se pode entender, a partir da teoria citada, também poderia ser aperfeiçoada, de

forma, a ser realizado mensalmente, tomando como base a classificação ABC dos itens. Isso

acarretaria em atingir, principalmente, os estoques dos itens de maior valor e ajudaria na

redução dos custos destes estoques.

Previsão de Vendas

Em relação à previsão de vendas, a Digitel poderia começar a enfatizar a utilização de

outros tipos de métodos, como por exemplo, o método de levantamentos, que verifica a

intenção de compra dos clientes, avaliação da concorrência e análise do rendimento da ação

comercial, e ainda o método de julgamento dos executivos, que é baseado na experiência e

utilização do feeling de mercado dos mesmos. Esse último método já é utilizado atualmente,

mas possui uma participação mínima na elaboração da previsão de vendas, uma vez que, a

responsabilidade maior é alocada nas tarefas dos vendedores, os quais fazem parte do quadro

operacional de funcionários da empresa.

Outro aspecto é o investimento em capacitação para os vendedores, os quais

necessitam aprimorar seus conhecimentos e sua percepção para colaborar na melhoria do

processo. Pode-se destacar treinamentos, focando a visão estratégica dos negócios, realização

Page 80: CLEIDE BARBOSA GESTÃO DE ESTOQUES DE MATÉRIA …professor.unisinos.br/cd/Tc/TCC Cleide Barbosa.pdf · 2 GESTÃO DE ESTOQUES DE MATÉRIA-PRIMA Nesta seção serão apresentados os

79

de pesquisas de mercado eficientes, excelência no atendimento aos clientes, entre outros, de

forma a abranger os quesitos fundamentais que colaboram para a realização da previsão de

vendas e possibilitem o sucesso das vendas efetivas.

Dessa forma, o aperfeiçoamento para a realização da previsão de vendas tende a

aumentar a margem de acertos da mesma, contribuindo significativamente para que os

estoques de matérias-primas comecem a ser reduzidos.

Alienação de bens

Também é válido salientar a possibilidade de criação de um plano de ação junto ao

setor de controladoria para realizar a alienação de bens, para os itens ultrapassados e

obsoletos, os quais colaboram para a elevação do nível de estoque, mas não possuem mais

utilidade para a produção da Digitel. O plano de ação para alienar bens, uma vez desenvolvido

pela controladoria, que é a área responsável por controlar os bens da empresa, tende a

amenizar o impacto no patrimônio líquido da empresa.

Sistema Just in Time

Outra possibilidade para a Digitel seria a implantação do sistema Just in Time (JIT) o

qual, conforme Arnold (1999), visa a eliminação de todo o desperdício e a melhoria contínua

da produtividade. Considera-se ainda que Digitel utiliza o MRP, que pode ser complementar à

fabricação JIT, facilitando a adequação do sistema.

Uma das fontes importantes de desperdício na produção é o estoque, pois a

manutenção de estoques custa dinheiro e o estoque em excesso acrescenta ao produto custos

adicionais.

Dentre os elementos que fazem parte de um sistema JIT, pode-se destacar alguns que

poderiam ser aplicados na Digitel, de acordo com sua realidade, com o objetivo de melhorar

sua gestão de estoques de matéria-prima:

Page 81: CLEIDE BARBOSA GESTÃO DE ESTOQUES DE MATÉRIA …professor.unisinos.br/cd/Tc/TCC Cleide Barbosa.pdf · 2 GESTÃO DE ESTOQUES DE MATÉRIA-PRIMA Nesta seção serão apresentados os

80

-Flexibilidade de processo: desejável para que a empresa possa reagir rapidamente às

mudanças no volume e na combinação de seus produtos, ou seja, produzir de acordo com as

modificações da demanda, que ocorrem comumente no dia-a-dia da empresa, por se tratar de

uma empresa de inovação tecnológica.

A Digitel deve se organizar, de modo que esteja apta para modificar, por exemplo, a

linha de produto que está sendo produzido, em determinado momento, para que, rapidamente,

possa iniciar a produção de outro produto, sem desperdiçar tempo, material ou mão-de-obra.

Assim, deve-se adequar o lay out da fábrica e o maquinário, para que facilite e flexibilize os

processos de produção.

-Parceria com fornecedores: servem para que boas programações sejam mantidas. Se a

parceria for bem estabelecida, ela deve criar uma situação em que ambas as partes ganhem.

Dessa forma, um bom relacionamento com os fornecedores permite que as melhores

condições de fornecimento sejam proporcionadas, como por exemplo, lotes menores de

compras, prazos de pagamentos prolongados, e até mesmo algum tipo de estoque em

consignação, ou seja, possibilidade de a Digitel ter um estoque reservado nos fornecedores,

sem compromisso de aquisição total do mesmo.

A Digitel possui plena condição de otimizar as parcerias com seus fornecedores, por

ter uma equipe de negociadores exclusiva na área de suprimentos para este tipo de atividade,

considerando que possui poder de negociação significativo com a maioria de seus

fornecedores, principalmente, por ser líder no segmento em que atua.

Esta equipe pode trabalhar para escalonar mais as entregas de materiais, conforme as

necessidades de produção.

Também tentar desenvolver o máximo possível de fornecedores aos arredores da

empresa, para facilitar o aumento do número de entregas.

Page 82: CLEIDE BARBOSA GESTÃO DE ESTOQUES DE MATÉRIA …professor.unisinos.br/cd/Tc/TCC Cleide Barbosa.pdf · 2 GESTÃO DE ESTOQUES DE MATÉRIA-PRIMA Nesta seção serão apresentados os

81

Ainda, propor um tipo de consignação com os fornecedores que produzem materiais

com longo lead time, ou estão localizados longe da Digitel, para que seja solicitado o

embarque do material, somente quando necessário, e não exija confirmar pedido com grande

antecedência.

Segue outros elementos que podemos citar, para salientar sua importância, uma vez,

que durante o estudo, não foi medido o nível de sua utilização e eficiência. Enfatiza-se que se

trata de elementos fundamentais para o bom funcionamento da filosofia JIT:

-Envolvimento total dos funcionários: deve haver cooperação e envolvimento de todos

que fazem parte da organização. Os operadores devem assumir a responsabilidade pela

melhoria do processo, pelo controle do equipamento, pela correção de desvios e por se

tornarem veículos da melhoria contínua, ou seja, serem comprometidos com a melhoria da

organização, o que proporcionará o desenvolvimento da lucratividade da mesma, e

consequentemente, a lucratividade pessoal dos funcionários, através de melhorias na política

de recursos humanos. O trabalho em equipe, e a pró-atividade para participação do processo

como um todo, colabora para o aperfeiçoamento do mesmo.

Isso acarreta em satisfação profissional, uma vez que, há o conhecimento da

participação na melhoria do processo da organização em que se está trabalhando, e ainda

satisfação pessoal, por estar sendo recompensado pelas atividades realizadas, seja por

benefícios financeiros ou premiações por mérito.

-Administração da qualidade total: a qualidade é importante para que os clientes

fiquem satisfeitos, e mantenha o custo viável do produto. Sendo assim, um produto que possui

sua qualidade pré-definida, colabora também para a compra de matéria-prima, pois não

exigirá grandes seguranças para reposição de produtos com problemas de funcionamento.

Page 83: CLEIDE BARBOSA GESTÃO DE ESTOQUES DE MATÉRIA …professor.unisinos.br/cd/Tc/TCC Cleide Barbosa.pdf · 2 GESTÃO DE ESTOQUES DE MATÉRIA-PRIMA Nesta seção serão apresentados os

82

A prevenção para a satisfação dos clientes é essencial, e é adquirida a partir da ênfase

em procedimentos para assegurar a qualidade dos produtos. Uma forma é aprimorar

constantemente a fase de testes dos produtos acabados e também realizar um

acompanhamento de pós-venda com os clientes, pois, assim, terá acesso ao feedback do

atendimento, podendo facilitar as melhorias contínuas para a qualidade dos produtos.

O sistema Just in Time pode ser utilizado juntamente com o sistema ABC, a partir do

MRP, para possibilitar o trabalho da empresa que utiliza o sistema make-to-order , o qual

solicita a matéria-prima somente quando são recebidos os pedidos de venda, pois como vimos

nos conceitos apresentados anteriormente, os dois se completam. O JIT sendo bom em

controle, e o MRP sendo excelente em planejamento.

Dessa forma, pode-se utilizar o JIT, através do sistema de Kanban, por exemplo, para

itens de “alto fluxo”, e o MRP para itens com menor volume, e mais complexos.

Segue quadro, o qual resume as sugestões que foram apresentadas anteriormente, para

que a visualização se torne mais fácil:

Page 84: CLEIDE BARBOSA GESTÃO DE ESTOQUES DE MATÉRIA …professor.unisinos.br/cd/Tc/TCC Cleide Barbosa.pdf · 2 GESTÃO DE ESTOQUES DE MATÉRIA-PRIMA Nesta seção serão apresentados os

83

PROBLEMA SUGESTÃO DE MELHORIA

Estoque de material comum não-ativo

- Itens rejeitados sem aproveitamento;

- Itens ultrapassados;

- Alienação de bens.

Estoque de material comum ativo

- Regras de compras; - JIT: parceria com fornecedores.

- Fornecimento difícil ou lead time longo

(importação);

- JIT: parceria com fornecedores.

- Previsão de vendas; - JIT: flexibilizar o processo de produção;

-Utilizar outros métodos (método de

levantamento; método de julgamento dos

executivos);

- Capacitar os vendedores.

- Sistema; - Automatização do PCM.

- Alterações/atualizações de estruturas; - Capacitar e conscientizar os envolvidos, em

relação à relevância deste processo.

- Inventário - Realizar treinamentos com os envolvidos

para reduzir a probabilidade de falha humana;

- Realizar contagem mensal para reduzir

estoques de itens de maior valor.

Page 85: CLEIDE BARBOSA GESTÃO DE ESTOQUES DE MATÉRIA …professor.unisinos.br/cd/Tc/TCC Cleide Barbosa.pdf · 2 GESTÃO DE ESTOQUES DE MATÉRIA-PRIMA Nesta seção serão apresentados os

5 CONCLUSÃO

Este trabalho teve como principal objetivo a identificação e análise das principais

causas que contribuem para os altos níveis de estoque de matérias-primas na empresa Digitel

Indústria Eletrônica SA. Para realizá-lo, foi utilizado o método de estudo de caso, no qual foi

suprido com dados coletados através de entrevistas, dados secundários e observação.

Após a realização da coleta de dados, reuniu-se as informações necessárias para

descrever a situação atual dos processos em estudo, e em seguida, realizar a análise. Como

mencionado anteriormente, após estas etapas, também foi possível propor alternativas de

melhorias para o processo.

Analisando o processo, de forma geral, constatou-se que a empresa utiliza vários

conceitos, de acordo com a teoria estudada, sugeridos por muitos autores, como por exemplo,

o conceito de curva ABC, o qual define a importância de cada item no estoque. Este tipo de

conhecimento e utilização de conceitos facilita muito o aperfeiçoamento dos processos.

Verificou-se durante a pesquisa, que as causas encontradas que contribuem para o alto

nível de estoque de matéria-prima são diversificadas. Entre elas destacam-se dentro da

categoria de estoque de material comum não-ativo, a previsão de vendas, a importação de

matérias-primas, e as alterações/atualizações de estruturas de produtos. Um dos pontos que

torna a pesquisa interessante, é o fato dessas causas poderem ser identificadas, através da

Page 86: CLEIDE BARBOSA GESTÃO DE ESTOQUES DE MATÉRIA …professor.unisinos.br/cd/Tc/TCC Cleide Barbosa.pdf · 2 GESTÃO DE ESTOQUES DE MATÉRIA-PRIMA Nesta seção serão apresentados os

85

coleta de dados, salientando as entrevistas em profundidade com funcionários de diferentes

áreas, e todas elas convergindo para os resultados encontrados.

É importante a avaliação de empresa em relação à questão de realização das sugestões

propostas no trabalho, pois se concluiu que é possível a implementação das mesmas, para

possibilitar a minimização do problema detectado.

Recomenda-se ainda a realização de uma pesquisa futura para aprofundar o problema

desta pesquisa, porém focando por exemplo, o estoque de produtos acabados, o qual podemos

ver durante este estudo, apesar de não ser o foco, que também possui números

representativos.Estes indisponibilizam capital que poderia estar sendo investido em outros

aspectos, ou ainda, apurar outras causas que elevam este estoque.

O método utilizado foi adequado para a realização do estudo, principalmente, pelo fato

em que se acredita que os objetivos foram alcançados, pois se conseguiu identificar um

problema, e ainda sugerir melhorias para reduzi-lo ao final da pesquisa. Salienta-se ainda, que

o fato de o estudo ter sido realizado em uma única empresa não impede de que as sugestões

propostas venham a ser utilizadas, pelo menos parcialmente, em empresas com problemas

similares ao da Digitel.

Em suma, a realização deste estudo foi relevante para o pesquisador, possibilitando

relembrar e enfatizar os conhecimentos apresentados durante o curso de Administração. Com

isso, oportunizou e facilitou a aplicabilidade prática dos mesmos, o que contribuiu para a

aprendizagem e o crescimento pessoal.

Page 87: CLEIDE BARBOSA GESTÃO DE ESTOQUES DE MATÉRIA …professor.unisinos.br/cd/Tc/TCC Cleide Barbosa.pdf · 2 GESTÃO DE ESTOQUES DE MATÉRIA-PRIMA Nesta seção serão apresentados os

REFERÊNCIAS

ARNOLD, J.R. Tony. Administração de materiais. São Paulo: Atlas, 1999.

BERTAGLIA, Paulo Roberto. Logística e Gerenciamento da Cadeia de Abastecimento.

São Paulo: Saraiva, 2003.

BOWERSOX, Donald J.; CLOSS, David J. Logística Empresarial: O Processo de

Integração da Cadeia de Suprimento. São Paulo: Atlas, 2001.

CHING, Hong Yuh. Gestão de estoques na Cadeia de Logística Integrada. São Paulo:

Atlas, 1999.

CORRÊA, Henrique L.; GIANESI, Irineu G.N.; CAON, Mauro. Planejamento,

Programação e Controle da Produção. São Paulo: Atlas, 1999.

MOREIRA, Julio Cesar Tavares. Administração de Vendas. Saraiva, 2004.

ROESCH, Sylvia Maria Azevedo. Projetos de Estágio e de Pesquisa em Administração:

guia para estágios, trabalhos de conclusão, dissertações e estudos de caso. São Paulo:

Atlas S.A, 1999.

Page 88: CLEIDE BARBOSA GESTÃO DE ESTOQUES DE MATÉRIA …professor.unisinos.br/cd/Tc/TCC Cleide Barbosa.pdf · 2 GESTÃO DE ESTOQUES DE MATÉRIA-PRIMA Nesta seção serão apresentados os

87

RUSSOMANO, Victor Henrique. Planejamento e Controle da Produção. São Paulo:

Pioneira, 1995.

SLACK, Nigel; CHAMBERS, Stuart; JOHNSTON, Robert. Administração da Produção.

São Paulo: Atlas, 2002.

VIANA, João José. Administração de Materiais: um enfoque prático. São Paulo: Atlas,

2000.

YIN, Robert K. Estudo de Caso: Planejamento e Métodos. Porto Alegre: Bookman, 2001.

Page 89: CLEIDE BARBOSA GESTÃO DE ESTOQUES DE MATÉRIA …professor.unisinos.br/cd/Tc/TCC Cleide Barbosa.pdf · 2 GESTÃO DE ESTOQUES DE MATÉRIA-PRIMA Nesta seção serão apresentados os

APÊNDICE A – ROTEIRO PARA ENTREVISTAS

Assunto: Pesquisa sobre as causas do alto nível de estoque de matérias-primas

• Fale sobre o estoque de matéria-prima existente na Digitel hoje.

• Como é o controlado o material disponível no almoxarifado, para identificar o que ainda é utilizado, ou não?

• Quais processos são realmente colaboradores para definir os números lançados no

MRP para a compra de matéria-prima?

• No planejamento das necessidades de materiais, quais as dificuldades para definir

quantidades a comprar? • Há identificação de compras não necessárias? Quais são os principais motivos

identificados?

• Em relação ao custo de estoque de matéria-prima, o que pode ser identificado, que poderia ser melhorado no processo?

• A curva ABC utilizada no processo de compras, é realmente útil? Na sua opinião pode

ser aperfeiçoado este processo?

• Na sua opinião, o processo de PCM poderia ser melhorado em algum aspecto? Qual?

• Em relação ao nível de estoque de matéria-prima, o que você acha que pode ser feito para melhorar o controle e reduzir este nível?

Page 90: CLEIDE BARBOSA GESTÃO DE ESTOQUES DE MATÉRIA …professor.unisinos.br/cd/Tc/TCC Cleide Barbosa.pdf · 2 GESTÃO DE ESTOQUES DE MATÉRIA-PRIMA Nesta seção serão apresentados os

ANEXO A – ABC DE COMPRAS DIGITEL – JUNHO/2005

ABC - DE COMPRAS Junho 2005 DESCRICAO ABC stk vlr uni vlr total %

letra %geral VLR ACUMU %ACUMU

C:SUPRES,VARIST,130VRMS,170VCC,0.1W,100PF,T&R1500

A 283.800 0,04 13.608,20 0,30 0,23 3.805.505,34 66,65

DIP SWITCH:8 POLOS(C/ MARCACAO ON)

A 86.124 0,31 27.526,09 0,61 0,48 3.082.207,59 53,98

CHAVE:PUSH,1CEL-2INV,C/RETENCAO,MINIATURA(SUJ)

A 78.564 0,17 13.575,85 0,30 0,23 3.819.081,20 66,89

CI:SMD,RS232 DRI/REC,SIPEX,120KBPS,SOIC16,T&R

A 65.724 0,37 24.691,19 0,54 0,43 3.158.262,70 55,32

I:T10,MIN 1.5MH,24AWG ESMALT,ISOLADO,HORIZONTAL

A 65.610 0,27 18.306,50 0,40 0,32 3.462.631,53 60,65

C:SMD,CER,M.CAM,1210,50V,5%,39NF,NP0,T&R2000

A 51.468 0,5 25.854,94 0,57 0,45 3.108.062,54 54,44

C:SMD TAN 2816/7343/D,100UF,10V,10%,LESR,T&R

A 49.824 0,26 13.355,82 0,29 0,23 3.845.891,17 67,36

I:SMD,22UH,20%,DO3316P,9.4X12.95X5.21MM,T&R1000

A 49.752 0,32 16.326,11 0,36 0,28 3.685.913,24 64,56

CI:SMD,SWITCHING REGULAT,LM2651,TSSOP16,T&R2500

A 49.146 1,62 80.030,82 1,77 1,40 2.017.199,41 35,33

C:SMD,CER,M.CAM,1210,50V,5%,10NF,NP0,T&R2000

A 48.606 0,22 10.986,41 0,24 0,19 3.939.478,26 69

CI:SMD,4 TRI-ST DIF REC,26C31,SOP16(3.9/1.27),T&R

A 47.640 0,25 12.011,94 0,26 0,21 3.883.023,52 68,01

CNC:FEMEA,DELTA,25P,180G,4X40,BX PERF,FRONT FLANGE

A 35.688 0,8 28.552,18 0,63 0,50 2.914.761,01 51,05

CNC:BLOCO DE TERMINAIS,TERMOPLAS,8PIN,6.35MM,S/FIX

A 34.716 0,67 23.475,65 0,52 0,41 3.229.423,97 56,56

PINO P/INSERCAO EM PCI

B 1.629.624

0 8.180,71 0,18 0,14 4.286.747,44 75,08

C:SMD,CER,M.CAM,0805,25V,+80%

B 1.467.192

0 6.484,98 0,14 0,11 4.461.940,67 78,15

Page 91: CLEIDE BARBOSA GESTÃO DE ESTOQUES DE MATÉRIA …professor.unisinos.br/cd/Tc/TCC Cleide Barbosa.pdf · 2 GESTÃO DE ESTOQUES DE MATÉRIA-PRIMA Nesta seção serão apresentados os

90

C:SMD,CER,M.CAM,0805,50V,10%,10NF,X7R,TAPE&REEL

B 1.138.524

0 6.125,25 1,06 0,10 4.525.061,17 79,26

C:SMD TAN 1206/3216/A,10UF,10V,10%,TAPE&REEL

B 275.664 0,03 8.526,28 0,18 0,14 4.220.042,20 73,91

C:SUPRES,VARISTOR,230VRMS,300VCC,0.1W,60PF,T&R1500

B 143.532 0,04 6.997,18 0,15 0,12 4.415.369,90 77,34

D:SMD,ZENER TVS,12V,SMBJ12A,TAPE&REEL

B 101.280 0,08 8.445,73 0,18 0,14 4.245.480,18 74,36

CI:SMD,DIG,CMOS,74HCT573,SOIC 20,TAPE&REEL

B 83.490 0,1 8.902,53 0,19 0,15 4.202.695,91 73,61

C:SMD TAN 2816/7343/D,47UF,20V,10%,T&R2500

B 71.700 0,08 6.430,77 0,14 0,11 4.481.288,78 78,49

C:SMD TAN,1411/3528/B,10UF,20V1%,

B 68.838 0,05 3.463,23 0,60 0,06 4.965.193,04 86,97

CLIP:SMD METAL/FIXACAO BLIND,SHIELD CLIP,T&R2500

B 53.814 0,11 6.124,57 1,06 0,10 4.531.185,74 79,36

I:SMD 1008,6.8UH,TAPE&REEL

B 48.606 0,1 5.198,41 0,90 0,09 4.672.495,58 81,84

CI:SMD,DIG,CMOS,74HCT138,

B 45.132 0,07 3.416,94 0,59 0,05 4.968.609,98 87,03

I:T10,MIN 1.5MH,28AWG ESMALTADO,ISOLADO,VERTICAL

B 43.020 0,21 9.036,35 0,20 0,15 4.175.840,02 73,14

C:FIX,CER,2000V,-20+50%,1000PF,Y5U,TERM=5.0,T&R

B 38.190 0,09 3.617,73 0,63 0,06 4.947.443,57 86,66

CNC:BORDA,2X30P,2.54,180GRS,S/ORELHAS,PCI

B 36.234 0,25 9.273,72 0,20 0,16 4.139.490,84 72,5

JUMPER:PRETO BAIXO PERFIL,2.54,S/ABA

C 469.212 0 1.693,85 0,49 0,02 5.284.334,92 92,56

RR:SMD 1206(3216),63MW,5%,4 X ZERO OHMS

C 304.698 0,01 3.683,79 0,64 0,06 4.932.892,91 86,4

D:LED,DIAM=3MM,VERM,DIFUSO,INTENS=FF

C 199.980 0,02 4.793,52 0,83 0,08 4.752.576,43 83,24

MIOLO-PAPEL A4 90gr.BRANCO,XEROX-3R70351

C 191.772 0 1.455,54 0,42 0,02 5.329.919,36 93,35

RR:SMD 1206(3216),63MW,5%,4 X 22K

C 176.304 0 1.278,20 0,37 0,02 5.376.497,21 94,17

ETIQ:LACRE EXTERNA P/EMB.PAPELAO ENVERNIZADO

C 112.080 0,04 4.645,71 0,80 0,08 4.771.193,33 83,57

C:SMD TAN 1206/3216/A,1UF,16V,10%,TAPE&REEL

C 104.454 0,04 4.518,68 0,78 0,07 4.812.416,88 84,29

D:SMD,SCHOTTKY RECTIFIER,1AMP,30V,SMA,T&R5000

C 101.316 0,05 5.322,12 0,92 0,09 4.661.992,06 81,66

C:SMD,CER,M.CAM,0603,10V,10%,1UF,X5R,T&R

C 100.584 0,03 3.151,29 0,54 0,05 5.004.747,59 87,66

D:SIL,ZEN,6.2V,1W,TR5000

C 88.842 0,02 1.831,92 0,53 0,03 5.254.662,65 92,04

T:SMD,SIL,NPN,SOT-23,MMBT2222

C 78.624 0,01 1.033,11 0,45 0,01 5.437.504,09 95,24

D:SCHOTTKY,30V,200MA,5NS,BAT85

C 75.318 0,02 2.138,27 0,62 0,03 5.193.711,81 90,97

Page 92: CLEIDE BARBOSA GESTÃO DE ESTOQUES DE MATÉRIA …professor.unisinos.br/cd/Tc/TCC Cleide Barbosa.pdf · 2 GESTÃO DE ESTOQUES DE MATÉRIA-PRIMA Nesta seção serão apresentados os

91

KNOB:PRETO,BAIXO PERFIL,P/CHAVE MINIATURA

C 73.500 0,07 5.806,49 1,01 0,10 4.572.956,24 80,1

PAPEL COUCHE 170GR.FOSCO,A4

C 72.606 0,05 4.338,20 0,75 0,07 4.843.260,13 84,83

APOIO DE BORRACHA: GB8000 SHORE 70 A 80

C 53.886 0,03 2.026,65 0,59 0,03 5.216.554,90 91,37

I:SMD 0603,50MA,1000 OHMS @ 100MHZ,MMZ1608,T&R4000

C 47.652 0,02 1.159,37 0,33 0,02 5.398.161,83 94,55

C:FIX,ELE,UNILA,25V,20%,6.3X11MM,100UF

C 43.434 0,03 1.556,67 0,45 0,02 5.311.930,68 93,04

EMB:SACO PLASTICO POLIBOLHA,ANTIESTATICO,27X45CM

C 41.748 0,13 5.427,23 0,94 0,09 4.645.940,22 81,37

R:SMD 0805/2012,5%,33 OHMS,0.1W

D 612.162 0 899,87 0,39 0,01 5.471.209,68 95,83

R:SMD 0805/2012,0 (ZERO) OHM,1.5A

D 408.534 0 600,54 0,26 0,01 5.552.173,97 97,25

R:SMD 0805/2012,5%,100 OHMS,0.1W

D 320.328 0 470,88 0,20 - 5.588.652,46 97,89

RR:SMD 1206(3216),63MW,5%,4 X 10 K

D 207.822 0 1.309,27 0,38 0,02 5.368.720,2 94,03

ETQ:ADES.(MP)6.35X50.8MM, NUM.SERIE GB/PCI/ACESS.

D 150.396 0 729,42 0,31 0,01 5.511.550,49 96,54

C:SMD,CER,M.CAM,0402,16V,+80-20%,100NF,Y5V

D 146.322 0 523,83 0,22 - 5.570.911,44 97,58

C:SMD,CER,M.CAM,0603,16V,10%,100NF,X7R,TAPE&REEL

D 142.020 0 815,19 0,35 0,01 5.490.044,32 96,16

C:SMD,CER,M.CAM,0805,50V,10%,1NF,X7R,TAPE&REEL

D 129.636 0 697,44 0,30 0,01 5.520.765,13 96,7

C:SMD,CER,M.CAM,0402,16V,+80-20%,10NF,Y5V

D 119.550 0 713,71 0,31 0,01 5.513.707,68 96,57

ETIQUETA:ADESIVA,9.53X9.53MM,PARA EPROM

D 67.992 0,03 2.438,87 0,71 0,04 5.147.937,16 90,17

C:SMD,CER,M.CAM,0603,50V,5%,1NF,NPO,TAPE&REEL

D 57.072 0,01 780,17 0,34 0,01 5.497.984,01 96,3

REBITE:POP,3.2X9.5MM,DOMED HEAD,AL/AL,GRIP=4.8-6.4

D 56.706 0,01 949,25 0,41 0,01 5.460.203,31 95,64

PRF:4.2X38,AA,CAB PAN PHILIPS,ZINC BRANCO

D 53.886 0,01 896,66 0,39 0,01 5.473.004,14 95,86

PRF:2.9X4.5,AA,CAB PAN PHILIPS,ZINC PRETO

D 53.886 0 472,58 0,20 - 5.588.181,58 97,88

ETQ:ADES(MP)38X95MM,BRANCO,TRANSTERM,ACRIL FASSON

D 52.776 0,01 641,22 0,28 0,01 5.542.869,89 97,08

C:SMD,CER,M.CAM,0805,50V,5%,330PF,NP0(C0G),T&R

D 51.066 0,01 518,31 0,22 - 5.571.949,09 97,59

C:SMD,CER,M.CAM,0805,25V,10%,2.2NF,NPO,TAPE&REEL

D 49.848 0,02 1.064,25 0,46 0,01 5.428.058,29 95,07

C:FIX,ELE,UNILA,25V,20%,47UF,5X11MM

D 40.416 0,01 772,34 0,33 0,01 5.499.535,85 96,33

Page 93: CLEIDE BARBOSA GESTÃO DE ESTOQUES DE MATÉRIA …professor.unisinos.br/cd/Tc/TCC Cleide Barbosa.pdf · 2 GESTÃO DE ESTOQUES DE MATÉRIA-PRIMA Nesta seção serão apresentados os

92

D:LED,DIAM=3MM,VERD,DIFUSO,INTENS=FF

D 38.550 0,01 769,84 0,33 0,01 5.501.076,61 96,35

ETQ.(MP)ANATEL P/PLACA 6.3X53MM

D 38.118 0,01 563,00 0,24 - 5.557.352,93 97,34

R:SMD 0805/2012,5%,10K,0.1W

E 298.524 0 438,83 0,19 - 5.597.286,42 98,04

R:SMD 0805/2012,5%,1K,0.1W

E 208.380 0 306,31 0,13 - 5.633.035,54 98,66

R:SMD 0805/2012,5%,1.8K OHMS,0.1W

E 197.616 0 290,49 0,12 - 5.637.173,96 98,74

R:SMD 0805/2012,5%,220 OHMS,0.1W

E 164.226 0 241,41 0,10 - 5.647.976,79 98,93

R:SMD 1206,1/4W,5%,1.8K

E 136.254 0 343,36 0,15 - 5.621.978,16 98,47

R:SMD 0805/2012,5%,4.7K,0.1W

E 133.824 0 196,72 0,34 - 5.662.902,63 99,19

R:SMD 0402/1005,5%,47 OHMS,1/16W

E 110.514 0 139,24 0,24 - 5.677.016,71 99,43

R:SMD 0805/2012,1%,604 OHMS,0.1W

E 98.904 0 228,46 0,09 - 5.652.181,96 99

R:SMD 0805/2012,1%,309 OHMS,0.1W

E 97.218 0 224,57 0,39 - 5.653.083,33 99,02

R:SMD 0805/2012,1%,8.25 OHMS,0.1W

E 97.218 0 224,57 0,39 - 5.653.307,91 99,02

R:SMD 0805/2012,5%,47 OHMS,0.1W

E 93.264 0 137,09 0,24 - 5.677.429,69 99,44

R:SMD 0805/2012,5%,270 OHMS,0.1W

E 92.028 0 126,07 0,22 - 5.680.967,15 99,5

R:SMD 0805/2012,5%,56 OHMS,0.1W

E 92.004 0 135,24 0,23 - 5.677.973,62 99,45

R:SMD 0805/2012,5%,470 OHMS,0.1W

E 69.456 0 102,10 0,18 - 5.687.893,26 99,63

R:SMD 1206,1/4W,5%,120 OHMS

E 68.154 0 171,74 0,30 - 5.669.291,13 99,3

R:SMD 1206,1/8W,ZERO OHMS,I=2A

E 67.848 0 134,33 0,23 - 5.678.511,91 99,46

R:SMD 0805/2012,5%,47K,0.1W

E 67.548 0 99,29 0,17 - 5.688.794,64 99,64

C:SMD,CER,M.CAM,0603,50V,5%,100PF,NPO,TAPE&REEL

E 61.590 0 248,20 0,10 - 5.645.776,99 98,89

C:SMD,CER,M.CAM,0603,50V,10%,10NF,X7R,TAPE&REEL

E 60.750 0 235,71 0,10 - 5.649.405,55 98,95

R:SMD 0603/1608,5%,47 OHMS,0.1W

E 57.810 0 78,62 0,13 - 5.693.728,73 99,73

C:SMD,CER,M.CAM,0805,50V,10%,100PF,NPO,TAPE&REEL

E 55.902 0 384,04 0,16 - 5.612.156,48 98,3

ABRACADEIRA DE NYLON AUTO-TRAVANTE,101X2.5X1.0MM

E 55.386 0 312,37 0,13 - 5.631.178,14 98,63

PRF:M3X6,ISO 6G,CAB PAN,PHILIPS,ZINC.P

E 54.150 0 422,36 0,18 - 5.601.573,15 98,11

Page 94: CLEIDE BARBOSA GESTÃO DE ESTOQUES DE MATÉRIA …professor.unisinos.br/cd/Tc/TCC Cleide Barbosa.pdf · 2 GESTÃO DE ESTOQUES DE MATÉRIA-PRIMA Nesta seção serão apresentados os

93

ARL:4.3X9.0X0.8,LISA,ZINC.PRETO

E 53.886 0 128,24 0,22 - 5.679.951,04 99,49

R:SMD 0805/2012,1%,33.2K,0.1W

E 50.358 0 116,32 0,20 - 5.683.749,42 99,55

C:SMD,CER,M.CAM,0805,50V,10%,47PF,C0G,T&R

E 50.178 0 314,61 0,13 - 5.630.865,76 98,63

R:SMD 0805/2012,5%,15K,0.1W

E 49.002 0 72,03 0,12 - 5.695.761,92 99,76

R:SMD 0805/2012,1%,2.1 OHMS,0.1W

E 48.252 0 91,19 0,16 - 5.690.603,91 99,67

R:SMD 0603/1608,5%,1K,0.1W

E 48.210 0 65,56 0,11 - 5.696.992,55 99,78

RR:SMD 1206(3216),63MW,5%,4 X 47 OHMS

E 46.734 0 338,82 0,14 - 5.623.683,82 98,5

R:SMD 0603/1608,0(ZERO) OHMS,1.0A

E 43.992 0 59,82 0,10 - 5.698.244,61 99,81

R:SMD 0402/1005,5%,33 OHMS,1/16W

E 40.230 0 63,16 0,11 - 5.697.629,64 99,8

R:SMD 0603/1608,5%,10K,0.1W

E 36.882 0 50,15 0,08 - 5.700.291,25 99,84

R:SMD 0603/1608,5%,56 OHMS,0.1W

E 36.636 0 84,62 0,14 - 5.692.189,00 99,7