CLIMA ORGANIZACIONAL: UMA FERRAMENTA COMPETITIVA DO ... · um clima favorável, no qual nota-se que...

16
1 CLIMA ORGANIZACIONAL: UMA FERRAMENTA COMPETITIVA DO PROCESSO DE GESTÃO DE UMA EMPRESA MOVELEIRA Caroline Machado Scheibler 1 Priscila Garcia 2 RESUMO A cada dia se torna mais difícil manter os colaboradores engajados com a empresa. Este trabalho faz uma análise do clima organizacional relacionado à gestão de pessoas e à motivação. Como objetivo geral, busca avaliar a motivação no trabalho dos profissionais com a implantação do setor de gestão de pessoas, a fim de identificar possíveis falhas e propor modificações para melhoria. Trata-se, portanto, de um estudo de caso de caráter descritivo com abordagem quali-quantitativa. Diante disso e com base nos dados obtidos por meio de questionário, observou-se um clima favorável, no qual nota-se que os funcionários estão satisfeitos com os temas investigados. Entretanto, algumas melhorias nas ferramentas de gestão foram propostas visando melhorar o clima organizacional e mantê-lo saudável e produtivo. Palavras-chave: clima organizacional, gestão de pessoas, motivação. ABSTRACT Every day it becomes more difficult to keep employees engaged with the company. This paper analyzes the organizational climate related to people management and motivation. As a general objective, aims to assess the motivation in the work of professionals with the implementation of people management sector in order to identify possible failures and propose modifications for improvement. It is, therefore, a descriptive case study with qualitative and quantitative approach. In view of this, based on data obtained by questionnaire, there was a favorable climate in which it is noted that employees are satisfied with the research topics. However, some improvements in the management tools have been proposed aiming to improve the organizational climate and keep it healthy and productive. Key-words: organizational climate, people management, motivation. 1 INTRODUÇÃO Nas últimas décadas, têm-se observado progressos que têm instigado as 1 Graduanda em Administração na Faculdade Dom Alberto. 2 Administradora de empresas. Especialista em Gestão Empresarial. Docente da Faculdade Dom Alberto.

Transcript of CLIMA ORGANIZACIONAL: UMA FERRAMENTA COMPETITIVA DO ... · um clima favorável, no qual nota-se que...

1

CLIMA ORGANIZACIONAL: UMA FERRAMENTA COMPETITIVA DO PROCESSO

DE GESTÃO DE UMA EMPRESA MOVELEIRA

Caroline Machado Scheibler1

Priscila Garcia2

RESUMO

A cada dia se torna mais difícil manter os colaboradores engajados com a empresa.Este trabalho faz uma análise do clima organizacional relacionado à gestão depessoas e à motivação. Como objetivo geral, busca avaliar a motivação no trabalhodos profissionais com a implantação do setor de gestão de pessoas, a fim deidentificar possíveis falhas e propor modificações para melhoria. Trata-se, portanto,de um estudo de caso de caráter descritivo com abordagem quali-quantitativa.Diante disso e com base nos dados obtidos por meio de questionário, observou-seum clima favorável, no qual nota-se que os funcionários estão satisfeitos com ostemas investigados. Entretanto, algumas melhorias nas ferramentas de gestão forampropostas visando melhorar o clima organizacional e mantê-lo saudável e produtivo.

Palavras-chave: clima organizacional, gestão de pessoas, motivação.

ABSTRACT

Every day it becomes more difficult to keep employees engaged with the company.This paper analyzes the organizational climate related to people management andmotivation. As a general objective, aims to assess the motivation in the work ofprofessionals with the implementation of people management sector in order toidentify possible failures and propose modifications for improvement. It is, therefore,a descriptive case study with qualitative and quantitative approach. In view of this,based on data obtained by questionnaire, there was a favorable climate in which it isnoted that employees are satisfied with the research topics. However, someimprovements in the management tools have been proposed aiming to improve theorganizational climate and keep it healthy and productive.

Key-words: organizational climate, people management, motivation.

1 INTRODUÇÃO

Nas últimas décadas, têm-se observado progressos que têm instigado as

1 Graduanda em Administração na Faculdade Dom Alberto.

2 Administradora de empresas. Especialista em Gestão Empresarial. Docente

da Faculdade Dom Alberto.

2

instituições a procurar novas maneiras de gerenciar seus recursos com a finalidade

de aumentar o desempenho através do investimento na gestão de pessoas, com

desenvolvimento do capital humano (SOVIENSKI; STIGAR, 2008).

Visando aumentar o nível de comprometimento dos funcionários é

fundamental analisar a situação atual do clima organizacional e alguns fatores que o

influenciam. O clima organizacional está ligado à motivação e envolve a percepção

do ambiente pelos colaboradores (CHIAVENATO, 2002).

Será apresentado um estudo sobre a empresa Geração Materiais para

Móveis Ltda., que há 27 anos atua no setor de comércio moveleiro. O objetivo geral

é avaliar a motivação no trabalho dos profissionais com a implantação do setor de

gestão de pessoas, a fim de identificar possíveis falhas e propor modificações para

melhoria. Como objetivos específicos busca-se definir o papel da gestão de pessoas

na motivação e desempenho; analisar a influência da motivação no funcionamento

da empresa; analisar benefícios oferecidos que possam influenciar no desempenho

dos colaboradores; analisar a relação entre empresa/colaboradores e clima

organizacional; mensurar o nível de satisfação dos funcionários; propor melhorias

nas ferramentas de gestão de pessoas.

Por fim, estima-se através deste trabalho estabelecer uma compreensão do

funcionamento de uma organização em relação à gestão de pessoas e motivação de

seus funcionários, procurando evidenciar a importância da teoria relacionada à

prática dentro do ambiente organizacional.

2 REVISÃO DE LITERATURA

2.1 Clima Organizacional

O clima organizacional relaciona-se diretamente com o grau de motivação dos

colaboradores, pois é um sentimento expressado pelos colaboradores, por um

determinado período, na empresa. Esse sentimento pode ser negativo ou positivo,

refletindo nas atitudes da empresa, no ambiente de trabalho, na concorrência e até

no desenvolvimento dos produtos (TRIERWEILLER et al., 2010).

Em resumo, um ambiente de trabalho saudável evita afastamentos, reduz o

absenteísmo, minimiza custos com saúde, custos causados pela alta rotatividade,

3

aumenta a produtividade, aumenta a qualidade dos produtos e serviços.

2.2 Cultura Organizacional

Qualquer empresa, por mais simples que seja, tem uma cultura própria, que

se manifesta através de seus valores, regras, costumes e tradições. Luz (2003)

explica que a cultura dá um modo particular a cada organização, ou seja, é como a

personalidade de uma pessoa, moldando uma identidade e caracterizando a

empresa.

Em suma, buscando solucionar problemas e também buscando equilíbrio e

coerência, a partir de experiências positivas e padrões de comportamento, as

organizações descobrem estratégias que funcionam e dão certo. A partir do

aprendizado adquirido, as organizações consolidam valores e regras percebidas

como responsáveis pelo seu sucesso (MOTTA; VASCONCELOS, 2013).

2.3 Motivação

É difícil definir parâmetros universais para a motivação das pessoas, pois

cada indivíduo é afetado de uma maneira diferente. Além disso, o autor afirma que

os interesses e objetivos se modificam ao longo dos anos. (CHIAVENATO, 2004)

Muitas empresas possuem uma gestão tradicional que trata a motivação

apenas como políticas que atendem necessidades primárias (plano de saúde,

seguro de vida, salários compatíveis com o mercado, refeitório etc.). Isso faz com

que se torne uma gestão ineficaz. Essas empresas não entendem que essas

práticas não motivam seus funcionários, pois elas somente atendem o mínimo de

suas necessidades básicas. Com isso, “o trabalhador pode estar satisfeito, mas não

necessariamente motivado” (MARRAS, 2011, p. 281).

Em 1948, Maslow propôs um tipo de classificação da motivação humana

seguindo uma hierarquia: no primeiro nível estão as necessidades corporais ou

fisiológicas, seguidas da necessidade de segurança, logo depois a necessidade de

participação e amor, necessidades de consideração e no último nível, necessidades

de ego e autorrealização (BERGAMINI, 2005).

4

Figura 1: Pirâmide de Maslow

Fonte: Oliveira (2011), citado por Philerno et al. (2012, p.45).

Ferreira e Demutti (2013) explicam que Maslow faz uma caracterização

psicológica e operacional entre as necessidades do pico da pirâmide e as

necessidades da base. Conforme os autores, para Maslow as pessoas compartilham

a necessidade de alimentos com todos os seres vivos, por exemplo, mas as

necessidades de autorrealização não compartilham com ninguém. Dessa forma,

quanto mais alta é a necessidade mais especifica de cada um ela é. Além disto, o

não atendimento dessas necessidades, não produz uma reação desesperada, como

a privação de alimento ou moradia.

2.4 Gestão de pessoas

Antigamente, uma visão mecanicista, impulsionada por Taylor e Fayol,

considerava as organizações como máquinas e seus funcionários somente como

peças e engrenagens (KNAPIK, 2006).

Ao longo do tempo, as empresas tiveram que enfrentar vários desafios e

críticas em relação ao papel dos indivíduos na organização. A mudança principal foi

a proposta de consideração dos trabalhadores como parceiros e o reconhecimento

como colaboradores, fornecedores de conhecimento, habilidades e capacidades

(GIL, 2001).

Assim, a gestão de pessoas adquiriu uma função gerencial que tem como

meta o alcance de objetivos organizacionais e individuais através da colaboração e

engajamento dos funcionários, no sentido de enfrentar obstáculos e superá-los (GIL,

5

2001).

3 METODOLOGIA

O presente trabalho caracteriza-se como um estudo de caso aplicado,

empregando um enfoque quali-quantitativo descritivo, pois trata-se de um estudo

onde o ambiente é fonte direta de coleta de dados e se mantém contato direto com

trabalho intensivo de campo (FREITAS; PRODANOV, 2013). Caracteriza-se como

um estudo profundo e exaustivo de um fenômeno atual, que possibilita

conhecimento amplo e detalhado do tema. Além disso, as pesquisas descritivas

buscam possíveis ligações entre variáveis, bem como a natureza dessa relação

(GIL, 2009).

Em resumo, é uma abordagem mista, em que os dados coletados em uma

pesquisa quantitativa fornecem recursos estatísticos que são analisados com base

no referencial teórico de uma pesquisa qualitativa, ou seja, uma completa a outra

(LIMA, 2008).

Foi realizada uma ampla pesquisa bibliográfica, com o intuito de coletar

informações genéricas ou específicas sobre o assunto estudado (LIMA, 2008). A

partir dos dados coletados e fundamentação teórica, foi possível a elaboração de um

questionário referente ao clima organizacional e os fatores de satisfação e

motivação de funcionários. As informações obtidas pelo questionário foram

organizadas e analisadas através do Sphinx, utilizando a porcentagem para medi-las

e compará-las.

4 DESCRIÇÃO, ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

Gráfico1: Idade.

6

O gráfico aponta que a maioria (48,6%) dos funcionários entrevistados é

jovem, com idades entre 21 e 30 anos, seguido de 31,4% com idades de 31 a 40

anos, 14,3% de 41 a 50 anos e apenas 5,7% com idade superior a 50 anos.

A empresa estudada possui colaboradores de diversas idades, mas com

predominância de jovens pertencentes à chamada geração Y. Conforme Oliveira

(apud FANTINI; SOUZA, 2015) cada geração possui características próprias quanto

às suas motivações e cada uma reage com um comportamento, refletindo nas suas

decisões.

Gráfico 2: Tempo de empresa.

O gráfico 2 analisa o tempo de trabalho de cada funcionário na empresa.

Apenas 19,4% estão na empresa há menos de um ano, seguido por 32,3% que

trabalham na empresa entre 1 e 5 anos, 32,3% entre 6 e 10 anos e 16,10% estão na

empresa entre 11 e 20 anos. Cinco pessoas não responderam à pergunta.

Percebe-se que em relação à rotatividade de pessoas, o percentual é

relativamente baixo, pois a maioria dos colaboradores permanece vários anos na

empresa. Segundo Cardoso et al. (2013), o índice de rotatividade é extremamente

relevante para a implementação e avaliação de estratégias.

Gráfico 3: Liderança (gerentes/chefes/diretores).

7

No gráfico acima nota-se que a grande maioria mostra-se satisfeita com suas

lideranças, visto que 72,2% dos questionados responderam “satisfeito”, 22,2%

responderam “muito satisfeito” e apenas 5,6% consideram-se insatisfeitos. Os

resultados sugerem um bom relacionamento com a liderança.

A satisfação dos trabalhadores com seus líderes tende a aumentar quando

estes exercem sua função com qualidade, conhecimento técnico, considerando

questões administrativas e humanas, quando fornece feedback necessário e trata de

modo justo toda a equipe (LUZ, 2003).

Gráfico 4: Treinamento e Desenvolvimento.

Neste tópico, 80,6% dos respondentes responderam que estão satisfeitos,

8,3% consideram-se muito satisfeitos e apenas 4 pessoas, o equivalente a 11,1%,

consideram-se insatisfeitos.

Segundo Chiavenato (apud BRUXEL; JUNQUEIRA, 2011) treinamento e

desenvolvimento são processos que permitem o aprimoramento de competências

para que as pessoas se tornem mais produtivas, inovadoras e contribuam para os

objetivos organizacionais. É uma maneira eficaz de agregar valor aos colaboradores,

à organização e aos clientes.

Gráfico 5: Ambiente de trabalho.

8

Quanto ao ambiente de trabalho (gráfico 10), o índice foi de 55,6% para

“satisfeito”, 36,1% para “muito satisfeito” e 8,3% para “insatisfeito”.

Para Taglioco e Araújo (2011), as organizações precisam direcionar-se mais

para os colaboradores, buscando melhorar o ambiente organizacional, pois como

explicam Cox e Ferguson (apud TAGLIOCO; ARAÚJO, 2011), o ambiente de

trabalho é apoiado em uma relação entre os fatores organizacionais e a percepção

destes por cada trabalhador.

Gráfico 6: Relacionamento entre os funcionários.

O altíssimo índice de satisfação de 97,2% demonstra a saudável relação

entre funcionários da empresa em estudo. Esse número se torna ainda mais

importante quando se leva em conta que, em uma equipe de trabalho, existem

pessoas de diversas idades, opiniões, crenças e valores. Equipes integradas ajudam

a criar e manter ambientes motivadores e de grande poder competitivo (KAHALE

apud VIEIRA; VIEIRA, 2013).

Gráfico 7: Comunicação e transparência da empresa.

9

Observou-se que a maioria dos respondentes, o equivalente a 47,2%,

consideram-se satisfeitos em relação à comunicação e transparência, 33,3%

considera-se muito satisfeito. A comunicação interna mostrou-se favorável entre a

empresa e a equipe. Porém, o índice de insatisfação de 19,4% é relativamente alto.

De acordo com Vergara (2003), citada por Bruxel e Junqueira (2011), a

comunicação é a base do trabalho em equipe, devendo ser aberta, franca e

respeitada mutuamente. O processo de comunicação torna o sistema empresarial

dinâmico, auxilia na tomada de decisão e reflete o clima organizacional

(CHIAVENATO apud MACHADO; GOULART, 2013).

Gráfico 8: Valorização do funcionário.

No gráfico acima, expõe-se 61,1% de satisfeitos, 22,2% de muito satisfeitos,

11,1% de insatisfeitos e 5,6% de muito insatisfeitos. O que geralmente causa essa

diferença de opiniões é a maneira como as necessidades individuais são atendidas.

Os anseios variam de uma pessoa para outra e o que agrada um pode não agradar

ao outro. Vieira e Vieira (2013), afirmam que, conforme Kahale (2003), profissionais

entusiasmados, felizes e que veem seu trabalho sendo reconhecido, aumentam seu

rendimento e, por consequência, a produtividade da organização também.

10

Gráfico 9: Oportunidades de crescimento.

Como mostra o gráfico acima, verificou-se entre os funcionários entrevistados

que o índice de satisfeitos chegou a 61,1%, seguido de “muito satisfeito” com 19,4%,

insatisfeitos com 16,7% e “muito insatisfeito” com 2,8%. Cada vez mais utilizados

nas organizações, os programas de promoção têm mobilizado o setor de recursos

humanos visando tornar o ambiente organizacional mais agradável e produtivo.

Assim, de acordo com Taglioco e Araújo (2011) a promoção ou crescimento, quando

transparentes servem de incentivos, provocando motivação nos colaboradores.

Gráfico 10: Salário.

Observando-se o gráfico acima, foi possivel analisar que 27 respondentes

(77,1%) estão satisfeitos com os salários que recebem, 2 consideram-se muito

satisfeitos (5,7%). Percebe-se que 6 colaboradores (17,1%) consideram-se

insatisfeitos com os salários adotados pela empresa. A questão salarial é importante,

segundo Kahale (apud VIEIRA; VIEIRA, 2013), pois está diretamente ligada à

satisfação de necessidades de cada pessoa. Conforme Luz (2003), o salário deve

proporcionar uma vida digna aos colaboradores, que devem ter conhecimento dos

critérios utilizados pela organização para o programa de cargos e salários.

11

Gráfico 11: Benefícios oferecidos.

O gráfico apresentou satisfação de 31 respondentes (88,6%) e muita

satisfação para quatro respondentes (11,4%). Uma pessoa não respondeu à

pergunta. Um bom programa de benefícios desenvolve a autoestima dos

funcionários e amplia o bem-estar dos que se dedicam ao trabalho, tendo em vista

um máximo desempenho do colaborador na realização de suas atividades (SILVA,

2012).

Gráfico 12: Principal razão para trabalhar na empresa.

A estabilidade mostrou-se a principal motivadora para a permanência na

empresa, com 34,3%, seguido da realização (22,9%) e do salário (14,3%). Em

menor grau, aparecem o reconhecimento e a oportunidade de crescimento, ambas

com 11,4%, e os benefícios e imagem da empresa, com 2,9% cada um.

Observou-se, que os participantes manifestaram maior motivação associada

aos níveis de segurança e aspectos ligados à estabilidade no emprego,

preocupação com o futuro. Esses temas foram vistos pelos participantes como

sendo algo que eles buscam e valorizam dentro do seu ambiente de trabalho.

Gráfico 1: Maiores preocupações dos colaboradores.

12

Conforme Trierweiller et al. (2010, p. 2) identificar “fatores de satisfação e

motivação é fundamental para perceber o que é mais valioso para os

colaboradores”, que na pesquisa utilizou a Pirâmide de Maslow como base. A saúde

é o aspecto que mais preocupa os respondentes, com 41,7% das respostas. Em

seguida aparece a segurança com 27,8%, a realização pessoal, apontada por 25%

dos profissionais e alimentação com 5,6%.

Em resumo, um aspecto interessante do estudo foi aquele que não apontou

diferenças de idade ou de tempo de serviço no perfil motivacional, o que vai contra

alguns conceitos estudados ao longo do trabalho. Esperava-se que funcionários

mais novos tivessem maiores preocupações com autorrealização, o que implicaria

na facilidade em mudar de emprego. Porém, a estabilidade no emprego é o fator de

maior importância, isso enfatiza-se mais quando se analisa que a maioria dos

entrevistados trabalha na empresa há mais de 1 ano e cerca de 65% têm entre 21 e

40 anos de idade.

Considerando-se que, nos dias atuais, o mercado de trabalho está cada vez

mais competitivo, o nível de desemprego aumentando, e que em empresas privadas

(como a deste estudo) o risco de instabilidade pode ser maior, entende-se a

preocupação maior com a manutenção do emprego traduzida na valorização das

necessidades de segurança.

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Importantes desafios norteiam as organizações atualmente, sendo que um

deles é a adaptação dos colaboradores aos grupos ou setores, pois é necessário

compreender que cada indivíduo é diferente, carregando seus valores culturais,

preferências de estilo de vida e jeito de trabalhar.

13

Consoante a isso, as empresas precisam investir em uma gestão mais

estratégica, deixando de lado modelos antigos de administração de recursos

humanos que visavam apenas à folha de pagamento.

Tendo em vista o papel da gestão de pessoas na motivação e desempenho,

Torna-se necessário manter a equipe unida, com profissionais qualificados e

motivados, para se obter melhores resultados. O que converge para as principais

funções da gestão de pessoas é a agregação, aplicação, recompensa,

desenvolvimento, manutenção e monitoramento das pessoas.

Quanto à influência da motivação no funcionamento da empresa é importante

destacar que os profissionais passam grande parte do seu tempo dentro das

empresas e o nível de satisfação influencia no desempenho de suas atividades, pois

um ambiente organizacional saudável gera envolvimento e comprometimento,

criando vínculos e direcionando para objetivos comuns.

Em relação aos benefícios oferecidos que possam influenciar no desempenho

dos colaboradores, julgando que as organizações esperam que seus funcionários

mantenham-se engajados e produtivos, elas necessitam criar mecanismos que

propiciem reconhecimento e segurança, pois os benefícios são de grande

importância para a valorização profissional.

Analisando a relação entre empresa/colaboradores e clima organizacional,

através dos dados obtidos, constatou-se que os respondentes demonstraram a boa

relação empresa x colaborador. A saudável harmonia do trabalhador com a empresa

é ponto preponderante para que as tarefas sejam executadas de maneira

eficiente. Percebe-se que o relacionamento, o ambiente de trabalho, a comunicação

aberta e a confiança entre todos os membros da equipe são grandes influenciadores

no clima organizacional. Essa relação tem um papel essencial na criação de um bom

ambiente de trabalho, onde as pessoas sentem prazer em trabalhar. Quando se

sentem valorizados e motivados, os profissionais executam as tarefas de maneira

correta e com ânimo.

Partindo da análise das informações resultantes da pesquisa de clima

realizada, foi possível mensurar o nível de satisfação dos funcionários e de maneira

geral, observou-se que os colaboradores sentem-se satisfeitos com a organização,

devido ao número expressivo de respostas positivas em toda a pesquisa, pois

poucas respostas foram classificadas como “insatisfeito”, “muito insatisfeito” e “sem

opinião”.

14

Com a verificação da pesquisa de clima organizacional, ficou caracterizado

que o clima no seu contexto geral é favorável. Entretanto, alguns aspectos internos

da organização não criam os estímulos esperados pelos colaboradores, gerando

estresse em alguns casos pontuais. Sendo assim, algumas melhorias serão

propostas nas ferramentas de gestão de pessoas.

Tendo em vista o exposto, propõe-se a criação de um sistema de RH,

alimentado com insumos sobre treinamentos, benefícios e avaliações dos

colaboradores, a fim de acompanhar a vida funcional dos colaboradores, visando

inclusive, à movimentação interna e ascensão funcional do colaborador.

Sugere-se a implantação de descrição e análise de cargos, pois, através

deste, será possível especificar as exigências do cargo e do ocupante, planejar uma

entrevista estruturada e definir qual o método de recrutamento e seleção a ser

utilizado para cada função, facilitando a identificação do perfil de candidato desejado

pela organização.

Outra melhoria é a implantação do plano de carreira na empresa voltado à

valorização do indivíduo, onde será possível capacitar os profissionais que fazem

parte da organização, gerando motivação aos colaboradores e minimizando custos

com novas contratações. Sugere-se que a empresa, ao adotar essa política, passe a

preencher alguns cargos pelo recrutamento interno para gerar uma valorização do

funcionário com transferências e promoções.

Outro ponto colocado como melhoria é a ampliação de treinamento e

desenvolvimento para os colaboradores dentro da empresa, sendo esta de

fundamental importância para a gestão de RH da organização para minimizar custos

e queda no desempenho das funções. Uma opção para a capacitação profissional

seria investir em palestras e treinamentos, e oferecer incentivos para colaboradores

que desejam aprimorar seus conhecimentos fazendo cursos de graduação.

6 REFERÊNCIAS

BERGAMINI, Cecília W. Psicologia aplicada à administração de empresas:psicologia do comportamento organizacional. 4ª ed. São Paulo: Atlas, 2005.

CARDOSO, Mauricio F. et al. O impacto da rotatividade e do absenteísmo depessoal sobre o custo do produto: um estudo em uma indústria gaúcha. Revista deGestão, Finanças e Contabilidade. Salvador, vol. 3, n. 1, jan./abr., 2013.

15

CHIAVENATO, Idalberto. Recursos Humanos. 7ª ed. São Paulo: Atlas, 2002.

______. Planejamento de recrutamento e seleção de pessoal: como agregartalentos a empresas. 5ª ed. São Paulo: Atlas, 2004.

FERREIRA, André; DEMUTTI, Carolina. A influência do nível educacional napercepção da Teoria das Necessidades de Maslow no ambiente de trabalho. RevistaUniabeu. vol. 6, n. 13, p.60, 2013.

FREITAS, Ernani C.; PRODANOV, Cleber C. Metodologia do trabalho científico:métodos e técnicas da pesquisa e do trabalho acadêmico. 2ª ed. NovoHamburgo: Feevale, 2013.

16

GIL, Antônio C. Gestão de pessoas: enfoque nos papéis profissionais. 1ª ed.São Paulo: Atlas, 2001.

______. Métodos e Técnicas de Pesquisa Social. 6ª ed. São Paulo: Atlas, 2009.

KNAPIK, Janete. Gestão de pessoas e Talentos. Ed. IBPEX, 2006.

LIMA, Manolita C. Monografia: a engenharia da produção acadêmica. 2ª ed., SãoPaulo: Saraiva, 2008.

LUZ, Ricardo. Gestão do clima organizacional. 1ª ed. Rio de Janeiro: Qualitymark,2003.

MACHADO, Alyne M.; GOULART, Antônio M. Análise de clima organizacional:estudo de caso em uma agência bancária. In: X Simpósio de Excelência emGestão e Tecnologia. 2013.

MARRAS, Jean Pierre. Administração dos recursos humanos. 4ª ed. São Paulo:Futura, 2001.

MOTTA, Fernando C. P.; VASCONCELOS, Isabella F. G. Teoria geral daadministração. 3ª ed. São Paulo: Cengage Learning, 2013.

PHILERNO, Deivis C. et al. Proposta de planejamento para sucessão familiar naempresa Nordeste Tintas Ltda. Global Manager. vol. 12, n. 1, p. 45, 2012.

SILVA, Francisco A. Qualidade de vida no trabalho de comerciários de SãoGeraldo do Araguaia-Pa. Monografia – Administração, Faculdade de Economia,Administração e Contabilidade, Universidade de Brasília. Palmas, 2012.

SOVIENSKI, Fernanda; STIGAR, Robson. Recursos humanos x gestão de pessoas.Revista Científica de Administração. vol. 10, n. 10, 2008.

TRIERWEILLER, Andreia C. et al. Diagnóstico de clima organizacional: umaferramenta para a gestão estratégica de RH. In: VII Simpósio de excelência emgestão e tecnologia. 2010.

VIEIRA, Rufina G.; VIEIRA, Shirley P. A influência do clima organizacional nasempresas e nas pessoas. Trabalho de especialização de curso – Curso deEspecialização em Gestão Estratégica em Recursos Humanos, Instituto Catarinensede Pós Graduação. Blumenau, 2013.