Clonagem, Expressão e Purificação da Sinfilina-1 e da...

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UNIVERSIDADE DE LISBOA FACULDADE DE CIÊNCIAS DEPARTAMENTO DE QUÍMICA E BIOQUÍMICA Clonagem, Expressão e Purificação da Sinfilina-1 e da Parkina Maria Helena Coelho de Sousa Franco Mestrado em Bioquímica Especialização em Bioquímica Médica 2010

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UNIVERSIDADE DE LISBOA

FACULDADE DE CIÊNCIAS

DEPARTAMENTO DE QUÍMICA E BIOQUÍMICA

Clonagem, Expressão e Purificação da

Sinfilina-1 e da Parkina

Maria Helena Coelho de Sousa Franco

Mestrado em Bioquímica

Especialização em Bioquímica Médica

2010

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UNIVERSIDADE DE LISBOA

FACULDADE DE CIÊNCIAS

DEPARTAMENTO DE QUÍMICA E BIOQUÍMICA

Clonagem, Expressão e Purificação da

Sinfilina-1 e da Parkina

Dissertação orientada por:

Prof. Doutor Alexandre Luís Quintas

Prof. Doutora Ana Ponces Freire

Maria Helena Coelho de Sousa Franco

Mestrado em Bioquímica

Especialização em Bioquímica Médica

2010

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Resumo

A Doença de Parkinson (DP) é a doença neurodegenerativa mais comum a seguir à doença

de Alzheimer e está associada à degeneração dos neurónios dopaminérgicos da pars compacta da

substantia nigra (SNpc). Nesta doença, o misfolding, o unfolding e a agregação proteica, em conjunto

com uma resposta disfuncional da célula ao stress induzido pelas espécies parcialmente

desnaturadas, pode estar na origem de danos celulares que conduzem à degeneração dos neurónios

dopaminérgicos.

A DP é essencialmente idiopática, à excepção de um número reduzido de indivíduos que são

portadores de um gene mutante (<10 % dos casos de Parkinson) ou que foram expostos a agentes

indutores de parkinsonismo, como o MPTP.

A etiologia da DP resulta da interacção dinâmica de factores genéticos e ambientais, em que

a acumulação de proteínas parcialmente desnaturadas, a presença de agregados e de proteínas

ubiquitinadas nos corpos de Lewy, sugere um motivo comum a interrelacionar estes factores.

Dentro da DP hereditária, existe um grupo restrito cuja sintomatologia precoce e a ausência

de Corpos de Lewy é denominada como Parkinsonismo Juvenil Autossómico Recessivo. Neste

contexto, os estudos genéticos revelaram a presença de variadas mutações associadas ao gene da

Parkina, uma proteína com 465 resíduos de aminoácidos com uma massa molecular aparente de 52

kDa. A sua função está relacionada com as vias de degradação de proteínas, sendo considerada um

ligase entre a ubiquitina e a proteína alvo possuindo também um domínio N-terminal idêntico à

ubiquitina, cuja função permanece desconhecida.

Actualmente, os estudos in vitro desenvolvidos com a Parkina humana têm sido realizados

exclusivamente com domínios desta, uma vez que a purificação da Parkina de forma integral tem-se

revelado uma tarefa árdua. Esta dificuldade tem se observado devido à elevada complexicidade do

processo de folding, uma vez que a proteína apresenta variados domínios e complexa com iões

zinco.

A Sinfilina-1, uma proteína de interacção da α-sinucleína, é um dos substratos ubiquitinados

pela Parkina. Desde que foi descoberta, em 1999, têm sido desenvolvidos estudos que demonstram a

existência de uma relação entre a Sinfilina-1 e a doença de Parkinson. No entanto, apesar de ainda

não ser conhecido o seu papel na patologia está cientificamente aceite que a Sinfilina-1 é capaz de

promover a formação de inclusões semelhantes a corpos de Lewy.

O objectivo fundamental deste trabalho consistiu na expressão e purificação de duas

proteínas de relevância para a doença de Parkinson: a Parkina e a Sinfilina-1. A expressão e a

purificação destas proteínas potenciam estudos estruturais, estudos de folding e de estabilidade,

bem como as alterações da interacção entre a Parkina, Sinfilina-1 e α-sinucleína.

No presente estudo desenvolveu-se uma metodologia de purificação da Parkina e da

Sinfilina-1, de forma integrada, com o objectivo de elucidar o envolvimento da Parkina na patogénese

da Doença de Parkinson.

Palavras-chave: Corpos de Lewy, Parkina, PARK2, Parkinsonismo Juvenil Autossómico Recessivo,

purificação de proteínas, Sinfilina-1, Subclonagem.

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Abstract

Parkinson's Disease (PD) is the most common neurodegenerative disease after Alzheimer's

disease and is associated with degeneration of dopamine neurons in the substantia nigra pars

compacta (SNpc). In this disease, misfolding, unfolding and protein aggregation, together with a

dysfunctional response to cell stress induced by the partially denatured species, could cause cell

damage that, in turn, leads to degeneration of dopaminergic neurons.

PD is primarily idiopathic, with the exception of a few individuals who are carriers of a

mutated gene (<10% of cases of Parkinson's) or who were exposed to agents that induce

Parkinsonism, such as MPTP.

The etiology of PD results from the dynamic interplay of genetic and environmental factors

in the accumulation of partially denatured, aggregated and ubiquitinated proteins in Lewy bodies,

suggesting a common motif connecting these factors.

Within hereditary PD, a small group, known as autosomal recessive juvenile Parkinsonism, is

characterized by early symptoms and the absence of Lewy bodies. In this context, genetic studies

revealed the presence of various gene mutations associated with Parkin gene, a protein with 465

amino acid residues with an apparent molecular mass of 52 kDa. Parkin plays a role in protein

degradation, being considered an ubiquitin ligase and possesses an N-terminal domain similar to

ubiquitin, whose function remains unknown.

Currently, in vitro studies developed with human Parkin have been performed exclusively

with protein domains, since the purification of complete Parkin has proved to be an arduous task.

This difficulty has been observed due to the high complexity of folding, since the protein has

different domains and complexes with zinc ions.

Synphilin-1, an interaction protein of α-synuclein, is also a Parkin substrate. Since its

discovery in 1999, studies have been developed that demonstrate the existence of a relationship

between Synphilin-1 and Parkinson's disease. Although its contribution to the pathology is still

unknown, it is scientifically accepted that Synphilin-1 can promote the formation of inclusions similar

to Lewy bodies.

The basic aim of this work consisted in the expression and purification of two proteins of

relevance to Parkinson's disease: Synphilin-1 and Parkin. The expression and purification of these

proteins potentiate structural, folding and stability studies, as well as modifications in the interaction

between Parkin, Synphilin-1 and α-synuclein.

In this study a methodology was developed for purification os Parkin and Synphilin-1, as well

as protein with the aim of elucidating the involvement of Parkin in the pathogenesis of Parkinson´s

disease in future studies.

Keywords: Lewy bodies, Parkin, PARK2, Parkinsonism Juvenile Autosomal Recessive, protein

purification, Sinfilina-1, subcloning.

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Agradecimentos

Ao Professor Doutor Alexandre Quintas, orientador do projecto, pela total liberdade e todo o apoio ao logo do desenvolvimento do projecto. Obrigado pela amizade e compreensão.

À Professora Doutora Ana Ponces, orientadora interna, que sempre se mostrou disponível para apoiar e motivar. Pela inspiração ao longo da Licenciatura e Mestrado na Faculdade de Ciências da

Universidade de Lisboa. À FFCUL, pelo financiamento no âmbito do projecto PTDC/QUI/73430/2006.

À Ana Lajes, colega de tantas horas de trabalho, pelo suporte e companheirismo.

Ao Carlos Família e à Joana Couceiro, pela amizade. Ao Henrique Neves pelas brincadeiras.

Ficarám sempre na minha memória os passeios fantásticos, pensados e marcados à última da hora. Com vocês, quaisquer 5 minutos de pausa podem ser uma verdadeira aventura…

À Susana Bandarra, pela amizade e orientações no campo da Biologia Molecular.

À Teresa Calejo, à Inês Cavaleiro e ao Paulo Mascarenhas pela boa disposição e amizade. À Professora Doutora Madalena Oom pela supervisão nos procedimentos de Biologia Molecular.

À minha família, pelo apoio incondicional que os fez atravessar Lisboa para me virem buscar a “altas”

horas da noite.

Dedico este trabalho ao meu pai, sempre presente na saudade. Der Mensch, der den Berg versetzte, war derjenige, der anfing, kleine Steine aus dem Weg zu räumen.

Chin.Sprichwort

Wer immer sich zum Schüler macht, wird immer einen Meister finden

Friedrich von Hagedorn

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Abreviaturas

CL – Corpos de Lewy

CSF – Common fragil site

DA – Doença de Alzheimer

DMJ - Doença de Machado-Joseph

DP – Doença de Parkinson

DP-AD – Doença de Parkinson Autossómica Dominante

DP-AR – Doença de Parkinson Autossómica Recessiva

DUB – Deubiquitinating Enzyme

EGF – Factor de crescimento epidermal

EGFR – Receptor do factor de crescimento epidermal

Eps15 – Epidermal growth factor receptor pathway substrate 15

ERAD – Mecanismo de degradação associado ao retículo endoplasmático

ERQC – Mecanismo de controlo de qualidade do retículo endoplasmático

HECT – Domínio Homologous to E6-Associated Protein (E6AP) C-Terminus

HSP70 - Heat shock protein 70

IBR – Domínio In-between-RING

K - Lisina

LN - Neuritos de Lewy

LRRK2 - Gene leucine-rich repeat kinase 2

NAC - Componente beta não-amilóide

NO - Óxido nítrico

PACRG - Gene co-regulador da Parkina

Pael-R - Parkin associated endothelin-like receptor

PI – Ponto isoeléctrico

PI3K - Fosfoinositol 3-cinase

PINK1 - PTEN-induced kinase 1

PJ-AR – Parkinsonismo Juvenil Autossómico Recessivo

RBR – Superdomínio RING-IBR-RING

RE – Retículo endoplasmático

RING – Domínio Really interesting new gene

ROS - Espécies reactivas de oxigénio

SN – Substância nigra

SNC – Sistema Nervoso Central

SNCAIP – SNCA Interacting Protein

SNpc – Pars compacta da substância nigra

SytXI – Sinaptotamina XI

U – Unidades enzimáticas (moles de substrato convertido por unidade de tempo). 1U corresponde 1

μmol min-1

UBC – Ubiquitin conjugation

UBL – Domínio do tipo ubiquitina

UIM – Motif de interacção com a ubiquitina

WT – Wild-type

αSp22 – α-sinucleína O-glicosilada

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ÍNDICE:

Resumo ........................................................................................................ ii

Abstract ....................................................................................................... ii

Agradecimentos ......................................................................................... iii

Abreviaturas ............................................................................................... iv

1. Introdução ............................................................................................. 1

2. Aspectos Gerais da Doença de Parkinson ............................................ 3

2.1. Incidência ...................................................................................................................... 6

2.2. Etiologia ........................................................................................................................ 6

2.3. Mecanismos de Morte Celular ..................................................................................... 7

2.3.1. Disfunção mitocondrial ........................................................................................ 7

2.3.2. Stress oxidativo .................................................................................................... 8

2.3.3. Excitotoxicidade ................................................................................................... 8

2.4. Parkinson idiopática e hereditária ............................................................................... 8

3. Parkinson Juvenil Autossómico Recessivo (PJ-AR) ........................... 10

4. O locus PARK2: Estrutura e função .................................................. 13

5. Factores genéticos envolvidos na patogénese hereditária .............. 16

5.1. PARK1 e 4-SNCA (α-sinucleína) ................................................................................... 16

5.2. PARK2 (Parkina) .......................................................................................................... 16

5.3. PARK5 (UCH-L1) ........................................................................................................... 16

5.4. PARK6 (PINK1) ............................................................................................................. 17

5.5. PARK7 (DJ1) ................................................................................................................. 17

5.6. PARK8 (LRRK2) ........................................................................................................... 17

6. Estruturas e funções ........................................................................ 19

6.1. Estrutura da Parkina: Domínios .................................................................................. 19

6.1.1. Domínio UBL ............................................................................................................ 19

6.1.2. Super-domínio RING-IBR-RING (RBR) ................................................................... 20

6.1.3. In between RINGs .............................................................................................. 20

6.1.4. Domínio RING0 ........................................................................................................ 21

6.2. Função da Parkina ....................................................................................................... 22

6.2.1. Via de degradação pelo proteassoma ............................................................... 23

6.3. Estrutura da Sinfilina-1: Domínios .............................................................................. 27

6.3.1. Domínio ankyrin-like motifs ................................................................................... 27

6.4. Função da Sinfilina-1 ................................................................................................... 28

7. Substratos da Parkina ubiquitina ligase ............................................ 30

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7.1. A Ubiquitina como substrato ..................................................................................... 30

7.2. Sinfilina-1 ...................................................................................................................... 31

7.2.1. Complexo Parkina, α-sinucleína e Sinfilina-1 ...................................................... 31

7.3. Alfa-sinucleína.............................................................................................................. 31

7.4. HSP70 .......................................................................................................................... 33

7.5. Parkina associated endothelin-like receptor ............................................................ 34

7.6. CDCrel-1 e Sept5 .......................................................................................................... 35

7.7. LRRK2 .......................................................................................................................... 36

7.7.1. Complexo Parkina, PINK1 e DJ1 ......................................................................... 36

8. Importância funcional das mutações Parkina ............................... 38

9. Bioquímica da Parkina ..................................................................... 39

9.1. Parkina na via do Fosfatidilinositol / Akt ................................................................... 39

9.2. Parkina na via IKK/NFkb .............................................................................................. 41

9.7. S-Nitrosilação .............................................................................................................. 44

9.8. Formação de Agressomas ......................................................................................... 44

10. A Parkina noutras Patologias ......................................................... 45

10.1. Susceptibilidade à lepra ............................................................................................. 45

10.2. Supressor tumoral ...................................................................................................... 45

Metodologia, resultados e discussão ...................................................... 46

1. Parkina ................................................................................................. 47

1.1. Subclonagem .............................................................................................................. 47

1.1.1. Procedimentos e Considerações ........................................................................... 48

1.2. Expressão e Purificação .............................................................................................. 51

1.2.1. Lise celular e Purificação dos corpos de inclusão ................................................. 52

1.2.2. Refolding proteico ............................................................................................. 53

2. Sinfilina-1 .............................................................................................. 55

2.1. Expressão e Purificação ............................................................................................. 56

2.1.1. Lise celular e Purificação dos corpos de inclusão ................................................. 57

2.1.2. Refolding proteico ............................................................................................. 58

2.1.3. Purificação da Sinfilina-1 ..................................................................................... 59

3. Considerações finais ........................................................................... 61

4. Anexos ............................................................................................. 63

4.1. Anexo 1 ........................................................................................................................ 63

4.2. Anexo 2 ....................................................................................................................... 64

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ÍNDICE DE FIGURAS:

Figura 1 – Os Corpos de Lewy do tronco cerebral e do proencéfalo basal apresentam um diâmetro superior a 15µm e são constituídos por um centro hialinico esférico e um halo distinto. Os CL corticais, por sua vez, possuem dimensões mais reduzidas, não apresentam um core disto sendo facilmente observados com coloração anti-ubiquitina. A imagem A mostra um CL no citoplasma de um neurónio dopaminérgico pigmentado na substancia nigra (hematoxylin-eosin and Luxol fast blue, X100). A imagem B mostra um exame ultra-estrutural de um Corpo de Lewy onde é visível a acumulação de filamentos e material granular com um centro denso e filamentos periféricos soltos (X21,560). Adaptado de Lang e A M Lozano (Lang & A M Lozano 1998). ____________________________________________ 4

Figura 2 - Loci envolvidos na genética da DP, localização cromossómica, gene, hereditariedade e função provável adaptado de Gil (Gil 2009). ______________________________________________________ 15

Figura 3- Estrutura modular da Parkina. UBL: Domínio semelhante à ubiquitina; R0: Domínio RING 0; R1: Domínio RING 1; R2: Domínio RING 2; IBR: Domínio In-Between-RING. Adaptado de Mata, von Coelln e Hristova (Mata et al. 2004; von Coelln et al. 2004; Hristova et al. 2009) __________________________ 19

Figura 4 – Sequencia especifica característica de domínios RING em que X representa qualquer aminoácido. Retirado de Borden, Morett e Bork (Borden 2000; Morett & Bork 1999). ______________ 20

Figura 5 - Estrutura do domínio IBR (307-384) na zona 320-377 (NMR). A zona N-terminal 307-319 e C-terminal 378-384 não surgem representadas devido à falta de estrutura. (a) Sobreposição do backbone de 20 estruturas usando CYANA. Local I de ligação do zinco compreende as extensas regiões em loop L1 (azul) e L2 (verde), e o local II de ligação do zinco encontra-se a vermelho. (b) Representação do IBR da Parkina, demonstrando a posição dos resíduos coordenados com os zincos. Adaptado de Beasley, Hristova e Shaw (Beasley, Hristova & Shaw 2007a). __________________________________________ 21

Figura 6 - Ilustração da degradação associada ao retículo endoplasmático. (a) Proteínas misfolded intramembranares do citoplasma e lúmen do RE são reconhecidas por chaperones citoplasmáticos e do lúmen do RE e por factores associados, como membros da família das Hsp70, calnexina e calreticulina, e isomerases de ligações persulfureto. (b) Marcação proteica. Substratos do ERAD são retrotranslocados, após marcação, para a maquinaria de retrotranslocação (o translocão) e/ou E3 ligases. (c) Iniciação da retrotranslocação. A retrotranslocação do substrato para o citoplasma é iniciada pelo complexo Cdc48 (cell-division cycle-48) ou outros componentes, como chaperones moleculares ou proteassoma. A energia proveniente da hidrólise do ATP pelo Cdc48, que é um AAA+ ATPase, é usada na retrotranslocação. (d) Ubiquitinação e finalização da retrotranslocação. Após a passagem pelo translocão, a proteína é poliubiquitinada por uma E3 ligase de ubiquitina. A reacção finaliza a translocação com o auxílio de complexos citoplasmáticos que ligam ubiquitina a proteínas. (e) Marcação e degradação proteassomal. Após a poliubiquitinação, o substrato disponível no citoplasma é reconhecido pelos receptores do topo 19S pertencentes ao proteassoma 26S. Os enzimas envolvidos na desubiquitinação (não apresentados) removem a marcação e a N-glicase de péptidos (não apresentado) que é potencialmente necessária para uma degradação eficiente. O substrato é introduzido no core catalítico do proteassoma onde é degradado em péptidos. A ubiquitina proveniente do processo de degradação pode ser reciclada. Adaptado de Vembar e Brodsky (Vembar & Brodsky 2008). _________ 24

Figura 7 - Via da ubiquitina-proteassoma. O enzima E1 adenila o C-terminal do resíduo Glicina da ubiquitina com hidrolise de ATP. O adenilato de ubiquitina intermediário liga-se ao grupo tiol da cisteína do centro activo do enzima E1 formando um tioéster de ubiquitina e AMP livre. Seguidamente, o tioéster de ubiquitina é transferido para o resíduo de cisteína do centro activo do E2, um enzima de conjugação da ubiquitina. Posteriormente o enzima E2 transfere a cadeia de ubiquitinas directamente para o substrato ou, em alternativa, para o E3 que se encarrega de a ligar ao substrato (dependendo do E3). Várias moléculas de ubiquitina são ligadas sequencialmente pelo E3 ligase, formando uma cadeia de poliubiquitinas. Os substratos poliubiquitinados são degradados pelo complexo proteolítico denominado de proteassoma 26S, num processo dependente de ATP. A ubiquitinação é um processo reversível em que as DUBs degradam a cadeia de poliubiquitinas prevenindo a degradação do substrato necessário, reciclando a ubiquitina. Ubiquitina – círculos vazios com caudas; ubiquitina activada – círculos preenchidos. De referir que a conjugação da ubiquitina pode ocorrer, independentemente da via da ubiquitina-proteassoma, de uma forma não canónica (por activação da UBL, activação do híbrido E1-

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E2 ou E2-E3 ou por elongação das cadeias curtas de ubiquitina pela E4) Adaptado de Hegde e Upadhya (Hegde & Upadhya 2007). ______________________________________________________________ 26

Figura 8 - Vista esquemática da proteína Sinfilina-1, com comparação de sequências entre a variante humana e a de murganho. Retirado de Marx (Marx 2003). ____________________________________ 27

Figura 9 - (a) Modelo proposto sobre a interacção da Parkina com o Esp15. O EGF estimula a ligação entre a Parkina e o Eps15 numa interacção dependente de UBL e UIM (esquerda). A ligação ao Eps15 estimula a actividade E3 ligase da Parkina e promove a ubiquitinação do Eps15 (centro). A ligação intramolecular da ubiquitina no Eps15 pelo UIMs interfere com a ligação de Ubl por parte da Parkina e destrói a interacção entre a Parkina e o Eps15 (direita). (b-c) O modelo explica como é que a ubiquitinação mediada pela Parkina consegue regular o trafficking e sinalização do EGFR. (b) Na presença de Parkina, a ubiquitinação do Eps15 previne a sua ligação ao complexo EGFR, o que atrasa a endocitose do receptor e prolonga a sinalização via neuronal de sobrevivência PI3K-Akt. (c) Na ausência de Parkina: Defeitos na ubiquitinação mediada pela ubiquitina, como é o caso de DP associada à Parkina, aumenta a disponibilidade de Esp15 capaz de se ligar ao complexo EGFR, o que por sua vez acelera a endocitose e menospreza a sinalização via PI3K-Akt. Adaptado de Fallon (Fallon et al. 2006). ________________________________________ 40

Figura 10 - Modelo do papel funcional da Parkina na via de sinalização IKK/NFkB. Durante o stress e em condições fisiológicas a Parkina promove regulação por ubiquitinação do TRAF2 e IKKγ, levando à activação do NF-κB. Consequentemente, a transcrição de genes prosurvival é upregulated. A actividade da Parkina pode ser modelada pelo stress. Sob stress moderado, a Parkina é upregulated. Para uma resposta imediata, é possível que a actividade da Parkina possa ser regulada por modificações pos-traducionais. Em contraste, no caso de um severo stress proteotoxico, induzido por exemplo por dopamina oxidada, ocorre misfolding e inactivação da Parkina. Mutações no gene da Parkina, relacionado com parkinsonismo juvenil autossómico recessivo, também interferem com a capacidade da Parkina de estimular a via de sinalização IKK/NFkB. Adaptado de Henn e Bouman (Henn et al. 2007).__ 42

Figura 11 - A: Mapa do vector circular pCI-neo (Promega). B: Mapa do vector circular pGEX-4T-1 (Amersham) _________________________________________________________________________ 47

Figura 12 - Primer Forward (A) e Primer Complementary Reverse (B) usados para amplificar a região codificante do gene PARK2 no processo de subclonagem. (A) apresenta um Tm a 61,6ºC e (B) a 65, 6ºC. Os enzimas Bam HI e EcoR I não possuem local de restrição na sequência da PARK2. O Bam HI permite uma introdução em frame da PARK2 no pGEX-4T-1. O design dos primers teve em conta a adição de um conteúdo “GC” no início da sequência de forma a facilitar a ligação deste à cadeia de DNA molde e a posterior actuação da polimerase. _______________________________________________________ 48

Figura 13 - Multiple cloning site do vector de destino pGEX-4T-1 (Amersham) _____________________ 48

Figura 14 - Condições do PCR para amplificação da região codificante do gene PARK2. ______________ 49

Figura 15 – Controlo da eficácia da subclonagem por restrição do DNA plasmídico resultante com os enzimas Bam HI e EcoR I, utilizados no passo da restrição. Poços 2 a 10: restrição do DNA plasmídico de 9 colónias independentes resultante da subclonagem, obtiveram-se dois fragmentos de tamanhos correspondentes ao vector digerido (≈4900pb) e Parkina (1395pb); Poços 11 a 19: verificação da integridade dos plasmídeos obtidos a partir das 9 colónias respectivas. _________________________ 50

Figura 16 - Primers externos pGEX_For (A) pGEX_Rev (B) usado para sequenciação do plasmídeo clonado com a região codificante do gene PARK2 no processo de subclonagem __________________________ 50

Figura 17 - Gel SDS-PAGE 12% contendo aliquotas provenientes da fracção solúvel da indução de expressão. M: marcador; T0: 0h; T1: 1h; T2:2h; T3:3h; T4:4h; T5:6h; T6:8h. As setas a vermelho indicam a banda a aproximadamente 80kDa. _______________________________________________________ 51

Figura 18 - Gel SDS-PAGE 12% contendo aliquotas provenientes da fracção insolúvel da indução de expressão após a sonicação. M: marcador; T0: 0h; T1: 1h; T2:2h; T3:3h; T4:4h; T5:6h; T6:8h __________ 52

Figura 19 - Sequência de diálises utilizadas no refolding da proteína de fusão GST-Parkina. Condições de diálise I, II e III. _______________________________________________________________________ 53

Figura 20 - Gel SDS-Page a 12% com amostras cujo pellet foi previamente ressuspenso após as diálises com diferentes tempos de indução. M: marcador; T0: 0h; T1: 1h; T2:2h; T3:3h; T4:4h; T5:6h. _____________ 54

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Figura 21 – Mapa do vector pET30A (Novagen) _____________________________________________ 55

Figura 22 - Multiple cloning site do vector pTE30A (Novagen) __________________________________ 55

Figura 23 - Gel de agarose com digestão simples e dupla de duas amostras de plasmídeo pET30A. 1) Marcador; 2) pET30A digerido com Xho I (amostra 1); 2) pET30A digerido com XhoI e BamHI (amostra 1); 3) pET30A digerido com Xho I (amostra 2); 4) pET30A digerido com XhoI e BamHI (amostra 2). ______ 56

Figura 24 - Gel SDS-PAGE 12% contendo aliquotas provenientes da fracção solúvel da indução de expressão. M: marcador; T0: 0h; T1: 2h; T2: 4h; T3: 6h; T4: 8h __________________________________ 57

Figura 25 - Sequência de diálises utilizadas no refolding da Sinfilina-1. Condições de diálise I, II e III. ___ 58

Figura 26 - Gel SDS-Page a 12% com amostras de Sinfilina-1 após diálises I, II e III. ___________________ 59

Figura 27 – Fragmento dos resultados da chapa fotográfica proveniente do Western Blot com detecção da Sinfilina-1 com Anticorpo Anti-Sinfilina-1 aos diferentes tempos. ____________________________ 59

Figura 28 - Cromatograma proveniente da coluna de caudas de Histidina após injecção da amostra de Sinfilina-1. ___________________________________________________________________________ 60

Figura 29 - Gel SDS-Page a 12% com fracções recolhidas na cromatografia de afinidade. M: marcador; A1: fracção recolhida após injecção da amostra (0-5mL); A2: fracção recolhida ao equilibrar da coluna com a amostra (5-10 mL); A3: fracção recolhida antes da troca do tampão para o Elution Buffer (100-105mL); A4: fracção recolhida após a adição do Elution Buffer (105-110mL); A5: fracção recolhida após a adição do Elution Buffer (110-115mL) A6: fracção após a adição do Elution Buffer (115-120mL); A7: fracção recolhida após a adição do Elution Buffer (120-125mL); A8: fracção recolhida após a adição do Elution Buffer (125-130mL) A9: fracção recolhida após a adição do Elution Buffer (135-140mL). ______________________ 60

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1. Introdução

Rudolf Virchow descreveu pela primeira vez, em 1854, uma substância eosinófila depositada

em diversos tecidos com aparência hialina quando observada em microscopia óptica e com algumas

características de coloração histoquímica semelhantes ao amido, que designou por substância

amilóide (semelhante ao amido). Embora Friedrich e Kekule tenha demonstrado que estes

compostos tinham natureza proteica, a designação “amilóide” perdurou e ainda hoje é usada para

denominar depósitos de fibras resultantes da agregação de proteínas características de determinada

doença (Costa 1994).

Em 1971, Glenner e colaboradores caracterizaram pela primeira vez uma proteína

responsável pela formação de depósitos amilóides (G. G. Glenner et al. 1971). Desde então, observou-

se que muitas proteínas solúveis podem produzir depósitos amilóides. Actualmente, existem cerca

de várias amiloidoses conhecidas entre as quais a doença de Alzheimer (DA), a doença de Parkinson

(DP), a Encefalopatia Espongiforme Bovina e a Polineuropatia Amiloidótica Familiar.

As amiloidoses dividem-se em localizadas, quando os depósitos ocorrem num único órgão,

como é o caso do cérebro na DP, ou sistémicas quando a deposição afecta múltiplos órgãos. Apesar

da heterogeneidade das amiloidoses, todas apresentam características comuns como depósitos

amilóides com elevada resistência à proteólise e insolúveis, estruturalmente apresentam

predominantemente folhas β ({ excepção das redes de neurofibrilhas), possuem propriedades

cromóforas e ópticas comuns, como coloração verde após coloração com vermelho do Congo e a

fluorescência característica da ligação à tioflavina T, para além da capacidade de associação a outras

proteínas (Ghiso et al. 1994).

Uma característica importante dos depósitos amilóides é a estrutura secundária

predominante de folha-β, com as cadeias β das proteínas orientadas perpendicularmente ao longo

do eixo das fibrilhas (GLENNER et al. 1968) cuja análise por espectroscopia de infra-vermelhos

revelou que a orientação das proteínas polimerizadas é antiparalela (Termine et al. 1972).

Genericamente as fibras amilóides resultam da formação de agregados insolúveis a partir de

proteínas nativas ou suas variantes que produzem intermediários com elevado potencial de

agregação no processo de folding ou de unfolding (Chiti et al. 1999; Chiti et al. 2000; Jaenicke 1995;

Taubes 1996; Uversky 1998; WETZEL 1996); de proteínas nativas ou variantes que sofrem alterações

conformacionais após o processo de folding (Booth et al. 1997; Carrell & Gooptu 1998; Perutz 1997;

Telling et al. 1996); a partir da superprodução de proteínas que devido à elevada quantidade tendem

a agregar (Benson & Wallace 1989; Guela et al. 1998; Gupta et al. 1998); ou proteólise de uma

proteína precursora (C Haass 1993; Kosik 1999).

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As várias proteínas amiloidogénicas (precursoras dos depósitos amilóides nas várias

amiloidoses) não apresentam qualquer homologia estrutural ou sequencial relevante, mas originam

fibrilhas amilóides in vivo com conformação similar. Este facto sugere a existência de um mecanismo

comum na formação dos depósitos amilóides a partir das diferentes proteínas precursoras (Massimo

Stefani 2008). Os mecanismos moleculares de agregação proteica têm sido objecto de atenção

crescente devido ao seu papel central em diversas patologias degenerativas. A abordagem mais

directa a este problema, apesar dos diversos factores celulares presentes e específicos de cada

patologia, consiste em estabelecer relações entre a estrutura, estabilidade e dinâmica das proteínas

mutantes, modificadas pós-traducionalmente, ou intermediários potencialmente amiloidogénicos

com a proteína normal.

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2. Aspectos Gerais da Doença de Parkinson

Originalmente descrita por James Parkinson, em 1817, no ensaio intitulado “An Essay of the

Shaking Palsy” (Parkinson 2002) a DP é a doença degenerativa com maior incidência depois da

doença de Alzheimer, afectando cerca de 4 milhões de pessoas em todo o mundo (Bushnell & M. L.

Martin 1999). Esta pode ser caracterizada por três sintomas fundamentais: bradicinesia (lentidão

anormal dos movimentos voluntários), tremor de repouso e rigidez muscular (Fahn 2003),

sintomatologia que se manifesta como consequência da perda progressiva e selectiva dos neurónios

dopaminérgicos no sistema nervoso central.

Na DP vários grupos de neurónios são afectados. No entanto, esta patologia é caracterizada

pela perda selectiva e em grande escala de neurónios dopaminérgicos pigmentados com

neuromelanina, atingindo valores de 80% num universo de cerca 450.000 neurónios dopaminérgicos

presentes na SNpc humana (Lang & A M Lozano 1998), e em menor escala, perda dos neurónios não

pigmentados da área ventral tegmental vizinha, impulsionados pela diminuição dos níveis de

dopamina (E Hirsch et al. 1988; German et al. 1989). O facto de apenas neurónios específicos serem

vulneráveis à DP é uma questão ainda em aberto e crítica no contexto da desordem. Uma explicação

poderá residir na capacidade de certos neurónios assimilarem os compostos tóxicos endógenos e

extrínsecos através e mecanismos transportadores selectivos, como é o caso do transportador de

dopamina. Outras hipóteses incluem o aumento do stress metabólico, elevados níveis fisiológicos de

proteína oxidada, degeneração selectiva de toxinas ou falha no sistema de destoxificação ou

orientação desta (possivelmente devido à presença de neuromelanina) bem como a necessidade de

requisitos específicos para o suporte neurotrófico (Lang & A M Lozano 1998).

A morte neuronal observada tem tipicamente duas origens: 1) no decréscimo da dopamina

disponível no corpo estriado, ou 2) no numero reduzido de receptores de dopamina no mesmo local,

sendo que o primeiro caso constitui cerca de 80% dos casos existentes e é genericamente

denominado de doença de Parkinson (Fahn 2003; Sulzer 2007).

A actividade normal da função motora depende da síntese e libertação de dopamina pelos

neurónios dopaminérgicos na substância nigra que incidem sobre o striatum (Chase et al. 1998).

Fisiologicamente a morte gradual dos neurónios dopaminérgicos da SNpc ocorre com a idade,

acompanhado pela redução dos níveis de dopamina no striatum. No entanto, a degeneração

aumentada dos neurónios dopaminérgicos localizados na substância nigra pars compacta (SNpc) e a

subsequente perda dos nervos dopaminérgicos terminais no striatum são responsáveis pela maior

parte dos distúrbios de movimento (Chase et al. 1998; Nagatsu et al. 2000). Desta forma, o controlo

sintomático da DP com levodopa e outras drogas dopaminérgicas dominam a actual terapia, sendo

eficazes no controlo das discinesias, apenas nas fases iniciais da doença. No entanto, a longo prazo,

estas terapias perdem eficácia com reincidência dos distúrbios de movimento e psicoses. Com o

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propósito de melhorar a terapia a longo prazo, foram desenvolvidos vários fármacos não-

dopaminérgicas, que se verificou serem eficazes na redução das discenisias quando aplicadas em

modelos animais da DP, são actualmente discutidas como potenciais drogas terapêuticas (Bibbiani et

al. 2003).

Outra característica patológica da DP são os neuritos distróficos, designados “neuritos de

Lewy” (LNs) e as inclusões intraneurais eosinófilas citoplasmática, conhecidas por corpos de Lewy

(CLs) (L. S. Forno 1996; FEARNLEY & LEES 1991) (Figura 1). Os CL encontram-se localizados a nível das

células nervosas na substancia nigra e de outras regiões do sistema nervoso e estão presentes nos

vários estágios da doença.

Apesar de, à semelhança com os agregados de proteínas, os CL serem tóxicos para as

células neuronais uma vez que sequestram proteínas relevantes para a sobrevivência celular, pensa-

se que poderão ter um efeito neuroprotector pois capturam agregados proteicos prejudiciais à célula

(F. J. S. Lee & F. Liu 2008) impedindo a sua toxicidade. Desta forma o diagnóstico patológico da DP

requer a presença de corpos de Lewy, apesar de continuar a não ser evidente a participação destes

na patologia, e a perda de neurónios dopaminérgicos na substancia nigra (Thomas & Beal 2007; Paul

S. Fishman & G. a Oyler 2002).

Figura 1 – Os Corpos de Lewy do tronco cerebral e do proencéfalo basal apresentam um diâmetro superior a 15µm e são constituídos por um centro hialinico esférico e um halo distinto. Os CL corticais, por sua vez, possuem dimensões mais reduzidas, não apresentam um core disto sendo facilmente observados com coloração anti-ubiquitina. A imagem A mostra um CL no citoplasma de um neurónio dopaminérgico pigmentado na substancia nigra (hematoxylin-eosin and Luxol fast blue, X100). A imagem B mostra um exame ultra-estrutural de um Corpo de Lewy onde é visível a acumulação de filamentos e material granular com um centro denso e filamentos periféricos soltos (X21,560). Adaptado de Lang e A M Lozano (Lang & A M Lozano 1998).

A B

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Os mecanismos moleculares subjacentes à formação de DP ainda não são totalmente

conhecidos. Existem factores genéticos associados ao desenvolvimento da patologia, uma vez que

indivíduos com mutações pontuais em genes relevantes para a DP, desenvolvem parkinsonismo

juvenil (referencia). No entanto, estes factores parecem apenas ter influência na aceleração do

processo patológico, visto que indivíduos que possuem mutações desenvolvem a doença num

período significativamente mais curto. Por outro lado, estudos epidemiológicos têm demonstrado

que vários factores aumentam o risco de desenvolver DP (C. M. Tanner & Langston 1990).

Numerosas toxinas exógenas têm sido associadas com o desenvolvimento de parkinsonismo, no

entanto nenhuma delas foi encontrada no cérebro de doentes com DP. Desta forma, esta patologia é

definida como multifactorial, resultando da acção de factores ambientais sobre indivíduos

geneticamente predispostos e idosos (Riess & R Krüger 1999). Mas, a relação entre factores

genéticos e ambientais não se encontra estabelecida, para além de que a maioria dos modelos de DP

apresenta uma abordagem redutora do problema, focando apenas determinado gene ou toxina.

Desta forma, um dos grandes desafios da biologia pós-genómica é relacionar os mecanismos

moleculares modificados pelos alelos associados à doença e os factores ambientais susceptíveis de

provocar DP (Dauer et al. 2002).

Apesar da progressão lenta da DP, a ausência de tratamento tende a que a sintomatologia

característica da DP evolua para um estado acinético-rígido. Em alguns casos, o quadro clínico evolui

para demência podendo na sequência de complicações relacionadas com a imobilidade levar à morte

do doente (Lang & A M Lozano 1998).

Presentemente, a diminuição de dopamina no corpo estriado, característica desta patologia,

poder quantificada por técnicas de imagiologia in vivo (Eckert et al. 2007), contudo não existe

qualquer tipo de marcador biológico que confirme inequivocamente a DP, pelo que recorre-se

vulgarmente a exames neuropatológicos (L. S. Forno 1996; FEARNLEY & LEES 1991; F. J. S. Lee & F.

Liu 2008). Por outro lado, algumas das características clínicas presentes na DP podem ser facilmente

encontradas noutras doenças, sendo obrigatório observar um conjunto de sintomas típicos para que

seja possível confirmar o diagnóstico. Por outro lado, patologias como o parkinsonismo secundário e

o parkinsonismo atípico podem dificultar o diagnóstico de DP pois apresentam quadros clínicos

semelhantes, exigindo por isso despiste (Lang & A M Lozano 1998).

O parkinsonismo secundário pode ter origem medicamentosa, sendo potencialmente

reversível, ou pode estar relacionado com doenças como encefalites, meningites, tumores e

complicações vasculares, enquanto o parkinsonismo atípico é incapacitante e o processo de

degeneração não se limita à substantia nigra, afectando outras regiões do cérebro e evoluindo para

desordens como a Demência com Corpos de Lewy e a Atrofia Multi-Sistémica (Lang & A M Lozano

1998).

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A investigação das formas de parkinsonismo hereditário levou a revelações sobre os

mecanismos moleculares da morte dos neurónios dopaminérgicos subjacente à DP idiopática. Após

uma prenunciada perda neuronal, característica de estágios intermédios da doença, assiste-se à

neurodegeneração generalizada do sistema nervoso central (SNC) (H. Braak et al. 2003).

Independentemente das diferentes manifestações da DP, todas convergem para a formação de CL e

posterior morte dos neurónios dopaminérgicos da SNpc (Sulzer 2007). Estudos genéticos e

moleculares da DP hereditária permitirão a uma melhor compreensão da relação entre os corpos de

Lewy e perda de células neuronais dopaminérgicas (Paul S. Fishman & G. a Oyler 2002).

É ainda de realçar que as características clínicas dos doentes com DP incluem tanto as

incapacidades motoras, anteriormente referidas, como sintomas autonómicos, cognitivos e

psiquiátricos (Thomas & Beal 2007). Especificamente, dentro dos sintomas autónomos surge ainda a

seborreia frontal, a sialorreia, a hiperhidrose e a retenção urinária.

2.1. Incidência

A DP é uma patologia neurodegenerativa esporádica e idiopática descrita como complexa e

multifactorial que presentemente não tem cura, apesar de ser possível atenuar os seus sintomas,

nomeadamente através da terapia com levodopa (Paul S. Fishman & G. a Oyler 2002).

A incidência da DP encontra-se sobretudo correlacionada com a idade e sexo. Verifica-se um

aumento da prevalência em idades compreendidas entre 44 e 85 anos (Fahn & Sulzer 2004) em que a

afectação varia de 1 a 2% da população com idade superior a 65 anos (de Rijk et al. 1997) aumentando

para 4%-5% por volta dos 85 anos (L. S. Forno 1996; Kachergus et al. 2005). Relativamente à incidência

nos diferentes sexos, vários estudos apontam para uma prevalência superior nos homens na razão

de uma vez e meia face às mulheres, sendo esta tendência geralmente explicada pelo efeito

neuroprotector do estrogénio e dos factores genéticos de risco associados ao cromossoma X, entre

outros (Wooten 2004).

2.2. Etiologia

Os resultados provenientes da etiologia da DP ainda estão em discussão. Presentemente,

vários estudos sugerem que a degeneração neuronal associada à patologia encontra-se estritamente

relacionada com o stress oxidativo, disfunções mitocondriais, uma anormal degradação de

proteínas, a acção de excitotoxinas, o deficiente suporte neurotrófico e com mecanismos de

imunidade associados à inflamação (Muqit et al. 2004; Lang & A M Lozano 1998; D. J. Moore, Andrew

B West, et al. 2005; Abou-Sleiman et al. 2006; M. T. Lin & Beal 2006; Wersinger & Sidhu 2006). A

ênfase na etiologia idiopática tenderá a diminuir com o tempo, enquanto os mecanismos genéticos e

ambientais da morte neuronal na DP são definidos.

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2.3. Mecanismos de Morte Celular

A DP é caracterizada por uma degeneração progressiva de neurónios dopaminérgicos da

SNpc. No entanto, o mecanismo de morte celular não está bem compreendido. Diferentes formas de

morte celular devem contribuir para a perda de células dopaminérgicas: apoptose, necrose ou

degeneração autofágica, tendo sido demonstrado que neurónios da SNpc de doentes com DP

apresentam características de apoptose e degeneração autofágica (Anglade et al. 1997; William G

Tatton et al. 2003). No entanto, são necessários mais estudos para elucidar as cascatas intracelulares

que conduzem à morte celular nesta doença neurodegenerativa crónica e progressiva.

Recentemente, tem sido dada especial atenção a vários mecanismos conceptualmente

distintos, com participação activa na indução da morte celular, a disfunção mitocondrial, o stress

oxidativo e a excitotoxicidade. É possível que todos eles interajam e se amplifiquem (Dunnett &

Bjorklund 1999), conduzindo a uma disfunção neuronal e atrofia que culmina na morte celular.

2.3.1. Disfunção mitocondrial

Diversos estudos equacionam a hipótese de a disfunção mitocondrial estar na origem ou ser

um factor importante no desenvolvimento de DP. Um defeito no complexo I, com diminuição da

actividade do mesmo, poderá estar na origem da diminuição na síntese de ATP. Na verdade,

mutações no complexo I estão directamente relacionadas com a agregação da α-sinucleína, uma

proteína envolvida na DP, que contribui para a diminuição do número de neurónios dopaminérgicos

(Ted M Dawson & Valina L Dawson 2003).

A toxicidade do MPP+, o metabolito neurotóxico derivado do 1-metil-1-4-fenil-1,2,3,6-

tetrahidropiridina (MPTP), inibe a formação de NADH, o que resulta na inibição do complexo I do

mitocôndrio, levando a uma insuficiência energética da célula (Nicklas et al. 1987). Além disso, a

toxina rotenona também actua ao nível do mitocôndrio, inibindo selectivamente o complexo I (P

Jenner 2001; J T Greenamyre et al. 1999) e a cadeia transportadora de electrões (E. R. D. L. T. Gil

2009). No entanto, parece que a disfunção mitocondrial não está exclusivamente relacionada com os

neurónios dopaminérgicos da SNpc, visto ser também observada a nível do striatum e outros tecidos

(W D Parker et al. 1989; Cardellach et al. 1993; W Davis Parker & Swerdlow 1998).

A Dieldrina e Maneb são dois pesticidas que inibem de forma selectiva o complexo III e a

cadeia transportadora de electrões. Estudos comprovam que a concentração de Dieldrina em

cérebros de doentes com DP é maior que os respectivos controlos e que a exposição crónica ao

Maneb provoca o síndrome parkinsónico crónico (E. R. D. L. T. Gil 2009).

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2.3.2. Stress oxidativo

Diversas observações têm suportado a hipótese do stress oxidativo, através da peroxidação

lipídica, contribuir para a DP (T. Yoshikawa 1993). O cérebro depende fundamentalmente da energia

produzida nos mitocôndrios, associado à produção de espécies reactivas de oxigénio (ROS). Existem

várias fontes potenciais indutoras de stress oxidativo, incluindo a disfunção mitocondrial, níveis de

ferro livre aumentados e mecanismos de defesa contra radicais livres danificados (Foley & Riederer

2000). Sob circunstâncias específicas, o stress oxidativo, poderá desenvolver-se ao nível da

substantia nigra, provocando danos nas células e conduzindo à morte celular (Olanow & W G Tatton

1999). O herbicida Paraquat é um dos exemplos que incrementam o risco de DP actuando através da

produção de ROS.

2.3.3. Excitotoxicidade

Os danos causados pelo excesso de glutamato, resultantes de uma alteração da

permeabilidade das células ao cálcio, através dos receptores N-metil-D-aspartato (NMDAr), são

considerados como fazendo parte da neurodegeneração. Pensa-se que a excitotoxicidade induzida

pelo glutamato representa um importante papel na isquémia (Rothman & Olney 1986; Ikonomidou &

Turski 1996) e epilepsia (Olney et al. 1986) e deverá ser um importante factor na DP. A activação

massiva de receptores de glutamato poderá resultar em aumentos excessivos da pool de Ca2+, que

em última instância provoca morte neuronal (Mody & MacDonald 1995). A morte celular induzida

pelo excesso de glutamato ocorre por dois mecanismos fundamentais: formação excessiva de óxido

nítrico (NO)(Peter Jenner 2003) e disfunção neuronal (Schinder et al. 1996). A suportar a importância

deste mecanismo de excitotoxicidade na DP existem dados que demonstram que antagonistas do

NMDA protegem os neurónios dopaminérgicos da morte celular, induzida pelo tratamento de ratos

e primatas (Turski et al. 1991; J T Greenamyre et al. 1994) com MPTP.

2.4. Parkinson idiopática e hereditária

As vias metabólicas subjacentes ao quadro patológico da DP não são bem conhecidas, no

entanto, sabe-se que podem resultar da combinação de factores ambientais e genéticos. Os casos

idiopáticos e hereditários de DP apresentam características semelhantes, mas os casos hereditários

surgem em idades precoces (<40 anos) e encontram-se associados a características clínicas atípicas,

como é o caso do Parkinsonismo Juvenil Autossómico Recessivo (PJ-AR) (Yamamura et al. 1993).

Estudos epidemiológicos revelam que menos de 10% dos doentes com DP apresentam uma estrita

etiologia hereditária (DP mendelianas), apresentando DP autossómica recessiva (DP-AR) ou

dominante (DP-AD), no entanto, na maioria dos doentes os casos são idiopáticos (Thomas & Beal

2007).

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Apesar da raridade dos casos de DP hereditária, a descoberta de cada vez mais genes

envolvidos nesta patologia tem vindo a confirmar a importância e o papel dos factores genéticos no

desenvolvimento da doença, fornecendo pistas essenciais na compreensão da patogénese molecular

da DP idiopática (Thomas Gasser 1998; Thomas & Beal 2007). Apesar da relação mencionada ser

pouco clara, o facto de partilharem das mesmas características patofisiológicas sugere o

envolvimento de mecanismos patogénicos comuns (John Hardy 2003).

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3. Parkinson Juvenil Autossómico Recessivo (PJ-AR)

O PJ-AR é uma doença neurodegenerativa, inserida na DP hereditária, que surge antes dos

40 anos manifestando-se de forma lenta e progressiva (H Takahashi et al. 1994). Esta doença é

sintomaticamente diferente da DP idiopática, no entanto, apresenta características clínicas

semelhantes. Os doentes com PJ-AR apresentam um leve parkinsonismo com resposta ao

tratamento com levodopa, sendo os principais sintomas a instabilidade da postura, distonia do pé,

hiperreflexia, óbvias flutuações diurnas dos sintomas parkinsónicos e uma melhoria dos sintomas

após um sono ocasional que pode durar algumas horas (Ishikawa & Tsuji 1996).

A condição autossómica recessiva, sendo encontrada em doentes cujos progenitores

partilham consanguinidade e é observada numa única geração. A média de idades de início da

doença ronda os 25 anos (24.6 ±3.2 [mean ± SEM, range; 8 a 38, n=9]) nos homens e 23 anos (22.5

±2.7 [mean ± SEM, range; 8 a 43, n=17]) nas mulheres (M. Saito et al. 1998) sendo que a manifestação

clínica ocorre por volta dos 40 anos (E. R. D. L. T. Gil 2009).

Esta condição encontra-se descrita predominantemente na população Japonesa, podendo

ter diferentes denominações, das quais se destaca o parkinsonismo autossómico recessivo de inicio

precoce com flutuações diurnas, forma hereditária de parkinsonismo e parkinsonismo juvenil

(Yamamura et al. 1973; Takubo et al. 1996).

Alterações no gene PARK2 (MIM 602544) foram identificadas como preponderantes para o

desenvolvimento do PJ-AR (MIM 600116), estando descritas mais de cem alterações onde as mais

graves levam ao consequente misfold e perda de função da proteína codificada (Shimura et al. 2000).

O estudo do gene indutor do PJ-AR, permitirá elucidar os mecanismos moleculares

subjacentes à degeneração selectiva dos neurónios dopaminérgicos da SNpc no PJ-AR e

impulsionará a compreensão dos mecanismos de degeneração neuronal na DP (M. Saito et al. 1998).

A nível histológico, os doentes apresentam uma perda neuronal óbvia, com uma marcada

despigmentação da SNpc, resultante da diminuição dos neurónios que contêm neuromelanina nesta

zona. Para além desta perda neuronal, é observada a deposição extraneuronal de melanina e gliose

na zona central e ventrolateral da SNpc (van de Warrenburg et al. 2001). A zona cerebral do cerúleo,

que possui a maior densidade de neurónios dopaminérgicos, apresenta também um acentuado

decréscimo neuronal e uma diminuição do conteúdo em neuromelanina.

Apesar de estas características também estarem presentes em doentes com DP, no caso dos

doentes com PJ-AR (e contrariamente à DP) não é observada a presença de CLs no conteúdo celular

dos neurónios da substância nigra (SN) e cerúleo (SAITO 2000; H Takahashi et al. 1994) . A ausência

de CLs nesta doença sugere que a função da Parkina seja crucial na formação dos corpos de inclusão

(Sasaki et al. 2004). É no entanto importante referir a existência de uma excepção descrita na

literatura (M Farrer et al. 2001).

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A relação entre a PJ-AR e a DP idiopática foi inicialmente questionada porque os doentes de

PJ-AR são atípicos quando comparados com os doentes de DP idiopática, nomeadamente na

sintomatologia e na idade do surgimento dos sintomas clínicos (21,9 vs 58 anos de idade,

respectivamente) (H. Mori et al. 1998; H Takahashi et al. 1994). A distonia e as flutuações diurnas

sintomáticas são frequentemente observadas em doentes com DP precoce, mesmo sem historial

hereditário (H. Mori et al. 1998). Algumas das características atípicas da PJ-AR podem estar

relacionadas com a idade do surgimento da patologia em vez de uma PJ-AR particular.

Mutações no gene da Parkina foram estabelecidas como base na genética da PJ-AR assim

como com os casos mais típicos de DP, e a PJ-AR cumpre uma definição comummente utilizada da

DP hereditária (Paul S. Fishman & G. a Oyler 2002). Estudos iniciais em cérebros post-mortem com

PJ-AR contribuem para a polémica sobre a relação entre a PJ-AR e a DP idiopática. A análise de um

número restrito de cérebros com PJ-AR mostra duas características comuns: 1) a perda de neurónios

dopaminérgicos na substantia nigra e 2) o tronco cerebral gliose não apresentar corpos de Lewy (H.

Mori et al. 1998; H Takahashi et al. 1994). Autópsias de doentes de PJ-AR com mutações na Parkina

também revelam ausência de corpos de Lewy, com uma excepção (Portman et al. 2001; Hayashi et al.

2000; M Farrer et al. 2001). Embora a ausência de corpos de Lewy na PJ-AR exclua esse distúrbio

patológico de cumprir os critérios estabelecidos para o diagnóstico da DP, a PJ-AR e o gene da

Parkina subjacentes são susceptíveis de ter um relacionamento próximo com DP idiopática (Paul S.

Fishman & G. a Oyler 2002).

A ausência de Corpos de Lewy na PJ-AR impulsionou o interesse na relação da PJ-AR

heredit|ria e a DP causada por mutações na α-sinucleína. Quando as famílias com mutações de α-

sinucleína foram descritas, a relevância das formas hereditárias de parkinsonismo esporádico com

resposta à levodopa tornou-se evidente (Polymeropoulos et al. 1997). A descoberta de que a α-

sinucleína era um dos principais componentes de Corpos de Lewy estabeleceu uma característica

comum entre parkinsonismo hereditário responsivo à levodopa e à DP idiopática (Spillantini et al.

1997). Esta constatação reforçou a ideia de que formas hereditárias de parkinsonismo responsivo à

levodopa deveriam ser definidas como DP hereditária, e ilustram a importância de identificar genes

para a DP hereditária, mesmo entre grupos restritos de doentes que apresentam características

atípicas.

Alguns estudos revelam ainda que ocasionalmente são observadas inclusões basofílicas,

diferentes dos CLs, com uma forma esférica que apresentam na sua constituição α-sinucleína e

ubiquitina (Sasaki et al. 2004), sendo de evidenciar que, a variedade de aberrações que se verificam

na Parkina poderá provocar diferenças patológicas tanto em grau como na distribuição da

neurodegeneração, incluindo a presença ou ausência de CLs. Esta hipótese vem reforçar uma

possível ligação entre parkinsonismo induzido pela Parkina e a DP idiopática (Sasaki et al. 2004).

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Estudos de imagiologia de doentes de PJ-AR mostram uma perda da função no transporte

de dopamina semelhante à DP típica, apoiando a relevância da PJ-AR para a DP típica, determinando

a perda da função dos neurónios dopaminérgicos (Broussolle et al. 2000; Hilker et al. 2001).

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4. O locus PARK2: Estrutura e função

Desde a identificação do locus PARK2, o conhecimento genotípico e fenotípico das

mutações genéticas da Parkina tem expandido (Abbas et al. 1999; C B Lücking et al. 2001). O gene

Park2 encontra-se entre os maiores genes humanos, com um comprimento de 1.380.245pb, possui 12

exões e várias formas de splicing alternativo (E. R. D. L. T. Gil 2009). Encontra-se localizado no

cromossoma 6q25.2-q27 (Matsumine et al. 1997) e foi identificado por clonagem posicional em 1998

(T Kitada et al. 1998). O seu elevado tamanho deve-se aos extensos intrões que resultam numa open

reading frame de apenas 1395pb que codifica para uma proteína de 465 aminoácidos com um peso

molecular aparente de 52kDa (T Kitada et al. 1998). Ao estudar este gene verificou-se codificar uma

proteína de origem anteriormente desconhecida denominada de Parkina (T Kitada et al. 1998), uma

proteína evolutivamente conservada que está presente, com elevado grau de homologia, em

Caenorhabditis elegans, Drosophila melanogaster, Mus musculus, Rattus rattus e em outras espécies

(Culetto & Sattelle 2000; Tohru Kitada et al. 2000; Horowitz et al. 1999; Y.-J. Bae et al. 2003).

O promotor do gene da Parkina é um promotor bidireccional, regulando a transcrição da

Parkina e do gene upstream antissense (Andrew B. West et al. 2003) que possui 5 exões e um

comprimento total de 0.6Mb. O gene upstream antissense constituí o gene co-regulador da Parkina

(PACRG), no entanto, a sua relevância fisiológica ou patofisiológica é desconhecida.

As mutações no gene da Parkina foram as primeiras a serem associadas ao PJ-AR hereditário

(T Kitada et al. 1998). Ao contr|rio da α-sinucleína, uma proteína envolvida na DP, as mutações na

Parkina parecem ser relativamente comuns na DP hereditária e são responsáveis por muitos casos de

incidência precoce da DP (C B Lücking et al. 2000; Paul S. Fishman & G. a Oyler 2002) uma vez que

cerca de 50% dos doentes com DP precoce apresenta mutações na Parkina (C B Lücking et al. 2000).

As primeiras mutações no locus PARK2 que levaram à identificação do gene correspondem a

grandes delecções homozigóticas, de um e cinco exões respectivamente (Tohru Kitada et al. 2000).

Desde então, uma variedade de mutações foi identificada, entre elas, delecções de um ou vários

exões, duplicações ou triplicações de exões, mutações em frame-shift, mutações pontuais que

podem ser subdivididas em mutações missense (substituição de um resíduo de aminoácido por

outro), non-sense (resultando num codão stop) e splice-site (intrónicas) (A. West et al. 2002; C B

Lücking et al. 2000; Abbas et al. 1999; E. R. D. L. T. Gil 2009).

Delecções homozigóticas na Parkina, semelhantes às do Japão, foram encontradas em

linhagens da Europa, juntamente com a identificação de linhagens contendo delecções adicionais

(exão 8-9, na Argélia) e mutações pontuais homozigóticas (Paisán-Ruíz et al. 2004; Zimprich et al.

2004; Thomas & Beal 2007). Na Europa foram identificadas 35 famílias com DP de início precoce,

possuindo um padrão autossómico recessivo com mutações na Parkina. A partir dessas linhagens,

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outras nove famílias portadoras de novas mutações, sobretudo mutações pontuais, foram

descobertas com idade de início tardio (38 ± 12 anos) manifestando um fenótipo mais parecido com a

DP idiopática (Abbas et al. 1999).

Juntamente com os doentes que apresentavam mutações heterozigóticas na Parkina e a

combinação de mutações pontuais ou delecções com uma mutação pontual, foi identificada uma

família com uma herança pseuso-dominante onde a mutação no segundo alelo não foi identificada,

mesmo após o screening de todos os exões da Parkina, sugerindo que mutações no promotor ou nos

intrões da Parkina também poderão originar a doença (C Klein et al. 2000). Fica, no entanto, por

determinar se esses doentes expressam Parkina funcional (Paul S. Fishman & G. a Oyler 2002).

Quando o interesse se centrou sobre os casos com início precoce, sem histórico hereditário

conhecido, as mutações homozigóticas da Parkina também foram detectadas. No Japão, 2% dos

doentes de DP aparentemente idiopática, com incidência precoce (6,3% abaixo de 50 anos de idade),

são portadores de mutações na Parkina. Apesar da vasta gama de sintomas que foram observados

nestes doentes, eles tendem a ser jovens e a ter um quadro clínico atípico descrito para PJ-AR,

apresentando distonia, apresentação simétrica e excelente resposta inicial a levodopa, mas com

aparecimento precoce de discinesia.

As mutações na Parkina associadas à PJ-AR ocorrem tanto na forma homozigótica como

heterozigótica apresentando os alelos com diferentes mutações. Por outro lado, sendo o PJ-AR uma

condição autossómica recessiva, é espectável que ambos os alelos se encontrem afectados por uma

mutação que interfira com a expressão ou função da proteína. No entanto, foram reportados alguns

casos onde apenas um dos alelos surge mutado, mesmo após um intenso screening (M Farrer et al.

2001; A. West et al. 2002), sendo estes casos explicados por um modelo de haploinsuficiência (M

Farrer et al. 2001) ou pelo facto da Parkina poder ser inibida pós-traducionalmente. Um exemplo da

inibição pós-traducional observa-se com a S-nitrosilação in vivo da Parkina, que leva à inibição da

actividade E2 ligase removendo a sua acção protectora (K. K. K. Chung et al. 2004). Assim sendo,

uma mutação heterozigótica associada ao stress nitrosativo pode promover a manifestação da

haploinsuficiência, reforçando a observação das mutações heterozigóticas associadas à doença. Um

ganho de função tóxica ou um efeito negativo dominante transportando algumas mutações

missense é também uma hipótese plausível. No entanto, descobertas de que proteínas truncadas não

são expressas a níveis detectáveis em cérebros de doentes com delecções dos exões 3 ou 4 (Shimura

et al. 1999; Shimura et al. 2001) reforça o conceito da ocorrência de mutações que levam à perda de

função como sendo o mecanismo patológico predominante no PJ-AR.

Globalmente, as formas monogénicas de DP são raras entre os genes identificados até à

data, sendo que as mutações na Parkina parecem ser a causa mais comum de PJ-AR. Num estudo

europeu, com doentes com idade de surgimento da doença até aos 45 anos de idade ou indivíduos

com um irmão afectado pela mesma condição, foram identificadas mutações na Parkina em cerca de

50% dos casos hereditários e em 18% de casos idiopáticos de DP (C B Lücking et al. 2000). Em doentes

sem historial hereditário, foram observadas mutações na Parkina em 44% dos doentes que tinham

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idade de surgimento inferior aos 30 anos e apenas em 3% dos que tinham idade de surgimento

superior aos 30 anos de idade (Martin Kann et al. 2002). Outros relatórios suportam esta ordem de

magnitude, sendo as variações descritas atribuídas aos diferentes critérios usados.

Em geral os irmãos gémeos heterozigóticos de indivíduos com PJ-AR não são afectados, no

entanto, alguns desses irmãos têm resultados parcialmente discrepantes na tomografia de

fluorodopa por emissão de positrões (PET), sugerindo que indivíduos com um gene Parkina anómalo

podem ter mudanças pré-clínicas na DP (Broussolle et al. 2000). Note-se que alguns doentes têm

apenas uma mutação na Parkina identificada sendo provável que os doentes portadores de uma

mutação no locus da Parkina não tenham sido identificados por razões técnicas ou porque a mesma

se encontra numa região não-exónica, como o promotor de Parkina. No entanto, é possível que

alguns desses doentes tenham de facto a doença associada a apenas um alelo de Parkina mutante (C

Klein et al. 2000; J. Satoh & Y Kuroda 1999; Paul S. Fishman & G. a Oyler 2002).

Ao longo de vários anos, treze loci foram identificados e relacionados com os casos DP

hereditária, apresentando um traço mendeliano autossómico dominante ou recessivo.

Existem, no entanto, seis causas genéticas claramente definidas (figura 2) associadas aos

genes da α-sinucleína (PARK1) (Polymeropoulos et al. 1997), Parkina (PARK2) (T Kitada et al. 1998),

UCHL-1 (PARK5)(Leroy et al. 1998), PINK1 (PARK6)(Valente et al. 2004), DJ-1 (PARK7) (Vincenzo

Bonifati et al. 2003) e LRRK2/dardarina (PARK8) (Zimprich et al. 2004; Paisán-Ruíz et al. 2004;

Thomas & Beal 2007).

Locus Cromossoma Gene Hereditariedade Função provável

PARK1/4-SNCA 4q21.3 α-sinucleína AD Proteína pre-sináptica/ Chaperone

PARK2 6q25.2-27 Parkina AR Ligase E3 ubiquitina

PARK5 4p14 UCH-L1 AD Hidrolase c-terminal ubiquitina

PARK6 1p35-36 PINK-1 AR Cinase

PARK7 1p36 DJ-1 AR Chaperone

PARK8 12p11.2q-13.1 LRRK2 AD Cinase

Figura 2 - Loci envolvidos na genética da DP, localização cromossómica, gene, hereditariedade e função provável

adaptado de Gil (Gil 2009).

O fenótipo associado à Parkina não é consistente o suficiente para permitir a identificação

dos doentes caso a caso. Uma grande variedade de genótipos resultantes de mutações da Parkina

parece causar fenótipos semelhantes na população europeia, com 19 diferentes rearranjos exónicos

(e uma delecção intrónica) e 16 mutações pontuais exónicas diferentes identificadas nessas famílias,

apesar dos sintomas semelhantes (C B Lücking et al. 2000; M Periquet et al. 2001). O rastreio dos

vários tipos de mutações associadas a DP, em diversos grupos hereditários, sugere uma origem

comum para as mutações pontuais. Já os rearranjos exónicos mais prováveis ocorrerão de forma

independente nas diferentes famílias (M Periquet et al. 2001).

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5. Factores genéticos envolvidos na patogénese hereditária

5.1. PARK1 e 4-SNCA (α-sinucleína)

Os genes PARK1 e 4-SNCA codificam para a α-sinucleína, sendo o principal constituinte dos

CLs devido ao elevado potencial para a agregação, formando agregados insolúveis e tóxicos para a

célula, induzindo stress proteolítico, neurodegeneração (Thomas & Beal 2007) e pensa-se que

poderá estar envolvida na patogénese da DP e da Demência com CLs. Espécies mutadas

incrementam a propensão para agregar em diferentes graus, sendo que, diferentes tipos de

mutações nos genes produzem manifestações diferentes da doença (Polymeropoulos et al. 1997).

Os genes que codificam para a α-sinucleína foram a primeira causa genética identificada

associada à DP hereditária, estando esta relacionada com um fenótipo autossómico dominante.

Contudo, foi a identificação de todos estes genes e da relação entre as suas mutações e a forma

hereditária de DP que veio fornecer uma ajuda considerável na compreensão da patogénese da DP

(Portman et al. 2001).

A identificação da α-sinucleína como o principal componente dos Corpos de Lewy, tanto na

forma da DP hereditária como na idiopática, guiou a investigação para o estudo do papel da α-

sinucleína na patogénese da DP. Uma tendência semelhante de generalizar as conclusões para a

função da Parkina na PJ-AR à DP idiopática também está a ocorrer (Paul S. Fishman & G. a Oyler

2002).

5.2. PARK2 (Parkina)

Mutações no gene da Parkina (PARK2) surgem com elevada frequência, sendo observadas

em cerca de 50% dos casos de DP hereditária (Betarbet et al. 2005). Quando o gene se encontra

mutado manifesta-se um fenótipo autossómico recessivo juvenil da DP. Uma vez que o tema do

presente trabalho recai especificamente sobre este gene e proteína, ao longo deste capítulo, mais

informação será apresentada relativamente a este assunto.

5.3. PARK5 (UCH-L1)

O UCH-L1 encontra-se associado a várias doenças neurodegenerativas, entre elas a DP

hereditária e a DA (Betarbet et al. 2005). Este gene codifica para a proteína homónima que pertence

ao grupo de enzimas desubiquitinadores responsáveis pela hidrólise de cadeias de poliubiquitina em

monómeros de ubiquitina (Pickart 2000) encontrando-se exclusivamente em neurónios. Quando

apresenta mutações a sua actividade sofre uma redução em cerca de 50% levando à diminuição da

ubiquitinação e consequente deposição de proteínas anormais nos neurónios (Pickart 2000).

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5.4. PARK6 (PINK1)

O gene codifica para a PTEN-induced kinase 1 (PINK1), uma proteína com um domínio de

serina/treonina presente no mitocôndrio e que actua como protector celular em situações de stress

oxidativo. As suas mutações são a segunda causa mais comum de DP-AR, a seguir à Parkina. Infere-se

que mutações neste gene afectam a função mitocondrial e o processo de fosforilação proteica,

causando neurodegeneração devido à resposta anormal ao stress oxidativo (Valente et al. 2004).

5.5. PARK7 (DJ1)

A DJ1 é uma proteína homodimérica de grande relevância na protecção contra lesões

provocadas pelo stress oxidativo. Esta proteína encontra-se associada à DP-AR e possivelmente

apresenta actividade antioxidante, co-activador transcripcional e chaperone (Thomas & Beal 2007).

Várias evidências suportam o seu carácter antioxidante, funcionando como scavenger de espécies

reactivas de oxigénio (Taira et al. 2004). A sua função como chaperone encontra-se relacionada com

a capacidade de impedir a formação de agregados de α-sinucleína evitando a subsequente morte

celular (Shendelman et al. 2004; W. Zhou et al. 2006). Para além disso, a DJ1 associa-se com a Parkina

durante o stress oxidativo, sugerindo um papel comum na neurodegeneração (D. J. Moore, L. Zhang,

et al. 2005). A capacidade de upregulate transcripcionalmente a expressão da tirosina hidroxilase,

através da supressão da sumoilação do pyrimidine tract-binding protein-associated splicing factor é de

especial interesse para a função dos neurónios dopaminérgicos (Zhong et al. 2006).

5.6. PARK8 (LRRK2)

Mutações no gene leucine-rich repeat kinase 2 (LRRK2) ou dardarina causam DP-AD (Doença

de Parkinson Autossómica Dominante), são frequentemente estudadas devido à elevada prevalência

nos casos de DP hereditária (E. R. D. L. T. Gil 2009). As mutações neste gene compreendem cerca de

6% dos casos de parkinsonismo hereditário e cerca de 2% dos casos esporádicos (E. R. D. L. T. Gil

2009). O gene codifica para uma proteína de 280 kDa com múltiplos domínios pertencente à família

de proteínas ROCO, possuindo um domínio LRR (Leucine Rich Repeat), um domínio Roc (Ras on

complex) seguido de um COR (C-terminal Roc), um domínio MAPKKK (Microtubule Associated Protein

Kinase Kinase Kinase) e um domínio WD40 (E. R. D. L. T. Gil 2009). A sua função precisa é ainda

desconhecida, mas a presença de múltiplos domínios funcionais sugere o envolvimento em várias

funções (Thomas & Beal 2007). Alguns estudos referem esta proteína como sendo citoplasmática,

especialmente localizada no complexo de Golgi, vesículas sinápticas, membrana plasmática,

lisossomas e associados à membrana mitocondrial externa (Biskup et al. 2006; Galter et al. 2006)

sendo expressa em diferentes regiões do cérebro (E. R. D. L. T. Gil 2009).

Mutações no gene levam à depleção de proteínas das vesículas sináptica, evidenciando a

participação na orientação polarizada das proteínas das vesículas sinápticas para os axónios

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(Sakaguchi-Nakashima et al. 2007). Estudos recentes demonstraram a capacidade de se associar com

lipid rafts e de regularem o comprimento e ramificação dos neuritos, sugerindo que o LRRK2 modula

a reciclagem de vesículas sinápticas, crescimento dos neuritos e funções inerentes ao complexo de

Golgi, lisossomas e mitocôndrios, nos quais disfunções podem comprometer a sobrevivência

neuronal (C. Li & Beal 2005).

Permanece pouco claro como é que o aumento da actividade de cinase afecta a sinalização

levando à patogénese na DP, no entanto, estudos recentes demonstraram alterações significativas

na fosforilação de proteínas chave envolvidas na sinalização via MAPK em doentes com mutação

neste gene (L. R. White et al. 2007).

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6. Estruturas e funções

6.1. Estrutura da Parkina: Domínios

A Parkina apresenta uma estrutura modular (Figura 3) contendo um domínio N-terminal do

tipo ubiquitina (UBL), uma região central característica constituída pelo domínio RING0 e um super-

domínio C-terminal denominado de RING-IBR-RING (RBR) constituído por dois domínios RING (RING1

e RING2) (Really Interesting New Gene) separados por um domínio “In between RINGs” (IBR) (Beasley,

Hristova & Shaw 2007a; Hristova et al. 2009).

Tanto as estruturas RING mencionadas como o IBR apresentam 2 locais de ligação a zinco

cada, sendo estes cruciais na manutenção da estrutura tridimensional da Parkina. A remoção dos

iões resulta na perda de estrutura de grande parte da proteína (Hristova et al. 2009).

Figura 3- Estrutura modular da Parkina. UBL: Domínio semelhante à ubiquitina; R0: Domínio RING 0; R1: Domínio

RING 1; R2: Domínio RING 2; IBR: Domínio In-Between-RING. Adaptado de Mata, von Coelln e Hristova (Mata et

al. 2004; von Coelln et al. 2004; Hristova et al. 2009)

6.1.1. Domínio UBL

A análise da sequência da Parkina sugere uma ligação com a via da ubiquitina-proteassoma.

O grupo amina terminal (N-terminal) da Parkina apresenta uma identidade significativa com a

ubiquitina (62% de homologia nos primeiros 76 aminoácidos) e uma estrutura tridimensional com

folhas beta e hélices alfa que facilita a distribuição e degradação de substratos ubiquitinados

(Hristova et al. 2009). Esta região da Parkina é designada como o domínio de homologia ubiquitina

(UbiHD). A Ubiquitina, uma proteína com uma sequência de 76 aminoácidos evolutivamente

conservada, tem a função de marcação de proteínas específicas para degradação pela via do

proteassoma, estabelecendo uma ligação covalente entre a ubiquitina e a proteína (Voges et al.

1999). O proteassoma consiste num core catalítico 20S, forrado com enzimas proteolíticas, e duas

subunidades 19S que se dispõem nos topos do core 20S, para formar o proteassoma completo de

26S. A ligação de pelo menos quatro moléculas de ubiquitina a uma proteína é essencial para o

encaminhamento desta para a subunidade 19S, facilitando a entrada da proteína no core do

proteassoma. Inicialmente, a ligação é estabelecida entre a extremidade carboxilica da ubiquitina e

um grupo ε-amina de um resíduo de lisina da proteína-alvo. As adições posteriores, de mais cadeias

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de ubiquitina, são feitas estabelecendo ligação entre a nova cadeia de ubiquitina e o resíduo 48 da

lisina pertencente à ubiquitina anterior (Paul S. Fishman & G. a Oyler 2002; Voges et al. 1999).

6.1.2. Super-domínio RING-IBR-RING (RBR)

A análise do terminal carboxil (C-terminal) da Parkina também sugere uma participação da

Parkina no sistema ubiquitina-proteassoma e foi importante na previsão da função da Parkina. O C-

terminal da Parkina contém os dois motivos RING separados por uma região rica em cisteína

denominado domínio "In between RINGs" (IBR), com a estrutura do domínio C-terminal completo

denominado "RING-IBR-RING". Motivos RING são comuns no C-terminal da ubiquitina E3 ligase

(Lorick 1999).

O super-domínio C-Terminal RBR apresenta uma arquitectura evolutivamente conservada

com uma percentagem elevada de cisteínas e histidinas. Este domínio encontra-se unicamente em

proteínas de células eucariotas e é vulgarmente associada à actividade E3 ligase da Parkina (Beasley,

Hristova & Shaw 2007a), à semelhança das proteínas caracterizadas até à data que a contêm. Com

base na análise de sequências, a cada domínio RING do RBR da Parkina devem associam-se dois iões

zincos em forma de cinta cruzada usando o motivo C3HC4. No entanto, outros estudos sugerem que

apenas se deverá associar um único ião zinco, não existindo consenso (Beasley, Hristova & Shaw

2007a). O RBR é essencial para a ubiquitinação, em que os dois domínios RING medeiam a interacção

da Parkina com as proteínas E2 de conjugação UbcH7 e UbcH8 necessárias ao processo.

No geral, os domínios RING são caracterizados por possuir uma sequência específica (figura

4). Este domínio medeia a interacção proteína-proteína em enzimas E3 (Borden 2000; Morett & Bork

1999).

[Cys–X2–Cys–X9-39–Cys–X13–His–X23–Cys/His–X2–Cys X4-48–Cys–X2–Cys]

Figura 4 – Sequencia especifica característica de domínios RING em que X representa qualquer aminoácido.

Retirado de Borden, Morett e Bork (Borden 2000; Morett & Bork 1999).

6.1.3. In between RINGs

O domínio IBR da Parkina assiste no recrutamento de proteínas envolvidas na ubiquitinação,

orientando o RING1 e o RING2 de forma a facilitar a interacção de proteínas e subsequente

ubiquitinação. Por exemplo, a formação de complexos entre a Parkina e as proteínas UbcH7 e UbcH8

é aumentada na presença do domínio IBR (Beasley, Hristova & Shaw 2007a). Na ubiquitinação do

Sept5 (proteína associada a vesículas sinápticas), os domínios IBR-RING2 acentuam a ligação e

actividade do UbcH8 (Y. Zhang et al. 2000). De forma muito semelhante ocorrem as mesmas

observações para o caso da ligação da Sinfilina-1 à Parkina (K. K. Chung et al. 2001). O domínio IBR é

fundamental para a geometria do RBR, que por sua vez é crucial para o recrutamento do chaperone

Hsp70 (Y. C. Tsai et al. 2003), uma componente necessária para a apresentação de substratos

unfolded em vários complexos de ubiquitinação. Este domínio possui dois locais de ligação de iões

zinco, sendo este essencial para o folding da Parkina (Hristova et al. 2009).

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As mutações na Parkina são frequentemente grandes delecções ou mutações frame-shift

que codificam a proteína sem ambos os domínios RING e actividade E3 in vitro (Shimura et al. 2000).

A Parkina não foi detectada nos primeiros doentes de PJ-AR avaliados o que sugere que a proteína

truncada é instável e não consegue acumular (Paul S. Fishman & G. a Oyler 2002; Shimura et al. 1999).

Figura 5 - Estrutura do domínio IBR (307-384) na zona 320-377 (NMR). A zona N-terminal 307-319 e C-terminal 378-384 não surgem representadas devido à falta de estrutura. (a) Sobreposição do backbone de 20 estruturas usando CYANA. Local I de ligação do zinco compreende as extensas regiões em loop L1 (azul) e L2 (verde), e o local II de ligação do zinco encontra-se a vermelho. (b) Representação do IBR da Parkina, demonstrando a posição dos resíduos coordenados com os zincos. Adaptado de Beasley, Hristova e Shaw (Beasley, Hristova & Shaw 2007a).

As perdas de função por mutações autossómicas recessivas, tais como aquelas encontradas

na Parkina, são pouco comuns em doenças neurodegenerativas de início em adulto. Mutações em

outros genes ligados a cada uma das principais doenças neurodegenerativas são herdadas num

padrão autossómico dominante. Esta lista inclui os genes das proteínas precursoras das amiloideses,

presenilinas, α-sinucleína, proteínas de poliglutamina expandida (poliQ), e a superóxido dismutase

Cu/Zn (SOD1), em que a proteína mutante codificada que induz a doença manifesta um "ganho de

função tóxico", onde o mecanismo de toxicidade tem pouca relação com a função normal da

proteína (formação de fibras amilóides).

6.1.4. Domínio RING0

Este domínio é específico da Parkina e localiza-se na sua região central característica. É

essencial para a função da proteína, existindo mutações descritas associadas ao PJ-AR. Este domínio

foi identificado recentemente (Hristova et al. 2009) e, à semelhança do RBR, é um domínio rico em

cisteínas e histidinas. Apresenta dois locais de ligação ao zinco separados por um fragmento de 26

resíduos de aminoácidos onde pode ocorrer splicing (Hristova et al. 2009) e que distingue o domínio

RING0 de todas as outras estruturas RING. Por sua vez, todas as mutações que ocorrem entre o

domínio UBL e o RBR, à excepção de uma, encontram-se localizadas no domínio RING0 (Hristova et

al. 2009).

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6.2. Função da Parkina

Na sua forma canónica, esta ligase possui uma cadeia polipeptídica de 465 aminoácidos,

constituída por múltiplos domínios e caracterizada como sendo homóloga da família de proteínas de

ubiquitina, que se encontram envolvidas na patogénese de várias doenças neurodegenerativas,

sendo componentes dos CL na DP (Iwatsubo et al. 1996; Galloway et al. 1992; Love et al. 1988) e dos

filamentos emparelhados em hélice na DA (H. Mori et al. 1987; Morishima-Kawashima et al. 1993;

Fuchs 1995). Os CL contêm quantidades abundantes de cadeias multi-ubiquitinadas associadas a

proteínas, sendo que, a degradação incompleta das proteínas associadas ao CL pode estar na base

desta deposição nas inclusões (Iwatsubo et al. 1996). Assim sendo, a ubiquitina e/ou as proteínas

semelhantes à ubiquitina (ex. Parkina) apresentam-se como importantes alvos de estudo no

contexto da patogénese da DP (T Kitada et al. 1998).

A Parkina é expressa em vários tecidos humanos, incluindo o cérebro, coração, testículos e

músculos esqueléticos. Especificamente no cérebro, a expressão da Parkina observa-se em várias

regiões, incluindo a SN (T Kitada et al. 1998). Mas, a sua localização celular permanece pouco clara.

Observações apontam para que a Parkina se encontre em mais do que um compartimento celular

sendo que o grau de visualização varia com a especificidade do anticorpo utilizado (Mark R. Cookson

2003). De uma forma geral, tendo em conta os estudos realizados pode-se concluir que a Parkina se

localizada no citoplasma (Shimura et al. 1999), na zona perinuclear e no complexo de Golgi, assim

como no núcleo celular (Um & K. C. Chung 2006).

Apesar de a Parkina estar ausente nos neurónios dos doentes com PJ-AR, nos doentes com

DP os níveis fisiológicos de Parkina não diminuem, tendo sido observada neste último grupo ao nível

dos CL (Shimura et al. 1999).

A descoberta de que a Parkina é uma E3 ligase de ubiquitina envolvida na degradação de

proteínas, veio fornecer uma importante ligação entre a agregação de proteínas e o sistema

ubiquitina-proteassoma na patogénese da DP (Shimura et al. 2000; Y. Zhang et al. 2000) . Como E3

ligase, a Parkina é portanto responsável pela adição de cadeias de poliubiquitina a substratos

específicos (von Coelln et al. 2004), que por sua vez são reconhecidos pelo proteassoma para

degradação (Sakata et al. 2003). As ligases de ubiquitina controlam a especificidade da selecção do

substrato pela maquinaria do proteassoma, e colaboram com outras duas enzimas E1 e E2

responsáveis pela activação e conjugação da ubiquitina respectivamente (Hershko 1983). O UbcH7 e

o UbcH8 são dois exemplos de enzimas E2 que interagem com a Parkina. Os conjugados de

poliubiquitina gerados nesta cascata são subsequentemente reconhecidos e degradados pelo

complexo do proteassoma 26S. A Parkina surge como um enzima com actividade de ligase de

ubiquitina, sendo que as mutações neste enzima podem ser os responsáveis pela PJ-AR devido à

deficiente proteólise dos seus substratos resultando na acumulação de proteínas na célula sem que

ocorra a formação de CL (Mark R. Cookson 2003). A acumulação de um ou mais substratos da

Parkina é especialmente tóxico no caso dos neurónios catecolaminérgicos (Dong et al. 2003), sendo

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portanto importante a sua identificação tanto no contexto do PJ-AR como na DP idiopática, dado

que neste ultimo desarranjo a Parkina encontra-se S-nitrosilada. A S-nitrosilação da Parkina inibe a

função de ubiquitinação e protecção, promovendo a acumulação dos seus substratos que também

contribuem para a neurodegeneração na DP (K. K. K. Chung et al. 2004; Yao et al. 2004) .

A porção de ubiquitina de várias proteínas conjugadas com ubiquitina actua como

chaperone para as restantes porções da proteína (Finley et al. 1989), assim sendo, o domínio UBL da

Parkina poderá estar envolvida na sua maturação funcional. Por outro lado, a porção C-terminal da

Parkina que contem os motivos RING finger poderá funcionar como uma proteína zinc-finger no

controlo do crescimento celular, diferenciação e desenvolvimento (Saurin et al. 1996).

A relação entre a função Parkina e a DP evidenciou-se com a primeira identificação de corpos

de Lewy num paciente com mutações na Parkina (M Farrer et al. 2001). Este paciente era um dos

muitos doentes heterozigóticos recentemente identificados com uma delecção num alelo e uma

mutação pontual no outro alelo. Enquanto a diversidade de mutações identificadas na Parkina se

expande, as suas implicações na função da Parkina torna-se mais complexa. Embora a maioria das

mutações afectem a porção catalítica da molécula, uma família afectada foi encontrada com uma

mutação pontual no UBL (Terreni et al. 2001). Estudos também estão em andamento para

determinar se as variações alélicas particulares no gene da Parkina são mais comuns em doentes

com DP idiopática. A Parkina e a α-sinucleína serão em breve juntas a outros genes identificados que

causam DP hereditária. O conhecimento sobre a função destes produtos génicos irá contribuir para

uma imagem mais clara de como os genes e factores ambientais interagem para provocar a

características clínicas e patológicas que nós associamos com a DP.

6.2.1. Via de degradação pelo proteassoma

A monotorização, a nível celular, do folding proteico é feita por mecanismos de controlo da

qualidade das proteínas que asseguram o bom funcionamento de todos os processos celulares.

Nos organismos eucariotas, encontram-se descritas quatro vias de proteólise, usadas na

degradação de proteínas misfolded e na eliminação de proteínas de regulação. Algumas vias

proteolíticas são específicas para determinados tipos de substratos, como é o caso das proteínas

integrais de membrana que sofrem a acção de proteases RIP e das proteínas mitocondriais, que são

degradadas por proteases homólogas às bacterianas. No entanto, a maioria das proteínas celulares

são degradadas essencialmente por dois processos, pela via endolisossomal ou pela via da

ubiquitina-proteassoma.

Neste contexto, coloca-se a hipótese de alterações no processo de degradação de proteínas

através da via do sistema ubiquitina-proteassoma estarem na base de várias síndromes

neurodegenerativas, incluindo a DP (Alves-Rodrigues 1998).

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Na via de degradação pelo sistema endolisossomal a proteólise ocorre por acção de enzimas

hidrolíticos que actuam ao nível dos lisossomas. Esta via degradativa permite processos celulares

como a autofagia, fagocitose e pinocitose, ou a degradação de proteínas citoplasmáticas através da

microfagia. A via da ubiquitina-proteassoma, por sua vez, é um processo especialmente direccionado

para a degradação de proteína como as proteínas da via secretora e citoplasmáticas. Apresenta

especificidade para a degradação de alguns substratos e portanto é indispensável (directa ou

indirectamente) ao nível de alguns processos celulares (Ciechanover & Brundin 2003). O mal

funcionamento desta via encontra-se na base de várias patologias como é o caso do PJ-AR já

mencionado anteriormente.

Após a serem traduzidas para o interior do reticulo endoplasmático (RE), as proteínas da via

secretora passam por vários processos de controlo de qualidade (ERQC) (Figura 6). Inerente a este

sistema existe associado um mecanismo de degradação que permite a translocação das proteínas

misfolded para o citoplasma para posteriormente ser degradada pela via da ubiquitina-proteassoma.

Por sua vez, as proteínas produzidas no citoplasma pelos ribossomas livres caso apresentem um

folding incorrecto são reconhecidas (directamente ou por intermédio de chaperones) pela via da

ubiquitina-proteassoma e são degradadas. Comum a ambos os grupos de proteínas, a ubiquitinação

surge como reacção imprescindível na eliminação dos substratos proteicos misfolded (Vembar &

Brodsky 2008).

Figura 6 - Ilustração da degradação associada ao retículo endoplasmático. (a) Proteínas misfolded

intramembranares do citoplasma e lúmen do RE são reconhecidas por chaperones citoplasmáticos e do lúmen do

RE e por factores associados, como membros da família das Hsp70, calnexina e calreticulina, e isomerases de

ligações persulfureto. (b) Marcação proteica. Substratos do ERAD são retrotranslocados, após marcação, para a

maquinaria de retrotranslocação (o translocão) e/ou E3 ligases. (c) Iniciação da retrotranslocação. A

retrotranslocação do substrato para o citoplasma é iniciada pelo complexo Cdc48 (cell-division cycle-48) ou

outros componentes, como chaperones moleculares ou proteassoma. A energia proveniente da hidrólise do ATP

pelo Cdc48, que é um AAA+ ATPase, é usada na retrotranslocação. (d) Ubiquitinação e finalização da

retrotranslocação. Após a passagem pelo translocão, a proteína é poliubiquitinada por uma E3 ligase de

ubiquitina. A reacção finaliza a translocação com o auxílio de complexos citoplasmáticos que ligam ubiquitina a

proteínas. (e) Marcação e degradação proteassomal. Após a poliubiquitinação, o substrato disponível no

citoplasma é reconhecido pelos receptores do topo 19S pertencentes ao proteassoma 26S. Os enzimas envolvidos

na desubiquitinação (não apresentados) removem a marcação e a N-glicase de péptidos (não apresentado) que é

potencialmente necessária para uma degradação eficiente. O substrato é introduzido no core catalítico do

proteassoma onde é degradado em péptidos. A ubiquitina proveniente do processo de degradação pode ser

reciclada. Adaptado de Vembar e Brodsky (Vembar & Brodsky 2008).

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A ubiquitina (IPR000626) é uma proteína constituída por 76 aminoácidos, resistente ao calor

e evolutivamente conservada. A ubiquitinação de substratos ocorre através da formação de uma

ligação isopeptídica entre o C-terminal do resíduo de Gly76 da ubiquitina e o grupo ε-amina de uma

Lys da proteína alvo. Por sua vez, a reacção de poliubiquitinação ocorre sucessivamente entre os

resíduos de Gly76 da nova ubiquitina e resíduo de Lys48 da molécula precedente. Existem ainda um

conjunto de proteínas, mencionadas como ubiquitin-like, semelhantes à ubiquitina que quando

ligadas a substratos proteicos específicos lhes confere novas funções a nível celular.

As reacções da via da ubiquitina-proteassoma ocorrem de forma sequencial e são cruciais no

processo de degradação de proteínas misfolded. Contudo, a especificidade mencionada relaciona-se

com o ultimo passo da via onde participa o enzima E3 ligase. Os enzima desta família apresentam

especificidade o substrato e participam na ligação da ubiquitina a este. Neste contexto, a Parkina,

com actividade E3 ligase específica para a α-sinucleína e Sinfilina-1, tem especial relevância a nível das

células neuronais. Proteínas da família das E3 ligases, como a Parkina (IPR000569, IPR003613),

juntamente com as da família das E1 (IPR018075), activadoras da ubiquitina, e E2 conjugadoras da

ubiquitina (IPR000608) representam a cascata enzimática da via da ubiquitina-proteassoma (Figura

7). Na via, o enzima E1 usa ATP para activar a ubiquitina e liga-se a ela através da cisteína presente no

seu centro activo, transferindo então a molécula de ubiquitina activada para a cisteína do centro

activo de um enzima E2. Existem vários E2 na célula apresentando todos eles um domínio

conservado (UBC - ubiquitin conjugation) com cerca de 150 resíduos de aminoácidos que contém a

cisteína envolvida na ligação à ubiquitina activada. Cada E2 interactua especificamente com o enzima

E3, permitindo a transferência directa da ubiquitina activada e sua ligação a um resíduo de Lys da

proteína alvo. Os enzimas da família E3 ligase podem dividir-se em duas classes distintas dependendo

da sua forma de actuação, intimamente relacionada com os domínios estruturais que possui e

condicionando o processo de transferência e de ligação da ubiquitina ao substrato, dependendo do

tipo de enzima. Num dos grupos a ubiquitina activada liga-se à cisteína do centro activo da E3 ligase,

pertencente ao domínio HECT, constituído por 80 resíduos de aminoácidos. Na forma alternativa, o

E3 ligase interactua com o enzima E2, através de um domínio RING finger, transferindo a ubiquitina

activada do enzima E2 para o substrato, sem envolver o intermediário E3-ubiquitina.

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Figura 7 - Via da ubiquitina-proteassoma. O enzima E1 adenila o C-terminal do resíduo Glicina da ubiquitina com

hidrolise de ATP. O adenilato de ubiquitina intermediário liga-se ao grupo tiol da cisteína do centro activo do

enzima E1 formando um tioéster de ubiquitina e AMP livre. Seguidamente, o tioéster de ubiquitina é transferido

para o resíduo de cisteína do centro activo do E2, um enzima de conjugação da ubiquitina. Posteriormente o

enzima E2 transfere a cadeia de ubiquitinas directamente para o substrato ou, em alternativa, para o E3 que se

encarrega de a ligar ao substrato (dependendo do E3). Várias moléculas de ubiquitina são ligadas

sequencialmente pelo E3 ligase, formando uma cadeia de poliubiquitinas. Os substratos poliubiquitinados são

degradados pelo complexo proteolítico denominado de proteassoma 26S, num processo dependente de ATP. A

ubiquitinação é um processo reversível em que as DUBs degradam a cadeia de poliubiquitinas prevenindo a

degradação do substrato necessário, reciclando a ubiquitina. Ubiquitina – círculos vazios com caudas; ubiquitina

activada – círculos preenchidos. De referir que a conjugação da ubiquitina pode ocorrer, independentemente da

via da ubiquitina-proteassoma, de uma forma não canónica (por activação da UBL, activação do híbrido E1-E2 ou

E2-E3 ou por elongação das cadeias curtas de ubiquitina pela E4) Adaptado de Hegde e Upadhya (Hegde &

Upadhya 2007).

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6.3. Estrutura da Sinfilina-1: Domínios

A Sinfilina-1, um dos substratos da Parkina, é uma proteína com 919 aminoácidos que

apresenta uma massa molecular entre 115 e 140 kDa (Rejko Krüger 2004). A homologia da Sinfilina-1

de ratinho com a humana é elevada sendo descrita como uma proteína evolutivamente conservada,

nomeadamente nas regiões que contêm os domínios ankyrin-like motifs e coiled-coil (Figura 8)

(O’Farrell et al. 2002).

O gene humano da Sinfilina-1 (SNCAIP – SNCA Interacting Protein), localizado no cromossoma

5q23.1-23-3, encontra-se actualmente mapeado. A ORF deste gene consiste em 10 exões sendo que o

intrão 5 possui uma repetição GT com elevado número de polimorfismos (S Engelender et al. 2000)

Além disso, a expressão da Sinfilina-1 de murganho, a nível dos tecidos, é semelhante à da Sinfilina-1

humana (O’Farrell et al. 2002).

Figura 8 - Vista esquemática da proteína Sinfilina-1, com comparação de sequências entre a variante humana e a

de murganho. Retirado de Marx (Marx 2003).

6.3.1. Domínio ankyrin-like motifs

O domínio ankyrin é uma sequencia de 33 aminoácidos que adquire estruturalmente uma

conformação de dupla hélice-alfa separadas por um loop. Descoberto na sinalização de proteínas

em leveduras Cdc10 e Drosophila Notch, o domínio ankyrin aparenta mediar interacções entre

proteínas, estando entre os motivos estruturais mais comuns.

O domínio ankyrin ocorre numa diversidade de proteínas que apresentam funções variadas,

tais como iniciadores de transcrição, reguladores do ciclo celular, citoesqueleto, transportadores de

iões, e transdutores de sinais (Bennett & Stenbuck 1979). Este domínio é frequentemente definido

pela sua estrutura, em vez da função, visto que não há uma sequência específica ou estrutura que

seja universalmente reconhecida por esta. A maioria das proteínas que contém este domínio tem 4-6

repetições, embora a sua estrutura prevalente contenha 24 repetições (Mosavi et al. 2004).

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A sequência ankyrin foi estudada recorrendo ao alinhamento múltiplo de sequências para

determinar os resíduos de aminoácidos evolutivamente conservados e que são críticos para o folding

e para a estabilidade da estrutura. Os resíduos superficiais laterais, que apresentam características

geralmente hidrófobas, são variáveis e estão normalmente envolvidos na interacção entre proteínas

(J. Li et al. 2006).

6.3.2. Domínio Coiled-coil

Um domínio coiled-coil é um motivo estrutural em proteínas, em que 2 a 7 alfa-hélices (J. Liu

et al. 2006) são enroladas juntas como os fios de uma corda, sendo a conformação em dímeros ou

trímeros a mais comum. Muitas proteínas do tipo coiled-coil estão envolvidas em funções biológicas

importantes como a regulação da expressão genica. Exemplos notáveis são as onco-proteínas c-fos e

jun, e a proteína muscular tropomiosina. As Coiled-coil geralmente contêm um padrão repetido,

hxxhcxc, de aminoácidos h (hidrófobos) e c (carregados) (Mason & Arndt 2004), são geralmente

rotuladas de abcdefg, onde a e d são as posições muitas vezes ocupadas por isoleucina, leucina ou

valina.

O folding da sequência com este padrão de repetição num estrutura de alfa-helicoidal

secundária faz com que a resíduos hidrófobos sejam apresentados como uma "banda" em que os

aminoácidos se dispõem ao redor da hélice, formando uma hélice esquerda anfipática. A forma mais

favorável para a organização dessas duas hélices num ambiente cheio de água é envolver as zonas

hidrófobas umas contra as outras, externalizando os aminoácidos hidrofílicos. É, portanto, a

internalização das zonas hidrófobas que fornece a força motriz termodinâmica para a

associação (Mason & Arndt 2004).

6.4. Função da Sinfilina-1

Em tecidos não-patológicos de cérebro humano, a Sinfilina-1 é observada principalmente em

grandes neurónios, incluindo Purkinje, nigrais e piramidais (S Engelender et al. 2000; Ribeiro et al.

2002; Murray et al. 2003). A Sinfilina-1 de cérebros não-patológicos, co-imunoprecipita com vesículas

sinápticas, apresenta uma forte associação com estas estruturas. Existem estudos in vitro que

demonstram que é nas porções terminais dos nervos pré-sinápticos onde os níveis de expressão da

Sinfilina-1 são mais elevados durante o desenvolvimento (Ribeiro et al. 2002). Contudo, a função da

Sinfilina-1 não é conhecida. No entanto, a Sinfilina-1 é fosforilada in vitro pela glicogénio sintetase

cinase-3beta, o que sugere um envolvimento nos mecanismos de transdução de sinal e/ou

degradação proteica (Tanji et al. 2003).

Fisiologicamente, a Sinfilina-1 associa-se com a α-sinucleína e promove a formação de

inclusões citosólicas, sendo ela também um dos principais constituintes dos CLs em doentes de

Parkinson. Este facto foi verificado pela formação de corpos de inclusão em cultura de células, co-

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transfectadas com α-sinucleína e Sinfilina-1, onde se observa a associação entre as porções C-

terminal de ambas as proteínas (Kawamata et al. 2001).

Através de um ensaio de duplo-híbrido em levedura observou-se que a Sinfilina-1 interage

com a ubiquitina ligase Siah-1 através da sua região N-terminal, sendo este o local proposto para a

ubiquitinação da Sinfilina-1 (Nagano et al. 2003). A degradação da Sinfilina-1 é fortemente aumentada

na presença da Siah-1, em comparação com a Parkina. Contudo, a Siah-1 não facilita a ubiquitinação e

degradação da α-sinucleína wild-type nem de suas formas mutadas (Nagano et al. 2003).

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7. Substratos da Parkina ubiquitina ligase

A Parkina apresenta-se como uma ligase de ubiquitina multifacetada e única, consistente

com o papel de housekeeping na manutenção da integridade e sobrevivência dos neurónios

dopaminérgicos (D. Moore 2006). Enquanto E3 ligase, esta é responsável pela poliubiquitinação de

vários substratos, marcando-os e encaminhando-os para degradação no complexo proteassomal

26S, como referido anteriormente. Desta forma vários substratos da Parkina já foram identificados

dos quais se destaca a própria Parkina, a Sinfilina-1, a α-sinucleína O-glicosilada, o CDCrel-1, o CDCrel-2,

a β-tubulina, a ciclina E, a sinaptotamina XI (SytXI), a Pael-R (parkin associated endothelin-like

receptor) e a subunidade p38/JTV-1 complexo multi-tRNA sintetase (Y. Zhang et al. 2000; K. K. Chung

et al. 2001; Y Imai et al. 2001; Shimura et al. 2001; P. Choi 2003; Corti et al. 2003; Huynh et al. 2003; Ren

et al. 2003; Staropoli et al. 2003; Houbo Jiang et al. 2004).

Além de actuar nos substratos referidos anteriormente, estudos recentes demonstraram

que a Parkina se encontra envolvida em formas alternativas de ubiquitinação associadas a funções

reguladoras não degradativas (D. Moore 2006). Estas observações apontam para uma interacção

entre a Parkina e outros produtos genómicos relacionados com o parkinsonismo, incluindo a α-

sinucleína, LRRK2, DJ-1 e PINK1 em vias bioquímicas comuns de potencial relevância na patogénese

da doença.

7.1. A Ubiquitina como substrato

O domínio UBL da Parkina aparenta estar envolvido ligação dos diferentes substratos à

proteína (Shimura et al. 2000; P. Choi et al. 2000). Os resíduos de lisina (K) na Parkina

(correspondente a K27, 29 e 48 da ubiquitina), podem servir como locais para a auto-ubiquitinação e

estar envolvidos na regulação da própria degradação (P. Choi et al. 2000).

Apesar de a Parkina ser a única E3 que contém o domínio UBL, os outros E3s são capazes de

se auto-ubiquitinar na ausência deste domínio, tornando plausível a hipótese de que o domínio UBL

tenha funções para além de actuar como local para auto-ubiquitinação (Paul S. Fishman & G. a Oyler

2002). Desta forma, a análise da função do deste domínio noutras proteínas poderá contribuir para

elucidar a função do domínio UBL da Parkina.

A Rad23 é uma das proteínas com um domínio UBL melhor estudada. Originalmente

identificada como um componente do mecanismos de reparação do DNA em levedura, a Rad23

parece ter múltiplas funções. O domínio UBL da Rad23 está envolvido na ligação ao proteassoma,

enquanto um domínio independente se liga a uma heat shock protein 70 (HSP70) (T. Suzuki et al.

2001). Pesquisas recentes sobre Rad23 sugerem que ambas as interacções podem ser

funcionalmente significativas na Rad23 e na compreensão da função Parkina. A Rad23 forma um

complexo com a Png-1 (T. Suzuki et al. 2001), que remove grupos glicina de glicoproteínas misfolded

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translocando-as para o exterior do RE onde sofrem degradação pela via do proteassoma (T. Suzuki

et al. 2001). A Parkina pode funcionar de forma semelhante para aliviar o stress do RE. Com base

nesta informação são sugeridas três funções para a Parkina na eliminação de proteínas aberrantes: 1)

ubiquitinação de proteínas misfolded aberrantes (actividade E3), 2) recrutamento do chaperone

molecular HSP70 para ajudar no unfolding dos substratos aberrantes e 3) ligação com a tampa do

proteassoma apresentando directamente a proteína aberrante para degradação no proteassoma

(Paul S. Fishman & G. a Oyler 2002).

7.2. Sinfilina-1

A Sinfilina-1 foi descrita por Engelender e colaboradores como sendo uma proteína com

capacidade de interacção com a α-sinucleína. No entanto, a Parkina também ubiquitina a proteína de

interacção da α-sinucleína (K. K. K. Chung et al. 2004). A co-expressão de α-sinucleína, Sinfilina-1 e

Parkina wild-type pode resultar em inclusões semelhantes a corpos de Lewy nas células, estando por

isso aí presentes (K. K. Chung et al. 2001). A ubiquitinação de Sinfilina-1, pela Parkina, pode induzir a

formação de corpos de Lewy na DP idiopática e tem em conta a ausência dos mesmos na PJ-AR. Por

outro lado, a sequestração de Parkina nos corpos de Lewy na DP idiopática pode originar um défice

relativo de Parkina funcional livre e contribuir para a morte celular dos neurónios dopaminérgicos,

mesmo na DP idiopática (K. K. Chung et al. 2001).

7.2.1. Complexo Parkina, α-sinucleína e Sinfilina-1

A α-sinucleína é uma proteína neuronal envolvida no transporte de vesículas sinápticas que

interactua com a Sinfilina-1 e potencia a formação de inclusões que possivelmente apresentam

implicações para a formação dos CL (Y.-Y. Xie et al. 2010). A Sinfilina-1 é substrato da Parkina (K. K.

Chung et al. 2001), no entanto, no caso da α-sinucleína apenas a sua forma O-glicosilada (αSp22)

pode ser ubiquitinada pela Parkina (Shimura et al. 2001). A função da Sinfilina-1 é ainda desconhecida

bem como o papel da sua interacção com a α-sinucleína e ubiquitinação por parte da Parkina.

Possivelmente a Sinfilina-1 serve para ligar a α-sinucleína e/ou Parkina a proteínas intracelulares

envolvidas no transporte de vesículas ou citosqueleto (S Engelender et al. 1999).

7.3. Alfa-sinucleína

A α-sinucleína pertence a uma família de proteínas, expressas no cérebro de humanos e

roedores (Giasson et al. 2001; Galvin 2001), com 10 a 20 kDA (Kahle et al. 2002), actualmente

constituída por três membros diferentes: α-sinucleína, β-sinucleína e γ-sinucleína (Clayton & George

1998). A sua localização sub-celular ainda não foi estabelecida em detalhe. No entanto, são sugeridos

como locais de acção os terminais pré-sinápticos, o envelope nuclear e o citoplasma (Maroteaux &

Scheller 1991; Lavedan 1998). Pensa-se que, em condições fisiológicas, a α-sinucleína deverá actuar a

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nível da modulação do turnover das vesículas sinápticas e na plasticidade sináptica (Clayton & George

1998).

Vários estudos mostram que a agregação anormal da α-sinucleína forma o maior

componente filamentoso dos CLs e LNs, afectando não são só os neurónios, mas também as células

da glia, os astrócitos e os oligodendrócitos (H Takahashi & K Wakabayashi 2001). Sob condições

normais, a α-sinucleína deverá apresentar propriedades neuroprotectoras. Em concentrações

nanomolares ela protegerá os neurónios, em culturas de células neuronais primárias, contra o stress

oxidativo e excitotoxicidade, através do mecanismo de sinalização PI3/Akt, por outro lado, em

concentrações na ordem dos micromolares, deverá exercer um efeito neurotóxico nas culturas (Seo

et al. 2002). Estes resultados sugerem que os neurónios dopaminérgicos da substantia nigra são

vulneráveis a níveis elevados de α-sinucleína. Contudo, ainda não foi possível concluir se são os

elevados níveis de α-sinucleína solúvel ou os corpos de inclusão positivos para a α-sinucleína que

causam a morte celular no SN.

Uma visão mais recente dos mecanismos moleculares envolvidos no desenvolvimento da DP

aponta a formação de oligómeros solúveis (protofibras) de α-sinucleína (e não as suas fibras

amilóides) como as espécies citotóxicas responsáveis pela morte dos neurónios dopaminérgicos.

Famílias que apresentem uma mutação no gene da α-sinucleína desenvolvem Parkinson precoce o

que se poderá dever à maior facilidade das mutantes em formar protofibras. Por outro lado, foi

demonstrado que as catecolaminas (como a dopamina ou Levodopa) são agentes estabilizadores

das protofibras, o que pode explicar porque são os neurónios dopaminérgicos os afectados na DP,

visto que a α-sinucleína é expressa em vários tecidos.

Como tanto a ubiquitina como a α-sinucleína estão presentes nos corpos Lewy, a α-

sinucleína é uma candidata directa a substrato da Parkina ubiquitina ligase, reforçada ainda pela

ausência de corpos de Lewy no cérebro de doentes de PJ-AR. A hipótese directa que emergiu da

ubiquitinação de α-sinucleína pela Parkina é pré-requisito para a formação de um corpo de Lewy na

DP (Paul S. Fishman & G. a Oyler 2002). A α-sinucleína, na forma prevalente, não parece ser

substrato da Parkina embora a Parkina esteja associada com corpos de Lewy por imunohistoquímica.

Por outro lado, a α-sinucleína o-glicosilada (αSp22), que se associa com a Parkina no cérebro

humano, foi identificada juntamente com o enzima E2 (UbcH7)(Shimura et al. 2001), acumulando-se

no cérebro de doentes PJ-AR sendo ubiquitinada pela Parkina wild-type mas não pela mutante, in

vitro (Shimura et al. 2001). O significado da α-sinucleína o-glicosilada tanto para doentes PJ-AR como

de DP idiopática está sob investigação activa (Paul S. Fishman & G. a Oyler 2002).

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7.4. HSP70

Está comprovado que chaperones moleculares, como a HSP70, tendem a reduzir a

toxicidade das proteínas aberrantes nas células e a melhorar a sobrevivência neuronal em modelos

de Drosophila transgénica para a doença de Huntington e DP (Cummings et al. 1998; H.Y. E. Chan

2000; Auluck et al. 2002). Estudos sugerem que a Parkina desempenha um papel importante na

ligação de diversos componentes celulares de resposta a proteínas misfolded ao formar um

complexo entre a HSP70, o proteassoma, e proteínas parcialmente desnaturadas (Paul S. Fishman &

G. a Oyler 2002).

Estudos de Parkina impulsionaram a via da ubiquitina-proteassoma para a vanguarda da

investigação da DP, demonstrando novamente a importância de identificar os genes na DP

hereditária para a compreensão da DP idiopática. O papel do sistema ubiquitina-proteassoma na DP

foi reforçado pela identificação de uma família onde as mutações no gene do enzima ubiquitina-

carboxyl terminal hidrolase (UCH-L1) terem sido associadas à DP (Leroy et al. 1998). Este enzima é

necessário na libertação e reciclagem da ubiquitina das cadeias poliubiquitinadas e de produtos de

degradação de péptidos do proteassoma. O papel das variações alélicas no UCH-L1 de humanos

observadas na DP está actualmente em estudo (D. M. Maraganore et al. 1999). Mutações no UCH-L1

causam uma doença genética em ratos (distrofia axonal gracile) com inclusões de ubiquitina mas não

um fenótipo de DP (Saigoh et al. 1999).

Relacionado com a ligação da Parkina ao proteassoma está ainda descrita uma interacção

com a subunidade Rpn 10 do proteassoma 26S através do seu domínio UBL. Esta interacção é fraca

mas permite o endereçamento dos substratos da Parkina para o proteassoma (Sakata et al. 2003).

A Bcl-2-associated athalogene 5 (BAG5) interactua directamente com a Parkina e com o

chaperone Hsp70, formando um complexo. Detectada nos CL, esta aumenta o sequestro da Parkina

dentro dos agregados de proteínas, atenuando a preservação dependente de Parkina da função

proteassomal. A BAG5 inibe a acção da HSP70, essencial na manutenção da função celular, induzindo

agregação. Esta proteína promove assim o aumento da morte neuronal dopaminérgica (Kalia et al.

2004).

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7.5. Parkina associated endothelin-like receptor

A técnica do híbrido duplo também ajudou a identificar um segundo substrato da Parkina

por homologia para o receptor endotelial denominado “Parkina associated endothelin-like receptor”

(Pael-R). O pael-R associa-se com a Parkina in vivo, é ubiquitinado pela Parkina e a sobre-expressão

de Parkina pode acelerar a degradação do Pael-R (Y Imai et al. 2001).

Quando sobre-expressa, a Parkina protege as células de toxinas, como a tunicamicina e β-

mercaptoetanol que induzem stress oxidativo no retículo endoplasm|tico (RE) e na “unfolded

protein response” (UPR) (Y Imai et al. 2000). O stress do RE leva ao aumento da expressão

transcricional de Parkina e dos chaperones associados aos RE e cessa a tradução de vários mRNAs (Y

Imai et al. 2000).

O Pael-R perde a estrutura facilmente, e em níveis elevados é neurotóxico devido ao

aumento do stress do RE e do UPR. Durante o stress do RE, as proteínas exportadas do RE para o

complexo de Golgi desdobram-se e tornam-se insolúveis. A acumulação de proteínas insolúveis

interfere com a função do RE e induz a morte celular (Y Imai et al. 2000). Mesmo durante o

funcionamento normal das células, uma fracção das proteínas traduzidas no RE encontram-se

unfolded e têm de ser refolded pela interacção com chaperones moleculares ou, em alternativa,

translocadas para o citoplasma para serem degradadas pelo sistema ubiquitina-proteassoma

(Friedlander et al. 2000).

A UPR é um mecanismo de protecção da célula que reduz o stress do RE. No entanto, se o

UPR é incapaz de reduzir o nível de proteínas unfolded através das duas vias possíveis, a célula entra

em apoptose (Nakagawa et al. 2000). Formas insolúveis da Pael-R estão aumentadas no cérebro de

PJ-AR, de acordo com a acumulação de Pael-R, na ausência de Parkina (Y Imai et al. 2001). A pael-R é

expressa no cérebro, e apresentando-se em níveis elevados especialmente na células

dopaminérgicas da substancia nigra. O aumento da expressão de Pael-R nesses neurónios pode

explicar em parte a sensibilidade à PJ-AR (Y Imai et al. 2001) . A activação do stress do RE e do UPR

têm sido implicados na patogénese de doenças neurodegenerativas com a activação de proteínas de

sinalização da apoptose, caspase-12 (Nakagawa et al. 2000). Neurónios de ratos que não apresentam

expressão de caspase-12 são resistentes { toxicidade β-amilóide (Nakagawa et al. 2000).

A Parkina elimina o PAEL-R unfolded em cooperação com o chaperone molecular Hsp70 e a

proteína U box conhecida como CHIP (Y Imai et al. 2000). Por sua vez, a acumulação do PAEL-R no

estado unfolded no reticulo endoplasmático, quando a Parkina se encontra inactiva, resulta na morte

neuronal pelo stress causado pela proteínas unfolded, sugerindo que esta proteína é importante na

patogénese da DP (Y Imai et al. 2001; Y. Yang et al. 2003) . O PAEL-R, que se encontra sobre-expressa

nos neurónios dopaminérgicos da SN, é um receptor acoplado a uma proteína G cujo ligando é ainda

desconhecido (Y Imai et al. 2001; Donohue et al. 1998). Algumas evidências sugerem que o sinal do

PAER-L regula a quantidade de dopamina nos neurónios dopaminérgicos e que a expressão

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excessiva desta proteína faz com que estes neurónios fiquem susceptíveis à toxicidade crónica da

dopamina.

7.6. CDCrel-1 e Sept5

A CDCrel-1 e a Sept5 são duas septinas que interactuam com a Parkina. A CDCrel-1 está

associada às vesículas sinápticas apresentando funções em eventos de transporte, fusão e

reciclagem de vesículas sinápticas no cérebro, onde a Parkina regula o seu turnover, interagindo e

ubiquitinando-a através da via da ubiquitina-proteassoma (Y. Zhang et al. 2000). Esta proteína,

maioritariamente expressa no sistema nervoso, encontra-se associada a fracções membranares

(Beites et al. 1999) e tem a capacidade de regular a dinâmica das vesículas sinápticas através da sua

interacção com a sintaxina (Beites et al. 1999). No entanto, nada se sabe quanto à capacidade de

regular a libertação de dopamina. Uma falha na degradação de CDCrel-1, por falha na função da

Parkina, leva ao aumento dos seus níveis e poderá potencialmente inibir a libertação de dopamina,

contribuindo para um estado de parkinsonismo (Y. Zhang et al. 2000).

A técnica de screening do duplo híbrido em levedura permitiu detectar interacções entre as

duas proteínas, ficando demonstrado que a Parkina se liga e ubiquitina proteínas de membrana

sináptica como a CDCrel-1 (Y. Zhang et al. 2000), uma septina que pode funcionar na regulação do

armazenamento e liberação de neurotransmissores (Beites et al. 1999). Estas proteínas são

potencialmente importantes no controle da toxicidade da dopamina citosólica livre (Paul S. Fishman

& G. a Oyler 2002).

Outra septina que interactua com a Parkina é a Sept5 e apresenta função na exocitose e

divisão celular (Beites et al. 1999). A Parkina ubiquitina a Sept5 e em doentes com PJ-AR esta

apresenta-se em valores mais elevados, demonstrando assim o papel da Parkina no turnover desta

proteína (P. Choi 2003). A capacidade das septinas se associarem com determinadas vesículas sugere

que estas podem direccionar a Parkina para determinados organelos, o que poderá ser importante

no controlo das interacções realizadas com a Parkina (P. Choi 2003).

Uma outra proteína, que é ubiquitinada e enviada para degradação proteassomal (Huynh et

al. 2003), e que está envolvida na libertação das vesículas sinápticas é a sinaptotagmina XI. Pertence

à família das sinaptotagminas, a interacção sugere a participação da Parkina na regulação das

proteínas envolvidas no controlo do tráfego de neurotransmissores no terminal pré-sináptico (Huynh

et al. 2003). Assim sendo, a perda de função da Parkina poderá afectar a libertação e recaptação dos

neurotransmissores, explicando assim a perda de função dopaminérgicas no PJ-AR (Huynh et al.

2003).

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7.7. LRRK2

A LRRK2 é uma proteína citoplasmática expressa em baixas quantidades em muitos tecidos.

Esta proteína interage com a Parkina através do domínio RING2, mas não se associa com a α-

sinucleína, DJ1 nem com a proteína tau (W. W. Smith et al. 2005). Quando expressa em células, a

LRRK2 apresenta tendência para agregar e a co-expressão com Parkina leva a um aumento destes

agregados (W. W. Smith et al. 2005). No entanto, segundo alguns estudos, a Parkina não pode agir,

pelo menos directamente, contra a toxicidade da LRRK2 (W. W. Smith et al. 2005) uma vez que a

LRRK2 não pode ser ubiquitinada por esta.

7.7.1. Complexo Parkina, PINK1 e DJ1

Mutações na Parkina, PINK1 e DJ1 encontram-se individualmente relacionadas com o PJ-AR.

No entanto, apesar de estas mutações conduzirem à mesma patologia, as relações funcionais entre

proteínas, as suas mutações e a origem da DP é ainda desconhecida (Xiong et al. 2009). Sabe-se

contudo que a três proteínas formam um complexo (Complexo PPD) que promove a ubiquitinação e

degradação de vários substratos da Parkina aberrantemente expressos, incluindo a própria Parkina e

a Sinfilina-1. A ausência de PINK1 ou Parkina funcionais representam um impedimento na degradação

de Parkina e substratos desta, induzidos por choque térmico, como a Sinfilina-1, sugerindo que o

Complexo PPD (Parkina/PINK/DJ-1) desempenha um papel importante na degradação de substratos

aberrantes da Parkina, promovendo a sua acumulação.

Desta forma, o complexo funcional promove a degradação de proteínas unfolded e

misfolded relacionados com a Parkina e sugere que mutações numa das proteínas do complexo PPD

poderão prejudicar a actividade E3 ligase da Parkina, constituindo um mecanismo associado à

patogénese da DP (Xiong et al. 2009).

Outros substratos da Parkina foram identificados, como é o caso da ciclina E, β-tubulina,

RanBP2 e CASK. No entanto, a informação disponível e o modo interacção ainda está pouco

esclarecida.

Sabe-se que a Parkina é regulada transcripcionalmente de forma dependente do factor de

crescimento e encontra-se envolvida na regulação da expressão da ciclina E (Ikeuchi et al. 2009). Nas

células do cancro do cólon a ausência de Parkina funcional leva à não degradação da ciclina E. Uma

vez que, a sobre-expressão de ciclina E está associada ao encurtamento da fase G1 do ciclo celular, ao

aumento da proliferação celular e à indução de instabilidade cromossomal, a ausência de Parkina

funcional irá activar todos estes mecanismos (Ikeuchi et al. 2009).

A Parkina é uma proteína que se liga tanto { β-tubulina como aos microtúbulos. Esta

apresenta a capacidade de estabilizar os microtúbulos e de se ancorar a estes. Uma vez que muitas

proteínas misfolded são transportadas nos microtúbulos, esta sua localização sugere um importante

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ambiente para a actividade E3 ligase sobre os substratos misfolded, apresentando assim um papel

importante na protecção neuronal (F. Yang et al. 2005).

O extremo C-terminal de resíduos da Parkina aparenta ainda mediar a ligação à CASK, uma

proteína submembranar estrutural que organiza as densidades de pós-sinápticas (Fallon et al. 2002).

No entanto, o papel da Parkina na função pós-sináptica é pouco claro, sobretudo porque a Parkina

foi inicialmente localizada nos terminais pré-sinápticos (Shimura et al. 2001; Shimura et al. 1999).

A Parkina, rica em resíduos de cisteína (34 resíduos em 465 aminoácidos totais) que contêm

grupos sulfidril, é particularmente susceptível à oxidação. O enriquecimento de cisteínas na Parkina

pode torná-la ainda mais vulnerável ao stress oxidativo, incluindo o comprometimento por factores

ambientais. Ainda não é claro quais as combinações dos substratos identificados da Parkina são

cruciais para o desenvolvimento de PJ-AR. No entanto, é possível que haja participação de ambos os

substratos identificados e de outros substratos ainda por serem descobertos na morte de celular

(Paul S. Fishman & G. a Oyler 2002).

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8. Importância funcional das mutações Parkina

Devido à variedade de mutações são poucos os estudos que procuram correlacionar as

mutações da Parkina com a alteração de função. Frequentemente são estudados doentes de PJ-AR

que apresentam grandes delecções ou mutações frame-shift que produzem uma proteína truncada

(T Kitada et al. 1998). Nestes doentes a Parkina não apresenta actividade E3 ou valores de expressão

detectáveis através de métodos imunodetecção (H. Mori et al. 1998; Shimura et al. 1999).

Provavelmente porque a proteína truncada é instável e rapidamente degradada.

A maioria mutações pontuais dos doentes de PJ-AR localiza-se nos domínios RING-IBR-RING

da Parkina e codificam proteína sem actividade ubiquitina ligase (Shimura et al. 2001; Y Imai et al.

2001; M Periquet et al. 2001), no entanto, as mutantes recentemente descritas não foram avaliadas

funcionalmente. Estes ensaios com a Parkina são tecnicamente exigentes e requerem a

reconstituição da via de ubiquitinação in vitro com outros enzimas (E1, E2) e o resultado final é

normalmente a auto-ubiquitinação da Parkina ou ubiquitinação de um dos substratos descritos. Até

agora, tanto os testes quantitativos das mutações da Parkina, como os realizados para outras

doenças, ainda não foram publicados (Paul S. Fishman & G. a Oyler 2002).

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9. Bioquímica da Parkina

A Parkina funciona como uma E3 ligase, à semelhança com outras proteínas que contêm o

domínio RING finger, e é responsável pelo targeting de proteínas misfolded para degradação através

da via da ubiquitina-proteassoma. Mutações com a consequente perda da actividade E3 ligase deste

enzima é a principal causa associada ao PJ-AR (Y. Zhang et al. 2000; Shimura et al. 2000; T Kitada et

al. 1998). Vários substratos da Pakina foram já identificados e a acumulação de um ou vários

substratos nas células neuronais encontra-se implicado na neurodegeneração. Em contexto

neuronal, especificamente nos neurónios dopaminérgicos, a Parkina medeia vários mecanismos

neuroprotectores cruciais para a sobrevivência celular, englobando mecanismos de sinalização

importantes para o estímulo e sobrevivência celular (Henn et al. 2007), modelação de funções chave

ao nível mitocondrial (I. E. Clark et al. 2006; Yukiko Kuroda et al. 2006; J. Park et al. 2006; Y. Yang et

al. 2006; Riparbelli & Callaini 2007; Stichel et al. 2007) bem como mecanismos fundamentais de

degradação de proteínas (K. K. K. Chung et al. 2004; C. Wang et al. 2005; W. W. Smith et al. 2005;

LaVoie et al. 2005; Avraham et al. 2007; Wong et al. 2007). Assim sendo, a presença da Parkina em

todos estes mecanismos, que de alguma forma se encontram associados à etiologia da DP, vem

reforçar toda a sua importância no contexto desta desordem.

Este enzima apresenta assim um carácter neuroprotector multifacetado, no entanto, vários

estudos sugerem ainda que a eficiência da sua protecção é bastante selectiva (Sang et al. 2007; von

Coelln et al. 2006; Perez et al. 2005; Stichel et al. 2007) e que a descoberta destas vias

neuroprotectoras especificas, afectadas devido à deficiência de Parkina, irá ajudar a identificar o seu

papel na patogénese da DP (Thomas & Beal 2007).

9.1. Parkina na via do Fosfatidilinositol / Akt

Encontra-se descrita uma interacção reguladora da Parkina com o Eps15 (epidermal growth

factor receptor pathway substrate 15), um adaptador proteico envolvido na endocitose e trafficking

da cinase de tirosina EGFR (EGF receptor). Nesta via, a Parkina monoubiquitina o Esp15 e interfere

com a capacidade deste se ligar ao EGFR ubiquitinado. Assim sendo, ocorre um atraso na

internalização e degradação do EGFR que vai promover a via de sinalização de pro-sobrevivência

fosfoinositol 3-cinase (PI3K-Akt). A ligação do domínio UBL da Parkina ao ubiquitin-interacting motif

(UIM) do Eps15 é necessária para a ubiquitinação deste, mediada pela Parkina (Figura 9) (Mark R

Cookson et al. 2007).

A endocitose e degradação do EGFR, em células deficientes em Parkina, encontra-se

acelerada, enquanto, na sua ausência a sinalização do EGFR via PI3K-Akt encontra-se reduzida.

Considerando a importância do Akt para a sobrevivência neuronal, o estudo desta regulação é

importante para a compreensão da patogénese da DP (Fallon et al. 2006).

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Figura 9 - (a) Modelo proposto sobre a interacção da Parkina com o Esp15. O EGF estimula a ligação entre a

Parkina e o Eps15 numa interacção dependente de UBL e UIM (esquerda). A ligação ao Eps15 estimula a

actividade E3 ligase da Parkina e promove a ubiquitinação do Eps15 (centro). A ligação intramolecular da

ubiquitina no Eps15 pelo UIMs interfere com a ligação de Ubl por parte da Parkina e destrói a interacção entre a

Parkina e o Eps15 (direita). (b-c) O modelo explica como é que a ubiquitinação mediada pela Parkina consegue

regular o trafficking e sinalização do EGFR. (b) Na presença de Parkina, a ubiquitinação do Eps15 previne a sua

ligação ao complexo EGFR, o que atrasa a endocitose do receptor e prolonga a sinalização via neuronal de

sobrevivência PI3K-Akt. (c) Na ausência de Parkina: Defeitos na ubiquitinação mediada pela ubiquitina, como é o

caso de DP associada à Parkina, aumenta a disponibilidade de Esp15 capaz de se ligar ao complexo EGFR, o que

por sua vez acelera a endocitose e menospreza a sinalização via PI3K-Akt. Adaptado de Fallon (Fallon et al. 2006).

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9.2. Parkina na via IKK/NFkb

Em estudos recentes sobre o papel da Parkina nas vias de resposta ao stress, foi

demonstrado que a proteína activa especificamente a via de sinalização do factor nuclear kB (NF-κB)

e que esta via é essencial para a acção neuroprotectora da Parkina. Ao nível celular, a activação do

NF-κB promove a produção dos respectivos factores de transcrição que por sua regulam vários

processos biológicos como a apoptose, a diferenciação e imunidade (Henn et al. 2007). Por sua vez, a

inibição das proteínas NF-κB ocorre por associação destas com proteínas IκBs que são igualmente

expressas (Hayden & Ghosh 2004). A activação do NF-κB, após o estímulo, pode ocorrer segundo

vias upstream distintas que convergem no complexo IκB cinase (IKK) constituído por duas

subunidades catalíticas (IKKα e IKKβ) e uma reguladora [IKKγ/NEMO (NFkB essencial modifier)]. A

sinalização clássica IKK/NF-κB envolve a fosforilação de IκBs mediada por IKKβ/γ que direcciona

estes inibidores para ubiquitinação e posterior degradação proteassomal. A ubiquitinação apresenta-

se assim como um importante passo na regulação da via IKK/NF-κB (Ravid & Hochstrasser 2004; Z. J.

Chen 2005; Haglund & Dikic 2005; Krappmann & Scheidereit 2005). Para além do conhecido papel da

poliubiquitinação da lisina 48 (K48) na regulação da degradação do IκB e proteólise do precursor, a

activação do complexo IKK e de outros reguladores upstream, tais como TRAF2 e TRAF6 [tumor

necrosis factor (TNF) receptor-associated factor], é dependente da associação de cadeias de

ubiquitina na lisina 63 (K63) (Figura 10) (Henn et al. 2007).

O NF-κB encontra-se presente por todo o sistema nervoso e existem cada vez mais

evidências de que a sua via de sinalização apresenta um papel central na integridade neuronal e

plasticidade sináptica (Karin & A. Lin 2002). Recentemente vários modelos estabeleceram o papel do

NF-κB na prevenção da morte neuronal induzida por stress oxidativo, excitotoxicidade, isquémia ou

privação à glucose (B. Kaltschmidt et al. 2005; Mattson et al. 2000).

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42

Figura 10 - Modelo do papel funcional da Parkina na via de sinalização IKK/NFkB. Durante o stress e em condições fisiológicas a Parkina promove regulação por ubiquitinação do TRAF2 e IKKγ, levando à activação do NF-κB. Consequentemente, a transcrição de genes prosurvival é upregulated. A actividade da Parkina pode ser modelada pelo stress. Sob stress moderado, a Parkina é upregulated. Para uma resposta imediata, é possível que a actividade da Parkina possa ser regulada por modificações pos-traducionais. Em contraste, no caso de um severo stress proteotoxico, induzido por exemplo por dopamina oxidada, ocorre misfolding e inactivação da Parkina. Mutações no gene da Parkina, relacionado com parkinsonismo juvenil autossómico recessivo, também interferem com a capacidade da Parkina de estimular a via de sinalização IKK/NFkB. Adaptado de Henn e Bouman (Henn et al. 2007).

9.3. Parkina em vias chave ao nível mitocondrial

A Parkina encontra-se também envolvida na modelação de funções chave ao nível

mitocondrial, o que inclui um papel na morfogénese mitocondrial durante a espermiogénese

(Riparbelli & Callaini 2007), bem como no reforço da biogénese mitocondrial nas células

proliferativas através da transcrição e replicação do DNA mitocondrial (Yukiko Kuroda et al. 2006).

Apesar de não ser conhecida a relação exacta entre a Parkina e a cinase de serina/treonina

mitocondrial (PINK1), sabe-se que a sobre-expressão de um homólogo da primeira em Drosophila

permite o resgate da disfunção mitocondrial, degeneração muscular e perda dopaminérgica

características da inactivação da segunda. Estas observações sugerem que a PINK1 e a Parkina

apresentam uma função comum na mesma via, com a PINK1 funcionando upstream relativamente à

Parkina. O papel da via PINK1-Parkina na regulação da função mitocondrial evidencia a importância

da disfunção mitocondrial como sendo um mecanismo central na patogénese da DP (I. E. Clark et al.

2006; J. Park et al. 2006; Y. Yang et al. 2006).

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43

A disfunção mitocondrial pode ainda ser induzida pelo α-sinucleína, no entanto, alguns

estudos demonstram que a falta de actividade da Parkina tem a capacidade de reforçar esse mesmo

quadro patológico. Assim sendo, evidencia-se o papel crucial da Parkina na modelação das funções

mitocondriais na DP induzida pela α-sinucleína (Stichel et al. 2007).

9.4. Impedimentos na degradação de proteínas

A Parkina encontra-se estritamente associada à degradação de algumas proteínas celulares

principalmente através da via da ubiquitina proteassoma. Nesta via, a Parkina apresenta-se com um

enzima específico envolvido na ubiquitinação de alguns substratos importantes no contexto

neuronal, sendo que se pode auto-ubiquitinar e controlar o seu próprio envio para degradação. A

acumulação de determinados substratos da Parkina potencia uma elevada toxicidade celular sendo o

seu papel como ligase de ubiquitina bastante importante na sobrevivência celular. Assim sendo,

qualquer alteração na proteína que conduza à perda de sua função poderá conduzir à morte celular

(C. Wang et al. 2005).

As modificações na Parkina descritas são principalmente resultantes de mutações no gene

da PARK2, no entanto, as modificações pós-traducionais e o stress oxidativo e nitrosativo também

podem comprometer a sua função protectora prejudicando a sua actividade como E3 ligase (K. K. K.

Chung et al. 2004; LaVoie et al. 2005).

9.5. Modificações pos-traducionais

Um caso específico de modificações pós-traducionais que tornam as células vulneráveis é o

caso da cinase 5 dependente de ciclina (Cdk5). Os neurónios dopaminérgicos são especialmente

vulneráveis à sua activação uma vez que este apresenta a capacidade de fosforilar a Parkina (P. D.

Smith et al. 2003). Ou seja, o Cdk5 ao interagir e fosforilar a Parkina na Ser131 (região de ligação)

bloqueia a sua capacidade de autoubiquitinação e permite a agregação da Parkina (Avraham et al.

2007).

9.6. Danos oxidativos

Os danos oxidativos que ocorre sobre ligases de ubiquitina do tipo RING-IBR-RING

semelhantes à Parkina, sobre a Parkina e as suas mutantes associadas ao PJ-AR, são susceptíveis à

alteração da solubilidade e tornam-se citotóxicas com o decorrer do processo, podendo induzir a

morte celular (Wong et al. 2007; C. Wang et al. 2005) .

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44

9.7. S-Nitrosilação

A Parkina pode também ser alvo de S-nitrosilação, resultado do stress nitrosativo, sendo o

efeito na actividade alterado de diferentes formas ao longo do tempo (Lipton et al. 2005). Chung e

colaboradores demonstraram que a S-nitrosilação produz uma diminuição da actividade ligase e

portanto da função protectora, contribuindo para o processo neurodegenerativo na DP (K. K. K.

Chung et al. 2004). Por outro lado, Yao e colaboradores nesse mesmo ano, demonstraram o efeito

contrário, com um aumento da actividade da Parkina (Yao et al. 2004). Esta diferença de

observações foi posteriormente esclarecida comprovando-se que, na realidade, inicialmente a S-

nitrosilação da Parkina produz um aumento abrupto na sua actividade que vai diminuindo ao longo

do tempo. Os resultados de Chung foram mais tarde confirmados, demonstrando assim o carácter

degenerativo da S-nitrosilação (CHUNG et al. 2005).

9.8. Formação de Agressomas

A Parkina participa na formação dos agressomas, encontrando-se no seu interior no caso de

stress celular. Estas inclusões citoplasmáticas resultam da deposição de proteínas aberrantes e

tóxicas às células. A sua formação é comum à dos CL, podendo ser induzida por vários factores,

entre eles a acção da dopamina, inibição do proteassoma e estímulos pro-apoptóticos (Muqit et al.

2004). A sobre-expressão da Parkina leva à redução da formação destes agregados, podendo assim,

ser responsável pela sua formação nas células neuronais (Muqit et al. 2004).

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45

10. A Parkina noutras Patologias

A proteína Parkina encontra-se envolvida na patogénese de outras doenças para além da DP

e da PJ-AR. São exemplos de algumas interacções a susceptibilidade à lepra e a sua acção na

supressão tumoral.

10.1. Susceptibilidade à lepra

Polimorfismos de único nucleótido (SNPs) em zonas reguladoras partilhadas pela PARK2 e o

PACRG foram já identificados como principais factores de risco na susceptibilidade para a leprose em

duas populações de etnias distintas, sendo que esta susceptibilidade pode variar em diferentes

populações (Mira et al. 2004; Malhotra et al. 2006). O papel destes dois genes na patologia da lepra

(hanseníase) encontra-se ainda indefinida, mas dever-se-á relacionar com o sistema ubiquitina-

proteassoma (Malhotra et al. 2006).

10.2. Supressor tumoral

Estudos demonstraram que o gene PARK2 localiza-se no terceiro common fragil site (CSF)

observado mais frequentemente em humanos, a região de instabilidade FRA6E. Os CSF são locais

cromossómicos susceptíveis a sofrer mutações (Denison et al. 2003). O gene da Parkina é assim um

forte candidato a supressor tumoral e a sua inactivação ou expressão reduzida em alguns tumores,

devido a delecções, sugere um papel importante deste na carcinogénese do peito e dos ovários e em

outros tumores humanos (Cesari et al. 2003). Para se poder compreender o verdadeiro papel da

Parkina na génese tumoral irá ser necessário identificar os seus substratos enquanto E3 ligase e

compreender as suas potenciais relações com a apoptose e proliferação celular (Cesari et al. 2003).

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46

Metodologia, resultados e discussão

Nas células neuronais, a Parkina apresenta-se como uma proteína de elevada importância,

cuja função é essencial para o normal funcionamento celular. Mutações no gene desta proteína

foram relacionados com patologias neurodegenerativas como o PJ-AR, no entanto a sua relevância

patológica e os mecanismos subjacentes ao desenvolvimento desta patologia estão ainda pouco

compreendidos.

Apesar de se conhecerem processos biológicos e interacções proteicas onde a Parkina está

envolvida, a sua estrutura tridimensional ainda não se encontra estabelecida. Esta lacuna tem origem

sobretudo na dificuldade de purificar Parkina, devido à sua elevada massa molecular e à

multiplicidade e complexidade dos seus diferentes domínios que envolvem a complexação com iões

de zinco. Actualmente apenas se conhecem as estruturas tridimensionais dos seus domínios,

determinadas de forma independente.

A purificação da forma integral da Parkina (a partir do cDNA) e a sua caracterização

estrutural potenciam a compreensão das funções em que esta proteína está envolvida. Em paralelo,

o conhecimento da estrutura e estabilidade conformacional resultantes das mutações relacionadas

com a PJ-AR e DP podem contribuir para a melhor compreensão desta doença e dos mecanismos

envolvidos.

Desta forma, o objectivo deste trabalho centrou-se no desenvolvimento de um protocolo

que permite expressar e purificar a forma integral da Parkina, recorrendo a um sistema de expressão

e purificação de proteínas de fusão, refolding proteico e caracterização estrutural. Em paralelo,

desenvolveu-se uma metodologia que permite a purificação e refolding da Sinfilina-1, um dos

substratos da Parkina.

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47

1. Parkina

1.1. Subclonagem

A região codificante do gene humano da isoforma 1 (forma canónica) da Parkina humana wt

(PARK2) foi gentilmente cedido pelo Dr. Kumlesh K. Dev (Novartis Pharma AG, Basileia – Suiça),

encontrando-se clonado no vector de expressão em células de mamíferos pCI-neo (Figura 11 A).

Assim, para aplicar a estratégia idealizada foi necessário subclonar o cDNA da Parkina no vector de

expressão de E. Coli pGEX-4T-1 (Figura 11 B) a partir do pCI-neo.

Figura 11 - A: Mapa do vector circular pCI-neo (Promega). B: Mapa do vector circular pGEX-4T-1 (Amersham)

Para amplificar o cDNA de interesse desenharam-se os primers representados na figura 12

contendo, nas extremidades, locais de restrição para os enzimas Bam HI e EcoR I, para que o cDNA

amplificado pudesse ser inserido em frame no multiple cloning site do vector de destino pGEX-4T-1

(Figura 13).

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48

A

Primer Forward

GCG GAT CCA TGA TAG TGT TTG TCA GGT TCA

G GAT CC – Local de restrição do Bam HI

B

Primer Reverse

GCG AAT TCT TAT TAC TAC ACG TCG AAC CAG TGG TCC

G AAT TC – Local de restrição do EcoR I

Figura 12 - Primer Forward (A) e Primer Complementary Reverse (B) usados para amplificar a região codificante

do gene PARK2 no processo de subclonagem. (A) apresenta um Tm a 61,6ºC e (B) a 65, 6ºC. Os enzimas Bam HI e

EcoR I não possuem local de restrição na sequência da PARK2. O Bam HI permite uma introdução em frame da

PARK2 no pGEX-4T-1. O design dos primers teve em conta a adição de um conteúdo “GC” no início da sequência

de forma a facilitar a ligação deste à cadeia de DNA molde e a posterior actuação da polimerase.

Figura 13 - Multiple cloning site do vector de destino pGEX-4T-1 (Amersham)

1.1.1. Procedimentos e Considerações

Para amplificar o cDNA correspondente à Parkina realizou-se um PCR segundo as condições

apresentadas na figura 14, tendo sido produzidos aproximadamente 22µg de fragmento que foi

purificado através do kit DNA extration kit - Fermentas. Por sua vez, o plasmídeo de destino pGEX-4T-1

foi obtido por um procedimento de extracção de DNA plasmídico, aproximadamente 12µg,

(GeneJETTM Plasmid Miniprep Kit- Fermentas) a partir de E.coli DH5α (Invitrogen) em meio selectivo LB

(LB Broth – Sigma Aldrich) com ampicilina ([Ampicilina]final=100µg/mL - Sigma Aldrich).

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Concentração Final

DNA molde 1395 pb 16 µg/µl

Primer Complementary Reverese Tm = 65,6ºC 2,3 pmol/µl

Primer Forward Tm = 61,6ºC 7,0 pmol/µl

DNA polimerase mix (BioX act – Bioline) 2x 1x

Condições PCR

Melting phase 95ºC 5 min

Anneling 42ºC 1 min

Elongação 72ºC 1 min 25 seg

Ciclos 30 2 min

Figura 14 - Condições do PCR para amplificação da região codificante do gene PARK2.

Procedeu-se à digestão com ambos os enzimas de restrição, BamH I (Rapid Digest BamH I -

Fermentas) e EcoR I (Rapid Digest EcoR I – Fermentas), em simultâneo usando 1U de enzima por cada

µg de plasmídeo e 1U de enzima por cada 0.2µg de produto de PCR. O tempo de digestão utilizado

foi alargado relativamente ao recomendado pelo fabricante de forma a assegurar uma digestão

completa do DNA, tendo em consideração a ausência de actividade STAR por parte dos enzimas.

Os fragmentos digeridos, produto de PCR e pGEX-4T-1, foram purificados através de um gel

de agarose low melting (SeaPlaque® GTG® Agarose - Lonza), por um procedimento de excisão da

banda correspondente e posterior extracção do DNA (DNA extration kit - Fermentas).

A ligação entre o fragmento de interesse e o vector de destino foi realizada numa razão de

5:1 (Gene:Vector), utilizando 2U de ligase (T4 DNA ligase - Fermentas) por cada 0.5µg de DNA

plasmídico, a 16ºC overnight.

O material genético clonado foi usado para transformar E.coli BL21+, tendo as colónias

transformadas sido seleccionados em meio selectivo com ampicilina. A competência das células

utilizadas foi realizada com recurso a um método clássico, usando uma solução fria de cloreto de

cálcio.

Após crescimento das células transformadas, foram seleccionadas algumas colónias das

quais se procedeu à extracção do DNA plasmídico (GeneJETTM Plasmid Miniprep Kit- Fermentas). A

eficácia da subclonagem foi comprovada por digestão dos plasmídeos obtidos anteriormente com os

enzimas usados na restrição (Figura 15).

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Figura 15 – Controlo da eficácia da subclonagem por restrição do DNA plasmídico resultante com os enzimas Bam

HI e EcoR I, utilizados no passo da restrição. Poços 2 a 10: restrição do DNA plasmídico de 9 colónias

independentes resultante da subclonagem, obtiveram-se dois fragmentos de tamanhos correspondentes ao

vector digerido (≈4900pb) e Parkina (1395pb); Poços 11 a 19: verificação da integridade dos plasmídeos obtidos a

partir das 9 colónias respectivas.

Posteriormente, atestou-se a qualidade da clonagem por sequenciação usando primers que

se ligam ao pGEX-4T-1, a montante (primer pGEX_for) e a juzante (primer pGEX_rev) da inserção

(Figura 16). O serviço de sequenciação foi assegurado por uma empresa credenciada para o efeito

(Stabvida-Portugal) e a análise do resultado da sequenciação foi feita com o software BioEdit

Sequence alignment editor versão 7.0.5 (T. Hall 2001) e atráves da ferramenta BLAST, disponível on-

line (http://blast.ncbi.nlm.nih.gov).

Os resultados de sequenciação indicam que a região codificante do gene se encontra em

frame e não apresenta mutações, devendo por isso expressar uma proteína de fusão

correspondente à GST- Parkina com massa molecular de aproximadamente 78kDa, na presença do

indutor de transcição IPTG.

A

Primer pGEX_For

5´-GGG CTG GCA AGC CAC GTT TGG TG-3´

B

Primer pGEX_Rev

5´-CCG GGA GCT GCA TGT GTC AGA GG-3´

Figura 16 - Primers externos pGEX_For (A) pGEX_Rev (B) usado para sequenciação do plasmídeo clonado com a

região codificante do gene PARK2 no processo de subclonagem

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 pB 10000 8000 6000 5000 4000 3000 2500 2000 1500 1000 800 600 400 200

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1.2. Expressão e Purificação

A sobre-expressão da Parkina foi realizada em células de E.coli BL21+ (GE Healthcare), por um

período de 8 horas a 37ºC, utilizando o indutor de transcrição IPTG a uma concentração de 1mM. Para

avaliar a expressão da Parkina em fusão com o GST recolheram-se amostras em diferentes tempos

de expressão. As células foram lisadas com tampão de lise ([PBS 1x (NaCl 13.7mM, KCl 0.27mM,

Na2HPO4 0.43mM, KH2PO4 0.14 mM), PMSF 2mM e Triton X-100 0.1%]) e congeladas durante 24 horas.

Após a lise celular as amostras foram centrifugadas a 30000xg durante 20 minutos (OptimaTM LE-80K

ultracentrifuge Beckman Coulter) e o sobrenadante, correspondente à fracção solúvel do extracto

proteico da E.coli foi analisado num gel de SDS-PAGE 12% (Figura 17).

Na indução da expressão da Parkina observou-se o aparecimento de uma banda com

aproximadamente 80kDa após as 3 horas de indução. Para verificar se a banda corresponde à

proteína de fusão GST-Parkina foi realizado um Western Blot com anticorpo de Cabra Anti-GST (GE

Healthcare), no entanto, os resultados do Western blot não indicou a presença de qualquer proteína

com GST. Desta forma conclui-se que a proteína não é expressa na fracção solúvel. A Parkina, na

ausência de zinco, é incapaz de adquirir a sua conformação tridimensional, ou seja, mantém-se no

seu estado desnaturado, agregando e tornando-se insolúvel (Hristova et al. 2009). Assim sendo, a

complexidade do processo de folding pode estar entre os factores que promoveram o estado

unfolded da Parkina e o consequente direccionamento para os corpos de inclusão, como mecanismo

de protecção celular.

Figura 17 - Gel SDS-PAGE 12% contendo aliquotas provenientes da fracção solúvel da indução de expressão. M:

marcador; T0: 0h; T1: 1h; T2:2h; T3:3h; T4:4h; T5:6h; T6:8h. As setas a vermelho indicam a banda a

aproximadamente 80kDa.

kDa

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1.2.1. Lise celular e Purificação dos corpos de inclusão

Para isolar os corpos de inclusão, recolheram-se células BL21+, após 10 horas de expressão a

37ºC, as quais foram centrifugadas a 3000g durante 5 minutos a 4ºC e ressuspensas em tampão de

lise [PBS 1x (NaCl 13.7mM, KCl 0.27mM, Na2HPO4 0.43mM, KH2PO4 0.14 mM), PMSF 2mM e Triton X-100

0.1%] com adição de lisozima (0.4mg por cada 400µL de tampão de lise). A mistura foi incubada

durante 30 min em gelo, e seguidamente sonicada (Branson) aplicando 10 ciclos de 10 segundos a

uma potência de 100W intercalados por 1 minuto de incubação em gelo. Após a sonicação, o lisado

foi centrifugado a 30000xg durante 20 minutos a 4ºC (OptimaTM LE-80K ultracentrifuge Beckman

Coulter). Repetiu-se o procedimento de sonicação e centrifugação (K. Nagai & Thøgersen 1987).

Após a última sonicação, antes da centrifugação, foram recolhidas aliquotas dos diferentes

tempos de indução que foram analisadas num gel SDS-PAGE a 12% (Figura 18) para controlo da

indução da expressão proteica, após a quantificação proteica pelo método de Bradford.

O pellet resultante da centrifugação foi resuspenso numa solução a pH 8 contendo KCl 1.5 M,

EDTA 5 mM, Triton X-100 0.5 % e Tris 10 mM e centrifugado novamente a 30 000g durante 20 min a

4ºC. Repetiu-se este procedimento tendo-se utilizado na resuspenção uma solução a pH 8 contendo

NaCl 0.15 M, EDTA 5 mM e Tris 10 mM (K. Nagai & Thøgersen 1987). Da purificação dos corpos de

inclusão obteve-se um precipitado flocular.

Figura 18 - Gel SDS-PAGE 12% contendo aliquotas provenientes da fracção insolúvel da indução de expressão

após a sonicação. M: marcador; T0: 0h; T1: 1h; T2:2h; T3:3h; T4:4h; T5:6h; T6:8h

kDa

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1.2.2. Refolding proteico

O precipitado proteico, referido anteriormente, foi redissolvido utilizando tampão a pH 8

contendo ureia 9.5M, EDTA 5 mM, β-mercaptoetanol 1 % e 10 mM Tris. De seguida procedeu-se a um

conjunto de diálises sucessivas, a 4ºC e overnight, contra tampões com concentrações decrescentes

de ureia com o objectivo de promover o refolding das proteínas de acordo com o esquema

apresentado na figura 19.

Figura 19 - Sequência de diálises utilizadas no refolding da proteína de fusão GST-Parkina. Condições de diálise I,

II e III.

Nas diálises realizadas diminuiu-se progressivamente a concentração de ureia presente em

solução de uma forma lenta para assegurar uma correcta incorporação do zinco e consequente

refolding proteico. Por sua vez, a adição de iões de zinco, cruciais para o refolding, resultou da adição

do sal ZnSO4.

Na primeira diálise utilizou-se uma solução a pH 8 contendo Ureia 4.5M, Zn2+ 10mM, 0.5M

NaCl, 2,5 % glicerol, 50mM Tris, suplementado com 0.04% azida e 2mM PMSF. Na segunda diálise

diminuiu-se a concentração de ureia para 1M e a concentração de Zn2+ para 2mM. A última diálise, por

sua vez, foi realizada contra tampão Tris 50mM com KCl 100mM a pH9 para solubilizar a proteína.

Relativamente ao valor de pH utilizado na última diálise, o tampão final teve em conta o

ponto isoeléctrico (PI) da Parkina. Assim sendo, o valor de PI estimado para a Parkina é de

aproximadamente 7.06 e portanto a pH 9 a proteína encontra-se solúvel e com carga global negativa

(-32) (PROTEIN CALCULATOR v3.3 – scripps.edu). O valor de pH afecta a solubilidade de uma proteína,

podendo esta apresentar carga global positiva se o pH<PI ou negativa se pH>PI. pHs próximos do PI

de uma proteína aumentam a propensão para a agregação e precipitação da proteína, sendo este

um factor importante a ter em conta no processo de purificação proteica.

No final das diálises e após a amostra permanecer durante 24 horas a 4ºC, observou-se a

formação de um precipitado translúcido que se dissolvia facilmente com agitação. No sentido de

Diálise I•Ureia 4,5M

•ZnSO4 10 mM

•NaCl 0,5 M

•Glicerol 2,5%

•Tris 50 mM

•Azida 0,04%

•PMSF 2 mM

•a pH 7.6

Diálise II•Ureia 1 M

•ZnSO4 2 mM

•NaCl 0,5 M

•Glicerol 10%

•Tris 50 mM

•Azida 0,04%

•PMSF 2 mM

•a pH 7.6

Diálise III•Tris 50 mM

•NaCl 250 mM

•a pH 9

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contornar o problema da precipitação de proteína procedeu-se a vários testes com diferentes sais de

zinco, contudo, todas apresentaram um precipitado no final.

Para localizar a Parkina, se esta se encontrava em solução ou no precipitado, foram

realizados dois géis SDS-Page a 12%. No primeiro gel a amostra foi previamente centrifugada a

5000xg durante 5 minutos a 4ºC, enquanto que, para o segundo gel o pellet foi resuspenso. O gel

contendo a amostra previamente centrifugada não apresentou qualquer banda, em contraste com o

gel em que o pellet foi ressuspenso (Figura 20) que apresentou várias bandas coincidentes com os

géis obtidos anteriormente, não tendo sido identificada a banda que corresponderia à proteína de

fusão GST-Parkina de 78kDa.

Figura 20 - Gel SDS-Page a 12% com amostras cujo pellet foi previamente ressuspenso após as diálises com diferentes tempos de indução. M: marcador; T0: 0h; T1: 1h; T2:2h; T3:3h; T4:4h; T5:6h.

kDa

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55

2. Sinfilina-1

A região codificante do gene da Sinfilina-1 humana (SNCAIP) foi gentilmente cedido pela Dra

Virginia Lee (Center of Neurodegenerative Rechearch Department of Pathology and Laboratory

Medicin and Institute on Aging University of Pensilvania, Filadelfia) encontrando-se clonado no

vector de expressão em E.coli pET30A (Figuras 21 e 22).

Figura 21 – Mapa do vector pET30A (Novagen)

Figura 22 - Multiple cloning site do vector pTE30A (Novagen)

O plasmídeo pET30A, com a região codificante do gene SNCAIP, foi usado para transformar

E.coli BL21+, tendo os transformantes sido seleccionados num meio selectivo com kanamicina a

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50µg/ml. A competência das células utilizadas foi realizada com recurso ao método clássico, usando

uma solução fria de cloreto de cálcio.

Após crescimento das células transformadas, foram seleccionadas algumas colónias das

quais se procedeu à extracção do DNA plasmídico (GeneJETTM Plasmid Miniprep Kit- Fermentas). A

eficácia da subclonagem foi comprovada por digestão dos plasmídeos com Bam HI (Rapid Digest Bam

HI – Fermentas) e Xho I (Rapid Digest Xho I – Fermentas) (Figura 23).

Figura 23 - Gel de agarose com digestão simples e dupla de duas amostras de plasmídeo pET30A. 1) Marcador; 2) pET30A digerido com Xho I (amostra 1); 2) pET30A digerido com XhoI e BamHI (amostra 1); 3) pET30A digerido com Xho I (amostra 2); 4) pET30A digerido com XhoI e BamHI (amostra 2).

O serviço de sequenciação foi assegurado por uma empresa credenciada (Stabvida-Portugal)

e a análise do resultado da sequenciação foi realizada com base no software BioEdit Sequence

alignment editor versão 7.0.5 (T. Hall 2001). Os resultados da sequenciação revelaram que o inserto

se encontra em frame, possuindo uma mutação silenciosa no codão 894 (do tipo TTGTTA) que

codifica para a leucina.

2.1. Expressão e Purificação

A sobre-expressão da Sinfilina-1 foi realizada em células de E.coli BL21+ (GE Healthcare), por

um período de 8 horas a 37ºC, utilizando o indutor de transcrição IPTG a uma concentração de 1mM.

Para avaliar a expressão da Sinfilina-1 recolheram-se amostras em diferentes tempos de indução da

mesma. As células foram lisadas com tampão de lise ([PBS 1x (NaCl 13.7mM, KCl 0.27mM, Na2HPO4

0.43mM, KH2PO4 0.14 mM), PMSF 2mM e Triton X-100 0.1%]) e congeladas 24 horas. Após a lise celular as

amostras foram centrifugadas a 30000xg durante 20 minutos (OptimaTM LE-80K ultracentrifuge

Beckman Coulter) e o sobrenadante, correspondente à fracção solúvel do extracto proteico da E.coli

pB 10000 8000 6000 5000 4000 3000 2500 2000 1500 1000 800 600 400 200

1 2 3 4 5

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foi analisado num gel de SDS-PAGE 12% (Figura 24), após quantificação proteica pelo método de

Bradford.

A indução da expressão da Sinfilina-1 não revelou qualquer alteração no padrão de

expressão das proteínas da fracção solúvel da célula. Desta forma conclui-se que a proteína não é

expressa na fracção solúvel.

Figura 24 - Gel SDS-PAGE 12% contendo aliquotas provenientes da fracção solúvel da indução de expressão. M: marcador; T0: 0h; T1: 2h; T2: 4h; T3: 6h; T4: 8h

2.1.1. Lise celular e Purificação dos corpos de inclusão

Para isolar os corpos de inclusão, células BL21+ foram recolhidas, ao longo de 8 horas de

expressão a 37ºC, 30000xg durante 20 minutos a 4ºC (OptimaTM LE-80K ultracentrifuge Beckman

Coulter) e ressuspensas em tampão de lise [PBS 1x (NaCl 13.7mM, KCl 0.27mM, Na2HPO4 0.43mM,

KH2PO4 0.14 mM), PMSF 2mM e Triton X-100 0.1%] com adição de lisozima (0.4mg por cada 400µL de

tampão de lise). A mistura foi incubada durante 30 min em gelo e seguidamente sonicada (Branson),

aplicando 10 ciclos de 10 segundos a uma potência de 100W intercalados por 1 minuto de incubação

em gelo. Após a sonicação, o lisado foi centrifugado a 30000xg durante 20 minutos (OptimaTM LE-80K

ultracentrifuge Beckman Coulter) a 4ºC. Repetiu-se o procedimento de sonicação e centrifugação (K.

Nagai & Thøgersen 1987).

O pellet resultante da última centrifugação foi resuspenso numa solução a pH 8 contendo

KCl 1.5 M, EDTA 5 mM, Triton X-100 0.5 % e Tris 10 mM e centrifugado a 30 000g durante 20 min a 4ºC.

Repetiu-se a centrifugação ressuspendendo o pellet numa solução a pH 8 contendo NaCl 0.15 M,

EDTA 5 mM e Tris 10 mM (Anon 2004; K. Nagai & Thøgersen 1987). Da purificação dos corpos de

inclusão obteve-se um precipitado flocular de proteínas.

kDa

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2.1.2. Refolding proteico

O precipitado proteico referido anteriormente foi redissolvido utilizando tampão a pH 8

contendo ureia 9.5M, EDTA 5 mM, B-mercaptoetanol 1 % e 10 mM Tris. De seguida procedeu-se a um

conjunto de diálises sucessivas, a 4ºC e overnight, contra tampões com concentrações decrescentes

de ureia com o objectivo de promover o refolding das proteínas de acordo com o esquema

apresentado na figura 25.

Figura 25 - Sequência de diálises utilizadas no refolding da Sinfilina-1. Condições de diálise I, II e III.

Nas diálises realizadas diminuiu-se progressivamente a concentração de ureia presente em

solução de forma a permitir o refolding proteico correcto. Na primeira diálise utilizou-se uma solução

a pH 8 contendo Ureia 4.5M, Zn2+ 10mM, 0.5M NaCl, 10 % glicerol, 50mM Tris, suplementado com

0.04% azida e 2mM PMSF. Na segunda diálise diminuiu-se apenas a concentração de ureia para 1M. A

última diálise, por sua vez, foi realizada contra tampão Tris 50mM com KCl 100mM a pH7,6 para

solubilizar a proteína. Seguidamente foi feita uma electroforese SDS-PAGE a 12% com aliquotas

provenientes da última diálise após quantificação pelo método de Bradford (Figura 26).

Diálise I•Ureia 4,5M

•NaCl 0,5 M

•Glicerol 10%

•Tris 50 mM

•Azida 0,04%

•PMSF 2 mM

•a pH 7,6

Diálise II•Ureia 1 M

•NaCl 0,5 M

•Glicerol 10%

•Tris 50 mM

•Azida 0,04%

•PMSF 2 mM

•a pH 7,6

Diálise III•Tris 10 mM

•NaCl 250 mM

•a pH 7,6

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Figura 26 - Gel SDS-Page a 12% com amostras de Sinfilina-1 após diálises I, II e III.

A figura 24 apresenta um gel SDS-Page a 12% em que é visível uma banda comum às amostras

T1 a T4 com uma massa molecular aproximadamente 130 kDa que corresponde à massa molecular

estimada para a Sinfilina-1. A confirmação de que esta banda corresponde à Sinfilina-1 foi feita por

Western Blot com Anticorpo Anti-Sinfilina-1 (ABCAM) (Figura 27).

Figura 27 – Fragmento dos resultados da chapa fotográfica proveniente do Western Blot com detecção da

Sinfilina-1 com Anticorpo Anti-Sinfilina-1 aos diferentes tempos. Estes resultados sugerem que a Sinfilina-1, inicialmente localizada nos corpos de inclusão, foi

redissolvida e que se encontra nesta fase na fracção solúvel tendo por isso ocorrido um refolding da

proteína em questão.

2.1.3. Purificação da Sinfilina-1

Para a purificação da Sinfilina-1 recorremos a um sistema em que a proteína é expressa

acoplada a uma cauda de histidina, que consiste numa forma versátil de purificação de proteínas

produzidas em E. coli. As proteínas produzidas desta forma podem ser purificadas rapidamente por

cromatografia de afinidade. Assim, após a dissolução das proteínas presentes nos corpos de

inclusão, as amostras foram dialisadas e feito o load na coluna de histidinas previamente equilibrada

com Binding buffer [20mM Na2HPO4, 0,5M NaCl, 65mM Imidazole a pH 7,6]. As colunas utilizadas são

colunas pré-empacotadas de 5mL de HisTrapTM HP, da Amersham. A eluição da amostra foi feita com

o Elution buffer [20mM Na2HPO4, 0,5M NaCl, 500mM Imidazole a pH 7,6] mantendo um fluxo

kDa

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constante de 1 mL/min (Figura 28). Durante a cromatografia foram recolhidas aliquotas de 5 mL que

foram analisadas em gel SDS-Page a 12%.

Figura 28 - Cromatograma proveniente da coluna de caudas de Histidina após injecção da amostra de Sinfilina-1.

Do gel de SDS-Page (Figura 29), contendo as aliquotas recolhidas da cromatografia,

evidencia-se uma banda correspondente à Sinfilina-1 (±130 kDA) que é recolhida entre os 105 e 115mL.

Contudo, juntamente com a Sinfilina-1 observa-se um conjunto de outras proteínas. Provavelmente

estas proteínas correspondem a proteínas de E.Coli que possuem caudas de histidina com afinidade

para a coluna, sendo por isso necessário proceder à optimização da cromatografia de afinidade.

Figura 29 - Gel SDS-Page a 12% com fracções recolhidas na cromatografia de afinidade. M: marcador; A1: fracção recolhida após injecção da amostra (0-5mL); A2: fracção recolhida ao equilibrar da coluna com a amostra (5-10 mL); A3: fracção recolhida antes da troca do tampão para o Elution Buffer (100-105mL); A4: fracção recolhida após a adição do Elution Buffer (105-110mL); A5: fracção recolhida após a adição do Elution Buffer (110-115mL) A6: fracção após a adição do Elution Buffer (115-120mL); A7: fracção recolhida após a adição do Elution Buffer (120-125mL); A8: fracção recolhida após a adição do Elution Buffer (125-130mL) A9: fracção recolhida após a adição do Elution Buffer (135-140mL).

kDa

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3. Considerações finais

A Parkina é uma proteína que possui múltiplos domínios, coordenados com iões de zinco

que condicionam o seu folding tornando a purificação, solubilização e refolding da proteína um

processo complexo.

A metodologia descrita neste trabalho surge como uma estratégia na purificação da Parkina

com o intuito da realização de estudos estruturais e funcionais. Contudo, esta precisa ainda de ser

optimizada. A expressão da proteína de fusão, em células de E.coli, na ausência de zinco gera uma

proteína unfolded que é acumulada em corpos de inclusão, dificultando a sua purificação. A

extracção da proteína unfolded dos corpos de inclusão é um dos pontos-chave na optimização da

metodologia.

Por outro lado, a renaturação proteica é um processo multifactorial, no qual se destacam

factores como a velocidade do processo de folding, a solubilidade proteica e a concentração de iões

zinco disponíveis para interagir com a proteína. Qualquer um destes factores necessita de estudos

mais detalhados no sentido de solubilizar a proteína e simultaneamente permitir que a proteína

adquira o folding nativo e permaneça estável, tendo em conta que esta possui variados domínios

para além da proteína GST que se lhe encontra associada.

No essencial, a metodologia envolve a dissolução dos corpos de inclusão, diálise contra iões

zinco que permitem o refold da proteína, seguido da sua purificação através de uma coluna de GST

que permitirá separar a proteína de fusão das restantes proteína existentes nos corpos de inclusão.

No entanto, é necessário proceder à confirmação da expressão da proteína de fusão e à sua

detecção através de Western Blot que não foi possível até à conclusão do trabalho. Isto devido a

complicações que se observaram após a sequência de diálises, uma vez que as amostras com a

proteína de fusão apresentavam um precipitado, ainda que fácil de dissolver. Deverá também ser

testado se o folding proteico, conseguido através das diferentes diálises, deve ser feito antes ou

após a purificação na coluna de GST uma vez que a recolha da proteína envolve a digestão com

trombina separando o GST da Parkina e permitindo que a Parkina proceda ao refold mais facilmente

em comparação com a proteína de fusão, nomeadamente porque a GST é uma proteína solúvel e a

solubilização da Parkina, por si só, é complexa devido à multiplicidade de domínios. Após a

purificação e refolding proteico, a disponibilidade proteica permitirá a realização de estudos

estruturais, estabilidade e função.

No que diz respeito à purificação da Sinfilina-1, realizada de modo semelhante à da Parkina

mas envolvendo um grau de complexidade aparentemente inferior, permitirá estudos estruturais

sobre uma segunda proteína envolvida na DP. Mais uma vez o processo de purificação necessita de

optimização uma vez que após a cromatografia de afinidade para caudas de histidinas, a amostra

recolhida apresenta ainda outras proteínas. A optimização da composição dos Binding e Elution

Buffers deverá por isso ser iniciada diminuindo a concentração de imidazole, concentração esta que

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diminui a capacidade da coluna reter as cadeias com caudas de histidina, sem esquecer que os

próprios tampões devem também ser alvo de optimização. Fica também por testar se, em alternativa

à diálise, a purificação da amostra realizada através da coluna de afinidade com tampões com

elevada concentração em ureia, uma vez que a coluna de afinidade utilizada está preparada para

este tipo de abordagem.

A purificação da Parkina e da Sinfilina-1, em simultâneo, permitirá ainda estudos de

interacção entre a Parkina e um dos seus substratos. Estes estudos complementam o conhecimento

estrutural e funcional da Parkina para além de potenciar desenvolvimentos no processo de formação

dos Corpos de inclusão e na PJ-AR.

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4. Anexos

4.1. Anexo 1

Figura i - Sequencia da região codificante do gene PARK2 e da proteína Parkina com referência a possíveis reacções

e exões alternativos (azul) e aminoácidos codificados através de uma junção de splice (vermelho).

Sequência de Nucleótidos (1398 b): ATGATAGTGTTTGTCAGGTTCAACTCCAGCCATGGTTTCCCAGTGGAGGTCGATTCTGACACCAGCATCTTCCAGCTCAAGGAGGTGGTTGCTAAGCGACAGGGGGTTCCGGCTGACCAGTTGCGTGTGATTTTCGCAGGGAAGGAGCTGAGGAATGACTGGACTGTGCAGAATTGTGACCTGGATCAGCAGAGCATTGTTCACATTGTGCAGAGACCGTGGAGAAAAGGTCAAGAAATGAATGCAACTGGAGGCGACGACCCCAGAAACGCGGCGGGAGGCTGTGAGCGGGAGCCCCAGAGCTTGACTCGGGTGGACCTCAGCAGCTCAGTCCTCCCAGGAGACTCTGTGGGGCTGGCTGTCATTCTGCACACTGACAGCAGGAAGGACTCACCACCAGCTGGAAGTCCAGCAGGTAGATCAATCTACAACAGCTTTTATGTGTATTGCAAAGGCCCCTGTCAAAGAGTGCAGCCGGGAAAACTCAGGGTACAGTGCAGCACCTGCAGGCAGGCAACGCTCACCTTGACCCAGGGTCCATCTTGCTGGGATGATGTTTTAATTCCAAACCGGATGAGTGGTGAATGCCAATCCCCACACTGCCCTGGGACTAGTGCAGAATTTTTCTTTAAATGTGGAGCACACCCCACCTCTGACAAGGAAACATCAGTAGCTTTGCACCTGATCGCAACAAATAGTCGGAACATCACTTGCATTACGTGCACAGACGTCAGGAGCCCCGTCCTGGTTTTCCAGTGCAACTCCCGCCACGTGATTTGCTTAGACTGTTTCCACTTATACTGTGTGACAAGACTCAATGATCGGCAGTTTGTTCACGACCCTCAACTTGGCTACTCCCTGCCTTGTGTGGCTGGCTGTCCCAACTCCTTGATTAAAGAGCTCCATCACTTCAGGATTCTGGGAGAAGAGCAGTACAACCGGTACCAGCAGTATGGTGCAGAGGAGTGTGTCCTGCAGATGGGGGGCGTGTTATGCCCCCGCCCTGGCTGTGGAGCGGGGCTGCTGCCGGAGCCTGACCAGAGGAAAGTCACCTGCGAAGGGGGCAATGGCCTGGGCTGTGGGTTTGCCTTCTGCCGGGAATGTAAAGAAGCGTACCATGAAGGGGAGTGCAGTGCCGTATTTGAAGCCTCAGGAACAACTACTCAGGCCTACAGAGTCGATGAAAGAGCCGCCGAGCAGGCTCGTTGGGAAGCAGCCTCCAAAGAAACCATCAAGAAAACCACCAAGCCCTGTCCCCGCTGCCATGTACCAGTGGAAAAAAATGGAGGCTGCATGCACATGAAGTGTCCGCAGCCCCAGTGCAGGCTCGAGTGGTGCTGGAACTGTGGCTGCGAGTGGAACCGCGTCTGCATGGGGGACCACTGGTTCGACGTGTAG

Tradução (465 aa): MIVFVRFNSSHGFPVEVDSDTSIFQLKEVVAKRQGVPADQLRVIFAGKELRNDWTVQNCDLDQQSIVHIVQRPWRKGQEMNATGGDDPRNAAGGCEREPQSLTRVDLSSSVLPGDSVGLAVILHTDSRKDSPPAGSPAGRSIYNSFYVYCKGPCQRVQPGKLRVQCSTCRQATLTLTQGPSCWDDVLIPNRMSGECQSPHCPGTSAEFFFKCGAHPTSDKETSVALHLIATNSRNITCITCTDVRSPVLVFQCNSRHVICLDCFHLYCVTRLNDRQFVHDPQLGYSLPCVAGCPNSLIKELHHFRILGEEQYNRYQQYGAEECVLQMGGVLCPRPGCGAGLLPEPDQRKVTCEGGNGLGCGFAFCRECKEAYHEGECSAVFEASGTTTQAYRVDERAAEQARWEAASKETIKKTTKPCPRCHVPVEKNGGCMHMKCPQPQCRLEWCWNCGCEWNRVCMGDHWFDV

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4.2. Anexo 2

Figura ii - Sequencia da região codificante do gene SNCAIP e da proteína Sinfilina-1.

Sequência de Nucleótidos (2802 b): CAAAATGTGCAAGGAAGAATAATGGAAGCCCCTGAATACCTTGATTTGGATGAAATTGACTTTAGTGATGACATATCTTATTCAGTCACATCACTCAAGACGATCCCAGAACTGTGCCGAAGATGTGATACGCAAAACGAAGACAGATCAGTTTCTAGCTCTAGCTGGAATTGTGGCATCTCAACTCTTATTACAAACACGCAAAAGCCCACAGGAATCGCTGATGTGTACAGTAAGTTCCGCCCAGTGAAGCGGGTTTCGCCACTGAAACATCAGCCAGAGACTCTGGAGAACAATGAAAGTGATGACCAAAAGAACCAGAAAGTGGTTGAGTACCAGAAAGGGGGTGAGTCTGACCTGGGCCCCCAGCCTCAGGAGCTTGGCCCTGGAGATGGAGTGGGCGGCCCACCAGGTAAGAGCTCTGAGCCCAGCACATCGCTGGGTGAACTGGAGCACTACGACCTCGACATGGATGAGATTCTGGATGTGCCTTATATTAAATCCAGTCAGCAGCTTGCCTCTTTTACCAAGGTGACTTCAGAAAAAAGAATTTTGGGCTTATGCACAACCATCAATGGCCTTTCTGGCAAAGCCTGCTCTACAGGAAGTTCTGAGAGCTCATCATCCAACATGGCACCATTTTGTGTTCTTTCTCCCGTGAAAAGCCCTCACTTGAGAAAAGCATCAGCTGTCATCCACGACCAGCACAAGCTGTCCACTGAAGAAACCGAGATCTCACCTCCTCTGGTTAAATGTGGCTCTGCATATGAGCCTGAAAACCAGAGTAAAGACTTCCTAAACNAGACATTTAGTGATCCTCATGGTCGAAAAGTTGAGAAGACAACAGACTGCCAGCTCAGGGCCTTCCACCTACAATCCTCAGCAGCAGAATCCAAACCAGAAGAGCAGGTCAGTGGCCTAAACCGGACCAGCTCCCAAGGCCCAGAAGAAAGGAGTGAGTATCTGAAAAAAGTGAAAAGCATCTTGAACATTGTTAAAGAAGGACAGATCTCTCTCCTGCCACACCTAGCTGCAGACAATCTAGACAAAATTCACGACGAANATGGAAACAATCTATTACATATTGCGGCGTCACAGGGACACGCAGAGTGTCTACAGCACCTCACTTCTTTGATGGGAGAAGACTGCCTCAATGAGCGCAACACTGAGAAGTTGACTCCAGCANGCCTGGCCATTAAGAATGGTCAGTTGGAGTGCGTACGCTGGATGGTGAGCGAAACAGAAGCCATTGCAGAACTGAGTTGTTCTNANGATTTTCCAAGCCTTATTCATTACGCAGGTTGCTATGGCCAGGAAAAGATTCTTCTGTGGCTTCTTCAGTTTATGCAAGAACAGGGCATCTCGTTGGATGAAGTAGACCAGGATGGCAACAGTGCCGTTCACGTAGCCTCACAGCATGGCTACCTTGGATGCATACAGACCTTGGTTGAATATGGAGCAAATGTCACCATGCAGAACCACGCTGGGGAAAAGCCCTCCCAGAGCGCCGAGCGGCAGGGGCACACCCTGTGCTCCAGGTACCTGGTGGTGGTGGAGACCTGCATGTCGCTGGCCTCTCAAGTGGTGAAGTTAACCAAGCAGCTAAAGGAACAAACAGTAGAACGTGTCACGCTGCAGAACCAACTCCAACAATTTCTAGAAGCCCAGAAATCAGAGGGCAAGTCACTCCCTTCTTCACCCAGTTCACCATCCTCACCTGCCTCCAGAAAGTCCCAGTGGAAATCTCCAGATGCAGATGATGATTCTGTAGCCAAAAGCAAGCCAGGAGTCCAAGAGGGGATTCAGGTTCTTGGAAGCCTGTCAGCCTCCAGCCGGGCTAGACCCAAAGCAAAAGATGAAGATTCTGATAAAATCTTACGCCAGTTATTGGGAAAGGAAATCTCAGAAAATGTCTGCACCCAGGAAAAACTGTCCTTGGAATTCCAGGATGCTCAGGCTTCCTCTAGAAATTCTAAAAAGATCCCACTGGAGAAGAGGGAACTGAAGTTAGCCAGGCTGAGACAGCTGATGCAGAGGTCACTGAGTGAGTCTGACACAGACTCCAACAACTCTGAGGACCCCAAGACTACCCCAGTGAGGAAGGCTGACCGACCAAGGCCGCAGCCCATTGTAGAAAGCGTAGAGAGTATGGACAGCGCAGAAAGCCTGCACCTGATGATTAAGAAACACACCTTGGCATCAGGGGGACGCAGGTTTCCTTTCAGCATCAAGGCCTCCAAATCCCTGGATGGCCACAGCCCATCTCCCACCTCAGAGAGCAGCGAACCAGACTTAGAATCCCAGTATCCAGGCTCAGGGAGTATTCCTCCAAACCAGCCCTCTGGTGACCCTCAGCAGCCCAGCCCTGACAGTACTGCTGCCCAGAAAGTTGCCACAAGTCCCAAGAGTGCCCTCAAGTCTCCATCTTCCAAGCGTAGGACATCTCAGAACTTAAAACTGAGAGTTACCTTTGAGGAGCCTGTGGTGCAGATGGAGCAGCCTAGCCTTGAACTGAATGGAGAAAAAGACAAAGATAAGGGCAGGACTCTCCAGCGGACCTCCACAAGTAACGAATCGGGGGATCAACTGAAAAGGCCTTTTGGAGCCTTTCGATCTATCATGGAGACACTAAGTGGCAACCAAAACAATAATAATAACTACCAGGCAGCCAACCAGCTGAAAACCTCTACATTACCCTTGACCTCACTTGGGAGGAAGACAGATGCCAAGGGAAACCCTGCCAGCTCCGCTAGCAAAGGAAAGAATAAGGCAGCATAA

Tradução (919 aa): MEAPEYLDLDEIDFSDDISYSVTSLKTIPELCRRCDTQNEDRSVSSSSWNCGISTLITNTQKPTGIADVYSKFRPVKRVSPLKHQPETLENNESDDQKNQKVVEYQKGGESDLGPQPQELGPGDGVGGPPGKSSEPSTSLGELEHYDLDMDEILDVPYIKSSQQLASFTKVTSEKRILGLCTTINGLSGKACSTGSSESSSSNMAPFCVLSPVKSPHLRKASAVIHDQHKLSTEETEISPPLVKCGSAYEPENQSKDFLNKTFSDPHGRKVEKTTPDCQLRAFHLQSSAAESKPEEQVSGLNRTSSQGPEERSEYLKKVKSILNIVKEGQISLLPHLAADNLDKIHDENGNNLLHIAASQGHAECLQHLTSLMGEDCLNERNTEKLTPAGLAIKNGQLECVRWMVSETEAIAELSCSKDFPSLIHYAGCYGQEKILLWLLQFMQEQGISLDEVDQDGNSAVHVASQHGYLGCIQTLVEYGANVTMQNHAGEKPSQSAERQGHTLCSRYLVVVETCMSLASQVVKLTKQLKEQTVERVTLQNQLQQFLEAQKSEGKSLPSSPSSPSSPASRKSQWKSPDADDDSVAKSKPGVQEGIQVLGSLSASSRARPKAKDEDSDKILRQLLGKEISENVCTQEKLSLEFQDAQASSRNSKKIPLEKRELKLARLRQLMQRSLSESDTDSNNSEDPKTTPVRKADRPRPQPIVESVESMDSAESLHLMIKKHTLASGGRRFPFSIKASKSLDGHSPSPTSESSEPDLESQYPGSGSIPPNQPSGDPQQPSPDSTAAQKVATSPKSALKSPSSKRRTSQNLKLRVTFEEPVVQMEQPSLELNGEKDKDKGRTLQRTSTSNESGDQLKRPFGAFRSIMETLSGNQNNNNNYQAANQLKTSTLPLTSLGRKTDAKGNPASSASKGKNKAA

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