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FACISAS – FACULDADE DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS DE
SINOP - UNIC SINOP – CAMPUS AEROPORTO
CURSO DE PSICOLOGIA
MILTON MAUAD DE CARVALHO CÂMERA
COLEGAS – RESENHA
SINOP – MT
2015
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MILTON MAUAD DE CARVALHO CÂMERA
COLEGAS – RESENHA
Trabalho apresentado à disciplina Necessidades
Especiais, do Curso de Bacharelado em Psicologia da
FACISAS – Faculdade de Ciências Sociais Aplicadas
de Sinop, como exigência parcial para a obtenção de
nota. Professor Antônio Roberto Garcia Junior
.
SINOP/MT
2015
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“Sonho que se sonha só
É só um sonho que se sonha só
Mas sonho que se sonha junto é realidade”
Raul Seixas
O filme
Dirigido por Marcelo Galvão, o filme “Colegas” é o primeiro filme brasileiro
protagonizado por atores com Síndrome de Down. Inspirado no filme americano Little Miss
Sunshine (2006) e no Thelma & Louise (1991), a obra traz à tona a questão da Síndrome de
Down sem, contudo, discorrer explicitamente sobre a importância da inclusão social.
Paradoxalmente, ela simples e naturalmente inclui. Ao assistirmos o filme, embarcamos em
uma aventura e, em dado momento, percebemos que esquecemo-nos de que os protagonistas
têm Down.
A obra nos remete à história de três jovens que vivem alojados em um Instituto: Stalone
sonhava em ver o mar; Aninha queria se casar com um cantor; Márcia queria voar. Stalone
(personagem principal) foi abandonado por sua mãe e recebia regularmente visita de parentes.
Essas visitas foram gradativamente diminuindo até cessarem. Inspirado em um dos seus
filmes favoritos (Thelma & Louise), Stalone resolve roubar o carro do jardineiro Seu Arlindo,
um Karman Ghia vermelho, e inicia então a maior aventura da sua vida, levando consigo seus
melhores amigos. Os três saem de São Paulo rumo a Buenos Aires. Encontram um cachorro
em um circo abandonado e fazem dele um companheiro de viajem. Os três jovens iniciam
então pequenos assaltos em postos de gasolina e lojas de conveniência ao longo da estrada
usando armas de brinquedo. A polícia designa dois policiais trapalhões para tentar prendê-los,
enquanto a imprensa sensacionalista os define como “bandidos armados e perigosos”. Como
ninguém tem coragem para enfrentá-los, seguem realizando seus desejos.
Nos noticiários, o sensacionalismo é patente quando um psicólogo afirma: “Essa figura
do palhaço nada mais é do que uma forma irônica, até mesmo debochada que eles
encontraram de dizer o que pensam sobre a nossa sociedade” e continua “Mais olha, é
preciso muito cuidado. [...] Porque são deficientes mentais vivendo o mundo lúdico do
cinema.” Então um juiz proclama: “Veja o seguinte, nós estamos falando de um seqüestro,
isso aqui é um crime hediondo, dispensa qualquer comentário.”
A sociedade parece não querer verdades, mas verdades sensacionalistas. Basta
observarmos crimes noticiados e pseudo-diagnósticos expressos por “especialistas” na mídia.
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Em determinado momento, um dos protagonistas, apaixonado por uma “gordinha”, pede
para beijá-la. A moça imediatamente responde: “Você não notou que somos diferentes?”. E
ele retruca: “Não tem problema, eu gosto de gordas”.
A maneira como abraçam a senhora que lhes mostra o mar, Aninha salvando os
animais presos, a paixão unânime por Raul Seixas, a sexualidade sem culpa, sem pudor, a
inocência ao demonstrar suas idéias... “Para aqueles que, apesar das adversidades,
conseguem com um simples sorriso enxergar a felicidade nas pequenas coisas da
vida”...“Colegas” é uma experiência humana de inestimável valor.
Características da Síndrome de Down
A Síndrome de Down é um acidente genético que ocorre no par do cromossomo 21,
com a presença de um cromossomo extra. Por isso, essa síndrome é também chamada de
trissomia 21. A presença extra desse cromossomo acarreta no desenvolvimento intelectual um
retardo leve ou moderado, em virtude de alterações cerebrais. É oportuno destacar que esse
atraso no desenvolvimento cognitivo não implica necessariamente em uma má qualidade de
vida, ao contrário, é possível sim, se possibilitar uma vida com qualidade para essas pessoas.
As crianças com Síndrome de Down apesar de possuírem alterações fenotípicas semelhantes
como: aparência arredondada da cabeça, pálpebras estreitas e levemente oblíquas, boca
pequena podendo-se projetar um pouco a língua, única prega palmar, pescoço curto, mãos e
pés pequenos e grossos etc.; diferem entre si em aspectos gerais do desenvolvimento como:
linguagem, motricidade, socialização e habilidades da vida diária. Porém, comumente
apresentam crescimento físico mais lento; maior tendência a aumento de peso; atraso no
desenvolvimento motor devido à hipotonia nos primeiros meses de vida, ou seja, menor
tonicidade nos músculos e atraso no desenvolvimento mental.
Outro fator a se destacar é que a síndrome não é progressiva, nem contagiosa. A própria
flacidez, gerada pela hipotonia muscular pode ser reduzida com o tempo por meio de
exercícios fonoaudiológicos e fisioterápicos, nos quais se investe no amadurecimento do
Sistema de Nervoso Central (SNC) o que contribui, de forma significativa, para o
desenvolvimento de aprendizagens. Assim quando se pensa em possibilidades de
desenvolvimento da criança com a síndrome não se limita ao conhecimento dos conceitos
abstratos nas diversas disciplinas escolares, mas, sobretudo em ações que vislumbrem a
autonomia do sujeito.
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Inclusão
Escola
Para o sucesso da inclusão da criança, é necessário considerar alguns componentes essenciais: ambiente
estruturado e adaptado às suas necessidades; abordagem de ensino que facilite seu aprendizado e adaptação
curricular, fatores que não devem ser utilizados unicamente para as crianças com SD, mas para todas que
necessitem de um currículo adequado à sua individualidade (HOLDEN; STEWART, 2002).
A escola deve investir no treinamento de seus profissionais, a fim de capacitá-los a lidar com a criança portadora
da SD; além da equipe, a escola precisa preparar também os colegas de classe (BUCKLEY; BIRD, 1998).
Porém, vê-se que o que precede a todos estes componentes são a voluntariedade e o compromisso da instituição
em aceitar estas crianças (CUCKLE, 1999).
O ambiente escolar deve ser o local propício para todas as crianças se desenvolverem social, emocional e
academicamente (BUCKLEY; BIRD, 1998).
Pais
A política local tem grande interferência no processo de inclusão, mas os pais também têm um papel de
fundamental importância nesse processo, pois são eles que escolhem entre colocar a criança em uma escola
regular ou em escola especial (CUCKLE, 1999).
Na Holanda, há um movimento de pais de crianças com SD que busca ampliar o processo de inclusão, que, nos
últimos anos, também tem recebido respaldo da política governamental (GRAAF, 2002).
A literatura sugere que o rendimento escolar da criança é um parâmetro importante de avaliação para os pais.
Dados de uma pesquisa realizada no Reino Unido, com pais de crianças portadoras de SD, sugerem que alguns
pais aceitam colocar seus filhos na escola especial a partir dos 11 anos, apesar de terem obtido sucesso com a
experiência escolar no nível primário (LORENZ, 1999).
Outras vezes, quando a criança está inserida na escola regular mas não acompanha o ritmo da classe ou
permanece dois ou mais anos em um mesmo nível, os pais mostram-se frustrados e transferem suas crianças para
a escola especial (CUCKLE, 1999).
Professor
A cooperação do professor é uma das condições fundamentais para o sucesso da inclusão da criança na escola
regular (GRAAF, 2002).
É ele quem vai detectar no dia-a-dia quais ajustes podem e devem ser feitos no ambiente, é quem vai colaborar
na interação da criança com outros colegas, bem como criar situações satisfatórias para a criança desenvolver
uma boa convivência social (HOLDEN; STEWART, 2002).
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O objetivo principal do assistente, no nível secundário, é aumentar a independência da criança, reduzir a ajuda,
envolver os demais alunos nas atividades da classe e encorajá-los a ajudar o colega portador de SD, reduzindo
assim seu isolamento social. No primário, uma boa estratégia para evitar a dependência é a troca de professor e
assistentes, pois estes últimos quando trabalham exclusivamente com uma mesma criança, por longo tempo,
podem relutar em aceitar uma outra. Nesse sentido, pais e professores devem estar vigilantes para o excesso de
assistência oferecida ao seu filho na escola (LORENZ, 1999).
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413-65382008000300011, acesso
em 06/12/2015, 23:00h.
http://books.scielo.org/id/rp6gk/pdf/diaz-9788523209285-28.pdf, acesso em 06/12/2015,
23:40h.