Comércio exterior

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INFORMEBB Exportar é preciso O que melhorou no processo de exportação e o que precisa mudar Por que Açu é chamado de Superporto pág. 24 Itacitrus e Pumar: histórias de sucesso pág. 28 Artigo: os rumos de atuação da Camex pág. 32 pág. 12 Edição 83 | Ano 19 | 1º Trimestre | 2011 INFORME BB Entrevista: Admilson Monteiro Garcia Diretor Internacional e de Comércio Exterior do BB fala sobre a nova estratégia de atuação global do Banco pág. 08

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retrata temas da atualidade e assuntos sobre o mesmo

Transcript of Comércio exterior

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INFORMEBB

INFORMEBB

Exportar é preciso

O que melhorou no processo de exportação e o que precisa mudar

Por que Açu é chamado de Superporto pág. 24

Itacitrus e Pumar: histórias de sucesso pág. 28

Artigo: os rumos de atuação da Camex pág. 32

pág. 12

Edição 83 | Ano 19 | 1º Trimestre | 2011 InfOrmE BB

Entrevista: Admilson Monteiro GarciaDiretor Internacional e de Comércio Exterior do BB fala sobre a nova estratégia de atuação global do Banco pág. 08

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1º trimestre 2011 03

índice

08 2412

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28

entrevista Admilson Monteiro Garcia, diretor Internacional e de Comércio Exterior do Banco do Brasil, revela as estratégias do BB para tornar-se uma instituição financeira de alcance global

histórias que contamItacitrus O exemplo vitorioso da Itacitrus, que exporta limões tahiti de Itajobi (SP) para Alemanha, Inglaterra e outros 11 países

giro global

Os números da Balança Comercial, novas parcerias do BB para apoiar os empresários e mais

opiniãoRicardo Martins e Elisabete Cristina Carraco Cardoso, da Fiesp, defendem modernização das normas que regem nossas exportações

ponto de vistaHelder Silva Chaves, secretário-executivo da Camex, e a missão de melhorar o ambiente de negócios para as empresas que atuam no comércio exterior

soluções BBFique por dentro da nova fase da Revista e saiba como vai funcionar nosso espaço informativo na internetconexão

Leitores ressaltam o papel da Revista na difusão de informações sobre exportação e importação, além de comentar a infraestrutura do País

capaDiminuir a burocracia, ampliar a circulação de informações, eliminar impostos em cascata: os desafios no caminho da simplificação do comércio exterior para os empresários brasileiros

infraestruturaConheça o Superporto do Açu, no litoral norte do Estado do Rio de Janeiro – um empreendimento de R$ 4,3 bilhões que começa a operar em 2012 e tem como conceito integrar um terminal logístico e uma área industrial de grandes portes

histórias que contamPumarSediada no município de Mesquita (RJ), a Pumar manda 10 mil guarda-chuvas para o Japão todo ano. A meta é fazer com que as exportações respondam por 50% de seu faturamento

Edição 83 | Ano 19 | 1º Trimestre | 2011

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04 comércio exterior informe BB 1º trimestre 2011 05

de cara nova e cada vez mais ao lado do empresário brasileiro

FonTE dE consulTA E inForMAção pArA dEBATEs EM curso dE pós-GrAduAçãoSou membro da Rede Nacional de Agentes de Comércio Exterior do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (Redeagentes/MDIC) e trabalho atualmente na implantação da Comissão de Comércio Exterior do Maranhão como consultor master do Programa de Internacionalização das Micro e Pequenas Empresas do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae). Gostaria de dizer que a revista Comércio Exterior Informe BB é um instrumento maravilhoso, que utilizo como fonte de consulta e de informação para debates em sala de aula com meus alunos no curso de Pós-Graduação e no atendimento junto aos empresários maranhenses.

Jader de Oliveira JúniorProfessor/Consultor São Luís-MA

Infraestrutura Caros Senhores,

Sou estudante de Comércio

Exterior e conheci, na faculdade,

a revista Comércio Exterior

Informe BB. Gostei da iniciativa,

já que as fontes de informação

nessa área são bastante

escassas. Queria aproveitar

a oportunidade para propor

alguns temas para discussão

nas páginas da revista, que são

constantemente abordados nas

nossas aulas. Um deles tem a

ver com a nossa infraestrutura,

já que o Brasil, ao contrário

de outros países que visitei,

não privilegia o transporte

ferroviário e nem o hidroviário,

para o qual temos tanto

potencial. Essas modalidades

de custo mais baixo seriam de

grande valia para reduzir os

custos de nossas exportações.

João Paulo CatrevaBelo Horizonte-MG

conexãoexpediente

INFORMEBB

INFORMEBB

conselho diretor presidente Aldemir Bendine vice-presidente de Varejo e distribuição Alexandre Corrêa Abreu vice-presidente de negócios internacionais e Atacado Allan Simões Toledo vice-presidente de crédito, controladoria e risco Global Danilo Angst vice-presidente de Finanças, Mercado de capitais e relações com investidores Ivan de Souza monteiro vice-presidente de Tecnologia e logística Geraldo Afonso Dezena da Silva vice-presidente de Agronegócios Luís Carlos Guedes Pinto vice-presidente de negócios de Varejo Paulo rogério Caffarelli vice-presidente de Governo ricardo Antonio de Oliveira vice-presidente de Gestão de pessoas e desenvolvimento sustentável robson rocha

conselho Editorial Admilson monteiro Garcia (BB), Alessandro Teixeira (Apex-Brasil), Armando medeiros de faria [BB], Helder Silva Chaves (Camex), João Paulo Poppi [BB], min. norton de Andrade m. rapesta (mrE/DPr) e Welber Barral (mDIC/Secex)

coordenação diretoria internacional e de comércio Exterior diretor Admilson monteiro Garcia gerente executivo João Paulo Poppi gerente de divisão João Balbino G. Corrêa coordenadores Elizabeth moreira Alves, fernando Grigolin, Gustavo Cysne e rafael Alimandro estagiária Betânia Alves

realização selulloid AG comunicação por conteúdo publisher flavio rozemblatt diretora de atendimento Paloma Bragança editor executivo marco Antonio Barbosa subeditor Dirley fernandes diretora de arte Ana Leticia Carbone gerente de projetos Tatiana Gonçalves

Edição 83 | Ano 19 | 1º Trimestre | 2011 distribuição gratuita Tiragem: 10 mil exemplares Endereço na internet: revistacomexbb.com.br e-mail: [email protected]

As opiniões emitidas em artigos assinados são de responsabilidade de seus autores, não expressando necessariamente o ponto de vista desta publicação.

O conteúdo desta revista pode ser reproduzido, desde que citada a fonte.

outros telefones úteis: central de Atendimento BB - informações, solicitações, sugestões, reclamações e denúncias. Atendimento 24 horas, 7 dias da semana: 4004 0001 ou 0800 729 0001, deficientes auditivos e de fala: 0800 729 0088 sAc - 0800 729 0722 suporte Técnico - Autoatendimento internet e Autoatendimento celular - atendimento 24 horas, 7 dias da semana: 0800 729 0200 ouvidoria BB - no caso em que a solução dada à ocorrência que você registrou anteriormente mereça revisão, fale com a ouvidoria BB. Atendimento 24 horas, 7 dias da semana: 0800 729 5678

Caro João Paulo,Muito obrigado por suas sugestões.As pautas ligadas à infraestrutura – e, particularmente, à questão dos transportes – estão sempre presentes nas nossas edições. Neste número, uma de nossas principais reportagens enfoca justamente a logística portuária. O projeto do

Porto do Açu, empreendimento em que os modais ferroviário, rodoviário e marítimo se integram, está na página 24. Continue a nos acompanhar pois, nas próximas edições, voltaremos ao tema e abordaremos, inclusive, as vantagens competitivas das ferrovias e hidrovias.

ImportadoraPrezados,

Trabalho com comércio

exterior, mais especificamente

com importação. Aprecio

muito a revista, que sempre

traz assuntos interessantes da

área de comércio exterior.

Mirela Sousa da Silva Fortaleza-CE

FlorianópolisPrezados (as) Senhores (as)

Em nome do prefeito de

Florianópolis, Sr. Dário

Elias Berger, manifesto

sinceros cumprimentos pela

excelência da publicação, que

será incorporada ao acervo

bibliográfico da Prefeitura.

Atenciosamente,

Sebastião José Machado Secretário Adjunto Municipal de Governo da Prefeitura de Florianópolis. Florianópolis-SC

memo

InfOrmE BB

O País e suas empresas vivem um momento decisivo. Com a corrente

de comércio se aproximando de cifras recordes e um novo governo

prestes a tomar posse, ao mesmo tempo em que grandes grupos

nacionais internacionalizam sua atuação e companhias médias e

pequenas buscam se modernizar e ocupar espaços no exterior, o setor

de exportação e importação precisa de publicações que funcionem

como plataforma para a discussão dos seus muitos desafios. Essa é,

cada vez mais, a intenção do Comércio Exterior Informe BB, agora em

novo formato, com leiaute mais leve e moderno, conteúdo renovado e

uma presença forte na internet, com um site atualizado diariamente.

Já neste número, a revista traz três grandes reportagens que tratam

de desafios fundamentais para o desenvolvimento das trocas

comercias do País: a internacionalização como um caminho para o

crescimento das empresas – e o apoio necessário nessa empreitada –,

a superação dos gargalos na infraestrutura, que limitam e encarecem

a atividade exportadora, e o esforço, empreendido em várias

instâncias, para superar uma tradição burocrática herdada de um

tempo em que o Brasil era uma economia fechada.

Nas páginas seguintes, você saberá o que a LLX, de Eike Batista,

está fazendo para viabilizar o megaprojeto do Porto do Açu, no

litoral norte fluminense; acompanhará os caminhos que o Banco do

Brasil está percorrendo para globalizar a sua atuação; e entrará na

discussão sobre o que precisa ser feito para simplificar os processos

do comércio exterior.

Este e outros debates prosseguirão no nosso ambiente digital,

no qual você encontrará as últimas notícias sobre o setor e ainda

o conteúdo integral da edição impressa. Os detalhes sobre essa

novidade você pode ler na seção Soluções BB (página 23). Visite-nos

em www.revistacomexbb.com.br e entre nessa discussão. Envie suas suas sugestões, críticas e comentários para [email protected]

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06 comércio exterior informe BB 1º trimestre 2011 07

ExportaçõEs acElEram E rEgistram Em outubro o tErcEiro mElhor mês da sériE histórica

os números das exportações brasileiras em outubro alimentaram a perspectiva de

um fechamento em 2010 bem acima das previsões do início do ano. a média diária

– us$ 919,1 milhões – foi a maior para meses de outubro e a terceira melhor

da série histórica, atingindo o valor total de us$ 18,4 bilhões. o crescimento

em relação a igual mês em 2009, pela média diária, foi de 37,1%. os dados

justificaram o ajuste da meta para o acumulado do ano, que agora é de us$ 195

bilhões, contra os us$ 168 bilhões estipulados em novembro do ano passado. as

importações também cresceram, mas (pela primeira vez no ano) em ritmo menor

do que as exportações. Foram us$ 826,4 milhões por dia útil, o que representa

avanço de 35,9% ante outubro de 2009. o saldo comercial do mês alcançou um

superávit de us$ 1,9 bilhão, alta de 40,9% em relação a outubro de 2009. o saldo

acumulado em 2010 agora é de us$ 14,6 bilhões, 35% menor do que o do ano

passado. Entre os produtos da pauta, destaque absoluto para o desempenho do

minério de ferro, com alta de 217%, em relação a 2009. Entre os manufaturados,

chama a atenção o avanço de 105% da categoria Veículos de carga.

giro global

Proex em ritmo acelerado dEsEmbolsos do programa, na modalidadE FinanciamEnto, até o Fim dE outubro, já supEraram Em 34,3% os dE todo o ano passado

O Programa de Financiamento às Exportações (Proex) atingiu o volume de US$ 373,3 milhões, liberados no acumulado de janeiro a outubro de 2010 na modalidade Financiamento. O valor representa 34,3% a mais do que o total desembolsado durante todo o ano de 2009. Criado em 1991, o Proex abrange duas modalidades: Financiamento – que oferece crédito direto, com recursos do Tesouro, a exportadores com faturamento bruto anual de até R$ 600 milhões – e Equalização – que assume parte dos encargos financeiros de créditos concedidos por instituições financeiras aos empresários do comércio exterior brasileiro. O BB é o agente financeiro exclusivo da União para os desembolsos do Programa, que oferece como principal diferencial o custo do financiamento – libor seca, ou seja, taxa de juros internacionais, sem adição de spread. Em 2010, as duas modalidades do Proex já alavancaram mais de US$ 3,6 bilhões em vendas de empresas do Brasil no exterior. Atualmente, 94% dos produtos da pauta brasileira de exportação são contemplados pelo Programa, que permite tanto o financiamento de bens quanto o de serviços.

comPetitividade no comércio internacionalum guia para VEncEr no mErcado ExtErno“Para que um país possa apresentar ganhos de comércio, é imperativo que ele possua uma política com

foco voltado para esse fim.” Com essa sentença, encontrada nos primeiros capítulos de Competitividade

no Comércio Internacional (Ed. Atlas, 264 páginas, R$ 49), o assessor sênior da Diretoria Internacional e de

Comércio Exterior do Banco do Brasil Ricardo Faro e a professora de economia Fátima Faro demarcam o

desafio que se coloca frente às nações no desenvolvimento de suas trocas comerciais. Enfocando os

diferentes aspectos que se entrelaçam na discussão sobre o comércio internacional, a obra aborda desde

questões específicas e importantes para a aquisição de competitividade – como logística e crédito – até

a discussão crítica das formas de inserção do Brasil no cenário das trocas em nível global. Destinado

inicialmente aos estudiosos do comércio internacional, o livro é útil para todos aqueles que se interessam

pela forma como o comércio externo pode colaborar com o desenvolvimento econômico e social do País.

Balança comercialB2Brazil também é parceiroOutro novo parceiro do Banco do Brasil é a B2Brazil, portal web

especializado em negócios internacionais de empresa para empresa

(B2B). O foco da parceria é aumentar a visibilidade do Brasil WebTrade

(BWT) no exterior. As empresas cadastradas no BWT passarão a ser

expostas no portal B2Brazil, que, em contrapartida, poderá incrementar

sua captação de novos clientes importadores para suas carteiras.

A B2Brazil, iniciativa com participação de várias empresas brasileiras,

facilita, por meio de um crescente banco de dados e ferramentas

de inteligência comercial, a aproximação entre importadores

estrangeiros e exportadores nacionais.

Banco do Brasil e dHl firmam parceria de pesobb E lídEr global do sEtor dE rEmEssas aprEsEntarão aos EmprEsários brasilEiros soluçõEs intEgradas Em comércio ExtErior

Quando o principal parceiro do comércio exterior brasileiro se une a uma empresa de logística de porte global, cuja rede conecta mais de 220 países, quem mais sai ganhando é o exportador. A DHL, especializada em entregas expressas, e o BB acabam de assinar um acordo para colocar à disposição dos clientes das duas instituições soluções e serviços integrados. De início, os clientes DHL – sobretudo, os nove mil que pertencem ao segmento das pequenas e médias empresas (PMEs) – terão acesso ao portfólio de cursos de capacitação do Banco do Brasil e poderão contar com a consultoria do Banco em temas como câmbio e tributação. Já os usuários da plataforma Brasil WebTrade, o ambiente eletrônico de negócios do BB que facilita o contato do exportador brasileiro com os clientes no exterior, passam a ter desconto especial nas remessas de mercadorias ao exterior, utilizando os serviços da DHL Express. Pequenas e médias empresas contarão ainda com a ampla atuação global e no mercado doméstico dos dois parceiros, que abrange a gestão completa dos processos de importação e de exportação, com diferentes opções de custos e prazos. Outras iniciativas, como cursos com temas específicos e desenvolvimento de novas soluções para o comércio exterior com foco nas PMEs, também estão previstas no acordo.

John Gardiner, da B2Brazil, e Admilson Monteiro Garcia, diretor Internacional e

de Comércio Exterior do BB

resenha

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o Banco do ano no Brasil e na américa latinathE bankEr, publicação britânica quE é rEFErência global do sEtor bancário, E rEVista latin FinancE prEmiam o banco do brasil

o banco do brasil foi eleito pela revista britânica the banker o Banco do Ano no Brasil em 2010, na 10ª edição de sua premiação anual. considerada o oscar dos bancos, a premiação promove a excelência no sistema bancário global. Foram analisados critérios como desempenho dos negócios, resultado financeiro (considerando os anos de 2007, 2008 e 2009), iniciativas para melhorar o retorno aos acionistas e estratégias para ampliar o posicionamento no mercado nos últimos 15 meses. a the banker alcança 150 países e é referência global em dados e análises da indústria bancária. o vice-presidente de Finanças, mercado de capitais e relações com investidores, ivan de souza monteiro, e o gerente geral para operações na Europa, oriente médio e áfrica, antônio carlos bizzo lima, receberam o prêmio em cerimônia no hotel intercontinental, em londres.“o desempenho econômico e a lucratividade crescente geraram retorno favorável ao acionista do bb. além disso, a ampla base de ativos do bb nos posiciona como o maior banco da américa latina”, afirma monteiro. “é uma demonstração da percepção do mercado com relação às estratégias e o rumo dos negócios do bb”, completa o gerente geral de relações com investidores, gilberto lourenço da aparecida. o bb também foi eleito o melhor banco latino-americano de 2010, em premiação oferecida pela revista latin Finance, anunciada durante a reunião anual da Federação bancária da américa latina (Felaban), em punta del Este, no uruguai. o banco do brasil recebeu os dois maiores destaques: Banco do Ano da América Latina e Melhor Banco do Brasil em 2010. “somos o maior banco da américa latina e queremos fortalecer ainda mais nossas relações com os países vizinhos. a aquisição do patagonia trouxe para nós 850 mil novos clientes e a certeza de que estamos no caminho certo”, disse allan simões toledo, vice-presidente de negócios internacionais e atacado do banco do brasil.

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08 comércio exterior informe BB 1º trimestre 2011 09

Primeiro, foi a aquisição do Banco Patagonia, na Argentina. Depois, uma

associação com o Bradesco (que pegou o mercado de surpresa) para

explorar as potencialidades de uma África em pleno processo de bancarização.

O próximo passo pode ser anunciado a qualquer

momento: a entrada no setor de varejo nos

Estados Unidos, o que deve ocorrer via aquisição

de uma instituição local que atue nas áreas de

maior concentração de imigrantes brasileiros.

Passos que obedecem a uma decisão estratégica

de – como define o diretor Internacional e

de Comércio Exterior do Banco do Brasil,

Admilson Monteiro Garcia – elevar o status do

BB da atual condição de banco regional com

presença internacional para a de uma instituição

verdadeiramente globalizada.

Na entrevista a seguir, o executivo revela que o

Banco tem uma estratégia específica para cada

continente e garante que não vai faltar apoio para

as empresas brasileiras que busquem o comércio

exterior. “Nosso objetivo é ser sempre o maior

parceiro das companhias brasileiras, onde quer

que elas estejam. Ao ampliar nossa presença

internacional, reforçamos diretamente o apoio à

internacionalização dessas empresas.”

Apesar de estar presente no exterior há quase 70 anos e de ser o maior banco da América Latina, o Banco do Brasil ainda não pode ser considerado uma instituição global. Com esse movimento mais forte no sentido da internacionalização, o cenário começa a mudar? O BB parte para ser um banco global?De fato, éramos um banco regional com presença

internacional. Com as iniciativas que temos

adotado em direção à globalização de nossa rede,

objetivamos atender às principais necessidades de

nossos clientes – pessoas físicas e jurídicas – tanto

no Brasil quanto no exterior. Nosso movimento

de internacionalização priorizará o suporte às em-

presas brasileiras transnacionais e aos brasileiros

no exterior, notadamente nos países que possuem

fluxo relevante de comércio com o Brasil. A am-

pliação de nossa atuação em direção às empresas e

aos clientes locais, a exemplo do que vem aconte-

cendo no Japão, passa a ser consequência construí-

da naturalmente a partir do relacionamento destes

com as empresas e comunidades brasileiras.

Por que iniciar esse movimento pela Argentina com a aquisição do Banco Patagonia?Não fomos nós quem escolhemos a Argentina;

foram os nossos clientes. Há mais de 250 corpo-

rações brasileiras – que são nossos clientes no

Brasil – produzindo, exportando e promovendo

investimentos diretos naquele país. Além disso,

entrevista

Admilson Monteiro Garcia, diretor Internacional e

de Comércio Exterior do Banco do Brasil: ampliando

presença na América Latina e chegando à África

foto

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i Fel

den

Nosso objetivo é ser sempre o maior parceiro das companhias brasileiras, onde quer que elas estejam. Ao ampliar nossa presença internacional, reforçamos diretamente o apoio à internacionalização dessas empresas.”

globalBB no rumo

Page 6: Comércio exterior

1º trimestre 2011 1110 comércio exterior informe BB

entrevista

a Argentina é o terceiro maior parceiro

comercial do Brasil, depois da China e

dos Estados Unidos. É nosso principal

parceiro na América Latina, bem como

nosso sócio no Mercosul. A demanda por

soluções em produtos, serviços e crédito

em moeda local é relevante e só poderia

ser viabilizada com a aquisição de uma

instituição financeira que dispusesse de

rede, estrutura de negócios, estratégia

e funding adequados, características

que encontramos no Banco Patagonia.

Portanto, esta oportunidade na Argentina

materializava exatamente o que as análi-

ses técnicas sobre a internacionalização

nos sugeriam. Nossa entrada em novos

mercados deve ser conduzida com mini-

mização de impactos e riscos, buscando

sempre manter um parceiro local com

expertise. Acreditamos, assim, que maior

será nosso êxito quando ponderadas a

proximidade geográfica, as afinidades

culturais, as oportunidades de exploração

de nichos de negócios e a manutenção da

gestão e do conhecimento locais. Nesse

contexto, optamos por investir na com-

pra do Patagonia.

Por que o BB se aliou ao Bradesco, um concorrente histórico no mercado interno, para formar a holding com o português Banco Espírito Santo (BES), voltada para a atuação no mercado africano? O mercado africano, além de apresentar

população em franco processo

de bancarização, reúne inúmeras

empresas brasileiras provedoras de

infraestrutura, sem mencionar os

investimentos diretos efetuados por

grandes corporações brasileiras naquele

continente. Muitos bancos portugueses

possuem atuação consolidada na

África. O Banco Espírito Santo, por

exemplo, está no continente há mais

de cem anos. O Bradesco, que possui

participação acionária cruzada com o

BES, é uma instituição com a qual temos

excelente relacionamento, materializado

em parcerias no Brasil, a exemplo do

cartão Elo. Entendemos que a união entre

as três instituições promove sinergia

que potencializará os conhecimentos

e habilidades fundamentais para a

exploração de negócios no mercado

bancário africano.

Nos Estados Unidos (EUA), onde o BB já está autorizado a atuar no varejo bancário, a aquisição de uma instituição local está próxima? Quais são os nichos onde o Banco pretende investir? Deixamos de adquirir um banco nos EUA,

em março deste ano, porque, à época, ainda

não havíamos recebido do Federal Reserve

(FED, o banco central norte-americano) o

status de Financial Holding Company, o que

ocorreu em abril. A concessão de tal status

demonstra o reconhecimento daquele

regulador quanto ao fato de sermos uma

instituição bem capitalizada, bem gerida e

com sede em um país cujo regulador exerce

supervisão abrangente e consolidada. A

implementação da estratégia de termos

uma operação proprietária em solo norte-

americano vem sendo reanalisada deste

então. O importante é que o BB detém

todas as qualificações necessárias para

atuar naquele mercado, onde atualmente

residem cerca de 1,4 milhão de brasileiros,

que não são atendidos de forma plena e/

ou adequada pelos bancos locais, seja

pelo desconhecimento de seu histórico

de crédito ou mesmo pelas dificuldades

referentes à língua. Isso representa

uma oportunidade para oferecermos

atendimento, produtos e serviços àquela

comunidade. Temos três alvos potenciais

em negociação e quero crer que, até o

final do primeiro trimestre de 2011,

anunciaremos uma aquisição que nos

permitirá pôr em ação a nossa estratégia

para o varejo bancário de nicho nos Estados

Unidos. Isso sem falar que hoje já dispomos

de operações corporate e de mercado de

capitais – para atendimento a empresas

em Nova Iorque – de uma unidade private

banking em Miami, bem como de uma

empresa de remessas dos EUA para o Brasil.

Tudo perfeitamente aderente aos nossos

vetores de internacionalização.

Para quais outros países e mercados aponta o radar do BB? Estratégias estão definidas e em

implementação para todos os continentes.

Os países da América Latina de língua

espanhola continuam em foco, seja por

aquisições, estabelecimento de parcerias

estratégicas ou aprimoramento de nossa

rede orgânica. Na Ásia, vamos otimizar

a atuação na China – transformando

o escritório de Xangai em agência – e

aprimorar nossa operação de varejo no

Japão (onde mais de 120 mil brasileiros já

são correntistas do BB), para o atendimento

a clientes japoneses que queiram investir

em risco Brasil. Aliás, a demanda de

investidores asiáticos por esses papéis

(com o risco Brasil) passará a ser atendida

de forma mais eficiente, com a abertura

de um broker dealer em Cingapura. E na

Europa, promovemos uma reorganização

estrutural, vinculando as agências daquele

bloco à nossa subsidiária de Viena (Áustria).

Também atualizamos a plataforma de TI

e o portfolio de negócios e criamos um back

office centralizado, o que otimizou nossa

eficiência operacional.

No meio deste ano, o BB captou cerca de R$ 10 bilhões com uma oferta de ações. Existe intenção de utilizar estes recursos para financiar a expansão do Banco no exterior?

Capital nunca representou óbice ao

desenvolvimento e à implementação de

nossa estratégia de internacionalização. O

BB detém nível de recursos adequado aos

seus planos estratégicos para os próximos

anos, seja para o atendimento deste ou de

outros projetos considerados essenciais.

Existe a ideia de que o empresário brasileiro é pouco voltado para o exterior. Isso é um fato, um mito ou uma realidade que está em processo de mudança? Que ferramentas poderiam ser destacadas entre as que o BB dispõe para ajudar o empresário a perder o “medo” do comércio exterior?Ingressar no comércio exterior requer

preparação e o BB está disponível para

auxiliar. Temos a convicção de que o

apoio ao comércio exterior é muito mais

do que meramente conceder crédito.

Disseminamos a cultura do comércio

internacional, notadamente entre as

empresas de menor porte, que necessitam

de mais suporte. O empresário brasileiro

é empreendedor e sabe que pode contar

conosco. De janeiro a outubro deste

ano, oferecemos treinamento para mais

de 15 mil empresários no programa de

Capacitação em Negócios Internacionais.

Além dos treinamentos, investimos em

serviços online desenhados para simplificar

o comércio exterior, como o Brasil

WebTrade, por meio do qual os clientes do

BB podem realizar o processo de exportação

integralmente pela internet, para vendas de

até US$ 50 mil.

2010 tem sido um ano de recuperação no volume das exportações brasileiras, bem como de crescimento das importações, após os impactos da crise financeira disparada em 2008. Fazendo uma análise destes últimos dois anos, como pode ser avaliado o papel desempenhado pelo

BB no financiamento ao comércio exterior no período?

Acompanhamos o crescimento das

vendas externas do País, incrementando

fortemente a oferta de nossas linhas

de financiamento à exportação.

Destaco o desempenho do Programa de

Financiamento às Exportações (Proex),

no qual o volume de US$ 373 milhões,

acumulado de janeiro a outubro de 2010,

já ultrapassa em 34% o total desembolsado

nos 12 meses de 2009. Na comparação

com igual período no ano passado, o

incremento chega a 57%. Isso sem falar

nos financiamentos às importações, onde

verificamos crescimento de 18% em

relação aos mesmos dez meses no ano

passado – um claro indicativo de como

apoiamos as empresas brasileiras que

têm aproveitado o cenário econômico

atual para renovar seu parque industrial,

tornando-se ainda mais competitivas para

exportar. O grande diferencial da atuação

do BB é não estarmos apenas surfando

uma onda de retomada que favorece a

todos que estão nesse mercado. Estivemos,

estamos e estaremos sempre apoiando as

empresas brasileiras. Em outubro de 2008,

no auge da turbulência mundial, nossa

participação nos negócios realizados com

ACC/ACE (principais instrumentos de

financiamento das exportações brasileiras)

ultrapassou a marca de 40% do mercado

– um incremento de mais de dez pontos

percentuais acima do nosso market share

histórico até aquele período. Continuamos

a financiar o comércio exterior, garantindo

recursos para a manutenção dos negócios

de nossos clientes, independentemente da

crise. Trabalhamos sempre com o objetivo

de sermos a principal instituição financeira

no apoio ao comércio exterior brasileiro,

como demonstram nossos números ao

longo desses dois anos. O Banco do Brasil

é o banco do comércio exterior.

Como, na prática, a

presença do BB lá fora pode

auxiliar empresas brasileiras

que já atuam no exterior e,

sobretudo, aquelas de porte

menor que têm potencial

para a exportação?

Nosso objetivo é ser sempre o

maior parceiro das companhias

brasileiras, onde quer que

elas estejam. Ao ampliar

nossa presença internacional,

reforçamos diretamente o

apoio à internacionalização

dessas empresas. Isso se

dá de várias formas, sendo

a mais óbvia o aumento de

capilaridade e disponibilidade

de produtos e serviços. Outro

bom exemplo são as ações do

BB voltadas ao fortalecimento

da relação com instituições

financeiras e agentes

econômicos internacionais,

viabilizando financiamentos

e implantação de projetos

transnacionais e binacionais.

Além disso, a expansão da

nossa presença aprofunda o

conhecimento da realidade de

cada um desses mercados. Isso

fortalece significativamente

o input informacional que

oferecemos como Consultoria

em Negócios Internacionais

– um serviço desenhado para

empresas brasileiras

de qualquer porte, que

beneficia mais diretamente

as micro e pequenas que

começam a acessar novos

mercados no exterior.

Page 7: Comércio exterior

12 comércio exterior informe BB 1º trimestre 2011 13

exportarsimplesmente

O avanço é inegável em relação ao início dos anos 2000, quan-

do romper a barreira dos US$ 100 bilhões parecia um sonho

distante. No entanto, apesar de todos os esforços do governo

e do setor privado nos últimos anos, as vendas externas do

Brasil continuam aquém do potencial de sua economia. “As

exportações respondem hoje por menos de 10% do PIB”, diz

Rômulo Del Carpio, consultor de comércio exterior e profes-

sor da Fundação Getulio Vargas. “Se pudéssemos dobrar essa

participação, significaria um salto formidável na economia

do País.” Mas o que é preciso para conseguir esse impulso?

Simplificar é uma das chaves, dizem os especialistas.

Em outras palavras, é preciso tornar o processo exportador

mais rápido e eficiente. Diminuir a burocracia, agilizar

os mecanismos e eliminar os impostos em cascata são

iniciativas que, aliadas a medidas em outros campos, onde

se incluem os investimentos em logística, facilitariam a

vida dos exportadores e estimulariam a entrada de novas

empresas no setor, sobretudo as chamadas MPMEs (micro,

pequenas e médias empresas).

Um número maior de players ajudaria a diversificar a pauta

e facilitaria a tarefa de agregar valor aos itens exportados.

Hoje, menos de 20 mil companhias brasileiras exportam.

E apenas mil delas respondem por 90% do total exportado,

segundo dados coletados pela Associação de Comércio

Exterior do Brasil (AEB).

“Precisamos atrair mais as pequenas e médias para a

exportação”, diz José Augusto de Castro, vice-presidente

da AEB. Para isso, é preciso criar modelos compatíveis com

a realidade dos pequenos empreendedores. “A exportação

não pode ser um risco excessivo, que comprometa a

sobrevivência do negócio”, afirma.

O vice-presidente da AEB diz ainda que a burocracia deve

ser o primeiro inimigo a ser combatido. “Hoje, até 17

ministérios participam direta ou indiretamente do processo

de exportação, dependendo do produto. Os órgãos de

diferentes estados, por sua vez, não falam entre si”, diz.

O Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC) está otimista. Depois da queda registrada no ano passado, em função da crise internacional, a previsão é que a retomada da trajetória de crescimento leve as exportações brasileiras a atingirem a marca de US$ 195 bilhões no fechamento de 2010. Não se pode nem mesmo descartar a possibilidade de que o número final supere o recorde histórico de 2008: US$ 197 bilhões. A meta anual foi revisada pela segunda vez no fim do mês de outubro. Em junho, o esperado eram US$ 180 bilhões, já uma atualização dos US$ 168 bilhões estimados em novembro de 2009.

Exportar não é uma atividade simples, mas remover entraves é essencial para que o Brasil tenha mais empresas atuando globalmente

o que o Brasil faz – e o que ainda precisa fazer – para desatar os nós do comércio exterior

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pOr CArlOS VASCONCEllOS

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Page 8: Comércio exterior

14 comércio exterior informe BB 1º trimestre 2011 15

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A simplificação das exportações não deve ser apenas

uma tarefa do setor público. As empresas também têm

de fazer sua parte para ganhar eficiência, reduzir custos

e modernizar sua produção. Ou seja: aqueles que desejam

se aventurar no mercado externo precisam fazer o dever

de casa. E uma das primeiras tarefas é preparar bem o

pessoal. Para Fernando Ribeiro da Silva, da consultoria de

comércio exterior Frontière Brasil, as empresas brasileiras

carecem de mão de obra especializada em exportação.

“Falta pessoal com conhecimento técnico para estimar

custos logísticos e lidar com as exigências aduaneiras

de cada país”, enumera. “O vendedor de uma empresa

exportadora precisa ser um técnico”, alerta.

Já o professor de comércio exterior da Fundação Getulio

Vargas Rômulo Del Carpio observa que os empresários

brasileiros são muito individualistas. E que isso acaba inibindo

a criação de cooperativas exportadoras, um modelo

bem-sucedido na Itália e em outros países da Europa.

“Este tipo de associação pode ajudar a reduzir custos e a

conquistar mercados”, aponta. “Mas o empresário brasileiro

teme que suas ideias sejam copiadas ou que os parceiros

tenham acesso a preços e informações financeiras”, lamenta.

Gustavo Ribeiro, do Departamento de Normas e Competitividade

da Secretaria de Comércio Exterior (Denoc/Secex), ressalta

a necessidade de as empresas se adequarem a exigências

técnicas e ambientais e diz que o Denoc/Secex deverá iniciar

capacitação técnica em 2011, voltada para as MPMEs (micro,

pequenas e médias empresas) conhecerem e se adaptarem

a alguns rótulos ambientais demandados nos mercados mais

exigentes. “Além disso, é preciso uma cultura exportadora mais

agressiva em um mercado extremamente competitivo”, lembra.

Diante do real sobrevalorizado ou das incertezas da

economia mundial, Del Carpio recomenda que os

exportadores não desanimem. “Não abandonem seus

mercados”, afirma. “Se perderem seus clientes, é muito

difícil retomar essas vendas depois. E lembrem-se: o lucro

do exportador não deve estar apenas no câmbio, mas na

eficiência, na qualidade e no valor agregado do produto.”

DEVER DE CASA

Minério de ferro, soja e petróleo: itens importantes da pauta de exportações brasileira. A simplificação é um dos caminhos para diversificar as vendas externas

Desse modo, muitas iniciativas

boas acabam isoladas, sem

alcançar todo o seu potencial.

“Falta uma política integrada

entre as diferentes instâncias

que cuidam do comércio ex-

terno”, diz. Segundo estimativa

da associação, a burocracia nas

exportações corresponde a algo

entre 15% e 20% do custo total.

O governo reconhece a neces-

sidade de uma maior integração

entre os órgãos. Um sinal disso

foi dado com a criação do Depar-

tamento de Normas e Competi-

tividade (Denoc) da Secretaria de

Comércio Exterior, no âmbito do

MDIC, em fevereiro. Outro sinal

foi a elaboração da Estratégia

Nacional de Simplificação do

Comércio Exterior, documento,

divulgado em maio, que lista

prioridades para o setor, como

por exemplo, a simplificação e

a difusão de mais informações.

Sete ministérios já se comprome-

teram com os itens da estratégia.

Diretor do Denoc, Gustavo

Ribeiro destaca como um dos

seus principais projetos a criação

da página do governo brasileiro

na internet com o tema “facili-

tação do comércio”, destinada a

fornecer a importadores, expor-

tadores e outros interessados no

comércio exterior informações

sobre normas e procedimentos

relativos a operações de impor-

tação e exportação. “Outro fator

importante é a criação de pontos

focais (enquiry points) para

receber questionamentos acerca

de normas e procedimentos de

comércio exterior. A criação

da página eletrônica objetiva

também a adequação antecipada

às obrigações a serem adquiridas

em virtude de um acordo de

facilitação do comércio que está

em discussão na Organização

Mundial do Comércio (OMC)”,

acrescenta o diretor.

Olavo Henrique Furtado,

professor de Relações Inter-

nacionais e coordenador da

pós-graduação da Trevisan

Escola de Negócios, diz que a

burocracia não pode frear as

vendas externas. “Mas não se

pode descuidar da segurança,

em questões fitossanitárias, por

exemplo, o que poderia acar-

retar perdas maiores”.

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Page 9: Comércio exterior

16 comércio exterior informe BB 1º trimestre 2011 17

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Acima, à esquerda: automóveis aguardam embarque no porto do rio de Janeiro (rJ); à direita, movimento no Terminal Marítimo do ponta da Madeira, da Vale, em São luís (MA). Exportações se aproximam do recorde de 2008, mas economia brasileira tem potencial para muito mais

O comércio exterior é complexo e burocrático em qualquer país. reduzir o número de processos via papel, como já vem sendo feito, é um grande avanço.”

Quem poderia imaginar, 20 anos atrás, a

possibilidade de assinar contratos de câmbio

por meio digital? Que a internet permitiria

emitir certificados de origem sem usar papéis

ou carimbos? Ou que um regime aduaneiro

especial como o drawback poderia ser re-

alizado eletronicamente, poupando custos

e agilizando o processo para as empresas

conseguirem a isenção de imposto nas im-

portações vinculadas a operações exporta-

doras? “Investir cada vez mais em tecnologia

da informação é o melhor caminho para

simplificar esses procedimentos, tanto para

as empresas quanto nos trâmites intrago-

vernamentais”, defende Ribeiro da Silva.

Castro, da AEB, dá como exemplo de inicia-

tiva bem-sucedida nesse segmento o Brasil

WebTrade, ambiente eletrônico de negociação

desenvolvido pelo Banco do Brasil para ope-

rações de comércio exterior via internet.

A cruzada antiburocrática mobiliza as autori-

dades. Outra das iniciativas nesse sentido foi a

criação da Rede Nacional para a Simplificação

do Registro e da Legalização de Empresas e

Negócios (Redesim), um sistema que permite

abertura, fechamento e legalização de empre-

sas em todas as juntas comerciais do Brasil,

com procedimentos simplificados via internet.

A criação da Linha Azul, da Receita Federal,

que dá prioridade de conferência aduaneira e

de despacho às cargas dos exportadores partici-

pantes desse regime, que segue a orientação

internacional de Operadores Econômicos

Autorizados, da Organização Mundial de

Aduanas, é outro exemplo. Isso significa que as

operações são efetivadas por meio de

operadores legítimos e confiáveis, creden-

ciados para realizar transações de comércio

exterior com os menores entraves possíveis.

A burocracia, no entanto, não é o único com-

plicador na vida dos exportadores brasileiros.

A complexidade da legislação também é uma

dor de cabeça constante. O governo bem que

se esforça para modernizar e simplificar as re-

gras, mas a tarefa não é fácil. No fim de julho,

por exemplo, foi editada a Medida Provisória

497, que atualiza normas sobre o alfandega-

mento em portos, aeroportos internacionais

e portos secos que estavam em vigor desde

1966. Mas o embrulho ainda existe.

O tema é objeto de discussões no setor. No fim

do ano passado, a AEB divulgou sua proposta

para um anteprojeto de lei voltado ao comér-

cio exterior, durante a 29ª edição do Encontro

Nacional de Comércio Exterior (Enaex), no

Rio de Janeiro. A associação sugeriu, em

documento, a criação de uma secretaria

específica para cuidar de assuntos aduaneiros,

separada da estrutura da Receita Federal, a

quem compete a atribuição no momento,

além de um novo ministério, do Comércio

e Transportes Aquaviários – que cuidaria do

comércio interno, do comércio externo de

mercadorias e serviços, da política de portos

e navegação, assim como dos demais serviços

voltados para o comércio exterior.

Furtado, da Trevisan Escola de Negócios,

acha que o fundamental é a “estabilização

estrutural”. “As condições para termos uma

abertura de fato da economia brasileira

foram dadas apenas há 15 anos, após o

Plano Real. Nossas estruturas ainda estão

atingindo a maturidade; só não podemos

esperar mais 15 anos por isso.”

Mas as mudanças não deveriam se limitar

apenas às leis e à estrutura institucional

exclusivas do setor exportador. Especialistas

apontam o sistema tributário brasileiro,

com seus impostos em cascata, como outro

elemento crucial a ser alterado para desatar o

nó que impede o crescimento das exportações

em ritmo mais acelerado. “O modelo que

temos hoje é regressivo e inibe a industriali-

zação: quanto mais se agrega valor, mais se

paga imposto”, argumenta Castro. “Acabamos

estimulando a exportação primária:

Fernando Ribeiro da Silva, diretor da con-

sultoria em comércio externo Frontière

Brasil, também pondera que os esforços

para reduzir a burocracia na exportação

podem ser limitados pela própria natu-

reza do negócio. “O comércio exterior

é complexo e burocrático em qualquer

país”, argumenta. “Reduzir o número de

processos via papel, como já vem sendo

feito, é um grande avanço.”

Del Carpio ressalta que, embora

ainda haja muito por fazer, alguns

procedimentos ajudaram a diminuir

esses entraves burocráticos,

principalmente pelo uso intensivo

de tecnologia da informação. “Hoje,

já é possível tirar pela internet um

Registro de Exportação (RE) pelo

Sistema Integrado de Comércio Exterior

(Siscomex)”, lembra. O consultor

considera a ferramenta, criada em 1993,

uma das mais adiantadas do mundo.

“O Brasil está transferindo essa

tecnologia para ajudar países vizinhos.”

O módulo de exportação do Siscomex,

inclusive, acaba de ser atualizado e

ganhou o nome de Novoex. O sistema

agora apresenta uma interface bem mais

amigável e novas funcionalidades que

devem facilitar a vida dos empresários na

hora de fazer o seu RE.

Os avanços tecnológicos são, de fato,

importantes aliados dos exportadores.

Fernando ribeiro da Silva, diretor da consultoria Frontière Brasil

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Page 10: Comércio exterior

Cliente do BB que opera com exportação ou importação não precisa sair do escritório nem para contratar câmbio. Pelo Câmbio Online, a cotação, a edição e a efetivação dos contratos de compra ou venda de moeda estrangeira são feitas em poucos passos. Tudo com rapidez, custos reduzidos e com a segurança do Banco do Brasil. E no caso de qualquer dúvida, os gerentes de Negócios Internacionais do BB estão sempre à disposição para atendê-lo.

Câmbio Online: além de rápido, vem com toda a expertise do Banco do Comércio Exterior Brasileiro

1.

No portal BB, selecione na aba Empresa o botão Empresarial. Na página que vai aparecer, escolha no menu a opção Comércio Exterior. Você chegou ao ambiente digital do Banco do Brasil dedicado às melhores soluções para exportação e importação. Agora, é só selecionar Serviços Online e, em seguida, Câmbio Online.

Preencha os seus dados e o do seu parceiro comercial no exterior. Os campos são os exclusivamente necessários para que a operação seja feita com toda a segurança.

Depois, é só colocar a senha e confirmar. Sua operação está efetivada.

Na página segura de Negócios Internacionais, clique em Contratação de Câmbio.

Entre as opções, escolha Câmbio Pronto de Exportação.

3.

Na página do Câmbio Online, você encontra

as opções dos serviços de compra e venda de moeda estrangeira do BB.

Cliente BB tem chave de acesso e senha exclusivas e pode contratar ou simular suas operações com toda a segurança.

5.

6.

4.

2.

Page 11: Comércio exterior

20 comércio exterior informe BB 1º trimestre 2011 21

vendemos soja em grão por

US$ 370 a tonelada, em vez de

vender óleo de soja a US$ 850.”

Ribeiro, do Denoc, ressalta a

demora para que as empresas

recebam de volta seus créditos

tributários. “Esta questão é

ponto fulcral. Empresas expor-

tadoras tendem a acumular

créditos federais, embora

tenham havido significativos

avanços para diminuir este cír-

culo vicioso, como a ampliação

das modalidades e facilidades

do drawback. A acumulação de

créditos de ICMS na expor-

tação também impacta o

fluxo de caixa das empresas.

Há a necessidade de avançar

na discussão entre o governo

federal e as fazendas estaduais

no próximo governo.”

Outros problemas precisam

ser enfrentados para im-

pulsionar a modernização

da estrutura de exportação

das empresas brasileiras e

permitir avanços maiores na

simplificação dos processos.

Especialistas citam o déficit edu-

cacional, a falta de uma cultura

de inovação, a pouca capaci-

dade para aquisição de novas

tecnologias, a necessidade de

maior escala em alguns setores

e de internacionalização de de-

terminadas cadeias produtivas

Medidas como a padronização dos horários das aduanas fazem parte da Estratégia de Simplificação do Comércio Exterior, com a qual se comprometeram sete ministérios. Os problemas de infraestrutura também não podem sair do foco quando se fala em impulsionar as trocas comerciais

e um problema tão urgente

quanto crônico, que é o da

infraestrutura logística. Portos

com baixo calado, ferrovias

insuficientes, estradas

malconservadas, excesso

de dependência do modal

rodoviário são gargalos que

podem limitar o avanço do se-

tor exportador. “Precisamos re-

mover os entraves e construir

mais e melhores ferrovias”, diz

Ribeiro da Silva, da Frontière

Brasil. “O caminhão é bom

apenas para pequenas cargas.”

Quem vê tantos obstáculos

à frente, no entanto, corre

o risco de olhar só para o

copo meio vazio das expor-

tações brasileiras. “Vejo o

cenário atual com otimismo”,

afirma Del Carpio. “As impor-

tações cresceram muito. E

cresceram com a compra de

máquinas e bens de capital”,

lembra o professor. “Isso

quer dizer que já estamos

nos renovando tecnologi-

camente, reduzindo custos

de produção e recuperando

uma vantagem competitiva

que vínhamos perdendo por

causa do fator cambial”, diz.

“Isso pode significar menos

dependência de commodities

e mais produtos industriais

em nossa pauta de expor-

tações no futuro”, conclui.

capa

Reduzir, ao mínimo necessário, os produtos e os procedimentos de

controle para exportação; reduzir o número de produtos sujeitos à anuência; eliminar anuências múltiplas para um mesmo produto

Ampliar o compartilhamento de informações, base de dados,

técnicas e experiências em parametrização para seleção fiscal

Eliminar a necessidade de obter autorizações caso a caso,

em especial para empresas tradicionais exportadoras e importadoras

Padronizar horários, rotinas e expedientes de atendimento,

assim como normas e procedimentos operacionais para todos os intervenientes governamentais em portos, aeroportos e zonas de fronteira no território nacional

Aprovar e implementar programas de capacitação e treinamento de

pessoal que permitam uma visão do conjunto e da importância de suas atividades para a competitividade do País

Complementar a infraestrutura de serviços tecnológicos dos órgãos e

agências reguladoras envolvidos com anuências

Enviar aos ministérios recomendação para que, durante

a elaboração do Orçamento do ano seguinte, priorizem recursos para as atividades de desenvolvimento, atualização tecnológica, integração e manutenção de sistemas relacionados ao comércio exterior

7 PASSoS PARA A muDAnçAProPostas incluídas na Estratégia nacional dE simPlificação do comércio ExtErior

01.

02.

03.

04.

07.

06.

05.

As condições para termos uma abertura de fato da economia brasileira foram dadas apenas há 15 anos, após o plano real. Nossas estruturas ainda estão atingindo a maturidade; só não podemos esperar mais 15 anos.”

Olavo Henrique Furtado,professor da Trevisan Escola de Negócios

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Page 12: Comércio exterior

22 comércio exterior informe BB

opinião soluções BB

Simplificar o processo exporta-

dor constitui uma das princi-

pais reivindicações do setor

privado brasileiro, hoje em dia.

Trata-se de um tema central

na Organização Mundial de

Aduanas (OMA), assim como

de um objeto importante nas

negociações da Organização

Mundial do Comércio (OMC).

Mas conseguir que essa reivin-

dicação seja atendida não é uma

tarefa das mais fáceis. Do nosso

ponto de vista, o Brasil está

carente de oportunidades para a

ampliação de suas exportações.

Precisamos simplificar, harmo-

nizar, padronizar e modernizar

os procedimentos de comércio

no País. Tudo para melhorar os

controles e a gestão dos proces-

sos e reduzir barreiras e custos

de transação relativos ao

comércio internacional.

Com tanto a fazer, por onde

começar? O principal foco

dessa luta deveria estar na mo-

dernização e na racionalização

retirar entraves no nosso comércio exige mudanças em vários setores

A falta de infraestrutura, os gargalos no transporte e a alta carga tributária são outras grandes barreiras que atrasam, oneram e desestimulam o exportador brasileiro.”

O objetivo das mudanças é atender ao leitor, dando sequência a uma tradição informativa de quase duas décadas. Ao mesmo tempo, queremos suprir a demanda crescente por informação que caracteriza a era digital.”

a difícil arte de simplificar

das normas e procedimentos

administrativos, uma vez que

hoje o excesso de burocracia

trava o comércio exterior bra-

sileiro. Mas, evidentemente,

essa não é a nossa única frente

de batalha. A falta de infraes-

trutura, os gargalos no trans-

porte e a alta carga tributária

são outras grandes barreiras

que atrasam,

oneram e desestimulam o

exportador brasileiro.

Também deve haver uma

melhor coordenação das

atividades dos diferentes

órgãos do governo federal que

atuam no comércio exterior.

A finalidade não pode ser

apenas a redução da fraude

e da evasão fiscal. Para

alcançarmos esses objetivos, é

necessário conseguir ampliar

o diálogo e a cooperação entre

os setores público e privado.

Isso daria mais previsibilidade

e transparência às operações

de comércio exterior.

pOr ricArdO MArtins e elisAbete cristinA cArrAcO cArdOsO

Além do novo projeto editorial, o Comércio Exterior Informe BB agora também conta com uma versão digital atualizada diariamente

A revista Comércio Exterior

Informe BB atualizou o seu

projeto editorial e agora também

conta com uma versão digital.

A ideia é combinar a agilidade e

a interatividade da internet com

a profundidade que o tema da

inserção do Brasil no sistema de

trocas comerciais globais exige.

O foco maior é o conteúdo de

qualidade, entregue de for-

mas variadas, com diferentes

finalidades. “O objetivo das

mudanças é atender ao leitor,

dando sequência a uma tradição

informativa de quase duas déca-

das. Ao mesmo tempo, queremos

suprir a demanda crescente por

informação que caracteriza a era

digital”, explica João Paulo Poppi,

gerente executivo da Diretoria

Internacional e de Comércio

Exterior do BB.

A versão digital vai oferecer o con-

teúdo integral da revista, além de

notícias atualizadas diariamente.

Um espaço nobre está reservado

a artigos de analistas convidados,

que discutirão as questões mais

relevantes para a competitividade

das empresas brasileiras no mer-

cado internacional. Indicadores

financeiros e o calendário com os

principais eventos para os players

do comércio exterior também

estão no cardápio.

No fundo, simplificar as

exportações é uma luta da

maior importância para a

economia brasileira. Seu

impacto vai muito além

dos interesses diretos do

setor exportador. A simplifi-

cação e a racionalização das

atividades e procedimentos

relacionados ao comércio

exterior são fundamentais,

não só para aumentar a

competitividade das ope-

rações, mas também para

atrair investimentos produ-

tivos e gerar empregos no

Brasil. Um objetivo que está

na pauta de qualquer go-

verno e de toda a sociedade.

No entanto, é preciso condu-

zir esse processo com cuidado.

Quando falamos em simpli-

ficar e facilitar as operações de

comércio exterior, devemos

ponderar que a facilitação não

pode acontecer em prejuízo

da segurança e da proteção da

indústria brasileira.

ricardo Martins, diretor adjunto de relações internacionais e comércio exterior da Federação das indústrias do estado de são paulo (Fiesp), e elisabete cristina carraco cardoso, coordenadora de Operações de comércio exterior da Fiesp

www.revistacomexbb.com.brcomércio exterior informe bb: edições impressa e online, com conteúdos complementares e a mesma intenção: ser um fórum para as discussões das questões mais relevantes do setor de exportação e importação brasileiro

A ideia é que a versão digital

funcione como uma referência

na rede, ao filtrar e entregar as

informações mais relevantes

sobre comércio exterior. Além

disso, ao possibilitar a inclusão

de comentários sobre as notícias

e os artigos publicados, o novo

ambiente pretende ser um

fórum para a construção com-

partilhada de conhecimentos.

Já na revista, os temas mais

importantes do setor serão

aprofundados, com a busca

das melhores fontes e a

identificação dos grandes

desafios para o avanço da

presença do Brasil no comércio

exterior. Infraestrutura,

regulação, sistema tributário,

programas de incentivo,

política comercial e análises

setoriais são alguns dos temas

fundamentais no radar do

Comércio Exterior Informe BB.

A publicação continuará a mostrar

também os exemplos de empresas

que conquistaram seu espaço no

mercado externo – sobretudo as

micro, pequenas e médias.

Para Poppi, a publicação tem uma

tarefa a cumprir no momento

decisivo por que passa o comércio

exterior no País. “As exportações

voltaram a se aproximar dos

patamares recordes de 2008 e

a taxa cambial tem favorecido

as aquisições no exterior. Neste

contexto, o Comércio Exterior

Informe BB traz a sua maior con-

tribuição, atuando como agente

disseminador da cultura exporta-

dora e contribuindo para a ampli-

ação do número de empresas que

atuam nesse setor.”

na redecultura exportadora

1º trimestre 2011 23

João paulo poppi, gerente executivo da diretoria internacional e de comércio exterior do bb

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Page 13: Comércio exterior

24 comércio exterior informe BB 1º trimestre 2011 25

infraestrutura

Açu a todovapor

Com obras em ritmo acelerado, Superporto no litoral norte fluminense começa a operar em 2012 e anuncia um novo capítulo nos investimentos em infraestrutura do País

“A cidade edificada à margem direita

do Rio Paraíba tem 804 casas, entre

as quais 46 sobrados de um ou dois

andares. Tem 4.790 habitantes, dos

quais 2.623 do sexo masculino e

2.167 do sexo feminino.” A descrição,

que consta no Almanaque Lemmert, é de São João da Barra (RJ)

em seu auge, nos anos 1850. Depois

disso, com o declínio do porto local,

no início do século 20, a economia da

cidade enfrentaria uma retração que

duraria cem anos.

O século 21, no entanto, está vendo

o renascimento do município flu-

minense em torno do Superporto

do Açu, megaempreendimento da

LLX – empresa de logística do grupo

do empresário Eike Batista – orçado

em R$ 4,3 bilhões, que vai aos poucos

se tornando realidade. A empreitada

está fazendo de São João da Barra

um complexo logístico-industrial,

que vai servir de benchmark para os

grandes investimentos em infraestru-

tura de que o Brasil necessita.

Com o início das operações pre-

visto para 2012, o Superporto do

Açu ocupará um espaço de nove

mil hectares, que conta com uma

ampla área para armazenamento dos

produtos que serão movimentados

no porto e um complexo industrial

contíguo, que abrangerá uma usina

termoelétrica e cimenteiras. Além

disso, haverá ainda uma usina de

pelotização de minério e uma uni-

dade de tratamento de petróleo, entre

outras instalações. O estaleiro OSX,

do grupo EBX, de Eike Batista, que

seria construído em Santa Catarina,

também deve ir para Açu, caso seja

aprovado pelos órgãos ambientais.

Quem caminha pelo complexo, no

entanto, ainda tem dificuldade para

imaginá-lo tal qual será quando

estiver em plena operação. Na imen-

sidão do terreno, destaca-se a ponte

de acesso – com seus 2,9 quilômetros

de extensão mar adentro.

Também chamam a atenção a

obra dos píeres de atracação e uma

ampla área onde estão localizados

escritórios, restaurantes e as imensas

fôrmas para a fabricação de core-locs

– as grandes e pesadas armações

de concreto utilizadas nas obras.

Ao longe, ainda é possível avistar

as enormes estruturas que estão

sendo construídas pela mineradora

Anglo American para a filtragem de

minério. De resto, um formigueiro

de trabalhadores, caminhões e car-

ros seguindo para todas as direções.

“Nossa previsão é que o Superporto

do Açu movimente 60 milhões

de toneladas de minério de ferro

por ano, além de 46,4 milhões de

metros cúbicos de petróleo, 10,2

milhões de toneladas de produtos

siderúrgicos, 12,6 milhões de tone-

ladas de carvão e cinco milhões de

toneladas de granéis sólidos”, lista

Otávio Lazcano, presidente da LLX.

Os números impressionam.

Mas, sozinhos, não justificariam

o interesse de tantos investidores.

Para Lazcano, a dimensão do porto

e seus diferenciais logísticos e es-

truturais são os principais ganhos

competitivos do complexo.

“O Superporto será um dos

maiores do mundo e foi concebido

para atender à demanda dos expor-

tadores pelos próximos cem anos.

A área total é maior que a do porto

por Vinicius Medeiros

ponte de acesso do superporto, já concluída: 2,9 quilômetros mar adentro para permitir a atracação dos maiores navios do mundo

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Page 14: Comércio exterior

26 comércio exterior informe BB

planta de filtragem de minério de ferro em construção: uma das instalações do complexo industrial contíguo ao porto

de Hamburgo, para citar um dos

mais movimentados do mundo”,

diz o executivo.

A grande profundidade e a área

para instalação de indústrias, que

se beneficiarão de fretes reduzidos,

são algumas das vantagens desta-

cadas por Lazcano. “É um

modelo inédito no Brasil. Vai

conferir competitividade para as

empresas parceiras”, promete.

Para consultores e especialistas em

infraestrutura, a adesão de mais

capital e investidores em potencial

se justifica. “O interesse está pau-

tado em seus diferenciais competi-

tivos. Açu combina localização

geográfica estratégica – fica próximo

às bacias de Campos e do Espírito

Santo – com uma logística atraente

para a área de petróleo e gás. Além

disso, há o mineroduto em parceria

com a Anglo American, tornando

o local um polo exportador de

dois dos três principais produtos

da pauta de exportação brasileira:

petróleo e minério”, diz Luiz

Rocha, diretor de Projetos da

Dinsmore Associates.

Já Renaud Barbosa da Silva, con-

sultor sênior da Fundação Getulio

Vargas (FGV-Projetos), acredita

que o perfil de transporte multi-

modal, que interliga rodovias e fer-

rovias, fortalece a competitividade

do projeto. “No Brasil, a matriz

para transporte privilegia o modal

rodoviário, que é caro e deficiente.

A falta de conectividade entre

rodovias, ferrovias e portos agrava

o quadro. O exportador é quem

paga a conta dessa deficiência. Em

Açu, a logística é favorável: além

da malha rodoviária, a LLX vai ex-

plorar uma linha férrea em acordo

com a Ferrovia Centro-Atlântica

(FCA)”, avalia.

Infraestrutura pede esforço público e privado

O Superporto do Açu

alimenta discussões sobre a

situação brasileira no setor de

infraestrutura. Hoje, o Brasil

aporta menos recursos do

que o necessário na área,

com volume de investi-

mento mais baixo do que

o verificado tanto em

países desenvolvidos quanto

naqueles em desenvolvi-

mento que apresentam altas

taxas de crescimento. O setor

público aplica pouco mais

de 1% do Produto Interno

Bruto. No setor privado, o

percentual sobe para 2%,

segundo documento da

Confederação Nacional da

Indústria (CNI). Já nas prin-

cipais nações desenvolvidas,

somando os dois setores,

este número, ainda que com

grandes variações, costuma

passar dos 5%.

O Brasil padece de uma

mentalidade estatista

nesse setor. De modo geral,

espera-se que a iniciativa

parta sempre do Estado.

Para Adriano Pires, diretor

do Centro Brasileiro de

Infraestrutura (CBIE),

investimentos via parcerias

público-privadas (PPP) são

bem-vindos, mas a expansão

deve ser conduzida pelo

capital privado, com os

governos nos papéis de

financiador e fiscalizador.

“O Brasil precisa criar mecanis-

mos legais, fiscais e tributários

para atrair capital privado.

O governo deve, no máximo,

entrar como sócio mino-

ritário. Quem não vai querer

investir em um País em franco

crescimento e com um enorme

gargalo na área?”, argumenta.

Luiz Rocha, da Dinsmore

Associates, tem visão seme-

lhante. “O governo não tem

condições de liderar os investi-

mentos isoladamente. Cabe a

ele prover os meios para que a

iniciativa privada se apresente”.

Na contramão, Alcides Leite,

professor de Economia da

Trevisan Escola de Negócios,

crê que o papel do governo vai

além da fiscalização. “Dobrando

sua participação e chegando

a uma relação investimento/

PIB de 3%, o governo forçaria

empresas privadas a investirem

mais”, acredita. “Questões

legais, tributárias e fiscais são

impeditivos relevantes, de

solução complicada – e há o

jogo político envolvido –, mas

abrir o caixa do governo impul-

siona os negócios”, completa.

O certo é que o Superporto do

Açu é um caso interessante.

“O projeto é um modelo viável

para o capital privado investir

em infraestrutura. Ele deixa

claro que, em boas condições,

o empresariado mostra-se dis-

posto a arriscar. Por isso, Açu

deve ser encarado como um

modelo para outros setores”,

crê Adriano Pires, do CBIE.

infraestrutura

foto

: LLX

/Div

ulga

ção

O Superporto do Açu é um terminal por-

tuário de uso misto em São João da Barra,

litoral norte fluminense, próximo à área de

maior produção de petróleo e gás do Brasil.

No total, serão investidos R$ 4,3 bilhões,

sendo R$ 1,9 bilhão pela LLX Minas-Rio

(responsável pela implantação do terminal

portuário dedicado ao minério de ferro) e

R$ 2,4 bilhões pela LLX Açu (unidade que

fará a operação das demais cargas).

Com construção iniciada em outubro

de 2007, Açu ocupará 9 mil hectares,

incluindo a área de armazenamento e o

complexo industrial contíguo. Com pro-

fundidade inicial de 21 metros, expan-

sível para 25 metros, e capacidade para

receber navios como os Capesizes e os

very large ore carriers (VLOC) Chinamax,

maiores cargueiros de minério do mundo,

o porto conta com uma ponte de acesso

com 2,9 quilômetros de extensão e es-

trutura offshore com até 10 berços para

movimentação de carga.

Segundo a LLX, atualmente há 60 memo-

randos de entendimento assinados com

empresas que querem se instalar ou

movimentar cargas no complexo. Entre

elas, gigantes como as siderúrgicas Wisco

e Ternium, que, juntas, vão produzir

10,6 milhões de toneladas de aço bruto por

ano. A LLX também assinou acordos

comerciais com a Camargo Corrêa Cimen-

tos e com a Votorantim para a implan-

tação de unidades industriais dedicadas à

produção de cimento no complexo.

Já o projeto para a Unidade de Tratamen-

to de Petróleo (UTP) no Superporto prevê

uma produção de 1,2 milhão de barris/dia,

além de áreas para estocagem, proces-

samento e movimentação de petróleo cru.

Embora a LLX não revele nomes, as pe-

troleiras Shell e Devon, além da europeia

Mercuria, são as principais candidatas à

utilização da UTP. O valor do investimento

é estimado em US$ 1,4 bilhão.

“Negociamos diferentes alternativas

para o modelo societário da unidade de

tratamento de petróleo. Podemos dividir

os custos com os eventuais parceiros ou

deixá-los totalmente por conta deles”,

revela Otávio Lazcano, presidente da LLX.

“Já em relação aos contratos para a insta-

lação no complexo industrial, poderemos

desenvolver parcerias societárias com as

empresas que lá se instalarem”, completa.

No complexo ainda estão previstos uma

usina termoelétrica da MPX (empresa de

energia do Grupo EBX), um estaleiro da

OSX (a empresa offshore do grupo), além

de usinas de pelotização de minério. Em

recente entrevista, Eike Batista também

anunciou que negocia com fornecedores

japoneses e europeus de tecnologia a

construção de uma fábrica de carros

elétricos. A ideia é iniciar a produção – de

cerca de 100 mil veículos por dia – em

três a quatro anos. O investimento esti-

mado é de US$ 1 bilhão.

A LLX também negocia um acordo com

a Ferrovia Centro-Atlântica (FCA) para

recuperar um trecho de ferrovia de 300

quilômetros, entre Ambaí (distrito de

Itaboraí-RJ) e Campos (RJ). A obra é

estratégica, porque ligaria por trilhos o

porto à região petroleira de Campos.

O SuperpOrtO em númerOS

Itajaí/TVV

10.5m12.3m

13.5m14.4m

18.5m21.0m

25.0m

Rio de Janeiro Santos Rio Grande/ Hamburgo

Ubu Tubarão Ponta da Madeira/ Rotterdam

SUPeRPoRTo do AçU

SUPeRPoRTo SUdeSTe

handymax

panamax

capeSize

vlOc/chinamax

Page 15: Comércio exterior

28 comércio exterior informe BB 1º trimestre 2011 29

histórias que contam

chova ou faça solos guarda-chuvas da Pumar ganham o mercado japonês apostando na qualidade e no design

O que pode fazer uma fábrica de guarda-chuvas

quando passa a estação das chuvas? Exportar. Essa foi

a resposta encontrada pela Pumar. A empresa, que

tem 63 anos de mercado e é líder do segmento no

País, está mandando para o Japão, a cada ano, 10 mil

peças produzidas na sua fábrica, em Mesquita (RJ).

Mas a intenção não é ficar por aí. “Queremos que a

exportação responda por 50% do nosso faturamento”,

diz o CEO (diretor executivo) Emilio Cantini.

O tempo começou a mudar para a Pumar há cinco anos,

quando Lucia Pumar, da terceira geração da família

que sempre comandou a fábrica, e seu marido, Emilio,

partiram para profissionalizar

a gestão da companhia. “Eu

nasci com guarda-chuvas

espalhados pela minha casa.

O problema é que, em

empresas familiares, as

coisas – o caixa, inclusive –

acabam se misturando.

Tivemos que criar controles

e dividir a administração

por setores, distribuindo

funções e responsabilidades”,

conta Lucia.

Já o início da história

da Pumar no mercado

externo foi um daqueles

raros momentos em que

a oportunidade aparece

justamente para quem está

pronto para aproveitá-la.

Em 2009, a empresa levou

seus guarda-chuvas à

Francal, maior feira do setor

calçadista no País (realizada

em Franca, São Paulo), em

busca de novos clientes para

a Pumar Desenvolvimento

de Produtos – segmento

voltado para a moda, que a

companhia vem reforçando

nos últimos anos.

A feira sempre atrai

compradores internacionais

e os produtos da Pumar

chamaram a atenção de

uma delegação de japoneses.

“Eles viram, na nossa linha,

modelos diferenciados em

relação aos chineses, tanto

no que se refere à estrutura

quanto às estampas, que nós

desenvolvemos na própria

fábrica”, explica Cantini.

“Nossa vantagem é que a

empresa toda se organiza em

função da busca da qualidade

no design”, completa Lucia.

Nesse ponto, entrou o outro

fator que fez com que as

negociações entre a Pumar

e seus possíveis clientes

orientais fossem fechadas

sem maiores dificuldades: a

capacitação. “Já vínhamos

nos interessando pela

possibilidade da exportação

nessa época. Participamos de

uma reunião com o pessoal do

Banco do Brasil na qual nos

foi mostrado que a empresa

tinha o perfil adequado para

tentar a sorte no mercado

externo”, diz Cantini.

Lucia, Cantini e outros

diretores da Pumar

participaram dos cursos e

treinamentos regularmente

oferecidos pelo Banco que

visam preparar as micro e

pequenas empresas para

as diferentes fases do

processo exportador.

Os produtos da Pumar

passaram a ser expostos

no Brasil WebTrade, um

ambiente eletrônico

de negócios do BB

(brasilwebtrade.com.br)

que ajuda a exportar os

produtos brasileiros. Quando

a oportunidade surgiu, eles

estavam prontos.

Com o assessoramento dos

consultores do BB, Cantini

não encontrou “nenhuma

dificuldade”, segundo suas

próprias palavras, nos

processos de negociação e

envio dos guarda-chuvas

para seus clientes, que

representam uma grande

rede varejista japonesa.

“O produto que enviamos

para lá é considerado um

acessório de moda, como as

bolsas são para as brasileiras.

Estamos buscando, com

nossos parceiros, implantar

essa cultura aqui no

Brasil também, onde o

guarda-chuva ainda é visto

quase que exclusivamente

em sua função utilitária”,

diz Cantini.

O empresário lembra a

complementaridade que a

variação da clientela permite

à operação de sua indústria.

“O mercado interno oferece

ainda muitas oportunidades

de crescimento, mas

aumentar a participação

do exterior nas nossas

vendas vai ser um grande

passo para uma produção

mais equilibrada, que nos

permita enfrentar melhor

a questão da sazonalidade”,

explica Cantini, confiante

em vencer o desafio de fazer

a Pumar ter bons lucros.

Chova ou faça sol.

por Dirley fernanDes

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lucia, da terceira geração dafamília pumar, vê o guarda-chuva como um acessório de moda

Page 16: Comércio exterior

30 comércio exterior informe BB 1º trimestre 2011 31

lucrosmaior produtora de limão tahiti do Brasil, a Itacitrus garante 60% de seu faturamento com as exportações

Quem conhece a história da

Itacitrus se pergunta: a empresa

ganhou eficiência porque exporta

cada vez mais ou exporta cada vez

mais porque está ficando mais

eficiente? A maior produtora de

limão tahiti do País, fundada por

Vicente Promicia, em Itajobi (SP),

realizou sua primeira venda para

o exterior há dez anos. Na época,

a companhia faturava anual-

mente R$ 2 milhões. Para 2010,

a estimativa é fechar o balanço

com vendas de R$ 65 milhões. Ao

longo do caminho, foram investi-

dos R$ 15 milhões, sobretudo em

modernização, e, no início deste

ano, um novo sócio foi agregado

ao negócio, a Fir Capital, uma

gestora de venture capital (fundos

voltados para investimentos em

empresas emergentes), sediada

em Belo Horizonte, que agora de-

tém 30% de participação na com-

panhia. Em resumo, a história

de inegável sucesso é essa. Mas,

voltando ao início, é possível

descobrir detalhes reveladores.

“Em 2000, eu trabalhava com

confecções e tinha uma experiên-

cia, ainda que limitada, com ex-

portação. Foi quando meu pai me

chamou com o desafio de tentar

levantar uma operação de venda

para o exterior”, explica Waldyr

Promicia, presidente da empresa

e filho do fundador. “No primeiro

evento de que participei, uma

feira na Alemanha, fiquei encan-

tado com as possibilidades do

mercado de frutas e ali mesmo

fechei a primeira venda.”

A despeito da animação, a

empresa se deparou com alguns

obstáculos, como, por exemplo, a

obtenção do registro de exporta-

dor, àquela época tarefa bem mais

complicada do que atualmente.

“Tivemos de contratar uma

consultoria especializada e o

processo todo foi bem demorado”,

conta o empresário. Aos poucos,

a Itacitrus conseguiu estabelecer

um fluxo regular de embarques

para o exterior.

O agroempresário descobriu, ain-

da em 2002, um diferencial que

poderia turbinar as suas vendas:

as certificações. Hoje, a Itacitrus

ostenta o selo GlobalGAP (Good

Agricultural Practice), espécie

de ISO agrícola que estabelece

parâmetros de minimização dos

impactos da produção no meio

ambiente, redução do uso de

insumos químicos e garantia de

responsabilidade com a saúde e

a segurança dos trabalhadores.

“Foi preciso uma dedicação

de dois anos para obtermos o

GlobalGAP. Com isso, passamos

a surpreender os clientes, que se

espantavam de ver uma empresa

brasileira seguindo aquelas nor-

mas rígidas”, detalha Promicia.

De posse da certificação e

investindo forte em tecnologia,

com o apoio do Banco do Brasil

– a aquisição mais recente é uma

packing house de origem argentina

e tecnologia holandesa, que faz

toda a classificação das frutas ele-

tronicamente –, a Itacitrus seguiu

conquistando mercados. Hoje, a

empresa distribui limões brasilei-

ros para 13 países e 60% de seu

faturamento vêm da exportação.

Os principais clientes encontram-

se na Alemanha e na Inglaterra.

“Quando começamos, existia um campo vasto para quem

quisesse exportar frutas. A verdade é que o espaço ainda é o

mesmo. O potencial continua enorme”, diz Promicia, que arris-

ca uma explicação para a presença ainda tímida dos produtores

brasileiros no mercado externo. “Ainda há uma visão retró-

grada em parte do agronegócio, que se satisfaz com o mercado

interno, que é expressivo, e com a comercialização de produtos

com pouco valor agregado”, diz.

No melhor ano para a exportação de frutas frescas, 2008, o Brasil

embarcou para o exterior 811 mil toneladas, o que gerou receitas

de R$ 724,2 milhões. O Instituto Brasileiro de Frutas (Ibraf), em

parceria com a Agência Brasileira de Promoção das Exportações

e Investimentos (Apex-Brasil), identificou, em países como

Emirados Árabes, Arábia Saudita, África do Sul, Angola, Rússia

e China, mercados em expansão para as frutas brasileiras. “Mas,

para chegarmos até lá, precisamos entender como esses mercados

funcionam, além de cuidar da casa, melhorando a gestão e

modernizando a produção”, diz o presidente da Itacitrus, para

quem a resposta à pergunta que abre essa reportagem é clara.

“A empresa ganhou eficiência porque exporta e exporta cada vez

mais porque fica mais eficiente a cada dia.” (Dirley Fernandes)

A nova packing house da Itacitrus, de origem argentina e tecnologia holandesa, faz toda a classificação das frutas eletronicamente

Waldyr Promicia, presidente da empresa e filho do fundador: busca de certificações

internacionais como um dos caminhos para conquistar o mercado europeu

vitaminados

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histórias que contam

Page 17: Comércio exterior

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32 comércio exterior informe BB 1º trimestre 2011 033

ponto de vista

A forte correlação entre o

saldo da balança comercial

e o saldo das transações

correntes (ver gráfico) nos

adverte sobre a necessidade

de estarmos constantemente

atentos às exportações

brasileiras. De fato, tendo

em vista que nossa balança

de serviços é historicamente

deficitária, para que nosso

balanço de pagamentos

permaneça equilibrado, é

necessário que tenhamos

expressivos saldos positivos

na balança comercial, ou

ficamos na dependência de

investimentos estrangeiros.

Com efeito, a acumulação

de reservas internacionais

superiores a US$ 280 bilhões

se deve, principalmente,

aos expressivos saldos da

balança comercial obtidos

entre 2004 e 2008. Nesse

sentido, demonstra ter

sido uma decisão acertada

a criação de um órgão

encarregado da vigilância

Câmara de Comércio Exterior tem avançado em sua missão de melhorar o ambiente de negócios e eliminar ou mitigar as barreiras para o desenvolvimento do setor

Tendo em vista que nossa balança de serviços é historicamente deficitária, para que nosso balanço de pagamentos permaneça equilibrado, é necessário que tenhamos expressivos saldos positivos na balança comercial, ou ficamos na dependência de investimentos estrangeiros.”

desempenho do setor externo brasileiro acumulado em 12 meses (US$ Bilhões)

os rumos deatuação da Camex

dos interesses nacionais no

setor e que tenha poder de

decisão consubstanciada

na manifestação dos

ministérios envolvidos,

além da iniciativa privada.

Criada em 1995, a Câmara

de Comércio Exterior

(Camex) vem demonstrando

a importância para o País de

um Conselho de Governo do

mais alto nível, responsável

pela formulação, adoção,

implementação e

coordenação de políticas

e atividades relativas ao

comércio exterior de bens

e serviços. Constituída

por sete ministros e

assessorada por um

Conselho Consultivo do

setor privado (Conex), a

Camex, além de criar meios

para o desenvolvimento

do comércio exterior,

tem procurado melhorar

o ambiente de negócios

de forma a eliminar ou

por Helder Silva CHaveS

mitigar as barreiras para o

desenvolvimento do setor.

No que diz respeito à

desoneração tributária das

exportações, duas medidas

foram implementadas este

ano a partir de deliberações

da Camex. A primeira foi a

implementação, pela Medida

Provisória nº 497, de 27 de

julho de 2010, da desoneração

de IPI (Imposto sobre

Produtos Industrializados),

PIS (Programa de

Integração Social) e

Cofins (Contribuição

para o Financiamento

da Seguridade Social) na

aquisição, no mercado

interno ou na importação,

de mercadoria equivalente à

empregada ou consumida na

industrialização de produto

exportado. A segunda foi

a edição da Portaria MF

nº 348/2010, fruto da ação

conjugada da Camex com o

Ministério da Fazenda, que

Helder Silva Chaves, secretário-executivo da Câmara de Comércio exterior (Camex)

estabelece nova sistemática

de ressarcimento de créditos

aos exportadores ao prever a

devolução, em 30 dias, de 50%

do pedido de ressarcimento

de créditos de IPI, PIS e Cofins

acumulados em cada trimestre.

Ainda com relação à

desoneração tributária

das exportações, o Conex

apresentou, em outubro

último, ao Comitê Executivo

de Gestão da Camex (Gecex),

proposta de Medida Provisória

para que os créditos tributários

de IPI, PIS/Pasep e Cofins

possam ser compensados com

contribuições previdenciárias.

A modernização do parque

industrial brasileiro e a

ampliação da capacidade

produtiva e exportadora do

País estão entre os objetivos

da Camex. Nesse sentido,

por meio da concessão do

benefício do Ex-tarifário, a

Câmara possibilita a redução

das alíquotas do Imposto

de Importação para bens

de capital sem produção

nacional, reduzindo o custo

dos investimentos.

Ao mesmo tempo, a

redução dos entraves aos

investimentos produtivos no

Brasil e aos investimentos

produtivos brasileiros

no exterior é perseguida

pela Camex. O marco dos

acordos de proteção e

promoção de investimentos,

o acompanhamento das

negociações entre empresas

e governos, como o Fórum

de CEOs Brasil-EUA, e a

coordenação do Grupo de

Trabalho Interministerial

acerca da Internacionalização

das Empresas Brasileiras

representam importantes

atividades da Câmara.

Em conformidade com

as regras do comércio

internacional, a Camex atua

ainda na defesa da indústria

doméstica contra práticas

desleais de comércio e surtos

de importação. A adoção

de direitos antidumping,

direitos compensatórios e

medidas de salvaguardas

são as iniciativas adotadas

nessa linha.

Nesse sentido, no último

dia 18 de agosto, foi editada

a Resolução Camex nº 63,

que atendeu à demanda

relevante do setor privado

brasileiro ao disciplinar

a aplicação de medidas

anticircumvention. Tal regra

tem por objetivo conferir

máxima eficácia às decisões

do Conselho de Ministros

em matéria de defesa

comercial e consiste na

permissão de se estender as

medidas antidumping ou

compensatórias, aplicadas

a determinados produtos

originários de especificado

país, à importação de

terceiros países ou a partes,

peças e componentes do

produto onerado quando

sua importação esteja

frustrando a aplicação dos

direitos de defesa comercial.

Outra importante atuação

da Camex, agora no âmbito

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Page 18: Comércio exterior

bb.com.br/mpe

Central de Atendimento BB 4004 0001 ou 0800 729 0001 – SAC 0800 729 0722 Ouvidoria BB 0800 729 5678 – Deficiente Auditivo ou de Fala 0800 729 0088

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34 comércio exterior informe BB

artigo

multilateral, foi o acordo

entre o Brasil e os Estados

Unidos no contencioso

do algodão na OMC. Após

extensas negociações,

acordou-se a criação de

um fundo privado de

US$ 147,3 milhões anuais, até

2012, bancado pelo governo

dos EUA, em benefício do

setor cotonicultor brasileiro,

além do compromisso

de redução dos subsídios

dispensados ao produtor de

algodão americano.

Em matéria de

financiamento, foram

aprovados, no ano passado,

em operações cobertas

pelo Fundo de Garantia à

Exportação (FGE), quase

US$ 9 bilhões. Exportações

de serviços de engenharia

para países africanos

e latino-americanos se

destacam entre aquelas que

se viabilizam pela garantia

do FGE, cujas diretrizes e

parâmetros de atuação são

estabelecidos pela Camex.

Como resposta à crise

no crédito à exportação,

a Camex autorizou a

elevação do limite de

faturamento anual das

empresas elegíveis ao PROEX

Financiamento (Programa

de Crédito à Exportação)

para R$ 600 milhões. A

Camex determinou ainda a

implementação do PROEX

o objetivo principal tem sido o de

melhorar os controles e a gestão

dos processos, reduzindo barreiras e custos de transação

relativos ao comércio internacional,

sem prejuízo da segurança e do

combate às fraudes.”

Financiamento à produção

exportável, que permitirá o

acesso de micro e pequenas

empresas ao programa ainda

na fase de produção. Por fim,

para eliminar de uma vez

o maior entrave ao acesso

ao crédito à exportação por

micro e pequenas empresas,

a Camex determinou

a criação de apólice de

garantia de crédito pelo FGE

para operações de micro e

pequenas empresas com

prazos inferiores a dois anos.

No tema “Facilitação

de Comércio” a Camex

tem atuado visando à

simplificação, harmonização,

padronização e modernização

de procedimentos de

comércio. O objetivo principal

tem sido o de melhorar os

controles e a gestão dos

processos, reduzindo barreiras

e custos de transação relativos

ao comércio internacional,

sem prejuízo da segurança

e do combate às fraudes.

Entre as principais medidas

implementadas em facilitação

de comércio, destacam-se:

a criação do Grupo Técnico

de Facilitação de Comércio

(GTFAC); a revisão regular dos

produtos sujeitos a anuências

de órgãos governamentais de

controle; a disponibilização

de informações e consultas de

LIs (licenças de importação)

aos órgãos anuentes que

não possuem ferramentas

de gestão de risco, a fim de

viabilizar ações estratégicas

e melhor focadas na

fiscalização de empresas.

Ainda em decorrência

desses trabalhos, destaca-

se a aprovação, na Camex,

da proposta de adesão

pelo Brasil à Convenção

de Viena sobre Compra e

Venda Internacional de

Mercadorias, recentemente

encaminhada ao Congresso

via Mensagem nº 636, de

4 de novembro de 2010. A

Convenção foi firmada no

âmbito das Nações Unidas,

em 1980, e tem por objetivo

promover a segurança

jurídica e a previsibilidade

das relações comerciais

entre as empresas

estabelecidas em diferentes

países, uma vez que as

regras serão padronizadas.

Dessa forma, verifica-

se que a formulação e

a implementação de

políticas para desenvolver

o comércio exterior

brasileiro, bem como para

melhorar a competitividade

de nossas exportações,

constituem atividades

estratégicas e permanentes

desempenhadas pelo

Conselho de Ministros

da Camex, essenciais

para o crescimento do

País e equilíbrio das

contas públicas.

Page 19: Comércio exterior

Banco do Brasil. Eleito Bank of The Year 2010 no Brasil por sua excelência no sistema bancário global.

Com muito orgulho, o BB é premiado com o “Oscar dos bancos” pela revista The Banker, reconhecendo nosso desempenho nos negócios, resultado financeiro e estratégias de internacionalização.

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