“Como é perversa a juventude do meu coração Que só entende o que é cruel, o que é paixão”...

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“Como é perversa a juventude do meu coração Que só entende o que é cruel, o que é paixão” Belchior teratura da 1ª metade do séc. XIX - repúdio à tradição cláss

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“Como é perversa a juventude do meu coração Que só entende o que é cruel, o que é paixão”

Belchior

Literatura da 1ª metade do séc. XIX - repúdio à tradição clássica

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  Início: final do séc XVIII, na Inglaterra e na Alemanha

Origem: Alemanha e Inglaterra

Momento Histórico:

- Alemanha:- 1774 - Goethe publica “Werther”- 1781 - Schiller lança “Os salteadores” e, mais tarde, o

drama: “Githens Seil”

- Inglaterra: - primeiros anos do séc XIX.  - Lord Byron - poesia ultra-romântica.  - Walter Scott - romances históricos.

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CLASSICISMOCLASSICISMO ROMANTISMOROMANTISMO

Razão: modelo clássico / disciplina Emoção: não há modelos / libertação

Mimesis: imitação da realidade Teoria expressiva: expressão do “eu”

Objetividade, universalismo (o mundo) Subjetividade, individualismo (o eu)

Apelo à inteligência Apelo à imaginação

Imitação de modelos (formas fixas) Inspiração ou liberdade criativa

Realidade objetiva (mundo exterior) Realidade subjetiva (mundo interior)

Imagem racional do amor e da mulher Imagem fantasiosa do amor e da mulher

Paganismo Cristianismo

Equilíbrio Contradição

Ordem Reformismo

 

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Domínio histórico no Brasil:

- 1836 – Revista “Niterói” e “Suspiros poéticos e saudades”, de Gonçalves de Magalhães.

- 1881 – “O mulato”, de Aluísio Azevedo, e “Memórias póstumas de Brás Cubas”, de Machado de Assis

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  - 1808 - Napoleão invade Portugal; a Coroa lusitana muda-se para o Brasil.

- Impulso econômico e cultural: a proteção ao comércio, à indústria, à agricultura; criações de escolas e de uma universidade; possibilidades para o comércio do livro; criação de tipografias, princípios de atividade editorial e da imprensa periódica; a instalação de biblioteca pública, museus, arquivos...

- Formação de um público leitor: dinamização da vida cultural.

- 1822 – Independência: precisa-se uma cultura brasileira identificada com nossas próprias raízes históricas, lingüísticas e culturais.

- Empenho em definir um perfil da cultura brasileira: reflexo da história política da época.

- Preocupações: língua, etnia, tradições, passado histórico, diferenças regionais, a religião, etc. ( = nacionalismo ).

  - Conotação:movimento anticolonialista e antilusitano

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Sentimentalismo: predominância da emoção sobre a razão ( = impulsividade, euforia, saudosismo, tristeza, desilusão ... ).

Subjetivismo: foco na realidade interior e parcial – tratamento temático pessoal e fantasioso.

Egocentrismo: culto do "eu" interior, atitude narcisista e individualista microcosmos (mundo interior) X macrocosmos (mundo exterior).

“Ah! vem, pálida virgem, se tens pena / De quem morre por ti, e morre amando,

Dá vida em teu alento à minha vida, / Une nos lábios meus minh'alma à tua!

Eu quero ao pé de ti sentir o mundo / Na tua alma infantil; na tua fronte

Beijar a luz de Deus; nos teus suspiros / Sentir as virações do paraíso;

E a teus pés, de joelhos, crer ainda / Que não mente o amor que um anjo inspira,

Que eu posso na tua alma ser ditoso, / Beijar-te nos cabelos soluçando

E no teu seio ser feliz morrendo!” (Álvares de Azevedo)

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Idealização: conseqüente da fantasia e da imaginação: a pátria = melhor dos mundos; a mulher = virgem frágil, bela, submissa; o amor = espiritual e inalcançável; o índio = é o herói nacional.

Pessimismo: o “mal-do-século” – incapaz de realizar o sonho do "eu“, a personagem cai em profunda tristeza, angústia, solidão, inquietação, desespero, chegando, muitas vezes, ao suicídio, solução definitiva.

Culto ao fantástico: a presença do mistério, do sobrenatural, representando o sonho, a imaginação, a fantasia, que não carecem de fundamentação lógica.

"Por isso, morte, eu amo-te e não temo.Por isso, morte, eu quero-te comigo.Leva-me à região da paz horrenda,Leva-me ao nada, leva-me contigo."

(Junqueira Freire)

"Pensamento gentil de paz eterna,Amiga morte, vem." (Junqueira Freire)

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Liberdade de criação: padrão clássico é abolido; uso do verso livre e branco. Medievalismo: interesse pelas origens do país, do povo. Na Europa, o cavaleiro e seus valores. No Brasil, o índio como herói nacional.

Religiosidade: ponto de apoio ou válvula de escape diante das frustrações do mundo real, uma reação ao racionalismo materialista dos clássicos.

Escapismo psicológico: sem aceitar a realidade, o romântico volta ao passado individual (fatos da sua história, da sua infância) ou histórico (época medieval).

"Oh, que saudades que eu tenhoDa aurora da minha vidaDa minha infância queridaQue os anos não trazem mais !"

(Casimiro de Abreu)

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Byronismo: influência de Lord Byron, cultor dum estilo de vida e duma forma particular de ver o mundo (boêmia, noturnismo, prazeres da bebida, do fumo e do sexo, satanismo).

Condoreirismo: corrente de poesia político-social, influenciados por Victor Hugo, os poetas condoreiros defendem a justiça social e a liberdade.

Nativismo: fascinação pela natureza – o romântico se vê envolvido por paisagens exóticas, como se ele fosse uma continuação da natureza.

Nacionalismo: exaltação da pátria, de forma exagerada, em que somente as qualidades são enaltecidas.

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Geração indianista

Gonçalves Dias (principal autor) :

- indianismo

- estilo equilibrado

- ritmo marcante

- idealização feminina

- galante

- discrição

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“I - Juca Pirama”, de Gonçalves Dias

Meu canto de morte,Guerreiros, ouvi:Sou filho das selvas,Nas selvas cresci;Guerreiros, descendoDa tribo tupi.

Da tribo pujante,Que agora anda errantePor fado inconstante,Guerreiros, nasci;Sou bravo, sou forte,Sou filho do Norte;Meu canto de morte,Guerreiros, ouvi. (...)

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Geração byroniana ou ultra-romântica

Álvares de Azevedo (principal autor) :

- estilo subjetivo

- noturnismo

- mal do século - fantasias do desejo - donjuanismo sonhado - introspecção

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“Idéias Íntimas”, de Álvares de Azevedo

Oh! ter vinte anos sem gozar de leveA ventura de uma alma de donzela!E sem na vida ter sentido nuncaNa suave atração de um róseo corpoMeus olhos turvos se fechar de gozo!Oh! nos meus sonhos, pelas noites minhasPassam tantas visões sobre meu peito!Palor de febre meu semblante cobre,Bate meu coração com tanto fogo!Um doce nome os lábios meus suspiram,Um nome de mulher... e vejo lânguidaNo véu suave de amorosas sombras

Seminua, abatida, a mão no seio,Perfumada visão romper a nuvem,

Sentar-se junto a mim, nas minhas pálpebrasO alento fresco e leve como a vida

Passar delicioso... Que delírios!Acordo palpitante... inda a procuro:

Embalde a chamo, embalde as minhas lágrimasBanham meus olhos, e suspiro e gemo...

Imploro uma ilusão... tudo é silêncio!Só o leito deserto, a sala muda!

Amorosa visão, mulher dos sonhos,Eu sou tão infeliz, eu sofro tanto!

Nunca virás iluminar meu peitoCom um raio de luz desses teus olhos?

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Geração condoreira ou hugoana

Castro Alves (principal autor) :

- abolicionismo

- estilo empolgado

- sensualidade e ardor

- donjuanismo real

- participação

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“Boa Noite”, de Castro Alves

Boa noite, Maria! Eu vou,me embora.A lua nas janelas bate em cheio.Boa noite, Maria! É tarde... é tarde. .Não me apertes assim contra teu seio.

Boa noite! ... E tu dizes - Boa noite.Mas não digas assim por entre beijos... Mas não mo digas descobrindo o peito,— Mar de amor onde vagam meus desejos!